Anais do IX Congresso Brasileiro de Redes Neurais /Inteligência Computacional (IX CBRN) Ouro Preto 25-28 de Outubro de 2009 ©Sociedade Brasileira de Redes Neurais CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA EMPREGANDO A ANÁLISE DOS GASES DISSOLVIDOS NO ÓLEO ISOLANTE Armando D. Neto1, Tereza C. B. N. Assunção e José T. Assunção2, 1 Universidade Federal de São João del-Rei - UFSJ Bolsista de Iniciação Científica - Curso de Engenharia Elétrica São João del-Rei, MG, Brasil 2 Universidade Federal de São João del-Rei - UFSJ Depto Engenharia Elétrica - DEPEL São João del-Rei, MG, Brasil [email protected]; [email protected]; [email protected] Resumo – Neste artigo é apresentada uma análise comparativa entre os métodos clássicos de diagnóstico de falhas incipientes em transformadores através da análise dos gases dissolvidos no óleo isolante e ferramentas inteligentes, como as redes neurais e a máquina de vetores suporte baseada nos mínimos quadrados Palavras-chave – Transformadores, Óleo isolante, Redes Neurais Artificiais, LS-Máquina de Vetores Suporte. 1. Introdução Os transformadores são uns dos equipamentos mais caros e vitais de um sistema elétrico de potência. Faltas em transformadores podem resultar em interrupções da transmissão de energia, ocasionando assim prejuízos financeiros para diversos setores da economia. Por isso um grande esforço vem sendo empregado a fim de se prever e corrigir possíveis falhas nestes equipamentos antes da ocorrência de uma falta que o retire de operação. No Brasil, o interesse por técnicas de diagnóstico de falhas incipientes em transformadores, tem aumentado nos últimos anos devido ás mudanças estruturais no setor de energia elétrica, que promovem a competição em todos os níveis e estabelecem índices mais rigorosos de qualidade técnica e de serviço. Neste ambiente altamente regulado faz-se necessário melhorar o desempenho operacional e a confiabilidade dos transformadores, principalmente porque tais equipamentos operam atualmente sob condições muito mais severas do que quando foram instalados, seja por razões técnicas associadas ao envelhecimento natural, regimes de carregamento ou desgastes promovidos por esforços elétricos e mecânicos. Os sistemas de monitoramento de transformadores utilizam tanto os ensaios elétricos quanto fazem o acompanhamento do estado do óleo isolante através de análise físico-química e cromatográfica. Algumas técnicas convencionais de manutenção de transformadores requerem que estes sejam tirados de operação, para que seja feito o diagnóstico das suas condições de funcionamento. Mas, com a evolução da tecnologia têm sido desenvolvidos diversos sistemas de monitoramento on-line, através de sensores e sistemas de aquisição de dados, que possibilitam que os transformadores não tenham que ser retirados de operação, para que seja feito um diagnóstico sobre possíveis falhas incipientes. Por falhas incipientes entendem-se aquelas que estão em um estágio inicial e promovem a decomposição do material isolante e, portanto, estão associadas ás concentrações de gases formados no interior do transformador. Tais falhas podem evoluir e levar á retirada de serviço da unidade. Os métodos empregados para a análise de gases dissolvidos no óleo isolante (DGA) são os seguintes: IEEE C57.104-1991, Método de Doernenburg, Método de Rogers, IEC 60599, Triângulo de Duval e Método dos Gases Chave [1]. Um problema associado aos métodos de DGA convencional é a dependência da decisão final por parte de um especialista. Pois, transformadores de diferentes fabricantes, nível de tensão e potência, estrutura, material utilizado no sistema de isolamento, tipo de carregamento e histórico de manutenção podem apresentar diferentes características quanto à produção de gases e, portanto necessitam, na maioria dos casos, serem considerados individualmente. Observa-se ainda que o nível e período de formação dos gases dependem da idade dos transformadores e também da localização, natureza e severidade das falhas a que são submetidos. Todos os fenômenos relacionados á formação de gases em transformadores e sua correlação com as falhas incipientes são caracterizados por imprecisões, incertezas nas medidas e não-linearidades não modeladas. Portanto, métodos convencionais de interpretação da análise dos gases combinados com métodos baseados em inteligência computacional, em especial os sistemas nebulosos e neurais, podem ser empregados de forma eficiente para o diagnóstico automático de falhas incipientes. Por isso, o objetivo deste trabalho é fazer a comparação dos métodos clássicos (Método de Rogers, de Doernenburg, Triângulo de Duval, NBR 7274) com sistemas inteligentes (Redes Neurais Articiais e Máquina de Vetores Suporte baseada nos mínimos quadrados), para a classificação de transformadores em relação às falhas incipientes. 2. Diagnóstico de Falhas Incipientes Transformadores em serviço estão sujeitos às falhas devido aos estresses térmicos e elétricos. Essas falhas afetam principalmente a isolação, levando à decomposição do óleo mineral e da celulose, com a geração de gases que ficam dissolvidos no óleo isolante. A análise destes gases serve de indicativo para possíveis falhas [1-2]. Os gases mais comumente encontrados no óleo de transformadores em operação são: oxigênio, hidrogênio, monóxido de carbono, metano, etano, etileno, acetileno, chamados de gases chaves; e a sua presença pode indicar: • Hidrogênio (H2): grandes quantidades são relacionadas ao efeito corona; • Hidrogênio (H2), Metano (CH4), Etano (C2H6), e Etileno (C2H4): são resultantes da decomposição térmica do óleo; • Monóxido (CO) e Dióxido de Carbono (CO2): produzidos pelo envelhecimento térmico do papel; • Acetileno (C2H2): associados a arcos elétricos no óleo. O método de Rogers utiliza para determinar a condição de operação do transformador, quatro relações com os cinco gases envolvidos no processo da deterioração do material isolante. Para cada codificação das relações e seqüência de código é associado um tipo de falha, conforme as Tabelas 1 e 2. Relação do gás CH4/H2 C2H2/CH4 C2H4/C2H6 C2H2/C2H4 Faixa Não maior que 0.1 Entre 0.1 e 1.0 Entre 1.0 e 3.0 Não menor que 3.0 Menor que 1.0 Não menor que 1.0 Menor que 1.0 Entre 1.0 e 3.0 Não menor que 3.0 Menor que 0.5 Entre 0.5 e 3.0 Não menor que 3.0 Código 5 0 1 2 0 1 0 1 2 0 1 2 Tabela 1 . Método das Razões de Rogers. CH4/H2 0 5 1 ou 2 1 ou 2 0 0 1 1 0 0 0 5 C2H2/CH4 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 C2H4/C2H6 0 0 0 0 0 0 1 2 0 1 ou 2 2 1 ou 2 C2H2/C2H4 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 ou 2 2 1 ou 2 Diagnóstico Deterioração normal Descarga parcial Leve sobre aquecimento – abaixo de 150°C Leve sobre aquecimento – entre 150 e 200 °C Leve sobre aquecimento – entre 200 e 300 °C Sobreaquecimento geral do condutor Correntes de circulação no enrolamento Correntes circulantes no tanque e no núcleo Flashover sem conseqüência elétrica Arco com conseqüência elétrica Centelhamento Descarga parcial com trilha (presença de CO) Tabela 2 . Diagnóstico do Método das Razões de Rogers 2 O método de Doernenburg também se baseia em relações entre os gases, porém, diferentemente do método de Rogers, não codifica as relações, ou seja, ele associa diretamente os valores relativos dos gases com as condições de falta dos transformadores, conforme a Tabela 3. Este método não prevê funcionamento normal do transformador, porém ele estabelece certas condições para a validação do método, segundo a Tabela 4. Relações Entre Concentrações De Gases Tipo de Falha Ponto quente Relações Principais Relações Auxiliares CH4/H2 C2H2/C2H4 C2H6/C2H2 C2H2/CH4 >1 < 0,75 > 0,4 < 0,3 Não Descarga parcial < 0,1 > 0,4 < 0,3 significativo Outros tipos <1e > 0,75 < 0,4 > 0,3 de descarga > 0,1 Tabela 3. Método das Razões de Doernenburg. Gás H2 CH4 CO C2H2 C2H4 C2H6 Limite [ppm] 100 120 350 35 50 65 Tabela 4. Limite de Doernenburg. O método desenvolvido por Duval utiliza as quantidades percentuais relativas de três gases: acetileno, metano e etano. A relação entre as quantidades relativas dos gases e as falhas a elas associadas, é descrita através de um triângulo, como mostrado na Figura 1. Figura 1. Representação gráfica do método de Duval. O método do gás chave identifica o gás precursor de cada tipo de falta e usa o percentual deste gás para a sua identificação. A interpretação da análise de gases dissolvidos no óleo é baseada em um conjunto simples de fatos. Por exemplo, as descargas parciais ou a produção de corona são devidas principalmente ao H2 e com traços de gases derivados de hidrocarbonetos, portanto, o gás chave para descargas parciais ou corona é o H2, ou seja, a descarga parcial e o corona podem ser detectados se o percentual da quantidade de H2 for significativa em uma amostra de óleo. Os métodos convencionais, apresentados anteriormente, são aqueles cujo diagnóstico está associado a intervalos para concentrações dos gases e/ou das razões entre estas. Tais métodos formam a base para padronização realizada pelo IEEE, IEC e ABNT [3-5]. A IEEE C57. 104, a IEC 599 e a ABNT NBR-7274, por exemplo, apresentam uma revisão do método das razões de Rogers. Ao aperfeiçoar o 3 método de Rogers, a IEEE/IEC/ABNT excluíram a utilização da razão C2H6/CH4, conforme mostrado na Tabela 5, pois, esta razão não era utilizada para identificação da falha, mas somente para indicar o intervalo de temperatura da decomposição. Na tabela 6 é apresentado o diagnóstico do método de Rogers revisado. Intervalo das Razões < 0.1 0.1-1 1-3 >3 Códigos CH4 C2H2/C2H4 C2H4/C2H6 0 1 0 1 0 0 1 2 1 2 2 2 Tabela 5 . Códigos da IEEE, IEC e ABNT para o método de Rogers revisado. Falha Condição normal Descargas parciais de baixa densidade de energia Descargas parciais de alta densidade de energia Descargas de energia reduzida Descargas de alta energia Falha térmica de baixa temperatura (<150 ºC) Falha térmica de baixa temperatura (150-300 °C) Falha térmica na faixa de 300-700 °C Falha térmica de alta temperatura (>700 ºC) CH4 0 Códigos C2H2/C2H4 C2H4/C2H6 0 0 0 1 0 1 1 0 1 0 0 1 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 1 1 0 1 Tabela 6. Diagnóstico do Método das Razões de Rogers Revisado. 3. Sistemas inteligentes usados na detecção de faltas incipientes Os métodos do gás chave, de Rogers e de Dornenburg são facilmente implementados, e apresentam bons resultados de diagnóstico para a prevenção ou após a ocorrência de faltas severas em transformadores, mas podendo ser pouco sensíveis na detecção de faltas incipientes. Entretanto, podem ser usados como guias para os sistemas inteligentes baseados em inteligência Artificial [6-11]. A aplicação dos sistemas inteligentes para o diagnóstico de falhas incipientes em transformadores, e conseqüentemente, para a classificação dos transformadores em relação ao seu envelhecimento é particularmente interessante, pois, os sistemas inteligentes são capazes de adquirir conhecimento diretamente dos dados e assim revelar relações não-lineares entre as entradas e saídas, que ainda são desconhecidas pelos especialistas. 3.1. Redes Neurais Artificiais A Rede Neural Artificial (RNA) é um modelo matemático computacional que tem como base as redes neurais biológicas. Seu funcionamento pode ser descrito da seguinte forma [12]: 4 • • • • • A RNA processa a informação em várias unidades denominadas neurônios; A informação é transmitida de neurônio a neurônio através de um elo de conexão; Cada conexão tem um peso associado; Cada neurônio aplica uma função de ativação ao seu sinal de entrada (soma dos pesos multiplicados pelos sinais de cada elo) e em seguida acrescenta uma constante no seu valor de saída (bias); A RNA é caracterizada, basicamente, pela sua arquitetura (padrão de conexão entre os neurônios), método de determinação dos seus pesos e bias (tipo treinamento) e pela função de ativação presente em cada camada. A seleção das características de entrada é o primeiro passo essencial para a configuração de uma RNA. Deve ser uma escolha muito cuidadosa, de modo que as entradas reflitam as características do problema a ser modelado. Outra tarefa importante no projeto de uma RNA é a escolha da topologia da rede. Isto é feito, experimentalmente, através de processos repetitivos para aperfeiçoar o número de nós e de camadas escondidas, de acordo com o processo de treinamento e a precisão desejada. O número de neurônios da camada de entrada deve ser igual ao número de entradas, e o número de neurônios da camada de saída é normalmente definido em função do número das variáveis de controle. A Rede Neural Artificial é treinada com um conjunto de dados de entradas e saídas, para que possa reconhecer seu padrão e assim, ao se aplicar uma entrada que não participou de seu treinamento, ela possa gerar uma saída que obedeça ao padrão do conjunto de dados do qual foi treinada. 3.2. LS-Máquinas de Vetores Suporte A máquina de vetores suporte baseada nos mínimos quadrados (LS-SVM) é uma ferramenta que foi desenvolvida recentemente por Suykens [13], e vem sendo usada para em diversas aplicações, principalmente para a classificação de sistemas dinâmicos lineares e não lineares. Esta ferramenta possui grande semelhança com a Máquina de Vetores Suporte, porém tem um custo computacional menor. As suas vantagens são: • Boa capacidade de generalização: os classificadores gerados por uma SVM em geral alcançam bons resultados de generalização. A capacidade de generalização de um classificador é medida por sua eficiência na classificação de dados que não pertençam ao conjunto utilizado em seu treinamento. • Robustez em grandes dimensões: as SVM são robustas diante de objetos de grandes dimensões, como, por exemplo, imagens. • Convexidade da função objetivo: a aplicação das SVM implica na otimização de uma função quadrática, que possui apenas um mínimo global. Esta é uma vantagem sobre, por exemplo, as Redes Neurais Artificiais, em que há a presença de mínimos locais na função objetivo a ser minimizada. • Teoria bem definida: as SVM possuem uma base teórica bem estabelecida dentro da Matemática e Estatística. Em comparação a Máquinas de Vetores Suporte (SVM), a LS-SVM tem algumas propriedades mais amigáveis, relativas à sua implementação e ciclo de aprendizagem. A SVM tradicional seleciona alguns vetores que são importantes na regressão (vetores suporte), enquanto a versão dos mínimos quadrados usa todos os vetores para a solução do problema. Esta é uma propriedade interessante da SVM, porque fornece uma informação adicional relativa ao processo, e uma solução mais efetiva com um sistema menor. Esta esparsidade também pode ser alcançada com a LS-SVM, justificando o seu emprego para a função classificação. 4. Metodologia A proposta deste trabalho é o desenvolvimento de uma ferramenta para a classificação dos transformadores, usando a análise dos gases dissolvidos no óleo isolante. Para tanto foram estudados e 5 implementados os métodos clássicos, as redes neurais artificiais e a LS Máquinas de Vetores Suporte, utilizando bancos de dados de ensaios cromatográficos dos gases dissolvidos em óleo isolante de diversos transformadores. Dessa forma, tanto as RNA quanto a LS-SVM podem ser vistas como ferramentas que fornecem alternativas ás metodologias convencionais de ensaios, produzindo resultados motivadores, principalmente devido às características intrínsecas de tais técnicas, como a capacidade de generalização e a facilidade de integração com outras ferramentas computacionais. 4.1. Implementação da RNA A Perceptron de Múltiplas Camadas (MLP) utilizada apresenta cinco neurônios na camada de entrada, doze neurônios na camada intermediária e três neurônios na camada de saída. As funções de ativação utilizadas em cada camada foram, respectivamente, tangente sigmóide, tangente sigmóide e logaritmíca sigmóide. Como a MLP não apresenta saída binária foi utilizada a estratégia do neurônio vencedor para se fazer a classificação. Como a rede apresenta três neurônios de saída, ao neurônio que apresenta o maior é arbitrado 1 como valor de saída, e aos outros dois neurônios é arbitrado 0 como valor de saída. A rede neural foi implementada usando rotinas do Neural Toolbox do Matlab [14]. 4.2. Implementação da LS-SVM Para classificação usando a LS-SVM foram utilizadas duas redes, uma para determinar se os transformadores estavam funcionando em condição de falta ou de normalidade e outra para determinar se os transformadores em condição de falta, apresentavam sobre aquecimento ou falha elétrica. A LSSVM foi implementada com as rotinas do LS-SVMlab Toolbox Versão 1.5 [15]. 5. Apresentação e Análise dos resultados As redes usadas neste trabalho, a Perceptron de Multicamadas (MLP) e a LS- Máquina de Vetores Suporte (LS-SVM), foram treinadas com um conjunto de 246 dados e testadas com dados de 30 transformadores (TR). Para a comparação, os métodos clássicos, a RNA e a LS-SVM foram testados com o mesmo conjunto de dados. As entradas da rede são vetores com as concentrações de H2, CH4, C2H2, C2H4 e C2H6 em partes por milhão (ppm). As saídas são as faltas térmicas ou sobre aquecimento, falha elétrica ou ainda saída normal, caso os dados de entrada não impliquem em falha no transformador. Para a implementação das redes foram usados o Neural Toolbox e o LS-SVMLAB Toolbox 1.5 [14-15], ambos para ambiente MATLAB, pois o desenvolvimento de rotinas inovadoras de aprendizagem para as redes foge ao objetivo deste trabalho. Na tabela 7, são apresentados os valores das concentrações de gases usados para a aplicação dos métodos convencionais, da RNA e da LS-SVM utilizados para a classificação dos transformadores em relação a sua condição de operação. Na tabela 8 são apresentados os resultados da simulação empregando os métodos convencionais e das redes para a classificação dos transformadores em relação ao diagnóstico de faltas. Na tabela 9 tem-se que o método de Rogers apresentou 33,33% de acertos, o método de Duval apresentou 40%, o de Doernenburg apresentou 50%, e o método previsto na NBR7274 apresentou 50% de acertos. Estes índices de acertos estão bem abaixo dos apresentados pela MLP, com 83,33% de acertos e a LS-SVM com 70% de acertos. Estes resultados mostram que as ferramentas inteligentes são promissoras na detecção de falhas incipientes em transformadores de potência. 5. Conclusão Neste trabalho descreveu-se a ferramenta desenvolvida para a implementação dos métodos de diagnósticos baseados na análise dos gases dissolvidos no óleo isolante. A proposta reúne em um único sistema a possibilidade da realização do diagnóstico de falhas incipientes utilizando diversos métodos e o acompanhamento do histórico da análise cromatográfica dos gases. A utilização do diagnóstico baseado em métodos convencionais é importante, pois, a grande maioria dos especialistas utiliza esses métodos para elaboração de laudos, entretanto o diagnóstico realizado desta forma é resultado de uma análise que 6 se apóia no conhecimento empírico do especialista, principalmente no que diz respeito a solucionar as inconsistências (problemas de não-decisão) e conflitos entre métodos de diagnóstico. TR 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 H2 40 600 6 1230 630 20 24 30 645 110 19 16 1600 95 200 13 48 44 595 94 290 56 420 1790 0 14 8800 34 1330 230 CH6 62 1800 2 163 670 3 3 520 86 860 9 1 55000 10 110 10 12 95 80 5 16 6 1400 580 1200 3 64064 41 10 120 Gases [ppm] C2H4 C2H2 11 1 3800 130 7 0,4 233 692 1100 1700 5 0,4 8 0,4 1000 0,4 110 317 1500 1800 7 0,4 1 0,4 74000 9300 11 39 150 230 55 0,4 18 0,4 13 0,4 89 244 25 20 12 0,4 7 10 1500 7 336 919 1900 4400 12 0,4 9565 0,4 5 0,4 66 182 220 740 C2H6 51 520 5 27 81 2 4 310 13 300 20 1 42000 0,4 12 3 14 33 9 4 24 5 640 321 130 3 72128 69 20 14 Tabela 7. Teor de gases nos transformadores. TR DF Métodos R DV DB NBR IEC RNA 1 N SA NP N SA SA SA 2 N NP NP SA SA SA SA 3 SA NP FE N SA SA N 4 FE FE FE NP FE FE FE 5 FE NP FE NP NP NP FE 6 N SA FE N SA SA N 7 SA NP FE N SA SA N 8 FE NP FE SA SA SA SA 9 FE FE FE NP FE FE FE 10 N NP FE NP NP NP FE 11 N SA FE N N N N 12 SA NP FE N NP NP N 13 FE NP FE SA NP NP SA 14 FE FE FE N FE FE FE 15 N FE FE NP FE FE FE 16 N NP FE N NP NP N 17 SA NP FE N SA SA N 18 FE SA FE N SA SA N 19 FE FE FE NP FE FE FE 20 N NP FE N NP NP FE 21 N NP FE N FE FE N 22 SA FE FE N FE FE FE 23 FE NP FE SA SA SA SA 24 FE FE FE NP FE FE FE 25 N FE FE NP FE FE FE 26 SA NP FE N NP NP N 27 SA NP FE SA SA SA SA 28 SA SA FE N SA SA SA 29 FE NP FE FE NP NP FE 30 FE FE FE NP FE FE FE TR = Transformador; D = Diagnóstico; N = Normalidade; SA = Sobreaquecimento; FE = Falha Elétrica; NP = Falha Não Prevista, R = Método de Rogers; DV = Método de Duval; DB = Método de Doernenburg; NBR = NBR 7274; IEC = IEC Standard 60599. LS SA FE N FE FE N N FE FE FE N N FE FE FE N N SA FE FE FE FE FE FE FE N FE SA FE FE Tabela 8. Resultados de Diagnósticos. Método Índice de acerto [%] Rogers 33,33 Duval 40,00 Dornenburg 50,00 NBR 7274 50,00 IEC 60599 50,00 LS-SVM 70,00 Rede Neural 83,33 Tabela 9. Índice de acertos As redes neurais acrescentam à ferramenta uma característica fundamental para resolver os problemas de conflitos entre os diferentes métodos devido a sua capacidade de generalização. Os resultados apresentados demonstram a capacidade da rede neural, como uma ferramenta de diagnóstico 7 para identificar falhas incipientes em transformadores de potência e solucionar inconsistências normativas. A LS-SVM também se mostra bem superior aos métodos clássicos no diagnóstico de falhas incipientes em transformadores de potência. Quando treinada e testada com um número mais significativo de dados, ela apresentou índice de acertos bem próximo ao apresentado pelas redes neurais, porém tendo como vantagem que sua implementação é bem mais simples que a da MLP. Agradecimentos: Este trabalho foi realizado com apoio financeiro do CNPq. Referências: [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10] [11] [12] [13] [14] [15] Assunção, T. C. B. N. Contribuição à Modelagem e Análise do Envelhecimento de Transformadores de Potência, Tese de Doutorado, Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, 2007. Singh, J., Sood, Y. R., Jarial, R. K., Verma, P., Condition Monitoring of Power Transformers - Bibliography Survey, IEEE Electrical Insulation Magazine, vol. 24, n° 3, May/June 2008, pag. 11-25. IEEE Guide for the Interpretation of Gases Generated in Oil-Immersed Transformers, C57.104-1991, 1992. 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