Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães Fundação Oswaldo Cruz Departamento de Saúde Coletiva Mestrado em Saúde Pública Valéria Moura Moreira Leite DEPRESSÃO E ENVELHECIMENTO estudo nos participantes do Programa Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE) ORIENTADOR: Prof. Dr. Eduardo M. Freese de Carvalho CO-ORIENTADOR: Profa. Kátia Magdala Lima Barreto Recife-PE abril de 2002 Fundação Oswaldo Cruz Instituto Aggeu Magalhães Departamento de Saúde Coletiva - NESC Depressão e Envelhecimento ESTUDO NOS PARTICIPANTES DO PROGRAMA UNIVERSIDADE ABERTA À TERCEIRA IDADE (UnATI/UFPE) Valéria Moura Moreira Leite Orientador: Professor Doutor Eduardo Maia Freese de Carvalho Co-Orientadora: Professora Kátia Magdala Lima Barreto Recife – PE 2002 VALÉRIA MOURA MOREIRA LEITE Depressão e Envelhecimento: estudo nos participantes do Programa Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE) Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Saúde Pública, pelo Departamento de Saúde Coletiva – NESC, do Instituto de Pesquisa Aggeu Magalhães – CPqAM da Fundação Oswaldo FIOCRUZ/MS, sob Cruz orientação – do Professor Doutor Eduardo Maia Freese de Carvalho Professora Barreto. Recife – PE 2002 e Kátia co-orientação Magdala da Lima Depressão e Envelhecimento: estudo nos participantes do Programa Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE) VALÉRIA MOURA MOREIRA LEITE Banca Examinadora: Professor Doutor Eduardo Maia Freese de Carvalho Orientador Professora Doutora Marília de Carvalho Lima 1a Examinadora Professora Doutora Emília Pessoa Perez 2ª Examinadora Recife – PE 2002 L533d Leite, Valéria Moura Moreira. Depressão e envelhecimento: estudo nos participantes do Programa Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE). _Valéria Moura Moreira Leite. _Recife, 2002. 109 f.: il., tabs., gráficos. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública)- Departamento de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, 2002. Inclui referências e anexos. Orientador: Eduardo Maia Freese de Carvalho; Co-orientadora: Kátia Magdala Lima Barreto. 1. Saúde do idoso 2. Idoso 3. Epidemiologia- envelhecimento 4. Depressão- idoso I. Título. CDU 613.98 Biblio/CPqAM “O fato é que não podemos mais nos dar ao luxo da ignorância. Nossa demografia em mudança exige que tenhamos um público informado e que atraiamos para nossa área mais cientistas que possam nos ajudar a confrontar a profunda revolução mundial na longevidade”. Robert N. Butler Esta construção é dedicada: • A meu pai (in memoriam), minha mãe e minha irmã, Vanalice, exemplos de coragem e paciência em minha vida. • A Edilson, pelo amor e disponibilidade incondicional nos momentos críticos. • A Juliana e Pedro José, meus filhos, pelo amor e paciência comigo no percurso da construção desse trabalho. AGRADECIMENTOS • A Deus, pelo seu infinito amor. • Ao Professor Doutor Eduardo Maia Freese de Carvalho, que me orientou neste trabalho, pela grande oportunidade de aprendizado. • À Professora Kátia Magdala Lima Barreto, minha Co-orientadora, por sua valiosa contribuição em todos os momentos de construção deste trabalho. • A Ilka Veras Falcão, pela importante colaboração nos instantes finais deste trabalho. • Aos que fazem o Departamento de Saúde Coletiva – NESC, pelo apoio constante. • A todos do Departamento de Terapia Ocupacional, pelo incentivo dado à realização desta pesquisa. • A turma de mestrado, pela solidariedade construída nesse tempo de convivência. SUMÁRIO RELAÇÃO DE ABREVIATURAS E SIGLAS UTILIZADAS, 9 RELAÇÃO DE TABELAS, GRÁFICOS E ANEXOS, 10 RESUMO, 15 ABSTRACT, 16 APRESENTAÇÃO, 17 1. INTRODUÇÃO, 19 1.1 - Breves Comentários Sobre os Aspectos Demográficos e Epidemiológicos do Processo de Envelhecimento Populacional no Brasil, 19 1.2 - Transtornos Psiquiátricos no Envelhecimento, 25 1.3 - Depressão e Envelhecimento, 27 1.3.1 - Aspectos conceituais na Depressão, 27 1.3.2 - Magnitude e Epidemiologia da depressão em Populações Envelhecidas, 28 1.4 - Conhecendo o Programa da Universidade Aberta à Terceira Idade da Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE), 39 2. OBJETIVOS, 43 2.1 – Geral, 43 2.2 - Específicos, 43 3. MATERIAL E MÉTODOS, 45 3.1 – População, Procedência e Período de referência do Estudo, 45 3.2 – Desenho do Estudo, 45 3.3 –Instrumento e Coleta de Dados, 46 3.4 – Variáveis Estudadas, 48 3.5 - Processamento e Análise dos Dados, 49 4. RESULTADOS, 53 4.1 - Resultados da Relação dos Grupos Pareados com as Variáveis Estudadas, 58 4.2 – Resultados do Grupo de Depressão em Relação à Freqüência das Variáveis por Sexo e Faixa Etária, 70 5. DISCUSSÃO, 74 6. CONCLUSÕES, 91 REFERÊNCIAS, 94 ANEXO 1 Critérios do DSM-IV para o diagnóstico de depressão maior ANEXO 2 Seção VII do Questionário Brazil Old Age Schedule - BOAS RELAÇÃO DE ABREVIATURAS E SIGLAS UTILIZADAS AIVD - Atividades Instrumentais de Vida Diária AVD - Atividades de Vida Diária BOAS - Brazil old Age Schedule CID-10 - Classificação Internacional de Doenças, obedecendo à décima revisão DATASUS - Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde DSM III - Diagnostic and Statical Manual of Mental Disorders, 3 revised DSM IV - Diagnostic and Statical Manual of Mental Disorders, 4 revised IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde SIH/AIH/SUS - Sistema de Informações sobre Autorização de Internações Hospitalares do Sistema Único de Saúde SIM - Sistema de Informações sobre Mortalidade PNSI - Política Nacional de Saúde do Idoso UFPE - Universidade Federal de Pernambuco UnATI/UERJ - Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro UnATI/UFPE - Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade Federal de Pernambuco RELAÇÃO DE GRÁFICOS, TABELAS E ANEXOS GRÁFICOS: Gráfico 1- Distribuição da freqüência dos 358, idosos da UnATI/UFPE, em relação à depressão. Gráfico 2- Distribuição da freqüência dos 358 idosos, da UnATI/UFPE, de acordo com a classificação de depressão menor e maior. Gráfico 3- Distribuição da freqüência dos 65 idosos, com depressão menor, e 21 idosos, com depressão maior, por faixa etária. Gráfico 4- Distribuição da freqüência dos 65 idosos, com depressão menor, e 21 idosos com depressão maior, por sexo. Gráfico 5- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação à freqüência do sentimento de solidão. Gráfico 6- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação à presença de preocupação durante o último mês. Gráfico 7- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se preocuparem com quase tudo. Gráfico 8- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação à dificuldade para dormir, causada por preocupação ou ansiedade, depressão ou pensamento depressivo. Gráfico 9- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação à presença de dor de cabeça no mês passado. Gráfico 10- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação à sensação de estarem ficando mais lerdos ou com menos energia. Gráfico 11- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se, no último mês, têm estado com menos energia ou como de costume. Gráfico 12- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se, atualmente, sentem falta de energia para fazer suas coisas no dia-a-dia. Gráfico 13- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem-depressão, com relação a se, durante o último mês, se sentiram mais irritados/zangados do que de costume. Gráfico 14- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a terem-se sentido tristes ou deprimidos durante o último mês. Gráfico 15- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se sentirem tristes ou deprimidos, por um período de apenas poucas horas (ou menos) ou por mais tempo. Gráfico 16- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a sentirem vontade de chorar e terem chorado no último mês . Gráfico 17- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação ao futuro, como se sentem e quais são suas expectativas. Gráfico 18- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se atualmente sentem que perderam o interesse ou a satisfação pelas coisas. Gráfico 19- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação ao que eles acreditam ser a causa da perda de interesse ou a satisfação pelas coisas. Gráfico 20- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se sentirem felizes no momento da entrevista. TABELAS: Tabela 1- Distribuição das variáveis trabalhadas. Tabela 2- Distribuição das perguntas pontuadas para a indicação de caso de depressão e do número de pontos atribuídos a cada uma delas, segundo a escala do Short-CARE. Tabela 3- Distribuição da freqüência dos 358 idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, de acordo com o sexo e faixa etária. Tabela 4- Distribuição da relação dos 65 idosos com depressão menor e dos 21 idosos com depressão maior, em relação aos percentuais positivos considerados para o escore de classificação de casos de depressão. Tabela 5- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, apontados como casos de depressão e sem depressão, com relação a situações com que se preocuparam durante o último mês. Tabela 6- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação ao motivo de não estarem alimentando-se bem no último mês. Tabela 7- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação à hora do dia em que se sentem mais lerdos ou com menos energia. Tabela 8- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a como se sentem quando não saem de casa, sempre que precisam ou querem sair. Tabela 9- Distribuição dos idosos da UnATI/UFPE identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a quando se sentem tristes ou deprimidos, a que horas do dia se sentem pior. Tabela 10- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se tiveram algum arrependimento nos anos anteriores de suas vidas. Tabela 11- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação aos motivos de arrependimento. Tabela 12- Distribuição da relação dos 86 idosos classificados como casos de depressão, relativa à freqüência das perguntas consideradas para a classificação de casos de depressão, por sexo e faixa etária. ANEXOS: ANEXO 1: Critérios do DSM-IV para o diagnóstico de depressão maior. ANEXO 2: Seção VII do Questionário BOAS. RESUMO No Brasil, o envelhecimento tem aumentado a prevalência de doenças psiquiátricas, das quais a depressão é considerada a mais freqüente e a depressão menor a mais prevalente na população envelhecida. Estudamos os idosos que freqüentaram o Programa Universidade Aberta à Terceira Idade da Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE), para identificar a presença e o comportamento de depressão nesse grupo, considerando sexo e faixa etária, em relação às variáveis: solidão, tristeza, pouca disposição, pessimismo em relação ao futuro, irritação, auto-acusação, idéias suicidas, dor de cabeça, insatisfação, distúrbios do sono e do apetite. Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo de corte transversal. Realizamos um Censo para 358 idosos (DQRV, utilizando o questionário Brasil Old Age Schedule – BOAS, em que, trabalhamos a Seção de Saúde Mental, no que diz respeito à depressão. Os resultados mostram um percentual importante (24,01%) de depressão na população estudada, cuja maioria está classificada em depressão menor, entre a faixa etária de 60-69 anos, do sexo feminino. Os casos de depressão apresentam importante relação com as variáveis de: preocupação, dor de cabeça, pouca disposição, irritação, tristeza e insatisfação. Palavras-chave: Idoso, Depressão, Epidemiologia do Envelhecimento ABSTRACT In Brazil, ageing has increased the prevalence of mental illnesses, among which depression is the most common, minor depression being the most frequent among the elderly. Elderly people who took part in the Senior Citizens’ Open University Programme at the Federal University of Pernambuco (UnATI/UFPE) were studied in order to identify the existence and behaviour of depression in this group, considering sex and age range, with respect to the variables: loneliness, sadness, lack of disposition, pessimism concerning the future, irritation, self-accusation, suicidal ideas, headaches, dissatisfaction and sleep and eating disorders. This study took the form of a cross-sectional descriptive epidemiological study. A census for 358 senior citizens (anos) was carried out using the Brasil Old Age Schedule – BOAS, more specifically the part of the Mental Health Section concerning depression. In the population studied, the results showed a significant percentage (24.01%) of depression, within which the the majority were classified as having minor depression, being in the 60-69 age range and being female. The cases of depression displayed a significant relationship with the variables: worry, headaches, lack of disposition, irritation, sadness and dissatisfaction. Keywords: Senior Citizen, Depression, Epidemiology of Ageing APRESENTAÇÃO Este trabalho faz parte da caminhada que venho fazendo na busca de conhecer melhor os aspectos que envolvem o envelhecimento. Essa jornada começou no início de minha prática profissional, quando me deparei com idosos, que apresentavam transtornos mentais, como demência e depressão, e pude reconhecer o pouco que eu sabia para lidar com tais problemas naquele momento, do ponto de vista gerontológico. Essa situação me impeliu a procurar conhecimentos para trabalhar com essa população idosa, com que, cada vez mais, eu me envolvia. Assim iniciei minha formação fazendo a Especialização em Saúde do Idoso realizada, no Recife/PE, pela Secretaria Estadual de Saúde e FIOCRUZ, em 1994. Posteriormente, em 1996, fiz outra especialização em Disfunções Neuropsicomotoras, cuja monografia de conclusão investigou a capacidade funcional dos idosos residentes em uma instituição de longa permanência. Hoje, no Departamento de Terapia Ocupacional da UFPE, do qual sou docente, junto com outros profissionais, desenvolvemos ensino e assistência à população envelhecida na disciplina de Terapia Ocupacional aplicada à Saúde do Idoso. Quando realizado o Censo com os idosos que freqüentam o Programa Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE), em que a profª Kátia Magdala, também docente do Departamento de Terapia Ocupacional, foi coordenadora da pesquisa e trabalhou as condições: pessoais e familiares, sociais e econômicas, autonomia e independência funcional nas Atividades de Vida Diária (AVD), ocupação do tempo livre e utilização de serviços médicos e dentários, surgiu o interesse de estudar a Saúde Mental desses idosos, no que diz respeito à depressão. Este estudo traz breves comentários sobre os aspectos demográficos e epidemiológicos do envelhecimento no Brasil, discute à luz dos autores a relação da depressão e envelhecimento no mundo e no Brasil, e procura conhecer os principais aspectos relacionados à depressão nos idosos que participam do Programa Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE). 1. INTRODUÇÃO 19 1. INTRODUÇÃO 1.1 - Breves Comentários Sobre os Aspectos Demográficos e Epidemiológicos do Processo de Envelhecimento Populacional no Brasil Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS, apud Jacob (2000, p.19), “o envelhecimento populacional é reconhecido como uma das mais importantes modificações na estrutura da população mundial”. É nos países em desenvolvimento que a população idosa1 vem crescendo mais rapidamente. A Organização Mundial de Saúde estima que países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, em 2025, contarão com, aproximadamente, 27 milhões de pessoas com 60 anos e mais (COSTA, 2000). Segundo o IBGE (2002), no Brasil, o indicador que relaciona a população idosa com o contingente de crianças passou de 13,90 idosos para cada cem crianças em 1991, para 19,77 em 2000. Nesse novo contexto demográfico, observamos a feminização do envelhecimento e suas conseqüências, principalmente para a área de saúde. Segundo Berquó (1999), desde a década de quarenta, o número absoluto de mulheres idosas é maior, quando comparado ao de homens idosos. De acordo com a autora, essa diferença aumenta ainda mais para as idades mais avançadas, pois a população feminina vem crescendo numa velocidade maior que a masculina, nos últimos anos, provavelmente em decorrência da situação de mortalidade diferenciada por sexo existente na população brasileira. Segundo o IBGE (2002), encontramos, em 1980, uma diferença de 6 anos a mais de vida para a população feminina em relação à masculina; em 1991, uma diferença de 7 anos a mais e, em 2000, uma diferença de 8 anos a mais. Ainda de acordo com o IBGE (2002), em relação à distribuição rural-urbana dos idosos para o ano de 2000, encontramos um maior número de mulheres idosas nas áreas urbanas de todas as grandes regiões do país. Essa diferença de distribuição se apresenta com 57% das mulheres idosas vivendo na área urbana, em relação a 43% de homens idosos. 1 Pessoas com 60 anos e mais 20 Quanto à escolaridade, o índice para a população brasileira vem aumentando nas últimas décadas, embora ainda apresente um percentual insatisfatório, principalmente no Nordeste. Apesar de ter melhorado a escolaridade nesta região, passando a população analfabeta de 33%, em 1991, para 23%, em 1995, ainda há um grande contraste, comparando-a com a região Sul, cuja taxa de analfabetismo é de 1,9% (MINAYO, 2000). Outro fato relevante, conforme a autora, é que se vem atenuando a diferença de escolaridade por sexo. No entanto, de acordo com Berquó (1999) a população envelhecida brasileira mostra uma situação mais grave, uma vez que o baixo grau de escolaridade dos idosos é intensificado, levando em conta que os que conseguiram chegar às escolas, apenas 50% deles completaram o curso primário. No censo de 1991, encontramos um percentual de analfabetismo de 40%, para os homens idosos, e 48%, para as mulheres idosas. De acordo com o censo 2000, verifica-se que as proporções de alfabetizados são maiores nas mulheres até 40 anos de idade e, a partir daí, os homens apresentam taxas superiores às das mulheres (IBGE, 2002). Esse quadro de escolaridade apresentado pela população idosa resulta em dificuldade de acesso a uma melhor qualidade de vida, principalmente quando é considerado que a escolaridade é um ponto chave para a diminuição das desigualdades e manutenção da saúde (MINAYO, 2000; ZHU et al., 1999; GRUNDY, 2000). Se considerarmos a existência de uma diferença de escolaridade por gênero, as mulheres idosas apresentam uma situação de maior vulnerabilidade às condições precárias de existência e sobrevivência, do que os homens idosos (BERQUÓ, 1999). A região Nordeste, comparada a outras regiões, apesar de guardar grandes desvantagens em relação às condições socioeconômicas e de saúde, vem também experimentando um aumento significativo de sua população idosa, contando com 119.141 idosos, que representam 8,8% em relação à população geral e um percentual um pouco maior que o do conjunto do país, com 7,9% de idosos em relação à população geral, segundo dados da contagem da população em 1996 (IBGE, 2001). Ainda segundo o IBGE, esse crescimento é possível de ser explicado, tanto pela migração de pessoas em idade produtiva, principalmente da população masculina, que parte à busca de melhores 21 oportunidades, como também pela diminuição das taxas de mortalidade e fecundidade (IBGE, 2001). Esse cenário reflete o perfil de morbi-mortalidade para a região Nordeste, que se assemelha ao do conjunto do país, em que encontramos um crescente número de doenças crônico-degenerativas somadas a um, ainda alto, número de doenças infecto-parasitárias, estando esta combinação sobreposta por doenças emergentes ou mesmo reemergentes como o cólera, tuberculose e dengue (CARVALHO et al., 1998). Para os autores, essa situação constitui um perfil epidemiológico bastante particular para o país, impondo uma elevada demanda de recursos para o controle dessas patologias, diante do já conhecido pouco investimento na área médico-social realizado pelo Brasil (VERAS, 1994). Para o município do Recife, as taxas de morbidade retratadas pelas internações hospitalares, de acordo com o Sistema de Informações sobre Autorização de Internações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/AIH/SUS), com relação aos grandes grupos de causa, para o ano de 2000, para a faixa etária de 60 anos e mais, os dados apontam, como primeira causa, as doenças do aparelho circulatório, com 3.794 casos; como segunda causa, as doenças do aparelho respiratório, com 2.077 casos: e, como terceira causa, as doenças mentais com 2.011 casos (DATASUS, 2001). Taxas de mortalidade, com base no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) para o ano de 2000, por faixa etária e por causa de morte, tanto o Nordeste do Brasil como as demais regiões apresentam as doenças cardiovasculares como a primeira causa de morte na população idosa, como também um significativo número de causas por sintomas, sinais e achados anormais ao exame clínico e laboratorial, segundo os capítulos da Classificação Internacional de Doenças, obedecendo à décima revisão CID-10 (DATASUS, 2001). Esses achados sinalizam para a grande dificuldade dos profissionais em diagnosticar as possíveis causas de morte dessa população, assim como quanto ao registro delas (COSTA et al. 2000). Estudo realizado nos Estados Unidos por Scott et al. (1997), em idosos da comunidade com 65 anos e mais, indica como principais variáveis para a mortalidade dessa população: idade avançada, sexo, falta de apoio social e estado de saúde precário. 22 Para Paschoal (1996), indicadores importantes para a compreensão do processo de saúde para o idoso é a curva de morbidade, que representa a probabilidade de sobreviver até certa idade sem ser acometido por uma doença crônico-degenerativa. Com a população envelhecida, essa curva é formada pela média de anos dos idosos, a partir de 60 anos e mais, livres de doenças crônicas. Ao acrescentar-se à curva de sobrevida a perda da capacidade funcional, constrói-se a curva de incapacidade, subsidiando o cálculo da expectativa de vida autônoma, sem incapacidade. Essas curvas sofrerão uma retangularização na presença de trabalhos preventivos, diminuição dos fatores de risco e adoção de hábitos de vida saudáveis, sendo esses aspectos imprescindíveis para um envelhecimento saudável. Caso contrário, o que observaremos será um aumento da sobrevida com significativo número de doenças crônicas acompanhadas de incapacidade (PASCHOAL,1996; TAVARES,1999). Estudos recentes realizados por Costa et al. (2000) referem que o envelhecimento no Brasil tem sido associado a uma prevalência aumentada de doenças crônicas, incapacidade e morte. Tais questões podem trazer implicações para o sistema de saúde e para a sociedade, que ainda não estão preparados para essa situação (TAVARES, 1999). Ampliando o conceito de saúde numa relação processual de saúde-doença, afirmase que: “Doença é sinônimo de infelicidade individual e coletiva: representa o rompimento do homem com seus limites estabelecidos pelas normas e regras da sociedade”. E ainda no que tange à “Saúde significa bem estar e felicidade: ela própria, explicitamente ou no ‘silêncio do corpo’, é a linguagem preferida de harmonia e do equilíbrio entre o indivíduo, a sociedade e seu ecossistema” (MINAYO, 1994, p.194). O relacionamento dos conceitos de saúde e envelhecimento constitui tarefa difícil para os estudiosos (CONSELHO ESTADUAL DO IDOSO. Rio Grande Do Sul, 1997). Para entender o envelhecimento, precisamos distinguir o envelhecimento normal das doenças associadas à velhice. Para Hayflick (1997), tanto as mudanças decorrentes do processo de envelhecimento quanto as que decorrem de doenças resultam em prejuízo no funcionamento adequado do idoso, sendo necessário, então, diferenciar as mudanças resultantes de doença das mudanças associadas à idade. No entanto, como estabelecer essa 23 distinção? Segundo o autor, à medida que a idade avança, ocorrem inúmeras modificações em todos os órgãos, tecidos e células. Essas modificações pouco visíveis com relação ao envelhecimento são consideradas normais e não estados patológicos. Contudo, apesar de as perdas funcionais que ocorrem nos sistemas vitais serem eventos normais, elas contribuem para um aumento da vulnerabilidade a doenças ou acidentes nos idosos. Segundo pesquisa realizada pelo Conselho Estadual do Idoso no Rio Grande do Sul (1997), os resultados preliminares apontam que a saúde é, de uma forma geral, uma das questões que mais preocupam aqueles que estão envelhecendo. Muitos são os fatores atribuídos para a incidência de agravos à saúde do idoso, dentre eles o desconhecimento do próprio corpo e do processo de envelhecimento. O atendimento ao idoso se torna difícil, uma vez que os profissionais que tratam dele nem sempre têm conhecimento integral de sua história de vida, de sua situação na sociedade e de possíveis reações orgânicas e psíquicas, na medida em que se tem dificuldade de distinguir o que é doença daquilo que faz parte do próprio processo de envelhecimento. De acordo com Hayflick (1997), um número significativo das pessoas muito idosas apresentam de três a nove condições patológicas importantes. Obviamente, atribuir a morte de uma pessoa idosa a uma única doença, muitas vezes, é impreciso. Faz-se necessário, então, realizar uma intervenção de saúde imbuída de maior precaução no idoso, devido às manifestações orgânicas atípicas, vagas ou ausentes (CONSELHO ESTADUAL DO IDOSO. Rio Grande Do Sul, 1997 ). Diversos estudos têm levantado a questão antropológica do processo de envelhecimento. A primeira pesquisa foi realizada por Leo Simmons, que analisou diversas culturas com diferenças marcantes e concluiu que: (...) existem fatores constantes, relacionados a objetivos e interesses centrais, que caracterizariam os indivíduos na última etapa de vida: viver o máximo possível, terminar a vida de forma digna sem sofrimento, encontrar ajuda e proteção para a progressiva diminuição de capacidades, continuar participando ativamente dos assuntos e decisões que envolvem a comunidade, prolongar, ao máximo, conquistas e prerrogativas sociais como a propriedade, a autoridade e o respeito (DEBERT, 1998, p.54). 24 Kalache (1987) aponta que, no processo de envelhecimento, é mais adequada a definição de saúde quando se leva em consideração o conceito de capacidade funcional, ou seja, o idoso mantém-se autônomo e independente na realização de suas atividades, mesmo quando acometido por patologias e incapacidades associadas. A partir da definição de Vieira (1996), a capacidade funcional é um novo conceito de saúde, que, particularmente para idosos, é relevante, pois mostra que saúde é a manutenção plena das habilidades físicas e mentais, desenvolvidas ao longo da vida, necessárias e suficientes para a manutenção de uma vida independente e autônoma. De acordo com Kalache (1987), essa abordagem é extremamente útil, para fins de planejamento, pois nos países subdesenvolvidos, devido às precárias condições de vida, o envelhecimento funcional antecede o envelhecimento cronológico e freqüentemente é muito precoce. Aspectos importantes de saúde, dentro da abordagem de capacidade funcional, são os conceitos de autonomia e independência. Sendo autonomia definida por Vieira (1996) como a capacidade e direito de o indivíduo poder eleger, ele mesmo, as regras de sua conduta, a orientação de seus atos e os riscos que está disposto a correr, além da possibilidade de realizar suas atividades sem ajuda de terceiros; e independência conforme Ferreira (1986), como sendo o estado ou condição de quem é independente, bem-estar, restituição ou aquisição de autonomia. Para Basílio et al. (1997) e Scott et al. (1997), a capacidade funcional do idoso está diretamente relacionada à capacidade em desempenhar suas Atividades de Vida Diária – AVD, que são as atividades essenciais para o auto-cuidado (alimentar-se, vestir-se, higiene pessoal, cuidar da aparência, comunicação e mobilidade funcional) e as Atividades Instrumentais de Vida Diária – AIVD, que são as atividades mais complexas e necessárias para adaptar-se independentemente ao meio ambiente (usar meios de transporte, lidar com dinheiro, fazer compras, manusear aparelhos). Dessa forma, a incapacidade funcional do idoso se manifesta habitualmente pela perda da capacidade de desempenhar, com independência, tanto as AVDs, quanto as AIVDs. Ainda, de acordo com Basílio et al. (1997), em estudo populacional com idosos sobre saúde e incapacidade funcional, as doenças crônicas são os principais fatores associados à incapacidade funcional dos idosos, juntamente com o avanço da idade e a incapacidade cognitiva. Em estudo, também de base 25 populacional em idosos, realizado por Cacciatore et al.(1997); Ramos et al. (1998) e Brummett (2000), os transtornos depressivos indicam piora do funcionamento nas AVDs e AIVDs. Observamos, a partir dos estudos antes referidos, que o avanço da idade ocorre acompanhado de doenças crônicas, prejuízo cognitivo e depressão apontando para uma população de idosos com incapacidade funcional. E se nos detivermos mais na relação idade/dependência desses agravos, têm especiais conseqüências os prejuízos neuropsicogeriátricos por estabelecerem um pobre prognóstico nos idosos em relação à população jovem (VERAS, 1994; SHARMA, 1998). Nesse sentido, vale ressaltar que, o enfoque central do nosso estudo será para os prejuízos decorrentes dos transtornos psiquiátricos, particularmente da depressão, para uma população de idosos. 1.2 - Transtornos Psiquiátricos no Envelhecimento Segundo Ramos et al. (1998), os transtornos psiquiátricos menores parecem aumentar com a idade. No Brasil, o envelhecimento tem aumentado a prevalência de doenças psiquiátricas (CHAIMOWICZ, 2000). Ramos et al. (1998), em estudo longitudinal, realizado em São Paulo na população envelhecida, encontraram que um percentual de 20% da coorte parecia ter algum problema psiquiátrico, com um número significativamente mais alto entre as mulheres comparadas aos homens. Para Coelho Filho (1999), em estudo com idosos em comunidade realizado no Nordeste, o resultado foi similar com um percentual de 26,4% de casos psiquiátricos. Em estudo com população idosa, Kempen (1999) observou que o nível educacional baixo mostra uma maior associação com os transtornos psiquiátricos, embora não apresente evidência significativa de uma vulnerabilidade diferencial em relação a outros fatores, como aspectos sociais, aspectos físicos e doenças crônicas. 26 Para Almeida (1999); Iwamasa et al. (1999) e Chaimowicz et al. (2000), dentre os transtornos psiquiátricos na população envelhecida, os mais prevalentes são depressão e ansiedade, sendo fundamental conhecer cada patologia e seu desenvolvimento na população envelhecida. Recentemente vêm-se estudando, de forma mais aprofundada na população envelhecida, as desordens de ansiedade, observando-se nesta uma maior freqüência das desordens de ansiedade generalizada e de fobia, mostrando-se tão significante quanto a depressão, principalmente depressão maior, nessa faixa de idade (STANLEY et al. 1999; VAN DEN BERG et al. 2000). Segundo Stanley et al. (1999), é interessante notar que a prevalência de desordens da ansiedade é mais baixa nos idosos que nos mais jovens. Esta condição deve-se à possibilidade de que as desordens de ansiedade estejam associadas com maior morbidade e mortalidade explicando a baixa prevalência, ou que os idosos estejam beneficiando-se do desenvolvimento de maiores habilidades, para lidar com a ansiedade, adquirida ao longo dos anos. Esses estudos demonstram, também, que mulheres idosas têm uma maior chance de desenvolver desordem de ansiedade do que os homens idosos. Também para Stanley et al. (1999), os idosos que residem em instituições informam uma freqüência maior de desordens da ansiedade em relação aos idosos que vivem na comunidade. Ainda, comumente a essa informação associam-se à saúde física pobre, redução em habilidades para as AVDs, prejuízo cognitivo e depressão. Desordens de ansiedade mostram-se notavelmente mais altas em idosos com depressão severa. Van Den Berg et al. (2000) e Stanley et al. (1999) acrescentam que a associação entre desordem de ansiedade e depressão parece ser significativa na população envelhecida, sendo observada essa condição em estudos longitudinais e transversais, em amostras de idosos na comunidade, instituições e clínicas. Segundo Heok et al. (1996), em estudo epidemiológico, de base populacional, com idosos, para verificar a associação de outros transtornos psiquiátricos em depressão, seus achados mostram um percentual de 45,3% de desordens de ansiedade em idosos deprimidos, revelando que ansiedade e depressão são as desordens mais predominantes dentre as co-morbidades psiquiátricas. Van den Berg et al. (2000), em seus estudos, verificaram que os idosos que receberam tratamento para desordens mentais, apresentavam maior combinação de sintomas depressivos com sintomas de ansiedade. A partir dessa 27 evidência, os autores sugerem que a associação entre ansiedade e depressão leva os pacientes a buscarem ajuda mais cedo, ou mesmo que essa associação torna o médico mais alerta para a desordem mental. Em seu estudo, Lima (1999), também observou uma maior freqüência de internações em idosos com este tipo de co-morbidade. Saliente-se que o interesse do presente estudo é a depressão na população envelhecida. Concordamos com Lima (1999), quando afirma que a depressão tem sido vastamente investigada nas últimas décadas e, a seu respeito, apesar dos progressos em epidemiologia psiquiátrica, ainda são muitas as questões sem resposta. Segundo o autor, a elevada freqüência de depressão na população idosa e sua íntima relação com o aumento da morbidade e taxa de mortalidade, nesses casos, impõem que pesquisas abordem a questão da depressão, baseada na população geral, como um processo contínuo, podendo esclarecer mais a respeito dos seus mecanismos etiológicos e protetores e, conseqüentemente, orientar ações em saúde, a fim de prevenir prejuízos associados à depressão no idoso. 1.3 - Depressão e Envelhecimento 1.3.1 Aspectos conceituais na Depressão Para Blazer (1992), depressão na população envelhecida continua sendo um termo genérico que engloba muitos construtos, alguns dos quais bem definidos e outros mal definidos. De acordo com Del Porto (1999) e Mann (2001), o termo depressão tem sido utilizado para designar tanto um sintoma (grifo nosso), em que a depressão é caracterizada por baixa de humor, preocupação e insônia e surge nos mais variados casos clínicos, entre os quais, transtorno de estresse pós-traumático, demência, esquizofrenia, alcoolismo, doenças clínicas, etc. e pode ainda ocorrer como resposta a situações estressantes, ou a circunstâncias sociais e econômicas adversas; como uma síndrome (grifo nosso), quando os sintomas são mais numerosos, severos e persistentes, e inclui não apenas alteração do humor, mas também outros aspectos como alterações cognitivas, psicomotoras e vegetativas, que interferem na qualidade de desempenho das AVDs; e, finalmente, como 28 doença (grifo nosso) a depressão, tem sido classificada de várias formas, dependendo do período histórico, da preferência dos autores e do ponto de vista adotado. Para determinação de depressão atualmente, de acordo com referências mais utilizadas internacionalmente, encontramos os Critérios Diagnósticos segundo Diagnostic and Statical Manual of Mental Disorders, 4 revised – DSM IV R (Anexo 1). Os idosos que preencherem apenas alguns itens, mas não o número suficiente para o diagnóstico de depressão maior, podem ser enquadrados nos casos de depressão menor, sendo esta a mais prevalente na população idosa (GUIMARÃES et al., 1999; VAN DEN BERG et al., 2000). Estudos realizados por Tavares Júnior (1989); Paschoal (1996); Tamai (1998) demonstram que, na população idosa, a classificação das depressões em primárias, definidas por Carvalho (1996) como depressão sem relação com alterações patológicas comprovadas, e secundárias, definidas por Tamai (1998) como depressão que ocorre após o estabelecimento de uma outra doença clínica ou transtorno não afetivo, têm fundamental importância, observando-se, na população idosa, que as depressões secundárias são mais freqüentes. Não obstante Mann (2001) sugere que a classificação da depressão no idoso em depressão secundária tende a subestimar sua importância. Para Blazer (1992) é prudente tomar como referência uma abordagem funcional para depressão no idoso, pois, de acordo com o autor, “os sintomas depressivos tornam-se suficientemente severos a ponto de serem identificados como um caso digno de atenção clínica quando a função está prejudicada” (p.204). 1.3.2 - Magnitude e Epidemiologia da depressão em Populações Envelhecidas Sabe-se que tanto a depressão maior como outros transtornos depressivos de curta duração são doenças comuns que afetam um grande número de pessoas em diferentes países e culturas (LIMA, 1999). Para o mesmo autor, a prevalência de depressão é alta, independentemente do lugar onde a pesquisa seja conduzida, do tipo de instrumento diagnóstico usado e dos períodos de tempo para os quais a prevalência se aplica. No caso 29 da população idosa, depressão é a desordem mais comum que afeta as pessoas mais velhas (LIVINGSTON, 2000; KATONA, 2000; MANN, 2001). De acordo com Veras (1994), depressão na população envelhecida apresenta taxas de prevalência entre 5% e 35%, de acordo com o nível de gravidade da depressão, destacando-se a depressão menor, com uma prevalência maior no idoso, quando comparadas com a de indivíduos mais jovens (TAVARES JÚNIOR, 1989; PASCHOAL 1996; TAMAI 1998 ; VAN DEN BERG et al., 1999). Investigação realizada com idosos na comunidade do Rio de Janeiro encontrou uma prevalência de 25,75% para depressão maior e 7,59% para depressão menor (VERAS, 1994). Estudo com idosos em comunidade de Cingapura refere uma prevalência de 6,0% de depressão nos idosos (HEOK et al., 1996); em estudo similar feito em Taiwan, foi encontrada uma prevalência de 15,3% de sintomas depressivos e 5,9% de depressão maior (CHONG et al., 2001); em comunidade de Dublin, estudo, apontou uma prevalência de 10,3% de depressão em idosos (KIRBY et al., 1997); pesquisa de base populacional com idosos realizada em Londres encontrou uma prevalência de depressão de 17,7% (PRINCE et al., 1998); analógamente, estudo com idosos em comunidade do Sul da Itália relata uma prevalência de 9,8% de depressão maior e 44,1% de depressão menor (CACCIATORE et al., 1998). Estudos realizados por Stuck (1999); Simons (2000) sobre incapacidade funcional na população idosa foi apontaram que, entre as doenças crônicas mais freqüentes que elevam à probabilidade de desenvolver incapacidade, encontra-se a depressão. Na população envelhecida, a depressão torna-se um importante problema de saúde pública, na medida em que inclui tanto a incapacidade individual como o fardo familiar associado a doença, somados aos custos financeiros, à alta taxa de utilização de serviços de saúde, ao tempo de trabalho dispendido e à diminuição da qualidade de vida (LIMA, 1999, MACALL et al., 2001; MANN, 2001). Tal cenário inclui outra condição preocupante, pois, apesar de boa parte das depressões nos idosos apresentarem quadro clínico semelhante ao de outras faixas etárias, esses indivíduos, com maior freqüência, apresentam quadros atípicos ou particularidades, como vários problemas clínicos e sociais simultâneos, que podem levar a dificuldades diagnósticas (ROCHA, 1993; STOPPE JÚNIOR, 1994). De acordo com Macdonald (1988, 30 p. 104), “freqüentemente as depressões nos idosos não apresentam causas óbvias e história de episódios deprimentes anteriores”. Katona (2000) sugere que os fatores que mais dificultam o diagnóstico da depressão são motivados pelo fato de o idoso acreditar que a depressão é conseqüência legítima do envelhecimento e, com isso, não mencionar seus sintomas; ou porque o médico ignora os sintomas depressivos concentrando-se em outros fatores ao fazer um diagnóstico; ou, ainda, por muitas vezes os idosos terem vergonha de admitir os sintomas de depressão, apresentando-os de forma somática como perturbação do sono e cansaço. O autor ainda ressalta que o diagnóstico da depressão torna-se um desafio particular, quando sintomas da depressão somam-se aos sinais do processo de envelhecimento; por exemplo, a fadiga, a redução do sono e os pensamentos sobre a morte, como também a co-existência de outras doenças, como ansiedade e desordens cognitivas mascarando os sintomas da depressão. Outro fator de embaraço é que os idosos na comunidade podem apresentar síndromes depressivas que não preencham os critérios de diagnósticos para transtornos específicos, mas nem por isso os problemas deixam de ser incapacitantes (LIMA, 1999; KATONA, 2000). Blazer (1992) aponta que os idosos, em estudos de base populacional, apresentam pouca gravidade de seus sintomas depressivos para serem diagnósticados com depressão maior, e os períodos intermitentes sem sintomas desqualificam-nos do diagnóstico de outros distúrbios depressivos. No entanto, esses idosos sofrem de depressões crônicas. Ainda segundo Lima (1999), o processo de identificação de casos de depressão nas pesquisas populacionais mais recentes vem sendo feito através de instrumentos diagnósticos desenvolvidos em hospitais e ambulatórios, sendo por isso mais acurados para pacientes com depressão maior. Sabe-se, todavia, que a depressão menor é de maior prevalência no idoso, quando não diagnosticada, o que constitui condição de risco para o desenvolvimento de transtornos depressivos mais severos (LIMA, 1999; VAN DEN BERG et al., 2000; MACALL et al., 2001). Outra questão quanto aos instrumentos diagnósticos de depressão para idoso é que, apesar de serem reconhecidamente imprescindíveis para diagnosticar depressão, alguns contêm perguntas que são inadequadas à população envelhecida (BURNS et al., 1999). Os 31 autores indicam que perguntas relacionadas ao tempo futuro sejam adaptadas para um futuro próximo (dias e semanas) e que depressão pode estar superestimada nos resultados dos instrumentos, atribuindo essa questão ao fato de que os sintomas somáticos podem estar sendo considerados sintomas depressivos, uma vez que estão fortemente associados na população envelhecida, tornando difícil seus diagnósticos de forma diferenciada. Em estudo feito por Almeida (1997), num pronto-socorro psiquiátrico de São Paulo, 7,3% da população atendida tinha 60 ou mais anos de idade, sendo o transtorno do humor o diagnóstico sindrômico mais comum, apresentando um percentual de 40% e com freqüência de 2,24 vezes maior nas mulheres. Chama a atenção o percentual de 78,2% dos idosos atendidos terem como causa da consulta episódio depressivo maior. Esse problema possivelmente conduz à necessidade de um cuidado a longo prazo, mais intensivo e caro. No caso de necessidade de internação, observa-se o risco de um maior período de hospitalização do idoso, como também indicação de uma convalescença adicional em instituições qualificadas (COHEN, 1998). Ainda de acordo com a autora, idosos em instituições de longa permanência, que apresentam diagnóstico de doenças psiquiátricas, entre as quais depressão é a mais importante, apontam uma relação direta com um aumento de 60% de mortalidade. Observa-se, também, que o tratamento da depressão no idoso é uma questão ainda em discussão, e que, mesmo superado o diagnóstico da depressão, muitos deles não recebem tratamento (KATONA, 2000; BEEKMAN et al., 2001). Katona (2000) refere que os médicos são freqüentemente relutantes em prescrever antidepressivos para idosos, por considerarem que estes são bastante frágeis e com pouca tolerabilidade para os efeitos colaterais provocados pela medicação. Como também, não indicam psicoterapia por considerarem que os idosos não se beneficiariam desse tratamento, devido à grande dificuldade de mudar suas atitudes. Esse quadro relativo ao tratamento de depressão no idoso reflete os resultados encontrados por Mann (2001) em que, numa população de 112 idosos deprimidos, naquele momento, só 38% tinham discutido seu estado mental com seu médico geral, 13% tinham recebido prescrição de antidepressivos e 6% conheciam o serviço de psiquiatria para 32 idosos. No entanto, a depressão é o mais tratável dos distúrbios psiquiátricos da idade avançada (LIMA, 1999). Em consonância com estudos recentes, os aspectos pesquisados de associação mais significativa com depressão são: os pessoais (idade avançada e sexo feminino), as condições de saúde (declínio do estado funcional, doenças crônicas e prejuízo cognitivo) e as condições sociais precárias (BLACK, 1998; RAMOS, 1998; COELHO FILHO, 1999). Cohen (1998) e Pearson et al. (2000) também apontam para uma importante presença de suicídio na idade avançada, decorrente de depressão. A seguir, apresentamos cada um desses aspectos em sua especificidade e suas relações com a depressão. Cacciatore et al. (1997), em pesquisa de desenho transversal para verificar padrão de morbidade na população idosa no Sul da Itália, sabendo que este país tem uma das maiores populações de idosos do mundo, chama a atenção para um alto percentual de idosos com indicação de depressão moderada e depressão maior. Esse achado tem relação com o avanço da idade e com o sexo feminino. Os autores observaram, ainda, que o nível educacional alto apresentou-se como fator de proteção para a depressão. Esses mesmos resultados foram encontrados por Veras (1994), no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, através de um estudo transversal em idosos da comunidade, embora não tenha observado diferença de percentual de depressão, em relação ao sexo, em idades mais avançadas. Ramos (1998), em estudo longitudinal realizado em São Paulo, mostra achados semelhantes, diferindo apenas em relação à educação, pois, apesar de a população idosa estudada ter bom nível educacional, encontrou um alto percentual de depressão. Uma pesquisa populacional com idosos mexicanos, com baixa escolaridade, também mostrou escolaridade com fraca associação para a depressão (BLACK, 1998). Nesses estudos, entre as variáveis trabalhadas, é notável a concordância que idade é um fator importante para considerar a depressão. No entanto, para Henderson et al. (1993), é importante considerar que o número de sintomas depressivos não aumenta com a idade, mas devido, em parte, ao fato de que numerosas mudanças físicas (saúde física pobre e incapacidade) e mudanças sociais acontecem com o envelhecer. Segundo Kivelä (1994 p. 75) “a hipótese mais corrente é que a etiologia multifatorial da depressão como fatores: biológicos, psicológicos e sociais, contribuem para sua ocorrência”. Estudos realizados 33 por Aromaa (1994); Kivelä (1994); Tamai (1998) e Simons (2000) sugerem que as disfunções físicas ou transtornos sociais podem desencadear ou serem resultados de depressão no idoso, não conseguindo ainda fazer uma relação exata dessas associações de causas e efeitos. Com relação à depressão e aspectos sociais em estudo longitudinal na comunidade, Shoevers et al. (1999) verificaram incidência de depressão na população idosa, avaliando efeitos de três tipos de vulnerabilidade genética e familiar indicada por história pessoal ou familiar de desordem mental, vulnerabilidade orgânica indicada por sintomas orgânicocognitivos e vulnerabilidade ambiental, por ser solteiro e sem apoio social. Em análise multivariada, a vulnerabilidade ambiental foi o fator de maior associação. Em estudo realizado por Mann (2001), após um (1) ano de observação, os aspectos sociais eram os únicos fatores associados com manutenção ou recuperação de depressão na população envelhecida. Brummett et al. (1999) e McCall et al. (2001), também em estudos longitudinais nos Estados Unidos encontraram que apoio social está fortemente associado com depressão na população envelhecida. Para McCall et al. (2001), esta associação é resultado principalmente de não ter alguém com quem compartilhar situações agradáveis e alguém para ouvir e aconselhar em relação aos problemas. O estudo sugere que o humor seja o principal determinante para apoio social, evidenciando que ele confere algum grau de benefício com respeito à depressão no idoso. No entanto, tal estudo não pode esclarecer se a redução da depressão motiva os idosos a uma melhor convivência social ou se o apoio social recebido é que promove melhora da depressão. Lefrançois (2000), por sua vez, em pesquisa feita em comunidade com população idosa do Canadá, entre 81 e 86 anos, encontrou que, nessa faixa de idade, o apoio social não interferiu de forma protetora para a depressão na presença de eventos de vida relacionados a problemas de saúde, sendo esses fortes preditores de depressão. Para o autor, com o aumento do crescimento da população idosa, é necessário ampliar a compreensão de fatores, como apoio social e sua associação com depressão neste segmento da população. Apesar de as pesquisas que apresentaremos a seguir estudarem a relação entre depressão com declínio físico, saúde física e incapacidade funcional, elas se referem ao 34 mesmo termo que utilizamos como declínio do estado funcional, de acordo com definição referida por Stuck et al. (1999), ou seja, como dificuldade em realizar as atividades de vida diária, incluindo auto-cuidado, tarefas de casa, atividades físicas e limitação da função física, sendo esta restrita à ação física básica (incluindo função de extremidade superior e inferior). Em estudo longitudinal realizado por Roberts et al. (1997), nos Estados Unidos, com idosos da comunidade, os efeitos relacionados à idade, aparentes em depressão, são atribuíveis tanto a problemas de saúde física como a incapacidade associada. De acordo com Penninx et al. (2000), em Amsterdam, em estudo longitudinal para verificar a relação entre depressão e declínio físico, na população idosa, foi observado que função física pobre é um fator de risco para o início e cronicidade de depressão, como também depressão crônica tem um impacto significativo com o passar do tempo em declínio físico, ou mesmo que esses dois agravos se reforcem mutuamente, causando uma espiral descendente progressiva em pessoas mais velhas. Esse estudo sugere, ainda, que o reconhecimento precoce e o tratamento da depressão possam ser protetores para o declínio físico. Os idosos que são limitados na realização das AVDs têm um alto risco em desenvolver depressão (RAMOS, 1998; LIVINGSTON, 1999). Mann (2001), em sua pesquisa, observou que 69% dos idosos mostravam que incapacidade funcional era um forte preditor para depressão. McCall et al. (2001) referem em sua amostra que os sintomas depressivos acompanhados de perda do estado funcional em casos de melhora do estado funcional seguem-se por alívio da depressão. Livingston (1999), em população idosa sem depressão, identificou que doença crônica não conduz a depressão, sendo provável que a causa desta seja doença aguda e dor, aumentando a freqüência de consultas dos idosos nos serviços de saúde, devendo este fato ser reconhecido pelo médico como um sinal de depressão. Embora provavelmente os idosos durante as consultas não se queixem de depressão (COHEN, 1998; LIVINGSTON 1999; KATONA, 2000), para Williamson (1992), seus achados indicam que dor e doença mantêm uma relação indireta com a depressão, na medida em que são contribuintes importantes para a incapacidade funcional que, por sua vez, contribui para a depressão. 35 Em estudo longitudinal, em Amsterdam, com idosos em comunidade para investigar depressão em relação ao seu início, prevalência e persistência, as pesquisas de Beekman (2001) sugerem que os fatores que predizem persistência, são muito diferentes dos demais como as doenças crônicas e a vulnerabilidade para ansiedade e depressão. Os resultados do estudo longitudinal em população envelhecida feita por Van Balkom (2000), apontam semelhança com o estudo anterior, quando sugerem uma probabilidade relativamente alta para condições de co-morbidade entre desordem de ansiedade, doenças crônicas e depressão maior. Mills (2001), em estudo com idosos, observou que os sintomas depressivos são mais freqüentes naqueles que apresentam doenças crônicas, com destaque para as de mais forte associação, que são as relacionadas aos problemas cardíacos. Aromaa et al. (1994) também observaram dados semelhantes, sendo os sintomas depressivos, depressão e doença cardiovascular associados na população idosa. Contudo, os autores consideram uma associação mais forte entre depressão e doenças do coração, principalmente as mais severas e sintomáticas, como angina, parada cardíaca congestiva e acidente cerebrovascular, do que hipertensão descomplicada. Em estudo para verificar a causa de depressão, de início em idade avançada, Van den Berg et al. (2001) encontraram como fortes fatores de risco: a hipertensão, a doença do coração e o acidente cerebrovascular. Aromaa et al. (1994), em seus estudos sugerem que provavelmente doença cardiovascular cause depressão severa e que a hipótese de que a depressão possa causar doença cardiovascular parece inconclusiva. No entanto, Penninx et al. (1998) defendem que sintomas depressivos podem estar mais relacionados com predição de doença cardiovascular, do que com sua persistência. Seus estudos sugerem que, particularmente em homens idosos, início recente de depressão é melhor preditor de doença cardiovascular, do que depressão crônica. Resultado semelhante foi encontrado por Sesso et al. (1998), em estudo apenas com homens idosos, no qual observaram que sintomas depressivos estavam associados com o risco de desenvolver doença cardiovascular. 36 Depressão e ansiedade são problemas especialmente comuns que complicam a doença cardíaca (SHAPIRO, 1997). De acordo com Penninx et al. (1998), em homens idosos, o início recente de depressão está associado a um maior risco de mortalidade por doença cardiovascular. Para Black (1998), os índices de mortalidade são substancialmente mais altos quando os sintomas depressivos vêm associados a doenças cardiovasculares e a hipertensão. O autor sugere que essa condição no idoso é freqüentemente atribuída às reclamações constantes de doenças crônicas, apesar da disponibilidade de tratamento para essas doenças, como também ao freqüente baixo índice de diagnóstico e tratamento da depressão. A pesquisa ainda mostra que essa associação permanece como preditivo de mortalidade no idoso, mesmo quando controlado por outras variáveis, como aspectos sociodemográficos, culturais e incapacidade funcional. Enquanto para Almeida (1999), depressão também está associada a uma maior morbidade e mortalidade na população envelhecida, principalmente quando acompanhada de declínio cognitivo, para Forlenza (2000), esta associação leva a um maior comprometimento funcional. De acordo com os autores, os sintomas depressivos e demenciais sobrepõem-se, com freqüência, em pacientes geriátricos, encontrando-se dificuldade na busca de uma relação de causa e efeito. Idosos deprimidos freqüentemente se queixam de falhas de memória. A ocorrência de depressão na idade avançada tem sido considerada um possível fator de risco para demência (FORLENZA, 2000; O’BRIEN et al., 2001). Segundo os autores, os idosos deprimidos que apresentam déficits cognitivos importantes como parte da depressão, têm um maior risco de evoluir para demência, apesar da remissão dos sintomas demenciais após tratamento bem sucedido da depressão. Para Geerlings et al. (2000), dois estudos de população envelhecida, em que foram usadas escalas de avaliações diferentes para depressão e declínio cognitivo, apresentaram resultados semelhantes. A depressão era associada a um maior risco em desenvolver a doença de Alzheimer e declínio cognitivo, mas só em idosos com alto nível de educação. A partir desses estudos, os autores sugerem que, em um subgrupo de idosos com elevada escolaridade, a depressão pode ser uma manifestação precoce da doença de Alzheimer antes que os sintomas cognitivos se tornem aparentes. 37 No entanto, O’Brien et al. (2001) sugerem que há outras possíveis razões para idosos deprimidos desenvolverem prejuízo cognitivo, como a presença de déficits neuropsicológicos, que afetam a maioria dos domínios que guardam semelhança com os domínios afetados pela depressão, como: aprendizagem e memória na presença de patologia cerebrovascular, ou seja, durante o episódio depressivo, acontece um aumento de patologias microvasculares, causando o déficit cognitivo. Embora esse estudo não tenha encontrado evidência dessas relações de causa de prejuízo cognitivo na depressão, em estudo de base populacional com idosos, Newman (1999) observou que a depressão é mais prevalente em demência vascular, quando comparada à demência de Alzheimer. Apontando ainda para a grande possibilidade de, na população geral, a taxa de prevalência de depressão na demência de Alzheimer ser menor do que a que vem sendo previamente observada em estudos clínicos. Em estudo realizado por Almeida (1999) sintomas característicos de depressão foram encontrados em 69,3% dos idosos com diagnóstico de demência. Depressão em pacientes com demência leve e moderada deve ser considerada mesmo quando observa-se dificuldade em enquadrar os sintomas depressivos nos critérios de diagnóstico (FORLENZA, 2000). Segundo Almeida (1999), acredita-se que as alterações comportamentais de idosos com demência tendem a ter duração prolongada e, ao desaparecerem, apenas cedem espaço para a manifestação de novos sintomas psiquiátricos. Dentre estes, com alta prevalência, encontra-se a depressão, aumentando o sofrimento para o paciente e seus cuidadores. Entendam-se aqui as pessoas que têm a total ou maior responsabilidade pelos cuidados prestados ao idoso dependente ou que prestam atividades complementares, podendo ser um profissional contratado, familiares, amigos ou voluntários da comunidade (MENDES,1998 apud STONE, CAFFERATA e SANGL, 1987). Sem dúvida, o tratamento da depressão em pacientes com demência promove melhora do bem-estar deles e de seus cuidadores (FORLENZA, 2000). Ainda de acordo com Mann (2001), os idosos deprimidos com demência associada apresentam uma maior probabilidade de institucionalização. De acordo com Almeida (1999), todos os pacientes com diagnóstico de demência e que apresentam ideação suicida mostram sintomatologia depressiva significativa. Este 38 resultado, por sua vez, aponta particularmente para uma forte associação entre suicídio e sintomas depressivos (MACDOLNAD, 1988; COHEN,1998; ALMEIDA,1999) Em estudo, na Itália, com população idosa na comunidade, Scocco et al. (2001) encontraram uma prevalência de 17% de pensamentos suicidas nesta população. De acordo com Forsell et al. (1997), estudos de base populacional com idosos apontaram para pensamentos suicidas fortemente correlacionados com a presença de depressão, sendo esta a variável mais importante da descoberta. Os autores referem como fator altamente preocupante o baixo reconhecimento e tratamento da depressão na população envelhecida, sugerindo que a avaliação focalizada para depressão deve ser o primeiro passo para a busca da causa de pensamentos suicidas em idosos. Esse resultado é reforçado em estudo mais recente realizado por Pearson et al. (2000), em que os autores encontraram que a intervenção mais eficaz em comportamentos suicidas na população envelhecida é o diagnóstico e o conseqüente tratamento da depressão. Segundo Cohen (1998), chamam a atenção os resultados de um estudo em que mais de um terço dos homens idosos que cometeram suicídio tinham consultado seus médicos na última semana de suas vidas e mais de 70%, no último mês. Para a autora, torna-se imperioso o médico perguntar aos seus pacientes idosos, durante as consultas, se eles têm depressão ou pensamentos suicidas. De acordo com Stoppe et al. (1999), em pesquisa com profissionais médicos para saber sua prática com idosos, foram apresentados dois casos: um de paciente com sintomas depressivos ou com depressão severa e outro de um paciente deprimido apresentando comorbidades. Encontraram que um baixo percentual desses médicos, ao deparar-se com tais casos, dificilmente busca espontaneamente questionar os pacientes sobre pensamentos suicidas. Os autores sugerem neste estudo que pensamentos suicidas e sua prevenção não são aspectos considerados primordiais a serem avaliados pelos médicos na consulta com pacientes idosos, ou mesmo que, além da dificuldade em diagnosticarem depressão no idoso, mostram também dificuldade em manejar adequadamente os sintomas provocados pela depressão, entre os quais os pensamentos suicidas. Foi encontrado, também em estudo realizado por Pearson et al. (2000), que a maioria dos suicídios na população idosa é proveniente de um primeiro episódio de 39 depressão, sem outros tipos de co-morbidades psiquiátricas, mesmo sendo esse, o da depressão, o tipo mais tratável nos idosos. Os muitos estudos aqui citados com relação à depressão na população idosa, em alguns aspectos, sugerem avanço, como a clareza de que a depressão está muito presente no processo de envelhecimento, fazendo forte associação com os aspectos, igualmente levantados aqui, como: idade, sexo, aspectos sociais, declínio do estado funcional, doenças crônicas, prejuízo cognitivo e suicídio. No entanto, encontramos uma forte concordância entre os autores no sentido de que mais estudos, especialmente de base populacional, são necessários para investigar a depressão em idosos, as relações de causa e efeito, suas relações durante o curso da depressão e o desfecho, para que se possam obter resultados mais conclusivos. Partindo dessa compreensão, propomos estudar a depressão nos idosos que estão inseridos no programa de Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE), não deixando, também, esses idosos de estarem incluídos em suas respectivas comunidades. Contudo, conhecer a relação de depressão nessa população não poderá ser extrapolada para a população envelhecida em geral, podendo-se configurar, num primeiro passo, para conhecer a depressão nos idosos residentes no Recife. 1.4 - Conhecendo o Programa da Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE). As primeiras iniciativas na criação de Universidades para a Terceira Idade são do final da década de 1960 (PEIXOTO, 1997). Segundo a autora, nesse período, as Universidades tinham como diretrizes básicas oferecer espaços para atividades culturais e sociais para os seus participantes. A partir dessa década, as Universidades para a Terceira Idade ampliaram seus objetivos para serem “fundamentalmente instituições de saúde pública visando elevar os níveis de saúde física, mental e social das pessoas de Terceira Idade, bem como colocar à sua disposição programas de atividades particularmente adaptados” (PEIXOTO, 1997 p. 46). E mais recentemente, desde os anos 80, essas 40 Universidades estão sendo exigidas a transformar seus participantes também em ativos pesquisadores. No Brasil, é nos anos 90 que surgem maiores demandas por programas direcionados para os idosos, devido ao rápido envelhecimento de sua população. Segundo Veras (1995), em relação às instituições públicas, atualmente a Universidade é a mais bem equipada para responder às demandas dos idosos: Ali, os idosos, além de receberem assistência e ensino e participarem de atividades culturais e de lazer propiciam uma coorte inestimável para pesquisas em várias áreas do conhecimento; ajudando, assim, na formação de profissionais de alta qualificação e alavancando a produção de conhecimento sobre a Terceira Idade (p. 13) Dentro dessa perspectiva e similar a outras experiências como a Escola Aberta para Terceira Idade da PUC/Campinas e da Universidade Aberta à Terceira Idade da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UnATI/UERJ), foi criado em setembro de 1996 o Programa Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE) (BARRETO, 1998). Segundo a autora, a UnATI/UFPE é uma microuniversidade temática, que trata dos aspectos do envelhecimento através de atividades de ensino, pesquisa e extensão. Tem como diretriz principal promover a integração Universidade-idoso-comunidade, participando desse processo a comunidade universitária e a comunidade em geral. O Programa UnATI/UFPE tem caráter público, cujos cursos são oferecidos gratuitamente. Para o ingresso no Programa são considerados idosos as pessoas com 60 anos e mais, de acordo com o que está disposto na lei Nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso. Não há exigência de nível de escolaridade, entretanto, cada idoso só pode inscrever-se em um único curso, pois a demanda é maior que o número de vagas oferecidas. Os cursos têm duração de um semestre letivo, com temática variada. No período referente à coleta de dados deste estudo, o Programa oferecia 32 turmas, distribuídas em 27 41 cursos, dentre os quais: educação em saúde, nutrição e envelhecimento, primeiros socorros no local do acidente, reciclagem de papel e encadernação artesanal, oficina de artes, oficina literária, introdução ao estudo da língua italiana, inglês, educação participativa e informática básica. O Programa UnATI/UFPE conta com docentes dos vários Centros e Departamentos da UFPE, além de acadêmicos e profissionais voluntários não-vinculados à UFPE. Suas atividades são desenvolvidas nas instalações dos Centros e Departamentos, no campus da própria Universidade Federal de Pernambuco. Portanto, é intenção deste estudo conhecer centralmente qual a importância e o comportamento da depressão entre os participantes do Programa Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE) Sendo assim, pretende-se conhecer: • Qual a importância da depressão classificada como maior e menor entre os participantes do Programa, por faixa etária (60-69 anos e 70-79anos) e por sexo? • Entre as variáveis propostas no estudo, quais as que apresentam relação com a depressão a partir do pareamento, por sexo e idade? 2. OBJETIVOS 43 2. OBJETIVOS Geral: Identificar a presença de depressão, nos idosos participantes do Programa da Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE). Específicos: • Identificar a presença de depressão, nos idosos, classificando-os como casos de depressão maior ou menor, considerando sexo e faixa etária. • Identificar os idosos que compõem os casos de depressão, comparando-os com os idosos não-deprimidos, considerando: solidão, tristeza, pouca disposição, pessimismo em relação ao futuro, irritação, auto-acusação, idéias suicidas, dor de cabeça, insatisfação, distúrbios do sono e do apetite. • Relacionar os idosos que compõem os casos de depressão com as variáveis anteriores, por sexo e faixa etária. 3. MATERIAL E MÉTODOS 45 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 – População, Procedência e Período de Referência do Estudo A população alvo é composta por 358 idosos, de ambos os sexos, procedentes dos vários bairros do Recife e Região Metropolitana, que participam do Programa Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE). As informações a respeito da população do estudo são provenientes de um banco de dados, construído através de um censo realizado com os idosos do referido Programa, no período de abril a junho de 1998 (BARRETO, 1999) 3.2 – Desenho do Estudo Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo de corte transversal. Este tipo de estudo proporciona um alto poder descritivo a baixo custo e está sendo muito utilizado na epidemiologia moderna (ALMEIDA FILHO & ROQUAYROL, 1993). Estaremos trabalhando, segundo denominação dos autores, o subtipo de estudos transversais, denominado “estudos em populações especiais”, em que estão incluídos os idosos. O estudo transversal também oferece desvantagens, na medida em que gera informações sobre a situação existente em um momento particular, trazendo problemas para interpretação da relação causal entre os eventos numa pesquisa (PEREIRA,1999). 46 3.3 – Instrumento e Coleta de Dados Os dados do banco foram coletados através de inquérito, a partir de questionário aplicado em entrevista direta com os participantes do Programa, utilizando o instrumento multidimensional o Brazil Old Age Schedule – BOAS. As entrevistas foram feitas por auxiliares de pesquisa, treinados e supervisionados pela coordenadora do Censo (UnATI/UFPE), sendo realizadas nas próprias instalações do Programa (BARRETO, 1999). O BOAS é um instrumento que foi validado no Brasil, numa pesquisa realizada no Rio de Janeiro, com população idosa (VERAS, 1994), constituído por um questionário, um manual (composto por três seções principais: descrição do questionário, perguntas de justificativa e formas de aplicar o questionário) e um livro código. O questionário é dividido em nove seções e tem como meta colher dados sobre informações gerais, saúde física, utilização dos serviços médicos e dentários, atividades da vida diária (AVD), recursos sociais, recursos econômicos, rastreamento de saúde mental, necessidades e problemas que afetam os idosos e, ao final, contém uma avaliação do entrevistador. Esse tipo de questionário multidimensional agrega medidas que fornecem uma visão ampla da situação social e de saúde da pessoa, o que, de acordo com Veras (1994), é relevante em pesquisa com população idosa “por causa da relação íntima que tem sido demonstrada entre mudanças sociais - particularmente aquelas que envolvem perda e estabelecimento de doenças físicas e mentais - e o impacto da incapacidade física e mental sobre a necessidade de serviços de assistência social” (p.55). As seções de informações gerais, utilização dos serviços médicos e dentários, atividades da vida diária (AVD), recursos sociais e recursos econômicos foram trabalhadas na pesquisa para a dissertação de Mestrado em Saúde Pública, do NESC/CPqAM/FIOCRUZ, intitulada “Universidade Aberta à Terceira Idade UnATI/UFPE: um perfil sócioepidemiológico dos participantes” (BARRETO, 1999) Neste estudo, trabalhamos a Seção de Saúde Mental, que avalia a deficiência cognitiva e depressão, e para isso utiliza a escala do Short-CARE, que foi desenvolvida para dar ênfase 47 particular a essas duas áreas principais de alteração psiquiátrica na velhice e que permite, na realidade, indicar a suspeita de um “caso”. Optamos por trabalhar a Seção de Saúde Mental em relação à depressão apresentada a seguir de modo mais específico. A Seção VII de Saúde Mental relativa à avaliação de depressão é composta por 27 perguntas, das quais algumas são subdivididas em outras correlatas e mais detalhadas. Os itens sobre depressão vão do número 63 a 76 do instrumento multidimensional BOAS (Anexo 2). Como dito anteriormente, para a referida avaliação é utilizada a escala do Short-CARE. Segundo Blazer (1999), a vantagem do uso de escalas de avaliação para depressão é que elas não distribuem subjetivamente os pacientes em uma categoria diagnóstica específica. Contudo, para o autor, é importante ser cuidadoso, pois esse tipo de avaliação não oferece especificidade diagnóstica, ou seja, os mesmos sintomas depressivos apresentados podem ser, por exemplo, referentes tanto a perda de um ente querido ou a um episódio de depressão maior com melancolia. Ainda de acordo com o autor, para o diagnóstico de caso de depressão na população idosa é importante considerar que a maioria dos idosos não se enquadram adequadamente nos diagnósticos psiquiátricos que recebem, devido à freqüência de doenças simultâneas que apresentam, como também os critérios diagnósticos do Diagnostic and Statistic Manual of Mental Disorders- 3 Revised DSM-III ou DSM-IV, que não se ajustam sempre aos sintomas mostrados pelos idosos como, por exemplo, a ansiedade generalizada, que não é tão facilmente diferenciada de um episódio depressivo maior em um idoso agitado. Apesar dessas considerações, para um adequado diagnóstico de depressão nos idosos, o Short-CARE é um instrumento que demonstra ter boa validade e confiabilidade para os propósitos de rastreamento comunitário (VERAS, 1994). Para o mesmo autor, os sinais e sintomas fundamentais para o diagnóstico de depressão, como tristeza, pouca disposição, pessimismo em relação ao futuro, autocrítica, auto-acusação, dificuldade de se concentrar e, também, distúrbios físicos, como alterações do sono e apetite estão contemplados no ShortCARE. 48 Essa escala identifica dois tipos de depressão: a depressão maior e a depressão menor. A validação dessa escala, realizada no estudo anteriormente referido, foi realizada por dois psiquiatras treinados, que utilizaram a escala de depressão da lista de conferência do DSM-III para depressão maior e a escala de distimia do DSM-III para depressão menor (VERAS, 1994). Atualmente, dispomos do DSM IV, como critérios de diagnóstico para depressão maior e distimia, o qual não apresenta diferenças importantes em relação ao DSM-III. Outro aspecto considerado para a validação da escala de depressão relacionou-se às perguntas do questionário que se referiam ao tempo passado. Correspondiam elas aos últimos trinta dias, a partir da data da entrevista, e no DSM-III se referiam a toda a vida anterior. Contudo, no processo de validação, foi observado que essa diferença não provocava distorções nos resultados. Para discriminação de caso e não caso de depressão na escala do Short-CARE, o ponto de corte 8 e acima foi o que melhor propiciou equilíbrio entre sensibilidade e especificidade para definição de possível caso∗, chegando ao escore máximo de 28 pontos. Para o caso de depressão menor, são classificados nesse grupo os idosos com ponto de corte de 8 ou mais, que apresentaram sintomas depressivos substanciais, que podem ser denominados deprimidos, mas não tão graves quanto os que tiveram índices de 13 ou mais; e, para o caso de depressão maior, os idosos que se encontram no ponto de corte de 13 ou mais e apresentaram distúrbios graves e persistentes, que têm necessidade de assistência profissional de saúde (VERAS, 1994 p.164) 3.4 - Variáveis Estudadas As variáveis aqui trabalhadas são sexo e faixa etária; as demais estão contempladas na escala de avaliação do Short-CARE, conforme Tabela 1. ∗ A partir de agora utilizaremos os termos casos de depressão e idosos deprimidos para nos referirmos aos idosos identificados como possíveis casos de depressão. 49 Tabela 1 – Distribuição das variáveis trabalhadas. Variáveis Perguntas Solidão • Sempre se sente solitário. Tristeza • Tem se sentido triste ou deprimido no último mês. Tem se sentido triste ou deprimido por um período maior que poucas horas. Sente-se mais triste ou deprimido no início do dia. Sentiu vontade de chorar e chorou no último mês. Pouca disposição • Sente que está ficando mais lerdo ou com menos energia. Sente-se mais lerdo ou com menos energia no período da manhã. No último mês, tem estado com menos energia que de costume. No momento, sente falta de energia para fazer suas coisas no seu dia a dia. Pessimismo em relação ao futuro • Não menciona expectativas para o futuro Futuro descrito negativamente. Irritação • Sentiu-se mais irritado/zangado do que de costume no último mês. Fica chateado porque não sai de casa sempre que precisa ou quer sair. Auto-acusação • Arrepende-se sobre a vida e culpa-se sobre isso e não pensa no assunto no momento. Arrepende-se sobre a vida e culpa-se sobre isso e pensa bastante sobre o assunto. Idéias suicidas • No último mês, sentiu que viver não valia a pena. Rejeita suicídio. Pensamentos suicidas. Considerou o suicídio. Tentou o suicídio. Dor de cabeça • Teve dor de cabeça no mês passado. Insatisfação • No momento, sente que perdeu o interesse ou a satisfação pelas coisas. Perda de interesse causada por depressão/nervosismo Sente-se infeliz no momento Distúrbios do sono • Dificuldade para dormir devido à preocupação, ansiedade, depressão Distúrbios do apetite • Não tem se alimentado bem por estar deprimido/preocupado/nervoso 3.5 – Processamento e Análise dos Dados A partir do banco de dados original do censo da UnATI/UFPE, construiu-se um outro com os dados referentes à Seção VII- Saúde Mental, que é objeto deste estudo. O banco foi então digitado no Programa Epi Info 6 – Version 6.04b to c Upgrade – October 1997 – Now year 2000 Compliant. Após esta etapa, foi feito o escore de cada questionário dos 358 idosos, a partir da orientação do manual do instrumento, que especifica 50 quais perguntas são consideradas para o escore e o número de pontos atribuídos a cada uma delas (ver Tabela 2). A partir daí, classificamos cada idoso nas categorias correspondentes, a saber: sem depressão, depressão menor e depressão maior. Abaixo, apresentamos na Tabela 2 as perguntas pontuadas para o escore da escala de depressão. Tabela-2 Distribuição das perguntas pontuadas para a indicação de caso de depressão e do número de pontos atribuídos a cada uma delas, segundo a escala do Short-CARE. Nº 63a Sempre se sente solitário 64 64a Esteve preocupado durante o último mês Preocupa-se em relação a quase tudo 1 pt 1 pt 65b 66 Dificuldade para dormir devido à preocupação, ansiedade, depressão Teve dor de cabeça no mês passado 1 pt 1 pt 67a 68 Não tem se alimentado bem por estar deprimido/preocupado/nervoso Sente que está ficando mais lerdo(a) ou com menos energia 1 pt 1 pt 68a 68b Sente-se mais lerdo(a) ou com menos energia no período da manhã No último mês, tem estado com menos energia que de costume 1 pt 1 pt 68c 69 No momento, sente falta de energia para fazer suas coisas no seu dia a dia Sentiu-se mais irritado/zangado do que de costume no último mês 1 pt 1 pt 70a 71 Fica chateado porque não sai de casa sempre que precisa ou quer sair Tem se sentido triste ou deprimido no último mês 1 pt 1 pt 71a 71b Tem se sentido triste ou deprimido por um período maior que poucas horas Sente-se mais triste ou deprimido no início do dia 1 pt 1 pt 71c 72 Sentiu vontade de chorar e chorou no último mês No último mês, sentiu que viver não valia a pena 1 pt 1 pt 72b Pensou em fazer alguma coisa para acabar com sua vida Rejeita suicídio Perguntas Pensamentos suicidas Considerou o suicídio 73 Tentou o suicídio Arrepende-se sobre a vida e culpa-se sobre isso Não pensa no assunto no momento Pensa bastante sobre o assunto 74 Expectativas para o futuro Não menciona expectativas Nº de pontos 1 pt 1-4 pts 1 pt 2 pts 3 pts 4 pts 1-2pts 1 pt 2 pts 1-2 pts 1 pt 75 Futuro descrito negativamente No momento, sente que perdeu o interesse ou a satisfação pelas coisas 2 pts 1 pt 75a 76 Perda de interesse causada por depressão/nervosismo Sente-se infeliz no momento 1 pt 1 pt 51 Uma vez identificados os possíveis casos e não-casos de depressão, verificamos que a desproporção numérica entre estes poderia dificultar a análise dos resultados e também trazer fatores confundidores, como a variação etária, por exemplo. Assim, a etapa seguinte se constituiu em fazer o pareamento dos idosos na proporção de um para um, através de sorteio, do grupo de casos de depressão com os idosos do grupo sem depressão, por sexo e idade. Portanto, o pareamento é realizado entre participantes do mesmo sexo e da mesma idade. A partir daí, trabalhamos por faixa etária dos grupos pareados com um intervalo de 10 anos, agrupando, assim, as idades entre 60-69 anos e 70-79 anos. Essas duas faixas de idade são caracterizadas como idosos jovens e meio-idosos, respectivamente (VERAS, 1994). Para o autor, dividir idade cronológica nos idosos em subfaixas é importante para observar as diferenças entre elas. Através do Analysis do Epi-Info, pudemos verificar a freqüência das variáveis em estudo para o grupo de casos de depressão e o grupo sem depressão e relacioná-los. Posteriormente, com o grupo de casos de depressão verificamos a freqüência de cada variável relacionando-a por sexo e faixa etária. 4. RESULTADOS 53 4. RESULTADOS Neste capítulo, apresentamos os resultados do Censo realizado com 358 idosos da UnATI/UFPE, da Seção VII- de Saúde Mental, do instrumento BOAS, no que se refere à depressão. Para facilitar o entendimento dos resultados desta seção, é importante esclarecer alguns dados do grupo estudado, referentes à Seção I- de Informações Gerais, que tratam da situação pessoal e familiar dos idosos, e à Seção V, que investiga os Recursos Sociais. Dessas seções, destacamos as informações relativas a sexo, faixa etária, escolaridade, estado conjugal, arranjo domiciliar e renda. De acordo com Barreto (1999), quanto à distribuição de sexo, as mulheres (312) representam 87,15% do total e os homens (46), 12,85%. Em relação à faixa etária, a maioria dos idosos, 72,06%, encontram-se na faixa compreendida entre 60 e 69 anos. Quanto à escolaridade, praticamente 100,00% dos idosos são alfabetizados, encontrando-se 19,55%, com o primeiro grau completo, 33,52%, com 2º grau e 29,05%, com nível superior. Com relação ao estado conjugal, 39,40% dos idosos encontram-se viúvos, sendo a maioria mulheres, e 35,50%, casados, dos quais a maior parte são homens. No que se refere ao arranjo domiciliar, 52,89% dos idosos residem com duas a cinco pessoas; 24,02% residem com uma pessoa e 15,92% moram sós. Ainda em relação à renda, os idosos, em sua maioria, referem renda familiar entre 7 e 10 salários mínimos. A seguir, demonstraremos os resultados da seção de Saúde Mental. O Gráfico 1 refere-se à distribuição quanto à presença ou não de casos de depressão nos participantes da UnATI/UFPE. Os casos de depressão (86) representam 24,01% do total, enquanto o grupo sem depressão (272) representa 75,98%. 54 Gráfico 1 – Distribuição da freqüência dos 358 idosos, da UnATI/UFPE, em relação à depressão. Casos de depressão Sem depressão 24,01% 75,98% Quando estabelecemos relação dos casos de depressão por faixa etária e sexo, encontramos a maioria dos idosos, 57, ou seja, 66,28%, na faixa etária entre 60-69 anos. Observamos que, nas faixas de idade 60-69 anos e 70-79 anos, o número de mulheres com depressão predomina sobre o dos homens (Tabela 3). Tabela-3 Distribuição da freqüência dos 358 idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, de acordo com o sexo e faixa etária. Depressão Sem depressão N=86 N=272 Sexo Sexo Idade Masculino Feminino Masculino Feminino N % N % N % N % 60-69 5 8,77 52 91,23 27 14,06 165 85,93 70-79 2 6,90 27 93,10 10 13,51 64 86,48 80 __ __ __ __ 2 33,33 4 66,66 Dos 358 idosos estudados, 272, ou seja, 75,98% encontram-se no grupo sem depressão, 65, isto é, 18,15%, no grupo de depressão menor, e 21, ou seja, 5,86%, no grupo de depressão maior (Gráfico 2). 55 Gráfico 2 – Distribuição da frequência dos 358 idosos, da UnATI/UFPE, de acordo com a classificação de depressão menor e maior. 18,15% 75,98% 5,86% Depressão menor Depressão maior Sem depressão Relacionamos, na Tabela 4, a seguir, os idosos que compõem o grupo de casos de depressão maior e menor, quanto à distribuição dos percentuais positivos considerados para o escore de classificação de casos de depressão. 56 Tabela 4∗∗-Distribuição da relação dos 65 idosos com depressão menor e dos 21 idosos com depressão maior, relativa aos percentuais positivos considerados para o escore de classificação de casos de depressão. Pergunta Depressão lMenor Depressão Maior N nº Sempre se sente solitário- 1 pt N=40 16 40,00 % N=17 N 13 nº % Esteve preocupado durante o último mês-1 pt N=65 60 92,31 N=21 21 100,00 Preocupa-se em relação a quase tudo- 1 pt N=60 47 78,33 N=21 19 90,48 Dificuldade para dormir devido à preocupação, ansiedade, depressão- 1 pt N=30 17 56,67 N=14 13 99,86 Teve dor de cabeça no mês passado- 1 pt N=65 40 61,54 N=21 12 57,14 Não tem se alimentado bem por estar deprimido/preocupado/nervoso- 1 pt N=12 3 25,00 N=11 5 45,45 Sente que está ficando mais lerdo(a) ou com menos energia- 1 pt N=65 56 86,15 N=21 20 95,24 Sente-se mais lerdo(a) ou com menos energia no período da manhã- 1 pt N=56 13 23,21 N=20 6 30,00 No último mês tem estado com menos energia que de costume- 1 pt N=56 23 41,07 N=20 11 55,00 No momento sente falta de energia para fazer suas coisas no seu dia a dia- 1 pt N=56 33 58,93 N=20 17 85,00 Sentiu-se mais irritado/zangado do que de costume no último mês- 1 pt N=65 29 44,61 N=21 12 57,14 Fica chateado porque não sai de casa sempre que precisa ou quer sair- 1 pt N=01 1 100,00 N=7 Tem se sentido triste ou deprimido no último mês- 1 pt N=65 57 87,69 N=21 20 95,24 Tem se sentido triste ou deprimido por um período maior que poucas horas- 1 pt N=57 19 33,33 N=20 10 50,00 Sente-se mais triste ou deprimido no início do dia- 1 pt N=57 12 21,05 N=20 4 20,00 Sentiu vontade de chorar e chorou no último mês- 1 pt N=57 37 64,91 N=20 18 90,00 No último mês sentiu que viver não valia à pena- 1 pt N=65 8 12,31 N=21 15 71,43 N=13 10 76,93 76,47 7 100,00 Pensou em fazer alguma coisa para acabar com sua vida- 1-4 pts Rejeita suicídio- 1 pt N=5 5 100,00 Pensamentos suicidas- 2 pts - - - Considerou o suicídio- 3 pts - - - Tentou o suicídio- 4 pts - - - - N=13 1 7,69 - N=13 1 7,69 Arrepende-se sobre a vida e culpa-se sobre isso- 1-2pts Não pensa no assunto no momento- 1 pt N=65 11 16,92 N=21 5 23,81 Pensa bastante sobre o assunto- 2 pts N=65 17 26,15 N=21 10 47,61 Não menciona expectativas- 1 pt N=65 19 29,23 N=21 8 38,10 Futuro descrito negativamente- 2 pts N=65 15 23,07 N=21 7 33,33 No momento sente que perdeu o interesse ou a satisfação pelas coisas- 1 pt N=65 23 35,38 N=21 18 85,71 Perda de interesse causada por depressão/nervosismo- 1 pt N=23 8 34,78 N=18 15 83,33 Sente-se infeliz no momento- 1 pt N=65 5 7,69 N=21 13 61,90 Expectativas para o futuro- 1-2 pts Observamos que, ao relacionarmos os grupos de depressão menor e maior, quanto à faixa etária, encontramos a maior parte dos idosos, das duas faixas de idade, com depressão menor. Os resultados foram os seguintes: 44 deles, ou seja, 77,19%, na faixa etária entre 60-69 anos, e 21, isto é, 72,41%, na faixa etária entre 70-79 anos (Gráfico 3). ∗ As perguntas sombreadas de amarelo são derivadas das perguntas sem cor, imediatamente acima e especificadas com os números de pontos atribuídos. 57 Gráfico-3 Distribuição da freqüência dos 65 idosos, com depressão menor, e 21 idosos, com depressão maior, por faixa etária. 100 Depres s ão menor Depres s ão maior 77,19% 80 72,41% 60 40 27,58% 22,80% 20 0 60-69 70-79 Quando estabelecemos relação entre os grupos de depressão menor, depressão maior e sexo, observamos que dos 7 homens deprimidos (5) 71,43% estão no grupo de depressão menor e (2) 28,57% estão no grupo de depressão maior. Já as mulheres (60) 75,95% estão no grupo de depressão menor e (19) 24,05%, no grupo de depressão maior (Gráfico 4). Gráfico-4 Distribuição da freqüência dos 65 idosos, com depressão menor, e 21 idosos, com depressão maior, por sexo. Depres s ão menor 100 80 Depres s ão maior 75,95% 71,43% 60 40 28,57% 24,05% 20 0 Mas culino F eminino 58 4.1 - Resultados da Relação dos Grupos Pareados com as Variáveis Estudadas De agora em diante, mostraremos os resultados, por item, no grupo sem depressão e no grupo identificado como casos de depressão, com os idosos pareados 1 para 1, por idade e sexo, compondo uma amostra de 86 participantes em cada grupo. Saliente-se que serão ressaltadas, aqui, as perguntas consideradas para o escore de caso de depressão nos dois grupos. Dos idosos que referiram solidão, (29) 50,88%, dos casos de depressão, responderam sempre se sentirem solitários, e, no grupo sem depressão, o percentual foi de (7) 31,82% (Gráfico 5). Gráfico 5- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação à freqüência do sentimento de solidão. 80 68,18% 70 60 50,88% 49,12% 50 40 31,82% 30 20 10 0 Sempre Algumas Vezes Deprimidos Não-deprimidos A freqüência de idosos que referiram ter preocupação no último mês, foi de (81) 94,19%, no grupo de casos de depressão, e (57) 66,28%, no grupo sem depressão (Gráfico 6). 59 Gráfico 6- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação à presença de preocupação durante o último mês. Deprimidos 94,19% Não-deprimidos 100 80 66,28% 60 33,72% 40 5,81% 20 0 E s tiveram preocupados Não es tiveram preocupados Os dois itens a seguir derivam do número de idosos que responderam estarem preocupados no último mês, nos dois grupos. Foi perguntado inicialmente com que tipo de coisas os idosos se preocuparam durante o último mês. Dos respondentes, nos dois grupos, a maioria referiu preocupação com a família, apresentando este resultado: (37) 55,22%, no grupo de depressão, e (21) 52,50%, no grupo sem depressão (Tabela 5). Tabela 5- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, apontados como casos de depressão e sem depressão, com relação a situações com que se preocuparam durante o último mês. Situações de Casos de depressão Sem depressão Preocupações N=67 N=40 Freq % Freq % Família 37 55,22 21 52,50 Finanças 19 28,36 10 25,00 Saúde/Doença 4 5,97 6 15,00 Violência/Segurança 1 1,49 __ __ Amigos/Vizinhos 1 1,49 2 5,00 Outros 5 7,46 1 2,50 Complementando a pergunta anterior, os idosos foram questionados sobre se diriam que se preocupam em relação a quase tudo. No grupo de casos de depressão, (66) 81,48% 60 disseram que se preocupam em relação a quase tudo, e, no grupo sem depressão, o resultado foi de (31) 54,39% (Gráfico 7). Gráfico 7- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se preocuparem com quase tudo. Não-deprimidos Deprimidos Não s e preocupam com quas e tudo 45,61% 18,52% 54,39% P reocupams e com quas e tudo 81,48% 0 20 40 60 80 100 Com relação aos idosos que apresentam dificuldade para dormir, perguntou-se se essa dificuldade era causada por preocupação ou ansiedade, depressão ou pensamento depressivo. Do grupo com depressão, (30) 68, 18% responderam terem dificuldade para dormir devido a preocupação ou ansiedade, depressão ou pensamento depressivo e, do grupo sem depressão, (9) 50,00% também responderam positivamente a essa pergunta (Gráfico 8). Gráfico 8- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação à dificuldade para dormir, causada por preocupação ou ansiedade, depressão ou pensamento depressivo. Deprimidos 68,18% Não-deprimidos 70 60 50,00% 50,00% 50 40 31,82% 30 20 10 0 P reoc/ans ied/depres Outros motivos 61 Dos idosos que referiram dor de cabeça, (52) 60,47% estavam entre os deprimidos e apenas (19) 22,09% entre os não-deprimidos (Gráfico 9). Gráfico 9- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação à presença de dor de cabeça no mês passado. Deprimidos 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Não-deprimidos 77,91% 60,47% 39,53% 22,09% Tiveram dor de cabeça Não tiveram dor de cabeça Os idosos que referiram não terem se alimentado bem no último mês foram questionados quanto ao motivo de não estarem alimentando-se bem. A freqüência de idosos que responderam não estarem se alimentando bem por falta de apetite ou por estarem deprimidos/preocupados/nervosos foi de (8) 34,78%, nos casos de depressão, e (2) 22,22%, no grupo sem depressão (Tabela 6). Tabela 6- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação ao motivo de não estarem alimentando-se bem no último mês. Motivos de não se Casos de depressão Sem depressão alimentarem bem N=23 N=9 Freq % Freq % 8 34,78 2 22,22 Outras razões 14 60,87 7 77,78 N.S./N.R.* 1 4,34 __ __ Falta de apetite ou por depressão *N.S./N.R. (Não sabe ou não respondeu) O percentual de idosos que referiram que estavam ficando mais lerdos ou com menos energia foi de (76) 88,37%, no grupo com depressão, e (47) 54,65%, no grupo sem depressão (Gráfico 10). 62 Gráfico 10- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação à sensação de estarem ficando mais lerdos ou com menos energia. Deprimidos 88,37% 100 Não-deprimidos 80 45,35% 54,65% 60 40 11,63% 20 0 s entem-s e mais lerdos Não s e s entem mais lerdos Os três itens a seguir derivam do número de idosos que responderam estarem ficando mais lerdos ou com menos energia, nos dois grupos. No primeiro item, foi questionado se, em alguma hora do dia, os idosos se sentiam mais lerdos ou com menos energia. No grupo de deprimidos, (19) 25,00% referiram sentirem-se mais lerdos, com menos energia, no período da manhã, e (9) 19,15% no grupo de não-deprimidos (Tabela 7). Tabela 7- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação à hora do dia em que se sentem mais lerdos ou com menos energia. Período do dia Casos de depressão Sem depressão N=76 N=47 Freq % Freq % Manhã 19 25,00 9 19,15 Outros períodos 55 72,37 38 80,85 N.S./N.R.* 2 2,63 __ __ *N.S./N.R. (Não sabe ou não respondeu) No segundo item, foi perguntado se, no último mês, os idosos tinham estado com menos energia ou como de costume. A proporção de idosos que referiram que tinham estado com menos energia foi de (34) 44,74% entre os casos de depressão e (13) 27,66% entre o grupo sem depressão. (Gráfico 11). 63 Gráfico 11- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se, no último mês, tem estado com menos energia ou como de costume. Deprimidos Não-deprimidos 72,34% 80 70 60 50 40 30 20 10 0 55,26% 44,74% 27,66% Menos energia Como de costume ou mais No terceiro item, foi questionado se, naquele momento da entrevista, os idosos sentiam falta de energia para fazer suas coisas no seu dia-a-dia. No grupo classificado como casos de depressão, (50) 65,79% responderam que sentiam falta de energia para fazer suas coisas no seu dia-a-dia, e apenas (14) 29,79% responderam positivamente a essa pergunta no grupo sem depressão (Gráfico 12). Gráfico 12- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se, atualmente, sentem falta de energia para fazer suas coisas no dia-a-dia. 70,21% Não s entem falta de energia 34,21% Não-deprimidos Deprimidos 29,79% S entem falta de energia 65,79% 0 20 40 60 80 O percentual de idosos que referiram sentirem-se mais irritados ou zangados do que de costume foi de (41) 47,68%, no grupo de casos de depressão, e (15) 17,44%, no grupo sem depressão (Gráfico 13). 64 Gráfico 13- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se, durante o último mês, se sentiram mais irritados/zangados do que de costume. Deprimidos Não-deprimidos 100 82,56% 80 52,32% 47,68% 60 40 17,44% 20 0 Sentiram-s e mais irritados Não s e s entiram mais irritados Aos idosos que referiram não saírem de casa sempre que precisam ou querem sair, foram questionados em relação a como se sentiam a respeito. A freqüência de idosos que disseram ficar chateados ou aborrecidos foi de (8) 100% nos casos de depressão e (2) 40%, no grupo sem depressão (Tabela 8). Tabela 8- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a como se sentem quando não saem de casa, sempre que precisam ou querem sair. Como se sente Casos de depressão Sem depressão N=8 N=5 Freq % Freq % Chateado/aborrecido 8 100 2 40 Não se sente __ __ 3 60 chateado/aborrecido A proporção de idosos que responderam sentirem-se tristes ou deprimidos foi de (77) 89,53%, no grupo classificado como casos de depressão, e (22) 25,58%, no grupo sem depressão (Gráfico 14). 65 Gráfico 14- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a terem-se sentido tristes ou deprimidos durante o último mês. Deprimidos 100 Não-deprimidos 89,53% 74,42% 80 60 25,58% 40 10,47% 20 0 S entiram-s e deprimidos Não s e s entiram deprimidos Os três itens a seguir terão como referência o número dos idosos que responderam que se sentiram tristes ou deprimidos durante o último mês, nos dois grupos. No que se refere ao primeiro item, os idosos foram questionados se se sentiam tristes ou deprimidos, por um período de apenas poucas horas (ou menos) ou por mais tempo. No grupo classificado como casos de depressão, (29) 37,66% sentiam-se tristes ou deprimidos por um período maior que poucas horas e apenas (5) 22,73%, dos idosos sem depressão, responderam positivamente a essa pergunta (Gráfico 15). Gráfico 15 - Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se sentirem tristes ou deprimidos, por um período de apenas poucas horas (ou menos) ou por mais tempo. Deprimidos 100 Não-deprimidos 77,27% 80 62,34% 60 40 37,66% 22,73% 20 0 P erí odo maior P erí odo menor 66 Com relação ao segundo item, os idosos foram perguntados sobre, quando se sentem tristes ou deprimidos, a que horas do dia se sentem pior. A proporção de idosos que disseram ser pior no início do dia foi de (16) 20,78%, no grupo de depressão, e (1) 4,55% no grupo sem depressão (Tabela 9). Tabela 9- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a quando se sentem tristes ou deprimidos, a que horas do dia se sentem pior. Período do dia Casos de depressão Sem depressão N=77 N=22 Freq % Freq % Início do dia 16 20,78 1 4,55 Outros períodos 58 75,32 7 95,45 N.S./N.R.* 3 3,89 __ __ *N.S./N.R. (Não sabe ou não respondeu) Quanto ao terceiro item, os idosos foram questionados se sentiam vontade de chorar e se choraram no último mês. O percentual de idosos que responderam sentirem vontade de chorar e choraram foi (55) 71,43%, nos casos de depressão, e (7) 31,82%, no grupo sem depressão (Gráfico 16). Gráfico 16 - Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a sentirem vontade de chorar e terem chorado no último mês . 68,18% Não choraram 28,57% Não-deprimidos Deprimidos 31,82% Choraram 71,43% 0 20 40 60 80 Em relação à pergunta se alguma vez, durante o último mês, os idosos sentiram que viver não valia a pena, constatou-se que, no grupo de casos de depressão, (23) 26,74% sentiram que viver não valia a pena e (63) 73,26% não sentiram que viver não valia a pena. Já no grupo sem depressão, (86) 100% não sentiram que viver não valia a pena. 67 Dos 23 idosos que sentiram que viver não valia a pena, do grupo de casos de depressão, (18) 78,26% idosos referiram que, no último mês, alguma vez, sentiram que seria melhor estarem mortos. Esses 18 idosos foram questionados se pensaram em fazer alguma coisa para acabar com suas vidas. Desses, (15) 83,33% rejeitam suicídio, (1) 5,55% consideraram seriamente um método de suicídio, mas não o puseram em prática, (1) 5,55% tentaram suicídio e (1) 5,55% não sabiam ou não responderam. A freqüência de idosos que se arrependem, culpam-se, mas atualmente não pensam no assunto foi de (16) 18,60%, no grupo de deprimidos, e (10) 11,62% no grupo de nãodeprimidos. Já os idosos que se arrependem, culpam-se e pensam bastante no assunto apresentaram um percentual de (27) 31,39%, no grupo de deprimidos e apenas (4) 4,65% no grupo de não- deprimidos (Tabela 10). Tabela 10- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se tiveram algum arrependimento nos anos anteriores de suas vidas Presença de Casos de depressão Sem depressão arrependimento N=86 N=86 Freq % Freq % Sem arrependimento 32 37,21 55 63,95 Arrepende-se/não se 10 11,62 17 19,77 16 18,60 10 11,62 27 31,39 4 4,65 1 1,16 __ __ culpa Arrepende-se/culpase/não pensa Arrepende-se/culpase/pensa bastante N.S./N.R.* *N.S./N.R. (Não sabe ou não respondeu) Em relação aos idosos que referiram arrependimento, observamos que a maioria coloca como motivo de arrependimento a pouca qualidade de suas relações matrimoniais ou a ausência destas, apresentando o percentual de (14) 37,83%, no grupo de deprimidos, e (7) 38,88% no grupo de não-deprimidos (Tabela 11). 68 Tabela 11- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação aos motivos de arrependimento. Motivos de arrependimento Casos de depressão Sem depressão N=37 N=17 Freq % Freq % 14 37,83 7 38,88 Não ter estudado/trabalhado 8 21,62 5 27,77 Família 6 16,21 1 5,55 Outros Motivos 9 24,32 5 27,77 Baixa qualidade/ausência de matrimônio A proporção de idosos que não mencionam expectativas mas também não referem nenhuma afirmação negativa foi de (27) 31,40%, no grupo de casos com depressão, e (19) 22,09%, no grupo sem depressão. Quanto aos idosos que descrevem o futuro negativamente, amedrontador ou insuportável, observamos o percentual de (22) 25,58%, no grupo de casos com depressão e (7) 8,14% no grupo sem depressão (Gráfico 17). Gráfico 17 - Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação ao futuro, como se sentem e quais são suas expectativas. Deprimidos 100 80 60 Não-deprimidos 69,77% 43,02% 31,40% 40 22,09% 25,58% 8,14% 20 0 Menciona expectativas e pens a no futuro Não menciona O futuro é des crito expectativas /não negativamente refere afirmação negativa A freqüência de idosos que referiram, no momento da entrevista, sentirem perda de interesse ou satisfação pelas coisas, foi (41) 47,67%, no grupo de casos de depressão, e (5) 5,81%, no grupo sem depressão (Gráfico 18). 69 Gráfico 18 - Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se atualmente sentem que perderam o interesse ou a satisfação pelas coisas Deprimidos 94,19% Não-deprimidos 100 80 60 47,67% 52,33% 40 5,81% 20 0 S entem perda de interes s e Não s entem perda de interes s e Com relação aos idosos que referiram, no momento da entrevista, sentirem que perderam o interesse ou a satisfação pelas coisas, questionou-se sobre o que acreditavam ser a causa de suas respostas. Observamos que os idosos que referiram perda de interesse causada por depressão ou nervosismo, apresentaram um percentual de (23) 56,10%, no grupo com depressão, e (2) 40%, no grupo sem depressão (Gráfico 19). Gráfico 19 - Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação ao que eles acreditam ser a causa da perda de interesse ou a satisfação pelas coisas Deprimidos 100 Não-deprimidos 80 60 60,00% 56,10% 43,90% 40,00% 40 20 0 Depres s ão Outros motivos O percentual de idosos que disseram não se sentirem felizes no momento da entrevista foi (13) 15,12%, no grupo de casos com depressão, e (3) 3,49%, no grupo sem depressão (Gráfico 20). 70 Gráfico 20- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se sentirem felizes no momento da entrevista. Deprimidos 96,51% 100 Não-deprimidos 84,88% 80 60 40 15,12% 3,49% 20 0 S entem-s e felizes Não s e s entem felizes 4.2 - Resultados do Grupo de Depressão em Relação à Freqüência das Variáveis por Sexo e Faixa Etária. Chama a atenção o resultado do questionário, pois, ao relacionarmos os idosos deprimidos, que referiram sentirem-se sempre solitários, de acordo com o sexo e o estado conjugal, observamos que, dos homens, ou seja, (3) 75,00% deles eram casados e (1) 25,00% divorciados, enquanto que, entre as mulheres, (12) 48,00% eram viúvas, (7) 28,00%, casadas, (3) 12,00% nunca casaram e (3) 12,00%, divorciadas. A Tabela 12 apresenta a relação entre o grupo de casos de depressão com a freqüência das variáveis pontuadas, por sexo e faixa etária. É importante ressaltar que a freqüência de algumas variáveis, por sexo e faixa etária mostram-se insuficientes para a análise. Apresentamos, aqui, alguns aspectos consideráveis nesta relação. É marcante a presença de preocupação, no último mês, referida por todos os idosos, (29) 100%, na faixa etária entre 70-79 anos e, de acordo com o sexo, todos, isto é, (7) 100% eram homens . Podemos verificar que um elevado percentual, (12) 41,38% dos idosos deprimidos,que se encontram na faixa etária entre 70-79 anos, apresentam dificuldade para dormir devido à depressão. 71 Dos idosos deprimidos que responderam não estarem alimentando-se bem por se encontrarem deprimidos/preocupados/nervosos, quando estabelecemos relação com sexo, observamos que (8) 100,00% deles eram mulheres. Em relação aos idosos sentirem falta de energia para fazer suas coisas no dia-a-dia, verificamos que a grande maioria se encontra na faixa etária entre 60-69 anos, refletindo um percentual de (35) 70%. É importante salientar, ainda, a freqüência de 100% dos homens referirem tristeza ou depressão. Dos idosos deprimidos que disseram sentirem vontade de chorar, grande parte deles eram mulheres (52) 65,82%. Tabela 12 - Distribuição da relação dos 86 idosos classificados como casos de depressão, relativa à frequência das perguntas consideradas para a classificação de casos de depressão, por sexo e faixa etária Faixa Etária Pergunta 60-69 Freq. Sexo 70-79 % Freq. Homem Freq. % % Mulher Freq. % Sempre se sente solitário- 1 pt 18 31,57 11 37,93 4 57,14 25 31,64 Esteve preocupado durante o último mês-1 pt 52 91,22 29 100,00 7 100,00 74 93,67 Preocupa-se em relação a quase tudo- 1 pt 44 77,19 22 75,86 5 71,42 61 77,21 Dificuldade para dormir devido à preocupação, ansiedade, depressão- 1 pt 19 33,33 11 37,93 2 28,57 28 35,44 Teve dor de cabeça no mês passado- 1 pt 34 59,65 18 62,06 3 42,85 49 62,02 Não tem se alimentado bem por estar deprimido/preocupado/nervoso- 1 pt 6 10,52 2 6,89 - - 8 10,12 Sente que está ficando mais lerdo(a) ou com menos energia- 1 pt 51 73,91 25 86,20 6 85,71 70 96,20 Sente-se mais lerdo(a) ou com menos energia no período da manhã- 1 pt 13 22,80 6 20,68 1 14,28 18 22,78 No último mês tem estado com menos energia que de costume- 1 pt 23 40,35 11 37,93 4 57,14 30 37,97 No momento sente falta de energia para fazer suas coisas no seu dia a dia- 1 pt 35 70,00 15 30,00 4 57,14 46 58,22 Sentiu-se mais irritado/zangado do que de costume no último mês- 1 pt 27 47,36 14 48,27 3 42,85 38 48,10 Fica chateado porque não sai de casa sempre que precisa ou quer sair- 1 pt 6 10,52 2 6,89 1 14,28 7 8,86 Tem se sentido triste ou deprimido no último mês- 1 pt 53 92,98 24 82,75 7 100,00 70 88,60 Tem se sentido triste ou deprimido por um período maior que poucas horas- 1 pt 18 31,57 11 37,93 3 42,85 26 32,91 Sente-se mais triste ou deprimido no início do dia- 1 pt 12 21,05 4 13,79 1 14,28 15 18,98 Sentiu vontade de chorar e chorou no último mês- 1 pt 38 66,67 17 58,62 3 42,85 52 65,82 No último mês sentiu que viver não valia à pena- 1 pt 14 24,56 9 31,03 2 28,57 21 26,58 10 17,54 5 17,24 1 14,28 14 18,98 Pensou em fazer alguma coisa para acabar com sua vida- 1-4 pts Rejeita suicídio- 1 pt Pensamentos suicidas- 2 pts - - - - - - - - Considerou o suicídio- 3 pts - - 1 3,44 - - 1 1,26 Tentou o suicídio- 4 pts 1 1,75 - - - - 1 1,26 Não pensa no assunto no momento- 1 pt 10 17,54 6 20,69 1 14,28 15 18,98 Pensa bastante sobre o assunto- 2 pts 18 31,57 9 31,03 3 42,85 24 30,38 Não menciona expectativas- 1 pt 14 24,56 13 44,82 4 57,14 23 29,11 Futuro descrito negativamente- 2 pts 12 21,05 10 34,48 1 14,28 21 26,58 No momento sente que perdeu o interesse ou a satisfação pelas coisas- 1 pt 24 42,10 17 58,62 3 42,85 38 48,10 Perda de interesse causada por depressão/nervosismo- 1 pt 15 26,31 8 27,58 3 42,85 20 25,31 Sente-se infeliz no momento- 1 pt 10 17,54 3 10,34 3 42,85 10 12,65 Arrepende-se sobre a vida e culpa-se sobre isso- 1-2pts Expectativas para o futuro- 1-2 pts 5. DISCUSSÃO 74 5. DISCUSSÃO Apresentamos a discussão dos resultados, de acordo com os objetivos propostos, comentando os achados que julgamos relevantes neste estudo. É importante ponderarmos que, apesar de a população estudada viver nas suas respectivas comunidades, trata-se de um grupo particular de idosos que freqüenta um programa de Universidade Aberta à Terceira Idade, não caracterizando todos os aspectos que envolvem a depressão nos idosos na comunidade em geral. Contudo, tentar compreender a relação da depressão e envelhecimento nesse universo particular, através do método escolhido, como se pretende aqui, também implica lidar com a diversidade de experiências que o envelhecimento demanda, procurando-se, quando possível, ampliar suas fronteiras. Segundo Tavares Júnior (1994) e Cohen (1997), a maioria das pesquisas realizadas em comunidades apontam um percentual de, cerca de, 15% a 20% de idosos com depressão. Neste estudo, a presença de 86 casos de depressão entre os 358 idosos entrevistados representa um percentual de 24,01% de casos de depressão. Tal resultado é considerado alto em relação aos estudos internacionais realizados em comunidade com idosos, também utilizando escalas para diagnosticar depressão. Tanto é assim que Prince et al. (1998), em Londres, encontraram uma prevalência de depressão de 17,7% e Livingston et al. (2000), também na Inglaterra, encontraram um percentual de 10% de depressão. Essas diferenças de percentuais de depressão das pesquisas internacionais comparadas com o resultado do nosso estudo podem, talvez, ser atribuídas às diferentes escalas utilizadas para diagnosticar depressão, a alguns problemas metodológicos, ou ainda, às possíveis diferenças sócio-demográficas que cada país comporta (LIMA, 1999). Observamos que o presente estudo mostra um percentual de depressão nos idosos bastante semelhante a estudos realizados no Brasil, como o de Veras (1994)∗, que utilizou a escala da Seção de Saúde Mental do BOAS em condições sócio-culturais similares. Essa ∗ Sempre que for citado Veras (1994), refere-se ao seu estudo realizado no Rio de Janeiro, utilizando o BOAS para verificar depressão na população idosa. 75 semelhança vale principalmente para o bairro de Copacabana, um entre os três bairros que foram trabalhados no Rio de Janeiro, cujo resultado foi de 22,6% de depressão. O que provavelmente se deve às características análogas que nossa população guarda em específico com as desse bairro, onde a maioria dos idosos encontra-se na faixa etária entre 60-69 anos e são mulheres, grande parte com escolaridade até o segundo grau, em sua maioria, casados ou viúvos. Apesar da situação econômica privilegiada, a qualidade da infra-estrutura médico-social de que dispõem se mostra ainda precária. Embora os resultados da maioria dos estudos em relação à alta prevalência de depressão em idade avançada comparada a faixas etárias mais jovens sejam ainda inconclusivos, é importante sempre ressaltar que a depressão é um dos distúrbios psiquiátricos mais importantes na população envelhecida (VERAS, 1994; KIRBY, 1997; BARRETO, 1999; BLAIR-WEST, 1999). Nos percentuais relativos a sexo, tanto no grupo de deprimidos quanto no grupo de não deprimidos, encontramos as mulheres apresentando-se em maioria com relação aos homens. Esse achado se deve provavelmente ao que muitos autores, como Veras (1995), Peixoto (1997) e Debert (1999), colocam como a feminização do envelhecimento, razão porque observamos um maior número de mulheres idosas freqüentando Programas de Universidades Abertas à Terceira Idade, parecendo ser esta uma realidade comum entre esses programas no Brasil (Sant’Anna, 1997). Talvez seja por isso que, no grupo de deprimidos, o percentual do sexo feminino se mostra ainda maior. Assim, comparando com outros estudos de depressão, em relação a sexo, em idosos na comunidade, observamos semelhanças com os estudos internacionais de Cacciatore et al. (1997), na Itália,e de Wu et al. (2000), nos Estados Unidos, e com os estudos brasileiros realizados por Veras (1994) no Rio de Janeiro, e Ramos (1998), em São Paulo. Essas pesquisas encontraram que as pessoas idosas do sexo feminino eram mais acometidas por depressão. Para George (1999), evidências sugerem que diferenças relativas a sexo na depressão podem reduzir-se basicamente à população idosa. Segundo Hayflick (1997), as mulheres chegam a idades mais avançadas acompanhadas por uma maior incidência de doenças crônicas, entre elas, a depressão. Isso implica que o aumento da longevidade das mulheres significa mais tempo para sofrer dessas doenças. Embora neste estudo não tenha sido verificada a relação de saúde física e depressão, Veras (1994) sugere que um maior comprometimento da saúde física nas 76 mulheres idosas pode está relacionado com o aparecimento mais freqüente de depressão nesse grupo. Outro aspecto relevante que talvez possamos atribuir ao elevado percentual de mulheres deprimidas, neste estudo, é o fato de a maioria serem viúvas, enquanto grande parte dos homens idosos são casados. Em estudo desenvolvido por Schovers et al. (2000), foi verificado que ser casado diminuía o risco da depressão, e casamento era um fator protetor para depressão, especificamente para os homens idosos, confirmam Prince et al. (1998). Neste estudo, observamos que quando relacionamos os casos de depressão com a faixa etária, encontramos que grande parte dos idosos deprimidos estavam no grupo de idade entre 60-69 anos, guardando semelhanças com o estudo realizado por Henderson et al. (1999). Usando o DSM III para diagnosticar depressão em idosos, onde verificaram que depressão não aumentava com a idade e sim com a saúde física precária e incapacidade. Resultado semelhante foi obtido por Roberts et al. (1997), em estudo com idosos na comunidade. Para Stoppe et al. (1998), o aumento de depressão com o avançar da idade pode estar relacionado com os fatores psicossociais associados ao envelhecimento e não ao fator idade isoladamente. Quando relacionamos os idosos deprimidos, de acordo com a faixa etária e sexo, observamos que a presença de mulheres idosas é alta e proporcional, na faixa de idade entre 60-69 e 70-79, em relação aos homens idosos. Estudos realizados por Rozzini et al. (1997) e Cacciatore et al.(1998) chegaram a resultados semelhantes, porém essa diferença era menor em idades mais avançadas. Dos idosos identificados como casos de depressão, a maioria apresenta depressão menor. Em consonância com esse resultado, Veras (1994), Cacciatore et al.(1998) e Chong et al. (2001), em estudos na comunidade, encontraram uma maior prevalência de depressão menor na população envelhecida. Em relação ao primeiro estudo, chama a atenção a semelhança dos percentuais encontrados para depressão maior e depressão menor, com os encontrados neste estudo, também para o bairro de Copacabana, possivelmente por todas as considerações já referidas anteriormente. Dados epidemiológicos confirmam que a freqüência de depressão maior na velhice é mais baixa que em outras faixas etárias (VERAS, 1994; BLAZER et al. 1999; DUBINI, 2001). Para Stoppe et al.(1998), com o envelhecimento, há aumento de sintomas de motivação (anedonia, redução de energia, 77 alterações psicomotoras, dificuldades de concentração e do pensar), mas o mesmo não ocorre com os sintomas do humor (disforia, alterações do apetite, culpa, desejo de morte e pensamentos suicidas). De acordo com o autor, este achado pode explicar o aumento de sintomas depressivos nos idosos com diminuição do diagnóstico de depressão maior, que para ser detectada necessita da presença dos sintomas de motivação e humor. Quando relacionamos, neste estudo, depressão maior e menor com sexo, encontramos percentuais proporcionais para os dois sexos. Todavia, para Henderson et al. (1993), apud George (1999), em suas pesquisas identificaram percentuais mais altos de depressão menor entre mulheres idosas do que em homens idosos, mas nenhuma diferença de sexo foi encontrada para depressão maior. Enquanto Kawamoto et al. (1999) observaram que entre os idosos que vivem na comunidade, as mulheres idosas apresentam um elevado percentual de depressão maior. Ao relacionarmos depressão maior e menor com faixa etária, no presente estudo, encontramos, nesses dois grupos, a maioria dos idosos na faixa etária entre 60-69. No entanto, para o grupo de depressão maior, observamos um leve aumento na faixa etária entre 70-79. Embora não tenhamos subsídios suficientes para explicar esse achado, parece provável que o aumento de depressão maior, nessa faixa de idade mais avançada, obedeça ao mesmo critério para uma maior presença de depressão nos idosos, possivelmente associada à elevada freqüência de deficiências físicas e sociais, que eventualmente acompanham o processo de envelhecimento, mais do que pela idade em si (STOPPE et al., 1998; HENDERSON et al., 1999). É relevante o percentual de idosos que referem freqüente sentimento de solidão, tanto no grupo de deprimidos quanto no grupo de não-deprimidos, porém, no grupo de casos de depressão, esse percentual é levemente mais alto. Esse achado encontra suporte na literatura, quando Mann (2001) sugere a presença de uma nítida associação entre isolamento e depressão. Para Beekman (2001), solidão era o único fator associado à persistência de depressão na população envelhecida. Segundo Capitanini (2000) a solidão não é um estado natural e permanente nos idosos, mas o sentimento a seu respeito está presente em muitos relatos deles. De acordo com a autora, solidão é entendida como um estado emocional constituído por isolamento, 78 tristeza, apatia e insatisfação de vida. A experiência de solidão pode ser de isolamento social, implicando escassez de relacionamentos significativos e satisfatórios, e isolamento emocional, referindo-se ao modo como os idosos se sentem em relação a eles mesmos e aos relacionamentos que mantêm. McCall et al. (2001), em estudo com idosos, observaram basicamente que não ter alguém com quem compartilhar os problemas e os eventos agradáveis constitui importante causa de depressão. Para Capitanini (2000),a urbanização, a moradia em apartamentos e a violência urbana a que todos estamos expostos contribuem para o isolamento dos idosos, privando-os de contatos sociais primários, com parentes, vizinhos, amigos e pessoas afetivamente significativas, assim como, eventos de vida, como viuvez, aposentadoria, saída dos filhos de casa, morte de parentes ou amigos, separação conjugal, entre outros, podem causar solidão. Para Berquó (1999) e Capitanini (2000), embora não existam dados conclusivos sobre a relação de sexo e solidão, alguns fatores como o aumento do percentual de mulheres que se tornam independentes devido ao trabalho, adiando, dessa forma, o casamento e diminuindo o número de filhos, e a maior longevidade delas, contribuem para uma crescente viuvez e, como é pequena a quantidade de viúvas que casam novamente, aumenta a chance de ficarem sozinhas na velhice. Em contrapartida, os homens idosos e viúvos casam-se com mais facilidade e com mulheres mais jovens. No entanto, no nosso estudo, quando relacionamos solidão e sexo, mesmo considerando o pequeno número de homens deprimidos que sempre sentiam solidão, esse achado chamou a atenção, uma vez que a maioria dos homens eram casados, apresentando menores possibilidades de terem depressão, provavelmente devido à pequena chance de se sentirem solitários (PRINCE et al., 1998; SCHOVERS et al., 2000). Nesse grupo, solidão pode estar mais relacionada com o isolamento emocional, quando é possível que a qualidade de relações desses homens seja insatisfatória. Segundo estudo longitudinal realizado por Kivelä (1994), as relações emocionais pobres com as esposas foram preditivas positivas para os homens idosos desenvolverem depressão. Também para Cagnon et al. (1999), problemas matrimoniais apresentam uma significativa associação com depressão. Quanto à pergunta sobre a presença de preocupação nos idosos entrevistados, observamos um percentual bastante elevado e associação significante de idosos deprimidos 79 que referiram estarem preocupados. Quando relacionamos com a faixa etária, todos que estavam no grupo entre 70-79 anos referiram preocupação. No estudo de Veras (1994), também foi encontrado um percentual elevado de preocupação nos idosos, sobre a qual foi levantada a hipótese de ser o alto grau de violência a causa dessa preocupação. No nosso caso, o que mais preocupa os idosos são as suas famílias, porém é importante considerar que, de uma forma geral, preocupação com a família pode incluir aspectos como saúde, finanças e violência, quando, por exemplo, os idosos referem que estão preocupados com o desemprego de um filho, saúde de um neto e segurança de uma filha. Para Debert (1999) a família desempenha um papel fundamental na assistência à população envelhecida. Para esta autora, é provável que por ser a família, em nosso país, extremamente valorizada culturalmente, principalmente para estes idosos estudados, implica que qualquer evento que aconteça dentro da família, ele causará mudança no equilíbrio dessa população, sendo suficiente para provocar sentimentos de preocupação, tristeza e impotência . Possivelmente o fato de os idosos pertencentes à faixa etária de 70-79 anos, terem referido, em sua totalidade, preocupação, seja porque, com o passar do tempo, os idosos se tornam mais suscetíveis aos problemas de saúde, dificuldades financeiras, perdas afetivas e sociais, aumentando, conseqüentemente, a necessidade de assistência nessas várias áreas. Considerando que no Brasil as condições sociais e de saúde são precárias, e que, apesar de dispor de políticas públicas direcionadas à população envelhecida, como a Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso (BRASIL, 1994) e a Política Nacional de Saúde do Idoso (PSNI) (BRASIL, 1999), com o objetivo de assegurar a assistência à saúde, educação, trabalho, habitação, lazer entre outros, podemos verificar que alguns programas de saúde, educacionais e de lazer estão sendo desenvolvidos, ainda de forma isolada, em algumas Regiões. E também não asseguram de forma ampla o atendimento às demandas sociais e de saúde da população envelhecida, deixando-a numa situação de extrema vulnerabilidade em relação ao apoio do Estado. Sendo assim, a maioria dessas responsabilidades são transferidas para o próprio idoso e para a família, fazendo aumentar essa relação de dependência com o avançar dos anos (VERAS, 1994; DEBERT, 1999). 80 Um ponto importante a ser levantado é a questão do sono no processo de envelhecimento. Segundo Hayflik (1997) e Blazer (1999), pessoas mais velhas passam mais tempo deitadas na cama à noite sem conseguir dormir ou tentando dormir, e por conseguinte, referem perda de sono. De acordo com Tavares Júnior (1989) e Hayflik (1997), uma queda na quantidade total do sono faz parte das mudanças que ocorrem no envelhecimento, como também o aumento do número de vezes que as pessoas idosas acordam depois de iniciar o sono.Os autores sugerem que a profundidade do sono diminui à medida que envelhecemos. As alterações do sono tanto podem ser próprias do processo de envelhecimento, como podem ocorrer acompanhadas de patologias. Para Cohen (1997), os distúrbios do sono, em particular, parecem ser um dos primeiros sinais de depressão. De acordo com Tavares Júnior (1989), cerca de 80% dos idosos deprimidos apresentam alguma forma de insônia, sendo esta a queixa somática mais freqüente entre os idosos deprimidos. Segundo o autor, a insônia pode ser caracterizada pela dificuldade para dormir como também pelo despertar precoce, duas horas antes do habitual, quando os idosos experimentam um difícil período de ruminação de sentimentos dolorosos. No presente estudo, grande parte dos idosos deprimidos referem apresentar dificuldade para dormir devido à depressão, sendo observado que, no grupo de 70-79 anos, o percentual é maior em relação ao grupo de 60-69anos. Esse aumento do percentual de insônia no grupo de idade mais avançada é consonante com as afirmações de Tavares Júnior (1989) e Hayflik (1997) e coincide com um maior percentual de idosos classificados com depressão maior. Para Galindo (1994), alguns fatores devem ser considerados em relação à dor na população envelhecida, em que o processo de envelhecimento pode provocar alterações da percepção da dor, implicando respostas menos intensas e mais lentas, como também pode gerar dificuldades para discriminação e localização da dor, aspectos importantes para um diagnóstico clínico satisfatório de patologias nos idosos. Outro aspecto, ainda colocado pelo autor, é a forma como a dor afeta a homeostase nos idosos, levando em conta que eles apresentam diminuição da capacidade funcional de reserva de todos os sistemas. Segundo Hayflick (1997), essa capacidade de reserva é a energia que guardamos em nosso organismo para ser usada em situações de grande estresse. Como a dor impõe ao 81 organismo grande demanda dessa reserva, pode descompensar frágeis equilíbrios em sistemas anteriormente alterados e possivelmente não relacionados com o agravo inicial que provocou a dor. Livingston et al. (2000) estudaram a dor, de uma forma geral, na população envelhecida, verificando em seus achados que a dor impele os idosos a procurarem os serviços médicos, onde a dor freqüente é correlatada com depressão. Para os autores, é difícil discernir se a experiência de dor é um fator de risco para depressão ou se a depressão conduz a uma maior freqüência de dor, parecendo improvável que aconteça numa só direção. Quando consideramos em particular a relação de dor de cabeça e depressão no processo de envelhecimento, esta pode apresentar-se como uma exacerbação dos sintomas somáticos, em que dor de cabeça aparece no conjunto de sintomas clássicos de depressão (CUNHA, 1989). Ainda para o autor, dor de cabeça pode ser o sintoma principal de um quadro mascarado de depressão. Wang et al. (1999), em estudo comunitário, verificaram uma alta co-morbidade entre dor de cabeça e depressão, observando, ainda, que dor de cabeça referida durante o último ano era um importante preditor de depressão no idoso. Ponderarmos que a resposta à experiência dolorosa é heterogênea, e principalmente no idoso, ultrapassa os limites individuais, podendo produzir um impacto negativo em outras pessoas do seu meio, criando ocasionalmente problemas familiares, alteração de seu ambiente emocional, podendo, inclusive, incidir em sua situação econômica (GALINDO, 1999). Dentro desse contexto, encontramos suporte para o grande percentual e a associação significante de idosos deprimidos que referiram ter tido dor de cabeça, encontrados nesse estudo, não podendo deixar de lado também o importante percentual de idosos nãodeprimidos que referiram dor de cabeça no mês passado. Parece-nos que esse grupo de idosos não-deprimidos, que possivelmente de forma secundária sofram outras alterações, como já descritas, talvez estejam mais vulneráveis à depressão. Para Blazer (1999), as alterações alimentares, como perda de apetite e desnutrição nos idosos, apresentam causas multifatoriais. É importante avaliar a qualidade e quantidade de alimentos ingeridos pelos idosos e também verificar seu peso, como uma forma de detectar e monitorar mudanças desses padrões, facilitando a identificação da causa dos 82 distúrbios alimentares (GALINDO, 1999). Segundo Tavares Júnior (1989), Volkert et al. (1999) e Seiler (2001), freqüentemente depressão causa perda de apetite, podendo, eventualmente, haver alternância entre aumento e perda de apetite. Para Hayflick (1994), entre outras razões, isolamento social e distúrbios mentais, não raro implicam perda de apetite e desnutrição nos idosos. Para o grupo de deprimidos estudados, o resultado difere da literatura, tendo em vista que a maior parte dos idosos não referem depressão como causa por não estarem alimentando- se bem. Podemos, talvez, atribuir esse resultado ao fato de que o próprio processo de envelhecimento favorece uma diminuição das necessidades calóricas (HAYFLICK, 1994). Segundo o autor, essa diminuição pode ser devido a restrições nas atividades físicas, problemas físicos que restringem a habilidade de obter alimentos, problemas intestinais, diminuição sensorial do paladar e olfato e o uso de medicamentos que influenciam o apetite, digestão ou absorção. Quando relacionamos com sexo os idosos que referiram não estarem alimentandose bem por depressão, todos eram mulheres. Esse achado pode ter relação com o fato de que, no grupo de deprimidos, as mulheres idosas são maioria e grande parte viúvas, se considerarmos que essas mulheres sempre tiveram o hábito de preparar a comida e compartilhar com toda a família, o que provavelmente não acontece mais, devido muitas vezes à morte do cônjuge e à saída dos filhos de casa. Essa condição possivelmente está associada com o que Elsner (2002) refere em relação à alimentação, uma vez que esta apresenta uma forte interação social, em que comer só, geralmente é uma situação rejeitada pelos idosos. De acordo com Del Porto (1999), a depressão pode provocar fadiga persistente, mesmo sem esforço físico, e as atividades mais leves parecem exigir esforço substancial. Cohen (1997), por seu turno, refere que, em idosos deprimidos, a fadiga ao menor esforço, eventualmente causada por um distúrbio clínico concomitante, pode resultar em apatia, isolamento social e perda de interesse em atividades anteriormente prazerosas. A autora ainda refere que alguns idosos deprimidos apresentam retardo psicomotor, como lentidão da fala e dos movimentos do corpo, outros manifestam ativação psicomotora, caracterizada por agitação, cruzar as mãos, preocupação obsessiva, comportamento compulsivo ou inquietação. No entanto a maioria dos idosos deprimidos referem sentirem-se com menos 83 energia (COHEN, 1997; GALLO et al 1999). Para Cohen (1997), sinais de manifestações comportamentais em idosos deprimidos não são sempre facilmente reconhecidos. Para Garrido (1998), é importante a diferenciação entre redução de energia própria do processo de envelhecimento, comparada a uma mudança aguda e recente de energia associada à depressão. Neste estudo, no grupo de casos de depressão, observamos um elevado percentual de idosos com associação significante entre diminuição de energia e depressão. Encontramos, também, uma importante freqüência de diminuição de energia nos homens e mulheres deprimidos, nas faixas de idade entre 60-69 anos e 70-79 anos. Para a pergunta sobre que período do dia o idoso sente menos energia, a escala utilizada neste estudo apenas relaciona com depressão, ou seja, considera para o escore a sensação de menos energia no período da manhã. Contudo, a maioria dos idosos, deprimidos ou não, referiram menos energia em outros períodos do dia, fazendo-nos refletir que, provavelmente para o grupo de deprimidos, essa sensação poderia estar relacionada tanto com o processo de envelhecimento, quanto com o sintoma de sentir-se com menos energia em outros períodos do dia, sendo, portanto, uma característica particular desse sintoma em idosos deprimidos. De acordo com Stoppe et al. (1998, p. 102), “os idosos freqüentemente apresentam quadros depressivos com características clínicas particulares ou aspectos incomuns, em relação ao estabelecido para indivíduos mais jovens”. Já para o grupo de não-deprimidos, essa redução de energia, provavelmente, estaria relacionada ao próprio processo de envelhecimento ou a outras patologias freqüentes nos idosos. É importante ressaltar que também um alto percentual dos idosos entrevistados, não-deprimidos, referiram sentirem-se com menos energia. Esse achado nos sugere o quanto a diminuição de energia pode estar presente na população envelhecida. De acordo com Stoppe et al. (1998), as alterações observadas em ossos, músculos e articulações tanto relacionadas ao processo de envelhecimento quanto às decorrentes de patologias, podem acarretar, entre outros sintomas, lentificação motora e fadiga. Para Garrido (1998), energia reduzida em idades avançadas, muitas vezes, pode também estar associada a distúrbios do sono e dores. Hayflick (1997) refere que a capacidade de atividade física máxima diminui com o avançar da idade. Segundo o autor, observa-se uma significativa diminuição da força muscular, sendo mais acentuada nos homens idosos. 84 A maioria dos idosos deprimidos do Programa da UnATI/UFPE referiram sair de casa sempre que precisam ou querem sair, já que a participação em Programas de Universidades para a Terceira Idade impõe um certo grau de autonomia e independência dos seus participantes, no sentido de sair de casa, vencer distâncias, usar transportes e participar ativamente das atividades desenvolvidas (VERAS, 1995). Outro aspecto a ser levantado, é que o BOAS é um instrumento voltado para estudos de idosos em comunidade, que permite uma melhor relação da depressão com dificuldade em sair de casa. Portanto, esse é um limite deste estudo pelas características dos participantes do Programa UnATI/UFPE, conforme já explicitado anteriormente. Para Cohen (1997), deve-se ter cuidado ao discutir tristeza na população envelhecida, pois, diante dos vários problemas e perdas que ocorrem na vida dos idosos, parece esperada a presença de um pouco de tristeza existencial, que possa variar de uma ocasião para outra. Entretanto, para a autora, seria infeliz admitir que é normal uma pessoa idosa estar deprimida, como se fosse uma reação natural do envelhecimento. Para Tavares Júnior (1989), humor depressivo é o sintoma mais característico da depressão, em que o paciente se descreve, espontaneamente ou quando perguntado, como uma pessoa que se sente triste, aborrecida, humilhada ou desesperada. Depressões nas quais o humor depressivo se acha ofuscado por sintomas somáticos importantes se caracterizam como as depressões mascaradas nos idosos (TAVARES JÚNIOR, 1989; BURNS, 1999). No presente estudo, observamos associação significante entre os casos de depressão e a referência da sensação de tristeza ou depressão, guardando marcante diferença em relação ao grupo de não deprimidos. Divergente do nosso resultado, Carvalho (1996) coloca que os idosos falam muito pouco acerca dos seus sentimentos; comumente negam estar tristes enquanto relatam apatia ou sensação de vazio. Gallo et al. (2001), em estudo longitudinal com idosos da comunidade, para verificar a presença dos sintomas incluídos nos critérios de diagnóstico para depressão, observaram que tristeza era o sentimento menos referido pelos idosos. De acordo com Blazer (1999), as mulheres idosas têm maior chance de admitir e queixar-se de sentimentos depressivos do que os homens idosos, que habitualmente negam mais seus sentimentos. 85 No entanto, observamos neste estudo que todos os homens idosos deprimidos admitiram sentimentos de tristeza e depressão. Apesar de considerarmos que talvez esses homens idosos se mostrem mais flexíveis em relação aos comportamentos impostos pela cultura do nosso País, onde os homens não podem admitir sinais de fraqueza. Segundo Sant’Anna (1997) e Debert (1999), os homens idosos, ao participarem de Programas de Universidades Abertas à Terceira Idade, possivelmente não apresentem o mesmo comportamento da maioria dos homens idosos, que têm dificuldade para vivenciar seu envelhecimento como mais uma etapa de vida e assim se integram pouco em programas direcionados a essa faixa de idade. Contudo o fato de todos os homens idosos deprimidos, neste estudo, admitirem sentimentos de tristeza e depressão, encontra pouco suporte na literatura, necessitando de maiores investigações para esclarece-lo melhor Tavares Júnior (1989) refere que na depressão o humor acha-se mais deprimido pela manhã, onde o idosos se sentem muito mal, e ao longo do dia o humor tende a melhorar, sendo à tarde o período que se sentem melhor. De acordo com o autor, depressões nas quais fatores ambientais tiveram papel essencial para o seu desencadeamento, é comum os idosos sentirem-se piores à tarde que pela manhã. Dentro dessa perspectiva, em nossa investigação, apesar de encontramos idosos deprimidos que se sentiam mais tristes e deprimidos no início do dia, merece consideração que a maioria referiram que se sentiam mais tristes e deprimidos em outros períodos do dia. Contudo, é delicado relacionar esse achado com última colocação de Tavares Júnior (1989) pois a escala aqui utilizada, que questiona sobre que horas do dia os idosos se sentem pior de sua tristeza, exceto o período da manhã, não considera de forma específica os outros períodos do dia, podendo ser o período da tarde ou da noite. Poderíamos, então, pensar na possibilidade desses idosos deprimidos se sentirem pior de suas tristezas em outros períodos do dia, como uma forma atípica de apresentar esse sintoma de depressão nessa faixa de idade, como já discutido anteriormente para o sintoma de redução de energia em outros períodos do dia. Segundo Tavares Júnior (1989) depressão envolve um estado interior de grande sofrimento, que geralmente se expressa através do chorar. Os idosos tornam-se pessoas sensíveis e facilmente mobilizadas para as lágrimas. Ainda para o autor, torna-se difícil para os idosos lidarem com certos assuntos pessoais, com os quais, antes da depressão, lidavam com facilidade, mas agora mostram-se mais sensíveis a eles. Grande parte dos 86 idosos deprimidos referiram ter chorado no último mês, e alguns chegaram a chorar durante a entrevista∗. Talvez por ser um momento em que esses idosos recordavam vários eventos difíceis e tristes em suas vidas. Verificamos uma associação significante entre os casos de depressão e a presença de choro. Comparando-se aos homens, observamos um maior percentual de mulheres que referiram chorar. Esse achado pode, possivelmente ser atribuído a questões culturais, em que as manifestações emotivas e de sensibilidade são mais afloradas e permitidas nas mulheres. Parece-nos que o choro, para esse grupo de homens, ainda pode ser considerado uma falha moral, tornando-se mais difícil admitir esses episódios (TAVARES JÚNIOR, 1989). De acordo com Pearson et al. (2000), ao se considerar o suicídio como uma das conseqüências de depressão na população envelhecida, possivelmente se tenha um problema crítico de Saúde Pública. As tentativas de suicídio e as mortes por suicídio ocasionadas por depressão são mais freqüentes na população envelhecida, comparada a outras faixas etárias (FORSELL, 1997; STOPPE et al.1998). Para Pearson et al. (2000), a prevenção mais adequada para o suicídio em idosos é o diagnóstico e tratamento da depressão. Segundo Katona (2000), os idosos freqüentemente referem sintomas somáticos, como alteração do sono e cansaço, ao invés de discutirem pensamentos suicidas, pois comumente se envergonham desses sentimentos. O presente estudo revelou que entre os idosos deprimidos que sentiam que viver não valia a pena, a maioria sentiu que seria melhor estarem mortos, apesar de grande parte rejeitar o suicídio. Este percentual torna-se relevante ao ponderarmos a forte relação entre suicídio e mortalidade em idades avançadas, como também a ocorrência de um possível sub-registro de respostas positivas, durante a entrevista, em relação ao suicídio, devido à dificuldade dos idosos em admitirem essa possibilidade (FORSELL et al., 1999). Não encontramos uma diferença de percentual importante em relação às mulheres e aos homens idosos que sentiam que viver não valia a pena. Este dado tem suporte no estudo de Stoppe et al. (1998), em que se verificara que o número de suicídio não varia ∗ Informações obtidas com a coordenadora de pesquisa que coletou o banco de dados. 87 com o sexo. Embora para Garrido (1998), os homens idosos sejam o grupo demográfico de maior incidência de suicídio, verificamos uma leve diferença de percentual, para maior, do grupo deprimido, na faixa de idade entre 70-79 anos, que sentia que viver não valia a pena. Para Tavares Júnior (1989, p.78), “os sentimentos de culpa vividos pelos idosos expressam-se através de reações exageradas a ‘transgressões’ ou falhas que os pacientes teriam cometido no presente ou no passado. Buscam para si próprios padrões morais e éticos extremamente elevados”. No presente estudo, é relevante o percentual de idosos deprimidos que se arrependem, culpam-se e pensam bastante no assunto em relação ao grupo não-deprimido. A maioria que respondeu à causa desse arrependimento foi o grupo de mulheres idosas, para quem o motivo principal seria a pouca qualidade de suas relações matrimoniais ou a ausência destas, e, em segundo lugar, não ter estudado ou investido em um trabalho. É provável que, para este grupo de mulheres, ter um bom casamento é um ponto de significativa importância em suas vidas, principalmente a para cultura nordestina, pois conseguir um casamento satisfatório era sinônimo de realização de vida. Do mesmo modo, poder usufruir da companhia de um esposo conferia-lhe apoio emocional, tão necessário nessa fase da vida. Possivelmente para esse grupo, não ter estudado e/ou trabalhado, o coloca numa situação de insegurança financeira nos dias atuais, provocando uma situação de maior vulnerabilidade, principalmente para os problemas de saúde e sociais que comumente acompanham o envelhecimento, como bem discutido por Berquó e Debert (1999). De acordo com Stoppe et al. (1998), o envelhecimento provoca uma redução da dimensão psicológica do futuro, ou seja, o idoso passa a se reportar mais para o tempo passado do que para o porvir. Para Stoppe et al., apud Ramadam (1984), “ o idoso não se permite pensar num ‘depois’, já que o depois da velhice é a morte” (p.49). Para Cruz (2000), o envelhecimento e as doenças psiquiátricas podem desencadear a desesperança, deixando o idoso paralisado, sem perceber a disponibilidade de opções de escolha e sua própria capacidade de interagir com os acontecimentos relacionados a sua vida. Para a autora, a desesperança também pode ser traduzida pela falta de expectativas e planos para o futuro imediato e mediato. 88 Em relação aos idosos deprimidos, esses apresentam uma particular alteração do pensamento, caracterizada por freqüente avaliação negativa de si próprio, do mundo e do futuro (TAVARES JÚNIOR, 1989). Para o mesmo autor, os idosos deprimidos estão sempre prevendo ruína e infortúnio para si e para os outros, apresentando preocupações e receios acerca da própria saúde, das próprias finanças, de situações familiares e da situação do mundo. Essa afirmação faz relação com os motivos mais freqüentes de causa de preocupação nos idosos deprimidos, como já discorrido anteriormente. No presente estudo, a maioria dos idosos deprimidos não descrevem o futuro de forma negativa, amedrontadora ou insuportável. No nosso caso, é possível que esse sintoma esteja pouco relacionado com depressão. Isaacowitz et al. (2001), em estudo com idosos, verificaram que o pessimismo é um fator de risco para depressão, no entanto não observaram diferença significativa no grupo de idosos deprimidos e não-deprimidos em relação a prever seu futuro de forma pessimista. Para Garrido (1998), perda de interesse nas atividades só aparecerá na história do idoso, se este tiver experimentado uma vivência anterior de atividade intensa. Caso contrário, desempenho de poucas atividades no dia-a-dia pode passar como um processo natural do envelhecimento. Encontramos, neste estudo, uma associação significante entre insatisfação e os casos de depressão, em que a maioria dos idosos deprimidos estudados sentem perda de interesse ou satisfação pelas coisas e referem depressão ou nervosismo como causa dessa perda. De acordo com Gallo et al. (1999), idosos deprimidos apresentam freqüentemente uma perda geral de habilidade para sentir prazer. Mesmo assim, para Blazer (1999), a maioria dos estudos longitudinais não verificaram forte associação entre depressão e insatisfação na vida. O autor refere também que a insatisfação com a vida e a desmoralização podem se manifestar por auto-estima baixa, desesperança e desamparo, tristeza, pensamento confuso, entre outros, e, mesmo assim, não serem suficientes para preencher o diagnóstico de depressão. Newsom et al. (1996) observaram em seu estudo que escassez de apoio social é uma importante razão para diminuir a satisfação com a vida na população envelhecida, provocando-lhe o aparecimento de depressão. Acreditamos que grande parte dos idosos estudados procuraram participar do Programa da Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE), como uma forma de buscar outros caminhos, outros modelos que os ajudem a redimensionar e melhorar sua 89 velhice, pois, segundo Debert (1999, p.143), “nesses programas para a terceira idade, a luta contra os preconceitos e estereótipos leva a uma celebração do envelhecimento como um momento em que a realização pessoal, a satisfação e o prazer encontram seu auge e são vividos de maneira mais madura e profícua”. Particularmente, parece-nos verdade que o importante número de idosos classificados como casos de depressão, neste estudo, tenham procurado ou mantiveram sua participação na UnATI/UFPE para ir de encontro à solidão, tristeza, pensamentos negativos e insatisfação com a vida. Possivelmente, de forma intuitiva, buscando soluções para a sua depressão. 6. CONCLUSÕES 91 6. CONCLUSÕES A metodologia utilizada neste estudo mostrou-se adequada para atender aos objetivos propostos, nos possibilitando chegar às seguintes conclusões, com relação a depressão, entre os participantes do Programa da Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE): • Entre os participantes do Programa existe uma elevada freqüência (24,01%) de casos de depressão; • Os idosos deprimidos estão predominantemente no grupo classificado como depressão menor; • Os casos de depressão encontram-se, em sua maioria, na faixa etária entre 60-69 anos e são do sexo feminino; • Os casos de depressão, apresentam importante relação com as variáveis de: preocupação, dor de cabeça, pouca disposição, irritação, tristeza e insatisfação; • Os casos de depressão, relacionados com as variáveis por sexo e faixa etária demonstram: ¾ Marcante presença de preocupação, referida no último mês por todos os homens (7) 100,00% e por todos os idosos (29) 100,00%, que se encontram na faixa etária entre 70-79 anos; ¾ Elevada freqüência, (35) 70,00%, de pouca disposição, na faixa etária entre 6069 anos; 92 ¾ Importante freqüência, (7) 100,00%, de sentimentos de tristeza ou depressão nos homens. A presença de depressão, na população estudada, aponta-nos para a importância do planejamento, por parte do Programa, de ações direcionadas à saúde dos seus participantes, em particular, os transtornos mentais relativos à depressão. A relação de depressão e envelhecimento aqui apresentada não reflete todas as interfaces e associações da depressão na população idosa de Pernambuco. Contudo, este estudo oferece subsídios para o conhecimento da depressão num grupo específico. REFERÊNCIAS 94 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Osvaldo P. Idosos atendidos em serviço de emergência de saúde mental: características demográficas e clínicas. Revista Brasileira Psiquiatria, São Paulo, v. 21, n. 1, jan./mar. 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/cgi-bin/fbpe/fbtext?pid=S1516- 44461999000 100005&lng=pt>. Acesso em: 11 mar. 2001. ______. Sintomas psiquiátricos entre pacientes com demência atendidos em um serviço ambulatorial. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, São Paulo, v. 57, n. 4, dez. 1999. AROMAA, A. et al. Depression and cardiovascular diseases. Acta Psychiatrica Scandinavica, Copenhagen, n. 377, suppl., p. 77-82, 1994. BARRETO, K. M. Lima. Universidade aberta à terceira idade UnATI/UFPE: um perfil dos participantes. 1999. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública)- Departamento de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife. BASILIO, J. et al. Vejez saludable e incapacidade funcional em la población anciana de Canarias. Revista Espanhol Salud Publica, Madrid, v. 71, n. 2, p. 2, mar./apr. 1997. BEEKMAN, A. T. F. et al. Emergence and persistence of late life depression: a 3-year followup of the longitudinal aging study Amsterdam. Journal Affective Disorders, Amsterdam, n. 65, p. 131-138, 2001. BERQUÓ, Elza. Considerações sobre o envelhecimento da população no Brasil. In: NERI, Anita Liberalesco; DEBERT, Guita Grin (Org.). Velhice e sociedade. Campinas, SP: Papirus, 1999. p. 11-40. BLACK, Sandra A.; MARKIDES, Kiriakos S. Depressive symptoms and mortality in older mexican americans. Annals of Epidemiology, Copenhagen, n. 9, p. 45-52, 1998. BLAZER, Dan G. Distúrbios afetivos no idoso. In: BLAZER, Dan G.; KOENIG, Harold G. Psiquiatria geriátrica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. p. 204. 95 BLAZER, Dan G.; KOENIG, Harold G. Transtornos do humor. In: ______. Psiquiatria geriátrica. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. p. 245-272. BRASIL. Decreto Lei nº 1.948, de 3 de julho de 1996. Regulamenta a Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, p. 012277, 4 jul.1996. Coluna 2. ______. Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, p. 000077, 5 jan. 1994. Coluna 2. ______. Portaria nº 1.395, 9 de dezembro de 1999. Política Nacional de Saúde do Idoso. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 237, p. 20-24, 13 dez. 1999. Seção 1. BRUMMETT, Beverly H. et al. Relation of subjective and received social support to clinical and self-report assessments of depressive symptoms in an elderly population. Journal Affective Disorders, Amsterdam, n. 61, p. 41-50, 2000. BURNS, Alistair; LAWLOR, Brian; CRAIG, Sarah. Depression. In: ______. Assessment scales in old age Psychiatry. São Paulo: Martin Dunitz, 1999. p. 1, cap. 1. CACCIATORE, Francisco. Morbidity patterns in aged population in Southern Italy. A survey sampling. Archives of Gerontology and Geriatrics, Amsterdam, n. 26, p. 201-213, 1998. Disponível em: <http://www.periodicos.capes.gov.br>. Acesso em: 12 nov. 2001. CAGNON, Michelle D. et al. Interpersonal and psychological correlates of marital dissatisfaction in late life: a review. Clinical Psychology Review, New York, v. 19, n. 3, p. 359-378, 1999. 96 CAPITANINI, Marilim Elizabeth S. Solidão na velhice: realidade ou mito? In: NERI, Anita Liberalesco; FREIRE, Sueli Aparecida (Org.). E por falar em boa velhice. Campinas, SP: Papirus, 2000. p. 69-80. CARVALHO, E. M. F. et al. O processo de transição epidemiológica e iniquidade social: o caso de Pernambuco. RASPP- Revista da Associação de Saúde Pública do Piauí, Piauí, v. 1, n. 2, p. 107-119, jul./dez. 1998. CARVALHO, Valdecir de Fátima Cardozo; FERNANDEZ, Maria Elida Davila. Depressão no idoso. In: PAPALÉO NETTO, M. et al (Org.). Gerontologia. São Paulo: Atheneu, 1996. p. 160-163. CHAIMOWICZ, Flávio et al. Use of psychoactive drugs and falls among older people living in a community in Brazil. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 34, n. 6, p. 631-635, dez. 2000. CHONG, M. Y. et al. Community study of depression in old age in Taiwan. Prevalence, life events and socio-demographic correlates. British Journal of Psychiatry, London, v. 178, p. 29-35, Jan. 2001. CHI I CHOU, K. L. Social support and depression among elderly chinese people in Hong Kong. International Journal Aging & Human Development, Farmingdale, v. 52, n. 3, p. 231-252, 2001. COELHO FILHO, João Macedo; RAMOS, Luiz Roberto. Epidemiologia do envelhecimento no Nordeste do Brasil: resultados de inquérito domiciliar. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 33, n. 5, out. 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 15 mar. 2001. COHEN, D.; EISDORFER, C. Depressão. In: CALKINGS, Evan; FORD, Amasa B.; KATZ, Paul R. Geriatria prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 1997. p. 301-311. COHEN, Gene. Health, modifiability, and human potencial with aging. In: ______. Pratical ambulatory geriatrics. 2. ed. St. Louis: Mosby-Year Book, 1998. p. 145-153. 97 CONSELHO ESTADUAL DO IDOSO (Rio Grande do Sul). Os idosos do Rio Grande do Sul: estudo multidimensional de suas condições de vida: relatório de pesquisa. Porto Alegre, 1997. COSTA, Maria Fernanda F. Lima et al. Diagnóstico da situação de saúde da população idosa brasileira: um estudo da mortalidade e das internações hospitalares públicas. Informe Epidemiológico do SUS, Brasília, DF, v. 9, n. 1, p. 23-41, jan./mar. 2000. CRITÉRIOS diagnósticos do DSM-IV. Referência rápida. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. CRUZ, Diná de Almeida Lopes Monteiro. Desesperança e impotência frente à dependência. In: DUARTE, Yeda Aparecida de Oliveira; DIOGO, Maria José D’Elborex (Org.). Atendimento domiciliar um enfoque gerontológico. São Paulo: Atheneu, 2000. p. 71-78. CUNHA, Ulisses Gabriel de Vasconcelos. Sinais e sintomas em neurologia geriátrica. In: ______. Sinais e sintomas em geriatria. Rio de Janeiro: Revinter, 1989. p. 41-57. DATASUS. Morbidade hospitalar do SUS: por local de internação - Pernambuco. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sih/cnv/mipe.def>. Acesso em: 20 mar. 2001. DEBERT, Guita Grin. A antropologia e o estudo dos grupos e das categorias de idade. In: NERI, Anita Liberalesco; DEBERT, Guita Grin (Org.). Velhice ou terceira idade? Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998. p. 54. ______. A construção e reconstrução da velhice: família, classe social e etnicidade. In: NERI, Anita Liberalesco; DEBERT, Guita Grin (Org.). Velhice e sociedade. Campinas, SP: Papirus, 1999. p. 41-68. DEL PORTO, Aberto José. Conceito e diagnóstico. Revista Brasileira Psiquiatria, São Paulo, v. 21, maio 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 15 jun. 2000. DUBINI, A.; MANNHEIMER, R.; PANCHERI, P. Depression in the community: results of the first Italian survey. International Clinical Psychopharmacology, London, v. 16, n. 1, p. 98 49-53, 2001. Disponível em: <http://www.periodicos.capes.gov.br>. Acesso em: 12 nov. 2001. ELSNER, Robert J. F. Changes in eating behavior during the aging process. Eating Behaviors, [S. l.], v. 3, p. 15-43, 2002. FORLENZA, Orestes V. Transtornos depressivos na doença de Alzheimer. Diagnóstico e tratamento. Revista Brasileira Psiquiatria, São Paulo, v. 22, n. 2, 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 15 jun. 2000. FORSELL, Y.; JORM, A. F.; WINBLAD, B. Suicidal thoughts and associated factors in an elderly population. Acta Psychiatrica Scandinavica, Copenhagen, n. 95, p. 108-111, 1997. GALINDO, Gustavo Estrada. El dolor em ancianos. In: PEREZ, Elias Anzola et al. (Ed.). La atención de los ancianos: um desafio prara os años noventa. Washington: OPAS, 1994. p. 235-243. GALLO, J. J.; RABINS, P. V. Depression without sadness: alternative presentations of depression in late life. American Family Physician, Kansas City, v. 60, n. 3, p. 820-826, Sept. 1999. GALLO, J. J.; RABINS, P. V.; ANTHONY, J. C. Sadness in older persons: 13-year followup of a community sample in Baltimore, Maryland. Psychological Medicine, London, v. 29, n. 2, p. 341-350, Mar. 1999. GEERLINGS, M. I. et al. Depression and risk of cognitive decline and Alzheimer’s disease. Results of two prospective community-based studies in the Netherlands. British Journal of Psychiatry, London, v. 176, p. 568-575, June 2000. GEORGE, Linda K. Epidemiologia dos transtornos psiquiátricos no idoso. In: BUSSE, E. W.; BLAZER, Dan G. Psiquiatria geriátrica. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 1999. p. 167-183. GUIMARÃES, Renato Maia; SIMÕES, Maria Alice Toledo. Depressão no idoso. In: ______ (Org.) et al. Clínica cirurgia geriátrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. p. 138-141. 99 GRUNDY, Emily; GLASER, Karen. Socio-demografic differences in the onset and progression of disability in Early Old age: a longitudinal study. British Geriatry Society, [S. l.], v. 29, p. 149-157, 2000. HAYFLICK, Leonard. Como e por que envelhecemos. Rio de Janeiro: Campus. 1997. HENDERSON, A. S. et al. The prevalence of depressive disorders and the distribution of depressive symptoms in later life: a survey using draft ICD-10 and DSM-III-R. Psychological Medicine, London, v. 23, n. 3, p. 719-729, 1993. HEOK, K. E. et al. Comorbidity of depression in the elderly: an Epidemiological study in a chinese community. International Journal of Geriatric Psychiatry, Chichester, v. 11, n. 8, p. 699-704, 1996. IBGE. Censo agropecuário de 1995-1996. Disponível em: <http://www. Ibge.gov.br>. Acesso em: 21 mar. 2001. ______. Censo demográfico de 2002. Disponível em: <http://www. Ibge.gov.br>. Acesso em: 05 jan. 2002. INDEPENDÊNCIA. In: FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 2. ed. rev. aum. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 936. ISAACOWITZ, D. M.; SELIGMAN, M. E. P. Is pessimism a risk factor for depressive mood among community-dwelling older adults? Behaviour Research and Therapy, Oxford, v. 39, p. 255-272, 2001. IWAMASA, Gayle Y.; HILLIARD, Kristen M. Depression and anxiety among asian american elders: a review of the literature. Clinical Psychology Review, New York, v. 19, n. 3, p. 343-357, 1999. 100 JACOB, Wilson Filho. Envelhecimento e atendimento domiciliário. In: DUARTE, Yeda Aparecida de Oliveira; DIOGO, Maria José D’Elborex (Org.). Atendimento domiciliar um enfoque gerontológico. São Paulo: Atheneu, 2000. cap. 2, p. 19. KALACHE, A.; RAMOS, L. R.; VERAS, R. P. O envelhecimento da população mundial. Um desafio novo. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 21, n. 3, p. 200-210, 1987. KATONA, Cornelius. Managing depression and anxiety in the elderly patient. European Neuropsychopharmacology, Amsterdam, v. 10, suppl. 4, p. 427-432, 2000. KAWAMOTO, R. et al. A study of depressive state and background factors in communitydwelling older persons. Journal Geriatrics,[S. l.], v. 36, n. 10, p. 703-710, Oct. 1999. KEMPEN, Gertrudis I. J. M. et al. Morbidity and quality of life and the moderating effects of level of education in the elderly. Social Science and Medicine, Oxford, n. 49, p. 143-149, 1999. KIRBY, M. Mental disorders among the community-dwelling elderly in Dublin. British Journal of Psychiatry, London, v. 171, p. 369-372, Oct. 1997. KIVELÄ, S. L. Depression and physical and social functioning in old age. Acta Psychiatrica Scandinavica, Copenhagen, suppl. 377, p. 73-74, 1994. LAFER, Beny; VALLADA FILHO, Homero Pinto. Genética e fisiopatologia dos transtornos depressivos. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 21, supl. 1, maio 1999. Disponível em: <http://www.periodicos.capes.gov.br>. Acesso em: 15 dez. 2001. LEFRANÇOIS, Richard et al. Stressful life events and psychological distress of the very old: does social support have a moderating effect? Archives of Gerontology and Geriatrics, Amsterdam, v. 31, p. 243-255, 2000. Disponível em: <http://www.periodicos.capes.gov.br>. Acesso em: 15 dez. 2001. LIMA, Maurício Silva. Epidemiologia e impacto social. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 21, maio 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 13 jun. 2001. 101 LIVINGSTON, Gill et al. Who becomes depressed? The Islington community study of older people. Journal of Affective Disorders, Amsterdam, v. 58, p. 125-133, 2000. MACDOLNAD, Karen Crane; DAVIS, Linda J. Psychopathology of aging. In: DAVIS, Linda J.; KIRKLAND, Martha (Ed.). The role of Occupational Therapy with the elderly. Rockville: American Occupational Therapy Association, 1988. p. 103-112. MANN, Anthony. Depression in the elderly: findings from a community survey. Maturitas, Limerick, v. 38, p. 53-59, 2001. MCCALL, W. Vaughn; REBOUSSIN, Beth A.; RAPP, Stephen R. Social support increases in the year after inpatient treatment of depression. Journal Psychiatry Research, [S. l.], v. 35, p. 105110, 2001. MENDES, P. B. M. T. Cuidados: heróis anônimos do cotidiano. In: KARSCH, U. M. S. (Org.). Envelhecimento com dependência: revelando cuidados. São Paulo: EDUC, 1998. p. 171-198. MILLS, Terry L. Comorbid depressive symptomatology: isolating the effects of chronic medical conditions on self-reported depressive symptoms among community-dwelling Older adults. Social Science and Medicine, Oxford, v. 53, p. 569-578, 2001. MINAYO, Maria Cecília de S. Condições de vida, desigualdade e saúde: a partir do caso brasileiro. Trabalho apresentado no VIII Congresso da Associação Latino-Americana de Medicina Social e XI Congresso da Internacional Asociation of Health Policy, Cuba, jul. 2000. ______. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 3. ed. São Paulo: HUCITEC; Rio de Janeiro: ABRASCO, 1994. p. 194. NEWMAN, Stephen C. The prevalence of depression in alzheimer’s disease and vascular dementia in a population sample. Journal Affective Disorders, Amsterdam, v. 52, p. 169-176, 1999. 102 NEWSOM, J. T.; SCHULZ, R. Social support as a mediator in the relation between functional status and quality of life in older adults. Psychology and Aging, [S. l], v. 11, n. 1, p. 34-44, Mar. 1996. O’BRIEN, John et al. Cognitive impairmente in depression is not Associated With Neuropathologic evidence of increased vascular or Alzheimer-type pathology. Biological Psychiatry, New York, v. 49, p. 130-136, 2001. PASCHOAL, Sérgio Márcio Pacheco. Epidemiologia do envelhecimento. In: PAPALÉO NETTO, M. et al (Org.). Gerontologia. São Paulo: Atheneu, 1996. p. 26-43. PEARSON, Jane L.; BROWN, Gregory K. Suicide prevention in late life: directions for science and practice. Clinical Psychology Review, New York, v. 20, n. 6, p. 685-705, 2000. PEIXOTO, Clarisse. De volta às aulas ou de como ser estudante aos 60 anos. In: VERAS, Renato P. (Org.). Terceira idade: desafios para o terceiro milênio Rio de Janeiro: RelumeDumará, 1997. p. 41-74. PENNINX, Brenda W. J. H. et al. Cardiovascular events and mortality in newly and chronically depressed persons 70 years of age. American Journal of Cardiology, New York, v. 81, p. 988994, 1998. PENNINX, Brenda W. J. H. et al. Changes in depression and physical decline in older adults: a longitudinal perspective. Journal Affective Disorders, Amsterdam, v. 61, p. 1-12, 2000. PRINCE, M. J. et al. Prospective population-based cohort study of the effects of disablement and social milieu on the onset and maintenance of late-life depression. The gospel oak project VII. Psychological Medicine, London, v. 28, n. 2, p. 337-350, 1998. RAMOS, Luiz R. et al. Two-year follow-up study of elderly: residents in S. Paulo, Brazil: methodology and preliminary results. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 32, n. 5, p. 397407, 1998. 103 ROBERTS, R. E. et al. Prevalence and correlates of dpression in an aging cohort: The Alameda County Study. Journal of Gerontol. B. Psychol. Sci. Sco. Sci., [S. l.], v. 52, n. 5, S252-258, Sept. 1997. Disponível em: <http://www.periodicos.capes.gov.br>. Acesso em: 15 dez. 2001. ROCHA, Fábio Lopes. Depressão no idoso. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, São Paulo, S42, n. 9, p. 483-490, out. 1993. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 16 jun. 2001. SANT’ANNA, Maria Josefina Gabriel. UnATI, a velhice que se aprende na escola: um perfil de seus usuários. In: VERAS, Renato P. (Org.). Terceira idade: desafios para o terceiro milênio. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1997. p. 75-102. SCOCCO, P. et al. Death ideation and its correlates: survey of an over-65-year-old population. Journal of Nervous and Mental Diseases, Baltimore, v. 189, n. 4, p. 210-218, 2001. SCOTT, William K. et al. Functional health status as a predictor of mortality in men and women over 65. Journal of Clinical Epidemiology, Oxford, v. 50, n. 3, p. 291-296, 1997. SEILER, Walter O. Clinical pictures of malnutrition in elderly subjects. Nutrition, New York, v. 17, p. 496-498, 2001. SESSO, Howard D. Depression and the risk of coronary heart disease in the normative aging study. American Journal of Cardiology, New York, v. 82, p. 851-856, 1998. SHAPIRO, P. A. Psychiatric aspects of cardiovascular disease. Psychiatric clinics of North America, Philadelphia, v. 19, n. 3, p. 613-626, 1996. SHARMA, V. K. et al. Outcome of the depressed elderly living in the community in Liverpool: a 5-year follow-up. Psychological Medicine, London, v. 28, n. 6, p. 1329-1337, Nov. 1998. SHOEVERS, R. A. et al. Risk factors for depression in later life; results of a prospective community based study (AMSTEL). Journal Affective Disorders, Amsterdam, v. 59, p. 127137, 2000. 104 SIMONS, Leon A. et al. Health ageing is associated with reduced and delayed disability. British Geriatrics Society, [S. l], v. 29, p. 143-148, 2000. STANLEY, Melinda A.; BECK, J. Gayle. Anxiety disorders. Clinical Psychology Review, New York, v. 20, n. 6, p. 731-754, 2000. STOPPE JÚNIOR, Alberto. Aspectos clínicos da depressão em idosos. Revista de Psiquiatria Clinica, São Paulo, v. 21, n. 4, p. 121-128, dez. 1994. Disponível em: <http://www.periodicos.capes.gov.br>. Acesso em: 15 nov. 2001. STOPPE JÚNIOR, Alberto; LOUZÃ NETO, Mário Rodrigues. Depressão na terceira idade. São Paulo: Lemos, [1998]. STUCK, Andreas E. et al. Risk factors for functional status decline in community-living elderly people: a systematic literature review. Social Science and Medicine, Oxford, v. 48, p. 445-469, 1999. TAMAI, Sérgio. Depressão secundária. In: CONGRESSO PAULISTA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA, 1., 1998, São Paulo. Consensos de Gerontologia. São Paulo: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 1998. p. 37-41. TAVARES, Darlene Mara dos Santos; RODRIGUES, Rosalina A. Partezani. Situação de saúde do idoso diabético. Arquivos de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p. 11-17, 1999. TAVARES JÚNIOR, Almir R. Sinais e sintomas em psicogeriatria. In: GUIMARÃES, Renato Maia; CUNHA, Ulisses G. de Vasconcelos. Sinais e sintomas em Geriatria. Rio de Janeiro: Revinter, 1989. p. 59-105. VAN BALKOM, A. J. L. M. et al. Comorbidity of the anxiety disorders in a community-based older population in the Netherlands. Acta Psychiatrica Scandinavica, Copenhagen, v. 101, n. 1, p. 37-45, 2000. 105 VAN DEN BERG, Marjan D. et al. Correlates of symptomatic, minor and major depression in the elderly. Journal Affective Disorders, Amsterdam, v. 60, p. 87-95, 2000. VAN DEN BERG, Marjan D. et al. Depression in later life: three etiologically different subgroups. Journal Affective Disorders, Amsterdam, v. 65, p. 19-26, 2001. VERAS, Renato P. País jovem com cabelos brancos: a saúde do idoso no Brasil. Rio de Janeiro: Relume Dumará: UERJ, 1994. VERAS, Renato P.; CAMARGO JR., Kenneth Roche de. Idosos e universidade: parceira para a qualidade de vida. In: VERAS, Renato P. (Org.). Terceira idade: um envelhecimento digno para o cidadão do futuro. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1995. p. 11-27. VIEIRA, E. B. Manual de Gerontologia: um guia teórico-prático para profissionais, cuidadores e familiares. Rio de Janeiro: Revinter, 1996. VOLKERT, D. et al. Malnutrition in old age-results of the bethany nutrition study. Therapeutische umschau. Revue Therapeut., [S. l], v. 48, n. 5, p. 312-31, 5 maio 1991. Disponível em: <http://www.periodicos.capes.gov.br>. Acesso em: 15 nov. 2001. WANG, Shuu-Jiun et al. Comorbidity of headaches and depression in the elderly. Int. Assoc. Study of Pain, [S. l], v. 82, p. 239-243, 1999. Disponível em: <http://www.periodicos.capes. gov.br>. Acesso em: 15 nov. 2001. WILLIAMSON, G. M.; SCHULZ, R. Pain, activity restriction, and symptoms of depression among community-residing elderly adults. Journal of Gerontology, Washington, v. 47, n. 6, p. 367-372, Nov. 1992 WU, Li-Tzy; ANTHONY, James C. The estimated rate of depressed mood in US adults: recent evidence for a peak in later life. Journal Affective Disorders, Amsterdam, v. 60, p. 159-171, 2000. 106 ZHU, Li et al. Blood pressure reduction, cardiovascular diseases, and cognitive decline in the mini-mental state examination in a community population of normal very old people: a threeyear follow-up. Journal of Clinical Epidemiology, Oxford, v. 51, n. 5, p. 385-391, 1998. ANEXOS ANEXO 1 Critérios do DSM-IV para o diagnóstico de depressão maior: Cinco ou mais dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de 2 semanas e representam uma mudança do comportamento anterior. Pelo menos, um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer. 1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase diariamente, indicado por constatação subjetiva (sente-se triste ou vazio), ou por observação feita por outras pessoas (p. ex.: chora muito). 2. Interesse ou prazer acentuadamente diminuído por todas ou quase todas as atividades, na maior parte do dia, quase todos os dias (indicado por relato subjetivo ou observação feita por outros). 3. Perda ou ganho significativo de peso, sem estar em dieta (p. ex.: mais de 5% do peso corporal em 1 mês), ou diminuição ou aumento do apetite, quase todos os dias. 4. Insônia ou hipersônia, quase todos os dias. 5. Agitação ou retardo psicomotor, quase todos os dias (observáveis por outros, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento). 6. Fadiga ou perda de energia, quase todos os dias. 7. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada, quase todos os dias (não meramente auto-recriminação ou culpa por estar doente). 8. Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outros). 9. Pensamentos recorrentes de morte (não apenas medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio. ANEXO 2 VII. SAÚDE MENTAL É bastante comum as pessoas terem problemas de memória quando começam a envelhecer. Desse modo, eu gostaria de lhe fazer algumas perguntas sobre este assunto. Algumas perguntas talvez não sejam apropriadas para o(a) Sr.(a), outras bastante inadequadas. No entanto, eu gostaria que o(a) Sr.(a) levasse em conta que tenho que fazer as mesmas perguntas para todas as pessoas. 63. O(a) Sr.(a) sentiu-se solitário(a) durante o último mês? 1. 2. 3. Sim Não (vá para Q.64 e marque N.A. na Q.63 a.) N.S./N.R. 63a. Com que freqüência o(a) Sr.(a) se sentiu solitário(a)? 1. 2. 7. 8. Sempre Algumas vezes N.A. N.S./N.R. 64. O(a) Sr(a) esteve preocupado durante o último mês? 1. 2. 8. Sim Não (vá para Q.65 e marque N.A. na Q.64a.) N.S./N.R 64a. O(a) Sr.(a) esteve preocupado(a) no último mês em relação a que tipo de coisas? 1. 2. 7. 8. Entrevistador: após esta introdução, segue-se o complemento desta pergunta: - O(a) Sr.(a) diria que se preocupa em relação a quase tudo? Registre:.......................................................................................................................... Sim Não N.A. N.S./N.R. 65. O(a) Sr.(a) tem alguma dificuldade para dormir? Entrevistador: Se o entrevistado não tem dificuldade para dormir, marque NÃO na opção “a” e N.A. na opção “b”. Se ele tiver dificuldade em dormir, continue a questão, sondando, como segue: O que impede o(a) Sr.(a) de dormir ou lhe faz acordar no meio da noite? O que é que o(a) Sr.(a) fica pensando quando está acordado na cama? O(a) Sr.(a) tem problema em dormir porque se sente tenso(a) ou preocupado(a)? Ou porque o(a) Sr.(a) se sente deprimido(a)? Ou devido a outras razões? Sim Não N.A. N.S./N.R. a. Dificuldade para dormir b. Dificuldade para dormir devido a preocupação ou ansiedade, depressão ou pensamento depressivo 66. O(a) Sr.(a) teve dor de cabeça no mês passado? 1. 2. 8. Sim Não N.S./N.R. 67. O(a) Sr.(a) tem se alimentado bem no último mês? 1. 2. 8. Sim (vá para Q.68 e marque N.A. na Q.67a.) Não N.S./N.R. 67a. Qual é o motivo do(a) ) Sr.(a) não estar se alimentando bem? 2. 7. 8. Registre:.......................................................................................................................... Não tem se alimentado bem por falta de apetite ou por estar deprimido(a) preocupado(a)/nervoso(a) Outras razões N.A. N.S./N.R. 68. O(a) Sr.(a) sente que está ficando mais lerdo(a) ou com menos energia? 1. Sim 1. 2. 8. Não (vá para Q.69 e marque N.A. nas Qs. 68a., 68b. e 68c.) N.S./N.R. 68a. Em alguma hora do dia o(a) Sr.(a) se sente mais lerdo(a) ou com menos energia? 1. 2. 7. 8. Mais lerdo(a), com menos energia no período da manhã Mais lerdo(a), com menos energia em outros períodos do dia ou não especifica período determinado N.A. N.S./N.R. 68b. No último mês o(a) Sr.(a) tem estado com menos energia ou como de costume? 1. 2. 7. 8. Com menos energia Como de costume ou com mais energia N.A. N.S./N.R. 68c. Atualmente o(a) Sr.(a) sente falta de energia para fazer suas coisas no seu dia a dia? 1. 2. 7. 8. Sim, sinto falta de energia Não, não sinto falta de energia N.A. N.S./N.R. 69. Durante o último mês o(a) Sr.(a) se sentiu mais irritado(a)/zangado(a) do que de costume? 1. 2. 8. Sim Não N.S./N.R. 70. O(a) Sr.(a) sai de casa sempre que precisa ou quer sair? 1. 2. 8. Sim (vá para Q.71 e marque N.A. na Q.70a.) Não N.S./N.R. 70a. Como o(a) Sr.(a) se sente a respeito? 1. 2. 7. Registre:........................................................................................................................... Fica chateado(a)/aborrecido(a) Não fica chateado(a)/aborrecido(a) N.A. 8. N.S./N.R. Agora mais algumas perguntas rápidas sobre como o(a) Sr.(a) se sente: 71. 1. 2. 8. O(a) Sr.(a) tem se sentido triste ou deprimido(a) durante o último mês? Sim Não (vá para Q.72 e marque N.A. nas Qs.71a, 71b e 71c.) N.S./N.R. 71a. O(a) Sr.(a) tem se sentido desta maneira por um período de apenas poucas horas (ou menos) ou este estado se mantém por mais tempo? 1. 2. 7. 8. Triste ou deprimido(a) por um período maior que poucas horas Triste ou deprimido(a) por um período de poucas horas ou menos N.A. N.S./N.R. 71b. Quando o(a) Sr.(a) está se sentido triste ou deprimido(a) a que horas do dia o(a) Sr.(a) se sente pior? 1. 2. 7. 8. Pior no início do dia Pior em outros períodos ou em nenhum período particular N.A. N.S./N.R. 71c. O(a) Sr.(a) tem sentido vontade de chorar? 1. 2. 7. 8. Entrevistador: Em caso afirmativo pergunte: o(a) Sr.(a) chorou no último mês? Em caso negativo, anote a resposta NÃO. Registre: Sim Não N.A. N.S./N.R. 72. Alguma vez durante o último mês o(a) Sr.(a) sentiu que viver não valia a pena? 1. 2. 8. Sim Não (vá para Q.73 e marque N.A. na Qs.72a. e 72b.) N.S./N.R. 72a. No último mês o(a) Sr.(a) alguma vez sentiu que seria melhor estar morto(a)? 1. 2. Sim Não (vá para Q.73 e marque N.A. na Q.72b.) 7. 8. N.A. N.S./N.R. 72b. O(a) Sr.(a) pensou em fazer alguma coisa para acabar com sua vida? Entrevistador: em caso negativo marque resposta 1, caso afirmativo, pergunte: a. Com que freqüência o(a) Sr.(a) teve esse pensamento? b. O que o(a) Sr.(a) pensou em fazer para acabar com sua vida? c. O(a) Sr.(a) chegou a tentar acabar com sua vida? 1. 2. 3. 4. 7. 8. Rejeita suicídio Apenas pensamentos suicidas Considerou seriamente um método de suicídio mas não o pôs em prática Tentou suicídio N.A. N.S./N.R. 73. O(a) Sr.(a) tem algum arrependimento em relação aos anos anteriores de sua vida? 0. 1. 2. 3. 8. Entrevistador: caso negativo marque resposta 0, caso afirmativo pergunte: Existe alguma coisa que o(a) Sr.(a) se culpa? O que? O(a) Sr.(a) pensa bastante no assunto? Registre:........................................................................................................................... Sem arrependimento Arrepende-se mas não se culpa Arrepende-se, culpa-se mas atualmente não pensa no assunto Arrepende-se, culpa-se e pensa bastante sobre o assunto N.S./N.R. 74. Quando o(a) Sr.(a) olha para o futuro, como o(a) Sr.(a) se sente, quais são as suas expectativas para o futuro? 1. 2. 3. 8. Menciona expectativas e pensa no futuro Não menciona expectativas mas também não refere a nenhuma afirmação negativa O futuro é descrito negativamente ou amedrontador ou insuportável N.S./N.R. 75. Atualmente o(a) Sr.(a) sente que perdeu o interesse ou a satisfação pelas coisas? 1. 2. 8. Sim Não (vá para Q.76 e marque N.A. na Q.75a.) N.S./N.R. 75a. O que o(a) Sr.(a) acredita ser a causa disto? AVERIGUAR: Isso é por que o(a) Sr.(a) tem se sentido doente, deprimido(a) ou nervoso(a)? 1. 2. 7. 8. Perda de interesse causada por depressão/nervosismo Perda de interesse causada por outros motivos N.A. N.S./N.R. 76. De um modo geral, o(a) Sr.(a) se sente feliz nos dias atuais? 1. 2. 8. Sim Não N.S./N.R.