especial O Estado do Maranhão I São Luís, 3 de outubro de 2009 I sábado 3 Fotos/ Ag. O Globo Jacques Rogge anuncia o Rio C openhague - Em uma sexta-feira histórica, para o esporte brasileiro, o Rio de Janeiro será a primeira cidade da América do Sul a receber uma edição dos Jogos Olímpicos, ao vencer a concorrência com Madri, Chicago e Tóquio, em votação realizada ontem em Copenhague, na Dinamarca. Até a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2016 será no Maracanã. A decisão favorável ao Brasil saiu apenas na terceira rodada de votos, com vitória do Rio de Janeiro sobre Madri por 66 votos a 32. De forma surpreendente, Chicago foi a primeira cidade eliminada, enquanto Tókio caiu na segunda rodada. Quando o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Jacques Rogge, abriu o envelope com os cinco anéis olímpicos e anunciou a vitória do Rio, foram duas explosões simultâneas de alegria. Na Praia de Copacabana, a multidão que aguardava o resultado soltou o grito e começou a comemorar sob uma chuva de papel picado. Dentro do Bella Center, os integrantes da delegação brasileira “ Delegação brasileira vibra com a vitória O anúncio final de que o Rio venceu as três cidades concorrentes saiu na 3ª votação repetiram a festa de forma efusiva. Sem conter as lágrimas, Pelé comandava a celebração, abraçando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador Sérgio Cabral, o prefeito Eduardo Paes e os esportistas. Entre gritos e abraços, difícil era encontrar um brasileiro que não estivesse chorando. "Parece que eles vieram apenas para cumprir tabela. Nós éramos os únicos que queríamos, de verdade, fazer uma Olimpíada. As pessoas viram isso nos nossos olhos", destacou o presidente Lula, após a votação. Para sediar os Jogos Olímpicos, o Rio defendeu a tese de que deveria ser escolhida pelo ineditismo do local e pelo positivo momento econômico. "Os Jogos Olímpicos no Rio serão inesquecíveis, pois estarão cheios da magia e da paixão do povo brasileiro", discursou o presidente Lula, na apresentação. A realização dos Jogos PanAmericanos em 2007 foi citada como prova de que os brasileiros podem realizar grandes eventos. Tecnicamente, o projeto prevê a utilização de instalações construídas para a competição, como o Estádio Engenhão. E investimentos em torno de US$ 14 bilhões (cerca de R$ 25 bilhões). O enorme empenho do governo brasileiro e os R$ 138 milhões gastos na campanha levaram o Brasil a realizar um sonho antigo: esta foi a quinta vez É um dia sagrado. Se eu morresse agora, já teria valido a pena viver” 2ª rodada RIO 46 MADRI 29 TÓQUIO 20 3ª rodada 66 32 - Histórico - Nas duas outras vezes em que o Rio se lançou candidato à principal competição poliesportiva do mundo, o projeto brasileiro não passou das etapas preliminares do processo seletivo. Para a Olimpíada de 2004, a cidade contou com grande apoio popular, mas sofreu com a divisão entre os dirigentes. João Havelange apoiou o projeto, enquanto o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman, preferiu um papel secundário. O Rio voltou a competir pela sede dos Jogos em 2012, mas não foi aprovado pelo COI, que criticou o planejamento financeiro da candidatura, considerado otimista demais, e as ações para melhorar a rede de transporte da cidade. A terceira tentativa carioca, enfim, conseguiu chegar à final, mas ainda sim sob desconfiança do COI. Das quatro cidades finalistas, o Rio foi a que recebeu a pior nota na primeira avaliação. A situação mudou no começo do mês passado. Após as visitas de inspeção nas quatro cidades, o COI colocou o Rio no mesmo nível das outras três candidaturas. A entidade elogiou o apoio de todas as esferas governamentais, assim como o aspecto social da candidatura, mas criticou a rede hoteleira da cidade e a falta de segurança. Com a nova avaliação, a candidatura brasileira passou a ser tratada como favorita em sites especialistas no movimento olímpico, como o "Around the Rings" e o "Games Bids", tendo como principal adversária Chicago, que ganhou impulso com a confirmação da presença do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em Copenhague. que o país entrou na briga para sediar os Jogos. O mesmo já havia ocorrido em 1936 (candidatura independente, sem anuência do COB), 2000, 2004 e 2012 - apenas em 2000 a candidatura não foi carioca, mas de Brasília. O Brasil ganhou a disputa na lágrima, da mesma forma como costuma festejar suas conquistas em cima do pódio em competições mundo afora. Com uma apresentação marcada pelo tom emotivo, o Rio deu a cartada final para convencer os integrantes do Comitê Olímpico Internacional a plantar o movimento olímpico na América do Sul pela primeira vez. A estratégia funcionou bem. A vitória, na verdade, começou bem antes disso. Após duas tentativas frustradas para as edições de 2004 e 2012, o projeto de 2016 teve o mérito de unir as três esferas de governo. Além disso, a comitiva incluiu não apenas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas um rol de astros esportivos como Pelé, Cesar Cielo, Guga e Torben Grael. Quando foram anunciadas as eliminações prematuras de Chicago e Tóquio, o Rio sabia que teria, na última rodada de votação, um adversário de peso. No relatório técnico do COI, Madri ficou à frente dos cariocas. Na hora da decisão, contudo, os votantes mudaram de opinião. Emocionado, presidente diz que o COI entendeu que era a hora do Brasil Copenhague - Em meio às lágrimas dos integrantes da comitiva brasileira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também não escondeu a emoção e o orgulho pela conquista em Copenhague. O 2 outubro ficou marcado para ele como "um dia sagrado". - Se eu morresse agora, já teria valido a pena viver. Conquistamos a cidadania absoluta. Parabéns à alma e à paixão do povo brasileiro. Não estarei mais na Presidência, mas como cidadão brasileiro, colocando minha alma e meu coração - admitiu Lula. Para o presidente, a escolha fez o Brasil sair do patamar de Campanha brasileira foi a mais cara entre as candidatas O projeto apresentado pelo Rio foi o mais caro entre os quatro finalistas, prevendo o gasto de US$ 14,42 bilhões na organização da Olimpíada. Chicago projetava orçamento de US$ 4,82 bilhões; Madri, de US$ 6,13 bilhões; e Tóquio, de US$ 6,8 bilhões. Só na fase de candidatura, encerrada com a eleição, já foram gastos R$ 138 milhões. O dinheiro veio de recursos do município, do governo, da União e da iniciativa privada. O plano da Olimpíada brasileira é aproveitar 19 das arenas que foram levantadas para os Jogos Pan-Americanos de 2007. Outros 11 ginásios serão construídos, além de quatro locais temporários de competição. Assim como o comitê que organizou o Pan, o projeto da Olimpíada também é encabeçado pelo presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman. A votação um país de segunda classe para um de primeira. Preferiu não levar adiante os comentários dos jornalistas de que ele teria ganho de Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, no discurso de apresentação. "Dizem que o Brasil é de terceiro mundo. Muitos falam isso. Precisamos melhorar a saúde, educação, sim, teremos muito trabalho pela frente. Mas somos um país imenso e receber as Olimpíadas só vai ajudar. Respeito é bom e hoje o recebemos. Eu não ganhei de Obama. O Rio ganhou de Madri, Tóquio e de Chicago", desabafou o presidente. A escolha feita pelos membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) é, para o presidente, uma retribuição ao povo do Rio de Janeiro. E que prevaleceu a razão. "O Rio é uma cidade que perdeu muitas coisas ao longo da história. Foi capital, foi coroa portuguesa, e aparece nas páginas dos jornais em notícias ruins. É uma retribuição a um povo maravilhoso, a um povo bom, que é o carioca. Essa vitória não é individual. É de 190 milhões de almas, de toda a América do Sul", comemorou Lula, parabenizando o trabalho realizado por todos os envolvidos na candidatura. Chefes de Estado felicitam Lula por eleição do Rio de Janeiro PARIS - O presidente da França, Nicolas Sarkozy, felicitou ontem seu colega Luiz Inácio Lula da Silva pela eleição do Rio de Janeiro como cidadesede dos Jogos Olímpicos de 2016, anunciou o Palácio do Eliseu em comunicado. Sarkozy reagiu com "grande alegria" à "eleição do Rio como sede das Olimpíadas de 2016", segundo o texto emitido pela presidência francesa. Sarkozy "expressou ao presidente Lula o apoio entusiasta da França" à candidatura do Rio durante sua "recente visita ao Brasil", lembrou o Eliseu. Em 7 de setembro, durante uma entrevista coletiva em Brasília, Sarkozy afirmou que "toda a França está atrás do Rio". "Queremos que o Brasil tenha os Jogos Olímpicos. Seria maravilhoso para o país e para a América Latina sediar este evento universal", declarou. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, também felicitou o Brasil, todo "Queremos que o seu"Felicitamos povo e a América do Sul. É acontecimento para a Brasil tenha os um história. Vamos todos ajudar o Jogos Olímpicos. Brasil", acrescentou Chávez. No Chile, a presidente Seria Michelle Bachelet também saudou a escolha do Brasil. maravilhoso "Quero compartilhar uma grande alegria", disse ela a jorpara o país e para a América nalistas. "Vocês sabem que havia muitos países lutando para ser Latina sediar sede dos Jogos Olímpicos. Que bom que o Brasil ganhou e, coeste evento mo resultado, teremos os Jogos universal" Olímpicos de 2016 em nossa Nicolas Sarkozy Presidente da França o Brasil pela escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. "Recebemos uma notícia muito boa. O Rio será a sede das Olimpíadas de 2016. Nós aplaudimos", afirmou o presidente durante um conselho de ministros. América Latina", acrescentou Bachelet. A rainha Sofía, da Espanha fez questão de parabenizar os brasileiros pela escolha do Rio de Janeiro. Na ocasião, a rainha elogiou o trabalho realizado pelos espanhóis. "É preciso dar parabéns ao Rio, e também parabéns para o trabalho dos espanhóis, que foi excepcional", declarou a rainha.