DICAS DO ENEM LÍNGUA PORTUGUESA TEMA 3: Sintaxe AUTOR: Nayara Moreira Santos Mais próxima, para você ir mais longe. TEMA 3: Sintaxe Autor: Nayara Moreira Santos SANTOS, Nayara Moreira. Língua Portuguesa: Sintaxe. Valinhos, 2014. TEXTO E CONTEXTO Pag. 03 GLOSSÁRIO Pag. -- VOCÊ ESTÁ PRONTO? Pag. -- REFERÊNCIAS Pag. 18 GABARITO Pag. 18 © 2014 Kroton Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. TEXTO E CONTEXTO Selecionarmos adequadamente as palavras que fazem parte de nossas produções de textos (inclusive orais!), é muito importante para conseguirmos transitar entre diversas práticas de comunicação. Nós selecionamos as palavras que usamos na nossa fala e escrita o tempo todo, ainda que não pensemos a respeito. Porém, ao falarmos e escrevermos fazemos mais do que isso: nós também temos a capacidade de combinar essas palavras. Essas combinações, por sua vez, partem de regras gramaticais próprias de cada idioma. Ao conjunto de regras de combinação das palavras denominamos sintaxe. De modo geral, a sintaxe é constituída de quatro partes. Cada um deles faz determinado tipo de análise. Veja só: • Análise sintática: trata-se do estudo das funções de palavras que são combinadas para formar orações, bem como analisa a classificação das orações que são combinadas para formar períodos. • Sintaxe de concordância: reflete sobre as flexões que os nomes exibem na forma para serem ajustados uns aos outros e as flexões que os verbos apresentam para serem ajustados ao sujeito da oração. • Sintaxe de regência: estuda as relações de dependência entre os nomes e seus complementos e entre os verbos e seus complementos. • Sintaxe de colocação: observa a ordem em que as palavras são disponibilizadas na oração. Nessa oficina, teremos um olhar mais atento às sintaxes de concordância e regência. Concordância nominal e concordância verbal: ajustando as palavras entre si Imagine a seguinte situação: Você está fazendo uma viagem de carro pelo estado. A ideia é sair explorando diferentes cidades. Em uma delas, você decide conhecer o circo local. Ao chegar, repara na lona deteriorada e na roupa gasta do palhaço que distribui os ingressos. Na entrada, há um letreiro caindo aos pedaços que diz: 3 TEXTO E CONTEXTO OS PALHAÇOS DO CIRCO DA GERTRUDE ESPERAM POR VOCÊ EM MAIS UMA NOITE BOMBÁSTICA! Tente ler em voz alta a frase acima. O tempo e a falta de manutenção fizeram-na perder algumas letras, o que causa estranhamento, pois as palavras acabam não combinando entre si. Por isso (e pela segurança das pessoas que frequentam esse circo!), o letreiro deveria ser arrumado, não é mesmo? Se as palavras estivessem inteiras: • O artigo “O” seria “OS” para se ajustar ao substantivo “PALHAÇOS”, que está no plural. • O verbo “ESPERA” seria “ESPERAM” para se ajustar com o núcleo do sujeito da oração, que é o substantivo “PALHAÇOS”. • O artigo “UM” seria “UMA” para se ajustar ao substantivo “NOITE”, que é feminino. • O adjetivo “BOMBÁSTICA” ganharia um A e não um O para se ajustar com “NOITE”, que é um substantivo feminino. No 1º e no 3º caso, os ajustes acontecem entre os nomes e as palavras que os acompanham – artigos, adjetivos etc. A adaptação (ou ajuste) das palavras que acompanham os nomes chama-se concordância nominal. Já no 2º caso, o ajuste acontece entre o verbo e o núcleo do sujeito da oração. Tal adaptação é denominada concordância verbal. 4 TEXTO E CONTEXTO Sabermos que concordar as palavras entre si é importante para que consigamos nos comunicar em situações em que variedades de prestígio da língua sejam necessárias, sobretudo, nas que Que coisa, não? envolvem os gêneros escritos: escrita de uma proposta para o chefe, escrita de um currículo, de uma carta de reclamação para a empresa que entregou a Você cresceu ouvindo que menino fala geladeira com defeito etc. Basicamente, as regras para as concordâncias nominal e verbal são as seguintes: REGRA DE CONCORDÂNCIA NOMINAL Palavras variáveis que se referem ao substantivo podem concordar com ele em gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural). Ou seja, os artigos, numerais, pronomes e adjetivos concordam em gênero e número com o substantivo. REGRA DE CONCORDÂNCIA VERBAL O verbo deve concordar com o núcleo do sujeito da oração em pessoa (1ª, 2ª ou 3ª) e número (singular/plural). QUESTÃO 01 Imagine que seu professor tenha passado a seguinte atividade: Leia as frases abaixo e reescreva-as substituindo as palavras em negrito pelas que estão entre parênteses, observando as possíveis mudanças na concordância nominal e verbal. • Todas as manifestações populares foram criticadas pelo governo. (abaixo-assinados/deputada) • Famílias japonesas estão preocupadas com a comida depois de “obrigado” e menina fala “obrigada” para agradecer, mas até hoje não sabe por quê? A palavra “obrigado” possui valor adjetivo. Como adjetivo é variável, ele tem de combinar com o nome a que se refere (no caso, a pessoa que faz o agradecimento!). Atenção para alguns dos casos em que a concordância nominal pode gerar dúvidas: As palavras “anexo” e “incluso” também possuem valor adjetivo, por isso concordam com o substantivo a que se referem. Ex: Eu enviarei anexos ao e-mail os pedidos. (“anexos” combina com o substantivo “pedidos”) A palavra “meio” tanto pode ser numeral (no sentido de “metade”) quanto advérbio (no sentido de “um pouco”). Numeral é variável e, portanto, concorda com a palavra a que se refere. Já o advérbio é invariável. Ex: Faz meia (meia = metade) hora que a minha mãe está meio (meio = advérbio) estranha. 5 TEXTO E CONTEXTO terremoto. (O povo/alimentos) • Os descontos já estão inclusos no boleto. (taxas) • Sandro ficou meio irritado com o comportamento do namorado da Paula na festa. (Julia) A seguir estão as respostas de diversos alunos. Qual das alternativas não possui inadequações quanto à concordância das palavras do ponto de vista da gramática normativa em nenhuma das frases? a) Todas as abaixo-assinados populares foram criticadas pela deputada. O povo japonês está preocupado com os alimentos depois de terremoto. As taxas já estão inclusa no boleto. Julia ficou meio irritada com o comportamento do namorado da Paula na festa. b) Todos os abaixo-assinados populares foram criticados pela deputada. O povo japonês estão preocupado com alimentos depois de terremoto. As taxas já estão inclusas no boleto. Julia ficou meia irritada com o comportamento do namorado da Paula na festa. c) Todos os abaixo-assinados populares foram criticados pela deputada. O povo japonês está preocupado com alimentos depois de terremoto. As taxas já estão inclusas no boleto. Julia ficou meio irritada com o comportamento do namorado da Paula na festa. d) Todos os abaixo-assinados popular foi criticado pela deputada. 6 TEXTO E CONTEXTO O povo japonês está preocupado com alimentos depois de terremoto. As taxa já estão inclusas no boleto. Julia ficou meio irritada com o comportamento do namorado da Paula na festa. Regência nominal e regência verbal: os tais regentes e os regidos Do ponto de vista sintático, as relações existentes entre nomes e seus complementos e entre verbos e seus complementos são absolutamente necessárias para a própria organização sintática da língua. Tais relações são chamadas de regência. A regência pressupõe que há certa INTERDEPENDÊNCIA entre as palavras que se combinam para formar enunciados. Faz sentido, não? Com isso, ela estabelece uma relação entre um termo principal (o regente) e um termo que lhe é complementar (o regido). Mas afinal, como essa relação acontece na prática? Observe a frase abaixo: Você sentiu falta de alguma palavra nela? 7 TEXTO E CONTEXTO Como você pode notar, está faltando uma preposição - “DE”, “PARA”, “SEM” etc. - que é regida pelo nome “LIVRE” (quem é livre, é livre de algo/alguém ou livre para algo/alguém ou livre sem algo/alguém etc). Essa preposição vincula a palavra “LIVRE” à palavra “VOCÊ”, conferindo diferentes sentidos à oração. No exemplo dado, pode significar ficar longe de alguém/se separar – “Estou livre de você!” ou “Estou livre sem você!” ou, Que coisa, não? ao contrário, pode significar se aproximar/ter a intenção de ficar com alguém – Nem todos os verbos precisam de “Estou livre para você!” A relação estabelecida entre o nome e o termo (pode ser uma palavra ou expressão), que lhe serve de complemento, é denominada regência nominal. Essa relação acontece sempre por meio de uma preposição. CLIQUE AQUI para consultar a lista de alguns nomes e as preposições que mais usualmente eles exigem. Já a relação entre os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e indiretos) é denominada regência verbal. Porém, isso depende da classificação dos verbos. Quanto à regência, os verbos podem ser: • Transitivos diretos: Eu comprei um sapato na liquidação. • Veja que o verbo “comprar” precisa de complemento, afinal, quem compra, compra alguma coisa. Porém, não precisa de preposição. O complemento (no caso, “um sapato na liquidação) sem preposição é denominado objeto direto. • Transitivos indiretos: A Maria não gosta de filmes antigos. Aqui o verbo “gostar” também precisa de complemento, pois quem gosta, gosta de algo/alguém. Mas, ao contrário do verbo “comprar”, ele precisa de preposição. O complemento “de filmes antigos”, por apresentar a preposição “de”, é considerado complemento. Ex: A vilã da novela morreu. “Morrer” é um exemplo de verbo intransitivo, ou seja, que não necessariamente exige complementação, pois possui sentido completo. Porém, nada impede que, para já dar conta da curiosidade alheia que sempre está presente nessas ocasiões, a pessoa que fala uma frase como essa já dê alguma indicação de modo, lugar, tempo etc. sobre a morte da vilã. Ela poderia dizer: A vilã da novela morreu de repente no meio da pista de dança. Tendo em vista que “de repente” tem relação com o tempo da morte da vilã, esta expressão é denominada locução adverbial de tempo e “no meio da pista de dança” seria o lugar em que ela morreu, sendo, portanto, uma locução adverbial de lugar. 8 TEXTO E CONTEXTO objeto indireto. QUESTÃO 02 Indique abaixo a alternativa que torna correta a regência nominal, do ponto de vista do uso de uma variedade culta da língua: Ele está apto ___ fazer o trabalho, já que foi um dos primeiros ___ pesquisar estes fenômenos em nossa área. Estou convencido ___ que os demais deveriam ser adeptos ___ seu engajamento. a) em – a – de – a b) por – a – com – sobre c) por – a – por – para d) a – a – de – de QUESTÃO 03 I. Observe as duas imagens abaixo: Agora associe as ilustrações às frases que as descrevem: Imagem 01) Imagem 02) 9 TEXTO E CONTEXTO ( ) A criança agradou o pai. ( ) A criança agradou ao pai. II. Se, ao invés de mostrar o boletim para o pai, a criança tivesse mostrado para a mãe (ou seja, se fosse a mãe a pessoa a quem se quer agradar), teríamos: a) “A criança agradou a mãe”, pois basta trocar o artigo “o” pelo artigo “a” para fazer a concordância. b) “A criança agradou à mãe”, pois teríamos nesse caso “a” (preposição) + “a” (artigo), o que é indicado pelo uso da crase – “à”. Como você deve ter percebido, caso trocássemos a palavra “pai” por “mãe”, o artigo passaria para o gênero feminino. Assim, teríamos preposição “a” + artigo “a”. Dessa fusão é que resulta a crase: “A criança agradou à mãe.” Você aprenderá mais sobre a crase a seguir. Crase: o mistério desvendado Há diferença de sentido entre as duas manchetes de jornal abaixo? Manchete 01 DURANTE REUNIÃO DO SINDICATO, O PRESIDENTE BATE A PORTA ENFURECIDO. Manchete 02 DURANTE REUNIÃO DO SINDICATO, O PRESIDENTE BATE À PORTA ENFURECIDO. Se você respondeu que sim, acertou. A crase tem um papel bastante significativo na nossa língua e uma estreita relação com a regência de nomes e de verbos, sendo muitas vezes fundamental para diferenciação de sentidos em uma frase. Nos exemplos acima, enquanto que na primeira manchete visualizamos o presidente fechando a porta com força, na segunda, a porta é o lugar em que o presidente está batendo, provavelmente para entrar. 10 TEXTO E CONTEXTO Assista o vídeo a seguir para entender mais a fundo a função da crase e como usá-la. • Dicas simples para usar crase com segurança CLIQUE AQUI <https://www.youtube.com/watch?v=Kq1-IglFfOQ> QUESTÃO 04 Leia as frases a seguir, substitua o termo destacado pelo termo entre parênteses e observe em qual das opções é obrigatório o uso da crase: a) Os turistas não reconheceram o lugar. (região) b)Entregarei os convites ao João na portaria. (Maria) c) Ao meio-dia estarei em casa para assistir ao jogo. (quinze horas) d)Ninguém está destinado a desistir. (vencer) e) Ele não foi ao Rio de Janeiro? (Madrid) 11 TEXTO E CONTEXTO QUESTÃO 05 Escolha a alternativa que completa as devidas lacunas do texto a seguir: [...] Estes furtos eram feitos com todas ___ cautelas e sempre coroados do melhor sucesso, graças ___ circunstância de que nesse tempo ___ polícia não se mostrava muito por aquelas alturas. João Romão observava durante o dia quais ___ obras em que ficava material para o dia seguinte, e ___ noite lá estava ele rente, mais ___ Bertoleza [amante de João Romão], a removerem tábuas, tijolos, telhas, sacos de cal, para o meio da rua, com tamanha habilidade que se não ouvia vislumbre de rumor. [...] AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. In: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000003.pdf. Acesso em 21/05/2013. a)as – à – a – as – à – a b)às – à – a – às – à – a c)as – a – à – às – a – a d)às – a – à – as – a – à e)as – a – a – as – à – a QUESTÃO 06 Observe o contexto em cada opção e escolha qual é a frase que melhor se aplica a ele: I. As pessoas que acabaram de entrar na faculdade andam muito por toda a cidade para procurar emprego. ( ) Frase 1 – Os recém-graduandos correm a cidade em busca de emprego. ( ) Frase 2 – Os recém-graduandos correm à cidade em busca de emprego. II. Os pais de Isabela não param de procurar por ela. ( ) Frase 1 – Continuou a procura de Isabela. 12 TEXTO E CONTEXTO ( ) Frase 2 – Continuou à procura de Isabela. III. As crianças, mesmo depois de muito insistir, não conseguiram tomar o sorvete antes do almoço na casa dos avôs. ( ) Frase 1 – Ficou a vontade entre os netos. ( ) Frase 1 – Ficou à vontade entre os netos. IV. O filho chega em casa de mansinho e sem fazer barulho depois de passar o dia inteiro na rua. Sabe quem foi Jack Kerouac? ( ) Frase 1 – Veio à noite sem que déssemos conta. ( ) Frase 1 – Veio a noite sem que déssemos conta. QUESTÃO 07 Selecione a alternativa em que teria de haver obrigatoriamente o uso da crase: a)Jack Kerouac preferiu a estrada ao conforto de casa. b)Amigos de Jack Kerouac chamaram a ele para se juntar ao grupo. c)Jack Kerouac foi um homem a frente de seu tempo. d)Ele dirigiu-se logo para a rodovia mais próxima. QUESTÃO 08 Em qual alternativa abaixo o uso da crase está incorreto? a) Assassino em série é preso por ameaça à sociedade. b)À proporção que eu envelhecia, sentia-me mais jovem. Jack Kerouac (1922 – 1969) foi um escritor norte-americano da geração beat que, como válvula de escape da Grande Depressão americana, celebrava o hedonismo e a criatividade espontânea a partir da experiência vivida. Seu livro mais famoso, Ontheroad – Pé na estrada, foi baseado em viagens que o autor fez pelo país. 13 TEXTO E CONTEXTO c) Ele obedeceu à voz da razão. d)Assim que eu cheguei, visitei à região. Vírgula: sim, ela existe (para o nosso alívio!) Que atire a primeira pedra quem nunca se viu na dúvida sobre o uso ou não da vírgula ao escrever. Afinal, ela é empregada de maneiras diversas e os deslizes que nos acostumamos a ler por aí também não ajudam. Por vezes, sua ausência ou presença pode mudar o sentido de uma frase. Duvida? Não irei estudar hoje. Não, irei estudar hoje. Viu como uma vírgula pode mudar completamente os seus planos para hoje em relação aos estudos? O uso desse sinal de pontuação se torna mais simples se refletirmos sobre as funções que ele pode ter e a lógica geral que rege seu uso. Uma oração em ordem direta em português é escrita da seguinte forma: SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTOS + ADJUNTOS (CARLOS) (COMPROU) (UM CARRO) (NA FEIRA DE AUTOMÓVEIS DE VALINHOS) Sujeito Verbo Complemento Adjunto Adverbial de Lugar Quando dizemos uma única oração em ordem direta, como nos exemplos anteriores, não precisamos usar a vírgula. Quando fazemos alguma inversão nessa ordem direta ou quando intercalamos alguma coisa entre os elementos que 14 TEXTO E CONTEXTO constituem essa ordem direta é que a vírgula aparece: Que coisa, não? Na feira de automóveis de Valinhos, Carlos comprou um carro. Carlos comprou, na feira de automóveis de Valinhos, um carro. Carlos comprou um carro, um Fiat Brava, na feira de automóveis de Valinhos. Por isso que se diz que não se pode colocar vírgula entre sujeito e predicado, entre verbos e complemento, entre nomes e seus adjuntos. Veremos a seguir as principais regras para o uso da vírgula. Você vai ver que algumas dessas regras decorrem dessa lógica geral. Para isso, vamos dividir essas regras em dois subgrupos: USO DA VÍRGULA ENTRE OS TERMOS DE UMA MESMA ORAÇÃO USO DA VÍRGULA ENTRE ORAÇÕES Para separar os núcleos de um termo Entre orações coordenadas Ex: Minha mãe já morou em São Paulo, em Ubatuba, em Santa Catarina e em Curitiba. Exemplo: No exemplo acima, vemos a vírgula separar os vários núcleos de um adjunto adverbial de lugar. Ou separar elementos coordenados em uma numeração: Impulso 2 (Em 83 caracteres) Colocou um vestido curto, equilibrou uma rosa no cabelo, passou batom vermelho, saiu para dançar. Exemplo: Impulso (Em 143 caracteres) No exemplo acima, vemos a vírgula separar três orações independentes uma da outra do ponto de vista sintático. Não pensou duas vezes. Pegou uma muda de roupa, os documentos guardados, seu livro de cabaceira, o álbum duplo dos Mamonas Assassinas e deu um novo rumo para sua vida: casou. 15 TEXTO E CONTEXTO USO DA VÍRGULA ENTRE OS TERMOS DE UMA MESMA ORAÇÃO USO DA VÍRGULA ENTRE ORAÇÕES Entre a oração principal e uma oração subordinada adjetiva explicativa Ex: Ela justificou o atraso com o trânsito, que fica mais fácil dele acreditar. Para isolar o aposto Ex: Meus dois irmãos, João e José, chegaram hoje de Natal. No exemplo acima, vemos as vírgulas empregadas para destacarem o aposto do restante da oração. Perceba que a vírgula é empregada depois da oração principal e antes de iniciar a oração subordinada adjetiva explicativa, que amplifica informações da antecedente. Outro exemplo: Mandei um email pro meu irmão, que está passando férias em Buenos Aires, pedindo que volte imediatamente. Para isolar adjuntos adverbiais deslocados Veja que, nesse caso, a oração subordinada adjetiva explicativa está no meio da oração principal. Logo, ela é separada por duas vírgulas. Entre uma oração subordinada adverbial e a oração principal Ex: Com muito pesar, ele arrumou as malas para partir. Quando o adjunto adverbial é deslocado para o começo ou para o meio da oração, fica separado pela vírgula. No exemplo acima, vemos o adjunto adverbial deslocado para o início da oração. Portanto, vírgula nele! Ex: Quando ele chegou, as crianças correram para abraçálo. Veja que a vírgula se coloca entre a oração subordinada adverbial que, nesse caso, é temporal e a oração principal. 16 TEXTO E CONTEXTO USO DA VÍRGULA ENTRE OS TERMOS DE UMA MESMA ORAÇÃO USO DA VÍRGULA ENTRE ORAÇÕES Para isolar certas expressões explicativas Ex: Venha até minha casa na sexta, ou melhor, no sábado. Expressões que usamos no meio da oração para explicar uma ideia, retificar, continuar ou concluir o que dizemos devem ficar entre vírgulas, assim como a expressão “ou melhor” no exemplo acima. Outras expressões desse tipo podem ser: aliás, além disso, por exemplo, a saber etc. Para isolar o vocativo Ex: Você devia entender, sua teimosinha, que eu amo você. No exemplo acima, vemos as vírgulas isolarem o vocativo. 17 REFERÊNCIAS CASTILHO, Ataliba T. de. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010. Saiba Mais • SCHERRE, Maria Marta Pereira et al. O papel do tipo de verbo na concordância verbal no Português Brasileiro. DELTA. Vol. 23. São Paulo, 2007. In: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-44502007000300012>. Acesso em 28 mai. 2013. GABARITO Questão 1 Resposta: c) Todos os abaixo-assinados populares foram criticados pela deputada. O povo japonês está preocupado com alimentos depois de terremoto. As taxas já estão inclusas no boleto. Julia ficou meio irritada com o comportamento do namorado da Paula na festa. 18 GABARITO Questão 2 Resposta: d) a – a – de – de Questão 3 Resposta: I. ( 2 ) A criança agradou o pai. ( 1 ) A criança agradou ao pai. II. b) “A criança agradou à mãe”, pois teríamos nesse caso “a” (preposição) + “a” (artigo), o que é indicado pelo uso da crase – “à”. Questão 4 Resposta: c) Ao meio-dia estarei em casa para assistir ao jogo. (quinze horas) Comentário: Substituindo o termo meio-dia por quinze horas, temos uma locução adverbial feminina de tempo, logo, fazemos uso da crase: Às quinze horas estarei em casa para assistir ao jogo. Questão 5 Resposta: a) as – à – a – as – à – a Questão 6 Resposta: I. Frase 1 – Os recém-graduandos correm a cidade em busca de emprego. Comentário: Na frase 2, o sentido é de que recém-graduandos, que moram em zonas mais rurais, vão até a cidade em busca de emprego. II. Frase 2 – Continuou à procura de Isabela. Comentário: Na frase 1, o sentido é de que Isabela continuou procurando por algo ou alguém. III. Frase 1 – Ficou a vontade entre os netos. Comentário: Na frase 2, o sentido é de que o avô ou a avó tenha ficado relaxado e sem formalismos no meio dos 19 GABARITO netos. IV. Frase 1 – Veio à noite sem que déssemos conta. Comentário: Na frase 2, o sentido é de que as pessoas estivessem tão distraídas que não viram anoitecer. Questão 7 Resposta: c) Jack Kerouac foi um homem a frente de seu tempo. Comentário: Por tratar-se de uma locução prepositiva (à + palavra feminina + de), à frente de supõe o uso da crase. Questão 8 Resposta: c) Ele obedeceu à voz da razão. Comentário: Por tratar-se de uma locução prepositiva (à + palavra feminina + de), à frente de supõe o uso da crase. 20 Anexo Lista com nomes e preposições que mais usualmente exigem a regência nominal. Adepto de Ansioso por, para Aversão a, por Benéfico a, para Contente por, com, de Desprezo a, por Feliz por, de, em, com Imune a, de Junto a, de Referente a Relativo a Rigoroso com, em Simpatia a, por União com, entre, a Vizinho a, de Vulnerável a Como você já viu no Tema 2, as preposições veiculam significados que interferem no sentido do texto. Uma troca que as pessoas fazem com frequência é falar “ir de encontro a” ao invés de “ir ao encontro de” ou vice-versa. Imagine que alguém está participando de uma entrevista de emprego em que o seguinte diálogo tenha surgido: — Nossa empresa está precisando de pessoas que sejam versáteis, tenham disponibilidade de viajar, de cumprir horários variados. —Isso vai exatamente de encontro ao que eu quero. Levando em conta o sentido das expressões: “Ir de encontro a” – opor-se, chocar-se com, defrontar-se com; por extensão também significa contradizer, contrariar etc. 21 Anexo “Ir ao encontro de” - “encontrar-se com”; por extensão significa concordância, ter a mesma opinião, disposição etc. Tendo em vista a posição de alguém que pretende arrumar um emprego, você diria que a resposta da pessoa que estava sendo entrevistada foi adequada? Se o entrevistador souber um pouco do uso das preposições o rapaz não deve conseguir o emprego, porque acabou dizendo que vai contra a ideia de (ou não se dispõe a) ser versátil, viajar, cumprir horário variados, características que a empresa está buscando em seu futuro funcionário. CLIQUE AQUI para voltar à leitura da seção Texto e Contexto. 22 Mais próxima, para você ir mais longe. unopar.br