Equilíbrio - por Priscila Thomazelli Montar cavalos é uma arte que nos fazer entender de vários aspectos relacionados aos equinos. Precisamos saber um pouco de anatomia, de biomecânica, de fisiologia, da linguagem e comportamento destes animais, entre outros. Um ponto importante é com relação ao centro de gravidade do cavalo, conhecido como Ponto de Equilíbrio. Ao se montar, uma das primeiras respostas que queremos, independente da modalidade equestre, é ter o cavalo na mão. Isso significa ter o cavalo respondendo aos comandos de mãos e pernas (do cavaleiro) de forma correta, no tempo certo com o ritmo desejado. Aí é que começam as dificuldades.... Quantas vezes não temos um cavalo que é pesado na mão, ou que não faz curva direito para um lado, ou que corcoveia ou escoiceia à toá, ou ainda que corre ou é lerdo? Sabe, todos que montam já passaram ou irão passar por problemas como esses. Mas de fato, o que acontece com os cavalos para que esses problemas aconteçam? A verdade é que equinos e ginetes possuem muitas semelhanças. Uma delas é com relação a natureza. Existem cavalos destros e cavalos canhotos, assim como existem homens destros e canhotos. Outro fator importante é com relação ao ponto de equilíbrio do cavalo. O ponto de equilíbrio do cavalo está relacionado com seu centro de gravidade. Quando o cavalo está pastando, por estar com seu pescoço para baixo, vemos que seu ponto de equilíbrio está deslocado para a frente, perto das suas patas dianteiras, chamadas de mãos. Na verdade este centro de gravidade é sempre posicionado nas costas do cavalo, um pouco atrás das suas mãos, conforme mostrado na figura abaixo: Para um desempenho melhor do cavalo , bem como para um melhor equilíbrio do ginete, o ponto de equilíbrio do cavaleiro deve ser posicionado sobre o centro de equilíbrio do cavalo, conforme mostrado na figura acima. A localização do centro de equilíbrio do cavalo varia de acordo com sua andadura, cadência, impulsão e grau de reunião desejado. Para estar parado ou ao passo quase parado, o centro de equilíbrio do cavalo está posicionado abaixo da cernelha, atrás do perímetro toráxico. Ao se mover ao trote ou ao galope, o centro de equilíbrio muda ligeiramente para a frente , e move-se ainda mais para a frente quando o cavalo está correndo ou saltando . Se um cavalo é altamente reunido , o centro de equilíbrio será mais para trás , independentemente da andadura. Para os movimentos que necessitem recuar ou o levade , o centro de equilíbrio do cavalo e do cavaleiro pode ser mais para trás do que parado , devido à mudança de peso e equilíbrio para a parte traseira do cavalo. No salto, o cavalo tem seu equilíbrio projetado conforme figura abaixo: Ao saltar, o cavalo levanta seu centro de gravidade (•) até o ponto onde as patas traseiras pode impulsioná-lo sobre o obstáculo. O cavalo deve ser livre para levantar a cabeça e pescoço para facilitar o deslocamento de seu centro de gravidade. Por isso que Frederico Caprilli, em 1900, descobriu o “foward seat” que é a forma de acompanhar o salto do cavalo, levantando-se e fazendo com que o equilíbrio do cavaleiro continue alinhado ao equilíbrio do cavalo durante o salto. O acompanhar do salto (“foward seat”) não implica em aumentar o contato ou aumentar a força das pernas e mãos do cavaleiro antes ou depois do salto. A forma de montar o cavalo no salto e no adestramento é a mesma. De um jeito simplificado, em todas as modalidades, o centro de equilíbrio do cavalo e do cavaleiro devem estar alinhados. Achar e se manter nesse ponto de gravidade é uma das dificuldades encontradas por todos que montam cavalos. Há ensinamentos de muitos grandes mestres que dizem como fazer com que o equilíbrio do Cavalo (seu centro de gravidade) esteja aqui ou ali. Foi por causa destas conclusões que hoje muitos professores de equitação, ao ministrarem suas técnicas, sempre pedem para que o cavaleiro coloque mão e perna até o cavalo ceder. Na época de Baucher, em meados do sécula XIX, equilíbrio era sinônimo de centro de gravidade. Bauher dizia que, quando a sensação parece correta, é porque está correto. Neste ponto, todos os grandes mestres concordam. Outros grandes mestres já dizem que o cavalo é que deve achar e aprender a controlar este centro de equilíbrio. Para isso os mesmo desenvolveram técnicas avançadas para alcançar este objetivo. Segundo Dominique Barbier todo cavalo tem seu equilíbrio original, que não é necessariamente o que Deus lhe deu. É o equilíbrio básico, que é a pedra fundamental para tudo que o ginete faça. O que quer que seja feito, este equilíbrio original sempre voltará, pois é o ponto em que o cavalo e cavaleiro estão na posição perfeita, física e mentalmente. É muito importante em primeiro lugar ensinar ao cavalo a encontrar seu equilíbrio, e se manter nele antes de ser montado. Esse aprendizado deve ser feito através do trabalho a mão, seguido do trabalho de guia e então o trabalho de chão. Esses três trabalhos é que ensinam ao cavalo onde está localizado seu equilíbrio original e como se manter nele. Só e somente só, depois destes passos é que se deve montar o cavalo. É neste ponto que a linha de Dominique Barbier e o Treinamento de Retidão de Marijke de Jong se diferem de outros treinadores. Outros treinadores sempre consideram que o cavalo está errado, e tentam corrigi-lo através de truques (mãos e pernas). O objetivo das linhas acima citadas, no entanto, é começar correto e manter o cavalo correto, e não corrigi-lo constantemente. Não é necessário ficar re-equilibrando o cavalo o tempo todo. O objetivo é colocar o cavalo no equilíbrio correto e mantê-lo ali o que implica no cavaleiro manter-se passivo e equilibrado, para todas as modalidades equestres. Já com relação ao equilíbrio do cavaleiro, o Prof. Leandro Laudeslau escreveu um texto sobre este assunto. Para lê-lo acesse: www.forcecia.com.br/notícias/ Autor: Priscila Thomazelli – Instrutora e Atleta de Equitação e Adestramento – www.dressagearteequestre.com - Fanpage: https://www.facebook.com/pages/Escola-deEquitação-Troá