Diretoria de Portos e Costas
Curso de Meio Ambiente
Trabalho de Meio Ambiente
“ÁGUA DE LASTRO”
ANA PAULA ALMEIDA GOMES
AUXILIAR DE TREINAMENTO
OGMO/Santos
Santos
2004
Diretoria de Portos e Costas
Curso de Meio Ambiente
Introdução
Estamos vivendo na era da tecnologia o que trouxe para toda a
Humanidade muitos benefícios, mas em contra partida trouxe também muitos
problemas pela idéia que se criou, que para compreender a natureza era preciso
dominá-la.
Conseqüência disso foram ações humanas altamente agressivas ao meio
ambiente, e quem paga a conta dessas ações são todos que fazem parte do sistema.
Engana-se quem imagina que está à parte dessa problemática. Vivemos
em uma época de mudanças bruscas de temperatura, somos muitas vezes obrigados a
racionar água e energia, passamos por enchentes, somos intoxicados pelo ar que se
apresenta poluído, nos intoxicamos através de alimentos e muitas outras coisas que
nos acontecem por conta dessas ações praticadas pelo ser humano.
Então podemos dizer que todos são responsáveis pela preservação do
meio ambiente, pois todos sofrerão a reação ocasionada por uma ação indevida contra
ele.
Em relação às empresas, podemos dizer que a grande maioria ainda não
incorporou o meio ambiente em suas considerações cotidianas. Porém já é fato
amplamente conhecido que algumas organizações já começam a se preocupar com o
meio ambiente em virtude da legislação e da vigilância dos órgãos ambientais. Ë cada
vez mais é cobrado dos empresários uma postura chamada de “ecologicamente
correta”.
Hoje em dia é praticamente obrigatório fazer parte do currículo da
empresa ações que preservem ou que pelo menos não agridam ou agridam o menos
possível a natureza em seu redor. Muitas vezes é impossível executar uma atividade
sem interferir negativamente de alguma forma no meio ambiente.
É nessas horas que é importante o Homem se valer da evolução
tecnológica para encontrar o equilíbrio entre as atividades humanas e a preservação do
meio ambiente. Esse equilíbrio é difícil, mas não impossível e depende do esforço de
todos, por isso se torna indispensável à conscientização de todos sobre suas
responsabilidades.
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Agora trazendo esta situação para o cenário do nosso porto, podemos
dizer que enfrentamos muitos problemas relacionados a este assunto, que passa
desapercebido pelas pessoas envolvidas, muitas vezes pelo motivo das mesmas não
os conhecerem. E essa falta de conhecimento não atinge apenas os trabalhadores
avulsos como foi possível constatar, ela é abrangente a toda a comunidade portuária.
São poucos os que conhecem a verdadeira problemática ambiental enfrentada pelo
porto santista
Posso dizer que ao fazer esse curso eu mesma tomei conhecimento de
problemas que atinge nosso porto que eu não fazia nem idéia de sua existência. E por
esse motivo escolhi falar sobre “água de lastro”, pois dos vários assuntos que pesquisei
esse é um dos que eu não tinha noção que existia e nem fazia idéia da problemática
que ele pode trazer não só para as pessoas envolvidas com a operação portuária como
também para a comunidade que mora na região do porto.
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Água de Lastro – Um problema traduzido pela Modernidade
1. Fundamentação Teórica
De muitos problemas que atingem nosso porto, podemos destacar a
problemática que temos com a água de lastro, algo tão agressivo que pode trazer
conseqüências perigosas ao meio ambiente.
Primeiramente é importante definir o que é lastro, que consiste em
qualquer material usado para dar um peso e com isso dar estabilidade a um objeto.
Os navios necessitam de lastro para evitar que se partam aos
descarregarem seus porões. Há séculos eles carregaram lastros sólidos nas formas de
pedras, areias ou metais. Com o desenvolvimento da tecnologia isso mudou, hoje os
navios passaram a usar a água como lastro, o que trouxe uma facilidade muito grande
na hora de carregar e descarregar um navio, pois se trata de um procedimento mais
econômico e eficiente do que a forma antiga, ou seja, o lastro sólido.
O navio ao descarregar necessita encher seus tanques de água para
manter a estabilidade, balanço e integridade estrutural, e quando o navio está sendo
carregado, a água é lançada ao mar.
Ë aí que surge um grande problema ambiental, pois essa água dos lastros
pode conter vida marinha que consistem em uma das quatro maiores ameaças aos
oceanos, pois ao contrário de outras formas de poluição marinha, o meio ambiente
pode se recuperar, e a introdução de espécies marinhas são na maioria dos casos,
irreversível.
Estima-se que pelo menos sete mil espécimes diferentes de vida são
transportadas ao redor do mundo nos tanques de lastro dos navios, podendo causar
alterações em ecossistemas e com isso danos ao meio ambiente, predatorismo e
competição com espécimes nativas, redução e risco de eliminação de espécimes
nativas, elevados prejuízos econômicos, e por último a introdução de agentes
patogênicos com riscos a saúde humana.
Ao longo do tempo, espécies marinhas foram dispersadas por todos os
oceanos por meios naturais, levadas pelas correntes ou aderidas a troncos e entulhos
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flutuantes, barreiras naturais, tais como temperatura e massas de terra, evitaram que
várias espécies se dispersassem em determinados mares. Isso resultou nos padrões
naturais de biogeografia observados nos oceanos atualmente.
Na zona tropical separou as zonas de águas temperadas e frias do sul e
do norte. Isso permitiu que muitas espécies evoluíssem de forma bastante
independente nessas duas zonas, o que resultou em biodiversidades marinhas bem
diferentes entre sul e norte.
Nas áreas tropicais, as espécies não encontraram as mesmas barreiras.
Este fato é exemplificado pela relativa homogeneidade da biodiversidade marinha que
se estende pela imensa área do Indo-Pacífico, da costa leste da África até a costa
oeste da América do Sul.
Ao longo de séculos de navegações esse processo acontece também
através de espécies marinhas incrustadas aos cascos de navios e agora continua
através da água de lastro e de embarcações que percorrem esses oceanos em menos
tempo por conta de suas embarcações mais modernas e por isso mais ágeis,
completando suas viagens em menos tempo.
Há relatos de navios que permitiram que espécies marinhas das zonas
temperadas penetrassem nas zonas tropicais, e algumas das mais surpreendentes
introduções envolveram espécies das zonas temperadas do norte invadindo as zonas
temperadas do sul e vice-versa.
Na verdade, a maioria das espécies carregadas através da água de lastro
não sobrevive às viagens de navio, porém quando todos os fatores são favoráveis, uma
espécie introduzida, ao sobreviver e estabelecer uma população reprodutora no
ambiente hospedeiro, pode tornar-se invasora, competindo com as espécies nativas e
se multiplicando em proporções epidêmicas.
Resultado disso, ecossistemas inteiros vem sendo alterados. Pode-se dar
vários exemplos de impactos catastróficos para a saúde, economia e ambiente. Nos
Estados Unidos houve o problema com o mexilhão-zebra europeu que chegou a
infestar 40% das vias navegáveis e já exigiu um gasto de quase um bilhão de dólares
com medidas de controle entre os anos de 1989 a 2000. No sul da Austrália, uma alga
marinha de origem asiática invadiu rapidamente novas áreas australianas desalojando
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as comunidades nativas do solo oceânico. No Mar Negro, a água viva filtradora norteamericana atingiu densidades de 1 Kg de biomassa por m2 o que acarretou o
esgotamento do plâncton nativo de tal maneira que contribuiu para o colapso de toda a
pesca comercial nesse local. Também se observou em muitos paises a introdução de
algas microscópicas que provocam a “maré – vermelha” (dinoflagelados tóxicos). A
contaminação de moluscos filtradores, tais como ostras e mexilhões, utilizados na
alimentação humana, pode causar paralisia e até mesmo a morte. A lista segue, com
centenas de exemplos de importantes impactos econômicos, ecológicos e para a saúde
do homem em todo o mundo. Teme-se, inclusive, que doenças como a cólera possa ser
transportadas na água de lastro.
No século XIX, o Vale do Paraíba, região próxima a Baixada Santista foi
palco de uma ação causada por uma contaminação.Em novembro de 1894, registrouse que essa região estava sendo assolada por uma doença que provocava fortes
diarréias, e que levava à morte metade dos atingidos por ela. Tratava-se da pandemia
mundial da cólera, que atingiu o Vale por meios de trens que cruzavam a região.
Quase 110 anos, o temor voltou aos portos brasileiros, trazida por outro
meio de transporte. Em 2002 a Anvisa constatou a presença de microorganismos como
vibrião colérico, trazido nas águas de lastro, descarregadas nos portos brasileiros,
caracterizando risco à saúde pública.
Na época confirmou-se que em sete das noventa e nove amostras de
águas de lastros analisadas pela Anvisa havia bacilos da referida doença. Caso
considerado grave, pois das sete amostras contaminadas eram de navios atracados
nos portos de Fortaleza, Belém, Suape, Sepetiba e Santos.
Ao analisar os documentos das embarcações na época, a Anvisa
constatou que 95% das substituições da água de lastro ou não aconteceram em mar
aberto ou foram executadas apenas parcialmente, contrariando recomendações
internacionais. Isso não é um fato isolado, e o não comprimento dessas
recomendações, acarreta prejuízos enormes econômicos e ambientais.
Esse é um problema ambiental enfrentado pelos portos do mundo inteiro,
não é um privilégio apenas do porto santista, até por isso a preocupação atinge a todos.
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Conclusão
Hoje a prioridade é encontrar soluções tecnológicas que sejam viáveis
para se resolver este problema.
As medidas utilizadas atualmente não estão sendo eficazes, pois
constatasse que a recomendação de se fazer à troca oceânica de água de lastro não é
seguida pelos navios.
Estudos estão sendo realizados para outras alternativas para serem
aplicadas, que seriam o tratamento mecânico, como filtragem e separação, tratamento
físico, como esterilização por ozônio, luz ultravioleta, correntes elétricas e tratamento
térmicos ou ainda se fala até de tratamento químico, como adição de biocidas na água
de lastro para matar os organismos.
O que eu pode extrair de mais importante deste curso e que vem de
encontro com o assunto escolhido por mim é que devemos enfrentar os problemas
ambientais criados, no caso pelas atividades portuárias como algo que existe, que se é
necessário, mas que devemos encontrar um equilíbrio entre essa atividade e os
impactos criados por ela.
No caso da água de lastro, não é possível parar com essa prática, ela
existe e é necessária para a locomoção dos navios, além de se apresentar como uma
forma econômica.
Cabe às pessoas envolvidas encontrarem uma forma de amenizar ou até
mesmo evitar a contaminação de nosso mar por esta prática. Acima foram dadas
algumas sugestões, que para serem aplicadas deve-se levar em conta se elas são
viáveis à eficácia sem esquecer a parte econômica.
Promete-se para um futuro próximo, leis que regularizem essa prática e
punam-se os que não a cumprirem.
Hoje, em relação ao Brasil, segue se a Norma 08, de 2000, que exige para
os navios que descarregarem suas águas de lastro nas águas jurisdicionais brasileiras,
o preenchimento do Relatório de Águas de Lastro, em duas vias, uma das quais deve
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permanecer a bordo para eventuais fiscalização e a outra deve ser recolhida pelo órgão
federal competente.
Cabe a nós cobrarmos dos órgãos competentes que esta norma seja
seguida e que nossas águas sejam sempre analisadas para evitar um mal maior, pois
além
das
atividades
portuárias
estarem
comprometidas
com
uma
possível
contaminação, estaria também em risco a saúde de toda uma população que depende
desse mar.
Não podemos esquecer jamais que esse mar que vemos todos os dias
pela manhã ao irmos trabalhar, deve ser preservado, pois nos dá o sustento em nossas
atividades portuárias, nos dá o peixe que comemos, nos oferece a água que usamos e
serve como lazer em nossas horas de descanso, vamos cuida dele com muito carinho,
pois ele tem muito a nos oferecer.
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Bibliografia
http/globollast.imo.org/index.asp.page
Diretrizes para o Controle e Gerenciamento da Água de Lastro de Navios.
Brasil. Água de Lastro – ANVISA – Projetos GGPAF 20002
Jornal A Tribuna / dez 2003
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