XV ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO NORTE E NORDESTE
PRÉ-ALAS BRASIL
04 a 07 de Setembro de 2012, UFPI Teresina-PI
GT05 – CULTURAS CORPORAIS, SEXUALIDADES E
TRANSGRESSÕES: NOVAS MORALIDADES EM DEBATE
NA ERA DOS DIREITOS HUMANOS
DOR, RESSENTIMENTO E NEGOCIAÇÃO:
homossexualidade e soropositividade na trajetória de um herdeiro
MARCIO ZAMBONI1
Resumo
O objetivo desse trabalho é analisar a articulação entre a experiência da
homossexualidade, o diagnóstico da soropositividade e o campo de possibilidades de
agência disponível para certos sujeitos no contexto de camadas altas na cidade de São
Paulo. Para tal, partirei de uma análise dos conflitos de identidade e reconhecimento
que marcaram a trajetória de um entrevistado que se afirma como homossexual, vive
com HIV e descende dos proprietários de um grande grupo empresarial. Nesse
esforço devo considerar o lugar central ocupado por certos atributos associados a
gênero no estilo de socialização que caracteriza a formação de sucessores para grupos
empresariais de capital familiar assim como a forte associação entre HIV e
sexualidade que desde os primeiros anos da epidemia marca os debates na esfera
pública e a formulação de políticas de saúde.
1
Formado em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo. Pesquisador vinculado
ao Numas-USP (Núcleo de Estudos dos Marcadores Sociais da Diferença da USP),
Mestrando em Antropologia pelo PPGAS-USP e bolsista (M1) pela FAPESP.
1
Introdução
O objetivo desse trabalho é analisar a articulação entre a experiência da
homossexualidade, o diagnóstico da soropositividade e o campo de possibilidades de
agência disponível para certos sujeitos no contexto de camadas altas na cidade de São
Paulo. Para tal, partirei de uma análise dos conflitos de identidade e reconhecimento
que marcaram a trajetória de um entrevistado que se afirma como homossexual, vive
com HIV e descende dos proprietários de um grande grupo empresarial. Nesse
esforço devo considerar o lugar central ocupado por certos atributos associados a
gênero no estilo de socialização que caracteriza a formação de sucessores para grupos
empresariais de capital familiar assim como a forte associação entre HIV e
sexualidade que desde os primeiros anos da epidemia marca os debates na esfera
pública e a formulação de políticas de saúde.
Conheci o principal personagem deste paper, Leonardo2, de 44 anos3, por
intermédio de João, 49 anos, um dos interlocutores privilegiados da minha primeira
pesquisa de iniciação científica: Homossexualidades em camadas altas da cidade de
São Paulo4.
Tenho trabalhado com esse tema (homossexualidades em camadas altas) desde
2009, quando iniciei a pesquisa em questão. O foco da investigação foi, em seu
primeiro momento, pensar as interações entre classe, raça e (homos)sexualidade focalizando a questão da agência entre indivíduos pertencentes a camadas altas. O
projeto proposto para a FAPESP se estruturava sobre duas lacunas identificadas a
partir de um levantamento no banco de teses da CAPES5 acerca da bibliografia que
trata da homossexualidade. Por um lado, a categoria classe, embora fosse apropriada
com alguma frequência para definir ou recortar o campo era pouquíssimas vezes
tematizada pelas pesquisas. Por outro lado, se as camadas médias e baixas eram
recorrentemente referidas, não encontrei naquele momento nenhum projeto que se
propusesse a trabalhar com camadas altas.
2
Os nomes dos entrevistados e informantes, bem como das pessoas às quais esses fizeram
referência, foram trocados tendo em vista a preservação de suas identidades.
3
Idades referentes à realização da entrevista.
4
Realizada nos anos de 2009 e 2010 com o financiamento da FAPESP (Processo
2009/01764-9) e sob a orientação de Laura Moutinho.
5
Pesquisa realizada em Abril de 2008 no banco de teses da CAPES, disponível no site
www.capes.gov.br.
2
A minha entrada em uma rede de homens e mulheres homossexuais na faixa
dos 40 a 55 anos, que acabaria se consolidando como o principal núcleo da pesquisa,
se deu a partir da surpreendente disposição de um amigo da minha mãe, que tinha
então 50 anos. Em uma festa os dois conversaram a respeito da pesquisa que eu estava
iniciando e, no dia seguinte, fiquei sabendo que “como homossexual e pertencente à
classe média alta” (em suas palavras), ele havia se voluntariado para conceder uma
entrevista - e que eu poderia entrar em contato se houvesse interesse. Não tinha
pensado em trabalhar com essa faixa etária e achava que poderia ser estranho ou
constrangedor conversar com amigos da minha mãe, mas acabei me convencendo de
que poderia ser uma boa ideia.
Depois de uma breve correspondência virtual, marcamos uma data para
realizar a entrevista em sua casa. Ao final desta, pedi para ele indicar, se possível,
amigos seus para realizarmos novas entrevistas. Recebi, poucos dias depois, nome, email e telefone de 2 amigos que haviam também se mostrado dispostos a contribuir
com a pesquisa. Uma dinâmica semelhante caracterizou o trabalho de campo até que,
6 meses depois, eu havia realizado 9 entrevistas (6 homens e 3 mulheres) em 27
visitas (de 1 a 5 por entrevista) atingindo um total de 55 horas de gravação (de 3 a 10
horas aproximadamente por entrevista).
O desenvolvimento do trabalho de campo se deu dessa forma: não como efeito
de um planejamento prévio, mas porque foi esse o espaço que me foi aberto pela rede.
Percebi que havia nesses indivíduos uma disposição para falar abertamente sobre suas
vidas, e procurei ser sensível a essa demanda6. Os entrevistados compartilhavam com
seus amigos a experiência e esses, quando, por curiosidade ou interesse, se mostravam
dispostos, eram-me indicados para que conversássemos.
A dinâmica do trabalho de campo se desenhou, então, como o inverso do que
eu havia imaginado no projeto de pesquisa: os indivíduos foram a princípio recrutados
para entrevistas em profundidade (se mostrando imediatamente disponíveis ou tendo
sido indicados por amigos) a partir das quais passei a estabelecer, com alguns, outras
espécies de contato (e-mail, encontro tomar café ou jantar, ir no cinema, compartilhar
momentos de produção artística).
6
Essa disposição em falar no âmbito privado de uma entrevista sugere a importância do marcador
geracional na forma como se deu o trabalho de campo. Se por um lado pessoas mais velhas são mais
difíceis de encontrar e abordar em espaços de sociabilidade por outro parecem mais abertos em falar
uma vez que o contato é estabelecido - além, é claro, de terem uma experiência de vida mais extensa.
3
Neste contexto, dois marcadores que ganharam força ao longo do trabalho de
campo passaram a integrar o núcleo de problemas teóricos que orientou o
desenvolvimento da pesquisa. Primeiramente, a faixa etária dos entrevistados (em
contraste com a minha) - que caracteriza de forma decisiva a elaboração de narrativas
por parte dos entrevistados e a natureza das relações de sociabilidade que o grupo
pesquisado estabelece. Além disso, a soropositividade se afirmou como um questão
pertinente uma vez que a maior parte dos homens entrevistados se disseram
soropositivos no momento da entrevista e afirmaram em vários sentidos a importância
dessa condição (e da convivência com pessoas afeadas pelo vírus) em sua trajetória e
na forma como hoje administram suas vidas.
Posteriormente, a minha segunda pesquisa de iniciação científica, “Entre
memórias, dores e (re)negociações: o lugar da AIDS na trajetória de indivíduos que
viveram o inicio da epidemia na cidade de São Paulo”7 renovaria o meu olhar sobre a
questão do HIV/AIDS no universo estudado8.
O marcador “classe”, sempre em diálogo com a problemática da “raça”,
caracterizou de forma decisiva a abordagem da (homos)sexualidade no primeiro
projeto, enquanto a soropositividade articulada à peculiaridade da experiência vivida
por essa geração é o centro gravitacional do segundo. O projeto de mestrado tenciona,
então, articular estas duas chaves etnográficas focando as possibilidades de agência
disponíveis para os indivíduos da rede estudada, com o objetivo de analisar as formas
pelas quais esses marcadores sociais da diferença ganham consistência na elaboração
de narrativas sobre o passado ou na definição das interações concretas percebidas no
presente.
Desenhado este esboço do contexto mais amplo da pesquisa na qual o debate
desta comunicação se insere, partirei para a descrição mais detalhada do meu encontro
com Leonardo.
7
Realizada em 2011 com bolsa PIBIC/CNPq e sob a orientação de Laura Moutinho.
O estudo contaria ainda com o apoio da pesquisa "Entre a exclusão, o reconhecimento e a
negociação: (homos)sexualidade e raça em uma perspectiva comparada", financiada pelo
CNPq (Edital Gênero – processo No 402916/2008-5 - coordenado pela Professora Laura
Moutinho).
8
4
Encontro
João me havia sido apresentado pelo primeiro entrevistado da pesquisa e desde
nosso primeiro encontro para a realização da entrevista tivemos uma grande
afinidade. Além disso, ele mostrou uma excepcional disponibilidade em encontrar
outros interlocutores. Um dos contatos estabelecido por João foi Leonardo. Pelo que
o primeiro me disse, o próprio Leonardo insistiu para que João o indicasse para a
pesquisa quando ficou sabendo que ele havia participado de uma pesquisa com esta
temática. Mandei um e-mail para Leonardo e recebi uma resposta simpática:
Marcio,
No problem, podemos marcar uma entrevista na semana que vem, em
algum café aqui perto da minha casa, nos Jardins. Eu também fiz um
doutorado em Londres, já há muitos anos, relacionado a
homossexualidade, e sei como é difícil o processo de trabalho em campo,
por isso quando o João comentou sobre o seu trabalho eu não hesitei em
me disponibilizar.
Acho mais fácil combinarmos por telefone (...) Me liga.
Abraço,
Leonardo
Liguei e marcamos um encontro em um café nos Jardins (bairro
particularmente valorizado próximo à região central da cidade de São Paulo),
conforme o previsto. Na primeira vez que marcamos de nos encontrar, Leonardo não
apareceu no local indicado. Liguei para ele algumas vezes enquanto o esperava mas
não fui atendido. Depois de mais uma série de e-mails trocados e algumas outras
ligações não atendidas, marcamos novamente no mesmo local alguns dias depois. Lá,
já de início não me senti muito confortável vestindo camiseta, bermuda, tênis e
mochila das costas (meu uniforme em campo para dias quentes): aparentemente o
dress code era muito mais sofisticado (o que eu não imaginava, se tratando a princípio
de um café de rua):
Me dei conta de que não tinha visto nenhuma foto do entrevistado antes e
não tinha certeza se ele me reconheceria quando chegasse. Fui alocado
pelo maître em uma mesa perto da porta, e mandei um SMS avisando que
havia chegado. Alguns segundos depois um homem de baixa estatura
aparentando pouco mais de 30 anos aparece e pergunta: “você é o
5
Márcio?”. Era meu entrevistado. Depois me explicou: “É que não vem
muita gente aqui com cara de antropólogo, sabe? Eu não sabia como você
era porque a gente não conversou sobre isso, mas quando você chegou eu
desconfiei que fosse você. Quando recebi a mensagem tive certeza”.
Aparentemente, um erro grosseiro na indumentária ajuda a identificar um
antropólogo. (transcrição do diário de campo)
Leonardo diz ter feito um Ph.D. em sociologia na Inglaterra no final da década
de 1990. Trabalhou com AIDS, homossexualidade e religião. Antes de começar o
roteiro, tentei saber um pouco mais sobre sua tese mas ele não pareceu disposto a
conversar a respeito. “Mas a gente está aqui para a sua pesquisa, não é?”. Pouco
depois de eu dizer que a minha pesquisa era de iniciação científica, Leonardo me
disse que tinha um compromisso dali a uma hora (olhando depois o e-mail tive a
impressão de que ele imaginava ser uma pesquisa de doutorado). Algo da empolgação
inicial visível nos e-mails havia claramente se perdido. Foi, em verdade, a minha
primeira experiência verdadeiramente desafiadora em campo. Tive dificuldade de
desenvolver qualquer espécie de identificação ou empatia com o entrevistado.
Suas narrativas afluíam sempre para um sufocante ressentimento direcionado
aos seus pais, independentemente das minhas tentativas de deslocá-las desse eixo9. Se
durante o processo me senti entre irritado, desorientado e impotente, teria depois a
impressão de que havia sido inflexível, impaciente ou insensível. Percebi então a
importância da empatia ou da identificação com o entrevistado (que havia se
mostrado presente em todas entrevistas até aquele momento) e de uma certa atmosfera
de conforto e descontração durante a entrevista.
Acreditava (talvez um pouco inocentemente) que o humor presente nas demais
entrevistas era efeito da forma como eu as vinha conduzindo - e momentos de
descontração eram fundamentais para que o entrevistado mantivesse certo nível de
atenção e interesse por um período mais prolongado. Só a partir da entrevista de
Leonardo que percebi que o que possibilitava o humor era especialmente a relação
que o próprio entrevistado mantinha com a sua memória, diretamente associada à
percepção de realização individual no presente.
Retomando a entrevista, percebi diversos momentos em que tentei levar a
narrativa para algo mais descontraído, aliviar de alguma forma a atmosfera pesada da
9
Tive, naquele momento, a impressão de que o eixo em torno do qual o entrevistado insistia
em articular o depoimento nos levava repetidamente a um conjunto muito estrito de narrativas
- enquanto pretendia, através do roteiro, recuperar sua trajetória de forma mais ampla.
6
entrevista10. Uma situação em particular deixaria clara minha dificuldade de mobilizar
seu senso de humor. Tratava-se, para mim, a partir da experiência com as pesquisas
anteriores, de um comentário típico de um momento de descontração:
Os padres também, do colégio...Eu contava para os padres, na confissão,
que eu tinha fantasia sexual com homens.
E o que eles falavam?
Ah, eles mandavam eu rezar cinco ave-marias, seis pai-nossos, entendeu?
A afirmação de uma incompreensão tida como absurda (como padres que
recomendavam pai-nossos para aliviar a homossexualidade) havia sido até então
bastante típica de uma situação de deboche. Eu, como resposta, ensaiei um sorriso e
estranhei não ter sido correspondido. Ele não pareceu ofendido, mas retomando a
situação posteriormente tive a impressão de que posso ter sido bastante insensível.
Depois que me dei conta de que lidava com uma pessoa que se definia como
“profundamente espiritualizada, mas não religiosa”, e que tinha “diálogos constantes
com Deus” (lembremos ainda o tema da sua tese). O fato dos padres terem tratado sua
homossexualidade dessa forma tinha uma gravidade que eu não fui capaz de
dimensionar. O sentido do seu comentário talvez fosse a indignação, não o deboche.
Em verdade, toda a vida que transparecia pela sua narrativa era carregada de
um gravidade que eu não fui capaz compreender nem de abordar com suficiente
delicadeza. Seu depoimento no momento da entrevista me parecia apenas dramático
ou extravagante, enquanto o que de fato parecia me mover era a irritação que eu
sentia diante da insistência do entrevistado em marcar uma certas posições de
hierarquia - especialmente em termos de classe mas também em termos de
conhecimento. Poderíamos dizer que não fui capaz de construir um espaço de
identificação com o entrevistado, talvez porque tivéssemos projetos diferentes para
aquele encontro.
A entrevista não teve continuidade. Ao final da seção da entrevista sobre vida
escolar o entrevistado precisou ir embora. Conversamos rapidamente depois ainda e,
entre outras sugestões para a minha pesquisa (que soaram mais como críticas),
Leonardo afirmou que “Não tem nada a ver trabalhar com gay e lésbica na mesma
pesquisa. As pessoas acham que tem a ver mais são coisas completamente diferentes,
10
Nas entrevistas anteriores, os momentos de descontração haviam se mostrado fundamentais
para manter a atenção e a disposição dos interlocutores em continuar falando.
7
você vai ver”. Tentei marcar ainda na sua presença o próximo encontro, mas ele pediu
para eu entrar em contato. Tentaria algumas vezes sem sucesso até concluir que era
mais provável que ele não quisesse dar continuidade à entrevista. Decidi então
respeitá-lo.
Por um lado, fiquei profundamente decepcionado com a minha incapacidade
de ter sido sensível às demandas desse entrevistado (apesar de ter consciência de que
eu não era culpado pelo fato de ele ter expectativas diversas) e preocupado por
imaginar que o possa ter ofendido. Por outro, fiquei feliz em perceber como, mesmo
tendo nos desentendido, produzimos juntos um material bastante denso. Sou,
portanto, grato pela sua participação e admiro sua paciência e disposição ao enfrentar
um pesquisador inexperiente, relativamente insensível e talvez inconveniente.
Tentemos então reconstituir alguns elementos centrais de sua trajetória a partir
das narrativas às quais tive acesso.
Formação
Leonardo se formou em um ambiente conservador em termo de valores e
bastante marcado em termos de classe:
Meu pai e minha mãe, eles eram parte de uma coisa que não tem muito
mais hoje em dia. [Por] que a sociedade naquela época era bem mais
aristocrática. Primeiro que era ditadura, entendeu? Não existia essa
igualdade que existe hoje entre os cidadãos. E o meu pai e a minha mãe
faziam parte do high society. Então era todo mundo daí. Era todo mundo
muito rico, muito glamouroso, as mulheres eram muito lindas. A gente era
criado... Eu tinha uma babá austríaca, para você ter uma idéia. Nem era
brasileira, ela era austríaca. Então tudo era muito chique. As crianças
entravam, davam um beijinho e saiam, entendam? Eles não lidavam muito
com as crianças.
O entrevistado é o primogênito (e o único filho homem) de um empresário
extremamente rico. Nesse contexto, a masculinidade se mostraria central, sendo
diretamente associada à posição de um sucessor. A reflexão que Adriana Piscitelli
(2004) elabora sobre a questão da sucessão em grupos empresariais de capital familiar
é particularmente útil para iluminar algumas das tensões que permeiam a formação de
Leonardo. Em Jóias de Família, a antropóloga ressalta a importância de gênero na
8
transmissão da herança (moral e material) que qualificará para as posições de
liderança certos descendentes em detrimento de outros:
Gênero diferencia, assim, o grupo de herdeiros/as ligados por laços de
parentesco. Separa homens de mulheres, recortando os laços criados pela
identidade de sangue [...]. Mas, marca, também, distinções entre os
herdeiros (homens). Os sucessores que, concentram poder econômico e
decisório, são associados aos estilos de masculinidade mais valorizados
nos relatos. (PISCITELLI, 2004, p. 139)
Dentro de um grupo de herdeiros (descendentes dos proprietários do capital),
se destacam os sucessores (que concentrarão o poder decisório do grupo empresarial)
- através de um processo muito particular de socialização que valoriza certos atributos
associados a gênero. Assim, as tendências homoeróticas que Leonardo afirma
apresentar desde cedo se mostrariam problemáticas:
Meu pai era muito galanteador. A gente circulava com os Matarazzo11.
Era esse tipo de gente. Você já deve ter ouvido falar, não é?
Já.
Então, era isso. Mas ali ser homem era muito importante. Só que eu era
uma criança efeminada. Aos 6 ou 7 anos de idade eu fui no quarto dos
meus pais. Eu era uma criança muito precoce, eu aprendi a ler e escrever
antes de ir para a escola. Porque eu queria aprender, então eu tinha uma
professora particular e já entrei na escola alfabetizado. E eu falei para eles
que eu tinha fantasias sexuais com homem. Aí no dia seguinte eles me
levaram em uma psicóloga e lá eu fiquei durante 6 anos. (...) Uma
psicóloga que tentou curar a minha homossexualidade.
Você acha que já estava manifesta aos 6 anos?
Já, mas já estava manifesta muito antes.
(Em itálico, ênfase do entrevistado)
Em vários aspectos sua formação seria experienciada como extremamente
incômoda, sendo recuperada com profundo ressentimento:
Me fala um pouco mais sobre a educação da sua família em termos
de...
Muito rígida! Ela era muito rígida. Meu pai era muito rígido. Eu era o
melhor aluno da escola sempre. Eu chegava para ele com o boletim, tudo
10, e mostrava para ele querendo sei lá, algum reconhecimento e ele
11
Família numerosa e extremamente rica (pelo menos até meados dos anos 1980) de
empresários paulistanos, descendentes do Conde Francesco Matarazzo. Decidi manter o nome
da família pelo fato de serem personagens públicas bastante conhecidas na cidade.
9
falava “Não fez mais do que a obrigação”. Entendeu? Ele era bem assim.
E ele me forçava a andar a cavalo, que era uma coisa que eu não gostava.
Eles me punham no judô, para ver se eu ficava um pouco mais masculino.
Era muito importante isso para eles. Mas eles não assumiam que eles
tinham um filho homossexual. (...) Eu só fui me assumir com 28 anos,
durante todo esse tempo houve uma farsa.
Mas você acha que eles deveriam assumir isso, quando você era
criança?
Claro que sim! Eles teriam me poupado muito sofrimento da minha parte.
A falta de reconhecimento por suas conquistas (como desempenho escolar e
acadêmico acima da média) assim como a indisposição dos pais em lidar com sua
homossexualidade parecem ser centrais para a relação que Leonardo estabelece hoje
com essas lembranças.
Refletindo sobre a noção de herança neste contexto, Adriana Piscitelli observa
que esta “apresenta diversas dimensões: refere-se à transmissão de patrimônio
espiritual, moral e material entre gerações” (2004, p. 107). Em seguida, a autora
atenta para uma dimensão particular da herança, que parece importante para
compreendermos o caso que estamos analisando:
O aspecto crucial da herança, reiteradamente tematizado, diz respeito à
transmissão das qualidade que fluem através das gerações,
particularmente da circulação daquelas que, singularizando o fundador [do
grupo empresarial], possibilitaram a criação da sua obra. Em parte
importante das histórias, a herança dessas qualidades, apresentada como
critério fundamental para a seleção de sucessores, converte seus
privilégios numa consequência da herança espiritual e moral neles
corporificada.
Trata-se do projeto que os pais de Leonardo buscavam concretizar no curso de
sua conflituosa formação: a incorporação de qualidades (tidas como “familiares)
através da socialização que permitissem a legitimação (e talvez a naturalização) de
sua posição enquanto sucessor na liderança das empresas ligadas à família. Essa
intenção já está muito explicitamente expressa em seu nome, que é o mesmo do seu
pai acrescido do sufixo Junior.
Como único descendente direto do sexo masculino, havia não apenas amplas
perspectivas mas também grandes expectativas a respeito de Leonardo. Para este, no
entanto, a resultante de sua experiência de socialização no ambiente familiar é
10
absolutamente negativa - uma grande desconfiança em relação à importância da
herança familiar:
Eu acho que eu aprendi tudo o que eu tinha que aprender sozinho. Muito
do que eu aprendi que era correto eu tive que desaprender na minha vida
fora do Brasil. Todos os preconceito que eu aprendi, tudo aquilo que eu
carregava comigo. (...) Eu não acho que os meus pais ensinaram muita
coisa para mim, eles não passaram muito tempo comigo. Eles não
sentaram comigo e falaram “olha, a vida é assim ou assado”. Sabe? Não
teve muito isso. Eu aprendi meio por osmose. (...) Resumindo a minha
história com a minha família eu diria assim: infelicidade total.
Até então acompanhamos um conflito entre expectativas familiares explícitas
e insatisfações subjetivas latentes retomadas a posteriori. Vejamos como Leonardo
narra as situações concretas nas quais esta tensão foi negociada também de forma
explícita.
Deslocamentos
Um primeiro e importante deslocamento em relação a esse universo sufocante
seriam as viagens que realizaria aos Estados Unidos:
Eu comecei a viajar sozinho para os Estados Unidos. Eu era fascinado
pelos Estados Unidos quando eu era adolescente. Pela cultura gay dos
Estados Unidos. Eu comecei a fazer curso de inglês durante as férias.
Então eu saia do Brasil, ficava 3 meses fora nas férias de verão, estudando
inglês. Então o que eu fazia? Aos 17 anos eu tinha uma vida
completamente gay. (...) Foram 5 cursos de inglês. E lá eu era um garoto
gay como qualquer outro. Assim, totalmente gay. Eu vivia no ghetto. E lá
eu descobri que existiam departamentos de universidades dedicados ao
homossexualismo. E eu não sabia que existia. Acho que aqui nem existia.
E eu queria ser isso, entendeu? Eu queria ser uma acadêmico dedicado aos
estudos de gênero.
Um deslocamento espacial em relação ao universo do high society paulistano
associado à integração bem sucedida a um universo onde a homossexualidade podia
ser vivida abertamente permitiram portanto a elaboração de um projeto alternativo de
realização. Nesse mesmo período um novo fator complexificaria suas escolhas:
11
Quando eu tinha 17 anos, antes de ser identificada a causa da AIDS, eu já
tinha HIV. E obviamente eu não contei para os meus pais. Essa foi uma
das razões pelas quais eu quis ir embora do Brasil. Eu não queria
envergonhar eles, já bastava o fato de eu ser gay. Morrer de AIDS naquela
época era uma vergonha horrorosa. Eu não sei nem se você pode
imaginar, se você leu. Mas você não viveu isso. A pior coisa que podia
acontecer com uma pessoa era ela ter AIDS. A pior. Pior que você ser
assassino. A coisa mais feia, mais nojenta, mais repugnante.
Por um longo tempo ainda, no entanto, Leonardo seguiria o projeto que lhe
havia sido reservado: ser o sucessor do seu pai. Não revelou à sua família sua
condição de HIV positivo nem afirmou diante deles sua identidade homossexual
(embora a vivesse de forma relativamente aberta no exterior). Se formaria em uma
faculdade de administração de elite no Brasil, faria um estágio na Europa e MBA nos
Estados Unidos, onde trabalharia em um banco por alguns anos depois de se formar.
Aos 27 anos (5 anos depois de deixar o país) uma situação complexa o levaria
a voltar para o Brasil e enfrentar a família:
Os Estados Unidos não aceitavam imigrantes permanentes que fossem
soropositivos. O Obama acabou de mudar isso. (...) Meu visto provisório
de trabalho tinha acabado. Se eu não fosse positivo eu teria um green
card12, assim, em 2 minutos. Mas eu não apliquei porque ia ser testado, ia
ser rejeitado e ia ser deportado. Foi ai que eu voltei para o Brasil e contei
para eles. Que eu era positivo há 10 anos. Ai foi aquele choque, aquele
drama tal. Ai eu fui para Londres. Foi ai que eu fiz meu doutorado.
O diagnóstico, como vimos, se mostrou problemático em sentidos muito
diversos. Para Leonardo, no entanto, a vergonha parece ser sua dimensão mais crítica.
E esse sentimento estava ligado em grande parte à impossibilidade de manter o
silêncio não apenas a respeito do seus status mas também de sua homossexualidade consequência, por um lado, da forte associação divulgada na esfera pública entre HIV
e sexualidade no primeiro momento da epidemia (PERLONGHER, 1987) e, por
outro, a certas políticas públicas de prevenção (como a política de concessão de vistos
nos Estados Unidos ou a definição de grupos de risco no Brasil).
O enfrentamento em relação à família, em grande parte centrado na afirmação
da homossexualidade, significaria uma ruptura profunda em relação um determinado
conjunto de expectativas que lhe havia sido reservado:
12
Espécie de visto permanente para estrangeiros.
12
Meu pai queria que eu fosse o sucessor dele. Então tudo que eu estudei,
tudo que eu fiz depois quando eu fui embora. Tudo foi para um dia eu
voltar, tomar conta das coisas dele. Até o dia que eu falei: “olha, eu sou
gay”. Aí nesse dia ele falou: “então não dá para você realmente tomar
conta das minhas coisas”. Só nesse dia que ele falou isso. Embora eu
entenda, porque eu sempre soube que eu era gay. Mas a farsa era tão
grande que acho que ele chegou a acreditar que eu não era gay. Todo
mundo realmente começou a acreditar. Sei lá, às vezes ele achou que era
uma fase que poderia passar. Uma das coisas que ele falou quando eu falei
que eu era gay foi “Não dá para reverter?”. Foi a primeira coisa que ele
me perguntou: “Não dá para reverter?”.
De uma forma ou de outra, Leonardo entende esse momento menos como um
enfrentamento voluntário do que como a eclosão de um conflito latente. O fator
decisivo seria em última instância a incompatibilidade entre o projeto de sucessão do
pai e sua homossexualidade - ou o fato de que ele não apresentava o estilo de
masculinidade associado à família e valorizado para o lugar de sucessor. Essa situação
se mostrava particularmente dramática visto que:
Eu sou o único filho homem, então quer dizer, o nome do meu pai acabou,
então isso pesou muito.
A afirmação da incompatibilidade com os pais o deslocava do seu destino de
sucessor, mas esse deslocamento não parece suficiente para abrir caminho à
elaboração de um projeto alternativo de realização. Não podemos esquecer que
mesmo deixando de ser o sucessor, ela continuava sendo herdeiro (e pôde portanto
dispor de um grande volume de bens materiais desde a maioridade). Alguma espécie
de reconhecimento por suas conquistas individuais (empreendidas no sentido de
corresponder às expectativas do pai) e da sua homossexualidade parecem ser
demandados em uma retórica profundamente marcada pelo ressentimento.
A ida para a Inglaterra tendo em vista um doutorado (que versaria sobre
homossexualidade, AIDS e religiosidade) parece então significar o empreendimento
de um projeto alternativo de realização que vinha ao encontro de um desejo antigo de
trabalhar academicamente com gênero e sexualidade. Nesse sentido, não apenas o
deslocamento, mas também o próprio tema da pesquisa de doutorado se mostrariam
decisivos para seu reposicionamento diante de si mesmo e de seu destino:
13
Foi só ai, no meu doutorado, que eu consegui aceitar tudo o que me
aconteceu. E me aceitar também. Foi só depois, quando eu comecei a ler
sobre história da homossexualidade, tudo isso. (...) Saber que existiram
indivíduos assim. Conhecer a fundo como era tratada a homossexualidade
na Grécia, por exemplo, foi uma coisa que me fez muito bem. Saber por
exemplo que na época medieval era permitido, existiam casamentos
homossexuais, abençoados pela igreja. Tem um monte de coisa, não sei se
você sabe disso. Mas tem muita coisa que foi escondida, que a ortodoxia
foi limando, fingindo que nunca existiu. Mas os gays sempre existiram, e
ser homossexual hoje não é a mesma coisa que ser homossexual na
Grécia. Mas o homoeroticismo [sic] sempre existiu.
Foi isso que te ajudou.
Ah, ajudou muito. Aliás, acho que foi a única coisa que te ajudou. (...)
Para mim a educação foi fundamental. Sobretudo a partir da sociologia.
Até então não. Mas quando eu comecei a estudar gênero, sexualidade,
corpo, religião, história da sexualidade. Foucault! Principalmente
Foucault. E Butler, sabe essa gente?
Sei.
Tudo isso. Isso ai foi muito bom. Queer theory e tal.
No entanto, pouco depois de concluir seu doutorado uma série de
complicações relativas à sua saúde (consequência direta do HIV) o levariam de volta
ao Brasil em uma situação extremamente delicada. Não tendo o apoio que esperava da
família, sua situação ficou ainda mais tensa:
Quando eu voltei para o Brasil eu precisava do apoio emocional deles e eu
não tive. Ai eu pirei, eu literalmente eu pirei. (...) E eles tiveram que lidar
com isso também. E foi uma coisa pública, porque como eles têm uma
vida pública, meu pai foi um homem público. E como eles circulam muito
na sociedade, e tem amigos que falam sempre da vida uns dos outros, foi
uma coisa que aconteceu na frente de todo mundo. E hoje eu falo
abertamente que sou sorpositivo, meus amigos sabem, eu não tenho
vergonha de falar. Então foi muito doloroso para eles, mas hoje eles me
aceitam mais.
A dimensão pública que o conflito tomou parece ter sido decisiva para que sua
situação tivesse alguma espécie de efeito mais profundo sobre sua família:
Você acha que a sua trajetória transformou de alguma forma a sua
familia?
Completamente.
Em que sentido?
Ah, porque eles... (risos). Eles pagaram. Eles pagaram tudo, tudo que eu
achei que eles tinham que pagar. Não foi nem conscientemente, foi como
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a vida foi indo e levando. (...) Eles pagaram caro os erros que eles fizeram
no passado.
Nesse sentido, fazer os pais “pagarem caro pelos erros” parece para Leonardo
uma contrapartida legítima para o sofrimento produzido pelos mesmos ao longo de
uma formação traumática e pela relativa ausência de reconhecimento. Aqueles são
vistos inclusive como os principais responsáveis por grande parte dos problemas que
ele enfrentou e ainda hoje enfrenta. Assim, este entrevistado afirma não estar
desconfortável diante do fato de não ser independente financeiramente:
Eu não me deixo acanhar por causa disso, entende? Por que eu acho que
muito dos problemas que eu tenho hoje em dia e essa história de não ser
bem sucedido financeiramente tem a ver com o fato de eu não ter podido
escolher o que eu queria estudar. Porque eu não pude escolher. Eu tive
que fazer a faculdade de administração, depois eu tive que sair do Brasil
para fazer estágio em uma empresa alemã que era associada ao meu pai.
Eu fiquei lá um ano com um empresa de guindaste, ponte rolante, que é
uma coisa que não tem nada a ver comigo. (...) Então acho que muito
disso é culpa deles. Então eles tem que arcar, se eles podem. E isso não
me acanha. Não deixo de fazer nada do que eu quero porque eu recebo
uma mesada deles hoje em dia. Aliás, pelo contrário. Às vezes eu faço até
um pouco mais só para causar um pouco de stress.
Conclusões
A retórica de Leonardo articula diretamente classe, gênero e sexualidade. Em
sua trajetória esses elementos se combinam negativamente, conspirando para uma
situação de sofrimento, frustração, imobilidade. O projeto a ele destinado pelo grupo
familiar restringiu as possibilidades de projetos de realização alternativos
especialmente porque, para o entrevistado, o reconhecimento de sua orientação sexual
e de certas conquistas simbólicas por esse grupo era crucial.
Estamos aqui dialogando com a análise que Laura Moutinho (2006) faz da
trajetória de jovens negros homossexuais em uma favela carioca. Se, para a autora,
uma simples “somatória de adversidades” não dá conta da experiência de seujeitos
simultaneamente pobres, negros e homossexuais - também para Leonardo a
experiência de ser rico, homossexual e soropositivo não pode ser explicada apenas em
termos de uma posição privilegiada contraposta a duas adversidades.
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Por um lado, a forma particular pela qual este interlocutor se inseria em uma
estrutura de classes produziu uma forte tensão com o desejo de afirmar para si uma
identidade homossexual. Como vimos, Leonardo era peça chave em um projeto
econômico e político muito amplo. O desenvolvimento de um certo estilo de
masculinidade era fundamental para garantir a estabilidade de um grande grupo
empresarial que, por ser de capital familiar, dependia profundamente de um plano
seguro de sucessão. O diagnóstico intensificaria uma crise que, de acordo com
Leonardo, estava latente desde a primeira infância - tornando o confronto inevitável.
Mas não podemos deixar de olhar, por outro lado, para os momentos em que a
experiência da homossexualidade associada à posição de classe foi produtiva ou abriu
novas possibilidade de agência. Foi em torno da homossexualidade que Leonardo se
desvencilhou das expectativas sufocantes dos pais e se engajou na produção
acadêmica. Além disso, o recurso a um escândalo público (na ocasião de sua volta ao
país) obrigaria os pais a se sensibilizarem diante da sua condição de soropositivo e da
afirmação da homossexualidade.
Em sua busca por um reconhecimento difícil Leonardo pode ter encontrado
mais dor, ressentimento e frustração do que realização - e foram precisamente os
primeiros os eixos de suas narrativas. Não podemos deixar de reconhecer, no entanto,
que ele foi muitas vezes criativo em seus agenciamentos e que esses se mostraram
efetivos em sua imprevisibilidade.
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