Principal conselheiro político de Bush renuncia Resen Resenha Segurança AnSegurançaCar Diego Cristóvão Alves de Souza Paes 16 de agosto de 2007 Principal conselheiro político de Bush renuncia Resenha Segurança Diego Cristóvão Alves de Souza Paes 16 de agosto de 2007 Karl Rove, principal conselheiro político e amigo pessoal do presidente dos EUA, anuncia sua saída do governo até o final do mês de agosto. Envolvido em escândalos, Rove sai em um momento delicado para o governo Bush. K arl Rove, Chefe de Gabinete adjunto da Casa Branca, anunciou no dia 13 de agosto em entrevista ao Wall Street Journal que deixaria o cargo até o final do mês. Durante a entrevista, afirmou que estaria se retirando do cargo para passar mais tempo com sua família, embora se especule que o real motivo de sua saída esteja relacionado com suspeitas de seu envolvimento na demissão de oito promotores federais por motivos políticos. Considerado um dos maiores conselheiros políticos do presidente estadunidense, sua saída se dá em meio a um dos momentos mais difíceis já enfrentados neste segundo mandato do presidente George W. Bush. Com forte oposição no Senado e popularidade atingindo seu ponto mais baixo em seis anos e meio de governo, Bush certamente irá sentir o afastamento de um de seus maiores aliados políticos. A queda em sua popularidade também afeta o Partido Republicano de maneira geral, que a um ano das eleições presidenciais, ainda não conseguiu emplacar um nome de peso contra os possíveis candidatos do Partido Democrata, Hillary Clinton e Barak Obama. Karl Rove se associou ao Republicano no final dos anos 1960, com 19 anos de idade, e sempre esteve cercado por atitudes polêmicas. Aos 22 anos de idade foi apontado por George H. W. Bush, pai do atual presidente dos Estados Unidos da América (EUA), como assistente especial do Comitê Nacional Republicano. Nesta época que conheceu e se tornou amigo de George W. Bush, com quem estaria diretamente envolvido durante toda sua carreira política. Desde então, atuou em diversas campanhas políticas do Partido Republicano. Esteve envolvido nas campanhas presidenciais de Ronald Reagan e de George H. W. Bush durante os anos 1980 e início dos anos 1990, além de ter influenciado o amigo George W. Bush a seguir carreira política. Em 1994, conseguiu eleger Bush como governador do estado do Texas bem como trabalhou em sua em sua reeleição. Posteriormente, esteve à frente da campanha presidencial de George W. Bush e na busca pelo segundo mandato. Rove, entretanto, foi além de apenas conselheiro eleitoral: Durante toda a administração Bush, teve um papel importante como conselheiro político do presidente, atuando diretamente na Partido www.pucminas.br/conjuntura 2 questão do terrorismo e na Guerra do Iraque. Foi constantemente acusado de fazer da administração Bush uma grande plataforma eleitoral, sempre utilizando dados e eventos como forma de aumentar a popularidade e apoio da população ao presidente. Durante a campanha para a reeleição, Rove foi acusado de manipular notícias, fazendo com que as suspeitas sobre possíveis ataques terroristas viessem à tona sempre que as pesquisas apontavam um aumento das intenções de voto para o candidato democrata, John Kerry1. Seu papel na Casa Branca foi essencial para a administração Bush. Esteve por trás da formulação de políticas nas mais diversas áreas, de educação até segurança nacional. Segundo a agência de notícias Bloomberg, como principal conselheiro do Presidente, auxiliou-o em suas políticas de redução de impostos e na melhora da atuação do governo federal na educação, além de arquitetar mudanças na legislação nacional, principalmente nas políticas de imigração e de seguridade social2. Desde seu primeiro envolvimento direto com o Partido Republicano, Karl Rove esteve envolvido em escândalos. Em 1999, assumiu publicamente ter sabotado folhetos de candidatos democratas em 1970, então com 19 anos e estagiário do Partido Republicano de Utah. Três anos depois, quase se tornou alvo de investigação federal, devido a gravações feitas em que Rove discutia o uso de técnicas de campanha pouco ortodoxas, como investigar as latas de lixo de adversários políticos. Durante os anos 1980 e 1990, foi acusado 1 Rove também foi acusado de estar envolvido na tentativa de difamar a participação de Kerry na guerra do Vietnã (sua imagem de veterano de guerra foi muito utilizado pelo candidato democrata em sua campanha). Disponível em: <http://www.bloomberg.com/apps/news?pid =20601103&sid=aOtbEhIv0soc&refer=us> diversas vezes de vazar informações para imprensa, fato que fez com que fosse desligado da campanha presidencial de Ronald Reagan, em 1982. Em 2005, Rove foi suspeito de ser responsável pelo vazamento da identidade de uma agente secreto da CIA, em 2003. Nesse caso, Valerie Plame, mulher do ex-diplomata estadunidense Joseph Wilson, foi apontada pela revista Time como funcionária da agência de inteligência dos EUA, trabalhando na divisão de armas de destruição em massa. O motivo pelo vazamento teria sido uma retaliação contra o ex-diplomata, que havia redigido um artigo ao jornal New York Times com duras críticas ao presidente Bush em relação ao Iraque. Durante o caso, o presidente afirmou várias vezes seu apoio a Rove, que não foi indiciado. Em março de 2007, um novo escândalo gerou mais acusações contra Karl Rove. Desta vez, a demissão de oito procuradores federais de uma só vez fez com que surgissem suspeitas dentro do Senado estadunidense, que após ás últimas eleições parlamentares passou a ser controlado pela oposição democrata. Embora as demissões não tenham sido ilegais, foram encaradas de maneira incomum, tendo em vista que normalmente os 93 procuradores federais tendem a serem substituídos apenas com mudanças presidenciais. Alberto 3 Gonzáles, US Attorney General , apontado como um dos responsáveis pelas demissões, afirmou ao Comitê Judiciário do Senado estadunidense que as demissões teriam ocorrido devido à baixa produtividade dos oito procuradores. Porém, evidências de que as demissões já haviam sido discutidas dois anos antes de ocorrerem, e de que Karl Rove estaria envolvido nesta decisão, levaram o Senado a suspeitar de motivações políticas por trás das demissões. 2Bloomberg.com 3 Cargo similar ao de Ministro da Justiça no Brasil. www.pucminas.br/conjuntura 3 O caso ainda gera muita polêmica nos EUA e permanece em fase de investigação. Convidado a testemunhar no Senado no início de agosto, Rove foi impedido de fazê-lo pelo presidente George W. Bush, seguindo uma prerrogativa do chefe do executivo estadunidense4. Bush concordou, porém, que o testemunho fosse feito em particular, para apenas alguns membros do Senado, sem juramento ou manuscritos. O anuncio oficial de sua saída, no dia 14 de agosto, foi marcado pela tristeza de seu companheiro de longa data. Em frente as câmeras, George W. Bush reafirmou sua amizade por Rove, e agradeceu o amigo por toda a ajuda. Logo após, foram juntamente com suas famílias para uma curta temporada de férias no Texas5. Considerado o principal conselheiro político de Bush, sendo inclusive apelidado pelo presidente como “o arquiteto” de sua administração, Rove se afasta da Casa Branca em um momento muito delicado. A perda da maioria no Senado para os democratas em 2006, gerou um grande contrapeso ao governo Bush. O mesmo Partido Democrata, que, com a ajuda de Rove, aprovou a iniciativa estadunidense no Iraque6, agora se põe do lado do eleitorado contra a guerra, tendo em vista as eleições presidenciais de 2008. 4 O Executivo possui o privilégio de não autorizar o testemunho de assessores, levando em consideração o caráter deliberativo da questão, interno à Casa Branca. 5 FOX News. Disponível em: <http://www.foxnews.com/story/0,2933,29315 1,00.html> 6 Rove era um dos membros do White House Iraq Group, do qual também fazia parte Condoleeza Rice. Este grupo se reuniu durante os anos 2002 e 2003 para discutir a criação de uma imagem pública negativa do Iraque e de Saddam Hussein, salientando os pontos negativos e os riscos proporcionados pelo país aos EUA. Dessa forma, a opinião pública e os partidários da oposição se tornariam mais favoráveis a uma possível intervenção, o que de fato ocorreu. A perda de popularidade de Bush, que em maio deste ano chegou a 28 pontos de aprovação (atingindo o nível de popularidade presidencial mais baixo desde Jimmy Carter), fez com que todos os possíveis candidatos republicanos à presidência dos EUA buscassem uma certa distância da figura de Bush. Segundo a revista Newsweek, durante um debate em maio deste ano entre os pré-candidatos do Partido Republicano, o ex-presidente dos EUA Ronald Reagan (republicano e muito popular entre o eleitorado da direita estadunidense) foi citado 19 vezes, enquanto Bush apenas uma vez. Mesmo evitando associação com a figura de George W. Bush, os candidatos não conseguem subir nas pesquisas, que até o momento se mostram favoráveis aos candidatos democratas. Karl Rove é certamente uma das figuras mais influentes dentro do Partido Republicano. Considerado um brilhante estrategista político, Rove é muito famoso por conseguir desviar acusações e fazer com que a imagem da Casa Branca saia sem maiores danos de graves acusações. Visto com grande receio pelos democratas, por seus golpes baixos e suas técnicas eleitorais controversas, seu afastamento do governo pende a balança em favor do Partido Democrata. Entretanto, Rove saiu deixando uma suspeita de retorno para a campanha eleitoral de 2008. Em entrevista ao Wall Street Journal, fez comentários acerca da possível candidata democrata à presidência dos EUA, Hillary Clinton. Rove afirmou que ela seria uma candidata “falha”, e que seu alto nível de impopularidade entre os republicanos e alguns democratas seria um enorme peso contra ela. Segundo ele, sua impopularidade faria com que mesmo as pessoas que não estivessem dispostas a votar o fizessem, por temê-la como futura presidente da nação7. 7 Wall Street Journal On Line . www.pucminas.br/conjuntura 4 Em um momento em que o descrédito da população com o Presidente aumenta, a situação no Iraque não apresenta melhoras e a oposição no Senado é maior do que nunca, o governo de George W. Bush precisará de novas estratégias para sustentar o último ano de mandato e ainda tentar emplacar um sucessor. Referências Sites: BBC News http://www.bbc.co.uk/ CNN On-line http://www.cnn.com/ Bloomberg On-line http://www.bloomberg.com Newsweek Daily News http://www.msnbc.msn.com/id/30325 42/site/newsweek/ The Wall Street Journal http://online.wsj.com/public/us Fox News www.fownews.com The White House Website www.whitehouse.gov Palavras Chaves: Karl, Rove, George, Bush, EUA, Iraque, Senado, Diego Cristóvão, Paes www.pucminas.br/conjuntura