1) Helmintos:
A partir desse grupo, os animais já possuem três folhetos embrionários, a mesoderme é a
novidade e a complexidade do indivíduo adulto é maior porque possui uma maior diferenciação
celular. A simetria bilateral é outra aquisição do grupo, o que possibilita uma orientação muito
mais definida e uma especialização na locomoção. Porém, os vermes são seres que não
possuem celoma, podendo, portanto, serem acelomados ou pseudocelomados.
OS VERMES CHATOS: esses seres vivem em ambientes marinhos, de água doce e em
habitats terrestres úmidos e incluem tanto formas de vida livre quanto parasitas. O grupo
recebeu tal nome pelo fato de não terem uma cavidade no embrião que lhes permitisse um
desenvolvimento e ganho de volume no corpo. O sistema digestório deles é incompleto, ou
seja, existe apenas um orifício (boca) que comunica os meios interno e externo, o que os faz
serem classificados como protostômios. Não possuem sistema circulatório nem respiratório,
tais atividades ocorrem via difusão (não é um processo rápido mas nesse caso funciona pela
proximidade das células) assim como a circulação de nutrientes. O sistema nervoso é formado
por um cordão nervoso central, sendo assim, gera concentrações e se torna um pouco mais
eficaz. Já o sistema excretor é relativamente simples e funciona, por meio de protonefrídeos,
principalmente para manter o balanço osmótico com o meio.
>>Turbelários: o nome popular desses animais é planárias e a grande maioria é de água doce
e possuem vida livre. Já tem-se nesse animal o processo de cefalização, ou seja, formação da
cabeça. Além disso, nessa “cabeça” é possível encontrarmos uma estrutura chamada ocelo
que é sensível à luz (o que permite o deslocamento para regiões mais escuras e,
consequentemente, ao se esconder possibilita uma maior reprodução, ou seja, é uma defesa
contra predação). O corpo é recoberto por uma epiderme rica em células glandulares, sendo
que as células da face inferior são dotadas de cílios e permitem o deslizamento do animal
sobre um trilho de muco que ele mesmo produz. O sistema digestório possui uma faringe
embutida na boca e essa faringe é estendida sobre o alimento facilitando sua entrada para a
cavidade gastrovacular, onde a digestão prossegue. Uma coisa que chama atenção é o fato de
serem animais monóicos, ou seja, todos possuem tanto o sistema reprodutor masculino quanto
o feminino. Porém, a reprodução mais comum não é a autofecundação, é a fecundação
cruzada (é também mais vantajosa por aumentar a variabilidade). Outra forma de reprodução é
a fissão, ou seja, regeneração. A parte fragmentada do animal regenera-se pela grande
quantidade de células-tronco.
>>Trematoda: esses animais vivem como parasitas dentro de outros animais e, diferente dos
turbelários, são dióicos, ou seja, um único ser não pode ter estrutura reprodutora feminina e
masculina e, além disso, possuem dimorfismo sexual (machos possuem estrutura corporal
diferente de fêmeas). A fecundação é interna e tem-se a produção de ovos. A principal doença
humana causada por um trematoda (Shistossoma mansoni) é a esquistossomose: a veia porta
hepática é responsável por fazer com que a circulação chegue ao fígado. É nessa veia que o
Shistossoma mansoni fica, onde se reproduzem. A fêmea migra pela veia até a parede
intestinal e lá deposita os ovos –tem uns fincos que rompe a parede intestinal- que chegam ao
intestino e saem pelas fezes. Se houver um mal caminho para as fezes, é possível que ela caia
em um manancial de água e, ao cair na água, eclodem gerando miracídio (larva) que quer
encontrar um outro hospedeiro (caramujo do gênero Biomphalaria). Como esse ciclo possui
dois hospedeiros, ele é chamado de heteróxeno. Dentro do caramujo, o miracídio faz
reprodução assexuada –aumenta quantidade- e se diferencia em um outro tipo de larva
chamada cercaria. A cercaria abandona o caramujo e tem como objetivo encontrar um novo
hospedeiro que é o homem. Ela sai na água e, se uma pessoa usar essa água, é capaz de, via
pele, penetrar o corpo do indivíduo e chegar a corrente sanguinea. Por ela, a larva será levada
pra veia porta hepática, onde o verme irá se desenvolver. Os fatores de risco associados à
essa doença são a falta de saneamento básico, a presença de caramujo e o uso de mananciais
de água para banho, coisas que podem aumentar a probabilidade da doença ocorrer.
OBS: A lagoa da Pampulha até a década de 80 era infestada por caramujo Biomphalaria,
porém introduziu-se um outro caramujo –espécie exótica- que competiu com o primeiro e se
deu melhor porque no ambiente é possível que não exista predadores e parasitas naturais
dele. A população cresceu demais e “eliminou” o Biomphalaria, fazendo com que a
esquistossomose diminuísse.
>>Cestoda: assim como o grupo anterior, agrupa animais parasitas. Esses animais possuem
uma cabeça diferenciada com um escólex, estrutura de fixação que possui uma ventosa e
possibilita que o verme não sejam eliminados nas fezes. Além disso, possuem ainda
segmentos conhecidos como proglotides. São seres monóicos que não possuem sistema
digestório pois já vivem em um local onde os nutrientes estão digeridos e, assim, absorvem
parte do que o hospedeiro deveria absorver. A tênia solium vai habitar o intestino humano,
onde realiza autofecundação e gera proglotides que serão eliminadas junto com as fezes.
Essas fezes se não houver destino adequado podem se misturar a comida do porco –ciclo
heteróxeno-. Quando o porco ingere o ovo da tênia, dele sai o cisticerco (larva). Essa larva vai
habitar a musculatura do porco (faz sentido porque é algo da alimentação humana). Quando o
homem vai comer carne mal passada ele pode comer junto a larva que desce pelo tubo
digestório e, ao chegar ao intestino delgado, se desenvolve. Realizam uma relação ecológica
chamada amensalismo, um determinado ser impede desenvolvimento de outros perto dele e
que evita a competição e a infestação no hospedeiro. Os fatores de risco são comer carne mal
passada e a falta de saneamento.
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