PLANEJAMENTO DE PROCESSOS DE FABRICAÇÃO E MONTAGEM INTEGRADA À PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO EM ESTALEIROS DE CONSTRUÇÃO NAVAL Silvio Eduardo Gomes de Melo Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Engenharia Oceânica. Orientador: Raad Yahya Qassim Rio de Janeiro Dezembro de 2010 PLANEJAMENTO DE PROCESSOS DE FABRICAÇÃO E MONTAGEM INTEGRADA À PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO EM ESTALEIROS DE CONSTRUÇÃO NAVAL Silvio Eduardo Gomes de Melo TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA OCEÂNICA. Examinada por: ________________________________________________ Prof. Raad Yahya Qassim, Ph.D. ________________________________________________ Prof. José Marcio do Amaral Vasconcellos., D.Sc. ________________________________________________ Prof. Luíz Fernando Loureiro Legey, Ph.D. ________________________________________________ Prof. José Luis Silveira, D.Sc. ________________________________________________ Prof. Antônio Silva Neto, Ph.D. RIO DE JANEIRO DEZEMBRO DE 2010 Melo, Silvio Eduardo Gomes de Planejamento de Processos de Fabricação e Montagem Integrada à Programação da Produção em Estaleiros de Construção Naval / Silvio Eduardo Gomes de Melo – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2010. XIV, 93 p.: il.; 29,7 cm. Orientador: Raad Yahya Qassim Tese (doutorado) – UFRJ / COPPE / Programa de Engenharia Oceânica, 2010. Referencias Bibliográficas: p.84-88. 1. Planejamento de Processos. 2. Construção Naval. 3. Planejamento e Controle da produção. I. Qassim, Raad Yahya II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Oceânica. III. Titulo. iii Agradecimentos: À Coordenação do Programa de Engenharia Oceânica, pelo apoio recebido durante o processo de elaboração desta tese, permitindo a minha dupla função como funcionário e aluno de doutorado. Ao Prof. Qassim, meu orientador, por todo o apoio recebido, sabendo dosar na medida certa as exigências normais de um orientador acadêmico com a flexibilidade requerida por um aluno de tempo parcial. Aos Prof. Segen, Floriano e Luis Felipe, pois foi através de um projeto de pesquisa criado por eles que decidi fazer meu doutorado que também originou o tema desta tese. Aos Prof. Julio Cyrino e Marta Tápia, amigos que sempre me incentivaram a realizar este projeto de vida. A Glace, tanto como secretária do PEnO, como amiga, por todo o apoio e incentivo na realização do doutorado. Ao Flavio, amigo e colega de trabalho, que garantiu a colaboração necessária, que me permitiu dividir meu tempo entre minhas obrigações como funcionário e minhas exigências acadêmicas. Aos meus amigos, pela paciência em ouvir a toda hora, “estou terminando minha tese....”. A minha querida esposa Sandra Regina e aos meus filhos Vitor Augusto e Ana Clara. Tudo isto faço por vocês. iv Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.) PLANEJAMENTO DE PROCESSOS DE FABRICAÇÃO E MONTAGEM INTEGRADA À PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO EM ESTALEIROS DE CONSTRUÇÃO NAVAL Silvio Eduardo Gomes de Melo Dezembro/2010 Orientador: Raad Yahya Qassim Programa: Engenharia Oceânica O planejamento de processos e a programação da produção em estaleiros possuem certo número de características originais, tais como restrições físicas, recursos limitados, dificuldades de padronização e de trabalho contínuo, quase sem interrupção. A fabricação de peças e blocos forma o núcleo dos processos de construção naval, porém existem poucos trabalhos sobre a integração entre o planejamento de processos e a programação de fabricação e montagem em estaleiros. O objetivo desta tese é desenvolver uma metodologia que possibilite realizar a integração entre o planejamento de processos de construção e a programação da produção, usando modelagem matemática-computacional que possibilite a otimização de recursos e a redução do tempo de produção. v Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.) PROCESS PLANNING OF ASSEMBLY AND FABRICATION INTEGRATED ON PRODUCTION PLANNING IN NAVAL SHIPBUILDING Silvio Eduardo Gomes de Melo Dezember/2010 Advisors: Raad Yahya Qassim Department: Ocean Engineering The process planning and the production scheduling in shipbuilding has a number of unique characteristics, such as physical restrictions, limitation of resources, difficulty in standardization and labor intensiveness. Part fabrication and part assembly, forms the core of the shipbuilding process, however, there is little works on the integration of process planning and fabrication and assembly scheduling in shipbuilding. The objective of this thesis is to develop a methodology that enables the integration between the process planning of construction and scheduling of production, using mathematical modeling-computer that enables the optimization of resources and reduces the time of production. vi Sumário 1 - Introdução: ................................................................................................................ 1 2 – Planejamento e Controle em Construção Naval:................................................... 6 2.1 – Planejamento e Controle da Produção: ........................................................................................... 6 2.1.1 - Gerenciamento da Produção: ................................................................................................... 6 2.1.2 – Projeto do Produto: ................................................................................................................. 7 2.1.3 – Projeto dos Sistemas de Produção: ......................................................................................... 8 2.1.4 – Tipos de Sistemas de Produção: .............................................................................................. 8 2.1.5. – Processos de Fabricação: ........................................................................................................ 8 2.1.6 – Tipos de Processos de Fabricação: ........................................................................................... 9 2.1.7 - Fatores que Afetam a Escolha do Processo de Fabricação: .................................................... 10 2.2 – Etapas do Planejamento e Controle da Produção: ........................................................................ 11 2.2.1 – Planejamento da Produção: ................................................................................................... 11 2.2.2 – Roteamento: .......................................................................................................................... 12 2.2.3 – Programação: ......................................................................................................................... 12 2.2.4 – Carregamento: ....................................................................................................................... 13 2.2.5 – Controle da Produção: ........................................................................................................... 13 2.2.6 – Expedição: .............................................................................................................................. 13 2.2.7 – Acompanhamento: ................................................................................................................ 14 2.2.8 – Inspeção: ................................................................................................................................ 14 2.2.9 – Ações Corretivas: ................................................................................................................... 14 2.3 – Gerenciamento de Projetos e Processos: ...................................................................................... 15 2.5 – Planejamento da Produção na Construção Naval: ........................................................................ 19 3 – Apresentação do Problema: ................................................................................... 27 4 – Formulação do Modelo Matemático: .................................................................... 37 4.1 – Limites Iniciais: .............................................................................................................................. 37 4.2 – Modelo Sequencial: ....................................................................................................................... 41 4.3 - Modelo Simultâneo: ....................................................................................................................... 46 4.4 – Implementação Computacional: ................................................................................................... 52 5 – Exemplos Numéricos: ............................................................................................. 54 5.1 – Painel Simples:............................................................................................................................... 55 5.1.1 – Caso 1 - Uma única submontagem, recursos infinitos: .......................................................... 57 5.1.2 – Caso 2 – Três Submontagens, recursos infinitos: .................................................................. 59 5.1.3 – Caso 3 – Três Submontagens, recursos finitos: ..................................................................... 61 5.2 – Múltiplos Painéis: .......................................................................................................................... 63 5.2.1 – Caso Sequencial – Plano de Processo 1 – Recursos ilimitados: ............................................. 67 5.2.2 – Caso Sequencial – Plano de Processo 2 – Recursos ilimitados: ............................................. 68 5.2.3 – Caso Sequencial – Plano de Processo 3 – Recursos ilimitados: ............................................. 69 5.2.4 – Caso Simultâneo – Mix de Paineis – Recursos ilimitados: ..................................................... 70 vii 5.2.5. – Mix de painéis com recursos limitados: ................................................................................ 74 6 - Sugestões Futuras: .................................................................................................. 76 7 – Conclusões: .............................................................................................................. 83 8 – Referências Bibliográficas ..................................................................................... 84 Anexos: .......................................................................................................................... 89 Códigos LINGO utilizados: ...................................................................................................................... 89 a) Modelagem sequêncial .................................................................................................................. 89 b) Modelagem Simultânea................................................................................................................. 91 viii Índice de Figuras Figura 1 – Características dos sistemas de produção (Fonte: CEGN/USP) ............ 9 Figura 2 – Diag.restrição tripla em ger. de projetos (fonte: Ribeiro Filho et al.) . 15 Figura 3 – Ciclo de vida de um projeto (fonte: Ribeiro Filho et al.)..................... 16 Figura 4 – Interrelação entre os processos de projeto (fonte: Ribeiro Filho et al.) 18 Figura 5 – Sobrep. entre diferentes proc. do projeto (fonte: Ribeiro Filho et al.). 18 Figura 6 – Naturezas das decisões organizacionais (Fonte: CEGN/USP) ............ 19 Figura 7 – Exemplos de processos em um estaleiro (Fonte: CEGN/USP) ........... 20 Figura 8 - Linha de fabricação dos painéis (Fonte: First Marine International) .. 27 Figura 9 – Seq. de operações de fabricação e montagem (fonte: Kolish, 2000) ... 29 Figura 10 – Exemplo típico de uma sequência de montagem (fonte: autor) ........ 30 Figura 11 – Sequência de montagem equivalente (fonte: autor)........................... 31 Figura 12 – Esquemas de sequências de montagens (fonte: autor) ....................... 32 Figura 13 - Representação do Plano de Processo (fonte: Autor) .......................... 33 Figura 14 – Parâmetros usados na determinação do tempo de processo. ............. 34 Figura 15 - Representação modelo Sequencial (fonte: autor) ............................... 42 Figura 16 – Representação do Modelo Simultâneo (fonte: autor) ........................ 47 Figura 17 – Interface do sofware LINGO (fonte: autor) ....................................... 52 Figura 18 – Exemplo de método Branch and Bound (fonte: internet) .................. 53 Figura 19 – Painel simples para análise (fonte: autor) .......................................... 55 Figura 20 – Painéis A1 e A2 (fonte: autor) ........................................................... 64 Figura 21 – Painéis A3 a A6 (fonte: autor) ........................................................... 64 Figura 22 – Painel A7 (fonte: autor) ..................................................................... 64 Figura 23 – Painel A8 (fonte: autor) ..................................................................... 65 Figura 24 – Sistema especialista para construção naval (fonte: autor) ................. 76 ix Figura 25 – Exemplo de processo modelado no DPE (fonte: autor) .................... 78 Figura 26 – Modelo de simulação – início do processo (fonte:autor)................... 79 Figura 27 – Modelo de simulação – Fase intermediária (fonte: autor) ................. 80 Figura 28 – Modelo de simulação – fase final (fonte: autor) ................................ 80 Figura 29 – Sistema Integrado de informações de processos ............................... 81 Figura 30 – Sistema de simul. de processos de const. naval (fonte: Kin et al.) .... 81 Figura 31 – Sistema de simul. de proc. de produção (Fonte: Kaasemaker, 2006) 82 x Índice de Tabelas Tabela 1 – Atividades do plano de processo 1 ...................................................... 56 Tabela 2 – Atividades do plano de processo 2 ...................................................... 57 Tabela 3 – Atividades do plano de processo 3 ...................................................... 57 Tabela 4 – Resultados 1 submontagem sequencial x simultâneo ......................... 58 Tabela 5 – Resultados 3 submontagens com prazos iguais................................... 60 Tabela 6 - Valores de DD para cada rodada ......................................................... 61 Tabela 7 – Resultados 3 submontagens caso sequencial com prazos diferentes .. 62 Tabela 8 – Quantidade de recursos por plano de processo ................................... 66 Tabela 9 – Tempos de processo de cada painel por plano de processo ................ 66 Tabela 10 – Resultados múltiplos painéis, sequencial, plano de processo 1 ........ 67 Tabela 11 – Resultados múltiplos painéis, sequencial, plano de processo 2 ........ 68 Tabela 12 – Resultados múltiplos painéis, sequencial, plano de processo 3 ........ 69 Tabela 13 – Resultados múltiplos painéis, simultâneo ......................................... 70 Tabela 14 - Makespam para o conjunto de rodadas do Mix de paineis ................ 71 Obs.: Todas as tabelas foram criadas pelo autor. xi Índice de Gráficos Gráfico 1 – Exemplo1 para limites superior e inferior ......................................... 38 Gráfico 2 – Exemplo2 para limites superior e inferior ......................................... 39 Gráfico 3 – Tempos de finalização da submontagem sequêncial x simultâneo .... 58 Gráfico 4 – 3 submontagens sequencial x simultâneo com recursos infinitos ...... 60 Gráfico 5 – 3 submontagens sequencial x simultâneo, recursos finitos ................ 63 Gráfico 6 – Tempos de finalização para o plano de processo 1 ............................ 67 Gráfico 7 – Tempos de finalização para o plano de processo 2 ............................ 68 Gráfico 8 – Tempos de finalização para o plano de processo 3 ............................ 69 Gráfico 9 – Tempos de finalização para a análise simultânea .............................. 70 Gráfico 10 – Tempos de finalização sequencial x simultâneo para o painel A1 .. 72 Gráfico 11 – Tempos de finalização sequencial x simultâneo para o painel A3 .. 73 Gráfico 12 – Tempos de finalização sequencial x simultâneo para o painel A7 .. 73 Gráfico 13 – Tempos de finalização sequencial x simultâneo para o painel A8 .. 74 Gráfico 14 – Comparação entre a existência de recursos para o painel A8 .......... 75 Obs.: Todos os gráficos foram criados pelo autor xii Notações: Definimos aqui alguns termos e conceitos que serão utilizados neste trabalho. Submontagem – Termo que irá representar um conjunto de peças que unidas através de uma fabricação formam um elemento intermediário de uma montagem maior; Makespan – Usamos aqui este termo para representar o tempo total de fabricação de um conjunto de submontagens; Plano de Processo – O termo Plano de Processo representa o conjunto de operações e processos necessários à fabricação de uma determinada submontagem ou conjunto de submontagens, incluindo qual o processo de fabricação e os recursos utilizados; b – Índice para as submontagens; b= 1,…,B; d – Índice para os planos de processos; d=1,…,D; e – Índice para os recursos; e=1,…,E; t- Índice para os períodos de tempo; t=1,…,T; f – índice para as peças necessárias, f=1,...,F; He,d – Quantidade de recursos e necessários para executar o plano de processo d (He, no caso sequencial); Ib – Área necessária para produzir a submontagem b; DDb = Prazo de conclusão de cada submontagem b; Jb,d – Parâmetro binário, =1 se a submontagem b pode ser produzida pelo plano de processo d, =0 nos demais casos; Ke,t – Quantidade de recursos e disponíveis por período de tempo t Sf – área necessária para cada peça na oficina antes da fabricação; xiii Gbf – Quantidade de peças f necessária à submontagem b; L – Área da oficina de montagem; T – Horizonte de tempo de avaliação; TPb,d – Tempo de processamento da submontagem b se produzido utilizando o plano de processo d (TPb, no caso sequencial); Mb,d,t – Variável binária, =1 se a submontagem b é finalizada usando o plano de processo d no período de tempo t, =0 nos demais casos (Mbt, no casos sequencial); Yb,d,t – Variável binária, =1 se a submontagem b está sendo processada utilizando o plano de processo d no tempo t, =0 nos demais casos (Yb,t, no caso sequencial); ESTb – menor tempo inicial para a submontagem b; LSTb – maior tempo inicial para a submontagem b; EFTb – menor tempo final para a submontagem b; LFTb – maior tempo final para a submontagem b. xiv 1 - Introdução: Plantas industriais que realizam fabricação e montagem, tais como os estaleiros de construção naval, normalmente se deparam com o velho dilema produtividade versus custo. O aumento de produtividade normalmente implica em aumento de custos, seja no treinamento de pessoal, seja na aquisição de melhores equipamentos, ou na modernização dos meios de produção. Contudo este aumento pode também ser alcançado com uma maior eficiência na utilização dos recursos disponíveis, sejam eles humanos ou materiais. Em muitos casos, o material humano é adequado, em termos de qualificação, número etc., os equipamentos são suficientes em termos de quantidade e qualidade, mas seu uso é inadequado, provocando ineficiências nos processos utilizados, diminuindo a produtividade. As atividades de planejamento de processos e a programação da produção na construção naval são normalmente realizadas por setores distintos em um estaleiro. A determinação dos planos de processos é realizada pelos setores de planejamento dos estaleiros que se baseiam em critérios que nem sempre podem ser levados para o “chão de fábrica”. Muitas vezes o planejamento dos processos, principalmente os de fabricação, tem que atender a exigências normativas, como regras de sociedades classificadoras, procedimentos da matriz etc., ou em análises teóricas sobre a “melhor” forma de se produzir. O planejamento normalmente tem por base, diminuir o tempo de fabricação e os custos. Em muitos casos os planos de processo criados por esta ótica, tendem a necessitar do máximo de recursos ao menor custo possível. Ao se levar este planejamento para a produção, não é raro que os processos tenham que ser “adaptados” à realidade da planta de produção e ao se realizar a programação da produção, a 1 montagem é feita de forma dessincronizada com o planejamento, levando a problemas como o cumprimento de prazos, recebimento de matérias primas, alocação de recursos etc. A programação da produção, normalmente é realizada pelas chefias de oficinas. Depois de recebida uma ordem de produção, onde é determinado o que será fabricado e com que prazo, cabe a este setor providenciar a quantidade de recursos, espaço e “janela de tempo”, de modo a viabilizar a fabricação. Cabe a este setor a tarefa de prover os meios necessários à fabricação segundo o que foi planejado. Aqui temos como preocupação básica a alocação de recursos dentro das normas internas da planta de produção, tais como, número de operários por turno, requisição de equipamentos, alocação de áreas para a fabricação e estoque de peças além do controle da programação da produção. Pretende-se, neste trabalho, apresentar uma metodologia capaz de facilitar a integração entre o planejamento de processos e a programação da produção, para a fabricação de submontagens estruturais em oficinas de estaleiros de construção naval, com finalidade de propiciar um aumento de produtividade, baseado na diminuição do tempo total gasto na construção e montagem (makespan). Isto será feito através de um modelo matemático para otimização dos parâmetros necessários à integração entre o planejamento de processos de fabricação de submontagens, e a programação da produção, em estaleiros de construção naval. Poucos trabalhos foram escritos até hoje a respeito desta integração, em indústrias semelhantes a estaleiros de construção naval. Alguns trabalhos tratam da integração entre a fabricação e montagem na programação da produção, utilizando modelos matemáticos para a determinação da “melhor” sequência de operações e utilização de 2 recursos, porém com um único enfoque sendo aplicado, ou envolvem a programação da produção ou envolvem o planejamento da produção. O modelo matemático que será apresentado neste trabalho, permite analisar um conjunto de planos de processo possíveis e previamente determinados, para um conjunto de operações necessárias à fabricação, otimizando os parâmetros necessários, de modo a determinar qual o mais adequado dentro das restrições impostas. Este modelo matemático terá como dados de entrada as informações que normalmente estão disponíveis ao setor de planejamento dos estaleiros, tais como: Lista de materiais, sequência de montagem, prazos etc., e informações que viriam do “chão de fábrica”, tais como áreas, recursos disponíveis, janelas de tempo, etc. Mas o que é melhor do ponto de vista de produtividade? Utilizar mais recursos, como por exemplo, aumentar a quantidade de soldadores, ou utilizar um processo de soldagem mais eficiente? No modelo proposto, estas perguntas poderão ser respondidas, pois a aplicação da modelação fornecerá o “melhor” plano para um determinado conjunto de submontagens. A modelação aqui proposta tem por objetivo determinar qual o melhor plano de processo, de um conjunto fornecido previamente, para realizar um conjunto de submontagens no menor tempo possível, num ambiente de recursos restritos. Contudo, algumas considerações devem ser feitas. O modelo não analisará custo. Assume-se que os planos de processo apresentados foram propostos pelo setor de planejamento tendo como base uma análise econômica financeira adequada às suas necessidades e que todas são tecnologicamente viáveis às submontagens a que se destinarem. Além disso, considera-se que os recursos estão todos adequados à produção e sua limitação na análise se diz respeito apenas ao seu número (suficiente ou não). 3 Apesar de nos basearmos em trabalhos anteriores, abordaremos aspectos que não foram ainda explorados em detalhes. No capítulo 2, que fala sobre planejamento e controle da produção em construção naval, apresenta-se uma série de trabalhos, que focam alguns aspectos utilizados neste trabalho, mas que ainda não foram abordados em conjunto para indústrias típicas de construção naval. No capítulo 3 apresentaremos o problema objeto deste trabalho, descrevendo a metodologia empregada na modelação, para posterior modelação matemática e computacional. No capítulo 4, que fala do modelo matemático, apresentaremos uma descrição detalhada do mesmo em termos de sua função objetivo e as restrições impostas. Para a implementação computacional do modelo matemático, adotou-se o software LINGO da Lindo Systems ©, considerado como líder de mercado no gênero (otimização numérico computacional). No capítulo 5, serão apresentados exemplos numéricos, utilizados para demonstrar a viabilidade do modelo matemático, serão utilizados casos realistas, baseados na literatura, e casos reais obtidos em estaleiros de construção naval. Por questões de sigilo, os valores numéricos foram alterados, sem prejuízo para a análise, além da nomenclatura das peças e submontagens, de modo a não serem identificáveis. Os resultados obtidos serão também apresentados neste capítulo e algumas considerações serão feitas. No capítulo 6 faremos conclusões referentes aos resultados obtidos, e também serão feitas considerações a respeito de sugestão de trabalhos futuros de modo a complementar o trabalho aqui desenvolvido. 4 No capítulo 7 apresentamos as referências bibliográficas utilizadas neste trabalho além de algumas que são recomendáveis para o desenvolvimento futuro de temas ligados a este trabalho. Nos anexos apresentaremos tabelas de resultados, códigos do software de otimização, figuras e todas as outras informações que julgamos importantes para complementação das informações deste trabalho. 5 2 – Planejamento e Controle em Construção Naval: Neste capítulo, abordaremos inicialmente alguns conceitos referentes ao Planejamento e Controle da Produção (PCP) na indústria em geral. Abordaremos também os problemas mais comuns onde o PCP pode produzir resultados e melhorias. Após isto, o assunto será particularizado para o Planejamento e Controle da Produção em estaleiros de construção naval. 2.1 – Planejamento e Controle da Produção: O planejamento e controle da produção geralmente envolve a organização como um todo, e não somente o planejamento do processo de fabricação. Normalmente o mesmo consiste no planejamento do roteamento (o que será produzido, onde e com que); Na programação de fabricação, despacho, inspeção e controle; Na gestão de materiais, meios de produção e de pessoal. O objetivo final é a organização da oferta e a movimentação de materiais e produção, utilização de equipamentos e atividades relacionadas, a fim de trazer os resultados desejados de fabricação em termos de qualidade, quantidade, tempo e custo, (KUNAR, 2004). 2.1.1 - Gerenciamento da Produção: Sistemas de produção são sistemas cuja função é converter, segundo algum processo, um conjunto de entradas em um conjunto de saídas (resultados desejados), sofrendo algum tipo de controle (qualidade, normativos etc.). O Gerenciamento de produção envolve decisões gerenciais sobre o projeto do produto e o projeto do sistema de produção, ou seja, a determinação dos processos de produção e o planejamento e controle da produção. 6 2.1.2 – Projeto do Produto: É uma decisão estratégica como a imagem e o lucro. A capacidade de uma empresa depende em grande parte da concepção do produto. Uma vez que o produto a ser produzido é decidido, o próximo passo é preparar o seu projeto. O projeto do produto consiste em conceber sua forma e função. A concepção da forma inclui decisões relativas ao tamanho, cor e aparência do produto. O projeto funcional envolve as condições de trabalho do produto. Depois que um produto é criado, ele pode existir por um longo tempo, portanto, vários fatores devem ser considerados antes de projetálo. Esses fatores estão listados abaixo: Padronização – Um mesmo produto deve ser produzido de forma padronizada para gerar produtos iguais; Confiabilidade – Os produtos devem atender a normas de modo a garantir que atendam a suas características de projeto; Manutenção – Devem ter sempre que possível um baixo custo de manutenção, tanto do produto, como dos meios de produção necessários à sua fabricação; Simplificação do produto – devem ser o mais simples possíveis, atendendo às especificações, de modo a permitir maior confiabilidade e baixa manutenção; Reprodutibilidade – de ser possível fabricar mais de um produto; Qualidade com custos controlados – devem sempre ter o máximo de qualidade possível, mas a custos que não inviabilizem a sua produção; Valor de produto – devem atender a leis de mercado. Produtos acima de valores de mercado geralmente não vendem; Necessidades e gostos dos consumidores – um produto é produzido para clientes e não para empresas. As características dos consumidores devem ser sempre muito consideradas. 7 2.1.3 – Projeto dos Sistemas de Produção: É o conjunto de atividades dentro do qual a empresa atua. Conforme dito acima, um processo de fabricação é o processo de conversão, através dos qual entradas são convertidas em saídas, portanto, uma concepção adequada do sistema de produção assegura a coordenação das várias operações de produção. Não existe nenhum padrão de sistema de produção, podendo variar bastante de uma empresa para outra. 2.1.4 – Tipos de Sistemas de Produção: Em geral, pode-se pensar em três tipos de sistemas de produção: Sistemas de produção por processos contínuos; Sistemas de produção por processos intermitentes; Sistemas de produção por projetos. NA Figura 1, produzida pelo Centro de Estudos em Gestão Naval, da Universidade de São Paulo (USP), temos as características principais dos três sistemas de produção. Cabe ressaltar, que nos estaleiros mais antigos a maioria dos processos era do tipo contínuo ou intermitente. Já nos mais novos, a maioria dos processos é do tipo intermitente ou por projetos. 2.1.5. – Processos de Fabricação: A natureza distinta dos processos de produção exigidos pelos três diferentes tipos de sistema de produção mostrados no item anterior, requerem condições diferentes para seu emprego. A seleção de processo de fabricação é também uma decisão estratégica, pois alterações são dispendiosas. Assim, o processo de fabricação é selecionado na fase 8 de planejamento de um empreendimento global de negócios. Ele deve satisfazer a dois objetivos básicos, atender a especificação do produto final e ser rentável. Figura 1 – Características dos sistemas de produção (Fonte: CEGN/USP) 2.1.6 – Tipos de Processos de Fabricação: Os processos de fabricação podem ser classificados em quatro tipos (PINTO, 2007): Produção por encomenda (jobbing production) – Uma ou poucas unidades dos produtos são produzidas de acordo com a exigência e as especificações do cliente. A produção é para cumprir o prazo de entrega e os custos são fixados antes do contrato. Produção em lotes (batch production) – Quantidades limitadas de cada um dos diferentes tipos de produtos são fabricadas no mesmo conjunto de 9 estações. Diferentes produtos são produzidos separadamente um após o outro. Produção de massa ou fluxo (mass or flow production) – A execução da produção é conduzida em um conjunto de estações organizadas de acordo com uma sequência de operações. Uma enorme quantidade do mesmo produto é fabricada e estocado para venda. Um produto diferente exigirá linhas de produção diferentes. Uma vez que uma linha pode produzir apenas um tipo de produto, este processo é denominado também como linha de fluxo (flow line). Processo de Produção (process production) – A produção aqui é conduzida por um período de tempo infinito, geralmente para produtos com economia de escala. Normalmente utiliza múltiplas produções em linha num mesma planta, produzindo cada uma um produto diferente, ou subprodutos de um produto final. 2.1.7 - Fatores que Afetam a Escolha do Processo de Fabricação: Os fatores apresentados a seguir devem ser considerados na escolha do processo de fabricação. Volume/Variedade – Esta é uma das considerações importantes na seleção de processo de fabricação. Por exemplo, quando o volume de produção é baixo e a variedade de produtos é elevada, a produção intermitente é mais adequada, já com um volume elevado e uma variedade reduzida, deve-se optar pela produção contínua. Capacidade da planta – Quando o volume projetado de vendas é o fator chave deve-se escolher entre a produção em lotes ou em e linha. Em caso 10 de produção de linha, os custos fixos são substancialmente mais elevados do que os custos variáveis. O inverso é verdadeiro para a produção em lote. Tempo de Produção (Lead time) – Processos contínuos geralmente produzem entregas mais rápidas em relação ao processo em lote. Por conseguinte, este fator aliado ao grau de concorrência no mercado, certamente influenciam a escolha do processo de produção. Flexibilidade e Eficiência – O processo de fabricação deve ser suficientemente flexível para se adaptar a mudanças, além disso, o volume de produção deve ser grande o suficiente para reduzir os custos. É muito importante considerar todos os fatores acima mencionados antes de tomar uma decisão sobre o tipo de processo de fabricação a ser utilizado. 2.2 – Etapas do Planejamento e Controle da Produção: O PCP é um processo no qual se deseja um no bom desempenho de algumas funções críticas aliado a um bom planejamento e controle. Nos itens a seguir enumeramos os principais itens a serem considerados no Planejamento e controle da produção. 2.2.1 – Planejamento da Produção: O Planejamento da produção pode ser definido como a técnica de prever todas as etapas de uma longa série de operações separadas, cada decisão sendo tomada na hora certa e no lugar certo e cada operação ser executada com a máxima eficiência. É uma ajuda para determinar a quantidade de mão de obra material, maquinário e recursos exigidos para a produção num dado período de tempo. 11 2.2.2 – Roteamento: Nesta etapa, o caminho e sequência de operações são estabelecidos. Para executar essas operações é determinada a classe adequada de equipamentos e de pessoal necessário. O objetivo principal de roteamento é determinar a melhor e mais barata sequência de operações e garantir que a mesma seja seguida. O roteamento envolve a sequência de atividades diferentes, tais como: Análise para determinar o que pode ser feito e qual o custo Determinar a qualidade e os tipos de materiais necessários Determinar as operações de fabricação e suas sequências Organização da produção e formas de controle 2.2.3 – Programação: Programação significa determinar no tempo todos os fatores necessários a produção, antes, durante e depois. Refere-se essencialmente às prioridades de um trabalho num período de tempo. Os padrões de programação diferem de um emprego para outro, como mostrado a seguir: - Programação Mestre: A programação geralmente começa com a preparação do plano-mestre que pode se periódica (semanal, mensal etc.) ou desmembrada (break-down) da produção. Isto constitui uma base para todas as programações subsequentes. - Programação da Produção: O objetivo principal é agendar a quantidade de trabalho que pode ser utilizada pelas instalações e equipamentos da planta ou de setores da produção. Leva-se em conta os seguintes fatores: Instalações físicas para processar o que está sendo programado; Pessoal 12 habilitado para executar o tipo de trabalho envolvido; Materiais e peças necessárias. - Programação de Fabricação: É preparado como base de tipos de processo de fabricação utilizados. É muito útil quando alguns poucos produtos são fabricados repetidamente em intervalos regulares. - Programação da ordem de fabricação: A programação adquire maior importância na ordem de trabalho da fabricação. Isto permite a execução rápida de cada atividade da fabricação. 2.2.4 – Carregamento: A programação de acordo com a rota inclui a atribuição de trabalho aos operadores em suas máquinas ou locais de trabalho. O carregamento determina quem fará o trabalho, assim como o roteamento determina onde e quando será feito. 2.2.5 – Controle da Produção: O controle de produção é o processo de planejamento de produção antes das operações de produção, constituindo-se nos processos necessários para o acompanhamento das fases da produção de um produto do início ao fim. 2.2.6 – Expedição: A expedição envolve a emissão de ordens de produção para o início das operações. A expedição é um passo importante na conversão dos planos de produção em produção. São necessárias as seguintes ordens de produção: - Movimento de materiais entre as diferentes estações de trabalho. - Circulação das ferramentas e utensílios necessários para cada operação. 13 - O início do trabalho em cada operação. - O registro do tempo e do custo envolvido em cada operação - Movimento de trabalho de uma operação para outra de acordo com a rota. - Inspeção ou supervisão do trabalho 2.2.7 – Acompanhamento: Cada programação da produção envolve a determinação da evolução dos trabalhos, removendo os gargalos no fluxo de trabalho e assegurar que as operações produtivas estão em conformidade com os planos, removendo atrasos ou desvios dos planos de produção. Ele ajuda a detectar erros no roteamento e programação, ordens e instruções incorretas, sobrecarga de trabalho etc. Todos os problemas ou desvios são investigados e medidas corretivas são realizadas para garantir a conclusão do trabalho na data prevista. 2.2.8 – Inspeção: É executada para garantir a qualidade dos produtos. Pode ser fiscalizada por setores internos ou externos de controle da produção. 2.2.9 – Ações Corretivas: Ação corretiva pode envolver atividades de ajuste da rota, reescalonamento de trabalho alterando as cargas de trabalho, reparos e manutenção de máquinas ou equipamentos, controle sobre inventários etc.. Certas decisões de pessoal como treinamento, transferência, rebaixamento etc. podem ter que ser tomadas. Métodos alternativos podem ser sugeridos para lidar com cargas de pico. 14 2.3 – Gerenciamento de Projetos e Processos: Efetuada a definição do produto é necessário projetá-lo. Este projeto envolve nas etapas iniciais, definições de forma e finalidade, mas após isto é necessário a definição de como produzi-lo dentro de critérios pré-estabelecidos. O sucesso do gerenciamento de projetos está na conclusão do trabalho, dentro de um cronograma e orçamento definidos e de acordo com as especificações determinadas e com a qualidade esperada. Todo projeto tem por objetivo inter-relacionar os fatores relativos ao desempenho (qualidade), custo e tempo dentro de um escopo determinado, (COSTA FILHO, 2005). Em Gerenciamento de Projetos chamamos isto de restrição tripla – escopo, tempo e custo – é o gerenciamento das necessidades conflitantes dos projetos, sendo a qualidade do projeto afetada pelo equilíbrio desses fatores, como ilustrado na figura a seguir. Figura 2 – Diagrama de restrição tripla em gerenciamento de projetos (fonte: Ribeiro Filho et al.) Os projetos sempre apresentam um início e um fim determinados. A consequência desta temporariedade é o desdobramento das atividades inerentes a um projeto dentro de 15 um espaço finito de tempo. A subdivisão em fases facilita o gerenciamento do projeto, sendo a natureza do projeto que determina quais devem ser as fases do seu ciclo de vida. A maioria dos ciclos de vida dos projetos apresenta algumas características comuns como ilustra a Figura 3. Figura 3 – Ciclo de vida de um projeto (fonte: Ribeiro Filho et al.) O gerenciamento de projetos é realizado através de processos, sendo processo definido como “um conjunto de ações e atividades inter-relacionadas realizadas para obter um conjunto pré-especificado de produtos, resultados ou serviços”. Os processos do gerenciamento de projetos são agrupados em cinco grupos, definidos adiante: Processos de Iniciação - É a fase inicial do projeto, quando uma determinada necessidade é identificada e transformada em um problema estruturado a ser resolvido pelo projeto. Nessa fase, a missão e o objetivo do projeto são definidos, as melhores estratégias são identificadas e selecionadas, além de serem realizados os estudos de viabilidade porventura necessários. Processos de Planejamento - É a fase onde os objetivos do projeto são refinados e detalhados e as ações que visam atingir os objetivos do projeto são identificadas e selecionadas. Os processos de planejamento são responsáveis por identificar, definir e 16 refinar as estratégias de abordagem do projeto. Neste grupo de processos são listadas as atividades a serem desenvolvidas, suas interdependências estabelecidas, os cronogramas elaborados, os recursos identificados, os custos estimados, elaborados os planos auxiliares de comunicação, gerenciamento de escopo, qualidade, riscos, suprimentos e recursos humanos. Nesta fase são, ainda, determinados os pontos de controle e elaborado o plano de projeto. Processos de Execução - É a fase que materializa tudo aquilo que foi planejado anteriormente e formalmente escrito no plano de projeto. Nesta fase é que a maior parte do orçamento e do esforço do projeto é consumida. Qualquer erro cometido nas fases anteriores fica evidente durante a fase de execução. Processos de Monitoramento e Controle - É a fase que ocorre paralelamente ao planejamento operacional e à fase de execução, visando acompanhar e controlar o que está sendo realizado pelo projeto, de modo a propor ações preventivas e/ou corretivas no menor tempo possível após a detecção da anormalidade. O objetivo dos processos de controle é comparar o status atual do projeto com o status previsto pelo planejamento, tomando as ações corretivas em caso de desvio. Processos de Encerramento - Este grupo de processos estabelece formalmente que o projeto está encerrado. É a fase na qual a execução do trabalho é avaliada, os documentos formais do projeto são encerrados e todos os problemas ou falhas ocorridos durante o projeto são analisados e registrados para que erros similares não ocorram em novos projetos. Na Figura 4, é mostrado esquematicamente como se dá a inter-relação entre os diferentes processos de um projeto. Já na Figura 5, ilustra-se como os grupos de processos interagem e o nível de sobreposição em momentos diferentes de um projeto. 17 Figura 4 – Inter-relação entre os processos num projeto (fonte: Ribeiro Filho et al.) Figura 5 – Sobreposição entre os diferentes processos de um projeto (fonte: Ribeiro Filho et al.) Um planejamento de projeto requer uma boa organização geral do trabalho. Isso significa que os itens básicos devem ser definidos, tais como responsabilidades, prazos, alocação de recursos, etc. A Figura 6 mostra um exemplo dos graus de decisão dentro de uma organização em termos da hierarquia da organização. O planejamento da produção é responsável pela elaboração do plano global de utilização dos recursos de produção e material para atender aos pedidos dos clientes. A programação é responsável pela elaboração detalhada e tempos realistas de modo a alcançar as metas definidas pelo planejamento da produção (EGRI, 2004). 18 Figura 6 – Naturezas das decisões organizacionais (Fonte: CEGN/USP) Na parte demarcada da figura, temos o tipo de planejamento ao qual este trabalho se insere, ou seja, o modelo que será apresentado adiante produzirá resultados na fase de planejamento operacional, auxiliando na definição da melhor sequencia de operações de montagens de produtos intermediários e na melhor utilização dos recursos disponíveis. 2.5 – Planejamento da Produção na Construção Naval: A Figura 7, apresenta um exemplo dos principais processos presentes num estaleiro de construção naval. Um estaleiro é uma indústria muito particular, coexistem num mesmo projeto diversas características diferentes, necessitando diferentes processos de produção. Por exemplo, podemos dizer que num estaleiro, a edificação e o acabamento podem ser tratados como uma produção por projetos, já a fabricação de painéis poderia ser uma produção intermitente e a gestão de materiais, ora como um sistema de estoque puro, ora como um sistema de estoque sob demanda (PINTO, 2007). 19 Figura 7 – Exemplos de processos em um estaleiro (Fonte: CEGN/USP) Na parte selecionada da figura, temos o ponto da produção no qual este trabalho se insere, ou seja, o modelo que será descrito, produzirá resultados dentro de oficinas de produção de painéis 2D e 3D, auxiliando o planejamento da produção nestas oficinas. As indústrias de construção naval não utilizavam estes conceitos de planejamento de processos ou gestão da produção. A construção naval sempre foi “tradicional” em termos de como construir e os processos não mudaram muito durante séculos. Foi somente com o uso, primeiramente do aço e depois com a utilização da solda elétrica, que os processos de construção naval começaram a mudar. Outro fator motivador foi a Segunda Guerra Mundial, onde as indústrias tiveram que mudar práticas e conceitos para permitir produzir mais em menos tempo. Várias tecnologias evoluíram ao longo do tempo dentro dos estaleiros e os sistemas de gestão e de planejamento da produção acompanharam esta evolução. 20 Segundo NSRP (2000), a evolução dos estaleiros de construção naval pode ser caracterizada por cinco gerações de estaleiros, a saber: Nível 1 – Estaleiros até o começo da década de 1960. Utilizavam várias carreiras simultaneamente, guindastes de baixa capacidade e nível baixo de mecanização. O acabamento (outfitting) era realizado praticamente todo a bordo, após o lançamento. O estaleiro é caracterizado pelos mais básicos equipamentos, sistemas e técnicas. Nível 2 – É a tecnologia empregada nos estaleiros construídos ou modernizados no final da década de 60 e início de 70. São caracterizados por um menor número de carreiras, em alguns casos um dique de construção, guindastes maiores, e um nível mais elevado de mecanização. Introdução da construção em blocos, com oficinas de pré-montagem afastadas das carreiras, maiores espaços para armazenagem de componentes e galpões com equipamentos mais avançados de fabricação e movimentação. O acabamento era realizado praticamente todo a bordo, após o lançamento. Nível 3 – Corresponde à melhor prática de construção naval do final da década de 1970. Esses estaleiros têm organização orientada ao processo. O layout é planejado para facilitar o fluxo direto e contínuo de material. São instalados, em geral, em grandes áreas, com poucas restrições físicas. Introdução de avançada tecnologia de processamento do aço e fabricação estrutural. Passam a adotar estações de trabalho fixas e claramente definidas. O fluxo de pré-montagem e montagem de blocos toma um aspecto de processo de linha de montagem. É introduzido o acabamento avançado, porém sem integração de projeto, planejamento da construção, controle de materiais e controle do processo. 21 Nível 4 – Refere-se a estaleiros que continuaram a avançar tecnologicamente durante a década de 80. Geralmente um único dique, com ciclos curtos de produção, alta produtividade, extensiva prática de acabamento avançado e alto grau de integração estrutura-acabamento. Esses estaleiros adotam o modelo de organização voltada para o produto. Os conceitos da Tecnologia de Grupo (Group Technology ou Family Technology) são introduzidos na construção naval. Os tamanhos de blocos são otimizados para manter o equilíbrio no fluxo de trabalho, baseado no acabamento por zona. O caráter multifuncional do trabalho na construção naval, imposto pelo novo modelo de produção, ao lado do alto nível de automação, exige novos padrões de formação e treinamento dos trabalhadores. Nível 5 – Representa o estado da arte da tecnologia de construção naval a partir do final da década de 90. É alcançado a partir do nível 4, pelo desenvolvimento da automação e robótica em todas as áreas onde podem ser efetivamente empregadas. Caracteriza-se pela filosofia de produção modular no projeto e na produção, atingindo-se alto nível de padronização de componentes intermediários, mesmo para navios diferentes. O estaleiro desta geração dispõe de estações de trabalho e linhas de processamento especializadas em tipos específicos de blocos, com alto grau de automatização. A tecnologia de grupo começou como uma consequência de uma tentativa de desenvolver um sistema mais eficiente de classificação e codificação para uso na gestão de processos industriais. A tecnologia de grupo é uma técnica para a fabricação de pequenos a médios lotes de processo semelhantes, que são produzidos em uma pequena célula agrupada fisicamente, especificamente equipada para atuar como uma unidade. 22 A tecnologia de grupo requer mais tecnologia de gestão e os estaleiros que a adotaram precisaram modificar suas ferramentas de gestão da produção, introduzindo as metodologias de gerenciamento de projetos. Com estes avanços, os construtores navais tiveram que investir mais em planejamento de projetos e de processos. Aliado à tecnologia de grupo, estudos mais profundos da atividade de construção naval como um todo indicam que o planejamento integrado das atividades requer o uso de diversos procedimentos de planejamento que vão muito além de uma simples programação de projetos. A atividade de planejamento e programação de um estaleiro é uma das atividades mais complexas do ponto de vista do próprio estaleiro. Planejamentos de diferentes estágios da cadeia produtiva como estoques, produção de painéis, montagem de blocos e atividades de acabamento são necessários em praticamente qualquer estaleiro. Cada um dos grandes estágios de construção requer um método diferente de planejamento (PINTO, 2007). O sistema de planejamento manual utilizado antigamente, notadamente nos estaleiros de nível 1 e 2, tem tido um efeito limitado na organização da produção de estaleiros devido a gerar ordens de trabalho não realistas. Isso resulta em atrasos no trabalho, o acúmulo de processos inerentes. Com o sistema de planejamento manual também não é possível responder rapidamente às mudanças do ambiente uma vez que leva muito tempo para realizar uma programação. Para enfrentar esse desafio, muitas empresas de construção naval estão desenvolvendo seus próprios sistemas de planejamento (JINSONG et al., 2009). Nas abordagens tradicionais, o planejamento de processos e a programação da produção são feitos sequencialmente, onde o plano de processo é determinado antes de a programação ser realmente executada. Esta abordagem simples ignora a relação entre a programação e o planejamento (MOON, 2002). 23 KOLISH (2000), escreve que que para indústrias tais como estaleiros, surge um problema quando vários pedidos específicos devem ser fabricados sujeitas a prazos apertados, mas ao mesmo tempo há um longo makespan, proveniente da montagem em ordem específica. Como a capacidade em termos de recursos das indústrias, e em particular dos estaleiros é geralmente escassa, para ser competitivo, nos últimos anos houve uma série de medidas de redução do custo fixo seja por “downsizing” seja por terceirização de processos. As empresas passaram a se concentrar em suas competências essenciais, que são de fabricação, construção e montagem. Tradicionalmente o processo de planejamento e programação em estaleiros sempre foram duas atividades distintas dentro destes tipos de organizações. Estas atividades são frequentemente realizadas em diferentes departamentos sendo Interfaceadas através de um sistema de PCP (Planejamento e Controle de Processos). O planejamento de processo por outro lado, determina como um produto será fabricado. Isto implica na determinação de uma sequência de operação para a fabricação (chamado plano de processo) e a determinação dos recursos e parâmetros de processo de cada operação (chamado plano de operação). Uma operação pode ser um conjunto de etapas que usam os mesmos recursos (KEMPENAERS, 1996). A programação da produção, contudo, determina o momento mais apropriado para executar cada operação para lançar as ordens de produção, tendo em conta os prazos, disponibilidade de uso de oficinas e uma utilização máxima dos recursos, com a finalidade de obter uma alta produtividade. Uma boa organização da produção é um fator chave para garantir o lucro da empresa. Na verdade, cada oficina tem capacidade limitada, mas espera-se que a mesma produza de acordo com as ordens de produção, no tempo pedido e com custo mínimo (KEMPENAERS, 1996). 24 Durante a construção de navios, é muito importante para um estaleiro entregar o navio ao seu proprietário no prazo previsto. Assim, o estaleiro deve possuir um processo de planejamento preciso, investigando uma série de alternativas de projeto o mais cedo possível. No entanto, embora o processo de planejamento possa ser configurado com base em experiências passadas, muitos problemas que não são esperados podem ocorrer durante a produção, uma vez que os navios e estruturas offshore construídos, são diferentes uns dos outros na forma, finalidade e tamanho. Para entender esses problemas e elaborar alternativas de projeto antecipadamente, os projetistas dos estaleiros estão desenvolvendo e utilizando sistemas internos para o planejamento de processos ou utilizando ferramentas de simulação comerciais (CHA ,2010). HUANG (2006) escreve que as deficiências das ferramentas de comunicação tradicionais dentro das organizações, juntamente com os avanços nas tecnologias digitais têm estimulado várias pesquisas e esforços de desenvolvimento de técnicas inovadoras de planejamento do processo de construção a fim de melhorar a visualização da sequência de construção e produtos acabados. O planejamento, programação e controle dos processos internos e processos encadeados da organização pode ser melhorada significativamente por simulação computacional da dinâmica da produção e por modelos de processos de logística operacional (KAARSEMAKER e NIENHUIS, 2006). O planejamento do processo em um estaleiro define a estratégia de trabalho para o navio. Tal operação é muito importante porque a estratégia de trabalho define os custos de produção, e é útil para comparar estratégias de trabalho possíveis através de simulações (SASAKI, 2003). 25 Apesar de não ser nenhuma novidade o uso de modelos matemáticos para otimização de processos, O uso destas ferramentas aliadas à simulações computacionais, é cada vez mais comum em estaleiros. Segundo FU (2002), a otimização levou à solução de grandes problemas de tomada de decisões no mundo real, enquanto que a simulação faz com que sistemas complexos possam ser modelados de forma realista a ponto de proporcionar apoio a decisões operacionais e gerenciais. A otimização costumava impensável, para sistemas reais de interesse (por exemplo, uma planta de manufatura), pois o tempo e os recursos computacionais necessários (main frames ou supercomputadores) não justificavam os resultados porventura obtidos. Agora, a otimização aliada a simulações, podem ser executadas em computadores pessoais, relativamente comuns e apesar do tempo gasto para algumas otimizações/simulações serem altos, o custo da utilização destas ferramente é relativamente baixo, compensando então os resultados obtidos. É consenso entre diversos autores que a tarefa de planejamento em indústrias como estaleiros de construção naval, implica em utilizar um conjunto de técnicas, procedimentos, regulamentos e sistemas de gestão, que devem ser aplicados a cada caso específico. Portanto, uma metodologia de auxílio ao planejamento de fabricação para determinação da melhor programação da produção é altamente pertinente e inovador. 26 3 – Apresentação do Problema: Figura 8 - Linha de fabricação dos painéis (Fonte: First Marine International) A Figura 8 representa uma linha de fabricação de painéis genérica. O problema ao qual este trabalho se propõe a apresentar uma metodologia de análise, se aplica a situações como mostrado na figura acima. Oficinas de submontagem executam processos de fabricação e montagem de elementos, obedecendo a uma programação realizada pelo planejamento operacional do estaleiro. Cabe a produção providenciar os meios necessários à execução das ordens de produção recebidas. Por outro lado, o setor de planejamento, deve realizar a programação da produção levando em conta todas as características da planta de produção, prazos contratuais, características de gestão de pessoas além de outros fatores que possam influenciar na programação da produção. Inicialmente o planejamento deve determinar, para cada ordem de produção, qual é o plano de processo para as submontagens que serão ordenadas. Para tanto é necessário determinar, sequências de montagens, tecnologias empregadas, processos de 27 fabricação etc. Tal sequência de operações irá gerar um procedimento de produção, onde as sequências de montagem e tecnologias de produção são definidas e uma ordem de produção. Quando a produção recebe uma ordem de produção, cabe a mesma executar a ordem dentro dos procedimentos de produção pré-aprovados. Os procedimentos de produção geralmente são criados quando do detalhamento dos elementos a serem fabricados, podendo estar disponíveis muito antes das ordens de produção. Quando isto é verdadeiro, a programação da produção é uma tarefa relativamente fácil. No entanto é muito comum que o detalhamento seja realizado em conjunto com a fabricação, o que pode causar atrasos nas ordens de produção. Isto faz com que com frequência, as ordens de produção tenham prazos muito curtos para serem executadas. Nestas situações, a produção terá que utilizar os procedimentos que demandem em menor tempo de fabricação para atender aos prazos exigidos pelo planejamento. Porém nem sempre o procedimento de menor tempo é o mais eficiente. Os planos de processos determinados pelo setor de planejamento do estaleiro, são baseados em critérios e procedimentos adequados à organização. Estes planos podem levar em consideração vários critérios, que já foram detalhados anteriormente. Estes planos serão então comparados com as restrições que o chão de fábrica impõe, ou seja, disponibilidade de recursos, áreas e “janelas de tempo” para a execução dos trabalhos. A necessidade de uma ferramenta que facilite a tarefa do planejamento em selecionar o melhor plano de processo para as condições disponíveis do estaleiro num determinado momento é de extrema utilidade. Apresentaremos uma metodologia, que baseada num modelo de otimização, irá determinar qual o plano de processo mais adequado, de modo a minimizar o tempo total 28 de fabricação das submontagens estruturais em oficinas de estaleiros de construção naval, integrando o planejamento de processo e a programação da produção. Poucos trabalhos foram escritos a respeito da integração entre o planejamento de processos e a programação da produção. Num destes, KOLISH (2000) apresenta um modelo matemático para a fabricação integrada de peças e submontagens, ou seja, representar a fabricação de certo número de peças que serão utilizadas para montar um conjunto que terão um ou mais destinos. Isto pode esquematicamente ser representado pela Figura 9: Figura 9 – Sequências de operações de fabricação e montagem (fonte: Kolish, 2000) Inicialmente pensado para o caso de indústrias que tem variedade de produtos e vários clientes, um modelo semelhante pode ser utilizado com as devidas adaptações para o cenário da construção em estaleiros, onde temos certo número de peças sendo produzidas para gerar um conjunto de produtos (painéis, submontagens, blocos etc.). A ideia principal no modelo de Kolish é o de reduzir o tempo total de fabricação (“Makespan”), a um custo limitado e com recursos fixos. Este modelo apesar de se aplicar perfeitamente ao caso da construção naval, não leva em consideração certos problemas típicos, como necessidade de espaço para estoques intermediários, compartilhamento de recursos entre diferentes submontagens etc. 29 KOLISH (2001) também apresenta outro modelo que leva em conta a interação entre diferentes áreas de montagens que são utilizadas para a criação de um produto final. Nesse trabalho é levado em conta não só a utilização de recursos associados cada sequência de operações, mas também analisa múltiplas programações atuando em paralelo, para realizar uma operação global. Apesar desse trabalho também estar interessado na redução do tempo total, o enfoque é mais em compatibilizar os tempos entre diferentes áreas de modo a minimizar o atraso na produção do produto final. Apesar de o primeiro modelo representar bem o que acontece dentro de uma oficina de um estaleiro, o segundo modelo, representa melhor o que acontece em várias oficinas de um estaleiro. A Figura 10 apresenta um exemplo típico de uma sequência de montagem em oficinas estruturais de estaleiros, onde uma série de “peças” é usada para formar submontagens, que são unidas em montagens maiores. Montagem Fabricação e Montagem de Blocos A1 SA3 Sub-Montagem Fabricação A2 SA1 P1 SA6 SA2 P2 SA4 P3 SA5 P4 SA7 P5 P6 Figura 10 – Exemplo típico de uma sequência de montagem (fonte: autor) No entanto podemos considerar que um grupo de submontagens, que utilizem os mesmos recursos e áreas pode ser considerado como uma “operação de submontagem”, por exemplo, SA1-SA2-SA3. Desta forma, podemos considerar que a situação possa ser 30 descrita como na Figura 11. Ou seja, podemos considerar que SA1-SA2-SA3, formam uma operação de submontagem de elementos (S1), utilizando as peças P1-P2-P3, e assim por diante. Montagem Fabricação e Montagem de Blocos Fabricação Sub-Montagem A1 A2 S1 P1 P2 S2 P3 P4 S3 P5 P6 Figura 11 – Sequência de montagem equivalente (fonte: autor) A figura acima mostra esquematicamente qual é o escopo deste trabalho, ou seja, determinar qual o melhor plano de processo para produzir um conjunto de submontagens sujeita a restrições de recursos, espaço e prazos, no menor tempo total de fabricação. Uma consideração a ser feita aqui é que, um plano de processo determinado pelo planejamento, leva em conta inúmeros fatores, que irão gerar procedimentos de produção, que deverão ser seguidos nas operações reais de montagem. No entanto neste trabalho as únicas informações relevantes destes planos de processo, são o tempo total do processo determinado pelo planejamento e a quantidade de recursos necessários a este plano. Outra característica importante a ser definida é que, na realidade, um plano de processo não é o tempo de produção, mas sim uma previsão de tempo de processo para fins de programação. Na definição deste tempo, são levados vários fatores em 31 consideração, tais como tempos de parada, ociosidade de processos, turnos de trabalho, regulamentos normativos etc. O caso em estudo tem então as seguintes características: Um conjunto de peças e recursos está disponível à produção, em quantidades que podem ou não ser suficiente à fabricação das submontagens. Os recursos podem ser: peças (reforçadores, borboletas, prumos etc.), operários (soldadores, montadores, marcadores etc.) ou equipamentos (máquinas de solda, pontes rolantes, etc.). Um conjunto de submontagens deve ser fabricado, tendo como características, prazos máximos de fabricação e áreas mínimas de ocupação da oficina, e quantidade de peças necessárias. Existem um ou mais Planos de processo para cada submontagem, tendo como características, uma necessidade mínima de recursos e um tempo de produção. Neste trabalho não será levada em consideração a sequência de montagem em sí, mas sim Planos de Processo. A Figura 12 mostra esquematicamente como duas sequências de montagem diferentes podem levar ao mesmo conjunto final. Qual a melhor? Figura 12 – Esquemas de sequências de montagens (fonte: autor) 32 Um plano de processo, para este trabalho, será caracterizado não pela sequência de montagem, mas pelo tempo de processo e pela necessidade de recursos. A sequência de operações e os processos tecnológicos utilizados num plano de processo irão definir seu tempo de processo e suas necessidades de utilização de recursos, como mostrado esquematicamente na Figura 13. Figura 13 - Representação do Plano de Processo (fonte: Autor) Para o exemplo da Figura 12 poderíamos definir dois planos de processos. Vamos supor que ambas as sequências de montagem utilizam um único montador e três peças (pirâmide, cubo e esfera). Cada sequência de operações significa mover um bloco para a união com o outro e “colá-los”. Na primeira sequência temos um procedimento mais difícil que “gasta” duas vezes mais tempo que o primeiro. Assim podemos definir dois planos de processo; O primeiro tem tempo de processo igual a 2X unidades de tempo e utiliza 4 recursos (montador e três peças) e o segundo tem tempo de processo igual a X unidades de tempo utilizando os mesmos 4 recursos. Numa situação real um plano de processo é escolhido pelo setor de planejamento, utilizando algum critério interno ao setor. Escolhido este plano o mesmo é passado para 33 a produção na forma de ordem de produção que consiste basicamente no projeto de detalhamento da submontagem a ser fabricada, num prazo máximo de fabricação e qual o procedimento utilizado para a fabricação. Nas modelações apresentadas, os planos de processo são caracterizados apenas pelos tempos de processo e pela necessidade de recursos, por este motivo deve-se tomar cuidado na sua caracterização, pois o tempo de processo deve ser determinado de uma maneira que represente realmente algo significativo a ser analisado. Utilizar somente o tempo de fabricação pelo uso de uma determinada tecnologia pode induzir a erros, pois algumas tecnologias são muito rápidas para serem utilizadas, mas muito demoradas para serem preparadas. Na determinação de um plano de processo, devemos considerar todos os fatores “temporais” que influenciam na fabricação, de modo a determinar o tempo de processo, conforme mostrado na Figura 14. Com relação à determinação do tempo de processo, devemos considerar que: Tomar cuidado na sua caracterização, pois o tempo de processo deve ser determinado de uma maneira que represente realmente algo significativo a ser analisado. Na determinação do tempo de um plano de processo, devemos considerar todos os fatores “temporais” que influenciam na fabricação, de modo a determinar o tempo de processo. Figura 14 – Parâmetros usados na determinação do tempo de processo. 34 No capítulo seguinte iremos apresentar sempre dois casos. O primeiro que chamaremos de caso sequencial, é o procedimento descrito acima, ou seja, escolhe-se, através de algum critério do setor de planejamento, qual o plano de processo a ser utilizado para cada submontagem, o que determinará a programação da produção. No segundo caso, analisaremos a mesma fabricação, mas considerando vários planos de processo em conjunto e determinando qual deles é “melhor”. A este segundo caso, chamaremos de caso simultâneo. Para ambos os casos foi gerado um modelo matemático. Na verdade, o caso sequencial é uma simplificação do caso simultâneo que é mais geral, sendo o objetivo principal deste trabalho. No capítulo a seguir, apresentaremos os modelos matemáticos, detalhando os mesmos em termos de seus elementos. Para ambos os modelos, os dados de entrada serão: Um horizonte de tempo de análise; Área de oficina disponível para a fabricação; Um conjunto de submontagens a ser fabricado, que será caracterizado, pela quantidade, da área necessária que cada submontagem ocupará após a fabricação, seus prazos limites, sua necessidade de peças e quais os planos de processo aplicáveis à submontagem; Quais peças serão necessárias às submontagens e o espaço ocupado pelas mesmas antes da fabricação; Quais planos de processos estão disponíveis, sendo os mesmos representados pelo tempo de processo da submontagem utilizando este plano e da necessidade de recursos que o plano implica; 35 Quais os recursos disponíveis por unidade de tempo, dentro do período de análise. Uma consideração sobre os modelos apresentados é que propositalmente não foi imposta nenhuma precedência quanto a ordem de fabricação das submontagens. Isto é o caso mais comum em oficinas de submontagens, onde não existe realmente nenhuma precedência, ou seja, qualquer submontagem pode começar primeiro, ou realizar submontagens em paralelo, dependendo unicamente da disponibilidade de recursos. No entanto o modelo como formulado, não se aplica aos casos de montagem de blocos ou da edificação, onde a precedência é fator importante. Consideramos que o caso apresentado é a base, que pode servir a trabalhos futuros, onde estes aspectos poderão ser considerados. Outra consideração importante é que para o modelo também não existe nenhuma prioridade em relação aos planos de processo, os seja, qualquer plano de processo pode ser escolhido se ele for viável. Apesar de conceitualmente isto estar correto, não é razoável que, por exemplo, painéis iguais sejam ao mesmo tempo fabricados por planos de processo diferentes, simultaneamente. Devido à simplicidade do exemplo utilizado para painéis iguais, este caso não ocorreu, mas caso ocorra, o resultado deve ser considerado inválido. Já no caso de painéis diferentes, a situação é possível e deve ser analisada com cuidado da sua viabilidade ou não. 36 4 – Formulação do Modelo Matemático: Conforme dito anteriormente, dois casos serão analisados, um modelo sequêncial e um modelo simultâneo. Ambos serão apresentados a seguir, com as considerações devidas a cada caso. 4.1 – Limites Iniciais: Inicialmente vamos definir um dos dados de entrada mais importantes do modelo, pois definem o espaço solução do problema. Apesar de poderem ser fornecidos a critério do planejamento, apresentaremos aqui uma sugestão par estes limites. Os limites de tempos de início e final de montagem para o caso sequencial, podem ser determinados através das equações 1 a 4, mostrados a seguir: ( ) ( ) ( ) ( ) Onde: ESTb – menor tempo inicial para a submontagem b; LSTb – maior tempo inicial para a submontagem b; EFTb – menor tempo final para a submontagem b; LFTb – maior tempo final para a submontagem b; TPb – Tempo de processamento da submontagem b; DDb = Prazo de conclusão de cada submontagem b; T – Horizonte de tempo de avaliação. Obs.: Por questões de implementação computacional, não trabalharemos com t=0, sendo os tempos neste trabalho sempre: t={1,2,3,..., T}. 37 As equações 1 a 4 são dados de entrada escolhidos a critério do planejamento. As equações acima são apenas uma sugestão, podendo ser utilizados outras formas de limites. Porque a necessidade de limites? Três deles são óbvios. O limite LFT é o prazo máximo de fabricação; O limite EFT é o menor prazo inicial mais o tempo do plano de processo utilizado; O limite LST é o Prazo máximo de fabricação menos o tempo do plano de processo utilizado. Mas como definir o limite EST? O valor de EST pode variar do tempo 1 até o valor de LST, como escolher este limite? Por exemplo, se temos um plano de processo com tempo igual a 7 ut (unidades de tempo) e adotarmos EST=1 para todo o horizonte de tempo, temos a situação mostrada no gráfico 1. O espaço solução seria delimitado pelas linhas azul (EFT) e verde (LFT). Tempo de Finalização das Submontagens Limites Inferior e Superior dos Tempos de Finalização da Submontagem 35 30 25 20 EST 15 LST 10 EFT LFT 5 0 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Prazos de Finalização das Submontagens Gráfico 1 – Exemplo1 para limites superior e inferior 38 Mas utilizarmos para EST um valor igual a DDb-3*TPb, vemos pelo gráfico 2 que o espaço solução se altera. Qual é a situação melhor? A princípio não há uma resposta, pois esta irá depender de cada situação em particular. Deve-se lembrar que estes limites são para cada uma das submontagens e variam em função do tempo de processo e do prazo que cada uma das submontagens apresentar durante a análise. Por exemplo, se tivermos 3 submontagens idênticas sendo fabricadas com o mesmo prazo final para todas, temos um único conjunto de limites (EST, LST, EFT, LFT), mas se para este mesmo conjunto de submontagens, tivermos prazos diferentes de finalização, por exemplo, um para cada, teremos três conjuntos de limites de tempo. Ou seja, este limites são função de f(b, DDb, TPb) no caso sequencial e função f(b,d,DDb, TPb,d) no caso simultâneo. Nos resultados numéricos apresentados no próximo capítulo será indicado qual foi o valor utilizado na determinação dos limites. Tempo de Finalização das Submontagens Limites Inferior e Superior dos Tempos de Finalização da Submontagem 35 30 25 20 EST 15 LST 10 EFT LFT 5 0 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Prazos de Finalização das Submontagens Gráfico 2 – Exemplo2 para limites superior e inferior 39 Para o caso simultâneo, a formulação dos limites é muito semelhante, no entanto temos agora que levar em consideração os múltiplos planos de processo presentes na análise. As fórmulas utilizadas na modelação são mostradas nas equações 5 a 8. Da mesma forma que no caso simultâneo, os limites LST, EFT e LFT são óbvios, mas agora calculados não em função de um tempo de processo único, mas sim em função do menor valor do conjunto de tempos de processo fornecidos. { } ( ) { } ( ) { } ( ) { } ( ) Onde: ESTb – menor tempo inicial para a submontagem b; LSTb – maior tempo inicial para a submontagem b; EFTb – menor tempo final para a submontagem b; LFTb – maior tempo final para a submontagem b; TPb,d – Tempo de processamento da submontagem b utilizando o plano de processo d; DDb = Prazo de conclusão de cada submontagem b; Jb,d – Parâmetro binário, =1 se a submontagem b pode ser produzida pelo plano de processo d, =0 nos demais casos; T – Horizonte de tempo de avaliação. 40 A representação gráfica do problema é semelhante ao caso anterior, bem como a escolha do limite EST, sendo válidas todas as considerações feitas para o caso sequencial. 4.2 – Modelo Sequencial: Formularemos inicialmente a modelação para o caso que normalmente é utilizado nos estaleiros, ou seja, um plano de processo é escolhido, por critérios do setor de planejamento e necessita-se apenas otimizar a programação da produção em termos da disponibilidade de recursos. O modelo matemático representa o problema, podendo interagir com os parâmetros de produção de modo a determinar a programação da produção de uma ordem de trabalho. Assume-se que é conhecido: As peças necessárias à submontagem necessitam de área de armazenagem na oficina durante a fabricação da submontagem, sendo fornecidas sempre na quantidade suficiente para a fabricação das submontagens; Um conjunto de submontagens, cada um dos quais possuem, área mínima para montagem, um tempo de processo e um conjunto de recursos, que podem ou não ser suficientes para a fabricação. Assim, o Modelo Sequencial, determina a programação da produção mais adequada, minimizando o tempo total de fabricação de um conjunto de operações de submontagem, sujeito a restrições de recursos e prazos. Conforme dito anteriormente, para esta modelação, o plano de processo é representado pelo seu tempo de processo e pela necessidade de recursos de cada submontagem. Neste caso em questão (sequencial), o tempo de processo e a necessidade de recursos são impostos. O modelo responde com a melhor programação de produção 41 dentro dos recursos disponíveis e restrições impostas a sua fabricação. Assim os resultados dados por este modelo estão limitados pela escolha do plano de processo. O modelo matemático para o caso sequencial é representado pelas equações 9 a 17, e esquematicamente pela Figura 15: Figura 15 - Representação modelo Sequencial (fonte: autor) ∑ ∑ ( ) sujeito a: ∑( ( ) ) ( ∑ ) 42 ( ) ( ) ∑( ) ∑∑ ∑ ( ) ( ) ∑ ∑ * + ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Onde: He – Quantidade de recursos e necessários para executar a montagem; Ib – Área necessária para produzir a submontagem b; DDb = Prazo de conclusão de cada submontagem b; Ke,t – Quantidade de recursos e disponíveis por período de tempo t Sf – área necessária para cada peça na oficina antes da fabricação; Gbf – Quantidade de peças f necessária à submontagem b; L – Área da oficina de montagem; T – Horizonte de tempo de avaliação; TPb – Tempo de processamento da submontagem b; Mb,t – Variável binária, =1 se a submontagem b é finalizada no período de tempo t, =0 nos demais casos; Yb,t – Variável binária, =1 se a submontagem b está sendo processada no tempo t, =0 nos demais casos; 43 ESTb – menor tempo inicial para a submontagem b; LSTb – maior tempo inicial para a submontagem b; EFTb – menor tempo final para a submontagem b; LFTb – maior tempo final para a submontagem b. Explicando cada Item: ∑ ∑ A função objetivo (9) visa minimizar o tempo total de fabricação de todas as submontagens. ∑( ) A restrição (10) verifica se haverá recursos para a fabricação de cada submontagem em cada período de tempo. ( ) ( ∑ ) A restrição (11) garante que se uma submontagem termina num determinando instante de tempo t, a fabricação é iniciada com a duração do tempo de processo do plano de processo utilizado. 44 ∑( ) ∑∑ A restrição (12) verifica se haverá área na oficina, para as peças e para a cada submontagem durante sua fabricação. ∑ A restrição (13) garante que a fabricação acontecerá respeitando os prazos limites para cada submontagem. ( ) ( ) A restrição (14) garante que a fabricação respeitará o tempo de processo. ∑ A restrição (15) garante que uma submontagem será finalizada. ∑ A restrição (16) assegura que a finalização da fabricação não ocorra num tempo menor que o EFT (earliest finish time) desta submontagem. * + A restrição (17) garante a binariedade das variáveis. 45 4.3 - Modelo Simultâneo: Analisaremos agora o caso em que existem mais de um plano de processo possível para se fabricar uma submontagem, ou seja, uma mesma submontagem pode ser feita de maneiras diferentes ou com processos diferentes resultando num mesmo produto final, como mostrado esquematicamente na Figura 12. Qual é a maneira mais eficaz de se fabricar uma submontagem? Conforme dito, não será levado em consideração a sequencia de montagem em si, mas o tempo de fabricação e a necessidade de recursos que um determinado plano de processo impõe a uma montagem. O modelo matemático representa o problema, podendo interagir com os parâmetros de produção de modo a determinar quais os planos de processos mais adequados à fabricação das submontagens, minimizando o tempo total de fabricação de uma ordem de trabalho. O modelo deve determinar qual o plano de processo mais adequado à execução da programação da produção, minimizando o tempo total de fabricação de um conjunto de operações de submontagem, sujeito a restrições de recursos e peças. Assume-se que é conhecido: As peças necessárias à montagem necessitam de área de armazenagem na oficina durante a fabricação da submontagem, sendo fornecidas sempre na quantidade suficiente para a fabricação das submontagens; Um conjunto de submontagens, cada uma dos quais possui, área mínima para montagem, podendo ser produzidos por um ou mais conjuntos de plano de processo, sendo que cada submontagem só pode utilizar um único plano de durante sua fabricação; 46 Cada operação de submontagem requer um tempo de execução e um conjunto de recursos, que podem ou não ser suficientes para a fabricação. Conforme dito anteriormente, para esta modelação, o plano de processo é representado pelo seu tempo de processo e pela necessidade de recursos de cada submontagem. No caso simultâneo temos então um conjunto de planos de processo possíveis, cada um com o seu tempo de processo e necessidade de recursos. O modelo responde com o melhor plano de processo, para cada submontagem, dentro dos recursos disponíveis e restrições impostas a sua fabricação de modo a fornecer o menor tempo total de fabricação (Makespam). O modelo matemático para o caso simultâneo é então representado pelas equações 18 a 26, e pela Figura 16, apresentada a seguir: Figura 16 – Representação do Modelo Simultâneo (fonte: autor) 47 ∑ ∑ ∑ ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ∑ ∑ ( ) ∑∑ ( ) ( ) sujeito a: ∑ ∑( ) ( ) ( ∑( ) ) ∑∑ ∑ ( ) * ( ) + Onde: He,d – Quantidade de recursos e necessários para executar o plano de processo d; Ib – Área necessária para produzir a submontagem b; DDb = Prazo de conclusão de cada submontagem b; Jb,d – Parâmetro binário, =1 se a submontagem b pode ser produzida pelo plano de processo d, =0 nos demais casos; Ke,t – Quantidade de recursos e disponíveis por período de tempo t 48 Sf – área necessária para cada peça na oficina antes da fabricação; Gbf – Quantidade de peças f necessária à submontagem b; L – Área da oficina de montagem; T – Horizonte de tempo de avaliação; TPb,d – Tempo de processamento da submontagem b se produzido utilizando o plano de processo d; Mb,d,t – Variável binária, =1 se a submontagem b é finalizada usando o plano de processo d no período de tempo t, =0 nos demais casos; Yb,d,t – Variável binária, =1 se a submontagem b está sendo processada utilizando o plano de processo d no tempo t, =0 nos demais casos; ESTb – menor tempo inicial para a submontagem b; LSTb – maior tempo inicial para a submontagem b; EFTb – menor tempo final para a submontagem b; LFTb – maior tempo final para a submontagem b. Explicando cada item: ∑ ∑ ∑ A função objetivo visa minimizar o tempo total de fabricação de todas as submontagens. 49 ∑ ∑( ) A restrição (19) verifica se haverá recursos para a fabricação de cada submontagem em cada período de tempo. ( ) ( ) A restrição (20) garante que se uma submontagem termina num determinando instante de tempo t, utilizando um plano de processo d, a fabricação é iniciada com a duração do tempo de processo do plano de processo utilizado. ∑( ) ∑∑ A restrição (21) verifica se haverá área na oficina, para as peças e para a cada submontagem durante sua fabricação. ∑ A restrição (22) garante que a fabricação acontecerá respeitando os prazos limites para cada submontagem. ( ) ( ) A restrição (23) garante que a fabricação respeitará o tempo de processo do plano de processo escolhido. 50 ∑ ∑ A restrição (24) garante que uma submontagem finalizada só pode utilizar um único plano de processo. ∑∑ A restrição (25) assegura que a finalização da fabricação não ocorra num tempo menor que o EFT (earliest finish time) desta submontagem. * + A restrição (26) garante a binariedade das variáveis. De forma diferente do caso anterior, nesta modelação, um conjunto de planos de processo possíveis é apresentado, sendo representados pelo seu tempo de processo e pela necessidade de recursos de cada submontagem. O modelo responde com o “melhor plano de processo” para uma programação de produção dentro dos recursos disponíveis e restrições impostas a sua fabricação no menor tempo total possível. Cabe ressaltar que o “melhor plano de processo”, é o plano de processo mais adequado, não sendo necessariamente o de menor tempo de processo, nem o que utiliza menos recursos, mas sim o que no conjunto de restrições impostas, realiza o total de submontagens no menor tempo total. 51 4.4 – Implementação Computacional: Para obter resultados numéricos, torna-se necessário uma implementação computacional dos modelos matemáticos apresentados. Para tanto, foi utilizado o software LINGO© da “Lindo Systems”, considerado líder de mercado. O software possui na sua interface, uma linguagem computacional própria, no qual os modelos matemáticos sequenciais e simultâneos foram modelados. Os trechos de código correspondentes são apresentados nos anexos. Figura 17 – Interface do sofware LINGO (fonte: autor) Para a solução do problema matemático o LINGO utilizou o método de solução “Branch and Bound”, que é uma estratégia de divisão e conquista para problemas de natureza inteira mista, conforme explicado resumidamente a seguir: Divida um problema P em um conjunto de subproblemas {SPk} de forma que a solução de P possa ser obtida através da solução dos subproblemas. Resolva os subproblemas. Obtenha a solução do problema a partir das soluções dos subproblemas. 52 As divisões são feitas iterativamente, sempre observando que os subproblemas devem ser mais fáceis de serem resolvidos que o problema original, como exemplificado na Figura 18. Também se busca descartar subproblemas por meio de enumeração implícita, ou seja, descartam-se subproblemas desde que estes não contenham a solução ótima. Figura 18 – Exemplo de método Branch and Bound (fonte: internet) 53 5 – Exemplos Numéricos: Apresentaremos dois exemplos numéricos para análise. No primeiro, temos um painel simples, onde a análise será feita realizando a montagem. Neste exemplo temos os planos de processo caracterizados por sequências de operações diferentes, resultando em planos de processos diferentes. No segundo exemplo, temos um caso de um conjunto de painéis diferentes, tendo que ser fabricados em conjunto. Neste exemplo os planos de processo serão caracterizados não pela sequência de montagem, mas pela utilização de recursos tecnológicos diferentes, no caso o processo de soldagem. Não julgamos necessários mais exemplos, pois dentro do escopo deste trabalho, ou seja, a análise de submontagens estruturais em oficinas de estaleiros, a grande maioria de casos recairá num destas situações, ou seja, a análise de um único tipo de painel, ou a análise de vários painéis em conjunto. Na caracterização dos tipos de planos de processo, também optamos por duas situações que refletem a maioria dos casos, ou seja, utilizamos planos de processos distintos, obtidos pela existência de sequência de operações diferentes, foram utilizados planos de processo diferentes pela atribuição de processos tecnológicos distintos. Poderíamos misturar as duas situações, mas novamente numa relação custobenefício, isto não traria nenhuma análise diferente ao problema, sendo apenas uma “dificuldade adicional”. Nos gráficos apresentados a seguir os resultados não foram explicitados quais os planos de processo escolhidos. Isto se deve porque, como comentado anteriormente, não existe qualquer precedência na escolha do plano de processo, portanto, qualquer solução viável é válida. 54 5.1 – Painel Simples: Neste primeiro exemplo, apresentamos um painel plano simples, formado por uma chapa, três reforços tipo L e duas hastilhas, conforme mostrado na Figura 19. Para este painel apresentaremos três casos para análise, sempre comparando os resultados entre o modelo sequencial e o simultâneo: Caso 1 – um único painel com recursos infinitos, sendo analisado para diferentes prazos de conclusão; Caso 2 – Três painéis idênticos, com recursos infinitos, sendo analisado para diferentes prazos de conclusão; Caso 3 – Três painéis idênticos, porém com recursos disponíveis por unidade de tempo, suficiente para apenas duas montagens simultâneas. Figura 19 – Painel simples para análise (fonte: autor) Os recursos disponíveis são: Montadores – pessoas e equipamentos necessários à montagem; Soldadores – pessoas e equipamentos necessários à soldagem Ponte rolante semiautomática – Operada por um dos montadores e com capacidade para içar uma grelha composta de duas hastilhas e três reforços. 55 As peças disponíveis são: Chapas, reforçadores e hastilhas; Serão apresentados três planos de processo: No primeiro, posiciona a chapa, posiciona-se e soldam-se primeiramente os reforços e depois se posiciona e soldam-se as hastilha. No segundo, posiciona a chapa, posiciona-se e soldam-se primeiramente as hastilhas e depois os posicionam-se e soldam-se os reforços. No terceiro, posicionam-se as hastilhas de cabeça para baixo, posicionamse os reforços nas hastilhas, formando uma “caixa de ovo” e depois o conjunto é virado por cima de uma chapa, onde são finalmente soldados. As Tabelas a seguir, descrevem resumidamente as atividades e cada plano de processo, com seus tempos e necessidade de recursos. Os recursos são genéricos e resumem na verdade um conjunto de recursos que seriam necessários a uma mesma atividade. Plano de Processo 1 - Recursos Necessários: 2 Montadores, 1 Ponte rolante e 1 soldador. Tempo de Processo: 8 h (480 min.) Atividade 1 2 3 4 5 6 7 8 Total Descrição Posicionar Chapa Posicionar e pontear reforço 1 Posicionar e pontear reforço 2 Posicionar e pontear reforço 3 Soldar reforços Empurrar e pontear hastilha Empurrar e pontear hastilha Soldar Hastilhas - Recursos Montador =2, Ponte Rolante = 1 Montador = 2, Ponte Rol. =1, Soldador = 1 Montador = 2, Ponte Rol. =1, Soldador = 1 Montador = 2, Ponte Rol. =1, Soldador = 1 Montador = 2, Ponte Rol. =1, Soldador = 2 Montador = 2, Ponte Rol. =1, Soldador = 1 Montador = 2, Ponte Rol. =1, Soldador = 1 Soldador = 2 - Tabela 1 – Atividades do plano de processo 1 56 Tempo 15 min 15 min 15 min 15 min 250 min 20 min 20 min 130 min 480 min Plano de Processo 2 - Recursos Necessários: 2 Montadores, 1 Ponte rolante e 2 soldadores. Tempo de Processo: 9 h (540 min.) Atividade 1 2 3 4 5 6 7 Totais Descrição Posicionar chapa Pos. e pontear hastilha 1 na base Pos. e pontear hastilha 2 na base Empurrar e pontear reforço 1 Empurrar e pontear reforço 2 Empurrar e pontear reforço 3 Soldar reforços e hastilhas - Recursos Montador = 2, Ponte Rol. =1, Soldador = 1 Montador = 2, Ponte Rol. =1, Soldador = 1 Montador = 2, Ponte Rol. =1, Soldador = 1 Montador = 2, Ponte Rol. =1, Soldador = 1 Montador = 2, Ponte Rol. =1, Soldador = 1 Montador = 2, Ponte Rol. =1, Soldador = 1 Soldador = 2 - Tempo 25 min 30 min 30 min 20 min 20 min 20 min 400 min 540 min Tabela 2 – Atividades do plano de processo 2 Plano de Processo 3 - Recursos Necessários: 4 Montadores, 1 Ponte rolante e 2 soldadores. Tempo de Processo: 7 h (420 min.) Atividade 1 2 3 4 5 6 7 Totais Descrição Pos. e pontear hastilha 1 de “cabeça para baixo” Pos. e pontear hastilha 2 de “cabeça para baixo” Emp., soldar ref. 1 nas hastilhas Emp., soldar ref. 2 nas hastilhas Emp., soldar ref. 3 nas hastilhas Virar a grelha, posicionar na chapa e pontear Soldar reforços e hastilhas - Recursos Montador = 2, Ponte Rol. =1, Soldador = 1 Tempo 30 min Montador = 2, Ponte Rol. =1, Soldador = 1 30 min Montador = 2, Ponte Rol. =1, Soldador = 2 Montador = 2, Ponte Rol. =1, Soldador = 2 Montador = 2, Ponte Rol. =1, Soldador = 2 Montador = 4, Ponte Rol. =1, Soldador = 2 10 min 10 min 10 min 20 min Montador = 2, Ponte Rol. =1, Soldador = 1 - 310 min 420 min Tabela 3 – Atividades do plano de processo 3 5.1.1 – Caso 1 - Uma única submontagem, recursos infinitos: Analisaremos primeiramente, uma única submontagem, com recursos suficientes em todo o período analisado, área suficiente na oficina, variando-se os prazos de conclusão. Na abordagem sequencial foram obtidos resultados do modelo sequencial utilizando os tempos de processo e os recursos de cada um dos planos de processo. Na abordagem simultânea foi utilizado o modelo com os três planos de processo analisados simultaneamente. Os resultados obtidos são apresentados no Gráfico 3 e na Tabela 4. Aplicou-se a modelação variando-se os prazos de conclusão para os tempos de processo de cada um dos planos apresentados (TP=7, TP=8, TP=9), obtendo-se os tempos de conclusão das 57 montagens. No caso simultâneo, os três planos de processo são analisados ao mesmo tempo (TP={7,8,9}). Neste conjunto de resultados, foram feitas um total de 84 rodadas, tendo cada uma levado em média 2 min te tempo de execução com o software Lingo. DD (h) 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Caso Sequencial (h) TP=7 TP=8 TP=9 8 8 9 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 8 9 10 9 9 10 10 9 10 11 10 10 12 11 10 13 12 11 14 13 12 15 14 13 16 15 14 17 16 15 18 17 16 19 18 17 20 19 18 21 20 19 22 21 20 23 22 21 Caso Simultâneo (h) TP={7,8,9} 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Tempo de Finalização da Submontagem (h) Tabela 4 – Resultados 1 submontagem sequencial x simultâneo Comparação para 1 Submontagem Sequencial x Simultâneo 25 20 15 TP=7 10 TP=8 5 TP=9 0 TP={7,8,9} 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 Prazos para a Conclusão das Submontagens (h) Gráfico 3 – Tempos de finalização da submontagem sequencial x simultâneo 58 5.1.2 – Caso 2 – Três Submontagens, recursos infinitos: Aqui apresentamos os resultados para três submontagens iguais, com recursos suficientes em todo o período analisado, área suficiente na oficina para todas as submontagens simultaneamente, variando-se os prazos de conclusão, porém sendo os mesmos iguais para as três submontagens. Na abordagem sequencial foram obtidos resultados do modelo sequencial utilizando os tempos de processo e os recursos de cada um dos planos de processo. Na abordagem simultânea foi utilizado o modelo com os três planos de processo analisados simultaneamente. Os resultados obtidos pela modelação são apresentados no Gráfico 4 e na Tabela 5. Aplicou-se a modelação variando-se os Prazos de Conclusão para os tempos de processo, obtendo-se os tempos de conclusão das montagens (TP=7, TP=8, TP=9). No caso simultâneo, os três planos de processo são analisados ao mesmo tempo (TP={7,8,9}). Pode-se notar que os resultados são idênticos ao caso anterior para cada uma das submontagens, pois como não existe limitação de recursos e existe área suficiente, para três submontagens simultâneas, tudo acontece como se houvesse uma única submontagem sendo executada, ou seja, três equipes estariam trabalhando simultaneamente nas submontagens, sem nenhuma concorrência entre elas. Neste conjunto de resultados, foram feitas um total de 84 rodadas, tendo cada uma levado em média 3,5 min te tempo de execução com o software Lingo. 59 Caso Sequencial (h) Caso Simultâneo (h) DD (h) A1,A2,A3 A1,A2,A3, A1, A2,A3 A1, A2, A3 TP=7 TP=8 TP=9 TP={7,8,9} 8 8,8,8 8,8,8 9 8,8,8 9,9,9 8,8,8 10 8,8,8 9,9,9 1,10,100 8,8,8 11 8,8,8 9,9,9 10,10,10 8,8,8 12 8,8,8 9,9,9 10,10,10 8,8,8 13 8,8,8 9,9,9 10,10,10 8,8,8 14 8,8,8 9,9,9 10,10,10 8,8,8 15 8,8,8 9,9,9 10,10,10 8,8,8 16 9,9,9 9,9,9 10,10,10 8,8,8 17 10,10,10 9,9,9 10,10,10 8,8,8 18 11,11,11 10,10,10 10,10,10 8,8,8 19 12,12,12 11,11,11 10,10,10 8,8,8 20 13,13,13 12,12,12 11,11,11 9,9,9 21 14,14,14 13,13,13 12,12,12 10,10,10 22 15,15,15 14,14,14 13,13,13 11,11,11 23 16,16,16 15,15,15 14,14,14 12,12,12 24 17,17,17 16,16,16 15,15,15 13,13,13 25 18,18,18 17,17,17 16,16,16 14,14,14 26 19,19,19 18,18,18 17,17,17 15,15,15 27 20,20,20 19,19,19 18,18,18 16,16,16 28 21,21,21 20,20,20 19,19,19 17,17,17 29 22,22,22 21,21,21 20,20,20 18,18,18 30 23,23,23 22,22,22 21,21,21 19,19,19 Tabela 5 – Resultados 3 submontagens com prazos iguais Tempo de Finalização da Submontagem (h) Comparação para 3 Submontagens Sequencial x Simultâneo 25 20 15 TP=7 10 TP=8 TP=9 5 TP={7,8,9} 0 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 Prazos para a Conclusão das Submontagens (h) Gráfico 4 – 3 submontagens sequencial x simultâneo com recursos infinitos 60 5.1.3 – Caso 3 – Três Submontagens, recursos finitos: Apresentam-se agora os resultados para a análise de três submontagens iguais, com os recursos disponíveis por unidade de tempo suficiente apenas para duas submontagens simultâneas em todo o período analisado, área suficiente na oficina para todas as submontagens simultaneamente, variando-se os prazos de conclusão, tendo a cada variação prazos diferentes para cada uma das três submontagens. Na abordagem sequencial foram obtidos resultados do modelo sequencial utilizando os tempos de processo e os recursos de cada um dos planos de processo. Na abordagem simultânea foi utilizado o modelo com os três planos de processo analisados simultaneamente. Os resultados foram obtidos para a modelação utilizando 3 submontagens no caso sequencial para os tempos de processos dos planos apresentados. No caso simultâneo os planos de processo são analisados em conjunto. Em cada “rodada” do modelo foram utilizados três prazos de conclusão diferentes para cada submontagem. Aqui limitamos propositalmente a quantidade de recursos disponíveis por unidade de tempo de modo a não ser viável a fabricação simultânea de três painéis ao mesmo tempo. Para obter resultados viáveis, os prazos de conclusão a cada rodada do modelo foram espaçados de modo que a não haver superposição de fabricação. Por exemplo: Prazo de 8 h para o primeiro painel, 16 h para o segundo e 24 h para o terceiro, conforme mostrada na Tabela 6. Rodadas 1 2 3 4 5 6 7 DD para A1 (h) DD para A2 (h) DD para A3 (h) 8 16 24 9 17 25 10 18 26 11 19 27 12 20 28 13 21 29 14 22 30 Tabela 6 - Valores de DD para cada rodada 61 Isto foi feito tanto para o modelo sequencial, como para o simultâneo. Observouse neste caso que os valores independentes de cada submontagem apresentados no Gráfico 5 e na Tabela 7, possuem os mesmos valores que para os casos com uma única submontagem. Isto porque, apesar dos recursos serem suficientes para apenas duas montagens simultâneas, o espaçamento entre os prazos de conclusão fazem com que novamente a situação seja análoga ao de uma única submontagem. Caso Sequêncial (h) DD (h) Caso Simultâneo (h) A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3 (TP=7) (TP=7) (TP=7) (TP=8) (TP=8) (TP=8) (TP=9) (TP=9) (TP=9) A1 TP={7,8,9} A2 TP={7,8,9} A3 TP={7,8,9} 8 8 - - - - - - - 8 - - 9 8 - - 9 - - - - 8 - - 10 8 - - 9 - - 10 - 8 - - 11 8 - - 9 - - 10 - 8 - - 12 8 - - 9 - - 10 - 8 - - 13 8 - - 9 - - 10 - 8 - - 14 8 - - 9 - - 10 - 8 - - 15 - - - - - - - - - - - 16 - 9 - - - - - - - 8 - 17 - 10 - - 9 - - - - 8 - 18 - 11 - - 10 - - 10 - - 8 - 19 - 12 - - 11 - - 10 - - 8 - 20 - 13 - - 12 - - 11 - - 9 - 21 - 14 - - 13 - - 12 - - 10 - 22 - 15 - - 14 - - 13 - - 11 - 23 - - - - - - - - - - - 24 - - 17 - - - - - - - 13 25 - - 18 - - 17 - - - - 14 26 - - 19 - - 18 - 17 - - 15 27 - - 20 - - 19 - 18 - - 16 28 - - 21 - - 20 - 19 - - 17 29 - - 22 - - 21 - 20 - - 18 30 - - 23 - - 22 - 21 - - 19 Tabela 7 – Resultados 3 submontagens caso sequencial com prazos diferentes Aqui podemos começar a ver uma das vantagens da modelação, ou seja, conseguir analisar possibilidades de limitações de recursos e encontrar soluções ainda na faze de planejamento de forma simples e eficiente. 62 Neste conjunto de resultados, foram feitas um total de 28 rodadas, tendo cada uma levado variado entre 15 a 50 min te tempo de execução com o software Lingo. Comparação para 3 Submontagens Sequêncial x Simultâneo Tempo de Finalização das Submontagens (h) 25 A1 (TP=7) 20 A2 (TP=7) A3 (TP=7) 15 A1 (TP=8) 10 A2 (TP=8) A3 (TP=8) 5 A1 (TP=9) A2 (TP=9) 0 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 Prazos para a Conclusão das Submontagens (h) A3 (TP=9) Gráfico 5 – 3 submontagens sequencial x simultâneo, recursos finitos 5.2 – Múltiplos Painéis: Neste exemplo apresentaremos um caso onde temos um “mix” de painéis diferentes a serem montados numa oficina, onde podemos utilizar diferentes processos de soldagem. Aqui ao contrário do caso anterior, a sequência de montagem de cada painel não varia, sendo o processo de soldagem que pode variar, criando então planos de processos diferentes. Para o exemplo, temos um conjunto de 8 painéis a serem montados, sendo que os painéis A1 e A2, mostrados na Figura 20 são de um tipo; Os painéis A3, A4, A5 e A6, mostrados na Figura 21 são de um segundo tipo, e os painéis A7 e A8, respectivamente nas Figura 22 e Figura 23 são de tipos diferentes. 63 Figura 20 – Painéis A1 e A2 (fonte: autor) Figura 21 – Painéis A3 a A6 (fonte: autor) Figura 22 – Painel A7 (fonte: autor) 64 Figura 23 – Painel A8 (fonte: autor) Neste exemplo os recursos disponíveis são: R1 - Equipamento de Solda com Eletrodo Revestido R2 - Equipamento de Solda por Gravidade R3 - Equipamento de Solda MIG R4 - Soldador R5 – Montador Para simplificação da análise, considera-se que o recurso soldador, pode operar os três tipos de equipamentos e o recurso montador, também está habilitado a executar todas as operações de montagem necessárias. Os Processos adotados, que definem os três tipos de planos de processo, são: PP1 - Solda Manual por eletrodo revestido PP2 - Solda por Gravidade PP3 - Solda Mig 65 A Quantidade de recursos necessários por cada plano de processo é dado pela Tabela 8, mostrada abaixo: PP1 PP2 PP3 R1 1 0 0 R2 0 1 0 R3 0 0 1 R4 1 1 1 R5 1 1 1 Tabela 8 – Quantidade de recursos por plano de processo Os tempos de processo para cada painel por plano de processo é mostrado a seguir na Tabela 9. PP1 (h) PP2 (h) PP3 (h) A1 4 2 1 A2 4 2 1 A3 3 2 1 A4 3 2 1 A5 3 2 1 A6 3 2 1 A7 6 5 3 A8 8 6 4 Tabela 9 – Tempos de processo de cada painel por plano de processo Do Gráfico 6 ao Gráfico 8 e da Tabela 10 a Tabela 12, são mostrados os resultados obtidos para o modelo sequencial utilizando cada um dos três planos de processo, executados para o “mix” de painéis, com recursos ilimitados e área suficiente às montagens. 66 5.2.1 – Caso Sequencial – Plano de Processo 1 – Recursos ilimitados: DD (h) 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 A1 (PP1 {TP=4}) 5 5 5 5 5 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Caso sequencial - Plano de Processo 1 (h) A3 (PP1 A7 (PP1 A8 (PP1 {TP=3}) {TP=6}) {TP=8}) 4 4 4 4 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 7 7 7 7 7 7 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 9 9 9 9 9 9 9 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Tempo de Finalização das Submontagens (h) Tabela 10 – Resultados múltiplos painéis, sequencial, plano de processo 1 Caso Sequencial Plano de Processo 1 25 20 15 A1 (PP1 {TP=4}) A3 (PP1 {TP=3}) 10 A7 (PP1 {TP=6}) 5 A8 (PP1 {TP=8}) 0 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021222324 Prazos de Finalização das Submontagens (h) Gráfico 6 – Tempos de finalização para o plano de processo 1 67 5.2.2 – Caso Sequencial – Plano de Processo 2 – Recursos ilimitados: DD (h) 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 A1 (PP2 {TP=2}) 3 3 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Caso Sequêncial - Plano de Processo 2 (h) A3 (PP2 A7 (PP2 A8 (PP2 {TP=2}) {TP=5}) {TP=6}) 3 3 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 6 6 6 6 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 7 7 7 7 7 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Tempo de Finalização das Submontagens (h) Tabela 11 – Resultados múltiplos painéis, sequencial, plano de processo 2 Caso Sequencial Plano de Processo 2 25 20 15 A1 (PP2 {TP=2}) A3 (PP2 {TP=2}) 10 A7 (PP2 {TP=5}) 5 A8 (PP2 {TP=6}) 0 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Prazos de Finalização das Submontagens (h) Gráfico 7 – Tempos de finalização para o plano de processo 2 68 5.2.3 – Caso Sequencial – Plano de Processo 3 – Recursos ilimitados: DD (h) 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 A1 (PP3 {TP=1}) 2 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 Caso Sequêncial - Plano de Processo 3 (h) A3 (PP3 A7 (PP3 A8 (PP3 {TP=1}) {TP=3}) {TP=4}) 2 2 3 4 4 4 5 5 4 5 6 4 5 7 5 5 8 6 5 9 7 6 10 8 7 11 9 8 12 10 9 13 11 10 14 12 11 15 13 12 16 14 13 17 15 14 18 16 15 19 17 16 20 18 17 21 19 18 22 20 19 23 21 20 Tempo de Finalização das Submontagens (h) Tabela 12 – Resultados múltiplos painéis, sequencial, plano de processo 3 Caso sequencial Plano de Processo 3 25 20 15 A1 (PP3 {TP=1}) A3 (PP3 {TP=1}) 10 A7 (PP3 {TP=3}) 5 A8 (PP3 {TP=4}) 0 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Prazos de Finalização das Submontagens (h) Gráfico 8 – Tempos de finalização para o plano de processo 3 69 5.2.4 – Caso Simultâneo – Mix de Paineis – Recursos ilimitados: DD (h) 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 A1 (TP={4,2,1}) 2 2 2 2 2 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Caso Simultâneo (h) A3 A7 (TP={3,2,1}) (TP={6,5,3}) 2 2 2 4 2 4 2 4 2 4 3 4 4 4 5 4 6 5 7 6 8 7 9 8 10 9 11 10 12 11 13 12 14 13 15 14 16 15 17 16 18 17 19 18 A8 (TP={8,6,4}) 5 5 5 5 5 5 5 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Tempo de Finalização das Submontagens (h) Tabela 13 – Resultados múltiplos painéis, simultâneo. Caso Simultâneo Para o Mix de Painéis 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 A1 (TP={4,2,1}) A3 (TP={3,2,1}) A7 (TP={6,5,3}) A8 (TP={8,6,4}) 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Prazos de Finalização das Submontagens (h) Gráfico 9 – Tempos de finalização para a análise simultânea 70 O Gráfico 9 mostra os resultados obtidos para o caso simultâneo, em condições de recursos e áreas ilimitadas. Nota-se a mesma tendência de no caso anterior, ou seja, dos tempos de finalização ficar mais próximos conforme se tem mais prazo de conclusão. O motivo é o mesmo do caso sequencial. Aqui notamos outra particularidade deste mix de painéis. Como os tempos de processo dos painéis do tipo A1 e A3, são muito parecidos, o modelo apresenta tempos de finalização semelhantes. A título de exemplo, na Tabela 14, é apresentado para o conjunto de rodadas o valor do makespam, comparando o caso sequencial com o simultâneo. Estes valores foram obtidos comparando-se os tempos máximos de fabricação para o conjunto de submontagens, ordenados pelos seus prazos de finalização. DD (h) 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 PP1 9 9 9 9 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Makespam Sequencial (h) PP2 PP3 5 5 6 7 7 7 8 8 9 9 10 10 11 11 12 12 13 13 14 14 15 15 16 16 17 17 18 18 19 19 20 20 21 21 22 22 23 Simultâneo (h) 5 5 5 5 5 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Tabela 14 - Makespam para o conjunto de rodadas do Mix de paineis 71 Outra característica observada para o caso simultâneo é que para prazos de conclusão mais “apertados” o modelo responde com tempos de processo mais baixos, e para prazos de conclusão mais “folgados” com planos de processo de tempos maiores. Como não existe nenhuma precedência na ordem de escolha dos planos de processo, mas somente a obrigatoriedade de atender às restrições do modelo, isto não é um erro, mas deve ser observado com cuidado. Nos Gráfico 10 ao Gráfico 13, mostrados a seguir, são apresentados uma comparação para cada submontagem, de seus tempos de finalização em função de seus prazos de finalização. Como esperado, o modelo simultâneo apresenta valores iguais ou Tempo de Finalização das Submontagens (h) inferiores para o Tempo de finalização. Caso Sequencial x Simultâneo Submontagem A1 25 20 15 A1 (PP1 {TP=4}) 10 A1 (PP2 {TP=2}) A1 (PP3 {TP=1}) 5 A1 (TP={4,2,1}) 0 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Prazos de Finalização das Submontagens (h) Gráfico 10 – Tempos de finalização sequencial x simultâneo para o painel A1 72 Tempo de Finalização das Submontagens (h) Caso Sequencial x Simultâneo Submontagem A3 25 20 15 A3 (PP1 {TP=3}) A3 (PP2 {TP=2}) 10 A3 (PP3 {TP=1}) 5 A3 (TP={3,2,1}) 0 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Prazos de Finalização das Submontagens (h) Tempo de Finalização das Submontagens (h) Gráfico 11 – Tempos de finalização sequencial x simultâneo para o painel A3 Caso Sequencial x Simultâneo Submontagem A7 25 20 15 A7 (PP1 {TP=6}) 10 A7 (PP2 {TP=5}) A7 (PP3 {TP=3}) 5 A7 (TP={6,5,3}) 0 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Prazos de Finalização das Submontagens (h) Gráfico 12 – Tempos de finalização sequencial x simultâneo para o painel A7 73 Tempo de Finalização as Submontagens (h) Caso Sequencial x Simultâneo Submontagem A8 25 20 15 A8 (PP1 {TP=8}) 10 A8 (PP2 {TP=6}) A8 (PP3 {TP=4}) 5 A8 (TP={8,6,4}) 0 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Prazos de Finalização das Submontagens (h) Gráfico 13 – Tempos de finalização sequencial x simultâneo para o painel A8 5.2.5. – Mix de painéis com recursos limitados: A análise de cenários com recursos limitados para este caso se torna um pouco mais complexa, pois o tempo computacional para a solução do modelo tende a crescer muito num caso como este, porém observou-se que a solução é semelhante à apresentada no exemplo numérico anterior, ou seja a falta de recursos, irá “empurrar” a curva de solução para outra região do gráfico, mas a forma da mesma tende a ser a mesma, como exemplificado no Gráfico 14, obtido para o modelo executado a um único tipo de painel para o caso simultâneo. 74 Tempo de Finalização das Submontagens (h) Comparação entre Quantidades de Recursos para o Painel A8 25 20 15 A8 Recursos Ilimitados 10 A8 Recursos Limitados 5 0 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021222324 Prazos de Finalização das Submontagens (h) Gráfico 14 – Comparação entre a existência de recursos para o painel A8 Os resultados deste gráfico foram obtidos comparando os resultados sem nenhuma restrição de recursos e a restrição de recursos (totalmente insuficientes) nos três primeiros tempos de análise. Se os recursos são insuficientes no período intermediário de análise, a conclusão de um painel sofrerá atrasos, mas fica dentro da curva esperada, pois o modelo “escolhe” o plano de processo mais conveniente para o caso. 75 6 - Sugestões Futuras: O modelo matemático apresentado é capaz de apresentar a melhor solução para um conjunto de dados disponíveis. No entanto a tarefa de reunir estes dados e formatálos de modo adequado para ser utilizado no modelo, pode ser uma tarefa apenas para especialistas. Pensando nisto é que se propõe como um possível desenvolvimento futuro, um sistema de preparação de dados, de modo a reunir de forma mais simples e organizada os dados necessários para a execução de otimização pelo modelo proposto. Isto pode ser feito de duas formas distintas. Uma seria a criação de um sistema computacional especialista, que possa ser utilizado por não especialistas, onde informações do dia a dia de estaleiros seriam fornecidas e daí extraídas e formatadas para a utilização pelo modelo, com uma posterior leitura dos resultados de forma mais fácil e intuitiva. A Figura 24, mostra a interface de um sistema simular ao descrito acima, criado pelo autor para uma situação semelhante ao analisado neste trabalho. Figura 24 – Sistema especialista para construção naval (fonte: autor) 76 Apesar de a criação de um sistema especialista ser viável, talvez não seja a melhor solução, pois é muito comum que estaleiros possuam sistemas de ERP ou de gerenciamento de processos. Portanto, outra forma de fornecer dados para o modelo de otimização, seria a utilização de softwares comerciais que pudessem reunir as informações de planejamento de produção e extrair os dados necessários ao modelo de otimização. Poder-se-ia então utilizar um software de gerenciamento de processos ou de ERP, que seriam usados na caracterização dos processos normais de um estaleiro, e daí extrairmos os dados destes para o modelo aqui apresentado. Contudo, este software deve ter como características poder representar qualquer tipo de processo de forma sistematizada e estruturada sendo possível acoplá-lo ao modelo de otimização. Deve também ter a capacidade de receber de forma simples os resultados da otimização, realimentando a informação do processo quando necessário. Um dos softwares que atendem a estes requisitos é o Delmia Process Engineer (DPE), da Dassault Systemes. Este software é particularmente interessante, pois sua informação é armazenada numa base de dados “Oracle”, sendo possível se criar uma rotina simples de exportação de dados para que seja passada ao modelo de otimização. A Figura 25, apresenta um exemplo de um processo modelado no DPE, para um exemplo de edificação. No DPE é possível criar uma lista de materiais, que são correlacionadas formando a estrutura de submontagens, com dados customizáveis e visualização 3D, podendo ser armazenadas na base de dados. 77 Figura 25 – Exemplo de processo modelado no DPE (fonte: autor) Outro desenvolvimento importante que poderia ser feito utilizando-se o modelo de otimização proposto, seria acoplá-lo a um modelo de simulação, de modo a representar visualmente o resultado da otimização. A princípio qualquer software de simulação poderia ser usado, contudo alguns requisitos seriam convenientes para uma melhor análise. Uma das principais características, é que o mesmo tenha a possibilidade de visualização tridimensional do processo a ser simulado. Outra característica recomendável é o software poder simular um processo definido e não apenas realizar movimentação de peças, que possa envolver tempos, utilização de recursos etc. Finalmente é importante que o software possa receber informações externas que possam facilmente ser inseridas aos processos a serem modelados e dele possam ser extraídas. Dentre os diversos softwares líderes de mercado o que mais se ajusta às necessidades deste trabalho é o Delmia da Dassault Systemes, particularmente o módulo de “Digital Process for Manufacturing” (DPM), que é próprio para simulação de 78 montagens utilizando processos e alocação de recursos. O Delmia pode ser utilizado para descrever processos e simular montagens, envolvendo inclusive a manipulação de “manequins”, para análise de ergonomia e viabilidade de processos. A ideia seria produzir uma quantidade de elementos gráficos, compondo uma biblioteca de elementos com aplicação na construção naval, que possam ser usados para compor os cenários a serem modelados de forma rápida, facilitando o trabalho de criação do modelo de simulação e otimização. O Delmia permite além da definição do processo o seu controle, tanto no tempo (duração, tempo de início e fim) quanto em termos de sequência (precedência e hierarquia) dos processos, possuindo várias ferramentas para auxiliar tais definições. Da Figura 26 a Figura 28, são mostradas visualizações do processo de simulação computacional de um processo simulado, num trabalho realizado pelo autor, de submontagens que são o objeto principal de análise deste trabalho. Figura 26 – Modelo de simulação – início do processo (fonte:autor) 79 Figura 27 – Modelo de simulação – Fase intermediária (fonte: autor) Figura 28 – Modelo de simulação – fase final (fonte: autor) Um sistema que possa integrar estas diferentes ferramentas, seria de extrema utilidade dentro de ambientes semelhantes a estaleiros. A Figura 29 mostra o esquema de um possível sistema semelhante ao descrito. 80 Sistema ERP (ou especialista) Sistema de Otimização Base de Dados Sistema de Simulação Figura 29 – Sistema Integrado de informações de processos Alguns trabalhos tratam de sugestões semelhantes, ao sugerido acima. Em um destes, KIN et al (2002), apresenta uma concepção de um sistema baseado em simulação de processos de construção naval. A Figura 30 mostra esquematicamente o proposto por estes autores. Figura 30 – Sistema de simulação de processos de const. naval (fonte: Kin et al.) 81 Em outro trabalho, KAARSEMAKER (2006), apresenta um sistema semelhante, porém mais focado em controlar os parâmetros dos processos de controle da produção, tendo uma ênfase mais voltada para o planejamento dos processos. Figura 31 – Sistema de simulação de proc. de produção (Fonte: Kaasemaker, 2006) 82 7 – Conclusões: Por tudo apresentado, acreditamos ter ficado claro a importância de um sistema como o proposto. Como foi dito, a tarefa de planejamento dentro de um estaleiro é das mais complexas, o planejamento de processos é sabidamente mais eficiente quando atrelado à programação da produção. Uma ferramenta que possibilite esta integração é de grande utilidade para tais setores. Apesar de o modelo proposto apresentar algumas simplificações, o mesmo pode servir de base para outros trabalhos que queiram tratar de outros aspectos do planejamento de processos. A contribuição principal a que este trabalho se propôs foi a de apresentar uma metodologia capaz de integrar o trabalho de planejamento dos processos de fabricação realizados pelo setor de planejamento com a programação da produção realizada pelo “chão de fábrica”. Nesse sentido, acreditamos ter alcançado o objetivo proposto e espera-se que com um desenvolvimento futuro como sugerido no capítulo anterior, um sistema de apoio ao planejamento, possa ser implementado em pouco tempo nos estaleiros de construção naval. 83 8 – Referências Bibliográficas BOYD, S, MATTINGLEY, J., 2007, “Branch and Bound Methods”, Notes for EE364b, Stanford University, Winter 2006-07. CARDOSO, J. S. L., GOLDBERG, D. J. K., PINTO, M. M. O., 2007. “Metodologia para Otimização do Nível de Utilização dos Recursos nas Oficinas de Montagem de Blocos em um Estaleiro”, 22º Congresso Nacional de Transporte Aquaviário, Construção Naval e Offshore, Rio de Janeiro, Brasil. CIURANA, J., GARCIA-ROMEU, M. 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WONG, T.N., 1992, “Development of A Knowledge-based Automated Process Planning System”, Lecturer, Department of Industrial & Manufacturing Systems Engineering, University of Hong Kong, Industrial Engineering, pp 4448. 87 YOONHO, S., DONGMOK, S., TAIOUN, K., 2007, “Assembly Planning in Shipbuilding Using Case-Based Reasoning”, Expert Systems with Applications volume 32, pp. 245–253. 88 Anexos: Códigos LINGO utilizados: a) Modelagem sequêncial MODEL: SETS: Assemblys/1..NB/:I,EST,LST,EFT,LFT,DD,Tmin,Tmax,TP; Resources/1..NE/:H; Times/1..NT/; Parts/1..NF/:S; SET(Resources,Times):K; SBT(Assemblys,Times):M,Y; SBF(Assemblys, Parts):G; ENDSETS CALC: !Compute; !EST(b) !LST(b) !EFT(b) !LFT(b) - menor maior menor maior tempo tempo tempo tempo de de de de início do assembly b; início do assembly b; término do assembly b; término do assembly b; @FOR(Assemblys(b): ! EST(b)=1; EST(b)=DD(b)-2*TP(b); @IFC(EST(b)#LT#1:EST(b)=1); LST(b)=DD(b) - TP(b); @IFC(LST(b)#LT#1:LST(b)=1); EFT(b)=EST(b)+ TP(b); LFT(b)=LST(b)+ TP(b); @IFC(EFT(b)#GT#LFT(b):EFT(b)=LFT(b)); ); ENDCALC !M(b,d,t) - Variável Binária, =1 se o assembly b é finalizado usando o process plan d no tempo t, =0 nos demais casos; !Função Objetivo - Minimisar o Makespam; Objetivo=@SUM(Assemblys(b):@SUM(Times(t): t*M(b,t))); MIN = Objetivo; !Restrição (2) - Garante que a quantidade de recursos disponíveis durante a montagem, seja igual ao necessário pelo process plan; @FOR(Times(t): @FOR(Resources(e): @SUM(Assemblys(b)|t#LE#LFT(b): H(e)*Y(b,t)) <= K(e,t) ) ); !Restrição (3); @FOR(Assemblys(b): @FOR(Times(t)|t#GE#EFT(b)#AND#t#LE#LFT(b): 89 @FOR(Times(t1)|(t1#GE#1#AND#t1#GE#(tTP(b)))#AND#t1#LT#t:Y(b,t1)=@IF(M(b,t)#EQ#1,1,0)) ) ); !Restrição (4) - Garante que a área da oficina é suficiente para acomodar os assemblies durante a montagem; @FOR(Times(t): @SUM(Assemblys(b):I(b)*M(b,t))+@SUM(SBF(b,f):S(f)*G(b,f)) <= L ); !Restrição (5) - Garante que os Prazos sejam atendidos; @FOR(Assemblys(b): @SUM(Times(t): t*M(b,t)) <= DD(b) ); !Restrição (6) - Garante que a Finalização atenda ao tempo do processo; @FOR(Assemblys(b): @FOR(Times(t): (t*M(b,t)) >= @IF(M(b,t)#EQ#1,TP(b),0) ) ); !Restrição (7) ; @FOR(Assemblys(b): @SUM(Times(t)|t#GE#EFT(b)#AND#t#LE#LFT(b):M(b,t))=1 ); !Restrição (8) - Indica que M não pode terminar antes se atinja o tempo EFT(b); @FOR(Assemblys(b): @SUM(Times(t):t*M(b,t)) >= EFT(b) ); !Restrição (9) - Indica que M deve ser binário; @FOR(SBT(b,t): @BIN(M(b,t)); @BIN(Y(b,t)); ); !@FOR(SBD(b,d):@BIN(J(b,d))); !@FOR(Assemblys(b):@GIN(DD(b))); !@FOR(SED(e,d):@GIN(H(e,d))); !@FOR(SET(e,t):@GIN(K(e,t))); END 90 b) Modelagem Simultânea MODEL: SETS: Plans/1..ND/; Assemblys/1..NB/:I,EST,LST,EFT,LFT,DD,Tmin,Tmax; Resources/1..NE/; Times/1..NT/; Parts/1..NF/:S; SED(Resources,Plans):H; SBD(Assemblys,Plans):J,TP; SET(Resources,Times):K; SBDT(Assemblys,Plans,Times):M,Y; SPT(Plans, Times); SBT(Assemblys,Times); SDET(Plans,Resources,Times); SDT(Plans,Times); SBF(Assemblys, Parts):G; ENDSETS CALC: !Compute; !EST(b) !LST(b) !EFT(b) !LFT(b) - menor maior menor maior tempo tempo tempo tempo de de de de início do assembly b; início do assembly b; término do assembly b; término do assembly b; @FOR(Assemblys(b): Tmin(b)=@MIN(Plans(d):J(b,d)*TP(b,d)); Tmax(b)=@MAX(Plans(d):J(b,d)*TP(b,d)) ); @FOR(Assemblys(b): ! EST(b)=1; EST(b)=DD(b)-2*Tmax(b); @IFC(EST(b)#LT#1:EST(b)=1); LST(b)=DD(b) - Tmin(b); @IFC(LST(b)#LT#1:LST(b)=1); EFT(b)=EST(b)+ Tmin(b); LFT(b)=LST(b)+ Tmin(b); @IFC(EFT(b)#GT#LFT(b):EFT(b)=LFT(b)); ); ENDCALC !M(b,d,t) - Variável Binária, =1 se o assembly b é finalizado usando o process plan d no tempo t, =0 nos demais casos; !Função Objetivo - Minimisar o Makespam; Objetivo=@SUM(Assemblys(b):@SUM(Plans(d):@SUM(Times(t): t*J(b,d)*M(b,d,t)))); MIN = Objetivo; !Restrição (2) - Garante que a quantidade de recursos disponíveis durante a montagem, seja igual ao necessário pelo process plan; @FOR(Times(t): @FOR(Resources(e): @SUM(SBD(b,d)|t#LE#LFT(b): H(e,d)*J(b,d)*Y(b,d,t)) <= K(e,t) ) 91 ); !Restrição (3); @FOR(Assemblys(b): @FOR(Plans(d): @FOR(Times(t)|t#GE#EFT(b)#AND#t#LE#LFT(b): @FOR(Times(t1)|(t1#GT#1#AND#t1#GE#(tTP(b,d)))#AND#t1#LE#t:Y(b,d,t1)=@IF(J(b,d)*M(b,d,t)#EQ#1,1,0)) ) ) ); !Restrição (4) - Garante que a área da oficina é suficiente para acomodar os assemblies durante a montagem; @FOR(Plans(d): @FOR(Times(t): @SUM(Assemblys(b):I(b)*J(b,d)*M(b,d,t))+@SUM(SBF(b,f):S(f)*G(b,f)) <= L ) ); !Restrição (5) - Garante que os Prazos sejam atendidos; @FOR(Plans(d): @FOR(Assemblys(b): @SUM(Times(t): t*J(b,d)*M(b,d,t)) <= DD(b) ) ); !Restrição (6) - Garante que a Finalização atenda ao tempo do processo; @FOR(Plans(d): @FOR(Assemblys(b): @FOR(Times(t): (t*J(b,d)*M(b,d,t)) >= @IF(J(b,d)*M(b,d,t)#GT#0.9999,TP(b,d),0) ) ) ); !Restrição (7) ; @FOR(Assemblys(b): @SUM(Plans(d):@SUM(Times(t)|t#GE#EFT(b)#AND#t#LE#LFT(b):J(b,d)*M(b,d,t )))=1 ); !Restrição (8) - Indica que M não pode terminar antes se atinja o tempo EFT(b); @FOR(Assemblys(b): @SUM(Plans(d):@SUM(Times(t):t*J(b,d)*M(b,d,t))) >= EFT(b) ); !Restrição (9) - Indica que M deve ser binário; @FOR(SBDT(b,d,t): @BIN(M(b,d,t)); @BIN(Y(b,d,t)); ); 92 !@FOR(SBD(b,d):@BIN(J(b,d))); !@FOR(Assemblys(b):@GIN(DD(b))); !@FOR(SED(e,d):@GIN(H(e,d))); !@FOR(SET(e,t):@GIN(K(e,t))); END 93