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Domingo _30 de setembro de 2012. Diário de Notícias
AMBIENTE
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As casinhas vermelhas de Anneberg, um subúrbio de Estocolmo, têm uma característica especial: são
aquecidas com água quente acumulada na rocha durante o verão. A experiência permite poupar 400 toneladas de CO2 por ano
GUARDAR A ENERGIA DO SOL
DE VERÃO NAS ROCHAS
PATRÍCIA JESUS
tigRamencontrouorefúgio perfeito paraaproveitarareformaa20minutos
de Estocolmo, numacomunidade àbeiradafloresta.AscasinhasvermelhasdeAnnebergatraíramo engenheiro eletrotécnico por isso mesmo, pela
localização, mas tambémporusarem um sistema de aquecimento
inovador,quedespertouasuacuriosidade: no inverno são aquecidas
através de águaquente armazenadanarochaduranteoverão.Umsistema semelhante já é usado tambémnoprincipalaeroportodacapital, Arlanda, afirmando-se como
alternativanumpaís quenão pode
passar sem aquecimento e está à
procurade soluções mais ecológicas.
No bairro, os telhados das 50 casassãocobertosporpainéissolares
–todosjuntoscobririamdoiscampos e meio de futebol–, que no verãorecolhemenergiaparaaquecer
água. Essa água é armazenada
numreservatórioescavadonogranito e no Inverno bombeadapara
aqueceras casas, através de tubos
no chão, limitando anecessidade
de usar outros combustíveis para
aquecimento. Continua a ser necessário porque no gelado (e escuro) inverno sueco as temperaturas
podemchegaraos -30 graus.
S
As 50 casas de Anneberg têm todas painéis solares
O projeto surgiu em 1997, para
darrespostaàsregrasdomunicípio
deDanderyd,queexigiaumaconstrução “amiga do ambiente”: começando pelas próprias práticas
de construção e pelos materiais,
nomeadamente no isolamento,
mastambémnautilizaçãodeenergiarenovável parao aquecimento
daáguae das casas.
A energia escolhida foi a solar,
maseraprecisoencontrarumaforma de acumular as 1275 horas de
sol do verão parausarno inverno,
épocaemaregião recebe no máximo 400 horas de sol – ou seja, um
máximo anualde1675 horas, muito abaixo do número médio para
Portugal, que fica entre as 2200 e
3000.Asoluçãoescolhidafoiarmazenaressaenergiaem águanarocha. O reservatório, escondido debaixo de umenorme relvado, só se
Verão
adivinhadevido àtabuletaque diz
“Armazenamento de calor. Proibidaacirculação deveículos”, traduz
o engenheiro reformado.
As casas estão adaptadas para
maximizarapoupança: Stigapontaparajanelas triplas dasuacasae
paraumsistemaque permite reciclaro calorgerado nacozinhapara
aquecimento. No entanto, salienta
que não andade T-shirtem casa–
pelocontrário,setembronaSuécia
jápede umacamisolade golaalta
como a que usa – e que vestir um
casaco é também uma forma de
poupar energia. Aúnicacoisaem
que não poupaé no carro que tem
estacionado à porta: um clássico
dosanos60doséculopassadocom
um motorV80.“Aúnicacoisanão
ecológicadeste bairro”, brinca, expondo acontradição.
Já a utilização da energia solar
permite poupar470 mil kwh/ano,
eletricidadequesefosseproduzida
numacentral termoelétrica(com
carvão) levariaàemissão de 400 a
450toneladasdedióxidodecarbono por ano, diz o engenheiro, que
duranteaúltimadécadafoiorepresentante dos moradores. Ou seja,
este sistema permite poupar o
equivalenteàsemissõesde244voltas àTerranumcarro agasolina.
Noentanto,osistemanãoépropriamentebarato:custouquase17
milhões de coroas suecas em2002
(dois milhões de euros à taxa de
conversãoatual)ecusta9000euros
por ano em manutenção.“Aideia
era conservar a natureza, não era
terenergiabarata”, justificaStig. As
casas, essas, custaram à volta de
225 mil euros há10 anos. Hoje valemodobro,garanteoengenheiro.
Aexperiênciapioneirajáinspirou aconstrução de um bairro semelhante,noCanadá,eStigacredita que pode ser exportada para
qualquer região que tenha sol no
verãoeprecisedeaquecimentono
inverno. Aliás, o maior aeroporto
sueco, Arlanda, aproveitou um
aquífero natural para implantar
umsistemaparecido,masmaissofisticado, em 2008 (verinfografia).
Para Francisco Ferreira, da Quercus, é uma solução interessante.
“Nóstambémtemosalgumas,mas
apequenaescala”, explica.
Ajornalistaviajouaconvite daEmbaixadadaSuécia
A mesma ideia, duas experiências
Refrigeração
de todos os
terminais
São as características térmicas da rocha, que aquece e arrefece
muito mais lentamente do que o ar, que lhe permitem
funcionar como reservatório e manter a água quente ao
longo do inverno. Em Anneberg, o projeto
pioneiro ficou pronto em 2002 e usa a rocha
apenas para guardar a água aquecida no
verão, a uma temperatura que atinge os 45
graus – só quando atinge os 26 , geralmente
em fevereiro, deixa de ser utilizada (em
baixo). No Aeroporto de Arlanda, o sistema
implementado em 2008 é mais complexo:
permite armazenar água no verão para o
aquecimento no inverno, mas também a água
gelada (da neve) do inverno para arrefecer os
terminais na estação quente.
+60oC
Poupança
Quando da instalação do
sistema previa-se que a
poupança de energia
fosse o equivalente ao
consumo de 2000 casas.
O sistema custou quase
cinco milhões de euros,
mas os responsáveis
acham que se vai pagar
até 2014
o
+30 C
Superfície
Espaço a ser aquecido
e arrefecido é de 450 000 m
– uma área equivalente
a cem campos de futebol
Verão
Água quente é bombeada para o aquífero,
enquanto a água fria é bombeada para
fora do aquífero para arrefecer terminais
o
o
+30 C/+45 C
o
+55 C
o
+32 C
A energia recolhida pelos painéis
solares é usada para aquecer a água,
que é armazenada na rocha. No inverno
é utilizada para aquecer as casas
Estudo pede mais vigilância
Ansiolíticos
a mais
podem causar
demência
ESTUDO. Benzodiazepinas,
utilizadas em tranquilizantes e ansiolíticos, aumentam
risco de demênciase ingeridas durante muito tempo
Tomar medicamentos contra as
insónias e a ansiedade à base de
benzodiazepinas está estatisticamente ligado aumrisco acrescido
de se desenvolverdemênciaapartir dos 65 anos. É a conclusão de
umestudo realizado porinvestigadores do Inserm, o instituto nacional francês de investigação médica e da Universidade de Bordéus,
que foipublicado no BritishMedicalJournal.
“Emboranão possamos provar
que existe uma relação de causa e
efeito [entre aexposição às benzodiazepinas e um risco maior de
demência] constatamos que as
pessoas que consomem este tipo
de medicamentos têm cerca de
50% mais probabilidades de desenvolver mais tarde uma demência, em comparação com as que
nunca tomaram estes medicamentos”, afirmou Bernard Bégaud, um dos autores do estudo.
Face aos dados encontrados, os
investigadores aconselhammaior
vigilância e prudência na utilização destas moléculas, que se mantêm úteis para tratar situações de
insóniae de ansiedade empessoas
mais idosas, segundo afirmam. A
equiparecomendatambémque a
utilização dos medicamentos com
estas moléculas “não ultrapasse
algumas semanas”, jáque prescrições assimlimitadas não parecem
suscetíveis de provocar um efeito
acrescido de risco de demência.
Para chegar a estas conclusões,
os investigadores franceses analisaram os dados de 1063 pessoas
com mais de 65 anos residentes
nas regiões francesas daGirondae
daDordonha, duas cidades no sudoeste de França, que foram seguidas ao longo de 15 anos.
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