ALGUMAS ACTIVIDADES DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA REALIZADAS PELOS ESTUDANTES Trinh Dang Khoi ( ISCED/Luanda ) Ta thi Oanh ( Faculdade de Ciências ) Este trabalho baseia-se fundamentalmente na busca de respostas das seguintes perguntas: O estudo e o ensino nas instituições do ensino superior devem estar associados com a investigação científica? Porque se acha ser importante a investigação científica nas instituições do ensino superior? Os estudantes podem durante a frequência do ensino superior realizar algumas investigações matemáticas? Como começar uma investigação matemática? O estudo e o ensino baseados na investigação científica ajudam a entender profundamente os conhecimentos e a elevar a qualidade de aprendizagem, provocam a curiosidade e a paixão de estudo nos alunos. O estudo e ensino associados à investigação científica não só elevam a competência independente e a iniciativa de trabalho individual, mas também desenvolvem a inteligência, abrindo caminho para o desenvolvimento do pensamento e do raciocínio matemático. A história da matemática evidencia que vários matemáticos criaram teorias famosas durante a frequência do ensino universitário. Pretendemos neste trabalho mostrar aos estudantes que de um problema matemático simples (ao nível universitário), podemos criar novos e interessantes resultados. Além disso, pretendemos também indicar algumas actividades iniciais de investigação matemática, tais como: Enunciar um resultado de outras maneiras, criar novos resultados matemáticos a partir de um resultado já conhecido. Criar exercícios novos, a partir de um resultado conhecido. Utilizar os métodos de generalização, particularização e o método análogo para criar novos resultados. Comecemos pelo seguinte problema simples: «Demonstrar que 3 divide um dos três números: m, m+2, m+4, para todo número inteiro m Demonstração: m Z , tem-se: 1 m 3q m 3q 1 m 3q 2 qZ qZ qZ ou ou Se m 3q , q Z então 3 m (2) Se m=3q+1, q Z então m+2=(3q+1)+2=3(q+1) 3 (m+2) (3) Se m=3q+2, q Z então m+4=(3q+2)+4=3(q+2) 3 (m+4) (4) De (2), (3), e (4) concluímos que: 3 divide um dos três números m, m+2,m+4, m Z (5) Observação: Analisando a solução acima tem-se: m Z , m 3q m 3q 1 m 3q 2 qZ qZ qZ ou ou Se m 3q , q Z então 3m (6) Se m=3q+1, q Z então k1 Z , m 3k1 2 (3q 1) 3k1 2 3(q k1 1) (7) 3 (m+3k 1 +2) se m=3q+2, q Z então k2 Z , m 3k2 4 (3q 2) 3k2 4 3(q k2 2) (8) 3 (m+3k 2 +2) De (6), (7), e (8) concluímos que: 3 divide um dos três números inteiros m, m+3k1+2, m+3k2+4, m Z (9) Particularizando o resultado (9) obtemos uma série de novos resultados: Resultado (5) é caso particular de (9) com k1=k2=0 Se k1=1 e k2=2 , tem-se: 3 divide um dos três números inteiros m, m+5, m+10, m Z Se k1=-2 e k2=0 , tem-se: 3 divide um dos três números inteiros m, m-4, m+4, m Z (10) (11) Se k1=-1 e k2=-1 tem-se: 3 divide um dos três números inteiros sucessivos m-1, m, m+1, (12) m Z De (12) surge a seguinte hipótese: “n divide um dos n números inteiros sucessivos”? (13) 2 De (1) utilizando a particularização, obtém-se: “3 divide um dos 3 números inteiros pares sucessivos” “3 divide um dos 3 números inteiros impares sucessivos” Donde, pela generalização, surgem as seguintes hipóteses: “n divide um dos n números inteiros pares sucessivos”? “n divide um dos n números inteiros impares sucessivos”? (14) (15) Interesse-nos agora demonstrar que as hipóteses (13) e (14) são verdadeiras. Com efeito, sejam m, m+1,..., m+(n-1) n números inteiros sucessivos, tem-se: m nq m nq 1 m nq 2 ............................... m nq (n 1), qZ qZ qZ ou ou ou qZ , Se m nq , q Z então n m (16) Se m=nq+1, q Z então m (n 1) (nq 1) (n 1) n(q 1) Isto é n (m+(n-1) (17) Se m nq 2 , q Z então m (n 2) (nq 2) (n 2) n(q 1) Isto é n /( m (n 2)) (18) .................................................................................................................................. Se m=nq+(n-1), q Z então m+1=[nq+(n-1)]+1=n(q+1) isto é n (m+1) Combinando (16), (17), (18), (19) concluímos que: “n divide um dos n números inteiros sucessivos” (19) (20) De modo análogo verifica-se como sendo verdadeira a hipótese (14). Quer dizer: “n divide um dos n números inteiros pares sucessivos” (21) Mas, a hipótese (15) é falsa. Para verificar a sua falsidade vamos mostrar o seguinte contra exemplo: Tomemos por exemplo os números 5, 7, 9 e 11. São quatro números ímpares sucessivos mas 4 não divide nenhum deles. Quer dizer que nenhum destes quatro números é divisível por 4. Em consequência de (20) e (21) obtemos os seguintes corolários: “n divide o produto de n números inteiros sucessivos” (22) “n divide o produto de n números inteiros pares sucessivos”? (23) Considerando (22), nos casos particulares obtemos: 2 (n-1)n n Z (24) 3 3 (n-1)n(n-1) n Z (25) O enunciado 24 pode ser traduzido de seguintes formas: 2 (n-1)n , n Z 2 (n 2 -n) , n Z (26) (Proposição verdadeira) 2 2 n(n+1) , n Z 2 (n +n ), n Z (27) (Proposição verdadeira) 2 2 (m+1)(n+2) , n Z 2 (n +3n + 2 ) , n Z (28) (Proposição verdadeira) O enunciado 25 pode ser traduzido de seguintes formas: 3 (n-1)n(n+1) , n Z 2 (n 3 -n) , n Z (29) (Proposição verdadeira) 2 3 3 n(n+1)(n+2), n Z 3 (n (n +3n +2n) , n Z (30) (Proposição verdadeira) 3 (n+1)(n+2)(n+3) , n Z 3 (n 3 +6n 2 +11n+6) , n Z (31) (Proposição verdadeira) Designemos por P(2), a proposição 2 (n 2 -n) , n Z Designemos por P(3), a proposição:3 (n 3 -n) , n Z Por P(m) a proposição m (n m -n) , n Z , m Z (Proposição verdadeira) (Proposição verdadeira) (?) As proposições P(2), P(3) , P(m) são análogas no sentido de que 2, 3,..., m são números inteiros positivos. Das proposições (26) e (29) se confirma que P(2) e P(3) são proposições verdadeiras. Surge então uma indagação referente a P(m): “Será, P(m) verdadeira para todo m = 1, 2, 3,...?” Podemos através de um contra exemplo, mostrar a falsidade de P(m). Desta forma, tomando por exemplo m=4, n=2, obtemos 4 não divide 24-2. Analisemos, agora a relação análoga seguinte: As proposições P(2), P(3),...,P(p) são análogas no sentido de que 2, 3,...,p são números primos. Sabendo que P(2), P(3) são proposições verdadeiras, surge naturalmente, a pergunta: P(p) é verdadeira, para todo número arbitrário primo? Esta hipótese é verdadeira, e conhecida por “Pequeno problema de Fermat”. A CRIAÇÃO começa do mesmo problema nas aulas. Nesta parte apresenta-se a aplicação de derivada para criar novos exercícios e novos resultados, por exemplo: seja a função y = x + cos x, contínua e derivável, x R obtémse y 1 - sen x . 4 Com y 0 , x + 2 , 0,1,2,3... , por isso y é constante crescente, x R 2 temos: a) y (0) < Y(x) , x 0 Desta relação, criando uma desigualdade obtém-se: 1<x + cos x, x 0 b) y(0) > y(x), x 0 Desta relação, criando uma desigualdade obtém-se: 1> x + cos x , x 0 Exemplo 2: considerando a função y x 5 x , continua e derivável x , obtém-se: y x 1 . Como: a) y > 0, x 0 a função y x 5 x é crescente, x 0 y0 yx , x 0 1 5 x 5 x, x 0 . Então, permite criar a desigualdade: 1 x x, x 0 b) y 0, x 0 a função y x 5 x é decrescente, x 0 y0 yx , x 0 1 5 x , x 0 , o que permite criar outra desigualdade: 1 x x, x 0 De (1) e (2), é criada a desigualdade 1 x x, x 0 Exemplo 3: Consideramos a função y ln 1 x x, x 1 continua e derivável para todos x 1 . Desta função resulta: 1 x y 1 1 x 1 x x -x 1 x y y -1 0 || + + + 0 0 + - 0 Então, 1. y 0 x 0 2. y 0 x (1,0) Como y 0 x 0 é uma função decrescente x 0, quer dizer, y0 yx , x 0 5 então, criando uma desigualdade: x ln 1 x , x 0 (1) Como y 0 , x 1,0 , então a função é crescente, x (1,0] y0 yx , x 1,0 0 ln 1 x x, x 1,0 Assim, criando outra desigualdade obtém-se: x ln 1 x, x (1,0) De (1) e (2) se obtém a desigualdade: x ln x 1, (2) x 1 e x 0 Conclusão O presente trabalho tem por objectivo apresentar os métodos de raciocínio matemático: o método de analogia, a generalização e particularização no estudo, no ensino, e na investigação matemática e algumas actividades de investigação científica realizada pelos estudantes matemáticos. O estudo, e o ensino no espírito de investigação científica são interessantes e contribuem para o desenvolvimento do pensamento matemático. O presente trabalho servirá de apoio aos estudantes e aos professores no seu estudo e no seu trabalho. Neste trabalho a partir de um exemplo simples indicamos algumas actividades de investigação matemática. 6 Bibliografia: 1. A - A Stolia: Método para ensinar matemática, 1994. 2. G. Polya: Como estabelecer e resolver os problemas. 3. V. M Bradix: Os erros sobre exercícios matemáticos (Tradução em Língua Vietnamita Hanoi, 1972). 4. Trinh Dang Khoi, Ta Thi Oanh, Maria da Conceição Domingos, Kulonga, revista das ciências da educação e estudos multidisciplinares Nº 1 Setembro 2002, o estudo da proposição análogo. 5. Trinh Dang Khoi, Ta Thi Oanh, Kulonga, revista das ciências da educação e estudos multidisciplinares (será publicada na nº 3) Generalização, particularização e o método análogo no estudo, no ensino e na investigação matemática. 7