XI Salão de
Iniciação Científica
PUCRS
Teoria do Conhecimento na relação entre homem e Deus, criatura
e Criador
Raphaela da Rocha Xaubet, Matheus de Andrade Branco, Tarcísio Vilton Meneghetti, Josemar
Sidinei Soares (orientador)
Curso de Direito, UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí, Grupo de Pesquisa e Extensão Paidéia
Resumo
Introdução
O trabalho é baseado na filosofia cristã de Santo Agostinho em usando como base a
sua obra Confissões e tem como foco principal a relação do homem com Deus, tratando da
participação do homem, enquanto criatura, do conhecimento da Verdade, estabelecendo a
teoria da iluminação e da verdade, e ainda trata da relação entre a fé e a razão.
Metodologia
O trabalho foi realizado através do método indutivo, utilizando-se da pesquisa
bibliográfica.
Resultados (ou Resultados e Discussão)
Santo Agostinho (354 – 430) foi um dos primeiros filósofos cristãos, porém até chegar
a sua filosofia passou por sua conversão e na fé em Jesus Cristo e em sua Igreja, pois estas
influenciaram no seu modo de vida, abrindo-lhe novos caminhos para o seu pensamento.
Agostinho propôs-se a atingir, por meio da fé nas Escrituras Sagradas o entendimento daquilo
que elas ensinavam e colocou a fé como uma via de acesso à verdade eterna. Agostinho
assumia que esta fé precedia pelo trabalho da razão, através do desenvolvimento do intelecto,
do conhecimento. A partir daí Agostinho defende o seu conceito de iluminação divina, que
são as verdades pelas quais a sabedoria precisa ser iluminada pela luz divina, tornando-se
assim inteligíveis. Contudo, essa iluminação não dispensa o homem de desenvolver o próprio
intelecto, pois a busca da iluminação não pode substituir o próprio esforço humano em
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aprimorar sua inteligência. A iluminação é funcional para tornar o pensamento capaz de
distinguir corretamente na ordem natural, que é esta ordem que existe entre as coisas e as
realidades inteligíveis que são denominadas como ideia ou razão.
Para se chegar a verdade, é necessário crer, ou seja, acreditar na existência de Deus e
em sua obra, e invocar a Deus, no sentido de trazer para perto a companhia do Senhor,
exaltando a importância que Deus possui para o homem, pois é Ele que criou todas as coisas,
e portanto somente com o contato com Deus através da crença e invocação o homem pode
conhecer a verdade. Em sua obra Confissões, Agostinho traz a reflexão de como o homem
deve invocar e louvar Deus. Este é o conflito entre conhecer para invocar e depois sim louváLo ou o se homem deve primeiramente invocá-Lo e mais tarde louvá-Lo. (AGOSTINHO,
2008, p. 29)
Deus é a verdadeira essência, ou seja, a verdade absoluta, já o homem, por ser apenas
criatura, somente participa desta verdade, justamente por ser criatura de Deus, logo não pode
conhecer verdade, aquela é permitida, sem ser por meio do contato com o Criador. A Verdade
absoluta, para Agostinho, é privilégio somente de Deus, pois este criou tudo o que existe,
logo, somente Ele tem o poder de conhecer tudo já que é a verdadeira essência, e o homem
enquanto criatura pode ter apenas o conhecimento de parte desta verdade, sendo esta revelada
ao homem por meio das ideias. (AGOSTINHO, 2008, p. 289)
Em suas Confissões, Agostinho trata o homem como uma centelha de Deus e
questiona como o Criador pode estar contido em algum lugar específico se está ao mesmo
tempo em todas as coisas; e como cada ser humano pode ser diferente e conter em si uma
parte Dele (REALE, 1990). Além disso, reflete-se acerca de como Ele pode ser ao mesmo
tempo onipotente, onipresente e onisciente.
Agostinho tem uma relação intima com a ontologia, mas para entender essa relação é
necessário voltar ao que era ontologia para os gregos. Em grego ontologia deriva de duas
palavras: onto e logia. Onto deriva do particípio do verbo on e ontos que respectivamente
significam ente, entes, e quando fala-se em to on significa o ser, e logia quer dizer estudo,
discurso, logo ontologia significa estudo ou conhecimento do ser (CHAUI, 2000, p. 266). E
para os gregos ontologia está ligada as causas e princípios de tudo.
Agostinho parte da filosofia clássica, sobretudo de Platão, mas traz a ontologia voltada
para um lado teológico dizendo que Deus é a causa de todas as coisas, formando a ideia de
onipresença e onipotência, sendo o homem a sua criação máxima e tudo no homem e natureza
tem a causa divina.
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O homem enquanto criatura participa com Deus das verdades, pois sua alma vem
diretamente a Ele, logo as verdades também estão dentro da alma humana, porém não é
qualquer alma que é considerada apta para conhecer as verdades ou as ideias, pois as ideias
constituem uma realidade metafísica, somente a alma pura, ou seja, aquela que não possui
pecados e que tem o seu intelecto desenvolvido podem compreender as verdades.
Portanto, a fé para Agostinho depende de certa forma da razão, porém, a razão não
pode ser tomada como uma verdade absoluta ou eterna, pois ela chega até certo ponto do
conhecimento das verdades.
Partimos do conceito que Agostinho estabelece que a realidade possa derivar-se de três
formas: a realidade por geração, que é derivada de uma mesma substância que o seu gerador;
a realidade por fabricação de onde parte de algo preexistente; e por criação a partir do nada
absoluto, ou seja, não da própria substância nem de uma substância externa. (REALE, 1990,
p. 450)
Agostinho fala que tudo aquilo estabelecido e criado por Deus foi através da razão,
mas essa razão não era comum a todos os seres, pois cada espécie possui uma função
diferente da dos demais, formulando assim a sua teoria, trazendo nela a ideia de que o
pensamento de Deus surge para o homem a partir das ideias que tem; e faz a sua doutrina da
iluminação.
Conclusão
A verdade para Agostinho vem diretamente de Deus, pois este criou todas as coisas, e
Agostinho entende que o homem só pode entender a verdade unindo a fé e a razão. E sendo o
homem uma criatura e não sendo parte da mesma essência de Deus, só pode entendê-lo
através da iluminação divina. Sendo o homem parte de Deus só pode entender a verdade
divina se tiver o contato e a experiência da fé juntamente com a razão, pois a verdade absoluta
pertence somente a Deus.
Referências
REALE, Giovanni. História da filosofia: Antiguidade e Idade Média. 5 ed. São Paulo: Paulus. 1990.
AGOSTINHO, Santo. Confissões. São Paulo: Martin Claret. 2008.
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática. 2000
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