A grande pecaminosidade do pecado Introdução Começamos a ver na semana passada a prática da justiça que Jesus nos havia advertido no versículo 20. Os fariseus tentavam reduzir o mandamento de Deus se preocupando apenas com a letra da lei. Vimos com o Vítor que eles atribuiam pecado somente ao ato cometido. Entretanto Jesus dá a verdadeira interpretação da lei, restaurando a sua integridade e explicando o seu real significado. Ele vai além do ato, ele vê a motivação, o coração. É de lá que procedem os maus desígnios (Mc.7:23). Na semana que vem vamos tratar de maneira mais específica o pecado do adultério, mas hoje nós vamos analisar o texto de uma forma geral (Leitura de Mt.5:27-30). O assunto desse texto é a visão de Jesus acerca do pecado. MLJ disse que em nenhum outro lugar da Bíblia encontramos tão terrível desmascaramento do pecado quanto a este texto e o fato de haver tantas falhas e dificuldades no seio da igreja e no mundo é por não haver um entendimento correto dessa doutrina. Vejamos então o que o texto diz. Desenvolvimento Mais uma vez nesse texto Jesus volta a sua atenção não apenas para o ato físico do adultério mas ele vai na raiz. Pecados não são só atos mas é aquilo que provoca a determinada ação, aquilo que me impulsiona a fazer tal coisa, aquilo que me desperta a vontade. Diz o texto: Qualquer que olhar com intenção impura. Como diz o Vítor, o ato é a ponta do iceberg. A origem do pecado é muito mais profunda e está escondida. Ele nasce e está arraigado no coração. Paulo entendeu isso em Rm.7:7,8. O propósito da lei era revelar a extrema pecaminosidade do nosso pecado e despertou toda sorte de concupiscência. O que é concupiscência ? Aqui está uma grande diferença entre a doutrina reformada e a romana. Concupiscência segundo a igreja romana é definida como desejos que nos inclinam para o pecado mas não é pecado. Por outro lado, nós entendemos que, se algo nos inclina para o pecado, então isso já é pecado. A bíblia diz que Deus nos julgará segundo a inclinação dos nossos corações e não somente de acordo com nossos atos (1Co.4:5 Rm.2:16). Portanto, Paulo também entende como Jesus que o pecado já está na intenção, no desejo e não simplesmente no ato. A santidade de Deus Agora, o nosso entendimento do que o pecado significa tem que ser ainda mais profundo. Nós só vamos começar a entender o quanto o pecado ofende a Deus, quando nos depararmos com a Santidade D’ele. Nosso conceito acerca da Santidade de Deus é muito raso. E quando ele é raso, via de regra ficamos satisfeitos com nós mesmos pelo fato de não estarmos cometendo atos de pecado como adultério e homicídio. Essa aula tem o objetivo de nos levar a rever esses nossos conceitos.Talvez o maior exemplo disso seja o profeta Isaías (leitura de Is.6:1-5). Note no vs.3 que a repetição da palavra santo ocorre 3 vezes. Santo é o único atributo e característica de Deus que é comunicada no grau mais superlativo, ao 3º grau. Em nenhum lugar a Bíblia diz que Deus é amor, amor, amor ou misericordioso, misericordioso, misericordioso ou justo, justo, justo ou ira, ira, ira. Santo é a essência de Deus. Tanto é assim que no vs.4 diz que as bases do limiar se moveram quando os anjos falaram que Deus é santo. Ou seja, se coisas inanimadas, ininteligíveis, sem vida se movem na presença da santidade de Deus, como é que nós, criados á sua imagem podemos ser indiferentes ou apáticos diante de sua majestade ? Versículo 5 Isaías diz: ai de mim ! Estou perdido ! A expressão “Ai” na Bíblia significa julgamento de Deus sobre alguma coisa (fariseus, cidades, no apocalipse). Quando Isaías entra na presença do Deus Santo, a primeira coisa que ele profere é um oráculo de maldição sobre si mesmo. Pela primeira vez Isaías entende que é Deus e o que somos nós. Toda vez que Deus se revela, ele revela a nossa natureza pecaminosa, porque Ele é Santo Calvino disse nas suas Institutas que na Bíblia existe um padrão de resposta humana na presença de Deus. Parece que quanto mais justa a pessoa era, mais ela tremia quando ela entrava na presença de Deus (Habacuque, Jó, Daniel, Isaías). Um outro exemplo é Pedro. “Senhor, retira-te de mim porque sou pecador”. Ex.dos discípulos no barco. Eles perceberam que estavam diante do próprio Deus Santo. Pecado é quando eu coloco a minha vontade acima da vontade de Deus. Mesmo que eu cometa um pecadinho, o que eu estou dizendo é que a minha vontade tem um direito maior que o direito de Deus. Eu estou desafiando a autoridade de Deus, eu estou insultando a sua majestade. Mas nós estamos tão acostumados a fazer isso e somos tão cuidadosos em justificar a nossa desobediência que aí ficamos endurecidos. Nos acostumamos ao padrão normal de Deus (amor, misericórdia, perdão e graça) que nós nos damos por garantido e começamos a assumir esse padrão e achamos que pecar contra esse Deus que é Santo, Santo, Santo é algo sem muita importância. Porque Deus, geração após geração tolera criaturas rebeldes que desafiam a sua autoridade? Porque é que ele não faz conosco o que ele fez com Nadabe e Abiú, ou com Asa, ou com Ananias e Safira ? Entender a Santidade de Deus e o que é pecar contra Ele é de suma importância para que a gente consiga compreender o quanto custou para Deus enviar o seu filho. Ele suou gotas de sangue e suportou toda agonia e sofrimento pelo nosso pecado. A mortificação do pecado E por causa disso, como é que Jesus trata desse assunto ? Olha o texto. Se o seu olho ou a sua mão te faz tropeçar. Jesus entende que o pecado é algo abominável diante de Deus e que tem o poder de destruir, distorcer, perverter e transformar algo bom que Deus nos deu (mãos e olhos) em algo para o mal. E Jesus trata desse assunto do pecado de forma radical. Olha o restante dos versículo 29 e 30. O que Jesus está dizendo é que o pecado requer medidas drásticas. As vezes as nossas ações para evitar o pecado são paleativas. A gente tenta mas não abolimos totalmente de forma radical. Isto porque no fundo nós gostamos de nutrir no íntimo aquilo que o Rev. Marcos chamou de “o pecado favorito”. O contexto aqui é de adultério mas vale para qualquer pecado. Mas com Jesus não tem meio termo nem meias medidas. A solução é cortar e lançar fora o pecado. É uma decisão radical. Ele está falando sobre mortificação do pecado. Esse também é o ensino do apóstolo Paulo. De mortificar e restringir ao máximo a carne (Rm.13:14, Gl.5:16,24). É nesse sentido que Paulo dizia que esmurrava o seu próprio corpo e o reduzia à escravidão. Não no sentido físico como que uma autoflagelação, mas por meio do Espírito Santo (Rm.8:13). E para isso o mandamento é: vigiai e orai. Veja como Jesus trata desse assunto com seriedade. Ele está preocupado com o destino eterno (Mt.16:26; 5:30b; 10:28). Conclusão Portanto, Paulo diz em Cl.3:5-10 e Ef.4:22. Fomos salvos para sermos santos e irrepreenssíveis (Ef.1:4). E para finalizar, João diz: 1Jo.2:16,17.