Centro de Pesquisas
Aggeu Magalhães
Fundação
Oswaldo Cruz
Departamento de Saúde Coletiva
Mestrado em Saúde Pública
Valéria Moura Moreira Leite
DEPRESSÃO E ENVELHECIMENTO
estudo nos participantes do
Programa Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE)
ORIENTADOR:
Prof. Dr. Eduardo M. Freese de Carvalho
CO-ORIENTADOR:
Profa. Kátia Magdala Lima Barreto
Recife-PE
abril de 2002
Fundação Oswaldo Cruz
Instituto Aggeu Magalhães
Departamento de Saúde Coletiva - NESC
Depressão e Envelhecimento
ESTUDO NOS PARTICIPANTES DO PROGRAMA UNIVERSIDADE
ABERTA À TERCEIRA IDADE (UnATI/UFPE)
Valéria Moura Moreira Leite
Orientador:
Professor Doutor Eduardo Maia Freese de Carvalho
Co-Orientadora:
Professora Kátia Magdala Lima Barreto
Recife – PE
2002
VALÉRIA MOURA MOREIRA LEITE
Depressão e Envelhecimento: estudo nos participantes do Programa
Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE)
Dissertação apresentada como requisito
parcial para a obtenção do grau de Mestre
em Saúde Pública, pelo Departamento de
Saúde Coletiva – NESC, do Instituto de
Pesquisa Aggeu Magalhães – CPqAM da
Fundação
Oswaldo
FIOCRUZ/MS,
sob
Cruz
orientação
–
do
Professor Doutor Eduardo Maia Freese
de
Carvalho
Professora
Barreto.
Recife – PE
2002
e
Kátia
co-orientação
Magdala
da
Lima
Depressão e Envelhecimento: estudo nos participantes do Programa
Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE)
VALÉRIA MOURA MOREIRA LEITE
Banca Examinadora:
Professor Doutor Eduardo Maia Freese de Carvalho
Orientador
Professora Doutora Marília de Carvalho Lima
1a Examinadora
Professora Doutora Emília Pessoa Perez
2ª Examinadora
Recife – PE
2002
L533d Leite, Valéria Moura Moreira.
Depressão e envelhecimento: estudo nos participantes do Programa
Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE). _Valéria Moura
Moreira Leite. _Recife, 2002.
109 f.: il., tabs., gráficos.
Dissertação (Mestrado em Saúde Pública)- Departamento de Saúde
Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz,
2002.
Inclui referências e anexos.
Orientador: Eduardo Maia Freese de Carvalho; Co-orientadora: Kátia
Magdala Lima Barreto.
1. Saúde do idoso 2. Idoso 3. Epidemiologia- envelhecimento
4. Depressão- idoso I. Título.
CDU 613.98
Biblio/CPqAM
“O fato é que não podemos mais nos dar ao luxo da
ignorância. Nossa demografia em mudança exige
que tenhamos um público informado e que atraiamos
para nossa área mais cientistas que possam nos
ajudar a confrontar a profunda revolução mundial
na longevidade”.
Robert N. Butler
Esta construção é dedicada:
•
A meu pai (in memoriam), minha mãe e minha irmã, Vanalice, exemplos de coragem e
paciência em minha vida.
•
A Edilson, pelo amor e disponibilidade incondicional nos momentos críticos.
•
A Juliana e Pedro José, meus filhos, pelo amor e paciência comigo no percurso da
construção desse trabalho.
AGRADECIMENTOS
•
A Deus, pelo seu infinito amor.
•
Ao Professor Doutor Eduardo Maia Freese de Carvalho, que me orientou neste
trabalho, pela grande oportunidade de aprendizado.
•
À Professora Kátia Magdala Lima Barreto, minha Co-orientadora, por sua valiosa
contribuição em todos os momentos de construção deste trabalho.
•
A Ilka Veras Falcão, pela importante colaboração nos instantes finais deste trabalho.
•
Aos que fazem o Departamento de Saúde Coletiva – NESC, pelo apoio constante.
•
A todos do Departamento de Terapia Ocupacional, pelo incentivo dado à realização
desta pesquisa.
•
A turma de mestrado, pela solidariedade construída nesse tempo de convivência.
SUMÁRIO
RELAÇÃO DE ABREVIATURAS E SIGLAS UTILIZADAS, 9
RELAÇÃO DE TABELAS, GRÁFICOS E ANEXOS, 10
RESUMO, 15
ABSTRACT, 16
APRESENTAÇÃO, 17
1. INTRODUÇÃO, 19
1.1 - Breves Comentários Sobre os Aspectos Demográficos e Epidemiológicos do
Processo de Envelhecimento Populacional no Brasil, 19
1.2 - Transtornos Psiquiátricos no Envelhecimento, 25
1.3 - Depressão e Envelhecimento, 27
1.3.1 - Aspectos conceituais na Depressão, 27
1.3.2 - Magnitude e Epidemiologia da depressão em Populações
Envelhecidas, 28
1.4 - Conhecendo o Programa da Universidade Aberta à Terceira Idade da
Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE), 39
2. OBJETIVOS, 43
2.1 – Geral, 43
2.2 - Específicos, 43
3. MATERIAL E MÉTODOS, 45
3.1 – População, Procedência e Período de referência do Estudo, 45
3.2 – Desenho do Estudo, 45
3.3 –Instrumento e Coleta de Dados, 46
3.4 – Variáveis Estudadas, 48
3.5 - Processamento e Análise dos Dados, 49
4. RESULTADOS, 53
4.1 - Resultados da Relação dos Grupos Pareados com as Variáveis Estudadas, 58
4.2 – Resultados do Grupo de Depressão em Relação à Freqüência das Variáveis
por Sexo e Faixa Etária, 70
5. DISCUSSÃO, 74
6. CONCLUSÕES, 91
REFERÊNCIAS, 94
ANEXO 1
Critérios do DSM-IV para o diagnóstico de depressão maior
ANEXO 2
Seção VII do Questionário Brazil Old Age Schedule - BOAS
RELAÇÃO DE ABREVIATURAS E SIGLAS UTILIZADAS
AIVD - Atividades Instrumentais de Vida Diária
AVD - Atividades de Vida Diária
BOAS - Brazil old Age Schedule
CID-10 - Classificação Internacional de Doenças, obedecendo à décima revisão
DATASUS - Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
DSM III - Diagnostic and Statical Manual of Mental Disorders, 3 revised
DSM IV - Diagnostic and Statical Manual of Mental Disorders, 4 revised
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde
SIH/AIH/SUS - Sistema de Informações sobre Autorização de Internações Hospitalares do
Sistema Único de Saúde
SIM - Sistema de Informações sobre Mortalidade
PNSI - Política Nacional de Saúde do Idoso
UFPE - Universidade Federal de Pernambuco
UnATI/UERJ - Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro
UnATI/UFPE - Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade Federal de
Pernambuco
RELAÇÃO DE GRÁFICOS, TABELAS E ANEXOS
GRÁFICOS:
Gráfico 1- Distribuição da freqüência dos 358, idosos da UnATI/UFPE, em relação à
depressão.
Gráfico 2- Distribuição da freqüência dos 358 idosos, da UnATI/UFPE, de acordo com a
classificação de depressão menor e maior.
Gráfico 3- Distribuição da freqüência dos 65 idosos, com depressão menor, e 21 idosos,
com depressão maior, por faixa etária.
Gráfico 4- Distribuição da freqüência dos 65 idosos, com depressão menor, e 21 idosos
com depressão maior, por sexo.
Gráfico 5- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de
depressão e sem depressão, com relação à freqüência do sentimento de solidão.
Gráfico 6- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de
depressão e sem depressão, com relação à presença de preocupação durante o último mês.
Gráfico 7- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de
depressão e sem depressão, com relação a se preocuparem com quase tudo.
Gráfico 8- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de
depressão e sem depressão, com relação à dificuldade para dormir, causada por
preocupação ou ansiedade, depressão ou pensamento depressivo.
Gráfico 9- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de
depressão e sem depressão, com relação à presença de dor de cabeça no mês passado.
Gráfico 10- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de
depressão e sem depressão, com relação à sensação de estarem ficando mais lerdos ou com
menos energia.
Gráfico 11- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de
depressão e sem depressão, com relação a se, no último mês, têm estado com menos
energia ou como de costume.
Gráfico 12- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de
depressão e sem depressão, com relação a se, atualmente, sentem falta de energia para fazer
suas coisas no dia-a-dia.
Gráfico 13- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de
depressão e sem-depressão, com relação a se, durante o último mês, se sentiram mais
irritados/zangados do que de costume.
Gráfico 14- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de
depressão e sem depressão, com relação a terem-se sentido tristes ou deprimidos durante o
último mês.
Gráfico 15- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de
depressão e sem depressão, com relação a se sentirem tristes ou deprimidos, por um período
de apenas poucas horas (ou menos) ou por mais tempo.
Gráfico 16- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de
depressão e sem depressão, com relação a sentirem vontade de chorar e terem chorado no
último mês .
Gráfico 17- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de
depressão e sem depressão, com relação ao futuro, como se sentem e quais são suas
expectativas.
Gráfico 18- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de
depressão e sem depressão, com relação a se atualmente sentem que perderam o interesse
ou a satisfação pelas coisas.
Gráfico 19- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de
depressão e sem depressão, com relação ao que eles acreditam ser a causa da perda de
interesse ou a satisfação pelas coisas.
Gráfico 20- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de
depressão e sem depressão, com relação a se sentirem felizes no momento da entrevista.
TABELAS:
Tabela 1- Distribuição das variáveis trabalhadas.
Tabela 2- Distribuição das perguntas pontuadas para a indicação de caso de depressão e do
número de pontos atribuídos a cada uma delas, segundo a escala do Short-CARE.
Tabela 3- Distribuição da freqüência dos 358 idosos, da UnATI/UFPE, identificados como
casos de depressão e sem depressão, de acordo com o sexo e faixa etária.
Tabela 4- Distribuição da relação dos 65 idosos com depressão menor e dos 21 idosos com
depressão maior, em relação aos percentuais positivos considerados para o escore de
classificação de casos de depressão.
Tabela 5- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, apontados como casos de depressão e
sem depressão, com relação a situações com que se preocuparam durante o último mês.
Tabela 6- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão
e sem depressão, com relação ao motivo de não estarem alimentando-se bem no último
mês.
Tabela 7- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão
e sem depressão, com relação à hora do dia em que se sentem mais lerdos ou com menos
energia.
Tabela 8- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão
e sem depressão, com relação a como se sentem quando não saem de casa, sempre que
precisam ou querem sair.
Tabela 9- Distribuição dos idosos da UnATI/UFPE identificados como casos de depressão
e sem depressão, com relação a quando se sentem tristes ou deprimidos, a que horas do dia
se sentem pior.
Tabela 10- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de
depressão e sem depressão, com relação a se tiveram algum arrependimento nos anos
anteriores de suas vidas.
Tabela 11- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de
depressão e sem depressão, com relação aos motivos de arrependimento.
Tabela 12- Distribuição da relação dos 86 idosos classificados como casos de depressão,
relativa à freqüência das perguntas consideradas para a classificação de casos de depressão,
por sexo e faixa etária.
ANEXOS:
ANEXO 1: Critérios do DSM-IV para o diagnóstico de depressão maior.
ANEXO 2: Seção VII do Questionário BOAS.
RESUMO
No Brasil, o envelhecimento tem aumentado a prevalência de doenças psiquiátricas,
das quais a depressão é considerada a mais freqüente e a depressão menor a mais prevalente na
população envelhecida. Estudamos os idosos que freqüentaram o Programa Universidade
Aberta à Terceira Idade da Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE), para
identificar a presença e o comportamento de depressão nesse grupo, considerando sexo e faixa
etária, em relação às variáveis: solidão, tristeza, pouca disposição, pessimismo em relação ao
futuro, irritação, auto-acusação, idéias suicidas, dor de cabeça, insatisfação, distúrbios do sono
e do apetite. Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo de corte transversal. Realizamos
um Censo para 358 idosos (•DQRV, utilizando o questionário Brasil Old Age Schedule –
BOAS, em que, trabalhamos a Seção de Saúde Mental, no que diz respeito à depressão. Os
resultados mostram um percentual importante (24,01%) de depressão na população estudada,
cuja maioria está classificada em depressão menor, entre a faixa etária de 60-69 anos, do sexo
feminino. Os casos de depressão apresentam importante relação com as variáveis de:
preocupação, dor de cabeça, pouca disposição, irritação, tristeza e insatisfação.
Palavras-chave: Idoso, Depressão, Epidemiologia do Envelhecimento
ABSTRACT
In Brazil, ageing has increased the prevalence of mental illnesses, among which
depression is the most common, minor depression being the most frequent among the elderly.
Elderly people who took part in the Senior Citizens’ Open University Programme at the
Federal University of Pernambuco (UnATI/UFPE) were studied in order to identify the
existence and behaviour of depression in this group, considering sex and age range, with
respect to the variables: loneliness, sadness, lack of disposition, pessimism concerning the
future, irritation, self-accusation, suicidal ideas, headaches, dissatisfaction and sleep and
eating disorders. This study took the form of a cross-sectional descriptive epidemiological
study. A census for 358 senior citizens (•anos) was carried out using the Brasil Old Age
Schedule – BOAS, more specifically the part of the Mental Health Section concerning
depression. In the population studied, the results showed a significant percentage (24.01%) of
depression, within which the the majority were classified as having minor depression, being in
the 60-69 age range and being female.
The cases of depression displayed a significant
relationship with the variables: worry, headaches, lack of disposition, irritation, sadness and
dissatisfaction.
Keywords: Senior Citizen, Depression, Epidemiology of Ageing
APRESENTAÇÃO
Este trabalho faz parte da caminhada que venho fazendo na busca de conhecer melhor
os aspectos que envolvem o envelhecimento. Essa jornada começou no início de minha prática
profissional, quando me deparei com idosos, que apresentavam transtornos mentais, como
demência e depressão, e pude reconhecer o pouco que eu sabia para lidar com tais problemas
naquele momento, do ponto de vista gerontológico. Essa situação me impeliu a procurar
conhecimentos para trabalhar com essa população idosa, com que, cada vez mais, eu me
envolvia.
Assim iniciei minha formação fazendo a Especialização em Saúde do Idoso realizada,
no Recife/PE, pela Secretaria Estadual de Saúde e FIOCRUZ, em 1994. Posteriormente, em
1996, fiz outra especialização em Disfunções Neuropsicomotoras, cuja monografia de
conclusão investigou a capacidade funcional dos idosos residentes em uma instituição de
longa permanência. Hoje, no Departamento de Terapia Ocupacional da UFPE, do qual sou
docente, junto com outros profissionais, desenvolvemos ensino e assistência à população
envelhecida na disciplina de Terapia Ocupacional aplicada à Saúde do Idoso.
Quando realizado o Censo com os idosos que freqüentam o Programa Universidade
Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE), em que a profª Kátia Magdala, também docente do
Departamento de Terapia Ocupacional, foi coordenadora da pesquisa e trabalhou as condições:
pessoais e familiares, sociais e econômicas, autonomia e independência funcional nas
Atividades de Vida Diária (AVD), ocupação do tempo livre e utilização de serviços médicos e
dentários, surgiu o interesse de estudar a Saúde Mental desses idosos, no que diz respeito à
depressão.
Este estudo traz breves comentários sobre os aspectos demográficos e epidemiológicos
do envelhecimento no Brasil, discute à luz dos autores a relação da depressão e
envelhecimento no mundo e no Brasil, e procura conhecer os principais aspectos relacionados
à depressão nos idosos que participam do Programa Universidade Aberta à Terceira Idade
(UnATI/UFPE).
1. INTRODUÇÃO
19
1. INTRODUÇÃO
1.1 - Breves Comentários Sobre os Aspectos Demográficos e Epidemiológicos do
Processo de Envelhecimento Populacional no Brasil
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS, apud Jacob (2000,
p.19), “o envelhecimento populacional é reconhecido como uma das mais importantes
modificações na estrutura da população mundial”. É nos países em desenvolvimento que
a população idosa1 vem crescendo mais rapidamente. A Organização Mundial de Saúde
estima que países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, em 2025, contarão com,
aproximadamente, 27 milhões de pessoas com 60 anos e mais (COSTA, 2000). Segundo o
IBGE (2002), no Brasil, o indicador que relaciona a população idosa com o contingente de
crianças passou de 13,90 idosos para cada cem crianças em 1991, para 19,77 em 2000.
Nesse novo contexto demográfico, observamos a feminização do envelhecimento e
suas conseqüências, principalmente para a área de saúde. Segundo Berquó (1999), desde a
década de quarenta, o número absoluto de mulheres idosas é maior, quando comparado ao
de homens idosos. De acordo com a autora, essa diferença aumenta ainda mais para as
idades mais avançadas, pois a população feminina vem crescendo numa velocidade maior
que a masculina, nos últimos anos, provavelmente em decorrência da situação de
mortalidade diferenciada por sexo existente na população brasileira.
Segundo o IBGE (2002), encontramos, em 1980, uma diferença de 6 anos a mais de
vida para a população feminina em relação à masculina; em 1991, uma diferença de 7 anos
a mais e, em 2000, uma diferença de 8 anos a mais. Ainda de acordo com o IBGE (2002),
em relação à distribuição rural-urbana dos idosos para o ano de 2000, encontramos um
maior número de mulheres idosas nas áreas urbanas de todas as grandes regiões do país.
Essa diferença de distribuição se apresenta com 57% das mulheres idosas vivendo na área
urbana, em relação a 43% de homens idosos.
1
Pessoas com 60 anos e mais
20
Quanto à escolaridade, o índice para a população brasileira vem aumentando nas
últimas décadas, embora ainda apresente um percentual insatisfatório, principalmente no
Nordeste. Apesar de ter melhorado a escolaridade nesta região, passando a população
analfabeta de 33%, em 1991, para 23%, em 1995, ainda há um grande contraste,
comparando-a com a região Sul, cuja taxa de analfabetismo é de 1,9% (MINAYO, 2000).
Outro fato relevante, conforme a autora, é que se vem atenuando a diferença de
escolaridade por sexo.
No entanto, de acordo com Berquó (1999) a população envelhecida brasileira
mostra uma situação mais grave, uma vez que o baixo grau de escolaridade dos idosos é
intensificado, levando em conta que os que conseguiram chegar às escolas, apenas 50%
deles completaram o curso primário. No censo de 1991, encontramos um percentual de
analfabetismo de 40%, para os homens idosos, e 48%, para as mulheres idosas. De acordo
com o censo 2000, verifica-se que as proporções de alfabetizados são maiores nas
mulheres até 40 anos de idade e, a partir daí, os homens apresentam taxas superiores às das
mulheres (IBGE, 2002).
Esse quadro de escolaridade apresentado pela população idosa resulta em
dificuldade de acesso a uma melhor qualidade de vida, principalmente quando é
considerado que a escolaridade é um ponto chave para a diminuição das desigualdades e
manutenção da saúde (MINAYO, 2000; ZHU et al., 1999; GRUNDY, 2000). Se
considerarmos a existência de uma diferença de escolaridade por gênero, as mulheres
idosas apresentam uma situação de maior vulnerabilidade às condições precárias de
existência e sobrevivência, do que os homens idosos (BERQUÓ, 1999).
A região Nordeste, comparada a outras regiões, apesar de guardar grandes
desvantagens em relação às condições socioeconômicas e de saúde, vem também
experimentando um aumento significativo de sua população idosa, contando com 119.141
idosos, que representam 8,8% em relação à população geral e um percentual um pouco
maior que o do conjunto do país, com 7,9% de idosos em relação à população geral,
segundo dados da contagem da população em 1996 (IBGE, 2001). Ainda segundo o IBGE,
esse crescimento é possível de ser explicado, tanto pela migração de pessoas em idade
produtiva, principalmente da população masculina, que parte à busca de melhores
21
oportunidades, como também pela diminuição das taxas de mortalidade e fecundidade
(IBGE, 2001).
Esse cenário reflete o perfil de morbi-mortalidade para a região Nordeste, que se
assemelha ao do conjunto do país, em que encontramos um crescente número de doenças
crônico-degenerativas somadas a um, ainda alto, número de doenças infecto-parasitárias,
estando esta combinação sobreposta por doenças emergentes ou mesmo reemergentes
como o cólera, tuberculose e dengue (CARVALHO et al., 1998). Para os autores, essa
situação constitui um perfil epidemiológico bastante particular para o país, impondo uma
elevada demanda de recursos para o controle dessas patologias, diante do já conhecido
pouco investimento na área médico-social realizado pelo Brasil (VERAS, 1994).
Para o município do Recife, as taxas de morbidade retratadas pelas internações
hospitalares, de acordo com o Sistema de Informações sobre Autorização de Internações
Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/AIH/SUS), com relação aos grandes grupos
de causa, para o ano de 2000, para a faixa etária de 60 anos e mais, os dados apontam,
como primeira causa, as doenças do aparelho circulatório, com 3.794 casos; como segunda
causa, as doenças do aparelho respiratório, com 2.077 casos: e, como terceira causa, as
doenças mentais com 2.011 casos (DATASUS, 2001).
Taxas de mortalidade, com base no Sistema de Informações sobre Mortalidade
(SIM) para o ano de 2000, por faixa etária e por causa de morte, tanto o Nordeste do Brasil
como as demais regiões apresentam as doenças cardiovasculares como a primeira causa de
morte na população idosa, como também um significativo número de causas por sintomas,
sinais e achados anormais ao exame clínico e laboratorial, segundo os capítulos da
Classificação Internacional de Doenças, obedecendo à décima revisão CID-10
(DATASUS, 2001). Esses achados sinalizam para a grande dificuldade dos profissionais
em diagnosticar as possíveis causas de morte dessa população, assim como quanto ao
registro delas (COSTA et al. 2000).
Estudo realizado nos Estados Unidos por Scott et al. (1997), em idosos da
comunidade com 65 anos e mais, indica como principais variáveis para a mortalidade dessa
população: idade avançada, sexo, falta de apoio social e estado de saúde precário.
22
Para Paschoal (1996), indicadores importantes para a compreensão do processo de
saúde para o idoso é a curva de morbidade, que representa a probabilidade de sobreviver
até certa idade sem ser acometido por uma doença crônico-degenerativa. Com a população
envelhecida, essa curva é formada pela média de anos dos idosos, a partir de 60 anos e
mais, livres de doenças crônicas. Ao acrescentar-se à curva de sobrevida a perda da
capacidade funcional, constrói-se a curva de incapacidade, subsidiando o cálculo da
expectativa de vida autônoma, sem incapacidade. Essas curvas sofrerão uma
retangularização na presença de trabalhos preventivos, diminuição dos fatores de risco e
adoção de hábitos de vida saudáveis, sendo esses aspectos imprescindíveis para um
envelhecimento saudável. Caso contrário, o que observaremos será um aumento da
sobrevida com significativo número de doenças crônicas acompanhadas de incapacidade
(PASCHOAL,1996; TAVARES,1999).
Estudos recentes realizados por Costa et al. (2000) referem que o envelhecimento
no Brasil tem sido associado a uma prevalência aumentada de doenças crônicas,
incapacidade e morte. Tais questões podem trazer implicações para o sistema de saúde e
para a sociedade, que ainda não estão preparados para essa situação (TAVARES, 1999).
Ampliando o conceito de saúde numa relação processual de saúde-doença, afirmase que: “Doença é sinônimo de infelicidade individual e coletiva: representa o rompimento
do homem com seus limites estabelecidos pelas normas e regras da sociedade”. E ainda no
que tange à “Saúde significa bem estar e felicidade: ela própria, explicitamente ou no
‘silêncio do corpo’, é a linguagem preferida de harmonia e do equilíbrio entre o indivíduo,
a sociedade e seu ecossistema” (MINAYO, 1994, p.194).
O relacionamento dos conceitos de saúde e envelhecimento constitui tarefa difícil
para os estudiosos (CONSELHO ESTADUAL DO IDOSO. Rio Grande Do Sul, 1997).
Para entender o envelhecimento, precisamos distinguir o envelhecimento normal das
doenças associadas à velhice.
Para Hayflick (1997), tanto as mudanças decorrentes do processo de
envelhecimento quanto as que decorrem de doenças resultam em prejuízo no
funcionamento adequado do idoso, sendo necessário, então, diferenciar as mudanças
resultantes de doença das mudanças associadas à idade. No entanto, como estabelecer essa
23
distinção? Segundo o autor, à medida que a idade avança, ocorrem inúmeras modificações
em todos os órgãos, tecidos e células. Essas modificações pouco visíveis com relação ao
envelhecimento são consideradas normais e não estados patológicos. Contudo, apesar de as
perdas funcionais que ocorrem nos sistemas vitais serem eventos normais, elas contribuem
para um aumento da vulnerabilidade a doenças ou acidentes nos idosos.
Segundo pesquisa realizada pelo Conselho Estadual do Idoso no Rio Grande do Sul
(1997), os resultados preliminares apontam que a saúde é, de uma forma geral, uma das
questões que mais preocupam aqueles que estão envelhecendo. Muitos são os fatores
atribuídos para a incidência de agravos à saúde do idoso, dentre eles o desconhecimento do
próprio corpo e do processo de envelhecimento. O atendimento ao idoso se torna difícil,
uma vez que os profissionais que tratam dele nem sempre têm conhecimento integral de
sua história de vida, de sua situação na sociedade e de possíveis reações orgânicas e
psíquicas, na medida em que se tem dificuldade de distinguir o que é doença daquilo que
faz parte do próprio processo de envelhecimento.
De acordo com Hayflick (1997), um número significativo das pessoas muito idosas
apresentam de três a nove condições patológicas importantes. Obviamente, atribuir a morte
de uma pessoa idosa a uma única doença, muitas vezes, é impreciso. Faz-se necessário,
então, realizar uma intervenção de saúde imbuída de maior precaução no idoso, devido às
manifestações orgânicas atípicas, vagas ou ausentes (CONSELHO ESTADUAL DO
IDOSO. Rio Grande Do Sul, 1997 ).
Diversos estudos têm levantado a questão antropológica do processo de
envelhecimento. A primeira pesquisa foi realizada por Leo Simmons, que analisou diversas
culturas com diferenças marcantes e concluiu que:
(...) existem fatores constantes, relacionados a objetivos e interesses centrais, que
caracterizariam os indivíduos na última etapa de vida: viver o máximo possível,
terminar a vida de forma digna sem sofrimento, encontrar ajuda e proteção para a
progressiva diminuição de capacidades, continuar participando ativamente dos
assuntos e decisões que envolvem a comunidade, prolongar, ao máximo,
conquistas e prerrogativas sociais como a propriedade, a autoridade e o respeito
(DEBERT, 1998, p.54).
24
Kalache (1987) aponta que, no processo de envelhecimento, é mais adequada a
definição de saúde quando se leva em consideração o conceito de capacidade funcional, ou
seja, o idoso mantém-se autônomo e independente na realização de suas atividades, mesmo
quando acometido por patologias e incapacidades associadas.
A partir da definição de Vieira (1996), a capacidade funcional é um novo conceito
de saúde, que, particularmente para idosos, é relevante, pois mostra que saúde é a
manutenção plena das habilidades físicas e mentais, desenvolvidas ao longo da vida,
necessárias e suficientes para a manutenção de uma vida independente e autônoma. De
acordo com Kalache (1987), essa abordagem é extremamente útil, para fins de
planejamento, pois nos países subdesenvolvidos, devido às precárias condições de vida, o
envelhecimento funcional antecede o envelhecimento cronológico e freqüentemente é
muito precoce.
Aspectos importantes de saúde, dentro da abordagem de capacidade funcional, são
os conceitos de autonomia e independência. Sendo autonomia definida por Vieira (1996)
como a capacidade e direito de o indivíduo poder eleger, ele mesmo, as regras de sua
conduta, a orientação de seus atos e os riscos que está disposto a correr, além da
possibilidade de realizar suas atividades sem ajuda de terceiros; e independência conforme
Ferreira (1986), como sendo o estado ou condição de quem é independente, bem-estar,
restituição ou aquisição de autonomia.
Para Basílio et al. (1997) e Scott et al. (1997), a capacidade funcional do idoso está
diretamente relacionada à capacidade em desempenhar suas Atividades de Vida Diária –
AVD, que são as atividades essenciais para o auto-cuidado (alimentar-se, vestir-se, higiene
pessoal, cuidar da aparência, comunicação e mobilidade funcional) e as Atividades
Instrumentais de Vida Diária – AIVD, que são as atividades mais complexas e necessárias
para adaptar-se independentemente ao meio ambiente (usar meios de transporte, lidar com
dinheiro, fazer compras, manusear aparelhos). Dessa forma, a incapacidade funcional do
idoso se manifesta habitualmente pela perda da capacidade de desempenhar, com
independência, tanto as AVDs, quanto as AIVDs. Ainda, de acordo com Basílio et al.
(1997), em estudo populacional com idosos sobre saúde e incapacidade funcional, as
doenças crônicas são os principais fatores associados à incapacidade funcional dos idosos,
juntamente com o avanço da idade e a incapacidade cognitiva. Em estudo, também de base
25
populacional em idosos, realizado por Cacciatore et al.(1997); Ramos et al. (1998) e
Brummett (2000), os transtornos depressivos indicam piora do funcionamento nas AVDs e
AIVDs.
Observamos, a partir dos estudos antes referidos, que o avanço da idade ocorre
acompanhado de doenças crônicas, prejuízo cognitivo e depressão apontando para uma
população de idosos com incapacidade funcional. E se nos detivermos mais na relação
idade/dependência
desses
agravos,
têm
especiais
conseqüências
os
prejuízos
neuropsicogeriátricos por estabelecerem um pobre prognóstico nos idosos em relação à
população jovem (VERAS, 1994; SHARMA, 1998).
Nesse sentido, vale ressaltar que, o enfoque central do nosso estudo será para os
prejuízos decorrentes dos transtornos psiquiátricos, particularmente da depressão, para uma
população de idosos.
1.2 - Transtornos Psiquiátricos no Envelhecimento
Segundo Ramos et al. (1998), os transtornos psiquiátricos menores parecem
aumentar com a idade. No Brasil, o envelhecimento tem aumentado a prevalência de
doenças psiquiátricas (CHAIMOWICZ, 2000). Ramos et al. (1998), em estudo
longitudinal, realizado em São Paulo na população envelhecida, encontraram que um
percentual de 20% da coorte parecia ter algum problema psiquiátrico, com um número
significativamente mais alto entre as mulheres comparadas aos homens. Para Coelho Filho
(1999), em estudo com idosos em comunidade realizado no Nordeste, o resultado foi
similar com um percentual de 26,4% de casos psiquiátricos.
Em estudo com população idosa, Kempen (1999) observou que o nível educacional
baixo mostra uma maior associação com os transtornos psiquiátricos, embora não
apresente evidência significativa de uma vulnerabilidade diferencial em relação a outros
fatores, como aspectos sociais, aspectos físicos e doenças crônicas.
26
Para Almeida (1999); Iwamasa et al. (1999) e Chaimowicz et al. (2000), dentre os
transtornos psiquiátricos na população envelhecida, os mais prevalentes são depressão e
ansiedade, sendo fundamental conhecer cada patologia e seu desenvolvimento na
população envelhecida.
Recentemente vêm-se estudando, de forma mais aprofundada na população
envelhecida, as desordens de ansiedade, observando-se nesta uma maior freqüência das
desordens de ansiedade generalizada e de fobia, mostrando-se tão significante quanto a
depressão, principalmente depressão maior, nessa faixa de idade (STANLEY et al. 1999;
VAN DEN BERG et al. 2000). Segundo Stanley et al. (1999), é interessante notar que a
prevalência de desordens da ansiedade é mais baixa nos idosos que nos mais jovens. Esta
condição deve-se à possibilidade de que as desordens de ansiedade estejam associadas com
maior morbidade e mortalidade explicando a baixa prevalência, ou que os idosos estejam
beneficiando-se do desenvolvimento de maiores habilidades, para lidar com a ansiedade,
adquirida ao longo dos anos. Esses estudos demonstram, também, que mulheres idosas têm
uma maior chance de desenvolver desordem de ansiedade do que os homens idosos.
Também para Stanley et al. (1999), os idosos que residem em instituições informam
uma freqüência maior de desordens da ansiedade em relação aos idosos que vivem na
comunidade. Ainda, comumente a essa informação associam-se à saúde física pobre,
redução em habilidades para as AVDs, prejuízo cognitivo e depressão. Desordens de
ansiedade mostram-se notavelmente mais altas em idosos com depressão severa. Van Den
Berg et al. (2000) e Stanley et al. (1999) acrescentam que a associação entre desordem de
ansiedade e depressão parece ser significativa na população envelhecida, sendo observada
essa condição em estudos longitudinais e transversais, em amostras de idosos na
comunidade, instituições e clínicas.
Segundo Heok et al. (1996), em estudo epidemiológico, de base populacional, com
idosos, para verificar a associação de outros transtornos psiquiátricos em depressão, seus
achados mostram um percentual de 45,3% de desordens de ansiedade em idosos
deprimidos, revelando que ansiedade e depressão são as desordens mais predominantes
dentre as co-morbidades psiquiátricas. Van den Berg et al. (2000), em seus estudos,
verificaram que os idosos que receberam tratamento para desordens mentais, apresentavam
maior combinação de sintomas depressivos com sintomas de ansiedade. A partir dessa
27
evidência, os autores sugerem que a associação entre ansiedade e depressão leva os
pacientes a buscarem ajuda mais cedo, ou mesmo que essa associação torna o médico mais
alerta para a desordem mental. Em seu estudo, Lima (1999), também observou uma maior
freqüência de internações em idosos com este tipo de co-morbidade.
Saliente-se que o interesse do presente estudo é a depressão na população
envelhecida. Concordamos com Lima (1999), quando afirma que a depressão tem sido
vastamente investigada nas últimas décadas e, a seu respeito, apesar dos progressos em
epidemiologia psiquiátrica, ainda são muitas as questões sem resposta. Segundo o autor, a
elevada freqüência de depressão na população idosa e sua íntima relação com o aumento
da morbidade e taxa de mortalidade, nesses casos, impõem que pesquisas abordem a
questão da depressão, baseada na população geral, como um processo contínuo, podendo
esclarecer mais a respeito dos seus mecanismos etiológicos e protetores e,
conseqüentemente, orientar ações em saúde, a fim de prevenir prejuízos associados à
depressão no idoso.
1.3 - Depressão e Envelhecimento
1.3.1 Aspectos conceituais na Depressão
Para Blazer (1992), depressão na população envelhecida continua sendo um termo
genérico que engloba muitos construtos, alguns dos quais bem definidos e outros mal
definidos. De acordo com Del Porto (1999) e Mann (2001), o termo depressão tem sido
utilizado para designar tanto um sintoma (grifo nosso), em que a depressão é caracterizada
por baixa de humor, preocupação e insônia e surge nos mais variados casos clínicos, entre
os quais, transtorno de estresse pós-traumático, demência, esquizofrenia, alcoolismo,
doenças clínicas, etc. e pode ainda ocorrer como resposta a situações estressantes, ou a
circunstâncias sociais e econômicas adversas; como uma síndrome (grifo nosso), quando
os sintomas são mais numerosos, severos e persistentes, e inclui não apenas alteração do
humor, mas também outros aspectos como alterações cognitivas, psicomotoras e
vegetativas, que interferem na qualidade de desempenho das AVDs; e, finalmente, como
28
doença (grifo nosso) a depressão, tem sido classificada de várias formas, dependendo do
período histórico, da preferência dos autores e do ponto de vista adotado.
Para determinação de depressão atualmente, de acordo com referências mais
utilizadas internacionalmente, encontramos os Critérios Diagnósticos segundo Diagnostic
and Statical Manual of Mental Disorders, 4 revised – DSM IV R (Anexo 1). Os idosos que
preencherem apenas alguns itens, mas não o número suficiente para o diagnóstico de
depressão maior, podem ser enquadrados nos casos de depressão menor, sendo esta a mais
prevalente na população idosa (GUIMARÃES et al., 1999; VAN DEN BERG et al., 2000).
Estudos realizados por Tavares Júnior (1989); Paschoal (1996); Tamai (1998)
demonstram que, na população idosa, a classificação das depressões em primárias,
definidas por Carvalho (1996) como depressão sem relação com alterações patológicas
comprovadas, e secundárias, definidas por Tamai (1998) como depressão que ocorre após
o estabelecimento de uma outra doença clínica ou transtorno não afetivo, têm fundamental
importância, observando-se, na população idosa, que as depressões secundárias são mais
freqüentes. Não obstante Mann (2001) sugere que a classificação da depressão no idoso em
depressão secundária tende a subestimar sua importância.
Para Blazer (1992) é prudente tomar como referência uma abordagem funcional
para depressão no idoso, pois, de acordo com o autor, “os sintomas depressivos tornam-se
suficientemente severos a ponto de serem identificados como um caso digno de atenção
clínica quando a função está prejudicada” (p.204).
1.3.2 - Magnitude e Epidemiologia da depressão em Populações Envelhecidas
Sabe-se que tanto a depressão maior como outros transtornos depressivos de curta
duração são doenças comuns que afetam um grande número de pessoas em diferentes
países e culturas (LIMA, 1999). Para o mesmo autor, a prevalência de depressão é alta,
independentemente do lugar onde a pesquisa seja conduzida, do tipo de instrumento
diagnóstico usado e dos períodos de tempo para os quais a prevalência se aplica. No caso
29
da população idosa, depressão é a desordem mais comum que afeta as pessoas mais velhas
(LIVINGSTON, 2000; KATONA, 2000; MANN, 2001).
De acordo com Veras (1994), depressão na população envelhecida apresenta taxas
de prevalência entre 5% e 35%, de acordo com o nível de gravidade da depressão,
destacando-se a depressão menor, com uma prevalência maior no idoso, quando
comparadas com a de indivíduos mais jovens (TAVARES JÚNIOR, 1989; PASCHOAL
1996; TAMAI 1998 ; VAN DEN BERG et al., 1999). Investigação realizada com idosos
na comunidade do Rio de Janeiro encontrou uma prevalência de 25,75% para depressão
maior e 7,59% para depressão menor (VERAS, 1994). Estudo com idosos em comunidade
de Cingapura refere uma prevalência de 6,0% de depressão nos idosos (HEOK et al.,
1996); em estudo similar feito em Taiwan, foi encontrada uma prevalência de 15,3% de
sintomas depressivos e 5,9% de depressão maior (CHONG et al., 2001); em comunidade
de Dublin, estudo, apontou uma prevalência de 10,3% de depressão em idosos (KIRBY et
al., 1997); pesquisa de base populacional com idosos realizada em Londres encontrou uma
prevalência de depressão de 17,7% (PRINCE et al., 1998); analógamente, estudo com
idosos em comunidade do Sul da Itália relata uma prevalência de 9,8% de depressão maior
e 44,1% de depressão menor (CACCIATORE et al., 1998).
Estudos realizados por Stuck (1999); Simons (2000) sobre incapacidade funcional
na população idosa foi apontaram que, entre as doenças crônicas mais freqüentes que
elevam à probabilidade de desenvolver incapacidade, encontra-se a depressão. Na
população envelhecida, a depressão torna-se um importante problema de saúde pública, na
medida em que inclui tanto a incapacidade individual como o fardo familiar associado a
doença, somados aos custos financeiros, à alta taxa de utilização de serviços de saúde, ao
tempo de trabalho dispendido e à diminuição da qualidade de vida (LIMA, 1999,
MACALL et al., 2001; MANN, 2001).
Tal cenário inclui outra condição preocupante, pois, apesar de boa parte das
depressões nos idosos apresentarem quadro clínico semelhante ao de outras faixas etárias,
esses indivíduos, com maior freqüência, apresentam quadros atípicos ou particularidades,
como vários problemas clínicos e sociais simultâneos, que podem levar a dificuldades
diagnósticas (ROCHA, 1993; STOPPE JÚNIOR, 1994). De acordo com Macdonald (1988,
30
p. 104), “freqüentemente as depressões nos idosos não apresentam causas óbvias e
história de episódios deprimentes anteriores”.
Katona (2000) sugere que os fatores que mais dificultam o diagnóstico da depressão
são motivados pelo fato de o idoso acreditar que a depressão é conseqüência legítima do
envelhecimento e, com isso, não mencionar seus sintomas; ou porque o médico ignora os
sintomas depressivos concentrando-se em outros fatores ao fazer um diagnóstico; ou,
ainda, por muitas vezes os idosos terem vergonha de admitir os sintomas de depressão,
apresentando-os de forma somática como perturbação do sono e cansaço. O autor ainda
ressalta que o diagnóstico da depressão torna-se um desafio particular, quando sintomas da
depressão somam-se aos sinais do processo de envelhecimento; por exemplo, a fadiga, a
redução do sono e os pensamentos sobre a morte, como também a co-existência de outras
doenças, como ansiedade e desordens cognitivas mascarando os sintomas da depressão.
Outro fator de embaraço é que os idosos na comunidade podem apresentar
síndromes depressivas que não preencham os critérios de diagnósticos para transtornos
específicos, mas nem por isso os problemas deixam de ser incapacitantes (LIMA, 1999;
KATONA, 2000). Blazer (1992) aponta que os idosos, em estudos de base populacional,
apresentam pouca gravidade de seus sintomas depressivos para serem diagnósticados com
depressão maior, e os períodos intermitentes sem sintomas desqualificam-nos do
diagnóstico de outros distúrbios depressivos. No entanto, esses idosos sofrem de
depressões crônicas.
Ainda segundo Lima (1999), o processo de identificação de casos de depressão nas
pesquisas populacionais mais recentes vem sendo feito através de instrumentos
diagnósticos desenvolvidos em hospitais e ambulatórios, sendo por isso mais acurados para
pacientes com depressão maior. Sabe-se, todavia, que a depressão menor é de maior
prevalência no idoso, quando não diagnosticada, o que constitui condição de risco para o
desenvolvimento de transtornos depressivos mais severos (LIMA, 1999; VAN DEN BERG
et al., 2000; MACALL et al., 2001).
Outra questão quanto aos instrumentos diagnósticos de depressão para idoso é que,
apesar de serem reconhecidamente imprescindíveis para diagnosticar depressão, alguns
contêm perguntas que são inadequadas à população envelhecida (BURNS et al., 1999). Os
31
autores indicam que perguntas relacionadas ao tempo futuro sejam adaptadas para um
futuro próximo (dias e semanas) e que depressão pode estar superestimada nos resultados
dos instrumentos, atribuindo essa questão ao fato de que os sintomas somáticos podem
estar sendo considerados sintomas depressivos, uma vez que estão fortemente associados
na população envelhecida, tornando difícil seus diagnósticos de forma diferenciada.
Em estudo feito por Almeida (1997), num pronto-socorro psiquiátrico de São
Paulo, 7,3% da população atendida tinha 60 ou mais anos de idade, sendo o transtorno do
humor o diagnóstico sindrômico mais comum, apresentando um percentual de 40% e com
freqüência de 2,24 vezes maior nas mulheres. Chama a atenção o percentual de 78,2% dos
idosos atendidos terem como causa da consulta episódio depressivo maior. Esse problema
possivelmente conduz à necessidade de um cuidado a longo prazo, mais intensivo e caro.
No caso de necessidade de internação, observa-se o risco de um maior período de
hospitalização do idoso, como também indicação de uma convalescença adicional em
instituições qualificadas (COHEN, 1998). Ainda de acordo com a autora, idosos em
instituições de longa permanência, que apresentam diagnóstico de doenças psiquiátricas,
entre as quais depressão é a mais importante, apontam uma relação direta com um aumento
de 60% de mortalidade.
Observa-se, também, que o tratamento da depressão no idoso é uma questão ainda
em discussão, e que, mesmo superado o diagnóstico da depressão, muitos deles não
recebem tratamento (KATONA, 2000; BEEKMAN et al., 2001). Katona (2000) refere que
os médicos são freqüentemente relutantes em prescrever antidepressivos para idosos, por
considerarem que estes são bastante frágeis e com pouca tolerabilidade para os efeitos
colaterais provocados pela medicação. Como também, não indicam psicoterapia por
considerarem que os idosos não se beneficiariam desse tratamento, devido à grande
dificuldade de mudar suas atitudes.
Esse quadro relativo ao tratamento de depressão no idoso reflete os resultados
encontrados por Mann (2001) em que, numa população de 112 idosos deprimidos, naquele
momento, só 38% tinham discutido seu estado mental com seu médico geral, 13% tinham
recebido prescrição de antidepressivos e 6% conheciam o serviço de psiquiatria para
32
idosos. No entanto, a depressão é o mais tratável dos distúrbios psiquiátricos da idade
avançada (LIMA, 1999).
Em consonância com estudos recentes, os aspectos pesquisados de associação mais
significativa com depressão são: os pessoais (idade avançada e sexo feminino), as
condições de saúde (declínio do estado funcional, doenças crônicas e prejuízo cognitivo) e
as condições sociais precárias (BLACK, 1998; RAMOS, 1998; COELHO FILHO, 1999).
Cohen (1998) e Pearson et al. (2000) também apontam para uma importante presença de
suicídio na idade avançada, decorrente de depressão. A seguir, apresentamos cada um
desses aspectos em sua especificidade e suas relações com a depressão.
Cacciatore et al. (1997), em pesquisa de desenho transversal para verificar padrão
de morbidade na população idosa no Sul da Itália, sabendo que este país tem uma das
maiores populações de idosos do mundo, chama a atenção para um alto percentual de
idosos com indicação de depressão moderada e depressão maior. Esse achado tem relação
com o avanço da idade e com o sexo feminino. Os autores observaram, ainda, que o nível
educacional alto apresentou-se como fator de proteção para a depressão.
Esses mesmos resultados foram encontrados por Veras (1994), no Brasil, na cidade
do Rio de Janeiro, através de um estudo transversal em idosos da comunidade, embora não
tenha observado diferença de percentual de depressão, em relação ao sexo, em idades mais
avançadas. Ramos (1998), em estudo longitudinal realizado em São Paulo, mostra achados
semelhantes, diferindo apenas em relação à educação, pois, apesar de a população idosa
estudada ter bom nível educacional, encontrou um alto percentual de depressão. Uma
pesquisa populacional com idosos mexicanos, com baixa escolaridade, também mostrou
escolaridade com fraca associação para a depressão (BLACK, 1998).
Nesses estudos, entre as variáveis trabalhadas, é notável a concordância que idade é
um fator importante para considerar a depressão. No entanto, para Henderson et al. (1993),
é importante considerar que o número de sintomas depressivos não aumenta com a idade,
mas devido, em parte, ao fato de que numerosas mudanças físicas (saúde física pobre e
incapacidade) e mudanças sociais acontecem com o envelhecer. Segundo Kivelä (1994 p.
75) “a hipótese mais corrente é que a etiologia multifatorial da depressão como fatores:
biológicos, psicológicos e sociais, contribuem para sua ocorrência”. Estudos realizados
33
por Aromaa (1994); Kivelä (1994); Tamai (1998) e Simons (2000) sugerem que as
disfunções físicas ou transtornos sociais podem desencadear ou serem resultados de
depressão no idoso, não conseguindo ainda fazer uma relação exata dessas associações de
causas e efeitos.
Com relação à depressão e aspectos sociais em estudo longitudinal na comunidade,
Shoevers et al. (1999) verificaram incidência de depressão na população idosa, avaliando
efeitos de três tipos de vulnerabilidade genética e familiar indicada por história pessoal ou
familiar de desordem mental, vulnerabilidade orgânica indicada por sintomas orgânicocognitivos e vulnerabilidade ambiental, por ser solteiro e sem apoio social. Em análise
multivariada, a vulnerabilidade ambiental foi o fator de maior associação.
Em estudo realizado por Mann (2001), após um (1) ano de observação, os aspectos
sociais eram os únicos fatores associados com manutenção ou recuperação de depressão na
população envelhecida. Brummett et al. (1999) e McCall et al. (2001), também em estudos
longitudinais nos Estados Unidos encontraram que apoio social está fortemente associado
com depressão na população envelhecida. Para McCall et al. (2001), esta associação é
resultado principalmente de não ter alguém com quem compartilhar situações agradáveis e
alguém para ouvir e aconselhar em relação aos problemas. O estudo sugere que o humor
seja o principal determinante para apoio social, evidenciando que ele confere algum grau
de benefício com respeito à depressão no idoso. No entanto, tal estudo não pode esclarecer
se a redução da depressão motiva os idosos a uma melhor convivência social ou se o apoio
social recebido é que promove melhora da depressão.
Lefrançois (2000), por sua vez, em pesquisa feita em comunidade com população
idosa do Canadá, entre 81 e 86 anos, encontrou que, nessa faixa de idade, o apoio social
não interferiu de forma protetora para a depressão na presença de eventos de vida
relacionados a problemas de saúde, sendo esses fortes preditores de depressão. Para o
autor, com o aumento do crescimento da população idosa, é necessário ampliar a
compreensão de fatores, como apoio social e sua associação com depressão neste segmento
da população.
Apesar de as pesquisas que apresentaremos a seguir estudarem a relação entre
depressão com declínio físico, saúde física e incapacidade funcional, elas se referem ao
34
mesmo termo que utilizamos como declínio do estado funcional, de acordo com definição
referida por Stuck et al. (1999), ou seja, como dificuldade em realizar as atividades de vida
diária, incluindo auto-cuidado, tarefas de casa, atividades físicas e limitação da função
física, sendo esta restrita à ação física básica (incluindo função de extremidade superior e
inferior).
Em estudo longitudinal realizado por Roberts et al. (1997), nos Estados Unidos,
com idosos da comunidade, os efeitos relacionados à idade, aparentes em depressão, são
atribuíveis tanto a problemas de saúde física como a incapacidade associada. De acordo
com Penninx et al. (2000), em Amsterdam, em estudo longitudinal para verificar a relação
entre depressão e declínio físico, na população idosa, foi observado que função física pobre
é um fator de risco para o início e cronicidade de depressão, como também depressão
crônica tem um impacto significativo com o passar do tempo em declínio físico, ou mesmo
que esses dois agravos se reforcem mutuamente, causando uma espiral descendente
progressiva em pessoas mais velhas. Esse estudo sugere, ainda, que o reconhecimento
precoce e o tratamento da depressão possam ser protetores para o declínio físico.
Os idosos que são limitados na realização das AVDs têm um alto risco em
desenvolver depressão (RAMOS, 1998; LIVINGSTON, 1999). Mann (2001), em sua
pesquisa, observou que 69% dos idosos mostravam que incapacidade funcional era um
forte preditor para depressão. McCall et al. (2001) referem em sua amostra que os sintomas
depressivos acompanhados de perda do estado funcional em casos de melhora do estado
funcional seguem-se por alívio da depressão.
Livingston (1999), em população idosa sem depressão, identificou que doença
crônica não conduz a depressão, sendo provável que a causa desta seja doença aguda e dor,
aumentando a freqüência de consultas dos idosos nos serviços de saúde, devendo este fato
ser reconhecido pelo médico como um sinal de depressão. Embora provavelmente os
idosos durante as consultas não se queixem de depressão (COHEN, 1998; LIVINGSTON
1999; KATONA, 2000), para Williamson (1992), seus achados indicam que dor e doença
mantêm uma relação indireta com a depressão, na medida em que são contribuintes
importantes para a incapacidade funcional que, por sua vez, contribui para a depressão.
35
Em estudo longitudinal, em Amsterdam, com idosos em comunidade para
investigar depressão em relação ao seu início, prevalência e persistência, as pesquisas de
Beekman (2001) sugerem que os fatores que predizem persistência, são muito diferentes
dos demais como as doenças crônicas e a vulnerabilidade para ansiedade e depressão.
Os resultados do estudo longitudinal em população envelhecida feita por Van
Balkom (2000), apontam semelhança com o estudo anterior, quando sugerem uma
probabilidade relativamente alta para condições de co-morbidade entre desordem de
ansiedade, doenças crônicas e depressão maior.
Mills (2001), em estudo com idosos, observou que os sintomas depressivos são
mais freqüentes naqueles que apresentam doenças crônicas, com destaque para as de mais
forte associação, que são as relacionadas aos problemas cardíacos. Aromaa et al. (1994)
também observaram dados semelhantes, sendo os sintomas depressivos, depressão e
doença cardiovascular associados na população idosa. Contudo, os autores consideram
uma associação mais forte entre depressão e doenças do coração, principalmente as mais
severas e sintomáticas, como angina, parada cardíaca congestiva e acidente
cerebrovascular, do que hipertensão descomplicada.
Em estudo para verificar a causa de depressão, de início em idade avançada, Van
den Berg et al. (2001) encontraram como fortes fatores de risco: a hipertensão, a doença do
coração e o acidente cerebrovascular. Aromaa et al. (1994), em seus estudos sugerem que
provavelmente doença cardiovascular cause depressão severa e que a hipótese de que a
depressão possa causar doença cardiovascular parece inconclusiva.
No entanto, Penninx et al. (1998) defendem que sintomas depressivos podem estar
mais relacionados com predição de doença cardiovascular, do que com sua persistência.
Seus estudos sugerem que, particularmente em homens idosos, início recente de depressão
é melhor preditor de doença cardiovascular, do que depressão crônica. Resultado
semelhante foi encontrado por Sesso et al. (1998), em estudo apenas com homens idosos,
no qual observaram que sintomas depressivos estavam associados com o risco de
desenvolver doença cardiovascular.
36
Depressão e ansiedade são problemas especialmente comuns que complicam a
doença cardíaca (SHAPIRO, 1997). De acordo com Penninx et al. (1998), em homens
idosos, o início recente de depressão está associado a um maior risco de mortalidade por
doença cardiovascular. Para Black (1998), os índices de mortalidade são substancialmente
mais altos quando os sintomas depressivos vêm associados a doenças cardiovasculares e a
hipertensão. O autor sugere que essa condição no idoso é freqüentemente atribuída às
reclamações constantes de doenças crônicas, apesar da disponibilidade de tratamento para
essas doenças, como também ao freqüente baixo índice de diagnóstico e tratamento da
depressão. A pesquisa ainda mostra que essa associação permanece como preditivo de
mortalidade no idoso, mesmo quando controlado por outras variáveis, como aspectos
sociodemográficos, culturais e incapacidade funcional.
Enquanto para Almeida (1999), depressão também está associada a uma maior
morbidade e mortalidade na população envelhecida, principalmente quando acompanhada
de declínio cognitivo, para Forlenza (2000), esta associação leva a um maior
comprometimento funcional. De acordo com os autores, os sintomas depressivos e
demenciais sobrepõem-se, com freqüência, em pacientes geriátricos, encontrando-se
dificuldade na busca de uma relação de causa e efeito.
Idosos deprimidos freqüentemente se queixam de falhas de memória. A ocorrência
de depressão na idade avançada tem sido considerada um possível fator de risco para
demência (FORLENZA, 2000; O’BRIEN et al., 2001). Segundo os autores, os idosos
deprimidos que apresentam déficits cognitivos importantes como parte da depressão, têm
um maior risco de evoluir para demência, apesar da remissão dos sintomas demenciais
após tratamento bem sucedido da depressão.
Para Geerlings et al. (2000), dois estudos de população envelhecida, em que foram
usadas escalas de avaliações diferentes para depressão e declínio cognitivo, apresentaram
resultados semelhantes. A depressão era associada a um maior risco em desenvolver a
doença de Alzheimer e declínio cognitivo, mas só em idosos com alto nível de educação. A
partir desses estudos, os autores sugerem que, em um subgrupo de idosos com elevada
escolaridade, a depressão pode ser uma manifestação precoce da doença de Alzheimer
antes que os sintomas cognitivos se tornem aparentes.
37
No entanto, O’Brien et al. (2001) sugerem que há outras possíveis razões para
idosos deprimidos desenvolverem prejuízo cognitivo, como a presença de déficits
neuropsicológicos, que afetam a maioria dos domínios que guardam semelhança com os
domínios afetados pela depressão, como: aprendizagem e memória na presença de
patologia cerebrovascular, ou seja, durante o episódio depressivo, acontece um aumento de
patologias microvasculares, causando o déficit cognitivo. Embora esse estudo não tenha
encontrado evidência dessas relações de causa de prejuízo cognitivo na depressão, em
estudo de base populacional com idosos, Newman (1999) observou que a depressão é mais
prevalente em demência vascular, quando comparada à demência de Alzheimer.
Apontando ainda para a grande possibilidade de, na população geral, a taxa de prevalência
de depressão na demência de Alzheimer ser menor do que a que vem sendo previamente
observada em estudos clínicos.
Em estudo realizado por Almeida (1999) sintomas característicos de depressão
foram encontrados em 69,3% dos idosos com diagnóstico de demência. Depressão em
pacientes com demência leve e moderada deve ser considerada mesmo quando observa-se
dificuldade em enquadrar os sintomas depressivos nos critérios de diagnóstico
(FORLENZA, 2000).
Segundo Almeida (1999), acredita-se que as alterações comportamentais de idosos
com demência tendem a ter duração prolongada e, ao desaparecerem, apenas cedem espaço
para a manifestação de novos sintomas psiquiátricos. Dentre estes, com alta prevalência,
encontra-se a depressão, aumentando o sofrimento para o paciente e seus cuidadores.
Entendam-se aqui as pessoas que têm a total ou maior responsabilidade pelos cuidados
prestados ao idoso dependente ou que prestam atividades complementares, podendo ser um
profissional contratado, familiares, amigos ou voluntários da comunidade (MENDES,1998
apud STONE, CAFFERATA e SANGL, 1987). Sem dúvida, o tratamento da depressão em
pacientes com demência promove melhora do bem-estar deles e de seus cuidadores
(FORLENZA, 2000). Ainda de acordo com Mann (2001), os idosos deprimidos com
demência associada apresentam uma maior probabilidade de institucionalização.
De acordo com Almeida (1999), todos os pacientes com diagnóstico de demência e
que apresentam ideação suicida mostram sintomatologia depressiva significativa. Este
38
resultado, por sua vez, aponta particularmente para uma forte associação entre suicídio e
sintomas depressivos (MACDOLNAD, 1988; COHEN,1998; ALMEIDA,1999)
Em estudo, na Itália, com população idosa na comunidade, Scocco et al. (2001)
encontraram uma prevalência de 17% de pensamentos suicidas nesta população. De acordo
com Forsell et al. (1997), estudos de base populacional com idosos apontaram para
pensamentos suicidas fortemente correlacionados com a presença de depressão, sendo esta
a variável mais importante da descoberta. Os autores referem como fator altamente
preocupante o baixo reconhecimento e tratamento da depressão na população envelhecida,
sugerindo que a avaliação focalizada para depressão deve ser o primeiro passo para a busca
da causa de pensamentos suicidas em idosos. Esse resultado é reforçado em estudo mais
recente realizado por Pearson et al. (2000), em que os autores encontraram que a
intervenção mais eficaz em comportamentos suicidas na população envelhecida é o
diagnóstico e o conseqüente tratamento da depressão.
Segundo Cohen (1998), chamam a atenção os resultados de um estudo em que mais
de um terço dos homens idosos que cometeram suicídio tinham consultado seus médicos
na última semana de suas vidas e mais de 70%, no último mês. Para a autora, torna-se
imperioso o médico perguntar aos seus pacientes idosos, durante as consultas, se eles têm
depressão ou pensamentos suicidas.
De acordo com Stoppe et al. (1999), em pesquisa com profissionais médicos para
saber sua prática com idosos, foram apresentados dois casos: um de paciente com sintomas
depressivos ou com depressão severa e outro de um paciente deprimido apresentando comorbidades. Encontraram que um baixo percentual desses médicos, ao deparar-se com tais
casos, dificilmente busca espontaneamente questionar os pacientes sobre pensamentos
suicidas. Os autores sugerem neste estudo que pensamentos suicidas e sua prevenção não
são aspectos considerados primordiais a serem avaliados pelos médicos na consulta com
pacientes idosos, ou mesmo que, além da dificuldade em diagnosticarem depressão no
idoso, mostram também dificuldade em manejar adequadamente os sintomas provocados
pela depressão, entre os quais os pensamentos suicidas.
Foi encontrado, também em estudo realizado por Pearson et al. (2000), que a
maioria dos suicídios na população idosa é proveniente de um primeiro episódio de
39
depressão, sem outros tipos de co-morbidades psiquiátricas, mesmo sendo esse, o da
depressão, o tipo mais tratável nos idosos.
Os muitos estudos aqui citados com relação à depressão na população idosa, em
alguns aspectos, sugerem avanço, como a clareza de que a depressão está muito presente
no processo de envelhecimento, fazendo forte associação com os aspectos, igualmente
levantados aqui, como: idade, sexo, aspectos sociais, declínio do estado funcional, doenças
crônicas, prejuízo cognitivo e suicídio. No entanto, encontramos uma forte concordância
entre os autores no sentido de que mais estudos, especialmente de base populacional, são
necessários para investigar a depressão em idosos, as relações de causa e efeito, suas
relações durante o curso da depressão e o desfecho, para que se possam obter resultados
mais conclusivos.
Partindo dessa compreensão, propomos estudar a depressão nos idosos que estão
inseridos no programa de Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade Federal
de Pernambuco (UnATI/UFPE), não deixando, também, esses idosos de estarem incluídos
em suas respectivas comunidades. Contudo, conhecer a relação de depressão nessa
população não poderá ser extrapolada para a população envelhecida em geral, podendo-se
configurar, num primeiro passo, para conhecer a depressão nos idosos residentes no
Recife.
1.4 - Conhecendo o Programa da Universidade Aberta à Terceira Idade, da
Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE).
As primeiras iniciativas na criação de Universidades para a Terceira Idade são do
final da década de 1960 (PEIXOTO, 1997). Segundo a autora, nesse período, as
Universidades tinham como diretrizes básicas oferecer espaços para atividades culturais e
sociais para os seus participantes. A partir dessa década, as Universidades para a Terceira
Idade ampliaram seus objetivos para serem “fundamentalmente instituições de saúde
pública visando elevar os níveis de saúde física, mental e social das pessoas de Terceira
Idade, bem como colocar à sua disposição programas de atividades particularmente
adaptados” (PEIXOTO, 1997 p. 46). E mais recentemente, desde os anos 80, essas
40
Universidades estão sendo exigidas a transformar seus participantes também em ativos
pesquisadores.
No Brasil, é nos anos 90 que surgem maiores demandas por programas
direcionados para os idosos, devido ao rápido envelhecimento de sua população. Segundo
Veras (1995), em relação às instituições públicas, atualmente a Universidade é a mais bem
equipada para responder às demandas dos idosos:
Ali, os idosos, além de receberem assistência e ensino e participarem de
atividades culturais e de lazer propiciam uma coorte inestimável para pesquisas
em várias áreas do conhecimento; ajudando, assim, na formação de profissionais
de alta qualificação e alavancando a produção de conhecimento sobre a Terceira
Idade (p. 13)
Dentro dessa perspectiva e similar a outras experiências como a Escola Aberta para
Terceira Idade da PUC/Campinas e da Universidade Aberta à Terceira Idade da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UnATI/UERJ), foi criado em setembro de 1996
o Programa Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade Federal de
Pernambuco (UnATI/UFPE) (BARRETO, 1998).
Segundo a autora, a UnATI/UFPE é uma microuniversidade temática, que trata dos
aspectos do envelhecimento através de atividades de ensino, pesquisa e extensão. Tem
como
diretriz
principal
promover
a
integração
Universidade-idoso-comunidade,
participando desse processo a comunidade universitária e a comunidade em geral.
O Programa UnATI/UFPE tem caráter público, cujos cursos são oferecidos
gratuitamente. Para o ingresso no Programa são considerados idosos as pessoas com 60
anos e mais, de acordo com o que está disposto na lei Nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994,
que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso. Não há exigência de nível de escolaridade,
entretanto, cada idoso só pode inscrever-se em um único curso, pois a demanda é maior
que o número de vagas oferecidas.
Os cursos têm duração de um semestre letivo, com temática variada. No período
referente à coleta de dados deste estudo, o Programa oferecia 32 turmas, distribuídas em 27
41
cursos, dentre os quais: educação em saúde, nutrição e envelhecimento, primeiros socorros
no local do acidente, reciclagem de papel e encadernação artesanal, oficina de artes, oficina
literária, introdução ao estudo da língua italiana, inglês, educação participativa e
informática básica.
O Programa UnATI/UFPE conta com docentes dos vários Centros e Departamentos
da UFPE, além de acadêmicos e profissionais voluntários não-vinculados à UFPE. Suas
atividades são desenvolvidas nas instalações dos Centros e Departamentos, no campus da
própria Universidade Federal de Pernambuco.
Portanto, é intenção deste estudo conhecer centralmente qual a importância e o
comportamento da depressão entre os participantes do Programa Universidade Aberta à
Terceira Idade, da Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE)
Sendo assim, pretende-se conhecer:
•
Qual a importância da depressão classificada como maior e menor entre os
participantes do Programa, por faixa etária (60-69 anos e 70-79anos) e por sexo?
•
Entre as variáveis propostas no estudo, quais as que apresentam relação com a
depressão a partir do pareamento, por sexo e idade?
2. OBJETIVOS
43
2. OBJETIVOS
Geral:
Identificar a presença de depressão, nos idosos participantes do Programa da Universidade
Aberta à Terceira Idade, da Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE).
Específicos:
•
Identificar a presença de depressão, nos idosos, classificando-os como casos de
depressão maior ou menor, considerando sexo e faixa etária.
•
Identificar os idosos que compõem os casos de depressão, comparando-os com os
idosos não-deprimidos, considerando: solidão, tristeza, pouca disposição, pessimismo em
relação ao futuro, irritação, auto-acusação, idéias suicidas, dor de cabeça, insatisfação,
distúrbios do sono e do apetite.
•
Relacionar os idosos que compõem os casos de depressão com as variáveis anteriores,
por sexo e faixa etária.
3. MATERIAL E MÉTODOS
45
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 – População, Procedência e Período de Referência do Estudo
A população alvo é composta por 358 idosos, de ambos os sexos, procedentes dos
vários bairros do Recife e Região Metropolitana, que participam do Programa Universidade
Aberta à Terceira Idade, da Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE). As
informações a respeito da população do estudo são provenientes de um banco de dados,
construído através de um censo realizado com os idosos do referido Programa, no período de
abril a junho de 1998 (BARRETO, 1999)
3.2 – Desenho do Estudo
Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo de corte transversal. Este tipo de
estudo proporciona um alto poder descritivo a baixo custo e está sendo muito utilizado na
epidemiologia
moderna (ALMEIDA FILHO & ROQUAYROL,
1993).
Estaremos
trabalhando, segundo denominação dos autores, o subtipo de estudos transversais, denominado
“estudos em populações especiais”, em que estão incluídos os idosos.
O estudo transversal também oferece desvantagens, na medida em que gera
informações sobre a situação existente em um momento particular, trazendo problemas para
interpretação da relação causal entre os eventos numa pesquisa (PEREIRA,1999).
46
3.3 – Instrumento e Coleta de Dados
Os dados do banco foram coletados através de inquérito, a partir de questionário
aplicado em entrevista direta com os participantes do Programa, utilizando o instrumento
multidimensional o Brazil Old Age Schedule – BOAS. As entrevistas foram feitas por
auxiliares de pesquisa, treinados e supervisionados pela coordenadora do Censo
(UnATI/UFPE), sendo realizadas nas próprias instalações do Programa (BARRETO, 1999).
O BOAS é um instrumento que foi validado no Brasil, numa pesquisa realizada no Rio
de Janeiro, com população idosa (VERAS, 1994), constituído por um questionário, um manual
(composto por três seções principais: descrição do questionário, perguntas de justificativa e
formas de aplicar o questionário) e um livro código. O questionário é dividido em nove seções
e tem como meta colher dados sobre informações gerais, saúde física, utilização dos serviços
médicos e dentários, atividades da vida diária (AVD), recursos sociais, recursos econômicos,
rastreamento de saúde mental, necessidades e problemas que afetam os idosos e, ao final,
contém uma avaliação do entrevistador. Esse tipo de questionário multidimensional agrega
medidas que fornecem uma visão ampla da situação social e de saúde da pessoa, o que, de
acordo com Veras (1994), é relevante em pesquisa com população idosa “por causa da
relação íntima que tem sido demonstrada entre mudanças sociais - particularmente aquelas
que envolvem perda e estabelecimento de doenças físicas e mentais - e o impacto da
incapacidade física e mental sobre a necessidade de serviços de assistência social” (p.55).
As seções de informações gerais, utilização dos serviços médicos e dentários,
atividades da vida diária (AVD), recursos sociais e recursos econômicos foram trabalhadas na
pesquisa para a dissertação de Mestrado em Saúde Pública, do NESC/CPqAM/FIOCRUZ,
intitulada “Universidade Aberta à Terceira Idade UnATI/UFPE: um perfil sócioepidemiológico dos participantes” (BARRETO, 1999)
Neste estudo, trabalhamos a Seção de Saúde Mental, que avalia a deficiência cognitiva
e depressão, e para isso utiliza a escala do Short-CARE, que foi desenvolvida para dar ênfase
47
particular a essas duas áreas principais de alteração psiquiátrica na velhice e que permite, na
realidade, indicar a suspeita de um “caso”. Optamos por trabalhar a Seção de Saúde Mental
em relação à depressão apresentada a seguir de modo mais específico.
A Seção VII de Saúde Mental relativa à avaliação de depressão é composta por 27
perguntas, das quais algumas são subdivididas em outras correlatas e mais detalhadas. Os itens
sobre depressão vão do número 63 a 76 do instrumento multidimensional BOAS (Anexo 2).
Como dito anteriormente, para a referida avaliação é utilizada a escala do Short-CARE.
Segundo Blazer (1999), a vantagem do uso de escalas de avaliação para depressão é
que elas não distribuem subjetivamente os pacientes em uma categoria diagnóstica específica.
Contudo, para o autor, é importante ser cuidadoso, pois esse tipo de avaliação não oferece
especificidade diagnóstica, ou seja, os mesmos sintomas depressivos apresentados podem ser,
por exemplo, referentes tanto a perda de um ente querido ou a um episódio de depressão maior
com melancolia. Ainda de acordo com o autor, para o diagnóstico de caso de depressão na
população idosa é importante considerar que a maioria dos idosos não se enquadram
adequadamente nos diagnósticos psiquiátricos que recebem, devido à freqüência de doenças
simultâneas que apresentam, como também os critérios diagnósticos do Diagnostic and
Statistic Manual of Mental Disorders- 3 Revised DSM-III ou DSM-IV, que não se ajustam
sempre aos sintomas mostrados pelos idosos como, por exemplo, a ansiedade generalizada,
que não é tão facilmente diferenciada de um episódio depressivo maior em um idoso agitado.
Apesar dessas considerações, para um adequado diagnóstico de depressão nos idosos, o
Short-CARE é um instrumento que demonstra ter boa validade e confiabilidade para os
propósitos de rastreamento comunitário (VERAS, 1994). Para o mesmo autor, os sinais e
sintomas fundamentais para o diagnóstico de depressão, como tristeza, pouca disposição,
pessimismo em relação ao futuro, autocrítica, auto-acusação, dificuldade de se concentrar e,
também, distúrbios físicos, como alterações do sono e apetite estão contemplados no ShortCARE.
48
Essa escala identifica dois tipos de depressão: a depressão maior e a depressão menor.
A validação dessa escala, realizada no estudo anteriormente referido, foi realizada por dois
psiquiatras treinados, que utilizaram a escala de depressão da lista de conferência do DSM-III
para depressão maior e a escala de distimia do DSM-III para depressão menor (VERAS,
1994). Atualmente, dispomos do DSM IV, como critérios de diagnóstico para depressão maior
e distimia, o qual não apresenta diferenças importantes em relação ao DSM-III.
Outro aspecto considerado para a validação da escala de depressão relacionou-se às
perguntas do questionário que se referiam ao tempo passado. Correspondiam elas aos últimos
trinta dias, a partir da data da entrevista, e no DSM-III se referiam a toda a vida anterior.
Contudo, no processo de validação, foi observado que essa diferença não provocava distorções
nos resultados.
Para discriminação de caso e não caso de depressão na escala do Short-CARE, o ponto
de corte 8 e acima foi o que melhor propiciou equilíbrio entre sensibilidade e especificidade
para definição de possível caso∗, chegando ao escore máximo de 28 pontos. Para o caso de
depressão menor, são classificados nesse grupo os idosos com ponto de corte de 8 ou mais,
que apresentaram sintomas depressivos substanciais, que podem ser denominados deprimidos,
mas não tão graves quanto os que tiveram índices de 13 ou mais; e, para o caso de depressão
maior, os idosos que se encontram no ponto de corte de 13 ou mais e apresentaram distúrbios
graves e persistentes, que têm necessidade de assistência profissional de saúde (VERAS, 1994
p.164)
3.4 - Variáveis Estudadas
As variáveis aqui trabalhadas são sexo e faixa etária; as demais estão contempladas na
escala de avaliação do Short-CARE, conforme Tabela 1.
∗
A partir de agora utilizaremos os termos casos de depressão e idosos deprimidos para nos referirmos aos idosos
identificados como possíveis casos de depressão.
49
Tabela 1 – Distribuição das variáveis trabalhadas.
Variáveis
Perguntas
Solidão
•
Sempre se sente solitário.
Tristeza
•
Tem se sentido triste ou deprimido no último mês.
Tem se sentido triste ou deprimido por um período maior
que poucas horas.
Sente-se mais triste ou deprimido no início do dia.
Sentiu vontade de chorar e chorou no último mês.
Pouca disposição
•
Sente que está ficando mais lerdo ou com menos energia.
Sente-se mais lerdo ou com menos energia no período da
manhã.
No último mês, tem estado com menos energia que de
costume.
No momento, sente falta de energia para fazer suas coisas
no seu dia a dia.
Pessimismo em relação ao futuro
•
Não menciona expectativas para o futuro
Futuro descrito negativamente.
Irritação
•
Sentiu-se mais irritado/zangado do que de costume no
último mês.
Fica chateado porque não sai de casa sempre que precisa
ou quer sair.
Auto-acusação
•
Arrepende-se sobre a vida e culpa-se sobre isso e não
pensa no assunto no momento.
Arrepende-se sobre a vida e culpa-se sobre isso e pensa
bastante sobre o assunto.
Idéias suicidas
•
No último mês, sentiu que viver não valia a pena.
Rejeita suicídio.
Pensamentos suicidas.
Considerou o suicídio.
Tentou o suicídio.
Dor de cabeça
•
Teve dor de cabeça no mês passado.
Insatisfação
•
No momento, sente que perdeu o interesse ou a satisfação
pelas coisas.
Perda de interesse causada por depressão/nervosismo
Sente-se infeliz no momento
Distúrbios do sono
•
Dificuldade para dormir devido à preocupação, ansiedade,
depressão
Distúrbios do apetite
•
Não tem se alimentado bem por estar
deprimido/preocupado/nervoso
3.5 – Processamento e Análise dos Dados
A partir do banco de dados original do censo da UnATI/UFPE, construiu-se um outro
com os dados referentes à Seção VII- Saúde Mental, que é objeto deste estudo.
O banco foi então digitado no Programa Epi Info 6 – Version 6.04b to c Upgrade –
October 1997 – Now year 2000 Compliant. Após esta etapa, foi feito o escore de cada
questionário dos 358 idosos, a partir da orientação do manual do instrumento, que especifica
50
quais perguntas são consideradas para o escore e o número de pontos atribuídos a cada uma
delas (ver Tabela 2). A partir daí, classificamos cada idoso nas categorias correspondentes, a
saber: sem depressão, depressão menor e depressão maior.
Abaixo, apresentamos na Tabela 2 as perguntas pontuadas para o escore da escala de
depressão.
Tabela-2 Distribuição das perguntas pontuadas para a indicação de caso de depressão e do número de
pontos atribuídos a cada uma delas, segundo a escala do Short-CARE.
Nº
63a
Sempre se sente solitário
64
64a
Esteve preocupado durante o último mês
Preocupa-se em relação a quase tudo
1 pt
1 pt
65b
66
Dificuldade para dormir devido à preocupação, ansiedade, depressão
Teve dor de cabeça no mês passado
1 pt
1 pt
67a
68
Não tem se alimentado bem por estar deprimido/preocupado/nervoso
Sente que está ficando mais lerdo(a) ou com menos energia
1 pt
1 pt
68a
68b
Sente-se mais lerdo(a) ou com menos energia no período da manhã
No último mês, tem estado com menos energia que de costume
1 pt
1 pt
68c
69
No momento, sente falta de energia para fazer suas coisas no seu dia a dia
Sentiu-se mais irritado/zangado do que de costume no último mês
1 pt
1 pt
70a
71
Fica chateado porque não sai de casa sempre que precisa ou quer sair
Tem se sentido triste ou deprimido no último mês
1 pt
1 pt
71a
71b
Tem se sentido triste ou deprimido por um período maior que poucas horas
Sente-se mais triste ou deprimido no início do dia
1 pt
1 pt
71c
72
Sentiu vontade de chorar e chorou no último mês
No último mês, sentiu que viver não valia a pena
1 pt
1 pt
72b
Pensou em fazer alguma coisa para acabar com sua vida
Rejeita suicídio
Perguntas
Pensamentos suicidas
Considerou o suicídio
73
Tentou o suicídio
Arrepende-se sobre a vida e culpa-se sobre isso
Não pensa no assunto no momento
Pensa bastante sobre o assunto
74
Expectativas para o futuro
Não menciona expectativas
Nº de pontos
1 pt
1-4 pts
1 pt
2 pts
3 pts
4 pts
1-2pts
1 pt
2 pts
1-2 pts
1 pt
75
Futuro descrito negativamente
No momento, sente que perdeu o interesse ou a satisfação pelas coisas
2 pts
1 pt
75a
76
Perda de interesse causada por depressão/nervosismo
Sente-se infeliz no momento
1 pt
1 pt
51
Uma vez identificados os possíveis casos e não-casos de depressão, verificamos que a
desproporção numérica entre estes poderia dificultar a análise dos resultados e também trazer
fatores confundidores, como a variação etária, por exemplo. Assim, a etapa seguinte se
constituiu em fazer o pareamento dos idosos na proporção de um para um, através de sorteio,
do grupo de casos de depressão com os idosos do grupo sem depressão, por sexo e idade.
Portanto, o pareamento é realizado entre participantes do mesmo sexo e da mesma idade.
A partir daí, trabalhamos por faixa etária dos grupos pareados com um intervalo de 10
anos, agrupando, assim, as idades entre 60-69 anos e 70-79 anos. Essas duas faixas de idade
são caracterizadas como idosos jovens e meio-idosos, respectivamente (VERAS, 1994). Para o
autor, dividir idade cronológica nos idosos em subfaixas é importante para observar as
diferenças entre elas.
Através do Analysis do Epi-Info, pudemos verificar a freqüência das variáveis em
estudo para o grupo de casos de depressão e o grupo sem depressão e relacioná-los.
Posteriormente, com o grupo de casos de depressão verificamos a freqüência de cada variável
relacionando-a por sexo e faixa etária.
4. RESULTADOS
53
4. RESULTADOS
Neste capítulo, apresentamos os resultados do Censo realizado com 358 idosos da
UnATI/UFPE, da Seção VII- de Saúde Mental, do instrumento BOAS, no que se refere à
depressão. Para facilitar o entendimento dos resultados desta seção, é importante esclarecer
alguns dados do grupo estudado, referentes à Seção I- de Informações Gerais, que tratam
da situação pessoal e familiar dos idosos, e à Seção V, que investiga os Recursos Sociais.
Dessas seções, destacamos as informações relativas a sexo, faixa etária, escolaridade,
estado conjugal, arranjo domiciliar e renda.
De acordo com Barreto (1999), quanto à distribuição de sexo, as mulheres (312)
representam 87,15% do total e os homens (46), 12,85%. Em relação à faixa etária, a
maioria dos idosos, 72,06%, encontram-se na faixa compreendida entre 60 e 69 anos.
Quanto à escolaridade, praticamente 100,00% dos idosos são alfabetizados, encontrando-se
19,55%, com o primeiro grau completo, 33,52%, com 2º grau e 29,05%, com nível
superior. Com relação ao estado conjugal, 39,40% dos idosos encontram-se viúvos, sendo
a maioria mulheres, e 35,50%, casados, dos quais a maior parte são homens. No que se
refere ao arranjo domiciliar, 52,89% dos idosos residem com duas a cinco pessoas; 24,02%
residem com uma pessoa e 15,92% moram sós. Ainda em relação à renda, os idosos, em
sua maioria, referem renda familiar entre 7 e 10 salários mínimos.
A seguir, demonstraremos os resultados da seção de Saúde Mental.
O Gráfico 1 refere-se à distribuição quanto à presença ou não de casos de depressão
nos participantes da UnATI/UFPE. Os casos de depressão (86) representam 24,01% do
total, enquanto o grupo sem depressão (272) representa 75,98%.
54
Gráfico 1 – Distribuição da freqüência dos 358 idosos, da UnATI/UFPE,
em relação à depressão.
Casos de depressão
Sem depressão
24,01%
75,98%
Quando estabelecemos relação dos casos de depressão por faixa etária e sexo,
encontramos a maioria dos idosos, 57, ou seja, 66,28%, na faixa etária entre 60-69 anos.
Observamos que, nas faixas de idade 60-69 anos e 70-79 anos, o número de mulheres com
depressão predomina sobre o dos homens (Tabela 3).
Tabela-3 Distribuição da freqüência dos 358 idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem
depressão, de acordo com o sexo e faixa etária.
Depressão
Sem depressão
N=86
N=272
Sexo
Sexo
Idade
Masculino
Feminino
Masculino
Feminino
N
%
N
%
N
%
N
%
60-69
5
8,77
52
91,23
27
14,06
165
85,93
70-79
2
6,90
27
93,10
10
13,51
64
86,48
80
__
__
__
__
2
33,33
4
66,66
Dos 358 idosos estudados, 272, ou seja, 75,98% encontram-se no grupo sem
depressão, 65, isto é, 18,15%, no grupo de depressão menor, e 21, ou seja, 5,86%, no grupo
de depressão maior (Gráfico 2).
55
Gráfico 2 – Distribuição da frequência dos 358 idosos, da UnATI/UFPE, de acordo com a classificação de
depressão menor e maior.
18,15%
75,98%
5,86%
Depressão menor
Depressão maior
Sem depressão
Relacionamos, na Tabela 4, a seguir, os idosos que compõem o grupo de casos de
depressão maior e menor, quanto à distribuição dos percentuais positivos considerados
para o escore de classificação de casos de depressão.
56
Tabela 4∗∗-Distribuição da relação dos 65 idosos com depressão menor e dos 21 idosos com depressão maior, relativa aos
percentuais positivos considerados para o escore de classificação de casos de depressão.
Pergunta
Depressão lMenor Depressão Maior
N
nº
Sempre se sente solitário- 1 pt
N=40
16
40,00
%
N=17
N
13
nº
%
Esteve preocupado durante o último mês-1 pt
N=65
60
92,31
N=21
21 100,00
Preocupa-se em relação a quase tudo- 1 pt
N=60
47
78,33
N=21
19
90,48
Dificuldade para dormir devido à preocupação, ansiedade, depressão- 1 pt
N=30
17
56,67
N=14
13
99,86
Teve dor de cabeça no mês passado- 1 pt
N=65
40
61,54
N=21
12
57,14
Não tem se alimentado bem por estar deprimido/preocupado/nervoso- 1 pt
N=12
3
25,00
N=11
5
45,45
Sente que está ficando mais lerdo(a) ou com menos energia- 1 pt
N=65
56
86,15
N=21
20
95,24
Sente-se mais lerdo(a) ou com menos energia no período da manhã- 1 pt
N=56
13
23,21
N=20
6
30,00
No último mês tem estado com menos energia que de costume- 1 pt
N=56
23
41,07
N=20
11
55,00
No momento sente falta de energia para fazer suas coisas no seu dia a dia- 1 pt
N=56
33
58,93
N=20
17
85,00
Sentiu-se mais irritado/zangado do que de costume no último mês- 1 pt
N=65
29
44,61
N=21
12
57,14
Fica chateado porque não sai de casa sempre que precisa ou quer sair- 1 pt
N=01
1 100,00
N=7
Tem se sentido triste ou deprimido no último mês- 1 pt
N=65
57
87,69
N=21
20
95,24
Tem se sentido triste ou deprimido por um período maior que poucas horas- 1 pt
N=57
19
33,33
N=20
10
50,00
Sente-se mais triste ou deprimido no início do dia- 1 pt
N=57
12
21,05
N=20
4
20,00
Sentiu vontade de chorar e chorou no último mês- 1 pt
N=57
37
64,91
N=20
18
90,00
No último mês sentiu que viver não valia à pena- 1 pt
N=65
8
12,31
N=21
15
71,43
N=13
10
76,93
76,47
7 100,00
Pensou em fazer alguma coisa para acabar com sua vida- 1-4 pts
Rejeita suicídio- 1 pt
N=5
5 100,00
Pensamentos suicidas- 2 pts
-
-
-
Considerou o suicídio- 3 pts
-
-
-
Tentou o suicídio- 4 pts
-
-
-
-
N=13
1
7,69
-
N=13
1
7,69
Arrepende-se sobre a vida e culpa-se sobre isso- 1-2pts
Não pensa no assunto no momento- 1 pt
N=65
11
16,92
N=21
5
23,81
Pensa bastante sobre o assunto- 2 pts
N=65
17
26,15
N=21
10
47,61
Não menciona expectativas- 1 pt
N=65
19
29,23
N=21
8
38,10
Futuro descrito negativamente- 2 pts
N=65
15
23,07
N=21
7
33,33
No momento sente que perdeu o interesse ou a satisfação pelas coisas- 1 pt
N=65
23
35,38
N=21
18
85,71
Perda de interesse causada por depressão/nervosismo- 1 pt
N=23
8
34,78
N=18
15
83,33
Sente-se infeliz no momento- 1 pt
N=65
5
7,69
N=21
13
61,90
Expectativas para o futuro- 1-2 pts
Observamos que, ao relacionarmos os grupos de depressão menor e maior, quanto à
faixa etária, encontramos a maior parte dos idosos, das duas faixas de idade, com
depressão menor. Os resultados foram os seguintes: 44 deles, ou seja, 77,19%, na faixa
etária entre 60-69 anos, e 21, isto é, 72,41%, na faixa etária entre 70-79 anos (Gráfico 3).
∗
As perguntas sombreadas de amarelo são derivadas das perguntas sem cor, imediatamente acima e especificadas com os
números de pontos atribuídos.
57
Gráfico-3 Distribuição da freqüência dos 65 idosos, com depressão menor, e 21 idosos, com depressão maior,
por faixa etária.
100
Depres s ão menor
Depres s ão maior
77,19%
80
72,41%
60
40
27,58%
22,80%
20
0
60-69
70-79
Quando estabelecemos relação entre os grupos de depressão menor, depressão
maior e sexo, observamos que dos 7 homens deprimidos (5) 71,43% estão no grupo de
depressão menor e (2) 28,57% estão no grupo de depressão maior. Já as mulheres (60)
75,95% estão no grupo de depressão menor e (19) 24,05%, no grupo de depressão maior
(Gráfico 4).
Gráfico-4 Distribuição da freqüência dos 65 idosos, com depressão menor, e 21 idosos, com depressão maior,
por sexo.
Depres s ão menor
100
80
Depres s ão maior
75,95%
71,43%
60
40
28,57%
24,05%
20
0
Mas culino
F eminino
58
4.1 - Resultados da Relação dos Grupos Pareados com as Variáveis Estudadas
De agora em diante, mostraremos os resultados, por item, no grupo sem depressão e
no grupo identificado como casos de depressão, com os idosos pareados 1 para 1, por idade
e sexo, compondo uma amostra de 86 participantes em cada grupo.
Saliente-se que serão ressaltadas, aqui, as perguntas consideradas para o escore de
caso de depressão nos dois grupos.
Dos idosos que referiram solidão, (29) 50,88%, dos casos de depressão,
responderam sempre se sentirem solitários, e, no grupo sem depressão, o percentual foi de
(7) 31,82% (Gráfico 5).
Gráfico 5- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com
relação à freqüência do sentimento de solidão.
80
68,18%
70
60
50,88%
49,12%
50
40
31,82%
30
20
10
0
Sempre
Algumas Vezes
Deprimidos
Não-deprimidos
A freqüência de idosos que referiram ter preocupação no último mês, foi de (81)
94,19%, no grupo de casos de depressão, e (57) 66,28%, no grupo sem depressão (Gráfico
6).
59
Gráfico 6- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com
relação à presença de preocupação durante o último mês.
Deprimidos
94,19%
Não-deprimidos
100
80
66,28%
60
33,72%
40
5,81%
20
0
E s tiveram
preocupados
Não es tiveram
preocupados
Os dois itens a seguir derivam do número de idosos que responderam estarem
preocupados no último mês, nos dois grupos.
Foi perguntado inicialmente com que tipo de coisas os idosos se preocuparam
durante o último mês. Dos respondentes, nos dois grupos, a maioria referiu preocupação
com a família, apresentando este resultado: (37) 55,22%, no grupo de depressão, e (21)
52,50%, no grupo sem depressão (Tabela 5).
Tabela 5- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, apontados como casos de depressão e sem depressão, com
relação a situações com que se preocuparam durante o último mês.
Situações de
Casos de depressão
Sem depressão
Preocupações
N=67
N=40
Freq
%
Freq
%
Família
37
55,22
21
52,50
Finanças
19
28,36
10
25,00
Saúde/Doença
4
5,97
6
15,00
Violência/Segurança
1
1,49
__
__
Amigos/Vizinhos
1
1,49
2
5,00
Outros
5
7,46
1
2,50
Complementando a pergunta anterior, os idosos foram questionados sobre se diriam
que se preocupam em relação a quase tudo. No grupo de casos de depressão, (66) 81,48%
60
disseram que se preocupam em relação a quase tudo, e, no grupo sem depressão, o
resultado foi de (31) 54,39% (Gráfico 7).
Gráfico 7- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem
depressão, com relação a se preocuparem com quase tudo.
Não-deprimidos
Deprimidos
Não s e
preocupam
com quas e
tudo
45,61%
18,52%
54,39%
P reocupams e com
quas e tudo
81,48%
0
20
40
60
80
100
Com relação aos idosos que apresentam dificuldade para dormir, perguntou-se se
essa dificuldade era causada por preocupação ou ansiedade, depressão ou pensamento
depressivo. Do grupo com depressão, (30) 68, 18% responderam terem dificuldade para
dormir devido a preocupação ou ansiedade, depressão ou pensamento depressivo e, do
grupo sem depressão, (9) 50,00% também responderam positivamente a essa pergunta
(Gráfico 8).
Gráfico 8- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem
depressão, com relação à dificuldade para dormir, causada por preocupação ou ansiedade, depressão ou
pensamento depressivo.
Deprimidos
68,18%
Não-deprimidos
70
60
50,00%
50,00%
50
40
31,82%
30
20
10
0
P reoc/ans ied/depres
Outros motivos
61
Dos idosos que referiram dor de cabeça, (52) 60,47% estavam entre os deprimidos
e apenas (19) 22,09% entre os não-deprimidos (Gráfico 9).
Gráfico 9- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com
relação à presença de dor de cabeça no mês passado.
Deprimidos
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Não-deprimidos
77,91%
60,47%
39,53%
22,09%
Tiveram dor de cabeça
Não tiveram dor de cabeça
Os idosos que referiram não terem se alimentado bem no último mês foram
questionados quanto ao motivo de não estarem alimentando-se bem. A freqüência de
idosos que responderam não estarem se alimentando bem por falta de apetite ou por
estarem deprimidos/preocupados/nervosos foi de (8) 34,78%, nos casos de depressão, e (2)
22,22%, no grupo sem depressão (Tabela 6).
Tabela 6- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com
relação ao motivo de não estarem alimentando-se bem no último mês.
Motivos de não se
Casos de depressão
Sem depressão
alimentarem bem
N=23
N=9
Freq
%
Freq
%
8
34,78
2
22,22
Outras razões
14
60,87
7
77,78
N.S./N.R.*
1
4,34
__
__
Falta de apetite ou
por depressão
*N.S./N.R. (Não sabe ou não respondeu)
O percentual de idosos que referiram que estavam ficando mais lerdos ou com
menos energia foi de (76) 88,37%, no grupo com depressão, e (47) 54,65%, no grupo sem
depressão (Gráfico 10).
62
Gráfico 10- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com
relação à sensação de estarem ficando mais lerdos ou com menos energia.
Deprimidos
88,37%
100
Não-deprimidos
80
45,35%
54,65%
60
40
11,63%
20
0
s entem-s e mais lerdos
Não s e s entem mais
lerdos
Os três itens a seguir derivam do número de idosos que responderam estarem
ficando mais lerdos ou com menos energia, nos dois grupos.
No primeiro item, foi questionado se, em alguma hora do dia, os idosos se sentiam
mais lerdos ou com menos energia. No grupo de deprimidos, (19) 25,00% referiram
sentirem-se mais lerdos, com menos energia, no período da manhã, e (9) 19,15% no grupo
de não-deprimidos (Tabela 7).
Tabela 7- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com
relação à hora do dia em que se sentem mais lerdos ou com menos energia.
Período do dia
Casos de depressão
Sem depressão
N=76
N=47
Freq
%
Freq
%
Manhã
19
25,00
9
19,15
Outros períodos
55
72,37
38
80,85
N.S./N.R.*
2
2,63
__
__
*N.S./N.R. (Não sabe ou não respondeu)
No segundo item, foi perguntado se, no último mês, os idosos tinham estado com
menos energia ou como de costume. A proporção de idosos que referiram que tinham
estado com menos energia foi de (34) 44,74% entre os casos de depressão e (13) 27,66%
entre o grupo sem depressão. (Gráfico 11).
63
Gráfico 11- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com
relação a se, no último mês, tem estado com menos energia ou como de costume.
Deprimidos
Não-deprimidos
72,34%
80
70
60
50
40
30
20
10
0
55,26%
44,74%
27,66%
Menos energia
Como de costume
ou mais
No terceiro item, foi questionado se, naquele momento da entrevista, os idosos
sentiam falta de energia para fazer suas coisas no seu dia-a-dia. No grupo classificado
como casos de depressão, (50) 65,79% responderam que sentiam falta de energia para
fazer suas coisas no seu dia-a-dia, e apenas (14) 29,79% responderam positivamente a essa
pergunta no grupo sem depressão (Gráfico 12).
Gráfico 12- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com
relação a se, atualmente, sentem falta de energia para fazer suas coisas no dia-a-dia.
70,21%
Não s entem
falta de energia
34,21%
Não-deprimidos
Deprimidos
29,79%
S entem falta
de energia
65,79%
0
20
40
60
80
O percentual de idosos que referiram sentirem-se mais irritados ou zangados do que
de costume foi de (41) 47,68%, no grupo de casos de depressão, e (15) 17,44%, no grupo
sem depressão (Gráfico 13).
64
Gráfico 13- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com
relação a se, durante o último mês, se sentiram mais irritados/zangados do que de costume.
Deprimidos
Não-deprimidos
100
82,56%
80
52,32%
47,68%
60
40
17,44%
20
0
Sentiram-s e mais
irritados
Não s e s entiram
mais irritados
Aos idosos que referiram não saírem de casa sempre que precisam ou querem sair,
foram questionados em relação a como se sentiam a respeito. A freqüência de idosos que
disseram ficar chateados ou aborrecidos foi de (8) 100% nos casos de depressão e (2) 40%,
no grupo sem depressão (Tabela 8).
Tabela 8- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com
relação a como se sentem quando não saem de casa, sempre que precisam ou querem sair.
Como se sente
Casos de depressão
Sem depressão
N=8
N=5
Freq
%
Freq
%
Chateado/aborrecido
8
100
2
40
Não se sente
__
__
3
60
chateado/aborrecido
A proporção de idosos que responderam sentirem-se tristes ou deprimidos foi de
(77) 89,53%, no grupo classificado como casos de depressão, e (22) 25,58%, no grupo sem
depressão (Gráfico 14).
65
Gráfico 14- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com
relação a terem-se sentido tristes ou deprimidos durante o último mês.
Deprimidos
100
Não-deprimidos
89,53%
74,42%
80
60
25,58%
40
10,47%
20
0
S entiram-s e deprimidos
Não s e s entiram
deprimidos
Os três itens a seguir terão como referência o número dos idosos que responderam
que se sentiram tristes ou deprimidos durante o último mês, nos dois grupos.
No que se refere ao primeiro item, os idosos foram questionados se se sentiam
tristes ou deprimidos, por um período de apenas poucas horas (ou menos) ou por mais
tempo. No grupo classificado como casos de depressão, (29) 37,66% sentiam-se tristes ou
deprimidos por um período maior que poucas horas e apenas (5) 22,73%, dos idosos sem
depressão, responderam positivamente a essa pergunta (Gráfico 15).
Gráfico 15 - Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão,
com relação a se sentirem tristes ou deprimidos, por um período de apenas poucas horas (ou menos) ou por mais
tempo.
Deprimidos
100
Não-deprimidos
77,27%
80
62,34%
60
40
37,66%
22,73%
20
0
P erí odo maior
P erí odo menor
66
Com relação ao segundo item, os idosos foram perguntados sobre, quando se
sentem tristes ou deprimidos, a que horas do dia se sentem pior. A proporção de idosos que
disseram ser pior no início do dia foi de (16) 20,78%, no grupo de depressão, e (1) 4,55%
no grupo sem depressão (Tabela 9).
Tabela 9- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com
relação a quando se sentem tristes ou deprimidos, a que horas do dia se sentem pior.
Período do dia
Casos de depressão
Sem depressão
N=77
N=22
Freq
%
Freq
%
Início do dia
16
20,78
1
4,55
Outros períodos
58
75,32
7
95,45
N.S./N.R.*
3
3,89
__
__
*N.S./N.R. (Não sabe ou não respondeu)
Quanto ao terceiro item, os idosos foram questionados se sentiam vontade de chorar
e se choraram no último mês. O percentual de idosos que responderam sentirem vontade de
chorar e choraram foi (55) 71,43%, nos casos de depressão, e (7) 31,82%, no grupo sem
depressão (Gráfico 16).
Gráfico 16 - Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão,
com relação a sentirem vontade de chorar e terem chorado no último mês .
68,18%
Não choraram
28,57%
Não-deprimidos
Deprimidos
31,82%
Choraram
71,43%
0
20
40
60
80
Em relação à pergunta se alguma vez, durante o último mês, os idosos sentiram que
viver não valia a pena, constatou-se que, no grupo de casos de depressão, (23) 26,74%
sentiram que viver não valia a pena e (63) 73,26% não sentiram que viver não valia a pena.
Já no grupo sem depressão, (86) 100% não sentiram que viver não valia a pena.
67
Dos 23 idosos que sentiram que viver não valia a pena, do grupo de casos de
depressão, (18) 78,26% idosos referiram que, no último mês, alguma vez, sentiram que
seria melhor estarem mortos. Esses 18 idosos foram questionados se pensaram em fazer
alguma coisa para acabar com suas vidas. Desses, (15) 83,33% rejeitam suicídio, (1) 5,55%
consideraram seriamente um método de suicídio, mas não o puseram em prática, (1) 5,55%
tentaram suicídio e (1) 5,55% não sabiam ou não responderam.
A freqüência de idosos que se arrependem, culpam-se, mas atualmente não pensam
no assunto foi de (16) 18,60%, no grupo de deprimidos, e (10) 11,62% no grupo de nãodeprimidos. Já os idosos que se arrependem, culpam-se e pensam bastante no assunto
apresentaram um percentual de (27) 31,39%, no grupo de deprimidos e apenas (4) 4,65%
no grupo de não- deprimidos (Tabela 10).
Tabela 10- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com
relação a se tiveram algum arrependimento nos anos anteriores de suas vidas
Presença de
Casos de depressão
Sem depressão
arrependimento
N=86
N=86
Freq
%
Freq
%
Sem arrependimento
32
37,21
55
63,95
Arrepende-se/não se
10
11,62
17
19,77
16
18,60
10
11,62
27
31,39
4
4,65
1
1,16
__
__
culpa
Arrepende-se/culpase/não pensa
Arrepende-se/culpase/pensa bastante
N.S./N.R.*
*N.S./N.R. (Não sabe ou não respondeu)
Em relação aos idosos que referiram arrependimento, observamos que a maioria
coloca como motivo de arrependimento a pouca qualidade de suas relações matrimoniais
ou a ausência destas, apresentando o percentual de (14) 37,83%, no grupo de deprimidos, e
(7) 38,88% no grupo de não-deprimidos (Tabela 11).
68
Tabela 11- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com
relação aos motivos de arrependimento.
Motivos de arrependimento
Casos de depressão
Sem depressão
N=37
N=17
Freq
%
Freq
%
14
37,83
7
38,88
Não ter estudado/trabalhado
8
21,62
5
27,77
Família
6
16,21
1
5,55
Outros Motivos
9
24,32
5
27,77
Baixa qualidade/ausência de
matrimônio
A proporção de idosos que não mencionam expectativas mas também não referem
nenhuma afirmação negativa foi de (27) 31,40%, no grupo de casos com depressão, e (19)
22,09%, no grupo sem depressão. Quanto aos idosos que descrevem o futuro
negativamente, amedrontador ou insuportável, observamos o percentual de (22) 25,58%,
no grupo de casos com depressão e (7) 8,14% no grupo sem depressão (Gráfico 17).
Gráfico 17 - Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão,
com relação ao futuro, como se sentem e quais são suas expectativas.
Deprimidos
100
80
60
Não-deprimidos
69,77%
43,02%
31,40%
40
22,09%
25,58%
8,14%
20
0
Menciona
expectativas e
pens a no futuro
Não menciona O futuro é des crito
expectativas /não negativamente
refere afirmação
negativa
A freqüência de idosos que referiram, no momento da entrevista, sentirem perda de
interesse ou satisfação pelas coisas, foi (41) 47,67%, no grupo de casos de depressão, e (5)
5,81%, no grupo sem depressão (Gráfico 18).
69
Gráfico 18 - Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão,
com relação a se atualmente sentem que perderam o interesse ou a satisfação pelas coisas
Deprimidos
94,19%
Não-deprimidos
100
80
60
47,67%
52,33%
40
5,81%
20
0
S entem perda de
interes s e
Não s entem perda de
interes s e
Com relação aos idosos que referiram, no momento da entrevista, sentirem que
perderam o interesse ou a satisfação pelas coisas, questionou-se sobre o que acreditavam
ser a causa de suas respostas. Observamos que os idosos que referiram perda de interesse
causada por depressão ou nervosismo, apresentaram um percentual de (23) 56,10%, no
grupo com depressão, e (2) 40%, no grupo sem depressão (Gráfico 19).
Gráfico 19 - Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão,
com relação ao que eles acreditam ser a causa da perda de interesse ou a satisfação pelas coisas
Deprimidos
100
Não-deprimidos
80
60
60,00%
56,10%
43,90%
40,00%
40
20
0
Depres s ão
Outros motivos
O percentual de idosos que disseram não se sentirem felizes no momento da
entrevista foi (13) 15,12%, no grupo de casos com depressão, e (3) 3,49%, no grupo sem
depressão (Gráfico 20).
70
Gráfico 20- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com
relação a se sentirem felizes no momento da entrevista.
Deprimidos
96,51%
100
Não-deprimidos
84,88%
80
60
40
15,12%
3,49%
20
0
S entem-s e felizes
Não s e s entem felizes
4.2 - Resultados do Grupo de Depressão em Relação à Freqüência das Variáveis por
Sexo e Faixa Etária.
Chama a atenção o resultado do questionário, pois, ao relacionarmos os idosos
deprimidos, que referiram sentirem-se sempre solitários, de acordo com o sexo e o estado
conjugal, observamos que, dos homens, ou seja, (3) 75,00% deles eram casados e (1)
25,00% divorciados, enquanto que, entre as mulheres, (12) 48,00% eram viúvas, (7)
28,00%, casadas, (3) 12,00% nunca casaram e (3) 12,00%, divorciadas.
A Tabela 12 apresenta a relação entre o grupo de casos de depressão com a
freqüência das variáveis pontuadas, por sexo e faixa etária. É importante ressaltar que a
freqüência de algumas variáveis, por sexo e faixa etária mostram-se insuficientes para a
análise. Apresentamos, aqui, alguns aspectos consideráveis nesta relação.
É marcante a presença de preocupação, no último mês, referida por todos os idosos,
(29) 100%, na faixa etária entre 70-79 anos e, de acordo com o sexo, todos, isto é, (7)
100% eram homens .
Podemos verificar que um elevado percentual, (12) 41,38% dos idosos
deprimidos,que se encontram na faixa etária entre 70-79 anos, apresentam dificuldade para
dormir devido à depressão.
71
Dos idosos deprimidos que responderam não estarem alimentando-se bem por se
encontrarem deprimidos/preocupados/nervosos, quando estabelecemos relação com sexo,
observamos que (8) 100,00% deles eram mulheres.
Em relação aos idosos sentirem falta de energia para fazer suas coisas no dia-a-dia,
verificamos que a grande maioria se encontra na faixa etária entre 60-69 anos, refletindo
um percentual de (35) 70%.
É importante salientar, ainda, a freqüência de 100% dos homens referirem tristeza
ou depressão. Dos idosos deprimidos que disseram sentirem vontade de chorar, grande
parte deles eram mulheres (52) 65,82%.
Tabela 12 - Distribuição da relação dos 86 idosos classificados como casos de depressão, relativa à frequência das perguntas consideradas para a
classificação de casos de depressão, por sexo e faixa etária
Faixa Etária
Pergunta
60-69
Freq.
Sexo
70-79
%
Freq.
Homem
Freq.
%
%
Mulher
Freq.
%
Sempre se sente solitário- 1 pt
18
31,57
11
37,93
4
57,14
25
31,64
Esteve preocupado durante o último mês-1 pt
52
91,22
29
100,00
7
100,00
74
93,67
Preocupa-se em relação a quase tudo- 1 pt
44
77,19
22
75,86
5
71,42
61
77,21
Dificuldade para dormir devido à preocupação, ansiedade, depressão- 1 pt
19
33,33
11
37,93
2
28,57
28
35,44
Teve dor de cabeça no mês passado- 1 pt
34
59,65
18
62,06
3
42,85
49
62,02
Não tem se alimentado bem por estar deprimido/preocupado/nervoso- 1 pt
6
10,52
2
6,89
-
-
8
10,12
Sente que está ficando mais lerdo(a) ou com menos energia- 1 pt
51
73,91
25
86,20
6
85,71
70
96,20
Sente-se mais lerdo(a) ou com menos energia no período da manhã- 1 pt
13
22,80
6
20,68
1
14,28
18
22,78
No último mês tem estado com menos energia que de costume- 1 pt
23
40,35
11
37,93
4
57,14
30
37,97
No momento sente falta de energia para fazer suas coisas no seu dia a dia- 1 pt
35
70,00
15
30,00
4
57,14
46
58,22
Sentiu-se mais irritado/zangado do que de costume no último mês- 1 pt
27
47,36
14
48,27
3
42,85
38
48,10
Fica chateado porque não sai de casa sempre que precisa ou quer sair- 1 pt
6
10,52
2
6,89
1
14,28
7
8,86
Tem se sentido triste ou deprimido no último mês- 1 pt
53
92,98
24
82,75
7
100,00
70
88,60
Tem se sentido triste ou deprimido por um período maior que poucas horas- 1 pt
18
31,57
11
37,93
3
42,85
26
32,91
Sente-se mais triste ou deprimido no início do dia- 1 pt
12
21,05
4
13,79
1
14,28
15
18,98
Sentiu vontade de chorar e chorou no último mês- 1 pt
38
66,67
17
58,62
3
42,85
52
65,82
No último mês sentiu que viver não valia à pena- 1 pt
14
24,56
9
31,03
2
28,57
21
26,58
10
17,54
5
17,24
1
14,28
14
18,98
Pensou em fazer alguma coisa para acabar com sua vida- 1-4 pts
Rejeita suicídio- 1 pt
Pensamentos suicidas- 2 pts
-
-
-
-
-
-
-
-
Considerou o suicídio- 3 pts
-
-
1
3,44
-
-
1
1,26
Tentou o suicídio- 4 pts
1
1,75
-
-
-
-
1
1,26
Não pensa no assunto no momento- 1 pt
10
17,54
6
20,69
1
14,28
15
18,98
Pensa bastante sobre o assunto- 2 pts
18
31,57
9
31,03
3
42,85
24
30,38
Não menciona expectativas- 1 pt
14
24,56
13
44,82
4
57,14
23
29,11
Futuro descrito negativamente- 2 pts
12
21,05
10
34,48
1
14,28
21
26,58
No momento sente que perdeu o interesse ou a satisfação pelas coisas- 1 pt
24
42,10
17
58,62
3
42,85
38
48,10
Perda de interesse causada por depressão/nervosismo- 1 pt
15
26,31
8
27,58
3
42,85
20
25,31
Sente-se infeliz no momento- 1 pt
10
17,54
3
10,34
3
42,85
10
12,65
Arrepende-se sobre a vida e culpa-se sobre isso- 1-2pts
Expectativas para o futuro- 1-2 pts
5. DISCUSSÃO
74
5. DISCUSSÃO
Apresentamos a discussão dos resultados, de acordo com os objetivos propostos,
comentando os achados que julgamos relevantes neste estudo.
É importante ponderarmos que, apesar de a população estudada viver nas suas
respectivas comunidades, trata-se de um grupo particular de idosos que freqüenta um
programa de Universidade Aberta à Terceira Idade, não caracterizando todos os aspectos
que envolvem a depressão nos idosos na comunidade em geral. Contudo, tentar
compreender a relação da depressão e envelhecimento nesse universo particular, através do
método escolhido, como se pretende aqui, também implica lidar com a diversidade de
experiências que o envelhecimento demanda, procurando-se, quando possível, ampliar suas
fronteiras.
Segundo Tavares Júnior (1994) e Cohen (1997), a maioria das pesquisas realizadas
em comunidades apontam um percentual de, cerca de, 15% a 20% de idosos com
depressão. Neste estudo, a presença de 86 casos de depressão entre os 358 idosos
entrevistados representa um percentual de 24,01% de casos de depressão. Tal resultado é
considerado alto em relação aos estudos internacionais realizados em comunidade com
idosos, também utilizando escalas para diagnosticar depressão. Tanto é assim que Prince et
al. (1998), em Londres, encontraram uma prevalência de depressão de 17,7% e Livingston
et al. (2000), também na Inglaterra, encontraram um percentual de 10% de depressão.
Essas diferenças de percentuais de depressão das pesquisas internacionais comparadas com
o resultado do nosso estudo podem, talvez, ser atribuídas às diferentes escalas utilizadas
para diagnosticar depressão, a alguns problemas metodológicos, ou ainda, às possíveis
diferenças sócio-demográficas que cada país comporta (LIMA, 1999).
Observamos que o presente estudo mostra um percentual de depressão nos idosos
bastante semelhante a estudos realizados no Brasil, como o de Veras (1994)∗, que utilizou a
escala da Seção de Saúde Mental do BOAS em condições sócio-culturais similares. Essa
∗
Sempre que for citado Veras (1994), refere-se ao seu estudo realizado no Rio de Janeiro, utilizando o BOAS
para verificar depressão na população idosa.
75
semelhança vale principalmente para o bairro de Copacabana, um entre os três bairros que
foram trabalhados no Rio de Janeiro, cujo resultado foi de 22,6% de depressão. O que
provavelmente se deve às características análogas que nossa população guarda em
específico com as desse bairro, onde a maioria dos idosos encontra-se na faixa etária entre
60-69 anos e são mulheres, grande parte com escolaridade até o segundo grau, em sua
maioria, casados ou viúvos. Apesar da situação econômica privilegiada, a qualidade da
infra-estrutura médico-social de que dispõem se mostra ainda precária. Embora os
resultados da maioria dos estudos em relação à alta prevalência de depressão em idade
avançada comparada a faixas etárias mais jovens sejam ainda inconclusivos, é importante
sempre ressaltar que a depressão é um dos distúrbios psiquiátricos mais importantes na
população envelhecida (VERAS, 1994; KIRBY, 1997; BARRETO, 1999; BLAIR-WEST,
1999).
Nos percentuais relativos a sexo, tanto no grupo de deprimidos quanto no grupo de
não deprimidos, encontramos as mulheres apresentando-se em maioria com relação aos
homens. Esse achado se deve provavelmente ao que muitos autores, como Veras (1995),
Peixoto (1997) e Debert (1999), colocam como a feminização do envelhecimento, razão
porque observamos um maior número de mulheres idosas freqüentando Programas de
Universidades Abertas à Terceira Idade, parecendo ser esta uma realidade comum entre
esses programas no Brasil (Sant’Anna, 1997). Talvez seja por isso que, no grupo de
deprimidos, o percentual do sexo feminino se mostra ainda maior. Assim, comparando
com outros estudos de depressão, em relação a sexo, em idosos na comunidade,
observamos semelhanças com os estudos internacionais de Cacciatore et al. (1997), na
Itália,e de Wu et al. (2000), nos Estados Unidos, e com os estudos brasileiros realizados
por Veras (1994) no Rio de Janeiro, e Ramos (1998), em São Paulo. Essas pesquisas
encontraram que as pessoas idosas do sexo feminino eram mais acometidas por depressão.
Para George (1999), evidências sugerem que diferenças relativas a sexo na depressão
podem reduzir-se basicamente à população idosa.
Segundo Hayflick (1997), as mulheres chegam a idades mais avançadas
acompanhadas por uma maior incidência de doenças crônicas, entre elas, a depressão. Isso
implica que o aumento da longevidade das mulheres significa mais tempo para sofrer
dessas doenças. Embora neste estudo não tenha sido verificada a relação de saúde física e
depressão, Veras (1994) sugere que um maior comprometimento da saúde física nas
76
mulheres idosas pode está relacionado com o aparecimento mais freqüente de depressão
nesse grupo. Outro aspecto relevante que talvez possamos atribuir ao elevado percentual de
mulheres deprimidas, neste estudo, é o fato de a maioria serem viúvas, enquanto grande
parte dos homens idosos são casados. Em estudo desenvolvido por Schovers et al. (2000),
foi verificado que ser casado diminuía o risco da depressão, e casamento era um fator
protetor para depressão, especificamente para os homens idosos, confirmam Prince et al.
(1998).
Neste estudo, observamos que quando relacionamos os casos de depressão com a
faixa etária, encontramos que grande parte dos idosos deprimidos estavam no grupo de
idade entre 60-69 anos, guardando semelhanças com o estudo realizado por Henderson et
al. (1999). Usando o DSM III para diagnosticar depressão em idosos, onde verificaram que
depressão não aumentava com a idade e sim com a saúde física precária e incapacidade.
Resultado semelhante foi obtido por Roberts et al. (1997), em estudo com idosos na
comunidade. Para Stoppe et al. (1998), o aumento de depressão com o avançar da idade
pode estar relacionado com os fatores psicossociais associados ao envelhecimento e não ao
fator idade isoladamente.
Quando relacionamos os idosos deprimidos, de acordo com a faixa etária e sexo,
observamos que a presença de mulheres idosas é alta e proporcional, na faixa de idade
entre 60-69 e 70-79, em relação aos homens idosos. Estudos realizados por Rozzini et al.
(1997) e Cacciatore et al.(1998) chegaram a resultados semelhantes, porém essa diferença
era menor em idades mais avançadas.
Dos idosos identificados como casos de depressão, a maioria apresenta depressão
menor. Em consonância com esse resultado, Veras (1994), Cacciatore et al.(1998) e Chong
et al. (2001), em estudos na comunidade, encontraram uma maior prevalência de depressão
menor na população envelhecida. Em relação ao primeiro estudo, chama a atenção a
semelhança dos percentuais encontrados para depressão maior e depressão menor, com os
encontrados neste estudo, também para o bairro de Copacabana, possivelmente por todas
as considerações já referidas anteriormente. Dados epidemiológicos confirmam que a
freqüência de depressão maior na velhice é mais baixa que em outras faixas etárias
(VERAS, 1994; BLAZER et al. 1999; DUBINI, 2001). Para Stoppe et al.(1998), com o
envelhecimento, há aumento de sintomas de motivação (anedonia, redução de energia,
77
alterações psicomotoras, dificuldades de concentração e do pensar), mas o mesmo não
ocorre com os sintomas do humor (disforia, alterações do apetite, culpa, desejo de morte e
pensamentos suicidas). De acordo com o autor, este achado pode explicar o aumento de
sintomas depressivos nos idosos com diminuição do diagnóstico de depressão maior, que
para ser detectada necessita da presença dos sintomas de motivação e humor.
Quando relacionamos, neste estudo, depressão maior e menor com sexo,
encontramos percentuais proporcionais para os dois sexos. Todavia, para Henderson et al.
(1993), apud George (1999), em suas pesquisas identificaram percentuais mais altos de
depressão menor entre mulheres idosas do que em homens idosos, mas nenhuma diferença
de sexo foi encontrada para depressão maior. Enquanto Kawamoto et al. (1999)
observaram que entre os idosos que vivem na comunidade, as mulheres idosas apresentam
um elevado percentual de depressão maior.
Ao relacionarmos depressão maior e menor com faixa etária, no presente estudo,
encontramos, nesses dois grupos, a maioria dos idosos na faixa etária entre 60-69. No
entanto, para o grupo de depressão maior, observamos um leve aumento na faixa etária
entre 70-79. Embora não tenhamos subsídios suficientes para explicar esse achado, parece
provável que o aumento de depressão maior, nessa faixa de idade mais avançada, obedeça
ao mesmo critério para uma maior presença de depressão nos idosos, possivelmente
associada à elevada freqüência de deficiências físicas e sociais, que eventualmente
acompanham o processo de envelhecimento, mais do que pela idade em si (STOPPE et al.,
1998; HENDERSON et al., 1999).
É relevante o percentual de idosos que referem freqüente sentimento de solidão,
tanto no grupo de deprimidos quanto no grupo de não-deprimidos, porém, no grupo de
casos de depressão, esse percentual é levemente mais alto. Esse achado encontra suporte na
literatura, quando Mann (2001) sugere a presença de uma nítida associação entre
isolamento e depressão. Para Beekman (2001), solidão era o único fator associado à
persistência de depressão na população envelhecida.
Segundo Capitanini (2000) a solidão não é um estado natural e permanente nos
idosos, mas o sentimento a seu respeito está presente em muitos relatos deles. De acordo
com a autora, solidão é entendida como um estado emocional constituído por isolamento,
78
tristeza, apatia e insatisfação de vida. A experiência de solidão pode ser de isolamento
social, implicando escassez de relacionamentos significativos e satisfatórios, e isolamento
emocional, referindo-se ao modo como os idosos se sentem em relação a eles mesmos e
aos relacionamentos que mantêm. McCall et al. (2001), em estudo com idosos, observaram
basicamente que não ter alguém com quem compartilhar os problemas e os eventos
agradáveis constitui importante causa de depressão. Para Capitanini (2000),a urbanização,
a moradia em apartamentos e a violência urbana a que todos estamos expostos contribuem
para o isolamento dos idosos, privando-os de contatos sociais primários, com parentes,
vizinhos, amigos e pessoas afetivamente significativas, assim como, eventos de vida, como
viuvez, aposentadoria, saída dos filhos de casa, morte de parentes ou amigos, separação
conjugal, entre outros, podem causar solidão.
Para Berquó (1999) e Capitanini (2000), embora não existam dados conclusivos
sobre a relação de sexo e solidão, alguns fatores como o aumento do percentual de
mulheres que se tornam independentes devido ao trabalho, adiando, dessa forma, o
casamento e diminuindo o número de filhos, e a maior longevidade delas, contribuem para
uma crescente viuvez e, como é pequena a quantidade de viúvas que casam novamente,
aumenta a chance de ficarem sozinhas na velhice. Em contrapartida, os homens idosos e
viúvos casam-se com mais facilidade e com mulheres mais jovens.
No entanto, no nosso estudo, quando relacionamos solidão e sexo, mesmo
considerando o pequeno número de homens deprimidos que sempre sentiam solidão, esse
achado chamou a atenção, uma vez que a maioria dos homens eram casados, apresentando
menores possibilidades de terem depressão, provavelmente devido à pequena chance de se
sentirem solitários (PRINCE et al., 1998; SCHOVERS et al., 2000). Nesse grupo, solidão
pode estar mais relacionada com o isolamento emocional, quando é possível que a
qualidade de relações desses homens seja insatisfatória. Segundo estudo longitudinal
realizado por Kivelä (1994), as relações emocionais pobres com as esposas foram
preditivas positivas para os homens idosos desenvolverem depressão. Também para
Cagnon et al. (1999), problemas matrimoniais apresentam uma significativa associação
com depressão.
Quanto à pergunta sobre a presença de preocupação nos idosos entrevistados,
observamos um percentual bastante elevado e associação significante de idosos deprimidos
79
que referiram estarem preocupados. Quando relacionamos com a faixa etária, todos que
estavam no grupo entre 70-79 anos referiram preocupação. No estudo de Veras (1994),
também foi encontrado um percentual elevado de preocupação nos idosos, sobre a qual foi
levantada a hipótese de ser o alto grau de violência a causa dessa preocupação. No nosso
caso, o que mais preocupa os idosos são as suas famílias, porém é importante considerar
que, de uma forma geral, preocupação com a família pode incluir aspectos como saúde,
finanças e violência, quando, por exemplo, os idosos referem que estão preocupados com o
desemprego de um filho, saúde de um neto e segurança de uma filha.
Para Debert (1999) a família desempenha um papel fundamental na assistência à
população envelhecida. Para esta autora, é provável que por ser a família, em nosso país,
extremamente valorizada culturalmente, principalmente para estes idosos estudados,
implica que qualquer evento que aconteça dentro da família, ele causará mudança no
equilíbrio dessa população, sendo suficiente para provocar sentimentos de preocupação,
tristeza e impotência .
Possivelmente o fato de os idosos pertencentes à faixa etária de 70-79 anos, terem
referido, em sua totalidade, preocupação, seja porque, com o passar do tempo, os idosos se
tornam mais suscetíveis aos problemas de saúde, dificuldades financeiras, perdas afetivas e
sociais, aumentando, conseqüentemente, a necessidade de assistência nessas várias áreas.
Considerando que no Brasil as condições sociais e de saúde são precárias, e que,
apesar de dispor de políticas públicas direcionadas à população envelhecida, como a Lei nº
8.842, de 4 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso (BRASIL,
1994) e a Política Nacional de Saúde do Idoso (PSNI) (BRASIL, 1999), com o objetivo de
assegurar a assistência à saúde, educação, trabalho, habitação, lazer entre outros, podemos
verificar que alguns programas de saúde, educacionais e de lazer estão sendo
desenvolvidos, ainda de forma isolada, em algumas Regiões. E também não asseguram de
forma ampla o atendimento às demandas sociais e de saúde da população envelhecida,
deixando-a numa situação de extrema vulnerabilidade em relação ao apoio do Estado.
Sendo assim, a maioria dessas responsabilidades são transferidas para o próprio idoso e
para a família, fazendo aumentar essa relação de dependência com o avançar dos anos
(VERAS, 1994; DEBERT, 1999).
80
Um ponto importante a ser levantado é a questão do sono no processo de
envelhecimento. Segundo Hayflik (1997) e Blazer (1999), pessoas mais velhas passam
mais tempo deitadas na cama à noite sem conseguir dormir ou tentando dormir, e por
conseguinte, referem perda de sono. De acordo com Tavares Júnior (1989) e Hayflik
(1997), uma queda na quantidade total do sono faz parte das mudanças que ocorrem no
envelhecimento, como também o aumento do número de vezes que as pessoas idosas
acordam depois de iniciar o sono.Os autores sugerem que a profundidade do sono diminui
à medida que envelhecemos.
As alterações do sono tanto podem ser próprias do processo de envelhecimento,
como podem ocorrer acompanhadas de patologias. Para Cohen (1997), os distúrbios do
sono, em particular, parecem ser um dos primeiros sinais de depressão. De acordo com
Tavares Júnior (1989), cerca de 80% dos idosos deprimidos apresentam alguma forma de
insônia, sendo esta a queixa somática mais freqüente entre os idosos deprimidos. Segundo
o autor, a insônia pode ser caracterizada pela dificuldade para dormir como também pelo
despertar precoce, duas horas antes do habitual, quando os idosos experimentam um difícil
período de ruminação de sentimentos dolorosos.
No presente estudo, grande parte dos idosos deprimidos referem apresentar
dificuldade para dormir devido à depressão, sendo observado que, no grupo de 70-79 anos,
o percentual é maior em relação ao grupo de 60-69anos. Esse aumento do percentual de
insônia no grupo de idade mais avançada é consonante com as afirmações de Tavares
Júnior (1989) e Hayflik (1997) e coincide com um maior percentual de idosos classificados
com depressão maior.
Para Galindo (1994), alguns fatores devem ser considerados em relação à dor na
população envelhecida, em que o processo de envelhecimento pode provocar alterações da
percepção da dor, implicando respostas menos intensas e mais lentas, como também pode
gerar dificuldades para discriminação e localização da dor, aspectos importantes para um
diagnóstico clínico satisfatório de patologias nos idosos. Outro aspecto, ainda colocado
pelo autor, é a forma como a dor afeta a homeostase nos idosos, levando em conta que eles
apresentam diminuição da capacidade funcional de reserva de todos os sistemas. Segundo
Hayflick (1997), essa capacidade de reserva é a energia que guardamos em nosso
organismo para ser usada em situações de grande estresse. Como a dor impõe ao
81
organismo grande demanda dessa reserva, pode descompensar frágeis equilíbrios em
sistemas anteriormente alterados e possivelmente não relacionados com o agravo inicial
que provocou a dor.
Livingston et al. (2000) estudaram a dor, de uma forma geral, na população
envelhecida, verificando em seus achados que a dor impele os idosos a procurarem os
serviços médicos, onde a dor freqüente é correlatada com depressão. Para os autores, é
difícil discernir se a experiência de dor é um fator de risco para depressão ou se a
depressão conduz a uma maior freqüência de dor, parecendo improvável que aconteça
numa só direção.
Quando consideramos em particular a relação de dor de cabeça e depressão no
processo de envelhecimento, esta pode apresentar-se como uma exacerbação dos sintomas
somáticos, em que dor de cabeça aparece no conjunto de sintomas clássicos de depressão
(CUNHA, 1989). Ainda para o autor, dor de cabeça pode ser o sintoma principal de um
quadro mascarado de depressão. Wang et al. (1999), em estudo comunitário, verificaram
uma alta co-morbidade entre dor de cabeça e depressão, observando, ainda, que dor de
cabeça referida durante o último ano era um importante preditor de depressão no idoso.
Ponderarmos que a resposta à experiência dolorosa é heterogênea, e principalmente
no idoso, ultrapassa os limites individuais, podendo produzir um impacto negativo em
outras pessoas do seu meio, criando ocasionalmente problemas familiares, alteração de seu
ambiente emocional, podendo, inclusive, incidir em sua situação econômica (GALINDO,
1999). Dentro desse contexto, encontramos suporte para o grande percentual e a associação
significante de idosos deprimidos que referiram ter tido dor de cabeça, encontrados nesse
estudo, não podendo deixar de lado também o importante percentual de idosos nãodeprimidos que referiram dor de cabeça no mês passado. Parece-nos que esse grupo de
idosos não-deprimidos, que possivelmente de forma secundária sofram outras alterações,
como já descritas, talvez estejam mais vulneráveis à depressão.
Para Blazer (1999), as alterações alimentares, como perda de apetite e desnutrição
nos idosos, apresentam causas multifatoriais. É importante avaliar a qualidade e quantidade
de alimentos ingeridos pelos idosos e também verificar seu peso, como uma forma de
detectar e monitorar mudanças desses padrões, facilitando a identificação da causa dos
82
distúrbios alimentares (GALINDO, 1999). Segundo Tavares Júnior (1989), Volkert et al.
(1999) e Seiler (2001), freqüentemente depressão causa perda de apetite, podendo,
eventualmente, haver alternância entre aumento e perda de apetite. Para Hayflick (1994),
entre outras razões, isolamento social e distúrbios mentais, não raro implicam perda de
apetite e desnutrição nos idosos.
Para o grupo de deprimidos estudados, o resultado difere da literatura, tendo em
vista que a maior parte dos idosos não referem depressão como causa por não estarem
alimentando- se bem. Podemos, talvez, atribuir esse resultado ao fato de que o próprio
processo de envelhecimento favorece uma diminuição das necessidades calóricas
(HAYFLICK, 1994). Segundo o autor, essa diminuição pode ser devido a restrições nas
atividades físicas, problemas físicos que restringem a habilidade de obter alimentos,
problemas intestinais, diminuição sensorial do paladar e olfato e o uso de medicamentos
que influenciam o apetite, digestão ou absorção.
Quando relacionamos com sexo os idosos que referiram não estarem alimentandose bem por depressão, todos eram mulheres. Esse achado pode ter relação com o fato de
que, no grupo de deprimidos, as mulheres idosas são maioria e grande parte viúvas, se
considerarmos que essas mulheres sempre tiveram o hábito de preparar a comida e
compartilhar com toda a família, o que provavelmente não acontece mais, devido muitas
vezes à morte do cônjuge e à saída dos filhos de casa. Essa condição possivelmente está
associada com o que Elsner (2002) refere em relação à alimentação, uma vez que esta
apresenta uma forte interação social, em que comer só, geralmente é uma situação rejeitada
pelos idosos.
De acordo com Del Porto (1999), a depressão pode provocar fadiga persistente,
mesmo sem esforço físico, e as atividades mais leves parecem exigir esforço substancial.
Cohen (1997), por seu turno, refere que, em idosos deprimidos, a fadiga ao menor esforço,
eventualmente causada por um distúrbio clínico concomitante, pode resultar em apatia,
isolamento social e perda de interesse em atividades anteriormente prazerosas. A autora
ainda refere que alguns idosos deprimidos apresentam retardo psicomotor, como lentidão
da fala e dos movimentos do corpo, outros manifestam ativação psicomotora, caracterizada
por agitação, cruzar as mãos, preocupação obsessiva, comportamento compulsivo ou
inquietação. No entanto a maioria dos idosos deprimidos referem sentirem-se com menos
83
energia (COHEN, 1997; GALLO et al 1999). Para Cohen (1997), sinais de manifestações
comportamentais em idosos deprimidos não são sempre facilmente reconhecidos.
Para Garrido (1998), é importante a diferenciação entre redução de energia própria
do processo de envelhecimento, comparada a uma mudança aguda e recente de energia
associada à depressão. Neste estudo, no grupo de casos de depressão, observamos um
elevado percentual de idosos com associação significante entre diminuição de energia e
depressão. Encontramos, também, uma importante freqüência de diminuição de energia
nos homens e mulheres deprimidos, nas faixas de idade entre 60-69 anos e 70-79 anos.
Para a pergunta sobre que período do dia o idoso sente menos energia, a escala
utilizada neste estudo apenas relaciona com depressão, ou seja, considera para o escore a
sensação de menos energia no período da manhã. Contudo, a maioria dos idosos,
deprimidos ou não, referiram menos energia em outros períodos do dia, fazendo-nos
refletir que, provavelmente para o grupo de deprimidos, essa sensação poderia estar
relacionada tanto com o processo de envelhecimento, quanto com o sintoma de sentir-se
com menos energia em outros períodos do dia, sendo, portanto, uma característica
particular desse sintoma em idosos deprimidos. De acordo com Stoppe et al. (1998, p.
102), “os idosos freqüentemente apresentam quadros depressivos com características
clínicas particulares ou aspectos incomuns, em relação ao estabelecido para indivíduos
mais jovens”. Já para o grupo de não-deprimidos, essa redução de energia, provavelmente,
estaria relacionada ao próprio processo de envelhecimento ou a outras patologias
freqüentes nos idosos.
É importante ressaltar que também um alto percentual dos idosos entrevistados,
não-deprimidos, referiram sentirem-se com menos energia. Esse achado nos sugere o
quanto a diminuição de energia pode estar presente na população envelhecida. De acordo
com Stoppe et al. (1998), as alterações observadas em ossos, músculos e articulações tanto
relacionadas ao processo de envelhecimento quanto às decorrentes de patologias, podem
acarretar, entre outros sintomas, lentificação motora e fadiga. Para Garrido (1998), energia
reduzida em idades avançadas, muitas vezes, pode também estar associada a distúrbios do
sono e dores. Hayflick (1997) refere que a capacidade de atividade física máxima diminui
com o avançar da idade. Segundo o autor, observa-se uma significativa diminuição da
força muscular, sendo mais acentuada nos homens idosos.
84
A maioria dos idosos deprimidos do Programa da UnATI/UFPE referiram sair de
casa sempre que precisam ou querem sair, já que a participação em Programas de
Universidades para a Terceira Idade impõe um certo grau de autonomia e independência
dos seus participantes, no sentido de sair de casa, vencer distâncias, usar transportes e
participar ativamente das atividades desenvolvidas (VERAS, 1995). Outro aspecto a ser
levantado, é que o BOAS é um instrumento voltado para estudos de idosos em
comunidade, que permite uma melhor relação da depressão com dificuldade em sair de
casa. Portanto, esse é um limite deste estudo pelas características dos participantes do
Programa UnATI/UFPE, conforme já explicitado anteriormente.
Para Cohen (1997), deve-se ter cuidado ao discutir tristeza na população
envelhecida, pois, diante dos vários problemas e perdas que ocorrem na vida dos idosos,
parece esperada a presença de um pouco de tristeza existencial, que possa variar de uma
ocasião para outra. Entretanto, para a autora, seria infeliz admitir que é normal uma pessoa
idosa estar deprimida, como se fosse uma reação natural do envelhecimento. Para Tavares
Júnior (1989), humor depressivo é o sintoma mais característico da depressão, em que o
paciente se descreve, espontaneamente ou quando perguntado, como uma pessoa que se
sente triste, aborrecida, humilhada ou desesperada. Depressões nas quais o humor
depressivo se acha ofuscado por sintomas somáticos importantes se caracterizam como as
depressões mascaradas nos idosos (TAVARES JÚNIOR, 1989; BURNS, 1999).
No presente estudo, observamos associação significante entre os casos de depressão
e a referência da sensação de tristeza ou depressão, guardando marcante diferença em
relação ao grupo de não deprimidos. Divergente do nosso resultado, Carvalho (1996)
coloca que os idosos falam muito pouco acerca dos seus sentimentos; comumente negam
estar tristes enquanto relatam apatia ou sensação de vazio. Gallo et al. (2001), em estudo
longitudinal com idosos da comunidade, para verificar a presença dos sintomas incluídos
nos critérios de diagnóstico para depressão, observaram que tristeza era o sentimento
menos referido pelos idosos. De acordo com Blazer (1999), as mulheres idosas têm maior
chance de admitir e queixar-se de sentimentos depressivos do que os homens idosos, que
habitualmente negam mais seus sentimentos.
85
No entanto, observamos neste estudo que todos os homens idosos deprimidos
admitiram sentimentos de tristeza e depressão. Apesar de considerarmos que talvez esses
homens idosos se mostrem mais flexíveis em relação aos comportamentos impostos pela
cultura do nosso País, onde os homens não podem admitir sinais de fraqueza. Segundo
Sant’Anna (1997) e Debert (1999), os homens idosos, ao participarem de Programas de
Universidades Abertas à Terceira Idade, possivelmente não apresentem o mesmo
comportamento da maioria dos homens idosos, que têm dificuldade para vivenciar seu
envelhecimento como mais uma etapa de vida e assim se integram pouco em programas
direcionados a essa faixa de idade. Contudo o fato de todos os homens idosos deprimidos,
neste estudo, admitirem sentimentos de tristeza e depressão, encontra pouco suporte na
literatura, necessitando de maiores investigações para esclarece-lo melhor
Tavares Júnior (1989) refere que na depressão o humor acha-se mais deprimido
pela manhã, onde o idosos se sentem muito mal, e ao longo do dia o humor tende a
melhorar, sendo à tarde o período que se sentem melhor. De acordo com o autor,
depressões nas quais fatores ambientais tiveram papel essencial para o seu
desencadeamento, é comum os idosos sentirem-se piores à tarde que pela manhã. Dentro
dessa perspectiva, em nossa investigação, apesar de encontramos idosos deprimidos que se
sentiam mais tristes e deprimidos no início do dia, merece consideração que a maioria
referiram que se sentiam mais tristes e deprimidos em outros períodos do dia. Contudo, é
delicado relacionar esse achado com última colocação de Tavares Júnior (1989) pois a
escala aqui utilizada, que questiona sobre que horas do dia os idosos se sentem pior de sua
tristeza, exceto o período da manhã, não considera de forma específica os outros períodos
do dia, podendo ser o período da tarde ou da noite. Poderíamos, então, pensar na
possibilidade desses idosos deprimidos se sentirem pior de suas tristezas em outros
períodos do dia, como uma forma atípica de apresentar esse sintoma de depressão nessa
faixa de idade, como já discutido anteriormente para o sintoma de redução de energia em
outros períodos do dia.
Segundo Tavares Júnior (1989) depressão envolve um estado interior de grande
sofrimento, que geralmente se expressa através do chorar. Os idosos tornam-se pessoas
sensíveis e facilmente mobilizadas para as lágrimas. Ainda para o autor, torna-se difícil
para os idosos lidarem com certos assuntos pessoais, com os quais, antes da depressão,
lidavam com facilidade, mas agora mostram-se mais sensíveis a eles. Grande parte dos
86
idosos deprimidos referiram ter chorado no último mês, e alguns chegaram a chorar
durante a entrevista∗. Talvez por ser um momento em que esses idosos recordavam vários
eventos difíceis e tristes em suas vidas.
Verificamos uma associação significante entre os casos de depressão e a presença
de choro. Comparando-se aos homens, observamos um maior percentual de mulheres que
referiram chorar. Esse achado pode, possivelmente ser atribuído a questões culturais, em
que as manifestações emotivas e de sensibilidade são mais afloradas e permitidas nas
mulheres. Parece-nos que o choro, para esse grupo de homens, ainda pode ser considerado
uma falha moral, tornando-se mais difícil admitir esses episódios (TAVARES JÚNIOR,
1989).
De acordo com Pearson et al. (2000), ao se considerar o suicídio como uma das
conseqüências de depressão na população envelhecida, possivelmente se tenha um
problema crítico de Saúde Pública. As tentativas de suicídio e as mortes por suicídio
ocasionadas por depressão são mais freqüentes na população envelhecida, comparada a
outras faixas etárias (FORSELL, 1997; STOPPE et al.1998). Para Pearson et al. (2000), a
prevenção mais adequada para o suicídio em idosos é o diagnóstico e tratamento da
depressão. Segundo Katona (2000), os idosos freqüentemente referem sintomas somáticos,
como alteração do sono e cansaço, ao invés de discutirem pensamentos suicidas, pois
comumente se envergonham desses sentimentos.
O presente estudo revelou que entre os idosos deprimidos que sentiam que viver
não valia a pena, a maioria sentiu que seria melhor estarem mortos, apesar de grande parte
rejeitar o suicídio. Este percentual torna-se relevante ao ponderarmos a forte relação entre
suicídio e mortalidade em idades avançadas, como também a ocorrência de um possível
sub-registro de respostas positivas, durante a entrevista, em relação ao suicídio, devido à
dificuldade dos idosos em admitirem essa possibilidade (FORSELL et al., 1999).
Não encontramos uma diferença de percentual importante em relação às mulheres e
aos homens idosos que sentiam que viver não valia a pena. Este dado tem suporte no
estudo de Stoppe et al. (1998), em que se verificara que o número de suicídio não varia
∗
Informações obtidas com a coordenadora de pesquisa que coletou o banco de dados.
87
com o sexo. Embora para Garrido (1998), os homens idosos sejam o grupo demográfico de
maior incidência de suicídio, verificamos uma leve diferença de percentual, para maior, do
grupo deprimido, na faixa de idade entre 70-79 anos, que sentia que viver não valia a pena.
Para Tavares Júnior (1989, p.78), “os sentimentos de culpa vividos pelos idosos
expressam-se através de reações exageradas a ‘transgressões’ ou falhas que os pacientes
teriam cometido no presente ou no passado. Buscam para si próprios padrões morais e
éticos extremamente elevados”. No presente estudo, é relevante o percentual de idosos
deprimidos que se arrependem, culpam-se e pensam bastante no assunto em relação ao
grupo não-deprimido.
A maioria que respondeu à causa desse arrependimento foi o grupo de mulheres
idosas, para quem o motivo principal seria a pouca qualidade de suas relações
matrimoniais ou a ausência destas, e, em segundo lugar, não ter estudado ou investido em
um trabalho. É provável que, para este grupo de mulheres, ter um bom casamento é um
ponto de significativa importância em suas vidas, principalmente a para cultura nordestina,
pois conseguir um casamento satisfatório era sinônimo de realização de vida. Do mesmo
modo, poder usufruir da companhia de um esposo conferia-lhe apoio emocional, tão
necessário nessa fase da vida. Possivelmente para esse grupo, não ter estudado e/ou
trabalhado, o coloca numa situação de insegurança financeira nos dias atuais, provocando
uma situação de maior vulnerabilidade, principalmente para os problemas de saúde e
sociais que comumente acompanham o envelhecimento, como bem discutido por Berquó e
Debert (1999).
De acordo com Stoppe et al. (1998), o envelhecimento provoca uma redução da
dimensão psicológica do futuro, ou seja, o idoso passa a se reportar mais para o tempo
passado do que para o porvir. Para Stoppe et al., apud Ramadam (1984), “ o idoso não se
permite pensar num ‘depois’, já que o depois da velhice é a morte” (p.49). Para Cruz
(2000), o envelhecimento e as doenças psiquiátricas podem desencadear a desesperança,
deixando o idoso paralisado, sem perceber a disponibilidade de opções de escolha e sua
própria capacidade de interagir com os acontecimentos relacionados a sua vida. Para a
autora, a desesperança também pode ser traduzida pela falta de expectativas e planos para
o futuro imediato e mediato.
88
Em relação aos idosos deprimidos, esses apresentam uma particular alteração do
pensamento, caracterizada por freqüente avaliação negativa de si próprio, do mundo e do
futuro (TAVARES JÚNIOR, 1989). Para o mesmo autor, os idosos deprimidos estão
sempre prevendo ruína e infortúnio para si e para os outros, apresentando preocupações e
receios acerca da própria saúde, das próprias finanças, de situações familiares e da situação
do mundo. Essa afirmação faz relação com os motivos mais freqüentes de causa de
preocupação nos idosos deprimidos, como já discorrido anteriormente.
No presente estudo, a maioria dos idosos deprimidos não descrevem o futuro de
forma negativa, amedrontadora ou insuportável. No nosso caso, é possível que esse
sintoma esteja pouco relacionado com depressão. Isaacowitz et al. (2001), em estudo com
idosos, verificaram que o pessimismo é um fator de risco para depressão, no entanto não
observaram diferença significativa no grupo de idosos deprimidos e não-deprimidos em
relação a prever seu futuro de forma pessimista.
Para Garrido (1998), perda de interesse nas atividades só aparecerá na história do
idoso, se este tiver experimentado uma vivência anterior de atividade intensa. Caso
contrário, desempenho de poucas atividades no dia-a-dia pode passar como um processo
natural do envelhecimento. Encontramos, neste estudo, uma associação significante entre
insatisfação e os casos de depressão, em que a maioria dos idosos deprimidos estudados
sentem perda de interesse ou satisfação pelas coisas e referem depressão ou nervosismo
como causa dessa perda. De acordo com Gallo et al. (1999), idosos deprimidos apresentam
freqüentemente uma perda geral de habilidade para sentir prazer. Mesmo assim, para
Blazer (1999), a maioria dos estudos longitudinais não verificaram forte associação entre
depressão e insatisfação na vida. O autor refere também que a insatisfação com a vida e a
desmoralização podem se manifestar por auto-estima baixa, desesperança e desamparo,
tristeza, pensamento confuso, entre outros, e, mesmo assim, não serem suficientes para
preencher o diagnóstico de depressão. Newsom et al. (1996) observaram em seu estudo
que escassez de apoio social é uma importante razão para diminuir a satisfação com a vida
na população envelhecida, provocando-lhe o aparecimento de depressão.
Acreditamos que grande parte dos idosos estudados procuraram participar do
Programa da Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE), como uma forma de
buscar outros caminhos, outros modelos que os ajudem a redimensionar e melhorar sua
89
velhice, pois, segundo Debert (1999, p.143), “nesses programas para a terceira idade, a
luta contra os preconceitos e estereótipos leva a uma celebração do envelhecimento como
um momento em que a realização pessoal, a satisfação e o prazer encontram seu auge e
são vividos de maneira mais madura e profícua”.
Particularmente, parece-nos verdade que o importante número de idosos
classificados como casos de depressão, neste estudo, tenham procurado ou mantiveram sua
participação na UnATI/UFPE para ir de encontro à solidão, tristeza, pensamentos
negativos e insatisfação com a vida. Possivelmente, de forma intuitiva, buscando soluções
para a sua depressão.
6. CONCLUSÕES
91
6. CONCLUSÕES
A metodologia utilizada neste estudo mostrou-se adequada para atender aos objetivos
propostos, nos possibilitando chegar às seguintes conclusões, com relação a depressão, entre
os participantes do Programa da Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade
Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE):
•
Entre os participantes do Programa existe uma elevada freqüência (24,01%) de casos
de depressão;
•
Os idosos deprimidos estão predominantemente no grupo classificado como depressão
menor;
•
Os casos de depressão encontram-se, em sua maioria, na faixa etária entre 60-69 anos e
são do sexo feminino;
•
Os casos de depressão, apresentam importante relação com as variáveis de:
preocupação, dor de cabeça, pouca disposição, irritação, tristeza e insatisfação;
•
Os casos de depressão, relacionados com as variáveis por sexo e faixa etária
demonstram:
¾
Marcante presença de preocupação, referida no último mês por todos os
homens (7) 100,00% e por todos os idosos (29) 100,00%, que se encontram na
faixa etária entre 70-79 anos;
¾
Elevada freqüência, (35) 70,00%, de pouca disposição, na faixa etária entre 6069 anos;
92
¾
Importante freqüência, (7) 100,00%, de sentimentos de tristeza ou depressão
nos homens.
A presença de depressão, na população estudada, aponta-nos para a importância do
planejamento, por parte do Programa, de ações direcionadas à saúde dos seus participantes, em
particular, os transtornos mentais relativos à depressão.
A relação de depressão e envelhecimento aqui apresentada não reflete todas as
interfaces e associações da depressão na população idosa de Pernambuco. Contudo, este
estudo oferece subsídios para o conhecimento da depressão num grupo específico.
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ANEXOS
ANEXO 1
Critérios do DSM-IV para o diagnóstico de depressão maior:
Cinco ou mais dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período
de 2 semanas e representam uma mudança do comportamento anterior. Pelo menos,
um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer.
1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase diariamente, indicado por constatação
subjetiva (sente-se triste ou vazio), ou por observação feita por outras pessoas (p. ex.:
chora muito).
2. Interesse ou prazer acentuadamente diminuído por todas ou quase todas as atividades, na
maior parte do dia, quase todos os dias (indicado por relato subjetivo ou observação
feita por outros).
3. Perda ou ganho significativo de peso, sem estar em dieta (p. ex.: mais de 5% do peso
corporal em 1 mês), ou diminuição ou aumento do apetite, quase todos os dias.
4. Insônia ou hipersônia, quase todos os dias.
5. Agitação ou retardo psicomotor, quase todos os dias (observáveis por outros, não
meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento).
6. Fadiga ou perda de energia, quase todos os dias.
7. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada, quase todos os dias (não
meramente auto-recriminação ou culpa por estar doente).
8. Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase todos os dias (por
relato subjetivo ou observação feita por outros).
9. Pensamentos recorrentes de morte (não apenas medo de morrer), ideação suicida
recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para
cometer suicídio.
ANEXO 2
VII. SAÚDE MENTAL
É bastante comum as pessoas terem problemas de memória quando começam a
envelhecer. Desse modo, eu gostaria de lhe fazer algumas perguntas sobre este
assunto. Algumas perguntas talvez não sejam apropriadas para o(a) Sr.(a), outras
bastante inadequadas. No entanto, eu gostaria que o(a) Sr.(a) levasse em conta que
tenho que fazer as mesmas perguntas para todas as pessoas.
63.
O(a) Sr.(a) sentiu-se solitário(a) durante o último mês?
1.
2.
3.
Sim
Não (vá para Q.64 e marque N.A. na Q.63 a.)
N.S./N.R.
63a. Com que freqüência o(a) Sr.(a) se sentiu solitário(a)?
1.
2.
7.
8.
Sempre
Algumas vezes
N.A.
N.S./N.R.
64.
O(a) Sr(a) esteve preocupado durante o último mês?
1.
2.
8.
Sim
Não (vá para Q.65 e marque N.A. na Q.64a.)
N.S./N.R
64a. O(a) Sr.(a) esteve preocupado(a) no último mês em relação a que tipo de coisas?
1.
2.
7.
8.
Entrevistador: após esta introdução, segue-se o complemento desta pergunta:
- O(a) Sr.(a) diria que se preocupa em relação a quase tudo?
Registre:..........................................................................................................................
Sim
Não
N.A.
N.S./N.R.
65.
O(a) Sr.(a) tem alguma dificuldade para dormir?
Entrevistador: Se o entrevistado não tem dificuldade para dormir, marque NÃO na
opção “a” e N.A. na opção “b”. Se ele tiver dificuldade em dormir, continue a
questão, sondando, como segue:
O que impede o(a) Sr.(a) de dormir ou lhe faz acordar no meio da noite?
O que é que o(a) Sr.(a) fica pensando quando está acordado na cama?
O(a) Sr.(a) tem problema em dormir porque se sente tenso(a) ou
preocupado(a)?
Ou porque o(a) Sr.(a) se sente deprimido(a)?
Ou devido a outras razões?
Sim
Não
N.A.
N.S./N.R.
a. Dificuldade para dormir
b. Dificuldade para dormir devido a
preocupação ou ansiedade, depressão ou
pensamento depressivo
66.
O(a) Sr.(a) teve dor de cabeça no mês passado?
1.
2.
8.
Sim
Não
N.S./N.R.
67.
O(a) Sr.(a) tem se alimentado bem no último mês?
1.
2.
8.
Sim (vá para Q.68 e marque N.A. na Q.67a.)
Não
N.S./N.R.
67a. Qual é o motivo do(a) ) Sr.(a) não estar se alimentando bem?
2.
7.
8.
Registre:..........................................................................................................................
Não tem se alimentado bem por falta de apetite ou por estar deprimido(a)
preocupado(a)/nervoso(a)
Outras razões
N.A.
N.S./N.R.
68.
O(a) Sr.(a) sente que está ficando mais lerdo(a) ou com menos energia?
1.
Sim
1.
2.
8.
Não (vá para Q.69 e marque N.A. nas Qs. 68a., 68b. e 68c.)
N.S./N.R.
68a. Em alguma hora do dia o(a) Sr.(a) se sente mais lerdo(a) ou com menos energia?
1.
2.
7.
8.
Mais lerdo(a), com menos energia no período da manhã
Mais lerdo(a), com menos energia em outros períodos do dia ou não especifica
período determinado
N.A.
N.S./N.R.
68b. No último mês o(a) Sr.(a) tem estado com menos energia ou como de costume?
1.
2.
7.
8.
Com menos energia
Como de costume ou com mais energia
N.A.
N.S./N.R.
68c. Atualmente o(a) Sr.(a) sente falta de energia para fazer suas coisas no seu dia a
dia?
1.
2.
7.
8.
Sim, sinto falta de energia
Não, não sinto falta de energia
N.A.
N.S./N.R.
69.
Durante o último mês o(a) Sr.(a) se sentiu mais irritado(a)/zangado(a) do que de
costume?
1.
2.
8.
Sim
Não
N.S./N.R.
70.
O(a) Sr.(a) sai de casa sempre que precisa ou quer sair?
1.
2.
8.
Sim (vá para Q.71 e marque N.A. na Q.70a.)
Não
N.S./N.R.
70a. Como o(a) Sr.(a) se sente a respeito?
1.
2.
7.
Registre:...........................................................................................................................
Fica chateado(a)/aborrecido(a)
Não fica chateado(a)/aborrecido(a)
N.A.
8.
N.S./N.R.
Agora mais algumas perguntas rápidas sobre como o(a) Sr.(a) se sente:
71.
1.
2.
8.
O(a) Sr.(a) tem se sentido triste ou deprimido(a) durante o último mês?
Sim
Não (vá para Q.72 e marque N.A. nas Qs.71a, 71b e 71c.)
N.S./N.R.
71a. O(a) Sr.(a) tem se sentido desta maneira por um período de apenas poucas horas
(ou menos) ou este estado se mantém por mais tempo?
1.
2.
7.
8.
Triste ou deprimido(a) por um período maior que poucas horas
Triste ou deprimido(a) por um período de poucas horas ou menos
N.A.
N.S./N.R.
71b. Quando o(a) Sr.(a) está se sentido triste ou deprimido(a) a que horas do dia o(a)
Sr.(a) se sente pior?
1.
2.
7.
8.
Pior no início do dia
Pior em outros períodos ou em nenhum período particular
N.A.
N.S./N.R.
71c. O(a) Sr.(a) tem sentido vontade de chorar?
1.
2.
7.
8.
Entrevistador: Em caso afirmativo pergunte: o(a) Sr.(a) chorou no último mês? Em
caso negativo, anote a resposta NÃO.
Registre:
Sim
Não
N.A.
N.S./N.R.
72.
Alguma vez durante o último mês o(a) Sr.(a) sentiu que viver não valia a pena?
1.
2.
8.
Sim
Não (vá para Q.73 e marque N.A. na Qs.72a. e 72b.)
N.S./N.R.
72a. No último mês o(a) Sr.(a) alguma vez sentiu que seria melhor estar morto(a)?
1.
2.
Sim
Não (vá para Q.73 e marque N.A. na Q.72b.)
7.
8.
N.A.
N.S./N.R.
72b. O(a) Sr.(a) pensou em fazer alguma coisa para acabar com sua vida?
Entrevistador: em caso negativo marque resposta 1, caso afirmativo, pergunte:
a. Com que freqüência o(a) Sr.(a) teve esse pensamento?
b. O que o(a) Sr.(a) pensou em fazer para acabar com sua vida?
c. O(a) Sr.(a) chegou a tentar acabar com sua vida?
1.
2.
3.
4.
7.
8.
Rejeita suicídio
Apenas pensamentos suicidas
Considerou seriamente um método de suicídio mas não o pôs em prática
Tentou suicídio
N.A.
N.S./N.R.
73.
O(a) Sr.(a) tem algum arrependimento em relação aos anos anteriores de sua
vida?
0.
1.
2.
3.
8.
Entrevistador: caso negativo marque resposta 0, caso afirmativo pergunte: Existe
alguma coisa que o(a) Sr.(a) se culpa? O que? O(a) Sr.(a) pensa bastante no
assunto?
Registre:...........................................................................................................................
Sem arrependimento
Arrepende-se mas não se culpa
Arrepende-se, culpa-se mas atualmente não pensa no assunto
Arrepende-se, culpa-se e pensa bastante sobre o assunto
N.S./N.R.
74.
Quando o(a) Sr.(a) olha para o futuro, como o(a) Sr.(a) se sente, quais são as
suas expectativas para o futuro?
1.
2.
3.
8.
Menciona expectativas e pensa no futuro
Não menciona expectativas mas também não refere a nenhuma afirmação negativa
O futuro é descrito negativamente ou amedrontador ou insuportável
N.S./N.R.
75.
Atualmente o(a) Sr.(a) sente que perdeu o interesse ou a satisfação pelas coisas?
1.
2.
8.
Sim
Não (vá para Q.76 e marque N.A. na Q.75a.)
N.S./N.R.
75a. O que o(a) Sr.(a) acredita ser a causa disto?
AVERIGUAR: Isso é por que o(a) Sr.(a) tem se sentido doente, deprimido(a) ou
nervoso(a)?
1.
2.
7.
8.
Perda de interesse causada por depressão/nervosismo
Perda de interesse causada por outros motivos
N.A.
N.S./N.R.
76.
De um modo geral, o(a) Sr.(a) se sente feliz nos dias atuais?
1.
2.
8.
Sim
Não
N.S./N.R.
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DEPRESSÃO E ENVELHECIMENTO estudo nos