COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Prevenção e controlo integrados da poluição Documento de referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Cerâmica Dezembro de 2006 Prevenção e controlo integrados da poluição Documento de referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Cerâmica Dezembro de 2006 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Este documento pertence a uma série de documentos previstos de acordo com a lista abaixo (à data da redacção deste, nem todos os documentos tinham sido finalizados): Código Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis LCP REF I&S FMP NFM SF STM CL GLS CER LVOC OFC POL CAK LVIC-AAF LVIC-S SIC CWW WT WI MTWR PP TXT TAN SA FDM ILF STS CV ESB Grandes Instalações de Combustão Refinarias de Petróleo e Gás Produção de Ferro e Aço Indústria de Processamento de Metais Ferrosos Indústria dos Metais não Ferrosos Indústria das Forjas e Fundições Tratamento de Superfície de Metais e Plásticos Indústria de Produção de Cimento e Cal Indústria do Vidro Indústria Manufactureira Cerâmica Indústria de Compostos Orgânicos em Grande Tonelagem Fabrico de Compostos de Química Orgânica Fina Produção de Polímeros Indústria do Cloro e Álcalis Fabrico de Compostos Inorgânicos em Grandes Tonelagens – Amónia, Ácidos e Fertilizantes Fabrico de Compostos Inorgânicos em Grandes Tonelagens – Sólidos e Outros Química Inorgânica de Especialidades Sistemas de Tratamento/Gestão de Águas e Gases Residuais na Indústria Química Indústria de Tratamento de Resíduos Incineração de resíduos Gestão de Resíduos e Estéreis da Actividade Mineira Indústria da Pasta e do Papel Indústria Têxtil Curtimento de Couros e Peles Matadouros e Indústria de Transformação de Subprodutos de Origem Animal Processamento de Alimentos, Bebidas e Leite Criação Intensiva de Aves de Capoeira e Suínos Tratamento de Superfícies com Solventes Orgânicos Sistemas de Refrigeração Industrial Emissões Resultantes de Armazenamento Documento de referência... MON ECM ENE Princípios Gerais de Vigilância Aspectos Económicos e de Efeitos Conjugados Técnicas de Eficiência Energética Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva RESUMO Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica A apresentação da versão em português do documento MTD (Melhores Tecnologias Disponíveis), é um importante instrumento de trabalho que agora pomos à disposição dos Empresários e Quadros Técnicos das Empresas do Sector de Cerâmica, com vista à viabilidade comercial das empresas que o constituem. Diremos mesmo que se trata de um documento elementar a essa viabilidade, já que nele se contém as tecnologias, os processos e os métodos de referência para que o nível desejado de sustentabilidade das empresas e da própria indústria, possa ser alcançado ao longo de um período considerável de tempo, em instalações que sejam objecto de manutenção e exploração adequadas. Para as instalações existentes, os níveis gerais das MTD não constituem o limite da ambição desejável, mas sim a procura de que esses níveis possam ser excedidos, de acordo com a aplicabilidade técnica e económica das técnicas em cada caso. Os níveis associados às MTD´s descritos não são valoreslimite de emissão nem de consumo, não devendo ser interpretados como tal, como se especifica claramente em vários pontos do documento, mais concretamente na introdução do Capítulo 5. Por outro lado, e não se tratando de normas jurídicas vinculativas, permitirão sobretudo fornecer informações para orientação da indústria, de modo a garantir um elevado grau de protecção das várias vertentes ambientais. Como o próprio nome indica trata-se de um documento de referência e não de uma norma ou Regulamento. É importante salientar que, de acordo com os relatórios conhecidos, as fábricas que já adoptaram as MTD, com elevado grau de produção, pessoal altamente qualificado e que investem em I&D, são viáveis a longo prazo. Porém, há muitas instalações onde é importante uma implementação prudente, baseada numa ponderação cautelosa dos planos de aperfeiçoamento económico e ambiental e das limitações da própria empresa, para se atingir um rendimento ambiental e económico sustentáveis, sem correr o risco de encerramento. A constatação de que estamos perante um documento de referência sectorial, e de que importa por isso divulgar e aprofundar o seu conhecimento, justificou o esforço e empenhamento possíveis por parte da APICER mas, mesmo assim, só foi possível concretizar este trabalho graças ao apoio dado pela Direcção Geral de Geologia e Energia e pelo CEDINTEC, entidades às quais agradecemos o acolhimento favorável que deram a esta publicação. Um agradecimento também devido à tradutora Drª Cláudia Jorge e Engº Baio Dias e Engª Marisa Almeida do Centro Tecnológico da Cerâmica e Vidro, pelo esforço conjugado num trabalho de tradução muito técnica e por isso com elevado grau de complexidade. COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva PREFÁCIO Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 1. Estatuto do presente documento Excepto indicação em contrário, as referências a «a Directiva» contidas neste documento referem-se à Directiva do Conselho 96/61/CE em matéria de prevenção e controlo integrados da poluição. Dado que a Directiva se aplica sem prejuízo das provisões comunitárias sobre saúde e segurança no local de trabalho, o mesmo sucede com este documento. O presente documento faz parte de uma série que apresenta os resultados de um intercâmbio de informações entre os Estados-membros e as indústrias da UE sobre as melhores técnicas disponíveis (MTD), a monitorização a elas associada e a sua evolução. *[É publicado pela Comissão Europeia, de acordo com o nº 2 do Artigo 16º da Directiva e, por conseguinte, tem de ser tido em conta, de acordo com o Anexo IV da Directiva, quando se determinam as «melhores técnicas disponíveis»]. * Nota: os parênteses rectos serão removidos uma vez terminado o procedimento de publicação pela Comissão. 2. Obrigações legais relevantes da Directiva IPPC e definição de MTD Para auxiliar o leitor a compreender o contexto legal em que foi redigido este documento, descrevemos neste prefácio algumas das provisões mais relevantes da Directiva IPPC, incluindo a definição do termo «melhores técnicas disponíveis». Esta descrição será inevitavelmente incompleta e é apresentada apenas a título informativo, não possuindo valor legal e não alterando ou prejudicando, seja em que medida for, as actuais provisões da Directiva. O objectivo da Directiva é alcançar a prevenção e o controlo integrados da poluição criada pelas actividades enumeradas no seu Anexo I, de modo a alcançar um nível elevado de protecção do ambiente no seu todo. A base legal da Directiva relaciona-se com a protecção ambiental. A sua concretização deve ainda levar em consideração outros objectivos Comunitários, como a competitividade da indústria da Comunidade, contribuindo assim para o seu desenvolvimento sustentado. Mais especificamente, coloca em prática um sistema de autorizações para certas categorias de instalações industriais, requerendo da parte tanto de operadores como de reguladores que considerem de um ponto de vista integrado e global o potencial poluidor e consumidor das instalações. O objectivo global de uma abordagem integrada desta natureza tem de ser o de melhorar a gestão e o controlo dos processos industriais para que garantam um nível elevado de protecção do ambiente no seu todo. Essencial para esta abordagem é o princípio geral enunciado no Artigo 3º, segundo o qual os operadores devem tomar todas as medidas preventivas adequadas contra a poluição, em particular pela aplicação das melhores técnicas disponíveis que lhes permitam aperfeiçoar o seu desempenho ambiental. Oetermo «melhores técnicas disponíveis» é definido no nº 11 do Artigo 2º da Directiva como «a fase de desenvolvimento mais eficaz e avançada das actividades e dos respectivos modos de exploração, que demonstre a aptidão prática de técnicas específicas para constituir, em princípio, a base dos valores-limite de emissão com vista a evitar e, quando tal não seja possível, a reduzir de em modo geral as emissões e o impacto no ambiente no seu todo». O nº 11 do Artigo 2º prossegue e esclarece esta definição do seguinte modo: entende-se por «técnicas» tanto as técnicas utilizadas como o modo como a instalação é projectada, construída, conservada, explorada e desactivada, entende-se por «disponíveis» as técnicas desenvolvidas a uma escala que possibilite a sua aplicação no contexto do sector industrial em causa, em condições económica e tecnicamente viáveis, tendo em conta os custos e os benefícios, quer essas técnicas sejam ou não utilizadas ou produzidas no território do Estado-membro em questão, desde que sejam acessíveis ao operador em condições razoáveis, consideram-se «melhores» as técnicas mais eficazes para alcançar um nível geral elevado de protecção do ambiente no seu todo. Além disso o Anexo IV da Directiva contém uma lista de «Elementos a ter em conta em geral ou em casos específicos na determinação das melhores técnicas disponíveis... tendo em conta os custos e benefícios que podem resultar de uma acção e os princípios de precaução e de prevenção». Estes elementos abrangem as informações publicadas pela Comissão por força do nº 2 do Artigo 16º. Cabe às autoridades competentes responsáveis pelo licenciamento atender aos princípios gerais definidos no Artigo 3º quando determinam as condições da licença. Estas condições têm de incluir os valores-limite de emissão, suplementados ou substituídos, na medida do necessário, por parâmetros ou medidas técnicas equivalentes. De acordo com o nº 4 do Artigo 9º da Directiva, estes valores-limite de emissão, parâmetros ou medidas técnicas equivalentes devem, sem prejuízo do cumprimento dos padrões de qualidade ambiental, basear-se nas melhores técnicas disponíveis, sem impor a utilização de uma técnica ou de uma tecnologia específicas, e tomar em consideração as características técnicas da instalação em causa, a sua implantação geográfica e as condições locais do ambiente. Em qualquer dos casos, as condições de licenciamento devem prever disposições relativas à minimização da poluição a longa distância ou transfronteiras e garantir um nível elevado de protecção do ambiente no seu todo. De acordo com o Artigo 11º da Directiva, os Estados-membros zelam por que a autoridade competente se mantenha ou seja informada da evolução das melhores técnicas disponíveis. COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 3. Objectivo do presente documento O nº 2 do Artigo 16º da Directiva requer que a Comissão organize «o intercâmbio de informações entre os Estadosmembros e as indústrias interessadas sobre as melhores técnicas disponíveis, as medidas de monitorização associadas e a sua evolução», publicando os resultados deste intercâmbio. O objectivo do intercâmbio de informação é apresentado no considerando 25 da Directiva, que declara que «o progresso e intercâmbio de informação ao nível comunitário relativamente às melhores técnicas disponíveis contribuirão para a correcção dos desequilíbrios tecnológicos na Comunidade, a divulgação ao nível mundial dos valores-limite estabelecidos e das técnicas utilizadas na Comunidade e a aplicação eficaz da presente directiva pelos Estados-membros». A Comissão (DG do Ambiente) estabeleceu um fórum de intercâmbio de informação (IEF) para auxiliar os trabalhos realizados ao abrigo do nº 2 do Artigo 16º, tendo sido estabelecidos diversos grupos técnicos de trabalho sob a sua égide. Tanto o IEF como os grupos técnicos de trabalho integram representantes dos Estados-membros e da indústria, conforme estipula o nº 2 do Artigo 16º. O objectivo desta série de documentos é reflectir com exactidão o intercâmbio de informação que teve lugar em conformidade com o nº 2 do Artigo 16º e proporcionar informações de referência para a autoridade licenciadora ter em conta ao determinar as condições de licenciamento. Ao prestar informação relevante sobre as melhores técnicas disponíveis, estes documentos devem actuar como ferramentas valiosas para o impulsionamento do desempenho ambiental. 4. Fontes de informação Este documento representa um resumo de informação coligida a partir de diversas fontes, abrangendo, em particular, os conhecimentos especializados dos grupos estabelecidos para auxiliar a Comissão no seu trabalho e verificados pelos serviços da Comissão. Estamos muito gratos por todas as contribuições. 5. Como entender e utilizar este documento A informação prestada neste documento destina-se a ser utilizada como contributo para a determinação das MTD em cada caso específico. Quando se determinam as MTD e se estabelecem as condições de licenciamento nelas baseadas, há que ter sempre em conta o objectivo global para atingir um nível elevado de protecção do ambiente no seu todo. A restante parte desta secção descreve o tipo de informação proporcionada em cada secção deste documento. Os Capítulos 1 e 2 prestam informações gerais sobre a indústria manufactureira cerâmica e os processos industriais nela utilizados. O Capítulo 3 proporciona dados e informação relativa aos actuais níveis de emissões e consumo, reflectindo a situação nas instalações existentes à data da sua redacção. O Capítulo 4 descreve com mais pormenor as técnicas de redução de emissões e outras consideradas mais relevantes para a determinação das MTD e condições de licenciamento nelas baseadas. Esta informação inclui os níveis de consumo e de emissõeseconsiderados atingíveis recorrendo à técnica, alguma ideia dos custos e das questões associadas à técnica que afectam diversos meios (efeitos multi-meios), bem como a medida em que a técnica é aplicável à gama de instalações que requeiram licenças IPPC como, p. ex., instalações novas, existentes, de grandes ou de pequenas dimensões. É também tida em consideração a aplicabilidade de uma dada técnica aos diferentes sectores da indústria cerâmica. Não se incluem técnicas geralmente consideradas obsoletas. O Capítulo 5 apresenta as técnicas e os níveis de emissão e consumo considerados compatíveis com as MTD, em sentido lato. Por conseguinte, o objectivo é proporcionar indicações gerais quanto aos níveis de emissão e consumo que possam ser considerados como ponto de referência adequado que oriente a determinação das condições de licenciamento baseadas nas MTD ou ao estabelecimento de disposições vinculativas gerais ao abrigo do nº 8 do Artigo 9º. Contudo, há que salientar que este documento não propõe valores-limite de emissão. A determinação das condições adequadas de licenciamento implicará a consideração de factores locais específicos, tais como as características técnicas das instalações em causa, a sua localização geográfica e as condições ambientais locais. No caso das instalações existentes, também deverá ser considerada a viabilidade económica e técnica da sua eventual modernização. Mesmo o próprio objectivo de garantir um elevado nível de protecção do ambiente no seu todo envolverá com frequência a ponderação de soluções de compromisso entre diferentes tipos de impacto ambiental, que serão muitas vezes influenciados por considerações de ordem local. Embora se tente aqui abordar algumas destas questões, não é possível considerá-las cabalmente neste documento. Deste modo, as técnicas e os níveis apresentados no Capítulo 5 não serão necessariamente adequados a todas as instalações. Por outro lado, a obrigação de garantir um nível elevado de protecção ambiental, incluindo a minimização da poluição a longa distância ou transfronteiras, implica que as condições de licenciamento não possam ser definidas meramente com base em considerações de ordem local. Em consequência, é da maior importância que a informação contida neste documento seja inteiramente tida em consideração pelas autoridades licenciadoras. Dado que as melhores técnicas disponíveis variam com o tempo, este documento será revisto e actualizado sempre que haja necessidade. Qualquer comentário ou sugestão deve ser endereçado ao Gabinete Europeu de IPPC, Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva: Edificio Expo, c/ Inca Garcilaso, s/n, E-41092 Sevilha, Espanha Telefone: +34 95 4488 284 Fax: +34 95 4488 426 Correio electrónico: [email protected] Internet: http://eippcb.jrc.es ÍNDICE Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica RESUMO PREFÁCIO ÂMBITO 1. Informação Geral sobre o Fabrico de produtos Cerâmicos 1.1 Origens históricas 1.2 Características dos produtos cerâmicos 1.3 Distribuição geográfica e considerações gerais de ordem económica 1.4 Aspectos ambientais relevantes 1.5 Subsectores da indústria cerâmica 1.5.1 Tijolos e telhas 1.5.2 Tubos de grés 1.5.3 Produtos refractários 1.5.4 Agregados de argila expandida 1.5.5 Azulejos e ladrilhos 1.5.6 Louça utilitária e decorativa 1.5.7 Louça sanitária 1.5.8 Cerâmicas técnicas 1.5.9 Abrasivos com ligante inorgânico 2. Processos e écnicas aplicados no fabrico de produtos cerâmicos 2.1 Matérias-primas 2.2 Descrição geral do processo de produção 2.2.1 Armazenamento e transporte de matérias-primas 2.2.2 Preparação das matérias-primas 2.2.2.1 Pré-secagem 2.2.2.2 Pré-mistura 2.2.2.3 Desagregação/ maturação 2.2.2.4 Moagem primária e secundária e peneiração 2.2.2.5 Moagem por via seca ou húmida 2.2.2.6 Peneiração a seco/ separação pneumática 2.2.2.7 Secagem por atomização 2.2.2.8 Calcinação 2.2.2.9 Materiais de base sintéticos 2.2.2.10 Fritas e vidrados, preparação do vidrado 2.2.3 Mistura dos componentes 2.2.3.1 Geral 2.2.3.2 Misturadores contínuos 2.2.3.3 Misturador de composição 2.2.4 Conformação dos produtos 2.2.4.1 Geral 2.2.4.2 Prensagem 2.2.4.2.1 Prensagem mecânica 2.2.4.2.2 Prensagem hidráulica 2.2.4.2.3 Prensagem por impacto 2.2.4.2.4 Prensagem por fricção 2.2.4.2.5 rensagem isostática 2.2.4.3 Extrusão 2.2.4.4 Moldagem 2.2.4.5 Enchimento 2.2.4.6 Conformação por fusão 2.2.5 Secagem dos produtos cerâmicos 2.2.5.1 Geral 2.2.5.2 Secador de pavimento aquecido 5 7 15 17 18 18 19 19 20 21 22 22 23 23 25 25 25 26 28 30 30 31 31 31 31 31 32 32 32 32 32 33 33 33 33 33 34 34 34 34 34 34 34 34 35 35 35 35 35 35 35 36 2.2.5.3 2.2.5.4 2.2.5.5 2.2.5.6 2.2.5.7 2.2.5.8 2.2.6 2.2.6.1 2.2.6.2 2.2.6.3 2.2.7 2.2.7.1 2.2.7.2 2.2.7.3 2.2.7.4 2.2.7.4.1 2.2.7.4.2 2.2.7.4.3 2.2.7.4.4 2.2.7.5 2.2.7.6 2.2.7.7 2.2.7.8 2.2.8 2.2.8.1 2.2.8.1.1 2.2.8.1.2 2.2.8.1.3 2.2.8.1.4 2.2.8.2 2.2.8.3 2.2.8.4 2.2.9 2.2.9.1 2.2.9.2 2.2.9.3 2.2.9.4 2.2.9.5 2.2.9.6 2.2.10 2.2.11 2.2.12 2.2.13 2.3 2.3.1 2.3.1.1 2.3.1.2 2.3.1.3 2.3.1.4 Secadores2de câmaras (intermitentes) Secadores de túnel (contínuos) Secadores de prateleiras verticais Secadores de rolos horizontais de vários andares Secadores desumidificadores Secadores a infravermelhos e microondas Tratamento da superfície e decoração dos produtos cerâmicos Texturização dos produtos cerâmicos Revestimentos aplicados Vidragem, engobagem e outras técnicas decorativas Cozedura Objectivos da cozedura Alterações físico-químicas durante a cozedura Fornos intermitentes (periódicos) Fornos contínuos Fornos de câmara (Hoffmann) Fornos de túnel Fornos de rolos Fornos de placas deslizantes Cozedura em pilha Fornos rotativos Leitos fluidificados Recuperação de calor durante o arrefecimento Tratamento subsequente (acabamento do produto) Rectificação (rectificação, perfuração, serragem) Rectificação a húmido Rectificação a seco Perfuração Serragem Polimento Enriquecimento com carbono (produtos refractários) Acabamento de tijolos face-à-vista Materiais auxiliares adicionais Materiais para juntas (tubos) Silicones/produtos hidrófugos Materiais de isolamento Revestimento (tijolos refractários) Adesivos Montagem final Escolha, embalagem e armazenamento Instalações de abastecimento e eliminação (tratamento dos efluentes gasosos e tratamento de águas residuais de processo) Reciclagem na indústria cerâmica Organigrama geral com as diferentes vias de transformação Descrição das técnicas de fabrico de produtos cerâmicos por subsector Tijolos e telhas Matérias-primas Preparação das matérias-primas Conformação Secagem, vidragem e engobagem 36 36 36 36 37 37 37 37 37 37 38 38 38 39 39 39 39 40 40 40 41 41 41 41 41 41 41 41 41 42 42 42 42 42 42 42 42 43 43 43 43 43 44 45 45 46 48 49 49 10 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 2.3.1.5 2.3.1.6 2.3.1.7 2.3.2 2.3.2.1 2.3.2.2 2.3.2.3 2.3.2.4 2.3.2.5 2.3.2.6 2.3.2.7 2.3.3 2.3.3.1 2.3.3.2 2.3.3.3 2.3.3.4 2.3.3.5 2.3.3.6 2.3.3.7 2.3.3.8 2.3.4 2.3.4.1 2.3.4.2 2.3.4.2.1 2.3.4.2.2 2.3.4.2.3 2.3.4.2.4 2.3.4.3 2.3.5 2.3.5.1 2.3.5.2 2.3.5.3 2.3.5.4 2.3.5.5 2.3.5.6 2.3.5.7 2.3.6 2.3.6.1 2.3.6.2 2.3.6.3 2.3.6.4 2.3.6.5 2.3.6.6 2.3.6.7 2.3.7 2.3.7.1 2.3.7.2 2.3.7.3 2.3.7.4 2.3.7.5 2.3.7.6 2.3.7.7 2.3.8 2.3.8.1 2.3.8.2 2.3.8.3 2.3.8.4 2.3.8.5 2.3.8.6 2.3.8.7 2.3.8.8 Cozedura 2 Tratamento subsequente Fluxos de entrada e de saída no fabrico de tijolos e telhas Tubos de grés Matérias-primas Preparação das matérias-primas Conformação Secagem e vidragem Cozedura Tratamento subsequente Fluxos de entrada e de saída no fabrico de tubos de grés Produtos refractários Matérias-primas Preparação das matérias-primas Conformação Secagem Cozedura Tratamento subsequente Procedimentos especiais Fluxos de entrada e de saída no fabrico de produtos refractários Agregados de argila expandida Matérias-primas, aditivos e agentes auxiliares Sistema geral e tecnologia do processo Conformação Tecnologia do processo térmico Reacção química durante a dilatação Passagem pelo crivo e moagem subsequentes Fluxos de entrada e de saída no fabrico de agregados de argila expandida Azulejos e ladrilhos Matérias-primas Preparação das matérias-primas Conformação Secagem Cozedura e vidragem Tratamento subsequente Fluxos de entrada e de saída no fabrico de azulejos e ladrilhos Louça utilitária e decorativa Matérias-primas Preparação das matérias-primas Conformação Secagem Cozedura, vidragem e decoração Tratamento subsequente Fluxos de entrada e de saída no fabrico de cerâmica doméstica Louça sanitária Matérias-primas Preparação das matérias-primas Conformação Secagem e vidragem Cozedura Tratamento subsequente Fluxos de entrada e de saída no fabrico de louça sanitária Cerâmicas técnicas Matérias-primas Preparação das matérias-primas 2 Conformação Rectificação Vidragem, engobagem e metalização Secagem, eliminação por combustão e pré-cozedura Cozedura/sinterização Tratamento subsequente 49 51 51 52 53 54 54 54 54 55 55 55 56 57 57 57 58 59 59 59 59 60 61 61 62 62 62 63 63 64 64 65 65 65 66 66 67 67 68 69 69 69 71 72 72 73 73 73 73 74 74 74 75 76 76 77 78 79 80 80 81 2.3.8.9 2.3.9 2.3.9.1 2.3.9.2 2.3.9.3 2.3.9.4 2.3.9.5 2.3.9.6 2.3.9.7 Fluxos de entrada e de saída no fabrico de cerâmica técnica 2 Abrasivos com ligante inorgânico Matérias-primas Preparação das matérias-primas Conformação Secagem Cozedura Tratamento subsequente Fluxos de entrada e de saída no fabrico de abrasivos com ligante inorgânico 3. Níveis actuais de emissões e consumos 3.1 Emissões – considerações gerais 3.1.1 Emissões atmosféricas 3.1.1.1 Poeiras (partículas) 3.1.1.2 Emissões gasosas 3.1.1.2.1 Dióxido de enxofre e outros compostos sulfurados 3.1.1.2.2 Óxidos de azoto e outros compostos azotados 3.1.1.2.3 Monóxido de carbono (e dióxido de carbono) 3.1.1.2.4 Compostos orgânicos voláteis (COV) 3.1.1.2.5 Metais e seus compostos 3.1.1.2.6 Cloro e seus compostos 3.1.1.2.7 Flúor e seus compostos 3.1.2 Emissões para a água 3.1.3 Perdas/resíduos de processo 3.1.4 Emissão de ruído 3.1.5 Possíveis fontes de emissões no processo 3.2 Consumo – considerações gerais 3.2.1 Consumo de energia 3.2.2 Consumo de água 3.2.3 Consumo de matérias-primas 3.3 Apresentação de dados sobre emissões e consumos 3.3.1 Tijolos e telhas 3.3.1.1 Dados relativos às emissões 3.3.1.2 Dados relativos ao consumo 3.3.2 Tubos de grés 3.3.2.1 Dados relativos a emissões 3.3.2.2 Dados relativos a consumos 3.3.3 Produtos refractários 3.3.3.1 Dados relativos a emissões 3.3.3.2 Dados relativos a consumo 3.3.4 Agregados de argila expandida 3.3.4.1 Dados relativos a emissões 3.3.4.2 Dados relativos a consumo 3.3.5 Azulejos e ladrilhos 3.3.5.1 Dados relativos a emissões 3.3.5.2 Dados relativos a consumo 3.3.6 Louça utilitária e decorativa 3.3.6.1 Dados relativos a emissões 2 3.3.6.2 Dados relativos a consumo 3.3.7 Louça Sanitária 3.3.7.1 Dados relativos a emissões 3.3.7.2 Dados relativos a consumo 3.3.8 Cerâmica técnica 3.3.8.1 Dados relativos a emissões 3.3.8.2 Dados relativos a consumo 3.3.9 Ligantes abrasivos inorgânicos 3.3.9.1 Dados relativos a emissões 3.3.9.2 Dados relativos a consumo 4. Técnicas a ter em consideração na determinação das mtd no fabrico de produtos cerâmicos 4.1 Redução do consumo de energia (eficiência energética) 81 82 82 83 83 83 83 83 84 87 88 88 88 88 88 88 88 88 88 89 89 89 90 90 90 91 91 92 92 92 92 92 98 100 100 101 102 102 103 104 104 106 107 107 110 111 111 114 115 115 117 119 119 121 121 121 122 124 127 4.1.1 4.1.2 4.1.3 4.1.4 4.1.5 4.2 4.2.1 4.2.2 4.2.3 4.2.3.1 4.2.3.2 4.2.3.3 4.2.3.4 4.2.3.5 4.3 4.3.1 4.3.2 4.3.3 4.3.3.1 4.3.3.2 4.3.3.3 4.3.3.4 4.3.4 4.3.4.1 4.3.4.2 4.3.4.3 4.3.4.4 4.3.4.5 4.3.4.6 4.3.5 4.3.5.1 4.3.5.2 4.3.6 4.4 4.4.1 4.4.2 4.4.3 4.4.4 4.4.5 4.4.5.1 4.4.5.2 4.5 4.5.1 4.5.1.1 4.5.1.2 4.5.2 4.5.2.1 4.5.2.2 Melhorar a concepção dos fornos e secadores 2 Recuperação do calor em excesso dos fornos Instalações de co-geração/produção combinada de calor e electricidade Substituição de fuelóleo pesado e de combustíveis sólidos por combustíveis com baixos níveis de emissões Alteração dos corpos cerâmicos Emissões de poeiras (partículas) Medidas aplicáveis às operações que produzem poeiras Medidas aplicáveis às zonas de armazenagem a granel Sistemas de separação/filtração Separadores centrífugos Filtros de mangas Filtros laminares sinterizados Separadores por via húmida de partículas Precipitadores electrostáticos (PE) Compostos gasosos Redução da entrada dos precursores dos poluentes Utilização de aditivos ricos em cálcio Optimização dos processos Técnicas de optimização das curvas de cozedura Redução dos níveis de vapor de água dos gases dos fornos Combustão interna dos gases de carbonização Queimadores de baixas emissões de NOx Instalações de depuração - sorção (adsorventes, absorventes) Colunas de adsorção em cascata Sistemas de adsorção modular Tratamento por via seca de efluentes gasosos com um filtro (filtro de mangas ou precipitador electrostático) Tratamento a húmido dos efluentes gasosos Filtros de carvão activado Depuradores biológicos Pós-combustão Pós-combustão térmica Pós-combustão catalítica Exemplos de parâmetros de funcionamento, de eficácia, consumos e custos para diversas técnicas de lavagem dos efluentes gasosos Águas residuais de processo Utilização de água como matéria-prima Utilização de água como veículo de permutação de calor Utilização de água como agente de tratamento Utilização de água como agente de limpeza Objectivos e soluções para a redução das águas residuais de processo (emissões e consumo) Optimização dos processos Sistemas de tratamento das águas residuais de processo Perdas de processo/resíduos Lamas resultantes do fabrico de produtos cerâmicos Sistemas de reciclagem de lamas Reutilização de lamas noutros produtos Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos Considerações gerais relativas à reutilização das perdas de processo sólidas como matérias-primas Considerações gerais sobre moldes de gesso, auxiliares de cozedura e peças partidas – evitar/substituir/reduzir Considerações gerais relativas ao ruído Instrumentos de gestão ambiental 4.6 4.7 5. Melhores técnicas disponíveis para o fabrico de cerâmica 5.1 Melhores Técnicas Disponíveis Genéricas 5.1.1 Gestão ambiental 5.1.2 Consumo de energia 127 128 129 5.1.3 5.1.3.1 5.1.3.2 130 5.1.3.3 5.1.3.4 131 132 132 133 134 134 134 136 137 138 139 139 140 142 142 143 143 144 145 145 147 148 150 152 152 152 152 154 155 158 158 158 158 158 158 158 159 161 161 161 163 163 163 164 165 165 175 177 177 179 5.1.4 5.1.4.1 5.1.4.2 Emissão de poeiras 2 Emissões difusas de poeiras Emissões pontuais de poeiras resultantes de operações com elevadas emissões de poeiras Emissões de poeiras resultantes de processos de secagem Emissões de poeiras resultantes dos processos de cozedura nos fornos Compostos gasosos Medidas/técnicas primárias Medidas/técnicas secundárias e em combinação com as medidas/técnicas primárias Águas residuais de processo (emissões e consumos) Lamas Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos Ruído Melhores Técnicas Disponíveis específicas por sector Tijolos e telhas Compostos gasosos/medidas/técnicas primárias Compostos orgânicos voláteis Tubos de grés Emissões pontuais de poeiras Produtos refractários Compostos orgânicos voláteis Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos Agregados de argila expandida Emissões pontuais de poeiras Compostos gasosos/medidas/técnicas primárias Azulejos e ladrilhos Emissões pontuais de poeiras Emissões de poeiras dos processos de cozedura nos fornos Compostos gasosos/medidas/técnicas secundárias Reutilização de águas residuais de processo Reutilização de lamas Louça de mesa e louça ornamental (cerâmica doméstica) Emissões pontuais de poeiras Compostos gasosos/medidas/técnicas secundárias Reutilização de águas residuais de processo Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos Louças sanitárias Emissões pontuais de poeiras Compostos gasosos/medidas/técnicas secundárias Reutilização de águas residuais de processo Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos Cerâmicas técnicas Emissões pontuais de poeiras Compostos gasosos/medidas/técnicas secundárias Compostos orgânicos voláteis Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos Abrasivos com ligante inorgânico Compostos orgânicos voláteis 5.1.5 5.1.6 5.1.7 5.1.8 5.2 5.2.1 5.2.1.1 5.2.1.2 5.2.2 5.2.2.1 5.2.3 5.2.3.1 5.2.3.2 5.2.4 5.2.4.1 5.2.4.2 5.2.5 5.2.5.1 5.2.5.2 5.2.5.3 5.2.5.4 5.2.5.5 5.2.6 5.2.6.1 5.2.6.2 5.2.6.3 5.2.6.4 5.2.7 5.2.7.1 5.2.7.2 5.2.7.3 5.2.7.4 5.2.8 5.2.8.1 5.2.8.2 5.2.8.3 5.2.8.4 5.2.9 5.2.9.1 6. Técnicas emergentes para o fabrico de cerâmica 6.1 Queimadores de tubo radiante 6.2 Cozedura e secagem assistidas por microondas 6.3 Novo tipo de sistema de secagem para produtos refractários 6.4 Gestão avançada das águas residuais de processo, 6.5 com recuperação integrada dos vidrados Vidragem sem chumbo de porcelana de mesa de alta qualidade 7. OBSERVAÇÕES FINAIS 8. BIBLIOGRAFIA 9. GLOSSÁRIO 179 179 179 179 179 180 180 180 181 181 181 182 182 182 182 182 182 182 183 183 183 183 183 183 183 183 184 184 184 184 184 184 184 184 184 185 185 185 185 185 185 185 185 185 186 186 186 189 190 190 191 192 194 197 203 207 11 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 12 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 : Figura 2.1 : Figura 2.2 : Figura 2.3 : Figura 2.4 : Figura 2.5 : Figura 2.6 : Figura 2.7 : Figura 2.8 : Figura 2.9 : Figura 2.10 : Figura 2.11 : Figura 2.12 : Figura 2.13 : Figura 2.14: Figura 2.15 : Figura 2.16 : Figura 2.17 : Figura 2.18 : Figura 2.19 : Figura 2.20 : Figura 2.21 : Figura 2.22 : Figura 2.23 : Figura 2.24 : Figura 2.25 : Figura 2.26 : Figura 2.27 : Figura 2.28 : Figura 2.29 : Figura 2.30 : Figura 3.1 : Figura 3.2 : Figura 3.3 : Figura 3.4 : Figura 3.5 : Figura 3.6 : Figura 3.7 : Figura 3.8 : Figura 4.1 : Figura 4.2 : Figura 4.3 : Figura 4.4 : Figura 4.5 : Figura 4.6 : Figura 4.7 : Figura 4.9 : Figura 4.10 : Figura 4.11 : Figura 4.12 : Figura 4.13 : Figura 4.14 : Figura 4.15 : Figura 4.16 : Figura 4.17 : Etapas do fabrico de produtos cerâmicos? Gamas das temperaturas de maturação industrial em diferentes conjuntos de produtos Corte transversal de um forno intermitente Esquema de um forno de túnel Corte transversal de um forno de túnel com vagão Corte transversal de um forno de rolos Organigrama geral do processo, com as diferentes vias de transformação Esquema do fabrico de telhas prensadas Esquema da preparação de tijolos extrudidos durante o fabrico de tijolos de alvenaria Distribuição do teor em fluoreto de argila italiana Distribuição do teor em cloro de argila italiana Distribuição do teor em enxofre de argila italiana Teor em enxofre das matérias-primas Fluxo de entradas e saídas durante o processo de tijolos e telhas Esquema do fabrico das condutas de argila vitrificada Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico das condutas de argila vitrificada Esquema do fabrico de tijolos básicos com teor em ferro-crómio Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico de produtos refractários Esquema do fabrico dos granulados de argila expandida Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico de granulados de argila expandida Esquema do fabrico dos azulejos e ladrilhos Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico de azulejos e azulejos Esquema do fabrico de porcelana de mesa Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico das cerâmicas domésticas Esquema do fabrico de loiças sanitárias Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico de loiças sanitárias Esquema do processo de fabrico de isolantes eléctricos Esquema do processo de fabrico de catalisadores cerâmicos Usinage vert, blanc et dur no fabrico de cerâmicas técnicas Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico de cerâmicas técnicas Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico de abrasivos com ligante inorgânico Distribuição do fluoreto libertado na indústria de tijolos e telhas italiana Distribuição do cloro libertado na indústria de tijolos e telhas italiana Emissões de SOx na Alemanha, no Reino Unido e na Bélgica Exemplo do fluxo de massa no fabrico de tijolos de alvenaria Exemplo do fluxo de massa no fabrico de condutas de argila vitrificada Exemplo do fluxo de massa no fabrico de tijolos em crómio-périclase Exemplo do fluxo de massa no fabrico de loiças domésticas Exemplo do fluxo de massa no fabrico de loiças sanitárias Esquema de um exemplo de sistema misto de recuperação de calor Esquema da produção de ar quente através de um motor a gás de co-produção Esquema de um filtro de mangas com regeneração por impulsão de pressão Exemplos de custo de investimento incluídos nos custos anuais das fábricas de filtros, excepto a instalação e os filtros de mangas Esquema de um filtro rígido de lâminas Gamas de temperatura de um exemplo de curva de temperatura na libertação de poluentes durante a cozedura de tijolos Esquema da combustão interna dos Efluentes gasosos Esquema do processo de um adosorvente de leito tipo cascata com tambor de lascamento Esquema de um sistema de adsorção modular alveolar Esquema da depuração a seco de Efluentes gasosos com um filtro de mangas Esquema da depuração a seco de Efluentes gasosos com um precipitador eletrostático Ilustração de uma unidade de depuração em fase húmida de Efluentes gasosos Esquema de um sistema de pós-combustão térmica no interior de um termoreactor (sistema com três câmaras) Percurso do gás de combustã num sistema de pós-combustão térmica externa Esquema de uma estação de tratamento das águas residuais de processo Esquema de uma instalação de reciclagem de lamas 18 38 39 40 40 40 44 45 45 47 47 47 48 51 52 55 56 59 60 63 64 66 67 72 72 74 75 76 79 82 84 93 93 94 99 101 104 115 118 128 129 135 136 137 142 143 146 147 148 149 150 153 153 160 162 LISTA DE TABELAS Tabela 1.1 : Tabela 1.2 : Tabela 1.3 : Tabela 1.4 : Tabela 1.5 : Tabela 1.6 : Tabela 1.7 : Tabela 1.8 : Tabela 2.1 : Tabela 2.2 : Tabela 2.3 : Tabela 2.4 : Tabela 2.5 : Tabela 2.6 : Tabela 2.7 : Tabela 2.8 : Tabela 2.9 : Tabela 2.10 : Tabela 2.11 : Tabela 2.12 : Tabela 2.13 : Tabela 2.14 : Tabela 2.15 : Tabela 2.16 : Tabela 2.17 : Tabela 2.18 : Tabela 2.19 : Tabela 2.20 : Tabela 2.21 : Tabela 2.22 : Tabela 2.23 : Tabela 2.24 : Tabela 3.1 : Tabela 3.2 : Tabela 3.3 : Tabela 3.4 : Tabela 3.5 : Tabela 3.6 : Tabela 3.7 : Tabela 3.8 : Tabela 3.9 : Tabela 3.10 : Tabela 3.11 : Tabela 3.12 : Tabela 3.13 : Tabela 3.14 : Tabela 3.15 : Tabela 3.16 : Tabela 3.17 : Tabela 3.18 : Tabela 3.19 : Tabela 3.20 : Tabela 3.20 : Tabela 3.21 : Tabela 3.22 : Valores de produção, vendas e mão de obra no sector da indústria cerâmica? Consumo específico de energia na indústria cerâmica europeia Quantidade de combustível utilzado na Alemanha em 1998 A indústria das condutas de argila vitrificada na Europa Fabrico de produtos refractários na UE-15 em 2001/2002 Classificação simplificada de tijolos de cerâmica Consumo de energia por Estado-membro (consumo específico de energia em TJ por 1000 toneladas produzidas) Volume da produção de loiças de mesa e loiças ornamenentais Gamas de composição química e mineralógica das matérias-primas argilosas utilizadas na indústria do tijolo e da telha em diferentes países europeus Parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel Comparação entre os fornos de túnel clássicos e os métodos de cozedura rápida (telhas) Parâmetros de funcionamento de cozedura rápida Composição mineral da argila no fabrico de condutas de argila vitrificada Composição química da argila no fabrico de condutas de argila vitrificada Gama dos parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel Óxidos mais utilizados nas operações de fusão/fundição Parâmetros do funcionamento periódico dos secadores (secadores de câmara) Parâmetros de funcionamento de dois secadores de túnel e um secador climatizado Parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel utilizados na indústria refractária Parâmetros de funcionamento dos fornos intermitentes Exemplos de aditivos e agentes auxiliares que favorecem a dilatação Parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel e dos fornos de rolos Gamas normais da composição química das matérias-primas utilizadas no fabrico de cerâmica doméstica Gamas normais da composição química das matérias-primas utilizadas no fabrico de cerâmica doméstica Parâmetros de funcionamento de um forno intermitente Parâmetros defuncionamento dos fornos de túnel Parâmetros de funcionamento de decoração sobre vidrado Parâmetros de funcionamento da decoração ao grande fogo e sob vidrado Parâmetros de funcionamento periódica dos secadores (secadores de câmara) Parâmetros de funcionamneto dos fornos de túnel Parâmetros de funcionamento dos fornos intermitentes Temperaturas de sinterização dos materiais utilizados em cerâmicas técnicas Síntese de possíveis fontes de emissão e percursos de emissão na indústria cerâmica Gamas de emissão de gás de combustão em estado bruto resultante do processo de cozedura de tijolos e telhas Parâmetros de funcionamento do gás bruto com váríos combustíveis Valores do gás bruto com vários agentes formadores de poros Concentrações médias de gás puro (blocos de argila porosos) e respectivos factores de emissão Concentrações de gás puro nas fábricas de tijolos de alvenaria Concentrações de gás puro nas fábricas de tijolos face-à-vista e nas fábricas de telha Valores das emissões de gás bruto e de gás depurador no fabrico de blocos de argila Valores das emissões de gás bruto e de gás depurado no fabrico de tijolos face-à-vista Parâmetros de energia consumida nas instalações de fabrico de tijolos e telhas por cada tonelada de produto Consumo específico de energia na indústria de tijolos e telhas Concentração máxima de gás depurado no fabrico de condutas de argila vitrificada Consumo específico de energia no fabrico de condutas em argila vitrificada Valores do gás bruto em diferentes produtos refractários Emissões provenientes dos fornos para produtos refractários não-básicos Valores de gás bruto utilizado em processos especiais Parâmetros de consumo de energia por kg de produto durante fabrico de tijolos refractários de magnésia Gamas dos valores de emissão de poeiras resultante da trituração primária a jusante de um filtro de tecido Gamas dos valores reais de emissão resultantes de moagem a jusante do respectivo sistema de filtragem Gamas dos valores de emissão resultantes da granulação a jusante de um filtro de tecido Gamas de valores de emissão resultante do processo de cozedura a jusante do respectivo sistema de filtragem. Valores de emissão de poeiras de unidades de peneiração 13 19 20 20 22 23 24 24 25 46 50 50 50 53 53 54 56 57 58 58 58 61 65 68 68 70 70 71 71 73 74 74 80 91 93 94 94 95 95 96 96 97 99 99 100 101 102 102 102 103 105 105 105 105 105 106 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 14 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva LISTA DE TABELAS Tabela 3.23 : Tabela 3.24 : Tabela 3.25 : Tabela 3.26 : Tabela 3.27 : Tabela 3.28 : Tabela 3.29 : Tabela 3.30 : Tabela 3.31 : Tabela 3.32 : Tabela 3.33 : Tabela 3.34 : Tabela 3.35 : Tabela 3.36 : Tabela 3.37 : Tabela 3.38 : Tabela 3.39 : Tabela 3.40 : Tabela 3.41 : Tabela 3.42 : Tabela 3.43 : Tabela 3.44 : Tabela 3.45 : Tabela 3.47 : Tabela 3.48 : Tabela 3.49 : Tabela 3.50 : Tabela 3.51 : Tabela 3.52 : Tabela 3.53 : Tabela 3.54 : Tabela 3.55 : Tabela 3.56 : Tabela 4.1 : Tabela 4.2 : Tabela 4.3 : Tabela 4.4 : Tabela 4.5 : Tabela 4.6 : Tabela 4.7 : Tabela 4.8 : Tabela 5.1 : Tabela 5.2 : Tabela 7.1 : Valores de resíduos de depuradores por via húmida Mistura de matérias-primas na produção de agregados de argila expandidos Parâmetros de funcionamento e valores de gás bruto das unidades de secagem por pulverização Parâmetros de funcionamento e valores de gás bruto dos secadores de câmara Parâmetros de funcionamento e valores de gás bruto durante o processo de cozedura Emissões gasosas resultantes das várias fases do processo de fabrico de ladrilhos e telhas. Factores de emissão de poluentes em emissões não-controladas (NC) e controladas (C) Análise química das águas residuais de processo Gamas dos principais componentes químicos da lama (fabrico de ladrilhos e azulejos) Exemplos de necessidades específicas de energia de diferentes fornos Comparação do consumo específico de energia térmica e energia eléctrica em cada etapa do processo Parâmetros de funcionamento e valores de emissão de poeiras de gás depurado de um secador por pulverização Valores de gás puro e parâmetros de funcionamento do processo de cozedura de cerâmica doméstica Valores de gás bruto e gás depurado de um processo de cozedura de cerâmica doméstica Sistemas de pigmentação cerâmica utilizada nas cores de decoração Concetração de metais pesados no gás bruto utilizado na cozedura da decoração Análise das águas residuais de processo de uma fábrica de loiças de porcelana Análise das águas residuais de processo de uma fábrica de cerâmica doméstica Parâmetros de consumo de energia eléctrica e energia térmica de uma fábrica de loiças de mesa de porcelana Exemplos da composição de gás bruto e gás depurado libertados por um forno de túnel Concentração de gás puro em fornos de túnel e fornos intermitentes Exemplos de concentração de gás depurado de duas fábricas de loiças sanitárias Concentração de poluentes em águas residuais de processo purificadas Parâmetros de funcionamento e débito de diferentes fornos Concentrações de gás bruto durante a cozedura de isolantes eléctricos Concentrações de gás de combustão de um forno de túnel durante o processo de cozedura de isolantes eléctricos Concentrações em águas residuais de processo purificadas provenientes de uma fábrica de isolantes eléctricos Concentrações em águas residuais de processo provenientes de uma fábrica de isolantes eléctricos Concentrações em águas residuais de processo purificadas provenientes de uma fábrica de produtos piezocerâmicos Parâmetros de consumo de energia de duas fábricas de electroporcelana Composição das matérias-primas utilizadas no fabrico de electroporcelana Exemplos de valores de gás de combustão em três fábricas onde são produzidos abrasivos com ligante inorgânico Síntese do consumo global de energia de três fábricas de abrasivos com ligante inorgânico Parâmetros de consumo de matérias-primas de três fábricas de abrasivos com ligante inorgânico Informação discriminada para cada técnica descrita neste capítulo Exemplos das temperaturas a que resistem e dos custos dos filtros de mangas Exemplos dos parâmetros de funcionamento para a remoção de poeiras com filtros de tecido Dados relativos ao funcionamento e aos custos dos precipitadores electrostáticos Parâmetros técnicos, dados sobre a eficácia, os consumos e os custos para diversas técnicas de lavagem dos efluentes gasosos Eficácia das reduções relativamente à dependência do teor de enxofre na argila Custos relativamente à redução de poeiras e de compostos inorgânicos e orgânicos gasosos através de diferentes técnicas de redução Taxas de reciclagem atingíveis nas águas residuais de processo em diferentes sectores da indústria cerâmica Nível das emissões associado à MTD para os compostos gasosos inorgânicos provenientes do gás de combustão utilizado nos fornos de cozedura Nível das emissões de poluentes associado à MTD durante a descarga de águas residuais Calendarização do processo de trabalho do BREF relativo ao fabrico de produtos cerâmicos 106 106 107 108 108 109 109 110 110 110 111 111 112 112 112 113 114 115 116 116 116 117 118 118 119 120 120 120 121 121 122 122 123 126 135 135 138 155 155 157 159 180 181 198 ÂMBITO 15 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica O presente documento abrange as actividades industriais especificadas na secção 3.5 do anexo I da Directiva 96/61/CE: “3.5. Instalações de fabrico de produtos cerâmicos por cozedura, nomeadamente telhas, tijolos, refractários, ladrilhos, produtos de grés ou porcelanas, com uma capacidade de produção superior a 75 toneladas por dia, e/ou uma capacidade de forno superior a 4 m³ e uma densidade de carga enforna por forno superior a 300 kg/m³”. Para efeitos do presente documento, as actividades industriais abrangidas por esta descrição serão referidas como «a indústria cerâmica». Os vários sub-sectores da indústria cerâmica integram um amplo leque de matérias-primas e de técnicas de fabrico, mas todos envolvem a selecção de argilas e de outros materiais, sobretudo inorgânicos, que são sujeitos a transformação, secagem e cozedura. Os principais sub-sectores baseados nos produtos de cerâmica fabricados (produtos cerâmicos) são: — azulejos e ladrilhos — tijolos e telhas — louça utilitária e decorativa (cerâmica doméstica e ornamental) — produtos refractários — louça sanitária — cerâmicas técnicas — tubos de grés (condutas de argila vitrificada) — agregados de argila expandida — abrasivos com ligante inorgânico O documento abrange, para além das actividades básicas de fabrico, as actividades directamente associadas que possam ter efeitos sobre as emissões ou sobre a poluição. Assim, são tratadas actividades que vão da preparação das matérias-primas à expedição dos produtos acabados. Certas actividades, como a extracção das matérias-primas, não estão abrangidas, porque não se considera que estejam directamente associadas à actividade primária. Por exemplo, não é tratada a extracção de matériasprimas. As actividades abrangidas são: — selecção e preparação de matérias-primas – sobretudo à base de argilas e/ou outros minerais inorgânicos — conformação do material – normalmente a partir de matérias-primas no estado plástico — secagem do material e eventual vidragem — cozedura — subsequente tratamento e embalagem. 16 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 1. Informação Geral sobre o Fabrico de Produtos Cerâmicos 1.1 Origens históricas 1.2 Características dos produtos cerâmicos 1.3 Distribuição geográfica e considerações gerais de ordem económica 1.4 Aspectos ambientais relevantes 1.5 Subsectores da indústria cerâmica 1.5.1 Tijolos e telhas 1.5.2 Tubos de grés 1.5.3 Produtos refractários 1.5.4 Agregados de argila expandida 1.5.5 Azulejos e ladrilhos 1.5.6 Louça utilitária e decorativa 1.5.7 Louça sanitária 1.5.8 Cerâmicas técnicas 1.5.9 Abrasivos com ligante inorgânico 18 18 19 19 20 21 22 22 23 23 25 25 25 26 17 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 18 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 1.1 Origens históricas O termo «produtos cerâmicos» deriva do grego «keramos», que significa «terra queimada» e é utilizado para descrever materiais da indústria de loiça. Pesquisas recentes mostram que a transformação da argila teve início por volta de 19 000 AC. Os achados mais antigos de loiça no sul do Japão datam de 8000 AC a 9000 AC. Já em 4000 AC se utilizavam tijolos cozidos para a construção de torres de templos, palácios e fortificações. Há mais de 2000 anos, os Romanos disseminaram a técnica do fabrico do tijolo por grandes zonas da Europa. No Egipto, em 2600 AC, utilizavam-se placas cerâmicas vidradas como decoração de paredes de pirâmides e, na China, a arte do fabrico da porcelana é conhecida desde 1000 AC. 1.2 Características dos produtos cerâmicos Em geral, o termo «cerâmica» (produtos cerâmicos) é utilizado para materiais inorgânicos (eventualmente com algum conteúdo orgânico), constituídos por compostos não-metálicos e estabilizados por um processo de cozedura em fornos. Para além dos materiais à base de argila, a cerâmica moderna inclui uma grande variedade de produtos com uma pequena fracção de argila ou mesmo sem argila. Os produtos cerâmicos podem ser vidrados ou não vidrados, porosos ou vitrificados. A cozedura dos corpos cerâmicos induz uma transformação dos minerais constituintes, função do tempo e da temperatura de aquecimento, que resulta geralmente numa mistura de novos minerais, com fases vítreas. As propriedades características dos produtos cerâmicos são, nomeadamente, a elevada resistência mecânica, a resistência ao desgaste, uma vida útil longa, a inércia química e ausência de toxicidade, a resistência ao calor e à chama, a resistência eléctrica (geralmente) e, por vezes, também uma porosidade específica. As principais etapas do fabrico de produtos cerâmicos são, na sua maioria, independentes dos materiais utilizados e do produto final. A figura que se segue representa esquematicamente o processo típico e instalações de abastecimento e tratamento de resíduos eventuais ou necessárias. O processo é constituído pelas etapas: extracção das matérias-primas e transporte para a fábrica de produtos cerâmicos (nenhuma destas duas etapas é abrangida por este documento), armazenamento de matériasprimas, preparação de matérias-primas, moldagem, secagem, tratamento da superfície, cozedura e tratamento subsequente [23, TWG Ceramics, 2005]. Extração das matérias-primas e transporte para a fábrica de cerâmica Energia eléctrica Agentes auxiliares Matérias-primas Água Agentes de sorção Armazenamento das matérias-primas na fábrica de cerâmica e transporte interno Preparação das matérias-primas Produção dos moldes Coloração Ruído Moldagem Tratamento dos efluentes gasosos, despoeiramento Secagem Emissões para a atmosfera Recilagem Base Preparação do vidrado Fritas Auxiliares de cozedura Resíduos Tratamento de superfícies Tratamento das águas Armazenamento de combustíveis Cozedura Combustíveis Re-utilização na preparação das matérias-primas Águas residuais de processo Tratamento subsequente Determinação das MTD Produto Figura 1.1 : Etapas do fabrico de produtos cerâmicos As melhores técnicas disponíveis para a protecção ambiental integrada na indústria cerâmica mencionadas no presente documento relacionam-se com os processos empregues na zona enquadrada. 1.3 Distribuição geográfica e considerações gerais de ordem económica Existem argilas em muitos locais da Europa, pelo que produtos cerâmicos como os tijolos, que são relativamente baratos mas têm custos de transporte elevados, devido ao seu peso, são fabricados em praticamente todos os Estados-Membros. As tradições de construção e considerações ligadas ao património tiveram como resultado a existência de tamanhos unitários diferentes de país para país. Os produtos mais especializados, que atingem preços mais elevados, tendem a ser produzidos em poucos países, que dispõem das matérias-primas especiais necessárias e – factor igualmente importante – de uma tradição em termos de competências e de especializações. Por exemplo, uma grande percentagem de ladrilhos cerâmicos é fabricada na Itália e na Espanha, de loiça de mesa no Reino Unido, Alemanha e França e de condutas de argila vitrificada na Alemanha, Reino Unido, Bélgica e Países Baixos. O comércio internacional de azulejos e ladrilhos, produtos refractários, loiça de mesa e loiça ornamental, cerâmica técnica, condutas de argila vitrificada e louças sanitárias é considerável. A importância da indústria cerâmica em termos de emprego e economia é apresentada na tabela que se segue [20, CERAMEUNIE, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [26, UBA, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. Sector da indústria cerâmica Produção em 2000 UE-15 (em milhões de toneladas) Vendas em 2003UE-15 (em milhões de Euros) Mão de Obra em 2003 (x 1000) 25,0 55,0 0,5 4,5 0,5 0,15 0,7 3,0 0,04 10 100 6800 2000 3100 1900 2000 300 300 260 69 50 48 18 25 9 2 2,5 3,1 Azulejos e ladrilhos Tijolos e telhas Louças de mesa e louças ornamentais Produtos refractários Louças sanitárias Cerâmicas técnicas Tubos de grés (condutas de argila vitrificada) Agregados de argila expandidos (2002) Abrasivos com ligante inorgânico (2003) Tabela 1.1 : Valores de produção, vendas e mão de obra no sector da indústria cerâmica 1.4 Aspectos ambientais relevantes Em função dos processos específicos de produção, as fábricas de produtos cerâmicos provocam a libertação de emissões atmosféricas, para o meio aquático e para os solos (resíduos). Por outro lado, o ambiente pode ser afectado por ruído e cheiros desagradáveis. O tipo e a quantidade de poluição atmosférica, resíduos e águas residuais dependem de distintos parâmetros, por exemplo, das matérias-primas, auxiliares e combustíveis utilizados e dos métodos de produção: — emissões atmosféricas: o manuseamento ou transformação de matérias-primas ou o acabamento do produto podem resultar em emissão de partículas ou poeiras; a combustão de fuelóleo ou de diferentes combustíveis sólidos podem provocar fuligem. A cozedura ou a secagem por pulverização de produtos cerâmicos liberta emissões gasosas, que podem derivar das matérias-primas e/ou dos combustíveis empregues. De entre as emissões gasosas, assumem particular importância os óxidos de carbono, os óxidos de azoto, os óxidos de enxofre, compostos inorgânicos fluorados e clorados e compostos orgânicos. Devido ao uso de substâncias para fins decorativos que contêm metais pesados, ou devido ao uso de fuelóleo pesado como combustível, pode haver ainda emissão de metais pesados. — emissões para o meio aquático: estas ocorrem sobretudo durante os processos de fabrico de produtos cerâmicos, mais especificamente durante o fabrico de produtos cerâmicos tradicionais, e as águas residuais de processo contêm fundamentalmente componentes minerais (partículas insolúveis). Dependendo do método de produção, as águas residuais de processo contêm também outras matérias inorgânicas, pequenas quantidades de diversas matérias orgânicas e ainda alguns metais pesados. Além da água de processo, frequentemente limpa e reutilizada em circuitos fechados, também a água de arrefecimento, águas pluviais e águas residuais sanitárias (domésticas) podem contribuir para a emissão de água da fábrica. — perdas de processo/resíduos: as perdas de processo provenientes do fabrico de produtos cerâmicos consistem sobretudo nos seguintes materiais: - diferentes tipos de lamas (lamas provenientes do tratamento das águas residuais de processo, lamas de vidragem, lamas de gesso, lamas de trituração) - artigos quebrados ou cacos provenientes de moldagem, secagem, cozedura e material refractário - poeiras oriundas do tratamento de efluentes gasosos e unidades de despoeiramento - moldes de gesso usados - agentes de sorção usados (calcário granular, poeira calcária) - resíduos de embalagens (plástico, madeira, metal, papel, etc.) - resíduos sólidos, p. ex., cinzas provenientes da cozedura com combustíveis sólidos. 19 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 20 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Partes das perdas de processo acima mencionadas podem muitas vezes ser recicladas e reutilizadas na fábrica, tendo em conta as especificações dos produtos e as exigências dos processos. Os materiais que não podem ser reciclados internamente são retirados das fábricas como resíduos e são enviados para reciclagem noutro local ou para tratamento em estações de tratamento. — consumo de energia/emissões de CO2: todos os sectores da indústria cerâmica envolvem um consumo intensivo de energia, já que uma das partes fundamentais do processo envolve a secagem dos materiais, seguida de cozedura a temperaturas entre 800 e 2000 ºC. No fabrico de porcelana, a energia é responsável por entre menos de 10% e 18% dos custos totais. No fabrico de tijolos, a percentagem correspondente a custos energéticos varia entre 17 e 25%, atingindo, no máximo, 30%. A tabela que se segue representa o consumo específico de energia da indústria cerâmica na Europa [30, TWG Ceramics, 2005]: Sector Tijolos e telhas Azulejos e ladrilhos Produtos refractários Louças sanitárias Tubos de grés (condutas de argila vitrificada) Louças de mesa e Louças ornamentais Cerâmicas técnicas Unidade 1980 1985 1990 1995 2000 2003 GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t 2,65 11,78 4,88 26,56 2,45 9,16 4,96 24,214 2,19 6,76 6,51 22,27 5,75 47,56 2,06 5,45 4,91 22,76 5,77 38,91 2,38 5,74 5,41 20,88 6,1 43,46 34,72 2,31 5,60 5,57 21,87 5,23 45,18 50,39 Tabela 1.2 : Consumo específico de energia na indústria cerâmica europeia Hoje em dia, o gás natural, o gás de petróleo liquefeito (propano e butano) e o fuelóleo leve UL são os combustíveis mais utilizados para a cozedura, enquanto o fuelóleo pesado, o gás natural liquefeito (GNL), o biogás/biomassa, a electricidade e os combustíveis sólidos (p.ex.: hulha, coques de petróleo) podem igualmente ser utilizados como fontes de energia para os queimadores. A utilização de fuelóleo pesado, carvão e coques de petróleo limita-se fundamentalmente a fábricas de tijolos. A tabela abaixo enumera a percentagem representada pelos diferentes combustíveis no consumo total de combustível (excepto de electricidade) na Alemanha, de acordo com os diversos sectores [4, UBA, 2001], [30, TWG Ceramics, 2005]. Sector Cerâmica doméstica Louças sanitárias Cerâmicas técnicas Produtos refractários Azulejos e ladrilhos Tijolos e telhas Tubos de grés (condutas de argila vitrificada) Agregados de argila expandidos 1) Abrasivos com ligante inorgânico 2) Gás natural(%) fuelóleo UL(%) Fuelóleo pesado(%) Outro (%) 98,0 97,7 96,2 90,2 98,1 88,6 100 90,6 1,6 2,3 3,6 7,3 1,1 5,3 9,4 0,1 0,8 5,3 - 0,4 0,2 2,4 0,8 - 1) dados não disponíveis2) estimativas da VDI (Verein Deutscher Ingenieure : Associação dos Engenheiros Alemães) para a Alemanha Tabela 1.3 : Quantidade de combustível utilizado por sector na Alemanha em 1998 1.5 Sectores da indústria cerâmica Os métodos e etapas fundamentais dos processos de produção praticamente não variam entre o fabrico dos diferentes produtos cerâmicos, embora, p. ex., o fabrico de azulejos e ladrilhos, de louças de mesa e louças ornamentais (cerâmicas domésticas), de louças sanitárias e de cerâmicas técnicas envolva, frequentemente, um processo de cozedura em várias fases. Este é um motivo histórico pelo qual se podem dividir os sectores da indústria cerâmica em dois grupos: o grupo da indústria de produtos cerâmicos «grosseiros» ou de «construção», que inclui os sectores de tijolos e telhas, condutas de argila vitrificada, produtos refractários e agregados de argila expandida e o grupo da indústria de produtos cerâmicos «finos» ou «indústria cerâmica tradicional e industrial», que inclui os sectores de azulejos e ladrilhos, louças de mesa e louças ornamentais, louças sanitárias e cerâmica técnica, assim como os abrasivos com ligante inorgânico. Contudo, a realização técnica pode ser muito diferente, de acordo com as exigências específicas dos produtos e as características das matérias-primas utilizadas. Por exemplo, existem vários fornos em funcionamento contínuo (p, ex., fornos de túnel) e descontínuo (p. ex., fornos por lotes) utilizados para a cozedura de produtos cerâmicos idênticos ou distintos. Os produtos da indústria cerâmica «fina» ou «tradicional e industrial» diferem dos produtos da indústria cerâmica «grosseira» ou «de construção», em princípio, pela sua textura. A fronteira entre os produtos destas duas indústrias varia entre diâmetros de par- tículas equivalentes de 0,1 mm e 0,2 mm. Os produtos cerâmicos «grosseiros» ou «de construção» exibem uma heterogeneidade superior a 0,2 mm, mas a fronteira entre os produtos «finos» ou «tradicionais e industriais» e «grosseiros» ou «de construção» não está hoje em dia bem fixada. Por exemplo, a tecnologia de processamento para produtos cerâmicos «finos» ou «tradicionais e industriais» é utilizada para o fabrico de produtos super-refractários. Por conseguinte, este documento não segue a distinção entre os dois grupos acima referida, limitando-se a distinguir entre os seguintes nove sectores de produtos cerâmicos [32, TWG Ceramics, 2006]: — tijolos e telhas — condutas de argila vitrificada — produtos refractários — agregados de argila expandida — azulejos e ladrilhos — louças de mesa e louças ornamentais (cerâmica doméstica) — louças sanitárias — cerâmicas técnicas — abrasivos com ligante inorgânico 1.5.1 Tijolos e telhas Os tijolos são produzidos em grandes quantidades e habitualmente utilizados como materiais em numerosos ramos da construção e empreitadas. Na sua maioria, os tijolos e telhas não são designados segundo a técnica de moldagem utilizada, mas segundo a aplicação pretendida: — tijolos de construção (p. ex., blocos de argila, tijolos de revestimento, tijolos industriais (tijolos de clínquer) e tijolos leves) — telhas (p. ex., telhas extrudidas, telhas prensadas) — tijolos para pavimentos — tijolos para chaminés (p. ex., condutas de chaminés). Devido às diferentes técnicas de fabrico, os vários tipos de fábricas de tijolos especializaram-se em variados grupos de produtos, das telhas de argila aos tijolos de construção. Em 2003, a indústria europeia de tijolos de argila e telhas apresentava um volume total de vendas de cerca de 6800 milhões de euros e uma força laboral de cerca de 50 000 trabalhadores [20, CERAME-UNIE, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005]. O número de fábricas de tijolos de argila, pavimentos e telhas varia da seguinte forma: A Itália apresenta o maior número de fábricas, ou seja, 238 unidades, seguida pela Alemanha (183), Portugal (150), França (136) e Reino Unido (134). Noutros países, o número de fábricas em funcionamento é inferior a 70, sendo disso exemplo os Países Baixos (58), a Bélgica (40), a Áustria (30), a Suíça (27) e a Dinamarca (26). O número médio de fábricas de tijolos por milhão de habitantes é: Portugal (1,5), Dinamarca (5,1), Itália (4,1), Bélgica (4,0), Áustria (3,8), Suíça (3,7), Países Baixos (3,7), Reino Unido (2,3), França (2,3) e Alemanha (2,2). A comparação dos dados [3, CERAME-UNIE, 2003] relacionados com os habitantes dos seguintes países (situação em 2001) indica: — a produção de telhas é elevada em França (0,89 m2 por habitante), seguida pela Itália (0,61), Alemanha (0,54), Espanha (0,5), Suíça (0,48), Dinamarca (0,4) e Áustria (0,28). Noutros países, como o Reino Unido e a Bélgica, a produção de telhas é muito inferior. A Finlândia e a Noruega não produzem telhas — os tijolos e blocos são fabricados em todos os países da Europa dos 15. A produção mais elevada regista-se na Bélgica (0,29 m2 por habitante), seguindo-se a Espanha (0,28), a Itália (0,26), a Áustria (0,24), a Alemanha (0,17) e a Suíça (0,08), sendo os valores mais baixos nos outros países. As unidades perfuradas são importantes, p. ex., na Áustria (97%) e na Alemanha (87%); os tijolos de revestimento nos Países Baixos (94%), no Reino Unido (82%) e na Dinamarca (85%). As unidades ocas são preferidas na França (63%) e na Itália (62%). O número médio de trabalhadores por fábrica varia entre os diferentes Estados europeus: — Reino Unido (66) — Bélgica (44) — França (39) e Países Baixos (38) — Áustria (35), Alemanha (34) e Itália (34) — Suíça (24) e Dinamarca (21). 21 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 22 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 1.5.2 Tubos de grés Os tubos de grés são utilizados em canalização e esgotos, mas também em tanques para ácidos e produtos para estábulos. A produção anual em 2000 na Europa dos 15 ascendeu a 708 000 toneladas [3, CERAME-UNIE, 2003] [4, UBA, 2001]. As fábricas estão situadas na Bélgica, Alemanha, Itália, Países Baixos e Reino Unido, sendo os seus produtos fornecidos a todos os Estados-membros da Europa dos 15 com base na Norma Europeia EN 295, ratificada em 1991 e entretanto aplicada em todos os Estados-membros da Europa dos 15 e da AECL e nalguns outros associados do CEN. Neste documento, o termo «tubos» abrange os acessórios que, em conjunto, são necessários para formar os tubos subterrâneos de transporte de esgotos. A tabela abaixo apresenta a informação geral sobre a indústria de condutas de argila vitrificada na Europa, no ano 2000 [3, CERAME-UNIE, 2003], [30, TWG Ceramics, 2005]. País Número de habitantes (106) Número de fábricas *) Vendas anuais de condutas e acessórios (toneladas) Número total de trabalhadores Média de trabalhadores por fábrica BE DE IT NL UK UE-15 10 1 115 000 250 377 82 8 208 000 500 115 57,5 1 74 000 150 207 15,7 2 102 000 213 107 58,5 5 209 000 800 220 17 708 000 1913 166 *) Uma mesma fábrica pode explorar mais do que um forno Tabela 1.4 : A indústria das condutas de argila vitrificada (tubos de grés) na Europa 1.5.3 Produtos refractários Os produtos refractários são materiais cerâmicos capazes de suportar temperaturas acima dos 1500 ºC. Um número elevado destes produtos, de formas variadas, é utilizado em muitas aplicações nas indústrias do aço, ferro, cimento, cal, vidro, cerâmica, alumínio, cobre e petroquímica, em incineradoras, centrais eléctricas e sistemas de aquecimento doméstico, incluindo nos acumuladores de calor. Os produtos refractários são essenciais aos processos que decorrem a alta temperatura e resistem a todos os tipos de tensão (mecânica, térmica, química), como a erosão, a deformação plástica, corrosão e choques térmicos. A resistência dos materiais refractários a altas temperaturas define-se de forma a que o seu ponto de amolecimento não seja inferior a 1500 ºC. Emprega-se geralmente uma classificação que distingue «materiais refractários», cujo ponto de amolecimento se situa entre 1500 e 1800 ºC, de «materiais altamente refractários», cujo ponto de amolecimento é superior a 1800 ºC [23, TWG Ceramics, 2005]. Inicialmente baseada na utilização de argilas de pureza superior como matéria-prima, o fabrico de produtos refractários assenta agora no uso de uma maior diversidade de materiais, tanto naturais como sintéticos, muitos dos quais importados de países exteriores à Europa. A procura de produtos refractários está estreitamente vinculada aos níveis de produção e investimento das indústrias consumidoras. A título de exemplo, a quantidade de materiais refractários consumida por tonelada de produtos fabricados, como o aço ou o cimento, diminuiu muito na última década devido à inovação e aos processos técnicos. O aumento da durabilidade dos revestimentos dos fornos de produção de aço ou das conchas de fundição, bem como o menor tempo requerido pela sua reparação e manutenção, melhoraram marcadamente a produtividade das indústrias que os utilizam. Os produtos refractários são normalmente aplicados nas indústrias que mais energia consomem, como a metalurgia, a indústria cimenteira, a indústria petroquímica e a indústria do vidro. Dado que a qualidade do revestimento dos fornos é muito importante para a eficiência energética dos seus processos, a indústria de produtos refractários tem nela um impacto considerável. A melhoria contínua destes produtos permite – graças à melhoria do isolamento e maior duração do revestimento – o decréscimo do consumo de energia específico do funcionamento das indústrias consumidoras. O fabrico de produtos refractários na Europa dos 15 é o mais importante em todo o mundo; em 2001, a sua produção anual foi de 4,6 milhões de toneladas (liderada pela indústria alemã, cuja produção total foi estimada em 1,5 milhões de toneladas), correspondendo a aproximadamente 3300 milhões de euros em 2002. Cerca de 65% desta quantia está associada à produção de ferro e aço; 5 a 8% à produção de cimento, vidro e produtos cerâmicos e o restante à metalurgia não-ferrosa, à indústria química, à indústria petroquímica, à produção de energia e à incineração. Em 2002, a Europa dos 15 empregava 18 505 trabalhadores [20, CERAME-UNIE, 2004], [12, CTCV, 2004]. A tabela abaixo mostra o fabrico na Europa dos 15, relativo a 2001/2002, de produtos refractários [20, CERAME-UNIE, 2004], [21, Almeida, 2004]. Países 23 Produção total em 2002 (103 toneladas) Áustria (2001) Benelux França Alemanha Grécia (2001) Itália Países nórdicos (2001) Portugal Espanha Reino Unido 710 n.d. 524 931 33 556 147 23 417 204 Tabela 1.5 : Fabrico de produtos refractários na UE-15 em 2001/2002 1.5.4 Agregados de argila expandida Os agregados de argila expandida são produtos cerâmicos porosos com uma estrutura porosa uniforme constituída por células finas e fechadas dotadas de um envolucro externo firme e densamente sinterizado. São fabricados a partir de matérias-primas que contêm minerais de argila. A matéria-prima é preparada, moldada e depois sujeita a um processo de cozedura a temperaturas entre 1100 e 1300 ºC, resultando a expansão num aumento significativo do seu volume. Os produtos podem ser fabricados em qualquer quantidade e a sua granulometria e características podem ser adaptadas com precisão para satisfazer o leque variado de exigências técnicas de numerosas áreas de aplicação. Estes produtos são utilizados como material móvel ou ligado por cimento na indústria da construção (p. ex., em enchimentos móveis, betão leve, blocos e outros componentes pré-fabricados em betão leve, betão leve estrutural para processamento in loco), e também como elemento decorativo em jardins e arquitectura paisagística (p. ex., enchimento de taludes na construção de estradas, substratos para telhados verdes, enchimento de filtros e canalizações). A vasta gama de agregados leves (LWA) produzidos industrialmente cobre um espectro amplo de características técnicas. Propriedades tais como a granulometria, a porosidade, o peso e a resistência dos grãos podem ser controladas durante os processos de fabrico. Existem agregados com densidades de grão entre 0,15 e 1,7 kg/dm3 que se adequam a diversas exigências e aplicações. Estes agregados leves possuem excelentes características de isolamento, devido ao grande número de poros finamente distribuídos no interior do material. Os valores de condutividade térmica para enchimentos móveis de agregados leves produzidos industrialmente variam entre 0,07 e 0,18 W/(mK), dependendo da granulometria e da densidade do material respectivo. A granulometria normalizada é descrita na EN 13055 – 1 e EN 13055 – 2. Além dos agregados de argila expandida, os agregados leves produzidos industrialmente também abrangem ardósia e xisto expandidos, cinza residual, poeiras de hulha sinterizada e vidro expandido, mas este documento não trata destes outros grupos de produtos. Os fabricantes de agregados de argila expandida podem ser encontrados na Dinamarca, Alemanha, Suécia, Noruega, Finlândia, Bélgica, Áustria, Polónia, Espanha, Itália, Portugal e República Checa. Na Europa Central e de Leste, a argila expandida é habitualmente conhecida por ‘keramzit’. Estima-se que a capacidade fabril total na Europa se situe em cerca de 10 milhões de metros cúbicos. 1.5.5 Azulejos e ladrilhos Os ladrilhos cerâmicos (veja-se a EN 14411) são finas placas de argila e/ou outros materiais inorgânicos geralmente utilizadas como revestimentos de pavimentos e paredes. A sua moldagem é normalmente realizada por extrusão ou prensagem a seco à temperatura ambiente, sendo depois secos e, por fim, cozidos a uma temperatura suficiente para desenvolver as propriedades pretendidas. As suas formas mais comuns são o quadrado e o rectângulo, mas existem também outras formas poligonais (hexágonos, octógonos, etc.). Quanto ao tamanho, o lado dos ladrilhos varia desde escassos centímetros (mosaicos) a placas de 60 – 100 cm de lado. A espessura varia entre 5 mm, nos azulejos, até mais de 25 mm no caso de alguns ladrilhos extrudidos. Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 24 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva São comercializados diversos tipos de ladrilhos cerâmicos: moldados por prensagem a seco ou extrusão; com corpos porosos, compactos ou vitrificados; com corpos brancos (esbranquiçados) ou de cor (avermelhados); vidrados ou não-vidrados. Os tipos de ladrilhos cerâmicos fabricados nos Estados-membros são semelhantes, embora difiram nalgumas características por motivos culturais, formais, funcionais, comerciais ou técnicos. Por conseguinte, é difícil estabelecer uma equivalência entre os diferentes tipos de produtos e respectivas designações nos Estados-membros. De modo a ultrapassar esta dificuldade, foi adoptada uma classificação geral dos ladrilhos cerâmicos na normalização europeia e internacional. Segundo a EN 14411, os ladrilhos cerâmicos dividem-se em nove grupos segundo o seu método de fabrico (método de moldagem) e a sua absorção de água. A absorção de água está ligada à porosidade do material: uma absorção de água elevada significa que a porosidade é elevada, enquanto uma absorção de água baixa está associada a uma estrutura compacta e vitrificada. Assume-se esta classificação como referência geral para este documento. Porém, os nove grupos especificados não reflectem diferenças significativas quanto aos aspectos ambientais discutidos neste documento. Em consequência, e especificamente para efeitos deste documento, serão utilizadas as classificações simplificadas indicadas na tabela abaixo [3, CERAME-UNIE, 2003]. Alguns ladrilhos cerâmicos não são abrangidos por esta classificação, pois, no total, representam uma parte ínfima por o seu processo de produção e características serem bastante diferentes e por não estarem disponíveis informações significativas ou úteis. Classe Descrição/especificação A BIa BIb-BII BIII Ladrilhos cerâmicos extrudidos Ladrilhos cerâmicos prensados a seco com baixa absorção de água Ladrilhos cerâmicos prensados a seco com baixa absorção de água Ladrilhos cerâmicos prensados a seco com corpo poroso Tabela 1.6 : Classificação simplificada de pavimento e revestimento de cerâmica Os azulejos e ladrilhos constituem produtos de revestimento de paredes e pavimentos importantes na indústria da construção e da habitação; por esse motivo, o mercado de manutenção e reconstrução (restauro) é de particular relevância para estes produtos. Entre as outras aplicações, podemos referir, p. ex., o uso de ladrilhos em fachadas exteriores, piscinas e áreas públicas. A indústria europeia vende ladrilhos em todo o mundo, sendo, de longe, o seu maior exportador. Um quarto da produção europeia é exportado para países não pertencentes à Europa dos 15: a indústria europeia é responsável por ¾ do comércio internacional de ladrilhos. Em 2001, a indústria europeia vendeu perto de 1400 milhões de m2 de ladrilhos, com um valor total de 10 000 milhões de euros. Nesse ano, a indústria empregou cerca de 71 000 trabalhadores [3, CERAME-UNIE, 2003]. Uma parcela significativa desta indústria concentra-se em duas regiões: a região de Sassuolo, na Itália (Emilia-Romagna) e em Castellón, em Espanha (Comunidade de Valência). Para o fabrico de ladrilhos estão a ser utilizadas argilas altamente refinadas que, na sua maioria, podem ser obtidas na própria Europa. Além disso, são empregadas diversas substâncias para a vidragem. A energia pode também ser considerada matériaprima, pois transforma as argilas em materiais cerâmicos por cozedura. As fontes energéticas utilizadas são sobretudo o gás natural e a electricidade. A tabela que se segue representa o consumo de energia por Estado-membro [20, CERAME-UNIE, 2004], [21, Almeida, 2004]. Países DE EL ES FR IT NL PT UK 1980 1990 1997 11,61 15,78 6,97 11,22 10,94 8,68 7,00 5,84 6,19 8,46 18,05 13,15 8,1 5,49 5,71 5,12 8,76 6,20 11,33 2001 7,58 Tabela 1.7 : Consumo de energia por Estado-membro (consumo específico de energia em TJ por 1000 toneladas produzidas) 5,78 6,42 5,48 6,00 1.5.6 Louça utilitária e decorativa O fabrico de cerâmica doméstica inclui a louça de mesa e os materiais artificiais e de fantasia em porcelana, faiança e grés fino. Os produtos mais típicos são travessas, pratos, chávenas, taças, jarros e vasos. Em comparação com outros produtos cerâmicos industriais importantes, a sua produção total é pequena, veja-se a Tabela 1.1. A louça de mesa e a louça ornamental possuem uma relação completamente diferente entre o valor e o peso. A louça de mesa e a louça ornamental estão de acordo com a descrição geral dos processos que se aplicam a todos os materiais cerâmicos. A tabela abaixo resume a produção das diferentes louças [20, CERAMEUNIE, 2004], [21, Almeida, 2004]. Países Alemanha Luxemburgo Países Baixos Portugal Reino Unido (2001) Louças Toneladas por ano Loiças de mesa em porcelana outras louças loiças ornamentais Total de loiças Louças de mesa (faiança, porcelana, louça vitrificada para hotelaria - grés) louças ornamentais Total de louças de mesa e louças ornamentais Total de louças de mesa e louças ornamentais 69 000 4000 500 (estimativa) 5370 5500 250 90 000 86 000 Tabela 1.8 : Volume da produção de louças de mesa e louças ornamentais 1.5.7 Louça sanitária Todos os artigos cerâmicos utilizados para fins sanitários são colectivamente designados por «loiça sanitária». Os artigos cerâmicos sanitários mais típicos são as sanitas, os bidés, os lavatórios, os autoclismos e as fontes de água potável. Estes produtos são fabricados sobretudo em porcelana vitrificada (semi-porcelana ou “vitreous china”) ou faiança ou grés. Em comparação com outros produtos cerâmicos industriais importantes, como tijolos ou produtos refractários, a sua produção total é pequena, veja-se a Tabela 1.1. A loiça sanitária possui uma relação entre valor e peso completamente diferente da dos tijolos ou produtos refractários. O fabrico de loiça sanitária segue processos semelhantes aos aplicados a todos os outros produtos cerâmicos. As matériasprimas são misturadas com água de forma a produzir uma barbotina dotada das características pretendidas. Esta barbotina é então armazenada em tanques e utilizada para a moldagem em barbotina em moldes separados ou em máquinas de moldagem à pressão. O produto é fabricado directamente a partir das máquinas de moldagem à pressão ou é libertado dos moldes utilizados para o processo de moldagem em barbotina. As peças têm de estar secas antes de poderem ser trabalhadas ou transportadas. O vidrado é aplicado directamente sobre a superfície da argila e cozido à temperatura adequada ao produto em causa; normalmente, entre 1200 e 1210 ºC no caso da porcelana vitrificada e a cerca de 1220 ºC no caso da argila refractária. A pulverização do vidrado confere a cor e profundidade à forma subjacente. A cor ou a combinação de cores necessária é obtida associando pigmentos ao vidro. A maioria destes é constituída por óxidos metálicos. Em comparação com o peso das outras matérias-primas (argila) e de outros constituintes, a quantidade de pigmento utilizada é mínima. O produto acabado dá entrada no armazém ou instalações de armazenamento para escolha, expedição e distribuição. 1.5.8 Cerâmicas técnicas Os fabricantes europeus de cerâmicas técnicas produzem uma grande variedade de produtos, em parte à base de argilas, mas também à base de matérias-primas sintéticas. Tal como nos outros sectores da indústria cerâmica, as matérias-primas são cozidas em fornos que utilizam sobretudo gás natural, embora também electricidade (2003: aproximadamente 2/3 gás e 1/3 electrividade) no processo. As cerâmicas técnicas têm aplicação em muitas indústrias e cobrem tanto produtos existentes como isoladores, como novas aplicações. Fornecem elementos para a indústria aeroespacial e automóvel (peças de motores, suportes de catalisadores), electrónica (condensadores, elementos piezo-eléctricos), de produtos biomédicos (substituição óssea), ambiental (filtros) e muitas outras. 25 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 26 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Os fabricantes mais importantes de cerâmicas técnicas encontram-se na Alemanha, Reino Unido, França e Países Baixos. Devido ao elevado valor acrescentado de alguns produtos de cerâmica técnica, certas partes desta indústria não exigem tanta energia, face à sua produção, como outros sectores. Relativamente à massa, o consumo de energia é comparável. Estima-se que o nível total de vendas da indústria europeia se tenha situado em 2500 milhões de euros em 2001. Apesar de não existirem dados precisos sobre a produção total em volume, calculou-se que tenha sido de cerca de 0,15 milhões de toneladas, em 2003, para a globalidade da indústria europeia [3, CERAME-UNIE, 2003] [23, TWG Ceramics, 2005]. 1.5.9 Abrasivos com ligante inorgânico Uma das principais características da trituração – um dos processos de produção mais antigos que se conhece – é o efeito de numerosas matérias cortantes não orientadas na peça. Os produtos abrasivos, que aplicam esta característica principal, são ferramentas amplamente utilizadas para trabalhar todo o tipo de materiais: não só na trituração, mas no corte, polimento, rebarbamento, afiamento, etc. de metais, plásticos, madeira, vidro, pedra, entre outros. Basicamente, pode efectuar-se uma distinção entre abrasivos rígidos («mós») e abrasivos aplicados («papel e tecidos abrasivos»). Além disso, existem abrasivos em estado livre, que não possuem ligação sólida a uma base (p. ex., pastas de polimento). Este documento trata apenas de «abrasivos com ligante inorgânico», um subgrupo dos abrasivos rígidos. Um abrasivo com ligante inorgânico (ou «mó abrasiva vitrificada», como indicam os fabricantes) é uma ferramenta em que um abrasivo sintético – os materiais abrasivos actualmente utilizados são alumina fundida especial, corindo sintético, carboneto de silicone, nitreto de boro cúbico (CBN) ou diamante, pré-peneirados de forma a adquirir uma granulometria uniforme – é misturado com um ligante vitrificado (a razão normal por peso é de nove partes de abrasivo para uma parte de base). De seguida, o produto é cozido a uma temperatura tal que a base (p. ex., vidro, argila), que constitui o elemento ligante, vitrifique e, após o arrefecimento, se ligue aos grãos abrasivos [14, UBA, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. 27 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 28 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 2.1 2.2 2.2.1 2.2.2 2.2.2.1 2.2.2.2 2.2.2.3 2.2.2.4 2.2.2.5 2.2.2.6 2.2.2.7 2.2.2.8 2.2.2.9 2.2.2.10 2.2.3 2.2.3.1 2.2.3.2 2.2.3.3 2.2.4 2.2.4.1 2.2.4.2 2.2.4.2.1 2.2.4.2.2 2.2.4.2.3 2.2.4.2.4 2.2.4.2.5 2.2.4.3 2.2.4.4 2.2.4.5 2.2.4.6 2.2.5 2.2.5.1 2.2.5.2 2.2.5.3 2.2.5.4 2.2.5.5 2.2.5.6 2.2.5.7 2.2.5.8 2.2.6 2.2.6.1 2.2.6.2 2.2.6.3 2.2.7 2.2.7.1 2.2.7.2 2.2.7.3 2. Processos e Técnicas aplicados no Fabrico de Produtos Cerâmicos Matérias-primas Descrição geral do processo de produção Armazenamento e transporte de matérias-primas Preparação das matérias-primas Pré-secagem Pré-mistura Desagregação/ maturação Moagem primária e secundária e peneiração Moagem por via seca ou húmida Peneiração a seco/ separação pneumática Secagem por atomização Calcinação Materiais de base sintéticos Fritas e vidrados, preparação do vidrado Mistura dos componentes Geral Misturadores contínuos Misturador de composição Conformação dos produtos Geral Prensagem Prensagem mecânica Prensagem hidráulica Prensagem por impacto Prensagem por fricção rensagem isostática Extrusão Moldagem Enchimento Conformação por fusão Secagem dos produtos cerâmicos Geral Secador de pavimento aquecido Secadores2de câmaras (intermitentes) Secadores de túnel (contínuos) Secadores de prateleiras verticais Secadores de rolos horizontais de vários andares Secadores desumidificadores Secadores a infravermelhos e microondas Tratamento da superfície e decoração dos produtos cerâmicos Texturização dos produtos cerâmicos Revestimentos aplicados Vidragem, engobagem e outras técnicas decorativas Cozedura Objectivos da cozedura Alterações físico-químicas durante a cozedura Fornos intermitentes (periódicos) 30 30 31 31 31 31 31 32 32 32 32 32 33 33 33 33 33 34 34 34 34 34 34 34 34 35 35 35 35 35 35 35 36 36 36 36 36 37 37 37 37 37 37 38 38 38 39 2.2.7.4 2.2.7.4.1 2.2.7.4.2 2.2.7.4.3 2.2.7.4.4 2.2.7.5 2.2.7.6 2.2.7.7 2.2.7.8 2.2.8 2.2.8.1 2.2.8.1.1 2.2.8.1.2 2.2.8.1.3 2.2.8.1.4 2.2.8.2 2.2.8.3 2.2.8.4 2.2.9 2.2.9.1 2.2.9.2 2.2.9.3 2.2.9.4 2.2.9.5 2.2.9.6 2.2.10 2.2.11 2.2.12 2.2.13 2.3 2.3.1 2.3.1.1 2.3.1.2 2.3.1.3 2.3.1.4 2.3.1.5 2.3.1.6 2.3.1.7 2.3.2 2.3.2.1 2.3.2.2 2.3.2.3 2.3.2.4 2.3.2.5 Fornos contínuos Fornos de câmara (Hoffmann) Fornos de túnel Fornos de rolos Fornos de placas deslizantes Cozedura em pilha Fornos rotativos Leitos fluidificados Recuperação de calor durante o arrefecimento Tratamento subsequente (acabamento do produto) Rectificação (rectificação, perfuração, serragem) Rectificação a húmido Rectificação a seco Perfuração Serragem Polimento Enriquecimento com carbono (produtos refractários) Acabamento de tijolos face-à-vista Materiais auxiliares adicionais Materiais para juntas (tubos) Silicones/produtos hidrófugos Materiais de isolamento Revestimento (tijolos refractários) Adesivos Montagem final Escolha, embalagem e armazenamento Instalações de abastecimento e eliminação (tratamento dos efluentes gasosos e tratamento de águas residuais de processo) Reciclagem na indústria cerâmica Organigrama geral com as diferentes vias de transformação Descrição das técnicas de fabrico de produtos cerâmicos por subsector Tijolos e telhas Matérias-primas Preparação das matérias-primas Conformação Secagem, vidragem e engobagem Cozedura 2 Tratamento subsequente Fluxos de entrada e de saída no fabrico de tijolos e telhas Tubos de grés Matérias-primas Preparação das matérias-primas Conformação Secagem e vidragem Cozedura 39 39 39 40 40 40 41 41 41 41 41 41 41 41 41 42 42 42 42 42 42 42 42 43 43 43 43 43 44 45 45 46 48 49 49 49 51 51 52 53 54 54 54 54 29 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 2.3.2.6 Tratamento subsequente 2.3.2.7 Fluxos de entrada e de saída no fabrico de tubos de grés 2.3.3 Produtos refractários 2.3.3.1 Matérias-primas 2.3.3.2 Preparação das matérias-primas 2.3.3.3 Conformação 2.3.3.4 Secagem 2.3.3.5 Cozedura 2.3.3.6 Tratamento subsequente 2.3.3.7 Procedimentos especiais 2.3.3.8 Fluxos de entrada e de saída no fabrico de produtos refractários 2.3.4 Agregados de argila expandida 2.3.4.1 Matérias-primas, aditivos e agentes auxiliares 2.3.4.2 Sistema geral e tecnologia do processo 2.3.4.2.1 Conformação 2.3.4.2.2 Tecnologia do processo térmico 2.3.4.2.3 Reacção química durante a dilatação 2.3.4.2.4 Passagem pelo crivo e moagem subsequentes 2.3.4.3 Fluxos de entrada e de saída no fabrico de agregados de argila expandida 2.3.5 Azulejos e ladrilhos 2.3.5.1 Matérias-primas 2.3.5.2 Preparação das matérias-primas 2.3.5.3 Conformação 2.3.5.4 Secagem 2.3.5.5 Cozedura e vidragem 2.3.5.6 Tratamento subsequente 2.3.5.7 Fluxos de entrada e de saída no fabrico de azulejos e ladrilhos 2.3.6 Louça utilitária e decorativa 2.3.6.1 Matérias-primas 2.3.6.2 Preparação das matérias-primas 2.3.6.3 Conformação 2.3.6.4 Secagem 2.3.6.5 Cozedura, vidragem e decoração 2.3.6.6 Tratamento subsequente 2.3.6.7 Fluxos de entrada e de saída no fabrico de cerâmica doméstica 2.3.7 Louça sanitária 2.3.7.1 Matérias-primas 2.3.7.2 Preparação das matérias-primas 2.3.7.3 Conformação 2.3.7.4 Secagem e vidragem 2.3.7.5 Cozedura 2.3.7.6 Tratamento subsequente 2.3.7.7 Fluxos de entrada e de saída no fabrico de louça sanitária 55 55 55 56 57 57 57 58 59 59 59 59 60 61 61 62 62 62 63 63 64 64 65 65 65 66 66 67 67 68 69 69 69 71 72 72 73 73 73 73 74 74 74 2.3.8 2.3.8.1 2.3.8.2 2.3.8.3 2.3.8.4 2.3.8.5 2.3.8.6 2.3.8.7 2.3.8.8 2.3.8.9 2.3.9 2.3.9.1 2.3.9.2 2.3.9.3 2.3.9.4 2.3.9.5 2.3.9.6 2.3.9.7 Cerâmicas técnicas Matérias-primas Preparação das matérias-primas 2 Conformação Rectificação Vidragem, engobagem e metalização Secagem, eliminação por combustão e pré-cozedura Cozedura/sinterização Tratamento subsequente Fluxos de entrada e de saída no fabrico de cerâmica técnica Abrasivos com ligante inorgânico Matérias-primas Preparação das matérias-primas Conformação Secagem Cozedura Tratamento subsequente Fluxos de entrada e de saída no fabrico de abrasivos com ligante inorgânico 75 76 76 77 78 79 80 80 81 81 82 82 83 83 83 83 83 84 30 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 2.1 Matérias-primas A indústria cerâmica emprega um leque tão variado de materiais quanto a diversidade da sua gama de produtos. Utilizam-se tanto materiais naturais como sintéticos; muitos destes são produzidos na Europa, mas alguns são importados. As necessidades de cada subsector variam e os detalhes sobre as matérias-primas são enumerados nos capítulos respeitantes aos vários subsectores. As fórmulas (ou pastas) das composições cerâmicas à base de argila podem ser constituídas por uma ou mais argilas, misturadas com minerais conhecidos por «não-plásticos», tais como o quartzo ou o feldspato. Os minerais argilosos normais («argilas plásticas») são alumino-silicatos hidratados resultantes da erosão das rochas. A estrutura cristalo-química dos minerais argilosos é constituída por unidades estruturais tetraédricas e octaédricas. A “estrutura tetraédrica” é composta geralmente por tetraedros de silício Si4+ rodeados por quatro iões de oxigénio. A “estrutura octaédrica” é composta geralmente por octaedros de alumínio Al3+ rodeados por seis grupos hidroxilo. Estas estruturas octaédricas de alumínio condensam-se com as estruturas tetraédricas de sílica, formando assim os minerais argilosos. A designação de minerais argilosos abrange diversas nomenclaturas, sendo as mais comuns a «caulinite» (Al2O3·2SiO2·2H2O), «montmorilonite» (Al2O3·4SiO2H2O) e “haloisite” (Al2O3·2SiO2·3H2O). [8, Ullmann’s, 2001], [11, Shreve, 1945]. Os produtos cerâmicos técnicos avançados, que contêm pouca ou nenhuma argila, baseiam-se nos seguintes materiais: óxidos, carbonetos, nitretos e boretos de Al, Mg, Mn, Ni, Si, Ti, W, Zr e de outros iões metálicos. Exemplos correntes são o Al2O3 (alumina), MgO (magnésia ou óxido de magnésio), SiC (carboneto de silício), TiN (nitreto de titânio) e WB2 (boreto de tungsténio) [8, Ullmann’s, 2001]. As argilas ou materiais argilíferos (argilas sedimentares, argila xistosa, argila limosa, marga) são utilizados sobretudo no fabrico de tijolos, telhas e tubos de grés. Podem ainda ser acrescentados aditivos orgânicos (serradura, substâncias à base de ligante de papel, poliestireno expandido) ou agentes auxiliares inorgânicos, como diatomite ou perlite, para obter um maior porosidade. Na produção de tijolos face-à-vista e telhas, podem adicionar-se óxidos metálicos como MnO2, TiO2, Fe2O3, cromites (Cr2O3) e minerais como CaCO3, CaMgCO3 para se obter a cor pretendida e/ou reforçar a porosidade do produto acabado. Pode ainda acrescentar-se BaCO3 para reduzir a formação de eflorescências. Estes aditivos são acrescentados imediatamente antes do processo de conformação ou aquando da preparação das matérias-primas, seja na forma sólida ou líquida. Os produtos refractários são constituídos por argila, chamote (argila plástica calcinada e moída) e certas rochas naturais, como quartzito, dolomite, bauxite e magnesite, mas também nos materiais sintéticos acima referidos, como corindo sinterizado, carboneto de silício ou espinelas. Para produzir pastas comprimíveis, acrescenta-se ligantes às matérias-primas moídas. A indústria da argila expandida utiliza argilas com expansibilidade específica, sendo utilizados aditivos (como agentes de fluxo, auxiliares de dilatação e agentes de libertação) para favorecer a dilatação [26, UBA, 2005]. Os produtos fabricados pelas indústrias de azulejos e ladrilhos, cerâmica utilitária e decorativa e louça sanitária utilizam predominantemente minerais argilosos funcionam como matérias-primas plásticas. Contudo, é frequente as cerâmicas técnicas e os abrasivos com ligante inorgânico usarem apenas uma pequena quantidade de argila ou, no caso das cerâmicas técnicas, não usarem nenhuma, sendo assim constituídos pelos boretos, carbonetos, óxidos e nitretos dos metais já mencionados. O quartzo, o feldspato e, nalguns casos, a dolomite, a wolastonite e a esteatite são utilizados como materiais de fluxo. Diversos produtos cerâmicos são vidrados ou possuem uma camada de engobe na superfície visível ou em toda a superfície. Além das matérias-primas e agentes de fluxo acima referidos, são necessários para o fabrico de cerâmica outros agentes auxiliares, auxiliares de cozedura, combustíveis e agentes de adsorção. No processo de conformação, empregam-se aditivos e agentes ligantes à base de barbotina orgânica. Os auxiliares de cozedura consistem em cápsulas, placas e suportes reutilizáveis e ignífugos. No tratamento dos efluentes gasosos, utilizam-se agentes de adsorção como o carbonato de cálcio, o hidróxido de cálcio. 2.2 Descrição geral do processo de produção O fabrico de produtos cerâmicos tem lugar em diferentes tipos de fornos, com uma vasta gama de matérias-primas e diversas formas, tamanhos e cores. Em termos gerais, contudo, o processo de fabrico de produtos cerâmicos é bastante uniforme, embora o fabrico de azulejos e ladrilhos, de louça utilitária e decorativa, de louça sanitária e de cerâmicas técnicas envolva, frequentemente, um processo de cozedura em várias fases. Em geral, as matérias-primas são misturadas e moldadas, prensadas ou extrudidas até se obter a forma pretendida. Normalmente, é utilizada água para conseguir uma mistura mais completa e para facilitar a conformação. Esta água é evaporada em secadores e os produtos são depois colocados ou manualmente no forno (sobretudo no caso dos fornos que funcionam de forma descontínua) ou em transportadores, passando depois através de fornos que funcionam em contínuo. Na maioria das situações, os fornos são alimentados com gás natural, mas utiliza-se também gás de petróleo liquefeito, fuelóleo, carvão, coque de petróleo, biogás/biomassa ou electricidade. Durante o processo de cozedura, o produto adquire uma estrutura cerâmica irreversível. Isto exige que se mantenha um gradiente de temperatura muito rigoroso durante a cozedura para que os produtos sejam submetidos a um tratamento correcto. Posteriormente, é necessário um arrefecimento controlado, de forma a que os produtos libertem o calor gradualmente e conservem a sua estrutura cerâmica. Os produtos são depois embalados e armazenados para distribuição. De seguida, nas Secções 2.2.1 – 2.2.13, serão explicadas as fases do processo mais relevantes de uma fábrica cerâmica, bem como as fases básicas e variações dos processos de produção [1, BMLFUW, 2003], [2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [5, InfoMil, 2003], [6, Timellini, 2004], [7, Dodd, 1994], [8, Ullmann’s, 2001], [10, Navarro, 1998], [13, SYKE, 2004], [14, UBA, 2004], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [26, UBA, 2005], [28, Schorcht, 2005], [29, IMA-Europe, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005], [32, TWG Ceramics, 2006]. Quanto às condições para a medição do caudal e concentrações, vejam-se as seguintes definições, também referidas no Glossário: m3/h Caudal: salvo indicação em contrário no presente documento, os caudais correspondem a 18% em volume de oxigénio e em condições normais de pressão e temperatura (PTN). mg/m3 Concentração: salvo indicação em contrário no presente documento, as concentrações de substâncias ou de misturas gasosas correspondem às das emissões gasosas secas a 18% em volume de oxigénio e ao estado padrão e as concentrações em benzeno correspondem a 15% em volume de oxigénio e em condições normais.. condições normais (PTN) Designa uma temperatura de 273 K e uma pressão de 1013 hPa. 2.2.1 Armazenamento e transporte de matérias-primas A extracção de argila, caulino, materiais argilosos, feldspato, quartzo e a maioria das outras matérias-primas utilizadas tem habitualmente lugar em minas ou barreiros e, em alguns casos, pode também obter-se a argila da margem de rios próximos da fábrica (como sucede, por exemplo, nos Países Baixos). O transporte até à fábrica é normalmente realizado por camião, mas pode sê-lo por via-férrea ou, caso a mina ou barreiro esteja situado muito próximo da fábrica, em tapete rolante. Consoante as suas características e a etapa do processo, as matérias-primas são armazenadas em montes formados a céu aberto, armazéns subdivididos em tulhas, doseadores de grande volume, silos de mistura, silos de envelhecimento, silos de maturação e silos secos. Os silos estão equipados com indicadores de nível, válvulas de sobrecarga e filtros ou sistema de escape. Alguns materiais são também fornecidos na forma líquida ou pastosa e, por conseguinte, são armazenados em tanques ou outros reservatórios. O equipamento de transporte no interior da fábrica é escolhido segundo as características do material deslocado, tais como a granularidade, a resistência ao atrito e a fluidez, a temperatura, o caudal e o espaço atribuído. Os materiais são deslocados por meio de máquinas de extracção como dragas, correntes transportadoras, transportadores de parafuso sem-fim, transportadores pneumáticos e rampas. A barbotina é parcialmente bombeada através de condutas. 2.2.2 Preparação das matérias-primas A primeira redução da granulometria e a homogeneização preliminar das matérias-primas é habitualmente realizada na operação de extracção, embora seja necessária uma preparação suplementar para que se cumpram as rigorosas exigências técnicas dos produtos cerâmicos modernos. Pode recorrer-se a um ou mais dos seguintes processos descritos nas Secções 2.2.2.1 – 2.2.2.10, embora não decorram necessariamente pela mesma ordem. 2.2.2.1 Pré-secagem Por vezes, certas matérias-primas necessitam de ser pré-secas; nomeadamente, pode secar-se a areia utilizando uma tecnologia de leito fluidizado ou por secadores rotativos. Muitas matérias-primas cerâmicas refinadas são adquiridas em fornecedores especializados – normalmente em estado seco. 2.2.2.2 Pré-mistura A mistura das argilas pode iniciar-se no barreiro, ou seja, por escavação selectiva e disposição do material em camadas horizontais sobrepostas e corte vertical do monte formado para abastecer a fábrica. 2.2.2.3 Desagregação/ maturação Nas fábricas que produzem tijolos e telhas de cerâmica, é necessário armazenar grandes quantidades de argila e de matériasprimas minerais, sendo frequente o seu primeiro armazenamento a céu aberto. Em certos casos – sobretudo nos processos de 31 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 32 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva prensagem “manual” (soft-mud) – o armazenamento durante alguns meses facilita a tratabilidade da argila. O processo é conhecido por «maturação» e a desagregação por acção do tempo é mais eficaz no período de Inverno. 2.2.2.4 Moagem primária e secundária e peneiração A moagem grosseira ou primária de argilas relativamente secas/frágeis pode ser realizada por destorroadores de argila de dentadas grandes, normalmente localizados na zona de extracção, ou por grandes moinhos de mandíbulas. A granulometria das matérias-primas muito duras (frequentemente utilizadas para fabricar produtos refractários) é também reduzida por moinhos de mandíbulas, os quais comprimem os agregados de mineral entre duas superfícies rígidas, uma estacionária e uma móvel. Os moinhos de martelos reduzem o tamanho por forças de impacto – os pedaços de matéria-prima nele inseridos fragmentam-se quando atingidos pelos martelos em rotação rápida. Os moinhos de galgas (por via seca ou húmida) são adequados para reduzir o tamanho das partículas das matérias-primas mais plásticas. Os moinhos de galgas munidos de base perfurada garantem que as partículas apresentam um tamanho máximo definido, e os moinhos de galgas por via húmida possuem a função acrescida de permitir a mistura das argilas com a adição de água. Os laminadores são geralmente utilizados na indústria cerâmica estrutural para desintegrar, laminar e homogeneizar as partículas de argila. Estas máquinas dispõem de pares de tarugos paralelos, de aço duro macio, que rodam em direcções opostas de forma a que o material, introduzido entre os rolos, seja esmagado e laminado. A granulometria é controlada afinando o afastamento entre os tarugos. Os raladores (e também os moinhos de galgas) são úteis quando se utilizam matérias-primas plásticas, consistindo num sistema de facas rotativas que esmagam a argila contra um tambor fixo perfurado. A argila é forçada a passar através das perfurações sob a forma de “macarrão”. Os moinhos pendulares possuem dois rotores com elementos de percussão. Estes rodam um contra o outro e permitem misturar e desintegrar o material introduzido. 2.2.2.5 Moagem por via seca ou húmida Com o processo de desintegração acima descrito obtêm-se normalmente granulometrias de 2 mm ou mais. Para certas aplicações cerâmicas, como azulejos e ladrilhos, produtos refractários e louça de mesa, é necessário reduzir ainda mais a granulometria. São utilizados moinhos de rolos por via seca ou húmida para a obtenção de partículas com cerca de 1 mm de diâmetro. Estes consistem em rolos orientados verticalmente que operam dentro de um anel externo, acumulando-se pressão entre o rolo e o anel, p. ex., por acção da força centrífuga. A matéria-prima proveniente da etapa de moagem primária é introduzida no moinho, com ou sem água, e moída até que se obtenha a granulometria pretendida. Pode realizar-se uma moagem ainda mais fina utilizando moinhos de bolas contínuos ou descontínuos (nos quais esferas cerâmicas rígidas rolam em tambores montados horizontalmente). Os moinhos de bolas são a escolha usual na indústria de ladrilhos e azulejos cerâmicos e, quando utilizados por via húmida, podem produzir pós de granulometria inferior a 200 microns. 2.2.2.6 Peneiração a seco/ separação pneumática Para optimizar certas propriedades das cerâmicas (como a densidade), é por vezes necessário misturar materiais de granulometrias definidas. A peneiração a seco envolve normalmente peneiros vibratórias, aquecidos electricamente para prevenir a acumulação de material e a sua colmatação. Os sistemas de separação pneumáticos baseados em ciclones podem também ser utilizados para o dimensionamento granulométrico das poeiras secas. De qualquer modo, o material de granulometria excessiva é alimentado de volta para o moínho. 2.2.2.7 Secagem por atomização Este processo é amplamente utilizado na indústria de azulejos e ladrilhos, assim como no fabrico de louça de mesa, cerâmicas técnicas e produtos refractários. A suspensão aquosa de matéria-prima que resulta da moagem com bolas por via húmida (teor em sólidos ~60 a 70%) é pulverizada sob pressão de maneira a produzir gotículas que contactam uma corrente de ar quente. A secagem das gotículas produz grânulos ocos mais ou menos esféricos altamente uniformes (com um teor de humidade habitual de 5,5 a 7%). Esta forma de pó possui elevada fluidez, facilitando o enchimento exacto dos moldes de prensagem e, depois, prensar ladrilhos de bastante grandes dimensões. Hoje em dia, certas empresas são especializadas na preparação de pó seco por atomização fornecendo o material pré-fabricado directamente às fábricas da indústria cerâmica para transformação suplementar. 2.2.2.8 Calcinação Algumas matérias-primas de produtos cerâmicos são pré-cozidas, normalmente em fornos rotativos, fornos de túnel ou fornos verticais, para aperfeiçoar as suas propriedades. Por exemplo, certos óxidos (como a dolomite ou a magnesite) necessitam de ser calcinados a temperaturas elevadas, por vezes acima de 1800 ºC, para se tornarem adequados à utilização no fabrico de produtos refractários. A calcinação de argilas (p. ex., caulino) reduz a retracção plástica dos corpos a que são adicionados, contribuindo para o controlo da granulometria dos produtos e acelerando os ciclos de cozedura. Hoje em dia, certas empresas são especializadas na preparação de matérias-primas calcinadas, fornecendo o material pré-fabricado directamente às fábricas da indústria cerâmica para transformação suplementar. Este documento não trata destes processos de calcinação de matéria-prima a montante, mas pode encontrar-se informação útil a respeito de «óxidos calcinados» e «chamote, pigmentos e enchimentos (fillers) calcinados» no BREF sobre Cimento e Calcário – onde se descreve a calcinação da dolomite; no BREF sobre Gestão de Resíduos e Estéreis da Actividade Mineira – onde se descreve a transformação do caulino; na versão preliminar do BREF sobre a Indústria de Química Inorgânica em Grande Escala (Sólidos e Outros) – onde se detalha a produção de óxido de magnésio e na versão preliminar do BREF sobre Química Inorgânica de Especialidades, onde se detalha a produção de especialidades de pigmentos inorgânicos. 2.2.2.9 Materiais de base sintéticos Há que notar que alguns materiais sintéticos, como o carboneto de silício, podem ser fabricados por fornecedores especializados, mas poderão ser submetidos ao processo de desintegração. 2.2.2.10 Fritas e vidrados, preparação do vidrado Na vidragem de azulejos e ladrilhos utilizam-se matérias-primas de natureza vítrea (fritas). As fritas são compostos vítreos, insolúveis em água, preparados a partir de materiais cristalinos e produzidos por fusão a temperatura elevada (1500 ºC) seguida de arrefecimento rápido. As fritas são fornecidas à indústria de ladrilhos cerâmicos pelos seus fabricantes (para mais informações, queira consultar também o BREF sobre Fabrico do Vidro). Além das fritas, os principais componentes do vidrado são a sílica (formadora de vidro) e aditivos que actuam como agentes de fluxo (alcalinos, alcalino-terrosos, boro, chumbo, etc.), opacificantes (zircónio, titânio, etc.) e agentes corantes (ferro, crómio, cobalto, manganésio, etc.). No processo de preparação do vidrado, a frita e os aditivos são habitualmente moídos em moinhos descontínuos de bolas e tambores até se adquirir um material pré-definido. O vidrado passa através de peneiros vibratórios e, em seguida, ajustam-se as condições da suspensão aquosa. As características desta suspensão dependem do método de aplicação a usar. Pode formular-se uma enorme variedade de vidrados, consoante o tipo de produto, a temperatura de cozedura e os efeitos e propriedades do produto acabado que se pretendem. 2.3 Mistura dos componentes 2.2.3.1 Geral O tempo, a intensidade e a sequência de mistura têm um impacto significativo nas suas propriedades e, por conseguinte, nas do produto final. Há que misturar e homogeneizar as matérias-primas preparadas, em proporções controladas, para se adquirir a uniformidade físico-química pretendida. Dependendo do subsector cerâmico em causa, a mistura pode variar de operações contínuas em larga escala a uma mistura de composição, em pequena escala, cuidadosamente controlada. O doseamento pode realizar-se com base no volume (p. ex., alimentadores de calha colocados em tapetes rolantes) ou na massa (p. ex., através de alimentadores de hélice ligados a instrumentos de pesagem). A maioria das operações de modelação cerâmica requer matérias-primas com um teor em água ou ligante definido, sendo necessário o doseamento exacto de aditivos menores como pigmentos, agentes anti-espuma e ligantes e a sua distribuição uniforme na mistura. No fabrico de produtos refractários, as propriedades de alguns produtos são optimizadas pela mistura cuidadosa de fracções de matéria-prima de diversas granulometrias. O doseamento dos componentes da mistura é agora frequentemente automatizado, sendo os mecanismos de abastecimento controlados por computador de forma a permitir a rápida alteração da «composição» da mistura. Nalguns casos, sobretudo no fabrico de tijolos, a argila é também misturada com aditivos combustíveis sólidos (como coque micronizado) para reduzir os tempos de cozedura. 2.2.3.2 Misturadores contínuos Misturadores de duplo eixo: estes são amplamente utilizados na indústria cerâmica estrutural e consistem numa calha com dois eixos paralelos que rodam um contra o outro. Os eixos estão dotados de pás e facas, proporcionando uma vigorosa acção misturadora. O passo das pás faz avançar a massa para a extremidade de saída. Misturadores de eixo único: estes proporcionam uma mistura mais suave do que a versão de duplo eixo, mas são úteis para misturar as argilas com água antes da extrusão. O misturador termina normalmente num sem fim (hélice de selagem) que comprime a mistura de argila preparada. 33 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 34 Moinho de galgas: a função de moagem destes misturadores foi descrita na Secção 2.2.2.4. Na versão por via seca, o reservatório roda e as galgas (duas rodas de aço pesado) possuem um eixo estacionário, enquanto na versão por via húmida o reservatório é estacionário e as galgas correm por um percurso giratório em torno do eixo vertical. É possível amassar consideravelmente a mistura de argila, água e alguns aditivos. COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Raladores e moinhos pendulares: estes foram também mencionados na Secção 2.2.2.4 e, mais uma vez, possuem a dupla função de proporcionar tanto uma excelente mistura como a desintegração do material. 2.2.3.3 Misturador de composição O misturador de pás em Z (amassador): existem várias versões, mas todas funcionam pelo mesmo princípio de cortar e amassar. Normalmente, trabalham matérias-primas plásticas, mas comportam pós mais secos. Tambores misturadores: são adequados para misturar materiais relativamente secos de granulometria uniforme. Após carregado, o tambor entra em rotação durante o período de tempo necessário. Misturadoras rotativas (betoneira): estas funcionam pelo mesmo princípio das grandes betoneiras e, de preferência, devem ser abastecidas com quantidades medidas dos componentes individuais enquanto o reservatório roda. Para obter uma mistura profunda, utilizam-se raspadeiras deflectores, podendo estes misturadores mesclar argila granular com pós finos. Amassadores de eixo rotativo: nesta versão, o reservatório é estacionário e o eixo central roda, sendo normalmente dotado de braços que, por sua vez, sustentam pás rotativas. Estas últimas varrem o fundo do reservatório com um movimento planetário, permitindo uma mistura de composição tão eficiente como o tipo de misturador rotativo. Tanques de agitação: são empregues para misturar diversas lamas, barbotinas e suspensões aquosas utilizadas na indústria cerâmica. Embora se incluam normalmente os agentes de suspensão, é frequentemente necessário manter a acção agitadora até que as barbotinas sejam utilizadas, quer seja no tanque de mistura, quer num tanque de armazenamento. 2.2.4 Conformação dos produtos 2.2.4.1 Geral Os produtos cerâmicos tradicionais eram sempre moldados a partir de matérias-primas no estado plástico e, durante milénios, esta operação foi manual. No presente, exigem-se especificações técnicas cada vez mais rigorosas, abrangendo propriedades como a tolerância dimensional, a densidade, a resistência, a durabilidade e a capacidade de refracção. Em muitos casos, as qualidades estéticas também adquirem importância primordial. O método de conformação do material pode ter um efeito profundo nas suas propriedades finais, tendo-se desenvolvido um leque variado de técnicas de conformação nos vários subsectores da indústria cerâmica. 2.2.4.2 Prensagem 2.2.4.2.1 Prensagem mecânica Este método ainda é utilizado no fabrico de tijolos maciços (p. ex., prensagem por via semi-seca) e de produtos refractários. A cavidade dos moldes é carregada com um volume predefinido de grânulos de argila e a pressão é geralmente aplicada de cima e de baixo, sendo os pistões movidos por acção de cames e auxiliados por volantes de grandes dimensões. 2.2.4.2.2 Prensagem hidráulica As modernas prensas hidráulicas podem proporcionar grande força de compactação, elevada produtividade, consistência e fácil ajustamento. Muitas prensas estão agora equipadas com unidades de controlo electrónico, que pode verificar a altura das unidades e ajustar automaticamente o ciclo para garantir a uniformidade de tamanhos. Estas prensas podem ser facilmente ajustadas de forma a cumprir variados requisitos, incluindo programas de prensagem complicados como os que são utilizados na criação de formas refractárias complexas. A prensagem hidráulica é geralmente adoptada na conformação de ladrilhos. No caso dos ladrilhos cerâmicos, o pó húmido (com teor de humidade de 5 – 7%) é prensado em moldes, enquanto as telhas são normalmente formadas prensando «lastras» plásticas previamente extrudidas. 2.2.4.2.3 Prensagem por impacto Este método é uma conformação de elevado consumo energético por impacto pneumático e mecânico que consiste num pistão que bate a alta velocidade no pó contido no molde. A técnica é utilizada no fabrico de produtos refractários especiais. 2.2.4.2.4 Prensagem por fricção As prensas de fricção mecânica (parafuso) são geralmente utilizadas para produzir formas refractárias, embora estejam a ser gradualmente substituídas por prensas hidráulicas. 2.2.4.2.5 Prensagem isostática Alguns produtos de alta qualidade requerem uma densidade uniforme, que pode ser obtida aplicando igual pressão em todas as superfícies. Na prensa isostática, moldes de borracha ou poliuretano são enchidos com pó atomizado e colocados num recipiente com líquido. De seguida, aplica-se uma pressão hidrostática elevada e, por fim, os objectos são desmoldados. Esta técnica é utilizada nos subsectores dos produtos refractários e cerâmicas técnicas, bem como no fabrico de ladrilhos e louça de mesa. 2.2.4.3 Extrusão A extrusão é muito utilizada no fabrico de tijolos e blocos de cerâmica, tubos de grés e ladrilhos e azulejos. O processo é ainda usado para produzir «lastras» semi-acabadas para prensagem ulterior em telhas, formas refractárias, etc. O processo de extrusão exige que a matéria-prima seja plástica, o que normalmente implica que o teor em argila seja elevado. O corpo plástico é misturado com água até adquirir a consistência necessária, forçando-se depois através do molde da extrusoraa – normalmente, por acção de um sem-fim forte. Antes do sem-fim, inclui-se normalmente uma etapa de desgasificação a vácuo para melhorar a consolidação da pasta de argila. Por fim, esta é cortada nas unidades de comprimento pretendidas forçando secções da coluna através de uma série de fios verticais fortemente esticados. A extrusão adequa-se bem à produção contínua em larga escala de tijolos, tubos, etc. e é ideal para fabricar produtos perfurados, como tijolos furados de construção. 2.2.4.4 Moldagem Este é um método muito antigo de dar forma a objectos de argila – os primeiros tijolos que se conhecem (não cozidos) datam de há mais de 10 000 anos. Em muitas partes do mundo ainda se utilizam regularmente sistemas de adobe. Empregava-se a conformação manual, tendo-se desenvolvido moldes simples de madeira para garantir maior uniformidade do tamanho e da forma. A conformação dos produtos de argila exige muito menos potência e energia do que a prensagem ou a extrusão, mas requer uma mistura muito mais macia (húmida), o que provoca maior contracção na secagem e maior consumo de energia para que sequem. Os tijolos moldados produzidos pelo chamado processo de «soft-mud» possuem qualidades de textura e estética especiais muito procuradas – sobretudo para manter o rico património arquitectónico de muitas cidades e regiões da Europa. Os tijolos moldados à mão ainda são fabricados e atingem preços elevados, mas hoje em dia, na Europa Ocidental, muitos tijolos moldados são produzidos mecanicamente em máquinas sofisticadas. As máquinas ainda «atiram» blocos individuais de argila para moldes précheios com areia. A conformação dos produtos também é realizada no subsector refractário para formar grandes produtos (que, por vezes, ultrapassam a tonelada). A mistura, cuja viscosidade tem de ser precisa, é armada no molde. Neste caso, utiliza-se a vibração (aplicada ao molde ou directamente à mistura utilizando vibradores internos) para consolidar a mistura e garantir o enchimento completo do molde. Este processo é conhecido por «conformação por vibração». 2.2.4.5 Enchimento Este processo é amplamente utilizado no fabrico de louças sanitárias e ornamentais e de produtos refractários especiais e complicados, assim como no fabrico de cerâmicas técnicas. O material mineral finamente moído é misturado com água para produzir uma barbotina (uma lama aquosa estabilizada) que é vazada num molde poroso, habitualmente de gesso. A sucção capilar do molde extrai o líquido da barbotina, formando um produto de elevada solidez na superfície interna do molde. A espessura da parede aumenta progressivamente e, com o tempo, pode obter-se um corpo completamente sólido (se for necessário) antes da remoção do molde. Os produtos de louça sanitária são relativamente grandes e são formados por enchimento de barbotina convencional ou em máquinas de enchimento de média e alta pressão. 2.2.4.6 Conformação por fusão Esta técnica é dispendiosa tanto em custo como em energia, confinando-se assim a sua utilização a aplicações cerâmicas especializadas. Os tijolos refractários são sujeitos a vários ataques químicos e físicos de escória líquida, clínquer, etc. A conformação por fusão envolve a pré-fusão das matérias-primas seleccionadas e o seu vazamento em moldes. As unidades daí resultantes possuem densidade elevada, porosidade baixa e coerência intercristalina muito forte, com uma microestrutura regular. Estas propriedades conferem melhor resistência à corrosão e erosão e resistência mecânica excelente a altas temperaturas. Uma característica do processo é a forte contracção dos óxidos fundidos aquando da solidificação (da ordem dos 15% do volume). É necessário um arrefecimento lento para evitar a fractura das peças moldadas e controlar o processo de cristalização. 2.2.5 Secagem dos produtos cerâmicos 2.2.5.1 Geral Tradicionalmente, muitos dos produtos em cerâmica eram secos «ao natural» e permaneciam ao ar à temperatura ambiente. Em muitas zonas da Europa, tal apenas se podia realizar no verão. A indústria de tijolos e telhas empregava «pilhas» de secagem sim- 35 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 36 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva ples que facilitavam o assentamento de camadas sobrepostas de material sob uma simples cobertura de madeira que protegia da chuva. Na indústria cerâmica moderna, é necessário optimizar a secagem em termos de velocidade, eficiência térmica e baixo nível de resíduos. À excepção dos processos de secagem lentos e suaves, é necessário manter uma vigilância apertada dos níveis de aquecimento, da circulação do ar, da temperatura e da humidade. O calor para o ar de secagem é agora fornecido sobretudo por queimadores a gás e por ar quente recuperado da zona de arrefecimento dos fornos. Este calor pode ainda ser fornecido por cogeração ou por outro combustível como o carvão, biomassa, biogás ou coque de petróleo. As matérias-primas cerâmicas variam quanto à sensibilidade à secagem, mas a maioria beneficia com um período de aquecimento inicial em condições de humidade elevada (e pouca ou nenhuma remoção de humidade), seguindo-se a etapa de secagem principal em que os produtos se deparam com ar gradualmente mais quente e mais seco. As mais baixas percentagens de teor de água são as mais difíceis de remover, requerendo o ar mais quente e mais seco. As diversas formas de secadores evoluíram de forma a cumprir as necessidades dos diferentes subsectores da indústria, sendo enorme a variação da natureza e do tamanho dos componentes cerâmicos. 2.2.5.2 Secador de pavimento aquecido Este método simples de secagem já não é utilizado com frequência e não é passível de mecanização ou automatização. Contudo, ainda é útil para a secagem lenta e suave de produtos cerâmicos grandes e complexos, como louças sanitárias ou alguns produtos refractários. Alguns tijolos de formas especiais são também secados desta maneira. Tal como o nome indica, a acção de secagem advém do calor conduzido directamente da base das unidades em contacto com o pavimento aquecido e de correntes de convecção do ar no inerior. O fluxo lateral de ar é mínimo e todas as superfícies do artigo secam a baixa velocidade, evitando tensões indevidas na pasta durante a secagem. 2.2.5.3 Secadores de câmaras (intermitentes) Estes consistem numa bateria de câmaras com portas de entrada bem vedadas, normalmente servidas por carris por onde circulam vagões de secagem. Estes são carregadas com estantes ou prateleiras de secagem, carregadas de material disposto horizontalmente a espaços uniformes, ou paletes constituídas por material disposto verticalmente. Foram desenvolvidos sistemas de movimentação totalmente automatizados, com abastecimento pelo vagão de carga directa de paletes para o secador. As unidades cerâmicas, como tijolos, blocos, tubos e formas refractárias são colocadas nas estantes e os vagões de secagem carregados são transportados até às câmaras, que são fechadas quando estão cheias. Nas instalações modernas, toda a operação é altamente automatizada. A temperatura da câmara aumenta de forma constante, seja directamente – pela injecção de ar quente – seja indirectamente, através de superfícies de transferência de calor. A recirculação do ar é utilizada para melhorar a eficiência da secagem. A transferência de calor dá-se sobretudo por convecção, além de uma ligeira irradiação do ar quente e das superfícies aquecidas. São seguidos perfis específicos de temperatura e humidade consoante o produto cerâmico em causa. Os secadores de câmaras são particularmente úteis em situações de fabrico de diversos corpos cerâmicos em que estes possuam teor elevado em água ou em que a produção seja intermitente. Além disso, é também relativamente fácil acrescentar câmaras extra em caso de necessidade. 2.2.5.4 Secadores de túnel (contínuos) Estes secadores consistem essencialmente numa longa estrutura em túnel por onde avança uma linha de vagões de secagem carregados com os produtos cerâmicos “em verde”. Introduz-se então ar a alta temperatura na extremidade de descarga do túnel, induzindo-se o seu fluxo no sentido da extremidade de entrada por um ou mais ventiladores. À medida que o ar flui pelo secador, transfere calor para o produto e o seu teor em humidade aumenta. É habitual instalarem-se ventiladores de recirculação para aumentar a turbulência e, deste modo, a eficiência de secagem. O comprimento do secador de túnel depende da cadência de produção dos produtos que é necessária e do teor em água do material cerâmico. 2.2.5.5 Secadores de prateleiras verticais O secador vertical é utilizado sobretudo no subsector dos ladrilhos, que são introduzidos em prateleiras que consistem em várias estantes de rolos. Os grupos de prateleiras movem-se no sentido ascendente através dos secadores, onde encontram gases de secagem quentes. A temperatura neste tipo de secador é normalmente inferior a 200 ºC e os ciclos de secagem variam entre 35 e 50 minutos. 2.2.5.6 2.2.5.6 Secadores de rolos horizontais de vários andares Estes secadores são também muito utilizados pelos fabricantes de ladrilhos. Os secadores horizontais são concebidos segundo o princípio do forno de rolos. Cada ladrilho é introduzido em diferentes andares do secador, os quais são transportados horizontalmente por rolos accionados. Os queimadores localizados nas laterais do secador produzem o ar quente para a secagem, que flúi no sentido oposto ao material. A temperatura máxima nestes secadores é normalmente superior à da opção vertical (cerca de 350 ºC) e os ciclos de secagem mais curtos, entre 15 e 25 minutos. 2.2.5.7 Secadores desumidificadores Estes secadores consistem habitualmente em unidades intermitentes (câmaras). A técnica assenta na manutenção do nível de humidade do ar na câmara de secagem bastante abaixo da saturação, de tal maneira que a água se continue a evaporar do material sem necessidade de aumentar a temperatura. Para manter este efeito, o vapor de água tem de ser continuamente removido da câmara, o que é normalmente efectuado fazendo circular o ar através de um condensador refrigerado. Estes secadores têm estar extremamente bem vedados para impedir a entrada do ar ambiente, que pode estar húmido, costumando estar equipados com controlos programáveis da humidade para optimizar a secagem. A escala destes secadores é limitada, mas adequam-se bem a secar produtos cerâmicos sensíveis, formas especiais, etc. O único resíduo produzido por esta técnica de secagem é a água líquida. Outra possibilidade é introduzir vapor saturado num secador de túnel. Num secador desta natureza, a humidade do ar de secagem é reduzida nos seus diferentes subsectores para garantir o controlo da secagem. 2.2.5.8 Secadores a infravermelhos e microondas Os secadores a infravermelhos e microondas podem, em princípio, constituir também alternativas aos secadores convencionais. Neste contexto, sobretudo a respeito dos microondas, veja-se o Capítulo 6 «Técnicas emergentes para o fabrico de produtos cerâmicos». 2.2.6 Tratamento da superfície e decoração dos produtos cerâmicos 2.2.6.1 Texturização dos produtos cerâmicos A superfície dos produtos cerâmicos pode ser texturizada por motivos funcionais, p. ex., para proporcionar um acabamento antiderrapante a ladrilhos. Aplica-se ainda uma gama variada de texturas a produtos cerâmicos por razões estéticas. Os tijolos “soft-mud” adquirem um agradável padrão «enrugado» aleatório quando o bloco de argila é atirado para o molde, produzindo o lançamento manual um acabamento particularmente desejável. Os produtos extrudidos podem adquirir uma textura estriada raspando a superfície da pasta de argila. Uma técnica alternativa consiste em efectuar a extrusão um pouco acima do tamanho e depois aparar até adquirir a altura e a largura correctas com fios de corte. Por vezes, pode obter-se uma melhor textura estriada omitindo a desgaseificação da pasta de argila. Os rolos texturados podem aplicar diferentes texturas aos produtos extrudidos. Os tijolos prensados são frequentemente duros em verde e após extrusão da pasta esta segue num tapete rolante, sendo utilizados cortadores rotativos para lhes conferir um aspecto «rústico» ou outras texturas. Além disso, podem ser texturizados com rolos, muitas vezes após uma pulverização preliminar com água para amaciar as superfícies. 2.2.6.2 Revestimentos aplicados A superfície dos tijolos “soft-mud” é revestida com areia proveniente do interior dos moldes, que são pré-revestidos com areia para actuar como agente anti-aderente. Podem obter-se variadas texturas e cores de cozedura seleccionando a areia de acordo com critérios estéticos. No caso de tijolos, blocos ou telhas prensados ou extrudidos, pode aplicar-se areia ou outros minerais granulares às superfícies de topo e laterais através de pistolas de ar comprimido. Em muitos casos, adicionam-se pigmentos à areia para variar o acabamento estético. 2.2.6.3 Vidragem, engobagem e outras técnicas decorativas Existe um pequeno mercado especializado de tijolos vidrados. A vidragem é mais comum no fabrico de ladrilhos e azulejos, louças sanitárias e louças de mesa, constituindo actualmente uma fatia crescente de mercado no subsector das telhas. A engobagem é utilizada sobretudo no fabrico de telhas de cerâmica, azulejos e ladrilhos. Os componentes de vidragem finamente moídos – sobretudo fritas, no caso dos ladrilhos – são preparados sob a forma de suspensões aquosas. A viscosidade e as características da suspensão são ajustadas ao método de aplicação, que pode ser por pulverização, vidragem por cortina, vidragem a seco ou decoração. Durante o processo de vidragem, os produtos cerâmicos em verde da maioria dos subsectores acima referidos – excepto o da louça sanitária – são endurecidos por cozedura de chacota e, de seguida e dependendo dos componentes de vidragem aplicados, recobertos por uma camada vidrada, lisa, transparente ou fosca. 37 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 38 Após o processo de secagem, aplica-se normalmente um engobe; nalguns casos, os produtos são engobados mesmo no estado em verde ou cozido. Durante o processo de engobagem, é espalhado por toda a superfície visível uma camada não-transparente, clara ou de cor de granulometria fina por mergulho ou vazamento. COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva A serigrafia é uma das técnicas de decoração de ladrilhos, devido à facilidade de aplicação nas linhas de vidragem. Esta técnica consiste na impressão de um dado motivo através de um ou mais ecrãs de impressão (tecido sob tensão com abertura malha definida). O ecrã de impressão é então revestido e a tinta de impressão apenas penetra pelas aberturas dos desenhos a reproduzir. Uma espátula força a tinta através destas aberturas, imprimindo assim o motivo no ladrilho. Outras técnicas decorativas são a técnica de gravura e a impressão flexográfica. Nestas técnicas, o padrão é transferido directamente para um ou mais rolos. A tinta é aplicada ao ladrilho a partir destes rolos e a técnica permite a impressão nas suas margens ou em ladrilhos com relevo. Está ainda a emergir hoje em dia a técnica de impressão de jacto de tinta. No caso da louça de mesa, é também frequente a pintura manual ou a aplicação de decalques. 2.2.7 Cozedura 2.2.7.1 Objectivos da cozedura A cozedura é um processo essencial no fabrico de produtos cerâmicos, pois controla muitas propriedades importantes do produto acabado. Entre estas, podemos salientar a resistência mecânica, a resistência à abrasão, a estabilidade dimensional, a resistência a água e substâncias químicas e a resistência ao fogo. 2.2.7.2 Alterações físico-químicas durante a cozedura As matérias-primas utilizadas nos produtos cerâmicos são normalmente misturas complexas de minerais argilosos com outras matérias minerais, tais como o quartzo, o feldspato, carbonatos, gesso, óxidos de ferro e alguma matéria orgânica. Os produtos refractários são também elaborados a partir de um conjunto variado de minerais não-argilosos, em conjunto com aditivos e ligantes especializados (que podem incluir algumas argilas). Quando os produtos cerâmicos à base de argila são cozidos no forno, toda a humidade residual é retirada a temperaturas entre 100 e 200 ºC. Se estiverem presentes matérias orgânicas e pirites de ferro, a oxidação tem lugar a temperaturas entre 300 e 500 ºC. A água combinada com a estrutura dos minerais argilosos (água de constituição) é normalmente libertada a temperaturas entre os 500 e os 650 ºC, enquanto carbonatos como a calcite e a dolomite se dissociam com a libertação de dióxido de carbono no intervalo de temperaturas de 750 a 950 ºC. As alterações mais importantes relacionadas com o desenvolvimento das propriedades cerâmicas envolvem a degradação da estrutura cristalina dos materiais argilosos originais, seguida pela formação de novos compostos cristalinos e fases vidradas. A temperatura a que ocorre a vitrificação (formação de vidro) varia com a mineralogia da cerâmica. A vitrificação tem geralmente início a cerca de 900 ºC e termina perto dos 1050 ºC (para muitas argilas usadas em tijolos) ou a cerca de 1100 ºC no caso de cerâmicas mais refractárias. Durante a etapa de vitrificação da cozedura cerâmica, muitos minerais não-argilosos, como o quartzo, os óxidos de ferro, compostos calcários e álcalis (óxidos de sódio e potássio) são incorporados no corpo cozido. Ocorre alguma sinterização e consolização e dão-se as reacções eutéticas na interface dos grãos do material e a fusão de fases. Os produtos não-argilosos, como alguns produtos refractários, dependem também de fases de sinterização, vitrificação ou recristalização mas, na maioria dos casos, são necessárias temperaturas muito mais elevadas para atingir as propriedades pretendidas. A figura abaixo apresenta os intervalos de temperatura de maturação industrial de diferentes grupos de produtos [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. Cerâmicas técnicas, de 450 a 2500 °C Tijolos com elevado teor de óxido de alumínio Porcelana vitrificada (“vitreous china”) Faiança Abrasivos com ligante inorgânico Louça de barro vidrado Grés Blocos de argila Porcelana Azulejos e ladrilhos Tijolos básicos Tijolos face-à-vista e tijolos de clínquer Tijolos de sílica Tijolos de argila refractária Telhas Agregados de argila expandidos 600 700 800 900 1000 1100 1200 Figura 2.1 : Gamas das temperaturas de maturação industrial em diferentes conjuntos de produtos 1300 1400 1500 1600 1700 1800 As temperaturas necessárias para o processo de cozedura são criadas principalmente por queima de gás natural e fuelóleo. Nalguns casos, utilizam-se também combustíveis sólidos, biogás/biomassa e electricidade para a geração de calor. 2.2.7.3 Fornos intermitentes (periódicos) Estes incluem fornos de vaivém e fornos tipo hotte, com base em câmaras únicas, carregados com produtos cerâmicos présecos (nos fornos de tipo hotte, a hotte equipada com a unidade de aquecimento é elevada por uma unidade elevadora; nos fornos de vaivém, o artigo a cozer é trazido para área da fornalha num vagão de vaivém), vedados e depois sujeitos a um ciclo de cozedura predefinido. Normalmente empregam-se queimadores a gás, sendo possível controlar bem a temperatura e a atmosfera do forno (oxidante ou redutora). A electricidade pode também ser utilizada para aquecer fornos intermitentes, por exemplo, no fabrico de cerâmicas técnicas. Os tipos especiais de fornos para cerâmicas técnicas são, p. ex, HIP (prensagem isostática a quente), fornos de alta temperatura e fornos com atmosfera protectora. Os fornos intermitentes são utilizados sobretudo para o fabrico em menor escala de produtos especializados, tais como tijolos e acessórios de tubos de forma especial, acessórios para ladrilhos, produtos refractários, etc. Estes fornos permitem uma certa flexibilidade quando a composição da pasta cerâmica varia com frequência e estas vantagens compensam a sua eficiência energética ligeiramente inferior. As figuras que se seguem mostram uma secção transversal de um forno de vaivém [4, UBA, 2001], [30, TWG Ceramics, 2005]. Corte transversal de um forno intermitente Efluentes gasosos Peças a cozer no forno Volume da carga enfornada Possíveis alimentações de combustível Vagão intermitente Figura 2.2 : Corte transversal de um forno intermitente 2.2.7.4 Fornos contínuos 2.2.7.4.1 Fornos de câmara (Hoffmann) Estes fornos consistem numa série de câmaras ligadas que são sequencialmente preenchidas com produtos secos (como tijolos), vedadas, cozidas quase em contínuo e os gases quentes extraídos de uma câmara para a outra. Este sistema de ligação com condutas de gases e orifícios entre as câmaras permite também o pré-aquecimento do material e o arrefecimento dos efluentes gasosos, resultando assim numa melhoria da eficiência térmica e em custos inferiores aos associados aos fornos intermitentes. Os fornos são agora alimentados sobretudo a gás, embora se pratique ocasionalmente a alimentação a fuelóleo ou carvão. São utilizados principalmente no fabrico de produtos especializados, como tijolos de cores especiais. 2.2.7.4.2 Fornos de túnel Trata-se essencialmente de túneis refractários servidos por carris que transportam vagões de forno. Estes últimos possuem plataformas refractárias onde se encaixa o material seco segundo padrões estáveis predefinidos. Os vagões são empurrados através dos fornos a intervalos definidos, no sentido oposto à corrente de ar impelida por um ou mais ventiladores até uma conduta de exaustão situada perto da zona de entrada dos vagões. A maioria dos fornos de túnel funciona a gás, situando-se a temperatura máxima na zona de cozedura perto do centro do forno. Os produtos que entram são aquecidos por gases quentes provenientes da zona de cozedura, enquanto o ar que entra arrefece os produtos cozidos e é, ele próprio, pré-aquecido para cumprir o seu papel na combustão. Uma parcela deste ar da zona de arrefecimento é normalmente recolhida para os secadores adjacentes, proporcionando uma economia de combustível significativa. A câmara de cozedura e os vagões de forno são normalmente vedados com um vedante de areia para impedir a entrada de ar secundário. Os fornos de construção mais recente são vedados com água ou outras soluções mecânicas aperfeiçoadas. O objectivo destes procedimentos é reduzir os tempos de cozedura e o consumo de energia através de câmaras de cozedura estanques a gases. 39 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 40 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva A Figura 2.3 e a Figura 2.4 mostram um esquema da disposição e uma secção transversal de um forno de túnel [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. Zona de pré-aquecimento Chaminé Zona de cozedura Zona de arrefecimento Possível alimentação de combustível Combustível Peças a cozer no forno Efluentes gasosos Tubo de transferência Ar Entrada de ar Carril de Pré-aquecedor rolamento transversal Carril de carga e descarga Carril de rolamento transversal Figura 2.3 : Esquema de um forno de túnel Peças a cozer no forno Topo da vagão do forno Vagão do forno intermitente Caixa de areia estanque Canal de inspecção Figura 2.4 : Corte transversal de um forno de túnel com vagão 2.2.7.4.3 Fornos de rolos Os fornos de rolos de plataforma única são agora quase universalmente utilizados na produção de ladrilhos e azulejos, tendo os tempos de cozedura sido reduzidos para menos de 40 minutos. Os ladrilhos avançam sobre os rolos accionados (em rotação) e o calor necessário para a cozedura é proporcionado por queimadores de gás natural-ar localizados nas laterais do forno. Os principais mecanismos de transmissão de calor são a convecção e a radiação e, dado que os fornos não são isolados, os coeficientes de transmissão de calor são maiores, reduzindo o ciclo de cozedura e o consumo energético. Por vezes, utilizam-se também os fornos de rolos para a produção de telhas, tubos de grés, louça sanitária e louça de mesa. A figura que se segue mostra uma secção transversal de um forno de rolos [4, UBA, 2001], [30, TWG Ceramics, 2005]. Corte transversal de um forno de rolos Volume da carga enfornada Controlador (motor) Peças a cozer no forno Possível alimentação de combustível Rolos do forno Figura 2.5 : Corte transversal de um forno de rolos 2.2.7.4.4 Fornos de placas deslizantes Estes fornos também são de cozedura rápida e operam segundo um princípio semelhante ao do forno de rolos. Contudo, neste caso, os produtos são colocados em «carruagens» refractárias que se movem por rodas suportadas por carris fora do forno propriamente dito. O forno de placas deslizantes pode aceitar produtos de forma e tamanho mais irregulares, enquanto um forno de rolos apenas pode lidar com produtos de forma regular. 2.2.7.5 Cozedura em pilha Uma pequena parte da produção de tijolos tradicionais ainda é realizada por cozedura em pilha. Os tijolos secos, contendo um aditivo combustível sólido (como coque micronizado) são dispostos em estruturas rectangulares grandes e densas – designadas pilhas – sobre uma base de tijolos cozidos. As condutas gasosas são deixadas nas camadas de base, com estratos de coque para iniciar a cozedura. Por fim, a pilha é revestida por tijolos cozidos, dando-se às paredes uma inclinação para dentro para maior estabilidade. Uma vez acendido, o fogo progride lentamente por combustão do combustível contido nos tijolos. A cozedura da pilha demora várias semanas, incluindo o arrefecimento, após o qual a pilha é desfeita manualmente e os tijolos seleccionados segundo calibres definidos. 2.2.7.6 Fornos rotativos Um forno rotativo tem a forma cilíndrica, normalmente inclinado, que é rodado lentamente em torno do seu eixo O forno é alimentado por um queimador posicionado axialmente na extremidade mais baixa. Os fornos rotativos são utilizados para o fabrico dos agregados de argila expandida. Estes fornos podem ainda ser usados para a calcinação de argila refractária e para a calcinação a fundo de dolomite ou magnesite. Este documento não trata destes processos de calcinação de matéria-prima a montante, mas pode encontrar-se informação útil a respeito de «óxidos calcinados a fundo» e «chamote, pigmentos e enchimentos calcinados» no BREF sobre Cimento e Calcário – onde se descreve a calcinação da dolomite; no BREF sobre Gestão de Resíduos e Estéreis da Actividade Mineira – onde se descreve a transformação do caulino; na versão preliminar do BREF sobre a Indústria de Química Inorgânica em Grande Escala (Sólidos e Outros) – onde se detalha a produção de óxido de magnésio e na versão preliminar do BREF sobre Química Inorgânica de Especialidades, onde se detalha a produção de especialidades de pigmentos inorgânicos. 2.2.7.7 Leitos fluidificados Um leito fluidizado é um leito de partículas sólidas mantidas em suspensão num gás, comportando-se assim como um fluido. O pó a fluidificar é sustentado por uma base porosa, p. ex., uma base de material cerâmico perfurado através da qual o gás (habitualmente o ar) é introduzido por baixo sob pressão. O princípio é utilizado como método de transportar pós ao longo de uma calha cerâmica porosa ligeiramente inclinada. É possível, em simultâneo, secar e/ou calcinar o pó. 2.2.7.8 Recuperação de calor durante o arrefecimento Sempre que possível, o arrefecimento dos produtos cerâmicos cozidos é acelerado por circulação de ar forçado através dos produtos pouco depois da zona de cozedura. Isto resulta num volume considerável de ar quente e limpo, muito do qual é extraído do forno por acção de ventiladores e utilizado na operação de secagem. Este método de recuperação de calor é particularmente eficaz quando aplicado aos fornos de túnel. 2.2.8 Tratamento subsequente (acabamento do produto) 2.2.8.1 Rectificação (rectificação, perfuração, serragem) As operações de rectificação podem ser necessárias para elaborar produtos cerâmicos cuja forma final ou tolerância dimensional não possam ser obtidas tecnicamente ou com exactidão suficiente durante o processamento primário (sobretudo no caso de formas ou blocos maiores). 2.2.8.1.1 Rectificação a húmido A rectificação a húmido é utilizada no acabamento de produtos que exigem uma tolerância dimensional mais apertada. A rectificação é um processo descontínuo, em que diversas peças se fixam a uma mesa que passa sob uma cabeça de rectificação diamantada. As superfícies do leito dos tijolos ou blocos de construção são por vezes rectificadas por via húmida para facilitar o assentamento com argamassas (cimento-cola) em camada fina. 2.2.8.1.2 Rectificação a seco A rectificação a seco das faces de assentamento de blocos cerâmicos por rectificação com roda diamantada é realizada como tratamento ulterior para facilitar o assentamento com argamassas (cimento-cola) em camada fina. No caso da rectificação a seco, todo o aparelho de rectificação está encapsulado. 2.2.8.1.3 Perfuração Os produtos cerâmicos, em especial os produtos refractários, devem ser perfurados quando o furo requerido não pode ser obtido com a exactidão necessária durante as operações de prensagem e cozedura. 2.2.8.1.4 Serragem Trata-se de uma operação de acabamento utilizada quando a forma final de um tijolo cerâmico, sobretudo um tijolo refractário, não pode ser produzido de forma eficaz na etapa de prensagem. Nesta situação, os tijolos de grandes dimensões são prensados e cozidos e depois serrados até adquirirem as dimensões necessárias. Os tijolos face-à-vista podem ser serrados no fabrico de formas especiais. Em praticamente todas as operações de rectificação, um sistema em circuito fechado de água confere lubrificação e arrasta as partículas lubrificadas para longe da superfície de trabalho, ao mesmo tempo que minimiza a libertação de poeiras. 41 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 42 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 2.2.8.2 Polimento Nalguns casos, em particular nos que envolvem ladrilhos de porcelana, a superfície cozida é polida para se adquirir um ladrilho brilhante, não vidrado e homogéneo. 2.2.8.3 Enriquecimento com carbono (produtos refractários) Os produtos refractários são submetidos a ambientes de trabalho extremamente hostis e, para certas aplicações, é necessário impregnar os produtos cozidos com alcatrão. A presença de carbono no produto final oferece diversas vantagens: — actua como lubrificante, beneficiando as superfícies de trabalho de placas de portas deslizantes — a condutividade térmica relativamente elevada do carbono aumenta a resistência ao choque térmico do produto — o carbono actua como filtro poroso, reduzindo a permeabilidade do produto que, por sua vez, confere maior resistência à penetração por escórias e metal. A impregnação com alcatrão é um processo descontínuo, habitualmente levado a cabo em três reservatórios cilíndricos verticais dotados de tampas com dobradiças. Os produtos para tratamento são introduzidos em cestos metálicos que cabem nestes reservatórios. O produto é aquecido no primeiro reservatório até ~200 ºC, por circulação de uma corrente de ar quente e, posteriormente, o cesto e o seu conteúdo são transferidos para o segundo reservatório (designado autoclave), que possui uma manga de aquecimento para manter a temperatura. O autoclave é então hermeticamente fechado, o ar evacuado e o aparelho enchido com alcatrão líquido (retirado de tanques de armazenamento em massa mantidos a temperaturas de cerca de 180 a 200 ºC). A impregnação é obtida libertando o vácuo e aplicando depois azoto a pressão elevada. Após a drenagem, o cesto e respectivo conteúdo são transferidos para o terceiro vaso para arrefecimento até uma temperatura inferior àquela em que se podem transformar os componentes voláteis do alcatrão. Por fim, é necessário remover uma proporção elevada de componentes voláteis do alcatrão, que de outro modo afectariam o ambiente de trabalho quando os produtos refractários fossem colocados ao serviço. Normalmente, tal é realizado transferido o artigo impregnado para um forno, onde é sujeito a um ciclo de aquecimento definido. A ventoinha de exaustão do forno descarrega para um oxidante térmico (incinerador) mantido acima de 800 ºC, com um tempo de retenção de pelo menos 0,5 segundos. Estas condições garantem que todos os componentes voláteis do alcatrão (hidrocarbonetos complexos) se oxidem na totalidade. Os produtos submetidos ao tratamento aqui indicado emergem revestidos por depósitos carbonáceos leves e frágeis, que é depois necessário remover antes da embalagem ou de processamentos ulteriores. Isto é normalmente efectuado por decapagem numa mesa própria. 2.2.8.4 Acabamento de tijolos face-à-vista A certos tijolos face-à-vista dá-se um acabamento envelhecido fazendo-os passar por um tambor inclinado giratório revestido com borracha. As arestas aguçadas são removidas por atrito, produzindo um perfil mais suave. Nalguns casos, adicionam-se salpicos de carbonato de cálcio (calcário moído), fuligem ou pigmento a fim de reproduzir o aspecto dos tijolos antigos, cujo papel arquitectónico é reconhecido. 2.2.9 Materiais auxiliares adicionais 2.2.9.1 Materiais para juntas (tubos) Dado que a maioria das tubos é instalada subterraneamente, tal como no caso de canalizações, esgotos, etc., é necessário que a junção seja fiável. A indústria desenvolveu mangas e vedantes plásticos estáveis. 2.2.9.2 Silicones/produtos hidrófugos As unidades de argila cozidas exibem uma larga amplitude de valores de porosidade, empregando-se a pulverização ou o mergulho do artigo em soluções de silicone para melhorar a sua impermeabilidade e evitar o crescimento e a eflorescência orgânica. Esta técnica é especialmente utilizada em telhas. 2.2.9.3 Materiais de isolamento Em certos blocos de cerâmica, são inseridos materiais de isolamento térmico nos alvéolos – como o poliestireno e a lã mineral – para reforçar as suas propriedades de isolamento térmico. 2.2.9.4 Revestimento (tijolos refractários) Para ajudar à instalação de produtos refractários e à queima do revestimento do forno ou fornalha, pode colar-se a uma ou mais superfícies dos tijolos cozidos cartões espessos ou placas de metal. Um cartão actua como junta de dilatação, queimando-se à medida que o forno/fornalha atinge a temperatura de funcionamento. As placas de metal fundem-se em circunstâncias similares, criando uma ligação entre tijolos adjacentes. 2.2.9.5 Adesivos Para montar formas especiais de acessórios de telhas, tijolos ou blocos de cerâmica, utilizam-se adesivos estáveis (normalmente à base de resinas epoxídicas). 2.2.9.6 Montagem final Alguns produtos são acabados numa etapa de montagem final, por exemplo, a montagem de acessórios metálicos em isoladores de alta voltagem para os fixar a casquilhos, transformadores ou outras aplicações. 2.2.10 Escolha, embalagem e armazenamento A escolha e a embalagem são operações que podem ainda ser realizados manualmente, como sucede nalguns tipos de tijolos, telhas e produtos refractários moldados, assim como na louça de mesa e na louça ornamental. Contudo, o controlo mais rigoroso da cozedura diminuiu consideravelmente o material partido nos últimos anos, havendo tendência a utilizar sistemas mais automatizados. Mesmo a cor pode agora ser medida automaticamente, o que é importante no caso dos ladrilhos cerâmicos. Os tijolos e blocos de cerâmica produzidos em fornos de controlo automático, apresentam muito poucas perdas e são colocados directamente em paletes na forma de pacotes prontos a embalar com película retráctil – o cliente aceita a possibilidade de 1 – 2% de defeitos. As unidades cerâmicas de formas regulares, como tijolos, blocos, tubos e unidades refractárias costumam ser agregadas sob a forma de pacotes de tamanho normalizado que, por sua vez, são frequentemente embalados em polietileno e, eventualmente, colocados em paletes. Os produtos cerâmicos de valor superior, tais como louças de mesa e louças ornamentais, exigem rigor na inspecção e triagem, seguindo-se de embalagem protectora sofisticada. Pelo contrário, os produtos refractários não perfilados costumam ser meramente pesados em sacos e colocados em paletes. São também utilizados tambores metálicos para o armazenamento. Os ladrilhos cerâmicos são – individualmente – um pouco frágeis, mas uma vez embalados firmemente em caixas de cartão revelam-se extraordinariamente robustos durante o manuseamento e transporte. O armazenamento de produtos de cerâmica estrutural é feito usualmente em parque descoberto, mas os produtos em sacos ou embalados requerem um armazém coberto, tal como certos produtos refractários sensíveis à humidade. 2.2.11 Instalações de abastecimento e eliminação (tratamento dos efluentes gasosos e tratamento de águas residuais de processo) A extracção de poeiras e as unidades de tratamento de efluentes gasosos dos fornos, as estações de tratamento de águas residuais de processo e os armazéns de combustíveis são instalações de abastecimento e eliminação importantes das fábricas que produzem produtos cerâmicos. Consoante a emissão de poeiras, as unidades de despoeiramento são pré-separadores centrais ou locais por força centrífuga, filtros de tecido fibroso, separadores húmidos ou precipitadores electrostáticos. De acordo com o tipo de emissão, utilizam-se na indústria cerâmica unidades de tratamento de efluentes gasosos de fim de linha, como lavadores, depuradores e instalações de sorção a seco, assim como pós-queimadores térmicos e catalíticos. Estas unidades localizam-se sobretudo perto da principal fonte de emissões, ou seja, do forno. A água residual de processo proveniente do fabrico de produtos cerâmicos contém sobretudo componentes minerais. As estações de tratamento destas águas são frequentemente tanques de sedimentação. A sedimentação dos componentes minerais inorgânicos pode ser acelerada utilizando agentes de floculação e coagulação. O armazenamento de combustível depende das características deste. O carvão é conservado em sistemas de armazenamento ao ar livre e cobertos, sendo o carvão micronizado mantido em silos. O gás de petróleo liquefeito é armazenado em reservatórios especiais sob pressão. O fuelóleo é guardado em tanques e tem de ser aquecido para poder ser bombeado. O gás natural é fornecido pela rede de abastecimento da empresa que o controla. Podem encontrar-se mais informações úteis acerca do armazenamento de combustíveis na BREF sobre Armazenamento (ESB). Dependendo do processo, podem ser necessárias outras instalações, como zonas de fabrico de moldes. Essas instalações produzem-se moldes de gesso que são usados em grandes quantidades, p. ex., na produção de telhas. 2.2.12 2.2.12 Reciclagem na indústria cerâmica A maioria dos subsectores da indústria recicla materiais como cortes, aparas e produtos não conformes para a etapa de preparação de matérias-primas. Os produtos cozidos de menor qualidade podem também ser reciclados nas fábricas, normalmente após moagem e peneiração, para formar uma chamote granular. Esta não é plástica e pode conferir benefícios, como a maior facilidade de secagem e a menor retracção, sendo acrescentada em proporções controladas à composição cerâmica, devido ao aumento da permeabilidade. Mesmo quando a reciclagem de «caco cozido» não se adequa ao procedimento de que proveio, pode encontrar saída num processo cerâmico diferente. 43 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 44 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Os produtos refractários removidos durante a renovação do revestimento de um forno podem estar contaminados por escórias, sais, vidro ou metal, que poderiam comprometer as propriedades refractárias de qualquer composição cerâmica a que se acrescentassem. Paralelamente, também vários outros materiais contaminados (p. ex., com materiais contaminados por metais pesados derivados de vidragem) podem não ser adequados para reciclagem. Os moldes de gesso que atingem o fim da sua vida útil representam outra perda de processo que não pode ser reutilizada, mas, nalguns casos, podem empregar-se como matériaprima na indústria cimenteira. Porém, noutros casos – nomeadamente os tijolos face-à-vista e telhas – a recuperação e a reutilização é amplamente praticada e os tijolos recuperados têm grande procura. Em toda a Europa, ainda se encontra um número elevado de tijolos romanos em estruturas de alvenaria. Há que notar que algumas aplicações de tijolos e telhas granulares ou finamente moídos seriam interessantes para a produção de materiais cozidos de granulometria semelhante de outros subsectores. Além destes, as «perdas de processos cerâmicos» moídas e calibradas encontram utilização como agregado parcial em betão para construção ou como enchimento de asfalto na construção de estradas. 2.2.13 Organigrama geral com as diferentes vias de transformação A figura que se segue apresenta uma descrição sucinta dos diferentes processos e ilustra as diferentes vias possíveis de fabrico de produtos cerâmicos [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. Matérias-primas Agentes auxiliares Preparação das matérias-primas a seco Materiais reciclados Agentes auxiliares Misturadores Preparação das matérias-primas por via húmida Materiais reciclados Classificação Granulação directa Secagem por pulverização (atomização) Prensagem com filtro Mistura e desgasificação Prensagem Conformação plástica Secagem Secagem Tratamento da superfície Moldagem Secagem Tratamento da superfície Cozedura Acabamento / escolha / acondicionamento dos produtos Produto cerâmico Figura 2.6 : Organigrama geral do processo, com as diferentes vias de processamento 45 2.3 Descrição das técnicas de fabrico de produtos cerâmicos por subsector 2.3.1 Tijolos e telhas Em ambos os tipos de instalações, dediquem-se estas a tijolos ou a telhas, o fabrico de tijolos e telhas passa pelas fases de extracção das matérias-primas (esta actividade não é tratada neste documento), armazenamento das matérias-primas, preparação das matérias-primas, conformação, secagem, cozedura e tratamento subsequente. As exigências especiais acerca da superfície e da cor dos produtos envolve um tratamento superficial por vidragem, engobagem ou formação de relevos superficiais. A figura que se segue mostra, como exemplo, um esquema do fabrico de telhas prensadas [4, UBA, 2001]. 1. Extração das matérias-primas Máquina escavadora Alimentadores de calha 2. Preparação das matérias-primas Misturador de mandíbulas Triturador com dois cilindros (laminador) Pilha 3. Moldagem Extrusora Prensa rotativa de múltiplos moldes (prensa revolver) Secador de túnel ou de câmara 4. Secagem Forno de túnel 5. Cozedura 6. Tratamento subsequente Figura 2.7 : Esquema do fabrico de telhas prensadas A figura que se segue mostra, como exemplo, um esquema do fabrico de tijolos de alvenaria [20, CERAME-UNIE, 2004]. Máquina escavadora 1. Extração Alimentadores de calha 2. Preparação das matérias-primas Misturador de mandíbulas Triturador com dois cilindros (laminador) Pilha 3. Moldagem Prensa de extrusão e cortador 4. Secagem 5. Cozedura Secador de túnel ou de câmara Triturador com dois cilindros 6. Controlo de qualidade, embalagem e armazenamento Figura 2.8 : Esquema da preparação de tijolos extrudidos durante o fabrico de tijolos de alvenaria Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 2.3.1.1 Matérias-primas 46 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva A geologia das argilas utilizadas na indústria cerâmica europeia do tijolo e da telha é extremamente variada, pois cobre um espectro estratigráfico largo que vai do período Câmbrico até a tempos recentes. A maioria das argilas dos tijolos e telhas é de origem sedimentar e sofreu deposição em variados ambientes sedimentares: sedimentos marinhos, aluviais, fluviais ou fluvioglaciares. Estes ambientes de deposição variados afectam a mineralogia e a composição química das argilas. A composição mineralógica e química das argilas utilizadas na indústria cerâmica é muito diferente entre os diversos países europeus. Inclusivamente, podem empregar-se num só país composições muito variadas. A tabela seguinte apresenta os espectros de composições químicas e mineralógicas das matérias-primas argilosas empregues na indústria de tijolos e telhas em diferentes países europeus [20, CERAME-UNIE, 2004], [30, TWG Ceramics, 2005]. Áustria Composição química (% peso) França Países Baixos Hungria Itália Grécia Dinamarca Bélgica Reino Unido Suiça Alemanha Gama europeia em 11 países Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min S F CO2 SiO2 Al2O3+TlO2 Al2O3 Fe2O3 MgO CaO Na2O K2O TiO2 CaCO3 MgCO3 MnO 0,00 1,30 0,00 0,05 0,10 0,00 0,0 50,3 70,8 35,0 9,6 18,8 8,0 4,2 8,2 2,0 0,2 3,6 0,0 0,6 15,0 0,0 0,4 1,7 0,1 1,7 3,0 0,1 0,3 Composição mineral (% peso) 0,50 0,15 14,0 80,0 <0,01 0,02 <0,01 53,2 30,0 10,0 5,0 18,0 1,5 4,5 2,0 7,3 2,0 0,5 0,0 0,2 1,3 0,5 1,50 0,01 0,75 0,01 0,10 0,02 0,10 0,04 10,0 80,6 42,2 63,0 33,1 8,6 17,6 18,1 8,1 8,4 2,9 7,6 2,7 2,7 1,4 4,5 0,7 8,7 2,1 15,2 0,2 1,0 0,2 1,2 0,2 2,3 0,6 1,3 1,4 1,3 0,5 0,62 0,13 0,70 0,08 16,0 66,3 0,01 0,02 0,2 62,6 2,05 0,01 2,00 <0,01 0,50 0,01 2,00 0,00 2,05 0,07 0,02 0,09 0,00 0,08 0,03 0,16 0,00 0,16 3,6 74,0 40,5 74,5 35,0 77,0 50,0 70,0 33,05 80,60 21,0 7,6 7,2 26,0 14,1 4,3 1,1 17,9 7,2 2,5 12,9 0,8 2,9 0,8 5,5 2,8 0,9 0,3 0,4 1,5 0,5 14 4,3 1,5 5,6 1,0 3,0 0,8 5,85 2,19 0,24 0,91 0,37 0,11 0,20 1,63 0,50 0,01 20,22 39,03 12,90 25,20 3,06 3,19 1,22 45,00 31,00 0,15 11,7 4,8 1,3 0,3 0,8 2,9 0,6 9,0 3,9 0,2 0,2 0,2 1,6 0,6 24,5 11,5 6,6 17,5 0,6 5,9 1,6 7,0 2,4 <1 3,0 0,2 1,0 0,3 29,0 10,0 5,2 23,0 1,5 2,7 1,5 7,0 20,0 1,0 8,0 0,5 3,0 0,5 15,0 0,3 1,2 1,0 4,0 0,5 2,0 5,47 30,0 1,00 11,50 0,00 7,21 0,00 26,00 0,10 14,13 0,10 5,90 0,30 2,00 Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Máx Min Quartzo Feldspato Calcite Calcite + Dolomite Pirite Caulinite Illite Montmorilonite Vermiculite 21 49 5 15 <2 26 <2 <3 25 2 <2 10 60 25 0 70 39,5 1 71 12 16 3 raro 0 30 0 0 20,5 0 raro <0,01 2,8 0 5 21,5 2 peq.qtd. 20 4 dominante 7 3 29,5 3 peq.qtd. 7 20 2 ausente 32 14 14 24 2 13 21 18 4 Máx 0,03 0,03 0,0 74,4 6,85 75,42 49,5 Máx 16 1 1 54 24 41 35 10 <1 50 20 25 34 10 0 65 15 8 10 0 0 55 25 17 13 <1 <1 55 33 37 15 1 1 60 25 25 0,00 71,00 0,00 33,00 0,00 41,00 1 5 2 26 42 34 0 5 10 5 15 20 20 0 1 3 5 2 5 15 43 0 0 0 0 0 7 40 40 10 15 0 5 2 0,7 26 40 2 16 0 3 10 10 - 2 40 50 50 - 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 7,00 40,00 60,00 50,00 20,00 Tabela 2.1 : Gamas de composição química e mineralógica das matérias-primas argilosas utilizadas na indústria do tijolo e da telha em diferentes países A distribuição granulométrica, os outros minerais presentes, a amplitude e a proporção de granulometrias afectam fundamentalmente as propriedades da argila. A vasta diversidade da composição das matérias-primas resulta numa grande variação das propriedades dos produtos cerâmicos, assim como das emissões gasosas durante a cozedura. Cada uma destas argilas ou respectivas misturas é utilizada para produzir telhas, tijolos face-à-vista e blocos extrudidos. A maioria das fábricas possui a sua própria extracção de argila, o que contribui para o carácter local das técnicas de produção utilizadas nos diferentes tipos de produtos. Foi realizada uma análise de fluoretos e enxofre, pois estes afectam a emissão durante a cozedura, conforme é analisado na Secção 3.3.1.1 referente aos dados de emissão. O fluoreto, presente na estrutura de minerais argilosos, ascende a 1600 ppm na Europa, variando muito em cada país. Como exemplo, a figura que se segue mostra uma distribuição da frequência normal do teor em fluoretos de 312 amostras de argilas provenientes de todas as áreas geográficas da Itália [3, CERAME-UNIE, 2003]. 47 Número da Amostra 90 80 70 60 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 50 40 30 20 10 0 400-499 500-599 600-699 700-799 800-899 900-999 1000-1099 1100-1199 1200-1299 Concentração em ppm Figura 2.9 : Distribuição do teor de fluoreto de argila italiana A maioria das argilas contém vestígios de cloretos. A figura que se segue dá um exemplo da distribuição do teor em cloretos de argilas italianas [30, CERAME-UNIE, 2005]. 140 Número da Amostra 120 100 80 60 40 20 0 0-49 50-99 100-149 150-199 200-249 250-299 300-349 >350 Concentração em ppm Figura 2.10 : Distribuição do teor de cloro de argila italiana A variação considerável do teor em enxofre das matérias-primas utilizadas, não só entre os vários países europeus, mas também dentro de cada país, resulta em grandes variações das emissões resultantes da sua transformação. O enxofre, nas matériasprimas, ocorre sobretudo sob a forma de sulfuretos (pirite). Segundo pesquisas efectuadas em Itália, o enxofre apresenta uma distribuição lognormal (logarítmica), conforme indica a figura abaixo [3, CERAME-UNIE, 2003]. Número da Amostra 140 120 100 80 60 40 20 0 0-299 300-599 600-899 900-1199 1200-1499 1500-1799 1800-2099 2100-2399 >2400 Concentração em ppm Figura 2.11 : Distribuição do teor em enxofre de argila italiana Encontram-se grandes variações não só na magnitude do teor em enxofre, mas também na distribuição deste teor. Isto é demonstrado claramente pelo exemplo das argilas utilizadas na Alemanha, no Reino Unido e na Bélgica, como ilustra a figura abaixo. Mais de 80% das argilas alemãs contêm quantidades geralmente consideradas baixas e médias de enxofre, ao passo que na Bélgica e no Reino Unido mais de 75% das argilas possuem um teor médio e elevado de enxofre [3, CERAME-UNIE, 2003]. 48 70 60 50 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 40 30 20 10 0 <0.16 63 25 16 <0.16 63 25 16 <0.16 63 25 16 DE UK BE Gamas de concentração nas matérias-primas (%S em massa) Figura 2.12 : Teor em enxofre das matérias-primas Outro material importante onde se encontram grandes variações é o óxido de cálcio (CaO), presente sobretudo sob a forma de calcite e/ou na estrutura mineral da argila. A presença de CaCO3 actua como «agente de abertura», devido à descarbonatação que ocorre durante a cozedura. A libertação de HCl, SOx e fluoretos pode ser influenciada pela presença de CaO, devido à formação de CaSO4 e CaF2. Contudo, a concentração de fluoreto, SOx e HCl nos gases de emissão não está necessariamente relacionada com o valor de CaO nas matérias-primas, dependendo ainda da temperatura de cozedura e da presença de vapor de água durante este processo [23, TWG Ceramics, 2005]. Como plastificantes de matérias-primas argilosas, utilizam-se compostos orgânicos, fosfatos e soda. O poliestireno expandido, ligantes de base celulósica, serradura e materiais inorgânicos, como diatomite e perlite, são necessários como agentes formadores de poros. O engobe, utilizado para o tratamento da superfície, é com frequência constituído por argilas brancas, agentes de fluxo ou óxidos corantes. O vidrado consiste em misturas de matérias granulares (p. ex.. Al2O3, quartzo, carbonato de cálcio, MgCO3), agentes de fluxo, argila e óxidos corantes ou fritas. As matérias-primas são armazenadas a céu aberto ou em armazéns cobertos, doseadores de grande volume, silos de mistura, silos de envelhecimento, silos de maturação ou em silos com material seco. Em muitos casos, as fábricas de tijolos situam-se na vizinhança das zonas de extracção das matérias-primas. 2.3.1.2 Preparação das matérias-primas Aplica-se a preparação a seco e a preparação semi-húmida no fabrico de telhas e tijolos. O método de preparação é seleccionado consoante os materiais disponíveis, as especificações de qualidade do produto final, o método de conformação e a eficiência económica. A preparação a seco é utilizada sobretudo quando se utilizam materiais relativamente secos de menor plasticidade ou se as especificações requerem produtos de gama alta. O objectivo da preparação a seco é reduzir a granulometria em moinhos de martelos ou moinhos pendulares e, em simultâneo, secar as partículas até que contenham três a seis por cento de água. É nesta etapa do processo que se acrescentam os aditivos necessários, p. ex., pode adicionar-se calcário hidratado à argila (3,3 a 0,6%) para regular e fixar o teor de água e manter uma boa plasticidade, de maneira a facilitar o corte da pasta de argila no processo de extrusão. Privilegia-se a preparação a seco no processo de fabrico de tijolos face-à-vista, dado que matérias-primas de revestimento como a argila xistosa apresentam um baixo nível de humidade no barreiro, tornando-as especialmente adequadas a este método de preparação. Um segundo método de preparação no fabrico de tijolos e telhas é o processo de preparação semi-húmido. O doseamento é efectuado por doseadores de grande volume. Estes permitem a carregar a granel e dosear diversas matérias-primas. Em muitos casos, a água de mistura é adicionada ao lote no fim do alimentador até que o seu teor atinja cerca de 20%. A moagem gradual dos materiais duros resulta numa granulometria máxima inferior a 1,8 mm. Produtos finos, como telhas, possuem uma granulometria entre 0,5 e 0,8 mm. Consoante as características das matérias-primas, utilizam-se moinhos de galgas, laminadores, cortadores de facas ou raladores-misturadores por via húmida. Por vezes, pode preparar-se e adicionar-se em separado areia; para este fim, utilizam-se moinhos de maxilas, moinhos pendulares, moinhos de martelos e peneiros. Nalguns casos, a areia e a argila são armazenadas em separado e misturadas logo antes da conformação. Pela combinação dos processos de misturar e amassar, chega-se à homogeneização da massa necessária para obter uma boa plasticidade. Para este fim, utilizam-se raladores-amassadores, misturadores de duplo eixo e amassadores filtro. No fabrico de tijolos com baixa condutividade térmica, adicionam-se agentes orgânicos e inorgânicos formadores de poros para se obter uma maior volumetria do poro. Nesta etapa do processo, a massa adquire o teor final em água de 20 a 22% para a conformação. A água ou o vapor quente facilitam a dissolução e a abertura de pequenas partículas no processo de mistura. As pastas preparadas são armazenadas em doseadores de grande volume, silos de argila, silos de mistura, silos de envelhecimento ou silos de maturação para que a homogeneização prossiga. 2.3.1.3 Conformação São utilizados diferentes métodos de conformação, como a prensagem, a extrusão e a conformação pelo processo “soft-mud” (vejam-se as Secções 2.2.4.2, 2.2.4.3 e 2.2.4.4), consoante o tipo de massa, o teor em água e o produto pretendido. Na prática, a matéria-prima preparada semi-húmida é predominantemente moldada em extrusoras (fieiras). A massa é extrudida sob uma pressão de 0,6 a 1,5 MPa, em extrusoraas, com ou sem câmara de vácuo. O molde transforma a massa num corpo contínuo, que é cortado em peças únicas por um cortador de fio. Este é o método de processamento típico na produção de tijolos de construção e telhas extrudidas. As telhas prensadas são fabricadas formando, em primeiro, as chamadas lastras. Após esta etapa, as lastras são moldadas numa prensa para adquirirem a geometria correcta. Para este fim, empregam-se prensas rotativas mecânicas ou hidráulicas, prensas de bigorna, prensas de trave oscilante e prensas de mesa giratória. As prensas rotativas de molde único ou múltiplos moldes são as mais usadas. Nas prensas rotativas, um tambor giratório intermitentemente, sob a forma de prisma de cinco, seis ou oito lados, suporta um molde de prensa inferior em cada um dos seus lados. De cada vez que o tambor faz uma pausa, o pistão vertical, que sustenta o molde superior, desce sobre o molde inferior localizado directamente por baixo de si e prensa a lastra de argila para lhe dar forma. Após esta etapa, o artigo é colocado num transportador especial. São utilizados tipos diferentes de moldes abertos, tais como moldes de gesso, moldes de ferro fundido lubrificados, moldes revestidos a borracha ou moldes metálicos com revestimento de borracha vulcanizada. A superfície visível das telhas é parcialmente engobada ou vidrada. Os tijolos e os tijolos face-à-vista são texturados por perfilamento, remoção de material, escovagem ou adição de areia para criar texturas à superfície. 2.3.1.4 Secagem, vidragem e engobagem No processo de secagem operam diferentes tipos de secadores (veja-se a Secção 2.2.5), consoante a quantidade de produtos, o grau de mecanização e a sensibilidade da massa. No fabrico de tijolos são habituais os secadores de câmara e de túnel. No fabrico de telhas utilizam-se também secadores de câmara e de túnel. Nos secadores de túnel as condições para a secagem de tijolos vão de menos de 8 horas a mais de 72 horas, a uma temperatura aproximada de 75 – 90 ºC. Os secadores rápidos operam durante períodos significativamente mais curtos de 8 horas ou menos, no caso dos blocos e alguns tijolos face-à-vista requerem até 72 horas. Nos secadores de câmara o período de secagem de tijolos dura até 40 horas, a uma temperatura aproximada de 90 ºC [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. As telhas são secas em secadores de túnel ou de câmara a uma temperatura de 60 – 90 ºC, em 12 a 48 horas. O teor em água do material cerâmico, antes do processo de cozedura num forno de túnel, é inferior a 3%. Os secadores são aquecidos sobretudo pela recuperação de calor proveniente do forno e, nalguns casos, por gás natural ou fuelóleo ou co-geração. As telhas e os tijolos face-à-vista são por vezes vidrados e engobados na superfície visível, ou em toda a superfície, para que adquiram cores especiais ou para que a densidade do produto aumente. O vidrado e o engobe são aplicados ao corpo após o processo de secagem. Nalguns casos, a vidragem e a engobagem são realizadas após a conformação. O engobe é uma composição à base de argila, agentes de fluxo, material de enchimento e pigmentos. O melhor processo de o aplicar em grandes quantidades é por pulverização. São adicionados agentes ligantes orgânicos ao engobe para obter melhor ligação entre o engobe líquido e a superfície tratada. O vidrado é uma mistura de matérias granulares, agentes de fluxo, argila e óxidos corantes, que são sinterizados até se transformarem numa massa vítrea. O vidrado é normalmente aplicado por pulverização numa câmara própria. 2.3.1.5 Cozedura Hoje em dia, os tijolos e as telhas são cozidos em fornos de túnel, sobretudo em atmosfera oxidante. Um período de redução na fase de cozedura final, em caso de necessidade, cria efeitos de cor especiais. No período de redução é introduzido combustível numa atmosfera deficiente em oxigénio. Desta forma, as matérias-primas utilizadas geram os efeitos de cor pretendidos nos produtos de tijolo. O artigo a cozer passa através do forno numa série de vagonas próprias. Os tijolos depois de secos são colocados directamente no vagão do forno de túnel, enquanto as telhas depois de secas são empilhadas para o processo de cozedura no forno de túnel 49 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 50 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva clássico em gasetes (em forma de H ou em forma de U). A disposição das gasetes depende do produto específico e é realizada de maneira a garantir um fluxo óptimo dos gases quentes de cozedura em torno do produto e, por conseguinte, um bom resultado da cozedura. O material a cozer é aquecido até atingir uma temperatura de cozedura de 800 a 1300 ºC. Após o tempo necessário para a cozedura, entre duas a cinco horas à temperatura de patamar de cozedura, o material é arrefecido, segundo uma curva específica, até aos 50 ºC. O tempo de cozedura das telhas nos fornos de túnel varia entre 10 e 40 horas, os tijolos para pavimentos são cozidos entre 45 e 60 horas e os blocos de cerâmica entre 17 e 25 horas. A temperatura do efluente gasoso depende do seu ponto de condensação (e, logo, da composição), p. ex., em argilas com maior teor em enxofre o ponto de orvalho será mais elevado e, desta forma, a temperatura do efluente gasoso será superior. A tabela abaixo apresenta os intervalos de parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel clássicos [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005], [27, VDI, 2004], [21, Almeida, 2004], [30, TWG Ceramics, 2005]. Fornos de túnel Débito Comprimento do forno Secção transversal Densidade da carga enfornada Temperatura de cozedura Energia específica necessária (secagem + cozedura) Caudal volumétrico de efluente gasoso Temperatura do efluente gasoso Unidade Tijolos face-à-vista e pavimentos de argila Blocos de argila Blocos de argila de furação horizontal Telhas t/h m m2 kg/m3 °C kJ/kg m3/h °C 1 - 15 35 - 160 1,3 - 6,0 650 - 1500 1000 - 1300 1600 - 3000 5000 - 20000 100 - 230 3 - 15 60 - 120 4 - 12 350 - 500 900 - 1050 1000 -2500*) 10000 - 50000 100 - 300 3 - 15 60 - 120 4 - 12 250 - 750 950 - 1050 1000 - 2500 10000 - 50000 100 - 150 3 -6 80 - 140 4 - 10 200 - 400 1000 - 1150 1600 - 3500 10000 - 40000 170 - 200 *) incluíndo o conteúdo calorífico do agente formador de poros Tabela 2.2 : Parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel O método de cozedura rápida em fornos de rolos constitui uma alternativa à tecnologia de cozedura em fornos de túnel clássicos. Com a introdução da cozedura em camada única, para o fabrico de telhas, o tempo de cozedura reduziu-se e a relação de massa de refractários de suporte do artigo a cozer diminuiu também. Este método permite, em parte, e em certos casos, uma redução do consumo de energia no processo de cozedura. O método de cozedura rápida é realizado em unidades de fornos de menores dimensões e não nos grandes fornos de túnel clássicos. As unidades de menor dimensão permitem maior flexibilidade na adaptação dos parâmetros de cozedura aos produtos actuais. A densidade de carga de enforna dos fornos de cozedura rápida pode ser inferior a 100 kg/m3. A tabela que se segue apresenta alguns parâmetros, referentes a telhas, de fornos de túnel clássicos e métodos de cozedura rápida [4, UBA, 2001]. Tipo de forno Razão de massaAuxiliares de cozedura/ artigos após cozedura Tempo de cozedura (h) 6:1 3:1 1:1 de 0:1 a 2:1 ~50 ~10 ~2 de 3 a 8 Forno de túnel clássico Forno de precisão para cozedura rápida Forno Kéramono monoestrado Forno de rolos Tabela 2.3 : Comparação entre os fornos de túnel clássicos e os métodos de cozedura rápida (telhas) A aplicabilidade do método de cozedura rápida no fabrico de tijolos e telhas depende essencialmente da superfície específica do produto e da possibilidade de penetração por gases de cozedura quentes. O método de cozedura rápida permite produzir não só telhas, como também blocos de cerâmica, tais como tijolos furados. A tabela que se segue mostra os intervalos dos parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel de cozedura rápida [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. Fornos de túnel de cozedura rápida Débito Comprimento do forno Secção transversal Densidade da carga enfornada Temperatura da cozedura Tempo de cozedura Energia específica necessária (secagem + cozedura) Tabela 2.4 : Parâmetros de funcionamento de cozedura rápida Unidade Blocos de argila Tijolos face-à-vista Telhas prensadas t/h m m2 kg/m3 °C h kJ/kg 16,60 - 18,75 130 máx. 17,6 n.d. 1000 2,5 - 3,5 1250 - 3500 2,1 - 5,4 90 - 120 máx. 3,5 n.d. 1000 - 1080 4-5 1590 - 4500 1,9 - 5,4 80 - 125 máx. 3,3 n.d. 1020 - 1150 3-4 2930 - 4605 No fabrico de produtos especializados, tais como tijolos face-à-vista moldados à mão e de cores especiais, são também utilizados fornos Hoffmann. Estes fornos consistem numa série de câmaras ligadas que são sequencialmente preenchidas com tijolos secos, fechadas hermeticamente, cozidas quase em contínuo e os gases quentes extraídos de uma câmara para a outra. Este sistema de ligação com condutas de gases e orifícios entre as câmaras permite também o pré-aquecimento do material e o arrefecimento dos efluentes gasosos. Um ciclo de cozedura varia habitualmente entre três dias e duas semanas e as densidades de carga de enforna nas câmaras ligadas podem ultrapassar os 300 kg/m3. Os fornos são agora alimentados sobretudo a gás, embora se pratique ocasionalmente a alimentação adicional a óleo ou carvão para produzir tijolos com efeitos de envelhecimento [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005]. Os fornos intermitentes podem ser utilizados para produzir telhas, tijolos ou acessórios especializados, normalmente para lotes mais pequenos. Estes fornos funcionam descontinuamente e os seus tempos de cozedura variam entre 20 e 45 horas, a temperaturas de cozedura entre 1000 e 1100 ºC, com consumos especificos de energia de cerca de 500 a 900 kJ/kg [23, TWG Ceramics, 2005]. Os fornos de túnel clássicos são alimentados sobretudo a gás natural ou fuelóleo e os fornos de cozedura rápida a gás natural. Tal como referimos, utiliza-se também nalguns casos carvão, coque de petróleo e biomassa. 2.3.1.6 Tratamento subsequente Conforme o resultado do processo de cozedura, os produtos são escolhidos durante a descarga do forno ou do vagão do forno, por via automática ou manual. Alguns produtos, como tijolos rectificados, são acabados em máquinas com mós abrasivas. Por vezes, é aplicado um tratamento a tijolos face-à-vista, telhas ou acessórios com agentes hidrófogos (p. ex. silicone, lanolina), que altera o comportamento da sua superfície quando é molhada com água. As telhas são embaladas e colocadas em paletes para serem transportadas até uma unidade de expedição. Entre cada camada de telhas, coloca-se uma camada de papel, cartão ou madeira, sendo as paletes completas envolvidas por filme plástico termoretracção ou em película. Os produtos são manuseados por empilhadores, gruas móveis e gruas-pórtico. 2.3.1.7 Fluxos de entrada e de saída no fabrico de tijolos e telhas A figura que se segue apresenta os fluxos de entrada e de saída no processo de fabrico de tijolos e telhas [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. Energia Electricidade, fuelóleo, gás natural, GPL, combustíveis sólidos Água Agentes auxiliares agentes formadores de poros, (gesso), agentes de sorção, material de embalagem Matérias-primas Argilas, Aditivos Fabrico de tijolos e telhas Tijolos, telhas Ruído Calor em excesso Emissões para a atmosfera partículas, NOx, SOx, HF, HCl, CO, CO2, (COV), (metais pesados) Perdas/resíduos de process Filtros usados, agentes de sorção utilizados, (moldes de gesso utilizados), lama, cacos, loiças danificadas, resíduos de embalagem, poeiras recolhidas, partículas e aparas Águas residuais de processo Figura 2.13 : Fluxo de entradas e saídas durante o processo de fabrico de tijolos e telhas 51 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 52 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 2.3.2 Tubos de grés Os tubos de grés são fabricadas segundo as fases de processo abaixo: armazenamento de matérias-primas, preparação das matérias-primas, conformação, secagem, vidragem, cozedura e tratamento subsequente. A figura que se segue mostra um esquema do fabrico de tubos de grés [4, UBA, 2001]. Armazenamento de chamote Moagem Armazenamento da argila Armazenamento dA marga vidrada Dosagem Dosagem Moagem Moagem Armazenamento Dosagem Dosagem Mistura Armazenamento Prensagem Secagem Vidragem Secagem Cozedura Escolha Tratamento do bocal e encaixe das juntas Acondicionamento Acondicionamento Armazenamento Armazenamento dos produtos Expedição Figura 2.14: Esquema do fabrico das condutas de argila vitrificada 2.3.2.1 Matérias-primas Como matérias-primas no fabrico de tubos de grés, emprega-se argila, chamote e vidrado. O vidrado consiste numa mistura de marga, argila, carbonato de cálcio, dolomite, quartzo e óxidos metálicos. As matérias-primas da chamote, que consistem sobretudo em material reutilizado a partir dos processos da produção cerâmica, bem como a marga para o vidrado, são armazenados em armazém coberto. Consoante o processo de preparação, os componentes da argila são armazenados a céu aberto ou em tulhas. A Tabela 2.5 e a Tabela 2.6 mostram as gamas de composição mineralógica e química das argilas utilizadas no fabrico de tubos de grés [3, CERAME-UNIE, 2003]. Parâmetro(% massa) Quartzo min. máx. Feldspato min. máx. Caulinite min. máx. Ilite min. máx. Montmorilonite min. máx. Bélgica Dinamarca Itália Holanda Reino Unido 24 45 8 25 35 50 40 50 21 33 11 18 1 4 1 24 0 0 0 0 24 32 30 60 5 20 20 25 8 20 16 37 10 40 12 30 20 25 40 56 0 8 2 10 0,5 1 0 0 0 0 Tabela 2.5 : Composição mineralógica da argila no fabrico de tubos de grés (condutas de argila vitrificada) Parâmetro(% massa) S min. máx. F min. máx. CO2 min. máx. SiO2 min. máx. Al2O3 min. máx. Fe2O3 min. máx. MgO min. máx. CaO min. máx. Na2O min. máx. K2O min. máx. TiO2 min. máx. Bélgica Dinamarca Itália Holanda Reino Unido 0,02 0,05 0,0 0,2 0,01 0,62 0,01 0,05 0,01 0,10 0,03 0,05 0,02 0,06 0,04 0,13 0,02 0,04 0,02 0,05 0,05 0,25 0,50 1,50 0,1 0,3 60 81 55 70 60 75 65 72 55 63 15 27 20 35 15 23 18 23 17 22 1,0 7,4 1,0 10 5,0 7,0 1,5 4,5 6,0 8,0 0,2 1,0 0,0 1,5 0,7 1,5 0,5 1,4 1,7 2,2 0,2 0,5 0,3 0,6 0,0 0,8 0,1 0,3 0,0 0,4 3,0 7,0 0,1 0,6 0,3 1,1 1,0 2,6 1,0 4,0 1,0 3,0 1,8 2,6 2,8 3,9 1,3 1,8 1,0 2,5 0,5 1,0 0,7 1,3 0,9 1,0 Tabela 2.6 : Composição química da argila no fabrico de tubos de grés (condutas de argila vitrificada) 53 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 54 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 2.3.2.2 Preparação das matérias-primas Para a preparação da argila são utilizados diferentes processos, p. ex., a barbotina. A argila, nas quantidades necessárias, é alimentada por doseadores para o processo de preparação. A moagem fina é realizada por diferentes tipos de moinhos, tais como moinhos de tambor por via húmida e moinhos de rolos. Os moinhos de tambor por via húmida são também utilizados para o processo de moagem de componentes de marga do vidrado. Estes componentes são moídos até adquirirem uma granulometria de 0,06 mm. Após este passo, as partículas de maior calibre são removidas por peneiração. Os componentes finos são suspensos em água e armazenados em tanques com agitação. A chamote é triturada e moída em moinhos de maxilas, moinhos pendulares, moinhos de martelos ou moinhos de bolas. A fracção com calibre máximo de 2,5 mm é peneirada e armazenada. A chamote é utilizada como agente de abertura e confere à massa a resistência e a estabilidade necessárias durante a cozedura. As fracções de argila e chamote são introduzidas na unidade de mistura gravimetricamente, através de um tapete rolante e balanças de chamote, ou volumetricamente por doseadores, alimentadores de tapete ou alimentadores rotativos. Na unidade de mistura, os componentes são misturados e é-lhes adicionada água até atingir uma humidade aproximada à de prensagem, com um teor em água de 15 a 20%. Se necessário, adicionam-se à massa de prensagem agentes orgânicos e inorgânicos de prensagem e plastificantes. A massa húmida, preparada, é armazenada e homogeneizada em doseadores de grande volume, silos de argila, cobertos de armazenamento ou instalações de envelhecimento ou maturação com mecanização adequada. 2.3.2.3 Conformação Os tubos de grés são moldados em extrusoraas horizontais ou verticais equipadas com câmara de vácuo. A pasta é comprimida e desgaseificada na câmara de vácuo da extrusoraa, seguida pela conformação da conduta e das juntas em encaixe e espigão. Depois desta etapa, limpam-se as juntas de encaixe e espigão. Os corpos da conduta em verde são manuseados por aparelhos especiais, como robots de aderência em vácuo. Os robots colocam os produtos em verde em estantes de secagem. O processo de conformação dos tubos distingue-se pela rigidez da massa de prensagem, pelos diferentes diâmetros da conduta e pela extrusora de funcionamento periódico. 2.3.2.4 Secagem e vidragem A secagem sem rotura dos produtos em verde tem lugar em secadores de câmara ou túnel a temperaturas até 100 ºC, até que restem cerca de 2% de humidade. O tempo de secagem dos acessórios varia entre 70 e 100 horas, oscilando o tempo de secagem dos tubos entre 30 horas (tubos pequenos) e nove dias (tubos grandes). O controlo atmosférico (temperatura, humidade) é necessário para evitar a distorção dos tubos por contracção desigual. Robots de preensão especiais seguram o produto seco e imergem-no no tanque de vidrado para recobrir o corpo com vidrado de marga; é ainda possível efectuar a vidragem por pulverização. No processo de cozedura, o vidrado funde-se com a superfície do corpo, encerra-o e cobre-o com uma superfície lisa. Se alguma parte da superfície não for para vidrar, tem de ser recoberta com parafina antes do processo de vidragem. O artigo vidrado é colocado em vagões de forno de túnel. Por fim, são secos até conterem menos de 1% de humidade residual em secadores de túnel, que se situam em frente dos fornos de túnel. 2.3.2.5 Cozedura A cozedura ocorre em fornos de túnel alimentados a gás, predominantemente em atmosfera oxidante. O artigo em verde é cozido em posição vertical e fixado em auxiliares de cozedura. As temperaturas convencionais de cozedura situam-se entre 1150 e 1250 ºC, sendo o tempo de cozedura de 30 a 80 horas. A tabela abaixo indica a gama dos parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel utilizados no fabrico de tubos de grés [4, UBA, 2001]. Fornos de túnel Unidade Condutas em argila vitrificada Débito Comprimento do forno Secção transversal Densidade da carga enfornada t/h m m2 kg/m3 1-6 80 - 180 6 - 10 150 - 300 Temperatura de cozedura Energia específica necessária (secagem + cozedura) Caudal volumétrico de gás Temperatura do efluente gasoso °C kJ/kg m3/h °C 1100 - 1200 3000 - 4000 4000 - 18000 160 - 200 Tabela 2.7 : Gama dos parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel Uma alternativa ao processo de cozedura convencional é o método de cozedura rápida dos tubos de grés. Estes tubos são secos em dez horas e vidrados por pulverização. Em seguida, passam pelo forno por um período de oito horas. Os tubos são cozidos enquanto são movimentadas por rolos horizontais. Os acessórios, ou seja, ramificações e aros, são também fabricados pelo processo de cozedura rápida. À semelhança dos tubos obtidos por cozedura rápida, passam pelo forno de rolos por um período de oito a onze horas. O transporte dos acessórios decorre sobre auxiliares de cozedura especiais, que retornam ciclicamente por baixo do forno. 2.3.2.6 Tratamento subsequente Todos os produtos são inspeccionados após o processo de cozedura. Se necessário, adiciona-se ao encaixe elementos poliméricos de vedação ou vedantes pré-fabricados. Depois desta etapa, os tubos e os acessórios são embalados. Após a ligação dos elementos de vedação, os tubos de certa dimensão (DN 250 a DN 600) são rectificados por mós abrasivas para assegurar uma precisão elevada dos encaixes. 2.3.2.7 Fluxos de entrada e de saída no fabrico de tubos de grés A figura que se segue apresenta os principais fluxos de entrada e de saída do processo de fabrico de tubos de grés [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. Energia Electricidade, fuelóleo, gás natural, GPL Água Agentes auxiliares Agentes humidificadores, vedantes, agentes de sorção, material de embalagem Matérias-primas Argilas, agente de expansão, vidrado Fabrico das condutas de argila vitrificada Condutas de argila, vitrificada,acessórios Ruído Calor em excesso Emissões para a atmosfera partículas, NOx, SOx, HF, HCl, CO, CO2, (COV), (Metais pesados) Perdas/resíduos de process Filtros usados, agentes de sorção utilizados, lama, cacos, loiças danificadas, resíduos de embalagem, poeiras recolhidas, partículas e aparas Águas residuais de processo Imagem 2.15 : Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico das condutas de argila vitrificada 2.3.3 Produtos refractários Os produtos refractários são classificados segundo o seu constituinte principal. Os grupos principais são: — produtos de elevado teor em alumina, grupo 1 (Al2O3>56 %) — produtos de elevado teor em alumina, grupo 2 (45 %<Al2O3<56 %) — produtos de cerâmica refractária (30 %<Al2O3<45 %) — produtos de cerâmica refractária de baixo teor em alumina (10 %<Al2O3<30 %, SiO2<85 %) — produtos silicosos ou produtos de semi-sílica (85 %< SiO2<93 %) — produtos de sílica (SiO2>93 %) — produtos básicos, à base de magnésia, magnésia-crómio, crómio-magnésia, cromite, forsterite, dolomite — produtos especiais, à base de carbono, grafite, zircónio, zircónia, carboneto de silício, carbonetos (além do carboneto de silício), nitretos, boretos, espinelas (além da cromite), carbonatos fundidos. 55 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 56 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva A indústria de produtos refractários recorre a vários métodos para o fabrico de tijolos. O procedimento mais simples consiste em cortar as formas a partir de matérias-primas naturais ou produzidas artificialmente. Para fabricar os produtos moldados por fusão, vertem-se os produtos fundidos em moldes para que possam solidificar na forma de blocos ou tijolos. Os materiais altamente refractários são hoje cada vez mais fabricados por moagem fina e mistura por via húmida, sendo depois conformados por meio de extrusão, enchimento por barbotina ou prensagem isostática. Contudo, o chamado método cerâmico de argila pesada é agora preferido para o fabrico de tijolos refractários. O processo de produção passa pelas fases de armazenamento de matérias-primas, preparação das matérias-primas, conformação, secagem, cozedura e tratamento subsequente. A figura que se segue mostra um esquema do fabrico de tijolos básicos que contêm minério de crómio [4, UBA, 2001]. Armazenamento da magnesite sinterizada Armazenamento do ferro-crómio Dosagem Dosagem Moagem Moagem Armazenamento Armazenamento Dosagem Dosagem Mistura Prensagem Secagem Vidragem Cozedura Escolha ArmAzenamento dos produtos Expedição Figura 2.13 : Fluxo de entradas e saídas durante o processo de tijolos e telhas 2.3.3.1 Matérias-primas A argila, a chamote e rochas naturais como a quartzite, a dolomite, a magnesite a bauxite, que podem ser calcinadas (veja-se a Secção 2.2.2.8), assim como matérias de base sintéticas, como, p. ex., corindo sinterizado, carboneto de silício, mulite fundida ou espinelas, servem de matérias-primas para o fabrico de produtos refractários. Para produzir pastas comprimíveis, adicionam-se ligantes e agregados às matérias-primas moídas. Utilizam-se tipos muito diferentes de ligantes e agregados, como argilas, sulfitos, betume de carvão, naftaleno, resina sintética, leite de cal, cera, ácido fosfórico, fuligem, grafite e enxofre. As matérias-primas são armazenadas em tulhas abrigadas. As matérias-primas entregues pré-moídas são mantidas em silos para evitar reacções entre as matérias-primas e a água. A tabela abaixo indica os óxidos mais utilizados nas operações de fusão/conformação de produtos refractários, com as temperaturas de fusão correspondentes [3, CERAME-UNIE, 2003]. Nome Óxido de alumínio Crómio III Magnésia Dolomite Sílica Silicato de zircónio Zircónio Tabela 2.8 : Óxidos mais utilizados nas operações de fusão/conformação Fórmula química Temperatura de fusão(°C) Al2O3 Cr2O3 MgO CaO + MgO SiO2 ZrO2 ZrSiO4 2050 2275 2830 2700 1725 2700 1770 2.3.3.2 Preparação das matérias-primas Na maioria das vezes, as matérias-primas são moídas grosseiramente e, depois, finamente. A moagem grosseira é realizada por moinhos de maxilas, moinhos de martelos, moinhos de rolos e moinhos pendulares. A moagem fina é realizada em moinhos de anéis, moinhos de bolas e moinhos vibratórios. Os materiais moídos e moídos são classificados em diferentes fracções por peneiros vibratórias. O material de granulometria excessiva volta às unidades de moagem. As fracções são armazenadas provisoriamente em silos, que são depósitos intermédios entre a etapa de preparação e a produção de tijolos. O doseamento é realizado por balanças. Se necessário, acrescentam-se ligantes, agentes formadores de poros, agentes antiaderentes e lubrificantes dos moldes. Os componentes são introduzidos em misturadores (sobretudo em misturadores de funcionamento descontínuo), homogeneizados e pré-densificados. Para tal, revelaram-se adequados os raladores-misturadores, os misturadores de contra-corrente e moinhos de duplo eixo vertical. A barbotina é produzida misturando as matérias-primas com um agente dispersante como a água. O «pó de prensagem» é fabricado por um processo seco ou por um processo húmido ou semi-húmido seguido de secagem por atomização. 2.3.3.3 Conformação No processo de conformação emprega-se barbotina e «pó de prensagem». Neste processo, a barbotina é vertida em moldes. Após um tempo de formação do corpo adequado, o material em verde é removido do molde. Antigamente, o «pó de prensagem» adquiria a forma pretendida por prensas articuladas. Hoje em dia, as prensas articuladas foram substituídas por prensas hidráulicas dotadas de modernas unidades de controlo electrónicas. As prensas verificam continuamente os tijolos e, se necessário, realizam ajustes. A força específica da prensa padrão, hoje, é de 80 a 200 MPa. Utilizando os diferentes programas da prensa, podem adequar-se os tijolos refractários às exigências do cliente. O método de prensagem isostática tem sido utilizado no fabrico de produtos refractários especiais de alta qualidade. Segundo este método, enchem-se moldes poliméricos flexíveis com uma mistura de pó atomizado fino. Encerrado o molde, a mistura é sujeita a pressão, o que normalmente é feito num autoclave hidráulico. A pressão é aplicada uniformemente, em todas as direcções, sobre a forma a prensar por meio de um líquido compressível, obtendo-se assim uma densificação uniforme. Com este processo, aplicam-se pressões até 300 MPa para o fabrico de blocos de grandes dimensões e formas especiais. As misturas cerâmicas de vários graus podem ser compactadas até à forma pretendida a pressão relativamente baixa, em conjunto com oscilações mecânicas criadas por vibradores. Recentemente, o processo de conformação tradicional foi complementado por um novo processo: as misturas a moldar são misturadas com um ligante sensível ao frio. De seguida, as misturas são vertidas em moldes e endurecidas a temperaturas inferiores a -30 ºC. 2.3.3.4 Secagem O processo de secagem decorre em secadores de câmara ou túnel e demora, consoante o tamanho dos tijolos, entre um dia e várias semanas. As formas de maior dimensão são secas sob ar de secagem de humidade controlada. A humidade restante deve ser inferior a 1% antes de o processo de cozedura se iniciar. A tabela abaixo apresenta exemplos de parâmetros de funcionamento de secadores intermitentes, cuja importância está a diminuir na indústria de produtos refractários [4, UBA, 2001]. Secadores de câmara Débito Volume da câmara de secagem Densidade da carga enfornada Temperatura de secagem Tempo de secagem Energia específica necessária Débito volumétrico de gás de combustão Temperatura do gás de combustão Unidade Produtos de argila refractária Produtos de sílica t/ciclo m3 kg/m3 °C h kJ/kg m3/h °C 18 171 105 80 44 350 1600 60 10 56 180 100 24 300 15 000 60 Tabela 2.9 : Parâmetros do funcionamento intermitente dos secadores (secadores de câmara) 57 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 58 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva A tabela abaixo indica os parâmetros de funcionamento de dois secadores de túnel e de um secador de atmosfera controlada [4, UBA, 2001]. Secadores de câmara Produto Débito Comprimento do forno Secção transversal Densidade da carga enfornada Temperatura de secagem Tempo de secagem Energia específica necessária Caudal volumétrico de efluente gasoso Temperatura do efluente gasoso Unidade Secador de túnel Secador de túnel Secador de atmosfera controlada t/h m m2 kg/m3 °C h kJ/kg m3/h °C Argila refractária 2,1 80 1,65 1000 100 48 500 800 40 Magnesite 4 51 2,5 1800 150 - 180 17 1500 11 000 120 elevado teor de alumina 3,5 36 2,7 1000 30 - 200 32 - 48 n.a. 5410 105 Tabela 2.10 : Parâmetros de funcionamento de dois secadores de túnel e um secador de atmosfera controlada 2.3.3.5 Cozedura Os produtos refractários são cozidos a temperaturas que variam entre 1250 ºC e 1850 ºC. As temperaturas de cozedura dependem da composição das matérias-primas e atingem o início da deformação. As temperaturas de cozedura dos grupos de materiais mais importantes situam-se nos seguintes intervalos: — tijolos refractários 1250 - 1500 ºC — tijolos de sílica 1450 - 1500 ºC — tijolos de elevado teor em alumina 1500 - 1800 ºC — tijolos de magnésia 1400 - 1800 ºC Os produtos são cozidos em fornos de túnel, fornos de vaivém e fornos tipo hotte. A tabela seguinte dá exemplos de parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel utilizados na indústria de produtos refractários [4, UBA, 2001]. Fornos de túnel Débito Comprimento do forno Secção transversal Densidade da carga enfornada Temperatura de cozedura Energia específica necessária (secagem + cozedura) Caudal volumétrico de efluente gasoso Temperatura do efluente gasoso Unidade Tijolos de magnésio Tijolos de argila refractária Tijolos de bauxite Tijolos de sílica t/h m m2 kg/m3 °C kJ/kg m3/h °C 2-8 150 1,3 - 3 1000 - 2500 1760 - 1850 6000 - 9700 15 000-25 000 250 - 400 4 113 2,4 600 - 1500 1260 3200 10 000 - 15 000 150 - 200 4 116 2,2 600 - 1300 1400 4500 10 000 -15 000 150 - 220 2,1 180 2,8 700 - 1000 1450 9050 1200 120 Tabela 2.11 : Parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel utilizados na indústria refractária A tabela seguinte dá exemplos de parâmetros de funcionamento dos fornos de vaivém para cozedura de produtos de sílica, elevado teor em alumina e cerâmica refractária [4, UBA, 2001]. Fornos intermitentes Débito Volume da câmara de cozedura Densidade da carga enfornada Temperatura de cozedura Energia específica necessária (secagem + cozedura) Caudal volumétrico de efluente gasoso Temperatura do efluente gasoso Unidade Tijolos de sílica Tijolos com elevado teor de alumina Tijolos de argila refractária t/ciclo m3 kg/m3 m2 °C kJ/kg m3/h 153 180 850 - 1100 1,3 - 3 1540 4500 - 7000 máx. 50000 40 - 50 20 2000 - 2500 2,4 1340 - 1650 4500 - 8000 máx. 20000 18 25 650 - 1000 2,2 1430 7600 3600 - 7000 Tabela 2.12 : Parâmetros de funcionamento dos fornos intermitentes A disposição dos tijolos, sobretudo nos fornos de túnel, é cada vez mais frequentemente realizada por máquinas de deposição automática. Os tijolos provenientes das prensas são manuseados e colocados automaticamente nos vagões do forno e de acordo com planos de disposição programados. O plano de disposição permite o contacto da chama e dos gases quentes por todos os lados, requerendo ainda pouca energia. Os fornos modernos funcionam a fuelóleo ou gás natural. Nalguns casos, o aquecimento eléctrico constitui o padrão para pequenas séries de produtos especiais. 2.3.3.6 Tratamento subsequente Nalguns casos, é necessário que os produtos refractários cozidos sejam posteriormente tratados por rectificação, esmerilagem ou polimento, por via húmida ou seca. Após este tratamento, os produtos são colocados em paletes ou embalados e cobertos com filme plástico para evitar a absorção de água, dado que a protecção tem de ser garantida durante todo o transporte. 2.3.3.7 Procedimentos especiais São usados procedimentos especiais no fabrico de produtos refractários com características especiais. A formação de ligações de carbono e impregnação de polimeros são procedimentos em que se utilizam agentes auxiliares especiais. Os tijolos com ligações de carbono são utilizados sobretudo na produção de aço. Muitas vezes, as matérias-primas são processadas a quente e prensadas com ligantes de carbono, polímeros ou resinas como ligantes. A ligação das peças prensadas é consideravelmente reforçada pela maturação e cura. O agente ligante coqueifica durante a maturação com a exclusão de ar a temperaturas de 320 a 550 ºC. Durante o processo de endurecimento, os produtos são aquecidos até cerca de 150 a 220 ºC em fornos eléctricos. Nalguns casos, os tijolos refractários são impregnados com alcatrão de hulha ou betume para evitar «poros abertos». 2.3.3.8 Fluxos de entrada e de saída no fabrico de produtos refractários A figura que se segue apresenta os principais fluxos de entrada e de saída do processo de fabrico de produtos refractários [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. Energia electricidade, fuelóleo, gás natural, FPL Água Agentes auxiliares agentes ligantes, plastificante, (gesso), agentes de sorção, material de embalagem Matérias-primas Argilas, chamota, rochas, matérias-primas sintéticas Fabrico dos produtos refractários Produtos refractários Ruído Calor em excesso Emissões para a atmosfera partículas, NOx, SOx, HF, HCl, CO, CO2, (COV), (Metais pesados) Perdas/resíduos de process Filtros usados, agentes de sorção utilizados, (moldes de gesso utilizados), lama, loiças danificadas, resíduos de embalagem, poeiras recolhidas, partículas e aparas Águas residuais de processo Figura 2.17 : Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico de produtos refractários 2.3.4 Agregados de argila expandida A argila expandida é um produto cerâmico poroso com uma estrutura de poro uniforme constituída por células finas e fechadas dotadas de um envolucro externo firme e densamente sinterizado. São fabricados a partir de matérias-primas que contêm argila e aditivos. A matéria-prima é preparada, moldada e depois sujeita a um processo de cozedura a temperaturas entre 1100 e 1300 ºC, resultando a dilatação num aumento significativo do seu volume. Para o fabrico industrial de argila expandida é necessário cumprir certas exigências de material. Outro factor importante é o desenho do forno, que deve adequar-se às características das matérias-primas e às quantidades a processar. O processo de dilatação pode ser influenciado pelos seguintes parâmetros: 59 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 60 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva — composição das matérias-primas — aditivos — curva de temperatura — atmosfera do forno — viscosidade em função dos factores de influência acima indicados. A experiência prática, durante o fabrico de argila expandida, mostrou que a expansibilidade da argila é determinada pelas matérias-primas e aditivos e pela tecnologia do processo térmico. Os principais factores tecnológicos que influenciam a expansibilidade das matérias-primas são a velocidade de aquecimento e a atmosfera do forno. O fabrico de argila expandida envolve as seguintes fases: extracção (esta actividade não é tratada neste documento), preparação das matérias-primas, conformação, tratamento por calor (secagem, cozedura), tratamento subsequente do produto, recuperação do produto e preparação para o transporte (ensacamento, carregamento). A figura que se segue mostra um esquema do fabrico de agregados de argila expandida [26, UBA, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. O processo de conformação não é relevante para todas as fábricas. Matérias-primas como recursos Argila xistosa Extração Preparação das matérias-primas Moldagem Tratamento dos Efluentes gasosos Tratamento térmico secagem/cozedura Trituração/peneiração Ensacamento/carga Figura 2.18 : Esquema do fabrico dos granulados de argila expandida 2.3.4.1 Matérias-primas, aditivos e agentes auxiliares As matérias-primas para o fabrico das argilas expandidas são argilas de sinterização rápida. Com uma velocidade de aquecimento controlada e uma gama de temperatura entre 1100 e 1300 ºC, sofrem um aumento significativo de volume. Só são adequadas as matérias-primas que inicialmente formem uma camada de fusão ou de sinterização piroplástica densa quando são aquecidas a estas temperaturas e que, em simultâneo, formem dentro do corpo gases (fragmento granulado) com capacidade de se expandir em corpos viscosos. Para que tal ocorra, é necessária a presença de meios de fluxo associados, como óxidos de ferro, bases, elementos alcalino-terrosos e substâncias gasogénicas; estes podem existir nas matérias-primas ou ser acrescentados durante a transformação (processamento). Estudos prévios mostraram que as características de dilatação de uma argila como matéria-prima não podem ser geralmente derivadas da sua análise. Podem efectuar-se certas afirmações gerais quanto à composição química/mineral e outras características dos materiais de expansibilidade comprovada: — plasticidade relativamente elevada, com teor elevado em finos — teor relativamente elevado de silicatos inter-estratificados, sobretudo do grupo da ilite ou da mica, mais de 40% é vantajoso; o teor em caulinite é normalmente baixo — o teor em calcite ou dolomite reduz o tempo de dilatação; a cal em pedaços é prejudicial, pois pode posteriormente provocar escamação — composição química: - Al2O3: 12 – 25 % - SiO2: 47 – 78 % - fluxo (Na2O, K2O, CaO, MgO, Fe2O3, FeO): 8 – 29 % - Corgânico: 0 – 2,5 % - FeS2: deve ser de granulometria fina (resíduos no produto final ≤1,0 ou 1,5% de SO3) — composição mineralógica: - quartzo: 7 – 45 % - carbonatos: 0,1 – 17 % - minerais argilosos: 40 – 80 % - feldspato: 5 – 25 % - outros: 3 – 17 % 61 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica — o amolecimento piroplástico da massa ou dos grânulos deve ocorrer durante a fase mais favorável do processo de formação de gás; esta permite obter a dilatação mais vantajosa, de pelo menos 50 a 100 K. As argilas naturalmente inadequadas para dilatação podem tornar-se expansíveis acrescentando aditivos e agentes auxiliares adequados, que tornam o fabrico de produtos expandidos com características especiais mais fácil (por exemplo, se o objectivo for maximizar as características de isolamento térmico, acrescentam-se com frequência auxiliares de dilatação à argila expandida) e, por vezes, também mais seguro. Os exemplos de aditivos (agentes de fluxo e agentes de libertação) e agentes auxiliares (auxiliares de dilatação) apresentados na tabela seguinte revelaram-se particularmente fiáveis: Secadores de câmara Auxiliares de dilatação Agentes de libertação Óxidos de ferro Hidróxidos de ferro Argilas iliticas Óleos pesados Lignosulfonato Carvão/coque ultrafino Argilas betuminosas Compostos de calcário Dolomite Tabela 2.13 : Exemplos de aditivos e agentes auxiliares que favorecem a dilatação Os tipos de aditivos e agentes auxiliares dependem da composição da matéria-prima, da tecnologia do processo de fabrico (processamento de argilas húmidas ou secas, veja-se a Secção 2.3.4.2), a disponibilidade económica e as características da emissão. A dosagem situa-se normalmente entre 0 e 10% por peso. 2.3.4.2 Sistema geral e tecnologia do processo 2.3.4.2.1 Conformação Para a preparação das matérias-primas e conformação utilizam-se duas técnicas básicas, consoante o teor de humidade da argila. No caso de argila com teor de humidade elevado, a técnica mais comum consiste no processo por via húmida: no processamento e na homogeneização mecânicos realizados no armazenamento de argila, raladores-misturadores, desintegradores, misturadores de duplo eixo e amassadores, as argilas dúcteis (com aditivos) são introduzidas num secador rotativo. Através de uma sequência adequada de acessórios de fixação do forno de secagem, como cadeias, barras transversais e placas, os fragmentos de argila são ainda mais fragmentados. No caso de argilas mais secas, a técnica mais comum consiste no processo por via semi-seca: utiliza-se um moinho primário para fragmentar grandes pedaços de matéria-prima até que atinjam uma granulometria inferior a 100 mm. O material pode ser homogeneizado durante o armazenamento automático e obtido utilizando uma draga escavadora. Na unidade de moagem a seco, a argila é moída entre a base de moagem rotativa e os laminadores. A argila em pó é introduzida no granulador de pratos inclinados, assim como a água. O movimento giratório do prato provoca a formação de grânulos esféricos, descarregados pelo seu bordo inferior; o movimento de rolamento possui um certo efeito granulador. Adicionam-se reagentes adequados para reduzir a tensão superficial da água adicionada. Influencia-se o tamanho dos grânulos e adaptam-se as características às matérias-primas respectivas alterando a velocidade e a inclinação do prato e a altura do seu bordo. Os grânulos passam através de um «tambor de pó» (tambor rotativo com pendente) onde se lhes aplica pó de calcário à superfície. Este pó impede a aglomeração dos grânulos em verde e protege-os posteriormente no forno de cozedura/expansão. 62 2.3.4.2.2 Tecnologia do processo térmico COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva As tendências no projecto de fornos caracterizam-se pelo esforço em desenvolver sistemas de adaptabilidade simples e flexível, tanto em termos das matérias-primas, como das características do produto pretendidas. Uma forma de a obter é pelo controlo variável da cozedura e do ar, em combinação com tempos de transferência de cada fase térmica. A curva de temperatura ideal para atingir a densidade pretendida depende da mistura de matérias-primas e aditivos. Para optimizar o procedimento, os préaquecedores localizam-se a montante do forno de expansão propriamente dito. O tipo de pré-aquecedor mais comum é o forno rotativo de secagem (forno rotativo). Para o arrefecimento, utilizam-se vulgarmente dispositivos como refrigeradores de coluna (“shaft cooller”), refrigeradores rotativos, refrigeradores de satélite, refrigeradores de grelha ou de tremonha (“hopper cooler”). Os fornos rotativos utilizados para o fabrico da argila expandida funcionam normalmente em modo de contra-corrente, ou seja, o material e o meio de aquecimento movem-se em direcções opostas. A matéria-prima é introduzida pelo lado frio do forno. Devido à inclinação do tambor e à rotação do forno, o material desloca-se para a extremidade quente do forno, ou seja, para a zona de alta temperatura. O tempo de transferência depende da inclinação do forno, da sua velocidade e dos acessórios internos que contém. O tempo tem uma influência significativa nas características do produto. Para prevenir a adesão dos grânulos, os fornos estão por vezes equipados com acessórios de internos apropriados, como correntes suspensas. As dimensões do forno dependem da técnica utilizada. O comprimento dos fornos rotativos varia de 4 a 80 m e os diâmetros de 1,0 a 4,5 m. Os combustíveis habitualmente utilizados são o fuelóleo, o carvão, o gás e os combustíveis alternativos/secundários são de origem orgânica (p. ex. biocombustíveis, biomassa) e não-orgânica (p. ex., óleos usados, solventes). O processo produtivo visa optimizar o equilíbrio térmico graças à utilização de uma gama alargada de opções de temperatura e tempo de aquecimento. 2.3.4.2.3 Reacção química durante a dilatação Durante o aquecimento dos grânulos forma-se vapor de água a partir da água residual, assim como oxigénio, vapor de água dos processos de constituição, gases de decomposição de substâncias orgânicas, dióxido de enxofre e ácido carbónico a partir de carbonatos. Em simultâneo, os poros à superfície começam a fechar-se. O produto expandido (com uma estrutura celular interna mais ou menos fina) forma-se devido ao facto de os gases se dilatarem com o aumento da temperatura. As principais reacções que ocorrem durante a dilatação são: 3Fe2O3 = 2Fe3O4 + 0,5 O2 (formação de magnetite) 2Fe2O3 = 4FeO + O2 2Fe3O4 = 6FeO + O2 1Fe2O3 + SiO2 = 2FeO*SiO2 + 0,5 O2 (formação de faialite) 3Fe2O3 + C = 2Fe3O4 + CO 1Fe3O4 + C = 3FeO + CO (formação de wuestite) 3Fe2O3 + CO = 2Fe3O4 + CO2 1Fe3O4 + CO = 3FeO + CO2 1Fe2O3 + CO = 2FeO + CO2 1FeS + 1.5 O2 = 1FeO + SO2 1CaCO3 = 1CaO + CO2 1MgCO3 = 1MgO + CO2 Consequentemente, os principais elementos e compostos gasosos libertados são oxigénio, monóxido de carbono, dióxido de carbono e/ou dióxido de enxofre, tendo um ou mais dos quais de estar presente para que o processo de dilatação ocorra. Isto dá-se sobretudo na gama alargada de temperaturas de cerca de 750 a 1300 ºC. 2.3.4.2.4 Passagem pelo crivo e moagem subsequentes No fabrico de agregados de argila expandida, após o processo de tratamento pelo calor, os agregados sofrem um processo de passagem pelo crivo e moagem para se obter a granulometria e a qualidade pretendidas. Utiliza-se normalmente passagem pelo crivo a seco e moinho refinador (martelos ou laminadores) por via seca. 2.3.4.3 Fluxos de entrada e de saída no fabrico de agregados de argila expandida A figura que se segue apresenta os principais fluxos de entrada e de saída do processo de fabrico de agregados de argila expandida [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [26, UBA, 2005], [28, Schorcht, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. Energia Electricidade, combústivel fóssil, enegia biológica e alternativa Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica Água Agentes auxiliares Agentes de sorção, auxiliares de expansão Matérias-primas Argilas, aditivos Fabrico dos agregados de argila expandidos Granulados de argila expandida Ruído Calor em excesso 63 Emissões para a atmosfera Partículas, NOx, SOx, HF, HCl, CO, CO2, (COV) Perdas/resíduos de process filtros usados, agentes de sorção utilizados, poeiras recolhidas, partículas e aparas Águas residuais de processo Figura 2.19 : Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico de granulados de argila expandida 2.3.5 Azulejos e ladrilhos O processo de fabrico de azulejos e ladrilhos consiste numa série de fases sucessivas: — armazenamento das matérias-primas — preparação da pasta (pó de prensagem (processo seco ou húmido) ou pasta de extrusão) — conformação — secagem do material em verde — preparação do vidrado e vidragem — cozedura (com ou sem vidragem) — polimento — escolha e embalagem. Consoante o produto a realizar é ou não vidrado e se utiliza cozedura única, dupla ou tripla, o ladrilho será ou não vidrado numa dada fase do processo, ou a ordem das fases de vidragem e cozedura podem ser ordenadas da forma adequada. A figura que se segue mostra um esquema das diferentes possibilidades para o fabrico de ladrilhos e azulejos [3, CERAME-UNIE, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005]. 64 Matérias-primas dos corpos cerâmicos COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Ladrilhos não vidrados Ladrilhos vidrados de bicozedura Ladrilhos vidrados de monocozedura Preparação dos corpos cerâmicos Preparação dos corpos cerâmicos Preparação dos corpos cerâmicos Moldagem Moldagem Moldagem Secagem Secagem Secagem Cozedura de chacota Matérias-primas do vidrado Preparação e aplicação do vidrado Preparação e aplicação do vidrado Cozedura Cozedura do vidrado Cozedura Polimento (facultativo) Polimento (facultativo) Polimento (facultativo) Escolha, embalagem Escolha, embalagem Escolha, embalagem Produto final/expedição Figura 2.20 : Esquema do fabrico dos azulejos e ladrilhos 2.3.5.1 Matérias-primas As argilas e os caulinos são matérias-primas plásticas habitualmente usadas no fabrico de ladrilhos e azulejos. A chamote, o quartzo, o feldspato, o carbonato de cálcio (calcite), a dolomite e o talco são matérias-primas não-plásticas com diferentes funções na composição da pasta (por exemplo, o feldspato actua como agente de fluxo, ao passo que a calcite possibilita a formação de fases cristalinas). As mesmas matérias-primas, em combinação com vidrado fritado, óxidos metálicos e corantes, são utilizadas nos vidrados. Para reduzir o consumo de energia no processo de secagem, através da redução do teor em água, acrescentam-se electrólitos como silicato ou difosfato de sódio. Essencialmente, os elementos da composição são transportados para a área de armazenamento de matérias-primas na forma de materiais a granel. Estes materiais são armazenados a céu aberto, em abrigos de armazenagem, em tulhas ou em silos. Os materiais de menor dimensão são transportadas e armazenadas em sacos e recipientes, e os materiais líquidos em tanques fechados. 2.3.5.2 Preparação das matérias-primas A preparação das matérias-primas inclui diferentes operações e técnicas de acordo com o tipo ou forma da peça a produzir. O doseamento das matérias-primas é realizado gravimetricamente tendo em consideração o seu grau de humidade. Para corar os componentes da pasta adicionam-se pequenas quantidades de pigmentos, óxidos metálicos ou corantes. Os materiais maiores são pré-moídas em moinhos de rolos ou moinhos de bolas tipo Alsing. Após a pesagem, os materiais pré-moídos são moídos (incluindo água e electrólitos) em moinhos de bolas por via húmida, os quais podem ser descontínuos ou contínuos. Uma outra variação consiste no processo de elutriação (“elutriation”) e homogeneização das matérias-primas doseadas em grandes tanques. A suspensão é bombeada dos tanques para moinhos de tambor por via húmida. O teor em água da suspensão é de cerca de 35%. Após a moagem fina (até se atingir uma granulometria <0,1 mm), a suspensão é peneirada gradualmente e armazenada em tanques próprios com agitação. A suspensão é transformada quer num corpo plástico («pasta de extrusão»), quer num «pó para prensagem». A produção e o tratamento da barbotina são invulgares no fabrico de ladrilhos e azulejos. As «pastas de extrusão» preparam-se habitualmente em raladores-misturadores ou unidades de laminação. Para produzir a «pasta de extrusão», retira-se a água da suspensão por filtro-prensas ou filtros rotativos até que o seu conteúdo se situe entre 20 e 25% de humidade. São adicionadas substâncias orgânicas ou inorgânicas à composição para maximizar a sua plasticidade. Entre estas substâncias, contam-se alginatos, dextrina, linhina, metilcelulose, etilcelulose e parafina. Um processo especial de preparação matérias-primas para a conformação plástica é a moagem fina em moinhos secos, mistura e ulterior adição de cerca de 20% de água (processo de Buchtal) [23, TWG Ceramics, 2005]. Os ladrilhos são fabricados predominantemente utilizando «pó de prensagem», fabricado por um processo húmido ou seco. No processo húmido, a suspensão é bombeada dos tanques de armazenamento com agitação para atomizadores. A secagem é efectuada a temperaturas de 350 a 450 ºC até que o teor de água seja de 5 a 9%. O calor fornecido ao atomizador advém da combustão de gás natural ou fuelóleo. Os aditivos orgânicos da barbotina são acrescentados para maximizar as características de deslizamento do pó. Estes aditivos podem ser de natureza orgânica ou inorgânica, sendo os mais utilizados na preparação da composição da pasta o silicato de sódio, o tripolifosfato de sódio e os acrilatos. Dado o teor significativo em argilas na pasta, é normalmente desnecessário utilizar ligantes como a carboximetilcelulose, a metilcelulose e o álcool polivinílico, etc. na sua composição, excepto em circunstâncias especiais (p. ex., tamanhos grandes) [23, TWG Ceramics, 2005]. O processo por via seca inclui a moagem a seco em moinhos pendulares, de martelos e de anéis, seguida da humidificação adequada do pó moído, que deve atingir um teor médio de humidade de cerca de 5– 7%. 2.3.5.3 Conformação A «pasta de extrusão» é moldada numa extrusora (fieira) com a forma do molde e cortada com a geometria pretendida. Os produtos habitualmente fabricados a partir deste processo plástico são as forras ou plaquetas. Os ladrilhos de faiança e grés cerâmico são fabricados predominantemente utilizando «pó de prensagem», O pó é moldado em corpos de prensagem em prensas articuladas de impacto, prensas de parafuso ou prensas hidráulicas, com uma pressão de cerca de 35 MPa. Normalmente, empregamse prensas multifuncionais, capazes de formar quatro ladrilhos por ciclo. O material prensado é polido e colocado automática ou manualmente no vagão do forno de túnel ou no secador de rolos. 2.3.5.4 Secagem Os corpos prensados são secos sobretudo em secadores de túnel, de rolos ou verticais. Para aquecer o secador, utiliza-se o calor residual do forno ou queimadores de gás natural ou fuelóleo. A secagem é realizada a temperaturas que variam com o tipo de tecnologia; p. ex., nos secadores verticais, oscila entre 200 e 220 ºC e os secadores de túnel entre 300 e 350 ºC. O tempo de secagem vai de uma a quatro horas, consoante o teor em água do material. O teor de humidade residual necessário é inferior a 1%, para evitar fissuras e erros de vidragem durante o processo de cozedura. 2.3.5.5 Cozedura e vidragem Os ladrilhos podem ser produtos vidrados ou não vidrados de monocozedura ou vidrados em bicozedura dupla ou mesmo tripla (terceiro fogo). No processo de bicozedura, os ladrilhos passam primeiro pela cozedura de chacota. Esta é realizada a temperaturas de 1050 a 1150 ºC em fornos de túnel clássicos (em 20 a 50 horas) ou em modernos fornos de rolos durante uma a duas horas. Os fornos descontínuos raramente são utilizados no processo de cozedura de chacota. Depois desta etapa, os ladrilhos são escolhidos automaticamente e transportados para o processo de vidragem. O vidrado é aplicado aos ladrilhos por pulverização ou cortina. As máquinas de vidragem estão equipadas com aplicadores de decoração. Além disso, é possível utilizar-se máquinas de serigrafia para fins decorativos, os quais se podem também obter por técnicas de gravura ou impressão. As matérias-primas de vidragem são muitas vezes desenhadas sob a forma de fritas. Todos os componentes de uma frita estão já doseados, cozidos e moídos. Substâncias como o chumbo são ligadas em fritas sob a forma molecular de maneira que a água não as possa remover nesta etapa do processo. A cozedura final tem lugar em fornos de rolos, de túnel ou descontínuos (intermitentes). Os ladrilhos vidrados colocam-se em auxiliares de cozedura e são cozidos a temperaturas de 1050 a 1300 ºC em fornos de túnel ou fornos de rolos sem auxiliares de cozedura. Os ladrilhos de formas especiais são cozidos em fornos de vaivém/intermitentes ou fornos de túnel a uma temperatura máxima de 1100 ºC. A tabela abaixo exemplifica parâmetros de funcionamento de fornos de túnel e fornos de rolos. Unidade Produto Débito Comprimento do forno Secção transversal Densidade da carga enfornada Temperatura de cozedura Energia específica necessária Caudal volumétrico de efluente gasoso Temperatura do efluente gasoso t/h m m2 kg/m3 °C kJ/kg m3/h °C Tabela 2.14: Parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel e dos fornos de rolos Forno de túnel Cozedura de chacota Cozedura final Forno de rolos Cozedura única (monocozedura) 2,8 120 1,5 - 2,0 500 - 700 1100 3500 15000 180 Ladrilhos com maior absorção de água 1,2 60 0,8 - 1,2 10 - 30 1250 2900 10000 160 1,6 80 0,5 - 1,0 10 - 30 1300 2200 13000 200 65 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 66 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Unidade Forno de túnel Cozedura final Produto Débito Comprimento do forno Secção transversal Densidade da carga enfornada Temperatura de cozedura Energia específica necessária Caudal volumétrico de efluente gasoso Temperatura do efluente gasoso t/h m m2 kg/m3 °C kJ/kg m3/h °C não vidrados 1,2 130 1,5 - 2,0 700 - 1000 1200 3900 15000 220 Forno de rolos Cozedura única (monocozedura) Ladrilhos com menor absorção de água não vidrados 2,1 80 1,2 20 - 30 1220 2900 10000 160 vidrados 2,1 60 0,8 - 1,0 20 - 30 1230 2500 13000 160 Tabela 2.14: Parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel e dos fornos de rolos 2.3.5.6 Tratamento subsequente Após a cozedura final, alguns tipos de ladrilhos (sobretudo os ladrilhos de grés cerâmico não-vidrado) podem ser rectificados ou polidos. Por fim, os ladrilhos são escolhidos, embalados e colocados em paletes de forma manual ou automática. As paletes são envolvidas em filme plástico numa máquina de embalagem. 2.3.5.7 Fluxos de entrada e de saída no fabrico de azulejos e ladrilhos Os fluxos de entrada e de saída mais importantes no processo de fabrico de azulejos e ladrilhos são apresentados na figura que se segue [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. Energia Electricidade, fuelóleo, gás natural, GPL Água Agentes auxiliares Plastificante, electrólitos, agentes de sorção, material de embalagem Matérias-primas dos corpos cerâmicos Argilas, caulino, feldspato, quartzo,chamote Matérias-primas do vidrado Fritas, caulino, areia, pigmentos, opacificantes Fabrico dos azulejos e ladrilhos Azulejos e ladrilhos Ruído Calor em excesso Emissões para a atmosfera Partículas, NOx, SOx, HF, HCl, CO, CO2, (metais pesados) Perdas/resíduos de process Filtros usados, agentes de sorção utilizados, lama, caco, resíduos de embalagem, poeiras recolhidas, partículas e aparas Águas residuais de processo Figura 2.21 : Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico de azulejos e azulejos 2.3.6 Louça utilitária e decorativa O processo de fabrico de cerâmica doméstica é constituído pelas fases principais: armazenamento de matérias-primas, preparação das matérias-primas, conformação, secagem, cozedura, vidragem, decoração e tratamento subsequente. Como exemplo típico do fabrico de cerâmica doméstica, a figura que se segue mostra as fases de fabrico da porcelana de mesa [4, UBA, 2001]. Armazenamento do caulino Armazenamento dos materiais duros Armazenamento do vidro Dosagem Dosagem Dosagem Mistura Moagem Moagem Mistura Peneiração Desidratação (térmica.) Peneiração Desidratação (mecânica.) Armazenamento Dosagem, Mistura Pasta plástica Enchimento Moldagem plástica Barbotina Secagem Polimento Cozedura de biscoito Vidragem Cozedura final Esmerilagem Decoração Cozedura da decoração Escolha Embalagem Expedição Figura 2.22 : Esquema do fabrico de porcelana de mesa 2.3.6.1 Matérias-primas Como principais matérias-primas no fabrico de cerâmica doméstica, utilizam-se argilas plásticas, feldspato e quartzo. As diferentes misturas para a pasta e o vidrado são entregues na fábrica e armazenadas em silos, sacos e recipientes, consoante o teor em humidade da matéria-prima, o método de armazenamento e o tamanho das partículas. Para que as características da pasta sejam adequadas, utilizam-se diversas matérias-primas com parâmetros diferentes. 67 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 68 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva A Tabela 2.15 e a Tabela 2.16 mostram as gamas habituais de composição mineralógica e química das matérias-primas utilizadas no fabrico da cerâmica doméstica [3, CERAME-UNIE, 2003]. Composição mineral (%) Faiança Vitrificado Porcelana Porcelana de ossos Grés Caulino Argila plástica Feldspato* Talco Sílica Sílex Cinza de ossos* 25 15 - 25 0 - 15 0 - 35 20 - 35 0 0 25 25 20 0 0 30 0 55 0 15 0 30 0 0 25 0 25 0 0 0 50 0 0 30 0 70 0 0 * Sienito nefelínico: é geralmente uma alternativa ao feldspato e à cinza de ossos Tabela 2.15 : Valores típicos da composição mineralógica das matérias-primas utilizadas no fabrico de cerâmica doméstica Composição mineral (%) SiO2 Al2O3 Outro Caolino Argila plástica Feldspato Sienite nefelínico Talco Sílica Sílex Cinza de ossos 55 75 70 60 60 95 90 0 35 20 20 25 0 0 0 0 10 5 10 15 40 (MgO) 5 10 100 (Ca5(PO4)3OH) Tabela 2.16 : Valores típicos da composição química das matérias-primas utilizadas no fabrico de cerâmica doméstica 2.3.6.2 Preparação das matérias-primas A preparação das matérias-primas para o fabrico da cerâmica doméstica é realizada por um processo de via húmida ou seca. Em geral, produz-se «pasta de extrusão» e «pó de prensagem». Os componentes da pasta são doseados principalmente por gravimetria. Caso os compostos de caulino estejam dissolvidos na água, ocorre também doseamento volumétrico. Em geral, as matérias-primas para a vidragem são doseadas gravimetricamente. Aos compostos plásticos da pasta é introduzida água em tanques com agitação. A moagem por via húmida posterior é realizada em moinhos de bolas seguindo para tanques com agitação. Os componentes da pasta são frequentemente entregues já com os parâmetros das partículas correctos para que não seja necessária moagem adicional. Os componentes plásticos e duros da pasta são misturados em agitadores ou misturadoras, peneirados para remover impurezas e posteriormente sujeitos a desferrização para remover compostos de ferro. Esta operação é realizada em campos electromagnéticos. A barbotina é desidratada mecanicamente em filtro-prensas ou termicamente em atomizadores. Para a produção da «pasta de extrusão», o conteúdo em água da barbotina é reduzido de 65% para 20 a 25% em filtroprensas ou em filtros rotativos. A pasta de filtração é homogeneizada e moldada em placas nos filtros-prensa. Para a produção de «pó de prensagem», a barbotina é desidratada até atingir um teor em água de 5 a 8% em atomizadores. De seguida, a barbotina, é bombeada para o atomizador por uma bomba de bomba de pistons. O teor em água é reduzido por uma corrente de gás quente. Os gases de exaustão do atomizador alimentado aquecido a gás e o vapor de água saem pelo topo do atomizador. Os aditivos orgânicos da barbotina e ligantes são acrescentados ao «pó de prensagem» para que este adquira as características de suavidade e deslizamento correctas. Para tal, utiliza-se carboximetilcelulose, metilcelulose, éter de celulose, álcool polivinílico, acetato de polivinilo e polissacarídeos, acrescentando-se oleína, óleo mineral, ácido esteárico e cera. A parcela de agentes deslizantes e agentes ligantes no «pó de prensagem» situa-se entre 0,2 e 0,4% p/p. A formação de pó pelo processo de leito fluidizado pode ser usado com um menor consumo de aditivos fluidificantes e agentes ligantes, fornecenco assim boas características de conformação. A formação de grânulos pelo processo de secagem em leito fluidizado, bem como os processos não térmicos de formação de grânulos são alternativas futuras para a produção de “pó de prensagem“. O consumo específico de energia no processo de produção de grânulos em leito fluidizado é superior ao processo de atomização mas o consumo específico de energia térmica é inferior. Se a «pasta de extrusão» para a conformação plástica for produzida utilizando «pó de prensagem», mistura-se o pó e a barbotina resultante até que o teor em água seja de 20 a 25%. Os “tarugos” cilíndricos extrudidos são armazenadas durante algum tempo para garantir que a humidade e a tensão são homogéneas. São utilizados aditivos e agentes orgânicos e ligantes inorgânicos, como cloreto de magnésio, sulfato de magnésio, fosfatos ou bórax para aumentar a resistência dos componentes plásticos para a conformação plástica macia. As “lastras” do filtro, os resíduos de componentes plásticos para conformação plástica dura ou o «pó de prensagem» são dissolvidos em água para produzir barbotina. O teor em água da barbotina varia entre 25 e 35%. Para garantir que as características de deslizamento são boas mesmo quando o teor de água é baixo utilizam-se aditivos como soda, silicato de sódio ou potássio, cáusticos ou ácido húmico. 2.3.6.3 Conformação Existem três tipos diferentes de processos de conformação no fabrico de cerâmicas domésticas. Os produtos planos, como travessas e pratos, são predominantemente fabricados pelo processo de prensagem a seco. Os produtos ocos, como vasos, fabricam-se pelo processo de conformação por vazamento, enquanto chávenas e jarras se produzem pelo processo de conformação plástica. No processo de prensagem a seco, o «pó de prensagem» (teor em água de cerca de 5%) é prensado isostaticamente com agentes auxiliares. O «pó de prensagem» é introduzido numa prensa, que consiste num molde superior e outro inferior. No molde inferior, a membrana isostática funciona como peça principal de compressão. O molde superior da prensa é desenhado com várias formas, conforme o produto. As prensas horizontais com cabeças de vários formatos permitem produzir diversos produtos com grande rendimento. As prensas de cabeça dupla produzem até 1200 peças por hora. O pó é prensado até adquirir a forma pretendida com uma pressão de 30 MPa. A vantagem deste processo é o baixo teor em água dos produtos em verde. No processo de conformação plástica, a «pasta de extrusão» (teor em água de 20 a 25%) é formada em máquinas de conformação com o auxílio de ferramentas de perfilagem. Os materiais equilibrados dinamicamente produzem-se em moldes de gesso fabricados em instalações especiais. O corpo plástico cilíndrico é cortado em fatias idênticas. Na etapa seguinte, estas são mecanicamente repartidas pelos moldes de gesso das máquinas de conformação. A duração dos moldes de gesso é muito curta, sendo comum a sua utilização em apenas 100 a 150 peças. Recentemente, foram empregues moldes porosos constituídos por materiais poliméricos para aumentar a duração. Os artigos não equilibrados dinamicamente são produzidos por enchimento com barbotina. A formação do corpo dá-se por desidratação da barbotina em moldes de gesso, sendo o processo de conformação por vazamento sólido utilizado sobretudo para a produção de artigos planos. Os vasos e jarros são fabricados pelo processo de conformação por vazamento (drain casting). Para o fabrico em escala industrial utilizam-se máquinas de conformação, enquanto a produção em pequena escala é realizada por conformação manual. O tempo de formação do corpo pode ser reduzido sob pressão. A conformação sob pressão decorre em moldes poliméricos porosos sob pressões até 4 MPa. A conformação sob pressão é muito mais rápida do que o processo convencional, durando os ciclos de conformação apenas dois ou três minutos. A prensagem plástica é um outro processo usado no fabrico de cerâmica doméstica. Os produtos são fabricados em moldes de gesso ou poliméricos de duas peças. Em comparação com o processo de enchimento por barbotina utilizando um corpo plástico, este processo reduz consideravelmente o tempo de formação do corpo. 2.3.6.4 Secagem Os produtos produzidos pelo processo de enchimento por barbotina ou pelo processo de conformação plástica têm de ser secos em secadores especiais até que o seu teor em água se reduza para menos de 2%. Para esta desidratação, utilizam-se secadores de câmara e de túnel, alimentados com o calor residual dos fornos, gás natural ou fuelóleo EL. Os secadores de infravermelhos e microondas constituem uma alternativa ao processo de secagem convencional. Estes secadores são utilizados para a pré-secagem dos componentes moldados e também para a secagem de moldes de gesso usados e novos. Os secadores de microondas são construídos sob a forma de câmara, túnel ou passagem entre câmaras. A rugosidade da superfície e as marcas do molde que resultam do processo de conformação são removidas no processo de acabamento. O acabamento é efectuado com facas e pelo tratamento subsequente com uma esponja húmida. Os produtos prensados e conformados em rollers são limpos sobretudo por máquinas, mas outros produtos são tratados manualmente. No caso do fabrico em escala industrial, os processos de conformação, secagem e acabamento unem-se numa etapa do fabrico. 2.3.6.5 Cozedura, vidragem e decoração Os produtos de cerâmica doméstica são cozidos entre uma e quatro vezes, dependendo do material e da técnica de produção. No primeiro passo, a cozedura de chacota confere ao produto semiacabado a resistência e a absorção necessárias para a vidragem. As temperaturas de cozedura de chacota situam-se entre 900 e 1050 ºC, sendo o tempo de cozedura nos fornos clássicos de túnel de 18 a 30 horas. Os fornos de cozedura rápida atingem tempos de três a sete horas. A seguir à cozedura da chacota, segue-se a vidragem. O vidrado consiste em compostos vítreos com uma maior percentagem de agentes de fluxo dispersos em água. Os artigos ocos (excepto chávenas) são vidrados por mergulho manual. Os artigos planos e chávenas são vidrados mecanicamente num processo de vazamento-vidragem, sendo a produção em pequena escala vidrada manualmente por mergulho. Os artigos rasos são também vidrados por pulverização. Como agentes ligantes orgânicos e colas, utilizam-se agentes adesivos (como a poliamina ou a dextrina). São misturados electrólitos com o vidrado para uma secagem mais rápida. 69 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 70 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva A cozedura do vidrado que se segue é realizada em atmosfera oxidante ou redutora a temperaturas de 1320 a 1430 ºC. Os fornos de cozedura do vidrado são fornos de túnel com vagões, fornos de rolos (de várias camadas), fornos de túnel de cozedura rápida com mesas de cozedura móveis, fornos de placas ou fornos de tapete rolante. Os fornos intermitentes, como fornos de câmara, fornos de vaivém e fornos de tipo hotte funcionam a velocidades de alimentação mais lentas. O artigo a cozer é colocado em prateleiras ou material refractário (a chamada «mobília do forno»). O tempo de cozedura da vidragem varia entre 25 e 36 horas no forno de túnel e entre 3,5 e 5 horas nos fornos de cozedura rápida, sem auxiliares de cozedura. As Tabelas 2.17 e 2.18 dão exemplos de parâmetros de funcionamento de fornos de funcionamento intermitente e contínuo [4, UBA, 2001]. Forno intermitente Débito Volume da câmara de cozedura Densidade da carga enfornada Temperatura da cozedura Energia específica necessária Caudal volumétrico de efluente gasoso Temperatura do efluente gasoso Unidade Porcelana t/ciclo m3 kg/m3 °C h kJ/kg m3/h 0,91 7,0 12,8 1400 44 20000 12500 Tabela 2.17 : Parâmetros de funcionamento de um forno intermitente Fornos de túnel Cozedura Débito Comprimento do forno Secção transversal Densidade da carga enfornada Temperatura da cozedura Energia específica necessária(Secagem + Cozedura) Caudal volumétrico de efluente gasoso Temperatura do efluente gasoso Unidade t/h m m2 kg/m3 °C kJ/kg m3/h °C Porcelana Biscoito 0,3 - 0,7 60 - 100 0,5 - 1,0 60 - 70 850 - 1260 25 000 3500-5000 120 - 170 Porcelana Vidrado 0,2 - 0,4 80 0,5 - 1,0 60 - 70 1200 - 1400 20 000 3500-5000 120 - 170 Vidrado rápido 0,58 70 0,7 < 100 1420 12 500 sem secagem n.d. n.d. Vidrado rápido 0,47 56 0,94 < 100 1420 19 700 n.d. n.d. Tabela 2.18 : Parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel O vidrado funde-se durante o processo de cozedura e sela o corpo cerâmico poroso. A superfície torna-se estanque à água e macia. Após a cozedura de vidragem, os produtos são separados de acordo com a qualidade correspondente. As áreas sem vidrado são esmeriladas e polidas para maximizar o valor dos produtos. A porcelana de osso (“bone china”) é dedicada especialmente à louça de mesa e aos serviços de chá tradicionais. Para o seu fabrico, são matérias-primas importantes a argila e a pedra da Cornualha e até 50% de ossos calcinados de bovino. As temperaturas de cozedura da vidragem situam-se entre 1250 e 1350 ºC, sendo as temperaturas de cozedura de chacota de 1100 a 1150 ºC. A presença de vapor de vidrado na atmosfera de forno garante que a superfície fique muito macia. O processo de decoração que se segue maximiza o valor do produto e permite que seja personalizado. Para a decoração, utilizamse tintas sobre o vidrado (on-glaze), tintas dentro do vidrado (in-glaze), tintas sob o vidrado (under-glaze) e compostos metálicos. No processo de decoração sobre o vidrado, decoram-se produtos já vidrados e cozidos. Este tipo de decoração funde-se no vidrado através de um processo de cozedura adicional. No processo de decoração de grande fogo, os pigmentos coloridos afundam-se no vidrado. No processo de decoração sob o vidrado, decoram-se os produtos antes de o processo de vidragem se iniciar. Os processos típicos de decoração são a transferência por decalque, a reimpressão, a serigrafia directa, a impressão offset, o revestimento, a filagem, a estampagem, o polvilhamento (powdering), a pintura, a vaporização, o stencil e a gravura. Além da decoração manual, utilizam-se máquinas de serigrafia e impressão a cores. São utilizados numerosos óxidos como agentes de fluxo, opacificantes e para a coloração directa nos processos de vidragem e decoração. As cores do vidrado e da decoração consistem em sistemas complexos de numerosos pigmentos. Na lista que se segue mencionam-se os elementos e respectiva valência química (entre parênteses) em que aparecem como de óxidos nos pigmentos. Cu (1, 2), Ca (2), Zn (2), Al (3), In (3), Si (4), Sn (4), Pb (2), Ti (3, 4), Zr (4), Ce (4), Pr (4), V (4, 5), Sb (3, 4, 5), Cr (3, 6), Mo (4, 6), Mn (2, 4), Fe (2, 3), Co (2), Ni (2) e Cd (2). Além do processo de decoração, apresentam-se nas Tabelas 2.19 e 2.20 exemplos de parâmetros de funcionamento de diferentes fornos [4, UBA, 2001], [21, Almeida, 2004]. Tipo de Forno Processo Temperatura de Cozedura (°C) Tempo de Cozedura Decoração por fusão Decoração sobre vidrado (on-glaze) Decoração sobre vidrado (on-glaze) Decoração sobre vidrado (on-glaze) Decoração sobre vidrado (on-glaze) Decoração sobre vidrado (on-glaze) Decoração de alto fogo Decoração sobre vidrado (on-glaze) 760 - 840 850 - 950 850 - 950 1080 850 - 950 1050 1300 - 1400 850 - 950 2-4h 40 - 70 min 40 - 70 min 40 - 70 min 40 - 70 min 40 - 70 min 7 - 16 h 8 - 10 h Processo Temperatura de Cozedura (°C) Tempo de Cozedura Forno intermitente Forno túnel de cozedura rápida (mesa de cozedura) Forno túnel de cozedura rápida (mesa de cozedura) Forno de rolos com rolos especiais Forno intermitente Decoração de alto fogo Decoração de alto fogo Decoração dentro do vidrado (in-glaze) Decoração dentro do vidrado (in-glaze) Decoração sob vidrado (under-glaze) 1300 - 1400 1350 - 1420 1200 - 1280 1200 1370 - 1420 14 - 24 h 2-4h 60 - 90 min 60 - 90 min 18 - 30 h Forno de túnel com vagão Forno de túnel com mesa de cozedura Forno túnel de cozedura rápida (mesa de cozedura) Forno de rolos com rolos especiais Decoração sob vidrado (under-glaze) Decoração sob vidrado (under-glaze) Decoração sob vidrado (under-glaze) Decoração sob vidrado (under-glaze) 1370 - 1420 1370 - 1420 1370 - 1420 1350 18 - 30 h 12 - 16 h 3-4h 2-4h Forno eléctrico de fusão com cesto para transporte Forno túnel de cozedura rápida (mesa de cozedura) Forno de rolos com auxiliares de cozedura Forno de rolos com elementos de quartzo Forno com transportador de correia dupla Forno com transportador de correia dupla (correia especial) Forno de túnel com transportador de placa Forno intermitente Tabela 2.19 : Parâmetros de funcionamento de decoração sobre vidrado Tipo de Forno Tabela 2.20 : Parâmetros de funcionamento da decoração de grande fogo e sob vidrado Outro processo de fabrico de cerâmica doméstica, ainda que aplicado em escassos casos, envolve apenas um procedimento de cozedura, sem pré-cozedura. Este procedimento de cozedura única é suficiente para produtos não-decorados e produtos cujas decorações são aplicadas antes da vidragem. A cozedura demora 20 horas nos fornos de vaivém, a uma temperatura de 1260 ºC. O ouro, a platina e outras tintas metálicas têm de ser cozidos a uma temperatura mais baixa, de 890 ºC [17, Burkart, 2004] [22, SYKE, 2004]. No processo de fabrico de cerâmica doméstica utilizam-se sobretudo o gás natural e o gás de petróleo liquefeito como combustíveis nos vários tipos de fornos. Combustíveis como o fuelóleo EL raramente são usados neste subsector. 2.3.6.6 Tratamento subsequente Depois da decoração e do controlo da qualidade, escolhem-se os produtos. O tratamento subsequente a húmido é realizado por máquinas de esmerilagem e roçagem para suavizar a superfície dos produtos. Certos produtos são pré-embalados mecanicamente. Em seguida, juntam-se os conjuntos para venda e expedição e embalam-se manualmente. No fabrico da louça de mesa moderna, os produtos semiacabados são manuseados automaticamente por robots entre as fases de conformação, secagem, cozedura e tratamento subsequente. 71 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 72 2.3.6.7 Fluxos de entrada e de saída no fabrico de cerâmica doméstica A figura que se segue apresenta os principais fluxos de entrada e de saída do processo de fabrico de cerâmica doméstica [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. Energia Electricidade, fuelóleo, gás natural, GPL COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Água Agentes auxiliares Plastificante, gesso, agentes de sorção, material de embalagem Fabrico das cerâmicas domésticas Matérias-primas Argilas, caulino. feldspato, quartzo, pegmatite Cerâmicas domésticas Ruído Calor em excesso Emissões para a atmosfera partículas, NOx, SOx, HF, HCl, CO, CO2, (metais pesados) Perdas/resíduos de process Filtros usados, agentes de sorção utilizados, gesso utilizado, lama, loiças danificadas, resíduos de embalagem, poeiras recolhidas, partículas e aparas Águas residuais de processo Figura 2.23 : Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico das cerâmicas domésticas 2.3.7 Louça sanitária As principais fases do processo de fabrico de louça sanitária são o armazenamento de matérias-primas, a preparação das matérias-primas, a conformação, a secagem e a vidragem, cozedura e tratamento subsequente. A figura que se segue mostra um esquema do processo de fabrico de louça sanitária [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. Armazenamento do caulino Armazenamento da argila Pré-trituração Pré-trituração Armazenamento dos materiais duros Armazenamento das matérias-primas do vidrado Elutriação Homogeneização Dosagem Dosagem Dosagem Dosagem Preparação dos corpos cerâmicos Moagem fina Peneiração e desferrização Peneiração e desferrização Armazenamento Fabrico dos moldes Armazenamento Moldagem em barbotina Guarnição e embelezamento Secagem Desbarbamento/acabamento à esponja Vidragem Figura 2.24 : Esquema do fabrico de loiças sanitárias Cozedura Recozedura Escolha Embalagem Expedição 2.3.7.1 Matérias-primas As matérias-primas que se aplicam são o caulino, a argila, o quartzo, o feldspato e o carbonato de cálcio. Uma mistura típica consiste em 40 – 50% de caulino e argila, 20 – 30% de quartzo, 20 – 30% de feldspato e entre 0 e 3% de carbonato de cálcio. O caulino é armazenado preferencialmente em grânulos com um teor máximo de água de 15%. Os materiais duros, como o quartzo e o feldspato, são moídos em pequenas partículas e aplicados com um teor de água inferior a 1%. As matérias-primas são armazenadas em silos ou tulhas para evitar qualquer influência atmosférica. 2.3.7.2 Preparação das matérias-primas A preparação das matérias-primas para o fabrico da louça sanitária é realizada sobretudo por um processo de via húmida. O caulino e a argila são reduzidos em laminadores ou unidades semelhantes. Depois desta etapa, os materiais são moídos até um diâmetro de partícula inferior a cinco milímetros pelo processo de moagem fina. O material é elutriado em água e as impurezas são removidas da lama por peneiração. Decorrida esta etapa, a suspensão de argila peneirada é homogeneizada em tanques por agitadores lentos. O doseamento das matérias duras é realizado gravimetricamente, sendo adicionados electrólitos. Esta preparação das matérias-primas não costuma ser realizada pelo fabricante da cerâmica sanitária. Ao fabricante basta-lhe então dosear as matérias-primas que lhe são entregues, seguindo-se a produção real de barbotina em turbo-diluidores [23, TWG Ceramics, 2005]. O armazenamento posterior em tanques com agitação, durante alguns dias, aumenta as características de conformação da barbotina. Para se obter a capacidade de conformação adequada, associada a um teor baixo em água, empregam-se agentes de liquefacção e estabilidade como soda, vidro solúvel, cáustico, potassa e ácido húmico. Os materiais do vidrado são doseados e depois misturados e moídos em moinhos de bolas (intermitente) ou em moinhos horizontais ou anelares (contínuos). Para maximizar a adesão e a força de fixação após a moagem adicionam-se ao vidrado agentes ligantes como carboximetilcelulose ou poliamina. A desferrização da pasta e do vidrado é realizada através de magnetes permanentes para evitar a coloração do produto através de impurezas magnéticas. 2.3.7.3 Conformação Hoje em dia, a maioria dos produtos cerâmicos ainda é moldada em moldes de gesso. A tendência do desenvolvimento dá-se no sentido de processos de conformação sem gesso realizados em moldes poliméricos porosos. O procedimento de conformação tem habitualmente lugar em moldes de gesso. A água deixa a barbotina através das áreas porosas dos moldes de gesso para formar o corpo. O tempo de formação do corpo reduz-se com a pressão. Os produtos sanitários complexos são fabricados pelo processo de conformação por vazamento. As peças de conformação sólida adicionais são fabricadas por um processo paralelo e acrescentam-se e ligam-se ao corpo principal. É neste processo de enchimento que se cria a forma final do produto. Após a separação do corpo do molde, as marcas deste são rebarbadas e tratadas. O manuseamento e a rectificação das peças são efectuados maioritariamente de forma automática. As peças da louça sanitária são formadas cada vez mais por máquinas com moldes poliméricos de várias peças, em combinação com a conformação por pressão. Consoante o artigo, utilizam-se moldes poliméricos de quatro ou cinco peças. A utilização de uma pressão até 3 MPa minimiza o tempo de formação da peça. O ciclo de conformação das sanitas é reduzido para cinco a oito minutos. A desmoldagem e o rebarbamento são habitualmente realizados enquanto a peça está no molde. As vantagens dos moldes poliméricos sobre os de gesso são serem mais fáceis de limpar e mais duradouros. 2.3.7.4 Secagem e vidragem Os produtos em verde são secos em duas fases. Depois da secagem até à consistência do couro, o material está perfeitamente tratado. A secagem branca seguinte minimiza o teor em água para menos de 1%. O processo de secagem decorre em secadores de túnel ou câmara. Os secadores de microondas são construídos sob a forma de túnel e são também utilizados para ambos estes tipos de secagem. A tabela que se segue dá exemplos de parâmetros de funcionamento de secadores intermitentes [4, UBA, 2001], [21, Almeida, 2004]. Secadores de câmara Débito Volume da câmara de secagem Densidade da carga enfornada Temperatura de secagem Tempo de secagem Energia específica necessária Caudal volumétrico de efluente gasoso Temperatura do efluente gasoso Unidade Sanitas e lavatórios t/ciclo m3 kg/m3 °C h kJ/kg m3/h °C 4 - 45 30 - 375 30 - 200 60 - 90 8 - 20 300 - 1400 2000 - 20000 60 - 150 Tabela 2.21 : Parâmetros de funcionamento intermitente dos secadores (secadores de câmara) 73 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 74 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Após a secagem branca, o artigo é inspeccionado e a superfície limpa de pó e partículas estranhas. O vidrado é aplicado na superfície do artigo por pulverização, quer realizada por robos, quer manual. A espessura do vidrado varia entre 0,3 e 0,5 mm, consoante a cor do corpo e a percentagem de opacificantes que contém. A vaporização em campo eléctrico maximiza a qualidade do vidrado. 2.3.7.5 Cozedura A louça sanitária é cozida em fornos de túnel e de rolos a temperaturas de 1250 a 1290 ºC, em atmosfera oxidante. A produção em pequena escala é realizada em fornos intermitentes flexíveis, como fornos de vaivém. Estes funcionam de maneira a que a curva de cozedura específica do produto se altere em ciclos muito curtos. Os intervalos dos parâmetros de funcionamento dos fornos usados no fabrico de louça sanitária são apresentados nas Tabelas 2.22 e 2.23 [23, TWG Ceramics, 2005], [21, Almeida, 2004], [30, TWG Ceramics, 2005]. Forno de túnel Débito Dimensão do forno Corte transversal Densidade da carga enfornada Temperatura da cozedura Energia específica necessária Caudal volumétrico de efluente gasoso Temperatura do efluente gasoso Unidade Loiça sanitária t/h m m2 kg/m3 °C kJ/kg m3/h °C 1,5 - 2,0 570 - 110 1,5 - 2,5 100 - 150 1250 - 1290 8300 12000 150 - 550 Forno intermitente Débito Dimensão da câmara de cozedura Densidade da carga enfornada Temperatura da cozedura Energia específica necessária Caudal volumétrico de efluente gasoso Temperatura do efluente gasoso Unidade Loiça sanitária t/ciclo m3 kg/m3 °C kJ/kg m3/h °C 5 - 15 50 - 150 100 1210 - 1250 8300 - 11300 máx. 50000 150 - 550 Tabela 2.23 : Parâmetros de funcionamento dos fornos intermitentes Tabela 2.22 : Parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel No processo de fabrico da louça sanitária utilizam-se sobretudo o gás natural e o gás de petróleo liquefeito como combustíveis nos vários tipos de fornos. Combustíveis como o fuelóleo EL e o fuelóleo pesado raramente são usados neste subsector. Do processo de cozedura advém louça cozida partida e resíduos refractários. A louça cozida partida consiste em produtos defeituosos após o processo de cozedura. Os resíduos refractários resultam de peças partidas do forno ou de auxiliares de cozedura partidos, ou ainda de peças de vagões de túnel partidas. 2.3.7.6 Tratamento subsequente Após a triagem final, as superfícies de montagem são sujeitas a abrasão por esmerilagem húmida e polimento. Em casos especiais, são aplicados acessórios às sanitas e respectivos autoclismos, seguindo-se a embalagem final. 2.3.7.7 Fluxos de entrada e de saída no fabrico de louça sanitária A figura que se segue apresenta os principais fluxos de entrada e de saída do processo de fabrico de louça sanitária [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. Energia Electricidade, fuelóleo, gás natural, GPL Água Agentes auxiliares Plastificante, gesso, agentes de sorção, material de embalagem Matérias-primas Argilas, caulino, feldspato, quartzo, carbonato de cálcio Fabrico das loiças sanitárias Loiças sanitárias Ruído Calor em excesso Emissões para a atmosfera partículas, NOx, SOx, HF, HCl, CO, CO2, (metais pesados) Perdas/resíduos de process Filtros usados, agentes de sorção utilizados, moldes de gesso utilizado, lama,cacos, loiças danificadas, resíduos de embalagem, poeiras recolhidas, partículas e aparas Águas residuais de processo Figura 2.25 : Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico de loiças sanitárias 2.3.8 Cerâmicas técnicas As cerâmicas técnicas não consistem apenas em argilas, mas também em matérias-primas sintéticas. Tal como nos outros subsectores da indústria cerâmica, as matérias-primas são cozidas em fornos que utilizam sobretudo gás natural, mas também electricidade para o processo de cozedura. Devido à grande variedade de cerâmicas técnicas e variantes nos processos de fabrico envolvidas, não se consegue definir facilmente um esquema geral do processo de fabrico, embora se possam apresentar exemplos de esquemas de diferentes processos. A figura que se segue mostra um esquema do processo de fabrico de um isolante eléctrico [1, BMLFUW, 2003]. Matérias-primas Balança Moinhos de bolas Tanques de armazenamento Misturador-agitador Filtro-prensa de câmara Atomizador Misturador-agitador Prensa isostática Misturador de dois hélices e prensa de extrusão Torneamento Secagem em câmara Torno Secador Vidragem por pulverização e imersão Fornos intermitentes Corte, polimento , esmerilagem Verificação eléctrica Montagem Verificação mecânica Armazenamento Figura 2.26 : Esquema do processo de fabrico de isolantes eléctricos 75 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 76 A figura seguinte exibe um esquema do processo de fabrico de um catalisador cerâmico [1, BMLFUW, 2003]. Matérias-primas COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Balança Misturador-amassador Pré-extrusor Extrusor Secadores de câmara Serra de fita Fornos de túnel Serra de fita Figura 2.27 : Esquema do processo de fabrico de catalisadores cerâmicos 2.3.8.1 Matérias-primas As cerâmicas técnicas, que contêm pouca ou nenhuma argila, baseiam-se nos seguintes materiais: óxidos, carbonetos, nitretos e boretos de Al, Mg, Mn, Ni, Si, Ti, W, Zr e de outros iões metálicos. Exemplos correntes são o Al2O3 (alumina), MgO (“periclase” ou óxido de magnésio), SiC (carboneto de silício), TiN (nitreto de titânio) e WB2 (boreto de tungsténio) [8, Ullmann’s, 2001]. Contudo, as argilas plásticas (p. ex. caulino), o feldspato e o quartzo podem também servir como matérias-primas para as cerâmicas técnicas, por exemplo, para o fabrico de isoladores eléctricos [1, BMLFUW, 2003]. Além disso, aplicam-se ainda aditivos (agentes auxiliares) como auxiliares de sinterização (inorgânicos) e auxiliares de formação (normalmente orgânicos), tais como agentes de liquefacção, plastificantes ou ligantes, que são tão importantes como as próprias matérias-primas [24, VKI-Germany, 2004]. 2.3.8.2 Preparação das matérias-primas Há duas possibilidades para a preparação das matérias-primas: a) O fabricante de cerâmicas técnicas adquire as matérias-primas necessárias e realiza todas as tarefas de transformação posteriores. Para os diferentes processos de conformação são necessárias preparações específicas do material não cozido: — granulados – para prensagem — material plástico – para extrusão — barbotinas – para conformação b) O fabricante de cerâmicas técnicas adquire o material já preparado, começando pela etapa de doseamento ou de conformação do processo de fabrico de cerâmicas [24, VKI-Germany, 2004]. As cerâmicas técnicas requerem frequentemente a conversão química das matérias-primas em compostos intermediários. Estes podem sofrer purificação e eventual conversão química até adquirirem a sua forma final. Para algumas cerâmicas técnicas há que sintetizar pós e, para tal, várias vias químicas podem ser utilizadas. Algumas vias químicas, tais como o tratamento sol-gel, podem também contornar a etapa de pó. As exigências de grande resistência e acabamentos suaves, sobretudo das peças pequenas, requerem que os pós sejam de granulometria fina. Assim, uma linha de investigação das cerâmicas técnicas visa produzir pós muito finos, de partículas monodimensionais e essencialmente esféricas. Habitualmente, estas são produzidas por química coloidal para óxidos. Os nitretos e carbonetos acima indicados envolvem nucleação controlada e crescimento em reacções de fase gasosa. Contudo, a maioria das cerâmicas de alta tecnologia é ainda produzida a partir de pós com maior distribuição de tamanhos na gama submicrométrica [8, Ullmann’s, 2001]. Algumas matérias-primas são calcinadas a altas temperaturas para as adequar ao fabrico de cerâmicas técnicas. Para mais informações ver a Secção 2.2.2.8. Além disso, emprega-se no fabrico de cerâmicas técnicas o processo de secagem por atomização. A suspensão aquosa de matéria-prima que resulta da moagem em moinhos de bolas por via húmida (teor em sólidos ~60 a 70%) é pulverizada sob pressão de maneira a produzir gotículas que contactam uma corrente de ar quente. A secagem das gotículas produz grânulos ocos mais ou menos esféricos altamente uniformes (com um teor de humidade habitual de 5,5 a 7%). Esta forma de «pó de prensagem» possui elevada fluidez, facilitando o enchimento exacto dos moldes de prensagem e, depois, a prensagem de produtos de cerâmica técnica [3, CERAME-UNIE, 2003]. Há que notar que especialmente os materiais sintéticos, como o carboneto de silício, matérias-primas calcinadas e «pó de prensagem» seco por atomização, são fabricados com frequência por fornecedores especializados, mas poderão ser submetidos ao processo de desintegração. No entanto, produz-se não só «pó de prensagem», como também «pasta de extrusão», sobretudo quando se utilizam argilas plásticas como matérias-primas para a cerâmica técnica (p. ex. no fabrico de electroporcelana ou catalisadores cerâmicos) [1, BMLFUW, 2003]. Para produzir a «pasta de extrusão», a suspensão é desidratada através de prensas de filtro ou filtros rotativos até que o conteúdo em água se situe entre 20 e 25%. Outra possibilidade para a preparação das matérias-primas é a produção de barbotina por um processo de via húmida. Depois, ao fabricante basta-lhe dosear as matérias-primas que lhe são entregues, seguindo-se a produção real de barbotina em turbodiluidores [23, TWG Ceramics, 2005]. 2.3.8.3 Conformação Os métodos de conformação de peças de cerâmica técnica podem dividir-se nos seguintes tipos básicos [24, VKI-Germany, 2004]: — prensagem (0 – 15% humidade; prensagem a seco, isostática, ou húmida) — conformação plástica (15 – 25% humidade; extrusão) — conformação por vazamento (>25% humidade; conformação por injecção, enchimento por barbotina, vazamento). Prensagem a seco A prensagem a seco é utilizada para o fabrico em massa de produtos de precisão. Os granulados de pó atomizado são comprimidos em moldes de aço concebidos especificamente para a peça a fabricar. Habitualmente, o custo elevado dos moldes (por vezes fabricados em carboneto) só se justifica no caso de grandes volumes de produção. A prensagem a seco é o processo mais económico para séries de produção em massa, adequando-se tanto a geometrias simples como complexas. As depressões e orifícios só são habitualmente desenhados na direcção da prensagem. Consoante o desenho da máquina de prensagem a seco, podem fabricar-se componentes cujo tamanho vai do de um ladrilho ao de uma cabeça de fósforo. Podem prensar-se pequenos discos ou placas com 0,8 ou 1,0 mm de espessura aproximada. Além disso, é ainda possível fabricar sulcos finos ou estruturas similares no componente se o granulado a prensar puder preencher eficazmente zonas ocas da ferramenta de prensagem, e desde que seja possível criar a ferramenta necessária. Prensagem isostática A prensagem isostática adequa-se ao fabrico de formas primitivas uniformemente comprimidas e peças grandes, adaptadas a ser trabalhadas no estado em verde. Alguns produtos de cerâmica técnica de alta qualidade requerem uma densificação uniforme do «pó de prensagem», que pode ser obtida aplicando igual pressão em todas as superfícies. Na prensa isostática, moldes de borracha ou poliuretano são preenchidos com pó atomizado e colocados num recipiente com líquido. De seguida, aplica-se uma pressão hidrostática elevada e, por fim, os objectos são desmoldados. Este tipo de conformação está bem adaptado ao fabrico de protótipos ambiciosos e pequenas séries, mas, para alguns produtos, a prensagem pode também ser totalmente automática (velas de ignição, bolas de moinhos, pequenos pistões, bocais de soldadura). Prensagem húmida A prensagem húmida permite o fabrico de peças com geometrias complexas, como roscas de parafusos, orifícios laterais, recessos e incisões. O material verde utilizado para este efeito possui habitualmente níveis de humidade da ordem dos 10 a 15%. A 77 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 78 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva compressão uniaxial torna estes materiais capazes de fluir livremente, podendo assim obter-se uma compressão relativamente regular. Contudo, o inconveniente disto é que os materiais para prensagem húmida só podem aceitar uma baixa deformação por compressão. Isto significa igualmente que o grau de compressão é limitado. Este depende muito do teor em humidade do material não-cozido, sendo mais baixo no caso das peças prensadas a seco. Além disso, em certas circunstâncias, é necessário secar as peças prensadas antes da cozedura. As tolerâncias médias, em conformidade com a norma DIN 40680-1, baseiam-se neste aspecto. Extrusão A extrusão é efectuada utilizando extrusoraas de pistão ou prensas de parafuso sob vácuo. No processo de conformação, por exemplo, no fabrico de isoladores eléctricos, a «pasta de extrusão» (teor em água de 20 a 25% ou entre 19 e 23% na extrusão para fabrico de isolantes de alta voltagem) é conformada numa extrusora até adquirir a geometria correcta, cortada em peças e novamente moldada em tornos [1, BMLFUW, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005]. A extrusão é também adequada para fabricar outras peças simétricas por rotação, como eixos ou tubos. Podem ainda ser produzidos perfis complexos com o auxílio de bocais de desenho adequado. O comprimento das peças a fabricar depende, em grande medida, da tendência de o material transformado sofrer distorção. Conformação por injecção A conformação por injecção adequa-se sobretudo à produção em massa de produtos complexos. É limitada pelo seu custo relativamente elevado e pela queima complexa de ligantes orgânicos. A capacidade de transporte («capacidade por injecção») das grandes máquinas de conformação por injecção costuma ser de cerca de 70 g. No geral, a peça deve ser concebida de forma a que a sua espessura seja tão consistente quanto possível e possua um limite superior de cerca de 12 mm. Enchimento por barbotina O enchimento por barbotina é um método simples para o fabrico de protótipos, peças com geometrias complexas e produtos relativamente grandes. Pode ser usada para fabricar objectos compactos como objectos de parede fina. O enchimento por barbotina de cerâmicas envolve uma suspensão estável, designada barbotina, que é vertida num molde de gesso poroso e absorvente. A extracção do líquido da suspensão provoca o desenvolvimento de uma camada de partículas na parede do molde. Esta camada desenvolve-se, na conformação sólida, criando um corpo completamente moldado. No caso da conformação oca, a barbotina supérflua é vertida assim que a espessura da parede pretendida seja alcançada. Deposição de filmes (tape casting) O processo de enchimento de filmes consiste no vazamento de uma barbotina contendo vários aditivos orgânicos sobre uma folha de aço contínua transportada por rolos. A barbotina, que se encontra num reservatório, flui de forma continua sobre a folha ou lâmina de aço através de uma ranhura ajustável. A secagem processa-se por injecção de ar quente em contra-corrente obtendo-se no final da folha de aço, com a ajuda dos aditivos orgânicos, um filme cerâmico em verde flexível. Este filme cerâmico pode ser enrolado e armazenado para posterior processamento ou processado imediatamente por métodos de corte, perfuração, estampagem ou outros congéneres. O processo de enchimento de filmes geralmente é utilizado para produzir componentes cerâmicos com espessuras de 0,25 a 1,0 mm. Os produtos formados aplicam-se ao fabrico de substratos, caixas, condensadores e transdutores de multicamadas. 2.3.8.4 Rectificação Conforme mostra a figura abaixo, pode distinguir-se a rectificação a cru (após secagem), a rectificação branca (após eliminação por combustão e pré-cozedura) e a rectificação dura (após cozedura/sinterização) [24, VKI-Germany, 2004]. Etapas da Fabrico produção das peças cerâmicas Processo de fabrico Moldagem dos corpos cerâmicos crus Rectificação em verde Pré-cozedura Sinterização Rectificação em seco Controle, embalagem Rectificação em duro Criação de formas complexas Criação de formas complexas Melhoria das dimensão, das tolerâncias de forma e da qualidade da superfície .Corte .Estampagem .Perfuração .Torneamento .Serragem .Esmerilagem .Corte .Perfuração .Torneamento .Serragem .Esmerilagem .Corte a laser .Corte com abrasivos .Esmerilagem .Rectificação .Enrolamento e polimento .Máquina de electroerosão (EDM) Figura 2.28 : Rectificação (maquinagem) a verde, seco e duro no fabrico de cerâmicas técnicas A rectificação (maquinagem) em verde é realizada nas peças secas enquanto ainda contêm aditivos orgânicos. Adapta-se bem ao fabrico de peças únicas e pequenas séries, utilizando-se também em grandes séries para fabricar formatos que não possam ser realizados directamente por procedimentos de conformação inicial, como orifícios transversais à direcção da prensagem a seco. A rectificação branca é realizada nas peças pré-cozidas já destituídas de aditivos orgânicos. A resistência depende da pré-cozedura. Desta forma, podem obter-se grandes taxas de remoção com um desgaste relativamente baixo das ferramentas, utilizando ferramentas convencionais revestidas a cerâmica ou diamante. Este processo é utilizado pelos fabricantes tanto para elaborar protótipos como para a produção em massa. A rectificação dura é efectuada em produtos completamente cozidos/sinterizados que, na medida do possível, adquiriram as dimensões finais, seja por conformação ou rectificação a em verde ou branca. Pode alcançar-se a tolerância máxima possível através de um processo de rectificação final que envolva a remoção do material. As exigências rigorosas de precisão das dimensões e a grande variedade de geometrias e qualidades superficiais requerem o uso de máquinas-ferramentas modernas para o processamento dos componentes cerâmicos. Devido à dureza elevada dos cerâmicos, utilizam-se aqui quase exclusivamente ferramentas de diamante (ligadas ou em pasta). 2.3.8.5 Vidragem, engobagem e metalização Vidragem e engobagem Ao aplicar um vidrado, as superfícies tornam-se mais macias e visualmente mais atraentes mas, acima de tudo, o vidrado pode melhorar de maneira notória muitas propriedades tecnicamente importantes do produto cerâmico (por exemplo, o comportamento eléctrico, a resistência mecânica, a resistência a produtos químicos, etc.). É possível criar uma enorme variedade de cores de vidrado misturando corantes (óxidos metálicos). Para que se obtenha um eventual aumento da resistência, o coeficiente de expansão térmica do vidrado tem de equivaler ao do corpo com extrema precisão. Uma ligeira tensão de compressão no vidrado aumenta a resistência do produto acabado, mas uma tensão de tracção reduz este efeito e, por conseguinte, é indesejável. Ao contrário do vidrado, o engobe é poroso e maioritariamente isento de material em fase vítrea. Normalmente, consiste em óxidos resistentes ao fogo (Al2O3, SiO2, MgO, ZrO2), misturas destes, ou minerais resistentes ao fogo, como a mulite, espinelas, silicato de zircónio ou mesmo caulino ou argila. Os engobes são utilizados em fornos para proteger as superfícies cerâmicas de ataque mecânico ou corrosivo. Aplicadas a mobiliário de forno resistente ao fogo, como placas, traves ou caixas, os engobes impedem tanto reacções de contacto com os materiais em cozedura neles apoiados, como a adesão de qualquer vidrado que escorra dos produtos cozidos colocados sobre a mobília revestida [24, VKI-Germany, 2004]. Aplica-se uma fina camada de vidrado mineral ou engobe a superfícies cerâmicas por mergulho, rolagem, pulverização ou escovagem. 79 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 80 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Metalização Alguns fabricantes de cerâmicas técnicas fornecem cerâmicas metalizadas. O óxido de alumínio e o nitreto de alumínio servem de materiais de substrato. A metalização fornecida é adequada para brasagem e também para soldadura fraca, consistindo numa metalização base de tungsténio com uma camada de espessura igual ou superior a 6 μm aplicada por um processo serigráfico. Para facilitar o fluxo da solda, aplica-se por cima uma camada de níquel, não electroliticamente, com uma espessura mínima de 2 μm. Pode igualmente depositar-se uma camada de ouro com uma espessura aproximada de 1 μm como protecção contra a corrosão. Em alternativa, a camada de níquel aplicada não-electroliticamente pode ser reforçada por uma camada de ouro ligável, havendo ainda a possibilidade de se aplicar uma camada adicional de estanho no caso de se pretender realizar soldadura fraca [24, VKI-Germany, 2004]. 2.3.8.6 Secagem, eliminação por combustão e pré-cozedura Secagem Utilizam-se diferentes tipos de secadores, dependendo da grande variedade de matérias-primas e das variantes ao processo adequadas à obtenção das propriedades específicas do produto; contudo, é frequente aplicar-se secadores de câmaras, sobretudo quando a produção é em pequena escala. Eliminação por combustão Os corpos não cozidos moldados a partir de material plástico são normalmente resistentes à quebra neste estado, mas esta resistência pode ainda ser aperfeiçoada com o auxílio de aditivos orgânicos. No entanto, estes aditivos são indispensáveis quando o material não-cozido não é plástico. A eliminação por combustão dos restantes plastificantes e ligantes, assim como de outros aditivos orgânicos, requer um perfil de temperatura-pressão-atmosfera-tempo adaptado, de maneira a que a remoção destes aditivos da pasta em verde finamente poroso não seja destrutiva e seja reprodutível. Uma variação da eliminação por combustão é designada por «carbonização» ou «coquificação», por exemplo com SiC. Nesta, os componentes orgânicos são convertidos em carbono, que permanece na estrutura e é convertido, com o auxílio de reagentes acrescentados, numa matriz cerâmica, durante a reacção de sinterização. Após a secagem e a eliminação por combustão (ou carbonização/coquificação), a estrutura do corpo em verde (pó prensado com a forma do componente) é mantida agregada apenas por forças de coesão fracas, requerendo um cuidado particular no seu manuseamento durante as fases de tratamento subsequentes. Por este motivo, a secagem e a eliminação por combustão são integradas na cozedura/sinterização sempre que é possível [24, VKI-Germany, 2004]. Pré-cozedura Para reduzir o nível de risco durante o manuseamento, e para permitir a rectificação branca alternativa, a pasta em verde moldada pode ser reforçado por cozedura com uma contracção relativamente baixa na cozedura preliminar. Isto requer que a resistência e a contracção possam tornar-se reprodutíveis pelo controlo dos parâmetros de processamento [24, VKI-Germany, 2004]. 2.3.8.7 Cozedura/sinterização Consoante as várias matérias-primas e as variantes de processo, utilizam-se diferentes tipos de fornos na cozedura. A produção em pequena escala é realizada em fornos intermitentes flexíveis, como fornos de vaivém, que funcionam de maneira a alterar a curva de cozedura específica do produto em ciclos muito curtos. As temperaturas de sinterização típicas dos materiais de cerâmica técnica são apresentadas na tabela seguinte [24, VKI-Germany, 2004]: Materiais utilizados em cerâmica técnica Porcelana aluminosa Porcelana de quartzo Esteatite Cordierite Óxido de alumínio Carboneto de silício recristalizado Carboneto de silício sinterizado Nitreto de silício Temperatura de sinterização (°C) aprox. 1250 aprox. 1300 aprox. 1300 1250 - 1350 1600 - 1800 2300 - 2500 aprox. 1900 aprox. 1700 Tabela 2.24 : Temperaturas de sinterização dos materiais utilizados em cerâmicas técnicas A energia necessária ao processo de cozedura aumenta desproporcionalmente com o aumento da temperatura de cozedura. Além da entrada de energia, os auxiliares de cozedura («mobília do forno») utilizados para empilhar os corpos em verde no forno são constituídos por material refractário, que pode suportar temperaturas muito elevadas. Com a ajuda de certos tipos de processos de cozedura, podem criar-se variedades especiais de material a partir de alguns cerâmicos [24, VKI-Germany, 2004]: Prensagem a quente (HP) A prensagem a quente é utilizada para fabricar componentes com uma densidade próxima do máximo teórico. Trata-se de um processo de sinterização apoiado por prensagem uniaxial. Prensagem isostática a quente (HIP) A prensagem isostática a quente permite que peças pequenas, em particular, atinjam a densidade máxima através da aplicação de uma pressão isostática de gás até 3000 bares a temperaturas até 2000 ºC (normalmente, num invólucro de vidro de silicato). Um exemplo da cozedura de cerâmicas técnicas em grandes fornos de vaivém é o fabrico de isoladores eléctricos com a utilização de um programa de temperatura modulada (capacidade do forno de 100 m3 com uma densidade de carga de 260 kg/m3, temperatura de cozedura máxima de 1300 ºC, tempo de cozedura, incluindo uma fase de arrefecimento, de 80 – 105 horas) e utilizando gás natural como combustível [1, BMLFUW, 2003]. Outro exemplo do uso de fornos de vaivém é o fabrico de auxiliares de cozedura («equipamento do forno») [17, Burkart, 2004]: — As gazetes-H, moldadas a partir de argilas refractárias especiais, são cozidas em fornos de vaivém (densidade de carga inferior a 300 kg/m3, volume do forno de 12 m3), a uma temperatura de 1360 – 1390 ºC, utilizando gás natural como fonte de energia. Estas são utilizadas como auxiliares de cozedura nos procedimentos de fabrico de telhas. — Os auxiliares de cozedura de SiC, moldados a partir de pó de SiC e ligantes orgânicos, são cozidos em fornos de vaivém de indução eléctrica (densidade de carga inferior a 300 kg/m3), a uma temperatura de 2000 – 2500 ºC, sob uma atmosfera de hidrogénio/azoto. Estes são utilizados noutros processos de fabrico, em particular, na cozedura rápida de porcelana vidrada. Contudo, no fabrico de cerâmicas técnicas, aplicam-se também fornos de túnel. Um exemplo é a cozedura de catalisadores cerâmicos num forno de túnel de 63 m de comprimento, a uma temperatura máxima de 650 ºC e com um caudal de 0,76 m3/h [1, BMLFUW, 2003]. 2.3.8.8 Tratamento subsequente Consoante a grande variedade de cerâmicas técnicas, pode por vezes ser necessário submetê-las a um tratamento subsequente, como corte, serragem, rectificação, polimento e montagem com outras peças. Neste contexto, ver a Secção 2.3.8.4, sobretudo quanto à rectificação dura. Depois do controlo da qualidade final, os produtos são triados e embalados. 2.3.8.9 Fluxos de entrada e de saída no fabrico de cerâmica técnica A figura que se segue apresenta os principais fluxos de entrada e de saída do processo de fabrico de cerâmica técnica [23, TWG Ceramics, 2005], [24, VKI-Germany, 2004]. 81 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 82 Energia Electricidade, fuelóleo, gás natural, GPL Água COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Agentes auxiliares agentes ligantes, plastificante, (gesso), agentes adsorventes, materiais de acondicionamento Matérias-primas Argilas, chamota, rochas, matérias-primas sint Fabrico de cerâmicas técnicas Cerâmicas técnicas Ruído Calor em excesso Emissões para a atmosfera partículas, NOx, SOx, HF, HCl, CO, CO2, (COV), (metais pesados) Perdas/resíduos de process Filtros usados, agentes de sorção utilizados, (moldes de gesso utilizado), lama, caco, resíduos de embalagem, poeiras recolhidas, partículas e aparas Águas residuais de processo Figura 2.29 : Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico de cerâmicas técnicas 2.3.9 Abrasivos com ligante inorgânico 2.3.9.1 Matérias-primas Os abrasivos com ligante inorgânico consistem em grãos abrasivos, agentes ligantes e vários aditivos, que são misturados, moldados, secos e cozidos [14, UBA, 2004]. Os grãos abrasivos mais utilizados no fabrico de abrasivos com ligante inorgânico são alumina fundida especial, corindo e o carboneto de silício negro e verde. Utiliza-se ainda nitreto de boro cúbico (CBN) e diamante. O agente ligante é normalmente constituído pelos seguintes componentes: — feldspato — silicatos — quartz — fritas (vidro com uma composição definida) — caulino (argila de porcelana) — argila — nefelina — pigmentos. A composição varia consoante o perfil de aplicação dos abrasivos. Consequentemente, podem também aplicar-se ligantes de frita pura ou ligantes especiais com um coeficiente térmico definido de expansão e/ou ponto de fusão. Nalguns casos, as fritas podem conter uma proporção elevada de álcalis ou boro. Pode acrescentar-se óxidos metálicos corantes, vidro de cor ou pigmentos para se obter uma cor específica. Utilizam-se substâncias auxiliares durante o processo de fabrico dos abrasivos com ligante inorgânico para obter as características e formatos pretendidos que não são, no entanto, ingredientes do produto final. Os agentes ligantes temporários são necessários no fabrico de abrasivos inorgânicos para manter a mistura de grão e ligante na forma correcta antes do processo de cozedura. Como agentes ligantes temporários, podem utilizar-se colas hidrossolúveis, emulsões de cera, amidos convertidos como dextrina, preparações de polioxietileno, lenho-sulfonatos, produtos de condensação da ureia/formaldeído convertidos, resinas sintéticas, etc. Os agentes formadores de poros têm a função de gerar um perfil poroso definido nos abrasivos. Estes agentes formadores de poros são acrescentados à matéria-prima e evaporam-se, sublimam-se, despolimerizam-se ou incineram-se, conforme o substrato utilizado, durante o procedimento de secagem ou cozedura. Utilizam-se diferentes agentes formadores de poros, consoante o produto final, aplicando-se naftaleno ou outras substâncias de calcinação térmica. 2.3.9.2 Preparação das matérias-primas O primeiro passo do processo de fabrico de abrasivos com ligante inorgânico é a pesagem e a mistura (p. ex, num misturador de leito horizontal) dos componentes segundo a formulação do abrasivo. 2.3.9.3 Conformação Para o fabrico de abrasivos com ligante inorgânico, as peças brutas em verde são mecanicamente comprimidas até atingirem uma densidade específica segundo as exigências predefinidas de forma e peso. Para este fim, utilizam-se prensas hidráulicas ou excêntricas com gamas de pressão até 2500 MPa [14, UBA, 2004]. 2.3.9.4 Secagem Na medida em que o material comprimido é humedecido com a água, com um ligeiro teor de ligante, a peça bruta tem de ser seca. Utilizam-se secadores de câmara e de vácuo, onde os produtos são secos a temperaturas que oscilam entre 50 e 150 ºC. São necessários tempos de secagem prolongados, até 45 horas, para que a secagem se dê sem fissuras e, para este mesmo efeito, os secadores podem possuir ar condicionado (em particular, os secadores a vácuo estão equipados com controlo de humidade) [14, UBA, 2004] [28, Schorcht, 2005]. 2.3.9.5 Cozedura A cozedura de abrasivos com ligante inorgânico realiza-se em fornos intermitentes ou contínuos alimentados a gás natural ou electricidade. As fábricas-modelo possuem fornos com capacidades superiores a 4 m3 (até 11 m3), temperaturas de cozedura de 850 a 1300 ºC e densidades de carga de 360 a 1400 kg/m3 [14, UBA, 2004]. A parcela de ligante vitrificado no artigo a cozer representa cerca de 10% da massa total dos abrasivos com ligante inorgânico no forno. Conforme o tamanho dos produtos de roda abrasiva, os ciclos de cozedura variam entre 40 e 120 horas [28, Schorcht, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. 2.3.9.6 Tratamento subsequente Depois da determinação da qualidade (grau, densidade) do abrasivo, o seu acabamento é efectuado segundo as exigências de cada cliente, recorrendo, por exemplo, a tornos ou esmeriladoras. Em seguida, decorre a inspecção final, de acordo com as normas, que envolve habitualmente a verificação do equilíbrio, o controlo dimensional, o teste de som e inspecção visual, assim como o teste da velocidade de segurança e rebentamento. Realizada a inspecção final, rotulam-se os abrasivos com ligante inorgânico em conformidade com as normas e embalam-se para expedição [14, UBA, 2004], [30, TWG Ceramics, 2005]. 83 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 84 2.3.9.7 Fluxos de entrada e de saída no fabrico de abrasivos com ligante inorgânico A figura que se segue apresenta os principais fluxos de entrada e de saída do processo de fabrico de abrasivos com ligante inorgânico [14, UBA, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005]. COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Energia Electricidade, fuelóleo, gás natural, GPL Água Agentes auxiliares Agentes ligantes, pigmentos, agentes de sorção, materiais de embalagem Matérias-primas Argila, caulino, rochas, matérias-primas sint. Fabrico de abrasivos com ligante inorgânico Abrasivos com ligante inorgânico Ruído Calor em excesso Emissões para a atmosfera partículas, NOx, SOx, HF, HCl, CO, CO2, (COV), (metais pesados) Perdas/resíduos de process filtros usados, agentes de sorção utilizados, lama, loiças danificadas, resíduos de embalagem, poeiras recolhidas, partículas e aparas Águas residuais de processo Figura 2.30 : Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico de abrasivos com ligante inorgânico 85 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 86 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 3. Níveis actuais de emissões e consumos 3.1 3.1.1 3.1.1.1 3.1.1.2 3.1.1.2.1 3.1.1.2.2 3.1.1.2.3 3.1.1.2.4 3.1.1.2.5 3.1.1.2.6 3.1.1.2.7 3.1.2 3.1.3 3.1.4 3.1.5 3.2 3.2.1 3.2.2 3.2.3 3.3 3.3.1 3.3.1.1 3.3.1.2 3.3.2 3.3.2.1 3.3.2.2 3.3.3 3.3.3.1 3.3.3.2 3.3.4 3.3.4.1 3.3.4.2 3.3.5 3.3.5.1 3.3.5.2 3.3.6 3.3.6.1 3.3.6.2 3.3.7 3.3.7.1 3.3.7.2 3.3.8 3.3.8.1 3.3.8.2 3.3.9 3.3.9.1 3.3.9.2 Emissões – considerações gerais Emissões atmosféricas Poeiras (partículas) Emissões gasosas Dióxido de enxofre e outros compostos sulfurados Óxidos de azoto e outros compostos azotados Monóxido de carbono (e dióxido de carbono) Compostos orgânicos voláteis (COV) Metais e seus compostos Cloro e seus compostos Flúor e seus compostos Emissões para a água Perdas/resíduos de processo Emissão de ruído Possíveis fontes de emissões no processo Consumo – considerações gerais Consumo de energia Consumo de água Consumo de matérias-primas Apresentação de dados sobre emissões e consumos Tijolos e telhas Dados relativos às emissões Dados relativos ao consumo Tubos de grés Dados relativos a emissões Dados relativos a consumos Produtos refractários Dados relativos a emissões Dados relativos a consumo Agregados de argila expandida Dados relativos a emissões Dados relativos a consumo Azulejos e ladrilhos Dados relativos a emissões Dados relativos a consumo Louça utilitária e decorativa Dados relativos a emissões Dados relativos a consumo Louça Sanitária Dados relativos a emissões Dados relativos a consumo Cerâmica técnica Dados relativos a emissões Dados relativos a consumo Ligantes abrasivos inorgânicos Dados relativos a emissões Dados relativos a consumo 88 88 88 88 88 88 88 88 88 89 89 89 90 90 90 91 91 92 92 92 92 92 98 100 100 101 102 102 103 104 104 106 107 107 110 111 111 114 115 115 117 119 119 121 121 121 122 87 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 88 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 3.1 Emissões – considerações gerais 3.1.1 Emissões atmosféricas 3.1.1.1 Poeiras (partículas) O processamento das argilas e de outras matérias-primas cerâmicas conduz, inevitavelmente, à formação de poeiras – em especial no caso dos materiais secos. Tanto a secagem (nomeadamente por atomização) como a preparação (moagem), peneiração, mistura e transporte podem libertar poeiras finas. Há igualmente formação de alguma poeira durante a decoração e cozedura e ainda durante a rectificação e acabamento dos produtos, após a cozedura. Em termos quantitativos, as poeiras são um dos principais poluentes do processo cerâmico. 3.1.1.2 Emissões gasosas Os compostos gasosos libertados durante a secagem, calcinação e cozedura provêm quer das matérias-primas quer dos combustíveis. Os compostos inorgânicos fluorados representam um dos principais poluentes dos processos cerâmicos. As emissões gasosas relevantes para a indústria cerâmica são as descritas da Secção 3.1.1.2.1 à 3.1.1.2.7. 3.1.1.2.1 Dióxido de enxofre e outros compostos sulfurados A concentração de SOX (sobretudo SO2) nos efluentes gasosos está fortemente relacionada com o conteúdo de enxofre da matéria-prima e do combustível. Os materiais cerâmicos podem conter enxofre sob a forma de pirite (FeS2), gesso e outros sulfatos e compostos orgânicos de enxofre. Os combustíveis gasosos são virtualmente isentos de enxofre, mas os combustíveis sólidos e fuelóleos emitem óxidos de enxofre na combustão. Deve notar-se que os compostos básicos das matérias-primas (p. ex. CaO formado pela dissociação de CaCO3 durante a cozedura) podem reduzir as emissões de enxofre através da reacção com óxidos de enxofre. O produto da reacção fica retido no interior dos produtos. 3.1.1.2.2 Óxidos de azoto e outros compostos azotados O NOX é principalmente produzido pela reacção térmica do azoto e oxigénio provenientes do ar da combustão. Esta reacção é favorecida pelas altas temperaturas (especialmente> 1200 ºC) e pelo excesso de oxigénio. A fixação pode dar-se dentro da chama quente, até mesmo quando a temperatura do forno for inferior a 1200 ºC. Os compostos azotados presentes nos combustíveis (especialmente nos sólidos ou líquidos) ou em aditivos orgânicos originam NOX durante a combustão a temperaturas muito mais baixas. 3.1.1.2.3 Monóxido de carbono (e dióxido de carbono) O monóxido de carbono, CO, resulta da combustão de matéria orgânica na pasta cerâmica – especialmente em situações de baixos níveis de oxigénio. Pode também ser formado pela reacção de carvão fixo na pasta do material com dióxido de carbono (CO2), oriundo da dissociação térmica de carbonatos de metais alcalinos e alcalino-terrosos, por exemplo, carbonato de cálcio ou magnésio, durante a cozedura: — CaCO3 CaO + CO2 — C + CO2 2CO (O dióxido de carbono é formado como pode ser visto acima, e é o principal óxido de carbono formado durante a combustão de combustíveis fósseis). 3.1.1.2.4 Compostos orgânicos voláteis (COV) As matérias-primas cerâmicas podem, elas próprias, conter certas matérias orgânicas e uma vasta gama de materiais orgânicos são adicionados sob a forma de agentes ligantes, agentes formadores de poros, auxiliares de secagem, adesivos, aditivos combustíveis da pasta, aditivos de calcinação, etc. Durante a etapa inicial do processo de aquecimento, a libertação de compostos orgânicos pode ocorrer com a emissão de um complexo conjunto de COV. 3.1.1.2.5 Metais e seus compostos O conteúdo em metais pesados da maioria das matérias-primas cerâmicas é muito baixo e não causa problemas a nível de emissões. As excepções ocorrem no caso dos pigmentos cerâmicos e materiais de vidragem, mas a prática corrente é a de utilizar colorifícios (“tintas” que contenham pigmentos) que sejam estáveis a altas temperaturas e inertes em sistemas de silicatos, onde os óxidos metálicos têm uma estrutura estável cristalina do tipo espinela ou zircão [23, TWG Ceramics, 2005]. Estes tipos de vidragem estão também sujeitos a ciclos de vidragem extremamente curtos, minimizando os riscos de volatilidade. Fuelóleos e combustíveis sólidos pesados podem conter baixos níveis de níquel ou vanádio, mas vários ensaios demonstraram que estes elementos são, na sua maior parte, absorvidos por uma reacção com o produto durante a cozedura. 89 3.1.1.2.6 Cloro e seus compostos A maior parte das argilas contém vestígios de cloro, muitas vezes derivado da sua formação marinha, mas também aditivos ou água que contenha cloro são possíveis fontes de emissões de ácido clorídrico (HCl) (p. ex. o conteúdo de Cl na água adicionada durante a preparação de matérias-primas pode ser na proporção de 50 – 100 mg/l ou ainda superior) [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]). Devido à decomposição dos sais minerais que contêm cloro a temperaturas acima de 850 ºC e de compostos orgânicos clorados a temperaturas entre 450 ºC e 550 ºC, o HCl liberta-se durante o processo de cozedura nos efluentes gasosos de um forno [25, Voland, 2004]. 3.1.1.2.7 Flúor e seus compostos Quase todas as matérias-primas naturais contêm quantidades mínimas de flúor (o qual substitui grupos OH nas argilas e minerais hídricos). O ácido fluorídrico (HF) provém maioritariamente da decomposição destes fluorosilicatos presentes no material argiloso. A emissão de HF tem lugar de acordo com dois mecanismos diferentes: — por decomposição directa dos minerais fluorados, a qual depende fortemente do tipo de argila (p. ex. esmectite a temperaturas a partir de 550 ºC, a ilite a temperaturas a partir de 750 ºC, a apatite a temperaturas entre 600 ºC e 700 ºC) — pela decomposição de CaF2 a temperaturas acima de 900 ºC, a reacção é favorecida pela presença de vapor de água [23, TWG Ceramics, 2005], [25, Voland, 2004]. Neste contexto, a água presente na atmosfera do forno (p. ex. formada pela combustão de combustíveis), desempenha um papel importante no mecanismo de formação da HF. Estão envolvidas as seguintes reacções: — F-mineral + H2O OH-mineral + HF (1) (libertação de HF por hidrólise de F-mineral) — 2HF + CaO CaF2 + H2O (2) (re-adsorção de HF) — CaF2 + H2O 2HF + CaO (3). A reacção (2) ocorre a temperaturas relativamente baixas, na zona de pré-aquecimento do forno. Isto explica o porquê de a presença de CaCO3/CaO (calcário/cal) poder resultar numa redução significativa das emissões de HF. O pré-aquecimento lento aumenta o tempo de reacção da re-adsorção e pode resultar em emissões de HF mais baixas. A reacção (3) ocorre a temperaturas mais elevadas (> 900 ºC) se a concentração de vapor de água no forno for muito elevada [2, VITO, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005]. A concentração de fluoretos nos efluentes gasosos não está apenas relacionada com o nível de matérias-primas, a presença de vapor de água, a composição da pasta e a curva de cozedura, mas também com a estrutura e a superfície especifica do material a ser cozido, efeito da difusão de H2O e HF no interior e exterior do material (ver Secção 4.3.3.1 e 4.3.3.2) [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. 3.1.2 Emissões para a água A água é uma matéria-prima muito importante na indústria cerâmica, mas a quantidade usada varia grandemente entre subsectores e processos. A água adicionada directamente às misturas da pasta cerâmica não leva a um grande problema com as águas residuais, uma vez que é evaporada durante as fases de secagem e cozedura. As águas residuais de processo são geralmente produto de materiais argilosos que são descarregados e suspensos em água corrente durante o processo de produção e lavagem de equipamento, mas as emissões para o meio aquático também ocorrem durante a operação de tratamento/lavagem por via húmida de efluentes gasosos (off-gases). As águas residuais de processo surgem em pequenas quantidades na produção de tijolos e telhas, tubos de grés e produtos refractários quando é efectuado tratamento da superfície, tal como a vidragem ou engobagem ou moagem húmida. Surgem quantidades adicionais de água no processo de lavagem das unidades de mistura, engobagem e vidragem, assim como na preparação dos moldes. A produção de agregados de argila expandida geralmente não origina água residual de processo, apenas a água usada no arrefecimento do sistema de fornos é conduzida através de um separador de óleo e é depois re-utilizada no circuito de arrefecimento. No subsector dos azulejos e ladrilhos, louças de mesa e ornamentais, louças sanitárias, cerâmica técnica e abrasivos com ligantes inorgânicos a água residual de processo advém principalmente da água de lavagem nas unidades de preparação, nas unidades de conformação por enchimento, no processo de vidragem e decoração ou da água utilizada na rectificação aquando dos tratamentos subsequentes. Os efluentes que surgem como resultado do processamento do composto e lavagem do equipamento normalmente contêm as mesmas matérias-primas e materiais auxiliares que as utilizadas no processo a que se referem. Como regra, estes compostos são insolúveis na água. Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 90 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva A água residual do processo evidencia sobretudo turvação e coloração devido às partículas finas suspensas de minerais argilosos e ainda das resultantes da vidragem. Do ponto de vista químico, são caracterizadas pela presença de: — sólidos em suspensão: argilas, fritas e silicatos insolúveis, em geral; — aniões dissolvidos: sufatos; — metais pesados em suspensão e dissolvidos: p. ex. chumbo e zinco; — boro em pequenas quantidades; — vestígios de matéria orgânica (veículos de estampagem e colas usadas nas operações de vidragem). 3.1.3 Perdas/resíduos de processo As perdas/resíduos originados pela produção de produtos cerâmicos consistem principalmente nos seguintes materiais: — diferentes tipos de lamas originadas nas instalações de tratamento de águas residuais de processo de águas resultantes do processo de preparação de pasta, preparação de vidros/vidrados, linhas de vidragem e equipamento de aplicação, e também da moagem por via húmida. A quantidade e composição das lamas varia consideravelmente uma vez que, para além da origem em diferentes processos de produção, se tende a usar uma grande variedade de matérias-primas (diferentes vidrados, fritas, argilas, etc.), até mesmo na mesma instalação, o que produz flutuações significativas na composição das lamas; — materiais/perdas de produtos que resultam da conformação, secagem, cozedura, tratamento subsequente e material refractário partido; — poeiras que surgem das unidades de tratamento de efluentes gasosos (off-gases); — moldes de gesso usados resultantes dos processos de conformação; — agentes de sorção usados (calcário granular, poeira de calcário) provenientes dos sistemas de tratamento de efluentes gasosos; — resíduos de embalagens (plásticos, madeira, metal, papel, etc.) resultantes da etapa de embalagem; — resíduos sólidos, p. ex. cinzas, oriundos da cozedura com combustíveis sólidos. Algumas partes das perdas de processo acumuladas acima referidas podem ser recicladas e reutilizadas dentro da fábrica devido a especificações dos produtos ou requisitos do processo. Materiais que não possam ser reciclados internamente são usados noutras fábricas ou são fornecidos a instalações externas de reciclagem ou deposição de resíduos. 3.1.4 Emissão de ruído Ocorrem emissões de ruído em várias fases do processo de produção de produtos cerâmicos, sobretudo nas operações com maquinaria ruidosa e na condução de actividades laborais ruidosas. 3.1.5 Possíveis fontes de emissões no processo A tabela seguinte permite ter uma vista geral de possíveis fontes de emissões de fases importantes do processo na produção de cerâmica e os correspondentes percursos [23, TWG Ceramics, 2005], [26, UBA, 2005], [27, VDI, 2004], [30, TWG Ceramics, 2005]. Etapa do processo Emissões de Matérias Corpos Decoração Combustível -primas Cerâmicos Preparação das matérias-primas Trituração e moagem primárias /secundárias x Moagem e mistura a seco x Moagem e mistura por via húmida x Peneiração/classificação x Transporte x Armazenamento em silos x Preparação dos materiais cerâmicos (preparação de pasta) Preparação da barbotina x Conformação por extrusão x de materiais plásticos macios Conformação de corpos plástico duro x através de processos de remoção de aparas Pó de prensagem, a seco x Pó de prensagem, secagem por pulverização x Granulação x Conformação Enchimento por barbotina x Moldagem de plástico macio (extrusão) x Moldagem por corte x Prensagem x Tratamento de corpos crus x Secagem Secadores intermitentes x e contínuos Decoração Vidragem Engobagem Impressão Cozedura Fornos intermitentes e contínuos x x Tratamento subsequente x Armazenamento de materiais x x x(1) Emissões para Emissão de ruído Solo Atmosfera Água (processo de perdas /desperdícios) x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 1) x x x x x x (2) x x x x x x x x x x x x x x x x x x x (3) x x x x x x x x x x (4) x x x x x Possível em aplicações especiais, como por exemplo, moagem a seco quente de agregados de argila expandidos 2) Apenas água de arrefecimento 3) Para alguns sectores, por exemplo, ladrilhos de cerâmica 4) O armazenamento de material inclui também o armazenamento de combustíveis Tabela 3.1 : Síntese de possíveis fontes de emissão na indústria cerâmica 3.2 Consumo – considerações gerais 3.2.1 Consumo de energia A cozedura no forno é responsável pelo principal de consumo de energia na indústria cerâmica. Em muitos processos, há um consumo intensivo de energia na secagem de produtos moldados ou intermédios. Na maioria das operações de secagem e cozedura emprega-se gás natural, GPL e fuelóleo, mas são também usados combustíveis sólidos, electricidade, GNL e biogás/biomassa. O equipamento e maquinaria usados para a preparação e mistura de matérias-primas e a conformação dos produtos requerem energia eléctrica. O diesel (gasóleo) é usado nos transportes locais, que podem incluir extracção de matérias-primas do barreiro e transportes internos com camiões. Além disso, a electricidade (alimentada a baterias) e as botijas de GPL (butano, propano) são também usados para transporte local, p. ex. em empilhadores. Os subsectores dos tijolos e telhas, azulejos e ladrilhos são os maiores consumidores de energia, associado com a grande tonelagem de produção. Em termos de consumo energético específico, os subsectores dos tijolos e telhas demonstram grande eficiência [3, CERAME-UNIE, 2003]. Não obstante, note-se que o aquecimento eléctrico dos fornos é empregue em determinadas louças de mesa e cerâmicas técnicas [14, UBA, 2004], [17, Burkart, 2004], o qual é necessário para atingir a qualidade desejada. 91 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 92 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 3.2.2 Consumo de água A água é usada praticamente em todos os processos cerâmicos e água de boa qualidade é essencial à preparação de argilas e vidrados; corpos argilosos para extrusão e “barbotinas” para modelação; preparação de pós para secagem por atomização; moagem/moagem por via húmida; operações de lavagem. A água é usada com diferentes objectivos: basicamente, como matéria-prima para a pasta e sua preparação, como matéria-prima para vidragem, como líquido de lavagem e meio de arrefecimento. A água de boa qualidade é necessária em vidragens, lavagens e para arrefecimento, enquanto para a pasta poderá ser adequado utilizar água de baixa qualidade – como água residual de processo não-tratada resultante de operações de lavagem na secção de vidragem. As técnicas de reutilização de água residual de processo têm estas diferentes qualidades em conta. 3.2.3 Consumo de matérias-primas Conforme indica o Capítulo 2, a indústria da cerâmica consome uma vasta gama de matérias-primas. Entre estas, contam-se os principais materiais de conformação da pasta, envolvendo elevadas tonelagens, e vários aditivos, ligantes e materiais decorativos de aplicação à superfície, que são usados em menor escala. 3.3 Apresentação de dados sobre emissões e consumos Esta secção refere-se às gamas actualmente observadas de níveis de emissões e consumos para os processos de produção. As informações incluem dados relativos ao consumo actual de energia, água, matérias-primas e, quando disponíveis, dados relativos às emissões atmosféricas e para o meio aquático resultantes das actividades, bem como entradas e saídas de sub-processos, como a composição de lamas e perdas de processo sólidas. Não estão incluídos dados relativos às emissões sonoras porque muitos aspectos do ruído não são realmente específicos do sector e porque não estão disponíveis dados adequados relativos ao ruído nos processos de produção de cerâmica. Os dados do desempenho serão complementados, sempre que seja possível, com detalhes sobre as condições de operacionalidade, amostragem e métodos analíticos, assim como apresentações estatísticas (p. ex. médias, máximos, mínimos e intervalos). Relativamente às condições padrão de medidas de caudais e concentrações, vejam-se as seguintes definições, as quais são apresentadas no glossário: m3/h Caudal: salvo indicação em contrário no presente documento, os caudais correspondem a 18% em volume de oxigénio e a condições normais de pressão e temperatura. mg/m3 Concentração: salvo indicação em contrário no presente documento, as concentrações de substâncias ou de misturas gasosas correspondem às das emissões gasosas secas a 18% em volume de oxigénio e ao estado padrão e as concentrações em benzeno correspondem a 15% em volume de oxigénio e em condições normais. condições normais (PTN) Designa uma temperatura de 273 K e uma pressão de 1013 hPa. Pode ser encontrada informação útil adicional no Documento de Referência dos Princípios Gerais de Monitorização (PGM). Tendo em vista a complexidade da indústria cerâmica, os dados sob a forma de exemplos e intervalos de níveis de emissões e consumos actualmente observados estão resumidos por subsectores em tabelas e figuras apresentadas nesta secção. 3.3.1 Tijolos e telhas 3.3.1.1 Dados relativos às emissões A produção de tijolos e telhas acarreta emissões para a atmosfera e para o meio aquático, perdas/resíduos e também emissões de ruído. Nesta secção são apresentadas gamas de emissões atmosféricas poluentes relativas à cozedura de tijolos e telhas. São também descritas emissões atmosféricas resultantes de outras fases, emissões para o meio aquático e perdas de processo. Emissões atmosféricas Da produção de tijolos e telhas surgem emissões atmosféricas significativas resultantes do processo de cozedura. Neste contexto, deve mencionar-se que as emissões variam grandemente de país para país, e dentro do mesmo país variam de local para local, dependendo das argilas usadas como matérias-primas – devido às variações geológicas e geográficas – como descrito na Secção 2.3.1.1 (ver em particular a Tabela 2.1) e também dependendo das diferenças nas técnicas de produção aplicadas para corresponder à diversidade da gama de produtos. Neste contexto, os dados enumerados na tabela seguinte demonstram os intervalos das emissões ocorridas em alguns países europeus no que diz respeito a fluoretos, cloretos, óxidos de enxofre, óxidos de azoto, partículas e monóxido de carbono. Todos os dados apresentados na tabela são emissões não-tratadas de efluentes gasosos de fornos, isto é, sem ter em conta qualquer equipamento de tratamento/depuração [20, CERAME-UNIE, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [21, Almeida, 2004]. Composição das emissões (mg/m3) Áustria França Países Itália Dinamarca Bélgica Reino Unido Alemanha Baixos Fluoreto expresso como HF Mínimo 0 Máximo 60 Cloreto expresso como HCl Mínimo Máximo Enxofre na forma de SOx Mínimo 5 Máximo 100 Azoto na forma de NOx Mínimo 9 Máximo 80 Partículas Mínimo 0 Máximo 13 Monóxido de Carbono Mínimo Máximo Hungria Suiça Portugal Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 1 130 1 150 0 350 10 150 6 117 1 200 1 250 0 20 0 30 1 32 0 200 5 50 0 270 1 125 0 95 50 0 1090 2 630 0 3200 20 700 3 3485 8 2450 1 3000 1 350 1 281 3 443 5 200 27 464 5 100 50 200 0 174 0 160 10 450 0 780 36 147 14 132 1 180 1 64 1 40 5 40 2 449 0 100 5 150 1 100 1 29 8 125 0 1200 7 701 100 500 0 1500 1 1500 7 483 2 500 23 1950 0 22 1 80 Não detectado 160 *) A referência de 15-19% de concentração de Oxigénio corresponde ao teor de Oxigénio detectado nos efluentes gasosos Tabela 3.2 : Gamas de emissão de efluente gasoso em estado bruto resultantes do processo de cozedura de tijolos e telhas Número da Amostra As emissões de fluoretos variam consideravelmente, como demonstra a Tabela 3.2, não só devido à variação do conteúdo de fluoretos nas matérias-primas, mas também devido às diferenças nas técnicas usadas na produção. Como exemplo, a figura seguinte mostra a distribuição dos fluoretos libertados com respeito ao produto final, baseado numa pesquisa italiana e reportando-se à Figura 2.9 [20, CERAME-UNIE, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. 30 25 20 15 10 5 0 0-99 100-199 200-299 300-399 400-499 500-599 600-699 700-799 >800 mg/kg Figura 3.1 : Distribuição do fluoreto libertado na indústria de tijolos e telhas italiana Número da Amostra Variações semelhantes ocorrem nas emissões de cloretos (ver Tabela 3.2) e também a distribuição dos cloretos libertados com respeito ao produto final para a indústria italiana de tijolos e telhas é apresentada na figura seguinte [20, CERAME-UNIE, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005]. 60 50 40 30 20 10 0 0-49 93 50-99 100-149 150-200 200-249 250-299 >300 mg/kg Figura 3.2 : Distribuição do cloro libertado na indústria de tijolos e telhas italiana A tabela seguinte mostra as diferentes emissões de enxofre na Alemanha, Reino Unido e Bélgica, apresentando a relação entre o COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Número de fábricas 94 número de tijolos e telhas e as correspondentes emissões. Também aqui a variação do conteúdo de enxofre nas argilas desempenha um papel importante, p. ex., através do uso de argilas com baixo teor de enxofre; as emissões deste material são mais baixas do que as que ocorrem quando se utilizam argilas com elevado teor de enxofre. [20, CERAME-UNIE, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. 350 300 250 200 100 50 0 <500 333 111 27 500-1500 38 18 10 <1500 12 5 14 DE UK BE Gamas de concentração em mg/m3 SOx Figura 3.3 : Emissões de SOx na Alemanha, no Reino Unido e na Bélgica As gamas de parâmetros de funcionamento de gases brutos (não tratados) estão apresentadas na tabela seguinte em correlação com os combustíveis aplicados [4, UBA, 2001], [27, VDI, 2004], [30, TWG Ceramics, 2005]. Parâmetros das emissões Unidade Combustível gasoso Fuelóleo UL Fuelóleo pesado Carvão Partículas NOx expresso como NO2 SOx expresso como SO2 (teor de S inferior a 0,12%*) nas matérias-primas Compostos gasosos inorgânicos de flúor expresso como HF Compostos gasosos inorgânicos de cloro expresso como HCl mg/m3 mg/m3 mg/m3 mg/m3 mg/m3 1 - 30 20 - 200 10 - 300**) 1 - 20**) 1 - 120 5 - 50 20 – 200 30 - 500**) 1 - 20**) 1 - 120 30 – 150***) 20 – 200 30 - 500**) 1 - 20**) 1 - 120 1 – 20 20 – 200 10 - 300**) 1 - 20**) 1 - 120 *) Valores superiores a 1500 mg de SO2/m3 são possíveis com um teor de S superior a 0,12% nas matérias-primas **) Valores inferiores de HF e de SO2 são possíveis se forem utilizadas matérias com elevado teor em calcário ***) Ao utilizar lenhite, o teor de partículas pode aumentar até 700 mg/m3 Tabela 3.3 : Dados de caracterização de efluentes gasosos com vários combustíveis Para outros combustíveis mencionados na Secção 2.3.1.5, p. ex. coque de petróleo, não há dados disponíveis. Os COV não estão necessariamente presentes em todos os efluentes gasosos brutos (tal e qual, isto é sem tratamento) do processo de cozedura de tijolos, ocorrendo sobretudo quando se usam aditivos orgânicos que desenvolvam a porosidade. Estes componentes orgânicos nos efluentes gasosos brutos dependem do grau de porosidade e das condições de funcionamento na zona de pré-aquecimento do forno. Muitas vezes, utiliza-se uma mistura de diferentes agentes formadores de poros. A tabela seguinte mostra uma série de valores de concentração nos efluente gasoso bruto obtida através da utilização de vários agentes formadores de poros [4, UBA, 2001]. Parâmetro das emissões Unidade Poliestireno Agentes como o serrim e papel Substâncias orgânicas na forma de C total Benzeno Fenol Formaldeído Aldeído (C1 – C4) Monóxido de Carbono*) mg/m3 mg/m3 mg/m3 mg/m3 mg/m3 mg/m3 50 - 250 1 - 65 1-5 1 - 20 1 - 20 <300 50 - 250 1-5 1 - 20 5 – 100 25 – 180 <1500 *) Um valor elevado de CO é indicador de uma combustão incompleta Tabela 3.4 : Valores do efluente gasoso com vários agentes formadores de poros Os exemplos de valores de efluentes gasosos tratados mostrados na tabela seguinte são valores médios do fabrico de blocos porosos de cerâmica, e não está disponível informação sobre as unidades de tratamento de efluentes gasosos. Os intervalos de parâmetros de funcionamento correspondentes podem ser encontrados na secção superior da tabela. Esta mostra também a principal ligação entre parâmetros de funcionamento, concentrações de emissões e os correspondentes factores de emissão (emissões que se referem à produção de um quilograma de tijolos (kgB)) [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. Fonte de emissão Forno de túnel Caudal volumétrico do efluente gasoso (m3/h) Temperatura do efluente gasoso (°C) 5000 – 50000 100 – 200 Componentes das emissões Concentração média de efluente tratado (mg/m3) Factor de emissão, valor médio (mg/kgB) 11,6 121,0 26,1 98200 124,6 2,7 8,4 22,7 17,6 184,0 39,6 149 000 189,0 4,1 12,7 34,5 Partículas NOx expresso como NO2 SOx expresso como SO2 CO2 CO Compostos gasosos inorgânicos de flúor expresso como HF Compostos gasosos inorgânicos de cloro expresso como HCl Substâncias orgânicas expresso como C total 95 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica Tabela 3.5 : Concentrações médias de efluente gasoso tratado (blocos de argila porosos) e respectivos factores de emissão As Tabelas 3.6 e 3.7 mostram exemplos de concentrações de efluentes gasosos resultantes de unidades de produção de tijolos, de tijolos face-à-vista, ou de telhas, medidas por peritos externos (medições pontuais e descontínuas) e os correspondentes parâmetros de funcionamento na secção superior das tabelas. A maioria das fábricas opera sistemas de tratamento de efluentes gasosos, como referido nas tabelas, daí os valores representarem concentrações de gás limpo [1, BMLFUW, 2003], [17, Burkart, 2004], [2, VITO, 2003}. Parâmetro Caudal volumétrico efluente gasoso (m3/h) Temperatura do efluente gasoso (°C) Combustível Agente formador de poros Tratamento do efluente gasoso TA 1 TA 2 TA 3 TA 4 TA 5 TA 6 TA 7 TA 8 TA 9 TA 10 22 000 12 400 25 300 12 440 32 930 15 100 20 740 15 420 27 344 18 300 153 107 224 171 197 131 155 153 102 186 Gás natural Serrim, poliestireno, papel Pós-combustão térmica Parâmetro das emissões Partículas SOx expresso como SO2 Fluoreto expresso como HF COT sem CH4 Acetaldeído Benzeno Estireno Formaldeído Fenol NOx na forma deNO2 Cloro na forma de HCL CO Gás natural Gás natural Gás natural Serrim Serrim, Serrim, papel casca de girassol, linhite Pós-comPós-combustão bustão térmica térmica Gás natural Gás natural Gás natural Gás natural Gás natural Serrim, Serrim, Papel Serrim Papel, popoliestireno, papel, liestereno papel, linhite linhite Pós-comPós-comFiltro bustão bustão de leito térmica térmica calcário TA 1 TA 2 TA 3 TA 4 TA 5 TA 6 TA 7 TA 8 TA 9 TA 10 18,0 26,0 3,0 <5,0 0,18 0,20 0,005 0,12 98 13,5 14 27,0 <4,0 <0,1 19,0 <1 <0,10 <0,10 <1,0 <0,10 18 <1,0 300 4,0 178,0 1,5 11,5 0,18 0,14 2,1 0,45 113 10,5 - 8,4 72,2 2,3 11,9 0,11 0,03 2,5 0,05 162 7,0 - 2,8 2,8 1,1 4,0 0,30 0,90 5,0 1,60 187 9,9 25 1,2 17,7 0,9 16,5 4,7 7,5 11,7 5,6 24,2 2,4 - 1,9 1,2 0,1 5,6 1,5 1,7 4,5 2,3 64,8 1,2 39,2 <1,0 5,6 1,8 97,1 3,0 3,0 10,6 6,1 43,0 5,0 - 10,7 1,7 <0,1 19,0 <0,1 0,4 <0,1 <0,1 <0,1 33,6 <0,5 - 0,9 5,0 1,1 3,0 0,1 2,0 1,3 0,1 73,0 0,5 44,0 Gás natural Papel, poliestereno Pós-combustão térmica TA : fábrica de tijolos de alvenaria ; unidades em mg/Nm3 réf. a 18 % de O2, Nm3/hsec ou °C Tabela 3.6 : Concentrações de efluente tratado nas fábricas de tijolos de alvenaria 96 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Parâmetro Caudal volumétrico de efluente gasoso (m3/h) Temperatura do efluente gasoso (°C) Combustível Tratamento do efluente gasoso TF 1 T1 T2 T 3/4 T5 19 500 165 Gás natural Filtro de leito calcário 13 745 84 Gás natural Filtro de leito calcário 17 214 159 Gás natural Filtro de leito calcário 31 182 154 Gás natural Filtro de leito calcário 10 500 202 Gás natural Filtro de leito calcário Parâmetro das emissões TF 1 T1 T2 T 3/4 T5 Partículas SOx na forma de SO2 Fluoreto na forma de HF COT sem CH4 Formaldeído Benzeno Estireno Fenol NOx expresso como NO2 Cloro expresso como HCl 2,2 6,8 1,4 15,5 0,2 2,5 2,5 5,0 70,0 6,8 1,9 17,1 4,5 1,2 26,8 1,1 1,2 9,6 <0,5 1,2 38,3 3,3 12,5 <1,6 3,1 19,4 107,3 1,6 18,0 20,0 4,2 8,0 88,0 14,0 TF : fábrica de tijolos face-à-vista, T : fábrica de telhas; unidades em mg/Nm3 réf. a 18 % de O2, Nm3/hseco ou °C Tabela 3.7 : Concentrações de efluente tratado nas fábricas de tijolos face-à-vista e nas fábricas de telha As Tabelas 3.8 e 3.9 mostram exemplos recentes de fornos de fabrico de blocos de cerâmica e tijolos de vista-à-face na Bélgica e os correspondentes parâmetros de funcionamento [30, TWG Ceramics, 2005]. As fábricas aplicam diferentes medidas como medidas integradas no processo e técnicas de tratamento de fim de linha de efluentes gasosos. As medidas integradas no processo incluem a adição de matérias-primas com baixo teor de enxofre, a adição de CaCO3 e de aditivos ricos em cálcio. Por isso, os valores apresentados nas tabelas são os valores de gás bruto e os valores de gás limpo (após medidas de processo integrado e tratamento de efluentes gasosos). Parâmetro Caudal volumétrico de efluente gasoso (m3/h) Temperatura do efluente gasoso (Cº) Combustível Teor de enxofre nas matérias-primas - argila Agentes formadores de poros Medidas integradas do processo Tratamento do efluente gasoso Adsorvente Parâmetro das emissões Partículas SOx expresso como SO2 Fluoreto expresso como HF Cloro expresso como HC1 NOx COT CO Blocos de argila 1 Blocos de argila 2 Blocos de argila 3 Blocos de argila 4 58 682 m3/h 180 – 220 °C Gás natural 0,5 – 0,75 % Serrim Matérias-primas com baixo teor de enxofre e cálcio Lavagem a seco do gás de combustão com filtro Ca(OH)2 61 027 m3/h 180 – 220 °C Gás natural > 0,75 % Serrim Matérias-primas com baixo teor de enxofre e cálcio Coluna de adsorção em série CaCO3 51 838 m3/h 180 – 220 °C Gás natural > 0,75 % Serrim Matérias-primas com baixo teor de enxofre e cálcio Coluna de adsorção em série CaCO3 61 156 m3/h 180 – 220 °C Gás natural > 0,75 % Serrim Matérias-primas com baixo teor de enxofre e cálcio e aditivos ricos em cálcio Coluna de adsorção em série CaCO3 Blocos de argila 1 Valor do efluente Valor do efluente bruto mg/Nm3 tratado mg/Nm3 36 1436 25 5 22 105 1021 3 1336 1 11 21 77 1235 Eficiência de redução Valor do efluente bruto mg/Nm3 Blocos de argila2 Valor do efluente tratado mg/Nm3 92 7 96 0 5 27 0 117 2051 56 11 36 108 988 71 1884 2 9 31 71 1038 Eficiência de redução 39 8 96 18 14 34 0 Parâmetro das emissões Partículas SOx expresso como SO2 Fluoreto expresso como HF Cloro expresso como HC1 NOx COT CO Valor do efluente bruto mg/Nm3 Blocos de argila 1 Valor do efluente tratado mg/Nm3 Eficiência de redução 127 2883 36 7 52 219 936 26 2295 3 3 21 106 905 80 20 92 57 60 52 3 Valor do efluente bruto mg/Nm3 165 2893 35 9 16 51 1137 Blocos de argila2 Valor do efluente tratado mg/Nm3 Eficiência de redução 69 2210 6 7 36 86 1165 58 24 83 22 0 0 0 Tabela 3.8 : Valores das emissões de efluente gasoso bruto e tratado no fabrico de blocos de argila Parâmetro Caudal volumétrico de efluente gasoso (m3/h) Temperatura do efluente gasoso (°C) Combustível Teor de enxofre das matérias-primas - argila Tratamento do efluente gasoso Adsorvente Parâmetro das emissões Partículas SOx expresso como SO2 Fluoreto expresso como HF Cloro expresso como HC1 NOx COT CO Tijolo face-à-vista 2 Tijolo face-à-vista 3 Tijolo face-à-vista 4 56 830 m3/h 230 °C Gás natural 0,5 – 0,75 % Lavagem a seco do gás de combustão com filtro Ca(OH)2 16 319 m3/h 150 °C Gás natural <0,25 % Coluna de adsorção em série (filtro cascata) CaCO3 35 000 m3/h 110 °C Gás natural <0,25 % Coluna de adsorção em série (filtro cascata) CaCO3 22 915 m3/h 124 °C Gás natural <0,25 % Coluna de adsorção em série (filtro cascata) CaCO3 Tijolo face-à-vista 1 Valor do efluente Valor do efluente bruto mg/Nm3 tratado mg/Nm3 9 967 21 6 18 6 110 Parâmetro das emissões Valor do efluente bruto mg/Nm3 Partículas SOx expresso como SO2 Fluoreto expresso como HF Cloro expresso como HC1 NOx COT CO Tijolo face-à-vista 1 Eficiência de redução 14 635 1 1 19 4 129 0 34 95 83 0 33 0 Tijolo face-à-vista 3 Valor do efluente tratado mg/Nm3 Eficiência de redução 30 150 60 10 100 5 36 0,5 0,6 64 150 97 Valor do efluente bruto mg/Nm3 19 141 23 3 49 6 177 Valor do efluente bruto mg/Nm3 83 76 99 94 8 27 12 5 110 4,1 90,5 Tijolo face-à-vista 2 Valor do efluente tratado mg/Nm3 12 163 6 3 67 15 135 Tijolo face-à-vista 4 Valor do efluente tratado mg/Nm3 4 10 0,1 0,4 98 4 54 Eficiência de redução 37 0 74 0 0 0 24 Eficiência de redução 44 63 99 92,5 11 2,4 40,3 Tabela 3.9 : Valores das emissões de efluente gasoso bruto e de efluente gasoso tratado no fabrico de tijolos face-à-vista As emissões atmosféricas ocorrem não apenas durante o processo de cozedura, mas também nas seguintes fases do processo de produção [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]: — durante o armazenamento e transporte interno de matérias-primas, as emissões resultam do armazenamento, pesagem, transporte e das unidades de manuseamento; — a preparação a seco de matérias-primas provoca emissões de poeiras; — o processo de conformação de pó seco (por prensagem) causa emissões de poeiras; — os processos de vidragem e engobagem, dependendo das técnicas de vidragem ou engobagem aplicadas, podem resultar em emissões de poeiras; — alguns tipos de tijolo, tais como tijolos rectificados, são acabados após o processo de cozedura. Daí podem resultar poeiras do processo de acabamento a seco. 97 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 98 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Emissões para o meio aquático (água) O fabrico de tijolos e telhas resulta numa pequena quantidade de águas residuais de processo cuja origem se deve sobretudo a águas de lavagem, caso sejam feitos tratamentos de superfície tais como vidragem ou engobagem. Os resíduos de vidragem e engobagem são recolhidos e voltam ao ciclo produtivo. Pode ainda resultar uma quantidade adicional de águas residuais do processo da lavagem das unidades de preparação de matérias-primas ou moldes. Esta água é também muitas vezes reutilizada em circuitos fechados [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. Não estão disponíveis dados relativos às emissões para o meio aquático. Perdas/resíduos de processo — podem surgir perdas de produtos durante várias fases do processo produtivo (em particular na conformação, secagem, cozedura e subsequente tratamento); — podem surgir lamas resultantes da preparação de matérias-primas (lavagem de unidades) apenas em pequenas quantidades e também resultantes da lavagem de moldes e das unidades de vidragem e engobagem; — do processo de produção de telhas resultam moldes de gesso usados e partidos; — dos processos de embalagem resultam resíduos tais como plásticos, restos de papel e metal; — há acumulação de poeiras, lamas e agentes usados de sorção nas unidades de lavagem de efluentes gasosos (off-gases); — da cozedura com combustíveis sólidos resultam resíduos sólidos, p. ex. cinzas. Parte das perdas de processo acima mencionadas podem ser recicladas e reutilizadas dentro da fábrica devido às especificações de produção ou aos requisitos processuais. Os materiais que não possam ser reciclados internamente são transportados para reutilização noutras indústrias ou são fornecidos a instalações externas de reciclagem de resíduos ou de valorização de resíduos [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. 3.3.1.2 Dados relativos ao consumo Consumos de energia O fabrico de tijolos e telhas de cerâmica consome muita energia, uma vez que são produzidos por um processo de altas temperaturas que converte a matéria-prima em material com propriedades totalmente diferentes – a argila cozida. Dependendo do tipo de produto, a percentagem de custos energéticos nos custos totais de produção varia geralmente entre os 17 e os 30% com valores máximos até 40%. O gás natural é agora mais utilizado como fonte de energia para a cozedura no forno e é responsável por cerca de 90% do consumo total de energia, mas também o gás de petróleo liquefeito, o fuelóleo, o coque de petróleo, carvão e electricidade servem como fontes energéticas em alguns casos [13, SYKE, 2004], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. Na indústria, as principais exigências energéticas estão associadas ao processo de transformação da argila numa forma durável adequada a todos os tipos de construção. O consumo de energia depende da matéria-prima, do processo de produção e do tipo de produto, e do tipo de técnicas de cozedura empregues. Apesar de um determinado tipo de cozedura ser mais eficaz em termos energéticos, pode não ser adequado ao produto específico. Encontram-se grandes variações nos consumos específicos de energia na Europa, consoante os diferentes tipos de construção ou tipos de produto cerâmicos. Cada tipo tem um padrão específico de consumo de energia devido ao processo de cozedura [p. ex. temperatura de cozedura, tempo de absorção e densidade de carga enfornada). Na Áustria, Alemanha e Itália, onde a maioria das casas é construída com blocos leves, a energia usada é baixa, isto é, 1,1 – 1,9 GJ/tonelada. A menor densidade dos blocos é alcançada pela presença e/ou adição de materiais formadores de poros na cerâmica. Estes materiais são sobretudo substâncias orgânicas, que contribuem para o equilíbrio energético da produção de tijolos de cerâmica e, consequentemente, o consumo primário específico de energia (gás natural, combustível liquido) é baixo. Especialmente no Norte da Europa, um grande número de tijolos face-à-vista é utilizado como revestimento exterior. Geralmente estes tijolos têm uma densidade superior e são muitas vezes cozidos a temperaturas mais elevadas do que os blocos leves. Como resultado, o consumo específico de energia para a produção de tijolos face-à-vista é maior, isto é, 2,5 – 2,7 GJ/tonelada. A grande variação encontrada no Reino Unido (1,4 – 2,4 GJ/tonelada) deve-se à quantidade de material orgânico na argila usada para tijolos (grande quantidade na argila da parte baixa de Oxford para tijolos Fletton e baixa quantidade para tijolos não-Fletton) [3, CERAME-UNIE, 2003]. As Tabelas 3.10 e 3.11 mostram exemplos dos dados relativos ao consumo de gás natural e de energia eléctrica de instalações de produção de tijolos e telhas na Áustria e dados do consumo de energia em Espanha, bem como o consumo energético específico geral da indústria dos tijolos e telhas [1, BMLFUW, 2003], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. Fontes/Consumo de energia Unidade Tijolos de alvenara Tijolos face-à-vista Telhas GJ/t GJ/t GJ/t 1,02 – 1,87 0,08 – 0,22 1,50 – 2,50 2,87 0,27 2,50 – 3,00 1,97 – 2,93 0,23 – 0,41 1,90 – 2,95 Gás natural (AT) Electricidade (AT) Consumo de energia (ES) Tabela 3.10 : Dados de energia consumida nas instalações de fabrico de tijolos e telhas por cada tonelada de produto País Áustria Bélgica Alemanha Dinamarca Espanha França Itália Países Baixos Reino Unido Suiça Unidade 1980 1985 1990 1995 2000 2003 GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t 2,38 3,3 2,43 2,73 2,38 2,87 2,80 3,63 2,29 - 2,09 3,19 2,31 2,30 2,62 2,60 2,93 2,16 2,56 1,17 2,16 1,93 2,41 2,24 2,77 2,09 2,19 2,48 2,62 1,72 2,45 1,63 2,67 2,18 2,62 1,90 2,70 2,63 2,53 1,63 2,59 2,57 2,61 2,28 2,80 1,94 3,05 3,25 2,44 1,69 2,21 2,31 2,65 2,26 2,61 2,00 3,35 2,85 - Tabela 3.11 : Consumo específico de energia na indústria de tijolos e telhas Neste contexto, ver também as Tabelas 2.2 e 2.4. Consumo de água e matérias-primas Na figura seguinte, que representa um fluxograma de dados, são apresentados exemplos de consumos de água e matérias-primas de uma das fábricas de tijolos de alvenaria [1, BMLFUW, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005]. Argila Marga 35 Partes (27,6 %) Água 85 Partes (67,0 %) 5 Partes (3,8 %) 120 Armazenamento a céu aberto 130 Preparação: Dosagem, moagem, homogeneização 131 Moldagem 130 Secagem Resíduos de processo reciclados 1.0 Loiças danificadas 3.0 110 Cozedura 102 Escolha 100 Embalagem 100 Transporte H2O Perdas Loiças 17 Partes durantre danificadas (13,4 %) a cozedura 2 Partes 8 Partes (1,6 %) (1,6 %) Produto final 100 Parts (78,7 %) Figure 3.4 : Exemplo do fluxo de massa no fabrico de tijolos de alvenaria = 127 Parts Água 2 Partes (1,6 %) 99 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 100 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 3.3.2 Tubos de grés 3.3.2.1 Dados relativos a emissões O fabrico de tubos de grés causa emissões para a atmosfera e para o meio aquático (água), perdas/resíduos de processo e também emissões de ruído. Nesta secção, são apresentadas as gamas de emissões atmosféricas poluentes para a cozedura de tubos de grés. São também descritas as emissões atmosféricas de outras fases do processo, emissões para o meio aquático e perdas de processo. Emissões atmosféricas Durante o processo de cozedura surgem emissões atmosféricas significativas resultantes do fabrico de tubos de grés. Na tabela seguinte são apresentados os valores máximos de emissões de gases tratados por fábricas europeias de produção de tubos de grés (excepto para o Reino Unido) e os dados correspondentes relativos ao funcionamento de fornos de túnel (na secção superior da tabela) [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001]. Fonte de emissão Forno de túnel Caudal volumétrico de efluente gasoso (m3/h) Temperatura do efluente gasoso (°C) 4000 - 18 000 160 – 200 Componente das emissões Concentração máxima de gás depurado (mg/m3) Partículas NOx expresso como NO2 SOx expresso como SO2 CO Compostos gasosos inorgânicos de flúor expresso como HF Compostos gasosos inorgânicos de cloro expresso como HCl 30 200 200 200 5 30 Tabela 3.12 : Concentração máxima no efluente tratado no fabrico de tubos de grés (condutas de argila vitrificada) No Reino Unido, observam-se concentrações máximas de flúor até 10 mg/m3 por o limite máximo de emissões ser 10. As emissões atmosféricas não ocorrem apenas durante o processo de cozedura, mas também nas seguintes fases do processo de produção [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]: — durante o armazenamento e transporte interno de matérias-primas, as emissões resultam do armazenamento, pesagem, transporte e das unidades de manuseamento; — nalgumas circunstâncias, as emissões gasosas podem surgir dos processos de secagem; Se for empregue demasiado calor do forno no processo de secagem de produtos em verde, o qual inclui efluentes gasosos da zona de cozedura e se não houver sistemas de aquecimento fechados, podem surgir emissões de fluoretos; — podem surgir emissões se a vidragem for realizada por pulverização; — alguns produtos de tubos de grés são rectificados após o processo de cozedura. Daí podem resultar poeiras do processo de rectificação a seco. Emissões para o meio aquático (água) Na produção de tubos de grés, as águas residuais de processo surgem durante a lavagem de unidades de preparação de matérias-primas, unidades de vidragem, bem como de moagem húmida. Esta água é também muitas vezes reutilizada em circuitos fechados [4, UBA, 2001], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005]. Não estão disponíveis dados relativos às emissões para o meio aquático. Perdas/resíduos de processo — podem surgir perdas de produtos durante várias fases do processo produtivo (em particular na conformação, secagem, cozedura e tratamento subsequente); — podem surgir lamas resultantes da preparação de matérias-primas (lavagem de unidades) da lavagem de unidades de conformação por enchimento e também da moagem por via húmida; — podem provir moldes de gesso usados e partidos da aplicação de processos de enchimento por barbotina; — resíduos tais como plásticos, restos de papel e metal resultam dos processos de embalagem; — há acumulação de poeiras, lamas e agentes usados de sorção nas unidades de tratamento de efluentes gasosos (off-gases). Parte das perdas de processo acima mencionadas pode ser reciclada e reutilizada dentro da fábrica devido às especificações de produção ou aos requisitos processuais. Os materiais que não possam ser reciclados internamente são transportados para reutilização em outras indústrias ou são fornecidos a instalações externas de reciclagem de resíduos ou de valorização de resíduos [4, UBA, 2001], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005]. 3.3.2.2 Dados relativos a consumos Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica Consumo de energia O consumo específico de energia no fabrico de tubos de grés é descrito na tabela seguinte. É feita uma distinção entre o consumo específico de energia para o abastecimento de matérias-primas minerais e energia, e para a produção dos tubos. Os materiais minerais são a argila, agentes de abertura e o vidrado, e o combustível é o gás natural. O consumo de electricidade, relativo à energia primária, inclui todo o processo de fabrico, como unidades fabris secundárias, iluminação, etc. Os dados usados são válidos para cerca de 90% da produção alemã. Os níveis de consumos para tubos de grés pequenos (DN 100/DN 150), tubos de grés médios (DN 200/DN 300) e tubos de grés grandes (DN 500) são apresentados separadamente [4, UBA, 2001]. DN 100, DN 150 (MJ/kg) DN 200, DN 300 (MJ/kg) DN 500, acessórios (MJ/kg) 0,20 0,41 0,20 0,49 0,20 0,56 0,10 1,22 3,06 1,20 6,19 0,10 1,44 3,60 1,20 7,03 0,10 1,66 4,14 1,20 7,86 Provisão Matérias-primas minerais Gás natural Produção Preparação Secagem Cozedura Electricidade Total Tabela 3.13 : Consumo específico de energia no fabrico de tubos de grés (condutas em argila vitrificada) Neste contexto, veja-se também a Tabela 2.7. Consumo de água e matérias-primas Na figura seguinte, que representa um fluxograma de dados, são apresentados exemplos de consumos de água e matérias-primas para o fabrico de tubos de grés [4, UBA, 2001]. Vidrado 101 Argila Argilas refractárias Água Preparação e moldagem Loiças danificadas Material em circulação 40 – 50 m3 de gás natural DN 100 – DN 500 Secagem Efluentes gasosos Vidragem Águas residuais de processo Ar Água 100 – 130 m3 de gás natural DN 100 – DN 500 Efluentes gasosos Cozedura Ar 1000 kg de condutas de argila vitrificada Figura 3.5 : Exemplo do fluxo de massa no fabrico de condutas de argila vitrificada 102 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 3.3.3 Produtos refractários 3.3.3.1 Dados relativos a emissões O fabrico de produtos refractários resulta em emissões para a atmosfera e para o meio aquático, perdas/resíduos de processo e também algumas emissões de ruídos. Nesta secção são apresentadas gamas de emissões atmosféricas poluentes para a cozedura de produtos refractários. São também descritas emissões atmosféricas de outras fases do processo, emissões para o meio aquático e perdas de processo. Emissões atmosféricas O fabrico de produtos refractários resulta em emissões atmosféricas significativas durante o processo de cozedura. A tabela seguinte mostra gamas de parâmetros de funcionamento (na secção superior da tabela) e os correspondentes valores de gás bruto (efluente gasoso não tratado) nos processos de cozedura de diferentes produtos refractários em fornos de túnel [4, UBA, 2001]. Componente das emissões Concentração (mg/m3) Produto Caudal volumétrico de efluente gasoso (m3/h) Temperatura do efluente gasoso (°C) Magnesite 15 000 - 25 000 250 - 400 Elevado teor em óxido de alumínio 9000 – 17 000 120 – 250 Componente das emissões Sílica 8000 – 12 000 150 - 250 Concentração (mg/m3) Produto Partículas NOx expresso como NO2 SOx expresso como S2 CO Compostos gasosos inorgânicos de flúor expresso como HF Magnesite 8 - 35 110 - 470 90 - 580 12 - 180 0,5 – 1,5 Elevado teor em óxido de alumínio 5 - 80 30 - 250 10 - 430 30 - 150 5 - 50 Sílica 10 - 25 5 – 100 20 – 150 10 – 50 1-3 Tabela 3.14 : Valores do efluente gasoso bruto em diferentes produtos refractários A tabela seguinte mostra gamas de emissões de fornos para produtos refractários não-básicos [3, CERAME-UNIE, 2003]. Parâmetro das emissões Partículas SO2 NOx Fluoreto, HF CO2 mg/m3 44 – 113 260 – 490 25 – 200 0,4 – 2,5 1 – 3 vol- % Tabela 3.15 : Emissões provenientes dos fornos para produtos refractários não-básicos Em procedimentos especiais (formação de ligações de carbono, impregnação com resina), são formados produtos específicos de decomposição (amoníaco, formol, fenol, etc.) que dependem dos agentes ligantes especiais (bentonite, resina). Na tabela seguinte são apresentados exemplos de valores de efluente gasoso bruto para procedimentos especiais [4, UBA, 2001]. Parâmetro das emissões (mg/m3) Amónia Formaldeído Fenol Substâncias orgânicas na forma de C total Câmara de endurecimento Ligantes com resina*) 2500 25 350 >3000 Forno de maturação Ligantes com resina *) 20 10 80 1000 Ligantes com alcatrão **) 2500 Revestimento com alcatrão Ligantes. com alcatrão **) 1500 *) Resina fenólica tipo resol **) Os valores de C total incluem hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH) Tabela 3.16 : Valores de efluente gasoso bruto utilizado em processos especiais As emissões atmosféricas não ocorrem apenas durante o processo de cozedura, mas também nas seguintes fases do processo de produção [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]: — durante o armazenamento e transporte interno de matérias-primas, as emissões resultam do armazenamento, pesagem, transporte e das unidades de manuseamento; — dos processos de preparação a seco de matérias-primas resultam emissões de poeiras; — da conformação em prensas resultam emissões de poeiras e também de vapores de agentes ligantes e aditivos; — em certas circunstâncias, as emissões gasosas podem surgir dos processos de secagem. Se for empregue demasiado calor do forno no processo de secagem de produtos em verde, o qual inclui efluentes gasosos da zona de cozedura e se não houver sistemas de aquecimento fechados, podem surgir emissões de fluoretos; — alguns produtos refractários são rectificados após o processo de cozedura. Daí podem resultar poeiras do processo de rectificação a seco. Emissões para o meio aquático (água) No fabrico de produtos refractários, as águas residuais de processo advêm da lavagem de unidades de preparação de matériasprimas, unidades de conformação por enchimento, bem como de moagem húmida. Esta água é também muitas vezes reutilizada em circuitos fechados [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. Não estão disponíveis dados relativos às emissões para o meio aquático. Perdas/resíduos de processo — podem surgir perdas de produtos durante várias fases do processo produtivo (em particular na conformação, secagem, cozedura e subsequente tratamento); — podem surgir lamas resultantes da preparação de matérias-primas (lavagem de unidades) apenas em pequenas quantidades e também resultantes da lavagem das unidades de conformação por enchimento e da moagem por via húmida; — podem provir moldes de gesso usados e partidos da aplicação de processos de enchimento por barbotina; — resíduos tais como plásticos, restos de papel e metal resultam dos processos de embalagem; — há acumulação de poeiras, lamas e agentes usados de sorção nas unidades de lavagem de efluentes gasosos (off-gases). Parte das perdas de processo acima mencionadas podem ser recicladas e reutilizadas dentro da fábrica devido às especificações de produção ou aos requisitos processuais. Os materiais que não possam ser reciclados internamente são transportados para reutilização em outras indústrias ou são fornecidos a instalações externas de reciclagem de resíduos ou de valorização de resíduos [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. 3.3.3.2 Dados relativos a consumo Consumos de energia A tabela seguinte mostra gamas de dados relativos a consumos específicos de energia nos diferentes passos da produção de tijolos refractários de magnésio (magnesia refractory bricks) [1, BMLFUW, 2003], [17, Burkart, 2004]. Processo Preparação, peneiração Pesagem, dosagem, mistura Moldagem Secagem, Cozedura Tratamento subsequente, embalagem MJ/kg 0,35 – 0,50 0,045 – 0,070 0,13 – 0,20 3,0 – 6,3 0,08 Tabela 3.17 : Dados de consumo de energia por kg de produto durante fabrico de tijolos refractários de magnésia Neste contexto, vejam-se também as Tabelas 2.9, 2.10, 2.11 e 2.12. 103 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 104 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Consumo de água e matérias-primas Na figura seguinte, que representa um fluxograma de dados, são apresentados exemplos de consumos de água e matérias-primas para a produção de tijolos de periclase-cromite [4, UBA, 2001]. Minério de crómio Magnesite sinterizada 410 kg 600 kg Licor de sulfito Água 25 kg Preparação 5 kg Caco (Loiças danificadas em cozido) 1160 kg Prensagem Caco (Loiças cruas danificadas em crú) 60 kg 1100 kg Efluentes gasosos Gás natural Secagem Ar Loiças secas danificadas 20 kg 1063 kg Efluentes gasosos Gás natural Cozedura Ar Loiças cozidas danificadas 40 kg 1000kg Tijolos em crómio-périclase Figura 3.6 : Exemplo do fluxo de massa no fabrico de tijolos em crómio-périclase 3.3.4 Agregados de argila expandida 3.3.4.1 Dados relativos a emissões O fabrico de agregados de argila expandida resulta em emissões atmosféricas e para o meio aquático, perdas/resíduos de processo e também emissões de ruído. Nesta secção são apresentadas gamas de emissões atmosféricas poluentes para as fases de processo como moagem primária, moagem a seco, granulação, o processo de cozedura, peneiração e processamento de agregados. São também descritas emissões atmosféricas resultantes de outras fases, emissões para o meio aquático (água) e perdas de processo. Emissões atmosféricas As emissões atmosféricas mais significativas no fabrico de agregados de argila expandida resultam do armazenamento, transporte de matérias-primas, moagem primária e moagem de argila em bruto, granulação, do processo de cozedura (expansão real) e também da peneiração e do processamento de agregados. As emissões difusas resultantes do armazenamento e manuseamento de matérias-primas e armazenamento de agregados leves (AL) são de natureza diferente das emissões provenientes do tráfego de veículos. Transporte e armazenamento de matérias-primas Durante o armazenamento e transporte de matérias-primas, podem ocorrer emissões em pontos de transferência de sistemas de transporte e armazenamento, os quais dependem das características das matérias-primas. Moagem primária A operação de moagem primária, a qual é aplicada em tipos de argila bastante seca (processo semi-seco) leva à emissão de poeiras. A tabela seguinte mostra gamas de valores de emissão de poeiras originadas pela moagem primária a jusante de um filtro [26, UBA, 2005]. Trituração primária 105 Valores Partículas 0,7 – 3,4 mg/m3 1) 1) baseado nos efluentes gasosos (off-gases) secos (273 K, 1013 hPa) Tabela 3.18 : Gamas dos valores de emissão de partículas resultantes da trituração primária a jusante de um filtro de tecido Moagem a seco Durante o processo de moagem a seco, aplicada em tipos de argila bastante seca, são gerados dióxidos de enxofre e óxidos de azoto resultantes da combustão de fuelóleos pesados, que vêm somar-se à emissão de poeiras. A tabela seguinte mostra gamas de valores reais de emissões originados pela moagem seca a jusante do respectivo sistema de filtração [26, UBA, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005] Partículas a jusante de um precipitador electrostático ou de um filtro de tecido Dióxido de enxofre Óxidos de azoto, expresso na forma de NO2 1) 6 – 50 mg/m3 1) 2) 0,02 – 0,20 g/m3 1) 0,11 – 0,14 g/m3 1) baseados em efluente gasoso húmido e 17% por volume de O2 (273 K, 1013 hPa) 2) valores médios anuais Tabela 3.19 : Gamas dos valores reais de emissão resultantes de moagem a jusante do respectivo sistema de filtragem Granulação A granulação, aplicada em tipos de argila bastante seca, leva à emissão de poeiras. A tabela seguinte apresenta gamas de valores de emissões de poeiras originadas pela granulação a jusante de um filtro [26, UBA, 2005]. Granulação Valores Partículas 5 – 15 mg/m3 1) 1) baseados nos efluentes gasosos (off-gases) secos (273 K, 1013 hPa) Tabela 3.20 : Gamas dos valores de emissão de partículas resultantes da granulação, a jusante de um filtro de tecido Processo de cozedura A tecnologia do processo e os combustíveis usados no fabrico de agregados de argila expandida têm apenas uma influência limitada nas emissões de uma fábrica. O principal parâmetro é a qualidade das matérias-primas. As emissões de orgânicos e de dióxido de enxofre (geralmente de pirite e “marcasite”) relacionados com as matérias-primas no efluente gasoso bruto são parte do processo real de expansão. A tabela seguinte apresenta gamas de valores de emissões originados pelos processos de cozedura e secagem a jusante dos respectivos sistemas de filtragem (precipitador electrostático e tratamento por via húmida de efluentes gasosos) [26, UBA, 2005], [28, Schorcht, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. Parâmetro Unidade Valor da emissão Partículas SO2 NOx HCl HF CO COT Dioxinas mg/m3 mg/m3 mg/m3 mg/m3 mg/m3 mg/m3 mg/m3 mg/m3 9 - 200 200 – 2000 120 – 930 2,7 – 250 0,4 – 20 50 – 2600 10 – 800 <0,1 Dados recolhidos com um nível normal de 13-16%de volume de O2. Medições limitadas para componentes que não partículas e SO2 Tabela 3.21 : Gamas de valores de emissão resultante do processo de cozedura a jusante do respectivo sistema de filtragem. Outro exemplo de conjunto de dados relativos a valores de efluentes gasosos (off-gases) resultantes do processo de cozedura de agregados de argila expandida em fornos rotativos (técnica Leca), os quais estão equipados com um precipitador electrostático para efeitos de tratamento, é apresentado como se segue [17, Burkart, 2004]: — partículas: inferior a 50 mg/m3 — SOX: 1700 – 1800 mg/m3 (conteúdo de enxofre na matéria-prima principal superior a 0,75%) — fluoretos, em referência a HF: inferior a 5 mg/m3 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 106 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Peneiração e processamento de agregados: Durante a peneiração de agregados com tamanhos diferentes e durante o processamento de agregados surgem emissões de poeiras. A tabela seguinte mostra gamas de valores de emissões de poeiras das unidades de peneiração [26, UBA, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. Granulação Unidade de peneiração I (com compressor de areias) Partículas 4,3 – 50,0 mg/m3 Tabela 3.22 : Valores de emissão de partículas de unidades de peneiração Emissões para o meio aquático Os sistemas de tratamento por via húmida são hoje usadas em algumas fábricas. A tabela seguinte mostra os valores dos efluentes como médias semanais [30, TWG Ceramics, 2005]: Parâmetro Valores pH Sólidos em suspensão 6–9 ≤ 50 mg/l Tabela 3.23 : Efluentes do tratamento por via húmida A água é essencialmente usada na preparação (e conformação) das matérias-primas. As emissões para o meio aquático não são relevantes, uma vez que não se gera água residual no processo de produção de agregados de argila expandida. A água de arrefecimento dos sistemas de fornos é conduzida através de um separador de óleos e é devolvida ao circuito de arrefecimento. Toda a água de processo é evaporada no processo de secagem. Perdas/resíduos de processo Não há perdas sob a forma de resíduos na produção de agregados de argila expandida. Agregados peneirados acima ou abaixo da dimensão são devolvidas ao refinador e todas as poeiras recolhidas retornam ao processo de fabrico. O gesso gerado durante o tratamento dos efluentes gasosos é usado na indústria do cimento como regulador do endurecimento. 3.3.4.2 Dados relativos a consumo Consumo de energia O consumo de energia para a moagem seca, a qual é aplicada no processamento de argilas de tipo bastante seco (processo semiseco) é de aproximadamente 217MJ/m3. Isto corresponde a aproximadamente 20% do total do consumo de energia térmica no processo geral de produção de argilas bastante duras (no processo de produção de argilas com elevado conteúdo de humidade, não se faz moagem seca). O consumo de energia eléctrica na moagem seca é de aproximadamente 26,3 MJ/m3. O consumo de energia no processo de cozedura é de aproximadamente 900 – 1300 MJ/m3, dependendo da matéria-prima (conteúdo de humidade da argila), tecnologia de produção e capacidade instalada de produção [26, UBA, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. O consumo específico total de energia eléctrica varia entre os 43 e os 83 MJ/m3, consoante o peso a granel, as propriedades das matérias-primas e a tecnologia de produção (preparação da argila, tecnologia do processo térmico) [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. Consumo de água e matérias-primas A tabela seguinte apresenta exemplos de misturas de matérias-primas na produção de agregados de argila expandida [30, TWG Ceramics, 2005]. Matéria Argila (seca) Óxido de ferro Pó de calcário/dolomite Agente portador de carbono % de quantidade por massa (peso) Finalidade > 90 0–8 0,5 – 3 0-1 Matéria-prima Fluxo Agente de desmoldagem Agente de expansão Tabela 3.24 : Mistura de matérias-primas na produção de agregados de argila expandidos 107 3.3.5 Azulejos e ladrilhos 3.3.5.1 Dados relativos a emissões As emissões para a atmosfera e para o meio aquático, perdas/resíduos de processo e também as emissões de ruído surgem na produção de azulejos e ladrilhos vidrados e não-vidrados. Nesta secção são apresentadas gamas de emissões de poluentes atmosféricos nas principais fases do processo. São também descritas emissões atmosféricas resultantes de outras fases, emissões para o meio aquático e perdas de processo. Emissões atmosféricas As emissões resultantes da moagem de matérias-primas consistem principalmente em partículas das matérias-primas como argila, quartzo e feldspato. Na moagem seca, o caudal de emissões é de cerca de 6 Nm3 de ar por quilograma de matéria-prima processada (MP) e a emissão de partículas (poeiras) é de 50 g/kg. Na moagem por via húmida, o caudal de emissões é de cerca de 6 Nm3 ar/kg MP com um factor de emissão de cerca de 15g poeiras/kg MP. Estes factores de emissão referem-se a volumes de efluentes gasosos (off-gases) não tratados. Partículas, óxido de azoto, óxidos de enxofre, monóxido e dióxido de carbono surgem como emissões atmosféricas poluentes no processo de produção de pó atomizado para a prensagem. As operações de lavagem na secção de vidragem criam suspensões aquosas que contêm materiais cerâmicos. Estas suspensões podem seguir para a atomização. Nas emissões que resultam da atomização, os elementos boro, cloro e chumbo têm de ser considerados. A capacidade de evaporação dos atomizadores (secadores por atomização) atinge os 20 000 l/h. A tabela seguinte mostra as gamas típicas de parâmetros de funcionamento (na secção superior da tabela) e os correspondentes valores de efluente gasoso bruto de emissões significativas, resultantes da secagem por atomização da barbotina [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [10 Navarro, 1998], [23, TWG Ceramics, 2005]. Fonte de emissão Caudal volumétrico de efluente gasoso (m3/h) Temperatura do efluente gasoso (°C) Humidade (m3água/m3total) Oxigénio (%) Parâmetro das emissões Partículas NOx expresso como NO2 CO Compostos clorados na forma de HCl Boro Chumbo CO2 Secador por pulverização 30 000 - 200 000 60 – 130 0,13 – 0,20 16 - 20 Concentração (mg/m3) 150 – 1500 5 – 300 2 – 50 1–5 < 0,3 < 0,15 1,5 – 4,0 % vol. Tabela 3.25 : Dados de efluente gasoso bruto das unidades de secagem por pulverização (atomização) O uso de instalações de secagem por atomização com unidades de cogeração é possível e conveniente do ponto de vista do consumo de energia, mas os efluentes gasosos resultantes dessas unidades geralmente contêm mais NOX (varia entre 50-800 mg/m3, referido como NO2) [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. Na conformação de peças por prensagem, o caudal de emissões é de cerca de 5 Nm3 ar/kg MP e o factor de emissão é de cerca de 7 g poeiras/kg MP, referindo-se a efluentes gasosos (off-gases) não tratados. Dependendo da dimensão da prensa, os caudais de efluentes gasosos variam entre 2000 – 4000 m3/h a temperaturas entre 20 e 30 ºC. Emissões adicionais de poeiras surgem nas unidades de polimento. Nos processos de extrusão são apenas processadas pastas húmidas, daí não surgirem emissões de poeiras. A tabela seguinte mostra gamas de parâmetros de funcionamento (na secção superior da tabela) e as gamas correspondentes de emissões de efluentes gasosos (off-gases) não tratados resultantes de secadores (os dados correspondem a secadores horizontais e verticais) [3, CERAME-UNIE, 2003], [10, Navarro, 1998], [23, TWG Ceramics, 2005], [21, Almeida, 2004]. Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 108 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Fonte de emissão Secador Caudal volumétrico de efluente gasoso (m3/h) Temperatura do efluente gasoso (°C) Humidade (m3água/m3total) Oxigénio (%) Parâmetro das emissões 2000 – 7000 50 – 190 0,04 – 0,11 16 – 20 Concentração (mg/m3) Partículas CO2 5 – 25 mg/m3 1 – 3 % em vol Tabela 3.26 : Parâmetros de funcionamento e valores de efluente gasoso bruto dos secadores As partículas encontradas nas emissões de secadores são o resultado de partículas que se desprendem do corpo cerâmico e poeiras resultantes de ladrilhos partidos nos secadores, que se acumulam ainda com os gases da combustão. As temperaturas relativamente baixas destas instalações, geralmente abaixo dos 300 ºC, impede a formação de óxido de azoto durante o processo. As emissões gasosas e de partículas na vidragem dependem da técnica de aplicação e da composição do vidrado. Em geral, as emissões gasosas podem surgir nos processos de preparação e aplicação do vidrado. As características físico-químicas destas emissões são altamente variáveis como resultado da grande diversidade de vidrados utilizados. As poeiras resultantes da vidragem e da preparação do vidrado são caracterizadas pela presença de sílica, boro, zircónio, sódio, chumbo, lítio, potássio, bário, cálcio, magnésio, zinco e alumínio. Os caudais de emissões são de cerca de 5 Nm3 ar/kg de vidrado processado e o factor de emissão é de cerca de 0,5 g poeiras/kg de vidrado processado, referindo-se a efluentes gasosos (off-gases) não tratados. O caudal de efluentes gasosos (off-gases) atinge os 7.000 m3/h a uma temperatura aproximada de 30 ºC. Na tabela seguinte são apresentadas gamas de parâmetros de funcionamento (na secção superior da tabela) e as gamas correspondentes de valores de parâmetros no efluente gasoso bruto de fornos de rolos [4, UBA, 2001], [10, Navarro, 1998], [23, TWG Ceramics, 2005], [21, Almeida, 2004]. Fonte de emissão Forno de rolos Caudal volumétrico de efluente gasoso (m3/h) Temperatura do efluente gasoso (°C) Humidade (m3água/m3total) 5000 – 15 000 130 – 300 0,05 – 0,1 Parâmetro das emissões Partículas NOx expresso como NO2 SOx expresso como SO2 CO Compostos fluorados expresso como HF Compostos clorados expresso como HCl Boro Chumbo CO2 Concentração (mg/m3) 5 – 30 5 – 150 1 – 300 1 – 15 5 – 60 20 – 150 < 0,5 < 0,15 1,5 – 4,0 % em vol Tabela 3.27 : Valores de efluente gasoso bruto durante o processo de cozedura As emissões de compostos fluorados acima mencionadas são causadas por concentrações de fluoretos na argila entre 500 e 800 mg/kg. No processo de cozedura, o boro nas emissões tem origem no uso de vidrado que contém compostos deste elemento. O boro e o cloro presentes nas emissões podem ter origem da água nos ladrilhos (o boro deriva apenas da água reciclada e o cloro pode também advir de água fresca do abastecimento público), que é subsequentemente evaporada nos primeiros passos da cozedura. A concentração de chumbo é bastante pequena e basicamente resulta da vaporização de um grupo menor de vidrados que contêm este elemento [4, UBA, 2001], [30, TWG Ceramics, 2005]. A tabela seguinte, que representa a situação italiana, mostra uma comparação entre factores poluentes de emissão para efluentes controladas (valores de gás limpo) e os correspondentes factores de emissões poluentes em emissões não-controladas (isto é, a montante da unidade de controlo de poluição) para as várias fases (fases) dos processos de produção de azulejos e ladrilhos. Os factores de emissão referem-se à unidade de produção da fase correspondente [6, Timellini, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005]. Emissões gasosas de Fase Operação Preparação de pasta Caudal específico (Nm3/kg) Poeiras (partículas) NC C Moagem a seco 6 40 - 60 0,05 – 0,1 Moagem por via húmida 6 10 - 20 0,02 – 0,1 Atomização 5 5 – 10 0,1 – 0,2 Prensagem 5 5 - 10 0,01 – 0,05 5 0,5 – 1,0 0,02 – 0,03 3-6 0,1 – 0,5 0,01 – 0,02 Preparação e aplicação do vidrado Cozedura Factores de emissão de poluentes DEM (g/kg) Compostos de chumbo (Pb) Compostos fluorados (HF) NC C NC C Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 0 – 0,1 0,001 – 0,01 0,1 – 0,5 0,01 – 0,05 NC = Emissão Não-Controlada ; C = Emissão Controlada Tabela 3.28 : Emissões gasosas resultantes das várias fases do processo de fabrico de ladrilhos e azulejos. Factores de emissão de poluentes em emissões não-controladas (NC) e controladas (C) Emissões atmosféricas sob a forma de poeiras podem também ocorrer durante o armazenamento de matérias-primas e transporte interno, enquanto as emissões de poeiras surgem nas unidades de armazenamento, pesagem, transporte e manuseamento. Os azulejos e ladrilhos são muitas vezes rectificados após a cozedura. Em consequência, pode surgir poeiras do processo de rectificação a seco [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. Emissões para o meio aquático (água) Da produção de azulejos e ladrilhos resultam águas residuais de processo durante a lavagem de unidades de preparação de matérias-primas e de vidragem, bem como do processo de filtro-prensagem e filtros rotativos e da moagem por via húmida. A água é muitas vezes reutilizada em circuitos fechados. O excesso de vidrado é recolhido e devolvido ao ciclo produtivo [4, UBA, 2001], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005]. A tabela seguinte fornece detalhes da composição típica de águas residuais de processo resultantes nas instalações de produção de azulejos e ladrilhos. A água é essencialmente água de lavagem das unidades de vidragem, assim a concentração de substâncias depende em larga escala da composição do vidrado [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [10, Navarro, 1998]. Parâmetro pH Matéria em suspensão Matéria sedimentável CQO CBO5 Fluoretos Cloretos Sulfatos Magnésio 109 Intervalo de valor (mg/l) Parâmetro Gama (mg/l) 7–9 1000 – 20000 5 – 30 100 – 400 40 – 60 <2 300 – 700 100 – 1000 10 - 100 Cálcio Boro Chumbo Sódio Potássio Silício Alumínio Ferro Zinco 5 – 500 1 – 60 <5 50 – 500 1 – 50 5 – 30 <2 < 0,5 <2 Tabela 3.29 : Análise química das águas residuais de processo não tratadas Perdas/resíduos de processo — podem surgir quebras de produtos durante várias fases do processo produtivo (em particular na conformação, secagem, cozedura e subsequente tratamento); — podem surgir lamas resultantes da preparação de matérias-primas (em particular lavagem de unidades) da lavagem das unidades de vidragem e também da moagem por via húmida; — resíduos tais como plásticos, restos de papel e metal que resultam dos processos de embalagem; — poeiras, lamas e agentes de sorção usados nas unidades de tratamento de efluentes gasosos (off-gases). Parte das perdas de processo acumuladas acima mencionadas podem ser recicladas e reutilizadas na fábrica se cumprirem com especificações de produto ou requisitos processuais. Os materiais que não possam ser reciclados internamente são transportados para reutilização em outras indústrias ou são fornecidos a instalações externas de reciclagem de resíduos ou de deposição de resíduos [4, UBA, 2001], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005]. A quantidade e a composição das lamas resultantes das unidades de tratamento de águas residuais de processo varia considera- 110 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva velmente devido aos diferentes tipos de processo de produção. A tabela seguinte mostra as variações dos principais componentes químicos das lamas [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [10, Navarro, 1998]. Substância Intervalo de valores (% peso) Substância Intervalo de valores (% peso) 40 – 60 5 – 15 0 – 10 0,1 – 5,0 5 – 15 0,5 – 3,0 0,5 – 3,0 K20 TiO2 ZnO BaO PbO ZrO2 0,5 – 3,0 0–7 1–8 0,1 – 3,0 0,1 – 15 1 - 15 SiO2 Al203 B203 Fe203 CaO MgO Na2O Tabela 3.30 : Gamas dos principais componentes químicos da lama (fabrico de ladrilhos e azulejos) A quantidade de lamas produzidas numa instalação de ladrilhos e azulejos varia entre os 0,09 – 0,15 kg/m2 de produto acabado em base seca. Para um produto com uma massa de 15 – 20 kg/m2, este valor corresponde a 0,4 – 1,0 % (quilograma de lama seca/quilograma de produto cerâmico). 3.3.5.2 Dados relativos a consumo Consumos de energia na secagem por atomização Os valores típicos de consumo energético para o processo de secagem por atomização de azulejos e ladrilhos variam entre os 980 – 2.200 KJ/kg [23, TWG Ceramics, 2005]. Consumos de energia na secagem A energia necessária para o aquecimento dos queimadores nos secadores é geralmente baixa, uma vez que o calor residual do forno é recuperado para aquecimento. Os secadores aquecidos a energia eléctrica só funcionam até certo ponto. O fluxo de efluentes gasosos de um secador alimentado a energia eléctrica é apenas entre 100 e 300 m3/h [4, UBA, 2001]. Os valores típicos de consumo de energia térmica no processo de secagem de azulejos e ladrilhos estão na ordem dos 250 – 750 kJ/kg (baseado no poder calorífico inferior do gás natural e no volume de gás a 15ºC e 1.013 mbar). Relativamente a ladrilhos da classe Blb-II, são possíveis valores de consumo superiores a 1.400 kJ/kg [3, CERAME-UNIE, 2003]. Consumos de energia na cozedura Na tabela seguinte são comparados requisitos específicos de energia de diferentes tipos de fornos (fornos de túnel e de rolos). Os valores referem-se a uma temperatura de 1.150 ºC. As variações de energia necessárias são dadas para ladrilhos de monocozedura (1x) e para ladrilhos de bicozedura (2x) [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. Tipo de forno Intervalo de valor (kJ/kg) Forno de túnel (2x) Forno de túnel (1x) Forno de rolos (2x) 5920 - 7300 5420 – 6300 3400 – 4620 Forno de rolos (1x) 1900 – 4800 Tabela 3.31 : Exemplos de necessidades específicas de energia de diferentes fornos Neste contexto, veja-se também a Tabela 2.14 A tabela seguinte mostra uma comparação entre consumos específicos de energia térmica e energia eléctrica por fase do processo (etapa). Os dados referem-se às fábricas mais significativas italianas em termos de requisitos energéticos [6, Timellini, 2004]. Fase Preparação dos corpos cerâmicos Moldagem Secagem Cozedura Operação Moagem a seco Moagem por via húmida Atomização Prensagem Consumo específico de gás natural (GJ/t) 1,1 – 2,2 0,3 – 0,8 1,9 – 4,8 Tabela 3.32 : Comparação do consumo específico de energia térmica e energia eléctrica em cada etapa do processo Consumo específico de electricidade (GJ/t) 0,04 - 0,07 0,05 – 0,35 0,01 – 0,07 0,05 – 0,15 0,01 – 0,04 0,02 – 0,15 Consumo de água e matérias-primas Dependendo das matérias-primas usadas, do tipo de processo produtivo envolvido e das propriedades desejadas do produto, são empregues diferentes quantidades de água e matérias-primas. Por exemplo, na preparação de uma pasta por via seca, a matéria-prima para a pasta é moída a seco num moinho de martelos ou num moinho pendular. A mistura é então humidificada a 7 – 12% por peso seco. Neste caso, o material granulado é seco até atingir um teor em humidade de 6 – 7%. Na preparação de uma pasta por via húmida, a matéria-prima da pasta é moída por via húmida num moinho de bolas através da mistura de água até se obter um teor em humidade de 42 – 50% por peso seco. Ocorre subsequentemente granulação usando um meio de secagem por atomização e o material granulado é seco até que o conteúdo de humidade seja de 5 – 6%. Note-se que quando se usa um processo por via húmida, o consumo de água é cerca de quatro vezes superior ao processo a seco. Isto significa que a quantidade de água empregue, que pode ser reutilizada no processo de preparação da mesma pasta, é maior no método por via húmida do que no método a seco [10, Navarro, 1998], [23, TWG Ceramics, 2005]. 3.3.6 Louça utilitária e decorativa 3.3.6.1 Dados relativos a emissões O fabrico de cerâmica doméstica origina emissões para a atmosfera e para o meio aquático, perdas/resíduos de processo e também emissões de ruído. Nesta secção são apresentadas gamas de emissões atmosféricas poluentes nas principais fases. São também descritas emissões atmosféricas resultantes de outras fases, emissões para o meio aquático e perdas de processo. Emissões atmosféricas A tabela seguinte mostra parâmetros de funcionamento típicos e gamas de emissões de partículas de um atomizador na produção de granulados para prensagem para a indústria de cerâmica doméstica. Fonte de emissão Atomizador Caudal volumétrico de efluente gasoso (m3/h) Temperatura do efluente gasoso (°C) máx. 10 000 60 Parâmetro das emissões Concentração Partículas 20 – 30 mg/m3 Tabela 3.33 : Parâmetros de funcionamento e valores de emissão de partículas nos efluentes gasosos tratados de um atomizador As poeiras do atomizador são separadas num filtro ou numa combinação de um ciclone e um separador húmido. Neste contexto, deve mencionar-se que em muitas fábricas de cerâmica doméstica moderna os atomizadores já não são usados devido aos fornecedores entregarem pó atomizado com os parâmetros requeridos [4, UBA, 2001]. No processo de cozedura de chacota desenvolvem-se substâncias orgânicas devido à decomposição ou evaporação de agentes auxiliares, que são emitidos a temperaturas de aproximadamente 400 ºC na zona de pré-aquecimento do forno. Deste processo pode resultar benzeno numa concentração de 1 mg/m3 [3, CERAME-UNIE, 2003]. Na tabela seguinte são apresentadas variações de parâmetros de funcionamento (na secção superior da tabela) e as resultantes composições de efluente gasoso bruto provenientes da cozedura de cerâmica doméstica em fornos de túnel [4, UBA, 2001], [1, BMLFUW, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005], [27, VDI, 2004], [21, Almeida, 2004]. Fonte de emissão Caudal volumétrico de efluente gasoso (m3/h) Temperatura do efluente gasoso (°C) Forno de túnel 3500 - 8000 130 – 200 Parâmetro das emissões Concentração (mg/m3) Concentração (mg/m3) Cozedura Partículas NOx expressas como NO2 Compostos gasosos de flúor expressas como HF Substâncias orgânicas expressas como C total Cozedura de chacota 0,3 –6,0 13 – 110 1 – 35 máx. 40*) Cozedura do vidrado 0,3 – 6,0 20 – 150 0,3 – 23 3 – 18 *) No caso de prensagem isostática: máx. 100 mg/m3 Tabela 3.34 : Valores de efluente gasosos e respectivos parâmetros de auxiliares do processo de cozedura de cerâmica doméstica 111 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 112 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Os compostos gasosos inorgânicos fluorados, enumerados na Tabela 3.34, desenvolvem-se a temperaturas entre os 700 e os 800 ºC devido à decomposição de certas substâncias das matérias-primas. A progressão das emissões de fluoretos de um forno de túnel é contínua devido à cozedura contínua. Na tabela seguinte são apresentados parâmetros de funcionamento (na secção superior da tabela) e os correspondentes valores de efluente gasoso bruto e tratado (concentrações de partículas e HF) resultantes do processo de cozedura de cerâmica doméstica num forno de túnel num processo de monocozedura. Neste processo especial de produção os produtos são apenas cozidos uma vez e o pré-aquecimento é desnecessário. A cozedura demora 20 horas a uma temperatura de 1.260 ºC e os efluentes gasosos do forno são tratados com um sistema de filtro de cal [13, SYKE, 2004], [17, Burkart, 2004], [22, SYKE, 2004]. Fonte de emissão Forno de túnel Caudal volumétrico de efluente gasoso (m3/h) Temperatura do efluente gasoso (°C)*) O2 (%)*) Parâmetro das emissões 20 000 137 – 156 17,1 – 18,1 Concentração de efluente gasoso bruto (mg/m3) **) Concentração de efluente gasoso tratado (mg/m3) Partículas Compostos gasoso de flúor expresso como HF 0,9 7,0 0,9 0,224 – 0,293*) *) Três medições **) Temperatura do efluente gasoso e teor de O2 não especificados Tabela 3.35 : Valores de efluente gasoso bruto e tratado de um processo de cozedura de cerâmica doméstica Em fornos que funcionam periodicamente, como os fornos intermitentes, são emitidas maiores quantidades de compostos fluorados inorgânicos compostos a temperaturas entre os 800 e os 1.500 ºC e o caudal de efluentes gasosos ronda os 5.000 a 20.000 m3/h. Os efluentes gasosos dos processos de cozedura de cerâmica doméstica contêm também outras substâncias poluentes da atmosfera como CO, CO2 e SOX e se os produtos forem cozidos num processo decorativo adicional, as emissões resultantes da cozedura da decoração também têm de ser tidas em consideração. Colas e ligantes de transferência de imagens ou alcatrão das cores da pintura são queimados durante a cozedura da decoração. Neste processo surgem substâncias orgânicas de cheiro intenso. Podem ocorrer emissões adicionais de metais pesados dos pigmentos cromáticos inorgânicos (óxidos de metais pesados). A tabela seguinte mostra sistemas típicos de pigmentos empregues como cores decorativas [4, UBA, 2001]. Cor Resistência à temperatura de 800 °C Resistência à temperatura de 1200 °C Verde Azul Amarelo Preto Cinzento Castanho Óxido de crómio, espinela de cobalto-crómio Espinela de alumínio-zinco-crómio-cobalto, fusão de cobalto Amarelo chumbo-antimónio Espinela com ferro, cobalto, níquel, manganésio, crómio, cobre, vanádio, etc. Cinzento estanho-antimónio, cinzento zircónio-(cobalto-níquel) Espinela de ferro, crómio, zinco, manganésio, óxido de ferro Vermelho Branco Púrpura de Cassius, vermelho cádmio-(enxofre, selénio) Óxido de cério, óxido de titânio Azul zircónio-vanádio Amarelo estanho-vanádio Rosa zircónio-ferro Rosa estanho-crómio-(cálcio, silício), pig. vermelho cádmio Óxido de estanho, silicato de zircónio Tabela 3.36 : Sistemas de pigmentação cerâmica utilizada nas cores de decoração A tabela seguinte mostra variações de parâmetros de funcionamento e concentrações em massa de componentes de metais pesados resultantes do processo de cozedura de decoração na cerâmica doméstica [4, UBA, 2001]. Fonte de emissão Caudal volumétrico de efluente gasoso (m3/h) Temperatura do efluente gasoso (°C) Forno de cozedura da decoração 1000 - 3000 ~ 100 Componente de metal pesado 113 Concentração (mg/m3) Chumbo Cádmio Cobalto Níquel 0,002 – 2,750 0,003 – 0,070 0,054 – 0,260 0,060 – 0,400 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica Tabela 3.37 : Concentração de metais pesados no efluente gasoso bruto oriundas da cozedura da decoração As emissões atmosféricas ocorrem não só durante os processos de atomização secagem e cozedura, mas também durante outras fases do processo de fabrico [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]: — durante o armazenamento e transporte interno de matérias-primas, as emissões resultam do armazenamento, pesagem, transporte e das unidades de manuseamento; — os processos de preparação a seco de matérias-primas causam emissões de poeiras; — o processo de conformação de pó seco (prensagem) causa emissões de poeiras; — em certas circunstâncias, as emissões gasosas podem surgir dos processos de secagem. Se for empregue demasiado calor do forno no processo de secagem de produtos em verde, o qual inclui efluentes gasosos da zona de cozedura e se não houver sistemas de aquecimento fechados, podem surgir emissões de fluoretos; — Consoante a técnica de vidragem ou engobagem aplicada, podem surgir emissões de poeiras destes processos; — alguns produtos são rectificados após o processo de cozedura. Por isso, podem resultar poeiras do processo de rectificação a seco. Emissões para o meio aquático Na produção de cerâmica doméstica, a água residual de processo surge durante a lavagem das unidades de preparação de matérias-primas e das unidades de conformação por enchimento, dos processos de vidragem e decoração, bem como dos processos de desidratação com filtro-prensas e filtros rotativos ou da moagem húmida. Esta água residual de processo contém os mesmos componentes das matérias-primas [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. A tabela seguinte mostra a análise da água residual de processo de fabrico de louça de mesa de porcelana [4, UBA, 2001], [1, BMLFUW, 2003]. O tratamento da água residual de processo é feita por homogeneização, floculação, sedimentação, filtração em leito arenoso e osmose reversa para redução da quantidade de água residual de processo. Parâmetro Unidade pH Condutividade Dureza total Resíduo sólido resultante da evaporação a 135°C Cloro Sulfato Fosfato Ácido sílicio Cálcio Magnésio Boro Zinco Chumbo Cádmio Cr, Cu, Ni, Co AOX CQO μS/cm Dh mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l À saída do processo Após o endurecimento Após filtro de areia Concentrado após osmose inversa Permeabilidade após osmose inversa 7,5 750 12,0 1500 150 100 80,0 200 70 9 2,0 4500 250000 60 < 0,05 0,001 30 7,5 700 11,5 550 150 100 2,0 15 70 7 1,0 < 100 200 2 < 0,05 - 7,5 680 12,0 500 130 110 1,0 10 65 7 1,0 < 100 60 2 < 0,05 - 8,0 950 15,0 820 245 280 1,5 25 245 23 3,1 < 100 110 3 < 0,05 0,007 45 6,5 8 < 0,5 60 <5 < 10 0,4 < 0,1 0,3 < 0,1 < 0,1 < 100 < 10 <1 < 0,05 < 0,001 < 15 Tabela 3.38 : Análise das águas residuais de processo de uma fábrica de louças de porcelana 114 Outro exemplo da análise de água residual de processo de uma fábrica de cerâmica doméstica, a qual opera principalmente com processos de cozedura única e onde a água residual de processo surge principalmente do processo de vidragem e preparação da pasta, é mostrado na tabela seguinte [13, SYKE, 2004], [17, Burkart, 2004], [22, SYKE, 2004]. Parâmetro COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva pH CBO7 CQOcr, O2 Sólidos em suspensão Cd Co Cr Cu Pb Zn Mn Unidade Concentração antes do tratamento Concentração após o tratamento Redução mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l 8,9 7,4 142 8100 0,0015 12,0 0,130 0,110 0,190 4,0 0,200 7,9 5,4 25 4,4 < 0,0005 0,020 0,004 0,029 < 0,010 0,220 0,035 27,0 % 82,4 % 99,95 % > 66,7 % 99,83 % 96,9 % 73,6 % > 94,7 % 94,5 % 82,5 % Tabela 3.39 : Análise das águas residuais de processo de uma fábrica de cerâmica doméstica A lavagem das águas residuais de processo é feita por um processo de precipitação físico-química que consiste nos seguintes passos: — bacia de equalização; — adição de precipitador químico e mistura rápida; — floculação; — adição de um polímero catiónico e floculação; — sedimentação; — espessamento da lama; — secagem da lama com um filtro de pressão. A água tratada consiste no excedente proveniente da bacia de sedimentação e o correspondente volume de água residual é 145 m3/dia. Perdas/resíduos de processo — podem surgir perdas de produtos durante várias fases do processo produtivo (em particular na conformação, secagem, cozedura e tratamento subsequente); — podem surgir lamas resultantes da preparação de matérias-primas (em particular da lavagem de unidades), da lavagem de unidades de vidragem e de conformação e também da moagem por via húmida; — podem provir moldes de gesso usados e partidos da aplicação de processos de enchimento por barbotina; — resíduos tais como plásticos, restos de papel e metal resultam dos processos de embalagem; — há acumulação de poeiras, lamas e agentes usados de sorção nas unidades de tratamento de efluentes gasosos (off-gases). Parte das perdas de processo acima mencionadas podem ser recicladas e reutilizadas dentro da fábrica se cumprirem com as especificações de produção ou os requisitos processuais. Os materiais que não possam ser reciclados internamente são transportados para reutilização noutras indústrias ou são fornecidos a instalações externas de reciclagem de resíduos ou de deposição de resíduos [4, UBA, 2001], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. As lamas brancas do tratamento das águas residuais de processo consistem numa mistura de caulino, outras matérias-primas tradicionais cerâmicas e algum gesso. Uma análise às lamas brancas mostra os seguintes componentes: SiO2 (66 – 70%), Al2O3 (18 – 20%), Na2O (0,1 – 2%), K2O (3 – 3,5%), CaO (1 – 3%) [4, UBA, 2001]. 3.3.6.2 Dados relativos a consumo Consumos de energia A tabela seguinte mostra dados relativos a consumo de energia térmica e eléctrica de um fabricante de louça de mesa de porcelana [1, BMLFUW, 2003]. Parâmetro Consumo de energia eléctrica Consumo de energia térmica Unidade Valores MJ/kg de produto MJ/kg de produto 4,5 70 115 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica Tabela 3.40 : Dados de consumo de energia eléctrica e energia térmica de uma fábrica de louças de mesa de porcelana Neste contexto, ver também as Tabelas 2.17 e 2.18. Consumos de água e matérias-primas A figura, um diagrama de fluxo, seguinte mostra exemplos de dados relativos a consumo de água e matérias-primas para louça de mesa [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. Pode ser visto o fluxo de produtos não decorados, pré-secos por filtro-prensas e produção em máquinas (“jiggering machines”). Vidrado Caulino Feldspato 115 kg Água 554 kg 760 kg Lascamento 855 kg Gás natural 3341 kg Preparação e moldagem 1709 kg Caco (Loiça danificada) 106 kg Água de filtragem 2771 kg Perdas de peneiração Secagem Ar Gás natural Ar Água Gás natural Ar Cozedura (Cozedura de biscoito) Vidragem Cozedura (Cozedura do vidrado) Efluentes gasosos Caco (Loiça danificada) Efluentes gasosos Caco (Loiça danificada) Águas residuais de processo Caco (Loiça danificada) Efluentes gasosos Caco (Loiça danificada) 1000 kg Cerâmica doméstica Figura 3.7 : Exemplo do fluxo de massa no fabrico de loiças domésticas 3.3.7 Louça Sanitária 3.3.7.1 Dados relativos a emissões As emissões atmosféricas e para o meio aquático, perdas/resíduos de processo e também as emissões de ruído surgem na produção de louça sanitária. Nesta secção são apresentadas gamas de emissões atmosféricas poluentes nas principais fases. São também descritas emissões atmosféricas resultantes de outras fases, emissões para o meio aquático (água) e perdas de processo. Emissões atmosféricas A louça sanitária é cozida em fornos de túnel ou rolos. Produções de pequena escala são cozidas em fornos intermitentes operados periodicamente (de forma intermitente). A tabela seguinte mostra as composições relevantes de efluente gasoso bruto e efluente tratado bem como dados do funcionamento (na secção superior da tabela) de um forno de túnel operado numa fábrica típica de louça sanitária. Neste exemplo, os efluentes gasosos são tratados por um processo de sorção a seco utilizando módulos adsorventes planares em forma de alvéolo (tipo favo de mel) num contentor de aço [4, UBA, 2001]. 116 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Fonte de emissão Forno de túnel Caudal volumétrico de efluente gasoso (m3/h) Temperatura do efluente gasoso (°C) Parâmetro das emissões 9100 140 – 180 Concentração de efluente gasoso bruto (mg/m3) **) Concentração de efluente gasoso tratado (mg/m3) 10 30 200 1,3 – 3,6 3 20 200 0,4 – 1,5 Partículas NOx expressos como NO2 CO Compostos gasosos inorgânicos de flúor expressos como HF Tabela 3.41 : Exemplos da composição de gás bruto e gás depurado libertados por um forno de túnel A tabela seguinte mostra variações de concentrações de efluente gasoso bruto em fornos de túnel e por interminentes (referência a 18% combustível O2: gás natural) [1, BMLFUW, 2003], [22, SYKE, 2004], [23 TWG Ceramics, 2005]. Parâmetro das emissões Concentração (mg/m3) Concentração (mg/m3) Forno de túnel 1 – 20 10 - 50*) 1 - 25 1 – 30 1 - 100 Forno intermitente £ 40 10 - 50 £ 80 £ 90 n.d Fonte de emissão Partículas NOx expressos como NO2 Compostos gasosos inorgânicos de cloro expressos como HCl Compostos gasosos inorgânicos de flúor expressos como HF SO2**) *) Com mistura de combustível GPL/fuelóleo pesado até 90 mg/m3 de NO2 **) Com mistura de combustível GPL/Fuelóleo pesado Tabela 3.42 : Concentração de efluente gasoso tratado em fornos de túnel e fornos intermitentes A tabela seguinte mostra exemplos de concentrações de efluente gasoso tratado de duas fábricas de louça sanitária. Os valores de efluente gasoso tratado foram obtidos depois da primeira cozedura em fornos de túnel e o tratamento dos efluentes gasosos com um sistema de colunas de adsorção de leito de calcário compactado (referência a 18% O2; combustível: gás natural) [1, BMLFUW, 2003]. Parâmetro das emissões Fábrica 1 Concentração (mg/m3) Fábrica 2 Concentração (mg/m3) 3,2 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 0,8 0,8 6,0 5,0 20 Partículas Cobalto Níquel Crómio Manganésio Vanádio Estanho Antimónio Compostos gasosos inorgânicos de flúor expressos como HF Compostos gasosos inorgânicos de cloro expressos como HCl SOx na forma de SO2 Tabela 3.43 : Exemplos de concentração de efluente gasoso tratado de duas fábricas de louças sanitárias As emissões atmosféricas não ocorrem apenas durante o processo de cozedura, mas também durante estas outras fases do processo de fabrico [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]: — durante o armazenamento e transporte interno de matérias-primas, as emissões resultam do armazenamento, pesagem, transporte e das unidades de manuseamento; — emissões de poeiras surgem de processos de preparação a seco de matérias-primas; — em certas circunstâncias, as emissões gasosas podem surgir dos processos de secagem. Se for empregue demasiado calor do forno no processo de secagem de produtos em verde, o qual inclui efluentes gasosos da zona de cozedura e se não houver sistemas de aquecimento fechados, podem surgir emissões de fluoretos; — as emissões de poeiras podem advir do processo de vidragem por pulverização; — os processos de polimento e rectificação a seco podem causar emissões de poeiras. Emissões para o meio aquático No fabrico de louças sanitárias, a água residual de processo surge durante o processo de lavagem das unidades de preparação das matérias-primas e conformação por enchimento, do processo de vidragem ou da moagem por via húmida. Esta água residual de processo contém os mesmos componentes que as matérias-primas e pode ser reutilizada (principalmente como água de lavagem) [23, TWG Ceramics, 2005]. A tabela seguinte mostra um exemplo de concentrações de água residuais de processo tratadas e as correspondentes cargas diárias e uma fábrica de louça sanitária (amostra de composta após sedimentação) [1, BMLFUW, 2003]. Parâmetro Concentração (mg/l) Carga (g/dia) Zinco Níquel Chumbo Cobre Crómio Crómio VI Cobalto Estanho Cádmio Antimónio Bário Sulfato pH 0,05 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,05 < 0,01 < 0,01 < 0,005 < 0,01 0,32 53 7,7 1,0 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,01 < 0,2 < 0,2 < 0,1 < 0,2 6,4 1060 - Tabela 3.44 : Concentração de poluentes nas águas residuais tratadas Perdas/resíduos de processo — podem surgir perdas de produtos durante várias fases do processo produtivo (em particular na conformação, secagem, cozedura e subsequente tratamento); — podem surgir lamas resultantes da preparação de matérias-primas (em particular da lavagem de unidades), da lavagem de unidades de vidragem e conformação por enchimento e também da moagem por via húmida; — podem provir moldes de gesso usados e partidos da aplicação de processos de enchimento por barbotina; — resíduos tais como plásticos, restos de papel e metal que resultam dos processos de embalagem; — há acumulação de poeiras, lamas e agentes usados de sorção nas unidades de tratamento de efluentes gasosos (off-gases). Parte das perdas de processo acima mencionadas podem ser recicladas e reutilizadas dentro da fábrica se cumprirem com as especificações de produção ou os requisitos processuais. Os materiais que não possam ser reciclados internamente são transportados para reutilização em outras indústrias ou são fornecidos a instalações externas de reciclagem de resíduos ou de deposição de resíduos [4, UBA, 2001], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005]. As lamas brancas do tratamento das águas residuais de processo consistem numa mistura de caulino, outras matérias-primas tradicionais cerâmicas e algum gesso. Uma análise às lamas brancas mostra os seguintes componentes: SiO2 (66 – 70%), Al2O3 (18 – 20%), Na2O (0,1 – 2%), K2O (3 – 3,5%), CaO (1 – 3%) [4, UBA, 2001]. 3.3.7.2 Dados relativos a consumo Consumos de energia Na tabela seguinte são apresentadas gamas de consumos específicos energéticos necessários e parâmetros de funcionamento posteriores de diferentes fornos. [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2003], [27, VDI, 2004]. 117 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 118 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Componente das emissões Temperatura (°C) Forno de túnel clássico Forno de túnel moderno com isolamento de fibras leves Forno de rolos Forno intermitente moderno, cozedura de retoque Forno intermitente moderno, primeira cozedura Tempo de Cozedura (h) Necessidade especíca de energia (kJ/kg) 1230 – 1270 1230 -1260 1230 -1260 1180 - 1220 1240 - 1260 16 – 24 10 – 18 8 – 12 12 – 23 12 - 23 Débito (t/h) 9100 – 12000 4200 – 6700 3500 – 5000 8300 – 10400 9200 - 11300 0,8 – 1,0 1,0 – 2,0 0,8 – 1,0 5 – 15*) 5 – 15*) *) resp. (t/ciclo) Tabela 3.45 : Parâmetros de funcionamento e débito de diferentes fornos Neste contexto, ver também as Tabelas 2.21, 2.22 e 2.23. A tabela seguinte mostra exemplos de dados relativos a consumos de energia térmica e eléctrica de três fábricas de louça sanitária [1, BMLFUW, 2003]. Parâmetro Capacidade de produção Utilização de matérias-primas Consumo de energia eléctrica Consumo de energia térmica Unidade Fábrica 1 Fábrica 2 Fábrica 3 t/ano t/ano MJ/kg de produto MJ/kg de produto 10 000 17 000 0,36 30 5120 7801 3,32 22 2900 3500 3,16 28 Tabela 3.46 :Dados de consumo de energia Consumo de água e matérias-primas Na figura seguinte, são apresentados exemplos de dados relativos a consumos de água e matérias-primas para a produção de louça sanitária. [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. Os produtos são feitos de porcelana vítrea (“vitrous china”) e a conformação dá-se por enchimento com barbotina de moldes de gesso. Vidrado Caulino e argila Matérias-primas duras 80 kg Água 569 kg 631 kg 195 kg Preparação Reciclagem da barbotina 2200 kg Homogeneização da barbotina 1465 kg Moldagem (moldação da barbotina) Águas residuais de processo 1385 kg Gás natural Ar Secagem e tratamento branco 1165 kg Água Vidragem Efluentes gasosos Lascamento 80 kg Águas residuais de processo Caco (Loiça danificada) 1135 kg Gás natural Ar Efluentes gasosos Cozedura 1000 kg Cerâmica doméstica Cerâmica técnica Imagem 3.8 : Exemplo do fluxo de massa no fabrico de loiças sanitárias Caco (Loiça danificada) 3.3.8 Dados relativos a emissões As emissões atmosféricas e para o meio aquático, perdas/resíduos de processo e também as emissões de ruído surgem na 3.3.8.1 produção de cerâmica técnica. Nesta secção são apresentadas gamas de emissões atmosféricas poluentes na cozedura de electroporcelana (“electroporcelain”). São também descritas emissões atmosféricas resultantes de outras fases, emissões para o meio aquático e perdas de processo. Emissões atmosféricas A tabela seguinte mostra gamas de concentrações de efluente gasoso bruto e fluxos de massa dos fornos intermitentes durante a cozedura de isoladores eléctricos [1, BMLFUW, 2003]. Parâmetro das emissões1) Poeiras NOx expressos como NO2 Compostos gasosos inorgânicos de cloro expressos como HF Concentração (mg/m3) Débito volumétrico (g/h) 20 – 30 20 – 120 máx. 120 máx. 600 máx. 2400 máx. 2400 1) ref. a 18 % em vol. de O2 Tabela 3.47 : Concentrações de efluente gasoso bruto durante a cozedura de isolantes eléctricos A tabela seguinte mostra exemplos de concentrações de efluentes gasosos de um forno intermitente durante a cozedura de isoladores eléctricos. O forno (ver também a Secção 2.3.8) não está equipado com um sistema de tratamento de efluentes gasosos [1, BMLFUW, 2003]. Componente das emissões CO NOx na forma de NO2 Compostos gasosos inorgânicos de flúor expressos como HF Compostos gasosos inorgânicos de cloro expressos como HCl SOx na forma de SO2 Matéria orgânica Concentração (mg/m3) Caudal mássico (g/h) 91 39 11,3 2,5 2,8 6,3 658 282 82 18 20 45 1) ref. a 18 % em vol. de O2, nenhuma medição de partículas/poeiras Tabela 3.48 : Concentrações de efluente gasoso de um forno intermitente durante o processo de cozedura de isoladores eléctricos Não estão disponíveis dados relativos a emissões atmosféricas resultantes dos processos de cozedura de outros produtos de cerâmica técnica, mas se a pasta cerâmica técnica contiver aditivos orgânicos, também podem surgir COV durante o processo de cozedura [17, Burkart, 2004]. As emissões atmosféricas ocorrem não só durante o processo de cozedura, mas também durante outras fases do processo de produção [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [24, VKI-Germany, 2004]: — durante o armazenamento e transporte interno de matérias-primas, as emissões resultam do armazenamento, pesagem, transporte e das unidades de manuseamento; — emissões de poeiras surgem de processos de preparação a seco de matérias-primas; — emissões de poeiras surgem do processo de conformação de pó seco (prensagem); — emissões de poeiras podem surgir de processos de rectificação a seco (“green/white/hard machining”); — podem surgir emissões de poeiras resultantes dos processos de vidragem e engobagem, dependendo da técnica de vidragem ou engobagem aplicada; — em certas circunstâncias, as emissões gasosas podem surgir dos processos de secagem. Se for empregue demasiado calor do forno no processo de secagem de produtos em verde, o qual inclui efluentes gasosos da zona de cozedura e se não houver sistemas de aquecimento fechados, podem surgir emissões de fluoretos; — são possíveis emissões gasosas, especialmente COV, de processos de aquecimento e pré-cozedura. Emissões para o meio aquático Na produção de cerâmica técnica, a água residual de processo surge durante o processo de lavagem das unidades de preparação das matérias-primas e de triagem, do processo de vidragem ou da rectificação húmida. Esta água residual de processo contém os mesmos componentes que as matérias-primas [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [24, VKI-Germany, 2004]. 119 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 120 A tabela seguinte mostra concentrações de poluentes na água residual de processo de um fabricante de isoladores eléctricos (ver também Secção 2.3.8) após floculação, decantação com uma placa deflectora e filtração com um filtro-prensa de câmara (cinco amostras compostas diárias) [1, BMLFUW, 2003). Componente das emissões COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Matéria filtrável Alumínio Ferro-II Ferro-III Ferro total Fluoreto CQO COT pH Concentração (mg/l) < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,05 8,12 22 < 0,1 2,64 0,33 19 1,60 6,24 36 < 0,1 1,15 5,87 53 < 0,1 0,056 6,65 15 0,90 0,1481 7,37 Tabela 3.49 : Concentrações em águas residuais de processo tratadas provenientes de uma fábrica de isoladores eléctricos A tabela seguinte mostra concentrações de poluentes na água residual de processo de um fabricante de isoladores eléctricos após floculação sem filtração (amostra qualificada) [23, TWG Ceramics, 2005). Parâmetro pH Matéria em suspensão CQO COT AOX Crómio (total) Chumbo Cádmio Cobre Níquel Zinco Alumínio Cobalto Unidade Valor mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l 7,2 <3 53 15 0,02 < 0,01 < 0,05 < 0,005 < 0,01 < 0,1 0,3 0,23 0,016 Tabela 3.50 : Concentrações em águas residuais de processo provenientes de uma fábrica de isoladores eléctricos após floculação A tabela seguinte mostra concentrações de poluentes na água residual de processo tratada de um fabricante de produtos de piezocerâmica após filtração final em tratamento de intermitente (amostra qualificada) [23, TWG Ceramics, 2005]. Parâmetro pH Matéria em suspensão CQO COT AOX Chumbo Cádmio Cobre Níquel Zinco Antimónio Unidade Valor mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l 8,0 <3 597 200 < 0,1 < 0,1 < 0,01 < 0,01 < 0,1 0,04 < 0,02 Tabela 3.51 : Concentrações em águas residuais de processo tratadas provenientes de uma fábrica de produtos piezocerâmicos Não existem dados relativos a emissões para o meio aquático provenientes da produção de outras cerâmicas técnicas. Perdas/resíduos de processo — podem surgir perdas de produtos durante várias fases do processo de produção (em particular na conformação, secagem, cozedura e rectificação); — podem surgir lamas da preparação de matérias-primas (lavagem de unidades), da lavagem das unidades de conformação por enchimento, da vidragem e engobagem e também da moagem por via húmida; — podem surgir moldes de gesso usados e partidos da aplicação de processos de enchimento por barbotina; — podem surgir emulsões da rectificação a partir do tratamento da superfície mecânica; — resíduos tais como plásticos, restos de papel e metal resultam dos processos de embalagem; — há acumulação de poeiras, lamas e agentes usados de sorção nas unidades de tratamento de efluentes gasosos (off-gases). Partes das perdas de processo acima mencionadas podem ser recicladas e reutilizadas dentro da fábrica se cumprirem com as especificações de produção ou os requisitos processuais. Os materiais que não possam ser reciclados internamente são transportados para reutilização em outras indústrias ou são fornecidos a instalações externas de reciclagem de resíduos ou de deposição de resíduos [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [24, VKI-Germany, 2004]. 3.3.8.2 Dados relativos a consumo Consumo de energia A tabela seguinte mostra exemplos de dados relativos a consumos de energia térmica e eléctrica de duas fábricas produtoras de electroporcelana [1, BMLFUW, 2003]. Parâmetro Consumo de energia eléctrica Consumo de energia térmica Unidade Fábrica 1 Fábrica 2 MJ/kg de produto MJ/kg de produto 25 0,94 15,30 Tabela 3.52 : Dados de consumo de energia de duas fábricas de electroporcelana O consumo específico de energia térmica de um forno intermitente com uma capacidade de 70 m3 e uma capacidade de produção de 10 – 25 toneladas de isoladores eléctricos por ciclo de cozedura atinge os 12.000 a 20.000 kJ/kg [1, BMLFUW, 2003]. Não estão disponíveis dados relativos a consumo de energia dos processos de produção de outras cerâmicas técnicas. Consumos de água e matérias-primas A tabela seguinte mostra gamas de dados de composições de matérias-primas para a produção de electroporcelana (porcelana de alumina). A variação da humidade atinge os 30 a 50% [23, TWG Ceramics, 2005]. Matéria-prima Caulino Argila Feldspato Quartzo Alumina Quantidade (%) 30 – 40 6 – 15 10 – 20 0 – 30 0 – 40 Tabela 3.53 : Composição das matérias-primas utilizadas no fabrico de electroporcelana Não estão disponíveis dados relativos a consumo de água e matérias-primas para os processos de produção de outras cerâmicas técnicas. 3.3.9 Ligantes abrasivos inorgânicos 3.3.9.1 Dados relativos a emissões As emissões atmosféricas e para o meio aquático, perdas/resíduos de processo e também as emissões de ruído surgem na produção de ligantes abrasivos inorgânicos. Nesta secção são apresentadas gamas de emissões atmosféricas poluentes na fase de cozedura e também emissões atmosféricas resultantes de outras fases. São descritas emissões para o meio aquático e perdas de processo. 121 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 122 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Emissões atmosféricas A tabela seguinte mostra exemplos de valores de efluentes gasosos de três fábricas onde se produzem ligantes abrasivos inorgânicos (ver também a Secção 2.3.9) [14, UBA, 2004], [30, TWG Ceramics, 2005]. Parâmetro das emissões Unidade Fábrica 11) Fábrica 22) Fábrica 33) CO2 Partículas COT T/ano mg/m3 mg/m3 372 12 < 43 143 < 15 39 216 < 15 < 40 1) Esta fábrica é um exemplo típico utilizado para o fabrico de abrasivos com ligante inorgânico (desde a preparação das matérias-primas à embalagem dos abrasivos). Os abrasivos são cozidos num forno a gás com uma capacidade de 10,4 m3 e uma densidade média de carga enfornada de 360 kg/m3. São utilizados os seguintes componentes de instalação : filtro de mangas para separação de partículas (em unidades de mistura e moagem e processos de acabamento), pós-combustão térmica do efluente gasoso proveniente do forno e das unidades de acabamento comuns. 2) Nesta fábrica, são fabricadas pequenas ferramentas de esmerilagem. A fábrica funciona num único turno e os abrsaivos são cozinhados em fornos intermitentes a electricidade. A fábrica possui três fornos intermitentes idênticos com um volume que pode atingir os 5,28 m3 cada (4,4 m3 de volume útil). A densidade da carga enfornada varia entre 700 e 1400 kg/m3 (os auxiliares de cozedura ocupam cerca de 33 a 50%). São utilizados os seguintes componentes de instalação: filtro de mangas para separação de partículas (em unidades de mistura e moagem e processos de acabamento), pós-combustão térmica do efluente gasoso proveniente dos fornos, tanques de sedimentação para águas residuais de processo provenientes da limpeza de agregados e unidades de acabamento comuns. 3) Esta fábrica é um exemplo de uma pequena unidade produtora de abrasivos com ligante inorgânico (as mós apresentam um diâmetro de 100 a 1000 mm). Os abrasivos são cozidos num forno intermitente a gás com uma capacidade de 5 m3 e uma densidade de carga enfornada do aglomerado vitrificado entre 70 e os 140 kg/m3 (ver Secção 2.3.9.5). São utilizados os seguintes componentes de instalação: filtros de mangas para separação de partículas nas unidades de mistura e moagem e nos processos de acabamento. Tabela 3.54 : Exemplos de valores de efluente gasoso em três fábricas onde são produzidos abrasivos com ligante inorgânico As emissões atmosféricas ocorrem não só durante os processos de cozedura, mas também durante outras fases do processo de fabrico [14, UBA, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]: — podem surgir emissões de poeiras da preparação das matérias-primas e dos processos de mistura e prensagem; — podem surgir emissões de poeiras de processos de moagem a seco. Emissões para o meio aquático O fabrico de ligantes abrasivos inorgânicos apenas resulta em pequenas quantidades de água residual de processo. Em alguns casos, é até possível que o fabrico decorra sem águas residuais (limpeza das unidades da instalação através do aquecimento e acção abrasiva dos contaminantes). Nos casos em que ocorre água residual de processo, esta resulta predominantemente da lavagem de unidades das instalações [14, UBA, 2004]. Perdas/resíduos de processo — podem surgir perdas (quebras) de produtos durante várias fases do processo produtivo (em particular na conformação, secagem, cozedura e tratamento subsequente); — podem surgir lamas, em particular, da lavagem de unidades; — podem surgir emulsões da rectificação a partir da conformação e do tratamento da superfície mecânica; — resíduos tais como plásticos, restos de papel e metal resultam dos processos de embalagem; — há acumulação de poeiras, lamas e agentes usados de sorção nas unidades de tratamento de efluentes gasosos (off-gases). Partes das perdas de processo acima mencionadas podem ser recicladas e reutilizadas dentro da fábrica devido às especificações de produção ou aos requisitos processuais. Os materiais que não possam ser reciclados internamente são transportados para reutilização noutras indústrias ou são fornecidos a instalações externas de reciclagem de resíduos ou de deposição de resíduos [14, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. 3.3.9.2 Dados relativos a consumo Consumo de energia Na tabela seguinte são apresentados dados dos consumos totais de energia de três fabricantes de ligantes abrasivos inorgânicos mencionados na Tabela 3.54 [14, UBA, 2004], [30, TWG Ceramics, 2005]. Parâmetro Unidade Fábrica 1 Fábrica 2 Fábrica 3 Consumo de energia eléctrica Consumo de gás natural KWh/ano KWh/ano 150000 1850000 1540000 946000 175000 1000000 Tabela 3.55 : Síntese do consumo global de energia de três fábricas de abrasivos com ligante inorgânico Consumo de água e matérias-primas Na tabela seguinte são apresentados dados dos consumos de água e matérias-primas de três fabricantes de ligantes abrasivos inorgânicos mencionados na Tabela 3.54 [14, UBA, 2004], [30, TWG Ceramics, 2005]. Entrada (input) Saída (output) Fábrica 1 (t/ano) Fábrica 2 (t/ano) Fábrica 3 (t/ano) Produto Poeiras abrasivas Objectos danificados2) 216 35,2 15,2 253,6 32 7 440 110 41,8 17,6 550 55 7 153 17 7 170 26 4 Grãos abrasivos Agentes ligantes Aditivos1) Veios e mangas de aço 1) Tabela 3.56 : Dados de consumo de matérias-primas de três fábricas de abrasivos com ligante inorgânico Decompõem-se parcialmente durante o processo de cozedura 2) Incluem auxiliares de cozedura danificados 123 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 124 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 4. Técnicas a ter em consideração na determinação das MTD no Fabrico de Produtos Cerâmicos 4.1 4.1.1 4.1.2 4.1.3 4.1.4 4.1.5 4.2 4.2.1 4.2.2 4.2.3 4.2.3.1 4.2.3.2 4.2.3.3 4.2.3.4 4.2.3.5 4.3 4.3.1 4.3.2 4.3.3 4.3.3.1 4.3.3.2 4.3.3.3 4.3.3.4 4.3.4 4.3.4.1 4.3.4.2 4.3.4.3 4.3.4.4 4.3.4.5 4.3.4.6 4.3.5 4.3.5.1 4.3.5.2 4.3.6 4.4 4.4.1 4.4.2 4.4.3 4.4.4 4.4.5 4.4.5.1 4.4.5.2 Redução do consumo de energia (eficiência energética) Melhorar a concepção dos fornos e secadores Recuperação do calor em excesso dos fornos Instalações de co-geração/produção combinada de calor e electricidade Substituição de fuelóleo pesado e de combustíveis sólidos por combustíveis com baixos níveis de emissões Alteração dos corpos cerâmicos Emissões de poeiras (partículas) Medidas aplicáveis às operações que produzem poeiras Medidas aplicáveis às zonas de armazenagem a granel Sistemas de separação/filtração Separadores centrífugos Filtros de mangas Filtros laminares sinterizados Separadores por via húmida de partículas Precipitadores electrostáticos (PE) Compostos gasosos Redução da entrada dos precursores dos poluentes Utilização de aditivos ricos em cálcio Optimização dos processos Técnicas de optimização das curvas de cozedura Redução dos níveis de vapor de água dos gases dos fornos Combustão interna dos gases de carbonização Queimadores de baixas emissões de NOx Instalações de depuração - sorção (adsorventes, absorventes) Colunas de adsorção em cascata Sistemas de adsorção modular Tratamento por via seca de efluentes gasosos com um filtro (filtro de mangas ou precipitador electrostático) Tratamento a húmido dos efluentes gasosos Filtros de carvão activado Depuradores biológicos Pós-combustão Pós-combustão térmica Pós-combustão catalítica Exemplos de parâmetros de funcionamento, de eficácia, consumos e custos para diversas técnicas de lavagem dos efluentes gasosos Águas residuais de processo Utilização de água como matéria-prima Utilização de água como veículo de permutação de calor Utilização de água como agente de tratamento Utilização de água como agente de limpeza Objectivos e soluções para a redução das águas residuais de processo (emissões e consumo) Optimização dos processos Sistemas de tratamento das águas residuais de processo 127 127 128 129 130 131 132 132 133 134 134 134 136 137 138 139 139 140 142 142 143 143 144 145 145 147 148 150 152 152 152 152 154 155 158 158 158 158 158 158 158 159 4.5 Perdas de processo/resíduos 4.5.1 Lamas resultantes do fabrico de produtos cerâmicos 4.5.1.1 Sistemas de reciclagem de lamas 4.5.1.2 Reutilização de lamas noutros produtos 4.5.2 Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos 4.5.2.1 Considerações gerais relativas à reutilização das perdas de processo sólidas como matérias-primas 4.5.2.2 Considerações gerais sobre moldes de gesso, auxiliares de cozedura e peças partidas – evitar/ substituir/reduzir 4.6 Considerações gerais relativas ao ruído 4.7 Instrumentos de gestão ambiental 125 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 161 161 161 163 163 163 164 165 165 126 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Este capítulo apresenta as técnicas geralmente consideradas como tendo potencial para atingir um elevado nível de protecção ambiental nas indústrias que fazem parte do âmbito deste documento. Estão incluídos sistemas de gestão, técnicas integradas nos processos e medidas de fim de linha, mas existe uma certa sobreposição entre estas três tipologias quando se procuram os melhores resultados. Os procedimentos de prevenção,de controlo,de minimização e reciclagem também são considerados, assim como a reutilização dos materiais e resíduos e a energia. As técnicas tanto podem ser apresentadas individualmente como combinadas para alcançar os objectivos da directiva IPPC. O Anexo IV da Directiva enumera uma série de considerações gerais a serem tidas em conta ao determinar as MTD, e as técnicas referidas neste capítulo irão tratar de uma ou várias dessas considerações. Na medida do possível utiliza-se uma estrutura padrão para descrever cada técnica, de modo a permitir a comparação das técnicas e uma avaliação objectiva face à definição de MTD apresentada na Directiva. O conteúdo deste capítulo não é uma lista exaustiva de técnicas e podem existir ou ser desenvolvidas outras que também poderão ser válidas no quadro das MTD. Geralmente utiliza-se uma estrutura padrão para descrever cada técnica, tal como se mostra na Tabela 4.1. Tipo de informação considerada Tipo de informação incluída Descrição Benefícios ambientais obtidos Descrição técnica da técnica Principal(is) impacte(s) ambientais que são visados pela técnica (processo ou redução), incluindo os valores das emissões e o desempenho em termos de eficiência. Benefícios ambientais da técnica comparativamente com outras Quaisquer efeitos secundários e desvantagens causados pela implementação da técnica. Pormenores dos problemas ambientais da técnica comparativamente com outras Dados do desempenho relativamente a emissões/resíduos e consumos (matérias-primas, água e energia) Quaisquer outras informações sobre a forma de operar, manter e controlar a técnica, incluindo questões de segurança, restrições de aplicação ao funcionamento da técnica, qualidade dos produtos acabados, etc. Consideração dos factores envolvidos na aplicação e adaptação da técnica (p. ex., disponibilidade de espaço, especificidade em relação ao processo) Informações sobre os custos (investimento e funcionamento) e quaisquer possíveis poupanças (p. ex., redução do consumo de matérias-primas, taxas sobre resíduos) também relacionadas com a capacidade da técnica. Razões para a implementação da técnica (p. ex., outra legislação, melhorias na qualidade da produção) Referência a fábricas que utilizam a técnica Literatura para obtenção de informações mais detalhadas sobre a técnica Efeitos cruzados Parâmetros de funcionamento Aplicabilidade Aspectos económicos Motivações para a implementação Exemplos de fábricas Literatura de referência Tabela 4.1: Informação discriminada para cada técnica descrita neste capítulo Uma vez que pode haver um certo grau de sobreposição entre os elementos acima referidos, a estrutura manteve-se flexível, reflectindo os casos individuais específicos. Os custos das técnicas de redução têm de ser avaliados em função da dimensão das instalações, da eficácia das técnicas e das circunstâncias da aplicação individual. Neste contexto, a Tabela 4.7 mostra exemplos de custos de investimento, custos de manutenção, custos com os agentes de depuração (ex. absorventes, adsorventes, etc) e custos de funcionamento (operação) para a redução de partículas, compostos gasosos orgânicos e compostos inorgânicos com a utilização de diversas técnicas de redução [32, TWG Ceramics, 2006]. Quanto às condições padrão para a medição do caudal e das concentrações, vejam-se as seguintes definições, também referidas no Glossário: m3/h Caudal: salvo indicação em contrário no presente documento, o caudal corresponde a 18% em volume de oxigénio e nas condições normais. mg/m3 Concentração: salvo indicação em contrário no presente documento, as concentrações de substâncias ou misturas gasosas correspondem às das emissões gasosas secas a 18% em volume de oxigénio e em condições padrão, e As concentrações em benzeno correspondem a 15% em volume de oxigénio e em condições normais. condições normais (PTN) Referidas a uma temperatura de 273 K e uma pressão de 1013 hPa. 4.1 Redução do consumo de energia (eficiência energética) Neste contexto, também pode ser encontrada informação útil no documento de referência sobre as Técnicas de Eficiência Energética (ENE) que está actualmente a ser preparado. 4.1.1 Melhorar a concepção dos fornos e secadores Descrição e benefícios ambientais obtidos São aqui apresentadas várias medidas distintas que podem ser aplicadas aos secadores e fornos individualmente ou em combinação: — controlo automático dos circuitos de secagem — controlo automático da humidade e da temperatura no interior do secador — instalação de ventiladores de impulsão distribuídas em zonas dos secadores com contributos térmicos independentes (ajustáveis por zonas) para obter a temperatura necessária — uma melhor selagem dos fornos, p. ex., a cobertura metálica e a utilização de areia ou água como vedantes em fornos de túnel e em fornos intermitentes, resulta numa redução das perdas de calor — um melhor isolamento térmico dos fornos, p. ex., através da utilização de revestimentos isolantes refractários ou de fibras cerâmicas (lã mineral), resulta numa redução das perdas de calor — melhores revestimentos refractários dos fornos e dos vagões de forno reduzem o período de arrefecimento e, em resultado disso, as perdas de calor associadas («perdas à saída») — a utilização de queimadores de alta velocidade melhora a eficiência da combustão e da transferência de calor — a substituição de fornos antigos por fornos de túnel novos, maiores em tamanho e largura, ou com a mesma capacidade ou – se o processo de fabrico o permitir – fornos de cozedura rápida (por exemplo, fornos de rolos), pode resultar na redução de consumos específicos de energia — o controlo interactivo informatizado dos regimes de cozedura dos fornos resulta numa redução do consumo de energia e também numa diminuição das emissões dos poluentes atmosféricos — uma menor utilização de auxiliares de cozedura e/ou a utilização de auxiliares de cozedura feitos de SiC/superligas provoca um menor consumo de energia para aquecer o sistema de cozedura. Também podem ser aplicados auxiliares de cozedura efectuados com SiC aos fornos de rolos com tecnologia de cozedura rápida — a optimização (minimização) da passagem entre o secador e o forno, juntamente com a utilização da zona de pré-aquecimento do forno para terminar o processo de secagem – se o processo de fabrico o permitir –, evita o arrefecimento desnecessário do material seco antes do processo de cozedura — a redução da quantidade de ar circulante no caso do forno rotativo de fabrico de agregados de argila expandida pode reduzir o consumo de energia. A maior parte das medidas acima mencionadas também pode ser aplicada aos secadores – por exemplo, no que respeita à sua concepção (melhor isolamento térmico, isolamento das portas ou das fechaduras, etc.) –, aos auxiliares de cozedura e ao processo de controlo, especialmente porque os secadores e os fornos estão muitas vezes ligados através de um sistema de recuperação de calor (ver Secção 4.1.2). Efeitos cruzados Nada a referir. Parâmetros de funcionamento (operacionais) Estes dados dependem do objectivo ou medida pretendida para o caso particular, por exemplo, as necessidades energéticas específicas dos diferentes produtos cozidos em diferentes tipos de fornos (convencionais, de cozedura rápida, com/sem isolamento optimizado) são comparadas na Tabela 2.1.4 (fabrico de azulejos e ladrilhos) e na Tabela 3.45 (fabrico de louças sanitárias). Aplicabilidade Em princípio, a maioria das medidas acima referidas pode ser aplicada a todos os subsectores da indústria cerâmica, mas a tecnologia de rolos, por exemplo, é aplicada principalmente no fabrico de azulejos e ladrilhos. No entanto, as telhas, as manilhas de grés e as louças sanitárias também podem ser cozidas em fornos de rolos (ver Secção 2.2.7.4.3). As medidas que dizem respeito em particular aos fornos intermitentes, de túnel e de rolos (p. ex., relativamente aos vagões e aos auxiliares de cozedura) não podem ser aplicadas aos fornos rotativos, nos quais são produzidos os agregados de argila expandida (ver Secção 2.3.4). Também ao nível dos subsectores, a aplicabilidade das diferentes tecnologias de fornos depende dos produtos fabricados, por exemplo, alguns tipos de azulejos e de ladrilhos requerem fornos de túnel para a cozedura, de modo a obter as propriedades pretendidas. 127 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 128 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Aspectos económicos A modernização dos fornos e/ou dos secadores utilizados, ou até mesmo a sua substituição – quando aplicável – por novas alternativas com menor consumo de energia como os túneis de rolos, pode resultar numa poupança de energia considerável para as empresas. É necessário um investimento de capital significativo se a substituição do equipamento for efectuada antes do fim da sua vida útil. Motivações para a implementação — economizar dinheiro graças a um menor consumo de energia — redução das emissões de CO2. Exemplos de fábricas e literatura de referência [1, BMLFUW, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005], [26, UBA, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. 4.1.2 Recuperação do calor em excesso dos fornos Descrição e benefícios ambientais obtidos Actualmente, muitos dos secadores utilizam ar quente recuperado das zonas de arrefecimento dos fornos de túnel, a que normalmente se junta ar quente proveniente de queimadores a gás, daí que a organização dos fluxos (lay-out) fabris seja muito importante. Em particular, o excesso de calor de baixa temperatura só pode ser gerido eficazmente se o comprimento das tubagens – isto é, a distância entre o local da geração do excesso de calor e o da sua utilização – for relativamente pequeno. De qualquer modo, é necessário proceder ao adequado isolamento térmico das tubagens. Têm sido conseguidas poupanças energéticas bastante significativas por esta via. Alguns processos também empregam permutadores de calor para recuperar o calor dos efluentes gasosos dos fornos de modo a pré-aquecer o ar da combustão, mas esta aplicação é limitada por causa dos eventuais problemas de corrosão provocados pela acidez dos gases de combustão e porque com frequência as temperaturas dos efluentes gasosos são muito baixas. O calor em excesso proveniente da zona da pós-combustão também pode ser utilizado tanto no forno como no queimador. Uma fábrica alemã usa fluido térmico para transferir o calor em excesso da pós-combustão para o secador, em combinação com ar quente da zona de arrefecimento do forno. O princípio de funcionamento deste sistema combinado de recuperação de calor é apresentado na figura seguinte [4, UBA, 2001]. Além da utilização do calor em excesso (4) na caldeira de recuperação de calor (5) e para o aquecimento do pré-forno (1), o calor resultante do arrefecimento dos efluentes gasosos tratados é recuperado para um permutador de calor dos efluentes gasosos (7) e conduzido para outros permutadores de calor (8) através de óleo térmico, de modo a aquecer o ar ambiente fresco (9) para o processo de secagem. O ar fresco aquecido é misturado com ar quente da zona de arrefecimento (4) do forno (2) e introduzido num secador que funciona em contínuo. 1 7 6 2 3 8 9 8 10 4 11 1. Pré-aquecedor 2. Forno de túnel 3. Ar de arrefecimento sob o vagão 4. Ar quente proveniente da zona de arrefecimento 5. Caldeira 6. Termreactor 7. Permutador de calor dos Efluentes gasosos 8. Permutador de calor 9. Ar fresco 10. Ar quente 11. Secador de caixas 5 Figura 4.1 : Esquema de um exemplo de sistema misto de recuperação de calor Efeitos cruzados É possível que ocorra um ligeiro acréscimo no consumo de energia eléctrica, especialmente se forem utilizados circuitos de troca de calor. Parâmetros de funcionamento (operacionais) No caso do sistema combinado de recuperação acima mostrado, a necessidade energética específica de gás natural para a secagem e a cozedura é de apenas entre 840 e 1050 kJ/kg de material cozido (tijolos) [4, UBA, 2001], [30, TWG Ceramics, 2005]. Aplicabilidade A recuperação do calor em excesso dos fornos, em especial em forma de ar quente das zonas de arrefecimento, em princípio pode ser aplicada aos secadores em todos os subsectores da indústria cerâmica. É necessário referir que a recuperação do calor em excesso dos fornos só é susceptível de aplicação se o calor em excesso for necessário ao mesmo tempo num outro processo. O exemplo específico acima mencionado (na Alemanha, são muito poucas as fábricas que utilizam esta técnica) não pode ser generalizado, em especial em relação à utilização do calor em excesso do pós-queimador, uma vez que é frequente que os efluentes gasosos do pós-queimador sejam demasiado frios para conseguir uma recuperação eficiente de energia. Aspectos económicos — redução do consumo de energia — devem ser tidos em conta os custos adicionais com o isolamento das condutas. Motivações para a implementação — poupança de dinheiro graças a um menor consumo de energia — redução das emissões de CO2. Exemplos de fábricas e literatura de referência JUWOE POROTON-Werke Ernst Jungk & Sohn GmbH, Alemanha, fabrico de tijolos [4, UBA, 2001], [1, BMLFUW, 2003], [2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005] 4.1.3 Instalações de co-geração/produção combinada de calor e electricidade Descrição, benefícios ambientais obtidos e parâmetros de funcionamento A utilização de instalações de co-geração para a produção de vapor e electricidade ou de instalações para a produção combinada de calor e electricidade, em princípio, é útil na indústria cerâmica devido à necessidade simultânea de calor e de electricidade. A característica essencial de uma instalação de co-geração é o motor. Tanto os motores a gás Otto como os motores a diesel e as turbinas a gás com utilização do calor em excesso são adequados para este fim. A Figura 4.2 mostra um exemplo da utilização do calor em excesso de uma instalação de ciclo combinado que origina uma combinação de calor e electricidade para a produção de ar quente [4, UBA, 2001]. O ar quente é usado na secagem dos tijolos. Para além do calor em excesso proveniente do forno, é necessária uma proporção de ar ambiente (“ar fresco”) para o secador. Geralmente, este ar é retirado do edifício do secador de modo a usar os componentes do calor de alta radiação do forno e do secador. Este ar ambiente é misturado com o calor em excesso do forno em frente da ventoinha de alimentação do secador. Instala-se um aquecedor de ar na conduta de sucção do ar fresco de modo a manter o pré-aquecimento do ar quente. Este permutador de calor é aquecido pela água de arrefecimento dos motores. Os efluentes gasosos têm uma temperatura entre 450 e 550 ºC, dependendo do tipo de motor, e são conduzidos para a câmara de mistura e usados directamente no secador. As eventuais faltas de calor são cobertas por um queimador suplementar a gás. Se não é necessário calor no secador, os efluentes gasosos não arrefecidos dos motores são extraídos directamente através de uma chaminé. Secador Catalisador Isolante sonoro Motor a gás de co-produção Circuito de refrigeração de segurança Figura 4.2 : Esquema da produção de ar quente através de um motor a gás de co-produção Cozedura complementar Efluentes gasosos do motor a gás aprox. 450 °C aprox. 90 °C aprox. 80 °C Ar fresco aprox. 40 °C Fornos Efluentes gasosos do forno aprox. 300 °C Câmara de mistura 129 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica Nalguns casos, os efluentes gasosos antes de serem introduzidos na câmara de mistura também podem passar por uma caldeira para produzir vapor, que é utilizado na fase de extrusão. 130 Efeitos cruzados COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Os motores podem provocar um acréscimo de emissões atmosféricas no local e o ruído também aumenta. Aplicabilidade O calor produzido pelas instalações de produção combinada de calor e de electricidade pode ser usado no processo de secagem por atomização, em especial no fabrico de azulejos e ladrilhos e de cerâmica doméstica. Este calor também pode ser usado nos secadores no caso de ser necessário calor suplementar, por exemplo, no fabrico de tijolos, conforme se mostrou na Figura 4.2. Aspectos económicos A aplicação económica está fortemente dependente das condições existentes e do sector cerâmico em causa. Por razões económicas, a co-geração tem uma utilização limitada na Europa, p. ex., para o fabrico de tijolos e de telhas. Ainda assim, esta técnica deve ser tida em consideração, sobretudo no processo de concepção de uma nova fábrica. Uma alternativa mais barata à utilização do calor em excesso acima descrita é a introdução directa do calor no secador (ver Secção 4.1.2). Motivações para a implementação Implementação de tecnologia eficiente para a produção de energia. Exemplos de fábricas e literatura de referência [4, UBA, 2001], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005 4.1.4 Substituição de fuelóleo pesado e de combustíveis sólidos por combustíveis com baixos níveis de emissões Descrição e benefícios ambientais obtidos A substituição do fuelóleo pesado (FOP) ou dos combustíveis sólidos por combustíveis gasosos (gás natural, gás de petróleo liquefeito (GPL) e também gás natural liquefeito (GNL)) no processo de cozedura resulta numa melhoria na eficiência da cozedura e na eliminação quase total da fuligem em muitos processos. Normalmente, os combustíveis sólidos produzem cinzas finas, daí que a redução nas emissões de partículas resultante da utilização de combustíveis gasosos pode, nalguns casos, evitar a necessidade de processos de remoção de poeiras, que são caros e consomem energia. Os queimadores a gás adequam-se bem ao uso de sofisticados sistemas de controlo automático, o que leva a poupanças de combustível e à redução do desperdício do material cozido, daí resultando uma redução no consumo específico de energia. A utilização de fuelóleo UL em vez de FOP ou de combustíveis sólidos também pode reduzir as emissões de fuligem nos processos de cozedura. A utilização de gás natural, GPL, GNL ou de fuelóleo UL em vez de FOP ou de combustíveis sólidos resulta numa redução das emissões de SO2 associadas ao consumo de energia graças a um menor teor de enxofre (ver Tabela 3.3). Além disso, a proporção hidrogénio/carbono do gás natural, do GPL e do GNL é superior à dos fuelóleos e dos combustíveis sólidos, daí que produzam uma menor quantidade de dióxido de carbono (aproximadamente menos 25% de CO2 no caso do gás natural) para uma quantidade equivalente de calor produzido. Os combustíveis alternativos/secundários de origem orgânica (p. ex., farinha de carne e ossos ou os biocombustíveis) e de origem não orgânica (p. ex., óleos usados e solventes), como, por exemplo, os que são utilizados no fabrico de agregados de argila expandida (ver Secção 2.3.4.2.2), reduzem a quantidade dos combustíveis fósseis primários consumidos e as respectivas emissões de CO2. Por outro lado, o uso de combustíveis com baixos níveis de emissões pode envolver outras tecnologias de utilização eficiente de energia – por exemplo, a co-geração com turbinas a gás – no processo de fabrico. Também podem ser obtidas poupanças de energia (eléctrica) devido ao facto de alguns combustíveis líquidos (em particular FOP) terem de ser aquecidos para poderem ser bombeados. Efeitos cruzados Há que ter em conta questões de segurança suplementares – especialmente o risco de explosão –, em particular em relação ao GPL e ao GNL. Parâmetros de funcionamento Depende da medida/tarefa relacionada com o caso individual particular. Aplicabilidade Em princípio, a substituição dos combustíveis pode aplicar-se em todos os subsectores da indústria cerâmica, mas tem que se assinalar que a natureza do combustível também pode afectar as características estéticas do produto final. É por isso que determinados efeitos com bastante procura no mercado só podem ser obtidos através da (co-)incineração de carvão ou de pó de carvão nos fornos. Por exemplo, há certos tipos de tijolo face-à-vista com cores especiais que não podem ser produzidos apenas com recurso à combustão de gás natural, tendo que se injectar poeira de carvão na ignição do forno (os fornos Hoffmann são usados com esse objectivo). Daí que, dependendo do tipo de produto produzido, a substituição do combustível nem sempre seja possível. Nos processos de fabrico dos agregados de argila expandida, a maioria das poeiras pontuais são recicladas, o que reduz o impacto da substituição de combustível relativamente à produção de cinzas Aspectos económicos A mudança de FOP ou de combustíveis sólidos para combustíveis com baixos níveis de emissões envolve consideráveis custos de investimento, especialmente se não está disponível o abastecimento de gás natural. Neste contexto, não são apenas os custos do combustível, mas também os custos adicionais com o transporte de GPL, GNL e fuelóleo UL que têm de ser tidos em conta. Motivações para a implementação — exigências legais — menor oscilação na qualidade dos produtos — redução das emissões de CO2. Exemplos de fábricas e literatura de referência [1, BMLFUW, 2003], [2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [23, TWG Ceramics,2005], [26, UBA, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005], [32, TWG Ceramics, 2006] 4.1.5 Alteração dos corpos cerâmicos Descrição e benefícios ambientais obtidos Uma concepção mais sofisticada da composição dos corpos cerâmicos pode reduzir os tempos necessários para a secagem e a cozedura e, dessa forma, estimular a utilização de fornos de cozedura rápida com menor capacidade, tal como os fornos de rolos e os de placas móveis. Por conseguinte, as alterações à composição dos corpos podem ajudar na secagem e na cozedura, p. ex., no sector de produção de azulejos e ladrilhos e no das tubos de grés, daí podendo resultar uma redução no consumo de energia nestas áreas. Está a ser investigada uma abordagem idêntica para os produtos cerâmicos de paredes espessas. Os aditivos formadores de poros são usados principalmente para reduzir a condutividade térmica dos blocos de argila através da criação de microporos. Daí resulta a redução da massa térmica dos blocos de argila e, como segunda vantagem do uso de aditivos formadores de poros, uma menor quantidade de energia necessária para a cozedura. Redesenhar os produtos cerâmicos também pode reduzir a massa – p. ex., ladrilhos mais finos, tijolos multiperfurados, blocos ou condutas com paredes mais finas. Quando são tecnicamente possíveis, estas alterações podem reduzir o consumo de energia e as emissões. Uma redução na quantidade de água de mistura necessária ajuda a poupar energia na secagem. A quantidade de água de mistura necessária está dependente principalmente da composição dos minerais argilosos e também da granulometria. Os aditivos para reduzir a água consistem em produtos húmidos com agentes sequestrantes ou formadores de complexos, que permitem uma redução da tensão superficial na interface da água de mistura e uma imobilização dos problemáticos catiões livres. Reduz-se a necessidade de água de mistura no processo de preparação da matéria-prima e obtém-se uma plasticidade igual ou até mesmo superior. Por outro lado, reduzem-se também as necessidades energéticas do processo de secagem. O ajustamento automático da água de mistura de acordo com a plasticidade requerida do material e a substituição parcial da água de mistura por vapor de água resulta numa redução de água (cerca de 3%), de energia térmica (cerca de 90 kWh/t de produto) e de electricidade (cerca de 1,5 kWh/t de produto). De qualquer modo, a adição de vapor na parte da extrusão facilita a saída da argila extrudida e pode conseguir-se a quantidade exacta de humidade necessária para a argila. Consegue-se obter uma redução significativa da temperatura de cozedura e do tempo de residência através da mistura de auxiliares de sinterização, tais como os alcalino-terrosos e os aditivos bastante alcalinos, e de agentes de formação de vidro. No entanto, a utilização destes aditivos só é possível nalguns casos especiais e não em todos os produtos cerâmicos. São possíveis reduções na temperatura final de cozedura que podem ir até 50 K. De modo a evitar perdas de produção e um declínio na qualidade, normalmente antes da sua utilização em larga escala devem ser levados a cabo testes preliminares. 131 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 132 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Efeitos cruzados A utilização de agentes orgânicos formadores de poros pode resultar num acréscimo na emissão de substâncias orgânicas e de CO para a atmosfera. A utilização de auxiliares de sinterização aumenta as emissões de CO2 devido ao elevado teor de carbonatos alcalinos. Parâmetros de funcionamento Depende da medida/tarefa relacionada com o caso individual particular. Aplicabilidade e aspectos económicos A utilização de auxiliares de sinterização e de combustíveis com aditivos formadores de poros resulta numa poupança de energia, em especial no fabrico de tijolos. Conforme já se descreveu antes, é possível utilizar combustíveis com matérias-primas secundárias, tais como serradura, poliestireno (esferovite) ou agentes ligantes para papel, no fabrico de blocos de argila. Estes agentes formadores de poros podem fornecer até 25% do total de energia sob a forma de energia secundária na produção de tijolos de reforço. A utilização de agentes formadores de poros para o fabrico de tijolo face-à-vista constitui uma excepção por causa dos seus efeitos sobre as propriedades técnicas dos tijolos (p. ex., cores, densidade). No entanto, a forma e a composição dos produtos está, em geral, altamente dependente das exigências do mercado e daí que a alteração dos corpos cerâmicos apenas seja possível até um certo ponto e de forma nenhuma em todos os produtos cerâmicos. Motivações para a implementação — maior quantidade produzida — maior qualidade do produto. Exemplos de fábricas e literatura de referência JUWOE POROTON-Werke Ernst Jungk & Sohn GmbH, Alemanha, fabrico de tijolos [4, UBA, 2001] [1, BMLFUW, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005] 4.2 Emissões de poeiras (partículas) Neste subcapítulo procede-se à descrição de técnicas e medidas para evitar as emissões difusas (principalmente nas Secções 4.2.1 e 4.2.2) e pontuais (principalmente na Secção 4.2.3). Neste contexto, também se pode encontrar informação útil no BREF sobre Emissões de Armazenamento e no BREF sobre a Gestão e o Tratamento de Águas Residuais e de Efluentes Gasosos no Sector Químico. 4.2.1 Medidas aplicáveis às operações que produzem poeiras Descrição São aqui apresentadas várias medidas diferentes que podem ser aplicadas individualmente ou em combinação: — confinamento das operações que produzem poeiras, tais como moagem, peneiração e mistura. — utilização de misturadores cobertos e com sistema de aspiração ou de moinhos de mandíbulas. — filtração do ar deslocado enquanto se carregam os misturadores ou o equipamento de doseamento — silos de armazenamento com capacidade adequada, indicadores de nível com interruptores e com filtros para lidar com o ar deslocado saturado de poeiras durante as operações de enchimento — telas de transporte rolantes cobertas para matérias-primas potencialmente pulverurentas — preferência por um processo de circulação nos sistemas transportadores pneumáticos — manuseamento do material em sistemas fechados mantidos sob pressão negativa e eliminação das poeiras do ar da sucção — redução das fugas de ar e dos pontos de derrame, demolição da instalação. Benefícios ambientais obtidos — redução das emissões de poeiras, sobretudo das difusas — também é possível reduzir o ruído através do isolamento da maquinaria. Efeitos cruzados — os sistemas pneumáticos de transporte com circulação de ar podem causar um acréscimo das emissões de ruído e do consumo de energia eléctrica — pode haver resíduos adicionais quando se procede à manutenção. Parâmetros de funcionamento Depende da medida/tarefa relacionada com o caso individual particular. De qualquer modo, a manutenção e a reparação regular assegura que as fugas de efluentes gasosos (off-gases) das condutas, dos silos de armazenamento e das unidades de preparação ou dos isolamentos avariados são reparados rapidamente. Aplicabilidade As medidas podem ser levadas a cabo em todos os subsectores da indústria cerâmica, tanto em instalações novas como antigas, mas nem todas as medidas mencionadas acima têm de ser aplicadas quando se trata do manuseamento de argilas húmidas. Aspectos económicos Depende da medida/tarefa relacionada com o caso individual particular. No caso de instalações fabris antigas, o confinamento das instalações pode exigir um plano de implementação a médio ou longo prazo. Motivações para a implementação — exigências legais — exigências sobre higiene e segurança no local de trabalho — poupança de matérias-primas. Exemplos de fábricas e literatura de referência [1, BMLFUW, 2003], [2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [23, TWGCeramics, 2005], [26, UBA, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005] 4.2.2 Medidas aplicáveis às zonas de armazenagem a granel Descrição De modo a reduzir emissões, sobretudo de poeiras difusas, em locais de armazenamento a granel a céu aberto de matérias-primas minerais, podem envolver-se estes locais de armazenamento com anteparos, paredes ou com uma vedação formada por sebes vivas (barreiras artificiais ou naturais para proteger os montes a céu aberto do vento). Se as emissões de poeiras nos locais de descarga das zonas de armazenamento não puderem ser evitadas, é possível reduzi-las fazendo corresponder a altura da descarga à altura variável da pilha, se isso for possível automaticamente, ou através da redução da velocidade de descarga. Por outro lado, os locais podem ser mantidos húmidos – em particular nas zonas secas – utilizando aspersores (no caso da fonte de poeira ser localizada, pode instalar-se um sistema de aspersão de água) e podem ser limpos com camiões de limpeza. Para evitar a formação de poeiras difusas durante as operações de remoção podem usar-se sistemas de aspiração. As instalações novas podem ser facilmente equipados com sistemas fixos de aspiração, enquanto que nos edifícios existentes normalmente é mais apropriado equipá-los com sistemas móveis e ligações flexíveis. Benefícios ambientais obtidos Redução de emissões sobretudo de poeiras difusas. Efeitos cruzados — aumenta o consumo de água ao manter os locais húmidos — aumenta o consumo de energia devido à utilização de sistemas de aspiração — pode haver resíduos adicionais quando se procede à manutenção. Parâmetros de funcionamento Depende da medida/tarefa relacionada com o caso individual particular. Aplicabilidade As medidas podem ser levadas a cabo em todos os subsectores da indústria cerâmica, tanto em instalações novas como antigas, mas nem todas as medidas mencionadas acima têm de ser aplicadas quando se trata do manuseamento de argilas húmidas. Além disso, por vezes é necessário misturar matérias-primas secas para obter as propriedades pretendidas e, por conseguinte, só uma determinada parte é que se pode manter húmida. Aspectos económicos Depende da medida/tarefa relacionada com o caso individual particular. Neste contexto, ver também a Tabela 4.7. Motivações para a implementação — exigências legais — exigências de higiene e segurança no local de trabalho Exemplos de fábricas e literatura de referência [2, VITO, 2003], [4, UBA, 2001], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [26, UBA, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005] 133 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 134 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 4.2.3 Sistemas de separação/filtração Neste subcapítulo descrevem-se algumas técnicas direccionadas exclusivamente para a remoção de poeiras. Por outro lado, há que referir que a maior parte das técnicas de lavagem dos efluentes gasosos que são descritas na Secção 4.3.4 são não só apropriadas para a eliminação de SOx, HF e HCl, mas também para a eliminação de poeiras. 4.2.3.1 Separadores centrífugos Descrição e benefícios ambientais obtidos Num separador centrífugo, as partículas de poeira a serem eliminadas da corrente de efluentes gasosos (off-gases) são forçadas a movimentarem-se contra a parede externa da unidade através de acção centrífuga e removidas de seguida através de uma saída na base da unidade. As forças centrífugas podem ser produzidas ao direccionar o fluxo dos gases num movimento descendente em espiral através de um recipiente cilíndrico (separadores ciclónicos) ou através de uma turbina rotativa aplicada na unidade (separadores centrífugos mecânicos). Efeitos cruzados — o funcionamento de separadores centrífugos constitui uma fonte significativa de ruído — o consumo de electricidade pode aumentar no caso de se aplicar uma turbina — pode haver resíduos adicionais quando se procede à manutenção. Parâmetros de funcionamento Os separadores centrífugos têm um desempenho mais eficaz com cargas com elevado teor de poluentes, desde que o aparelho não fique bloqueado. Aplicabilidade A eficácia dos separadores centrífugos em termos de tratamento é, de um modo geral, bastante baixa para que se consiga reduzir as emissões de poeira de forma a cumprir a legislação relativa à poluição atmosférica na indústria cerâmica. Por conseguinte, só são adequados como pré-separadores e são utilizados com frequência depois de efectuadas as operações de secagem por atomização, e moagem. Aspectos económicos A recolha e a recuperação de poeiras separadas resultam numa redução do consumo de matérias-primas. Motivações para a implementação Poupança de matérias-primas. Exemplos de fábricas e literatura de referência [1, BMLFUW, 2003], [2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005] 4.2.3.2 Filtros de mangas Descrição e benefícios ambientais obtidos Num filtro de mangas, os efluentes gasosos (off-gases) passam através de uma manga de modo a que as partículas de poeira se depositem na superfície do filtro sob a forma de um bolo. As fábricas com filtros de mangas conseguem alcançar elevados valores de retenção, normalmente entre 98 e 99%, dependendo do tamanho das partículas. A Figura 4.3, abaixo, apresenta um esquema de um filtro de mangas com regeneração das mangas por impulsão de pressão com ar comprimido [4, UBA, 2001]. A regeneração é efectuada através de uma impulsão de pressão exercida sobre a parte lavada dos gases do filtro de mangas. Reservatório de ar comprimido Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica Tubo Tubo Venturi Filtro de mangas durante a limpeza Filtro de manga Fio de suporte da caixa Entrada do gás bruto Tremonha Colector de poeiras Figura 4.3 : Vista esquemática de um filtro de mangas com regeneração por impulsão de pressão Efeitos conjugados — o funcionamento dos filtros de mangas, em especial dos que efectuam a regeneração das mangas por pressão vibratória, pode causar emissões de ruído e pode também aumentar o consumo de electricidade devido à elevada queda de pressão destes filtros — pode haver resíduos adicionais quando se procede à manutenção. Parâmetros de funcionamento e aspectos económicos Os filtros de mangas encontram-se disponíveis em diferentes tipos de tecidos, alguns dos quais com uma boa resistência a ácidos ou substâncias alcalinas. Os tecidos sintéticos modernos incluem materiais que toleram temperaturas bastante elevadas, mas os filtros de mangas não podem funcionar a temperaturas demasiado elevadas. Na Tabela 4.2 abaixo referem-se exemplos de tecidos de filtros amplamente usados, indicando-se as propriedades e os respectivos preços [3, CERAME-UNIE, 2003]. Em particular, se um filtro de partículas é aplicado como parte integrante de um sistema de tratamento a seco de efluentes gasosos para a depuração de efluentes gasosos do forno (ver Secção 4.3.4.3), é necessário que o filtro e os suportes da manga sejam resistentes à corrosão no caso da ocorrência de condensação. Na Tabela 4.3 enumeram-se exemplos correntes de dados relativos ao funcionamento dos filtros de mangas e a Figura 4.4 mostra exemplos dos custos de investimento com a filtração, excluindo a instalação e os filtros de mangas [3, CERAME-UNIE, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005]. Material dos filtros de mangas Temperatura a que resistem (ºC) Preço (Euros/m2) 80 100 150 220 280 <5 5 10 – 12 25 100 – 120 Algodão Polipropileno Poliéster Nomex (m-aramida) PTFE (Teflon) Tabela 4.2: Exemplos das temperaturas a que resistem e dos custos dos filtros de mangas Teor de partículas do gás (efluente gasoso) bruto Teor de partículas do efluente gasoso tratado Temperatura de funcionamento Custo de funcionamento Até 200 g/m3 1 – 20 mg/m3 Até 250 ºC 0,03 – 0,1 Euros/t Tabela 4.3: Exemplos dos parâmetros de funcionamento para a remoção de partículas com filtros de tecido 135 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Custo de investimento (em €) 136 80000 70000 60000 50000 40000 30000 20000 10000 0 200 400 600 800 1000 1200 Superfície de filtragem (em m2) Figura 4.4 : Exemplos de custo de investimento incluídos nos custos anuais das fábricas de filtros, excepto a instalação e os filtros de mangas Os filtros de mangas autolimpantes devem ter tamanho suficiente para funcionar com uma carga específica da superfície filtrante inferior a 2 Nm3/(m2 x minute), de modo a que se possam registar concentrações de gás depurado no intervalo de 1 – 20 mg/m3 [1, BMLFUW, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005]. A recolha e a recuperação de partículas separadas resultam numa redução do consumo de matérias-primas. Os filtros de mangas não podem funcionar a temperaturas demasiado elevadas – em especial no caso de efluentes gasosos (off-gases) húmidos – e a temperaturas próximas do ponto de orvalho. Isto porque o filtro pode bloquear e depois é difícil secá-lo e limpá-lo novamente devido ao facto de as reacções entre a água e o CaO formarem uma crosta dura, o que irá aumentar significativamente os custos de manutenção e de energia eléctrica e os tempos de produção. Em princípio, os custos de funcionamento dos filtros de mangas estão intimamente ligados com a quantidade de electricidade necessária para ultrapassar a queda de pressão, tal como se referiu acima. Neste contexto, ver também a Tabela 4.7. Aplicabilidade Em princípio, os filtros de mangas para a remoção de efluentes gasosos (off-gases) podem ser aplicados a todos os subsectores da indústria cerâmica, especialmente em operações que produzem poeiras (despoeiramento de silos para armazenamento de matérias-primas secas, na preparação de matérias-primas secas, incluindo a secagem por atomização, na conformação a seco e nos processos de rectificação a seco ou de moagem). Por vezes, é útil combiná-los com pré-filtros ciclónicos (ver Secção 4.2.3.1). Motivações para a implementação — requisitos / exigências legais — eventual poupança de matérias-primas comparativamente com outros tipos de filtros (p. ex., separadores a húmido de partículas). Exemplos de fábricas e literatura de referência Tondach Gleinstaetten AG, fábrica de telhas e tijolos, Áustria [1, BMLFUW, 2003], [2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005] 4.2.3.3 Filtros laminares sinterizados Descrição e benefícios ambientais obtidos Os elementos principais destes filtros são os componentes filtrantes rígidos, que são montados como elementos compactos no sistema de filtração. Os elementos do filtro são compostos por polietileno sinterizado coberto por PTFE, o que lhe confere a estrutura rígida e a capacidade de ser à prova de água. As principais vantagens destes componentes filtrantes modernos são uma muito elevada eficácia de depuração das partículas dos efluentes gasosos (off-gases) em combinação com uma baixa queda de pressão, bem como uma elevada resistência ao desgaste por abrasão provocado principalmente pelas partículas cerâmicas mais grossas. A figura seguinte apresenta o esquema de um filtro laminar(ou lamelares) sinterizado rígido, que é limpo através de um sistema autolimpante à pressão [4, UBA, 2001]. Saída de gás depurado (tratado) Isolante sonoro Motor eléctrico Reservatório de ar comprimido Ventilador radial Tubo para limpeza dos elementos filtrados Elemento filtrante Entrada de efluente gasoso bruto Reservatório de poeiras Figura 4.5 : Esquema de um filtro rígido de lâminas Efeitos cruzados — o funcionamento de um filtro laminar sinterizado com sistema autolimpante à pressão(ex. limpeza por ar comprimido) pode provocar emissões de ruído e um consumo de energia adicional — pode haver resíduos adicionais quando se procede à manutenção. Parâmetros de funcionamento Com estes elementos de filtração obtém-se uma eficácia de depuração até 99,99%, sendo atingíveis concentrações no efluente depurado < 1mg/m3, daí que seja possível reutilizar o gás depurado na atmosfera de trabalho [4, UBA, 2001]. Aplicabilidade A utilização de filtros laminares sinterizados permite a separação das partículas húmidas provenientes, por exemplo, da vidragem. Este sistema de filtração torna possível a reutilização directa das partículas da vidragem, separadas dos efluentes gasosos (off-gases) da cabine de atomização. Uma zona superior inactiva garante que a poeira no sistema seja relativamente seca. Na situação ideal, as partículas separadas da vidragem surgem no sistema de filtração sob a forma de pó. Aspectos económicos Normalmente, os custos de investimento e de funcionamento dos filtros laminares sinterizados são consideravelmente superiores aos dos filtros de mangas, no entanto, a possibilidade de reutilizar os efluentes gasosos (off-gases) depurados para o ambiente de trabalho permite poupar nos custos de energia que se verificariam no caso de se terem que aquecer elevados caudais de ar ambiente (“ar fresco”) para proporcionar as temperaturas adequadas no local de trabalho. Motivações para a implementação — exigências legais — exigências sobre higiene e segurança no local de trabalho — poupança de matérias-primas — poupanças no consumo de energia. Exemplos de fábricas e literatura de referência Oesterreichische Sanitaer-, Keramik- und Porzellan-Industrie AG, fábrica de louças sanitárias, Áustria [1, BMLFUW, 2003], [4, UBA, 2001], [32, TWG Ceramics, 2006] 4.2.3.4 Separadores por via húmida de partículas Descrição e benefícios ambientais obtidos Com os separadores por via húmida de poeiras, as partículas são eliminadas da corrente de efluentes gasosos (off-gases) ao colocar o volume de gás em contacto com um líquido de lavagem (normalmente água), de modo a que as partículas fiquem retidas no líquido e possam ser removidas. Os separadores a húmido de partículas podem ser divididos em vários tipos, de acordo com a sua concepção e os princípios de funcionamento (por exemplo, tipo Venturi). 137 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 138 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Efeitos cruzados Através da técnica de remoção húmida, os poluentes são transferidos do ar para a água, daí que seja essencial uma segunda instalação para lavagem dos resíduos originados (suspensão – lamas) e, por conseguinte, é possível que também se verifique um acréscimo no consumo de energia. Parâmetros de funcionamento Há registos que indicam serem atingíveis concentrações de gás depurado no intervalo de 20 – 50 mg/m3 [1, BMLFUW, 2003], [4, UBA, 2001]. Neste contexto, ver também a Tabela 3.33. Aplicabilidade Os separadores por via húmida de partículas são particularmente apropriados para reduzir as emissões húmidas, em especial dos processos de secagem por atomização nos casos em que estes são usados em combinação com ciclones, e são especialmente vantajosos nos casos em que a água utilizada na depuração possa ser reutilizada. Aspectos económicos Relativamente aos custos de funcionamento, tem que se ter em conta o líquido de lavagem(depuração) e o tratamento das águas residuais deste processo. Por norma, as pequenas unidades para controlo de correntes de efluentes gasosos (off-gases) com baixas concentrações são muito mais caras (por unidade de volume) do que unidades maiores para depurar caudais com elevadas cargas poluentes. Motivações para a implementação Exigências legais. Exemplos de fábricas e literatura de referência Oesterreichische Sanitaer-, Keramik- und Porzellan-Industrie AG, fábrica de louças sanitárias, Áustria [1, BMLFUW, 2003], [2, VITO, 2003], [4, UBA, 2001], [10, Navarro, 1998], [17, Burkart, 2004], [20, CERAME-UNIE, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [32, TWG Ceramics, 2006] 4.2.3.5 Precipitadores electrostáticos (PE) Descrição e benefícios ambientais obtidos Num precipitador electrostático, os efluentes gasosos passam através de uma câmara com dois eléctrodos, aplicando-se uma alta voltagem (até 100 kV) ao primeiro eléctrodo para ionizar os efluentes gasosos. Os iões gerados aderem às partículas dos efluentes gasosos e, em resultado disso, estas partículas ficam com carga eléctrica. As forças electrostáticas repelem as partículas com carga eléctrica do primeiro eléctrodo e atraem-nas para o segundo, no qual ficam depositadas. Deste modo, as partículas são removidas da corrente de efluentes gasosos. Efeitos cruzados — aumentam os riscos de explosão, especialmente se forem utilizados sistemas de PE secos — aumenta o consumo de energia devido ao funcionamento do PE (mas verifica-se uma menor quebra de pressão(perda de carga) comparativamente com outros sistemas de filtros, o que pode levar a um menor consumo de energia por parte dos ventiladores utilizados) — possibilidade de haver resíduos adicionais quando se procede à manutenção Parâmetros de funcionamento e aspectos económicos A Tabela 4.4, abaixo, lista os dados comuns relativos ao funcionamento e aos custos dos precipitadores electrostáticos [3, CERAME-UNIE, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005], [26, UBA, 2005], [28, Schorcht, 2005]. Volume de gás Velocidade do gás Teor de partículas do gás bruto (efluente gasoso bruto) Teor de partículas do gás depurado Temperatura de funcionamento Tensão Consumo de energia Custo do investimento Custo de funcionamento Tabela 4.4: Dados relativos ao funcionamento e aos custos dos precipitadores electrostáticos Neste contexto, ver também a Tabela 4.7. Até 100 000 m3/h 0,5 – 3 m/s Até 100 g/m3 5 – 50 mg/m3 Até 450 ºC 10 – 100 kV 0,05 – 2 kWh/1000 m3 1 – 3 milhões de Euros 0,1 – 0,2 Euros/t O funcionamento de um precipitador electrostático implica que se tenham em conta custos de manutenção relativamente elevados. Há registos que indicam serem atingíveis concentrações de partículas nos gases depurados inferiores a 50 mg/m3 no processo de produção de agregados de argila expandida num forno giratório equipado com um precipitador electrostático (ver Secção 3.3.4.1) [17, Burkart, 2004]. Aplicabilidade Os precipitadores electrostáticos são utilizados na indústria cerâmica principalmente na produção de agregados de argila expandida, para os fornos rotativos e nas unidades de moagem a seco, em que elevados caudais têm de ser tratados a elevadas temperaturas com uma fiabilidade de funcionamento relativamente elevada. Motivações para a implementação — exigências legais — poupança de matérias-primas. Exemplos de fábricas e literatura de referência Fábrica Hallerndorf-Pautzfeld, Alemanha (produção de aglomerados de argila expandida), Fábrica Lamstedt, Alemanha (produção de aglomerados de argila expandida) [26, UBA, 2005], [2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [28, Schorcht, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005] 4.3 Compostos gasosos 4.3.1 Redução da entrada dos precursores dos poluentes Descrição e benefícios ambientais obtidos Óxidos de enxofre — a utilização de matérias-primas e aditivos com baixo teor de enxofre pode reduzir significativamente as emissões de SOx — no caso de matérias-primas ricas em enxofre, a utilização na pasta de aditivos de baixo teor de enxofre (p. ex., areia) ou de argila de baixo teor de enxofre reduz as emissões de SOx devido a um efeito de diluição — a utilização de combustíveis de baixo teor de enxofre, tais como gás natural ou GPL, resulta em emissões de SOx significativamente reduzidas. Óxidos de azoto — a minimização dos compostos de azoto nas matérias-primas e nos aditivos pode reduzir as emissões de NOx. Compostos inorgânicos clorados — a utilização de matérias-primas e aditivos com baixo teor de cloro pode reduzir significativamente as emissões de cloretos. Compostos inorgânicos fluorados — a utilização de matérias-primas e aditivos com baixo teor de flúor pode reduzir significativamente as emissões de fluoretos — no caso dos materiais ricos em fluoretos, a utilização de aditivos de baixo teor de fluoretos (p. ex., areia) ou de argila de baixo teor de fluoretos pode reduzir as emissões destes iões devido a um efeito de diluição. Compostos orgânicos voláteis (COV) A minimização dos compostos orgânicos nas matérias-primas, aditivos, ligantes, etc. pode reduzir as emissões de COV. Por exemplo, acrescentam-se aditivos orgânicos como a serradura e o poliestireno à mistura de matérias-primas para o fabrico de produtos porosos. No entanto, estes aditivos orgânicos provocam um aumento das emissões de COV (neste contexto, ver a Tabela 3.4 relativa aos valores dos efluentes gasosos “brutos” (sem tratamento) dos processos de fabrico de tijolos, coma utilização de vários agentes formadores de poros). A produção de emissões de COV, em princípio, pode ser evitada ao mudar para aditivos inorgânicos formadores de poros. Por ex., perlite (um material vulcânico vítreo que contém 3 a 4% de água), ao ser aquecido (800 a 1100 ºC), o material expande-se 15 a 20 vezes em relação ao seu volume original devido às bolhas de vapor formadas no seu interior). Efeitos cruzados A minimização de compostos orgânicos nas matérias-primas pode aumentar o consumo de energia no processo de cozedura. Parâmetros de funcionamento e aplicabilidade A redução da entrada dos precursores dos poluentes é uma das melhores medidas para reduzir os referidos poluentes nos efluentes gasosos de um forno, uma vez que o problema é resolvido na fonte mas, devido a restrições específicas, na prática a sua 139 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 140 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva aplicabilidade por vezes é difícil. Por conseguinte, a utilização de matérias-primas e aditivos com baixo teor de precursores dos poluentes, em princípio, pode ser aplicada a todos os subsectores da indústria cerâmica. No entanto, a sua aplicabilidade deve ser testada caso a caso e ponderados os eventuais problemas de qualidade do produto (p. ex., relativamente à cor, resistência à compressão e resistência ao gelo) devem sempre ser tidos em conta e devem ser sempre levados a cabo ensaios aprofundados das misturas de matérias-primas. Por exemplo, os aditivos inorgânicos formadores de poros levantam dificuldades técnicas, uma vez que estas substâncias têm tendência para se expandirem repentinamente e muito depressa, daí que seja difícil controlar a formação de poros e se verifique uma quebra na qualidade do produto. Em resultado disso, na prática a passagem de aditivos orgânicos formadores de poros para aditivos inorgânicos provavelmente não é exequível. Há uma conhecida fábrica de tijolos na Flandres que utiliza a perlite como aditivo. Todavia, trata-se de uma forma de perlite que já vem expandida e moída e que é usada para tornar a argila de Boom numa argila menos rica e não propriamente como agente formadores de poros. Para a produção de argila expandida, não é possível reduzir os COV uma vez que estes são utilizados como formadores de poros. Além disso, o teor de poluentes das matérias-primas é um parâmetro significativo, mas nem sempre determinante nas emissões de poluentes durante a cozedura, uma vez que estas emissões dependem de diversas variáveis, nomeadamente, dos parâmetros de funcionamento do processo de cozedura. Por conseguinte, uma redução de 50% do teor de poluentes das matérias-primas nem sempre implica uma redução semelhante nas emissões de poluentes, tal como a experiência também já mostrou na correlação entre o teor de flúor da argila e a concentração de HF das emissões gasosas. Quanto aos problemas relacionados com o enxofre, deve referir-se que a localização habitual do barreiro junto à fábrica limita a escolha de matérias-primas com baixo teor de enxofre (ver também «Aspectos económicos»). Aspectos económicos Para uma empresa com um barreiro com elevado teor de enxofre, a utilização ou a junção de materiais argilosos com baixo teor de enxofre pressupõe um fornecimento de materiais argilosos extraídos por terceiros de outros barreiros. Isto implica um acréscimo de custos significativo devido, por um lado, ao custo do transporte (que, em 1998, se estimava ser de 0,05 euros/tonelada/km) e, por outro lado, a um custo da extracção maior (que, em 1998, se estimava ser de 2,5 euros/tonelada), comparativamente com o custo da argila do seu próprio barreiro, por ter de ser paga a terceiros [2, VITO, 2003]. A minimização dos compostos orgânicos nas matérias-primas também pode aumentar os custos por causa das eventuais maiores distâncias de transporte a efectuar pelos fornecedores externos à fábrica. As medidas que envolvem a utilização de aditivos de baixo teor de enxofre e/ou aditivos de argila contendo cálcio (ver também a Secção 4.3.2) implicam custos de investimento substanciais (até 850 000 euros), p. ex., para aumentar a capacidade de armazenamento e para modificar a maquinaria usada na preparação das matérias-primas, na conformação e na secagem, e também podem implicar custos operacionais adicionais e custos suplementares com materiais. Motivações para a implementação — exigências legais — evitar técnicas de fim de linha (medidas secundárias). Exemplos de fábricas e literatura de referência [2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005] 4.3.2 Utilização de aditivos ricos em cálcio Descrição e benefícios ambientais obtidos A adição de calcário fino ou de carbonato de cálcio aos corpos cerâmicos tem um efeito de diluição, mas os aditivos ricos em cálcio também reagem a temperaturas relativamente baixas, entre 700 e 850 ºC, com matérias-primas com fluoretos e cloretos, e com óxidos de enxofre formados durante a cozedura de matérias-primas com enxofre, para reter os fluoretos, cloretos e enxofre no interior do material cerâmico cozido. Esta reacção química serve para «fixar» os fluoretos através da formação de fluoretos de cálcio estáveis e pode reduzir significativamente as emissões de HF. CaCO3—› CaO + CO2 CaO + 2HF —› CaF2 + H2O Uma reacção semelhante também serve para «fixar» cloretos e SOx no interior do corpo cerâmico, tal como se refere acima, e também pode reduzir significativamente as emissões de HCl e de SOx. No entanto, a concentração de HF, HCl e SOx nos efluentes gasosos não está necessariamente relacionada com o nível de CaO nas matérias-primas, uma vez que a experiência mostra que até mesmo os carbonatos finos(micronizados) ou o CaO presente nos produtos cerâmicos durante o processo de cozedura pode ter pouco ou nenhum efeito nos níveis de emissões de HF, HCl e SO2/SO3. Isto acontece devido principalmente às altas temperaturas de cozedura dentro do forno, provocando a decomposição de CaSO4, CaCl2 e CaF2. O CaF2 começa a decompor-se a cerca de 850 ºC e a temperaturas superiores (acima dos 900 ºC) o CaO também irá reagir com os silicatos para formar silicatos de cálcio, reduzindo a quantidade de CaO disponível. Efeitos cruzados A utilização de aditivos ricos em cálcio pode aumentar o consumo de energia na cozedura devido, por um lado, à ocorrência de reacções endotérmicas no forno e, por outro, à necessidade de tempos de cozedura maiores. Além disso, a utilização de aditivos ricos em carbonato de cálcio aumenta as emissões de CO2. Parâmetros de funcionamento e aplicabilidade Os aditivos ricos em cálcio podem induzir uma diminuição de 10 a 75% nas emissões de fluoretos (dependendo das matériasprimas e da temperatura máxima de cozedura), mas a sua utilização pode afectar a qualidade do produto final, daí que na prática esta medida não possa ser aplicada sem limitações [4, UBA, 2001]. O subsector onde esta medida tem uma maior aplicação é o da indústria de fabrico de tijolos, no caso das propriedades técnicas do produto final poderem ser satisfeitas. Esta medida não é habitual na indústria de refractários. Os aspectos qualitativos que são afectados pela adição de calcário são os seguintes: — cor: o aumento na utilização de calcário provoca uma alteração na cor, que tem tendência para ficar com tons mais claros (mais amarelos). Uma ligeira descoloração é aceitável no fabrico de tijolos que não ficam visíveis, mas o mesmo não se passa no fabrico de tijolo face-à-vista pois pode provocar problemas na comercialização e daí que não seja possível utilizar estes aditivos em todas as pastas para tijolos. A adição de Fe2O3 pode compensar parcialmente a descoloração amarelada — concentração de sulfatos solúveis na água: aumenta com a utilização de maiores quantidades de CaCO3. Os sulfatos solúveis na água são parcialmente responsáveis pelos problemas de eflorescências no fabrico de tijolos — resistência à compressão: a adição de carbonato de cálcio pode ter um ligeiro efeito, tanto positivo como negativo, na resistência à compressão — comportamento de retracção: a adição de carbonato de cálcio tem um efeito relativamente imprevisível no comportamento de retracção do produto durante a secagem e a cozedura — absorção de água: a absorção espontânea de água aumenta com a adição de maiores quantidades de CaCO3 e em resultado disso sobem os coeficientes de saturação, daí resultando uma redução da resistência ao gelo dos tijolos e um aumento da probabilidade de ocorrência de eflorescências. Estes efeitos são mais toleráveis nos tijolos que não ficam visíveis do que no tijolo face-à-vista — os agregados de argila expandida devem ter um máximo de 3% de CaO, senão a resistência dos grânulos é significativamente reduzida e, além disso, acima dos 5% a expansão é reduzida devido a um volume excessivo [2, VITO, 2003]. Aspectos económicos O acréscimo de emissões de CO2, induzido pela utilização de aditivos ricos em carbonato de cálcio, pode fazer aumentar os custos devido a exigências legais (p. ex., comércio de emissões). Além disso, alterações no comportamento de retracção dos produtos cerâmicos podem afectar o processamento mecânico durante a fase de fabrico. As medidas que envolvem a utilização de aditivos de baixo teor de enxofre e/ou aditivos de argila com cálcio (ver também a Secção 4.3.1) podem implicar custos de investimento substanciais (até 850 000 euros), p. ex., para aumentar a capacidade de armazenamento e para modificar a maquinaria usada na preparação das matérias-primas, na conformação e na secagem, e podem ainda envolver custos operacionais adicionais (custos suplementares com materiais). Motivações para a implementação — exigências legais — evitar técnicas de fim de linha (medidas secundárias). Exemplos de fábricas e literatura de referência [2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005] 141 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 142 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 4.3.3 Optimização dos processos 4.3.3.1 Técnicas de optimização das curvas de cozedura Descrição e benefícios ambientais obtidos e parâmetros de funcionamento A velocidade de aquecimento, assim como o nível da temperatura de cozedura podem afectar as emissões de SOx e de HF: — reduzir a velocidade de aquecimento no intervalo mais baixo de temperatura (até 400 ºC) promove a readsorção de HF com a formação de CaF2, daí resultando uma diminuição das emissões de HF. Pode verificar-se um efeito semelhante nas emissões de SOx, que normalmente se devem à oxidação da pirite e/ou à dissociação do sulfato de cálcio presente na pasta cerâmica — ao aumentar a velocidade de aquecimento no intervalo entre os 400 ºC e a temperatura de cozedura, atinge-se a temperatura de sinterização mais depressa e, em resultando disso, a libertação de emissões é limitada (pela difusão) e estas diminuem — a temperatura máxima de cozedura afecta a decomposição dos sulfatos. Quanto mais baixa for a temperatura de cozedura menor é a decomposição, daí que as emissões de SOx sejam menores. A redução da temperatura de cozedura pode ser alcançada através da adição de agentes de fluxo(fundentes) à mistura de matérias-primas — ciclos de cozedura mais rápidos resultam geralmente numa redução das emissões de fluoretos. As características das matérias-primas influenciam a libertação de fluoretos mas, qualquer que seja o produto cerâmico, o tempo de cozedura acima dos 800 ºC é decisivo — o controlo do teor de oxigénio nos processos de cozedura maximiza a eficiência da combustão. A figura seguinte mostra um exemplo de curva de aquecimento com os intervalos de temperatura para a libertação de poluentes durante a cozedura de tijolos [4, UBA, 2001], [30, TWG Ceramics, 2005]. Chaminé Pré-aquecimento Cozedura Arrefecimento Curva de cozedura Forno de túnel Tijolos secos Efluentes Enxofre gasosos Gás de carbonização Tijolos Flúor Calor de recuperação para secagem Figura 4.6 : Gamas de temperatura de um exemplo de curva de temperatura na libertação de poluentes durante a cozedura de tijolos Efeitos cruzados Nada a referir. Aplicabilidade e aspectos económicos A optimização da curva de aquecimento/ controlo do processo, pode ser aplicada em todos os subsectores da indústria cerâmica, mas deve referir-se que, na prática, as curvas de cozedura na indústria de transformação de argila são optimizadas em função da qualidade dos produtos e do consumo de energia. Por conseguinte, as curvas de aquecimento/cozedura só podem ser alteradas se as propriedades técnicas do produto final o permitirem e os custos adicionais devem ser tidos em conta ao alterar as curvas de aquecimento em função das emissões. Motivações para a implementação — exigências legais — evitar técnicas de fim de linha (medidas secundárias). — operação dos fornos com eficiência energética. Exemplos de fábricas e literatura de referência [2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005] 143 4.3.3.2 Redução dos níveis de vapor de água dos gases dos fornos Descrição e benefícios ambientais obtidos e parâmetros de funcionamento A redução dos níveis de vapor de água dos gases dos fornos resulta normalmente em taxas mais baixas de emissão de fluoretos, uma vez que o mecanismo básico para a libertação de flúor dos minerais da argila é a piro-hidrólise. A reacção ocorre a temperaturas a partir dos 800 ºC. Efeitos cruzados, aplicabilidade e aspectos económicos Verificou-se em testes laboratoriais que a redução do teor de água na atmosfera dos fornos resultava em menores emissões de HF, assim como de SOx. Na prática, a redução do teor de água na atmosfera dos fornos é tecnicamente difícil de alcançar, uma vez que a água é produzida durante a combustão/cozedura dos combustíveis fósseis utilizados para aquecer o forno. Esta produção de água só pode ser evitada através quer do aquecimento indirecto do forno, por exemplo, com queimadores a gás de tubo radiante [5, InfoMil, 2003], quer do aquecimento eléctrico do forno, mas isto iria exigir uma alteração profunda na concepção dos fornos e implicar um maior consumo de energia. Na Europa, em princípio apenas o aquecimento dos fornos com combustíveis fósseis é economicamente viável nos subsectores de fabrico de tijolos e telhas, das manilhas e tubos de grés, de produtos refractários e dos agregados de argila expandida. Daí que o aquecimento dos fornos com electricidade ou de um modo indirecto não é propriamente aplicável nestes subsectores (o aquecimento eléctrico é apenas utilizado na produção esporádica de produtos especiais no caso dos produtos refractários). No entanto, no caso dos subsectores de produção de azulejos e ladrilhos, de louça de mesa e ornamental, de louça sanitária, de cerâmicas técnicas e dos abrasivos com ligante inorgânico, a redução dos níveis de vapor de água dos gases dos fornos através do aquecimento dos fornos com electricidade (que já são parcialmente utilizados no fabrico de algumas cerâmicas técnicas) ou indirectamente com queimadores a gás de tubo irradiante [5, InfoMil, 2003] (os fornos intermitentes ou pequenos fornos de rolos podem em princípio, ser equipados com estes queimadores para o fabrico de produtos em pequena escala) tem um potencial de aplicação mais realista. Motivações para a implementação — exigências legais — evitar técnicas de fim de linha (medidas secundárias). Exemplos de fábricas e literatura de referência [2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [5, InfoMil, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005] 4.3.3.3 Combustão interna dos gases de carbonização Descrição e benefícios ambientais obtidos As emissões de COV que ocorrem na área de aquecimento do forno(zona de pré-aquecimento) em resultado da decomposição e da combustão incompleta dos componentes orgânicos das matérias-primas (designadas por gases de carbonização) podem ser queimadas de seguida no forno, desde que este tenha sido modificado para isso. A combustão interna pode conseguir-se ao direccionar os gases de carbonização da zona de pré-aquecimento do forno de volta para a zona de cozedura, onde irão ser novamente queimados devido às altas temperaturas ali existentes. De modo a que isto seja conseguido, a zona do forno onde ocorrem as emissões de COV (designada por zona de carbonização) tem de ser separada do resto do forno, o que pode ser feito através da instalação no forno de uma ou mais “portas de correr” ou com um sistema especial de extracção para os gases de carbonização. Com esta técnica, não são só as emissões de COV que são significativamente reduzidas, mas também as emissões de CO. A figura seguinte mostra um esquema da combustão interna dos gases de carbonização [4, UBA, 2001], [30, TWG Ceramics, 2005]. Chaminé dos Efluentes gasosos Reenvio do gás carbonizado Queimador de grande velocidade de saída Aquecimento 200 ºC 450 ºC Pré-aquecimento Carbonização 450 ºC 700 ºC Recuperação 250 ºC Imagem 4.7 : Esquema da combustão interna dos Efluentes gasosos Cozedura Queimador de injecção Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 144 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Efeitos cruzados A combustão dos gases de carbonização dentro do forno pode aumentar o consumo total de energia, em particular se tiver que se recorrer a queimadores (de alta velocidade) adicionais para queimar os gases de carbonização da zona de pré-aquecimento. Parâmetros de funcionamento e aplicabilidade Na Alemanha, já há algum tempo que se recorre a sistemas de combustão interna dos gases de carbonização, em especial nalgumas fábricas de tijolos. Estes sistemas permitem reduzir significativamente as emissões de COV, mas padecem da desvantagem prática de interferirem amiúde com o funcionamento normal do forno e de, em resultado disso, se tornarem difíceis de controlar. Um dos problemas conhecidos dos sistemas que utilizam portas de correr no forno é o facto de estas empenarem. A interferência da pós-combustão térmica no interior do forno, quando se utiliza um forno de túnel como simples permutador de calor por contracorrente, leva frequentemente a problemas no modo de funcionamento do forno ou a maiores gastos com a sua operação. Talvez por causa disso os sistemas de pós-combustão externa dos gases de carbonização tenham sido objecto de um aumento de preferência, em especial em novas fábricas nos anos mais recentes. Esta técnica não é aplicável no fabrico de agregados de argila expandida, uma vez que a secagem e a cozedura ocorrem em conjunto, donde resultam gases com elevadas concentrações de água. Ao empregar esta técnica conseguem-se obter valores de C total do efluente gasoso de aproximadamente 15 mg C total/m3 se os valores de efluente gasoso em bruto forem de 250 mg de C total/ m3 [4, UBA, 2001]. Aspectos económicos Por causa das complicadas técnicas de cozedura e de controlo, a combustão interna dos gases de carbonização é um sistema relativamente caro no que respeita aos custos de manutenção. Neste contexto, ver a Tabela 4.7. Motivações para a implementação — exigências legais — evitar técnicas de fim de linha (medidas secundárias). Exemplos de fábricas e literatura de referência [2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005] 4.3.3.4 Queimadores de baixas emissões de NOx Descrição e benefícios ambientais obtidos e parâmetros de funcionamento As emissões de óxidos de azoto resultam da cozedura de produtos cerâmicos, p. ex., produtos refractários, a temperaturas superiores a 1300 ºC. As referidas emissões de NOx podem ser minimizadas através da utilização de queimadores especiais de baixas emissões de NOx ou baixo teor de NOx. Estes queimadores são úteis para reduzir a temperatura da chama e, assim, reduzir o NOx térmico e (parcialmente) o que provém dos combustíveis. A redução de NOx é conseguida graças ao fornecimento de ar para reduzir a temperatura da chama ou do funcionamento intermitente dos queimadores. Efeitos cruzados Nada a referir. Aplicabilidade A aplicabilidade e eficácia dos queimadores de baixas emissões de NOx dependem de vários factores, entre eles a temperatura final de cozedura. Há registo de falta de eficiência nalguns casos a temperaturas acima dos 1400 ºC. Neste contexto, pode encontrar-se informação útil adicional no BREF sobre o Fabrico do Vidro, em que os queimadores de baixas emissões de NOx também são referidos. Além disso, devido aos requisitos de qualidade do produto final, a utilização de queimadores de baixas emissões de NOx pode ser limitado [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. Motivações para a implementação Exigências legais. Exemplos de fábricas e literatura de referência [1, BMLFUW, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005] 4.3.4 Instalações de depuração - sorção (adsorventes, absorventes) Neste contexto, também se pode encontrar informação útil no BREF sobre a Gestão e o Tratamento de Águas Residuais e de Efluentes Gasosos no Sector Químico. 4.3.4.1 Colunas de adsorção em cascata Descrição e benefícios ambientais obtidos Numa coluna de adsorção em série, a reacção entre o adsorvente, normalmente carbonato de cálcio (CaCO3, calcário), e os poluentes (principalmente HF, SOx e HCl) dos efluentes gasosos tem lugar numa câmara em que o adsorvente desce por gravidade e através da qual os efluentes gasosos passam em contracorrente ou transversalmente à corrente. De modo a obter um tempo de reacção e uma área de contacto suficientes são utilizados deflectores na câmara. Estes deflectores retardam a velocidade de descida do adsorvente e garantem uma circulação e distribuição eficaz dos efluentes gasosos na unidade. O carbonato de cálcio usado(já reagiu) é recolhido na base do equipamento. Estes adsorventes podem tratar gases a temperaturas até 500 ºC sem arrefecimento prévio e, por conseguinte, são bastante eficazes na redução das emissões de HF, SOx e HCl dos efluentes gasosos dos fornos. Na figura seguinte mostra-se uma ilustração de uma coluna de adsorção transversal [4, UBA, 2001]. Figura 4.8 : Esquema de um filtro de colunas de adsorção em cascata O carbonato de cálcio é utilizado sob a forma de grânulos normalmente com um tamanho de 4-6 mm, que devem cumprir determinadas especificações relativamente ao tamanho, composição e porosidade de modo a atingirem uma eficácia máxima de tratamento (purificação). Para além do carbonato de cálcio comum, também podem ser usados como adsorventes certos tipos de carbonato de cálcio modificado, compostos de misturas de carbonato de cálcio/hidróxido de cálcio (CaCO3/Ca(OH)2), que, devido à sua maior porosidade e a um maior teor de hidróxido de cálcio, têm uma maior afinidade com os gases ácidos. Uma vez que a adsorção de HF, SOx e HCl tem lugar principalmente na camada exterior dos grânulos de carbonato de cálcio, a eficácia dos grânulos é bastante baixa. Pode recorrer-se a uma técnica de descasque de modo a aumentar a eficácia da adsorção ao usar carbonato de cálcio não modificado. Nesta técnica, a camada exterior mais macia dos grânulos usados, que é composta por fluoreto de cálcio, sulfito de cálcio, sulfato de cálcio ou cloreto de cálcio, é removida mecanicamente. Os grânulos remanescentes podem ser reutilizados como adsorventes desde que tenham tamanho suficiente, de modo a que se verifiquem menos resíduos (sob a forma de calcário saturado descascado). No caso dos grânulos modificados, consegue-se uma maior afinidade com os gases ácidos graças às melhores qualidades da superfície, daí que não possam ser descascados para serem reutilizados, ao contrário do que se pode fazer com o carbonato de cálcio não modificado. A figura seguinte apresenta um diagrama do funcionamento de uma coluna de adsorção em série com um tambor de descasque. O agente de sorção descascado é reintroduzido automaticamente no silo de armazenamento. Com esta medida consegue-se uma redução na quantidade de resíduos que pode ir até 50% [4, UBA, 2001]. 145 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 146 Conduta de alimentação Conduta de reintrodução Camião silo Detector de taxa de carga Coluna de adsorção de fluoreto tipo cascata Ventilador dos Efluentes gasosos COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Amortecedor de comutação pneumática Conduta de gás bruto Saída de ar do silo Transportador Silo Amortizador de redução manual Alimentador de roda dentada com sistema de bloqueio Tambor de descasque Chaminé dos Efluentes gasosos Ventilador Forno de túnel Camião silo Dispositivo de ar comprimido Figura 4.9 : Esquema do processo de um adosorvente de leito tipo cascata com tambor de descasque Os grânulos de calcário, saturados de poluentes, são transportados para o tambor de descasque por um parafuso sem-fim. A camada exterior, saturada de poluentes, é removida por fricção e extraída juntamente com os grânulos <2,5 mm. Este material contaminado é descarregado por camiões-silo. A superfície dos grânulos remanescentes com um diâmetro >2,5 mm torna-se novamente reactiva. Os grânulos reutilizados são reintroduzidos no silo de armazenamento do adsorvente através de um sistema de bloqueio com alimentador de roda dentada e de uma conduta de realimentação. O adsorvente, o tambor de descasque e a conduta de realimentação constituem um sistema fechado. O descasque e a realimentação são efectuados automática e continuamente. Efeitos cruzados — elevado consumo de adsorventes — grande quantidade de resíduos (devido ao excesso relativamente elevado da porção de adsorvente) — os grânulos de carbonato de cálcio reagem com os componentes ácidos dos efluentes gasosos para formar CO2 — maior consumo de energia devido ao funcionamento da coluna de adsorção (em especial para compensar a queda de pressão) — é possível verificar-se um aumento das emissões de poeiras em resultado do acréscimo do teor de poeiras provenientes dos grânulos de carbonato de cálcio, especialmente se forem utilizados tambores de descasque — eventuais emissões de ruído. Parâmetros de funcionamento Os grânulos de carbonato de cálcio não modificados, de preferência os tipos mais macios de carbonato de cálcio, são particularmente apropriados para a remoção de HF e de SO3. No caso destes compostos, os grânulos atingem uma eficiência de depuração/ tratamento superior a 90% (até 99%) e a 80%, respectivamente. No entanto, o carbonato de cálcio comum não é muito apropriado para a remoção de SO2, uma vez que este é menos reactivo do que o HF e o SO3, sendo a sua eficiência de depuração da ordem dos 20%. Para o HCl, a eficiência de tratamento do carbonato de cálcio não modificado é de aproximadamente 50% [2, VITO, 2003], [4, UBA, 2001], [30, TWG Ceramics, 2005]. O carbonato de cálcio modificado é mais adequado para a remoção de SO2 e também produz uma melhor eficácia na remoção de HF e de SO3. Com o carbonato de cálcio modificado, a eficácia de depuração/tratamento atingível pode ir até 99% para o HF, até 85% para o SO3, de 30 a 85% para o SO2 para concentrações de efluentes gasosos brutos (como surgem das fontes de emissão, isto é sem tratamento) até 1500 mg SO2/m3 e uma eficiência superior a 50% para o HCl. A eficiência de tratamento destes sistemas pode ir até aos 100% para a retenção de partículas suspensas (ver também Secção 4.3.6) [4, UBA, 2001], [30, TWG Ceramics, 2005]. Os efluentes gasosos com um teor aproximado de 2500 mg de SO2/m3 podem, em determinadas circunstâncias – por exemplo, com quatro adsorventes (coluna em série do tipo contra-corrente com carbonato de cálcio modificado) colocados uns sob os outros na corrente descendente –, ser suficientemente filtrados para atingir concentrações de gases depurados/tratados inferiores a 500 mg de SO2/m3. Além disso, pode obter-se uma eficiência de tratamento de 85% para o SO2 no caso dos efluentes gasosos “brutos” com elevadas concentrações [4, UBA, 2001], enquanto que se se utilizar apenas um adsorvente a eficiência de tratamento para o SO2 baixa cerca de 30% [2, VITO, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005]. Neste contexto, ver também a Tabela 3.2, relativamente à distribuição do cloreto libertado, as Tabelas 3.6, 3.7, 3.8 e 3.9, relativamente às emissões dos processos de fabrico de tijolos e telhas, e a Tabela 3.43, relativamente às emissões do processo de fabrico de louça sanitária, com utilização de sistemas de colunas de adsorção [2, VITO, 2003]. Aplicabilidade Esta técnica pode ser aplicada em vários subsectores da indústria cerâmica, mas deve-se assinalar o espaço que o sistema ocupa e a falta de flexibilidade relativamente aos controlos e ao uso de outros adsorventes. Também devem ser tidas em conta outras condições, como as concentrações de HF e de SOx dos efluentes gasosos “brutos”, o funcionamento dos fornos, a temperatura máxima de cozedura requerida, a quantidade e a temperatura dos efluentes gasosos, o teor total de poeiras resultantes do adsorvente, a necessidade de um filtro de poeiras, a possibilidade de reutilização, reciclagem ou deposição de grandes quantidades de resíduos dos adsorventes, a disponibilidade de grânulos/pastilhas de calcário apropriadas e o aumento das necessidades de electricidade e do impacte ambiental total. Aspectos económicos Neste contexto, ver a Tabela 4.7. Podem ser acrescentadas quantidades pequenas de calcário saturado descascado no fabrico de blocos de argila e de tijolo face-à-vista, mas deve ter-se em conta que o teor de sulfato de cálcio do calcário saturado (após tratamento) pode causar eflorescências nos tijolos. Também é possível a utilização de calcário saturado na indústria do cimento, do betão e do asfalto. Na eventualidade de a reutilização não ser possível, também têm de ser tidos em conta os custos adicionais com a eliminação dos resíduos originados. Motivações para a implementação Exigências legais. Exemplos de fábricas e literatura de referência Wienerberger Ziegelindustrie AG, fábrica de tijolo face-à-vista, Rotenturm, Áustria [1, BMLFUW, 2003], Erlus Baustoffwerke AG, fábrica de telhas, Neufahrn, Alemanha [4, UBA, 2001], [2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005] 4.3.4.2 Sistemas de adsorção modular Descrição e benefícios ambientais obtidos A adsorção a seco é um processo, empregado predominantemente na separação de compostos gasosos inorgânicos fluorados, que utiliza módulos alveolados (tipo favo de mel) feitos com hidróxido de cálcio em sistemas chamados de sorção modular. Neste processo, os efluentes gasosos passam através de um reactor de aço simples sem partes móveis. O reactor aloja várias camadas de módulos adsorventes alveolados cheios de cal apagada (hidróxido de cálcio) que converte quimicamente o HF dos efluentes gasosos em fluoreto de cálcio (CaF2) à medida que aquele passa através dos módulos. A durabilidade dos módulos é influenciada pelo período de funcionamento da fábrica, pelos caudais dos efluentes gasosos e pela concentração de fluoretos nos gases brutos (efluente gasoso à entrada do sistema de tratamento). Os módulos são distribuídos pelas estruturas de apoio de modo a reduzir o tempo de substituição dos módulos e facilitar o seu manuseamento. Os módulos saturados são substituídos por novos módulos. A figura seguinte mostra o esquema da unidade de adsorção a seco com utilização de módulos alveolados feitos de Ca(OH)2 [4, UBA, 2001]. Entrada do gás bruto Módulo adsorvente Prateleira de suporte Saída de gás depurado Figura 4.10 : Esquema de um sistema de adsorção modular alveolar 147 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 148 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Efeitos cruzados — consumo relativamente elevado de adsorventes — grande quantidade de resíduos (os módulos saturados têm de ser eliminados) — eventual aumento do consumo de energia devido ao funcionamento do sistema (em especial para ultrapassar a perda de pressão no caso de efluentes gasosos com elevado teor de partículas Parâmetros de funcionamento e aplicabilidade Este sistema é tecnicamente simples e robusto, uma vez que é construído sem partes móveis e tem uma baixa queda de pressão (perda de carga). É particularmente eficiente para o tratamento de baixos caudais de efluentes gasosos (<18 000 m3/h) e quando as concentrações de compostos inorgânicos que não HF (SO2, SO3, HCl) são baixas. Por esta razão, este tipo de sistema é aplicado principalmente nos subsectores do fabrico de azulejos e ladrilhos, louças de mesa e ornamental, louças sanitárias e cerâmica técnica. Além disso, os capilares têm tendência a entupir no caso de haver elevadas concentrações de poeiras e, por conseguinte, o sistema não é propriamente adequado para ser utilizado como despoeiramento. Neste contexto, ver a Tabela 3.41, em que são listadas as concentrações de efluentes gasosos “em bruto” e tratados, de um processo de fabrico de louças sanitárias e em que é utilizado um sistema de sorção modular alveolado para o tratamento dos efluentes gasosos. Aspectos económicos Neste contexto, ver a Tabela 4.7. Além do preço dos módulos de adsorção novos, há que ter em conta o preço da eliminação dos módulos saturados, uma vez que não é possível reutilizá-los. Motivações para a implementação Exigências legais. Exemplos de fábricas e literatura de referência [1, BMLFUW, 2003], [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005] 4.3.4.3 Tratamento por via seca de efluentes gasosos com um filtro (filtro de mangas ou precipitador electrostático) Descrição e benefícios ambientais obtidos Com este tipo de tratamento dos efluentes gasosos, o adsorvente é impelido para a corrente de efluentes gasosos sob a forma seca. Os componentes ácidos (óxidos de enxofre e compostos inorgânicos clorados e fluorados) são adsorvidos num reactor ou numa zona deste, que pode ser a conduta dos efluentes gasosos entre o forno e o filtro desde que tenha um determinado comprimento mínimo, para garantir o tempo de contacto necessário. O filtro colocado após o reactor (ou da zona do reactor) remove os sais de neutralização formados e o excesso de adsorvente da corrente dos efluentes gasosos. Um filtro de mangas é usado principalmente para este propósito, uma vez que gera bom contacto entre o adsorvente e os gases contaminantes. O tecido dos filtros de mangas deve ser resistente a condições ácidas e alcalinas e também deve ser escolhido em função da temperatura dos gases a serem tratados (ver Tabela 4.2). A figura seguinte mostra um esquema do tratamento a seco dos efluentes gasosos com um filtro de mangas [10, Navarro, 1998], [23, TWG Ceramics, 2005]. Chaminé de segurança Chaminé Distribuidor do reagente Ventilador Transportador sem aquecimento Forno de plataforma única T < 200 °C Filtro de mangas Camada de reagente Resíduos Figura 4.11 : Esquema da depuração a seco de Efluentes gasosos com um filtro de mangas Podem ser usados precipitadores electrostáticos em vez dos filtros de mangas, com recurso ao mesmo sistema de injecção de reagente em pó, dado que têm a vantagem de funcionar com gases a temperaturas superiores (bem acima dos 400 ºC), daí que o arrefecimento dos efluentes gasosos não seja necessário, e é mais fácil proceder à recuperação da energia dos gases tratados. Por outro lado, o contacto entre o adsorvente e o poluente não é tão bom como no caso de se usar um filtro de mangas. A figura seguinte mostra um esquema de tratamento a seco dos efluentes gasosos com um precipitador electrostático [10, Navarro, 1998], [23, TWG Ceramics, 2005]. Chaminé de segurança Distribuidor do reagente Chaminé T < 450 °C Forno de plataforma única Precipitador eletrostático Resíduos Figura 4.12 : Esquema da depuração a seco de Efluentes gasosos com um precipitador eletrostático Uma variante especial do tratamento a seco dos efluentes gasosos é o tratamento por via semi-seca dos efluentes gasosos com um filtro, também conhecida por tratamento condicionado a seco dos efluentes gasosos. A diferença relativamente ao método a seco reside na utilização de uma pequena quantidade de água. O adsorvente é «condicionado» ao ser ligeiramente molhado com água, o que faz aumentar a reactividade e daí que a eficiência de tratamento seja maior. Além disso, o consumo de adsorventes e a quantidade de resíduos é menor. As desvantagens desta técnica são a probabilidade de ocorrência de problemas de corrosão devido a um maior teor de humidade dos efluentes gasosos e a controlos de funcionamento mais complexos [2, VITO, 2003]. Efeitos cruzados — o consumo de adsorventes provoca grandes quantidades de resíduos — a reciclagem dos resíduos pode ser problemática devido aos efeitos negativos do cálcio na reologia das barbotinas — relativamente maior consumo de energia eléctrica devido à queda de pressão (perda de carga) ao longo do filtro de mangas ou ao funcionamento de um precipitador electrostático — o ruído pode aumentar no caso de serem aplicados sistemas pneumáticos de limpeza dos filtros — o carbonato com adsorventes reage com os componentes ácidos dos efluentes gasosos para formar CO2. Parâmetros de funcionamento e aplicabilidade O sistema de tratamento a seco dos efluentes gasosos com um filtro é flexível no que respeita aos controlos e à utilização de adsorventes. Entre os adsorventes que podem ser utilizados encontra-se o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) e o óxido de cálcio (CaO) ou, mais recentemente, o bicarbonato de sódio (NaHCO3), que é mais apropriado para a remoção de SO2. No entanto, deve assinalar-se que o produto da reacção do bicarbonato de sódio consiste em sais solúveis na água (sulfato de sódio e fluoreto de sódio) e em resultado disso não pode ser facilmente depositado em aterros. Para sistemas de tratamento com filtros de mangas, podem surgir problemas a temperaturas muito elevadas, quando o filtro pode começar a arder; e a temperaturas muito baixas, próximas do ponto de orvalho, em que o filtro pode colmatar com facilidade. O sistema de tratamento com precipitador electrostático tem a vantagem de ser capaz de funcionar a temperaturas elevadas, excedendo os 400 ºC com facilidade, daí que o arrefecimento dos efluentes gasosos antes do tratamento não seja necessário, e ainda ser mais fácil proceder à recuperação da energia dos gases tratados. Um sistema de tratamento a seco dos efluentes gasosos com um filtro de mangas permite atingir concentrações de fluoretos nos efluentes gasosos tratados inferiores a 5 mg/m3 e concentrações de poeiras suspensas no intervalo de 2-20 mg/m3. A eficiência de tratamento destes sistemas varia de 90 a 99% para a retenção de partículas suspensas, 92 a 95% para a retenção de fluoretos, de 10 a 80% para o SO2, até 90% para o SO3 e até 85% para o HCl, no caso de se usar hidróxido de cálcio como adsorvente [2, VITO, 2003, 10, Navarro, 1998], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. Além de uma eficiência de tratamento de aproximadamente 99% para as partículas suspensas, pode conseguir-se uma retenção superior a 95% para os fluoretos, de 98 a 99% para o SO2 e SO3, assim como de 89% para o HCl no caso de se usar bicarbonato de sódio como adsorvente num sistema de tratamento a seco de efluentes gasosos com filtro de mangas (ver a Secção 4.3.6) [4, UBA, 2001]. 149 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 150 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva O sistema de tratamento com precipitador electrostático tem a vantagem de ser capaz de funcionar a temperaturas até 450 ºC aproximadamente, daí que o arrefecimento dos efluentes gasosos antes do tratamento não seja necessário, e é mais fácil proceder à recuperação da energia dos gases tratados. Há registos que indicam serem atingíveis concentrações de partículas no efluente gasosos tratado no intervalo de 5-50 mg/m3 recorrendo ao tratamento dos efluentes gasosos com precipitadores electrostáticos (ver a Secção 4.2.3.5). Os sistemas de tratamento a seco dos efluentes gasosos com filtro podem, em princípio, ser aplicados em todos os subsectores da indústria cerâmica no tratamento dos efluentes gasosos dos fornos, mas devem ser tidas em conta as desvantagens – comparativamente com os sistemas de coluna de adsorção em série – em relação à maior necessidade de manutenção e atender à durabilidade dos filtros de mangas (no caso dos sistemas que os utilizam). Aspectos económicos Neste contexto – para a sorção a seco com filtro de mangas – ver a Tabela 4.7. — Para os sistemas de tratamento por via semi-seca, os custos de investimento normalmente são ligeiramente superiores aos de uma unidade exclusivamente a seco — o bicarbonato de sódio é mais caro do que os adsorventes à base de cálcio — devem ser tidos em conta os custos adicionais com a eliminação dos adsorventes saturados que não podem ser reutilizados. Motivações para a implementação Exigências legais. Exemplos de fábricas e literatura de referência [2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [10, Navarro, 1998], [4, UBA, 2001], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [26, UBA, 2005], [32, TWG Ceramics, 2006] 4.3.4.4 Tratamento a húmido dos efluentes gasosos Descrição e benefícios ambientais obtidos Com o tratamento a húmido dos efluentes gasosos, os componentes ácidos (óxidos de enxofre, compostos inorgânicos clorados e fluorados) são removidos dos efluentes gasosos ao colocá-los em contacto intenso com água, donde resulta a sua transferência da fase gasosa para a aquosa. A extensão desta reacção está dependente da solubilidade do componente em questão. De modo a aumentar a solubilidade, pode adicionar-se à água uma base como o carbonato de cálcio (CaCO3), o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), o carbonato de sódio (Na2CO3), o hidróxido de sódio (NaOH) ou a amónia (NH3). Na figura seguinte mostra-se uma ilustração de uma unidade de tratamento a húmido dos efluentes gasosos [2, VITO, 2003]. Uma unidade como esta consiste numa unidade de preparação para o líquido de lavagem, uma secção de lavagem, um separador sólido-líquido e, eventualmente, uma unidade de tratamento da água e um colector de escorrências. Podem ser utilizadas placas ou materiais de enchimento (colunas cheias) para aumentar a área de contacto. Para além dos depuradores de colunas, também existem depuradores de pressão, venturi e rotativos. Unidade de preparação Efluentes gasosos limpos Líquido de lavagem Efluentes gasosos não-tratados Água depurada Água e componentes eliminados Resíduos Figura 4.13 : Ilustração de uma unidade de depuração por via húmida de Efluentes gasosos Efluente Nos sistemas de tratamento por via húmida, os efluentes gasosos são primeiro arrefecidos e a seguir lavados. Além disso, no processo por via húmida é necessário uma unidade de neutralização e uma unidade de separação de sólidos. Uma variante especial do tratamento a húmido dos efluentes gasosos é o tratamento semi-húmido, em que, devido a uma menor quantidade de água, a evaporação se torna possível. Em resultado disso, forma-se um resíduo sólido que reagiu antes com bastante eficiência e que pode ser separado através da utilização de um filtro. Este método requer temperaturas mais elevadas dos efluentes gasosos de modo a manter temperaturas suficientemente elevadas no filtro após as perdas de energia devidas à evaporação. Os sistemas semi-húmidos têm a vantagem de consumir menos adsorventes, produzir menores quantidades de resíduos e de ter uma maior eficiência de tratamento, mas requerem controlos de funcionamento mais complexos [2, VITO, 2003]. Efeitos cruzados — maior consumo de água — a produção de águas residuais de processo (em quantidades inferiores no caso dos sistemas semi-húmidos) resulta na necessidade de proceder ao tratamento dessas águas — consumo de electricidade relativamente elevado devido à queda de pressão ao longo das unidades — os absorventes com carbonato reagem com os componentes ácidos dos efluentes gasosos para formar CO2. Parâmetros de funcionamento Para a remoção de HF, HCl e SOx através da lavagem húmida dos efluentes gasosos, normalmente utiliza-se cal como absorvente. Neste caso, procede-se à atomização (secagem) numa coluna de atomização de uma solução de hidróxido de cálcio (leite de cal) ou de uma suspensão de carbonato de cálcio em água. Normalmente o resíduo que se forma é um gesso ligeiramente impuro. É atingível uma eficiência de tratamento de 99% para o HF, até 98% para o SO2, de 95% para o SO3 e até 95% para o HCl [2, VITO, 2003], [4, UBA, 2001]. Verifica-se a formação de fluoreto de sódio (NaF), sulfito de sódio (Na2SO3) e de cloreto de sódio (NaCl) no caso de se utilizar soda (cáustica) como agente de sorção numa coluna em série. O resíduo resultante tem de ser eliminado depois da evaporação. A eficiência de tratamento atingível com a utilizaçãode soda como agente de lavagem é de 98% para o HF, até 98% para o SO2, 96% para o SO3 e até 98% para o HCl [4, UBA, 2001]. A corrosão é um problema que pode ocorrer com a lavagem húmida dos efluentes gasosos. Os gases que saem das torres de lavagem estão saturados de água e podem causar corrosão ao arrefecer se se atingirem temperaturas inferiores ao ponto de orvalho. Além disso, estes gases frios dispersam-se mais lentamente na atmosfera e dão lugar a uma nuvem de humidade, daí que por vezes seja aconselhável reaquecer os efluentes gasosos. Aplicabilidade Em princípio, os sistemas de tratamento a húmido dos efluentes gasosos podem ser aplicados em todos os subsectores da indústria cerâmica. O recurso a processos por via húmida oferece uma alternativa aos sistemas de sorção a seco, em especial nos casos em que estão presentes elevadas concentrações de SO2 nos efluentes gasosos e as instalações de sorção a seco não conseguem alcançar baixas concentrações nos gases tratados. Na prática, contudo, a utilização de processos por via húmida é fortemente limitada por causa dos seus maiores custos de investimento e de manutenção. Os processos por via húmida oferecem uma alternativa em relação aos sistemas de tratamento a seco em especial nos casos em que são emitidas simultaneamente elevadas concentrações de poluentes inorgânicos, p. ex., para um teor elevado de SO2, acima dos 2500 mg/m3. Aspectos económicos Neste contexto, ver a Tabela 4.7. Também têm de ser tidos em conta os eventuais ciclos de vida mais curtos, causados pela corrosão. Motivações para a implementação Exigências legais. Exemplos de fábricas e literatura de referência Fábrica Hallerndorf-Pautzfeld, Alemanha (fabrico de agregados de argila expandida) [26, UBA, 2005], [2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005] 151 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 152 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 4.3.4.5 Filtros de carvão activado Descrição, benefícios ambientais obtidos, parâmetros de funcionamento e aplicabilidade Os filtros de carvão activado só são apropriados para o tratamento de baixos caudais de efluentes gasosos (off-gases) com compostos orgânicos voláteis (COV), por exemplo, libertados como produtos de reacções voláteis pelo tratamento térmico de resinas, em que as resinas são usadas como ligantes. As partículas e as gotículas têm de ser eliminadas da corrente gasosa antes de esta passar pelo filtro de carvão. Enquanto que alguns compostos orgânicos (p. ex., fenol e naftaleno) são retidos pelo carvão activado há outros que não são absorvidos eficazmente. Os filtros de carvão activado são utilizados principalmente no processo de fabrico dos produtos refractários. Efeitos cruzados — maior quantidade de resíduos no caso de o carvão activado não poder ser regenerado e tiver de ser eliminado — aumento do consumo de energia devido ao funcionamento do filtro de carvão activado. Aspectos económicos Custos elevados, em especial se os filtros de carvão activado não poderem ser regenerados e tiverem de ser eliminados. Motivações para a implementação Exigências legais. Exemplos de fábricas e literatura de referência [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005] 4.3.4.6 Depuradores biológicos Descrição e benefícios ambientais obtidos Os produtos das reacções voláteis, que são libertados pelo tratamento a quente das resinas utilizadas como ligantes na indústria de refractários, no fabrico de algumas cerâmicas técnicas e de alguns abrasivos com ligante inorgânico, incluem o amoníaco, o formaldeído e o fenol, que podem ser removidos dos efluentes gasosos utilizando líquidos de lavagem apropriados. A utilização de um depurador biológico é uma variante em que o absorvente é regenerado. As condições necessárias são a solubilidade dos poluentes na água e uma alimentação constante e contínua do depurador biológico. Efeitos cruzados — é possível verificar-se um acréscimo no consumo de água e nas águas residuais de processo — aumento do consumo de energia devido ao funcionamento do depurador biológico. Aplicabilidade Os depuradores biológicos podem ser aplicados nos processos de fabrico de produtos refractários e também no fabrico de algumas cerâmicas técnicas, bem como de alguns abrasivos com ligante inorgânico. Motivações para a implementação Exigências legais. Exemplos de fábricas e literatura de referência [3, CERAME-UNIE, 2003], [14, UBA, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005] 4.3.5 Pós-combustão Neste contexto, também se pode encontrar informação útil no BREF sobre a Gestão e o Tratamento de Águas Residuais e de Efluentes Gasosos no Sector Químico. 4.3.5.1 Pós-combustão térmica Descrição e benefícios ambientais obtidos A incineração dos gases de carbonização dos COV fora do forno pode ser feita em termo-reactores, que contêm duas ou três câmaras cheias de elementos cerâmicos ou de SiO2 com uma elevada capacidade de armazenar calor. Utiliza-se de preferência no caso de valores de concentrações nos efluentes gasosos em “bruto” (sem tratamento) superiores a 100-150 mg COV/m3, dependendo das características dos gases brutos (p. ex., temperatura, composição). Os efluentes gasosos com COV passam através da primeira câmara e absorvem o calor ali armazenado. À medida que saem da primeira câmara e entram no compartimento de incineração já se estão a aproximar da temperatura de incineração. No compartimento de incineração são aquecidos ainda mais, até 750 a 800 ºC, com queimadores, de modo a que as substâncias orgânicas sejam praticamente queimadas por completo. O CO presente nos efluentes gasosos é ainda oxidado para o CO2. Além disso, desde que a temperatura seja de pelo menos 800 ºC e o tempo de residência de pelo menos 1,5 segundos, consegue-se a destruição de 90% de quaisquer dioxinas presentes/formadas. Ao saírem do compartimento de incineração, os gases quentes tratados passam de seguida através da segunda câmara, onde perdem novamente a maior parte do seu calor. Os gases que foram arrefecidos deixam a segunda câmara e são descarregados através da chaminé. Após um determinado período de tempo, quando a primeira câmara arrefeceu suficientemente e a segunda câmara está suficientemente quente, o sentido do fluxo dos gases é invertido. A segunda câmara aquece então os gases por tratar (gases brutos) e a primeira câmara arrefece os gases tratados. No caso de haver uma terceira câmara no termo-reactor, esta é utilizada para evitar picos de emissões ao inverter o sentido do fluxo dos gases. Depois de se inverter o sentido do fluxo dos gases, fazem-se passar pequenos volumes de ar de expulsão através desta câmara para garantir que os gases por tratar não alcançam a chaminé. A figura seguinte mostra um esquema de um sistema de pós-combustão térmica num termo-reactor (sistema de três câmaras) [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. Combustível 5 1. Dispositivo de pré-aquecimento (câmara 1) 2. Arrefecimento do gás depurado (câmara 2) 3. Escape (câmara 3) 4. Câmara de combustão 5. Queimador 4 1 2 5 3 Efluentes gasosos Ar de escape Efluentes gasosos tratados Figura 4.14 : Esquema de um sistema de pós-combustão térmica no interior de um termoreactor (sistema com três câmaras) A figura seguinte apresenta a condução dos efluentes gasosos num sistema externo de pós-combustão térmica [4, UBA, 2001]. Saída do gás depurado Gás quente para o secador Permutador de calor Combustível Peças a cozer no forno Zona de pré-aquecimento Figura 4.15 : Percurso do gás de combustã num sistema de pós-combustão térmica externa Tratamento térmico de Efluentes gasosos Zona de cozedura Zona de arrefecimento Ar 153 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 154 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Efeitos cruzados — necessidade de mais combustível, pelo menos no início da operação (sistema de tratamento) e enquanto a concentração de COV é inferior ao ponto de auto-ignição — possibilidade de ocorrência de emissões adicionais de NOx. Parâmetros de funcionamento e aplicabilidade Se as concentrações de COV e de CO forem suficientemente elevadas, a incineração é praticamente autotérmica. Neste caso, não há necessidade de energia adicional para que o processo de incineração se mantenha. Esta situação sucede principalmente no fabrico de tijolos muito porosos, em que se adicionam grandes quantidades de substâncias orgânicas formadores de poros à mistura de matérias-primas. Nos últimos anos, a utilização de termo-reactores tem vindo a aumentar na indústria de transformação de argila, em especial no fabrico de blocos/tijolos isolantes, onde se adicionam substâncias orgânicas formadores de poros; e também para reduzir as emissões de COV nos processos de fabrico de outros produtos cerâmicos, por exemplo, produtos refractários, cerâmicas técnicas e alguns abrasivos com ligantes inorgânicos. Comparativamente com os sistemas de incineração interna, estes sistemas têm a vantagem de não interferir com o funcionamento normal do forno e de permitir que a corrente de efluentes gasosos seja tratada na sua totalidade. No entanto, para o fabrico de agregados de argila expandida apresentam o inconveniente de terem um elevado teor de água. Em função da eficácia de tratamento pretendida, os termo-reactores são instalados com duas ou três câmaras. Nos sistemas com duas câmaras é atingível uma eficiência de tratamento entre 94 e 97%, enquanto que nos sistemas com três câmaras se consegue alcançar facilmente uma eficiência de tratamento superior a 99% [4, UBA, 2001]. Neste contexto, ver também a Tabela 3.6 relativamente às emissões dos processos de fabrico de tijolo e a Tabela 3.54 relativamente às emissões dos processos de fabrico das cerâmicas técnicas (abrasivos com ligante). Nestes processos de fabrico utilizam-se pós-queimadores térmicos para o tratamento dos efluentes gasosos. Aspectos económicos Neste contexto, ver a Tabela 4.7. — para se economizar em combustível procede-se à pós-combustão térmica dos COV e do CO de preferência com permutadores de calor regenerativos — quanto menor a concentração de COV e de CO nos gases brutos (por tratar), maior a quantidade de energia adicional necessária para manter o funcionamento do termo-reactor e, por conseguinte, maior é o custo. Motivações para a implementação Exigências legais em combinação com técnicas de processamento eficaz de energia. Exemplos de fábricas e literatura de referência Wienerberger Ziegelindustrie AG/Werk Hennersdorf, fábrica de tijolos, Áustria [1, BMLFUW, 2003], [2, VITO, 2003], [3, CERAMEUNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [14, UBA, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [32, TWG Ceramics, 2006] 4.3.5.2 Pós-combustão catalítica Descrição e benefícios ambientais obtidos Nesta técnica de redução de COV, os poluentes orgânicos voláteis são oxidados ao fazer passar os efluentes gasosos por uma superfície catalítica que acelera a reacção de oxidação. O catalizador baixa a temperatura para a oxidação dos poluentes orgânicos para valores entre 200 e 300 ºC. Utilizam-se principalmente catalizadores com componentes de óxidos de metais ou de metais nobres (p. ex., Pd, Pt e Rh). Efeitos cruzados Os catalizadores irão provocar a oxidação imediata de SO2 em SO3, que é um composto mais tóxico e mais corrosivo. Aplicabilidade A oxidação catalítica é difícil de aplicar na indústria cerâmica porque os catalizadores utilizados são rapidamente contaminados pelas impurezas presentes nos efluentes gasosos (p. ex., compostos de enxofre). Por conseguinte, a pós-combustão catalítica emprega-se principalmente no tratamento de pequenos volumes de efluentes gasosos com um elevado teor de C total, que são produzidos, por exemplo, quando se cozem produtos refractários e de cerâmica técnica especiais em pequenos fornos ou no processo de secagem. Motivações para a implementação Exigências legais. 155 Exemplos de fábricas e literatura de referência [2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005] 4.3.6 Exemplos de parâmetros de funcionamento, de eficácia, consumos e custos para diversas técnicas de lavagem dos efluentes gasosos A tabela seguinte mostra alguns exemplos de parâmetros de funcionamento, de eficácia, consumos e custos para diversas técnicas de lavagem dos efluentes gasosos [2, VITO, 2003] [30, TWG Ceramics, 2005]: Técnica Colunas de adsorção em série-filtro cascata Valores das emissões Adsorvente SO2 <1500 mg/Nm³ CaCO3 modificado até 99% 43 a 85% 80 – 85% > 50% 100% 2,5 0 864 99 692 CaCO3 Eficiência de tratamento HF SO2 SO3 HCl Poeiras Excesso de dosagem de adsorventeA Consumo de água (m3/dia)B Consumo de electricidade (kWh/dia)B Custo do adsorvente (euros/tonelada) Custos de investimento (euros 103)B, C 90% (até 99%) 8 – 20% 80% 50% 100% 2,5 0 641 – 864 59 228 – 278 A SO2 <1500 mg/Nm³ CaCO3 modificado até 99% 43 a 85% 80 – 85% > 50% 100% 2,5 0 864 99 692 Tratamento a seco de efluentes gasosos por filtração Ca(OH)2 NaHCO3 80 a 96% 7 a 80% até 90% 10 a 85% 90 – 99% 1,35 – 2,00 > 95% 98 – 99% 98 – 99% 89% 99% 1200 – 2880 104 766 – 1081 Tratamento por via húmida dos efluente gasosos Água/Ca(OH)2 ou CaCO3 92 – 99% 20 a 98% 92 – 95% 50 a 95% Soda (cáustica) 98% 90 – 98% 94 – 96% 90 – 98% 100% 1,01 – 2,00 86 – 240 2352 – 4824 30 – 100 511 – 659 Isto significa: a relação entre a quantidade de adsorvente necessária na prática para se obter a eficiência de tratamento indicada e a quantidade de adsorvente necessária em teoria (com base na estequiometria da reacção de adsorção). B O intervalo refere-se aos valores submetidos por quatro empresas convencionais. C Instalação e custos suplementares. Tabela 4.5: Parâmetros técnicos, dados sobre a eficiência, os consumos e os custos para diversas técnicas de tratamento dos efluentes gasosos As duas tabelas seguintes mostram a eficiência dos diferentes tipos de tratamentos de efluentes gasosos, em resultado das medidas integradas nos processos e das técnicas de fim de linha. As técnicas de fim de linha têm efeito principalmente na redução de HF. As medidas integradas no processo apenas têm efeito na redução de SOx. Os exemplos também mostram a eficiência dos tratamentos relativamente à dependência do teor de enxofre na argila [2, VITO, 2003] [30, TWG Ceramics, 2005]. Exemplo 1 2 3 4 Técnica Lavagem a seco de efluentes gasosos por filtração Argila com elevado teor de enxofre SOx>1500 mg/m3 Adição de matérias-primas com baixo teor de enxofre e de cálcio Ca(OH)2 até 96% até 7% 0% até 92% Colunas de adsorção em série - filtro cascata Colunas de adsorção em série - filtro cascata Colunas de adsorção em série - filtro cascata Argila com elevado teor de enxofre SOx>1500 mg/m3 Adição de matérias-primas com baixo teor de enxofre e de cálcio CaCO3 até 96% até 8% até 18% até 39% Argila com elevado teor de enxofre SOx≥2500 mg/m3 Adição de matérias-primas com baixo teor de enxofre e de cálcio CaCO3 até 92% até 20% até 57% até 80% Argila com elevado teor de enxofre SOx≥2500 mg/m3 Adição de matérias-primas com baixo teor de enxofre e de cálcio e aditivos ricos em cálcio CaCO3 até 83% até 24% até 22% até 58% Matérias-primas Valores das emissões Medidas integradas no processo Adsorvente Eficiência de redução HF SOx HCl Poeiras Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 156 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Exemplo 5 6 7 8 Técnica Lavagem a seco de efluentes gasosos por filtração Argila com elevado teor de enxofre SOx>1500 mg/m3 – Colunas de adsorção em série - filtro cascata Colunas de adsorção em série - filtro cascata Colunas de adsorção em série - filtro cascata Argila com baixo teor de enxofre SOx<500 mg/m3 – Argila com baixo teor de enxofre SOx<500 mg/m3 – Argila com baixo teor de enxofre SOx<500 mg/m3 – Ca(OH)2 até 95% até 34% até 83% 0% CaCO3 até 74% 0% 0% até 37% CaCO3 até 99% até 76% até 94% até 83% CaCO3 até 99% até 63% até 93% até 44% Matérias-primas Valores das emissões Medidas integradas no processo Adsorvente Eficiência de redução HF SOx HCl Poeiras Tabela 4.6: Eficiência das reduções relativamente à dependência do teor de enxofre na argila Neste contexto, ver as Tabelas 3.8 e 3.9 relativamente aos respectivos parâmetros de funcionamento e concentrações de gases brutos (por tratar) e tratados dos fornos de fabrico de blocos de argila (tijolo perfurado) e de tijolo face-à-vista [32, TWG Ceramics, 2006]. A Tabela 4.7 mostra alguns exemplos de custos de investimento, de manutenção e dos adsorventes, assim como de custos operacionais relativos à redução de emissões, tais como partículas, compostos gasosos inorgânicos e orgânicos, com a utilização de diversas técnicas de tratamento de efluentes gasosos. Contudo, esta informação não pode usada para comparar directamente as técnicas individuais uma vez que os custos efectivos estão dependentes de factores como caudais, nível de controlo, valores de concentrações nos efluentes gasosos em bruto, energia, etc. Ela tem por objectivo fornecer uma perspectiva geral do nível de investimento que as diferentes técnicas envolvem [3, CERAME-UNIE, 2003], [2, VITO, 2003], [4, UBA, 2001], [30, TWG Ceramics, 2005], [32, TWG Ceramics, 2006]. Sistema/tipo de tratamento Redução de poeiras Filtro de mangas /câmara de filtros Aspiração central Sistema de limpeza dos vagões do forno (em diferentes modos de execução: bocal fixo, bocal móvel, com báscula e ajustamento de nível) Precipitador electrostático Campo de aplicação Absorvente/ adsorvente Áreas completas nas zonas de produção, preparação, transporte, armazenagem, conformação, transferência, etc. Áreas completas nas zonas de produção, preparação, transporte, armazenagem, conformação, transferência, vagões do forno, etc. Vagões do forno Redução de poeiras para grandes fluxos de efluentes gasosos quentes Redução de compostos gasosos inorgânicos Sistema modular Redução Alvéolos principalmente de Ca(OH)2 de HF Colunas de adsorção Redução CaCO3 em série - filtro cascata principalmente de HF Colunas de adsorção Redução princiAbsorvente em série - filtro cascata palmente de HF, modificado/ HCl e SOx fabricado Colunas de adsorção Redução princi- CaCO3 e absor/módulos em série palmente de HF, vente mod./ em contracorrente HCl e SOx fabricado Sorção a seco com filtro Redução Ca(OH)2 de de mangas (sistema de fly principalmente diferentes stream) de HF, HCl e qualidades SOxRedução de partículas Sorção a seco com filtro Redução Ca(OH)2 de de mangas (sistema de fly principalmente diferentes stream) com condicionamende HF, HCl e qualidades (com to do produto da reacção SOx Redução de pouca água partículas adicionada) Depuradores húmidos Redução princiÁgua palmente de HCl alcalina e SOx Redução dos compostos orgânicos gasosos Pós-combustão térmica Redução num termo-reactor (externo) de COV Carbonização interna Redução dos gases de combustão de COV Dimensões/ caudais comuns na indústria cerâmica (Am3/h)1 Estimativa do investimento (euros) De 900 a 70 000 6000 – 150 000 (dependendo da dimensão e da quantidade das condutas) De 900 a 1000 25000 – 65 000 (dependendo da quantidade das condutas) De 8000 a 30 000 40 000 – 200 000 (dependendo da dimensão e do modo de execução) 1 000 000 – 3 000 000 Até 100 000 Manutenção (euros/ano) Custo dos sorventes (euros/ tonelada) (euros/ano) Custos operativos (euros/ tonelada) 0,03 – 0,1 0,1 – 0,2 Débitos bastante baixos 45 000 – 100 000 ~500 ~46 000 euros/ano 2500 a 140 000 (sem limite inferior ou superior) 2500 a 140 000 (sem limite inferior ou superior) 2500 a 140 000 (sem limite inferior ou superior) 2500 a 140 000 (sem limite inferior ou superior) 40 000 – 500 000 ~2000 40 000 – 500 000 ~2000 80 000 – 800 000 ~2500 80 000 – 1 000 000 ~4000 30 – 55 Euros/t (entregue) 4000 – 30000 Euros/ano 95 – 110 euros/t (entregue) até 60 000 euros/ano 30 – 55 euros/t (entregue), 95 – 110 euros/t (entregue) 95 – 110 euros/t (entregue) 8000 – 45 000 euros/ano 2500 a 140 000 (sem limite inferior ou superior) 200 000 – 1 600 000 ~6500 95 – 110 euros/t (entregue) 8000 – 45 000 euros/ano 2500 a 140 000 (sem limite inferior ou superior) 400 000 – 2 000 000 até 8000 95 – 110 euros/t (entregue) 8000 – 45 000 euros/ano + água 10 000 – 50 000 180 000 – 420 000 42 000 – 300 000 500 – 4500 23 400 – 4800 107 500 – 130 700 107 500 – 130 700 500 – 8000 Nota: Na coluna «Dimensões/caudais comuns» e na coluna «Estimativa de investimento» são apresentados intervalos. É razoável assumir que os valores mais baixos de m3 reais/h correspondem aos valores mais baixos para o investimento e que os valores mais altos de m3 reais/h correspondem aos valores mais altos para o investimento. O acréscimo dos valores mais baixos para os mais altos não é linear, normalmente quanto mais m3 reais/h são tratado mais barato fica o investimento por m3 reais. 1) Os valores dos caudais são apresentados em «m3 reais» (por oposição aos m3 normais, em condições normais), uma vez que são os efluentes gasosos reais que têm de ser tratados. Tabela 4.7: Custos relativamente à redução de partículas e de compostos inorgânicos e orgânicos gasosos através de diferentes técnicas de redução 157 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 158 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 4.4 Águas residuais de processo 4.4.1 Utilização de água como matéria-prima A água é uma matéria-prima muito importante na indústria cerâmica, mas a quantidade utilizada varia bastante em função dos sectores e dos processos. A água acrescentada directamente à mistura utilizada para o corpo cerâmico não traz nenhum problema em termos de águas residuais, uma vez que é posteriormente evaporada durante as fases de secagem e de cozedura. As águas residuais de processo são produzidas principalmente na lavagem e suspensão das matérias argilosas em água corrente durante as fases do processo de fabrico. 4.4.2 Utilização de água como veículo de permutação de calor A água desempenha esta função ao arrefecer sistemas hidráulicos, compressores, etc. A água utilizada para este fim deve ser limpa e com baixa dureza para evitar a formação de calcário nos permutadores de calor e pode ser usada em circuitos fechados depois de simples operações de arrefecimento e/ou limpeza e, por conseguinte, o consumo de água corresponde à quantidade de água que se evapora. Uma vez que, na maioria dos casos, a água nos circuitos fechados para operações de arrefecimento é quimicamente condicionada para evitar a corrosão ou a fermentação de matéria orgânica, normalmente não é possível tratar estas águas com as águas residuais de produção (neste contexto, ver também o BREF sobre os Sistemas de Refrigeração Industrial). 4.4.3 Utilização de água como agente de tratamento A água também é utilizada nos processos de tratamento dos efluentes gasosos (sistemas de tratamento por via húmida dos efluentes gasosos e separadores húmidos de poeiras). Nestes sistemas, as águas residuais de processo recicladas podem ser utilizadas depois de sujeitas a um simples processo físico de tratamento (decantação com ou sem tratamento químico prévio), podendo voltar a circular ou ser novamente tratadas. 4.4.4 Utilização de água como agente de limpeza A água é usada para limpar as instalações, em especial as unidades de preparação de matérias-primas (preparação de pastas), moldes e outras unidades de conformação, linhas de vidragem, engobagem e outras unidades de decoração. A limpeza é a operação em que se consome mais água e que requer uma gestão adequada para se conseguir poupar água e evitar águas residuais de processo. O consumo de água pode ser reduzido se a água for tratada e reutilizada várias vezes na limpeza. 4.4.5 Objectivos e soluções para a redução das águas residuais de processo (emissões e consumo) Os objectivos para o tratamento das águas provenientes dos processos de fabrico cerâmico envolvem a redução do consumo de água e a produção do mínimo de emissões das águas residuais de processo. A concretização destes objectivos passa pela aplicação de medidas de optimização dos processos e por sistemas de tratamento das águas residuais de processo. 4.4.5.1 Optimização dos processos Descrição e benefícios ambientais obtidos É fundamental minimizar o consumo de água e para alcançar esse objectivo podem implementar-se as seguintes medidas de optimização dos processos: — intervir nos circuitos de água, instalar válvulas automáticas para evitar fugas quando a água já não é necessária — instalação de um sistema de alta pressão na fábrica para efeitos de limpeza (ou equipamento de lavagem de alta pressão) — passagem dos sistemas de tratamento a húmido dos efluentes gasosos (off-gases) para sistemas alternativos sem consumo de água (tratamento através de sistemas de tratamento a seco dos efluentes gasosos (off-gases), ver Secções 4.2.3 e 4.3.4) — instalação de sistemas in situ de recolha dos resíduos da vidragem — instalação de sistemas de transporte de barbotinas por condutas — separar a recolha das águas residuais de processo de diferentes fases do processo — reutilização das águas residuais de processo na mesma etapa do processo, em particular a reutilização repetida da água de lavagem depois de efectuado o tratamento adequado. Efeitos cruzados Nada a referir. Parâmetros de funcionamento A solução óptima envolve a reutilização das águas residuais de processo na mesma etapa do processo. Para determinar a quantidade máxima de águas residuais de processo susceptíveis de serem reutilizadas na fábrica e para conceber as respectivas soluções pode estabelecer-se um balanço hídrico (designado «fluxo de massa») que indique todos os pontos produtores de águas residuais de processo, as quantidades produzidas e todas as formas e locais possíveis de as re-utilizar. Neste contexto, a tabela seguinte mostra a taxa de reciclagem das águas residuais de processo atingível nos diferentes subsectores da indústria cerâmica. Os dados correspondem às taxas médias e às taxas mais elevadas obtidas por sector na Alemanha relativamente às águas residuais de processo produzidas [4, UBA, 2001]. Sector Azulejos e ladrilhos Louça utilitária e decorativa Louças sanitárias Média 70 – 80% n.d. 30 – 50% 159 Taxa máxima 100% 50% 50% Tabela 4.8: Taxas de reciclagem atingíveis nas águas residuais de processo em diferentes sectores da indústria cerâmica Registam-se taxas variáveis de reciclagem atingíveis nas águas residuais de processo relativamente à água necessária para o fabrico de diferentes tipos de azulejos e ladrilhos: de 10% (grés não vidrado) a 70% (mosaico vidrado por monocozedura e grés vidrado) [6, Timellini, 2004]. As taxas de reciclagem e reutilização das águas residuais de processo são obtidas através de uma combinação de medidas de optimização dos processos e da utilização de sistemas de tratamento das águas residuais de processo, mencionados na Secção 4.4.5.2. Aplicabilidade As medidas de optimização dos processos para minimizar o consumo de água podem aplicar-se em todos os subsectores da indústria cerâmica. Aspectos económicos Depende da medida/tarefa relacionada com o caso individual particular, mas normalmente a minimização do consumo de água leva à redução dos custos com a água captada/rede. Motivações para a implementação Economizar nos custos através da condução dos processos de forma eficaz. Exemplos de fábricas e literatura de referência [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [10, Navarro, 1998], [13, SYKE, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005] 4.4.5.2 Sistemas de tratamento das águas residuais de processo Neste contexto, também se pode encontrar informação útil no BREF sobre a Gestão e o Tratamento de Águas Residuais e de Efluentes Gasosos no Sector Químico. Descrição e benefícios ambientais obtidos Os principais sistemas de tratamento das águas residuais de processo são os seguintes: Homogeneização: utilizam-se tanques de homogeneização para obter uma composição consistente (regular) da água a ser tratada e para suprimir, na medida do possível, problemas relacionados com variações nos seus constituintes. A utilização destes tanques produz melhorias em todos os tratamentos posteriores, uma vez que a homogeneidade resultante facilita o controlo das adições de produtos e a consistência (regularização) nas instalações onde decorre o funcionamento. Arejamento: trata-se de um processo físico que se utiliza frequentemente no tratamento de água para diversos fins, como a oxidação dos materiais para facilitar a floculação, oxigenação dos compostos orgânicos presentes nas águas residuais de processo, eliminação de odores, etc. O equipamento de arejamento pode incluir agitadores ou turbinas de superfície. Sedimentação (decantação): consiste na separação parcial, por gravidade, das partículas sólidas de um líquido. Existem vários tipos de tanques de decantação, que podem ser rectangulares, redondos ou laminares . Filtração: consiste na separação das matérias em suspensão de um líquido, fazendo passar a suspensão através de um meio poroso que retém as matérias sólidas e deixa passar o líquido. Os tipos de filtros usados na indústria cerâmica são os filtros em profundidade (in-depth filters), os filtros de pressão (filtro-prensa) e os filtros de vácuo rotativos. Absorção por carvão activado: este tratamento tem por base a capacidade do carvão em absorver facilmente as moléculas orgânicas presentes na água. Trata-se de um sistema bastante apropriado para a remoção de substâncias orgânicas não biodegradáveis. Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 160 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Precipitação química: trata-se de um processo destinado a eliminar diferentes elementos dissolvidos fazendo-os precipitar sob a forma de compostos insolúveis, usando reagentes como a cal. Coagulação e floculação: o objectivo deste tratamento é fragmentar as suspensões coloidais e produzir a aglomeração das partículas através, por exemplo, da utilização depoli-electrólitos e/ou da combinação de cal e sais metálicos. Troca iónica e osmose invertida: estes processos servem para remover o boro da água de lavagem proveniente das secções de vidragem e de aplicação. A osmose inversa também se utiliza para reduzir a quantidade das descargas de águas residuais de processo. A aplicação destas medidas individualmente ou em combinação permite obter reduções significativas de emissões de águas residuais de processo e diminuir o consumo de água (ver também a Tabela 4.8). Efeitos cruzados Os resíduos da sedimentação/filtração devem ser eliminados no caso de não haver possibilidade de os reutilizar (em especial se forem usados agentes de floculação, precipitação ou absorção). Parâmetros de funcionamento e aplicabilidade Os sistemas de tratamento das águas residuais de processo podem ser aplicados em todos os subsectores da indústria cerâmica, mas deve ter-se em conta a tarefa em causa: — no caso de as águas residuais de processo serem reutilizadas no processo de preparação de pasta, em princípio não é necessário qualquer tratamento, mas deverá usar-se um tanque de homogeneização para garantir que as características permanecem o mais homogéneas possível — no caso de a água ser para reutilizar na lavagem das instalações, a qualidade da água deve ser maior, pelo que é necessário efectuar a sedimentação, seguida de arejamento, com ou sem tratamento químico posterior para remover os odores — as águas residuais de processo em excesso e que têm de ser descarregadas para o exterior requerem normalmente uma combinação de floculação, sedimentação e filtração. Além disso, de seguida procede-se à osmose inversa para reduzir a quantidade de águas residuais de processo descarregadas. A título de exemplo, a figura seguinte mostra um diagrama de fluxo de uma estação de tratamento de águas residuais de processo de um fabricante de porcelana de mesa e que consiste numa combinação das operações unitárias de tratamento de águas residuais de processo acima referidos [4, UBA, 2001]. Tanque de homogeneização e amortecedor Reactor de floculação Produção da porcelana Decantador para separação de sólidos Filtrato Filtro-prensa de câmara para desidratação das lamas por filtração Bolo de filtração Sólidos Água subterrânea Descarga de resíduos Filtro de areia para filtração profunda Filtros de PP para filtração avançada Filtrado permeado Membrana composta para osmose inversa Figura 4.16 : Esquema de uma estação de tratamento das águas residuais de processo Concentrado Drenagem das águas residuais de processo Neste contexto, ver a Tabela 3.38, que mostra a análise correspondente das águas residuais de processo relativamente a várias operações unitárias de tratamento, e a Tabela 3.39, que mostra uma análise das águas residuais de processo de uma fábrica de cerâmica doméstica, em que o tratamento das águas é efectuado através de um processo químico de precipitação. 161 Ver também a Tabela 3.49, que mostra a análise das águas residuais de processo tratadas de um processo de fabrico de cerâmicas técnicas (isolante eléctrico), em que o tratamento das águas residuais de processo é efectuada por floculação, separação com um espessante com placas deflectoras e filtração com um filtro prensa, enquanto que a Tabela 3.50 ilustra as concentrações de poluentes das águas residuais de processo de uma fábrica de isoladores eléctricos após a floculação, mas sem filtração. Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica Aspectos económicos No caso de as águas residuais de processo terem de ser descarregadas para o exterior, o cumprimento dos limites especificados na legislação em vigor requer a combinação de várias etapas de tratamento (operações unitárias) dispendiosas que incluem a sedimentação, a precipitação química, a floculação e um processo final com base ou na troca iónica ou na osmose inversa, conforme foi mencionado acima. Na eventualidade de a água tratada dos sistemas de tratamento de águas residuais de processo poder ser reutilizada, é possível reduzir os custos com a “água fresca”. A combinação de medidas de reciclagem/reutilização das águas residuais de processo com medidas de optimização dos processos para a minimização do consumo de água permite economias nos custos associados com a eliminação dos resíduos provenientes dos tratamentos referidos (ex. lamas da ETARI). Motivações para a implementação — exigências legais — economizar no consumo de água e de matérias-primas. Exemplos de fábricas e literatura de referência [1, BMLFUW, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [10, Navarro, 1998], [13, SYKE, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005], [31, Probst, 2005] 4.5 Perdas de processo/resíduos 4.5.1 Lamas resultantes do fabrico de produtos cerâmicos 4.5.1.1 Sistemas de reciclagem de lamas Descrição e benefícios ambientais obtidos A reciclagem consiste na reutilização das lamas nas pastas cerâmicas, conforme se verifica com as suspensões aquosas e as barbotinas que contém materiais cerâmicos, por exemplo, para o fabrico de pavimento e revestimento (azulejos e ladrilhos), ver também as Secções 2.3.5 e 3.3.5. Os sistemas de reciclagem de lamas podem ser facilmente implementados nas instalações de preparação das matérias-primas por moagem por via húmida, uma vez que as lamas podem ser utilizadas directamente sem necessidade de tratamento posterior; ou pela sua sujeição a simples tratamentos físicos ou físico-químicos, com a vantagem suplementar de ser possível utilizar a água que elas contêm como água de moagem. No caso de se recorrer a um processo de preparação de pasta por via seca, apesar de a adição de lamas não constituir qualquer problema, a gestão é mais complexa uma vez que as lamas têm de ser secas previamente. A figura seguinte mostra o esquema de uma instalação de reciclagem de lamas de uma fábrica de pavimento e revestimento (processo por via húmida) [4, UBA, 2001]. As lamas são bombeadas do reservatório de armazenamento de lamas para uma unidade de peneiração em duas fases. De seguida, passam através de um filtro de desferrização, seguindo depois para um reservatório de pré-bombagem com uma capacidade de 3 m3. Daí, as lamas são bombeadas para dois reservatórios tampão de 200 m3 cada um, que são alimentados alternadamente. Após uma verificação das características das lamas e de se obter um resultado satisfatório, as lamas vão para o reservatório principal de armazenamento, que tem uma capacidade de 400 m3. As lamas cerâmicas são transportadas semi-automaticamente do reservatório principal de armazenamento para reservatórios de distribuição, a partir dos quais se faz a alimentação dos moinhos de tambor para os diferentes lotes. 162 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Armazenamento da lama Contentores adequados Dispositivo de peneiração Filtro de desferrização Bacia amortecedora Armazenamento de pré-bombagem Bacia de armazenamento Moinho de bolas Figura 4.17 : Esquema de uma instalação de reciclagem de lamas Ao instalar um sistema de reciclagem de lamas não só se obtém uma redução no consumo de matérias-primas e de água, mas também uma redução nas descargas poluentes para o ambiente. Efeitos cruzados Se as lamas tiverem de ser secas para serem reutilizadas, haverá aumento do consumo de energia. Também é preciso ter em conta as eventuais consequências negativas do facto de os poluentes provenientes de uma determinada fase do processo ou de uma determinada secção da fábrica, como, por exemplo, a preparação e aplicação do vidrado, serem introduzidos numa fase ou secção diferente, como, por exemplo, a preparação das pastas cerâmicas. O controlo das emissões gasosas e das águas residuais de processo constitui uma solução adequada para evitar essas consequências negativas. Parâmetros de funcionamento e aplicabilidade A quantidade de lamas produzidas numa fábrica de azulejos e ladrilhos varia de 0,09 a 0,15 kg/m2 de produto acabado seco (base seca), o que representa 0,4 a 1% (kg lamas secas/kg corpo cerâmico) para um produto com um peso específico de 15 a 20 kg/m2. Se todas as lamas provenientes do tratamento das águas residuais produzidas no processo forem reutilizadas no processo de preparação de pasta, a adição em relação às matérias-primas dos corpos cerâmicos será então de cerca de 0,4 a 1,0% sobre uma base seca. Constatou-se que a adição de 1 a 1,5% de lamas às pastas cerâmicas preparadas para o fabrico de ladrilhos normalmente não afecta o comportamento dos produtos durante o processo de fabrico [10, Navarro, 1998], [32, TWG Ceramics, 2006]. Por conseguinte, tanto em termos de balanço de massa como da alteração de comportamento resultante, a incorporação total das lamas nos processos de moagem por via húmida é tecnicamente exequível e facilita a gestão do processo. No caso dos processos por via húmida em que a secção de preparação de pasta cerâmica fica em instalações independentes (ciclo parcial), ou fica separada das instalações de produção, as lamas podem ser transportadas por estrada. As suspensões aquosas e as lamas podem ser transportadaspor camiões-cisterna ou por condutas. A utilização de lamas que contêm resíduos de vidrados (vidros) na forma de elementos constituintes do vidrado (vidro) poderia ser uma opção apropriada. No entanto, o principal inconveniente neste processo é o carácter significativamente heterogéneo da composição das lamas ao longo do tempo, devido à diversidade dos vidros que normalmente, na maior parte das empresas, são utilizados na mesma altura na produção. Além disso, estas lamas não podem ser o único constituinte do vidrado, sendo consideradas antes como aditivo (p. ex., utilizadas como agente de fluxo). Apesar de em alguns casos poder ser uma boa solução, em particular se apenas um ou poucos vidros diferentes forem utilizados, o recurso a este tipo de lamas na preparação de vidros não pode ser considerado como uma solução geral. Por conseguinte, a reutilização das lamas não é aplicável em todos os casos. No caso de haver critérios especiais em termos de qualidade ou de desempenho, as lamas só são reutilizáveis noutros produtos que não esses (ver Secção 4.5.1.2). Aspectos económicos A reciclagem/reutilização das lamas permite evitar – e, portanto, poupar – os custos com a eliminação. Motivações para a implementação Economizar nos custos ao poupar no consumo de matérias-primas e de água e ao evitar resíduos. Exemplos de fábricas e literatura de referência [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [6, Timellini, 2004], [10, Navarro, 1998], [13, SYKE, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [32, TWG Ceramics, 2006] 4.5.1.2 Reutilização de lamas noutros produtos Descrição e benefícios ambientais obtidos As lamas podem ser reutilizadas em subsectores da indústria cerâmica diferentes daqueles em que as lamas são produzidas, uma vez que essa operação pode implicar soluções tecnicamente interessantes ou economicamente vantajosas. Por exemplo, as lamas provenientes do fabrico de louça utilitária ou decorativa doméstica ou de louças sanitárias podem servir de matérias-primas ou de aditivos no fabrico de blocos de argila e no de agregados de argila expandida. Isto permite, por um lado, evitar resíduos e, por outro, economias ao nível das matérias-primas. Efeitos cruzados Se as lamas tiverem de ser secas para serem reutilizadas, haverá aumento do consumo de energia. Também é preciso ter em conta as eventuais consequências negativas do facto de os poluentes provenientes de uma determinada fase do processo, ou de uma determinada secção da fábrica ou mesmo de um determinado subsector da indústria, como, por exemplo, a preparação e aplicação do vidrado (vidro) no fabrico de louça doméstica, serem introduzidos numa fase, secção ou sector diferente, como, por exemplo, a preparação de matérias-primas numa fábrica de tijolos. O controlo das emissões gasosas e das águas residuais de processo constitui uma solução adequada para evitar essas consequências negativas. Parâmetros de funcionamento e aplicabilidade Se as lamas forem reutilizadas no fabrico de materiais de construção, devem ser tidas em conta as temperaturas de fusão dos vidros que fazem parte das lamas, assim como das propriedades de fluxo, uma vez que podem afectar as propriedades do produto. Aspectos económicos e motivações para a implementação Economizar ao diminuir nos custos das matérias-primas e nos custos de eliminação de resíduos. Exemplos de fábricas e literatura de referência [3, CERAME-UNIE, 2003], [13, SYKE, 2004], [22, SYKE, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005] 4.5.2 Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos Esta secção trata das possibilidades de redução dos resíduosque ocorrem nas várias fases dos processos de fabrico dos produtos cerâmicos. As instalações/técnicas geradoras de perdas de processo já foram abordadas neste documento, por exemplo, nos Capítulos 2 e 4 aquando da abordagem das técnicas de redução de poeiras. 4.5.2.1 Considerações gerais relativas à reutilização das perdas de processo sólidas como matérias-primas As poeiras recolhidas durante as cargas, descargas, transporte, manuseamento e processamento mecânico das matérias-primas normalmente podem ser reutilizadas como matérias-primas. Por exemplo, no armazenamento das matérias-primas, todas as poeiras dos filtros podem ser reintroduzidas directamente no processo de produção ou no silo, desde que se utilize um filtro no topo do silo para a aspiração e tratamento do ar. Mas, no caso de estar a funcionar uma unidade central de despoeiramento, essa reintrodução directa pode não ser possível por causa da mistura de diferentes matérias-primas. Além disso, as perdas de processo que são geradas antes da cozedura normalmente podem ser reutilizadas como matérias-primas através da sua mistura às matérias-primas. Os cortes, os moldes de gesso usados e também as poeiras são as principais perdas de processo produzidas pelo processo de conformação. As peças cortadas na prensa (excesso de material) são frequentemente empurradas da zona da prensagem, recolhidas sob a prensa e reintroduzidas directamente na zona de armazenamento de material da prensa. Além disso, as poeiras ou as peças cortadas são com frequência reintroduzidas como componentes da mistura na conformação de barbotinas ou nas pastas de grés. Os moldes de gesso usados podem ser reutilizados na indústria cimenteira ou parcialmente, depois da moagem e da crivagem, na indústria de fertilizantes. As partículas/poeiras provenientes de um sistema de tratamento dos efluentes gasosos só podem ser reutilizadas sob certas circunstâncias, uma vez que estas poeiras podem conter elevadas concentrações de enxofre e de fluoretos. Ao serem adicionadas à mistura de matérias-primas, estas partículas podem provocar um aumento das emissões de HF e de SOx durante o processo de cozedura. Além disso, as poeiras provenientes de um sistema de tratamento dos efluentes gasosos podem conter partículas de um adsorvente como o calcário – por exemplo, se se utilizar um sistema de adsorção com calcário – que afecta as propriedades do produto. Por conseguinte, a condução separada das diferentes correntes de efluentes gasosos (off-gases) facilita a utilização (ou re-utilização) das poeiras das perdas de processo. No fabrico de agregados de argila expandida, as poeiras geradas podem ser recicladas (ou re-utilizadas) na maioria dos casos. 163 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 164 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva O gesso produzido durante o tratamento dos efluentes gasosos, em particular no fabrico de agregados de argila expandida ou de tijolos e telhas, não pode ser reutilizado no processo, mas é usado na indústria cimenteira como regulador de endurecimento. Os materiais que não podem ser reciclados ou re-utilizados internamente saem da fábrica para serem usadas noutras indústrias ou para alimentar instalações externas de reciclagem ou de eliminação de resíduos. Os produtos cozidos que não estão em condições de ser vendidos (peças partidas – caco cerâmico) e os auxiliares de cozedura partidos, assim como o material refractário partido, podem em certos casos ser reutilizados como matérias-primas depois de serem moídos. As peças partidas que não podem ser reutilizadas no processo podem, por vezes, ser usadas como matériasprimas noutras indústrias, por exemplo, os abrasivos com ligante inorgânico danificados são usadas como material refractário nas fornalhas de fabrico de aço ou como material de enchimento na construção de estradas. Os tijolos partidos (caco) podem ser usados, por exemplo, como substratos para telhados, campos de ténis ou como agregados para betões especiais. Comparativamente com o depósito de resíduos em aterros, a reutilização das perdas de processo sólidas representa: — uma redução das matérias-primas usadas — uma redução dos poluentes libertados para o ambiente — a reutilização das perdas de processo sólidas permite evitar – e, portanto, poupar – os custos com a eliminação e também alguns custos com matérias-primas. [2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005], [26, UBA, 2005], [28, Schorcht, 2005] 4.5.2.2 Considerações gerais sobre moldes de gesso, auxiliares de cozedura e peças partidas – evitar/substituir/reduzir A aplicação de técnicas modernas no processo de conformação apresenta um potencial considerável para evitar resíduos. Processos como a conformação de barbotinas em moldes de gesso podem ser substituídos por unidades de conformação de barbotinas à pressão com moldes de polímeros (resina). Este método permite evitar a utilização de moldes de gesso, economizar até 20% em matérias-primas e reduzir as lamas geradas. A utilização de prensas isostáticas com moldes de polímeros também evita o recurso a moldes de gesso. Nalguns subsectores, por exemplo, no fabrico de telhas, é possível utilizar moldes metálicos fechados em vez de moldes de gesso abertos. No entanto, só é possível substituir os moldes de gesso no caso de se construir uma nova unidade de conformação ou se a antiga for completamente renovada, solução que fica cara e que por isso é difícil de levar a cabo, sobretudo para empresas com um baixo volume de actividade. Nalguns casos podem surgir problemas ao nível da qualidade por causa da utilização de moldes de gesso, uma vez que estes têm tendência para provocar arestas vivas. Além disso, os moldes metálicos têm uma taxa de extracção da águada argila durante a conformação que é bastante inferior à dos moldes de gesso. Também se pode reduzir a quantidade de moldes de gesso utilizados (resíduos) ao aumentar a duração da vida útil dos moldes de gesso. A utilização de misturadores de gesso automáticos e de misturadores de gesso a vácuo permite a produção de moldes de gesso mais duros, o que aumenta duas a três vezes a vida útil dos moldes. Contudo, por exemplo, no processo de prensagem húmida utilizado para as telhas de argila, normalmente não é possível aumentar a dureza do gesso. É preciso encontrar o melhor compromisso entre a porosidade e a dureza da superfície a fim de cumprir os critérios de remoção da água e de resistência ao desgaste. Nos processos de cozedura também existem medidas que permitem evitar directamente a produção de resíduos graças ao recurso a técnicas modernas. Se, em vez da cozedura em fornos de campânula ou de túnel, forem utilizados sistemas de cozedura rápida como os fornos de rolos, pode reduzir-se a quantidade de auxiliares de cozedura (usados), mas neste contexto tem de se ter conta que a duração dos auxiliares de cozedura que depende da temperatura (que normalmente é mais elevada nos fornos de rolos) e do manuseamento (que é mais frequente na cozedura rápida, uma vez que o tempo de cozedura é menor). Por outro lado, a cozedura rápida produz uma maior quantidade de produtos cerâmicos rejeitados (cacos) – por exemplo, telhas – quando a forma é complexa, uma vez que é mais apropriada para produtos planos e, por isso, não é aplicável em todos os casos. A percentagem de peças partidas no processo de cozedura (caco) pode ser reduzida através do controlo electrónico preciso da curva de cozedura e da optimização da forma como são dispostos os produtos a cozer [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]. 4.6 Considerações gerais relativas ao ruído Esta secção trata das possibilidades de redução do ruído produzido nas várias fases dos processos de fabrico dos produtos cerâmicos. Por um lado, alguns equipamentos/secções geradoras de ruído já foram abordadas neste documento e, por outro, muitos aspectos relacionados com o ruído não são propriamente específicos de um determinado sector. Pode conseguir-se uma redução das emissões de ruído através da aplicação de medidas directamente na fonte do ruído. As principais fontes de ruído são, por exemplo, os sistemas pneumáticos de limpeza dos filtros, os compressores, os motores das secções de preparação, assim como as unidades de manuseamento. A protecção contra o ruído pode conseguir-se através do confinamento da unidade geradora de ruído ou da construção de paredes para proteger do ruído. As paredes duplas ou os painéis duplos são bastante eficazes porque, além do mais, o ar entre a primeira e a segunda parede garante um maior nível de protecção contra o ruído. As medidas acima referidas não são eficazes para reduzir as vibrações e o ruído produzidos em várias instalações (por exemplo, instalações de prensagem, moagem e mistura), daí que a transmissão das vibrações e do ruído tenha de ser evitada através do isolamento das vibrações. Suspensões metálicas, ligações borracha-metal e componentes em feltro, borracha e cortiça, assim como o isolamento contra as vibrações com uma camada de betume em toda a base de assentamento ou sob cada motor, constituem medidas eficazes para reduzir as vibrações e o ruído. Outras medidas para a redução das emissões sonoras são a utilização de silenciadores na fonte do ruído e a substituição de ventiladores de rotação rápida por ventiladores maiores de rotação mais lenta. Se as medidas acima referidas não poderem ser aplicadas e no caso de também não ser possível mudar a localização das unidades geradoras de ruído, é necessário implementar medidas secundárias de protecção contra o ruído – frequentemente ao nível do próprio edifício. Estas medidas passam por paredes mais grossas e isolamento acústico das janelas (janelas com vidros duplos, o que também contribui para economizar nos custos com o aquecimento), que devem manter-se fechadas durante as operações geradoras de ruído. Neste contexto, tem que se referir, porém, que a necessidade de fechar as janelas implica frequentemente a instalação de sistemas de ventilação (caros e consumidores de energia) para assegurar as devidas condições no local de trabalho. Além disso, outra medida possível é a reorientação das janelas, portas e instalações exteriores geradoras de ruído de modo a que fiquem na direcção oposta à das zonas residenciais adjacentes. A forma de trabalhar dos colaboradores também tem efeito nas emissões de ruído. As portas devem estar fechadas no caso de não haver uma necessidade constante de passagem e a condução cuidadosa de camiões e de empilhadores no local também reduz a emissão de ruído. Para além disto, os trabalhos com maior intensidade de ruído devem ter horários limitados, p. ex., a descarga de peças partidas (caco) ou a utilização de empilhadores ao ar livre a partir do fim da tarde e à noite deve ser evitada. A redução do ruído passa também pela manutenção regular das unidades através da lubrificação, assim como pela substituição atempada dos silenciadores [4, UBA, 2001]. Uma vez que o motivo da aplicação de uma medida de protecção contra o ruído normalmente é uma exigência legal (protecção da vizinhança ou do local de trabalho), do ponto de vista económico trata-se principalmente de uma questão de custos, sobretudo se implicar medidas de construção. 4.7 Instrumentos de gestão ambiental Descrição O melhor desempenho ambiental é normalmente conseguido através da utilização da melhor técnica e do seu funcionamento da maneira mais eficaz e eficiente possível. A Directiva IPPC reconhece-o ao definir «técnicas» como «tanto as técnicas utilizadas como o modo como a instalação é projectada, construída, conservada, explorada e desactivada». Para as instalações IPPC, um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é um instrumento que os operadores podem utilizar de forma sistemática para tratar das questões de projecto, construção, manutenção, exploração e desactivação. Um SGA abrange a estrutura organizativa, as responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, conservar, rever e monitorizar a política ambiental. Os Sistemas de Gestão Ambiental são mais eficazes e eficientes quando fazem parte integrante da gestão e funcionamento globais de uma instalação. 165 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 166 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Na União Europeia, muitas organizações decidiram de forma voluntária implementar sistemas de gestão ambiental com base na EN ISO 14001:2004 ou no sistema comunitário de ecogestão e auditoria ambiental, EMAS (Ecomanagement and audit scheme). O EMAS inclui os requisitos do sistema de gestão da EN ISO 14001, mas coloca mais ênfase no cumprimento legal, desempenho ambiental e envolvimento do pessoal da empresa, para além de impor a verificação externa do sistema de gestão e a validação de uma declaração ambiental pública (na EN ISO 14001, a autodeclaração constitui uma alternativa à verificação externa). Também há muitas organizações que decidiram pôr em prática SGA não normalizados. Ainda que tanto os sistemas normalizados (EN ISO 14001:2004 e EMAS) como os não normalizados («personalizados») considerem em princípio a organização como sendo a entidade, este documento adopta uma abordagem mais limitada, não incluindo todas as actividades da organização, p. ex., em relação aos seus produtos e serviços, devido ao facto de que no âmbito da Directiva IPPC a entidade regulada é a instalação (conforme definida no Artigo 2º). Um sistema de gestão ambiental (SGA) para uma instalação conforme à IPPC pode incluir os seguintes elementos: (a) definição de uma política ambiental (b) planificação e estabelecimento de objectivos e de metas (c) implementação e aplicação dos procedimentos (d) verificação e acções correctivas (e) revisão pela gestão (f) preparação de uma declaração ambiental (g) validação por um organismo de certificação ou um verificador SGA externo (h) considerações ao nível do projecto para a desactivação definitiva da fábrica (i) desenvolvimento de tecnologias mais limpas (j) benchmarking. Estes elementos são explicados mais abaixo de forma mais aprofundada. Para informações mais detalhadas sobre os elementos (a) a (g), que fazem todos parte da EMAS, o leitor deverá consultar a literatura de referência indicada mais abaixo. (a) Definição de uma política ambiental A gestão de topo é responsável pela definição de uma política ambiental para uma instalação e por assegurar que ela: – é adequada à natureza, escala e impactos ambientais das actividades – inclui um compromisso para prevenir e controlar a poluição – inclui um compromisso para o cumprimento de toda a legislação e regulamentos ambientais aplicáveis nesse domínio e de outros requisitos que a organização subcreveu – fornece o quadro de referência para a definição e revisão dos objectivos e metas ambientais – está documentada e é comunicada a todo o pessoal – está acessível ao público e a todas as partes interessadas. (b) Planeamento, ou seja: – procedimentos para identificar os aspectos ambientais da instalação, de modo a determinar quais as actividades que têm ou podem ter impactes significativos sobre o ambiente, e a manter essa informação actualizada – procedimentos para identificar e ter acesso aos requisitos legais e outros às quais a organização está sujeita e que são aplicáveis aos aspectos ambientais das suas actividades – estabelecimento e revisão de objectivos e metas ambientais documentados, tendo em conta as exigências legais e outras e os pontos de vista das partes interessadas – estabelecimento e actualização regular de um programa de gestão ambiental, incluindo a designação de quem é responsável por atingir os objectivos e metas em cada função e nível relevante, assim como os meios e o prazo para os atingir. (c) Implementação e operação É importante que estejam em prática sistemas para garantir que os procedimentos são conhecidos, entendidos e cumpridos, daí que uma gestão ambiental eficaz deva incluir: (i) Estrutura e responsabilidade – definição, documentação e comunicação dos papéis, responsabilidades e autoridade, o que implica a designação de um representante da gestão de topo – fornecer os recursos essenciais para a implementação e controlo do sistema de gestão ambiental, incluindo os recursos humanos e aptidões específicas, recursos tecnológicos e recursos financeiros. (ii) Formação, sensibilização e competência – identificação das necessidades de formação para garantir que todo o pessoal cujo trabalho possa afectar significativamente os impactos ambientais da actividade recebeu a formação adequada. (iii) Comunicação – estabelecimento e manutenção de procedimentos para a comunicação interna entre os diversos níveis e funções da instalação, assim como procedimentos que promovam um diálogo com as partes interessadas externas e procedimentos para a recepção, documentação e, quando se justifique, resposta às comunicações de partes interessadas externas. (iv) Envolvimento do pessoal – envolvimento do pessoal no processo que tem por objectivo atingir um elevado nível de desempenho ambiental, recorrendo a formas adequadas de participação, tais como um sistema de sugestões ou grupos de trabalho específicos por projecto ou ainda comités ambientais. (v) Documentação – estabelecimento e manutenção de dados informativos actualizados, em papel ou em formato electrónico, para descrever os elementos centrais do sistema de manutenção e a sua interacção e para proporcionar o encaminhamento da documentação relacionada. (vi) Controlo eficaz dos processos – adequado controlo dos processos em todos os modos de funcionamento, ou seja, na preparação, arranque, funcionamento normal, paragem e condições anormais – Identificação dos principais indicadores de desempenho e dos procedimentos para monitorizar e medir estes parâmetros (p. ex., caudal, pressão, temperatura, composição e quantidade) – documentação e análise de condições anormais de funcionamento para identificar as causas principais para em seguida as tentar resolver de forma a garantir que essas ocorrências não se repitam (isto pode ser facilitado por uma cultura em que a identificação das causas é mais importante do que a atribuição de culpas individuais). (vii) Programa de manutenção – estabelecimento de um programa estruturado para a manutenção com base nas descrições técnicas do equipamento, nas normas, etc., assim como nas avarias do equipamento e nas suas consequências – apoiar o programa de manutenção através de sistemas apropriados de registo e de testes de diagnóstico – clareza na atribuição da responsabilidade pelo planeamento e execução da manutenção. (viii) Preparação e resposta às situações de emergência – estabelecimento e manutenção de procedimentos para identificar as situações de emergência potenciais e os acidentes potenciais que possam ter impacte no ambiente, as respectivas respostas e para prevenir e mitigar os impactos ambientais que lhes possam estar associados. 167 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 168 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva (d) Verificação e acções correctivas, ou seja: (i) Monitorização e medição – estabelecimento e manutenção de procedimentos documentados para monitorizar e medir regularmente as características principais das operações e das actividades que podem ter um impacto significativo no ambiente, incluindo o registo de informações para o acompanhamento do desempenho, dos controlos operacionais relevantes e da conformidade com os objectivos e as metas ambientais da instalação (ver também o documento de Referência sobre a Monitorização das Emissões) – estabelecimento e manutenção de um procedimento documentado para avaliar periodicamente o cumprimento da legislação e dos regulamentos ambientais relevantes. (ii) Acções correctivas e preventivas – estabelecimento e manutenção de procedimentos para definir a responsabilidade e a autoridade para controlar e investigar o incumprimento das condições de licenciamento e de outras exigências legais, bem como dos objectivos e metas, para tomar iniciativas para mitigar quaisquer impactos causados e para iniciar e levar a cabo as acções preventivas adequadas à magnitude do problema e proporcionais ao impacto ambiental encontrado. (iii) Registos – estabelecimento e manutenção de procedimentos para a identificação, manutenção e utilização de registos ambientais legíveis, identificáveis e rastreáveis, incluindo os registos da formação e os resultados das auditorias e das verificações efectuadas. (iv) Auditoria – estabelecimento e manutenção de (um) programa(s) e procedimentos para auditorias periódicas ao sistema de gestão ambiental que incluam entrevistas ao pessoal, inspecção das condições de funcionamento, dos equipamentos, análise da documentação, e das quais resulte um relatório escrito a ser redigido de forma imparcial e objectiva pelo pessoal interno ou por entidades externas, alcançando o âmbito da auditoria, a frequência e as metodologias, bem como as responsabilidades e os requisitos relativos à condução das auditorias e à comunicação dos resultados, de forma a determinar se o sistema de gestão ambiental está ou não em conformidade com as disposições previstas, se foi correctamente implementado e se está a ser devidamente mantido – realização das auditorias ou do ciclo de auditorias, conforme o caso, a intervalos não superiores a três anos, dependendo da natureza, escala e complexidade das actividades, da relevância dos impactos ambientais associados, da importância e da urgência dos problemas detectados nas auditorias anteriores e do histórico de problemas ambientais – as actividades mais complexas e com um impacto ambiental mais significativo são auditadas com maior frequência – existência de mecanismos adequados para garantir que os resultados das auditorias são objecto de seguimento. (v) Avaliação periódica do cumprimento da legislação – análise do cumprimento da legislação ambiental aplicável e das condições de licenciamento ambiental que a instalação possui – documentação da avaliação (e) Revisão pela Gestão, ou seja: – avaliação pela gestão de topo, com a periodicidade por ela determinada, do sistema de gestão ambiental, para garantir que este continua adequado e eficaz – garantir que são recolhidas as informações necessárias de modo a que a gestão de topo possa levar a cabo esta avaliação – documentação da avaliação. (f) Preparação regular de uma declaração ambiental: – preparação de uma declaração ambiental que dedique uma atenção especial aos resultados alcançados pela instalação face aos seus objectivos e metas ambientais. Esta declaração é feita regularmente – uma vez por ano ou com menos frequência, dependendo da quantidade de emissões, da produção de resíduos, etc. –, tem em conta as necessidades de informação das partes interessadas relevantes e está acessível ao público (p. ex., publicação electrónica, bibliotecas, etc.) Ao preparar uma declaração, o operador pode usar indicadores de desempenho ambiental existentes e relevantes, desde que esses indicadores: i. apresentem uma análise exacta do desempenho da instalação ii. sejam compreensíveis e isentos de ambiguidade iii. permitam comparações anuais para avaliar o desenvolvimento do desempenho ambiental da instalação iv. permitam a comparação, quando se justifique, com critérios de referência sectoriais, nacionais ou regionais v. permitam a comparação, quando se justifique, com as exigências legais. (g) Validação por um organismo de certificação ou um verificador SGA externo: – o facto de o sistema de gestão, do procedimento de auditoria e da declaração ambiental serem examinados e validados por um organismo acreditado de certificação ou por um verificador SGA externo pode, se forem efectuados correctamente, aumentar a credibilidade do sistema. (h) Considerações ao nível do projecto para a desactivação definitiva da instalação – ter em conta o impacto ambiental da eventual desactivação da unidade na fase de projecto de uma nova fábrica, uma vez que o planeamento antecipado torna a desactivação mais fácil, mais limpa e mais barata – a desactivação apresenta riscos ambientais para a contaminação dos solos (e dos lençóis freáticos) e produz grandes quantidades de resíduos sólidos. As técnicas preventivas são específicas para cada processo, mas as considerações gerais podem incluir: i. evitar estruturas subterrâneas ii. integrar elementos que facilitem o desmantelamento iii. escolher acabamentos para as superfícies que sejam facilmente descontaminados iv. utilizar uma configuração do equipamento que minimize a quantidade de produtos químicos aprisionados e que facilite a sua eliminação por drenagem ou por lavagem (lixiviação) v. conceber unidades flexíveis e integradas que permitam um encerramento faseado vi. utilizar materiais biodegradáveis e recicláveis sempre que possível. (i) Desenvolvimento de tecnologias mais limpas – a protecção ambiental deve ser um aspecto inerente a todas as actividades de concepção de processo levadas a cabo pelo operador, uma vez que as técnicas incorporadas nas fases iniciais do projecto são mais eficazes e mais baratas. Pode ponderar-se a possibilidade de desenvolver tecnologias mais limpas, por exemplo, no decurso de actividades ou estudos de I&D. Em alternativa a actividades internas, podem ser tomadas iniciativas de modo a estar a par do trabalho de outros operadores ou de institutos de investigação activos na área em causa e até mesmo – quando fizer sentido – encomendar-lhes trabalhos de I&D. (j) Benchmarking, ou seja: – efectuar comparações sistemáticas e regulares com critérios de referência sectoriais, nacionais ou regionais, incluindo o que se refere à eficiência energética e de conservação de energia, emissões atmosféricas e descargas para a água (usando, por exemplo, o Registo Europeu de Emissões de Poluentes, EPER), consumo de água e produção de resíduos. SGA normalizados e não normalizados: Um SGA pode tomar a forma de um sistema normalizado ou não normalizado («personalizado»). A implementação e a observância de um sistema normalizado e aceite internacionalmente como o EN ISO 14001:2004 pode conferir uma maior credibilidade ao SGA, sobretudo quando é sujeito a uma verificação externa correctamente realizada. Um EMAS confere ainda mais credibilidade 169 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 170 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva devido à interacção com o público através da declaração ambiental e ao mecanismo que garante o cumprimento da legislação ambiental aplicável. No entanto, os sistemas não normalizados podem, em princípio, ser igualmente eficazes, desde que sejam devidamente concebidos e implementados. Descrição e benefícios ambientais obtidos A implementação e a observância de um SGA direcciona a atenção do operador para o desempenho ambiental da instalação. Em particular, a manutenção e a observância de procedimentos operativos claros, tanto em situações normais como anormais, e das cadeias de responsabilidade associadas deve garantir que as condições de licenciamento da instalação e os outros objectivos e metas ambientais são cumpridos em todas as circunstâncias. Os sistemas de gestão ambiental normalmente asseguram a melhoria contínua do desempenho ambiental da instalação. Quanto mais fraco é o ponto de partida, mais expectáveis são melhorias significativas a curto prazo. No caso de a instalação já ter um bom desempenho ambiental global, o SGA ajuda o operador a manter o nível elevado de desempenho. Efeitos cruzados As técnicas de desempenho ambiental são concebidas para lidar com o impacto ambiental global, o que está de acordo com a abordagem integrada da Directiva IPPC. Parâmetros de funcionamento Não há registo de informações específicas. Aplicabilidade Os componentes acima descritos normalmente podem ser aplicados a todas as instalações conformes à IPPC. O âmbito (p. ex., nível de detalhe) e a natureza do SGA (p. ex., normalizado ou não normalizado) estão geralmente relacionados com a natureza, escala e complexidade da instalação e com a escala dos impactos ambientais que esta possa ter. Aspectos económicos É difícil determinar com precisão os custos e os benefícios económicos de introduzir e manter um bom SGA. Mais abaixo apresenta-se uma série de estudos, no entanto, trata-se apenas de exemplos e os seus resultados não são completamente coerentes. Uma vez que podem não ser representativos de todos os sectores no conjunto da UE, convém considerá-los com cautela. Um estudo sueco levado a cabo em 1999 inquiriu todas as 360 empresas suecas certificadas pela ISO e registadas na EMAS. Com uma taxa de resposta de 50%, entre outras coisas o estudo concluía que: – os custos com a introdução e aplicação de um SGA são elevados, mas não excessivamente, excepto no caso de empresas de reduzida dimensão. É de esperar que estes custos venham a diminuir no futuro – um maior grau de coordenação e de integração do SGA com outros sistemas de gestão é considerado como sendo uma possível solução para diminuir os custos – os custos com metade de todos os objectivos e metas ambientais foram amortizados no prazo de um ano graças à diminuição de despesas e/ou aumento dos proveitos – as maiores reduções de custos foram conseguidas nos custos com energia, no tratamento de resíduos e nas matériasprimas – a maioria das empresas considera que a sua posição no mercado foi reforçada graças ao SGA. Um terço das empresas apresentou aumentos dos proveitos devido ao SGA. Nalguns Estados-membros as taxas de supervisão são reduzidas no caso de a instalação ser certificada. Uma série de estudos mostra que há uma relação inversamente proporcional entre a dimensão da empresa e o custo com a implementação de um SGA. Existe uma relação inversamente proporcional idêntica relativamente ao período de retorno do capital investido. Estes dois elementos indicam que a relação custo-benefício é menos favorável para a implementação de um SGA nas PME do que nas empresas de maiores dimensões. De acordo com um estudo suíço, o custo médio para implementar e operar uma ISO 14001 é de: – 64 000 francos suíços (cerca de 44 000 euros) para a implementação de um SGA e de 16 000 (cerca de 11 000 euros) por ano para o operar, para uma empresa que empregue entre 1 e 49 pessoas – 367 000 francos suíços (cerca de 252 000 euros) para a implementação de um SGA e de 155 000 francos suíços (cerca de 106 000 euros) por ano para o operar, para uma instalação fabril que empregue mais de 250 pessoas. Estes valores médios não representam necessariamente o custo real para uma instalação fabril específica, uma vez que o custo real depende bastante do número de áreas relevantes (poluentes, consumo de energia, etc.) e da complexidade dos problemas a serem estudados. Um estudo alemão recente (Schaltegger, Stefan e Wagner, Marcus, Umweltmanagement in deutschen Unternehmen — der aktuelle Stand der Praxis, Fevereiro de 2002, p. 106) apresenta os seguintes custos para EMAS para diferentes áreas: Custos de implementação (euros): mínimo – 18 750 máximo – 75 000 média – 50 000 Custos de validação (euros): mínimo – 5000 máximo – 12 500 média – 6000 Note-se que estes números são muito inferiores aos do estudo suíço citado mais acima, o que confirma a dificuldade de determinar os custos de um SGA. Um estudo realizado pelo Instituto Alemão dos Empreendedores (Unternehmerinstitut/Arbeitsgemeinschaft Selbständiger Unternehmer UNI/ASU, 1997, Umweltmanagementbefragung – Öko-Audit in der mittelständischen Praxis – Evaluierung und Ansätze für eine Effizienzsteigerung von Umweltmanagementsystemen in der Praxis, Bona) apresenta dados sobre as economias em termos de custos conseguidas pelo EMAS, por ano, e o período médio de retorno do investimento. Por exemplo, para um custo de implementação de 80 000 euros, o estudo apurou a existência de economias de 50 000 euros por ano, correspondentes a um período de ano e meio para o retorno do investimento. Os custos externos relacionados com a verificação do sistema podem ser estimados a partir das orientações do International Accreditation Forum (http://www.iaf.nu). Motivações para a implementação Os sistemas de gestão ambiental podem proporcionar um certo número de benefícios, por exemplo: — um melhor conhecimento dos aspectos ambientais de uma empresa — uma melhor base para a tomada de decisões — uma maior motivação do pessoal — mais oportunidades para a redução de custos operacionais e de melhoria da qualidade dos produtos — um melhor desempenho ambiental — uma melhor imagem da empresa — uma redução dos custos associados com a responsabilidade civil, com os seguros e com não-conformidades — uma maior atractividade ao nível do pessoal, dos clientes e dos investidores — uma maior confiança por parte dos reguladores, o que pode implicar uma menor fiscalização da parte destes — um melhor relacionamento com os grupos ambientalistas. 171 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 172 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Exemplos de fábricas Os elementos descritos nas alíneas (a) a (e) acima fazem parte da EN ISO 14001:2004 e do Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria Ambiental (EMAS), enquanto que os que se descrevem nas alíneas (f) e (g) são específicos do EMAS. Estes dois sistemas de normalização são aplicados numa série de instalações conformes à IPPC. A título de exemplo, 357 organizações pertencentes à indústria química da UE (NACE, código 24) estavam registadas no EMAS em Julho de 2002 e a maioria delas opera instalações conformes à IPPC. No Reino Unido, a Agência do Ambiente de Inglaterra e do País de Gales levou a cabo um inquérito às instalações reguladas pela IPC (o precursor da IPPC), em 2001. O inquérito revelou que 32% dos respondentes tinham certificação ISO 14001 (correspondendo a 21% de todas as instalações IPC) e 7% estavam registados no EMAS. Todas as cimenteiras do Reino Unido (cerca de 20) possuem certificação ISO 14001 e a maioria está registada no EMAS. Na Irlanda, onde é exigido o estabelecimento de um SGA (não necessariamente de natureza normalizada) para o licenciamento IPC, a estimativa é de que, das 500 instalações licenciadas, aproximadamente 100 estabeleceram um SGA em conformidade com a ISO 14001 e as restantes cerca de 400 optaram por um SGA não normalizado. Literatura de referência (Regulamento (CE) N.º 761/2001 do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu que permite a participação voluntária das organizações num esquema de gestão e auditoria ambiental da UE (EMAS), JO L 114, 24/4/2001, http://europa.eu.int/comm/environment/emas/index_en.htm) (EN ISO 14001:2004, http://www.iso.ch/iso/en/iso9000-14000/iso14000/iso14000index.html; http://www.tc207.org) 173 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 174 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 5. Melhores Técnicas disponíveis para o Fabrico de Cerâmica 5.1 5.1.1 5.1.2 5.1.3 5.1.3.1 5.1.3.2 5.1.3.3 5.1.3.4 5.1.4 5.1.4.1 5.1.4.2 5.1.5 5.1.6 5.1.7 5.1.8 5.2 5.2.1 5.2.1.1 5.2.1.2 5.2.2 5.2.2.1 5.2.3 5.2.3.1 5.2.3.2 5.2.4 5.2.4.1 5.2.4.2 5.2.5.1 5.2.5.2 5.2.5.3 5.2.5.4 5.2.5.5 5.2.5.6 5.2.6 5.2.6.1 5.2.6.2 5.2.6.3 5.2.6.4 5.2.7 5.2.7.1 5.2.7.2 5.2.7.3 5.2.7.4 5.2.8 5.2.8.1 5.2.8.2 Melhores Técnicas Disponíveis Genéricas Gestão ambiental Consumo de energia Emissão de poeiras Emissões difusas de poeiras Emissões pontuais de poeiras resultantes de operações com elevadas emissões de poeiras Emissões de poeiras resultantes de processos de secagem Emissões de poeiras resultantes dos processos de cozedura nos fornos Compostos gasosos Medidas/técnicas primárias Medidas/técnicas secundárias e em combinação com as medidas/técnicas primárias Águas residuais de processo (emissões e consumos) Lamas Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos Ruído Melhores Técnicas Disponíveis específicas por sector Tijolos e telhas Compostos gasosos/medidas/técnicas primárias Compostos orgânicos voláteis Tubos de grés Emissões pontuais de poeiras Produtos refractários Compostos orgânicos voláteis Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos Agregados de argila expandida Emissões pontuais de poeiras Compostos gasosos/medidas/técnicas primárias Azulejos e ladrilhos Emissões pontuais de poeiras Emissões de poeiras dos processos de cozedura nos fornos Compostos gasosos/medidas/técnicas secundárias Reutilização de águas residuais de processo Reutilização de lamas Louça de mesa e louça ornamental (cerâmica doméstica) Emissões pontuais de poeiras Compostos gasosos/medidas/técnicas secundárias Reutilização de águas residuais de processo Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos Louças sanitárias Emissões pontuais de poeiras Compostos gasosos/medidas/técnicas secundárias Reutilização de águas residuais de processo Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos Cerâmicas técnicas Emissões pontuais de poeiras Compostos gasosos/medidas/técnicas secundárias 177 177 179 179 179 179 179 179 180 180 180 181 181 181 182 182 182 182 182 182 182 183 183 183 183 183 183 183 183 184 184 184 184 184 184 184 184 184 185 185 185 185 185 185 185 185 5.2.8.3 5.2.8.4 5.2.9 5.2.9.1 Compostos orgânicos voláteis Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos Abrasivos com ligante inorgânico Compostos orgânicos voláteis 175 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 185 186 186 186 176 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Para compreender este capítulo, chama-se a atenção do leitor para o prefácio deste documento e em particular para a quinta secção do prefácio: “Como entender e utilizar este documento”. As técnicas e os níveis elas associados de emissões e/ou consumos que se apresentam neste capítulo foram avaliados através de um processo iterativo que envolve os seguintes passos: — Identificação das questões ambientais chave para a indústria cerâmica — Avaliação das técnicas mais relevantes para lidar com estas questões chave — Identificação dos melhores níveis de desempenho ambiental, baseado em dados ambientais quer da União Europeia quer do resto do mundo — Avaliação das condições sob as quais estes níveis de desempenho foram alcançados; tal como custos, efeitos que afectem outros meios e as principais forças motrizes envolvidas na implementação das técnicas — Selecção das “Melhores Técnicas Disponíveis (MTD)” e os níveis de emissão e/ou consumo a elas associados para a indústria cerâmica em geral, de acordo com o nº 2 do artigo 11º e o Anexo IV da directiva. A avaliação dos peritos do European IPPC Bureau (Gabinete Europeu para Controlo e Prevenção Integrados da Poluição) e o relevante Grupo de Trabalhos Técnicos (TWG) desempenharam um papel chave em cada um destes passos e na forma como a informação é aqui apresentada. Com base nesta avaliação, neste capítulo são apresentadas técnicas e, tanto quanto possível, níveis de emissão e consumo associados ao uso das MTD, que são considerados apropriados na indústria cerâmica como um todo e que, em muitos casos, reflectem o actual desempenho de algumas instalações no seio da indústria. Nos casos em que se apresentam os níveis de emissão ou consumo “associados às melhores técnicas disponíveis”, há que compreender que os níveis representam o desempenho ambiental que se pode esperar como resultado da aplicação nesta indústria das técnicas descritas, tendo em atenção o balanço de custos e as vantagens inerentes na definição das MTD. Contudo, não são valores-limite nem de consumo nem de emissão e não devem ser entendidos como tal. Em alguns casos, pode ser tecnicamente possível alcançar melhores níveis de emissão ou consumo; contudo, devido aos custos envolvidos ou a considerações que se prendem com efeitos cruzados (“cross – media”), não são considerados apropriados como MTD para a indústria cerâmica como um todo. Porém, tais níveis podem ser considerados justificáveis em casos específicos onde existam motivações especiais. Os níveis de emissão e consumo associados ao uso das MTD têm de ser observados em conjunto com algumas condições de referência especificadas (p. ex. períodos médios). O conceito de “níveis associados às MTD” descrito acima deve ser distinguido do termo “nível atingível” usado noutros pontos deste documento. Caso um nível seja descrito como “atingível” usando uma técnica ou combinação de técnicas particulares, há que entendê-lo como significando que é de esperar que o nível seja atingido num período substancial de tempo numa instalação ou processo bem mantido e em bom funcionamento que utiliza essas técnicas. Nos casos em que estavam disponíveis, os dados relativos aos custos foram apresentados conjuntamente com a descrição das técnicas apresentadas no capítulo anterior. Estes dão uma indicação geral acerca da magnitude dos custos envolvidos. Contudo, os custos reais da aplicação de uma técnica irão depender fortemente da situação específica – relacionando-se, por exemplo, com impostos, taxas e características técnicas da instalação a que se referem. Não é possível avaliar tais factores específicos do local em toda a sua magnitude neste documento. Na ausência de dados relativos aos custos, as conclusões sobre a viabilidade económica das técnicas são retiradas de observações nas instalações existentes. Pretende-se que as MTD gerais neste capítulo sejam um ponto de referência face ao qual se comparará o actual desempenho de uma instalação existente ou de um projecto para uma nova instalação. Desta forma, irão auxiliar na determinação das condições baseadas nas MTD apropriadas para a instalação ou estabelecimento de regras gerais de ligação sob o nº 8 do artigo 9º. Prevê-se que novas instalações possam ser delineadas para funcionar ao mesmo nível, ou ainda melhor, do que os níveis gerais das MTD apresentados aqui. Também se considera que as instalações existentes possam desenvolver esforços para alcançar os níveis gerais das MTD ou melhorá-los, consoante a aplicabilidade técnica e económica das técnicas aplicáveis em cada caso. Enquanto os documentos de referência das MTD não fixam valores limites de imposição legal, destinam-se a emanar directrizes para a indústria, Estados-membros e público em geral no que diz respeito aos níveis de consumo e emissão quando se usam as técnicas especificadas. Os valores-limite apropriados para qualquer caso específico necessitarão de ser determinados tendo em conta os objectivos da directiva do IPPC e as considerações locais. Neste documento, as conclusões das MTD para a indústria cerâmica são fixadas em dois níveis. A Secção 5.1 apresenta conclusões gerais sobre as MTD, isto é, aquelas que normalmente são aplicadas a toda a indústria da cerâmica. A Secção 5.2 contém conclusões específicas das MTD para cada um dos nove maiores sectores debatidos. As “Melhores Técnicas Disponíveis” para uma instalação serão geralmente o uso de uma técnica ou uma combinação de técnicas e medidas enumeradas neste capítulo ao abrigo das secções genéricas e específicas do sector (Secções 5.1 e 5.2). Nos casos em que as técnicas identificadas individualmente como MTD possam ser usadas como combinação, os efeitos de tais combinações devem ser tidos em consideração quando se tiram conclusões sobre as condições de licenciamento baseadas nas MTD para casos particulares. Recomendações de auxílio aos utilizadores/leitores deste documento: Recomenda-se vivamente ler o Capítulo 5 em conjunto com o Capítulo 4, pois tanto a aplicabilidade como as restrições relativamente à aplicabilidade das técnicas e medidas mencionadas no Capítulo 4 vão ter de ser tidas em consideração. Para ajudar o leitor nesta tarefa, o Capítulo 5 inclui referências ao Capítulo 4. No que diz respeito às condições de referência para medição de caudais ou concentrações, ver as seguintes definições que também se encontram no Glossário: m3/h Caudal: salvo indicação em contrário no presente documento, os caudais correspondem a 18% em volume de oxigénio e às condições normais de pressão e temperatura. mg/m3 Concentração: salvo indicação em contrário no presente documento, as concentrações de substâncias ou de misturas gasosas correspondem às das emissões gasosas secas a 18% em volume de oxigénio e ao estado padrão e as concentrações em benzeno correspondem a 15% em volume de oxigénio e a condições normais. condições normais (PTN) Designa uma temperatura de 273 K e uma pressão de 1013 hPa. Deve evidenciar-se mais uma vez que, tal como foi mais detalhadamente descrito no PREFÁCIO, este documento não propõe valores-limite de emissão. A determinação das condições apropriadas de licenciamento envolverá factores locais, específicos da localização tais como características técnicas da instalação a que se refere, localização geográfica e as condições ambientais do local. No caso das instalações existentes, a viabilidade económica e técnica de as implementar deve também ser tida em consideração. Até mesmo o simples objectivo de assegurar um elevado nível de protecção ambiental como um todo irá frequentemente envolver apreciações (que envolvem escolhas) entre diferentes tipos de impactes ambientais, e estas apreciações muitas vezes serão influenciados por considerações locais. Apesar de se fazer uma tentativa de abordar alguns destes assuntos, não é possível serem totalmente tratados neste documento. As técnicas e níveis de emissão apresentados no Capítulo 5 não serão necessariamente apropriados para todas as instalações. Por outro lado, a obrigação de assegurar um elevado nível de protecção ambiental, incluindo uma minimização de poluição de longa distância ou transfronteiriça, implica que as condições de licenciamento não possam ser fixadas estritamente com base em considerações locais. É, portanto, de extrema importância que a informação contida neste documento seja totalmente tida em consideração. 5.1 Melhores Técnicas Disponíveis Genéricas Esta secção contém conclusões gerais sobre MTD no que diz respeito aos nove sectores explicados e descritos neste documento. As “Melhores Técnicas Disponíveis” para uma instalação específica serão normalmente o uso de uma só ou uma combinação de técnicas e medidas enumeradas nesta Secção genérica e no sector das secções específicas (Secção 5.2). As melhores técnicas disponíveis e os presentes intervalos de níveis de emissão ou consumo associados às melhores técnicas disponíveis (no domínio das MTD VEA) estão relacionadas com instalações com diferentes tamanhos de fornos, diferentes tipos de condução de fornos, p. ex., contínua ou descontínua, e diferentes horas de funcionamento por ano. Considerações especiais do local não podem ser levadas totalmente em consideração. MTD VEA não define nem sugere valores-limite de emissão (VLE). Recomenda-se vivamente ler o Capítulo 5 em conjunto com o Capítulo 4 pois tanto a aplicabilidade como as restrições, tendo em vista a aplicabilidade das técnicas e medidas mencionadas no Capítulo 4, vão ter de ser tidas em consideração. As conclusões das MTD deste Capítulo 5 não podem ser correctamente interpretadas a menos que este seja lido em conjunto com o Capítulo 4. Para ajudar o leitor nesta tarefa, o Capítulo 5 inclui referências ao Capítulo 4. 5.1.1 Gestão ambiental Várias técnicas de gestão ambiental são consideradas como MTD. O âmbito (p. ex. o nível de detalhe) e a natureza dos SGA (p. ex. normalizado ou não-normalizado) estarão normalmente ligados à natureza, escala e complexidade das instalações e ao conjunto de impactes ambientais que poderá haver. 177 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 178 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva As MTD devem implementar e aderir a um Sistema de Gestão Ambiental (Environmental Management System, SGA) que incorpore, quando tal seja apropriado as circunstâncias individuais, os seguintes elementos (ver Secção 4.7): a) definição de uma política ambiental para a instalação ao nível mais elevado da sua administração (o empenho da administração é visto como uma condição prévia para a aplicação com sucesso de outros elementos dos SGA) b) planeamento e definição dos procedimentos necessários c) implementação dos procedimentos, prestando particular atenção a: I. estrutura e responsabilidade II. formação, sensibilização e competência III. comunicação IV. envolvimento dos colaboradores V. documentação VI. controlo eficiente do processo VII. programa de manutenção VIII. preparação e resposta a emergências IX. salvaguardar o cumprimento da legislação ambiental. d) verificar o desempenho e implementar acções correctivas, prestando particular atenção a: I. monitorização e medição (ver também o Documento de Referência sobre Monitorização de Emissões) II. acções correctivas e preventivas III. manter dos registos IV. auditoria interna independente (quando exequível) por forma a determinar se o sistema de gestão ambiental está em conformidade com as disposições planeadas para a gestão ambiental e se foram adequadamente implementadas e mantidas. e) Revisão pela gestão de topo (ex. administração). Três outros elementos, que podem complementar as fases acima descritas, são consideradas medidas de apoio (facultativas). Contudo, a sua ausência normalmente não é inconsistente com as MTD. Estes três passos adicionais são: f) o sistema de gestão e o processo de auditoria estarem analisados e validados por uma organismo de certificação acreditado ou um verificador externo ao SGA. g) preparação e publicação regular (e possivelmente validação externa) de uma declaração ambiental que descreva todos os aspectos ambientais significativos da instalação, permitindo a comparação anual face aos objectivos e metas ambientais bem como com valores de referência do sector (benchmarks) conforme apropriado h) implementação e adesão a um sistema voluntário internacional como o EMAS e EN ISO 14001:2004. Este passo voluntário pode dar maior credibilidade ao SGA. Em particular, o EMAS, que incorpora todos os elementos acima mencionados, dá maior credibilidade. Contudo, sistemas não normalizados podem, em princípio, ser igualmente eficazes desde que sejam apropriadamente planeados e implementados. No caso específico da indústria cerâmica, é também importante considerar os seguintes elementos potenciais dos SGA: i) o impacte ambiental na fase de planeamento de uma nova fábrica j) desenvolvimento de tecnologia mais limpa k) quando exequível, a aplicação regular de benchmarking sectorial, incluindo eficiência energética e actividades de conservação de energia, escolha de materiais para o processo, emissões atmosféricas, descargas para a água, consumo de água e geração de resíduos. 5.1.2 Consumo de energia As considerações gerais acerca do consumo de energia podem ser encontradas nas Secção 3.2.1 179 a) As MTD devem reduzir o consumo de energia pela aplicação da combinação das seguintes técnicas: I. melhor concepção dos fornos e secadores. Neste contexto, ver Secção 4.1.1 onde são apresentadas várias medidas que podem ser aplicadas a sistemas de fornos/secadores individualmente ou em combinação II. recuperação do calor em excesso dos fornos, especialmente das zonas de arrefecimento (ver Secção 4.1.2). Em particular, o calor residual da zona de arrefecimento dos fornos sob a forma de ar quente pode ser usado no aquecimento de secadores III. substituição de combustível no processo de cozedura (substituição de fuelóleo pesado e combustíveis sólidos por combustíveis de baixas emissões). Neste contexto ver Secção 4.1.4, considerando a alteração do processo de aquecimento dos fornos para combustíveis gasosos ou fuelóleo leve EL (baixo teor de enxofre) IV. modificação nos corpos cerâmicos. Neste contexto ver a Secção 4.1.5, onde são apresentadas várias possibilidades e aplicabilidades para a modificação dos corpos/materiais cerâmicos. b) As MTD devem reduzir o consumo de energia primária através da aplicação de co-geração/produção combinada de calor e electricidade (ver Secção 4.1.3) com base na procura útil de calor dentro de esquemas de regulação de calor que sejam economicamente viáveis. 5.1.3 Emissão de poeiras As considerações gerais sobre a emissão de poeiras podem ser encontradas na Secção 3.1.1.1. 5.1.3.1 Emissões difusas de poeiras As MTD devem reduzir as emissões difusas de poeiras através do uso de uma combinação das seguintes técnicas: a) medidas para operações com elevadas emissões de poeiras (pulverulentas). Neste contexto, ver a Secção 4.2.1 onde são apresentadas várias medidas diferentes, as quais podem ser aplicadas individualmente ou em combinação b) medidas para áreas de armazenamento. Neste contexto, ver a Secção 4.2.2 onde são apresentadas várias medidas diferentes, as quais podem ser aplicadas individualmente ou em combinação. 5.1.3.2 Emissões pontuais de poeiras resultantes de operações com elevadas emissões de poeiras Emissões de poeiras resultantes de operações com elevadas emissões de poeiras com exclusão da secagem, secagem por atomização ou cozedura. As MTD devem reduzir as emissões pontuais de poeiras resultantes de operações com elevadas emissões de poeiras (ver Secção 4.2.3, onde são descritas as técnicas que visam exclusivamente a remoção de poeiras) para 1-10 mg/m3, médias de meia hora, através da aplicação de filtros de mangas (ver Secção 4.2.3.2). Contudo, este intervalo pode ser maior, dependendo das condições específicas de funcionamento. 5.1.3.3 Emissões de poeiras resultantes de processos de secagem Emissões de poeiras resultantes de processos de secagem. As MTD devem manter as emissões de poeiras entre 1 – 20 mg/m3 (valor médio diário), através da limpeza do secador, evitando a acumulação de resíduos de poeiras no secador e ainda adoptando procedimentos de manutenção adequados (ver Secção 4.2). 5.1.3.4 Emissões de poeiras resultantes dos processos de cozedura nos fornos Emissões de poeiras resultantes do processo de cozedura no forno As MTD devem reduzir as emissões (partículas) de efluentes gasosos do processo de cozedura nos fornos até 1 – 20 mg/m3, como valor médio diário, através do uso de uma combinação das seguintes técnicas/métodos primários: a) utilização de combustíveis com baixo nível de cinzas, p. ex. gás natural, GNL, GPL e fuelóleo extra leve (ver Secção 4.1.4) b) minimização da formação de poeiras causadas nas operações de carga do material a cozer no forno (ver Secção 4.2). Através do uso de sistemas de tratamento (depuração) a seco de efluentes gasosos com um filtro (ver Secção 4.3.4.3), consideram-se de acordo com as MTD (MTD VEA) níveis de emissão de efluentes gasosos menores do que 20 mg/m3. Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 180 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Através da aplicação de colunas de adsorção em série (ver Secção 4.3.4.1), consideram-se de acordo com as MTD (MTD VEA) níveis de emissão de poeiras inferiores a 50 mg/m3 nos efluentes gasosos tratados (gases à saída). Relativamente aos agregados de argila expandida, ver MTD específicas do sector (Secção 5.2.4). 5.1.4 Compostos gasosos As considerações gerais relativas às emissões de compostos gasosos podem ser encontradas na Secção 3.1.1.2. 5.1.4.1 Medidas/técnicas primárias a) As MTD devem reduzir as emissões de compostos gasosos (isto é, HF, HCl, SOX, COV, metais pesados) de efluentes gasosos resultantes da cozedura nos fornos através da aplicação de uma ou de uma combinação das seguintes medidas/técnicas primárias: I. redução da entrada de percursores poluentes. Neste contexto ver Secção 4.3.1, onde são apresentadas várias possibilidades de redução da entrada de diferentes percursores poluentes II. optimização da curva de cozedura. Neste contexto ver Secção 4.3.3.1 onde são apresentados vários aspectos do processo de optimização da curva de aquecimento do processo de cozedura. b) As MTD devem manter as emissões de NOX resultantes dos efluentes gasosos dos processos de cozedura nos fornos abaixo dos 250 mg/m3 como valor médio diário em referência a NO2, para temperaturas de fornos abaixo dos 1300 ºC, ou abaixo dos 500 mg/m3 como valor médio diário em referência a NO2 para temperaturas de fornos iguais ou superiores a 1300 ºC, através da aplicação de uma combinação de medidas/técnicas primárias (ver Secção 4.3.1 e 4.3.3, em particular na redução a entrada de percursores de NOX) excepto para agregados de argila expandida. c) As MTD devem manter as emissões de NOX resultantes de efluentes gasosos (off-gases) de motores de co-geração abaixo dos 500 mg/m3, como valor médio diário expresso em NO2 através da aplicação de medidas de optimização do processo (ver secções 4.1.3 e 4.3.1). 5.1.4.2 Medidas/técnicas secundárias e em combinação com as medidas/técnicas primárias As MTD devem levar à redução as emissões de compostos gasosos inorgânicos dos efluentes gasosos, resultantes do processo de cozedura nos fornos, através da aplicação de uma das seguintes medidas/técnicas: a) colunas de adsorção em série (tipo cascata) (ver Secção 4.3.4.1) b) depuração a seco de efluentes gasosos com um filtro (filtro de mangas ou precipitador electrostático, ver Secção 4.3.4.3) Através do uso de uma combinação de medidas/técnicas primárias, conforme é referido na Secção 5.1.4.1.a e/ou medidas/técnicas secundárias conforme é referido nesta secção, os seguintes níveis de emissão de compostos inorgânicos gasosos nos efluentes gasosos resultantes do processo de cozedura nos fornos são alcançados os níveis VEA associados às MTD: Parâmetro Fluoreto na forma de HF Cloro na forma de HCl SOx na forma de SO2Teor em enxofre das matérias-primas <0,25 % SOx na forma de SO2Teor em enxofre das matérias-primas >0,25 % Unidade, em valor médio diário Valor de emissão associado (VEA) à MTD1) mg/m3 mg/m3 mg/m3 mg/m3 1- 102) 1- 303) <500 500 - 20004) 1) As gamas dependem do teor poluente (percursor) das matérias-primas, por exemplo, num processo de cozedura de produtos de cerâmica com baixo teor poluente (percursor) nas matérias-primas, os valores mais baixos correspondem à MTD, e num processo de cozedura de produtos de cerâmica com elevado teor poluente (percursor) nas matérias-primas, os valores mais altos correspondem ao nível das emissões associado à MTD. 2) O nível mais elevado da MTD pode diminuir de acordo com as características da matéria-prima. 3) O nível mais elevado da MTD pode diminuir de acordo com as características da matéria-prima. Além disso, o nível elevado das emissões associado à MTD não deve impedir a reutilização das águas residuais. 4) O nível mais elevado da MTD aplica-se apenas às matérias-primas com um extremamente elevado teor em enxofre. Tabela 5.1 : Valores de emissão associados às MTD para os compostos gasosos inorgânicos provenientes dos efluentes gasosos dos fornos de cozedura. 5.1.5 Águas residuais de processo (emissões e consumos) As considerações gerais relativas às águas residuais de processo (emissões e consumos) podem ser encontradas na Secção 3.1.2 e na Secção 3.2.2. a) as MTD devem reduzir o consumo de água através da aplicação de medidas de optimização do processo. Neste contexto, ver Secção 4.4.5.1 onde são apresentadas várias medidas de optimização do processo, as quais podem ser aplicadas quer individualmente quer em combinação. b) as MTD devem prever o tratamento através da aplicação de sistemas de tratamento de águas residuais de processo. Neste contexto ver Secção 4.4.5.2 onde são apresentados vários sistemas de tratamento de águas residuais de processo, que podem ser aplicados quer individualmente quer em combinação para assegurar que a água é adequadamente tratada para ser reutilizada no processo de fabrico ou para ser descarregada, seja directamente para a água ou indirectamente num sistema municipal de tratamento de águas residuais. c) as MTD devem reduzir as emissões de cargas poluentes nas descargas de águas residuais. Os níveis seguintes de emissão associados – VEA, nas descargas de águas residuais associados às MTD: Parâmetro Unidade Valor de emissão associado (VEA) à MTD (amostra composta durante 2 horas) Matérias em suspensão AOX Chumbo (Pb) mg/l mg/l mg/l 50,0 0,1 0,3 Zinco (Zn) Cádmio (Cd) mg/l mg/l 2,0 0,07 Tabela 5.2 : Valor de emissão associado à MTD para a descarga de águas residuais Se mais de 50% da água tratada for reutilizada no processo de fabrico, maiores concentrações destes poluentes podem ainda ser MTD VEA, desde que as cargas poluentes específicas por quantidade de produção (kg de matérias-primas processadas) não sejam superiores à carga poluente resultante de uma taxa de reciclagem de água inferior a 50%. 5.1.6 Lamas As considerações gerais em relação a lamas podem ser encontradas na Secção 3.1.3 As MTD devem reciclar/reutilizar as lamas através da aplicação de uma ou uma combinação das seguintes técnicas: a) sistemas de reciclagem de lamas (ver Secção 4.5.1.1) b) reutilização de lamas em outros produtos (ver Secção 4.5.1.2). 5.1.7 Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos Considerações gerais em relação às perdas de processo sólidas/resíduos sólidos podem ser encontradas na Secção 3.1.3. As MTD devem reduzir as perdas de processo sólidas/resíduos sólidos através do uso de uma combinação das seguintes técnicas: a) reutilização de matérias-primas (pasta) antes dos processos térmicos (ver Secção 4.5.2.1) b) reutilização de caco e peças cerâmicas danificadas no próprio processo produtivo (ver Secção 4.5.2.1) c) uso de resíduos/perdas processuais sólidas em outras indústrias (ver Secção 4.5.2.2) d) controlo electrónico do processo de cozedura (ver Secção 4.5.2.2) e) Optimização do modo de enforna (ver Secção 4.5.2.2) 181 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 182 5.1.8 Ruído As considerações gerais em relação ao ruído podem ser encontradas na Secção 3.1.4. As MTD devem reduzir o ruído através do uso da combinação das seguintes técnicas (ver Secção 4.6): COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva a) confinamento (encapsulamento) das unidades b) isolamento de vibrações de fontes ruidosas c) utilização de ventiladores de baixa rotação e silenciadores d) colocação das janelas e portões e das unidades mais ruidosas longe de vizinhança e) isolamento acústico (sonoro) das janelas e paredes f) Manter portas e janelas fechadas g) realização de actividades (exteriores) ruidosas apenas durante o dia h) manutenção adequada da instalação 5.2 Melhores Técnicas Disponíveis específicas por sector Esta secção contém conclusões específicas das MTD em relação a cada um dos nove sectores explicados e descritos neste documento. As “Melhores Técnicas Disponíveis” para uma instalação específica consistirão normalmente na utilização das técnicas e medidas enumeradas na secção específica deste sector e na secção genérica, usadas individualmente ou em combinação (Secção 5.1). As melhores técnicas disponíveis e os intervalos de níveis de emissão e consumo associados com as melhores técnicas disponíveis (MTD VEA) estão relacionadas com as instalações com diferentes tamanhos de fornos, diferentes formas de operação de fornos, p. ex. contínua ou intermitente, e as diferentes horas de funcionamento por ano. Considerações locais especiais não podem ser levadas totalmente em consideração. As MTD VEA não definem nem sugerem valores limite de emissões (VLE). Recomenda-se vivamente ler o Capítulo 5 em conjunto com o Capítulo 4 pois não só a aplicabilidade como também as restrições tendo em vista a aplicabilidade das técnicas e medidas mencionadas no Capítulo 4 vão ter de ser tidas em consideração. As conclusões das MTD deste Capítulo 5 não podem ser correctamente interpretadas a menos que este seja lido em conjunto com o Capítulo 4. Para ajudar o leitor nesta tarefa, o Capítulo 5 inclui referências ao Capítulo 4. 5.2.1 Tijolos e telhas 5.2.1.1 Compostos gasosos/medidas/técnicas primárias As MTD devem reduzir as emissões de compostos gasosos (isto é, HF, HCI, SOX) resultantes dos efluentes gasosos da cozedura dos fornos através da adição de aditivos ricos em cálcio (ver Secção 4.3.2), caso a qualidade do produto final não seja afectada. 5.2.1.2 Compostos orgânicos voláteis As MTD consistem em reduzir as emissões de compostos orgânicos voláteis nos efluentes gasosos dos processos de cozedura – com concentrações do efluente gasoso tal e qual (gás bruto) superiores a 100 - 150 mg/m3, consoante as características do efluente gasoso, nomeadamente composição e temperatura – para 5 - 20 mg/m3, como média diária, expressa em C total, através de pós-combustão térmica em termo-reactores de câmara única ou tripla (ver Secção 4.3.5.1). 5.2.2 Tubos de grés 5.2.2.1 Emissões pontuais de poeiras As MTD devem reduzir as emissões pontuais de poeiras de processos de vidragem por atomização para 1 – 10 mg/m3 como valor médio de meia hora através da aplicação de filtros de mangas (ver Secção 4.2.3.2) ou filtros laminares (lamelares) sinterizados (ver Secção 4.2.3.3). 5.2.3 Produtos refractários 5.2.3.1 Compostos orgânicos voláteis a) as MTD devem reduzir as emissões de compostos orgânicos voláteis de volumes baixos de efluentes gasosos (off-gases) resultantes do tratamento com compostos orgânicos através da aplicação de filtros de carvão activado (ver Secção 4.3.4.5). Para volumes de efluentes gasosos (off-gases) mais elevados, as MTD devem reduzir as emissões de compostos orgânicos voláteis resultantes do tratamento com compostos orgânicos através da aplicação de pós-combustão térmica (ver Secção 4.3.5.1) até 5 – 20 mg/m3, como o valor médio diário expresso em C total. b) as MTD devem reduzir as emissões de compostos orgânicos voláteis nos efluentes gasosos dos processos de cozedura – com concentrações do efluente gasoso tal e qual (“gás bruto”) superiores a 100 - 150 mg/m3, consoante as características do efluente gasoso, nomeadamente composição e temperatura – para 5 - 20 mg/m3, em média diária, expresso em C total, através de pós-combustão térmica em termo-reactores de câmara única ou tripla (ver Secção 4.3.5.1). 5.2.3.2 Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos As MTD devem reduzir a quantidade de perdas de processo sólidas/resíduos sólidos sob a forma de moldes de gesso usados através do uso de um ou de uma combinação das seguintes medidas (ver Secção 4.5.2.2): a) substituir moldes de gesso por moldes de polímero b) substituir moldes de gesso por moldes de metal c) uso de misturadoras de gesso em vácuo d) reutilização (ou ainda a reciclagem) de moldes de gesso usados por outras indústrias. 5.2.4 Agregados de argila expandida 5.2.4.1 Emissões pontuais de poeiras As MTD devem reduzir as emissões pontuais de poeiras resultantes de efluentes gasosos (off-gases) para 5 - 50 mg/m3, como valor médio diário, através da aplicação de precipitadores electrostáticos (ver Secção 4.2.3.5) ou separadores por via húmida de poeiras (ver Secção 4.2.3.4). 5.2.4.2 Compostos gasosos/medidas/técnicas primárias As MTD devem reduzir as emissões de NOX resultantes de efluentes gasosos do processo de cozedura nos fornos rotativos abaixo dos 500 mg/m3, referentes ao valor médio diário expressos como NO2, através da aplicação de uma combinação de medidas/técnicas primárias (ver secções 4.3.1 e 4.3.3). 5.2.5 Azulejos e ladrilhos 5.2.5.1 Emissões pontuais de poeiras a) as MTD devem reduzir as emissões pontuais de poeiras dos processos de secagem por atomização para 1 – 30 mg/m3 como valor médio de meia hora (médias de meia hora) através da aplicação de filtros de mangas (ver Secção 4.2.3.2) ou para 1 – 50 mg/m3 através da aplicação de ciclones (ver Secção 4.2.3.1) em combinação com separadorespor via húmida de partículas (ver Secção 4.2.3.4) nas instalações existentes, se a água de lavagem puder ser reutilizada. b) as MTD devem reduzir as emissões pontuais de poeiras (partículas) dos processos de secagem por atomização para 1 – 10 mg/m3, como valor médio de meia hora, através da aplicação de filtros de mangas (ver Secção 4.2.3.2) ou filtros laminares (lamelares) sinterizados (ver Secção 4.2.3.3). 5.2.5.2 Emissões de poeiras dos processos de cozedura nos fornos As MTD devem reduzir as emissões de poeiras (partículas) de efluentes gasosos dos processos de cozedura nos fornos para 1 – 5 mg/m3, como valor médio diário, através da aplicação de sistemas de tratamento por via seca com um filtro de mangas (ver Secção 4.3.4.3), também usado na remoção de fluoretos. 183 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 184 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 5.2.5.3 Compostos gasosos/medidas/técnicas secundárias a) as MTD devem reduzir as emissões de HF resultantes dos efluentes gasosos dos processos de cozedura nos fornos para 1 – 5 mg/m3, como valor médio diário, através da aplicação de, p. ex., sistemas de tratamento de efluentes gasosos com um filtro de mangas (ver Secção 4.3.4.3). b) as MTD devem reduzir as emissões de compostos gasosos inorgânicos resultantes dos processos de cozedura nos fornos através da aplicação de sistemas de adsorção modular (ver Secção 4.3.4.2), especialmente para caudais baixos de efluentes gasosos (abaixo dos 18000 m3/h) e quando as concentrações de compostos inorgânicos que não HF (SO2, SO3, HCI) e de partículas no efluente gasoso são baixas. 5.2.5.4 Reutilização de águas residuais de processo As MTD devem reutilizar águas residuais de processo no processo de produção com índices de reciclagem de águas residuais de processo de 50 – 100% (dependendo do tipo de produto em fabrico, ver Secção 4.4.5.1) através da aplicação de uma combinação de medidas de optimização do processo e sistemas de tratamento de águas residuais de processo, como referido na Secção 4.4.5. 5.2.5.5 Reutilização de lamas As MTD devem reutilizar as lamas resultantes do tratamento das águas residuais de processo, no processo de preparação da pasta cerâmica, com taxas de 0,4 – 1,5% por peso de lamas secas adicionadas à pasta cerâmica, através da aplicação de um sistema de reciclagem de lamas (ver Secção 4.5.1.1), quando aplicável. 5.2.6 Louça de mesa e louça ornamental (cerâmica doméstica) 5.2.6.1 Emissões pontuais de poeiras a) as MTD devem reduzir as emissões pontuais de poeiras (partículas) dos processos de secagem por atomização para 1 – 30 mg/m3 como valor médio de meia hora (média de meia hora) através da aplicação de filtros de mangas (ver Secção 4.2.3.2) ou para 1 – 50 mg/m3 através da aplicação de ciclones (ver Secção 4.2.3.1) em combinação com separadores por via húmida de poeiras (ver Secção 4.2.3.4) nas instalações existentes, se a água de lavagem puder ser reutilizada. b) as MTD devem reduzir as emissões pontuais de poeiras dos processos de secagem por atomização para 1 – 10 mg/m3, como valor médio por meia hora, através da aplicação de filtros de mangas (ver Secção 4.2.3.2) ou filtros laminares sinterizados (ver Secção 4.2.3.3). 5.2.6.2 Compostos gasosos/medidas/técnicas secundárias As MTD devem reduzir as emissões de compostos gasosos inorgânicos resultantes dos processos de cozedura nos fornos através da aplicação de sistemas de adsorção modular (ver Secção 4.3.4.2), especialmente para caudais baixos de efluentes gasosos (abaixo dos 18000 m3/h) e quando as concentrações de compostos inorgânicos que não HF (SO2, SO3, HCI) e de partículas nos efluente gasosos são baixas. 5.2.6.3 Reutilização de águas residuais de processo As MTD devem reutilizar águas residuais de processo, no processo de produção com taxas de reciclagem de águas residuais de processo de 30 – 50%, através da aplicação de uma combinação de medidas de optimização do processo e sistemas de tratamento de águas residuais de processo, como referido na Secção 4.4.5. 5.2.6.4 Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos As MTD devem reduzir a quantidade de perdas de processo sólidas/resíduos sólidos sob a forma de moldes de gesso usados através do uso de um ou de uma combinação das seguintes medidas (ver Secção 4.5.2.2): a) substituir moldes de gesso por moldes de polímero b) substituir moldes de gesso por moldes de metal c) uso de misturadoras de gesso em vácuo d) reutilização (ou ainda a reciclagem) de moldes de gesso usados por outras indústrias. 5.2.7 Louças sanitárias 5.2.7.1 Emissões pontuais de poeiras As MTD devem reduzir as emissões pontuais de poeiras (partículas) dos processos de secagem por atomização para 1 – 30 mg/m3, como valor médio de meia hora (média de meia hora), através da aplicação de filtros de mangas (ver Secção 4.2.3.2) ou filtros laminares sinterizados (ver Secção 4.2.3.3). 5.2.7.2 Compostos gasosos/medidas/técnicas secundárias As MTD devem reduzir as emissões de compostos gasosos inorgânicos resultantes dos processos de cozedura nos fornos através da aplicação de sistemas de adsorção modular (ver Secção 4.3.4.2), especialmente para caudais baixos de efluentes gasosos (abaixo dos 18000 m3/h) e quando as concentrações de compostos inorgânicos que não HF (SO2, SO3, HCI) e de poeiras no efluente gasoso são baixas. 5.2.7.3 Reutilização de águas residuais de processo As MTD devem reutilizar águas residuais de processo, no processo de produção com taxas de reciclagem de águas residuais de processo de 30 – 50%, através da aplicação de uma combinação de medidas de optimização do processo e sistemas de tratamento de águas residuais de processo, como referido na Secção 4.4.5. 5.2.7.4 Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos As MTD devem reduzir a quantidade de perdas de processo sólidas/resíduos sólidos sob a forma de moldes de gesso usados através do uso de um ou de uma combinação das seguintes medidas (ver Secção 4.5.2.2): a) substituir moldes de gesso por moldes de polímero b) substituir moldes de gesso por moldes de metal c) uso de misturadoras de gesso em vácuo d) reutilização (ou ainda a reciclagem) de moldes de gesso usados por outras indústrias. 5.2.8 Cerâmicas técnicas 5.2.8.1 Emissões pontuais de poeiras a) as MTD devem reduzir as emissões pontuais de poeiras (partículas) dos processos de secagem por atomização para 1 – 30 mg/m3 como valor médio de meia hora (média de meia hora) através da aplicação de filtros de mangas (ver Secção 4.2.3.2) ou para 1 – 50 mg/m3 através da aplicação de ciclones (ver Secção 4.2.3.1) em combinação com separadores húmidos de poeiras (ver Secção 4.2.3.4) nas instalações existentes, se a água de lavagem puder ser reutilizada. b) as MTDs devem reduzir as emissões pontuais de poeiras (partículas) dos processos de secagem por atomização para 1 – 10 mg/m3, como valor médio de meia hora (média de meia hora), através da aplicação de filtros de mangas (ver Secção 4.2.3.2) ou filtros laminares sinterizados (ver Secção 4.2.3.3). 5.2.8.2 Compostos gasosos/medidas/técnicas secundárias As MTD devem reduzir as emissões de compostos gasosos inorgânicos resultantes dos processos de cozedura nos fornos através da aplicação de sistemas de adsorção modular (ver Secção 4.3.4.2), especialmente para caudais baixos de efluentes gasosos (abaixo dos 18 000 m3/h) e quando as concentrações de compostos inorgânicos que não HF (SO2, SO3, HCI) e de partículas no efluentes gasosos são baixas. 5.2.8.3 Compostos orgânicos voláteis As MTD devem reduzir as emissões de compostos orgânicos voláteis nos efluentes gasosos dos processos de cozedura – com concentrações no efluente gasoso superiores a 100 – 150 mg/m3, consoante as características do efluente gasoso, nomeadamente composição e temperatura – para 5 – 20 mg/m3,média diária, expressa em C total, através de pós-combustão térmica em termo-reactores de câmara única ou tripla (ver Secção 4.3.5.1). 185 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 186 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 5.2.8.4 Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos As MTD devem reduzir a quantidade de perdas de processo sólidas/resíduos sólidos sob a forma de moldes de gesso usados através do uso de um ou de uma combinação das seguintes medidas (ver Secção 4.5.2.2): a) substituir moldes de gesso por moldes de polímero b) substituir moldes de gesso por moldes de metal c) uso de misturadoras de gesso em vácuo d) reutilização (ou ainda a reciclagem) de moldes de gesso usados em outras indústrias. 5.2.9 Abrasivos com ligante inorgânico 5.2.9.1 Compostos orgânicos voláteis As MTD devem reduzir as emissões de compostos orgânicos voláteis nos efluentes gasosos dos processos de cozedura – com concentrações no efluente gasoso (gás bruto) superiores a 100 – 150 mg/m3, consoante as características do efluente gasoso, nomeadamente composição e temperatura – para 5 – 20 mg/m3,média diária, expressa em C total, através de póscombustão térmica em termo-reactores de câmara única ou tripla (ver Secção 4.3.5.1). 187 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 188 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 6. Técnicas Emergentes para o Fabrico de Cerâmica 6.1 Queimadores de tubo radiante 6.2 Cozedura e secagem assistidas por microondas 6.3 Novo tipo de sistema de secagem para produtos refractários 6.4 Gestão avançada das águas residuais de processo, com recuperação integrada dos vidrados 6.5 Vidragem sem chumbo de porcelana de mesa de alta qualidade 190 190 191 192 194 189 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 190 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 6.1 Queimadores de tubo radiante Uma redução nos valores de vapor de água nos efluentes gasosos normalmente resulta em taxas inferiores de emissão de fluoretos, porque o mecanismo básico de libertação de flúor dos minerais argilosos é a piro-hidrólise. Esta reacção ocorre a temperaturas iguais ou superiores a 800 ºC. Verificou-se em testes laboratoriais que a redução do teor de água na atmosfera dos fornos resultava em menores emissões de HF, assim como de SOx. Na prática, a redução do teor de água na atmosfera dos fornos é tecnicamente difícil de alcançar, uma vez que a água é produzida durante a combustão dos combustíveis fósseis utilizados para aquecer o forno (fase de cozedura). Esta produção de água pode ser evitada através do aquecimento indirecto do forno com queimadores a gás de tubo radiante (ver Secção 4.3.3.2). Para aplicação na indústria cerâmica, os queimadores de tubo radiante são feitos de carboneto de silício com elevada condutividade térmica e elevada resistência ao calor a temperaturas fortemente flutuantes. Com estes queimadores de tubo radiante, os fornos são aquecidos indirectamente (exceptuando a zona de pré aquecimento dos fornos) e a chama do queimador é colocada num tubo resistente à temperatura, onde a combustão terá lugar. A transferência de calor do queimador para o processo é feita principalmente por radiação térmica, os valores elevados correspondentes para o fluxo térmico estão entre os 70 – 120 kW/m2. Os queimadores de tubo radiante são, em princípio, aplicáveis nos processos de fabrico de azulejos e ladrilhos, louça de mesa e louça ornamental, louças sanitárias, cerâmica técnica e indústrias de abrasivos com ligantes inorgânicos, mas a escala de produção nos subsectores dos tijolos e telhas, tubos de grés, produtos refractários e agregados de argila expandida é demasiado grande. Alguns projectos demonstraram que podem ser usadas em fornos de rolos ou fornos intermitentes, apesar de a tecnologia não estar ainda comprovada no que diz respeito aos fornos de túnel. Um projecto-piloto na Holanda, onde um forno de rolos foi equipado com queimadores de tubo radiantes para o fabrico de azulejos e ladrilhos, apresentou emissões de HF de 0,7 mg/m3 (fabrico de azulejos) a 1,2 mg/m3 (fabrico de ladrilhos) e factores específicos de emissão de HF de apenas 3 a 6 mg/kg. Os custos adicionais do equipamento de queimadores de tubo radiantes, funcionando um forno com uma capacidade de produção de 500.000m2 de ladrilhos por ano, foram estimados em mais de EUR 450.000 [5, InfoMil, 2003]. 6.2 Cozedura e secagem assistidas por microondas A cozedura ou sinterização de produtos cerâmicos é um passo fundamental no processo de fabrico. Grandes cargas trazidas por vagões de forno dificultam a transferência de calor do exterior para o meio da estrutura e para o interior do cada tijolo individualmente. Gradientes de temperatura elevados podem conduzir a pressões térmicas e a danos nos produtos – as temperaturas à superfície são frequentemente superiores às do interior do produto ou da estrutura. Tem sido feita pesquisa intensiva referente à aplicação de energia de microondas na cozedura de produtos cerâmicos. Este processo aquece o produto directamente – incluindo o centro. Para que se evitem perdas indevidas de calor na estrutura do forno, a energia de microondas tem sido usada em combinação com aquecimentos convencionais como o gás ou a energia eléctrica. Antes de o processo poder ser aplicado à escala industrial e viável economicamente em fornos de produção em grande escala, ainda precisam de ser resolvidos problemas técnicos, incluindo aspectos de segurança, sendo também necessário ter em consideração os elevados custos de energia eléctrica. Contudo, os trabalhos experimentais têm indicado um número significativo de benefícios que devem ser desenvolvidos no futuro: — minimização de pressões térmicas durante o ciclo de cozedura; — aumento da cozedura de produtos, isto é, ciclos de cozedura muito mais curtos; — redução considerável dos consumos energéticos de cozedura – embora possa haver menos calor residual para recuperação na secagem; — redução de perdas processuais de produto/resíduos sólidos; — melhorias da qualidade, incluindo ganhos significativos nas propriedades mecânicas; — maior remoção de adesivos (de produtos refractários); — emissões reduzidas devido ao menor consumo de energia e maior produção; — emissões de fluoretos mais reduzidas – as quais estão directamente relacionadas com o tempo que os produtos estão sujeitos a mais de 800 ºC; A energia de microondas pode, em princípio, também ser usada para secagem de produtos cerâmicos (ver Secção 2.2.5.8). As vantagens e desvantagens, enumeradas acima para a cozedura, são também válidas para o processo de secagem em fornos de microondas. As pesquisas mostraram que secagem assistida por microondas não é aplicável a produtos com formas complexas, apenas a formas finas [20, CERAME-UNIE, 2004] [28, Schorcht, 2005] [30, TWG Ceramics, 2005]. 6.3 Novo tipo de sistema de secagem para produtos refractários Descrição e benefícios ambientais conseguidos A secagem de componentes refractários de grandes dimensões, tais como tampas de panela de vazamento (ladle lids) ou os tectos de fornalhas eléctricas em arco, podem ser muito dispendiosas em termos de tempo e consumo intensivo de energia. Através da colocação de folhas de aço inoxidável resistente ao calor (com temperaturas de até 1100 ºC) ou fibras de carbono (a temperaturas de secagem mais baixas do que 250 ºC) como elemento de aquecimento na mistura refractária, a qual necessita de ser vertida, o componente pode secar do interior para o exterior. As folhas ou fibras de carbono adaptam-se à estrutura e não causam interferências. À medida que a secagem ocorre do interior para o exterior, a água segue na mesma direcção da frente térmica. Isto reduz consideravelmente o tempo de secagem. Controlar a temperatura da estrutura melhora substancialmente a qualidade dos componentes, resultando em melhor secagem com menos fendas e melhor estabilidade estrutural. As melhorias foram alcançadas nos seguintes parâmetros: — resistência à compressão a frio: +50% — resistência à flexão: +50% — resistência à abrasão: +70% — prolongamento da vida útil: +50% Esta técnica de secagem resulta numa poupança considerável de energia, a qual pode ser ainda aumentada – especialmente no caso de componentes constitutivos de grandes dimensões – através do isolamento dos produtos refractários durante a secagem. Efeitos cruzados sobre outros meios Nada a registar Parâmetros de funcionamento e aplicabilidade As fibras de carbono podem ser usadas em temperaturas até aproximadamente 250 ºC e as folhas de metal em temperaturas superiores e até 1100 ºC. Testes com um componente de 9 toneladas demonstraram que as anteriores necessidades de energia para secagem eram de 77 000 kWh a uma humidade residual de 6%. A instalação de folhas de aquecimento e o isolamento durante a secagem reduziam os requisitos de energia para 2000 kWh, o que corresponde a uma poupança de cerca de 97%. O tempo de secagem diminuiu de cerca de cinco para cerca de três dias. Economia Podem ser atingidas poupanças significativas, especialmente no caso de componentes de grandes dimensões com peso até 20 toneladas, através da redução do consumo de energia. Força motriz da implementação — melhor qualidade e maior vida útil dos componentes — poupança de custos — poupança temporal Fábrica exemplo e literatura de referência A técnica é usada por várias fábricas, p. ex., Wolf GmbH, Urbar, Alemanha, [30, TWG Ceramics, 2005] [32, TWG Ceramics, 2006]. 191 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 192 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 6.4 Gestão avançada das águas residuais de processo, com recuperação integrada dos vidrados Numa fábrica de cerâmica, construiu-se um sistema-modelo inovador de tratamento de águas residuais que resultou em consideráveis reduções de poluentes e poupanças no fabrico de louças sanitárias e de mesa, azulejos e ladrilhos. O novo sistema de águas residuais de processo é composto por cinco módulos: — microfiltração: a água residual de processo oriunda do maior processo de vidragem (vidragem a branco, 80% do total dos consumos de vidragem) é passada através de uma unidade de microfiltração para recuperação do vidrado. O vidrado recuperado é devolvido à secção de preparação de vidrados — tratamento de um afluente de água residual de processo: a água residual de processo resultante da secção de preparação de pastas usado no fabrico de azulejos e ladrilhos, de baixo volume mas altamente contaminada, é conduzida para uma estação de tratamento à parte. As lamas residuais daí resultantes, que contêm componentes de elevada qualidade que ajudarão a aumentar a capacidade de sinterização do corpo cerâmico, são enviadas para a secção de preparação de pastas, enquanto que o efluente vai para a estação municipal de tratamento de águas residuais para remoção dos componentes biodegradáveis. — inclusão de tanques de sedimentação existentes: a água residual de processo resultante da preparação de vidrado é conduzida através de um sistema de tanques de sedimentação, os quais foram melhorados através de medidas adicionais e são automaticamente monitorizados. As lamas residuais resultantes são também devolvidas à secção de preparação de pastas para uso na produção de azulejos e ladrilhos, enquanto a água residual de processo é conduzida para a nova e substancialmente mais pequena estação de tratamento de água residual de processo. — construção de uma nova estação central de tratamento de água residual de processo: a anterior estação de tratamento de água de processo tinha capacidade até 3500m3 de água residual de processo por dia. O desenvolvimento de estruturas nas áreas de trabalho de azulejos e ladrilhos tornou impossível a separação de águas pluviais e águas residuais de processo quando as primeiras estações de tratamento de águas residuais foram construídas no início dos anos 70 do séc. XX. A nova estação centralizada, que representa o topo de gama, recolhe a água residual de processo da fábrica e bombeia-a para um novo sistema acima do solo para que não se misture com as águas pluviais. Alguns ajustes nos volumes de águas residuais de processo de 700 – 800 m3/dia, assim como a redução das cargas poluentes nos fluxos de águas residuais de processo e uma tecnologia melhorada, tornaram possível o desenho de uma estação totalmente automatizada cujo funcionamento requer apenas 20% das necessidades originais de pessoal e gera poupanças significativas em termos de energia e de floculantes. Parte das lamas residuais geradas nesta estação podem ser reutilizadas na produção de ladrilhos. Uma vez que as cargas poluentes são menores e tem também um menor conteúdo de água (25% no máximo) devido ao novo filtro-prensa, o restante pode ser depositado no próprio local de armazenamento da fábrica sem quaisquer riscos. Testes demonstraram que o material pode também ser usado como um componente da camada de selagem mineral de sistemas finais de cobertura tipo aterro. — separação de águas pluviais: uma vez que as águas residuais de processo possuem rede separativa de águas isto é, são separadas do sistema de esgotos e do subsolo, não são necessárias modernizações onerosas de velhos esgotos e poços. A redução e automatização tendo em vista o uso de floculantes promete poupanças consideráveis a nível material e de custos. O redesenho do sistema tem as seguintes vantagens e desvantagens — recuperação do vidrado branco e reutilização no processo — poupança da capacidade de aterro — o uso de biocidas e filtros de carvão activado deixa de ser necessário — água residual de processo altamente contaminada é tratada separadamente — reciclagem de lamas residuais dentro da fábrica — as fracções biologicamente poluídas de águas residuais de processo são conduzidas para a estação municipal de tratamento de águas residuais — fim do risco de águas residuais de processo poluídas no antigo sistema de esgotos — poupança de energia graças à adaptação das unidades — poupança nos floculantes para separação de lamas Vantagens em termos de custos — redução dos custos com pessoal em 20% do número original devido à automatização — redução de custos com energia — redução nos aditivos químicos — recuperação de vidrado reutilizável — redução dos custos para aterro Os custos totais do sistema de tratamento de águas residuais de processo são de 2,8 milhões de euros. Devido às poupanças daí resultantes, espera-se um retorno do investimento num período de 3 – 4 anos. Potenciais desvantagens Embora o sistema aqui apresentado possa ser caracterizado como um sistema modelo, os riscos que podem advir quando as circunstâncias diferem das aqui descritas pode levar às seguintes desvantagens económicas e qualitativas: — os custos energéticos para a tecnologia de filtração podem exceder as poupanças alcançadas com a recuperação de matérias-primas (dependendo da quantidade original de matéria-prima perdida) — dimensionamento da unidade de filtração com os consequentes custos excessivos de investimento ou capacidade insuficiente — fase longa de pesquisa no uso do vidrado recuperado (podem ser necessárias correcções cromáticas) — a mistura de fluxos afluentes só é possível até um determinado ponto, pois caso contrário não serão atingidos os efeitos de poupança da recuperação de elevada qualidade — é necessária elevada competência técnica tendo em vista o sistema geral — durante a fase de planeamento têm de ser tomadas em consideração medidas redundantes. Conclusão: este tipo de implementação de tecnologia ambiental topo de gama continua a ser um modelo de carácter experimental sujeito a condições rigidamente definidas [30, TWG Ceramics, 2005] [32, TWG Ceramics, 2006]. 193 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 194 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 6.5 Vidragem sem chumbo de porcelana de mesa de alta qualidade Benefícios ambientais alcançados e descrição No passado, a vidragem com chumbo foi usada sobretudo em porcelana de mesa de alta qualidade. As vantagens da vidragem com chumbo incluem superfícies perfeitas e técnicas de processamento simples, em particular devido aos comportamentos de fusão e humedecimento típicos de vidragens que contêm chumbo. As vidragens sem chumbo baseadas em silicatos de boro alcalinos foram desenvolvidas por um produtor de louça de mesa e são muito parecidas com os sistemas com chumbo em termos de qualidade e propriedades de aplicação. Isto levou a poupanças anuais de 60 toneladas de óxido de chumbo. O uso de quantidades mínimas de aditivos orgânicos de processo significa que os impactes ambientais devido a emissões orgânicas durante a cozedura são evitados largamente. A vidragem é aplicada através de atomização húmida utilizando suspensões de vidragem reologicamente adaptadas. Os fluxos de água residual de processo gerados na cabine de atomização, tal como sobreatomização e água de limpeza da cabine e das caixas, bem como pó de vidrado do separador a seco são tratados e reutilizados na vidragem, conjuntamente com o vidrado fresco. Este ciclo fechado de vidragem tornou possível a optimização da entrada de vidrado (perdas de vidrado e requisitos actuais). Os processos térmicos – secagem e cozedura - a jusante foram adaptados aos novos sistemas de vidragem e optimizados. Os padrões simples não requerem cozedura adicional e podem ser cozidos em conjunto com o vidrado usando uma técnica sob o vidrado. Os padrões complexos, coloridos, contendo vidrado sob ou sobre esses padrões têm de ser cozidos separadamente. Efeitos cruzados sobre outros meios É necessária mais energia para o tratamento e recuperação de águas residuais de processo resultantes da aplicação de vidrado. Parâmetros de funcionamento e aplicabilidade Esta técnica é usada em porcelana de mesa de alta qualidade. O seu uso em padrões coloridos sob o vidrado ainda não é possível ou iria necessitar de um investimento adicional. Economia Com esta técnica, o produtor consegue anualmente poupanças de 60 toneladas de óxido de chumbo em dois locais de produção. A conversão para esta técnica foi levada a cabo num quadro de optimização fundamental do processo no seu todo. A implementação desta técnica como parte do processo de modernização tecnológica levou a uma maior viabilidade económica e maior competitividade no mercado mundial. Força motriz para a implementação Poupança de custos e prevenção de emissões de chumbo. Unidades exemplo e literatura de referência Villeroy & Boch AG, Alemanha, [30, TWG Ceramics, 2005], [32, TWG Ceramics, 2006]. 195 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 196 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 7. Observações Finais 197 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica Calendário dos trabalhos Fontes de informação e desenvolvimento deste documento Lacunas de informação ainda existentes Nível de consenso na reunião final do TWG Recomendações para trabalhos futuros Sugestão de tópicos para pesquisas futuras de I&D 194 194 195 195 195 196 198 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Calendário dos trabalhos A troca de informações relativamente às Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Cerâmica foi efectuada desde o final de 2003 até ao início de 2006, com o grupo técnico de trabalho (TWG) internacional criado para o efeito. Elaborar e desenvolver este documento, baseado nos dados e comentários fornecidos pelas duas consultas e pela reunião final do TWG, levou aproximadamente dois anos e meio. A Tabela 7.1 mostra os principais momentos dos trabalhos. Início dos trabalhos do BREF relativo à cerâmica Reunião inicial 1ª versão Comentários sobre a 1ª versão 2ª versão Comentários sobre a 2ª versão Alteração da autoria do BREF Reunião final do TWG Versão final Outubro 2003 1 - 2 Dezembro 2003 Outubro 2004 Janeiro 2005 Junho 2005 Setembro 2005 Setembro 2005 14 - 17 Fevereiro 2006 Setembro 2006 Tabela 7.1 : Calendarização do processo de trabalho do BREF relativo à indústria cerâmica Fontes de informação e desenvolvimento deste documento Este documento baseia-se em mais de 30 fontes de informação, com dados essenciais fornecidos tanto pela indústria como pelos Estados-membros. Alguns relatórios são propositadamente anteriores à reunião inicial para fornecer, deste modo, informação vocacionada para a evolução deste documento, tendo muitas contribuições sido fornecidas após a reunião inicial. Os relatórios, considerados blocos estruturantes deste documento, foram submetidos pela CERAME UNIE, a federação europeia do sector representante da maioria dos produtores de cerâmica Europeus, e pelos Estados-membros Áustria, Bélgica, Finlândia, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal e Espanha. A informação útil adicional foi obtida durante visitas a locais de produção de cerâmica na Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Itália e Espanha, normalmente organizadas e acompanhadas por elementos do TWG. Este documento foi elaborado com base em cerca de 1000 comentários feitos à primeira versão e em mais de 750 à segunda por parte de quase todos os elementos do TWG. Neste contexto, é necessário realçar que a troca de informações foi, de facto, efectuada entre a UE-15, pois os 10 novos Estados-membros da UE-25, com poucas excepções, não participaram activamente. Tendo por base a informação fornecida e os comentários recebidos, o âmbito e a estrutura deste documento foram desenvolvidos de modo a que os nove principais subsectores da cerâmica fossem incluídos. Os quais são: — azulejos e ladrilhos — tijolos e telhas — louça utilitária e decorativa — produtos refractários — louças sanitárias — cerâmicas técnicas — tubos de grés — agregados de argila expandida — abrasivos com ligante inorgânico A ordem dos capítulos deste documento (Resumo BREF, Prefácio, Âmbito, Capítulos 1 – 9 incluindo MTD – Capítulo 5 e Observações Finais – Capítulo 7) obedece à ordem normalizada do esquema e guia BREF. Este esquema e Guia BREF foi fornecido pelo Fórum de Troca de Informação (FTI), criado pela Comissão Europeia para facilitar a troca de informações relativas à PCIP (neste contexto, ver também o Prefácio). Lacunas de informação ainda existentes Apesar das muitas informações úteis e dos muitos comentários, em relação a vários assuntos têm de ser realçados alguns problemas de informação e respectivas consequências para o documento: — Em certa medida, a ausência de informação quantitativa consistente em relação a dados económicos reais (custo) de técnicas de redução, para além das técnicas de tratamento/depuração do gás de combustão, contextualizadas com os respectivos resultados. Isto resultou em algumas informações económicas mais qualitativas do que quantitativas, especialmente no Capítulo 4 e, consequentemente, em algumas conclusões sobre as MTD que são agora principalmente baseadas numa abordagem qualitativa. — A multiplicidade de conjuntos de produtos e fases individuais de processo do fabrico levaram também a declarações mais qualitativas do que quantitativas, especialmente nas conclusões sobre as MTD em relação à eficácia energética. As informações submetidas neste contexto demonstraram muitos aspectos ou detalhes mas levaram à conclusão de que, até este momento, as declarações quantitativas relacionadas com este assunto são complicadas de elaborar. — Relativamente ao uso de combustíveis alternativos (por exemplo, biogás/biomassa) ou sólidos (por exemplo, carvão, coque de petróleo), foram fornecidos apenas alguns dados de emissões e consumos, a maior parte demasiado tarde no decorrer do processo deste documento – alguns deles até durante a reunião final do TWG – e, portanto, não puderam ter sido tomados em consideração. Nível de consenso na reunião final do TWG Os principais pontos de discussão da reunião final do TWG foram as conclusões sobre as MTD, que podem ser referidos a dois níveis: — Conclusões sobre as MTD genéricas, isto é, as que são globalmente aplicadas a toda a indústria cerâmica — Conclusões sobre as MTD específicas a cada sector, isto é, as que são aplicadas nos nove principais subsectores da indústria cerâmica abrangidos por este documento As propostas de MTD foram discutidas caso a caso e neste contexto específico, discutiu-se e concluiu-se também que o capítulo sobre as MTD não estabelece nem propõe valores-limite de emissão mas sugere valores de emissão e consumo associados com a utilização de uma selecção de MTD e que as “Melhores Técnicas Disponíveis” para uma instalação específica são geralmente a utilização de uma única ou a combinação de técnicas e medidas enumeradas no capítulo sobre as MTD, tanto a nível global (genérico) como a nível específico de cada sector. Outro ponto de discussão foi a menção explícita, no capítulo das Observações Finais, das dificuldades em lidar com a informação recebida muito tarde. Isto é particularmente relevante para o coque de petróleo enquanto combustível para o processo de cozedura nos fornos, assim como a recomendação de uma recolha mais profunda de informação a fim de ajudar a actualização deste documento sobre cerâmica. Durante a reunião final do TWG foi alcançado um elevado nível de consenso, não ficando registadas quaisquer opiniões divergentes, e, portanto – tal como foi visto retrospectivamente durante o período de troca de informações – o processo de troca de informações foi bem-sucedido. Recomendações para trabalhos futuros A troca de informações e o seu resultado, ou seja, este documento, representam um importante passo no sentido de alcançar a prevenção e o controlo integrados da poluição causada pela indústria cerâmica. Trabalhos futuros poderiam continuar o processo ao fornecer informações vindas de todos os 25 Países-Membros da União Europeia, incluindo os dados reais sobre os custos das técnicas de redução e mais dados sobre a eficiência energética relacionada com as respectivas técnicas. Além disso, serão necessárias mais informações acerca de combustíveis alternativos e sólidos, incluindo dados sobre todo o tipo de emissões e consumos, por exemplo, medições reais de emissões, de modo a obter um total conhecimento sobre o comportamento das emissões para uma futura revisão deste documento. Além disso, os níveis (valores) de emissão associados à MTD (VEA MTD) têm de ser analisados pelos diversos participantes para a revisão deste documento, em especial no que diz respeito às gamas dos VEA MTD nas emissões de SOx provenientes do processo de cozedura nos fornos com a utilização de matérias-primas com elevado teor de enxofre, tomando em consideração as técnicas inovadoras de redução/tratamento. Na revisão deste documento, deve ser encarado como referência o nível de 17% de oxigénio. 199 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 200 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva Sugestão de tópicos para pesquisas futuras de I&D No que diz respeito às técnicas descritas no capítulo sobre Técnicas Emergentes (Capítulo 6) em particular, será ainda necessário e útil efectuar algum trabalho de I&D para que estas técnicas sejam consideradas na determinação da MTD na indústria cerâmica. Além disso, a Comissão Europeia está a lançar e a apoiar, através dos programas IDT (Investigação e Desenvolvimento Tecnológico), um conjunto de projectos na área das tecnologias limpas, técnicas de tratamento e reciclagem de efluentes e estratégias de gestão. Potencialmente, estes projectos poderiam contribuir de forma útil para futuras revisões do BREF. Os leitores estão, portanto, convidados a informar o EIPPCB (Serviço Europeu de Prevenção e Controlo da Poluição Integrados) sobre quaisquer resultados de pesquisas relevantes para o âmbito deste documento (ver também o prefácio deste documento). 201 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 202 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 8. Bibliografia 203 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 204 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 BMLFUW (2003). “Austrian Study on State of the Art of Manufacturing Ceramic Goods by Firing”. VITO (2003). “The Flemish BAT-report on the ceramic industry (brick and roof tile industry), English translation of parts of the original Dutch version - published in 1999”. CERAME-UNIE (2003). “Proposed Best Available Techniques (BAT) Reference Document (BREF) for the European Ceramic Industry, Rev. Nov. 2003”. UBA (2001). “Exemplary Investigation into the State of Practical Realisation of Integrated Environmental Protection within the Ceramics Industry under Observance of the IPPC-Directive and the Development of BAT Reference Documents”. 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Glossário 207 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 208 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva TERMO PORTUGUÊS %-peso %-vol µg µS Absorção AC Acidificação Ácido Adsorção Aeração Aeróbio AL Álcali ou base Anaeróbio AOX Argila atm bar Barbotina Biodegradável Biodiversidade DEFINIÇÃO Percentagem em peso.?. Percentagem em volume. micrograma. microsiemens. Processo volumétrico, no qual uma substância permeia outra (embebendo-a) Água de alimentação da caldeira para produzir vapor. Adicionar ácido a uma substância para que esta adquira propriedades ácidas. Doador de protões. Uma substância que liberta, mais ou menos imediatamente, iões de hidrogénio numa solução aquosa. Processo de superfície; a acumulação de moléculas de um gás ou líquido para formar uma película fina na superfície de um sólido (assimilação à superfície). Acto de misturar líquido com ar (oxigénio). Processo biológico que ocorre na presença de oxigénio. Agregado leve de argila expandida: agregado de argila dilatada produzido pelo aquecimento súbito de argilas adequadas tanto num forno rotativo como num forno de sinterização. Receptor de protões. Uma substância que recebe, mais ou menos imediatamente, iões de hidrogénio numa solução aquosa. Processo biológico que ocorre na ausência de oxigénio. Compostos orgânicos halogenados absorvidos. A concentração total em miligramas por litro, expressa em cloro, de todos os compostos halogenados (excepto flúor) presentes numa amostra de água capazes de serem adsorvidos em carvão activado. Material natural caracterizado pela sua plasticidade, tal como é retirado do barreiro ou depois de ter sido moído e misturado com água. Atmosfera normal (1 atm = 101 325 N/m2). bar (1,013 bar = 1 atm). Suspensão em água de argila e/ou outros materiais cerâmicos. Que pode ser decomposto física e/ou quimicamente por microrganismos. Por exemplo, vários produtos químicos, restos de comida, o algodão, a lã e o papel são biodegradáveis. O número e variedade de diferentes organismos nos complexos ecológicos onde ocorrem naturalmente. Os organismos são organizados em vários níveis, desde ecossistemas completos a estruturas bioquímicas que são a base molecular da hereditariedade. Portanto, o termo abrange diferentes ecossistemas, espécies e genes que têm de estar presentes para existir um ambiente saudável. A cadeia alimentar tem de ser caracterizada por um elevado número de espécies, representando inúmeras relações predador-presa. TERMO PORTUGUÊS DEFINIÇÃO Chacota (biscuit) (1) Louça de barro que tem de ser cozida mas ainda não vidrada (2) Esta palavra, com o significado de «não-vidrado», é utilizada em expressões compostas como «cozedura de chacota». Documento de referência das MTD. Benzeno, tolueno, etilbenzeno, xileno. Benzeno, tolueno, xileno. Rocha mineral composta apenas por CaCO3; utilizada como tal ou como matéria-prima na produção de cal viva (óxido de cálcio) por descarbonização e de cal hidratada (hidróxido de cálcio) por hidratação. Forma cristalina do carbonato de cálcio. Nome originado na palavra chinesa Kao-Lin, uma encosta íngreme onde esta argila branca foi encontrada pela primeira vez (também designado por argila de porcelana). Densidade da carga enfornada do forno. Peça de forno com forma especial para suporte de, por exemplo, telhas durante a cozedura. Carência bioquímica de oxigénio: a quantidade de oxigénio dissolvido necessário para os microrganismos poderem decompor matéria orgânica. A unidade de medida é mg O2/l. Na Europa, a CBO é normalmente medida após 3 (CBO3), 5 (CBO5) ou 7 (CBO7) dias. Concentração de efeito 50. A concentração na qual são observados efeitos em 50% da população de ensaio após a administração de uma dose única. Os efeitos incluem a imobilização de dáfnias, a inibição do crescimento, da divisão celular ou da produção de biomassa, ou a produção de clorofila pelas algas. Comité Europeu de Normalização. O termo «cerâmica» (produtos cerâmicos) é, geralmente, utilizado para materiais inorgânicos (possivelmente, com algum conteúdo orgânico), formados por compostos metálicos e endurecidos através de um processo de cozedura. Concentração letal 50. A concentração mais baixa de uma substância, na água ou no ar ambiente, em miligramas por litro, suficiente para causar a morte de 50% da população de ensaio num determinado período de tempo (por exemplo, 96 horas em peixes, 28 horas em dáfnias). Concentração mínima com efeitos observáveis. A concentração mais baixa, determinada em laboratório, de uma substância de ensaio com efeitos negativos observáveis. Compostos orgânicos de cloro adsorvíveis. ver Efeitos conjugados. (1) Mistura de matérias-primas que aguarda ser moldada em produtos de cerâmica (2) Interior da louça de barro, em oposição ao vidrado BREF BTEX BTX Calcário Calcite Caulino Capacidade do forno Cassete CBO CE50 CEN Cerâmica CL50 CMEO COCl Conflitos conjugados Corpo 209 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 210 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva TERMO PORTUGUÊS DEFINIÇÃO COT COV Cozedura Carbono orgânico total. Compostos orgânicos voláteis. Processo de tratamento térmico de louças cerâmicas num forno para desenvolver ligações vidradas ou cristalinas, dando, assim, aos objectos, propriedades associadas com um material cerâmico. Carência química de oxigénio: a quantidade de dicromato de potássio, convertida em oxigénio, necessária para que ocorra a oxidação química, a cerca de 150 ºC, de substâncias existentes nas águas residuais de processo. Concentração sem efeitos agudos observáveis. Concentração sem efeitos observáveis. Massa de peças a cozer, sem auxiliares de cozedura, no volume da carga em relação ao total de volume do forno. Grau de dureza da água. Dose letal 50. A dose mais baixa de uma substância administrada a espécies como ratinhos e ratos, suficiente para causar a morte de 50% da população de ensaio num determinado período de tempo (nunca superior a 14 dias), convertida em miligramas da substância de ensaio por quilogramas de massa corporal. Dimensão nominal. Tipo de calcário cuja fracção de carbonato é dominada por dolomite mineral, carbonato de cálcio e magnésio, CaMg(CO3). Cálculo do impacto ambiental das emissões para água/ar/solo, utilização de energia, consumo de matérias-primas, ruído e extracção de água (isto é, todos os requisitos da Directiva PCIP). Fluido físico (ar ou água com contaminantes) que forma uma emissão. Efluente gasoso (off-gas) emitido por processos de cozedura/combustão (flue-gas). Termo genérico para o gás/ar libertado durante os processos de combustão ou extracção a temperatura ambiente. Gabinete Europeu de IPPC Libertação directa ou indirecta de substâncias, vibrações, calor ou ruído a partir de fontes individuais ou difusas numa instalação para o ar, água ou solo. Emissões resultantes do contacto directo de substâncias com poeiras, voláteis ou leves, com o ambiente (atmosfera, em condições normais de funcionamento). Estas podem resultar: - do próprio desenho do equipamento (por exemplo, filtros, secadores, etc.) - das condições de funcionamento (por exemplo, durante a transferência de material entre contentores) - do tipo de operação (por exemplo, actividades de manutenção) -ou da libertação gradual para outro meio (por exemplo, para água de refrigeração ou águas residuais de processo).As emissões fugitivas são um subtipo de emissões difusas. CQO CSAO CSEO Densidade da carga enfornada dH DL50 DN Dolomite Efeitos conjugados Efluente Efluente gasoso Efluente gasoso (off-gas) EIPPCB Emissão Emissão difusa TERMO PORTUGUÊS DEFINIÇÃO Emissão específica Emissão relacionada com uma base de referência, tal como a capacidade de produção, ou produção efectiva (por exemplo, massa por tonelada ou por unidade produzida). Emissão provocada por equipamento pouco estanque ou por fugas: emissões para o ambiente resultantes de uma perda gradual de estancamento de uma peça de equipamento destinada a conter um fluido (gasoso ou líquido), basicamente causado por uma diferença de pressão e uma fuga que dela resulta. Exemplos de emissões fugitivas: fuga num rebordo, numa bomba, num equipamento vedado ou estanque, etc. Revestimento de barbotina, branco ou colorido, aplicado a um corpo cerâmico poroso para melhorar a sua aparência. Termo genérico para as peças de material refractário utilizado no suporte dos produtos cerâmicos durante a cozedura no forno (auxiliares de cozedura). Designa uma temperatura de 273 K e uma pressão de 1013 hPa. Poluição de uma massa de água por esgotos, fertilizantes arrastados do solo e resíduos industriais (nitratos e fosfatos inorgânicos). Estes compostos estimulam o crescimento de algas, ao reduzir o teor de oxigénio da água, causando também a morte de animais com elevada necessidade de oxigénio. Floculação descontínua. Fontes de emissões de tipo difuso ou directo que são múltiplas e distribuídas no interior de uma área definida. Fuelóleo pesado Instalação de elevada temperatura utilizada para cozer peças de cerâmica Composição cerâmica que foi fundida, temperada de modo a formar um vidro e normalmente granulada. Fuelóleo ultra leve Substância que, mesmo em pequenas quantidades, diminui o ponto de fusão dos materiais nos quais existe naturalmente (por exemplo, substâncias alcalinas na argila) ou dos materiais aos quais é adicionada (por exemplo, o bórax adicionado aos vidrados). Tipo amorfo de carbonato de cálcio. Gigajoule. Gás natural liquefeito. Gás de petróleo liquefeito. Hectopascal. Emissão fugitiva Engobe Equipamento do forno Estado padrão Eutrofização FD Fontes difusas FOP Forno Frita Fuelóleo UL Fundente Carbonato de cálcio GJ GNL GPL hPa 211 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 212 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva TERMO PORTUGUÊS DEFINIÇÃO IEF Imissão Instalação Fórum de Intercâmbio de Informação (órgão consultivo informal no âmbito da Directiva IPPC. Ocorrência e o nível de uma substância poluente, odor ou ruído no ambiente. Unidade técnica estacionária onde ocorrem uma ou mais actividades mencionadas no Anexo I da Directiva IPPC, e quaisquer outras actividades directamente relacionadas desenvolvidas nesse local e que podem ter influência nas emissões e na poluição. Instalação em funcionamento ou, de acordo com a legislação em vigor antes da data na qual esta Directiva entrou em efeito, uma instalação autorizada ou, segundo a autoridade competente, passível de requerer autorização, desde que essa instalação comece a funcionar nunca depois de um ano após a data na qual esta Directiva entre em efeito. Prevenção e Controlo Integrados da Poluição. equivalente de toxicidade de dioxinas/furanos. Kelvin (0 ºC = 273,15 K). quilocaloria (1Kcal = 4,19 kJ). quilowatt-hora (1kWh = 3900kJ = 3,6 MJ). Suspensão com um teor relativamente elevado de sólidos. Alquilbenzenossulfonato linear. Produtos cerâmicos, moldados, mas ainda por secar ou cozer. Este termo aplica-se, geralmente, a louças de cerâmica doméstica. Metro cúbico normal. Caudal: salvo indicação em contrário no presente documento, os caudais correspondem a 18% em volume de oxigénio e ao estado padrão. Óxido de magnésio. Carbonato de magnésio (MgO). Técnica que, de alguma forma, altera o modo como o processo central se desenvolve, reduzindo, portanto, a emissão bruta ou o consumo (ver técnica de fim de ciclo). Ver técnica de fim de ciclo. Concentração: salvo indicação em contrário no presente documento, as concentrações de substâncias ou de misturas gasosas correspondem às das emissões gasosas secas a 18% em volume de oxigénio e ao estado padrão e as concentrações em benzeno correspondem a 15% em volume de oxigénio e ao estado padrão. Megajoule (1MJ = 1000 kJ = 100 J. Instalação existente IPPC I-TEQ K kcal kWh Lama LAS Louça em verdea Louça de barro m3(n) m3/h Magnésia Magnesite Medida/técnica primária Medida/técnica secundária mg/m3 MJ TERMO PORTUGUÊS DEFINIÇÃO MPa MS Megapascal. Matéria seca (teor de sólidos). A massa remanescente de um material após a cozedura pelos métodos normais de ensaio. Melhores técnicas disponíveis. Não disponível. Não aplicável. Hidrocarbonetos compostos por um ou mais anéis saturados de 5 ou 6 átomos de carbono nas suas moléculas, com ramificações parafínicas (adjectivo: nafténico). Valor de emissão associado à MTD. Nitrogénio determinado pelo método de Kjeldahl. Qualquer pessoa, singular ou colectiva, que opera ou controla a instalação ou, se previsto pela legislação nacional, alguém a quem tenha sido delegado poder de decisão económica sobre o funcionamento técnico da instalação. Poeiras. Precipitador electrostático. Símbolo para a acidez ou alcalinidade de uma solução. É um número equivalente ao logaritmo, de base 10, do inverso da concentração de iões de hidrogénio numa solução aquosa. Produto interno bruto. Pequena(s) e média(s) empresa(s). Substância individual ou grupo de substâncias que podem causar danos ou afectar o ambiente. Partes por milhão. Politetrafluoroetileno (Teflon). Rotações por minuto. Sem dados. Termo genérico para a densificação por calor de um pó compacto para produzir um corpo policristalino. processo no qual uma substância recebe ou fixa outra por absorção ou adsorção. (Teor de) sólidos em suspensão (na água) (ver também SST). (Teor de) sólidos em suspensão totais (na água) (ver também SS). (Teor de) sólidos totais. Teor de sólidos antes da secagem do material. Substâncias química que são ou naturais ou idênticas a substâncias naturais. São exemplos as hormonas, feromonas e enzimas. As substâncias bioquímicas funcionam como pesticidas através de modos de acção não-tóxicos e não-letais, tais como a perturbação dos hábitos de acasalamento dos insectos, a regulação do crescimento ou a actuação como repelentes. MTD n.d. n.a. Naftenos MTD VEA N-Kj Operador Partículas PES pH PIB PME Poluente ppm PTFE rpm s.d. Sinterização Sorção SS SST ST Substâncias bioquímicas 213 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 214 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva TERMO PORTUGUÊS DEFINIÇÃO Técnica de fim de ciclo Técnica que reduz as emissões ou os consumos finais por um qualquer processo adicional mas que não altera o funcionamento essencial do processo central. Sinónimos: «técnica secundária”, «técnica de redução». Antónimos: «técnica integrada no processo», «técnica primária» (técnica que, de alguma forma, altera o modo de funcionamento do processo central, reduzindo, portanto, as emissões brutas ou os consumos). Tipo de tijolo de construção, que pode ser de qualidade de tijolo industrial ou tijolo face-à-vista com baixa absorção de água e elevada resistência à compressão. Terajoule. Efeitos negativos que resultam de uma dose ou exposição única de uma substância química; qualquer efeito negativo que ocorra num curto período de tempo, normalmente inferior a 96 horas. Este termo é geralmente utilizado para descrever efeitos em animais de laboratório. Grupo técnico de trabalho. Massa, convertida em termos de determinados parâmetros específicos, a concentração e/ou o nível de uma emissão, que podem ou não ser excedidas durante um ou mais períodos de tempo. Fina camada vítrea na superfície de um produto cerâmico através da cozedura do revestimento aplicado. Referente a vidragem, que é utilizada em expressões compostas como «louça vidrada» e «cozedura do vidrado». Sólido sem ordenação em gama longa na distribuição dos seus átomos. Processo destinado a avaliar ou determinar o valor real e as variações de uma emissão ou outro parâmetro, baseado nos procedimentos de vigilância sistemática, periódica ou no local, inspecção, amostragem e medição ou outros métodos de avaliação destinados a fornecer informações sobre quantidades emitidas e/ou tendências para poluentes emitidos. Este termo, com o significado de “vidrado”, é aplicado a peças de cerâmica, que, ao resultarem de um elevado grau de vitrificação (em oposição a sinterização), possuem uma porosidade extremamente baixa. Fusão parcial progressiva de uma argila, ou de um corpo, como resultado de um processo de cozedura. Condutividade térmica Tijolo de revestimento TJ Toxicidade aguda TWG Valores-limite de emissão Vidrado (subst.) Vidrado (adj.) Vidro Vigilância Vítreo Vitrificação W/(mK) SÍMBOLOS QUÍMICOS SÍMBOLOS QUÍMICOS Al H2O PbO Al2O3 HCl Pr BaO HCN Pt BN HF Rh Ca K2O Alumínio CaSO4 Na2SO3 SO3 Cd NaCl SOx Ce NaF Ti Co NaHCO3 TiN CO NaHO Sulfato de cálcio S Ca(OH)2 MgCO3 Sb CaCl2 MgO Si CaCO3 Mn SiC CaF2 Mo SiO2 CaO Enxofre TiO2 CO2 NH3 V Cr Ni W Cu NO2 WB2 F NOx Zn Fe Dióxido de titânio Na2CO3 Sn CaSO3 Na2O SO2 Carbonato de sódio O2 Zr Fe2O3 Pb ZrO2 Oxigénio Água Óxido de chumbo Óxido de alumínio Cloreto de hidrogénio Praseodímio Óxido de bário Cianeto de hidrogénio Platina Nitreto de boro Fluoreto de hidrogénio Ródio Cálcio Óxido de potássio Hidróxido de cálcio Carbonato de magnésio Antimónio Cloreto de cálcio Óxido de magnésio Silício Carbonato de cálcio Manganésio Carboneto de silício Fluoreto de cálcio Molibdénio Dióxido de silício Óxido de cálcio Estanho Sulfito de cálcio Óxido de sódio Dióxido de enxofre 215 Sulfito de sódio Trióxido de enxofre Cádmio Cloreto de sódio Óxidos de enxofre Cério Fluoreto de sódio Titânio Cobalto Bicarbonato de sódio Nitreto de titânio Monóxido de carbono Hidróxido de sódio Dióxido de carbono Amónia Vanádio Crómio Níquel Tungsténio Cobre Dióxido de azoto Boreto de tungsténio Flúor Óxidos de nitrogénio Zinco Ferro Zircónio Óxido de ferro Chumbo Dióxido de zircónio Prevenção e Controlo Integrados da Poluição Documento de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis na Indústria Manufactureira Cerâmica 216 COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO-GERAL JRC CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva LAYOUT & PAGINAÇÃO João Carrôlo - Projectos Criativos Unipessoal, Lda Rua José Branco Rodrigues 71, 1º 2775-107 Parede [t] +351 912 829 386 IMPRESSÃO Europress, Lda Rua João Saraiva, 10-A 1700-249 Lisboa [t] +351 218 444 340 [f] +351 218 492 061