Gênesis O livro das Origens Estudo 11 “Israel amava mais a José...” Texto bíblico Gênesis 37 e 38 Texto áureo Gênesis 37.3 “Israel amava mais a José do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice...” Introdução – I O livro de Gênesis é o livro da história dos sete maiores personagens que marcaram a criação de Deus em seus primórdios. Por ele, passam aos nossos olhos cerca de 2.500 anos da história do homem na face da terra: 1. Começa com Adão, a criatura de Deus por excelência; 2. Enoque, aquele que andou com Deus; 3. Noé, aquele que encontrou graça aos olhos de Deus; 4. Abraão, aquele que foi chamado por Deus; 5. Isaque, o filho da promessa de Deus; 6. Jacó, o formador do povo de Deus e, finalmente, 7. José, aquele que deu a este povo expressão e destaque. Introdução – II Sua importância é tal que, deste capítulo 37 até o final do livro, temos em seus 14 capítulos praticamente 1/3 do livro abrangido pela história daquele que seria um dos principais nomes do povo de Deus em toda a história bíblica, suplantado apenas, cremos, por Abraão, o pai da fé, Moisés, o grande líbertador, Davi, o unificador do reino de Israel. Em sua ingenuidade de criança, ainda mais caçula e dono das preferências do pai, José não podia sequer imaginar para o que o Senhor o estava preparando. Por isso, com a gabolice natural da criança, conta os seus sonhos, sem saber o que isto estava originando Introdução III Foi isto que aconteceu com José e seus sonhos. Aquilo que o Senhor lhe anunciava no sono tinha a ver com o grande plano de Deus para a história do mundo, pois o que aconteceu com José e sua família há cerca de 4.000 anos vai ser determinante para a ordem social, moral, política e administrativa do mundo nos dias de hoje. Aquilo que pode transparecer como simplesmente uma consequência do acaso, para o crente deve ser visto sob o prisma do Deus presciente que, sabendo o que nos espera no amanhã que não enxergamos, vai tecendo a teia da história em favor de nosso bem-estar, no futuro que só ele vislumbra. Gênesis 37.1-8 A difícil convivência 1 Jacó habitou na terra das peregrinações de seu pai, na terra de Canaã. 2 Estas são as gerações de Jacó. Sendo José de dezessete anos, apascentava as ovelhas com seus irmãos; sendo ainda jovem, andava com os filhos de Bila, e com os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e José trazia más notícias deles a seu pai. A preferência filial 3 E Israel amava a José mais do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores. 4 Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que a todos odiaram-no, e não podiam falar com ele pacificamente. A natural vaidade da criança e sua ingenuidade 5 Teve José um sonho, que contou a seus irmãos; por isso o odiaram ainda mais. 6 E disse-lhes: Ouvi, peço-vos, este sonho, que tenho sonhado: 7 Eis que estávamos atando molhos no meio do campo, e eis que o meu molho se levantava, e também ficava em pé, e eis que os vossos molhos o rodeavam, e se inclinavam ao meu molho. 8 Então lhe disseram seus irmãos: Tu, pois, deveras reinarás sobre nós? Tu deveras terás domínio sobre nós? Por isso ainda mais o odiavam por seus sonhos e por suas palavras. Gênesis 37.9-18 O evento começa de forma simples e natural. Um filho menor vai ao encontro dos maiores, que estavam trabalhando fora, por ordem do pai, para levar-lhes ou trazer-lhes notícias e, quem sabe, algum alimento e roupas. Este fato é comum e corriqueiro ainda hoje, nas famílias que vivem no campo. No caso de José, não!... O fato que vai se originar desse procedimento simples e usual vai se tornar decisivo para a história de Jacó, seus dez filhos maiores, José, toda sua família e, mais ainda, para Potifar, para o faraó do Egito, para o povo de Israel, que nessas circunstâncias vai crescer e se identificar como separado. Gênesis 37.9-18 Incompreensão de parte a parte A boa vontade de José e a imprudência de Jacó A ocasião faz acontecer a má intenção quando o coração está irado 9 E teve José outro sonho, e o contou a seus irmãos, e disse: Eis que tive ainda outro sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam a mim. 10 E contando-o a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o seu pai, e disse-lhe: Que sonho é este que tiveste? Porventura viremos, eu e tua mãe, e teus irmãos, a inclinar-nos perante ti em terra? 11 Seus irmãos, pois, o invejavam; seu pai porém guardava este negócio no seu coração. 12 E seus irmãos foram apascentar o rebanho de seu pai, junto de Siquém. 13 Disse, pois, Israel a José: Não apascentam os teus irmãos junto de Siquém? Vem, e enviar-te-ei a eles. E ele respondeu: Eis-me aqui. 14 E ele lhe disse: Ora vai, vê como estão teus irmãos, e como está o rebanho, e traze-me resposta. Assim o enviou do vale de Hebrom, e foi a Siquém. 15 E achou-o um homem, porque eis que andava errante pelo campo, e perguntou-lhe o homem, dizendo: Que procuras? 16 E ele disse: Procuro meus irmãos; dize-me, peço-te, onde eles apascentam. 17 E disse aquele homem: Foram-se daqui; porque ouvi-os dizer: Vamos a Dotã. José, pois, seguiu atrás de seus irmãos, e achou-os em Dotã. 18. E viram-no de longe e, antes que chegasse a eles, conspiraram contra ele para o matarem. Gênesis 37.19-25 O texto de hoje é uma lição para nós. Vejam o que faz o mal no coração, quando não tratado devidamente. Os irmãos de José vinham como que alimentando ódio e inveja do penúltimo deles, por seu comportamento ingênuo, mas ao mesmo tempo vaidoso e cheio de si. Em vez de tentarem pela conversa e argumentação convencer o garoto, fazendo-o ver o seu lugar e o devido respeito que devia ter pelos irmãos mais velhos, foram ressentidamente guardando em seu coração sua raiva. O próprio Jacó ressentiu-se disto, como lemos no texto, mas, tal como Maria fez em relação a Cristo, vai guardar em seu coração tais fatos, sentindo-os originados de Deus, mas sem tomar nenhuma providência para apaziguar o ressentimento dos seus filhos. Gênesis 37.19-25 O que o rancor faz ao coração A responsabilidade do primogênito O mal perpetrado. A falta de sensibilidade para o erro 19 E disseram um ao outro: Eis lá vem o sonhador-mor! 20 Vinde, pois, agora, e matemo-lo, e lancemo-lo numa destas covas, e diremos: Uma fera o comeu; e veremos que será dos seus sonhos. 21 E ouvindo-o Rúben, livrou-o das suas mãos, e disse: Não lhe tiremos a vida. 22 Também lhes disse Rúben: Não derrameis sangue; lançai-o nesta cova, que está no deserto, e não lanceis mãos nele; isto disse para livrá-lo das mãos deles e para torná-lo a seu pai. 23 E aconteceu que, chegando José a seus irmãos, tiraram de José a sua túnica, a túnica de várias cores, que trazia. 24 E tomaram-no, e lançaram-no na cova; porém a cova estava vazia, não havia água nela. 25 Depois assentaram-se a comer pão; e levantaram os seus olhos, e olharam, e eis que uma companhia de ismaelitas vinha de Gileade; e seus camelos traziam especiarias e bálsamo e mirra, e iam levá-los ao Egito. Gênesis 37.26-36 Além de Ruben, o número 1 dos filhos de Jacó, Judá, o número 4, também se destaca de forma menos negativa. Enquanto o primeiro, por ter sido contra a morte do irmão, vai ficar fora do plano que eles arquitetaram depois, a ponto de ter voltado ao poço para salvá-lo e levá-lo ao pai, Judá vai se destacar também pela idéia alternativa que propôs, sem dúvida, pela providência divina. Se José tivesse ficado no poço, não teria sido dado de "mão beijada" ao Egito para construir a história que o Senhor tinha para ele. A proposta interessou a todos os demais, pois pensaram então que, além de se verem livres da "chateação" do irmão mais novo, ainda lucrariam algumas moedas com a idéia de Judá. "Vinde, vendamo-lo a esses ismaelitas, e não seja nossa mão sobre ele; porque é nosso irmão, nossa carne. E escutaram-no seus irmãos." Gn 37.27 Gênesis 37.26-36 26 Então Judá disse aos seus irmãos: Que proveito haverá que matemos a nosso irmão e escondamos o seu sangue? O plano inicial sendo 27 Vinde e vendamo-lo a estes ismaelitas, e não seja nossa mão sobre ele; porque ele é nosso irmão, nossa carne. E seus irmãos obedeceram. alterado 28 Passando, pois, os mercadores midianitas, tiraram e alçaram a José da cova, e venderam José por vinte moedas de prata, aos ismaelitas, os quais levaram José ao Egito. 29 Voltando, pois, Rúben à cova, eis que José não estava na cova; então rasgou as suas vestes. 30 E voltou a seus irmãos e disse: O menino não está; e eu aonde irei? 31 Então tomaram a túnica de José, e mataram um cabrito, e tingiram a A mentira túnica no sangue. levada a 32 E enviaram a túnica de várias cores, mandando levá-la a seu pai, e efeito disseram: Temos achado esta túnica; conhece agora se esta será ou não a túnica de teu filho. 33 E conheceu-a, e disse: É a túnica de meu filho; uma fera o comeu; certamente José foi despedaçado. 34 Então Jacó rasgou as suas vestes, pôs saco sobre os seus lombos e lamentou a seu filho muitos dias. 35 E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o A hipocrisia deslavada consolarem; recusou porém ser consolado, e disse: Porquanto com choro hei de descer ao meu filho até à sepultura. Assim o chorou seu pai. dos filhos 36 E os midianitas venderam-no no Egito a Potifar, oficial de Faraó, capitão de Jacó da guarda Gênesis 38.1-11 A vida é feita disto. Fatos isolados e distintos aparecem, muitas vezes, para marcar ou determinar mudanças em nosso viver. Às vezes, não são sequer decisivos ou significativos para nós, mas nos servem como exemplos positivos ou negativos, que devemos guardar para melhor conduzir o nosso viver. Isto é o que podemos dizer desta história registrada neste capítulo 38. Se ela fosse omitida do texto bíblico, passaríamos do capítulo 37 para o 39 e não sentiríamos falta alguma. Apenas o livro de Gênesis deixaria de ter 50 capítulos, um número redondo, para ter menos um, 49. A verdade é que esta história, aparentemente, não acrescenta nada à revelação divina a que estamos assistindo pela leitura do primeiro livro da Bíblia, capítulo a capítulo. Pelo contrário, por seu enredo escabroso, cheio de luxúria e perversão sexual, faria um grande bem ao texto bíblico, se fosse daqui extirpado, podemos até assim pensar. Gênesis 38.1-11 Uma história escabrosa do princípio ao fim. Não há nada de positivo a destacarse! 1 E aconteceu no mesmo tempo que Judá desceu de entre seus irmãos e entrou na casa de um homem de Adulão, cujo nome era Hira, 2 E viu Judá ali a filha de um homem cananeu, cujo nome era Sua; e tomou-a por mulher, e a possuiu. 3 E ela concebeu e deu à luz um filho, e chamou-lhe Er. 4 E tornou a conceber e deu à luz um filho, e chamou-lhe Onã. 5 E continuou ainda e deu à luz um filho, e chamou-lhe Selá; e Judá estava em Quezibe, quando ela o deu à luz. 6 Judá, pois, tomou uma mulher para Er, o seu primogênito, e o seu nome era Tamar. 7 Er, porém, o primogênito de Judá, era mau aos olhos do SENHOR, por isso o SENHOR o matou. 8 Então disse Judá a Onã: Toma a mulher do teu irmão, e casa-te com ela, e suscita descendência a teu irmão. 9 Onã, porém, soube que esta descendência não havia de ser para ele; e aconteceu que, quando possuía a mulher de seu irmão, derramava o sêmen na terra, para não dar descendência a seu irmão. 10 E o que fazia era mau aos olhos do SENHOR, pelo que também o matou. 11 Então disse Judá a Tamar sua nora: Fica-te viúva na casa de teu pai, até que Selá, meu filho, seja grande. Porquanto disse: Para que porventura não morra também este, como seus irmãos. Assim se foi Tamar e ficou na casa de seu pai. Gênesis 38.12-21 No entanto, há razões específicas e objetivas, no plano divino de sua revelação, para que aqui constasse e se registrasse. Podemos até não entender ou alcançar isto, mas na razão divina havia motivos para tal. O primeiro deles, o delinear de um perfil tão terrível de personalidade, para nos indicar, por exemplo, que o Senhor vê o proceder do ser humano, individualmente, e o aprova ou desaprova. Muitas vezes, no aspecto dos pecados da prática sexual fora do casamento, o ser humano é muito levado a justificá-los, em função da tentação do momento, da oportunidade surgida. Esquecem, os que assim pensam, homem ou mulher, que fomos dotados por Deus de um raciocínio mental que nos capacita a resistir aos impulsos do temperamento, especialmente aos carnais. Na medida em que dotemos a nossa mente de pensamentos puros e em obediência ao que nos recomenda a Palavra de Deus no VT e aos conselhos de Cristo e de Paulo no NT, chegando este mesmo a afirmar que nós "temos a mente de Cristo", não procederemos como Judá que, vendo a tentação à frente, em vez de dela afastar-se, "dirigiu-se para ela no caminho, e disse: Vem, deixa-me estar contigo". Gênesis 38.12-21 O que começa mal, em geral, vai de mal a pior 12 Passando-se pois muitos dias, morreu a filha de Sua, mulher de Judá; e depois de consolado Judá subiu aos tosquiadores das suas ovelhas em Timna, ele e Hira, seu amigo, o adulamita. 13 E deram aviso a Tamar, dizendo: Eis que o teu sogro sobe a Timna, a tosquiar as suas ovelhas. 14 Então ela tirou de sobre si os vestidos da sua viuvez e cobriu-se com o véu, e envolveu-se, e assentou-se à entrada das duas fontes que estão no caminho de Timna, porque via que Selá já era grande, e ela não lhe fora dada por mulher. 15 E vendo-a Judá, teve-a por uma prostituta, porque ela tinha coberto o seu rosto. 16 E dirigiu-se a ela no caminho, e disse: Vem, peço-te, deixa-me possuir-te. Porquanto não sabia que era sua nora. E ela disse: Que darás, para que possuas a mim? 17 E ele disse: Eu te enviarei um cabrito do rebanho. E ela disse: Dar-me-ás penhor até que o envies? 18 Então ele disse: Que penhor é que te darei? E ela disse: O teu selo, e o teu cordão, e o cajado que está em tua mão. O que ele lhe deu, e possuiu-a, e ela concebeu dele. 19 E ela se levantou, e se foi e tirou de sobre si o seu véu, e vestiu os vestidos da sua viuvez. 20 E Judá enviou o cabrito por mão do seu amigo, o adulamita, para tomar o penhor da mão da mulher; porém não a achou. 21 E perguntou aos homens daquele lugar, dizendo: Onde está a prostituta que estava no caminho junto às duas fontes? E disseram: Aqui não esteve prostituta alguma . Gênesis 38.22-30 Durante esta semana trabalhamos em textos que nos falam sobre os desencontros familiares. Depois de termos trabalhado na semana passada na bênção da reconciliação, vimos esta semana como temos que estar atentos aos problemas pessoais que podem, a todo instante, levantar situações de discórdia e desarmonia no lar. Os dois capítulos que temos lido nesta semana são pródigos em exemplos desta natureza: a vanglória infantil de José, que magoava seus irmãos, o descaso de Jacó para tal problema, as reações de seus irmãos a isto, especialmente Ruben e Judá e, finalmente, os desequilíbrios amorosos deste quarto filho de Jacó. Tudo isto, um "prato cheio" para enredo de qualquer telenovela de nossos dias. Nunca podemos esquecer que tais costumes do passado bíblico podem infelizmente, contextualizar-se nos dias de hoje Gênesis 38.22-30 22 E tornou-se a Judá e disse: Não a achei; e também disseram os homens daquele lugar: Aqui não esteve prostituta. 23 Então disse Judá: Deixa-a ficar com o penhor, para que Um triste porventura não caiamos em desprezo; eis que tenho enviado este fim para cabrito; mas tu não a achaste. uma triste 24 E aconteceu que, quase três meses depois, deram aviso a Judá, história. dizendo: Tamar, tua nora, adulterou, e eis que está grávida do adultério. Então disse Judá: Tirai-a fora para que seja queimada. 25 E tirando-a fora, ela mandou dizer a seu sogro: Do homem de quem são estas coisas eu concebi. E ela disse mais: Conhece, peçote, de quem é este selo, e este cordão, e este cajado. 26 E conheceu-os Judá e disse: Mais justa é ela do que eu, Não pode porquanto não a tenho dado a Selá meu filho. E nunca mais a acabar conheceu. 27 E aconteceu ao tempo de dar à luz que havia gêmeos bem aquilo em seu ventre; 28 E sucedeu que, dando ela à luz, que um pôs fora a que começa mão, e a parteira tomou-a, e atou em sua mão um fio encarnado, mal se não dizendo: Este saiu primeiro. houver 29 Mas aconteceu que, tornando ele a recolher a sua mão, eis que reparação saiu o seu irmão, e ela disse: Como tu tens rompido, sobre ti é a do mal rotura. E chamaram-lhe Perez. causado 30 E depois saiu o seu irmão, em cuja mão estava o fio encarnado; e chamaram-lhe Zerá. Conclusão: Pode ser que estejamos então nos perguntando: Por que o Senhor tornou parte de sua revelação histórias tão negativas e mesquinhas como estas?... Será que não poderíamos ter narrativas mais positivas do que elas? - Sim, sem dúvida, mas o Senhor sabia que tais coisas, infelizmente, fariam parte sempre do repertório de vida da criatura que ele criou. Sabedor disto, ele precisava ensinar didaticamente para a sua criatura por excelência, por constrangedor que isto possa transparecer, que a vida se faz para o ser humano em momentos de altos e baixos, de belo e de feio, de certo e errado, de bem e de mal. Compete à alma crente procurar viver de acordo com o padrão divino para evitar que tais situações degradantes se tornem presentes em seu viver.