O NOVO DESENVOLVIMENTISMO E A MACROECONOMIA ESTRUTURALISTA: CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS CONTRIBUIÇÕES DE BRESSER-PEREIRA Lauro Mattei1 Resumo O debate sobre o modelo de desenvolvimento brasileiro retornou à agenda pública na primeira década do Século XXI, após mais de duas décadas de domínio do pensamento econômico ortodoxo, que estimulou os países subdesenvolvidos a adotar políticas econômicas liberalizantes como estratégia para recuperar o crescimento. É neste contexto que se formou o pensamento “Novo Desenvolvimentista”, o qual contou com a expressiva participação do professor BresserPereira. Com isso, o objetivo do artigo é fazer uma síntese da trajetória desse autor neste debate, ressaltando-se a importância do mesmo, tanto em termos de sua contribuição para manter o debate sobre o desenvolvimento na agenda pública como na construção de uma nova abordagem teórica denominada de “macroeconomia estruturalista do desenvolvimento”. Palavras-chave: Bresser-Pereira, Novo Desenvolvimentismo, Macroeconomia Estruturalista. Código JEL: O10 Abstract The debate regarding Brazil’s development model returned again to the public arena in the first decade of 21st Century after two decades of orthodox economic policies which encouraged nondeveloped countries to adopt liberal economic policies as their preferred growth strategies. It is in this context that a new development theory – New Developmentalism – emerges, which one has had an important participation of professor Bresser-Pereira. The main objective of this article is to make a synthesis of professor Bresser-Pereira contributions in this debate, and highlight the importance of him in both contributions in maintaining the development debate in the public agenda as well as proposing a new theoretical approach called “structuralist macroeconomic development”. Key-words: Bresser-Pereira, New Developmentalism, Structuralist Macroeconomics JEL Code: 010 1 Professor dos cursos de Graduação e de Pós-Graduação em Economia e de Pós-Graduação em Administração, ambos da UFSC. Email: [email protected] INTRODUÇÃO Passada a avalanche neoliberal dos anos de 1990, o tema do desenvolvimento voltou a ocupar o centro dos debates no Brasil e na maioria dos países considerados subdesenvolvidos nos primórdios do século XXI. Em grande medida, pode-se afirmar que o predomínio daquelas políticas neoliberais foi fortemente influenciado pelo ideário político emanado dos países centrais e consubstanciado no chamado “Consenso de Washington”. Em linhas gerais, esse consenso definiu que a melhor estratégia de enfrentamento da crise, por parte dos países periféricos, seria a desregulamentação completa de suas economias como forma de atrair novos investimentos externos e possibilitar a livre mobilidade dos capitais. Assentados nos princípios da ortodoxia convencional, organismos internacionais – particularmente o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional – passaram a receitar um conjunto de políticas macroeconômicas destinadas à promoção da liberalização comercial, de modo a possibilitar uma ampliação do comércio internacional, bem como de estímulo ao livre funcionamento dos mercados financeiros, por acreditarem que estes mercados são autorregulados e capazes de garantir a estabilidade e o crescimento econômico. Complementarmente a isso, receitou-se também a adoção de programas de privatizações de empresas estatais, sendo esta a melhor forma de atacar os problemas fiscais dos estados nacionais. Com isso, acreditava-se que o tripé básico “liberalização comercial”, “desregulamentação financeira” e “privatização das empresas estatais” seria capaz de levar automaticamente os sistemas econômicos a um patamar de crescimento superior aos níveis verificados durante os períodos de crises. Na prática, porém, esse tripé ortodoxo convencional promoveu uma forte elevação das taxas de juros com impactos negativos sobre as taxas de investimentos e sobre o crédito aos empresários e aos consumidores, bem como estimulou uma taxa de câmbio sobreapreciada, que gerou enormes déficits em conta corrente. A consequência imediata é que a entrada de capitais para financiar esses déficits endivida os países, tornando-os cada vez mais dependentes desses capitais, ao mesmo tempo em que cimenta o caminho para a formação de crises de balanço de pagamentos. O Brasil adotou essa estratégia de forma mais articulada a partir de 1994 com o Plano Real, cujo principal objetivo era debelar o processo inflacionário e garantir a estabilidade macroeconômica através da estabilidade dos preços. Para tanto, adotou-se uma política cambial rígida e uma política de juros extremamente elevada, comparativamente a outros países em situação idêntica. Com isso, segundo BRESSERPEREIRA & NAKANO (2002), construiu-se a armadilha dos juros que levou a um equilíbrio perverso em que a política econômica tornou-se incapaz de estimular a retomada do desenvolvimento. Essa estratégia, mesmo que tenha conseguido estabilizar o processo inflacionário, se transformou em um dos principais impeditivos para que não fosse viabilizada a retomada do crescimento do país ainda na década de 1990. Assim, “o plano econômico brasileiro fracassou não apenas porque não logrou retomar o desenvolvimento: na verdade, não chegou sequer a estabilizar macroeconomicamente o país, de forma que deixa uma herança pesada para o futuro governo em termos de altas dívidas – interna, ou do estado, e externa, ou do país – e de altos déficits – público ou do estado, e externo, ou da nação. Dívidas e déficits que se espelham nas mais altas taxas de desemprego que o país já teve” (BRESSER-PEREIRA, 2002: 364). Em grande medida, foi a partir das discussões desses problemas que se formou a corrente do “Novo Desenvolvimentismo” durante a primeira década do século XXI. Para tanto, o principal objetivo deste estudo é recuperar as contribuições do professor Bresser-Pereira nesse debate. Além dessa breve introdução, o artigo contém mais três seções. A primeira delas faz uma breve síntese da trajetória da participação desse autor nos debates recentes sobre o “novo desenvolvimentismo”, enquanto que a segunda seção apresenta de forma sistematizada os principais elementos teóricos presentes naquilo que esse autor denomina de “macroeconomia estruturalista do desenvolvimento”. A terceira seção apresenta as considerações finais do trabalho, momento em que são sistematizados os principais aspectos desse debate, ressaltando-se a importância da nova abordagem teórica proposta pelo autor aqui estudado. 1 – BREVE SÍNTESE DA TRAJETÓRIA DE CONTRIBUIÇÕES DE BRESSERPEREIRA NOS DEBATES SOBRE O NOVO DESENVOLVIMENTISMO2 Esta seção tem por objetivo sistematizar a trajetória e as principais contribuições do autor nos debates sobre o “Novo Desenvolvimentismo”, bem como as produções acadêmicas que ocorreram sob sua liderança na Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. Ressalta-se que optamos por trabalhar apenas com textos de autoria e em coautorias, o que significa que estamos desconsiderando os esforços que também podem estar sendo feitos por outros membros desse grupo de pesquisadores da FGV-SP. Mesmo que no início dessas discussões o professor Bresser-Pereira tenha focado suas análises nas inconsistências da política econômica, registra-se que atualmente ele se transformou em um dos principais nomes nos debates sobre “novo desenvolvimentismo” brasileiro, inclusive apresentando recentemente uma matriz teórica para a interpretação da temática3, a qual será objeto de análise na seção seguinte. De uma maneira geral, entendemos que a trajetória da produção acadêmica pode ser dividida em três momentos distintos, muito embora o próprio Bresser-Pereira sempre gosta de afirmar que há mais de trinta anos está estudando o assunto. No primeiro momento, destacamos alguns textos4 cujo foco diz respeito à análise da política econômica adotada após a estabilização econômica (Plano Real). Partindo do pressuposto que os oitos anos do Governo FHC (1995-2002) foram frustrantes no plano econômico, afirma-se que a causa desse mau desempenho se deve a “ao erro de agenda, pois ao invés de definir o desequilíbrio externo como o principal problema a ser enfrentado, o governo continuou a dar prioridade a um problema já basicamente equacionado – o da inflação” (BRESSER-PEREIRA, 2002:360). 2 - Esta seção está parcialmente baseada em partes do artigo “Gênese e Agenda do Novo Desenvolvimentismo Brasileiro”, de minha autoria e que foi apresentado no IV Encontro da AKB. 3 4 - Uma resenha da produção sobre essa temática encontra-se em Bresser-Pereira (2011). Destacam-se os textos Macroeconomia do Brasil pós 1994 (2003); Macroeconomia Pós-Plano Real: as relações básicas (2005); e Financiamento para o subdesenvolvimento (2002) Em grande medida, o autor explica essa opção a partir de dois elementos: por um lado, o país seguiu acriticamente a receita de subdesenvolvimento do Segundo Consenso Washington5 e, por outro, a alienação das elites que, da mesma forma que reproduzem os padrões de consumo do centro, reproduzem também suas ideias. No primeiro caso, estimulou-se como estratégia de desenvolvimento que países altamente endividados, como era o caso do Brasil, deveriam se endividar ainda mais. Para tal, foi necessário realizar um forte ajuste estrutural das economias, orientando-as para o mercado (ajuste fiscal rigoroso; abertura comercial e financeira; privatização de empresas estatais; etc.). Assim, ao contrário dos anos de 1970, quando o Brasil seu desenvolveu com dívida, agora deveria se desenvolver com poupança externa e, se possível, com investimentos diretos externos6. O segundo elemento diz respeito ao comportamento das elites que, segundo o autor, demonstraram-se incapazes de definir e defender o interesse nacional. Isto ocorreu porque as elites brasileiras continuam incapazes de se identificar com a nação. Por isso, o autor concluiu que, enquanto a população mais pobre avançou em sua compreensão do mundo atual, as elites retrocederam fortemente nos últimos 20 anos. Essa perde de rumo das elites foi fortemente potencializada após a crise do estado desenvolvimentista na década de1980. A adoção dessa política econômica interessava, segundo o autor, aos países ricos (justificavam seus superávits comerciais); aos bancos internacionais (que podiam emprestar grandes quantidades de recursos a elevadas taxas de juros); e a alguns segmentos locais (que se beneficiavam da própria política econômica). A partir dessa interpretação o autor avança no sentido de mostrar que essa estratégia de política econômica levou à “armadilha da taxa de juros e da taxa de câmbio”. Tal armadilha consiste no fato de que toda vez que o Banco Central (BC) baixa os juros, a taxa de câmbio aumenta, fazendo com que a inflação retome a 5 O autor considera “Consenso de Washington” a política norte-americana da década de 1980 em relação aos países altamente endividados (crises das dívidas externas). Para ele, o Segundo Consenso de Washington é a dimensão internacional do primeiro. 6 Bresser-Pereira mostra a existência de um mecanismo perverso no desenvolvimento com poupança externa: quanto maiores os financiamentos externos (IDE), mais apreciada se torna a taxa de câmbio, menos estimulantes são as exportações, com mais incentivos ao consumo doméstico, que reduz a poupança interna. Com isso, mantém o nível do déficit em conta corrente, exigindo-se novos financiamentos. Isso levou a duas crises no balanço de pagamentos: em 1998 e em 2002. Esse mecanismo é perverso justamente porque há limites para um país se endividar. trajetória ascendente7. Da mesma forma, quando reduções nas taxas de juros induzem a novas expansões do crescimento, cresce o déficit em conta corrente. Como esses déficits são financiados por capitais especulativos atraídos por elevadas taxas de juros, a armadilha torna-se ainda mais perigosa. Finalmente, as taxas de juros elevadas também atuam desfavoravelmente aumentando a dívida pública de um Estado normalmente bastante endividado. Esses mecanismos de política econômica (altas taxas de juros e elevado endividamento público) promovem uma brutal transferência monetária para os setores rentistas, além de impedir o pleno emprego e inviabilizar a retomada do desenvolvimento. A partir dessas interpretações da política econômica, o momento seguinte dos trabalhos acadêmicos passou a ser a discussão e sugestão de novas estratégias de desenvolvimento para o país8. Partindo do pressuposto de que o desenvolvimento econômico é um fenômeno histórico relacionado com a formação dos estados-nação e com os mercados, uma estratégia nacional desenvolvimentista deveria combinar o uso dos recursos disponíveis com as instituições existentes no sentido de promover uma concertação de interesse dos agentes socioeconômicos visando atingir o objetivo geral, ou seja, a melhoria do padrão de vida de toda a população. Para tanto, rejeita-se o reducionismo ideológico que frequentemente é utilizado pelo saber convencional para opor o “desenvolvimentismo” (por ser inflacionário) ao pragmatismo ortodoxo (defensor da estabilidade macroeconômica). Esta é uma falsa contradição, uma vez que a defesa da estabilidade macroeconômica também é uma das condições básicas para a construção de uma estratégia nacional desenvolvimentista. Assim, para o autor uma agenda desenvolvimentista pressupõe Estado e mercado fortes. Um Estado forte pressupõe a adoção de um conjunto de políticas (industrial, tecnológica, reforma agrária, crédito, emprego, etc.), além de um sistema de proteção social capaz de diminuir as distâncias entre o povo e as elites, ao mesmo tempo em que sejam criadas as condições para que os mercados funcionem. Porém, como é alertado 7 8 Isso ocorre para acomodar mudanças nos preços relativos derivadas das desvalorizações. Neste caso, destacam-se dois artigos de Bresser-Pereira: Proposta de Desenvolvimento para o Brasil (2004 e 2005) e Estratégia Nacional e Desenvolvimento (2006). em diversos estudos, essa agenda desenvolvimentista continuará bloqueada enquanto o principal obstáculo da política econômica não for removido: a armadilha da taxa de juros e do câmbio, ou seja, a política de desenvolvimento baseada na poupança externa e na abertura da conta capital, que leva o país a perder o controle sobre o mais importante preço macroeconômico da economia (taxa de câmbio). Para que ocorra a retomada do desenvolvimento, “será preciso coragem para enfrentar os interesses dos rentistas e do mercado financeiro e a ortodoxia convencional em que se apoiam” (Bresser-Pereira, 2004: 630). A partir do diagnóstico dos problemas da política econômica e da interdição da agenda desenvolvimentista, passou-se a defender um novo projeto desenvolvimentista para o país9. Registre-se que é neste momento que as questões teóricas e de escolha de política econômica passaram a ficar mais claras, uma vez que grande parte dos artigos citados na nota anterior faz uma oposição entre as proposições da chamada Ortodoxia Convencional10 e as propostas defendidas pelos “novos desenvolvimentistas”. Num primeiro plano, mostra-se que toda estratégia emanada da escola convencional pressupõe que a retomada do desenvolvimento se dê apenas pelo caminho do crescimento com poupanças externa e pela abertura da conta capital. Em termos ideológicos, a ortodoxia convencional “quer fortalecer o mercado pelo enfraquecimento do Estado, como se houvesse um jogo de soma zero entre as duas instituições... na verdade é a reação prática contra o crescimento do aparelho do Estado...é a ideologia de direita, dos mais poderosos, da alta burguesia e da alta tecnoburocracia” (BresserPereira, 2006:17). Além disso, considera-se também que a ortodoxia convencional só recentemente passou a considerar as instituições como relevantes. Todavia, essas instituições adquirem valor apenas na perspectiva de que sejam garantidos os contratos e o bom funcionamento dos mercados. Na verdade, a ortodoxia apresenta uma proposta bem 9 Neste caso, destacam-se os seguintes estudos: O novo desenvolvimentismo e a ortodoxia convencional (Bresser-Pereira, 2006); O Brasil e o novo desenvolvimentismo (Bresser-Pereira, 2010); Do antigo ao novo desenvolvimentismo na América Latina (Bresser-Pereira, 2010). 10 “A Ortodoxia Convencional é constituída pelo conjunto de teorias, diagnósticos e propostas de políticas que os países ricos oferecem aos países em desenvolvimento, tendo como base a teoria econômica neoclássica, mas não se confundindo com ela porque não é teórica, mas abertamente ideológica e voltada para as propostas de reformas institucionais e políticas econômicas. Sua origem está em Washington onde estão o Tesouro dos EUA e as duas agências subordinadas a este: o FMI e o Banco Mundial” (BresserPereira, 2006:16,17). simplista: “basta que as instituições garantam a propriedade e os contratos, ou mais amplamente, o bom funcionamento dos mercados, que estes promoverão automaticamente o desenvolvimento” (Bresser-Pereira, 2006:18). Somam-se aos dois aspectos anteriores outros fatores essenciais. Por exemplo, na questão da reforma do Estado, a ortodoxia vê nela a oportunidade de reduzir seu papel junto à sociedade. Já no âmbito do mercado de trabalho, essa escola de pensamento econômico defende a flexibilidade das relações trabalhistas como tática para retirar direitos dos trabalhadores e, com isso, precarizar a força de trabalho, pagando baixos salários. Finalmente, no âmbito das políticas econômicas é que grandes diferenças aparecem entre a sabedoria convencional e os “novos desenvolvimentistas”, especialmente nos instrumentos promotores da estabilidade macroeconômica, que para os últimos vão muito além da garantia de superávits primários e do papel único do Banco Central: controlar a inflação via mecanismo da taxa de juros. A partir dessa contraposição, passou-se a definir uma agenda desenvolvimentista para o país, tendo dois horizontes de ação. Por um lado, altera-se a concepção de estabilidade macroeconômica, destinando outras funções às políticas econômicas e às próprias instituições e, por outro, propõe-se uma nova agenda de desenvolvimento, elencando elementos do “antigo desenvolvimentismo” e adicionando-se a ele elementos do “novo desenvolvimentismo”. Esses aspectos estão claramente explicitados no artigo “do antigo ao novo desenvolvimentismo”, do ano de 2010. Recentemente o professor Bresser-Pereira passou a enfrentar esse debate de forma mais consistente também no campo teórico, chegando à proposição e formulação de uma nova teoria macroeconômica11 por ele denominada de “macroeconomia estruturalista do desenvolvimento”. Na essência, essa proposição teórica coloca a taxa de câmbio no centro das preocupações sobre desenvolvimento, procurando explicar as relações existentes entre desenvolvimento econômico e taxa de câmbio. O autor acima citado explica essa relação através da metáfora do interruptor de luz, o qual liga ou 11 Neste caso, destacam-se os artigos: Macroeconomia estruturalista do desenvolvimento (Bresser-Pereira, 2010); Macroeconomia estruturalista e o Novo Desenvolvimentismo (Bresser-Pereira, 2010); Structuralist macroeconomics and the new developmentalism (Bresser-Pereira, 2011) desliga as empresas competentes da demanda internacional. Este assunto será discutido com maior profundidade na seção seguinte. 2– A MACROECONOMIA ESTRUTURALISTA ENQUANTO INSTRUMENTO TEÓRICO DO NOVO DESENVOLVIMENTISMO 2.1 – Concepção geral Em linhas gerais, a macroeconomia estruturalista do desenvolvimento, segundo Bresser-Pereira, é uma teoria estruturalista keynesiana baseada em duas tendências estruturais que limitam as oportunidades de investimento: a tendência da taxa de salários de crescer menos do que a produtividade e a tendência à sobrevalorização da taxa de câmbio. Esta segunda tendência, com dois modelos por detrás – o modelo da doença holandesa e a crítica ao modelo de crescimento ancorado na poupança externa – mostra que a taxa de câmbio é considerada um preço macroeconômico chave no desenvolvimento econômico. Desta maneira, essa abordagem vê a sobrevalorização crônica da moeda como o impedimento principal do crescimento. Além disso, a macroeconomia estruturalista do desenvolvimento está baseada na oportunidade de investimentos voltados para a exportação e na oportunidade de investimentos voltado para o mercado interno. Este último tema já foi amplamente discutido pela maioria dos autores estruturalistas, especialmente Celso Furtado. Já “a segunda tendência e a manobra intelectual correlata de “libertar” a taxa de câmbio do nicho da teoria monetária na qual estava escondida ou presa e colocá-la no centro do processo do desenvolvimento econômico são partes essenciais da nova macroeconomia estruturalista do desenvolvimento” (Bresser-Pereira, 2010:8). Esse autor desenvolvimento afirma, parte do ainda, que pressuposto a macroeconomia keynesiano de estruturalista que os do principais estrangulamentos ao crescimento e ao pleno emprego localizam-se no lado da demanda, mesmo reconhecendo-se a importância do lado da oferta. Por isso, o fator chave é saber aproveitar os recursos disponíveis no sentido de aumentar a capacidade de oferta do país. Mas esse novo arcabouço teórico apresenta também uma diferença crucial em relação à sabedoria convencional, uma vez que, diferentemente da teoria neoclássica que vê a taxa de câmbio flutuando suavemente ao redor de uma taxa de equilíbrio, a macroeconomia estruturalista do desenvolvimento vê a taxa de câmbio se movimentando em direção a uma crise monetária que é originada pela doença holandesa e pela afluência excessiva de capitais, fatos estes causados pela política de crescimento baseada na poupança externa. Esta evolução teórica pode ser sintetizada nas palavras do próprio autor e líder do grupo de novos desenvolvimentistas da FGV-SP: “over the past ten year, in cooperation with a skilled group of Keynesian and structuralist economists, I have been developing a structuralist macroeconomic of development, that is, a demand-side theory of development based on structural tendencies that constrain investment opportunities and limit the rate of growth of developing countries. On the other hand, based on the Latin American experience with national developmentalism (1930-1980) and the past 20 years’ growth experience of dynamic Asian countries, we have been drafting a national development strategy: new developmentalism” (Bresser-Pereira, 2011: 493494). A partir dessa trajetória definiu-se o novo desenvolvimentismo como sendo “a third discourse an alternative, on one side, to the Washington Consensus for which the solution of all problems lies in reducing the public deficit, and, on the other side, to the populist approach that views fiscal expansion as such magic solution and is not responsible in Exchange rate terms as it proposes growth with foreign savings. Instead, new developmentalism proposes a strategy based on fiscal responsibility and principally foreign exchange responsibility” (idem, pp.494). 2.2 – Pressupostos teóricos e fundamentos da Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento O pressuposto geral desse novo arcabouço teórico trata da tendência à sobrevalorização cíclica da taxa de câmbio nos países em desenvolvimento. Afirma-se, ainda, que as razões que fundamentam essa tendência derivam da “Doença Holandesa” e da excessiva e desnecessária afluência de capitais. A partir daí é construída uma trajetória teórica que vai procurar se diferenciar do antigo “estruturalismo latino-americano”, bem como criticar a teoria tradicional. Neste último caso, a crítica central recai sobre o fracasso da teoria macroeconômica dessa matriz de pensamento que fundamentou toda sua política de crescimento para os países em desenvolvimento via poupança externa. Tal fundamentação, que ganhou corpo no chamado “Consenso de Washington”, começou a ruir na América Latina ainda nas décadas de 1980 e de 1990, momento em que também experimentou a ruína em diversos países asiáticos naquilo que ficou conhecido com a “crise asiática”. Finalmente o fracasso total dos “remédios” da sabedoria convencional apareceu a partir de 2008 com a instauração da crise global do sistema econômico capitalista. Sobre a teoria estruturalista original resgatam-se suas teses centrais, de forma a mostrar quais delas já foram superadas e os pressupostos que ainda estão em voga e que precisam ser considerados em uma nova abordagem do desenvolvimento. Para fazer esse movimento, são resgatadas as idéias do complexo sistema teórico estruturalista, conforme descrevemos a seguir12: a)a tendência à deterioração dos termos de intercâmbio, da qual se deduziu a intervenção do estado na economia. Este pressuposto foi mantido pelo novo arcabouço teórico; b)o papel central do Estado na promoção do desenvolvimento econômico. Este pressuposto foi mantido, porém com uma alteração fundamental em relação à concepção estruturalista anterior. Neste caso, nota-se que o Estado tem papel como indutor do desenvolvimento econômico. Ou seja, pressupõe-se aqui um Estado não mais produtor de mercadorias diretamente, mas sim um agente regulador da vida econômica, o que é bem diferente da concepção Neoclássica, a qual destina esse papel aos “mercados”; c)o caráter estrutural do desenvolvimento. Este pressuposto também foi mantido na nova concepção, uma vez que se supõe que o desenvolvimento não ocorre a 12 A recuperação das idéias do estruturalismo está baseada em Bresser-Pereira e Gala (2010) e também em Bresser-Pereira (2011). partir de combinações de setores como pressupõe a teoria convencional, mas sim a partir da transferência de mão-de-obra para setores produtivos com valor adicionado per capita mais elevado; d)o subdesenvolvimento contrapondo-se ao desenvolvimento. Também este pressuposto foi mantido, uma vez que o subdesenvolvimento é entendido não como um estágio atrasado de desenvolvimento, mas como resultado da subordinação da periferia aos interesses dos países industrializados e, conseqüentemente, desenvolvidos; e)a tendência dos salários de crescerem menos do que a produtividade devido à oferta ilimitada de mão-de-obra. Este pressuposto foi mantido por se considerar que esta é uma das causas estruturais da insuficiência da demanda nos países em desenvolvimento, ou seja, a oferta ilimitada de mão-de-obra comprime os salários com implicações diretas sobre o comportamento da demanda ou do próprio nível de investimentos do setor empresarial; f)a indústria infante legitimando proteção tarifária. Esta tese foi excluída, pois o autor entende que a mesma encontra-se superada, particularmente para países de renda média, como é o caso do Brasil. A razão para a superação encontra-se no processo histórico, uma vez que esta tese se justificava no início do processo de industrialização por substituições de importações quando a indústria nacional necessitava de proteção. Este instrumento ainda faz sentido para parte dos países pobres da América Latina que ainda não ingressaram na industrialização. Mas para aqueles classificados de renda média o autor sugere a adoção de uma política industrial que seja capaz de elevar a competitividade; g)a tese da inflação estrutural. Também esta tese foi excluída do novo arcabouço teórico, uma vez que seu fundamento inicial se apoiava na idéia de que era difícil (ou até mesmo impossível) obter a estabilidade de preços no mesmo patamar dos países desenvolvidos devido às imperfeições de mercado, destacando-se dentre essas imperfeições a resposta lenta da oferta de alimentos aos impulsos da demanda. Atualmente não somente essas respostas são eficientes, como os países de renda média passaram a manter as taxas de inflação em patamares baixos e até mesmo dentro dos padrões de muitos países desenvolvidos; h)a tese da necessidade da poupança externa.Esta tese foi abandonada pelo novo arcabouço teórico em função da concepção da teoria convencional que acabou sendo incorporada à teoria estruturalista através do modelo dos dois hiatos. Tal modelo apregoava que os países latino-americanos enfrentariam permanentes restrições de divisas externas, as quais precisavam ser sanadas com déficits em conta corrente financiados exatamente pelos empréstimos e/ou investimentos externos. 2.2.1 – Novas teses da macroeconomia estruturalista do desenvolvimento Além dos pressupostos anteriores mantidos a partir das formulações originais do estruturalismo Latino-Americano, a nova formulação denominada de “macroeconomia estruturalista do desenvolvimento”, elaborada por Bresser-Pereira e contando com a participação de colegas de sua instituição, vai mostrar, como mencionamos anteriormente, os problemas decorrentes da sobreapreciação crônica da taxa de câmbio. Para enfrentar tais problemas foram elaboradas cinco novas teses, as quais se juntam às teses originais acima citadas para conformar a nova interpretação teórica. A seguir são apresentadas e discutidas cada uma dessas teses: 1ª) o papel da taxa de câmbio no desenvolvimento. Partindo do pressuposto de que a taxa de câmbio competitiva é fundamental para o desenvolvimento econômico do país porque coloca o mercado externo à disposição das empresas nacionais, o autor assume uma proposição que caminha no sentido inverso à da teoria convencional, ou seja, o desenvolvimento econômico deriva da função investimento a qual, com uma taxa de câmbio competitiva, acabará elevando a própria poupança interna. 2ª)tendência à sobrevalorização cíclica da taxa de câmbio nos países em desenvolvimento: neste caso parte-se do pressuposto de que são as crises do balanço de pagamento, e não o mercado, que determinam os ciclo cambiais. Assim, em não havendo uma política que administre a taxa de câmbio para neutralizar essa tendência cíclica, instaura-se uma crise que irá depreciar de forma violenta a taxa de câmbio. O mecanismo se dá da seguinte forma: esta taxa cambial, que no início do ciclo não afetava o equilíbrio da conta corrente, deprecia-se violentamente para, em seguida, se apreciar novamente. Este movimento é condicionado por dois fatores estruturais: a doença holandesa e os fluxos de capitais. Estes últimos, atraídos pelas altas taxas de juros, continuam a apreciar a taxa de câmbio, levando ao déficit na conta corrente. Este movimento de apreciação da taxa de câmbio continua até que uma crise do balanço de pagamentos se instaure e interrompa o processo. Dentre as políticas adotadas erroneamente que agravam este movimento, o autor destaca o crescimento com poupança externa, a âncora cambial revestida de metas da inflação, o populismo cambial, etc. 3ª)doença holandesa: segundo o autor, a doença holandesa é um problema antigo, mas que somente foi identificada na Holanda nos anos de 1960, quando se verificou que a descoberta de gás natural e sua exportação estavam apreciando a taxa de câmbio e ameaçando destruir a indústria do país. Em termos conceituais, Bresser-Pereira afirma que a “doença holandesa” pode ser definida como a sobreapreciação crônica da taxa de câmbio de um país causada por rendas ricardianas que o referido país obtém ao explorar recursos abundantes e baratos, cuja produção comercial é compatível com uma taxa de câmbio de equilíbrio corrente claramente mais apreciada do que a taxa de câmbio de equilíbrio industrial (taxa que viabiliza os demais setores econômicos produtores de bens comercializáveis que utilizam tecnologias no estado da arte mundial). A conseqüência é que bens produzidos com este nível tecnológico tornam-se inviáveis economicamente em um mercado competitivo. Na verdade, por tratar-se de uma falha de mercado pelo lado da demanda que limita a existência de oportunidades de investimentos na indústria manufatureira, a doença holandesa existe quando o país tem condições técnicas e administrativas de investir na produção de bens de maior nível tecnológico e com salários mais elevados, mas a taxa de câmbio em curso não permite que esses investimentos sejam realizados. A gravidade do problema decorre do diferencial entre a taxa de câmbio de equilíbrio industrial e a taxa de câmbio corrente. Assim, quanto maior for esse diferencial, maior serão os efeitos da doença holandesa. Já a neutralização desses efeitos pode se dar a partir de uma política administrada da taxa de câmbio competitiva que a conduza do nível de equilíbrio corrente para o nível de equilíbrio industrial. 4ª)Política de crescimento com poupança externa: para o autor a política de déficits em conta corrente e de endividamento externo não causa aumento do investimento, mas sobreapreciação da taxa de câmbio e a substituição da poupança interna pela externa. Como visto, esta apreciação decorre da doença holandesa e dos fatores que estimulam a entrada de capitais, sendo que dentre esses fatores a política de crescimento com poupança externa é a mais perigosa para o país. Rejeitando as teses da teoria convencional, o autor afirma que normalmente essa estratégia causa alta taxa de substituição da poupança interna pela externa, levando apenas a uma expansão do consumo e da dívida externa. 5ª)Responsabilidade fiscal: adota-se posição contrária aos déficits públicos e déficits correntes por entender que esses dois déficits são formas de desorganizar e enfraquecer o sistema econômico. Isto porque déficits em conta corrente enfraquecem o estado nacional, tornando-o dependente dos credores externos, além de causar inflação. 2.3 – Relações da macroeconomia estruturalista com o novo desenvolvimentismo De um modo geral, pode-se dizer que as teses da macroeconomia estruturalista do desenvolvimento, por um lado, atualizam a teoria estruturalista latino-americana porque mantém o princípio estruturalista e, por outro, rejeitam as teses da teoria convencional, tanto em termos das estratégias de estabilidade macroeconômica como em relação às estratégias de desenvolvimento. Do ponto de vista do estruturalismo latino-americano, denominado pelo autor de velho desenvolvimentismo, atualiza-se a concepção sobre industrialização, uma vez que o novo desenvolvimentismo entende que esta deve ser orientada para as exportações por considerar que o modelo substituidor de importações já está superado. Além disso, destina-se outro papel ao estado no novo desenvolvimentismo, ou seja, ele deve reduzir seu papel em favor do mercado, uma vez que o setor privado nacional possui recursos e capacidade empresarial para realizar os investimentos necessários. Da mesma forma, a política industrial continua sendo estratégica, porém com um papel subsidiário, devendo ser direcionada para setores estratégicos e para empresas com capacidade de competição internacional. Além disso, o novo desenvolvimentismo não admite nenhuma complacência com a inflação e rejeita tanto os déficits públicos quanto os déficits em conta corrente. Com relação à teoria convencional, observa-se uma profunda diferença entre as concepções macroeconômicas que balizam o novo desenvolvimentismo e aquelas sustentadas pela ortodoxia. Assim, não se trata apenas de mudanças no estágio de desenvolvimento como no caso do velho desenvolvimentismo, mas sim de opções distintas de políticas macroeconômicas. E o ponto de partida é a função do Estado no processo de desenvolvimento, uma vez que o fundamentalismo de mercado da teoria convencional ignora a importância dessa instituição na definição de estratégias nacionais de desenvolvimento. Além disso, divergências cruciais aparecem em termos da globalização financeira e da flexibilização do mercado de trabalho com o objetivo de precarizar a força de trabalho e reduzir os salários. Também a tese do financiamento do crescimento via poupança externa é rejeitado pelo novo desenvolvimentismo. Finalmente, a macroeconomia estruturalista do desenvolvimento diverge do conceito de estabilidade macroeconômica por entender que a ortodoxia restringe este conceito aos temas do controle da inflação e controle dos gastos públicos, enquanto para o novo desenvolvimentismo este conceito é mais amplo abrangendo a estabilidade de preços, o equilíbrio do balanço de pagamentos e o pleno emprego. 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Em linhas gerais, pode-se afirmar que a macroeconomia estruturalista do desenvolvimento nada mais é que uma reformulação da teoria estruturalista LatinoAmericana, a qual precisava ser reformulada para dar conta dos desafios do desenvolvimento contemporâneo. Neste caso, a nova formulação manteve o arcabouço central que dava sustentação e estatura teórica ao estruturalismo latino-americano, uma vez que se manteve a concepção de que o desenvolvimento econômico é um processo estrutural permeado por um conjunto de mudanças estruturais que ao longo do tempo terão de ser redefinidas. Com as crises econômicas que se abateram sobre América Latina a partir da década de 1980 abriu-se espaço para as teses da teoria ortodoxa convencional, as quais estabeleceram uma nova hegemonia na região sustentada pela concepção do Consenso de Washington. A partir daí implantou-se diversas reformas econômicas, com ênfase nos processos de desregulamentação dos mercados, na liberalização comercial e financeira e na privatização das empresas estatais. Com isso, as sociedades locais ficaram mais vulneráveis e os projetos nacionais de desenvolvimento foram sendo abandonados. Porém, como essa hegemonia durou pouco e suas teses macroeconômicas resultaram em fracassos econômicos e sociais, voltou em cena no limiar do século XXI a discussão da necessidade de estratégias nacionais desenvolvimentista. É no bojo deste debate que vão aparecer os fundamentos de que o autor denomina de “macroeconomia estruturalista do desenvolvimento”. Registre-se aqui a importância dessas novas proposições teóricas, uma vez que elas vêm cumprir um papel decisivo na disputa pela hegemonia por duas razões centrais: por um lado, demonstram claramente o fracasso do arcabouço macroeconômico convencional e, por outro, atualizam um conjunto de proposições teóricas capazes de recolocar na agenda pública a questão das novas estratégias nacionais desenvolvimentistas no âmbito do que está sendo designado de “Novo Desenvolvimentismo”. É neste sentido que gostaríamos de ressaltar a importância de Bresser-Pereira neste debate, seja confrontando a velha teoria tradicional, seja instigando o pensamento econômico crítico no sentido de se recuperar as teses estruturalistas, atualizá-las e a partir daí produzir uma base teórica para o desenvolvimento econômico latinoamericano. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASTOS, C. P. D’AVILA, J. G. O debate do desenvolvimento na tradição da heterodoxia brasileira. Revista de economia contemporânea. Rio de Janeiro. v.13. n.2. p. 173-199. Maio/Ago. 2009. BENECKE, D. Uma Economia Social de Mercado: uma orientação para o Brasil? IN: BENECKE, D.; NASCIMENTO, R. Opções de Política Econômica para o Brasil. Rio de Janeiro: Konrad Adenauer, 2003. BRESSER-PEREIRA, L.C. & NAKANO, Y. Uma estratégia de desenvolvimento com estabilidade. Revista de Economia Política, v.22, n.3, Julho/Setembro de 2002. BRESSER-PEREIRA, L.C. Macroeconomia do Brasil Pós-1994. 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