02 A Palavra do Pastor Entre Irmãos-Diocese de Coxim-Boletim Informativo-Ano 2009- Dezembro - III Série- nº 77 Fidelidade à Missão “Prometes filial respeito e obediência a mim e aos meus sucessores?” que Deus me confiou Queridos irmãos e irmãs, com a Graça de Deus, entramos no Advento do Senhor. Ele veio, vem e virá. Gostaria refletir com vocês sobre a vinda intermediária de Jesus na nossa história. É a vinda mais difícil a se compreender e aceitar, porque é a vinda na escuridão da fé, nas contradições e conflitos de que está repleta a nossa existência, pessoal e comunitária. A primeira vinda, a histórica, não precisa de fé: o nascimento de Jesus em Belém é um fato histórico, irrefutável e incontestável. A segunda vinda, a escatológica, para cada um de nós, é precedida pela morte. E também este fato faz parte da nossa experiência cotidiana. A vinda no dia a dia, pelo contrário, é muito diferente. Ele não se mostra diretamente, mas através de fatos e circunstâncias, que – muitas vezes – contrastam com as nossas expectativas. Foi assim também 2.000 anos atrás, na Palestina. Deus se manifestou através de seu Filho, Jesus de Nazaré, mas numa maneira contrária ao que os Hebreus esperavam; e por isso foi refutado e morto na Cruz. E, neste momento, acreditamos que Ele está presente e dirige a nossa história? Humanamente, estaríamos tentados responder que não. Mas.... e a nossa fé? É algo teórico ou existencial? Este momento poderíamos chamar de 6ª Feira Santa. Mas sabemos que isso leva à Páscoa. Sabemos, também, que sem Cruz, não tem salvação. Uma Cruz aceita com amor e oferecida com fé, humildade e esperança. Deus, neste Advento, pede para mim, Pastor desta santa Igreja de Coxim, um aumento da minha fé. Não sou eu o dono, é Ele e só Ele. A mim o que Ele vai pedir, ao final da vida? Só a fidelidade à missão que Ele me confiou. No Muro das Lamentações, em Jerusalém, no bilhete que coloquei, pedi esta fidelidade até a capacidade de dar a vida, como fizeram tantos nossos irmãos e irmãs. E para você, sacerdote do Deus Altíssimo, o que Deus vai pedir neste Advento? E para você, seminarista? Para você, Irmã religiosa? Para você, leigo e leiga? Não estejamos preocupados só com as atividades. Temos que trabalhar com afinco, organizar bem os setores, os grupos de Novena, as Celebrações etc.... Mas ninguém pense que a salvação vem do número de livrinhos que colocamos ou das massas que conseguimos levar na Igreja. É a nossa conversão o primeiro passo para a salvação, é a resposta que procuramos dar aos apelos de Deus que nos coloca no caminho certo. O sucesso nunca deve estar em primeiro lugar nas nossas preocupações. Não podemos esquecer que somos discípulos de um “falido”, morto numa cruz abandonado por todos. Mas foi esta morte que nos salvou. É esta morte que nós anunciamos “até que Ele venha”, é esta morte que proclamamos na catequese e na pregação. Queridos irmãos e irmãs, esta é a minha fé, que proclamo com humildade diante de vós. É esta fé que sempre me animou em 40 anos de vida sacerdotal e quase 10 de ministério episcopal. É desta fé que – como sucessor dos Apóstolos - sou garante nesta porção de Igreja, que é a diocese de Coxim. Eu acredito firmemente que “Ele está no meio de nós”. A Ele entrego a nossa diocese. A todos peço, em nome dEle, paciência e perseverança. - Dom Antonino Migliore - Carta que o arcebispo Mauro Piacenza, secretário da Congregação vaticana para o Clero, enviou aos presbíteros sobre a promessa de obediência que fizeram ao se ordenar sacerdotes Caríssimos irmãos no sacerdócio Ainda que não estejam vinculados pelo voto solene de obediência, os ordinandos fazem a promessa de “filial respeito e obediência” ao próprio Bispo e aos seus sucessores. Se, por um lado, é diferente o estatuto teológico entre um voto e uma promessa, idêntico é o compromisso moral definitivo e total, idêntica é a oferta da própria vontade à vontade de um Outro: à vontade Divina, eclesialmente mediada. Num tempo como o nosso, fortemente marcado pelo relativismo e pelo democratismo, com vários autonomismos e libertarismos, parece ser sempre mais incompreensível uma tal promessa de obediência. Normalmente é concebida como uma diminutio da liberdade humana, como um perseverar em formas obsoletas, típicas de uma sociedade incapaz da autêntica emancipação. Nós, que vivemos a obediência autêntica, bem sabemos que não é assim. A obediência na Igreja não é contrária à dignidade e ao respeito da pessoa e não deve ser concebida como uma subtração de responsabilidade ou como uma alienação. O Ritual latino utiliza um adjetivo fundamental para a justa compreensão de tal promessa. Define a obediência somente depois de ter inserido o “respeito”, devidamente adjetivado com “filial”. Ora, o termo “filho” em todas as línguas é um nome relativo, que implica a relação entre o pai e o filho. Justamente neste contexto relacional deve ser compreendida a obediência que um dia prometemos. O pai, neste contexto, é chamado a ser realmente pai, e o filho, a reconhecer a própria filiação e a beleza da paternidade que lhe é doada. Tal como informa a lei será apenas formal, mera execução de ordens, mas natural, ninguém escolhe o próprio pai e, da mesma apaixonada, completa, atenta e capaz de gerar fruforma, ninguém escolhe os próprios filhos. Somos, tos de conversão e de “vida nova” naquele que a portanto, todos chamados – pais e filhos – a ter uma vive. A promessa é feita ao Bispo do tempo da Ordenavisão sobrenatural, de grande misericórdia recíproca e de grande respeito. Trata-se de ter a capacidade de ção e aos seus “sucessores”, justamente porque a olhar ao outro tendo presente o Mistério bom que o Igreja procura evitar os excessos personalistas. gerou e que sempre, ultimamente, o constitui. O Coloca no centro a pessoa, mas não os subjetivismos respeito é, em linha de máxima, simplesmente este: que desvinculam da força e da beleza – histórica e teológica – da Instituição. Também na Instituição, olhar a alguém tendo presente a um Outro! Só em um contexto de “respeito filial” é que se que é de origem divina, habita o Espírito Santo. A torna possível uma autêntica obediência, que não instituição é, por sua própria natureza, carismática e, neste sentido, estar livremente ligada a ela, no tempo (sucessores) significa poder “permanecer na verdade”, permanecer n’Ele, presente e operante no seu corpo vivo que é a Igreja, na beleza da continuidade temporal, no passar dos séculos, que nos une Boletim Informativo indivisivelmente a Cristo e aos Apóstolos. Peçamos à Ancilla Domini – que é a obediência por excelência, Aquela que também na fatiga exultou dizendo: “Eis-me aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra” – a graça de uma obediência filial, plena, alegre e pronta; uma obediRua Viriato Bandeira, 834 – Centro – C.P. 60 ência que nos livre de todo protagonismo e que CEP-79400-000-COXIM–MS-fone/fax(67)32911928 possa mostrar ao mundo que é realmente possível doar tudo a Cristo e ser plenamente realizados e Dom Antonino (67) 9963-3475 autenticamente homens. (Pontificale Romanum De [email protected] Ordinatione Episcopi, presbyterorum et diaconorum, www.diocesedecoxim.com.br editio typica altera, Typis Polyglottis Vaticanis Equipe Comunicação 1990) Expediente Entre Irmãos Mitra Diocesana de Coxim Diretor :- Dom Antonino Migliore Colaboradores: Pastorais e Movimentos - Alexandre Diagramação:- Folha do Pantanal [email protected] Tiragem :- 2.000 (dois mil) Exemplares.