UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ Valmir Zacarias de Souza OTIMIZAÇÃO DOS PARÂMETROS DE CONTROLE DE UM PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE LATAS: UMA ABORDAGEM 6 SIGMA Dissertação submetida ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia de Produção como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção Orientador: Pedro Paulo Balestrassi Itajubá, outubro de 2002 S584c SOUZA, Valmir Zacarias de Otimização dos parâmetros de controle de um processo de fabricação de latas / Valmir Zacarias de. – Itajubá: EFEI, 2002. 76p. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Itajubá, 2002. Orientador: Pedro Paulo Balestrassi 1. Projeto de Experimentos – 6 Sigma – Processo de Fabricação de Latas I.Balestrassi, Pedro Paulo. II. Universidade Federal de Itajubá III.Título CDD 658.5 ii UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ Valmir Zacarias de Souza OTIMIZAÇÃO DOS PARÂMETROS DE CONTROLE DE UM PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE LATAS: UMA ABORDAGEM 6 SIGMA Dissertação aprovada por banca examinadora em 04 de outubro de 2002, conferindo ao autor o título de Mestre em Engenharia de Produção Banca Examinadora: Prof. Pedro Paulo Balestrassi (Orientador) Prof. Sebastião Carlos da Costa Prof. Luiz Fernando Barca Prof. Roberval Rhymer Itajubá, outubro de 2002 iii DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus familiares, pelo incentivo e cumplicidade, nas horas mais precisas. Em especial, aos meus pais, que me deixam o exemplo da perseverança e do caminho do crescimento pessoal, quando empenho minhas esperanças por uma sociedade que busque a qualidade de vida, acima de tudo. iv AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, à minha esposa Márcia, pelo apoio constante. Às minhas filhas, Júlia, Érica e Letícia, pelas horas em que estive ausente. Aos meus pais, por acreditar e obter o sonho realizado. À empresa Latasa S.A., pela oportunidade de realizar os experimentos e possibilitar o confronto entre teoria e prática, em prol do crescimento científico e tecnológico. À Universidade Federal de Itajubá e a todos os colegas que compartilharam a busca de conhecimentos e a satisfação do aprimoramento profissional. Ao Prof. Dr. Pedro Paulo Balestrassi, pelo acompanhamento constante, competência e, principalmente, pela seriedade do trabalho acadêmico. Aos professores do Departamento DPR pelo companheirismo e troca de experiências durante a pesquisa realizada. A todos os pesquisadores brasileiros que se empenham em atingir a qualidade necessária para que o respeito à vida possa garantir uma humanidade mais solidária e saudável. v SUMÁRIO Dedicatória Agradecimentos Resumo Abstract Lista de tabelas Lista de figuras 1. INTRODUÇÃO 1.1 Introdução 1.2 Descrição do Problema 1.3 Objetivo Principal 1.4 Objetivos Secundários 1.5 Organização do Trabalho 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Introdução 2.2 Metodologia 6 Sigma 2.3 Implantação do 6 Sigma 3. DMAIC 3.1 Fase Definir 3.2 Fase Medir 3.2.1 Fluxograma do Processo 3.2.2 Mapeamento de Processo 3.2.4 Análise de Capabilidade do Processo 3.2.5 Medição do Nível Sigma do Processo 3.2.6 Desdobramento da Função Qualidade 3.2.7 Análise do Modo e dos Efeitos de Falha 3.2.8 Avaliação do Sistema de Medição 3.2.9 Análise do Sistema de Medição de uma Variável do Processo 3.3 Fase Analisar 3.3.1 Análise de Correlação 3.3.2 Regressão Múltipla 3.3.3 Análise de Variância 3.3.4 Análise Multi-Vari 3.4 Fase Melhorar 3.4.1 Projetos de Experimentos 3.4.2 Metodologia de Superfície de Resposta 3.4.3 RSM – Pontos Centrais Compostos 3.4.4 RSM – Box-Behnken 3.4.5 Planejamento do Experimento Box- Behnken 3.4.6 Procedimento Experimental 3.4.7 Resultados do Experimento 3.5 Fase Controlar 3.5.1 Controle Estatístico do Processo 3.5.2 Cartas de Controle 3.5.4 CEP das Variáveis Otimizadas 4. CONCLUSÕES 4.1 Análise dos Resultados 4.2 Limitações do Trabalho iii iv vii viii ix x 1 1 2 2 2 2 4 4 4 7 12 12 15 15 16 18 19 23 25 27 30 32 33 33 34 37 39 39 41 42 47 52 54 54 59 59 61 63 67 67 67 vi 4.3 Principais Dificuldades 4.4 Recomendações a Trabalhos Futuros ANEXO A – O processo de fabricação de latas de alumínio ANEXO B – A Latasa REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 68 68 69 72 73 vii RESUMO Esta pesquisa teve como objetivo principal estudar a Otimização do Controle do Processo de Fabricação de Latas Empregando a Abordagem 6 Sigma. Partindo da revisão teórica de autores da referida metodologia e motivado pelo trabalho de Rasis, Gitlow e Popovich (2002), do qual seguiu-se o roadmap, acompanhou-se a aplicação prática de um projeto 6 Sigma onde a utilização do método DMAIC direciona-se para a otimização do dimensional da lata, evitando problemas no cliente. Verificou-se que a solução ótima foi alcançada através da RSM, na fase Improve do DMAIC. O projeto de experimentos foi realizado através do procedimento Box-Behnken, onde foram estabelecidos um ponto intermediário com limites superiores e inferiores para as variáveis e produzido um lote experimental de latas de acordo com as combinações de variáveis sugeridas pelo procedimento Box-Behnken para um nível de experimentação de 3 variáveis e 3 fatores. O resultado do experimento foi coletado simultaneamente durante o envase de latas na envasadora, onde foram coletados os dados de maior ou menor rejeição de acordo com a combinação de variáveis e fatores. Para análise dos resultados, utilizou-se o software estatístico Minitab 13.31, que forneceu os dados para análise da influência de cada variável no processo e os valores que deixam o processo otimizado para evitar rejeição de latas no cliente. Almeja-se com o estudo generalizar o modelo apresentado, envolvendo projeto 6 Sigma para outras indústrias. A pesquisa mostrou que as variáveis de entrada no processo de fabricação de latas, que influenciavam diretamente na rejeição durante o envase, tiveram seus valores otimizados possibilitando à empresa evitar futuros problemas no cliente, comprovando a eficácia da metodologia 6 Sigma. viii ABSTRACT This research had as its main goal to study the optimization of aluminum can manufacturing process control using a six-sigma approach. Starting from theory review from a number of authors of the above mentioned approach and motivated by the Rasis’ work, Gitlow and Popovich (2002), in which the “roadmap” was followed this study accompanied the implementation of a six sigma project in which the utilization of the method DMAIC is used to accomplish the optimization of the dimensional specification of the two piece aluminum can, and with that avoid any customer insatisfaction. It was verified that the optimal solution was accomplished through the use of RSM, in the phase “improve” of the DMAIC method. The project’s experiments were done using the “Box-Behnken” procedure, where an intermediary point was established in between the upper control limit and the lower control limit for the chosen variables. A lot of aluminum cans were manufactured as a sample by using the suggested variable combination gotten from the “Box-Behnken” procedure according to the 3 variable 3 factors level of experimentation. The result of the experiment was collect simultaneously from the can filling process at the filling plant, were data was collected from the highest and lowest rejection points according to the combination of variables and factors suggested in the “Box-Behnken” procedure. For the data analysis the software Minitab 13.1 was used, and through it the values for the influencing variables, which would optimize the process, were identified. The main goal of this study is to generalize the developed model, based on the six-sigma approach, in order to allow it to be used by other industries. This study demonstrated that input variables in the two piece aluminum can which had an influence in the rejection level of the filling process were optimized therefore making it possible for the can company to avoid any future problems at the client, and with that proving the effectiveness of the six-sigma approach. ix Lista de Tabelas Tabela 2.1 – História da Implementação do 6 Sigma 7 Tabela 2.2 – Treinamento Recomendado para Black Belt. 8 Tabela 3.1 – Cronograma do Projeto 6 Sigma. 14 Tabela 3.2 – Responsabilidade de Cada Membro da Equipe 6 Sigma. 14 Tabela 3.3 – Brainstorming para Verificação das Causas Especiais. 17 Tabela 3.4 – DPMO de Curto e Longo Prazo. 21 Tabela 3.5 – Conversão de ppm para Nível Sigma. 23 Tabela 3.6 – Matriz Causa e Efeito. 24 Tabela 3.7 – FMEA do Processo. 27 Tabela 3.8 – Medidas da Largura de Flange com duas Repetições por Operador 31 Tabela 3.9 – Análise de Variância com Interações Operador & Peça. 32 Tabela 3.10 – ANOVA das Fontes de Variação do MSA para Largura de Flange. 32 Tabela 3.11 – Dados do Processo para Análise de Multi-Vari. 38 Tabela 3.12 – Análise de Regressão: Latas Rejeitadas versus Rótulo, Turma e Mês. 38 Tabela 3.13 – Arranjo Ortogonal. 43 Tabela 3.14 – Arranjo Ortogonal com 02 Variáveis. 43 Tabela 3.15 – Adição de Pontos Centrais no Projeto. 45 Tabela 3.16 – Planejamentos de Experimentos de 3 Níveis. 49 Tabela 3.17– Matrix Box-Behnken 3 Níveis e 3 Variáveis Codificadas. 53 Tabela 3.18 – Resultado dos Ensaio na Linha de Produção do Cliente. 55 Tabela 3.19 – Análise de Variância para a Rejeição com Coeficientes Codificados. 55 Tabela 3.20 – Análise de Variância para Rejeição. 56 Tabela 3.21 – Coeficiente de Regressão não Codificados. 58 Tabela 3.22 – Dados de Medição das Variáveis Otimizadas. 63 x Lista de Figuras Figura 2.1 – Metodologia 6 Sigma 6 Figura 2.2 – Fatores de Sucesso para Implementação do 6 Sigma. 9 Figura 3.1 – Processo de Recravação da Tampa na Lata. 13 Figura 3.2 – Fluxograma do Processo 16 Figura 3.3 – Mapeamento do Processo para Análise da Rejeição. 18 Figura 3.4 – Processo 6 Sigma Centrado. 20 Figura 3.5 – Processo 6 Sigma a Longo Prazo. 21 Figura 3.6 – Capacidade a Curto e Longo Prazo. 22 Figura 3.7 – Desenho da Lata com Indicação das Variáveis Selecionadas pelo FMEA. 30 Figura 3.8 – Gráfico Multi-Vari Análise das Latas Rejeitadas. 39 Figura 3.9 – Modelo Genérico de um Processo ou Sistema. 41 Figura 3.10 – Função para 2x2 Projeto Ortogonal. 44 Figura 3.11 – Projeto de Experimentos com Pontos Centrais Compostos. 45 Figura 3.12 – Pontos Centrais Compostos. 47 Figura 3.13 – Projeto de Blocos Incompletos Balanceados para 4 Variáveis em 6 Blocos. 48 Figura 3.14 – Indicação das Variáveis de Entrada para o Projeto Box-Behnken. 54 Figura 3.15 – RSM: Ângulo do Flange x Largura do Flange para Rejeição. 56 Figura 3.16 – RSM: Diâmetro do Plugue x Largura do Flange para Rejeição. 57 Figura 3.17 – RSM: Diâmetro do Plugue x Ângulo do Flange para Rejeição. 57 Figura 3.18 – RSM: Otimização das Variáveis de Entrada. 58 Figura 3.19 – Carta de Controle X R. 61 Figura 3.20 – Carta de Controle do Diâmetro do Plugue. 64 Figura 3.21– Histograma do Diâmetro do Plugue. 64 Figura 3.22 – Carta de Controle da Largura do Flange. 65 Figura 3.23 – Histograma da Largura do Flange. 65 Figura 3.24 – Carta de Controle da Ângulo do Flange. 66 Figura 3.25 – Histograma da Ângulo do Flange. 66 Figura A1 – Etapas do Processo de Fabricação de Latas. 70 Figura A2 – Planta Interna de uma Fábrica de Latas. 71 Introdução – Capítulo 1 1. 1 Introdução 1.1 Introdução Com a globalização e, conseqüentemente com a competição acirrada entre as corporações, tornou-se necessário reduzir custos e melhorar a lucratividade. Uma das formas de redução de custos é obtida através da melhoria de desempenho de uma linha de produção, redução de tempo de ciclo e melhoria na qualidade dos produtos, buscando a anulação dos defeitos. Para alcançar isto, muitas empresas estão buscando um nível de qualidade denominado 6 Sigma, que corresponde a 3,4 defeitos por milhão de oportunidades (DPMO). Alcançar este nível requer metodologia focalizada no processo, que deve ser aplicada com o apoio da alta administração. O sucesso depende da incorporação e treinamento, da padronização, de mudança de cultura, medições do desempenho e melhoria contínua. Tudo deve ser feito num determinado período para alcançar uma meta organizacional preestabelecida. Geralmente as empresas operam entre 3 e 4 sigma. O custo da qualidade tipicamente representa entre 10% e 15% do faturamento. Assim, cada melhoria representa uma redução exponencial de defeitos. Para conseguir a redução de variabilidade do processo, o 6 Sigma utiliza-se de várias ferramentas estatísticas, como o simples gráfico de Pareto, análise de variância e projeto de experimentos (DOE) (Harry, 1988). Esta pesquisa utiliza-se da aplicação de algumas ferramentas da metodologia 6 Sigma, com o intuito de reduzir defeitos no processo de fabricação de latas de alumínio. Este processo de fabricação é recente no Brasil: iniciou-se em 1989 com a chegada do grupo americano Reynolds, este fundou em Pouso Alegre a primeira fábrica de latas de alumínio do Brasil, a Latasa. A partir de 1997, vieram as concorrentes como Ball Metal, Crow Cork e Rexam. A tecnologia é similar, porém os equipamentos são diferentes, de modo que vários parâmetros do processo de fabricação nem sempre são aplicáveis indistintamente em todas elas. Este trabalho visa oferecer métodos alternativos para os parâmetros de controle para otimizar o processo de fabricação nas indústrias de latas de alumínio; entre os métodos, destaca-se o DOE utilizado na fase “I” do DMAIC: Define, Measure, Analyse, Improve and Control (Definir, Medir, Analisar, Melhorar e Controlar); que é algo inexistente na maioria das indústrias. A otimização de vários parâmetros de controle pode ser conseguida facilmente através do DOE, pois o método é de fácil aplicação, requerendo apenas um prévio conhecimento do processo e observações diárias. Introdução – Capítulo 1 2 Com um bom conhecimento do processo e a correta utilização das ferramentas estatísticas, pode-se reduzir o número defeitos de fabricação, garantindo grande melhoria na qualidade. O DOE é uma das principais ferramentas estatísticas para esse fim, estabelecendo limites de controle para as variáveis do processo de fabricação. 1.2 Descrição do Problema As indústrias de latas de alumínio no Brasil desperdiçam muito tempo com várias tentativas de acertos e de correção de erros para tentar controlar os parâmetros de seus processos de fabricação. Não há metodologia definida para as experimentações na linha de produção. 1.3 Objetivo Principal O trabalho tem como objetivo principal utilizar a Otimização do Controle do Processo de Fabricação de Latas Utilizando a Técnica DOE. A pesquisa foi realizada através de dados colhidos na linha de produção de latas e da observação do resultado no envase das latas na linha do cliente. 1.4 Objetivos Secundários Os objetivos secundários deste trabalho são: 1. Revisar a Metodologia 6 Sigma e o Projeto de Experimentos no contexto de um processo de fabricação de latas. 2. Descrever um Projeto 6 Sigma desenvolvido em um processo de fabricação de latas. 3. Generalizar o modelo apresentado, envolvendo projeto 6 Sigma para outras indústrias. 1.5 Organização do Trabalho A principal ferramenta estatística utilizada nesta dissertação foi o DOE, o qual, por sua vez, emprega a Metodologia de Superfície de Resposta (RSM) para a obtenção de um valor otimizado para as variáveis do processo. As amostras foram casualmente estratificadas, com observação sistemática de acordo com os princípios estatísticos adequado para o trabalho. A primeira parte do trabalho consiste em apresentar o problema e apontar seus objetivos. No capítulo 2, é feita uma revisão bibliográfica sobre a metodologia e implantação do 6 Sigma. No capítulo 3 são descritas as fases da metodologia 6 Sigma seguindo o modelo americano DMAIC, onde é desenvolvido o projeto 6 Sigma, que divide-se em cinco fases: Introdução – Capítulo 1 3 • Fase Definir – Definição do Projeto e Mapeamento do Processo. • Fase Medir – Matriz Causa e Efeito, Análise do modo e dos efeitos de falha (FMEA) e Análise do Sistema de Medição (MSA). • Fase Analisar – Estudo de Análise de Multi-Vari e Regressão. • Fase Melhorar – DOE-RSM: Box-Behnken e Pontos Centrais Compostos. • Fase Controlar – Controle Estatístico do Processo. O quarto capítulo é dedicado às conclusões obtidas com o modelo e sua aplicação, limitações desse trabalho, principais dificuldades e recomendações para novos trabalhos. Revisão Bibliográfica – Capítulo 2 2. 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Introdução O resultado da implantação da metodologia 6 Sigma na indústria tem sido um sucesso. Por exemplo, em 1999 a Companhia General Eletric, gastou cerca de meio bilhão de dólares em iniciativas de implantação da metodologia e teve como retorno cerca de dois bilhões de dólares em benefícios fiscais no ano. Enquanto o 6 Sigma tem feito grande impacto nas industrias, a comunidade acadêmica ficou para trás, pois há poucos trabalhos acadêmicos de pesquisa nesta área, no que diz respeito ao entendimento teórico dos métodos. (Linderman, Schoreder, Zaheer e Choo, 2002). Linderman, Schoreder, Zaheer e Choo (2002) mostraram vários objetivos do 6 Sigma dando uma perspectiva teórica, na qual analisou os conceitos da metodologia, sugerindo algumas propostas para futuras pesquisas, estimulando assim o desenvolvimento científico. Em um dos poucos trabalhos científicos, Hoerl (2001) descreveu sobre a eficácia do treinamento dos especialistas desta metodologia, distinguindo a diferença entre os vários níveis hierárquicos do programa. Rasis, Giltlow e Popovich (2002), deram exemplo de um projeto 6 Sigma em seu trabalho de Estudo de Caso. Neste capítulo procurou-se fazer uma revisão da metodologia 6 Sigma abordando o processo de sua implantação, preparando para compreensão do DMAIC que se desenvolve no capítulo 3. 2.2 Metodologia 6 Sigma A metodologia 6 Sigma teve origem na Motorola, que adotou para manter-se competitiva. Quando uma empresa japonesa assumiu a direção de uma fabrica da Motorola, que fabricava aparelhos de televisão nos Estados Unidos em meados de 1970, estabeleceu de imediato mudanças drásticas na maneira pela qual a fábrica operava (Harry 1988). Sob gestão japonesa, a fábrica passou a produzir aparelhos de televisão com número de defeitos bem inferior aos índices da gestão anterior. Os novos empreendedores garantiram essa mudança com o auxílio da mesma equipe, tecnologia e equipamentos, deixando claro que o problema estava na gestão da Motorola. Em meados de 1980, a empresa decidiu implantar a metodologia 6 Sigma. Naquela época, o diretor presidente da Motorola, Bob Galvin, implantou o programa 6 Sigma e tornou-se, por extensão, símbolo de negócios tanto quanto de resultados, considerando-se as metas atingidas no controle de qualidade da Motorola (Harry, 1998). Revisão Bibliográfica – Capítulo 2 5 Bill Wiggernhorn (apud Breyfogle, 1999) disse que: “o início do 6 Sigma foi um exemplo de pioneirismo, coragem, intelectualidade e visão da realidade do pai do 6 Sigma, o engenheiro sênior e cientista, Bill Smith, que desenvolveu a estatística original e as fórmulas que iniciaram a cultura da metodologia. Ele teve a idéia, e passou para nosso diretor presidente, Bob Galvin; Bob pôde ver a força da concepção e acreditou na idéia. Ele perguntou para Bill o que seria necessário para montar a cultura de 6 Sigma na Motorola.” Atualmente, a Motorola é conhecida mundialmente como líder em qualidade e lucratividade. Depois que obteve o Prêmio Nacional de Qualidade Malcolm Baldrige, em 1988, o segredo do seu sucesso tornou-se público e a revolução do 6 Sigma teve início. Ajudando as empresas a oferecer melhores produtos e serviços, de maneira mais rápida e com menor custo, o 6 Sigma tradicionalmente visa à prevenção de defeitos, redução de tempo de ciclo e custos. Diferente de negligentes programas de redução de custos que reduzem valor e qualidade, o 6 Sigma identifica e elimina custos que não oferecem valor agregado. Para empresas que não utilizam o 6 Sigma, esses custos são extremamente altos. Aquelas que operam com 3 ou 4 sigma gastam tipicamente entre 25% a 40% de sua receita solucionando problemas. Isso é conhecido como custo inútil da qualidade, ao passo que empresas que operam com o 6 Sigma gastam menos do que 5%. A General Electric estima que o intervalo entre 3 e 4 sigma estava custando-lhes entre 8 bilhões e 12 bilhões de dólares por ano (General Electric Annual Report, 2001). O objetivo da metodologia 6 Sigma é busca atingir níveis de 3,4 ppm dos CTQs (críticas para a qualidade). Um dos maiores impulsos das empresas, que aplicam a metodologia 6 Sigma, tem sido o desenvolvimento de especialistas altamente treinados, ao longo de determinado período, para organizar equipes e trabalhar em projetos de melhoria. A estrutura do 6 Sigma foi criada na Motorola para designar especialistas na aplicação das ferramentas estatísticas (Harry 1994 a): • Champion – Representante da alta administração, tal gerente da planta ou vice-presidente- executivo, estes utilizam o 6 Sigma no seu dia a dia e transmitem a mensagem de 6 Sigma em todas as oportunidades. • Master Black Belts – É o nível mais alto de proficiência técnica e organizacional, estes oferecem liderança, devem conhecer tudo que o Black Belts sabem, bem como entender a teoria matemática na qual os métodos estatísticos são baseados. Os Master Black Belts devem estar aptos a acompanhar Black Belts na aplicação correta dos métodos em situações incomuns. Revisão Bibliográfica – Capítulo 2 • 6 Black Belts – Os candidatos podem vir de uma extensa linha de disciplinas e não precisam ser engenheiros ou estatísticos formalmente treinados. Os Black Belts trabalham para extrair conhecimento litigioso do armazenamento de informações da organização. Para assegurar o acesso às informações necessárias, as atividades do 6 Sigma devem ser estritamente integradas com os sistemas de informações da organização. • Green Belts – São executores de projeto 6 Sigma capazes de formar e facilitar equipes de 6 Sigma e administrar os projetos do conceito à conclusão. • Team Members – Representante do chão de fábrica responsável na coletagem de dados do processo de produção, seguindo orientação do Green Belt ou Black Belt. Na execução dos projetos as ferramentas são aplicadas dentro de um modelo simples de controle de desempenho, conhecido como DMAIC (figura 2.1): Ferramentas Propósito Fase : Definir Projeto Mapeamento do Processo Matriz de Críticas Identificar os clientes Definir o escopo do projeto Definir time Mapeamento do Processo Causa e Efeito FMEA Análise do Sistema de Medição Técnicas Gráficas Identificar as variáveis de entrada Identificar as variáveis de saída Verificar a evolução da medição e possíveis erros Avaliar desempenho do processo Mapeamento do Processo Teste de Hipótese Análise de Variância Regressão Correlação Analisar por Técnicas Gráficas, Influências dos X sobre o(s) Y Mapeamento do Processo DOE Técnicas de Otimização Otimizar as variáveis criticas de entrada Determinar Y = F (X,X2...) Planos de Controle CEP Manutenção Preventiva Poke Yoke Institucionalizar a melhoria Implantar Controle Contínuo Manter os Ganhos Fase : Medir Fase : Analisar Fase : Melhorar Fase : Controlar Figura 2.1 – Metodologia 6 Sigma Fonte: Harry (1998). Revisão Bibliográfica – Capítulo 2 7 O 6 Sigma possui métodos verdadeiros e testados ao longo de décadas. Assim, esta metodologia descarta a muita complexidade, característica da Gestão de Qualidade Total (GQT). Segundo os especialistas, havia 400 ferramentas e técnicas de GQT, enquanto o 6 Sigma adota um número menor de métodos testados e treina os líderes técnicos para que estes atinjam alto nível de proficiência para aplicação destas técnicas (Godfrey 2000). 2.3 Implantação do 6 Sigma A implantação do 6 Sigma é executada por uma equipe de especialistas nos processos, capacitados a pensar estatisticamente, a fim de encontrarem a solução para a causa dos problemas. Esta equipe atua como agente de mudança na organização, aplicando e disseminando o uso das ferramentas estatísticas e da qualidade no aprimoramento dos projetos. Uma vez que o processo apresenta-se maduro na organização, pode-se compartilhar projetos com clientes e fornecedores. Uma excelente oportunidade, junto a fornecedores, é a realização de projetos conjuntos para aumento da qualidade de insumos relevantes para a organização, compartilhando os treinamentos para o mesmo (Godfrey, 2000). Usualmente, os projetos com clientes visam melhorar o desempenho do produto final, na sua utilização pelo cliente, pois aumentam a fidelidade. A GE auxiliou a realização de 1.200 projetos em companhias aéreas e mais de 1.000 projetos junto a hospitais, gerando economias superiores a US$ 400 milhões para seus clientes (Hahn, Hill e Zinkgraf, 1999). A estratégia de implementação recebeu contribuições importantes de organizações como IBM, Xerox, Texas Instruments, AlliedSignal (atualmente Honeywell) e GE, onde o processo de melhoria DMAIC foi padronizado como o principal método de aprimoramento para atingir a qualidade 6 Sigma, a tabela 2.1 mostra que o 6 Sigma teve maior adesão a partir de 1995 com a entrada da GE. Empresa Motorola Texas Instruments IBM ABB- Asea Brown Boveri AlliedSignal e kodack General Electric Whirpool, PACCAR, Invensys e Polaroid Ford, American Express, DuPont, LG, Sony Samsung, Johnson & Johnson. Ano 1987 1988 1990 1993 1994 1995 1996/98 1999 1999 Tabela 2.1 – História da Implementação do 6 Sigma. Fonte: Snee (2000). Revisão Bibliográfica – Capítulo 2 8 Um aspecto crítico, na implantação do 6 Sigma, é a capacitação dos agentes de mudança, pois na maioria das vezes, são especialistas de processos, que usam pouco ou até desconhecem as ferramentas estatísticas que serão aplicadas. A Motorola pioneira na implantação do 6 Sigma, define suas características em dois níveis: o gerencial, onde cada pessoa da organização é responsável pela melhoria da qualidade de seus processos, produtos e serviços; e o operacional, utilizando-se das ferramentas estatísticas para controle. As empresas bem sucedidas com o 6 Sigma têm grandes problemas para integrar sua implementação à outras iniciativas corporativas, estratégias de negócios e métricas de desempenho. Para esta finalidade a AlliedSignal estendeu o uso de ferramentas e abordagens do 6 Sigma fora da produção, para as operações de suporte de serviços de escritórios. Isso está sendo aplicado para melhorar os processos de desenvolvimento do produto, como por exemplo, colocar produtos no mercado mais rapidamente. Ocorre quase o mesmo na GE, na qual articulou-se três estratégias corporativas principais da empresa para o futuro previsível: globalização, serviços e 6 Sigma. A tabela 2.2 mostra os tópicos básicos recomendados para o treinamento do Black Belt, com duração de quatro semanas e carga horária de 160 horas (Hoerl, 2001). S em an a 1ª 2ª 3ª 4ª F erram en tas Introdução ao S eis S igm a C usto da Q ualidade D efinição dos C T Q s V oz do C liente- V O C A nálise S IP O C M apeam ento do P rocesso P lano de C oleta de D ados E statística D escritiv a A nálise de C apabilidade do P rocesso QFD FMEA A nálise do S istem a de M edição E statística B ásica U tilizando o M initab A nálise M ulti-V ari A nálise gráfica de dados T eorem a do Lim ite C entral Interv alo de C onfiança T este de H ipóteses A nálise de R egressão e C orrelação ANOVA A nálise de R egressão M últipla DFSS DOE RSM P adronização M étodos de C ontrole de P rocesso CEP P lano de C ontrole D ispositiv os a P rov a de F alha F AS E D efin ir M ed ir An alisar M elh o rar C o n tro lar Tabela 2.2 – Treinamento Recomendado para Black Belt. Fonte: Hoerl (2001). Revisão Bibliográfica – Capítulo 2 9 Este treinamento visa a formação de Black Belts, que é o líder do time para implantação dos projetos com dedicação integral aos mesmos. O treinamento utiliza as fases do DMAIC, agrupadas em quatro módulos. O objetivo é capacitar a equipe com o conhecimento de métodos estatísticos voltados para a metodologia 6 Sigma. O treinamento é baseado em certificação e pressupõe-se que os participantes atuem em um projeto de interesse da organização que será desenvolvido ao longo de 6 meses, para a aplicação prática da metodologia apresentada, facilitando o entendimento e proporcionando um resultado imediato (Snee, 2000). O sucesso da melhoria do desempenho que deve começar na alta administração, que deve também fazer uso das ferramentas para que possam preparar sua organização para atingir os objetivos. Utilizando o conhecimento adquirido, os líderes direcionam o desenvolvimento de uma infra-estrutura de gestão para apoiar o 6 Sigma. Simultaneamente os passos são obtidos para estabilizar a organização e cultivar um ambiente para inovação e criatividade. Isso envolve a remoção de barreiras entre os níveis hierárquicos organizacional e uma variedade de outras mudanças projetadas para facilitar o processo de implantação. A figura 2.2 ilustra as ações necessária para o sucesso do 6 Sigma (Harry, 1988). Comprometimento da liderança Integração com a estratégica de alto nível Estrtura do processo de negócios Rede de inteligência do mercado e clientes Os projetos produzem economia ou rendas reais Líderes da equipe 6 sigma em período integral Incentivo para todos Figura 2.2 – Fatores de Sucesso para Implementação do 6 Sigma. Fonte: Harry (1988) Finalmente para que a implementação continue madura, os próximos passos deverão ser seguidos: Revisão Bibliográfica – Capítulo 2 10 1. Auditoria Organizacional: Primeiramente, com base nas entrevistas com líderes de unidades de negócios e equipes-chave, onde é determinado o que a empresa sabe sobre seus clientes e concorrentes. As questões a serem feitas para indivíduos de cada unidade de negócio incluem: • Os processos dos negócios são planejados? • Quais medições são feitas atualmente? • Os proprietários do processo têm sido designados? • O que atualmente é conhecido sobre os clientes da empresa em diferentes segmentos de mercado? • Quais os CTQs ? • A empresa está preparada para atender esses a requisitos de medição? • Qual informação competitiva é necessária, e para onde o mercado está se direcionando? • Há alguém na equipe responsável pela medição, análise e que tenha conhecimentos de contabilidade? Com base nessas discussões, a equipe determina quais unidades de negócios e indivíduos são provavelmente fortes intercessores e apoiadores dos esforços do 6 Sigma e onde permanecem as áreas de resistência. A equipe de implementação analisa cuidadosamente os danos de auditoria na preparação para o próprio passo. 2. Reuniões de Planejamento da Ação Executiva: Segundo estágio em que há uma sessão de dois dias entre o Diretor Presidente e a equipe de alta administração da empresa para desenvolver uma visão de como o 6 Sigma pode ajudar a empresa a atender seus objetivos de negócios. Nessa reunião, os diretores enfatizam que o 6 Sigma será a ferramenta fundamental pela qual a empresa permanece conectada a seus clientes e mercados. Além disso, isso fornece uma linguagem comum para desenvolver uma cultura de melhoria contínua e integrar outras iniciativas de melhoria. Após a visão ser acordada, a equipe executiva passa o tempo conhecendo as ferramentas e os métodos do 6 Sigma e cuidadosamente fazendo o planejamento estratégico. O acordo é alcançado sobre as economias líquidas, crescimento, e melhoria de satisfação do cliente nos cinco dias seguintes, discutindo também a auditoria organizacional. 3. Reuniões para Melhoria: Direcionadas para que as pessoas familiarizem-se com o método e a estratégia do 6 Sigma, e saibam como serão integrados dentro do plano existente Revisão Bibliográfica – Capítulo 2 11 de negócios para direcionar ao desempenho aprimorado e custos mais baixos. O foco de atividades está em auditar as necessidades do cliente, fazer benchmarking, e conhecer o processo dentro da unidade de negócio. Isto harmoniza melhor as mudanças das necessidades do cliente e desenvolve mecanismo para contato permanente com o mercado facilitando o desenvolvimento de novos projetos (Blakeslee, 2000). DMAIC – Capítulo 3 3. 12 DMAIC 3.1 Fase Definir Na fase definir, são identificados os projetos 6 Sigma que serão desenvolvidos na empresa, com objetivo garantir a VOC (voz do cliente), identificando os CTQs, satisfazendo as expectativas, em termos de qualidade, preço e prazo de entrega. A habilidade das organizações em atender a essa expectativa está intimamente ligada à variação de seus processos. A variação de processos tem um impacto direto nos resultados financeiros da empresa em termos de custo, tempo de ciclo e número de defeitos, falhas e erros que afetam a satisfação do cliente. A identificação de projetos 6 Sigma permite às organizações reconhecerem como os seus processos afetam sua lucratividade, permitindo definir quais desses processos são críticos para o negócio da empresa (Breyfogle, 1999). Baseado no estudo de caso de Rasis, Gitlow e Popovich (2002), a seguir é citado um questionário para melhor definição do projeto 6 Sigma, direcionando para as próximas fases: 1) Qual o nome do processo? Resposta: O processo a ser estudado é a fabricação de embalagens metálicas (latas de alumínio) para bebidas. 2) Qual o objetivo deste processo? Resposta: O objetivo deste processo é a produção de latas que atendam as exigência das envasadoras . 3) Qual a redução de custo estimado com este projeto? Resposta: Espera-se reduzir na ordem de 5 a 8% do faturamento anual. 4) Qual a descrição do problema? Resposta: A empresa estava com alto índice de rejeição de latas em seu cliente externo. Durante o processo de recravação de latas na envasadora (figura 3.1), muitas das mesmas apresentavam defeitos, sendo imediatamente rejeitadas pelo equipamento do cliente, gerando alto índice de refugo. A proposta do projeto 6 Sigma foi a realização de experimentos utilizando a metodologia de superfície de resposta para otimizar o processo de produção e evitar altos custos de produção de latas. DMAIC – Capítulo 3 13 Figura 3.1 – Processo de Recravação da Tampa na Lata. 5) Qual o objetivo deste projeto? Resposta: Esperar-se reduzir o índice de latas rejeitadas na linha de envase de latas de alumínio. 6) Quais os limites do projeto? Esta questão é respondida com as seguintes sub questões: 6a) Quais os limites do processo? Resposta: O processo a ser estudado inicia-se com a fabricação dos copos pela prensa de copos e termina com a reclavação da tampa na lata pela reclavadora. 6b) Qual o custo estimado para este projeto? Resposta: Este projeto terá um acréscimo de 3% na folha salarial com horas extras. 6c) Quem aprovará as despesas? Resposta: Todas as despesas serão aprovadas pelo champion (gerente da planta). 6d) Pode-se gastar além do orçado? Resposta: Não. 6e) Quais os obstáculos deste projeto? Resposta: 1. O cliente aceitar a execução dos teste em sua linha de produção. 2. Cumprir o orçamento e o tempo para execução do projeto dentro do prazo determinado. 6f) Qual o horário de reuniões da equipe do projeto? DMAIC – Capítulo 3 14 Resposta: A reunião para discussão do projeto será de segunda à sexta após a reunião de produção, quando houver qualquer problema será feito após o horário de trabalho em horas extras. 6g) Qual o cronograma deste projeto? Resposta: A tabela 3.1 mostra o cronograma deste projeto. Fase Responsável Definir Medir Analisar Controlar Melhorar Valmir Valmir Valmir Valmir Valmir Semana 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Tabela 3.1 – Cronograma do Projeto 6 Sigma. 7) Quais são os benefícios do projeto? Resposta: Este projeto visa reduzir o custo de retrabalho e garantir a qualidade do produto, fazendo com que o mesmo tenha maior aceitação no mercado. 8) Quais são as funções e responsabilidades de cada membro da equipe? Resposta: A tabela 3.2 mostra a hierarquia de cada membro dentro da metodologia 6 Sigma e os prazos de execução das etapas do projeto. Nome do projeto: Redução de latas rejeitadas na envasadora Função Responsável Assinatura Data Assinatura da supervisão Champion A Jul/00 L L Black Belt B Jul/00 L L Green Belt C Ago/00 L L Team Member 1 D Set/00 L L Team Member 2 E Out/00 L L Team Member 3 F Nov/00 L L Team Member 4 G Dez/00 L L Tabela 3.2 – Responsabilidade de Cada Membro da Equipe 6 Sigma. DMAIC – Capítulo 3 15 3.2 Fase Medir A fase medir consiste no estudo dos CTQs, abrangendo ações relacionadas à mensuração do desempenho dos processos e à quantificação da sua variabilidade. Através de consenso entre integrantes da equipe 6 Sigma, são identificadas as “Variáveis Chaves de Entrada do Processo” (KPIV) e as “Variáveis Chaves de Saída do Processo” (KPOV). São utilizadas as ferramentas básicas, como, por exemplo, as métricas do 6 Sigma, MSA, FMEA e o Desdobramento da Função Qualidade (QFD) (Mastro, 1998). Nesta fase as principais ações são: • Identificar as variáveis chaves de entrada do processo(KPIV); • Identificar as variáveis chaves de saída do processo (KPOV); • Implementar plano de coletas de dados; • Fazer estudo da repetitividade e reprodutividade do instrumento de medição; • Medir a capacidade do processo; • Estabelecer metas de redução de defeitos. 3.2.1 Fluxograma do Processo O fluxograma representa graficamente a seqüência de operações constituintes do processo produtivo, e é utilizado para analisar o problema em diversos níveis e sob diferentes aspectos. O estudo global dá diretrizes para ações detalhadas, com integração harmônica e eficiente para que se possa analisar as partes das etapas do processo, revelando os pontos sujeitos a problemas e então o Controle Estatístico do Processo (CEP) tem uma boa base para determinar os limites necessários (Schmidt, Kiemele e Berdine, 1997). No projeto em questão o fluxograma foi a primeira ferramenta da fase medir utilizada pela equipe 6 Sigma, o mesmo foi útil para que se tivesse uma visão global de como seria a implementação da metodologia 6 Sigma, e a partir daí, obtivesse o detalhamento do processo para conhecimento das causas especiais. Foi feito o mapeamento considerando todo o processo de fabricação até o envasamento das latas pela enchedora. O processo de fabricação pode ser visto a seguir (figura 3.2): DMAIC – Capítulo 3 16 Lubrificador Desbobinador Prensa de Copos Lavadora Aparador de Latas Prensa de Latas Impressora Envernizadora de Topo Envernizadora de Fundo Forno de Esteira Aplicador de Verniz Externo Forno de Pinos Lubrificador de Topo Flangeador 01 Flangeador 02 Paletizadora Inspeção Automática 01 Inspeção Automática 01 Envasadora Figura 3.2 – Fluxograma do Processo 3.2.2 Mapeamento de Processo Após o fluxograma de processo, foi feito um brainstorming (tabela 3.3) com os operadores de vários turnos e dos equipamentos identificados como provável causa especial, a finalidade seria o direcionar o mapeamento do processo e identificação dos variáveis de entrada. Para tanto, listou-se tudo o que poderia influenciar na rejeição de latas na envasadora. No brainstorming foi respeitadas as opiniões de cada participante, não havendo preocupação em correlacionar o raciocínio lógico. DMAIC – Capítulo 3 17 BRAINSTORMING Variáveis de Entrada Variáveis de Saída Amassamento na Base da Lata Rugosidade do Ferramental do Flangeador 01 Rugosidade do Ferramental do Flangeador 02 Espessura da Parede da Lata Resistência de Coluna Altura da Lata Acabada Mobilidade do Verniz Externo Excesso de Verniz no Topo da Lata Quantidade de óleo Mineral no Pescoço da Lata Excesso de Camada de Verniz Externo Manutenção do Flangeador 02 Excesso de Camada de Tinta Resistência da Base da Lata ao Estufamento Largura do Flange da Lata Profundidade do Painel do Fundo da Lata Perfil do Painel do Fundo da Lata Rejeição de Latas na Envasadora Temperatura do Flangeador 02 Qualidade de Metal Utilizado Ângulo do Flange da Lata Resistência da Lata ao Abaulamento Raio Externo do Fundo da Lata Dimensional do Pescoço no Flangeador 01 Largura do Flange da Lata Temperatura do Forno de esteira Temperatura do Forno de Pinos Espessura do Flange na Prensa de Latas Qualidade do Verniz Externo Diâmetro do Plugue da Lata Distância da Base x Ferramenta da Estações do Flangeador 01 Tabela 3.3 – Brainstorming para Verificação das Causas Especiais. Com os dados dos brainstorming, colocou-se de maneira organizada no mapa do processo as variáveis de entrada (X’s) que poderiam estar afetando o processo, tendo como varíavel de saída (Y) a rejeição de latas na envasadora, como mostra a figura 3.3: DMAIC – Capítulo 3 18 Variáveis de Entrada Prensa de Latas Impressora Fornos Variáveis de Saída Resistência de Coluna Profundidade do Painel do Fundo da Lata Perfil do Painel do Fundo da Lata Resistência da Base da Lata ao Estufamento Qualidade de Metal Utilizado Espessura do Flange da Lata na Prensa de Latas Resistência da Lata ao Abaulamento Raio Externo do Fundo da Lata Excesso de Camada de Verniz Externo Qualidade do Verniz Externo Excesso de Verniz no Topo da Lata Mobilidade do Verniz Externo Temperatura do Forno de Pinos Temperatura do Forno de Esteira Rejeição de Latas: ENVASADORA Flangeador 01 Mesas de Transporte Flangeador 02 Dimensional do Pescoço no Flangeador 01 Quantidade de óleo Mineral no Pescoço da Lata Não reclavação Vazamento Tombamento Lata enroscada Amassamento na Base da Lata Largura do Flange da Lata Distância da Base x Ferramenta da Estações do Flangeador 02 Manutenção do Flangeador 02 Ângulo do Flange da Lata Diâmetro do Plugue da Lata Figura 3.3 – Mapeamento do Processo para Análise da Rejeição. 3.2.4 Análise de Capabilidade do Processo Não é sugerido que as organizações utilizem todas as métricas utilizadas no 6 Sigma (Harry 1994a), e sim as de acordo com os tipos de projetos a serem realizados. Algumas DMAIC – Capítulo 3 19 organizações calculam seu nível sigma através do DPMO e os converte para o nível sigma considerando o deslocamento e 1,5 sigma (Schmidt e Launsby 1997). O 6 Sigma utiliza as seguintes nomenclaturas: • Número de operações do processo = m • Defeitos = D • Unidade = U • Oportunidade por um defeito = O • Rendimento = Y As relações básicas são: • Total de oportunidades: TOP = U X O • Defeitos por unidade: DPU = D/U • Defeitos por uma oportunidade: DPO = DPU/O = D/U X O • Defeitos por milhão de oportunidade: DPMO = DPO X 106 (3.1) Relações de Rendimento do Processo: • Rendimento de primeira vez: YTP = e –DPU • Defeitos por unidade: DPU = - ln(Y) • Total de Defeitos por unidade: TDPU = ln(YRT) • Rendimento Normalizado: Ynorm = (YRT)1/m (3.2) Distribuição Normal para Relações de Z • Zequiv ≈ Z ~ N(0;1) • Z”longo prazo”: ZLT = Zequiv • Z “curto prazo” (ZST) = ZLT + 1,5 desvio padrão • Z Benchmark: Zbenchmark = ZYnorm + 1,5 (3.3) 3.2.5 Medição do Nível Sigma do Processo A avaliação da capacidade do processo possibilita às organizações predizerem seus verdadeiros níveis de qualidade para todos os processos e serviços. Isto guia a estimativa inicial do nível sigma de um produto ou processo; assim para determinar a capacidade para uma saída variável, deve-se (Blakeslee, 2000): 1. Verificar a especificação do produto ou processo; 2. Tomar uma amostra (curto prazo ou longo prazo); 3. Calcular o nível z; DMAIC – Capítulo 3 20 4. Deslocar o nível z de 1,5 se apropriado; 5. Converter o nível z no índice desejado(ppm, ou Cp, Cpk, Pp, Ppk) A transformação “z” converte qualquer distribuição normal (dada uma média amostral e um desvio-padrão amostral) em uma distribuição normal padrão que tem uma média igual a 0 e um desvio-padrão igual a 1. Pode ser medida em unidades de milímetros, polegada, pés, psi, volts, etc., a distribuição transformada terá sempre média = 0 e desvio padrão = 1. O valor z indica quão longe um número particular de interesse, x, está longe da média da amostra em unidades de desvio-padrão. Por exemplo, se z = 2, então o particular número de interesse, x, está 2 desvios-padrão longe da média da amostra. Ao predizer-se níveis de defeitos, (ou estimar rendimento), deve-se substituir o limite inferior de especificação (LIE) e o limite superior de especificação (LSE) por x. Assim, pode-se calcular a proporção de produtos fora da especificação baseada na média e desvio-padrão de uma amostra. O escore z é calculado pela seguinte fórmula (Harry, 1998): (3.4) Em que: µ = média do processo x = média da amostra = Estimativa da média σ = desvio padrão do processo S = estimativa do desvio padrão A figura 3.4 ilustra um processo 6 Sigma centrado (curto prazo). Um processo 6 Sigma centrado Capacidade do processo 0.001 ppm 0.001 ppm LIE T ± 6σ Figura 3.4 – Processo 6 Sigma Centrado. Fonte: Breyfogle (1999). LSE DMAIC – Capítulo 3 21 O processo 6 Sigma, a longo prazo, pode ser representado pela figura 3.5: Figura 3.5 – Processo 6 Sigma a Longo Prazo. Fonte: Harry (1998). De acordo com o nível sigma, tem-se determinado o DPMO, assim à medida que se eleva o nível sigma de um processo, diminui-se o número de defeitos. No entanto, o número de defeitos a curto prazo é menor que a longo prazo, pois há um deslocamento de 1,5 desvios padrão de curto para longo prazo, como pode ser visto na tabela 3.4, que mostra os valores do nível sigma em relação ao processo centralizado (DPMO de curto prazo) e processo decentralizado (DPMO de longo prazo) (Harry, 1998): Tabela 3.4 – DPMO de Curto e Longo Prazo. Fonte: Blakeslee, 2000. O nível sigma resultante descreve o desempenho do processo a longo prazo. Isto inclui todas as causas assinaláveis que impactam na centralização do processo. Por exemplo: turno de produção, operador, máquina, desgaste de ferramenta, programação de manutenção, reparo por quebra, calibração, temperatura, umidade, matéria prima, mudança de requisitos dos clientes, etc. A figura 3.6 ilustra a capacidade a curto e longo prazo. DMAIC – Capítulo 3 22 Figura 3.6 – Capacidade a Curto e Longo Prazo. Fonte: Harry, 1998. Assim, Cp é a capacidade potencial do processo supondo que o mesmo esteja centrado. Esta métrica é também chamada de “titulação de processo” ou o melhor desempenho que se pode esperar do processo a curto prazo. A fim de calcular esta métrica deve-se fazer uma aproximação para o desvio-padrão de curto prazo. Já o Cpk e Ppk usam a média, não somente a faixa de tolerância, para estimar a capacidade. O termo “min (Cpk(I), Cpk(S))” é posto como a menor distância numérica entre a média e o limite de especificação mais próximo (Hradesk, 1988). Neste projeto os dados disponíveis são do tipo atributos, onde foram consideradas todas as latas não reclavadas na envasadora. O cálculo do nível sigma foi realizado através da fração de produtos defeituosos: • número de produtos defeituosos antes da atuação no processo = 0,80%; • 0,80% = 8.000 ppm. Consultando a tabela 3.5, que faz a conversão dos defeitos em partes por milhão, considerando o processo a longo a prazo, ou seja deslocado 1,5 sigma, tem-se um processo com número de defeituoso de 8000 ppm, o que eqüivale a nível sigma de 3,9. Após o término deste projeto deverá ser calculado o novo nível sigma, assim poderá acompanhar como está o processo em reação à excelência ou seja nível 6 Sigma. DMAIC – Capítulo 3 Nível Sigma Longo 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 23 Defeitos ppm:1.5 Sigma 697672.15 660082.92 621378.38 581814.88 541693.78 501349.97 461139.78 421427.51 382572.13 344915.28 308770.21 274412.21 242071.41 211927.71 184108.21 158686.95 135686.77 Nível Sigma Longo 2.7 2.8 2.9 3 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8 3.9 4 4.1 4.2 4.3 Defeitos ppm:1.5 Sigma 115083.09 96809.10 80762.13 66810.63 54801.40 44566.73 35931.06 28716.97 22750.35 17864.53 13903.50 1074.14 8197.56 6209.70 4661.23 3467.03 2555.19 Nível Sigma Longo 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 5 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 5.7 5.8 5.9 6 Defeitos ppm:1.5 Sigma 1865.88 1349.97 967.67 687.20 483.48 336.98 232.67 159.15 107.83 72.37 48.12 31.69 20.67 13.35 8.55 5.42 3.40 Tabela 3.5 – Conversão de ppm para Nível Sigma. Fonte: Breyfogle, 1999. 3.2.6 Desdobramento da Função Qualidade A matriz QFD é simples para enfatizar a importância de se entender os requisitos do cliente. É usada para relacionar e priorizar X’s e Y’s do cliente através de ordenação numérica, usando como fonte primária, o mapa do processo. Os Y’s são avaliados pela importância para o cliente e os X’s pelo relacionamento com as saídas. O resultado é o Pareto dos X’s que podem ser usados como ponto de partida na avaliação do FMEA e plano e controle (Carvalho, 1997). Na tabela 3.6 tem-se a matriz causa e efeito, que foi elaborada primeiramente listandose as variáveis de saída (subconjunto da lista do mapa do processo). Depois foi avaliada, em uma escala arbitrária de 1 a 10, a saída mais importante, a qual recebeu o número mais alto. O próximo passo foi o de identificar todas as entradas, que poderiam ter impacto nos vários Y’s. Avaliou-se as correlações numericamente e o efeito de cada X em cada Y dentro do corpo da matriz. Isto também foi baseado na experiência do grupo, de acordo com os seguintes critérios para o índice de importância para o cliente: • 0 = Nenhuma correlação; • 1 = O requisito do processo afeta só remotamente o requisito do cliente; • 4 = Esta variável de entrada tem um requisito moderado no requisito do cliente; • 9 = Esta variável de entrada tem um efeito direto e forte no requisito do cliente. DMAIC – Capítulo 3 24 4 Enroscamento 3 Total 9 9 9 9 4 4 4 4 4 4 1 4 4 4 1 0 1 0 1 1 1 0 9 9 4 4 9 9 4 1 9 1 1 1 0 1 4 0 0 0 1 1 1 0 1 4 4 4 4 4 4 9 0 0 9 1 4 0 0 4 4 4 0 0 0 4 4 1 4 4 1 1 9 9 0 4 1 1 0 0 0 4 1 1 0 0 0 0 104 101 85 85 76 76 75 70 65 37 31 30 28 25 25 20 16 11 10 10 10 8 135 2 Tombamento 1 128 3 Vazamento Flangeador 01 Flangeador 01 Flangeador 02 Flangeador 02 Flangeador 02 Flangeador 02 Prensa de Latas Impressora Prensa de latas Impressora Prensa de Latas Flangeador 02 Prensa de Latas Prensa de Latas Prensa de Latas Impressora Prensa de Latas Impressora Forno de Pinos Forno de Esteira Flangeador 01 Prensa de Latas 2 345 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 5 Não reclavação Etapa do Processo 5 390 Índice de importância para o cliente Variáveis de Entrada Dimensional do Pescoço no Flangeador 01 Distância de Base X Ferramenta Largura do Flange da Lata Ângulo do Flange da Lata Altura da Lata Acabada Diâmetro do Plugue da Lata Resistência da Base da Lata ao Estufamento Mobilidade do Verniz Externo Espessura do Flange da Lata na Prensa de Latas Excesso de Verniz na Boca da Lata Raio Externo do Fundo da Lata Manutenção do Flangeador 02 Perfil do Painel do Fundo da Lata Qualidade do Metal Utilizado Resistência da Lata ao Abaulamento Qualidade do Verniz Externo Resistência de Coluna Excesso de Camada de Verniz Externo Temperatura do Forno de Pinos Temperatura do Forno de Esteira Quantidade de Óleo Mineral no Pescoço da lata Profundidade do Painel do Fundo da Lata Total Tabela 3.6 – Matriz Causa e Efeito. Através da matriz causa e efeito obteve-se as supostas variáveis, que de acordo com a experiência da equipe que participou da elaboração da mesma, estavam influenciando na rejeição de latas no cliente. Assim por esta matriz foram escolhidas as nove primeiras variáveis que tiveram maior correlação com a rejeição de latas: 1. Dimensional do Pescoço no Flangeador 01; 2. Distância de Base X Ferramenta; 3. Largura do Flange da Lata; 4. Ângulo do Flange da Lata; 5. Altura da Lata Acabada; 6. Diâmetro do Plugue da Lata; 7. Estufamento na Base da Lata; DMAIC – Capítulo 3 25 8. Mobilidade do Verniz Externo; 9. Espessura do Flange da Lata. É importante observar que as variáveis selecionadas pela matriz causa e efeito não são a resposta final para priorizar a atuação no processo. É preciso analisá-las primeiramente através da planilha do FMEA. 3.2.7 Análise do Modo e dos Efeitos de Falha O FMEA é uma ferramenta para analisar e priorizar as falhas, que providencia uma estrutura para a análise da causa e efeito, esta ferramenta requer um time experiente que saiba quantificar o relacionamento dos modos de falhas, efeitos, causas, controles atuais, e recomendações atuais. Lutz e Woodhouse (apud Signor, 2000), definiram o modo falha como física ou manifestação funcional da falha. No projeto 6 Sigma, o FMEA tem os seguintes benefícios: • Melhoramento do produto em termos de funcionalidade e robustez; • Redução de custos; • Redução gradativa dos problemas de manufatura; • Melhoramento na segurança dos produtos e implementação dos processos; • Redução de problemas de venda. Durante o desenvolvimento do FMEA também é importante a participação de um grupo de pessoas treinadas, que entrará com a experiência e conhecimento do processo para montagem e estruturação da ferramenta. È necessário identificar maneiras pelas quais o produto ou processo pode falhar e eliminar ou reduzir o risco de falha a fim de proteger o cliente, em resumo o FMEA pode capturar o processo inteiro e identificar as maneiras pelas quais o produto ou processo pode falhar, facilitando a documentação de um plano para prevenir estas falhas. Conforme descreveu Breyfogle (1999) e Signor (2000), existem diferentes conceitos importantes entre FMEA de Produto e de Processo: • FMEA de Produto – Usado para analisar projetos de produto antes deles serem liberados para a produção; • FMEA de Processo – Usado para analisar fabricação, montagem ou qualquer outro processo. Focado nas entradas do processo. DMAIC – Capítulo 3 26 A terminologia seguida pelo manual de FMEA do Automotive Industry Action Group (AIAG, 1995 c), são: • Modo de Falha: Uma descrição de uma “não-conformidade” em uma particular etapa do processo (também conhecido como um defeito do chão da fábrica). • Efeito da Falha: O efeito que um modo de falha particular terá no cliente (tentar quantificar em relação aos Y’s). • Severidade (do efeito da falha, escala de 1 a 10): Uma avaliação da seriedade do efeito da falha no cliente. O cliente pode ser o cliente final e/ou a operação seguinte do processo. • Causa da falha: Algo que pode ser corrigido ou controlado (X) que descreve “como o modo de falha pode ter ocorrido”. • Ocorrência (da causa da falha, escala de 1a 10): Uma avaliação da freqüência com que a causa da falha ocorre. “Com que freqüência este X falha de uma maneira específica”? • Detecção (da causa da falha ou modo de falha, escala de 1a 10): Uma avaliação da chance (ou probabilidade) de que seus controles atuais vão detectar quando o X falha ou quando o modo de falha ocorre. • RPN (Número de Prioridade de Risco): Severidade x Ocorrência x Detecção – Usado para priorizar ações recomendadas. Consideração especial deve ser dada a altas taxas de Severidade mesmo se Ocorrência e Detecção forem baixas. Neste projeto a montagem do FMEA tornou-se necessária para identificar as maneiras pelas quais o processo poderia falhar, estimar o risco associado a causas específicas, e assim priorizar as ações que deveriam ser tomadas para reduzir o risco e avaliar o plano de validação do projeto. As variáveis de entrada selecionadas, conforme a tabela 3.7 (FMEA), foram as que tiveram maior RPN : ¾ Largura do Flange da Lata; ¾ Ângulo do Flange; ¾ Diâmetro do Plugue DMAIC – Capítulo 3 27 Pode-se notar que as variáveis selecionadas pelo FMEA foram respectivamente a terceira, quarta e sexta variável da matriz causa e efeito, o peso maior que determinou a seleção das mesmas através do FMEA foi o desconhecimento dos parâmetros ideais, isto durante o processo de fabricação no Flangeador 02. Etapa do Processo Entrada Chave Modo Potencial do Processo de Falha S Efeito Potencial da E V Falha Causas Potenciais O D C Controles Atuais E C T R P N Acões Recomendadas Flangeador 02 Largura do flange Medida fora de Encaixe da tampa Não reclavação 7 da lata especificação São 6 desconhecidos os 7 294 parâmetros ideais DOE Flangeador 02 Medida fora de Ângulo do flange Encaixe da tampa Não reclavação 7 especificação da lata São 7 desconhecidos os 5 245 parâmetros ideais DOE São 5 desconhecidos os 4 140 parâmetros ideais DOE Flangeador 02 Diâmetro do plugue da lata Prensa de Latas Espessura do flange da lata Flangeador 01 Distância de base X ferramenta Flangeador 02 Altura da Lata Acabada Transportador Resisistência da de Latas base da lata Impressora Flangeador 01 Encaixe da tampa Não reclavação 7 Rachadura de Flange Encaixe da Tampa Lata Maior Lata parada no transportador Vazamento 8 Não reclavação 7 Tombamento 5 Esroscamento 5 Mobilidade do Atrito da lata Tombamento verniz externo durante transporte 5 Medida fora de especificação Desalinhamento da Prensa de 4 Latas Inspeção Automática 2 64 Nenhuma Medida fora de especificação 4 Manutenção periódica 2 56 Nenhuma Medida Fora de 4 Especificação Parâmetros Testados 2 40 Nenhuma Medidor de abaulamento 2 40 Nenhuma Instrumento de medição de camada 2 30 Nenhuma Manutenção periódica 2 28 Nenhuma Parede fina 4 Camada de 3 verniz muito fina Dimensional do Medida fora de pescoço no Encaixe da tampa Não reclavação 7 especificação flangeador 01 2 Tabela 3.7 – FMEA do Processo. 3.2.8 Avaliação do Sistema de Medição As organizações têm observado constantemente o impacto de não terem qualidade em seus sistemas de medição. Muitas organizações que avaliam suas medições nem sempre podem estar exatas e se precipitam em muitas conclusões a respeito de seus processos. SegundoDeming (1986), “o que se registra ao final de uma determinada operação de medição, é o último produto de uma longa série de operações, desde a matéria prima até a operação de DMAIC – Capítulo 3 28 medição propriamente dita. A medição é, pois, a parte final deste processo. Assim, do mesmo modo como é vital controlar estatisticamente o processo de medição; caso contrário, não há medida que tenha significado comunicável.” As decisões envolvidas no gerenciamento dos processos produtivos de uma empresa são baseadas em dados, muitas vezes resultantes da realização de medições. No entanto, é importante observar que a obtenção das medidas de alguma variável ou característica de interesse associada a um processo de produção de bens ou de fornecimento de serviços, também se constitui em um processo, estando sujeita à atuação de diversas fontes de variação (Werkema, 2000). No processo de medição, as características da qualidade da peça, são as possíveis fontes de variação envolvidas em cada etapa do processo de medição. Pode-se dizer que os principais fatores responsáveis pela variabilidade associada aos processos de medição são: • Desgaste de componentes do instrumento de medição; • Posição em que o item a ser medido é colocado no aparelho; • Condições ambientais; • Emprego de procedimentos de medição inadequados; • Falta de calibração do aparelho de medição. Para verificar se um sistema de medição é aceitável, são avaliadas a repetitividade e a reprodutividade: • Repetitividade – é a variabilidade inerente do dispositivo de medição, isto é, a variação nas medidas obtidas quando um operador utiliza o instrumento para medir repetidas vezes as características de interesse dos mesmos itens, é estimada pelo desvio-padrão agrupado (médio) da distribuição de medições repetidas (AIAG, 1995a). A repetitividade é geralmente menor que a variação total do sistema de medição. Também conhecida como erro de teste-reteste; usado como estimativa da variação da medição de curto prazo. A variação que ocorre quando são feitas medições repetidas da mesma variável sob condições semelhantes. • Reprodutividade – é a diferença na média das medições feitas por diversas pessoas usando o mesmo ou instrumentos variados para medir característica idêntica na mesma peça; é DMAIC – Capítulo 3 29 estimada pelo desvio-padrão das médias das medições sob condições diferentes de medição (AIAG, 1995a). A reprodutividade de um instrumento de medição é a variação que resulta quando condições diferentes são usadas para fazer as mesmas medições. A variação média das medidas obtidas quando diferentes operadores utilizam o instrumento para medir repetidas vezes a característica de interesse dos mesmos. As etapas realizadas no estudo de avaliação do instrumento de medição para avaliar o sistema de medição é utilizado, são (Werkema, 2000): • Variância do Sistema de Medição – Saída primária do R&R analítico para determinar se o sistema de medição é adequado para uma certa aplicação, é necessário comparar a variação da medição com a variação do produto/processo. A variabilidade total presente em um conjunto de dados gerados por um processo produtivo e medida por meio de algum instrumento de medição pode ser dividida em duas parcelas (AIAG, 1995a): ¾ Variabilidade inerente ao processo produtivo. ¾ Variabilidade (precisão) inerente ao instrumento e medição. Sendo: σ2total = variância total calculada para o conjunto de dados; σ2pp = variância devida ao processo produtivo; σ2im = variância devida ao instrumento de medição. Assim: σ2total = σ2pp + σ2im • (3.5) Comparação da Repetitividade com a Tolerância (P/T) – A relação P/T é a estimativa mais comum da precisão do sistema de medição. Esta estimativa é apropriada para avaliar quão bem o sistema de medição pode atuar em relação à especificação. Especificações entretanto, podem ser muito apertadas ou muito folgadas. Geralmente, a relação P/T é uma boa estimativa quando o sistema de medição é usado somente para classificar amostras de produção, mesmo se a capabilidade do processo (Cpk) não for adequada, a relação P/T pode dar uma falsa sensação de segurança. • Comparação da reprodutividade com a Variação do Produto/Processo (P/VT): A relação P/VT (%R&R) é a melhor medida para MSA. Ela estima quão bem o sistema de DMAIC – Capítulo 3 30 medição atua em relação à variação global do processo. A porcentagem de R&R é a melhor estimativa-se ao desenvolver estudos de melhoria do processo. As diretrizes da AIAG (1995a) para variação de medição (baseado no desvio-padrão) em comparação com a variação total são dadas como porcentagem da Tolerância: ¾ Ideal: 10% ou menos; ¾ Aceitável:10-20% e ¾ Marginal: 20-30% (depende da aplicação) 3.2.9 Análise do Sistema de Medição de uma Variável do Processo Após análise realizada sobre todas as variáveis de entrada e de saída do processo que apresentaram alto RPN observado através do FMEA, decidiu-se realizar análise do sistema de medição para a largura do flange: • Comprovação do monitoramento do departamento de metrologia sobre o sistema de medição, sendo que o instrumento que faz a medição do flange é similar ao das outras variáveis com saída pelo software estatístico utilizado pela empresa; • Tem-se como objetivo através desta análise contribuir para outros trabalhos em que for necessário analisar o sistema de medição. A figura 3.7 mostra as variáveis selecionadas pelo FMEA com a indicação da largura do flange para realização da análise do sistema de medição. Figura 3.7 – Desenho da Lata com Indicação das Variáveis Selecionadas pelo FMEA. DMAIC – Capítulo 3 31 A seqüência para coleta de dados para análise da medição da largura do flange foi baseado no trabalho de Raffaldi e Ramsier (2000), que relaciona os métodos utilizados durante os 20 anos da indústria automobilística, citando o método utilizado pela AIAG (1995a) como ideal. Assim foram coletadas 10 amostras de latas que representavam toda a amplitude de variação de longo prazo do processo e identificados três operadores (A, B e C) que usavam este instrumento diariamente: 1. Verificou-se se o instrumento de medição de largura do flange estava dentro do prazo de validade da calibração; 2. Coletou-se os dados, 3. O primeiro operador mediu todas as amostras uma vez, em ordem aleatória. Foi usada uma amostragem cega, na qual o operador não sabia a identidade de cada peça, para reduzir o viés humano; 4. Foi pedido ao segundo e terceiro operador que também fizessem as medições, como determinado ao primeiro operador. Assim, todas as medições foram feitas com duas repetições para cada operador; 5. Os dados (tabela 3.8) e a informação da tolerância(2,083 +/- 0,203 mm)foram introduzidos no Minitab. Amostra 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Operador 2 Operador 3 Operador 1 1ª medição 2ª medição 1ª medição 2ª medição 1ª medição 2ª medição 2,159 2,159 2,159 2,159 2,159 2,134 2,007 2,007 2,007 2,032 2,007 2,007 2,083 2,083 2,108 2,083 2,083 2,083 1,930 1,956 1,956 1,956 1,93 1,930 2,286 2,286 2,261 2,235 2,286 2,286 2,108 2,108 2,134 2,108 2,108 2,108 2,184 2,184 2,159 2,159 2,159 2,184 2,057 2,057 2,083 2,057 2,083 2,057 2,083 2,083 2,032 2,057 2,083 2,083 2,159 2,159 2,134 2,159 2,184 2,159 Tabela 3.8 – Medidas da Largura de Flange com duas Repetições por Operador É possível observar através da análise de variância (tabela 3.9) que as peças foram de fácil medição, sem erros consideráveis no sistema de medição (p >0,05). DMAIC – Capítulo 3 32 Fonte Peça Operador Operador.Peça Repitibilidade Total DF 9 2 18 30 59 SS 0.0004978 0.000271 0.006632 0.003878 0.468811 MS 0,0000553 0.0001354 0.0003685 0.0001293 F 138.117 0.368 2.851 P 0.00000 0.69753 0.00543 Tabela 3.9 – Análise de Variância com Interações Operador & Peça. Fonte Var. Comp. Total Gage R&R Repetibilidade Reprodutibilidade Operador Operador.Peça Peça-para-Peça Variância Total 2.49E-04 1.29E-04 1.20E-04 0.00E+00 1.20E-04 8.42E-03 1,22E-05 %Contribuição Desvio Padrão Var. Estudo % Var. Estudo % Tolerância da Var. Comp. (SD) (5,15*SD) (%SV) 20.00 2.87 1.58E-02 1.58E-02 16.94 14.42 1.29E-04 1.14E-02 0.058549 12.21 13.87 1.38 1.09E-02 0.056324 11.75 0.00 0,00 0,00E+00 0,00E+00 0.00 13.87 1.38 1.09E-02 0.056324 11.75 116.40 67,70 9.18E-02 0.472584 98.55 118.11 100,00 9.31E-02 0.479517 100.00 Tabela 3.10 – ANOVA das Fontes de Variação do MSA para Largura de Flange. A relação P/T (coluna “%tolerância”) para R&R é de 20%. De acordo com as diretrizes da AIAG (1995a), a relação com valores de 10 a 20% para o instrumento de medição é considerada aceitável. A repetitividade e a reprodutividade do sistema de medição foram verificadas através da percentagem de R&R total para a contribuição da variância dos componentes, que é 2,87%, podendo ser considerado um índice ideal, segundo AIAG, 1995a. A relação P/VT, que estima quão bem o sistema de medição atua em relação à variação global do processo, foi obtida também na tabela 3.10, na coluna “%SV%”, cujo valor é 16,91%; trata-se, assim, de um sistema de medição aceitável. 3.3 Fase Analisar Nesta fase são identificados os efeitos das variáveis X’s nos CTQs, analisados os dados relativos aos processos estudados, com objetivo principal de se conhecer as relações causais e as de fontes de variabilidade e desempenho insatisfatório de tais processos, visando à melhoria destes. Explorando toda a metodologia, pode ser utilizadas as seguintes ferramentas (Hoerl, 2001): • Análise de Mult-Vari; • Intervalo de Confiança; DMAIC – Capítulo 3 • Teorema do Limite Central; • Correlação e Regressão; • Teste de Hipótese e • Análise Variância (ANOVA). 33 Neste trabalho utilizou-se análise de multi-vari, correlação e regressão, decidiu-se mostrar também ANOVA, pois é uma ferramenta muito explorada na análise dos resultados do DOE. 3.3.1 Análise de Correlação A correlação é uma medida da relação entre duas ou mais variáveis. O tipo mais usado de coeficiente de correlação é o de Pearson (r), chamado também de correlação linear ou do produto do momento. As escalas das medidas usadas devem ser as mesmas escalas do intervalo, mas outros coeficientes de correlação estão disponíveis para assegurar outros tipos de dados. Os coeficientes de correlação podem variar de -1,00 a +1,00. O valor de -1,00 representa uma correlação negativa perfeita enquanto que um valor de +1,00 representa uma correlação positiva perfeita. Um valor de 0,00 representa uma ausência da correlação (Kendall e Gibbons, 1990). O coeficiente de correlação é uma medida do grau de relacionamento linear entre duas variáveis. Pode-se obter um p-value para testar se há uma evidência suficiente que o coeficiente de correlação não seja zero. Um coeficiente de correlação parcial é o coeficiente de correlação entre duas variáveis ao tender para os efeitos de outras variáveis. Para as duas variáveis x e y, onde o sx é o desvio médio padrão das amostras para a primeira amostra, e sy é o desvio médio padrão da amostra para a segunda amostra, a correlação é dada pela seguinte equação (Kendall e Gibbons, 1990): (3.6) 3.3.2 Regressão Múltipla A finalidade geral da regressão múltipla (o termo foi usado primeiramente por Pearson, 1908) é descobrir mais sobre o relacionamento entre as diversas variáveis independentes e uma variável dependente, ou do critério que as mesmas estão relacionadas entre si. A equação da regressão é linear em um espaço bidimensional, sendo por (Kahane, 2001): DMAIC – Capítulo 3 34 y = a+b.x; (3.7) Onde: ¾ A variável de y pode ser expressada nos termos de uma (a) constante e uma inclinação (b) cronômetra a variável de x; ¾ A constante é consultada também como a intersecção, e a inclinação como ao coeficiente da regressão ou ao coeficiente de b. No caso da regressão múltipla, quando há mais do que uma variável independente, a linha de regressão não pode ser visualizada no espaço bidimensional, mas pode ser computada facilmente. Em geral, os procedimentos da regressão múltipla estimarão uma equação linear da seguinte forma (Miles e Shevlin, 2001): (3.8) y = a + b1.x1 + b2.x2 + ... + bp.xp Nesta equação, os coeficientes da regressão (ou os coeficientes de b) representam as contribuições independentes de cada variável independente à predição da variável dependente. A correlação também pode ser expressa com a variável x1 correlacionado com a variável y, após controlar para todas variáveis independentes restantes. Este tipo de correlação é consultado também como a uma correlação parcial (Kahane, 2001). 3.3.3 Análise de Variância A análise de variância (ANOVA) é usada para descobrir os efeitos principais e as interações das variáveis independentes (X’s) e uma variável dependente do intervalo (Y). A versão (GLM) modelo linear geral de ANOVA suporta também um número maior de variáveis dependentes (Y’s). Um efeito principal é o efeito direto de uma variável independente na variável dependente. Um efeito de interação é o efeito comum a duas ou mais variáveis independentes na variável dependente (Turner e Thayer, 2001). A ANOVA é similar à regressão que é usada para investigar e modelar o relacionamento entre uma variável dependente com uma ou mais variáveis independentes. Entretanto, este método difere da regressão em duas maneiras: as variáveis independentes são qualitativas, e nenhuma suposição é feita sobre a natureza do relacionamento (isto é, o modelo não inclui coeficientes para variáveis). De fato, a ANOVA estende o teste t de duas amostras para testar a igualdade de duas médias da população a uma hipótese nula mais geral de comparar a igualdade de mais de duas médias. Diversos procedimentos de ANOVA permitem modelos com variáveis qualitativas e quantitativas. As potencialidades incluem DMAIC – Capítulo 3 35 procedimentos e modelos com dados coletados de um número de projetos diferentes para testar variações iguais e gráficos de efeitos e de interações principais (Cole, Maxwell, Arvey e Salas, 1993). Os principais tipos de ANOVA são: • ANOVA de Fator Único – Testa diferenças em uma variável dependente (Y) do único intervalo entre dois, três, ou mais grupos dados pelas categorias de uma única variável independente (X’s). Testa se os grupos que deram forma pelas categorias da variável independente se parecem similares (especificamente esse tem o mesmo teste padrão da dispersão que medido comparando estimativas de variações do grupo). Se os grupos parecerem diferentes, então se conclui que a variável independente tem um efeito na variável dependente. Há três possibilidades de soma de quadrados: soma dos quadrado entre grupos (SSA), dentro do grupo ou soma do erro dos quadrados (SSs/A) e soma total dos quadrados (SST). A soma total dos quadrados pode ser dividida entre a soma dos quadrados e dentro da soma dos quadrados, representando a variação devido diferenças individuais na contagem respectivamente (Jackson e Brashers, 1994): SST = SS A + SS s / A (3.9) A soma entre grupos dos quadrados examina as diferenças entre as médias do grupo, calculando a variação de cada média em torno da média maior. SS A = ∑ s (YA − YT ) 2 (3.10) onde, s é o número de observações em cada grupo (célula ou fator de nível A). A soma de dentro dos grupos dos quadrados verifica a variação do erro ou a variação de contagens individuais em torno de cada média do grupo. Esta é a variação nas contagens não é devido ao tratamento (ou à variável independente): SS s / A = ∑∑ (Y − YA ) 2 (3.11) A soma total dos quadrados pode ser calculada adicionando-se o SSA e o SSs/A. Cada SS têm um grau de liberdade diferente associado com df A = a − 1 , df s / A = n − a , e DMAIC – Capítulo 3 36 iguais ao número dos grupos (ou dos níveis da variável independente), e de n é o número total das observações no estudo. Os quadrados médios são computados dividindo os SS pelo df. Este é calculado pela variação da amostra que divide a soma dos quadrados por graus de liberdade. Na fórmula, . Na relação de F é calculada uma relação da variação entre os grupos e dentro dos grupos: F= MS A MS s / A (3.12) • ANOVA de Dois Fatores – Analisa uma variável dependente do intervalo (Y) em relação a duas variáveis independentes (X’s). Este método testa se os grupos formados pelas categorias das variáveis independentes tem centróide similares. Este tipo de análise é menos sensível do que ANOVA de fator único, pois detecta as violações moderadas da suposição da homogeneidade das variações através dos grupos (Girden, 1992). • ANOVA Fatorial – Este tipo de ANOVA incorporam as variáveis independentes de n. fatores. Deve-se notar que enquanto o número de variáveis independentes aumenta, o número de interações potenciais prolifera. Duas variáveis independentes têm uma única interação de primeira ordem (AB). Três variáveis independentes tem três primeiras interações da ordem (AB, AC, BC) e uma interação de Segunda ordem (ABC), ou 04 no total. Quatro variáveis independentes tem seis primeiras ordem (AB, AC, BC, BC), três segunda ordem (ABC, ACD, BCD), e uma interação (ABCD) terceira ordem, ou 10 no total. Enquanto o número das interações aumenta, torna-se cada vez mais difícil interpretar o modelo. Assim um projeto fatorial completo com 2 variáveis dependentes A e B cada um do predicador com 2 níveis cada um seria chamado um projeto 2 x 2 fatorial completo. Usando a codificação, a matriz de X para esta análise será (Cortina e Nouri, 2000): (3.13) DMAIC – Capítulo 3 37 Nota-se que X1 e as colunas X2 representam os contrastes principais do efeito para uma variável, (isto é, A e B, respectivamente). A coluna X3 representa um contraste entre combinações diferentes dos níveis A e B. Nota-se também de que os valores para X3 são produtos dos valores correspondentes para X1 e variáveis do produto de X2, tais como X3 representa os efeitos multiplicados ou da interação de seus fatores, assim que X3 estaria representando a interação de dois sentidos de A e relacionamento de B, que indicam as influências interativas dos fatores nas respostas (isto é, influências independentes do efeito principal). Assim, os projetos fatoriais fornecem mais informação sobre os relacionamentos entre variáveis dependentes do que os correspondentes projetos de fator único ou de efeitos principais (Girden, 1992). Neste trabalho utilizou-se a análise de variância na fase Improve do DMAIC, onde através do software Statístico Minitab calculou-se o nível descritivo (p-value), onde: • Notação: α̂ = nível descritivo, onde p (F>F0) = α̂ . • Valores “pequenos” de p – value → indicam rejeição da hipótese nula. • Valores “ grandes” de p – value → indicam aceitação da hipótese nula. 3.3.4 Análise Multi-Vari • Multi-vari é uma ferramenta gráfica que através de agrupamentos lógicos, analisa os dados históricos do processo de produção para identificar correlação entre as múltiplas fontes de variações, que impactam nas variáveis de saída, estas se classificam em (Breyfogle, 1999): • Posicionais – variação dentro da peça; • Cíclicas – variação de peça a peça consecutivas; • Temporais – turno, dia, semana, etc... Na tabela 3.11 tem-se os dados históricos de produção de latas, onde consta: ¾ Variáveis de Entradas do Processo (X’s): diferentes produções entre turnos, rótulos, e meses. ¾ Variáveis de Saída do Processo (Y): número de latas rejeitadas na envasadora. DMAIC – Capítulo 3 38 Amostra Rotúlo 1 1 2 1 3 1 4 1 5 2 6 2 7 2 8 2 9 3 10 3 11 3 12 3 13 1 14 1 15 1 16 1 17 2 18 2 19 2 20 2 21 3 22 3 23 3 24 3 Turma 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 Mês 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 Latas Rejeitadas 29 37 29 54 45 24 35 32 25 52 43 28 48 33 47 18 20 15 19 39 40 29 28 42 Tabela 3.11 – Dados do Processo para Análise de Multi-Vari. A tabela 3.12 mostra que não há correlação entre as variáveis: rótulos, turma e mês, pois p>0,05. Termo Constante Rotúlo Turma Mês S = 11.53 Coef 40.460 -0.500 0.483 -4.583 SE Coef 10.790 2.883 2.105 4.707 R-Sq = 4.9% T 3.75 -0.17 0.23 -0.97 P 0.001 0.864 0.821 0.342 R-Sq(adj) = 0.0% Tabela 3.12 – Análise de Regressão: Latas Rejeitadas versus Rótulo, Turma e Mês. A figura 3.8 ilustra graficamente a não correlação entre as variáveis. DMAIC – Capítulo 3 39 . Turma 1 3 2 4 1 2 3 4 Rotúlo 55 1 2 Latas Rejeitadas 3 45 35 25 15 1 2 Mês Figura 3.8 – Gráfico Multi-Vari Análise das Latas Rejeitadas. 3.4 Fase Melhorar A fase otimizar consiste fundamentalmente em descobrir as relações entre os CTQs e as variáveis X’s “pouco vitais”, para tal desenvolve -se DOE, com objetivo de se conhecer a fundo cada processo, através da mudança estrutural de níveis de operação de diversos fatores simultaneamente do processo em estudo. A informação obtida com o DOE auxilia a identificar o ajuste das variáveis–chaves para modificar e otimizar o processo. 3.4.1 Projetos de Experimentos Sir Ronald A. Fisher, cientista britânico, foi o inovador no uso dos métodos estatísticos e da análise de dados no Rothamsted Agricultural Experiment Station, de Londres, em 1920. Fisher desenvolveu o primeiro uso da análise e variância, assim como os primeiros métodos de estatística no DOE. Em 1933, Fisher levou seu trabalho para a Universidade de Londres. Além da contribuição de Fisher, houve muitas outras para a literatura DOE, incluindo-se as de F. Yates, R.C.Bose, W. G. Cochram, R. H. Myers, J. S. Hunter, e G. E . P. Box (Motgomery, 1997). O método DOE foi aplicado na agricultura e na ciência biológica, tendo alcançado enorme sucesso. A primeira aplicação prática ocorreu em 1930, na British Textile (Schmidt e Case, 2001). Depois da Segunda Guerra mundial, o método foi introduzido na indústria DMAIC – Capítulo 3 40 química e em outros processos industriais de empresas nos Estados Unidos e Europa. Recentemente, os métodos são largamente utilizados em pesquisas e set up industriais, às vezes por diferentes propósitos. Na indústria, o objetivo principal é extrair o máximo de informação para determinar quais fatores afetam o processo produtivo; similarmente na aplicação científica, onde as técnicas de análise de variância e regressão são usadas para determinar se existe significância entre as variáveis de entrada no processo sobre as variáveis de saída, com intuito de descobrir possíveis correlações entre os fatores pesquisados, e assim determinar a origem de diferentes mudanças no processo, ou seja, as causas especiais de variação do processo (Halbleib e Crowder, 2001). Box (1960) disse que é praticamente impossível achar o que está acontecendo a um sistema quando simultaneamente se está interferindo no mesmo. Através do DOE é possível detectar as causas especiais por ser uma técnica que promove a interação das variáveis de entrada para analisar os efeitos sobre as variáveis de saída. O DOE não apenas revela o rendimento e a significância dos testes do nível de fator, mas também fornece um modelo de resposta. Estes experimentos podem ser combinados, segundo todas as variáveis (fatorial completo) ou com as combinações parciais (fatorial fracionário). Koselka (1996) listou várias aplicações com resultados positivos obtidos através do DOE: • Redução de defeitos em uma sensível escala computacional de 25% para menos de 1% dentro de um mês; • Manutenção da qualidade de uma usina de papel com menor custo de madeira; • Redução nos riscos de erros de medicamentos errados para os pacientes num hospital, implantando a padronização de procedimentos, com técnicas à prova de erro; • Impacto nas vendas de calçados com utilização do arranjo de cores para impressionar os clientes; • Redução de defeitos de impregnação de carbono nos carimbos de uretane em 85 %. • Redução nos erros de ordens de serviço; • Aumento da vida útil de um rolamento em até cinco vezes. A utilização do DOE na investigação das causas especiais de variação do processo, tem por conseqüência o desenvolvimento de um processo robusto, pois elimina o método de tentativa e erro. A figura 3.9 ilustra as variáveis de um processo (Montgomery, 1997): DMAIC – Capítulo 3 41 Fatores Controláveis X1 X2 ... Xp Saídas Entradas Materiais Controles Máquinas etc... O que se mede para avaliar o sucesso do processo Processo ... Z1 Z2 Zp Fatores Incontroláveis (ruído) Figura 3.9 – Modelo Genérico de um Processo ou Sistema. Fonte: Montgomery (1997). A definição da função de transferência do DOE pode ser descrita assim: y = f ( x1,x2,... xn) ; (3.14) onde: y = variável dependente do experimento ou saída do processo; xi = variáveis independentes ou entrado do processo; f = função matemática gerada para cada variável resposta. Esta função matemática determina que os efeitos das variáveis incontroláveis (Z1, Z 2 ...Zp ) sejam minimizados. 3.4.2 Metodologia de Superfície de Resposta A RSM transformou-se em uma ferramenta importante no processo e no desenvolvimento de produtos, esta metodologia consiste em técnicas matemáticas e estatísticas de otimização, que são usadas para melhorar e desenvolver processos. Em ambas situações, a metodologia pode ser usada para obter parâmetros de processos otimizados que resultam em um melhor produto final. As aplicações da RSM podem ser encontradas em DMAIC – Capítulo 3 42 muitos ajustes industriais onde diversas variáveis influenciam no resultado desejado (Borror e Montgomery, 2000). Segundo Breyfogle (1999), a RSM tem uma grande vantagem, pois podem ser utilizados vários fatores para analisar vários problemas com poucos ensaios. Isto sem dúvida viabiliza os experimentos no processo industrial, pois os set up tem custo elevado. 3.4.3 RSM – Pontos Centrais Compostos A equação linear para dois fatores com efeito principal, sem considerar as interações, pode ser escrita da seguinte forma: y=b0+b1 x1+b2x2 (3.15) Onde y é a resposta, b0 é a intersecção axial, e (b1,b2) são coeficientes dos fatores. O balanceamento do experimento é feito por dois fatores que são considerados por x1 e x2, respectivamente pela equação –1 e +1, sendo que os coeficientes b1 e b2 são equivalentes à metade dos efeitos de b0, e é a medida para todas as respostas. Para se ter a resposta, os programas computacionais utilizam as técnicas de análise de regressão (Piepel, 1988). Quando são consideradas as interações, a equação tem a seguinte forma: y=b0+b1 x1+b2x2 + . . . +bk xk +ε (3.16) O número de termos na equação descreve o número mínimo de ensaios necessários para determinar o modelo, sendo ε o erro observado na resposta. Pontos centrais podem ser adicionados para dois níveis de fatorial fracionário designado para determinar o modelo linear assumido. Quando usado o programa e a regressão nos efeitos, os níveis de fatorial fracionário devem assumir uma simetria de valor ao redor de zero. Para determinar se a linearidade assumida é válida, a resposta média dos pontos centrais pode ser comparada com a medida média das tentativas de experimento com fatorial fracionado de dois níveis (Cornell,1981). Se há uma curvatura no sistema, então o polinômio de alto grau pode ser escrito assim: y = b0 +b1.x1 +...+bk. xk + b12.x1.x2 +b13.x1.x3 +... +bk-1,k.xk-1 xk + b11.x1² +...+bkk.xk² (3.17) Nesta equação, podem ser observadas as variáveis dependentes da resposta y, que inclui (1) efeitos principais por fator x1 , ..., xk, (2) suas interações (x1x2, x1x3, ... ,xk-1xk), e (3) DMAIC – Capítulo 3 43 seus componentes quadráticos (x12, ..., xk2). Não estão assumidos os níveis dos fatores, que podem ser analisados pelo valor contínuo dos fatores (Box e Draper, 1987). Os principais efeitos e interações estimadas são independentes, por exemplo, supondose ter um experimento com dois fatores, tem-se um experimento ortogonal, conforme arranjo da tabela 3.13. A Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3 Ensaio 4 B 1 1 1 1 -1 -1 -1 -1 Tabela 3.13 – Arranjo Ortogonal. Para os dois primeiros fatores (A e B), ambos têm valor maior (+1). Nos dois últimos ensaios, ambos têm valor baixo (-1). Assim, pode-se estimar a contribuição independente dos fatores A e B e o efeito de cada variável no experimento. Para assegurar a contribuição independente dos dois fatores, o nível do fator nível nos quatro ensaios pode ser trocado, formando um arranjo ortogonal, usado pela primeira vez por Yates (apud Cornell, 1990a). Pode-se ilustrar este arranjo da seguinte forma (tabela 3.14): Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3 Ensaio 4 A 1 1 -1 -1 B 1 -1 1 -1 Tabela 3.14 – Arranjo Ortogonal com 02 Variáveis. Onde A e B são colunas ortogonais. Assim é estimado o efeito principal por comparação de A, com maior valor de A dentro de cada nível de B, e com menor valor de A dentro de cada nível de B; o efeito principal de B pode também ser estimado da mesma maneira. Uma segunda consideração é relatada para o primeiro requerimento, em que este também tem como extrair a máxima quantidade de informação do experimento, ou especificamente, da região experimental de interesse; Box e Draper (1987) demostraram que o erro padrão para previsão do valor das variáveis dependentes é proporcional a: (1 + f(x)' (X'X)¨¹ f(x))½ (3.18) DMAIC – Capítulo 3 44 Onde f(x) padrão para cada fator do respectivo modelo (f(x) é um vetor, f(x)’ é a imagem deste vetor, e X é a matriz designada para o experimento, que é codificada por fator e efeito para todos os ensaios; (X’X)-1 é o inverso do cruzamento do produto da matriz. A incerteza no valor das variáveis dependentes está sujeita à variabilidade e à distribuição dos pontos nos ensaios). Estes pontos podem ser escolhidos para extrair o máximo de informações das variáveis dependentes e níveis de quantidade de incerteza para predizer valores futuros. A equação seguinte quantifica a informação, que é o inverso da incerteza normalizada. Para um experimento com quatro testes ortogonal a informação é: Ix = 4/(1 + x1² + x2²) (3.19) Onde x1 e x2 são padrão para cada fator A e B, respectivamente (Box e Draper, 1987). Inspeções desta função em uma plotagem demonstram que esta é uma constante sobre círculos centrados na origem. Assim, algum tipo de rotação dos pontos do planejamento original será gerado com igual quantidade de informação, e para igual informação da função. Portanto, o projeto ortogonal 2x2 de quatro ensaios, é conhecido como rotacional (figura 3.10). Figura 3.10 – Função para 2x2 Projeto Ortogonal. Para que o experimento seja do tipo rotacional, são adicionados pontos estratégicos chamados de “pontos estrelas”, (tanto no quadrado ou cubo) para um projeto fatorial de 2 níveis. A matriz de experimento na tabela 3.15 mostra a adição destes pontos: DMAIC – Capítulo 3 45 A Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3 Ensaio 4 Ensaio 5 Ensaio 6 Ensaio 7 Ensaio 8 Ensaio 9 Ensaio 10 1 1 -1 -1 -1.414 1.414 0 0 0 0 B 1 -1 1 -1 0 0 -1.414 1.414 0 0 Tabela 3.15 – Adição de Pontos Centrais no Projeto. Os cincos primeiros ensaios do experimento são de pontos quadráticos ou cúbicos; os ensaios de 5 a 8 são chamados de pontos estrelas ou pontos axiais, nos testes 9 e 10, são pontos centrais (figura 3.11). A informação da função para este projeto é um modelo rotacional de segunda ordem (quadrática); este é constante nos círculos ao redor da origem. Figura 3.11 – Projeto de Experimentos com Pontos Centrais Compostos. As duas características discutidas dos pontos centrais compostos (ortogonalidade e rotacionalidade) dependem da distância dos pontos axiais (α), sendo que a distância dos pontos axiais aos pontos centrais é padrão (1.414). (Box e Draper, 1987). Então o experimento é rotacional se: α = ( nc )¼ Onde nc é padrão para número de pontos cúbicos. (3.20) DMAIC – Capítulo 3 46 Um projeto é ortogonal de pontos compostos, se uma distancia axial escolhida for: α = {[( nc + ns + n0 )½ - nc½]² nc/4}¼ (3.21) Onde: nc é o número de pontos cúbicos no experimento; ns é o número de pontos axiais no experimento; n0 é o número de pontos centrais no experimento. Para se realizar os experimentos aproximadamente ortogonal e rotacional, primeiro deve-se escolher a distância axial para rotacional e então adicionar pontos centrais (Piepel, 1988), portanto: n0 = 4nc½ + 4 - 2k (3.22) Onde k é padrão para o número de fatores no experimento. A seguinte fórmula sintetiza a distância axial, e a maioria dos contornos razoáveis da função da informação, isto é, contornos que são perto de esféricos (Box and Draper, 1987): α = [k(l+ns0/ns)/(1+nc0/nc)]½ (3.23) Onde: ns0 é o número de pontos centrais na porção axial do experimento; ns é o número de pontos não centrais na porção axial do experimento; nc0 é o número de pontos na porção cúbica do experimento; nc é o número de pontos não centrais na porção cúbica do experimento. Os Projetos de Experimentos de Pontos Centrais Compostos são geralmente construídos sobre a forma 2(k-p) para a porção cúbica do experimento, que é adicionado pontos centrais. Box e Draper (1987) listaram um número de experimento semelhante. A forma de plotagem da resposta pode ser mais bem resumida em gráficos e pode-se gerar ambos contornos da plotagem da superfície de resposta (figura 3.12). DMAIC – Capítulo 3 47 Figura 3.12 – Pontos Centrais Compostos. 3.4.4 RSM – Box-Behnken Box e Behnken (1960) descreveram uma classe de projetos de experimentos fatoriais incompletos de nível 3 para a estimativa de coeficientes em um polinômio de segundo grau. Estes projetos satisfazem aproximadamente o critério de rotatibilidade e, em sua maioria, podem ser bloqueados ortogonalmente. No desenvolvimento de projetos Box-Behnken, delimita-se as variáveis para gerar projetos rotatórios de segunda ordem.. Supondo-se que a codificação dos níveis seja feita em unidades padronizadas, de forma que os 3 valores alcançados por cada uma das variáveis x1 , x2 , · · ·xk sejam –1, 0 e 1, e supondo também que o polinômio graduado de segundo grau providenciado pelo método dos menores quadrados é: k k k yˆ = b0 + ∑ bixi +∑∑ bijxixj k i =1 j = i (3.24) Um planejamento rotativo de segunda ordem é tal que a variação de ŷ é constante para todos os pontos eqüidistantes do centro do projeto — ou seja, para todos os pontos para os DMAIC – Capítulo 3 48 quais ρ = ∑i (x2i)1/2 seja constante. Dentre a classe de projetos rotativos, seleciona-se aqueles para os quais a variação de ŷ, (função de ρ), é razoavelmente constante na região do espaço-k coberta pelo experimento. A exigência de rotatibilidade é introduzida para assegurar uma geração simétrica de informação no espaço das variáveis definidas e graduadas, até certo ponto correntemente pensadas de modo mais apropriado pelo experimentador. Os projetos Box-Behnken são formados pela combinação de projetos fatoriais de 2 níveis com projetos de blocos incompletos de uma maneira particular. Isso é ilustrado na figura 3.13, onde é mostrado um projeto de blocos incompletos balanceados para o ensaio dos variáveis k = 4 em blocos b = 6 de tamanho s = 2. x1 1 ⎡ ∗ ⎢ 2 ⎢ ⎢ 3 ⎢ ∗ ⎢ 4 ⎢ ⎢ ⎢ 5 ⎢ ⎢ 6 ⎣⎢ ∗ x2 x3 ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ x4 ⎤ ∗ ⎥⎥ ⎥ ⎥ ∗ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ∗ ⎥ ⎥ ⎦⎥ Figura 3.13 – Projeto de Blocos Incompletos Balanceados para 4 Variáveis em 6 Blocos. Fonte: Box-Behnken (1960). Os dois asteriscos em todas as linhas do projeto de blocos incompletos são substituídos pelas colunas s = 2 do projeto de nível 22. No lugar onde não tem asterisco, deve-se substituir por zero. O projeto é completado pela adição de um número de pontos centrais (0, 0, 0, 0), sendo desejável essa combinação. Na tabela 3.16, são mostrados vários números de projetos Box-Behnken como apropriados para a pesquisa de 3, 4, 5, 6, 7, 9, 10, 11, 12, e 16 variáveis. Nessa tabela, exceto se indicado de outra forma, o símbolo ( ±1, ±1, · · · , ±1) quer dizer que todas as combinações de mais e menos níveis podem ser ensaiadas. Sempre que um fatorial obtido não confundir os principais efeitos e duas interações de fator uns com os outros, ele pode ser usado em substituição ao fatorial inteiro. Por exemplo, no projeto número 8, s é equivalente a cinco e, como indicado na tabela, ao invés de usar um fatorial inteiro 25, para estes pode-se alcançar o resultado desejável com ½ replicação. DMAIC – Capítulo 3 49 N.º do Planejamento Número de Variáveis 1 3 2 4 3 blocos de 9. BIB (uma Classe associada). 3 5 2 blocos de 23. BIB (uma classe associada). 4 6 2 blocos de 27. 1ª Associação: (1, 4); (2, 5); (3 6). 5 7 2 blocos de 31. BIB (uma classe associada) Matriz do Planejamento N.º de Ensaios Blocos e Esquema de Associação Blocagem não ortogonal. BIB (uma classe associada). (a) 5 blocos de 26. (b) 10 blocos de 13. 6 9 Tabela 3.16 – Planejamentos de Experimentos de 3 Níveis. 1ª associação: (1, 4); (1, 7); (4, 7); (2, 5); (28); (5, 8; (3, 6); (3, 9); (3, 9). DMAIC – Capítulo 3 N.º do Planejamento 7 50 Número de Variáveis Matriz do Planejamento N.º de Ensaios 10 Blocos e Esquema de Associação 2 blocos de 85. 2º Associação: (1, 8); (1, 9); (1, 10); (2, 6); (2,7); (2, 10); (2, 5); (3, 7); (3, 9); (4, 5); (4, 6); (4, 8); (5, 10); (6, 9); (7, 8). 25 fracionado em x1x2x3x4x5. 8 11 Blocagem não ortogonal. BIB (uma classe associada). 2 blocos de 102. 9 12 1ª Associação: (1, 7); (2, 8); (3, 9); (4, 10); (5, 11); (6, 12). (a) 6 blocos de 66. (b) 12 blocos de 33. 10 16 Tabela 3.16 – Planejamentos de Experimentos de 3 Níveis Fonte: Box e Behnken (1960)- Continuação. 1ª Associação: (1, 5); (1, 9); (1, 13); ( 5, 9); (5, 13); (9, 13); (2, 6); (2, 10), 2, 14); (6, 10); (6, 14}; (10, 14); (3, 7); (3, 11); (3, 15); (7, 11); (7, 15); (11, 15); (4, 8); (4, 12); (4, 16); (8, 12); (8, 16); (12, 16). DMAIC – Capítulo 3 51 Alguns projetos Box-Behnken são ensaiados em blocos, e para este, é desejável realizar bloqueamento ortogonal, ou seja, combinar de forma que os contrastes sejam não-correlativos com todas as estimativas dos coeficientes no polinômio. Se isso puder ser alcançado, a análise poderá ser executada quase como se diferenças de blocos não existissem. A única modificação necessária é que, na análise de variância, a soma de quadrados associados com diferenças de blocos precisa ser subtraída da soma residual de quadrados. Assumindo-se que o modelo seja adequado, a soma residual de quadrados assim ajustada pode então ser usada para estimar a variação dentro-do-bloco e conseqüentemente os desvios padrão dos coeficientes. Aplicando estes conceitos pode-se notar que: 1) Onde os “conjuntos de replicação” puderem ser encontrados na geração do projetos de blocos incompletos, estes produzirão uma base para o bloqueamento ortogonal. Estes conjuntos de replicação são subgrupos dentro dos quais cada variedade é testada o mesmo número de vezes. 2) Onde os projetos fatoriais componentes puderem ser divididos em blocos que apenas confundam interações com número maior que dois fatores, estes podem dar uma base para o bloqueamento ortogonal. As linhas pontilhadas (tabela 3.16) indicam as divisões apropriadas em conjuntos de replicação. Usando estas divisões, o projeto número 2 pode ser dividido em 3 blocos, o projeto número 3, em 2 blocos, o projeto número 6, em 5 blocos e o projeto número 10 em 6 blocos. Nestes esquemas de bloqueamento os pontos centrais precisam ser distribuídos igualmente no meio dos blocos para reter a ortogonalidade. O segundo método pode ser ilustrado com o projeto número 4, para o qual o primeiro método não pode ser empregado. A base para o projeto consiste em 48 ensaios gerados a partir de 6 projetos fatoriais 23. O projeto fatorial simples 23 pode ser executado em 2 conjuntos de 4 ensaios, confundindo a interação de 3 fatores com blocos. Ensaios com níveis (1, 1, 1), (1, –1, –1), (–1, –1, 1), (–1, 1, –1) poderão ser incluídos em um conjunto (denominado conjunto positivo) e ensaios com níveis (–1, –1, –1), (–1, 1, 1), (1, –1, 1), (1, 1, –1), no outro (denominado conjunto negativo). O grupo completo de 48 ensaios pode ser dividido em 2 blocos ortogonais de 24 por intermédio da alocação do conjunto um (ou positivo ou negativo) a partir de todos os projetos fatoriais 23 no bloco 1, e o resto no outro. Este método é usado onde o tamanho do bloco s > 2 e empregado para projetos 4, 5, 6, 7, 9, e 10. Nos projetos 7, 9, e 10 o fatorial básico é um projeto 24. Este é dividido em dois DMAIC – Capítulo 3 52 conjuntos de tal forma que confunda a interação de fator quatro, o que vale dizer que ensaios com níveis cujo produto seja positivo são alocadas no grupo um, e o resto no outro. Em alguns casos, ambos os métodos podem ser usados simultaneamente. Dessa forma, no projeto 6, o projeto de bloco básico incompleto contém 5 “replicações” indicadas pelas linhas pontilhadas na tabela 3.16, dando uma base para a geração de 5 blocos de 24 ensaios. Cada um desses blocos pode ser dividido em dois através da alocação dos conjuntos positivos dos fatoriais componentes no bloco 1 e os conjuntos negativos, no outro. Obtem-se, finalmente, uma combinação para geração de 10 blocos de 12 ensaios. Um procedimento similar pode ser aplicado no bloqueamento do projeto número 10 (Box e Behnken, 1960). 3.4.5 Planejamento do Experimento Box- Behnken No presente trabalho, a RSM foi utilizada adotando-se o procedimento Box- Behnken com 3 fatores e 3 níveis, pois um fator importante que se deve considerar ao se planejar um experimento, é a escolha correta do tipo de projeto que melhor se adapte às condições experimentais específicas do problema em estudo (Custódio, Morais e Muniz, 2000). Segundo Breyfogle (1999), os projetos Box- Behnken tem poucos ensaios, e isto é uma das principais razões de ser escolhido sobre os de Pontos Centrais Compostos, ou seja, este projeto requer somente 3 níveis para cada variável, sendo que o de Pontos Centrais Compostos requer 5 níveis para cada variável. Os projetos Box- Behnken são gerados por variáveis previamente delimitadas (Box e Behnken, 1960). Neste experimento teve-se como obstáculo, o alto custo de set up, sendo assim procurou-se um tipo de RSM que tivesse menor número de ensaios, além das limitações de ajustes do flangeador 02, pois o dimensional do produto a ser fabricado no mesmo não poderia ultrapassar os limites de engenharia, sob o qual o mesmo foi projetado. Assim por requerer poucos ensaios e os ajustes serem limitados o projeto Box-Behnken foi escolhido para este experimento. As variáveis independentes (KPIV’s), selecionadas pelas etapas anteriores do programa 6 Sigma, como Matriz Causa e Efeito e FMEA, foram: Diâmetro do Plugue, Largura do Flange e Ângulo do Flange. A variável dependente (resposta ou KPOV) foi o número de latas rejeitadas na envasadora (cliente). A função assumida que vincula a resposta com as variáveis independentes pode se aproximar com o polinômio de segunda ordem, que tem a seguinte forma: y = b0 +b1.x1 + b2.x2 + b3.x3 +b12.x1.x2 + b13.x1.x3 + b23.x2.x3 + b11.x1² + b22.x2² + b33.x3² (3.25) DMAIC – Capítulo 3 53 Em que: • y é o nº de latas rejeitadas; • x1, x2, e x3, são o diâmetro do plugue, largura do flange e ângulo do flange, respectivamente, expressos em forma codificada (que tomam os valores 1, 0 e –1 respectivamente); • b0, b1, b2, b3, b12, b13, b23, b11, b22, b33 são os coeficientes de regressão. O projeto Box-Behnken composto de 3 variáveis e 3 níveis, com uma replicação é representada pela tabela 3.17: Ensaio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Variáveis x1 x2 x3 0 + 0 0 0 0 0 + + + 0 0 0 0 + 0 0 0 0 0 + 0 + 0 + 0 + 0 + + 0 0 + - Tabela 3.17– Matrix Box-Behnken 3 Níveis e 3 Variáveis Codificadas. Foram estabelecidos os limites mínimos e máximos para as variáveis pela capacidade de ajuste do equipamento (Flangeador 02) e em função dos diâmetros mínimos e máximos permitido na abertura de encaixe da tampa para reclavação da mesma na lata. Assim, teve-se as seguintes medidas para nível mínimo, médio e máximo para as variáveis de entrada (figura 3.14): x1 = Diâmetro do Plugue, mm, (52,298; 52,400; 52,502), x2 = Largura do Flange, mm, (1,880; 2,083; 2,286); x3 = Ângulo do Flange, grau, (-1, 0, +1). DMAIC – Capítulo 3 54 Figura 3.14 – Indicação das Variáveis de Entrada para o Projeto Box-Behnken. 3.4.6 Procedimento Experimental Foi produzido um lote com 8.000 peças, numeradas de 1 a 15, de acordo com a combinação solicitada pela tabela 3.17, e inseridos os valores extremos e médio (-1, 0 1) para: • Variável 1= diâmetro do plugue; • Variável 2 = largura do flange e • Variável 3 = ângulo do flange. As latas foram paletizadas aleatoriamente e enviadas para a envasadora do cliente. As latas foram colocadas na linha de produção do cliente com acompanhamento dos técnicos de produção, instruídos para coletar todas as latas que não completassem a reclavação da tampa, e anotar, em uma planilha a numeração de todas. 3.4.7 Resultados do Experimento Após o término do envase das latas, foram separadas as latas que apresentaram problemas de não recravação (rejeição), obteve-se o resultado da rejeição para cada tipo de combinação das variáveis de entrada, conforme mostra a tabela 3.18: DMAIC – Capítulo 3 55 Ordem Ordem do Diâmetro Largura Ângulo N.º de Latas Padrão Ensaio do Plugue do Flange do Flange Rejeitadas 12 1 52.400 2.286 1 26 13 2 52.400 2.083 0 6 2 3 52.502 1.880 0 15 15 4 52.400 2.083 0 6 8 5 52.502 2.083 1 14 1 6 52.298 1.880 0 40 9 7 52.400 1.880 -1 12 6 8 52.502 2.083 -1 6 14 9 52.400 2.083 0 6 5 10 52.298 2.083 -1 2 10 11 52.400 2.286 -1 1 4 12 52.502 2.286 0 2 3 13 52.298 2.286 0 2 7 14 52.298 2.083 1 11 11 15 52.400 1.880 1 26 Tabela 3.18 – Resultado dos Ensaio na Linha de Produção do Cliente. As informações da tabela 3.18 foram introduzidas no software estatístico Minitab, utilizando a RSM para projetos Box- Behnken. O Minitab estimou os coeficientes de regressão de superfície de resposta para a rejeição versus diâmetro do plugue, largura de flange e ângulo do flange, conforme tabelas 3.19 e 3.20, cuja análise realizada com os coeficientes codificados, ou seja, sem os valores da variáveis inseridos. As variáveis significativas foram largura de flange (95%) e ângulo do flange (92%). Termo Constante Diâmetro Largura Ângulo do Plugue.Ângulo do plugue Diâmetro.Diâmetro Largura . Largura Ângulo do Plugue.Ângulo do plugue Diâmetro.Largura Diâmetro.Ângulo do Plugue Largura.Ângulo do Plugue S = 8.815 Coef 6.000 -2.250 -7.750 7.000 0.375 8.375 1.875 6.250 -0.250 2.750 R-Sq = 77.8% SE Coef 5.089 3.116 3.116 3.116 4.587 4.587 4.587 4.407 4.407 4.407 T 1.179 -0.722 -2.487 2.246 0.082 1.826 0.409 1.418 -0.057 0.624 P 0.291 0.503 0.055 0.075 0.938 0.127 0.700 0.215 0.957 0.560 R-Sq(adj) = 38.0% Tabela 3.19 – Análise de Variância para a Rejeição com Coeficientes Codificados. DMAIC – Capítulo 3 Fonte Regressão Linear Quadrático Interacão Erro Residual Falta de Ajuste Erro Puro Total 56 DF 9 3 3 3 5 3 2 14 Seq SS Adj SS Adj MS 1364.830 1364.833 151.648 913.000 913.000 304.333 265.080 265.083 88.361 186.750 186.750 62.250 388.500 388.500 77.700 388.500 388.500 129.500 0.000 0.000 0.000 1753.330 F 1.950 3.920 1.140 0.800 P 0.239 0.088 0.419 0.544 Tabela 3.20 – Análise de Variância para Rejeição. Além das tabelas com resultados do experimento, o Minitab forneceu os gráficos através dos quais a superfície de resposta para as variáveis de entrada no processo (ângulo do flange, diâmetro do plugue e largura do flange) pôde ser analisada em relação à variável de saída (rejeição). Pode-se então verificar quais foram os fatores e combinações que mais influenciaram a rejeição de latas para o cliente. A figura 3.15 mostra que a rejeição diminui à medida que o ângulo do flange assume valor negativo e a largura de flange aumenta. Figura 3.15 – RSM: Ângulo do Flange x Largura do Flange para Rejeição. A figura 3.16 mostra que, quando o diâmetro do plugue aumenta, a rejeição diminui; e que a variação da rejeição no ângulo do flange é maior em relação à variação do diâmetro do plugue, indicando que o ângulo do flange tem maior influência sobre a rejeição. DMAIC – Capítulo 3 57 Figura 3.16 – RSM: Diâmetro do Plugue x Largura do Flange para Rejeição. Na figura 3.17, verifica-se que a menor rejeição ocorre quando o ângulo do flange tem valor -1 e o diâmetro do plugue é menor, este porém com menor influência sobre a rejeição. Figura 3.17 – RSM: Diâmetro do Plugue x Ângulo do Flange para Rejeição. O Diâmetro do Plugue não influenciou no aumento de rejeição, pela análise de regressão o índice descritivo (p value) é 47,4%; portanto, devemos rejeitar a hipótese de DMAIC – Capítulo 3 58 correlação com a rejeição. No entanto, a largura de Flange e o Ângulo do Flange tem forte correlação com a rejeição, pois verifica-se que p é 3,2 e 4,8%, respectivamente. A figura 3.18 mostra os valores otimizados das variáveis, diâmetro do plugue, largura de flange e ângulo de flange. Figura 3.18 – RSM: Otimização das Variáveis de Entrada. Conforme figura 3.18, a menor rejeição deve ocorrer quando: x1 = Diâmetro do Plugue = 52,3891 mm x2 = Largura de Flange = 2,1046 mm x3 = Ângulo do Flange = -1º Se substituirmos os valores de x1, x2 e x3 na equação 3.25 da página 52, utilizando os valores de coeficientes de regressão da tabela 3.21, a resposta y (nº de latas rejeitadas) será zero, comprovando assim que os parâmetros dimensionais para diâmetro de plugue, largura de flange e ângulo de flange são otimizados: Coeficiente b0 b1 b2 b3 b12 b13 b23 b11 b22 b33 Valor Numérico 134037.000 -4428.200 -16701.500 107.213 36.044 203.232 1.875 301.845 -2.451 13.547 Tabela 3.21 – Coeficiente de Regressão não Codificados. DMAIC – Capítulo 3 59 Assim: y = b0 +b1.x1 + b2.x2 + b3.x3 +b12.x1.x2 + b13.x1.x3 + b23.x2.x3 + b11.x1² + b22.x2² + b33.x3² => y = 134037 + (-4428,2.x1)+(-16701,5.x2)+107,213.x3 +36,044.x1.x2 +203,23252,3891.x1.x3 + 1,875.x2.x3 + 301,845.x1² + (-2,451.x2²) + 13,547.x3² => y = 134037 + (-4428,2. 52,3891)+(-16701,5. 2,1046)+107,213.x3 +36,044. 52,3891. 2,1046 +203,23252,3891. 52,3891.(-1) + 1,875. 2,1046.(-1) + 301,845. 52,3891² + (-2,451. 2,1046²) + 13,547.(-1)² => y=0 3.5 Fase Controlar Nesta fase são implementados diversos mecanismos para monitorar continuamente as variáveis X’s que influenciam diretamente nos CTQs, mantendo desempenho do processo estável. Entre as técnicas adotadas, destaca-se o controle estatístico do processo(CEP) (Hoerl, 2001), através do mesmo tem-se vários métodos para monitorar a qualidade de um processo de produção. Entretanto, uma vez que um processo está sob controle é necessário manter o desempenho do processo também a longo prazo com as exigências de engenharia. A maioria dos procedimentos e os índices utilizados, foram introduzidos nos Estados Unidos primeiramente pela Ford Motor Company (Kane, 1986). 3.5.1 Controle Estatístico do Processo Em todos os processos de produção, há necessidade de monitoramento dos produtos através de suas especificações. Há duas anomalias da qualidade do produto: (1) desvios das especificações da média, e (2) variabilidade excessiva em torno das especificações. Durante os estágios mais adiantados de se controlar o processo de produção, as experiências projetadas são usadas freqüentemente para otimizar estas características da qualidade; os métodos fornecidos no controle de qualidade são procedimentos para controle do monitoramento de um processo de produção ( Shirland, 1993): • Capabilidade Potencial (Cp) - Este é o indicador mais simples e o mais direto da potencialidade do processo. É definido como a relação da escala da especificação à escala do processo; usando limites do sigma do ± 3σ: Cp = (LSC-LIC)/6σ (3.26) DMAIC – Capítulo 3 60 Esta relação expressa a proporção da escala da curva normal que cai dentro dos limites da especificação da engenharia. Bhote (1988) relata o uso difundido de técnicas estatísticas do controle de qualidade (antes de 1980), a qualidade normal de processos de manufatura dos Estados Unidos era aproximadamente Cp = 0,67. Após 1988, somente 30% de processos dos Estados Unidos estavam abaixo deste nível de qualidade. Na indústria de manufatura japonesa de 1980, adotou-se como padrão Cp = 1,33. A potencialidade processo requerida para manufaturar produtos é geralmente mais elevada do que esta; Minolta (Apud Bhote 1998, p.53) estabeleceu um índice do Cp de 2,0 como seu padrão mínimo para seus fornecedores, pois quando maior o Cp, indica menor variabilidade no processo e conseqüentemente menores custos. • Processo não Centralizado Demonstração Excelente(Cpk): Um dos principais defeitos do índice Cp é que pode dar informação errônea se o processo não estiver no alvo. Primeiramente, os índices potenciais superiores e mais baixos da potencialidade podem ser calculados para refletir o desvio da média observada no processo limites presumidos de ± 3σ dos limites de controles superiores e inferiores. Obviamente, se estes valores não forem idênticos, o processo não é centrado. A correção (k) para corrigir o Cp para os efeitos de não centralizados, é dada pela seguinte expressão: K=⏐(D - )⏐1/2 (3.27) Onde D = (LSC+LIC)/2. (3.28) Este fator da correção expressa a não centralização (especificação do alvo menos a média) relativo à escala da especificação. Pode-se ajustar o Cp para o efeito: Cpk = (1-k).Cp (3.29) Se o processo for centrado perfeitamente, k é igual a zero, e Cpk é igual ao Cp. • Capabilidade Potencial II (Cpm): Uma modificação recente (Chan, Cheng, e Spiring, 1988) ao Cp é dirigida em ajustar a estimativa do sigma para o efeito de não centralização (aleatório). Especificamente, pode-se calcular o sigma alternativo (σ2) como: σ2 = { (xi - TS)2/(n-1)}½ onde: (3.30) DMAIC – Capítulo 3 61 σ2 = estimativa alternativa do sigma xi = valor da amostra TS = são o alvo ou a especificação nominal n = é o número das observações na amostra Para a curva normal padrão, estes limites (z1 = -3σ e z2 = +3σ) traduzem o percentil de 0,135 com 99,865%. No caso da distribuição não normal, os limites de “σ” bem como as médias (zm = 0,0) podem ser substituídos pelos valores padrões correspondentes, dados os mesmos percentis sob a curva não normal (Kane, 1986). 3.5.2 Cartas de Controle As cartas de controle são úteis para seguir a estatística do processo ao longo do tempo e detectar a presença de causas especiais. Uma causa especial resulta na variação que pode ser detectada e controlada. A variação devido a causa comum é a variação que é inerente ao processo, pois um processo está sob controle quando há somente causas comuns. As cartas de controle por variáveis, controlam estatisticamente dados de medidas dos lotes de produção, tais como o comprimento, a pressão, etc. As cartas do controle por atributos traçam dados da contagem, tais como o número dos defeitos ou de unidades defeituosas (AIAG, 1995b). As carta de controle mais utilizadas nos processos de fabricação são a carta X R e Média das Amostras X S, na figura 3.19 tem-se um exemplo de uma carta X R: LSC=602,4 602 601 Média=600,2 600 599 LIC=598,1 598 Subgrupo Amplitude das Amostras 1 1 603 0 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 20 LSC=7,866 R=3,72 LIC=0 Figura 3.19 – Carta de Controle X R. DMAIC – Capítulo 3 62 Em ambas, a linha central horizontal representa as amostras diferentes; a linha central vertical para a carta de X R representam as médias para a característica de interesse; a linha central vertical para a carta de R (amplitude) representa as escalas. A linha central na carta da X R representa o tamanho padrão desejado, enquanto que a linha central na carta de R representa a escala aceitável; assim, esta última carta é uma carta da variabilidade do processo. Além da linha central, uma carta típica inclui duas linhas horizontais adicionais para representar os limites de controle superiores e inferiores (AIAG, 1995b). Os tipos de cartas são classificados freqüentemente de acordo com o tipo de característica da qualidade que são supostos para monitorar: cartas para variáveis e cartas do controle para atributos. Especificamente, as seguintes cartas são construídas geralmente para variáveis controlando (AIAG, 1995b): • Carta X R – Nesta carta as médias da amostra são traçados a fim controlar o valor médio de uma variável (por exemplo, tamanho de anéis de pistão, de força dos materiais, etc.). • Carta R – Nesta carta, as escalas da amostra são traçadas a fim controlar a variabilidade de uma variável. • Carta S – Nesta carta, os desvios padrão da amostra são traçados a fim controlar a variabilidade de uma variável. • Carta S2 – Nesta carta, as variações da amostra são traçadas a fim controlar a variabilidade de uma variável. Para as características controlando da qualidade que representam atributos do produto, as seguintes cartas são construídas (Kane, 1986): • Carta C – Nesta carta, traça-se o número dos defeitos (por grupo, por dia e por máquina, por 100 pés da tubulação, etc.). Esta carta supõe que os defeitos do atributo da qualidade são raros, e os limites de controle nesta carta são computados baseados na distribuição de Poisson (distribuição de eventos raros). • Carta U – Nesta carta, traça-se a taxa dos defeitos, isto é, o número dos defeitos divididos pelo número das unidades inspecionadas. Ao contrário da carta de C, esta carta não requer um número constante das unidades, e pode ser usada por exemplo, quando os grupos (amostras) são de tamanhos diferentes. • Carta Np – Nesta carta, traça-se o número dos defeitos (por o grupo, por o dia, por a máquina) como na carta de C. Entretanto, os limites de controle nesta carta não são DMAIC – Capítulo 3 baseados 63 na distribuição de eventos raros, mas na distribuição binomial. Conseqüentemente, esta carta deve ser usada se a ocorrência dos defeitos não for rara (por exemplo, ocorrem mais em de 5% das unidades inspecionadas). Por exemplo, pode-se usar esta carta controlar o número das unidades produzidas com falhas menores. • Carta P – Nesta carta, traça-se a porcentagem dos defeitos (por o grupo, por o dia, por a máquina, etc..) como na carta U. Entretanto, os limites de controle nesta carta não são baseados na distribuição de eventos raros mas na distribuição binomial (das proporções). Conseqüentemente, esta carta é a mais aplicável às situações onde a ocorrência dos defeitos não é rara (por exemplo, espera-se a porcentagem dos defeitos ser maior que 5% do número total das unidades produzidas). 3.5.4 CEP das Variáveis Otimizadas O processo foi ajustado para que as variáveis diâmetro do plugue, largura do flange e ângulo do Flange, que foram otimizadas através da RSM Box-Behken, mantivesse o mais próximo do valor otimizado, conforme figura 3.18 da página 58. Na tabela 3.22, tem-se os dados do monitoramento, onde diâmetro do plugue e largura do flange são medidas em milímetro e o ângulo do flange é dado em grau. H o ra 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 D iâm etr o d o P lug ue 1 º d ia 2 º d ia 3 º d ia 5 2 .3 7 6 5 2 .3 7 6 5 2 .4 2 2 5 2 .4 0 5 5 2 .3 6 6 5 2 .3 5 7 5 2 .3 9 3 5 2 .3 7 2 5 2 .3 9 4 5 2 .3 9 4 5 2 .3 9 9 5 2 .3 8 9 5 2 .3 7 9 5 2 .3 8 8 5 2 .4 1 7 5 2 .3 6 5 5 2 .3 7 4 5 2 .3 7 3 5 2 .3 8 1 5 2 .4 2 8 5 2 .3 9 9 5 2 .3 8 0 5 2 .4 1 3 5 2 .4 1 7 5 2 .3 4 5 5 2 .3 9 6 5 2 .4 1 9 5 2 .3 7 4 5 2 .3 7 4 5 2 .4 2 4 5 2 .4 1 7 5 2 .4 1 0 5 2 .3 8 5 5 2 .3 9 8 5 2 .3 7 9 5 2 .4 0 7 5 2 .4 0 3 5 2 .3 6 9 5 2 .4 0 6 5 2 .3 8 0 5 2 .3 6 6 5 2 .3 9 8 5 2 .3 8 4 5 2 .3 7 1 5 2 .3 7 0 5 2 .3 9 8 5 2 .4 1 7 5 2 .4 3 1 5 2 .4 0 2 5 2 .3 7 9 5 2 .3 9 6 5 2 .3 9 2 5 2 .3 9 7 5 2 .3 8 9 5 2 .4 0 2 5 2 .3 8 4 5 2 .3 9 3 5 2 .3 7 2 5 2 .3 7 9 5 2 .3 8 5 5 2 .3 6 4 5 2 .3 9 4 5 2 .3 7 9 5 2 .3 9 0 5 2 .3 9 9 5 2 .4 4 3 5 2 .3 8 1 5 2 .4 0 4 5 2 .3 9 7 5 2 .3 8 3 5 2 .4 2 5 5 2 .3 8 9 L a rg ura d o F lang e 1 º d ia 2 º d ia 3 º d ia 2 .1 3 3 2 .0 9 7 2 .1 2 6 2 .1 0 8 2 .0 8 9 2 .1 0 8 2 .0 6 4 2 .0 8 7 2 .1 2 0 2 .0 6 8 2 .0 8 4 2 .1 5 5 2 .1 2 6 2 .0 9 3 2 .1 3 4 2 .0 8 6 2 .1 1 1 2 .0 7 7 2 .1 0 2 2 .1 0 8 2 .1 3 3 2 .0 9 0 2 .0 5 2 2 .0 9 4 2 .0 7 6 2 .1 3 1 2 .1 3 9 2 .1 1 7 2 .1 4 1 2 .1 3 2 2 .1 1 2 2 .1 1 2 2 .1 1 3 2 .1 2 0 2 .1 3 6 2 .1 4 3 2 .1 1 5 2 .1 4 6 2 .0 8 5 2 .0 2 4 2 .1 0 6 2 .1 5 7 2 .0 7 7 2 .1 2 5 2 .1 1 0 2 .0 7 6 2 .1 2 5 2 .0 9 6 2 .1 5 0 2 .1 2 3 2 .0 9 0 2 .0 7 8 2 .1 1 3 2 .1 1 9 2 .1 2 3 2 .0 8 9 2 .1 1 3 2 .1 3 9 2 .1 0 5 2 .0 9 1 2 .0 6 5 2 .0 9 5 2 .0 8 7 2 .1 0 0 2 .1 0 4 2 .0 9 5 2 .0 9 6 2 .1 2 1 2 .0 9 1 2 .0 8 3 2 .0 9 3 2 .1 1 1  ng u lo d o F lang e 1 º d ia 2 º d ia 3 º d ia -0 .8 4 -0 .7 9 -1 .2 6 -0 .5 9 -1 .1 7 -0 .7 5 -1 .1 4 -0 .8 9 -0 .8 6 -0 .9 7 -1 .2 7 -0 .7 9 -0 .8 8 -1 .1 3 -0 .8 9 -1 .1 1 -1 .4 7 -1 .0 2 -0 .9 9 -0 .6 1 -0 .9 6 -0 .9 6 -0 .8 3 -0 .8 9 -0 .9 1 -1 .0 0 -1 .2 5 -1 .0 2 -1 .1 8 -0 .9 0 -1 .1 4 -0 .4 4 -0 .5 8 -0 .7 7 -1 .0 3 -0 .8 7 -0 .9 9 -0 .7 0 -1 .1 6 -0 .9 7 -1 .0 4 -1 .4 8 -0 .9 5 -1 .3 6 -1 .4 5 -0 .9 1 -0 .9 7 -0 .9 4 Tabela 3.22 – Dados de Medição das Variáveis Otimizadas. -0 .7 6 -1 .0 2 -0 .9 2 -1 .3 6 -1 .1 2 -1 .1 4 -1 .1 8 -1 .1 0 -1 .3 9 -0 .8 6 -1 .3 5 -1 .0 7 -1 .0 5 -1 .2 2 -0 .9 8 -1 .2 0 -0 .9 3 -1 .3 0 -1 .1 8 -1 .2 6 -1 .1 5 -0 .7 5 -1 .0 5 -1 .3 8 DMAIC – Capítulo 3 64 Os dados da tabela 3.22 foram levados no Minitab e obteve-se as carta de controle e histograma com índice de capabilidade, em todos: Cp >1.33, conforme mostras as figuras: 3.20; 3.21; 3.22; 3.23; 3.24 e 3.25. LSC=52,43 Amplitude das Amostras Média das Amostras 52,44 52,43 52,42 52,41 52,40 52,39 52,38 52,37 52,36 52,35 52,34 Subgrupo Média=52,39 LCL=52,35 0 10 20 30 40 0,08 0,07 0,06 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0,00 LSC=0,069 R=0,021 LIC=0 Figura 3.20 – Carta de Controle do Diâmetro do Plugue. LIE Process Data USL Alvo 52,490 LSL 52,299 Média Nº de Amostras 52,392 LSE 52,389 Desvio Padrão 72 0,0187 Capabilidade Cp Cpk 1,69 1,64 52,30 52,35 52,40 52,45 Figura 3.21– Histograma do Diâmetro do Plugue. 52,50 DMAIC – Capítulo 3 65 UCL=2,158 Sample Mean 2,15 Mean=2,106 2,10 LCL=2,054 2,05 Subgroup 0 10 20 30 40 0,10 Sample Range UCL=0,09085 0,05 R=0,02781 0,00 LCL=0 Figura 3.22 – Carta de Controle da Largura do Flange. LSL Process Data LSE 2,228 Alvo LIE 2,105 1,985 Média 2,106 Número de Amostras Desvio Padrão USL 72 0,0248 Capabilidade Cp Cpk 1,61 1,60 2,00 2,05 2,10 2,15 Figura 3.23 – Histograma da Largura do Flange. 2,20 2,25 Média das Amostras DMAIC – Capítulo 3 -0,5 LSC=-0,50 -1,0 Média=-1,02 -1,5 LIC=-1,55 Subgrupo Amplitude das Amostras 66 0 10 20 30 40 1,0 LSC=0,91 0,5 R=0,28 LIC=0 0,0 Figura 3.24 – Carta de Controle da Ângulo do Flange. LIE Dados do Processo LSC Alvo LIC Média Nº de Amostras Desv io Padrão LSE 0,00 -1,00 -2,00 -1,02 72 0,2228 Capabilidade Cp Cpk 1,50 1,46 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 Figura 3.25 – Histograma da Ângulo do Flange. Obedecendo aos valores otimizados das variáveis de entrada do projeto de experimento utilizado, e controlando o processo através das cartas de controle, foi produzido novo lote de latas. Ao serem testadas novamente as latas na linha do cliente, a rejeição caiu de 0,80 para 0,17%, ou seja 1700 ppm, o que eqüivale a um nível sigma aproximado de 4,46 de acordo com a tabela 3.4 da página 21. Conclusões – Capítulo 4 4. 67 CONCLUSÕES 4.1 Análise dos Resultados Através do projeto 6 Sigma pode-se estabelecer novos controles para o processo de fabricação, quebrando-se um paradigma que existia desde quando o equipamento “flangeador 2” entrou em operação, ou seja, a variável controlada com maior rigor sempre foi o diâmetro do plugue; nenhuma importância era dada à largura de flange e ângulo do flange. Com o controle também mais rigoroso desta variável em torno dos valores otimizados, produziu-se produtos com melhores níveis de qualidade. Este trabalho apresentou uma solução simples para resolver problemas de reclamação de produtos acabados por parte do cliente de latas de alumínio. Foi proposta a utilização do projeto de experimento, através da RSM para otimização das variáveis de entrada. A redução de custo foi da ordem de 6% do faturamento da empresa. O trabalho teve como objetivo utilizar a metodologia 6 Sigma, mostrando um exemplo prático de aplicação da mesma. As variáveis de entrada no processo para o projeto de experimento tiveram seus valores otimizados, possibilitando à empresa antecipar futuros problemas com o cliente. Com base no exposto acima, pode-se concluir que o objetivo geral do trabalho foi atingido. Com relação aos objetivos secundários, várias constatações podem atestar o alcance dos mesmos. Elas estão relacionadas a seguir: • A metodologia 6 Sigma foi utilizada seguindo-se o roadmap conforme o trabalho de Rasis, Gitlow e Popovich, através da qual pode-se otimizar as variáveis de controle do processo de fabricação; • O modelo de projeto de experimentos apresentado na fase Improve do DMAIC pode ser facilmente aplicado em outras indústrias; • Os novos parâmetros de processo fornecido à indústria de latas de alumínio trouxeram resultados satisfatórios. 4.2 Limitações do Trabalho Existem algumas limitações nesta pesquisa que podem ser eliminadas em futuros trabalhos: • A metodologia 6 Sigma foi aplicada parcialmente com utilização de algumas ferramentas; Conclusões – Capítulo 4 • 68 Poderia ser feito outro DOE–RSM com os resultados obtidos na primeira rodada do experimento, utilizando valores próximos ao ponto ótimo, pois os valores adotados através desta rodada poderia não ser ideais, sendo assim deve-se confirmar os valores com mais uma rodada de experimento, evitando assim assumir riscos. No entanto, tornou-se inviável, neste trabalho, devido ao alto custo de equipamento parado para execução dos ensaios (set up). Sugiro que em novas aplicações da metodologia 6 Sigma seja calculado o retorno financeiro no escopo do trabalho prevendo custo/ benefício do set up versus processo otimizado. 4.3 Principais Dificuldades As principais dificuldades encontradas para elaboração deste trabalho foram: • Poucos trabalhos acadêmicos nacionais que abrangem a metodologia 6 Sigma; • Alto custo para obtenção de artigos sobre 6 Sigma e RSM, por exemplo Box-Behnken um artigo de 1960. • A oportunidades de experimentação na indústria é rara devido a urgência em se cumprir o cronograma de produção; 4.4 Recomendações a Trabalhos Futuros Este trabalho utilizou a metodologia 6 Sigma, porém de maneira resumida. A exploração da metodologia 6 Sigma teve seu auge somente na fase Improve do DMAIC, onde foi utilizado o projeto de experimento para otimização das variáveis de entrada no processo. Assim, deve-se pesquisar de maneira mais intensa por meio do programa 6 Sigma, ou seja, que se faça utilização de mais ferramentas contribuindo para melhoria da qualidade dos produtos de fabricação nacional. Anexos 69 ANEXO A – O processo de fabricação de latas de alumínio As latas possuem estrutura que lhes confere grande resistência antes, durante e após o envase. São formadas por duas peças básicas: corpo e tampa. Devido às suas características geométricas, o fundo da lata se encaixa perfeitamente à tampa de uma outra lata, o que propicia a um empilhamento perfeito no ponto de venda. A impressão do rótulo pode ser feita em até oito cores, dependendo da solicitação do cliente. Com isso, o aspecto visual da lata ganha destaque, atraindo a atenção do consumidor. A tampa de abertura Stay-on-Tab, de fácil manuseio, e que retém o anel — reduzindo a poluição ambiental — é chamada de ecológica (Morgan 1985). No processo de fabricação, o alumínio, sob forma de grandes bobinas, é desenrolado no desbobinador, que possui dois mandris, um para trabalho contínuo e outro para espera, fazendo com que o set-up seja o mais reduzido possível (figura A1, 1). A prensa de copos corta a chapa, pré-lubrificada no lubrificador em diversos discos, dando-lhes, simultaneamente, a forma do copo (figura A1, 2). Os copos seguem para a prensa de latas, onde suas paredes externas, sob grande pressão, vão diminuir de espessura e serão estiradas para formar o corpo da lata (figura A1, 3). Na saída da prensa, as bordas superiores são aparadas no aparador para que todas as latas fiquem da mesma altura (figura A1, 4). As latas passam por seis banhos consecutivos na Lavadora, onde são retirados os resíduos de orgânicos e inorgânicos; depois passam por um forno de secagem, o que garante sua total assepsia e esterilização (figura A1,5). Após a lavagem, as latas recebem uma camada de tinta branca (impressora de cobertura básica) como preparação para a litografia (figura A1, 6) e logo depois são secas por um forno de corrente pinada , cujos componentes são chamados de forno de pinos (figura A1, 7). Os rótulos são gerados em flexografia na impressora e podem receber até seis cores simultaneamente (figura A1, 8). Após a litografia, as latas recebem verniz no fundo pela envernizadora de fundo para reduzir o atrito nos transportadores da envasadora e são secas novamente, por outro forno de pinos (figuras A1, 9 e A1, 10, respectivamente). O interior das latas recebe um verniz especial que vai formar uma camada de proteção extra (figura A.11); as latas seguem, então, para o forno de secagem do revestimento aplicado (figura A1, 12). A última etapa de fabricação é a moldagem do pescoço e do perfil da borda para o encaixe da tampa (figura A1, 13), que é realizada sucessivamente no flangeadores 01 e 02; antes de ter moldado o pescoço, a lata recebe uma camada de cera ou óleo mineral pelo aplicador de óleo . O pescoço da lata, além de lhe conceder uma maior resistência de coluna, reduz o diâmetro da boca, o que permite o uso de uma tampa menor, diminuindo o custo da embalagem. Depois de pronta, a lata passa pelo Anexos 70 primeiro controle de qualidade, que é executado através de um teste de luz de alta intensidade e câmara de vídeo (inspeção automática interna e externa respectivamente) que é capaz de detectar qualquer eventual defeito na lata (figura A1,14). Finalmente, as latas são paletizadas na paletizadora (figura A1, 15) para armazenagem e transporte De cada lote produzido são retiradas amostras para o controle estatístico de qualidade(CEQ), (Turney, 1998). As latas de alumínio têm muitas vantagens competitivas: ocupam menor espaço para armazenamento; gastam menos energia para resfriamento por terem maior condutividade térmica; têm o menor custo de transporte; maior giro de estoque e são 100% recicláveis. Figura A1 – Etapas do Processo de Fabricação de Latas. A figura A2 dá uma visão geral do processo de fabricação da lata, onde os itens identificados são (Turney, 1998): Anexos 71 ¾ 1 – Desbobinador; ¾ 1b – Lubrificador; ¾ 2 – Prensa de Copos; ¾ 3 – Prensa de Latas; ¾ 4 – Aparador de Latas; ¾ 5 – Lavadora; ¾ 6 – Envernizadora de Cobertura; ¾ 7 – Forno de Pinos 01; ¾ 8 – Impressora; ¾ 9 – Envernizadora de Fundo; ¾ 10 – Forno de Pinos 02; ¾ 11 – Forno de Esteira; ¾ 12 – Forno de Esteira; ¾ 13a – Aplicadora de Óleo; ¾ 13b – Flangeador 01; ¾ 13c – Flangeador 02; ¾ 14a – Inspeção Automática Interna; ¾ 14b – Inspeção Automática Externa; ¾ 15 – Paletizafora; ¾ X – Reformador de fundo. Figura A2 – Planta Interna de uma Fábrica de Latas. Anexos 72 ANEXO B – A Latasa A Latasa é a empresa líder na produção e comercialização de embalagens metálicas para bebidas no Brasil, Argentina e Chile. Com capacidade anual de produção de 8 bilhões/ lata por ano. A Latasa iniciou suas operações comerciais no Brasil no ano de 1990, através da instalação da primeira fábrica da empresa, localizada no município de Pouso Alegre, Minas Gerais. A partir daí, a Latasa levou adiante um agressivo processo de expansão de sua capacidade instalada, abrindo cinco novas fábricas no período de sete anos. Depois da unidade de Pouso Alegre, MG (Janeiro de 1990), foram construídas as fábricas de Santa Cruz, RJ (Janeiro de 1995); duas novas fábricas na América Latina, em Santiago, Chile (setembro de 1995) e Buenos Aires, Argentina (novembro de 1995); em Jacareí, SP (outubro de 1996) e Recife, PE (setembro de 1997). No final de 1998, o mercado brasileiro já contava com mais quatro concorrentes, contabilizando no total oito fábricas produtoras de latas. Destas fábricas, quatro pertencem à Latasa, que, sozinha, é responsável pela produção de 55,2% das latas de alumínio consumidas pelo mercado. Além das quatro fábricas, a Latasa também possui um Centro de Reciclagem de latas de alumínio, localizado em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo. Neste Centro, as latas de alumínio usadas são derretidas e transformadas em matéria-prima para a produção de chapas de alumínio, com as quais serão produzidas novas latas, reiniciando o processo de reciclagem. Devido à crescente preferência do consumidor brasileiro por bebidas em lata, no final de 1998, as latas de alumínio já ocupavam mais de 30% do mercado de cervejas e refrigerantes (Martins, 2000). Referências Bibliográficas 73 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AIAG (1995 a), Automotive Industry Action Group, Measurement Systems Analysis MSA) Reference Manual, Chrysler Corporation, Ford Motor Company, General Motors Corporation, Detroit Michigan. 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