Revolução: militares mostram sua força ante Irmandade Muçulmana - 07-09-2013
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Revolução: militares mostram sua força ante Irmandade
Muçulmana
Por Por Dentro da África - terça-feira, julho 09, 2013
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Natalia da Luz - Por dentro da África
Rio - Criado no Egito em 1928 como um movimento de Pan-Islamismo, a Irmandade
Muçulmana participou ativamente das transformações políticas e das revoluções que depuseram a
monarquia do rei Faruk e das ditaduras de Nasser e Mubarak, ambos militares. Medindo força com as
Forças Armadas, que sempre estiveram no poder, o partido que elegera seu primeiro representante para a
presidência do país tenta reagir debaixo de uma nuvem de incertezas sobre o seu próprio futuro.
- Eu não acho que os militares perderam muito desde que Mohamed Mursi assumiu o poder. O militar no
Egito manteve seu status de Estado em Estado, desde a década de 1950. Em 2012, depois de eleito, Mursi
só queimou a velha guarda dos generais representados por Marshall Tantawi, mas permitiu uma nova
geração de se levantar. O primeiro representante desta nova geração é o atual General Abdel Fattah alSissi – diz em entrevista exclusiva ao Por dentro da África o egípcio Jean Marcou, diretor de Relações
Internacionais de Grenoble, na França.
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Cronologia das revoluções
Em 1952, o Rei Faruk renunciou (destronado por um grupo de jovens militares do qual Nasser fazia
parte). Em 1953, o também militar Muhammad Naguib, nascido no Sudão, instituiu a República no país
tornando-se o primeiro presidente do Egito. Desentendimentos com Nasser levaram à sua expulsão
forçada do cargo e a 18 anos de prisão. Em 1956, a Revolução Egípcia transformou o coronel Nasser em
um importante líder, e ele permaneceu no poder de 1956 até a sua morte (provocada por um ataque
cardíaco), em 1970.
Para seus simpatizantes, Nasser foi um líder que reformou o país e restabeleceu o orgulho árabe. Eles
atestam que, sob sua liderança, os egípcios tiveram acesso sem precedentes à habitação, educação,
serviços de saúde e nutrição. Após a sua morte, Anwar El Sadat (militar que também ajudou a derrubar o
Rei Faruk) se tornou o terceiro presidente do Egito - de 1970 até seu assassinato por fundamentalistas em
6 de outubro de 1981. Em seus 11 anos como presidente, ele mudou a direção do Egito, instituindo o
sistema multipartidário. Pela sua participação ativa no Tratado Egito-Israel, ele venceu o Prêmio Nobel da
Paz de 1978.
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Em seguida, Sufi Abu Taleb, que atuara como presidente da
Assembléia do Povo (1978-1983), assumiu as funções de chefe de Estado interino por oito dias, até a
adesão de Hosni Mubarak, deposto em fevereiro de 2011 após 30 anos de ditadura.
Nas primeiras eleições democráticas do Egito, foi eleito Mohamed Mursi, representante da Irmandade
Muçulmana, que descreve como seus princípios: 1- a introdução de Sharia (lei islâmica) como base para
controlar os assuntos do Estado e da sociedade, 2 - trabalhar para unificar os países islâmicos e os
estados, e 3 - liberá-los do imperialismo estrangeiro.
Veja o especial de Por dentro da África
No final da Segunda Guerra Mundial, a Irmandade, que começou como uma organização social e
religiosa defendendo a educação e condições dignas de saúde, reunia mais de dois milhões de membros.
Irmandade e interferência militar
- Hoje, a Irmandade Muçulmana está rejeitando a interferência militar porque aceitar isso significaria que
os "Brothers" fracassaram em governar o país. Como eles estão resistindo e tentando se opor ao golpe, os
militares terão que lutar contra os islamitas e imediatamente prender alguns de seus principais líderes
incluindo Mohamed Mursi – analisa Jean Marcou.
A Irmandade Muçulmana é financiada pelas contribuições dos seus membros. Algumas dessas
contribuições vêm da Arábia Saudita e de outros países do mundo árabe, ricos em petróleo. O grupo (a
Irmandade) teve ação relevante na maioria dos conflitos pró-islâmicos, desde as guerras árabesisraelitas, a guerra de independência argelina, até os recentes conflitos no Afeganistão e Caxemira.
Enquanto Mohammed Mursi é mantido preso, Adli Mansour, que assumiu o poder, prometeu zelar pelos
valores da revolução popular e "por fim à ideia de adorar um líder e fazer dele um semideus." Apenas
ontem, os confrontos entre partidários e opositores de Mursi deixaram cerca de 50 mortos e centenas de
feridos. Diante do caos, Adly Mansour, decretou que a organização de eleições legislativas será iniciada
antes do final do ano.
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Jihadistas e exército
O confronto entre o exército e os jihadistas é antigo.
Em 1981, os jihadistas assassinaram o presidente Sadat, e o vice-presidente Mubarak só sobreviveu
porque uma granada lançada não explodiu. Os anos 90 foram marcados por essa tensão. Em 1997,
radicais egípcios assassinaram 59 turistas nos templos de Luxor.
Jean acredita que mediante a elaboração de uma nova Constituição e da nomeação de seus apoiadores em
posições-chave no topo do Estado, Mursi deu a impressão de que ele estava procurando aumentar seus
poderes e criar um novo sistema político e social.
- No momento, é muito difícil ver que as forças e os políticos vão surgir e governar o país. O militar
anunciou a elaboração de uma nova Constituição. Será a terceira desde o início da Revolução de 25 de
janeiro de 2011 ... Provavelmente, o processo terá uma nova Constituição e eleições gerais - conta.
O professor afirma que os militares teriam preferido evitar tal repressão
que possa prejudicar a imagem do movimento que ganhou as ruas em de 30 de junho. Ontem, no Cairo, as
forças militares abriram fogo contra manifestantes pró-Morsi que tentam marchar ao quartel.
- Parece que a Irmandade Muçulmana vai decidir resistir, não ser flexível. Isso pode levar a conflitos
duros dentro da sociedade egípcia. Para a "Irmandade", essa situação poderia levá-la para um novo
período no submundo (clandestinidade).
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