maré
Folha
Informativa
A N O 2 0 0 1 / 2 0 0 2 • D I S T R I B U I Ç Ã O G R AT U I TA
De que forma podemos beneficiar o sector
das pescas através da implementação de
Áreas Marinhas Protegidas
Marcelo Pampolona*
Uma gestão das pescas eficaz revela-se
indispensável para assegurar que o sector
pesqueiro seja economicamente e ecologicamente sustentável. Da sobre-exploração
dos recursos resulta uma pressão inútil e
excessiva nos ecossistemas marinhos, contrariando a médio e longo prazo a sobrevivência do sector. A obrigação de todos
os agentes do sector e da população em
geral prende-se com o princípio do desenvolvimento sustentável, da pesca responsável, da precaução e da acção preventiva.
É impossível manter as actividades da pesca
num nível economicamente rentável, se
não for aplicado um regime de gestão racional e cautelar, com vista a preservar os
recursos esgotáveis de que a pesca depende.
No caso concreto dos Açores, o grande
desafio que se nos coloca num futuro próximo não é o de pescar mais, mas sim melhor,
de modo a assegurar a probabilidade elevada de auto-renovação dos recursos
pesqueiros e, ao mesmo tempo, conseguir
uma valorização económica do produto da
pesca através da melhoria da sua qualidade.
Por esta razão e pelo facto de, na Região,
existirem pequenas comunidades com
grande dependência da actividade da pesca,
torna-se fundamental encontrar e implementar medidas de gestão dos recursos da
pesca que possam manter as necessidades
sócio-económicas, mas que sejam igualmente capazes de conservar os recursos para as
gerações futuras. As estratégias de gestão
terão forçosamente de passar pelo reforço
da selectividade das operações de pesca e
pela preocupação ecológica da pesca.
Além destas medidas, uma outra que tem
vindo a ser tomada um pouco por todo o
mundo é a criação de Áreas Marinhas
Protegidas (AMP). Estas áreas valorizam
o local do ponto de vista ecológico, conservando a sua biodiversidade e, podem
mesmo funcionar como medida de gestão
das pescas. As AMP podem constituir uma
forma de melhorar os rendimentos da pesca
aumentando, por exemplo, o stock de uma
determinada espécie piscícola de interesse
comercial. O princípio básico é o de controlar a actividade extractiva na zona de
reserva, para aumentar o rendimento em
áreas de pesca vizinhas. Isto acontece
porque dentro das zonas de reserva o número e o tamanho dos peixes aumenta.
Para uma melhor gestão e aceitação de
uma AMP, é cada vez mais premente o
desenvolvimento de projectos integrados,
como o projecto Maré, que conjuguem os
interesses legítimos dos diferentes utilizadores (pescadores, agentes turísticos e
população em geral). O envolvimento da
Direcção Regional das Pescas, em projectos
desta natureza, é fundamental para que os
benefícios das AMP sejam compreendidos
no sector das pescas e para que os pescadores tenham a consciência da importância do seu envolvimento neste processo.
*Director Regional das Pescas
Animais Marinhos dos Açores
Parte à Aventura: observa, descobre e aprende
“Animais Marinhos dos Açores” é mais
um material editado pelo Núcleo Temático
de Sensibilização Ambiental
do projecto Maré.
Este material
pretende ser um ponto de partida para
debates e conversas informais sobre a conservação marinha. “Parte à Aventura:
observa, descobre e aprende” são as
palavras-chave escolhidas para o
conjunto de duas fichas e 8
diapositivos. Neste material podemos descobrir,
por exemplo, que o
Mero é uma espécie
protegida por lei regional ou
que a craca é um crustáceo muito
apreciado pela gastronomia Açoriana
ou ainda que a lapa-brava foi alvo de
intensa exploração na década de 80!
O trabalho e as actividades dos diferentes
Núcleos Temáticos do projecto Maré
continua. Em todo este processo é importante
realçar que a conservação marinha exige
o envolvimento de todos e que conservar os
JFontes © ImagDOP
oceanos é sinónimo de movimento e de
integração dos vários campos de trabalho.
É por esta razão, que na sua estrutura o
Em apenas duas
campanhas
recolheram-se
30 baterias.
projecto apresenta vários Núcleos Temáticos
Lídia Silva
e envolve actividades com as populações
locais através do Núcleo Temático de
AMeirinho © ImagDOP
Sensibilização Ambiental.
O êxito desta campanha foi conseguido graças ao
esforço dos voluntários e das três entidades
organizadoras, Departamento de Oceanografia,
Câmara Municipal da Horta e Clube Naval da Horta.
Núcleo Temático
Sensibilização Ambiental
Passeios ambientais
Durante as actividades do Núcleo Temático de Sensibilização Ambiental um dos objectivos paralelos a todo o
trabalho é sempre o de criar meios e técnicas para avaliar
as mudanças de comportamento nos públicos alvo do
projecto. Só assim, de um modo integrado, é que o trabalho
deste Núcleo pode ter resultados credíveis.
Por outro lado, apostar na diversificação de técnicas didácticas que permitam a proximidade física e o contacto mais
directo com os recursos marinhos é outra das directrizes
que acompanha todo o trabalho. Foi através desta ideia
que foram desenvolvidos os passeios ambientais no Verão
de 2002. Esta actividade proporcionou um momento
privilegiado de transmissão de conhecimentos sobre a zona
do Monte da Guia e os 50 participantes, de todas as idades,
mostraram o desejo de voltar. Expressões como “Ah! Então
é por isso! Já tinha ouvido falar, mas ao ver...” foram bastante
comuns ao longo da actividade. Neste contexto, vale a pena
realçar a necessidade de um investimento continuado nos
instrumentos e nos sistemas de apoio da educação ambiental
na Região.
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No passeio ambiental ao SIC do Monte da Guia
(Faial) a curiosidade e o interesse andaram à solta.
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Campanha Limpa (a) fundo
No dia 5 de Agosto e 16 Novembro de 2001,
o Projecto Maré participou na organização
da limpezas subaquáticas (“Campanha Limpa
(a) Fundo”), que se realizaram no Porto da
Horta. Durante estas campanhas decorreram
várias actividades que tiveram o seu início
com uma apresentação para os mergulhadores
intitulada “A Recolha do Lixo no Mar”. Em
terra e na Lotaçor, decorreram actividades de
educação ambiental e alguns alunos do
Conservatório Regional da Horta reutilizaram
o lixo construindo instrumentos musicais.
A Fundação Rebikoff-Niggeler projectou para
a Lotaçor imagens da limpeza, em tempo real
através de uma câmara de vídeo subaquática.
No Porto, foram ainda distribuídos pelos
participantes mais jovens folhetos sobre a
“Duração do Lixo no Mar”. Os pescadores
proporcionaram também às crianças passeios
em barcos de pesca.
Nas duas campanhas entre todo o lixo recolhido, destaca-se a quantidade de baterias,
sobretudo pela gravidade da poluição que
provocam. Este facto é realmente preocupante
já que as baterias são ricas em metais pesados
como o cádmio, mercúrio, níquel e chumbo.
Quando deitadas ao mar, as baterias libertam
estes elementos para o ambiente, os quais se
acabam por acumular nos tecidos dos animais
marinhos. O Homem, ao consumir organismos contaminados, como peixes e moluscos
(polvos, lapas, etc...), fica sujeito a graves
doenças neurológicas, pulmonares e motoras.
Núcleo Temático
Estapago e a sua importância histórica nos Açores
O estapagado (Puffinus puffinus) é uma ave marinha que, actualmente,
no arquipélago dos Açores, só existe nas ilhas das Flores e Corvo. Esta
ave é do tamanho de um pombo, vive durante o dia no mar e só volta à
colónia, à noite, para cuidar das suas crias.
Através de registos históricos sabe-se que o estapagado já foi muito
abundante nos Açores, tendo existido em todas as ilhas do arquipélago.
Nos séculos XV e XVI os colonizadores
faziam fogueiras durante a noite para
caçar estas aves que ao ficarem encadeadas com a luz caiam e eram
apanhadas. A carne, as penas
e o óleo retirado do estapagado eram utilizados para
consumo humano.
Para combater o declínio verificado nas
populações das aves marinhas e controlar
as suas ameaças estão a ser criadas medidas
de gestão para Zonas de Protecção Especial para
Aves Selvagens em toda a Europa, ao abrigo da
Directiva Aves (79/409/CEE). Outras medidas legislativas de protecção internacional incluem a Convenção CITES (1973) e a Convenção de Berna (1979).
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Censo de garajaus-rosado
O garajau-rosado é uma das 29 espécies de aves
marinhas mais raras da Europa (ver Folha Informativa 2000). Para melhorar a sua protecção é
importante conhecer a população que nidifica
nos Açores através de censos. Desde 1989 que
os censos são feitos regularmente por equipas
especializadas e podem realizar-se de diferentes
formas:
• contagem directa de ninhos, quando há
• acesso à colónia;
• estimativa do número de ninhos através da
• utilização de um telescópio;
• contagem de aves em voo, uma vez afugen• tadas por um som ruidoso.
Ao longo dos anos tem se verificado que as áreas
sem predadores e com pouca perturbação humana
são aquelas onde se registam um maior número
de casais (p.e. Ilhéus da Alagoa e Baixa do
Moinho (Flores), Ilhéu da Praia (Graciosa) e I.
da Vila (S.ta Maria). Durante o ano de 2002 a
equipa do projecto Maré, registou 991 casais de
garajau-rosado a nidificar no arquipélago, o valor
mais elevado desde 1998.
Núcleo Temático
Habitats Marinhos
As algas das Formigas
O Banco das Formigas alberga povoamentos
únicos nos Açores. Tal facto é visível não só através
de um mergulho ao nível da coluna de água, onde
é extraordinária a abundância de peixes pelágicos,
como ao nível do fundo, onde se destacam as
exuberantes coberturas de algas e de coral negro.
Durante as missões do Projecto Maré em 1998
e 1999, a coroa do Recife do Dollabarat apresentava-se luxuriantemente revestida por um denso
povoamento de Cystoseira usneoides, que cobria a maior parte do fundo.
As suas frondes chegavam a atingir mais de 1m de comprimento e
suportavam múltiplas espécies que usam as algas para se alimentar, abrigar,
ou reproduzir. Embora em pleno ambiente oceânico, o Banco parecia
constituir uma zona de excelência para espécies tipicamente associadas
a zonas costeiras abrigadas, como as rainhas (Thalassoma pavo) e os
bodiões-verdes (Centrolabrus trutta). Estes últimos, beneficiando da
abundância de algas que utilizam na construção do seu ninho, surgiam
no Dollabarat com a população nidificante mais elevada do Arquipélago.
Durante a missão efectuada em 2002, os tapetes de Cystoseira característicos
do Dollabarat apresentaram-se bastante reduzidos em extensão e biomassa,
com reflexos bastante nítidos ao nível dos povoamentos de peixes.
A razão para este declínio ainda não está clara. No entanto, a monitorização
futura destes povoamentos é essencial para esclarecer a dinâmica ecológica
a que este banco submarino está submetido e avaliar o estado de conservação do Sítio de Interesse Comunitário aí estabelecido.
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As laminárias
As laminárias são algas de
grande beleza que albergam
uma elevada quantidade de
organismos marinhos. Os seus
talos servem de protecção a
juvenis e a posturas. Nas estruturas de fixação é frequente
encontrar diversos poliquetas,
galateias e outros invertebrados. Ao contrário do que acontece nas costas
europeias, praticamente não existem laminárias
nos Açores. O único registo científico de ocorrência destas algas foi no Banco das Formigas
(missões Biaçores-1971, CANCAP-V-1981,
DB/UAç-1990, DOP/UAç-2002). De facto, a
equipa dos habitats marinhos registou a presença
da laminária castanha Laminaria ochroleuca que
aparece a uma profundidade entre os 45 e os 60
m. Esta espécie, em conjunto com os extensos
tapetes de outras algas que cobrem as zonas
menos profundas, constituem povoamentos anormalmente densos no contexto açoriano, e
parecem ser indicadores de que o Banco das
Formigas apresenta uma produtividade especialmente elevada. Na base desta produtividade deverá estar o afloramento de nutrientes provenientes
de águas profundas que são trazidas à superfície
devido à topografia submarina deste banco.
HMartins© ImagDOP
Só o regresso de tapetes saudáveis de Cystoseira poderá garantir as
características únicas daquela área e os vários processos ecológicos,
como sejam a sobrevivência e reprodução de várias espécies de peixes.
FCardigos © ImagDOP
GCabaça © ImagDOP
Aves Marinhas
Núcleo Temático
RPrieto© ImagDOP
Tartarugas
Marinhas
Núcleo Temático
Cetáceos
A toninha-brava (Tursiops truncatus)
A toninha-brava ou roaz (Tursiops truncatus) apresenta duas formas, uma costeira e outra pelágica.
Estas diferem principalmente quanto às estratégias
alimentares praticadas: a forma costeira é representada por animais que frequentemente são residentes,
isto é, ocupam uma área restrita; a forma pelágica
é constituída por animais que não apresentam
fidelidade a áreas restritas, ocupando zonas muito
mais vastas no oceano. Nos Açores, as duas formas
ocorrem, aparentemente, em simultâneo. A toninha-brava ocorre durante todo o ano, mas a sua distribuição e abundância relativa parece variar. Os
grupos com crias aparecem também no Verão e no
Inverno, embora seja registada uma maior ocorrência
de crias durante os meses mais quentes.
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A Tartaruga-boba
Há 25 anos o “Boletim dos Jovens Naturalistas”
dava-nos a conhecer o programa de marcação de
tartarugas marinhas, que até então era desenvolvido
nos Açores como
sendo o único na
Europa. O Centro de Jovens
Naturalistas iniciou o trabalho
utilizando
marcas próprias,
mas com o desenvolver da actividade passou a
utilizar marcas da Universidade da Flórida, fabricadas especialmente para os Açores. No artigo do
boletim veio referido que 95% das
capturas efectuadas nos Açores
eram de tartaruga-boba (Caretta
caretta), valor esse
que é bastante
aproximado ao
dos registos dos
actuais programas de marcação.
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A importância dos SIC para a
toninha-brava
Para avaliar a importância do Complexo de SIC
Faial-Pico (SIC Monte da Guia, Baixa do Sul
e Ilhéus da Madalena) para a toninha-brava,
recorreu-se a observação a partir de terra, transectos de barco e foto-identificação. Embora dentro
dos SIC tenham se registado poucos avistamentos
desta espécie, nas áreas circundantes ocorreram
muitos. Tal facto, deve-se à pequena área ocupada
pelos SIC e aos hábitos dos cetáceos cuja distribuição engloba grandes áreas. Os resultados
mostraram que a toninha-brava é frequentemente
avistada durante todo o ano nas zonas estudadas,
onde tende a passar a maior parte do tempo em
alimentação. Através de foto-identificação descobriu-se que pelo menos parte das toninhas-bravas
são residentes nesta área. O estudo realizado
veio demonstrar a importância do Complexo de
SIC Faial-Pico para esta espécie e a necessidade
de proteger uma área mais alargada.
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Edição de materiais
Para ajudar a proteger as tartarugas marinhas
que passam pelo arquipélago dos Açores, este
Núcleo Temático em colaboração com o Núcleo
Temático de Sensibilização Ambiental editou
um folheto informativo que foi distribuído pelas
associações de pescadores, operadores turísticos,
marinas, lotas, clubes navais e associações da
natureza da região. Para quem deseje colaborar
no programa de marcação das tartarugas marinhas
(ver Folha Informativa 2000)
será oferecida
também uma t-shirt
e até à data o projecto
Maré, entre o ano de
2000 e 2002, já pode
contar com a colaboração de mais de 30
pescadores.
Propostas de planos de gestão
terminadas (SIC)
No início do ano 2002 foi concluída a fase de avaliação técnico-científica dos SIC abrangidos pelo projecto Maré. Neste âmbito foram
elaboradas as propostas técnico-científicas de ordenamento destas
áreas, com base na caracterização das comunidades biológicas e
envolvente sócio-económica.
Os relatórios foram já entregues, pelo Departamento de Oceanografia
e Pescas da Universidade dos Açores, à Direcção Regional do Ambiente
e à Direcção Regional Pescas, as quais deverão proceder à respectiva
revisão e aprovação, de modo a iniciar-se a fase de consulta pública.
Sítios de Interesse Comunitário (SIC) Marinhos
abrangidos pelo Projecto Maré
FAIAL
Monte da Guia
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PICO
Baixa do Sul
FCardigos © ImagDOP
PICO
Ilhéus da Madalena
RSSantos © ImagDOP
SANTA MARIA
Ilhéus das Formigas e Recife do Dollabarat
FTempera © ImagDOP
CORVO
Costa e Caldeirão do Corvo
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Em todos os SIC estudados verificou-se que os habitats e espécies
presentes são de elevado valor ecológico, científico e económico e
necessitavam de um nível de protecção mais elevado do que aquele
que se verifica actualmente.
Na avaliação dos limites estabelecidos para os actuais SIC, foi
considerado que as áreas delimitadas são demasiado restritas e, nalguns
casos, demasiado costeiras. Tal facto impede-os de reunir um potencial
biológico suficiente para ter repercussões directas e significativas na
protecção dos recursos. Assim, é recomendada a implementação de
áreas marinhas protegidas com limites alargados.
Propostas de planos de gestão
terminadas (ZPE)
Durante o início do ano 2002 foram revistos os limites geográficos
das Zonas de Protecção Especial dos Açores. Neste momento
encontram-se terminados sete propostas de planos de gestão para
as ZPE alvo do projecto
Estas propostas contemplam um levantamento de dados biológicos,
físicos e sócio-económicos das zonas em questão. Os objectivos e
as medidas de gestão são classificadas neste documento de modo
a proteger as aves marinhas e os seus habitats.
Zonas de Protecção Especial (ZPE)
abrangidas pelo Projecto Maré
CORVO
Costa e Caldeirão do Corvo
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FLORES
Costa Nordeste das Flores
LMonteiro © ImagDOP
FAIAL
Costa e Caldeira do Faial
RSSantos © ImagDOP
SÃO JORGE
Ilhéu do Topo e Costa Adjacente
FTempera © ImagDOP
GRACIOSA
Costa e Ilhéus da Graciosa
MBolton © ImagDOP
TERCEIRA
Costa Sudeste da Terceira
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SANTA MARIA
Ilhéu da Vila e Costa Adjacente
JFontes © ImagDOP
Carlos Manuel de Castro Goulart*
O mar, essa preciosa fonte de equilíbrio da natureza, fonte de
alimentação privilegiada da humanidade, auto-estrada da ligação
entre continentes, era melhor que não estivesse mal, que fosse
saudável e rico como outrora. É pena que as atitudes tenham
que mudar por causa das consequências das mesmas.
Infelizmente, até os mais desatentos verificam que o lixo
flutua por todos os mares e é difícil apanhar um peixe
para grelhar ao final da tarde... Como é que se chegou
a este ponto não sei, mas aquilo que sei é que os
utilizadores lúdico-desportivos querem mudar este
estado das coisas. Nesse sentido, o Clube Naval da
Horta tem sido alvo de pressões, por parte dos seus
associados e da comunidade em geral, para contribuir
para a alteração da situação actual.
Bem sabemos que a dimensão dos problemas é muito
superior à nossa capacidade de actuação; não é o Clube
Naval que irá alterar as emissões de monóxido de Carbono
à escala global. Mas temos tentado dar a nossa pequena
contribuição, esclarecendo os novos utilizadores do mar e
contribuindo modestamente para a alteração de comportamentos,
para que o mar fique mais rico e menos poluído.
Desde o ano 2000 que o Clube Naval da Horta inclui nas aulas de
Marinheiro (o segundo grau na escala dos desportistas náuticos),
ministradas no nosso Centro de Formação, uma sessão sobre o
ambiente marinho, a sua conservação e a sua utilização sustentada.
Nestas aulas é enfatizada a responsabilidade que os novos navegadores
têm no respeito pelas regras instituídas e as consequências nefastas
do não cumprimentos das mesmas. Em paralelo, a Secção de
Mergulho co-organizou acções de limpeza subaquática nas
quais foram extraídas grandes quantidades de lixo do fundo
do Porto da Horta. Na revista editada pelo Clube Naval,
a Atlantis Cup, são sempre editados artigos de promoção
ambiental. Apesar destas e de outras iniciativas que
já estão planeadas, temos consciência de que não
iremos mudar o mundo, mas este será o nosso
contributo.
É sensação do Clube Naval da Horta que as regras
instituídas oficialmente não são suficientes, é necessário
proteger mais e melhor os nossos mares. Nós, pela nossa
parte, aqui estaremos para fazer eco das propostas que os
nossos cidadãos, cientistas, técnicos e governantes considerarem
adequadas para a protecção efectiva dos mares dos Açores.
*Presidente da Direcção do Clube Naval da Horta
*Este espaço destina-se a todos aqueles que desejem participar na edição da
Folha Informativa do projecto Maré. Para participar envie a sua mensagem para:
Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores
Cais de Santa Cruz • 9901-862 Horta
Projecto Maré - Carla de la Cerda Gomes
Telef.: 292 200 400 • Fax: 292 200 411
Email: [email protected]
JFontes © ImagDOP
A B E R T O*
M A R
E S P A Ç O
O Desporto Naútico e a
Conservação Marinha
FCardigos © ImagDOP
Campanha SOS Cagarro
Estamos novamente no Outono e os
Cagarros juvenis estão já a sair do
ninho, rumo ao oceano. Durante este
percurso “Perca um Minuto, Salve uma
Vida” e ajude os Cagarros com
penugem e ainda sem experiência de
voo e de orientação.
Nas junto estradas junto ao mar circule
com velocidade moderada. Embora
muitos cagarros consigam partir para
uma vida longa, um grande número
morre em colisões e atropelamentos
pouco tempo depois de sair do ninho.
PUBLICAÇÕES DO PROJECTO MARÉ
Pitta, M., F. Cardigos & F. Tempera
(2001): “Ilha do Corvo: A Conservação
Marinha Como Opção de Desenvolvimento”; Notícias do Mar, n.º 186: 38-40.
Cardigos, F., & F. Tempera (2001):
“Protegendo os Mares de Santa Maria”;
Notícias do Mar, n.º 189: 34-36.
Gomes, C. & P. Afonso (2001): “Áreas
Marinhas Protegidas: Uma Ferramenta de
Gestão dos Recursos Marinhos”; Mar Azul,
n.º 10: 13-14.
LEGISLAÇÃO DE INTERESSE
Decreto-Lei nº 21/2002 de 31 de Janeiro:
regulamenta o exercício da actividade marítimo-turística.
Decreto Legislativo Regional nº 9/99/A de
22 de Março: disciplina as actividades de observação de cetáceos nos Açores.
Decreto Legislativo Regional nº 5/85/A de
08 de Maio: estabelece o regime jurídico da
caça submarina, praticada por amadores, na
Região Autónoma dos Açores.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE
A ACTIVIDADE MARÍTIMO-TURÍSTICA
As espécies e as áreas protegidas constituem um ponto de atracção turística do
Arquipélago dos Açores. Por isso, a existência deste património tem efeitos directos
sobre a economia regional, como o emprego e os rendimentos, e efeitos múltiplos sobre
outros sectores económicos. Além disso, contribui para a melhoria da imagem da Região
o que indirectamente pode conduzir a um aumento da procura. Assim sendo, o turismo
sustentável na região deverá fazer parte da estratégia de desenvolvimento regional, na
qual as condições naturais dos Açores favoreçam um turismo activo e a criação de
produtos temáticos ligados ao património natural. Se avaliarmos o crescimento na
Região da actividade comercial de observação de cetáceos, entre 1994 e 1998, o número
de turistas que efectuou saídas de whale-watching aumentou de 1000 para 9500,
correspondendo a uma receita de
146 mil contos e 741 mil contos
PESCADO DE FRESCO
respectivamente. Estes valores
traduzem as mais valias
Vídeo e Spot “Áreas Marinhas
económicas desta actividade, mas
Protegidas”
indicam também a necessidade de
O Projecto Maré está a produzir um
desenvolver o seu crescimento de
vídeo e um spot que contém informações
uma forma sustentável. Neste
sobre a importância dos Sítios de Intesentido, é necessário regulamentar
resse Comunitários dos Açores. Estes
as actividades do turismo da naprodutos irão ser transmitidos pela RTP
tureza na Região. Um bom exemAçores brevemente.
plo, foi o passo pioneiro dado pela
Olimpíadas do Ambiente 2001/2002
Região Autónoma dos Açores ao
O Projecto Maré apoiou a aluna Laura
regulamentar a actividade de obserSimas (8ª Turma A) da EB3/Sec Doutor
vação de cetáceos (Decreto-Lei
Manuel de Arriaga nas Olimpíadas do
Regional 9/99/A de 22 de Março).
Ambiente. A aluna realizou um trabalho
intitulado “Observação de Cetáceos nos
Açores” e passou com ele à segunda
fase das Olimpíadas.
Escreva para o Espaço Mar Aberto e
par ticipe na protecção do mar!
A próxima Folha Informativa será exclusivamente ao “Espaço Mar Aberto” ou
seja dedicada a todos aqueles que participaram nas actividades do projecto
Maré ou que desejam expressar a sua
opinião sobre temas relacionados com
o mar dos Açores. Colabore e envolva-se na edição da última Folha Informativa
do Projecto Maré!
COORDENADOR DO PROJECTO MARÉ
Ricardo Serrão Santos
EDITOR
Núcleo Temático de Sensibilização Ambiental
Carla de la Cerda Gomes & Maria Pitta Gróz
COLABORADORES DA EDIÇÃO 2001
Fernando Tempera Núcleo Temático dos
Habitats Marinhos
Ana Meirinho e Maria Carvalho Núcleo
Temático das Aves Marinhas
Rui Prieto Núcleo Temático dos Cetáceos e
Núcleo das Tartarugas Marinhas
IMPRESSÃO Nova Gráfica
DESIGN Sigma
direcção regional
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