AEP coopera com GPA na criação de oportunidades de
negócio
A
Associação Empresarial de Portugal (AEP) e o Green Project Awards
assinaram um protocolo de cooperação para potenciar as oportunidades de negócio do setor
português do ambiente e energia em países como Colômbia, México e Perú. O acordo de
cooperação foi concretizado no decorrer da segunda conferência do
GPA “Consumo
Sustentável: O Poder do Consumidor”.
O objetivo das duas entidades é “articular esforços”, principalmente no que respeita ao
projeto Interambinerg - Internacionalização do Setor Português do Ambiente e
Energia.
Segundo Paula Roque, membro do Conselho Geral da AEP, “o presente protocolo de
colaboração tem por objeto o estabelecimento de uma cooperação entre a AEP e os
organizadores do GPA, articulando esforços e meios com vista a potenciar os objetivos
recíprocos das entidades, com especial enfoque no que diz respeito ao projeto
Interambinerg”.
A Colômbia, México e Perú são mercados prioritários tanto para o GPA, como para o
Interambinerg, aos quais se juntam os países da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP).
“Estes países estão a planear investimentos nas áreas energética e ambiental nos
próximos anos, do abastecimento de água ao saneamento ou resíduos, setores em que
Portugal já tem experiência, depois dos projetos desenvolvidos nos últimos anos para chegar
aos níveis médios da União Europeia”, revelou Paula Roque.
Paulo Nunes de Almeida: “Há motivos para confiar na
capacidade das empresas e dos empresários portugueses”
O GPA falou com o presidente da Associação Empresarial de Portugal, Paulo Nunes de
Almeida, para perceber de que forma esta parceria pode contribuir para a competitividade
das empresas portuguesas, bem como do
Eco4Portugal, a marca-chapéu que a
associação adotou na comunicação dos projetos que está a executar na área da economia
sustentável.
Como define a importância da AEP no contexto empresarial nacional?
Apesar de historicamente ter sede no Porto e de a maioria dos nossos associados serem,
sobretudo, empresas implantadas nas regiões Norte e Centro, a AEP tem representação
multissetorial e atividade em todo o país, um posicionamento de grande proximidade com as
empresas – mormente, as PME –, cujos interesses defende e a quem presta serviços de
capacitação para a economia global, potenciando a qualificação, a competitividade e a
qualidade do saber fazer português.
Somos cada vez mais uma plataforma agregadora dos empresários e dos empreendedores
portugueses que querem contribuir para Portugal vencer os desafios de crescimento,
competitividade e emprego com que está confrontado no pós-intervenção da
troika. Queremos ser um agente ativo na promoção do crescimento económico, através da
realização de ações que favoreçam o alargamento da base exportadora do país, a
diversificação dos mercados, a incorporação de valor acrescentado nacional, a qualificação
dos recursos humanos, o empreendedorismo e a responsabilidade social.
Neste contexto, que tipo de apoio ou iniciativas considera que devem ser tomadas
pela AEP para reforçar a competitividade do tecido empresarial português?
Desde a nossa fundação, em 1849, nunca a AEP deixou de estar focada nas atividades
indutoras da formação e da qualificação, da promoção e da valorização dos produtos
portugueses, da captação de compradores estrangeiros, da abertura de mercados e da
internacionalização das nossas empresas. Foi por nossa iniciativa que foi instituída a
primeira escola técnica e que foram organizadas as primeiras grandes feiras de negócios
em Portugal.
Com todo esse passado e os olhos postos no futuro, vamos continuar a trabalhar em prol do
incremento da competitividade das empresas, procurando apoiar as PME portuguesas, a
começar por aquelas que são nossas associadas, com a informação e os instrumentos que
lhes permitam maximizar os apoios que o próximo quadro comunitário de apoio
consagrará. Estou a pensar, nomeadamente, em matérias como inovação e propriedade
industrial, eficiência energética e hídrica, formação e qualificação, internacionalização,
novas tecnologias associadas às ações de promoção externa e ao comércio eletrónico, redes
de cooperação e capacitação e reconhecimento da nossa capacidade industrial junto
dos organismos multilaterais internacionais. Tudo isto sem desconsiderar a frente interna,
pois é fundamental reanimar o mercado interno, investir e criar emprego. A regeneração
urbana, o ambiente e a economia do mar parecem-me ser, neste âmbito, prioridades
incontornáveis.
Na sua opinião, quais as condições e motivos para continuarmos a confiar na
capacidade das empresas e dos empresários portugueses?
A par do esforço feito pelas empresas - traduzido na evolução muito positiva da balança de
bens e serviços, em resultado da redução das importações e, sobretudo, do forte
dinamismo das exportações portuguesas de bens, com ganhos de quota de mercado -,
Portugal tem de aproveitar os próximos anos para corrigir, de uma vez por todas, os
desequilíbrios estruturais, acumulados ao longo de muitos anos.
Melhorar o rating da República e as contas públicas são objetivos que todos devemos
ter presentes, para que Portugal fique com o caminho desimpedido e faça o que tem a fazer
para a correção do desequilíbrio externo, onde apresentamos já alguma capacidade de
financiamento face ao exterior.
Mas só isto não chega. Temos de aproveitar o
programa Portugal 2020 para dotar o
país de infraestruturas estratégicas, indutoras de competitividade económica e de coesão
territorial, como são os corredores ferroviários internacionais Aveiro/Salamanca e
Sines/Caia. São dois projetos de interesse nacional e infraestruturas fundamentais de
suporte à internacionalização da economia.
Paralelamente à manutenção de uma agenda que acelere a internacionalização da nossa
economia e relance o investimento interno, há que continuar a trabalhar para reduzir os
custos de contexto, mediante uma efetiva reforma do Estado, e fomentar a cooperação
entre o sistema científico e tecnológico e o tecido empresarial.
Qual a importância de projetos como “Portugal Sou Eu” para a economia
portuguesa?
A par de uma maior internacionalização da economia portuguesa, consideramos fundamental
estimular a procura interna, a começar pelo investimento. Só desta forma será possível
evitar o encerramento de empresas e a perda de postos de trabalho.
Ao nível do investimento, sou favorável a uma agenda que conjugue o incremento das
exportações com a substituição de importações. Nesse âmbito, o movimento de
reindustrialização parece-me decisivo, assim como a valorização dos nossos recursos
naturais e da capacidade produtiva instalada, priorizando aspetos como a eficiência
energética, a inovação e o design. Só com programas como o
`Compro o que é
Nosso´, em boa hora lançado pela AEP, e, agora, o `Portugal Sou Eu´ se promovem
as indústrias e os serviços que incorporam valor acrescentado nacional e ajudam a melhorar
os níveis de qualificação dos nossos recursos humanos.
Para este ano, quais as perspetivas da AEP para as empresas nacionais perante a
atual conjuntura?
Temos de olhar para o fim da década. De pouco valerá limitar o nosso horizonte a 2014. O
novo período de programação dos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento 20142020, que agora se inicia, tem de ser um instrumento que promova o reforço da
competitividade e a criação de emprego.
A alocação do montante de fundos comunitários aos objetivos temáticos previstos no recente
Acordo de Parceria celebrado entre Portugal e a União Europeia reveste-se da maior
importância. Desde logo, porque atuará de forma direta no tecido empresarial. Mas
também se fará sentir de forma indireta, por ser propício à atração de novo investimento
(re)produtivo, nacional e estrangeiro.
Todos estes desafios requerem que o nosso tecido empresarial esteja municiado de um
conjunto de competências que ele muitas vezes não possui, por a esmagadora maioria
das empresas portuguesas serem PME, com as debilidades estruturais e os défices
formativos conhecidos.
Para vencer tais desafios, é necessário um esforço conjunto das instituições públicas, das
empresas e das estruturas associativas que as representam, nas quais nos inserimos. Isto é:
há motivos para continuarmos a confiar na capacidade das empresas e dos empresários
portugueses, mas importa que as instituições e o poder político também façam a sua parte, a
começar pela celebração de um amplo acordo que promova a estabilidade políticoinstitucional e facilite a governação do país durante as próximas duas legislaturas, pelo
menos.
De que forma o “Eco4Portugal" poderá facilitar as opções de gestão das empresas
com vista a aumentar a competitividade da economia e o cumprimento das metas
nacionais e europeias para 2020?
O
Eco4Portugal é a marca-chapéu que a AEP adotou na comunicação de quatro projetos
que está a executar, até meados do próximo ano e com cofinanciamento do Compete, na
área da economia sustentável e numa lógica de ação coletiva.
Trata-se da segunda edição do Efinerg, que visa a eficiência energética na indústria; do
Efidric, com os mesmos propósitos mas a pensar nos grandes consumidores industriais de
água; do Ecoprodutin, com o qual se pretende estimular o tecido industrial português a
encarar a ecoinovação como fator de produtividade; e, por último, o Interambinerg, o
contributo da AEP para acelerar o processo de internacionalização das empresas
portuguesas de ambiente e energia em três mercados com um potencial muito interessante:
Colômbia, Peru e México.
Os quatro projetos assentam num mesmo denominador comum: a transição para uma
economia de baixo carbono e a promoção de uma cultura empresarial que tire partido da
sustentabilidade enquanto fator de competitividade.
O Efinerg, cuja primeira edição, em 2011 e 2012, foi da responsabilidade de uma parceria
celebrada entre a AEP e o
IAPMEI, confirmou que as PME industriais com apreciáveis
consumos anuais de energia querem reduzir a respetiva fatura, por se tratar de uma variável
determinante para a sua rentabilidade, e estão sensibilizadas para aproveitar o novo
quadro comunitário de apoio para fazer os investimentos que aligeirem os custos de
contexto, acrescentem capacidade competitiva e proporcionem racionalidade e eficiência
energéticas.
Nesse sentido, com uma intervenção mais transversal, contemplando também a eficiência
hídrica e a promoção da ecoinovação, esperamos estar a ajudar as empresas e o país a
atingir as metas que à escala europeia nos colocam temas como a fiscalidade verde e os
programas Cosme e Clima 2030, por exemplo.
Supletivamente, estruturámos uma task force interna, que está operacional operacional, para
informar e aconselhar os nossos associados em matéria de incentivos a que se possam
candidatar, nomeadamente ao abrigo da medida SME Instrument prevista no programa
comunitário Horizonte 2020.
A AEP associou-se este ano ao GPA. De que forma poderá esta parceria contribuir
para a competitividade das empresas portuguesas?
Pessoalmente tenho a expetativa de poder espevitar as PME portuguesas a participar em
processos como a discussão pública, atualmente em curso, em torno da reforma da
fiscalidade verde, e de colocar as questões da eficiência energética e hídrica no topo das
opções dos empresários e gestores interessados em aproveitar o quadro comunitário
2014/2020 para adotarem melhores práticas e operacionalizarem investimentos em
sistemas e padrões mais sustentáveis de produção, I&D, ecoinovação e certificação
ambiental.
Estou certo de que ambas as partes estão à altura das responsabilidades e de que, juntas,
poderão contribuir para o salto qualitativo que, como país da UE, Portugal vai ter de dar se
quiser incrementar ainda mais a competitividade da sua indústria, cujo papel no póstroika vai continuar a ser fundamental.
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