A PRODUCAO LEITEIRA NOS ESTADOS UNIDOS Estatisticas • A produção leiteira durante Janeiro de 2012 superou os 7 bilhões de kg, 3.7% acima de Janeiro de 2011. • A produção por vaca foi em media 842 kg em Janeiro, 20.8 kg acima da produção registrada em Janeiro de 2011. • O numero de vacas em lactação em propriedades foi de 8.5 milhões de cabeças, 93.000 a mais do que Janeiro de 2011. Algumas informacoes • As raças leiteiras predominantes nos Estados Unidos são a Holandesa e a Jersey. • Tive oportunidade de visitar leiterias no estado do Texas. Conheci uma cidade chamada Dalhart, em que estava operando uma recente construída fabrica de queijo mussarela para pizzarias norte-americanas. Vários produtores de gado Jersey foram estimulados a migrarem para esta região, devido ao alto teor de gordura no leite desses animais, extremamente interessante para a produção de queijo. • Leiterias com 3.000 cabeças nessa e outras regiões são comuns. Existe nesta região leiterias com 7.500 vacas Jersey, com ordenhadeira carrossel ordenhando mais de 100 vacas a cada giro. • O sistema de criação é o free-stall na grande maioria das propriedades (cerca de 70%). • As ordenhadeiras mais utilizadas são a do tipo carrossel e a do tipo linear. A temperatura dos tanques de coleta de leite é extremamente controlada e é conferida pelos técnicos responsáveis da industria que estará captando o leite semanalmente e diariamente pelos técnicos da propriedade. • São avaliados os teores de gordura e proteína e contagem de células somáticas. Na analise do leite feita semanalmente pelos técnicos das industrias é feita também uma busca por qualquer resíduo que possa ser prejudicial contido no leite. • O período de lactação da vaca é em media 305 dias. Os norte-americanos não utilizam o sistema de ordenha de vacas de alta produção em 600 dias utilizado em algumas propriedades brasileiras. Um dos motivos é devido à alta taxa de reposição do rebanho; portanto, se faz necessário que a vida reprodutiva dos animais seja explorada intensivamente. • Grande parte dos produtores de leite produz ao menos um pouco da alimentação fornecida ao gado, criam e produzem novilhas de reposição, comercializam produtos lácteos e animais abatidos. • A reprodução das vacas leiteiras é feita com a utilização de inseminação artificial em sua grande maioria (cerca de 94% das propriedades). O uso da técnica tem permitido o crescente melhoramento genético do rebanho e favorece o fato de não ser necessário manter um touro nas propriedades. O sêmen sexado é utilizado em cerca de 17% das propriedades leiteiras norteamericanas. • Com esses dados é possível concluir o quão solida é a produção norte-americana e o quanto a produção vem aumentando. Nutricao da vaca leiteira • Através da ultima década, a media de preço anual do leite oscilou entre U$12.18 a U$19.21 por cwt (uma medida de peso utilizada que representa 100 libras, correspondente a 45.35kg). Desde 2005, os lucros têm diminuído devido ao aumento do custo dos ingredientes da ração. O custo da alimentação em uma propriedade leiteira gira em torno de 65%. • O milho, o feno de alfafa e a soja são ingredientes principais nas rações. O milho e o feno de alfafa são os ingredientes primários para se calcular a taxa de lucro futuro. • O produtor norte-americano leva muito em consideração não somente a quantidade de leite produzida, mas também a quantidade de ração consumida. Se a taxa consumo de ração / produção de leite estiver desfavorável, são procurados meios alternativos de diminuir custos, como por exemplo, uma reformulação da dieta desses animais. • A nutrição da vaca leiteira é olhada com muito cuidado, pois a relação consumo de ração / produção de leite é um indicativo muito utilizado. A preocupação dos norteamericanos com a qualidade dos ingredientes das rações e a formulação da ração total são constantes. Para eles o mais importante é a eficiência alimentar. • Na minha opinião, acredito que conversão alimentar e eficiência alimentar são conceitos diferenciados. A conversão alimentar seria o animal transformar uma quantidade “x” de ração em 1 kg de leite. O conceito de eficiência alimentar não é diferente na teoria, mas na pratica. • Pela experiência que adquiri nos Estados Unidos, a eficiência alimentar de um animal é avaliada como aquele animal que produz mais leite, porem comendo menos ração. • Diferente de um conceito de conversão alimentar, quando comparado entre 2 animais, por exemplo: 2 vacas leiteiras são alimentadas com a mesma ração. A vaca 1 consegue produzir 3 kg de leite com 1 kg de ração. A vaca 2 consegue produzir 3,5 kg de leite com 1 kg de ração. Pela lógica, podemos concluir que a conversão alimentar da vaca 2 é melhor que da vaca 1. • Porem, quando analisado o conceito de eficiência alimentar, estamos analisando animais que consigam converter mais comendo menos. Por exemplo, se existisse no mesmo exemplo acima uma vaca 3, produzindo 3,5 kg de leite comendo 800 gramas de ração, esta seria a vaca eleita como a mais eficiente. E é este tipo de animal selecionado no rebanho norte-americano. • São sempre selecionados animais que possam produzir a mesma quantidade de leite ou maior com um consumo de ração menor. Esse tipo de animal torna o sistema mais viável pela redução de custos no fator mais delicado, que é a alimentação. • Lembrando sempre que a intenção não seria diminuir a produção leiteira selecionando animais que simplesmente tivessem um consumo menor de ração total e sim aqueles animais que consigam produzir quantidade igual ou maior de leite consumindo uma menor quantidade de ração total. • O que acredito ser necessário ressaltar para os produtores brasileiros é a maior organização da alimentação dos animais para se ter esse tipo de controle. Não é necessário apenas nos concentrarmos na receita bruta adquirida com a comercialização da produção leiteira, mas também o quanto essa produção nos custou. Como a alimentação representa a maior parcela de custo de produção e é também o meio mais “maleável”, se torna a eleita a ser analisada, se possível diariamente, em uma propriedade leiteira. Com esse simples controle, é possível selecionar animais produtivos e eficientes, aumentando ainda mais a margem de lucro e viabilizando o processo de produção. • É devido a estes e outros fatores que a produção nos Estados Unidos tem se intensificado, onde se observa um aumento na produção leiteira significativo nos últimos anos com relativamente a mesma quantidade de animais. • A recria de novilhas é uma fase da produção extremamente sensível devido à alta taxa de reposição nas propriedades, onde se trabalha eficiência alimentar desde o inicio. A reposição é feita anualmente, em uma taxa aproximada de 25%. É devido a este e outros fatores que a longevidade dos animais leiteiros nos Estados Unidos é menor que no Brasil. Tipos de alimentos utilizados • Como visto anteriormente, o feno de alfafa, o milho e a soja são ingredientes principais na dieta das vacas em lactação. • Um dos resíduos altamente utilizados na produção animal dos Estados Unidos é um subproduto oriundo da produção de etanol a partir do milho. Devido ao fato de os Estados Unidos terem aumentado significativamente a produção de etanol a partir do milho, o uso desse cereal na nutrição animal ficou inviável. Uma alternativa encontrada são os chamados Distillers Grains, ou seja, grãos de milho de destilarias. • Os grãos de destilaria são bastante utilizados, tanto pelos produtores de leite, quanto pelos produtores de carne. Esse subproduto possui um interessante valor nutricional, o que torna viável e produtiva a utilização desse ingrediente na composição da ração total, que pode compor de 10 a 15% da mistura final fornecida aos animais. Aditivos • Os aditivos mais utilizados na produção leiteira americana compreendem a monensina, os probioticos e as leveduras. • Nos últimos anos a cultura americana tem mudado e os produtores estão preferindo utilizar aditivos orgânicos ou naturais, que possam manter o pH do rúmen dos animais estável e aumentar a produção leiteira. Hoje as opções no mercado desse tipo de aditivo são variadas. • O consumidor americano tem preferido produtos de origem animal onde não foram utilizados qualquer tipo de aditivo que possa deixar resíduo nesses produtos. A consciência da população norte-americana em relação à saúde mudou no bom sentido. • Já podemos perceber em varias propriedades (cerca de 40%) o constante crescimento da utilização de aditivos contendo leveduras e/ou probioticos. • Na minha opinião é um passo importante, pois a saúde do ser humano em qualquer lugar do mundo tem sido prejudicada devido a alguns tipos de produtos utilizados na produção animal. FATORES QUE TEM INFLUENCIADO A PRODUCAO NORTE-AMERICANA • O que tem permitido o aumento na produção é a organização da propriedade. Percebi em varias propriedades que todo sistema é informatizado, onde são coletados dados a respeito dos animais em cada alimentação e cada ordenha. Dados reprodutivos, nutricionais e de saúde são observados constantemente. • Na impossibilidade do produtor investir em um sistema informatizado, uma planilha de controle extremamente bem organizada resolve o problema. • Quanto foi dado de ração para determinado animal, o quanto ele refugou, o quanto produziu de leite e como foi a sua produção semanal são perguntas que devem ser respondidas pelo controle da propriedade. Desta forma é possível identificar os animais mais eficientes, diminuindo a quantidade de ração adquirida e aumentando a produção leiteira. CONCLUSAO • Acredito que a produção brasileira de leite já é excelente, mas alguns ajustes na propriedade sem a necessidade de se investir um grande montante de dinheiro permite aumentar a rentabilidade do negocio, sendo cada vez mais viável e lucrativa ao produtor. • A necessidade de se aumentar a produção leiteira é diária, para viabilizar o processo. Porem, é importante o produtor brasileiro ter um rígido controle dos seus animais e do consumo de ração total, pois desta forma é possível identificar o animal mais eficiente, aumentando a lucratividade da propriedade diminuindo custos. Referencias • USDA AGRICULTURE COUNTS (NASS); • PENN STATE EXTENSION. Médica Veterinária Especialista em Nutrição e Produção de Ruminantes Araucaria Genética Bovina