EDUCAÇÃO POPULAR, EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E PEDAGOGIA
SOCIAL: ANÁLISE DE CONCEITOS E IMPLICAÇÕES PARA
EDUCAÇÃO BRASILEIRA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES
PAULA, Ercília Maria Angeli Teixeira – UEPG/PR
[email protected]
Eixo Temático: Formação de Professores e Profissionalização Docente
Agência Financiadora: Não contou com financiamento
Resumo
A educação em diferentes contextos tem sido objeto de estudo e de militância de
pesquisadores e estudiosos da Educação Popular, Educação Não Formal e mais recentemente
da Pedagogia Social no Brasil. Todavia, embora essas áreas apresentem diversas produções
acadêmicas, as discussões sobre estes campos da educação ainda são insuficientes nos cursos
de Pedagogia e licenciaturas. O objetivo deste trabalho é apresentar as características destas
áreas e suas contribuições para a formação de professores e práticas educativas. O artigo
também faz um breve mapeamento de grupos de pesquisa e de disciplinas de cursos de
Pedagogia que têm procurado fomentar as discussões da educação para as classes populares e
em contextos diversos. Este trabalho é teórico e a metodologia utilizada foi a análise de
produções acadêmicas relacionadas à Educação Popular, Educação Não Formal e Pedagogia
Social e as discussões destas temáticas em diferentes cursos de Pedagogia no Brasil. As
análises revelaram que existem contradições, similaridades e ambivalências nestas
perspectivas e são necessários estudos e pesquisas para uma melhor compreensão destas
áreas. Nos cursos de formação de professores é preciso que esses campos de estudo sejam
apresentados aos acadêmicos para que possam conhecê-los e compreender a educação a partir
da ótica de promoção da autonomia, dignidade e cidadania das classes populares. O
movimento de discussão da Pedagogia Social vem ganhando novos contornos e
problematizando a formação de professores alheios às questões sociais, culturais e
econômicas das classes populares. Buscou-se com este artigo fomentar o debate acadêmico
sobre as contribuições políticas e educacionais destes campos.
Palavras Chaves: Educação Popular. Educação Não Formal. Pedagogia Social. Formação de
Professores.
Introdução
A educação tem como princípio básico promover os direitos humanos e atender a
todas as pessoas indistintamente. Todavia, no Brasil, as desigualdades sociais e educacionais
se fazem presentes no atendimento ofertado às classes populares. As crianças e adolescentes
6134
no Brasil que vivem em situação de extrema vulnerabilidade não têm seus direitos sociais
garantidos de forma digna. Este aspecto é uma das conseqüências da injusta ordem social
vigente que se reflete nas condições precárias de escolarização para estas pessoas e no
despreparo dos professores para lidarem com as realidades sociais dos alunos das classes
populares. As preocupações da educação para segmentos historicamente excluídos
historicamente têm sido discutidas há várias décadas por pesquisadores da Educação Popular,
Educação Não Formal e mais recentemente por estudiosos da Pedagogia Social. Todavia,
embora existam várias produções acadêmicas sobre estas temáticas, nos cursos de Pedagogia
e licenciaturas no Brasil essas discussões ainda são incipientes.
Embora as Diretrizes Curriculares Nacionais (BRASIL, 2005) trouxeram avanços
relação a discussão do campo da Educação Não Formal nos cursos de Pedagogia e no que diz
respeito às discussões e valorização das minorias excluídas e a defesa dos seus direitos
básicos, poucas universidades brasileiras têm procurado se adequar a essas novas demandas
através da criação de grupos de estudos e disciplinas. O documento das Diretrizes revela que a
inclusão desta temática na formação do Pedagogo está propiciando o respeito à diversidade
dos educandos e valorização de suas identidades. Estas questões estão retratadas no
documento do MEC (BRASIL, 2005, p.5):
Enfatiza-se ainda que grande parte dos Cursos de Pedagogia hoje, têm como
objetivo central à formação de profissionais capazes de exercer a docência na
Educação Infantil, nos anos iniciais do ensino Fundamental, nas disciplinas
pedagógicas para a formação de professores, assim como para a participação no
planejamento, gestão e avaliação de estabelecimentos de ensino, de sistemas
educativos escolares, bem como organização e desenvolvimento de programas nãoescolares. Os movimentos sociais também têm insistido em demonstrar a existência
de uma demanda ainda pouco atendida, no sentido de que os estudantes de
Pedagogia sejam também formados para garantir a educação, com vistas à inclusão
plena dos segmentos historicamente excluídos dos direitos sociais, culturais,
econômicos e políticos.
Neste fragmento das Diretrizes Curriculares é possível verificar as novas
responsabilidades para a formação dos Pedagogos. O que se observa, portanto, é que as
vivências sociais da atualidade têm exigido novas adequações profissionais.
Esta pesquisa surgiu a partir da necessidade de conhecer de forma mais aprofundada
os aspectos que cercam a educação em contextos diversificados e que atendem as
necessidades das classes populares. Nesse sentido, as questões que nortearam este estudo
6135
foram: Como a Educação Popular, Educação Não Formal e a Pedagogia Social têm instituído
seu corpus de conhecimento no Brasil? Quais os dilemas e contradições presentes entre a
Educação Popular, Educação Não Formal e Pedagogia Social? Como os cursos de Pedagogia
no Brasil têm incorporado a questão da Educação Popular, Educação Não Formal e Pedagogia
Social nos seus currículos? Como estão sendo constituídos os grupos de pesquisa destas
diferentes áreas no Brasil e suas implicações na educação?
A origem da Educação Popular, da Educação Não-Formal e das discussões da
Pedagogia Social em nosso país apresenta uma trajetória semelhante no que se refere ao
debate do papel do Estado e sua ausência no cumprimento das obrigações básicas na garantia
dos direitos dos cidadãos. Nestas concepções educacionais, os pesquisadores procuram
romper com metodologias educacionais tradicionais e currículos que não respeitem os
saberes, valores e modos de viver das classes populares. Entretanto, alguns dilemas e
divergências conceituais são evidenciados nestas áreas. Antes de apresentar alguns dilemas e
contradições, serão situadas de forma breve, a metodologia utilizada nesta pesquisa e as
características principais destes campos.
1. Metodologia
Esta pesquisa é qualitativa e de cunho teórico. Os procedimentos metodológicos foram
pautados na revisão de literatura fundamentada e crítica das produções de Educação Popular,
Educação Não Formal e Pedagogia Social. Foram analisados livros e artigos que discutem as
questões da Educação Popular, Educação Não Formal e Pedagogia Social no Brasil, bem
como foi realizado um levantamento dos grupos de pesquisa consolidados e as disciplinas
nestas áreas que estão sendo ofertadas em diferentes universidades, públicas e privadas de
vários Estados brasileiros.
De acordo com Alves-Mazzotti (2006) a revisão de literatura exige uma postura do
pesquisador comprometida e engajada com a crítica sobre o estado atual do conhecimento de
sua área de interesse. Para isso, faz-se necessária a comparação e contraste de abordagens
teórico-metodológicas utilizadas, avaliação da confiabilidade dos resultados de maneira que
sejam identificados os pontos de consenso, controvérsias, regiões e lacunas que precisam ser
esclarecido. Em função da necessidade de compreensão destas áreas, a seguir, serão
analisadas suas especificidades.
6136
2. Educação Popular, Educação Não Formal e Pedagogia Social: Especificidades e
corpus de conhecimento no Brasil
A Educação Popular nasceu no Brasil desde a década de 20 com o Manifesto dos
Pioneiros da Escola Nova no qual os intelectuais brasileiros pregavam uma educação popular
para todos. Todavia, somente na década de 60, devido ao processo de industrialização e
urbanização é que o Brasil começou a se preocupar com os altos índices de analfabetismo de
jovens e adultos das classes populares em função da necessidade de mão de obra qualificada
para o trabalho. Os movimentos migratórios das pessoas em busca de melhores condições de
vida eram constantes e este aspecto fez com que o Estado repensasse as políticas educacionais
para as classes populares.
De acordo com Paludo (2001) a Educação Popular iniciou sua gestação no processo de
modernidade brasileiro que foi realizado desde o início com uma violência grande aos
camponeses e trabalhadores livres pobres. Em função das demandas do capital e qualificação
para o trabalho essas pessoas foram obrigadas a vender sua força de trabalho sobre muita
exploração. O domínio da escrita e leitura representava uma maneira de participação na
sociedade. A escola, portanto, mesmo desigual, era uma esperança de liberdade e
emancipação. A história Educação Popular no Brasil na década de 60 está relacionada aos
segmentos excluídos e aos movimentos sociais e de resistência aos sistemas opressivos e
autoritários no período da ditadura e pós-ditadura militar. Um dos objetivos principais, nos
primórdios da Educação Popular era de buscar promover a participação dos sujeitos na
construção de um projeto político de sociedade através de soluções construídas coletivamente,
nas quais se pretendia superar as desigualdades sociais, principalmente no que se refere às
desigualdades existentes no campo educacional. Há muitos anos, os ideais e conceitos da
Educação Popular no Brasil têm sido difundidos por estudiosos os quais têm procurado
esclarecer seus princípios. Cabe destacar algumas obras de alguns destes estudiosos como:
Freire (1974, 1985, 1987), Brandão (1982, 2002 a, 2002 b), Garcia (1983), Fávero (2006),
Peixoto (2007), Betto (2007) e Gadotti (2007). Nestas produções, é possível observar que a
história da Educação Popular enfrentou diferentes períodos que estão relacionados a
valorização do saber popular, a construção partilhada na organização dos movimentos sociais,
a discussão sobre a autonomia e até mesmo sobre a absorção dos movimentos sociais quando
foram institucionalizados por instâncias administrativas.
6137
Ao analisar a questão da Educação Popular na atualidade, Streck (2006, p.274)
considera que : “[...] a Educação Popular saiu do seu enclausuramento, e as atitudes de defesa
e contestação deram lugar a uma busca para participar de forma propositiva da vida nacional.”
Para ele, a Educação Popular não está mais restrita a sindicatos, Igrejas e grupos de caráter
alternativo e popular, mas incorporou-se a política e a pedagogia. Entretanto, o autor destaca
que é preciso rever a sua identidade. Para a sobrevivência da Educação Popular, existem
diferentes concepções para seu fortalecimento: ou através das organizações de caráter popular
sem referência ao Estado, ou através de fortalecimento em relação ao Estado e, através do
fortalecimento da sociedade civil com o público, através de negociações sobre o coletivo
construídas por diferentes grupos.
No caso da Educação Não Formal no Brasil, é possível perceber que suas ações
tiveram origem a partir dos anos 90, em decorrência das mudanças na economia, na sociedade
e no mundo do trabalho. O crescimento do Terceiro Setor surgiu como alternativa entre o
Estado e as populações e como espaços de novas vivências sociais e políticas. Muitos projetos
de Educação Não Formal foram estruturados em parcerias com o Estado buscando construir
propostas curriculares alternativas para as crianças e adolescentes excluídos das escolas
formais através de currículos etnocêntricos e pouco voltados para a diversidade cultural,
étnica, econômica e social das populações desprivilegiadas.
Na difusão de projetos de Educação Não Formal é preciso considerar a forte influência
do neoliberalismo. Santos (2006) ao descrever a questão da organização do Terceiro Setor na
Educação argumenta que, nos últimos anos, houve uma ampliação de organizações da
sociedade civil, das formas de cooperativismo e associação dos cidadãos na defesa dos
direitos humanos. No entanto, ele também aponta diferentes matrizes teóricas sobre estas
organizações. Para ele, ao mesmo tempo em que, características como altruísmo, compaixão,
sensibilidade, começaram a fazer parte da ideologia das Organizações Não Governamentais, é
preciso analisar como os projetos de Educação Não Formal têm se constituído. Questiona-se
se são espaços de emancipação das pessoas atendidas ou de adaptação social. Todavia, apesar
das criticas significativas, o autor afirma que é preciso estudar os projetos de Educação Não
Formal, pois, para ele, a escola não é o único local de lócus do processo ensinoaprendizagem. Esta concepção dos projetos de Educação Não Formal como propostas
curriculares alternativas a Educação Formal e projetos emancipadores também são expressas
nas publicações sobre Educação Não Formal de Gohn (1999) e Von Simson (2001).
6138
Na definição de Von Simson (2001) sobre Educação Não Formal é possível verificar
que ela está voltada para a formação geral dos indivíduos. Para ela, este fato não implica
necessariamente certificações. Mas currículos mais abertos, flexíveis e voltados para as
necessidades e desejos das classes populares. Já Gohn (1999) descreve que é preciso unir os
conteúdos da Educação Formal com o da Educação Não-Formal para auxiliar no sucesso dos
alunos, pois a forma como a educação formal tem sido organizada, em muitos casos, têm
promovido mecanismos de exclusão social e pouco o acesso à cidadania.
Estes diferentes autores, não negam o papel e o significado da escola na constituição
dos indivíduos e o papel do Estado na garantia da educação. Entretanto, discutem o fato de
que são necessárias mudanças na abordagem da Educação Formal em relação metodologia de
trabalho e aos currículos das populações atendidas.
Em relação à Pedagogia Social, ela já existe ha muitas décadas em países europeus e
com cursos específicos para formação de educadoras. Vale destacar as produções de Petrus
(1997) e Calliman (2009) que discutem estas especificidades. No Brasil, as propostas que
estão sendo discutidas, estão mais voltadas para o atendimento às crianças e adolescentes em
situação de vulnerabilidade social. As obras de Silva (1997), Machado (2003), Santos (2006),
Paula e Machado (2008) e Carvalho (2009)são referências.
De acordo com Gomes (2009, p.3) as características da Pedagogia Social no Brasil
são:
A Pedagogia Social apresenta-se atrelada ao campo da educação não-formal, e
formal cujos trabalhos são historicamente desenvolvidos pelas ONG's, setores
privados em pareceria com: empresas, igrejas e o Estado. No Brasil, uma forma de
Pedagogia Social atrela-se a história dos menores abandonados: no começo do
século passado à problemática dos "menores" e inaptos eram de responsabilidade
das famílias, dos "pais irresponsáveis", quando não, das próprias crianças e
adolescentes. Propunha-se como possível solução à institucionalização destas, onde
não raro, havia denúncias de maus-tratos. No fim dos anos sessenta, se observava no
Brasil o desenvolvimento de um campo conceitual: o do Movimento dos educadores
de rua, com uma linha de trabalho adversa aos princípios da institucionalização das
décadas anteriores, e que ainda se faz contemporâneo. Os educadores sociais de rua
(E.S.R) surgem como uma resposta à problemática dos menores excluídos dos anos
setenta do século passado.
Portanto, percebe-se que esses campos educacionais estão voltados para pessoas que
ainda se encontram na margem da sociedade. Em relação aos dilemas e contradições uma das
primeiras divergências destas áreas ocorre na forma de conceberem os processos de
6139
construção e gestão das práticas educativas. Existem algumas críticas em relação aos projetos
de Educação Não Formal que não são construídos em conjunto com as organizações sociais.
Desta maneira, se discute se eles reforçam ou até mesmo negam as instâncias de organização
popular. Também existem divergências quanto à maneira como as práticas educativas são
organizadas e o modo de suas ocorrências. Alguns estudiosos consideram que estas práticas
não ocorrem nos interiores das Escolas Formais. Entretanto, existem outras tendências que
acreditam que as Escolas Formais também são espaços de resistência e transformação social.
No que diz respeito aos profissionais que trabalham, tanto na Educação Popular, quanto nos
Projetos de Educação Não Formal e Pedagogia Social, os debates enfatizam aspectos
relacionados ao papel social destes educadores1 as suas inserções nos grupos que trabalham e
comprometimentos com as classes populares.
3. A discussão da Educação Popular, Educação Não Formal e Pedagogia Social nos
cursos de Pedagogia no Brasil e em grupos de estudos
A Educação Popular no Brasil tem apresenta inúmeras produções acadêmicas e tem
como seu idealizador principal – Paulo Freire. Suas obras são internacionalmente conhecidas
e traduzidas para vários idiomas. Através de diversas instituições, esses países criaram centros
de documentação, informação, divulgação e estudos sobre a vida e as obras de Paulo Freire.
O Instituto Paulo Freire (2009) em São Paulo destaca-se por ser um centro de
divulgação das idéias de Paulo Freire e conta com um acervo expressivo das suas obras e de
livros sobre Educação Popular. O Instituto Paulo Freire, através de amigos e estudiosos deste
intelectual continua divulgando e publicando idéias. De acordo com o site do instituto:
O Instituto Paulo Freire é uma associação civil, sem fins lucrativos, criada em 1991
e fundada oficialmente em 1 de setembro de 1992. Atualmente, considerando-se
Cátedras, Institutos Paulo Freire pelo mundo e o Conselho Internacional de
Assessores, o IPF se constitui numa rede internacional que possui pessoas e
instituições distribuídas em mais de 90 países em todos os continentes, com o
objetivo principal de dar continuidade e reinventar o legado de Paulo Freire.
(IINSTITUTO PAULO FREIRE, 2009)
1
Cabe ressaltar que o termo mais utilizado nas áreas de Educação Popular, Educação Não Formal e Pedagogia
Social é educador e não professor.
6140
Existe uma série de atividades que o Instituto Paulo Freire promove desde projetos de
assessoria, de consultoria, de pesquisas, formação (presencial e a distância) e
acompanhamento, que envolvem três áreas básicas de projetos: Educação de Adultos,
Educação Cidadã e Educação Popular. É preciso destacar que no Brasil, existem inúmeros
pesquisadores que utilizam Paulo Freire em suas investigações. Porém, pela brevidade do
artigo, serão apresentados alguns grupos de pesquisa que se destacam no cenário nacional.
O grupo de Educação Popular da ANPED – Associação Nacional de Pesquisa em
Educação há muitos anos tem procurado refletir e construir elementos para re-leitura da
Educação Popular na contemporaneidade. É preciso também considerar os grupos de pesquisa
de Educação Popular no Brasil que: o Grupo de Pesquisa em Educação Popular em Saúde da
Universidade Federal da Paraíba (UFPB, 2009) e o Grupo de Educação Popular e
Movimentos Sociais do Campo, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB, 2009). Na
Universidade de Brasília, destaca-se o Grupo de Ensino- Pesquisa- Extensão em Educação
Popular e Estudos Filosóficos e Histórico-Culturais (UNB, 2009) e na Universidade Federal
de Santa Catarina, (UFSC, 2009) o Núcleo de Extensão e Pesquisa em Educação Popular,
Enfermagem e Saúde – Nepeps. (UFSC, 2009). Na Universidade de Universidade Regional
do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, existe o Grupo de Estudos Educação Popular,
Movimentos Sociais e Cidadania (UNIJUI, 2009). Na Universidade Federal do Ceará, existe a
linha de pesquisa Paulo Freire, Educação e a Cultura Popular (UFC, 2009). Estas são apenas
algumas amostras de como a Educação Popular é discutida e socializada nestes grupos.
A Universidade Federal da Paraíba tem se mostrado atuante com os princípios da
Educação Popular no curso de Educação. No Programa de Pós Graduação em Educação existe
a linha de pesquisa sobre Educação Popular que tem como objetivo estudar e investigar os
processos de educação popular nas políticas sociais (educação de jovens e adultos, saúde,
economia solidária, extensão universitária, entre outras) e nos movimentos sociais. Na
estrutura curricular do mestrado também constam disciplinas como: Seminários em Educação
Popular; Pesquisa em Educação Popular; Prática de Pesquisa I em Educação Popular; Prática
de Pesquisa II em Educação Popular; Prática de Pesquisa III em Educação Popular; Prática de
Pesquisa IV em Educação Popular. Como é possível verificar, existe uma preocupação
rigorosa e significativa em relação a formação dos educadores neste campo.
Em relação a este campo da Educação Não Formal destacam-se: O Grupo de Pesquisa
em Educação Não Formal , Redes de Movimentos Sociais e Entidades do Terceiro Setor, e
6141
Formação do Educador Social (GRUPERFE) da Universidade Nove de Julho em São Paulo
(UNINOVE, 2009) e o Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Não Formal e Divulgação
em Ciências da (USP/SP, 2009). Também existe o Grupo de Estudos sobre Arte, Cultura e
Imaginário na Educação – GSACI da Universidade Federal do Maranhão (UFMA, 2009) que
discute as questões relacionadas a educação não formal e informal e o Grupo de Estudos e
Pesquisas Educação e Contemporaneidade, vinculado ao Mestrado em Educação da
Universidade Federal de Sergipe que têm traz contribuições e pesquisas significantes para esta
área (NPGED/UFS, 2009) assim como o GEPEDISC - Grupo de Estudos e Pesquisa em
Educação e Diferenciação Sócio-Cultural da Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP, 2009). Em relação de disciplinas na área de Educação Não Formal, na
Faculdade de Educação e Ciências Humanas da Universidade Metropolitana de Santos
(UNIME), existe a disciplina “Estágio e Prática de Ensino: Educação Não Formal:
Planejamento, Ação e Avaliação” que discute questões como: a educação comunitária como
expressão da educação popular. A educação popular e o estado democrático e as principais
Instituições que atuam na área da Educação não formal. No Centro Universitário Salesiano de
São Paulo, (UNISAL), no curso de Psicologia existe a disciplina “Educação Formal e
Informal” na qual são discutidas questões referentes o papel da educação na formação da
identidade e cultura das pessoas.
No Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Metodista de São
Paulo existe a disciplina: “Educação Não-Formal e Educação Não Escolar”, que aborda
conceitos e experiências de educação não formal e educação não escolar e suas implicações
na formação de educadores e na pesquisa. Também analisa as relações entre educação escolar
e educação não-escolar em diferentes contextos. Na Faculdade de Educação da Universidade
Estadual de Campinas, (UNICAMP) também existe a disciplina “Educação Não Formal” cuja
ementa explicita que se busca caracterizar a natureza dos processos de educação não formal,
do ponto de vista teórico e histórico-conjuntural, assim como apresenta as estratégias
pedagógicas utilizadas pelos agentes mediadores daqueles processos no desenvolvimento de
seus trabalhos. Na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, na graduação é
ofertada a disciplina: “Educação Não Formal e Divulgação em Ciências: A educação
científica em diferentes espaços sociais” e no Programa de Pós Graduação em Educação
existe a disciplina: “Educação e Museus: Pesquisas e Práticas.”
6142
No campo da Pedagogia Social no Brasil destaca-se o esforço do Prof. Dr. Roberto da
Silva da Universidade de São Paulo em promover congressos, discussões e socialização dos
conhecimentos nesta área. As informações e os Anais dos dois Congressos Internacionais de
Pedagogia Social realizados na Universidade de São Paulo estão disponíveis na internet no
Portal da Pedagogia Social (2009).
O Prof. Dr. Roberto da Silva em conjunto com pesquisadores brasileiros e de vários
países onde a Pedagogia Social já é uma realidade, elaboram uma proposta da Pedagogia
Social para cursos de graduação e pós-graduação (lato-sensu) e posterior regulamentação da
profissão, apresentada na Semana de Avaliação do Curso de Pedagogia da Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo em 2009. Para ampliar a formação dos pedagogos, o
professor sugere três desafios descritos no Portal da Pedagogia Social (2009). Ele propõe para
Universidade de São Paulo a nível de graduação a criação de um curso de Pedagogia Social.
Para pós-graduação propõe curso de especialização em Pedagogia Social a dsitância e cursos
de formação para educadores sociais que há muitos anos estão trabalhando nas Organizações
Não Governamentais sem o devido preparo.
Embora essa realidade descrita pelo Prof. Dr. Roberto da Silva esteja inicialmente
voltada para a Universidade de São Paulo, este é um primeiro passo para discussão desta área
em outras universidades no Brasil. Além destas propostas de tentativa da regulamentação da
Pedagogia Social no Brasil, também estão ocorrendo no interior do país, diferentes fóruns e
encontros de discussão desta temática. Em relação aos grupos de pesquisa, cabe destacar a
existência do Grupo de Pedagogia Social da Universidade de São Paulo (USP, 2009) e do
Grupo de Grupo de Estudos e Pesquisa em Pedagogia Social da Universidade Estadual de
Ponta Grossa (UEPG, 2009).
É preciso lembrar também que a Profa. Dra. Evelcy Machado quando atuava na
Universidade Tuiuti do Paraná produziu muitos artigos, orientava alunos e possibilitava várias
discussões a respeito da Pedagogia Social. No que se refere a disciplina Pedagogia Social,
constata-se que esta disciplina é ofertada no Programa de Mestrado em Educação da
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) no Paraná, e na área de Ciências Humanas
Sociais Aplicadas da Universidade Tiradentes (UNIT) em Sergipe.
4. Conclusões
6143
Este artigo pretendeu trazer alguns apontamentos sobre a forma como os campos da
Educação Popular, Educação Não Formal e Pedagogia Social estão se constituindo na
realidade brasileira e nos cursos de Pedagogia. Embora tenham sido elencados vários grupos
de pesquisa, as disciplinas ainda são ofertadas de forma isolada e dependem do envolvimento
de pesquisadores destas áreas. O movimento de discussão da Pedagogia Social vem ganhando
novos contornos e problematizando a formação de professores alheios às questões sociais,
culturais e econômicas das classes populares. Buscou-se com este artigo fomentar o debate
acadêmico sobre as contribuições políticas e educacionais destes campos.
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