ESTADO DE MINAS ● Q U A R TA - F E I R A , 1 º D E J U N H O D E 2 0 1 1 ● E D I T O R : J o ã o P a u l o C u n h a ● E D I T O R A - A S S I S T E N T E : Â n g e l a F a r i a ● E - M A I L : c u l t u r a . e m @ u a i . c o m . b r ● T E L E F O N E : ( 3 1 ) 3 2 6 3 - 5 1 2 6 EM ENCONTRO MUSICAL ★ Francis e Olivia Hime lançam Almamúsica, primeiro álbum do casal, gravado no formato de voz e piano. PÁGINA 5 MYRIAM VILAS BOAS/DIVULGAÇÃO PRIMEIRO PASSO HÁ 20 ANOS O SKANK ESTREAVA COM SHOW NO AEROANTA, EM SÃO PAULO, PARA 37 PAGANTES. FOTOS DE PAULA FORTUNA, QUE SE MANTIVERAM INÉDITAS, VÃO SER MOSTRADAS EM EXPOSIÇÃO SALTO MARIANA PEIXOTO No início de 1991, Fernando Furtado conse- Naquele tempo, o Skank primava muito mais pelos covers do que pelas canções autorais. No show do Aeroanta, Samuel acredita ter tocado somente uma música que fez parte do disco de estreia do Skank, lançado em 1992: Salto no asfalto (Samuel/Fernando), herança do Pouso Alto. Depois da estreia, a banda ficou bastante conhecida na noite de Belo Horizonte, por suas temporadas nos extintos Janis, Maxaluna e L'Apogée. Ainda que os 20 anos do Skank estejam sendo comemorados agora, Samuel acredita que muita gente só tenha tomado conhecimento da banda alguns anos depois da estreia. “Até 1993, a gente tocou muito em Minas Gerais. Se íamos longe, era para o Espírito Santo ou Goiás. Até sair o Calango (o segundo álbum, de 1994), a gente era anônimo fora daqui”, continua Samuel. De acordo com ele, não são poucos os que consideram aquele disco como a estreia do Skank. Porém, foram aqueles dois anos iniciais o laboratório para o que o grupo veio a se tornar. “Foram anos de pouquíssima popularidade, mas dependemos deles para chegar, em 1994, como uma banda amadurecida, pelo menos para os moldes da época. Aprendemos como proceder em cima de um palco, como gravar, ou seja, não há como não considerar esse período como muito relevante”, conclui Samuel Rosa. guiu marcar no Aeroanta, em São Paulo, um show da banda Pouso Alto. Na época, o promotor das noites dedicadas ao reggae era o jornalista e DJ Otávio Rodrigues. Ele havia se interessado pela mistura de reggae eletrônico e ska que o grupo fazia. Só que o Pouso Alto acabou bem antes da tal apresentação e Fernando passou, então, a empresariar a nova banda de dois de seus antigos integrantes, Samuel Rosa e Henrique Portugal. Dessa maneira, o primeiro show do Skank não foi em Belo Horizonte, mas numa fria quarta-feira paulistana, 5 de junho de 1991. Também noite de final de Campeonato Brasileiro, a tal estreia teve 37 pagantes. Vinte anos atrás, o Skank, que havia surgido há não mais do que um par de meses, fazia seus primeiros ensaios. Como seria de se imaginar, Samuel, Henrique, Haroldo Ferretti (ex-Circuito Fechado) e Lelo Zaneti (ex-Repolho Nervoso) não tinham sequer uma foto juntos. Fernando, sempre ele, foi providenciar uma sessão. Estudante de comunicação social na PUC Minas e morador de Santa Tereza, pegava carona com a vizinha Paula Fortuna, também aluna do prédio 13 do câmpus Coração Eucarístico. Recém-chegada ao laboratório de fotografia, a ela foi dada a missão de fazer as primeiras fotos do Skank. Desta sessão inicial, somente uma foto chegou a ser publicada. Todas as outras permaneceram inéditas até agora. Uma exposição que será aberta dia 9 deste mês, às 19h30, no BH Shopping, vai reunir 14 destas fotografias. Professora de fotografia da Escola Guignard e uma das fundadores da ONG Oficina de Imagens, Paula manteve, todos esses anos, os negativos guardados e identificados. Depois que se formou, não teve mais contato com Fernando, tampouco com a banda. Mais recentemente, encontrou-se com ele rapidamente. Nas duas ocasiões, ambos falaram nas velhas fotos e a história parou aí. Até que uns meses atrás Paula publicou no Facebook uma foto, feita pelo próprio Fernando, depois da sessão, em que ela aparecia ao lado dos quatro skanks. A repercussão da imagem na rede social motivou o projeto da exposição. "Esse filme que bati dos meninos (foram dois rolos em preto e branco, salário indireto de seu trabalho como monitora da PUC) faz parte da primeira leva dos filmes que fotografei na vida. As imagens têm muito mais valor histórico do que estético. Tecnicamente não tem erros. A questão é de falta de experiência, tanto minha quanto dos meninos. Não houve, por exemplo, preocupação com troca de roupas", conta Paula. As fotografias foram feitas na casa da família de Haroldo, no Bairro São Bento, hoje estúdio Máquina, onde o Skank grava seus discos, e no alto do Belvedere, onde ficam antenas de rádio e TV. Para divulgar o show, o Skank conseguiu espaço na imprensa paulista. O que deve ter chamado a atenção dos poucos que viram o grupo estrear era o inusitado da situação, pois, na reportagem em que uma foto de Paula foi publicada, o título dizia que ex-Sepultura iria tocar reggae em São Paulo. O tecladista Henrique Portugal, também morador de Santa Tereza, era mais conhecido no meio metal, já que havia gravado nos discos iniciais do grupo dos irmãos Cavalera. "Lembro que tinha um certo bochicho em São Paulo em torno do Skank. O Charles Gavin estava na plateia, acho que o André Jung (Ira!) também. Era pouca gente, praticamente pessoas ligadas à banda", conta Samuel. Na tarde do dia 5, na passagem de som, o grupo fez sua estreia na TV, com matéria para a MTV. "Oficialmente, aquela foi a primeira apresentação. Houve antes dois ensaios no Western House (hoje Pau & Pedra, no Bairro Funcionários) somente para os amigos", continua o vocalista e guitarrista. Samuel Rosa, Henrique Portugal, Lelo Zaneti e Haroldo Ferretti: material para divulgar show em São Paulo TRAJETÓRIA SAMUEL ROSA DESTACA MOMENTOS MARCANTES 1992 – “Foi uma cartada que surpreendeu o Bra- sil inteiro uma banda nova, independente, lançar um CD. Além de tudo de uma banda mineira, branca, que tocava reggae. Nem eu tinha aparelho de CD em casa.” 1994 – “Calango foi o álbum que mostrou a que viemos. Logo viramos uma febre nacional, a skankmania, com hits como Jackie Tequila e Te ver.” 1996 – “O samba poconé (1996) e Siderado (1998) foram nossos álbuns mais internacionais. Foi uma época de muita turnê fora do Brasil, também para não ‘gastar’ a banda no Brasil. Bem ou mal ficamos bem conhecidos em alguns países da Europa e da América do Sul” 2000 – “Este foi o período da consolidação. Refinamos o som, paramos de gravar no Rio e São Paulo, voltamos para BH nesse sentido. Tiramos os metais das músicas e fizemos discos mais conceituais, rock, de canções.” 2001 – “Hoje o Skank é uma banda que tem crédito, respeitada, que sobreviveu ao sucesso extremo. Esse sucesso pode ser acachapante, pois a tendência é que o grupo se desgaste, torne-se repetitivo. Conseguimos driblar isso com alguma relevância.” FOTOS: PAULA FORTUNA/DIVULGAÇÃO - 4/5/91 Estudante de comunicação na PUC Minas, Paula fez os registros a pedido do colega Fernando Furtado, empresário da banda