ORGANIZAÇÃO SETE DE SETEMBRO DE CULTURA E ENSINO LTDA FACULDADE SETE DE SETEMBRO - FASETE CURSO: LICENCIATURA PLENA EM LETRAS COM HABILITAÇÃO EM PORTUGUÊS E INGLÊS CRIZA DE ANDRADE MACÊDO MAGIA, NATUREZA E MITOLOGIA: A PRESENÇA DA CULTURA CELTA NA OBRA “O SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO” DE WILLIAM SHAKESPEARE. PAULO AFONSO-BA DEZ./2010 CRIZA DE ANDRADE MACÊDO MAGIA, NATUREZA E MITOLOGIA: A PRESENÇA DA CULTURA CELTA NA OBRA “O SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO” DE WILLIAM SHAKESPEARE. Monografia apresentada ao curso de Licenciatura Plena em Letras com Habilitação em Português e Inglês, da Faculdade Sete de Setembro – FASETE. Sob orientação do Profº Kárpio Márcio de Siqueira. PAULO AFONSO-BA DEZ./2010 À menina que fazia com que parasse de correr ao me mirar com seu olhar curioso de quem deseja saber quem sou e que ainda, por vezes, fito... Interrogando-se, achando respostas, duvidando de suas certezas, que às vezes chora, mas muito mais me sorrir... Dedico as linhas deste trabalho. AGRADECIMENTOS Eu agradeço a Deus pelo cuidado diário que tem por mim, por seu amor e misericórdia nos momentos que tenho precisado, por toda força, coragem e inspiração que me concedeu para concluir este trabalho. Eu Te Agradeço Por Tudo Querido Jesus. Em especial quero agradecer aos meus pais: Efigênia Ferreira de Andrade Macêdo e Antônio Lima de Macêdo, que sempre estiveram orando por mim, sei que suas orações têm trazido bênçãos para minha vida. Hoje tudo o que sou devo a eles. Também quero agradecer A minha irmã Ester de Andrade Macêdo pelo seu companheirismo e amor, ela que sempre confiou em mim e que muitas vezes me mostrou o quanto à vida é importante. Ao meu querido Anildo Reis da Silva pelo incentivo que prestou a mim durante o desenvolvimento deste trabalho, suas palavras fizeram toda diferença. Ao meu Professor Kárpio Márcio de Siqueira que me orientou da melhor forma possível, doando parte do seu tempo para a construção desse trabalho. Kárpio é de grande importância para essa pesquisa, graças ao seu conhecimento e capacidade que esse trabalho teve início. Obrigado Professor Kárpio por acreditar em meu potencial. E a toda minha família e amigos que me apoiaram, tanto na vida particular como profissional. Obrigado Por Tudo! “Mas muito mais feliz na terra é a rosa que destilar se deixa do que quantas no espinho virgem crescem, vivem, morrem em sua beatitude solitária”. William Shakespeare. MACÊDO, Criza de Andrade. Magia, Natureza e Mitologia: A Presença da Cultura Celta na Obra “O Sonho de uma Noite de Verão” de William Shakespeare. 2010. 49 f. Monografia (Licenciatura em Letras Português/Inglês). Faculdade Sete de Setembro – FASETE. Paulo Afonso – BA. Este trabalho procura demonstrar o surgimento da literatura inglesa e as influências que recebeu de diferentes povos que viveram na Inglaterra. Logo após a formação dessa nação veremos o contexto histórico que marcou o século XVI durante o reinado de Elizabeth e o surgimento de William Shakespeare, onde toda a sociedade passou por transformações com a Reforma Protestante e o Renascimento, criando uma nova literatura através dos aspectos econômicos e culturais que atingiu a sociedade Britânica. Nesta pesquisa analisaremos os aspectos da natureza na obra O Sonho de uma Noite de Verão de William Shakespeare, destacando a cultura celta, a magia e a mitologia, representadas na obra com precisão por Shakespeare através das imagens que observava na natureza. Palavras-Chave: Literatura Inglesa, William Shakespeare, O Sonho de uma Noite de Verão. This research paper demonstrates the origen of the English Literature and the influences that received by different peoples that lived in England. After the formation of this nation we will observe the historical context that marked the century XVI during Elizabeth‟s reign and the appearance of William Shakespeare, where all the society passed by transformation with the Protestant Reform and the Renaissance, creating a new Literature through the economic and cultural aspects that affected British society. In research paper we will examine the aspects of the nature in the work A Midsummer-Night‟s Dream by William Shakespeare emphasizing Celt‟s culture, the magic and the mythology, represented with precision in Shakespeare‟s Work, through the pictures that he observed in nature. Key-words: English Literature, William Shakespeare, A Midsummer-Night‟s Dream. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 09 2. LITERATURA INGLESA ................................................................................................ 11 2.1. O ESPAÇO DE ROMA NA INGLATERRA ................................................................... 12 2.2. O ESPAÇO ANGLO-SAXÃO E OS NORMANDOS ..................................................... 12 2.3 CULTURA CELTA ........................................................................................................... 14 2.4. LITERATURA CELTA .................................................................................................... 16 2.5. A REPRESENTAÇÃO DA NATUREZA NA LITERATURA INGLESA ..................... 18 3. WILLIAM SHAKESPEARE - CONTEXTO HISTÓRICO .......................................... 20 3.1 A VIDA E A PRODUÇÃO SHAKESPEARIANA ........................................................... 23 3.2 COMÉDIAS ....................................................................................................................... 28 4. O SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO - UMA ANÁLISE ....................................... 34 4.1 PERFIL DOS PERSONAGENS ........................................................................................ 34 4.2. ENREDO ........................................................................................................................... 35 4.1 A PRESENÇA DA NATUREZA ...................................................................................... 36 4.2. A MITOLOGIA, MAGIA E A CULTURA CELTA ........................................................ 41 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 46 6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 48 9 1 INTRODUÇÃO A literatura é construída juntamente com a história de uma nação, as culturas de diferentes povos e suas diversidades compõem a literatura, mostrando às mudanças e aperfeiçoamentos que são transferidos de uma geração a outra com a passagem dos anos. No contexto histórico da literatura inglesa conhecemos a relação entre língua e literatura, no qual o desenvolvimento da língua inglesa acontece durante o percurso da literatura inglesa. As mudanças, o crescimento e a evolução de uma nação se tornam bases para o alvorecer da literatura, é por ela que os acontecimentos e pensamentos são registrados através dos tempos. A literatura inglesa tem características que possuem um diferencial nas obras escrita em inglês percebemos a essência da Inglaterra, assim como os costumes do povo que transmitem a origem de um país e suas virtudes naturais. Os períodos de desenvolvimento da Ilha Britânica eram retomados para dentro da literatura inglesa, desde quando a literatura era passada oralmente pelos celtas como depois com a chegada dos romanos, anglo-saxão e os normandos que estabeleceram o cristianismo na Inglaterra, esses fatos favoreceram a literatura, pois ela em sua grande maioria passou a ser escrita pelos monges na idade média. A Inglaterra passou por fortes mudanças, a Rainha Elizabeth tinha posse do trono, durante o seu reinado a Inglaterra se desenvolveu, a literatura se expandiu, e o renascimento chegou revolucionando o drama inglês. Surge então William Shakespeare considerado o maior dramaturgo de todo o mundo. O século XVI marca a história da literatura com as transformações culturais e econômicas da Inglaterra. Shakespeare trás em suas obras os aspectos da vida humana encontrados na sociedade em que viveu, no entanto, sua busca estava na profundidade do psicológico da sociedade, seus personagens descrevem intimamente características tais como a inveja, o amor, o medo, a indecisão e a busca pelo poder, seus temas se baseavam no contexto social da época que refletem no momento atual. Este trabalho monográfico se divide em três capítulos, o primeiro capítulo fala sobre a literatura inglesa num contexto histórico que ressalta as conquistas e mudanças de diferentes povos que viveram na Inglaterra, onde também retoma a literatura e cultura celta dando ênfase a representação da natureza dentro da literatura inglesa. 10 Durante o segundo capítulo veremos os aspectos históricos no momento em que viveu William Shakespeare, e as influências que recebeu em suas produções literárias, intensificando a grandeza de sua vida como escritor sendo representado através de suas obras e sua plena importância para a literatura inglesa e a literatura de todo o mundo. No terceiro capítulo analisaremos a Obra Um Sonho de uma Noite de Verão, evidenciando a representação da natureza, assim como os aspectos da Mitologia, Magia e a Cultura Celta encontrados na obra. A base para este trabalho se deu por meio de uma pesquisa bibliográfica de livros que se referem ao assunto da Literatura Inglesa e a relação da literatura com a natureza além de outros autores que abordavam tema sobre a vida de William Shakespeare e suas obras. Tendo como principal objetivo estudar os conteúdos para o desenvolvimento desse trabalho para que sirva como instrumento de pesquisa para outras pessoas. 11 2 LITERATURA INGLESA A produção Literária é uma manifestação cultural que acontece em todo o mundo, e a Literatura inglesa não é diferente. Sabemos o quanto ela antecede as correntes literárias dos outros países, rica pela misturas de povos que invadiram a Inglaterra e deixaram suas influências. Sendo a Inglaterra uma ilha, pensamos que não deve ser profunda a contribuição que uma língua poderia receber. Mas, a literatura e a língua inglesa nos mostram o quanto à Inglaterra se expandiu conforme as invasões e tentativas de possessão de terras. A Literatura Inglesa teve sua formação prestigiada por culturas diferentes, dentre elas estão os Celtas, Romanos e Germânicos. É por esse vasto povo que viveu na Ilha Britânica que temos uma língua que sofreu variações com o passar do tempo, dentro dessas mudanças veremos como a literatura inglesa surge e juntamente com ela toda a evolução histórica da Língua inglesa. Nesse contexto histórico notamos que a literatura inglesa esteve lado a lado com a língua inglesa. Durante o período que os movimentos literários eram formados a língua inglesa ia tomando forma deixando de lado os dialetos, o latim e o inglês arcaico usado na idade média. Todavia, sabemos que a literatura inglesa foi constituída não somente por escritores ingleses, mas por todos aqueles que conhecem a língua inglesa e a utilizou na escrita de suas obras, quando nos referimos à literatura inglesa, falamos tão somente de todas as obras que foram escritas na língua inglesa. “A literatura inglesa é a literatura escrita em inglês. Não é apenas a literatura da Inglaterra ou das ilhas britânicas, mas um corpo vasto e crescente de escritos constituído pela obra de autores que usam a língua inglesa como um veículo natural de comunicação”. (BURGESS, 2006. p.17) Para Borges (2006, p.1), “A literatura inglesa começa a se desenvolver em fins do século VII ou princípios do século VIII. São dessa época as primeiras manifestações que possuímos anteriores às das outras européias”. Vemos que os primórdios da literatura inglesa vêm desde o povo celta até 1066 quando os normandos chegaram à Inglaterra. 12 A abertura da literatura na Inglaterra foi constituída através da oratória, as poesias eram cantadas e contadas pelo povo celta, para Silva (2005, p.18) “os celtas não utilizaram a escrita para deixarem registrada a sua história; toda a sua cultura era passada oralmente pela classe religiosa”. Assim, durante esse período muita coisa se perdeu, deixando pouca influência na língua inglesa que é usada hoje. 2.1 O ESPAÇO DE ROMA NA INGLATERRA Quando Roma tomou posse da Inglaterra em 43 d.C. parte da cultura celta foi destruída, o cristianismo e o latim começaram a ser promovido pelos romanos entre o povo celta, somente em meados de 409 d.C. Roma foi retirada do país pelos anglo-saxões, mas o novo cenário social e político deixado por Roma através do cristianismo prevalecem. Conforme Silva (2005, p. 22) “mesmo com a saída dos romanos da Bretanha em 409 d.C., essa instituição se tornaria não apenas uma força religiosa, mas também política e econômica a partir do período anglo-saxônico”. Não restou muito da cultura celta e romano na Inglaterra, mas a língua deixada pelos romanos que é o latim marca o inglês até os dias atuais. Roma caiu, e os anglo-saxões vieram invadir o território inglês. No entanto, com a invasão dos germânicos, o cristianismo continuou ponderando na Inglaterra e conseguinte o sistema político e econômico deixado pelos romanos. Segundo Silva (2005, p. 29) “o cristianismo foi fundamental para o desenvolvimento da literatura na Inglaterra pelo simples fato de que, antes dele, não havia livros. [...] os celtas, a cultura dos anglo-saxônicos era transmitida oralmente”. Vemos que o cristianismo foi fundamental para a literatura inglesa, apesar de todas as poesias e histórias serem entoadas, os leitores de hoje têm acesso a criação dos antepassados que foram salvas por serem passadas de geração a geração. 2.2 O ESPAÇO ANGLO-SAXÃO E OS NORMANDOS No período anglo-saxão, a Literatura Inglesa inicia o processo de desenvolvimento através da escrita, o domínio dos germanos à ilha trouxe vantagens, pois era um povo que sabia governar e conhecia as artes e juntamente consigo veio a sua literatura. Para Burgess (2006, p. 24) “Eram fazendeiros e homens do mar, sabiam algo a respeito do direito e da arte de governar e 13 [...] trouxeram com eles uma literatura da Europa para a Inglaterra”. Mesmo sendo usado o inglês arcaico e o latim, hoje temos uma valorosa produção literária que busca mostrar todos os mitos, crenças e o contexto histórico da Inglaterra. Em Beowulf, um poema épico de 3.182 versos, criado em meados do século VIII d.C. vemos muito da mitologia e da magia deixada pelo povo pagão, ou celta. O poema que faz parte da literatura anglo-saxônica, conta a história de uma batalha de um homem com um ogro e sua mãe uma bruxa, apresentando uma lenda com fortes características célticas. “[...] narrativa em verso que trata de batalhas, heroísmos, feitos sobre humanos, perigos, forte presença do sobrenatural, amor, honra e amizade na qual mito, lenda e historia se encontram para criar um efeito maior que a vida. O poema também tem um caráter nacional simbolizado na figura do herói. Devido a essa estrutura, sua linguagem é grandiosa e solene. Todos esses elementos que caracterizam um poema épico estão presentes em Beowulf.” (SILVA, 2005, p. 42) Portanto, essa obra marcou a literatura inglesa se tornando referência na demonstração das características do povo e suas crenças, além de ressaltar a natureza como forte elemento que em suas paisagens transmitem situações obscura e de riscos profundos. A maioria dos ingleses tinha se tornado cristão fazendo com que a igreja crescesse, quando os monastérios já existiam na Inglaterra os monges começaram a inscrever a Literatura anglosaxônica. Como afirma Burgess (2006, p.24) “[...] os registros da primeira literatura dos anglo-saxões pertencem à Inglaterra cristã, escritos por monges e guardados em monastérios”, visto que muito do que eram lembrado e registrado em sua maioria seus autores não eram conhecidos. Porém, na literatura inglesa o verso antecede a prosa, e sabe-se que a poesia era recitada de forma épica que exprime a identidade dos habitantes da Bretanha. De acordo com Silva (2005, p.51) “A invasão dos normandos em 1066 e a instauração de seu modo de vida causaram uma profunda transformação nas esferas social e política e artística da Inglaterra cujos reflexos ainda estão presentes nos dias de hoje”. Com a chegada dos normandos, já convertidos ao cristianismo a Inglaterra chega à idade média, prosseguindo com o desenvolvimento do país, porém não podemos falar o mesmo na sua contribuição à literatura inglesa. Os normandos ergueram a Ilha Britânica através do meio social e político, mas, o que se pode perceber é que a sua contribuição para com a literatura não foi verdadeira, quando a colocamos ao lado dos momentos literários feita pelos povos celtas e anglo-saxão. Segundo Burgess (2006, p.32) “Os normandos na Inglaterra criaram uma literatura que não 14 era nem uma coisa nem outra – nem uma autêntica literatura inglesa nem uma autêntica literatura francesa”. Entretanto, nota-se que foi a partir da língua usada pelos normandos que o inglês arcaico foi deixado e uma nova língua inglesa foi fincada na corrente literária e entre os cidadãos Ingleses. De modo geral a literatura inglesa é a história de toda a Ilha Britânica, sendo ela contada através dos mitos, lendas que os celtas criaram através da poesia, e em seguida os anglo-saxões com epopéias, que tiveram grandes destaques até hoje na historia da Inglaterra. 2.3 CULTURA CELTA Os celtas são conhecidos desde antes de 2000 a.C. quando chegaram à Inglaterra. “As controvérsias sobre os celtas começam com a data de sua chegada à Bretanha. Segundo os estudiosos, quando falamos sobre os celtas devemos ter em mente vários povos pertencentes ao mesmo tronco indo-europeu que iniciaram sua passagem do continente para a ilha no ano de 2000 a.C.” (SILVA, 2005, p.18) Os celtas simbolizam os primórdios da língua e literatura inglesa, além de serem os primeiros habitantes da Bretanha a deixar sua herança cultural. A língua usada pelos celtas é muito pouco usada no inglês moderno, mas sua cultura ficou marcada até hoje em todo o mundo. Sua cultura recebe influências dos gregos, vemos isso por meio dos cultos aos deuses. Os celtas cultuavam a natureza como a deusa mãe, usava a terra para o cultivo e fonte de renda, para eles todo ser vivo possui alma, ou necessariamente, todo o ambiente é vivo. A cultura celta nos chama atenção através do mito e dos deuses que são cultuados, o povo celta atribui formas aos deuses por meio do seres da natureza. Daí, a trindade celta onde um único deus é simbolizado pela a força, a sabedoria, o amor e a beleza, exibem como funciona celtismo e a trindade, ou seja, A Sabedoria é vista através do ancião que ensinava e aconselhava os homens mais jovens que se tornariam guerreiros. A Força foi dada aos jovens como símbolo do homem que cuida da terra, e luta pelo seu povo. O Amor e a Beleza foram concedidos a Mulher, perante todos os aspectos do amor materno, fraterno, e o amor que a mulher como companheira possa compartir com um homem. 15 “NERZ, a Força, SKIANT, a Sabedoria, KARANTEZ, o Amor, a Beleza. Cada uma destas três modalidades dá lugar a uma „Personificação‟ particular de OIW (Deus). [...] E os Celtas, por um antropomorfismo comum a todos os povos, personificaram estes Atributos. [...] E este triplo aspecto de um só Deus lhe basta. Com três formas escolhidas entre as mais elevadas que a vida cotidiana lhe oferece”. (AMBELAIN, 1991, p.32-33) Notamos que A trindade celta é marcante na cultura celta, por meio dela que vemos como a sociedade foi formada, suas influências marcaram e constituíram os costumes de muitos povos tanto em 2000 a.C. durante a idade média e hoje em todo o mundo. Na sociedade homens e mulheres eram tratados com igualdade, e aderiam o mesmo lugar na sociedade. A esse respeito afirma Silva (2005, p.19) “É importante mencionar que as mulheres eram tratadas como iguais perante aos homens e podiam, inclusive, se tornar líderes de sua tribo”. Os sacerdotes celtas chamados de Druídas eram responsáveis pela passagem de geração em geração da mitologia e crenças celta, eles dominavam a sociedade e eram vistos como conselheiros para os reis, por intermédio do poder religioso e político que exerciam entre o povo celta. “Os druídas desempenhavam um papel-chave na sociedade Celta, pois detinham o poder político e religioso. Tão forte era a influência dos druidas sobre seu povo que eles eram vistos como uma ameaça pelo império romano”. (SILVA, 2005, p.20) O comportamento dos celtas, desde os rituais e a crença nos seres que estavam na natureza, contribuíam no desenvolvimento tanto dos jovens que eram preparados para batalha, onde os sacerdotes que instruíam esses jovens eram vistos como mestres, e como das mulheres que doavam seu amor para com os filhos, esposo, e toda a sociedade. Os celtas buscavam o poder da mãe terra, por ser vista como meio que fornece energia, alimento e dá subsistência ao ser, além de abrigar o homem. “[...] os celtas de forma geral eram animistas, ou seja, acreditavam que os elementos da natureza eram encarnações dos espíritos de e seus antepassados. Eles estabeleceram uma misteriosa relação com as arvores, usando bosques sagrados como templos, além de acreditar que após a morte vivia-se nas pedras, na água, ou nas colinas. Compartilhavam da crença de que a natureza era a Terra Mãe, fonte de tudo, e daí decorre sua valorização das mulheres.” (SILVA, 2005, p.20) Um costume que ficou marcado até hoje em quase todo o mundo é o Halloween, que é uma festa do povo celta no período que chegava a colheita, esse era um ritual de agradecimento 16 oferecido aos antepassados celebrando as boas novas após a colheita. No entanto, hoje é tido como o dia das bruxas, onde é festejado em outras culturas. Conforme Silva (2005, p.21) “O Halloween, como é comemorado atualmente, é uma celebração que reúne costumes celtas e crenças cristãs levados para a América por imigrantes irlandeses no começo do século XX.”. Entretanto, mesmo após a invasão de Roma, e a chegada do cristianismo, acreditou-se que as origens dos cultos celtas teriam sido apagadas, porém as crenças célticas penetraram na Bretanha, no cristianismo que imaginava tê-las apagado, dessa forma os cultos celtas sobreviveram até hoje. Assim, a fim de prevalecer o culto aos deuses e toda a cultura celta, foram criadas As Tríades da Ilha da Bretanha, que eram usadas pelos Druídas como um meio de sentenciar leis ou normas, que facilitavam a memorização dos seus seguidores. “As Tríades são aforismos sempre desenvolvidos imutavelmente em três pontos principais, provavelmente para gravá-los mais facilmente na memória do discípulo do Druída. Há tríades históricas, morais, jurídicas, teológicas, poéticas, etc., cuja massa é considerável”. (AMBELAIN, 1991, p.157) As tríades favorecem a história e a literatura celta, pois elas correspondem o real valor do que se acredita na cultura do povo gaulês, onde matem a tradição druídica. 2.4 LITERATURA CELTA A literatura inglesa é fortemente composta pela literatura celta, algumas lendas como Asterix e Obelix, o Rei Arthur, entre outras, todas têm características cultural dos gauleses, eis que nessas lendas notamos o místico, a adoração do homem para com a natureza e suas crenças em deuses que ganharam formas. Observamos como a comunidade era constituída e governada, e com relação à posição da mulher percebemos sua igual condição no meio social e político com o homem. Na lenda do Rei Arthur, observamos vários pontos históricos da época, percebemos que Arthur era um guerreiro cristão, ou seja, tinha adotado o cristianismo. Porém as suas raízes eram do povo celta. “Um herói bem maior do que qualquer um outro da Grécia ou de Roma emerge na figura do rei Arthur. [...] Arthur pertence à mitologia de uma raça – os galeses ou autênticos bretões - que os anglo-saxões expulsaram da Inglaterra e que os normandos, invadindo suas fronteiras, esmagaram com mão de ferro”. (BURGESS, 2006, p. 33 - 34) 17 Nessa lenda o mago Merlin era o conselheiro de Arthur, Merlin é considerado um homem sábio, ou seja, um druída, sacerdote que passava os ensinamentos para a população celta. A espada Excalibur é uma das grandes lendas que pertence aos celtas, acredita-se que ela foi feita pelas sacerdotisas de Avalon, que segundo a lenda foi criada com magia e símbolos místicos. “A famosa espada do rei Arthur, chamada nos primeiros relatos de Caladfwich (derivação da palavra galesa caladbolg – “duro corte”) e posteriormente no século XII de Caliburn, foi entregue a ele pela Dama do Lago e foi forjada pelas fadas”. (SILVA, 2005, p.83) Lancelot, o melhor dos guerreiros do Rei Arthur também descendia do povo gaulês, consta na história do Rei Arthur que os guerreiros se reuniam na Távola Redonda para comemorar suas vitórias, a mesa era algo simbólico que foi criado pelos celtas. “A famosa mesa circular criada pelo mago Merlin com o propósito de agrupar 150 cavaleiros era o ponto de encontro no qual Arthur e sua companhia celebravam seus feitos. O formato da mesa tem suas origens na reverência celta ao círculo como um símbolo da coerência e da totalidade. A cultura celta e tudo o que se acreditava pelo povo gaulês são fortemente citados na lenda do rei Arthur”. (SILVA, 2005, p. 85) Em Asterix e Obelix, a magia é mostrada através de dois guerreiros que por terem uma porção mágica consegue derrotar o exercito romano. Essas lendas são de certa forma a história da Inglaterra, é através delas que nos baseamos nos acontecimentos históricos da Ilha Britânica. “Contam a historia de Asterix, um baixinho narigudo que, após beber a porção mágica preparada pelo druida Panoramix, adquire uma momentânea força sobre humana e comenda a resistência celta-gaulesa aos ataques dos legionários romanos dos fortes de Babaorum, Aquarium, Laudanum e Petibonum. Ao lado de Asterix esta Obelix, um simpático comilão que caiu no caldeirão da poção mágica quando era pequeno, beneficiando-se dos efeitos permanentemente”. (SILVA, 2005, p.23) A lenda de Asterix e Obelix é uma versão de um dos momentos em que o povo celta resistia ao império Romano. A literatura celta assim como grande parte da literatura inglesa foi transmitida oralmente, mas, isso não foi o bastante para impedir que ela se estendesse até hoje. Inicialmente, notamos que as Tríades da Ilha da Bretanha eram usadas pelos druídas em seus ensinamentos, foi muito do que não se perdeu da literatura celta, muito das tríades foram manuscritos e conservados. As tríades além de serem morais ou históricas também podem ser poéticas, dessa forma as tríades foram mais uma expressão literária celta. 18 Os celtas trouxeram conhecimento histórico, místico e o cultivo da terra, para o povo da Inglaterra, além da literatura que deu formação para os povos, instruiu guerreiros para guerra, criou leis, divertiu com poemas e contos. A literatura celta nos auxilia no estudo do homem com o mundo, e com a natureza. 2.5 A REPRESENTAÇÃO DA NATUREZA NA LITERATURA INGLESA A Inglaterra também é verde, tem um clima aconchegante, é frio durante o inverno e quente durante o verão, mas nenhuma das temperaturas chega a ser insuportável. Na Inglaterra a passagem das estações é notada e festejada uma a uma pelos ingleses. Com belos campos, vegetação verde, lagos, rios, e florestas montanhosas, a natureza da Inglaterra se tornou um centro de encantamento por sua beleza, belezas que se tornaram símbolos e interpretações para as mais variáveis situações do estado da alma do ser humano. Muitos poetas se inspiraram no encanto dos aspectos da natureza, tal graciosidade transporta o homem para uma condição comparável ao da natureza. “O predomínio do mar e a terra formam o clima inglês. Nos trópicos não há estações a não ser o tempo chuvoso e o tempo seco, mas na Inglaterra temos consciência da Terra se aproximando e se afastando do Sol – primavera, verão, outono, inverno, e as festas associadas a essas estações. [...] Quatro estações distintas, mas todas relativamente suaves - o verão demasiado nunca quente e o inverno nunca ártico”. (BURGESS, 2006, p.18) Para Conhecer o clima inglês é necessário vive-lo, é poder sentir o frio nas montanhas, e apreciar a braveza das ondas do mar, é esperar a chegada do verão para saborear o sol e o vento quente acompanhado do verde admirável. Essa exuberante vida natural, as diversidades que existem na natureza, os efeitos que ela causa em nossos sentidos, são transformados em sentimentos pelos poetas, como a paixão, a tristeza, melancolia, a saudade e os temas mais variados que avassalam o coração do homem. Esses sentimentos são especialmente notados em todas as paisagens da linda Inglaterra. A beleza de um país que é uma ilha cercada por montanhas, um mar gelado e agitado, florestas de um verde sublime, que os escritores ingleses se inspiravam, e trazia para dentro de suas poesias, porque para eles a natureza é vista como um símbolo primordial da aproximação de um mundo belo. A natureza pode estar presente nas estações do ano, com suas passagens, nas tempestades, ou dias de muito sol. O escritor interage com a natureza que funciona como 19 estímulo liberando o intenso desejo de expressão de espírito do escritor. Normalmente todos os poetas mostram o sentimentalismo através dos poemas que refletem, demonstram e indicam o sentimento do poeta, suas emoções transmitem a essência da vida. “A Inglaterra é uma ilha, e o mar banha tanto sua literatura quanto suas costas. É um mar frio, tempestuoso, bem diferente do plácido Mediterrâneo ou das águas quentes dos trópicos. Sua voz nunca está muito distante da música da poesia inglesa [...]. A paisagem da Inglaterra é variada – montanhas e lagos e rios -, mas seu efeito uniforme é de suavidade verde – colinas perto do mar e fazendas e florestas. [...] Temos de conhecer algo sobre a paisagem inglesa antes de começarmos a apreciar os poetas ingleses da natureza”. (BURGESS, 2006, p.18) Conhecer a literatura inglesa é ao mesmo tempo descobrir a natureza da Ilha Britânica, quando os primeiros textos começaram a surgir passavam a descrever as características da natureza, que foi muito bem representada pela literatura inglesa, onde vemos o culto à natureza refletida em obras escritas desde a idade média. “A Inglaterra é uma nação de marinheiros e de viajantes, e esses personagens se refletem em sua literatura, assim como o mar frio e tempestuoso. Desde o século X, em poemas anglo-saxônicos como “The Wanderer” (975 d.C.), até o século XX, [...]”. (SILVA, 2005, p.4) Em Beowulf vemos o quanto os sentimentos são expressos por meio da natureza em vários pontos da obra, a narração está cheia de elementos que descrevem florestas, rios, cavernas, fazendo com que a narrativa fique repleta de ações que excita o leitor. “Esse monstro percorre os ermos e vive com a mãe no fundo de uma laguna, tão profunda que o herói, que mergulha nela, tem de nadar um dia inteiro para chegar à caverna subterrânea [...]. Dizem que os cervos temem se aproximar da laguna, como uma zona de tempestades, de neblina, de solidão, e por causa do que também poderíamos chamar de horror sagrado. [...] no Beowulf temos o sentimento da natureza como algo temível, além do mais, como algo hostil aos homens; o sentimento da noite e da escuridão como algo temível, [...]”. (BORGES, 2006, p.23-24) Certamente na literatura inglesa vemos o quanto às sensações são ressaltadas com o relato das ações em Beowulf. Os poetas conseguiam traduzir as características dos indivíduos, por meio dos elementos da natureza. Tais elementos são cultualdos pelos poetas ingleses no intenso meio de escrever poemas que tem a prentenção de comparar a personalidade humana e suas qualidades com a própria natureza. 20 3 WILLIAM SHAKESPEARE – CONTEXTO HISTÓRICO A Inglaterra se estabilizou no sec. XVI com o reinado de Henry VII durante 1485-1509, um período de desenvolvimento na Inglaterra, como um Rei ele proporcionou a inglaterra paz e prosperidade, após sua morte seu filho Henry VIII subiu ao trono, diferentemente do seu pai, Henry era um gastador que acabou com toda riqueza que seu pai havia poupado, porém, em seu domínio rompeu com a Igreja católica, dando inicio a Igreja Anglicana. Henry VIII, casou-se várias vezes, Primeiro com a mãe de sua primeira Filha Mary I, mas como queria um filho para herdar o trono, casou pela segunda vez, porém sua esposa teve uma filha que foi chamada de Elizabeth I. No entanto, não estando satisfeito armou para que sua segunda esposa fosse executada, casando pela terceira vez e tendo seu primeiro filho Edward IV. “Henry VIII queria um herdeiro legítimo, mas após vinte anos de casamneto, sua esposa católica, Catarina de Aragão, só havia lhe dado uma filha, Mary. Ele decidiu então pedir ao papa que lhe concedesse o divorcio a fim de que ele pudesse se casar com sua amante, Ana Bolena. Acontece que além de ser o lider da Igreja Catolica, o papa Leão X era sobrinho da esposa de Henry VIII e obviamente negou-lhe o pedido de divorcio. Henry então matou dois coelhos com uma só cajadada: tomou as terras da Igreja declarando-se chefe da mesma na Inglaterra, e se casou com Ana Bolena. Estava criada a Igreja Anglicana”. (SILVA, 2005, p.106) Nesse mesmo período a Reforma Protestante teve início através de Lutero em 1517 em Roma. Lutero pregava contra os abusos da Igreja Católica, como a venda do perdão e de indulgências para alcançar a salvação, mas, para Lutero a salvação vinha somente da fé. João Calvino havia aderido a reforma, Calvino foi perseguido, com isso, teve que fugir se refugiando em Genebra, onde fundou o Calvinismo. João era contra a vida luxuosa, o culto das imagens e os divertimentos. O Calvinismo se expandiu, mas não somente por motivos religiosos e sim por causas econômicas que gerou crescimento no comércio, fazendo com que o protestantismo se propagasse em vários países, entres eles estava a Inglaterra. Entretanto, após a morte de Henry VIII, Edward IV subiu ao trono, mas, morreu cedo, logo depois, começou o reinado de sua Irmã Mary I, que tentou restituir a Igreja católica, porém seu reinado foi rejeitado pelo povo inglês, quando Mary veio a falecer, as boas novas foram trazidas a Inglaterra com o governo da Rainha Elizabeth I em 1558, Elizabeth reestabeleceu o 21 governo, organizando os problemas religiosos que foram causados por sua irmã; Elizabeth ergueu a Igreja Anglicana como única a ser seguida pelo povo. Durante o período do seu domínio a europa passou por mudanças que chegaram a Inglaterra, fatores importantes para o desenvolver da Ilha Brintânica. Porém, devemos ressaltar que o desenvolvimento da Inglaterra foi devido as navegações concedida pela rainha, que buscavam por terras, e favoreciam o comércio com outros países. Nesse momento os espanhóis tentaram invadir a Ilha Britânica, mas, foram derrotados pelos ingleses. Após a derrota dos espanhóis vários comerciantes protestantes fugiram para a Inglaterra, dessa forma, a Ilha foi favorecida com todos esses acontecimentos, que proporcionou a chegada da Renascença, aumentando o crescimento de Londres. “[...] Elizabeth se cercou dos melhores conselheiros que a ajudaram a enfrentar as dificuldades de uma economia arrsada pelas fanfarronices de seu pai. No Parlamento, Elizabeth demosntrou habilidade ao evitar radicalizações políticas. Ela conseguiu encontrar um ponto de equilibrio entre os anseios de prostestantes e católicos, ao mesmo tempo em que firmou a sua posição como líder da Igreja Anglicana: “Para mim, há apenas um Jesus Cristo e uma fé. O resto são Trivialidades”, declarou certa vez”. (SILVA, 2005, p.108) A Reforma Protestante é paralelo a Renascença. A Renascença foi um movimento que se desenvolveu na Itália no mesmo momento histórico que a Reforma Protestante. O Renascimento chegou e se firmou durante o reinado de Elizabeth, a Rainha admiradora das artes. “O Renascimento se opôs à mentalidade medieval mediante a idéia de que a razão deveria se sobrepor ao pensamento religioso tradicional e ser aplicada para um melhor entendimento do mundo. Em vez da ênfase no „mundo de Deus‟, a sociedade caminhou para um antropocentrismo (homem como centro), valorizando a obra humana. Isso levou ao desenvolvimento do racionalismo, do humanismo e do nacionalismo”. (SILVA, 2005, p.110) Esse era o novo modo de pensar do homem, pensamento que deixava a igreja de lado, que passou a se preocupar com o ser humano, o homem passaria a ter liberdade de conhecer e se tornar capaz de conquistar o centro do mundo. Uma das exclusividades do Renascimento era enaltecer o homem e a sua beleza. Todavia, o drama ja existia desde muito antes do sec. XVI através das peças religiosas que tratavam de temas moralistas, os atores apresentavam suas peças em várias cidades, com isso ganhavam um meio de sobreviver, pois, durante o reinado de Henry VIII foram destituídos os 22 monastérios que asseguravam trabalho para os homens que haviam concluído os estudos, no entanto, o único meio de se sustentar era escrevendo peças. Os autores que surgiram durante essa época eram chamados como The University Wits “Os Sábios da Universidades”, que contribuíram para o crescimento do renascimento no teatro. “[...] o monastério sempre se encarregou tanto de subvencionar previamente como de alojar o estudante sem dinheiro. [...] O ensino não era uma profissão atraente, e não havia concursos para o serviço civil. Só restava um tipo de jornalismo – panfletos, romances, e, o mais lucrativo talvez, escrever peças para os novos teatros populares”. (BURGESS, 2005, p. 81) Shakespeare surgiu no momento de transformação da Inglaterra e do drama inglês, as peças deixaram os temas religiosos, e começaram tratar os temas morais como algo real para o ser humano, transcrevendo-as através do comportamento do homem. Com isso, o drama elisabetano começou a se destacar ganhando fama. As peças eram apresentadas nos centros da cidades, em vilarejos ou no meio da rua, todos tinham acesso aos espetáculos desde o nobre ao pebleu. Com o alvorecer do drama alguns nobres aristocratas financiavam companhias de teatros que eram apresentadas para eles em suas casas ou em festas particulares. Dessa forma, com a Rainha Elizabeth não era diferente, ela era fã da Dramartugia, daí por diante o drama elisabetano favoreceu a literatura, dando facilidade e acesso as classes sociais menos favorecidas. O drama se expandiu, com a influência renascentista, as peças apresentavam as facetas do homem que passa a viver em seu próprio mundo esquecendo o cristianismo. “Antes que os atores elisabetanos tivessem um lar permanente, eles se apresentavam em qualquer lugar, bastava erguer um palco e reunir uma multidão. Ou seja, eles realizavam espetáculos públicos em vilarejos, nos fundos das estalagens e em arenas em que ursos eram perseguidos. Realizavam espetáculos particulares nos grandes salões das casas da nobreza ou em um dos palacios da Rainha. [...] Em 1576, quando Shakespeare tinha 12 anos, james Burgage, um carpinteiro que depois virou ator, construiu o primeiro teatro “de verdade”. [...] ele foi simplismente chamado de O Teatro”. (ROZAKIS, 2002, p. 26) Com isso as companhias de teatro ganharam o nome de seus senhores que lhes forneciam recursos. Porém, com a evolução do drama, em 1576, o primeiro teatro foi construído, e o drama ganha uma nova casa. Um país em fase de mudanças e renovação se transforma em inspiração e referência para um escritor. Na Inglaterra como em outros países os escritores recebiam influências do 23 movimento renascentista criando uma literatura rica e exuberante. As pessoas e os poderes estatais marcam uma época tornando-se símbolos para os escritores e suas peças. A literatura ganha um novo rótulo e espaço que envolve as pessoas através do teatro e as obras criadas pelos artistas. 3.1 A VIDA E A PRODUÇÃO SHAKESPEARIANA William Shakespeare foi um escritor que se tornou conhecido em todo em mundo, ele atravessou as fronteiras da Inglaterra e do momento em que viveu; tudo o que Shakespeare produziu se estendeu para além da Ilha Britânica. Seu modo de ver a sociedade servia como inspiração para suas peças, seu ponto de vista era demonstrado em suas obras, porém, suas peças não limitaram-se apenas ao séc. XVI, até hoje a forma com que Shakespeare fez uso das palavras como um meio de descrever e exprimir o sentimento do ser humano através da linguagem em suas peças e poesias, se tornou um veículo de conhecimento e estudo do homem do século XVI até os dias atuais. “Shakespeare queria martelar ou cortejar, ou encantar os ouvidos de sua platéia com a linguagem, e, em qualquer uma de suas peças – as primeiras ou as últimas -, o tesouro das palavras se abre por inteiro, e o ouro se derrama prodigamente”. (BURGESS, 2006, p.91) William transmitia uma espontaneidade ao escrever, seus pensamentos fluíam como um bom som, a sua oralidade era um diferencial entre os outros autores teatrais. William Shakespeare em suas obras recebeu influências de outros escritores que o antecederam, e alguns que faziam parte de sua época. A literatura grega e latina também o influenciou fortemente. Shakespeare foi um grande poeta e crítico que olhava a sociedade de forma e modo diferente, o Autor ousou em suas peças, nelas descreveu momentos de uma época passada, mas que reflete na sociedade presente, com o intuito de escrever para entreter a nobresa, a burguesia e todas as classes sociais William conquistou recursos financeiros. Por fim, ele conseguiu não somente uma vida bem sucedida, como também o que não imaginava, o reconhecimento por ser um grande autor que atingiu o mundo com o seu talento. 24 Shakespeare tinha uma vastidão de imagens que o atraía basicamente para satisfazer a sua criatividade, toda a experiência e convívio com os diversos povos e as classes sociais nas quais circulava serviu-lhe como fundamentos nas escritas de obras que consideramos essenciais na demonstração dos costumes de um povo através dos pensamentos de William Shakespeare. Shakespeare nasceu no dia 23 de abril de 1564 em Stratford-upon-Avon no momento em que a Rainha Elizabeth I governava a Inglaterra, filho de John Shakespeare e Mary. John era um comerciante que prosperou e conseguiu um cargo público, Mary era dona de casa. Shakespeare vinha de uma familia de classe média, ele era o terceiro de oito filhos. “Filho de John Shakespeare e Mary Arden, William Shakespeare nasceu em Stratford upon Avon no dia 23 de abril de 1564 e lá faleceu no dia de seu aniversário, em 1616. seu pai era um fabricante de luvas e mercador de couro cuja prosperidade nos negocios o levou a assumir alguns postos públicos na administração local”. (SILVA, 2005, p.118) William casou-se com a filha de um fazendeiro, Anne Hathaway que era 8 anos mais velha que Shakespeare, ao que consta Anne poderia ter casado grávida. Eles casaram em novembro de 1582, e sua primeira filha Suzana nasceu em maio de 1583. Logo depois, Anne teve os gêmeos Hamnet e Judith. No início de sua vida conjugal e depois que se tornou pai dizem que Shakespeare era um mero homem trabalhador que exercia várias funções designados a todos os tipos de serviços. “Em 28 de novembro de 1582 as autoridades da igreja deram permissão para que Shakespeare, então com 18 anos, se casasse com Anne Hathaway, na época com 26. Tudo leva a crer que Anne estava grávida, [...] O período de 1585 a 1592 é chamado por estudiosos de „Os Anos Perdidos‟, dada a falta de informações sobre os rumos de Shakespeare. Especula-se que ele tenha trabalhado como tutor ou professor particular”. (SILVA, 2005, p.119) Não se sabe muito sobre o período entre o nascimento dos gêmeos e o início de William Shakespeare como poeta, dramaturgo e ator. O que se sabe é que em 1592, Shakespeare foi para Londres e deu origem a vida de escritor. Sabemos que Shakespeare já fazia fama, devido à crítica do escritor inglês Robert Greene que marcou a história de William, foi nesse mesmo ano que Shakespeare saiu de Stratford e foi para Londres, lá começou a sua vida de dramartugo e poeta se tornando conhecido entres todos através de sua arte. 25 “Em 1592, tivemos a primeira evidência da ascensão de Shakespeare no teatro londrino. Sendo o destino o que é, a referência é um insulto: [...] porque há um corvo arrogante, embelezado com nossa plumagem, que com seu coração de tigre, envolto em pele de ator, pressupõe-se que seja bem capaz de escrever um verso vazio de forma bombástica, como o melhor de vocês: e ser um absoluto Johannes fac totum está em sua própria presunção”. (ROZAKIS, 2002, p.7) Em 1594 Shakespeare ingressou na companhia teatral de Lord Chamberlain, que mais tarde receberia o nome de Homens do Rei. William permaneceu nessa companhia até o final de sua carreira em Londres. Segundo Rozakis (2002, p.26) “De 1594 a 1599, “Os Homens de Chamberlain” tornaram-se a companhia de atores mais famosa de Londres”. Consquistando fama e o povo de Londres, Ele se tornou um dos sócios do teatro o Globe onde começou a ganhar dinheiro, criando um novo rumo para sua vida. Shakespeare se aposentou devido a um incêndio que destruiu o seu teatro. Voltou para Stratford onde garantiu uma vida tranquila vivendo bem o resto de seus dias até a sua morte em abril de 1616. As peças de Shakespeare abordavam as situações mais variadas e complexas, o governo e suas quedas e vitórias, o homem, suas virtudes, limitações e origens; em suas obras o Autor expõe a intensidade da condição vivenciada pela humanidade, onde vitaliza a realidade que é dada uma maior abrangência que qualquer outro escritor. Suas peças satisfaziam o povo, sua produção se estendeu aos mais diversos gêneros desde os romances, comédias, tragédias e as obras históricas. Durante o período da epidemia de peste em Londres, Shakespeare escreveu dois poemas narrativos, Vênus e Adônis em 1593, e o Rapto de Lucrécia 1594, além de 154 sonetos que foram publicados pela primeira vez em 1609. “A sorte de Shakespeare mudou bruscamente em janeiro de 1593, quando os teatros londrinos foram fechados por causa da peste bubônica (a “Peste Negra”). Os teatros só puderam reabris durante o inverno de 1594, mas foram fechados de novo e continuaram assim até a primavera de 1594. [...] Durante essa época, Shakespeare escreveu poesia lírica, sonetos e peças para o entretenimento particular de seus amigos aristocratas”. (ROZAKIS, 2002, p.8) Conforme Rozakis (2002, p.39) “Estudiosos geralmente dividem a carreira de Shakespeare em quatro fases, baseando-se nas semelhanças entres as obras escritas por ele em cada época”. As obras de Shakespeare foram divididas em fases, que representam os períodos correspondentes ao momento histórico e vida do autor. 26 O momento inicial da carreira de Shakespeare denominou o primeiro período que destacamos como um momento de aprendizagem quando Shakespeare começou a escrever peças históricas e algumas comédias, logo depois, em outros períodos podemos dizer que Shakespeare já tinha descoberto a sua essência como escritor. As peças escritas no primeiro período foram Henrique VI entre 1589-1591, Ricardo III entre 1592-1593, além das comédias, como Comédias dos Erros, em 1592-1594, A Megera Domada, Tito Andrônico e o Rapto de Lucrécia escritas entre 1593-1594, Dois Cavalheiros de Verona, em 1594, também escreveu os poemas como Vênus e Adônis, em 1592-1593, e deu inicio aos sonetos, em 15931609. Em sua segunda fase Shakespeare com o momento de experiências já vivido, ele estava ágil e dominador na escrita das comédias e das tragédias, em suas peças os personagens possuem qualidades específicas, Shakespeare personifica elementos cruciais e únicos em seus personagens, que adquirem personalidades marcantes, esses personagens são vistos em suas comédias, peças históricas e tragédias que são elas O Mercador de Veneza e Henrique IV que foram escritas em 1596-1597, as comédias O Sonho de uma Noite de Verão e Romeu e Julieta de 1594-1596, Muito Barulho por Nada, em 1598-1599, Como Gostais e Júlio Cesar, em 1599, As Alegres Comadres de Windsor, em 1600, também escreveu as peças Ricardo II, em 1595, Henrique V, em 1599. As tragédias são as obras de maior profundidade de Shakespeare que foram produzidas no terceiro período, Shakespeare retomou a poesia nas suas peças com uma intensidade capaz de apontar a plenitude do pensamento e demonstrar os sentimentos nas dimensões mais complexas, que em grande parte foram ostentadas nas peças dramáticas. Entre 1601 a 1606 escreveu Hamlet, Otelo, Macbeth e Rei Lear, além das comédias Tróilo e Créssida, Tudo esta Bem Quando Acaba Bem, Medida por Medida e os poemas A Fênix e a Rola, e Queixas de uma Amorosa. Em sua última fase Shakespeare se estabeleceu sendo considerado um escritor virtuoso, o equilíbrio é um elemento que nesse período faz parte das estruturas de suas peças, o romantismo e a magia, são destacados na escrita, suas principais obras de destaque foram A Tempestade, Conto de Inverno, Tímon de Atenas, e Cimbelino, também foram escritas Antônio e Cleópatra, Coriolano, Péricles e Henrique VIII. 27 Shakespeare não precisava sair do lugar, para sentir o que precisava colocar no papel, ou seja, o mar, o sol, a natureza, os ambientes da barulhenta Londres era observado por ele com uma perspectiva diferente, William sentia dentro si, e isso bastou para escrever e expressa-las em seus dramas e poemas. Em suas obras ele penetra o olhar do poeta dentro da natureza humana, na qual formam uma composição perfeita que comove e satisfaz o povo com as específicas situações relatadas em suas peças como os assassinatos, as traições, o amor, as mazelas e o cômico. Shakespeare recebeu contribuições de Plutarco, Sêneca e Virgílio, John Lyly, Thomas Kyd, em suas obras. William escreveu Hamlet, através da obra Tragédia Espanhola de Thomas Kyd, de acordo com Burgess (2006, p.77) “Kyd é particularmente importante para o estudo de Shakespeare, pois tudo indica que ele escreveu a primeira versão da história de Hamlet na qual Shakespeare iria basear sua obra prima, [...]”. Sêneca que também influenciou Shakespeare por meio das escritas de tragédias que eram carregadas de cenas fortes e violentas com mortes e assassinatos, como afirma Burgess (2006, p.61) “A linguagem de Sêneca [...] tem uma violência, uma sanguinolência que atraía os dramaturgos elisabetanos [...]”. Esses escritores entre outros foram importantes para o desenvolvimento do talento e criatividade de Shakespeare. Na obra de Shakespeare as características de seus personagens são dotadas de traços fortemente marcados como, por exemplo, Hamlet pela indecisão, Romeu pelo amor juvenil, Calíbã pelo ressentimento, Próspero pelo conhecimento, etc. Onde torna seus personagens intensos e singulares. “[...] Ele desenvolveu peças técnicas dramáticas que descreviam a identidade psicológica de seus personagens; por essa razão até hoje os personagens de Shakespeare são os mais representativos da dramaturgia. [...] Por fim, a riqueza imaginativa do autor e a maneira como ele revelava as implicações do pensamento e da ação fizeram de suas peças fontes inesgotáveis de interpretação até os dias de hoje”. (SILVA, 2005, p.120) Em suas peças o ser humano é determinado pelos seus traços de bondade, inveja, cobiça ganância, ciúme, entre outros aspectos. Sem esquecer que Shakespeare também usa os seres místicos em algumas de suas obras, ele coloca o mundo real e imaginário entrelaçados em suas peças. Na obra O Sonho de uma Noite de Verão o autor apresenta as fadas como seres bons. No entanto, vemos outro ser místico na obra A Tempestade que é o espírito Ariel que demonstra 28 submissão a Próspero, nessa mesma peça outro fato marcante é a traição de Antônio para ficar com o trono de seu irmão Próspero que para isso o exila em uma ilha; o mesmo acontece na peça Hamlet, onde o pai de Hamlet foi supostamente envenenado por seu irmão Cláudio que desejava ser coroado e casar-se com a Rainha. Shakespeare revela em suas peças seu interesse específico em alguns temas, tais como o místico, a ganância e a inveja que são colocados em personagens que se diferem em suas personalidades, mas que nas obras possuem iguais situações comportamentais. Os dramas de William trazem em seus personagens múltiplas interpretações, como no caso de Hamlet que ao analisarmos a peça supomos que ele estaria louco ou com toda razão de desconfiar de seu tio. Notaremos que em suas peças os personagens recebem as características da alma e os defeitos ou qualidades do seres humanos, Shakespeare transcreve os sentimentos com profunda vivacidade, as palavras jorram como se estivessem sendo levadas na correnteza de um rio. A natureza em suas obras é vista como vemos a própria vida, em O Sonho de uma Noite de Verão, o autor utiliza os elementos da natureza para montar o cenário cheio de belezas que expressam os sentimentos dos personagens pela mulher amada e as situações vividas. Shakespeare utiliza a diversidade da natureza e seus estados diferentes e os une com os diversos tipos de caráter e sensações de seus personagens. As obras de William Shakespeare ganharam o mundo, Shakespeare é um autor que viveu séculos atrás, mas que tem a sua sobrevivência notada através dos tempos. 3.2 COMÉDIAS As comédias de William Shakespeare são: A Comédia dos Erros, Os Dois Cavalheiros de Verona, O Mercador de Veneza, Muito Barulho Por Nada, Como Gostais, A Megera Domada, Trabalhos de Amor Perdidos, Noite de Reis, As Alegres Comadres de Windsor e Sonho de Uma Noite de Verão. As comédias de William Shakespeare celebram o amor e suas faces, o casamento, as trocas de identidades, a posição da mulher na sociedade, o homem sagaz e ganancioso, e a honestidade; 29 todas essas características o autor expõem em suas comédias que em sua maioria traz o amor como tema central. “As comédias românticas de Shakespeare giram em torno do amor: suas provações, seus tormentos e arrebatamentos. [...] os personagens nas comédias de Shakespeare terminam alegremente casados, ou, pelo menos, legalmente casados!”. (ROZAKIS, 2002, p.71) Algumas de suas comédias são na maioria leves e divertidas, que incluem além do dramático os personagens cômicos. As comédias animadas, definida pelo bom humor e personagens cativantes que trazem qualidades divertidas e encantadoras, também dentre essas comédias há algumas baseadas em problemas que tratam de temas complexos e normalmente morais, onde o falso moralismo, a inveja, a infidelidade são mostrados nas peças. A Comédia dos Erros é uma obra onde a farsa é um dos principais elementos da peça, ela gira em torno de confusões, que deixa o leitor desorientado com os enganos que acontecem durante a trama, todavia, a obra também faz referência à submissão da mulher com seu esposo, nela observamos o cômico, o sermão moral, a vida e a felicidade amorosa. Na Comédia dos Erros conta a história de dois irmãos gêmeos que foram separados ainda pequenos em um naufrágio, o pai salva uma das crianças e a mãe salva a outra Mas, os criados de seus respectivos filhos também são gêmeos e também são separados durante o náufrago. A peça tem início com Egoente pai dos gêmeos que é um comerciante de Siracusa, porém ele é condenado à morte em Éfeso, por ser proibido à circulação dos moradores de Siracusa em Efeso. Antes de ser executado, ele conta ao Duque de Efeso que veio a Siracusa em busca de sua esposa e de seus filhos e servos gêmeos. A partir daí vários mal entendidos acontecem. “Como a maioria das comédias de Shakespeare, A Comédia dos Erros começa com sofrimento e termina em alegria. [...] A ação em A Comédia dos Erros é amplamente baseado no artifício dramático da identidade trocada. Os dois pares de gêmeos são constantemente confundidos”. (ROZAKIS, 2002, p.74-75) Notamos que na peça Noite de Reis e a Comédia dos Erros, o intuito maior é de entreter o público, são comédias que a diversão é um fator que se destaca na peça, assim como afirma Rozakis (2002, p.122) “[...] O enredo festivo e levemente satírico gira em torno de uma série de brincadeiras e de identidades trocadas”. Nos momentos em que os gêmeos são confundidos a trama passa a deixar uma expectativa de sua possível resolução, o expectador quer saber de 30 que forma esse quebra-cabeça será finalmente organizado, essa expectativa constrói o divertimento que é um dos pontos marcante nessa obra. Shakespeare correlaciona alguns fatos entre uma comédia e outra, como à troca de identidade, e os disfarces que são atribuídos por alguns personagens. Viola é confundida com seu irmão gêmeo Sebastião, nessa mesma obra Viola se disfarça de pajem para trabalhar para Orsino Duque de Ilíria, isso também acontece na peça Dois Cavalheiros de Verona De acordo com Rozakis (2002, p.79) “essa peça inicial tem muitos elementos que Shakespeare usou em suas comédias seguintes, incluindo os dois pares contrastantes de amantes, a garota disfarçada de pajem [...].”. Esse ato acontece no momento em que Júlia se disfarça de pajem para trabalhar para Proteu seu amado. Dois Cavalheiros de Verona apresenta os temas da amizade, assim como o da infidelidade, a obra faz uma menção maior com relação à cobiça da mulher do próximo. A trama termina a amizade reconstituída, percebemos que a história está construída em torno do amor, e do perdão, ou seja, Valentino concede seu perdão a Proteu, depois dele fazer de tudo para separar Valentino e Silvia, assim como o Duque de Milão perdoa os fora da lei que viviam na floresta a pedido de Valentino. Na obra As Alegres Comadres de Windsor acontecem uma sucessão de confusões através do personagem Falstaff que vivia aprontando com as pessoas. Falstaff se interessa pelas Senhoras Page e Ford, que resolvem dar uma lição no rapaz, no entanto, o Senhor Ford fica sabendo que Falstaff está cortejando sua esposa, por esse motivo o Senhor Ford resolve testar a fidelidade de sua mulher. Para Rozakis (2002, p.122) “As Alegres Comadres de Windsor apresenta características peculiares, dentre as comédias de Shakespeare, [...]. A peça retrata a vida comum, a classe média. [...] e a questão de identidade trocada”. Dessa forma percebemos a semelhança de fatores entre as comédias de Shakespeare. Portanto, em Como Gostais a maioria dos fatos acontecem na floresta. Percebemos que a floresta se torna fonte de inspiração e o lugar propício para se descobrir o amor e o declarar para mulher amada. “Como Gostais é uma ótima comédia, uma das melhores de Shakespeare. Nessa peça, as cartas de amor parecem crescer em árvores, e o duque malvado passa por uma miraculosa mudança. Porém, há uma mensagem em toda essa confusão: a peça satiriza o pastoralismo, a exaltação do campo [...]”. (ROZAKIS, 2002, p.109) 31 Como Gostais é uma peça que como as outras de Shakespeare mostram como os tronos eram tomados por irmãos, mas como toda comédia de Shakespeare os personagens terminam felizes, Na peça Como Gostais, não é diferente. Na natureza onde tudo acontece, os casais terminam casados, e o trono é devolvido ao verdadeiro dono. Nas muitas comédias de Shakespeare veremos a questão do casamento, como algo a ser negociado, acertado pelo pai com o suposto pretendente. Na peça A Megera Domada, isso fica bastante evidente, Catarina precisa se casar para que assim sua irmã mais nova também se case. Conforme Rozakis (2002, p.85) “Os casamentos geralmente aconteciam por dinheiro, dinheiro e mais dinheiro. Em A Megera Domada, vemos isso em Batista, que primeiramente considera as vantagens econômicas de um casamento”. Petruchio, o noivo que foi achado, conversa com Batista pai de Catarina e acerta o casamento com o mesmo. Logo depois Petruchio vai atrás da aceitação de Catarina, onde percebemos que ela não teve muita escolha. A posição da mulher como esposa é um traço marcante nessa comédia, ela expõe que a esposa deveria se dedicar ao marido e a sua casa, como afirma Rozakis (2002, p.85) “Após o casamento, a esposa devia obedecer a seu marido [...] Suas tarefas eram basicamente domésticas, [...]”. Apesar de Catarina se posicionar como uma mulher que buscava por liberdade e igualdade, logo, ela volta atrás e se torna só mais uma esposa sem escolhas que depende do marido, Catarina era uma moça de gênio difícil de lidar, mas, Petruchio consegue domá-la, transformando-a em uma esposa dedicada. No final Catarina é vista como uma esposa mais obediente que sua irmã Bianca. Em Trabalhos de Amor Perdidos os fatos ocorre em torno de tentativas de conquistar e declarar o sentimento amoroso a mulher amada, depois de tantas situações percorridas e argumentações feitas, os casais terminam separados, porém, com juramentos de amor que são dados através de penitências, ou trabalho voluntário. De acordo com Rozakis (2002, p.91) “Os casais não se casam alegremente. Contudo, a conclusão é paralela ao começo: o mundo do sofrimento e da dor se intromete no mundo do amor”. O final dessa história é diferente das outras peças de Shakespeare, pois, todos se separam, fica somente a promessa de casamento dos casais. Muito Barulho por Nada tem como tema central a conquista amorosa, o casamento, e a diferença entre os sexos, esses mesmo temas são abordados na maioria das comédias de Shakespeare. 32 “Muito Barulho por Nada é uma comédia romântica excêntrica, na qual todos, menos os amantes, percebem o encanto que há por trás da caçoada. Os brilhantes personagens Beatriz e Benedito dançam ao redor de seu amor... até que seja impossível ignorá-lo”. (ROZAKIS, 2002, p.109) A história é sobre o casal Cláudio e Hero, mas quem acaba tendo maior ênfase na peça são o casal Beatriz e Benedito que são o oposto de Cláudio e Hero, pois, Cláudio ama Hero que são declarados um para o outro, mas Beatriz e Benedito ao invés de se declararem, se insultam. Porém, Beatriz e Benedito se tornam vítimas de uma armação de seus amigos Cláudio e Hero para que eles confessem o seu amor pelo outro. O Mercador de Veneza, não tão diferente das outras comédias, fala do amor, no entanto, a obra se prende ao Judeu Shylock e a Antônio O Mercador de Veneza. Antônio faz um empréstimo com Shylock para seu amigo Bassânio casar-se com Pórcia. O prazo que Shylock deu a Antônio acaba e ele não paga a divida, porém o acordo é que se Antônio não pagasse a Shylock, ele lhe tiraria uma tira de couro. Daí por diante surge várias intervenções para resolver o caso de Antônio. Mas, o final dessa história também acaba bem, Antônio consegue se livrar da dívida. “O Mercador de Veneza é uma peça perturbadora. É classificada como comédia, embora às vezes se pareça mais com uma tragédia. Como comédia, poderia ser uma história de amor, mas há momentos em que parece uma história de ódio”. (ROZAKIS, 2002, p. 102) No Mercador de Veneza, Pórcia também se disfarça de Homem para defender Antônio no tribunal. Esse é um dos traços marcantes em Shakespeare, pois, no século XVI as mulheres não atuavam, ou seja, os atores eram homens, Conforme Burgess (2006, p. 90) “[...] suas heroínas eram rapazes e se sentiam mais confortáveis (provavelmente representavam melhor também) vestidas como rapazes”. Os que interpretavam as mulheres eram adolescente, por isso na maioria de suas comédias, Shakespeare utiliza o disfarce de homem em algumas de suas heroínas. O Autor em quase todas as suas comédias faz uso dos elementos da natureza, vemos que os romances em sua maioria aconteciam dentro da floresta, os pontos primordiais de algumas peças e o seu desfecho eram realizados nos ambientes de aspectos românticos, a natureza com a sua beleza, seja noite ou dia, é um lugar certo para expressar e declarar os sentimentos do mundo do amor. 33 Em suas comédias, Shakespeare colocou em evidência a posição da mulher e como elas eram vistas pela sociedade, a ganância pela ascensão do poder e dinheiro, o amor proibido, o casamento arranjado, assim como também as várias desconfianças, em que é revelada por meio de seus personagens que se disfarçavam para provar a lealdade do seu companheiro. William usava o entretenimento para falar sobre a sociedade, a diversão trazida pelo teatro é um transporte de conhecimento social de uma época. Esse mesmo transporte revela um mundo atual, através do romantismo de Shakespeare que nos contagia com as diversas histórias de amor carregadas das mais diferentes situações que expressam à sociedade. 34 4 O SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO – UMA ANÁLISE Em O Sonho de uma Noite de Verão, Shakespeare mostra um paralelo entre a magia, o amor, as fadas, e os seres humanos, que por fim todos se encontram na floresta. Shakespeare coloca o drama dentro da obra. Na peça as confusões são formadas por uma porção mágica do amor usada em casais errados, além do amor, o cômico aparece em vários momentos, um deles se destaca quando Bottom é transformado em burro por Puck, apesar de a obra conter cenas alegres, ela também apresenta a disputa amorosa e a condição imposta pelos pais de escolher o marido para filha. Hérmia ama Lisandro, porém, seu pai Egeu quer que ela se case com Demetrio, mas, ao desenrolar da peça e com as confusões desfeitas, Lisandro casa-se com Hérmia, Demétrio com Helena, o que proporciona a todos um final feliz. “Sonho de uma noite de Verão oferece uma folga da realidade; é uma grande viagem. [...] Como num sonho, a peça apresenta uma estranha mistura de personagens realísticos e fantásticos, de falas cotidianas e poesia sublime, de acontecimentos verossímeis e arrojados vôos da imaginação”. (ROZAKIS, 2002, p.96-101) A peça O Sonho de uma Noite de Verão foi escrita entre 1594-1596 por William Shakespeare, obra que se refere ao romance e a comédia, trazendo uma história cheia de fantasias e magia relacionando o real mundo dos homens com o imaginário mundo das fadas. 4.1 PERFIL DOS PERSONAGENS Teseu – Duque de Atenas. Hipólita – Noiva de Teseu, Rainha das amazonas. Egeu – Pai de Hérmia, um homem rígido que segue a risco o costume e as leis atenienses. Lisandro – Um belo cavaleiro, romântico, virtuoso e corajoso que é apaixonado por Hérmia. Demétrio – Um rapaz bonito que tem consigo um coração duro, que se comporta como uma fera selvagem, além de ser inconstante e desleal, que é apaixonado por Hérmia. 35 Bottom – Um homem entusiasmado de figura agradável. Tecelão. Hérmia – Filha de Egeu, que é apaixonada por Lisandro, uma moça muito bonita e formosa aos olhos de todos, que transcende encanto tanto ao falar quanto a olhar, menina de baixa estatura qual se mostra meiga, valente e ousada. Helena – Uma mulher de igual Beleza comparada a Hérmia, porém de estatura alta, mas, seus traços se diferem com relação à graciosidade de Hérmia, pois, Helena carregava um semblante triste e aflito. Helena é apaixonada por Demétrio. Oberon – Rei das Fadas, um Rei ciumento, astuto e esperto. Titânia – Rainha das Fadas, uma fada orgulhosa, generosa, e leal. Puck – ou Bom Robim, um elfo travesso. 4.2 ENREDO O Sonho de uma Noite de Verão conta a história de um casal apaixonado, Hérmia e Lisandro. Mas, Egeu o pai de Hérmia quer que ela se case com Demétrio. Porém, Lisandro vendo que não há como convencer Egeu, decide fugir com Hérmia. Helena é apaixonada por Demétrio, sabendo que Hérmia sua amiga fugira com Lisandro decide contar a Demétrio, nesse momento ele resolve ir atrás deles na floresta. Na floresta próxima a Atenas se encontra Oberon Rei das fadas, e Titânia Rainha das fadas. Ambos começam a discutir, Oberon quer o menino que Titânia cria, porém ela se recusa a cumprir seu desejo. Diante dessa circunstância Oberon resolve usar a magia a favor de suas vontades, pedindo para Puck seu fiel escoteiro usar uma flor mágica nos olhos de Titânia quando ela estiver dormindo, que ao acordar se apaixonará pelo primeiro que ver. Demétrio está na floresta com Helena, ao ver o modo como Demétrio maltrata Helena, Oberon pede para que Puck também passe a flor nos olhos de Demétrio. Lisandro e Hérmia já estão na floresta e decidem repousar. Puck ao invés de enfeitiçar Demétrio ele enfeitiça Lisandro que é acordado por Helena, nesse instante Lisandro se apaixona por Helena, deixando Hérmia sozinha na floresta. 36 Puck vê os cortesãos ensaiando na floresta a peça Píramo e Tisbe que será apresentada no casamento de Teseu e Hipólita e resolve divertir-se com o grupo, Puck lança um feitiço sobre Bottom, deixando-o com cabeça de burro, ao perceberem a diferença em Bottom todos os seus companheiros saem correndo. Mas, ali está Titânia a dormir, Titânia acorda e se encanta por Bottom o Jumento. Oberon percebe que Puck enfeitiçou o ateniense errado. Daí por diante várias confusões acontecem, os dois cavaleiros que amavam Hérmia, agora amam a Helena, porém as belas donzelas não conseguem compreender todo esse emaranhamento dos fatos; por fim, quando todos estão a dormir Puck quebra o encantamento de Lisandro, Bottom o tecelão e Titânia. Ao acordarem todos pensam que tudo não passou de Um Sonho, Lisandro volta ao normal, Demétrio declara seu amor por Helena. Com isso, tudo termina bem no mundo dos homens e das fadas, Oberon e Titânia se reconciliam. Enquanto isso no castelo a peça de Píramo e Tisbe dá fim a obra com muita graça e diversão. Na comédia O Sonho de uma Noite de Verão, Shakespeare traz alguns personagens cômicos, dessa forma os acontecimentos são reduzidos pelo humor, usando o artifício de fazer com que sentimos a existência dos personagens imaginários como reais, notamos que ao amanhecer, os humanos que estavam na floresta pensam que tudo era fruto de sua imaginação, porém, no final da história as fadas mais uma vez aparecem provando sua real existência, expressando a beleza da noite que chegou. Percebemos que na peça O Sonho de uma Noite de Verão a realidade e a ilusão estão bem definidas já que no desenrolar da peça elas não se dividem. 4.3 A PRESENÇA DA NATUREZA Na obra O Sonho de uma Noite de Verão, Shakespeare buscou na natureza apresentar a obra em volta de um lugar mágico, fantasioso e belo a luz do luar. A natureza é mostrada de vários pontos, tanto com o reino animal e vegetal, além dos astros e estrelas que iluminam a noite. Sentimos como se fosse um ambiente surreal, um lugar repleto de coisas maravilhosas, Shakespeare nos faz usar a imaginação, ele nos coloca dentro dos seus próprios sentidos, com quais usa para descrever o bosque de O Sonho de uma Noite de Verão. 37 O Autor expressa nos elementos da natureza, as sensações do homem através das interpretações do tempo, ou seja, dias de sol simboliza alegrias constantes, festas, diversão, enquanto uma tempestade remete a infelicidade, tristeza, tribulações. Em alguns pontos Shakespeare exibe a lua com o resplendor da sua presença, como se ela fosse o indivíduo principal da noite, sendo a beleza feminina em muitos momentos comparada com a grandeza do luar e suas fases. Hipólita e Teseu descrevem a noite que aguardam com a chegada da lua que representará a união dos dois. “HIPÓLITA: Mergulharão depressa quatro dias na negra noite; quatro noites, presto, farão escoar o tempo como em sonhos. E então a lua que, como arco argênteo no céu ora se encurva, verá a solene noite das bodas. TESEU: [...] na outra lua quando tiver de ser selado o liame sempiterno entre mim e a minha amada [...]”. (SHAKESPEARE, Ato I, Cena I) As passagens da noite são descrita pela sua escuridão até a chegada da lua que é expressa como um marco ou a primordial testemunha no enlace matrimonial entre os personagens, sua chegada é tão importante quanto à união do casal. A lua é vista para ser louvada, porém é tida como algo estéril, que não dá fruto, comparada à situação de quem vive em um convento e que a aprecia, é como Teseu duque de Atenas se refere à lua ao falar com Hérmia, se ela pretende obedecer a seu pai ou passar o resto de sua vida no convento. “TESEU: [...] Vede se é possível suportardes um hábito de freira, para o caso de recusardes a paterna escolha, ficar encarcerada para sempre num convento sombrio, como estéril irmã passar a vida, hinos dolentes cantar à lua infrutuosa e fria”. (SHAKESPEARE, Ato I, Cena I) A mulher que é um ser gerador ao se colocar em um convento, onde a solidão é a companhia cotidiana, faz com que o autor a veja como aquela que deixa de dar vida, como a lua que em muitas noites se encontra só, assim a mulher é equiparada a ela como um ser que sozinho não fornece vida e nem tampouco luz. Durante toda a obra a lua é tida como sinônimo de tempo e lugar, ela representa tanto as características dos personagens como os sentimentos expressos durante a noite, ou seja, sensações alegres, ou tristes, além de se referir à beleza da deusa da lua. “HÉRMIA:[...] é mau indício assim nos encontrarmos ao luar. [...] se com tratável disposição quiserdes tomar parte de nossa alegre ronda e ver os ludos à clara luz da lua”. (SHAKESPEARE, Ato II, Cena I). 38 “LISANDRO: [...]Febe a luz prateada nas águas refletir, cobrindo a relva de pérolas e encanto dando à selva [...]. [...] Procurai-me no bosque do palácio, a uma milha da cidade, logo que a lua sair”. (SHAKESPEARE, Ato I, Cena I) Esses entre outros trechos exibem as fases da lua, a sua luz, a noite enluarada. O Autor evidencia a majestade da lua em todos os Atos no desenrolar da obra. A profunda transmissão da natureza na obra, nos elementos tais como a lua, as flores, o verde, revela a comoção, os sentimentos que indicam o modo como o autor se interessa demonstrar em seus personagens a perfeita descrição da plenitude do que é visto como beleza natural, a beleza da natureza que além da fauna e flora é associada também à natureza humana. As expressões nas faces dos personagens, a aflição, a dor ou o riso contagiantes, são características intensamente notadas nos aspectos da vida da natureza. Lisandro observa o rosto de Hérmia e a descreve como flores murchas, e Hérmia explica que é por muito tempo não ter chorado, Shakespeare demonstra tais situações por meio dos elementos da natureza. “LISANDRO: [...] Qual motivo de murcharem tão rápido essas rosas? HÉRMIA: [...] Talvez por falta de água que lhes viesse da tempestade dos meus próprios olhos”. (SHAKESPEARE, Ato I, Cena I) Lisandro revela a delicadeza do rosto de Hérmia assim como a rosa que com a falta de cuidado desfaz da sua formosura, no entanto, Hérmia leva em conta as suas lágrimas, que nesse caso revela o sofrimento, a qual serviria para regá-las sendo esse o modo de conservar a graça de tais rosas. Shakespeare ainda revela a aflição sentida por Hérmia que corroeu o seu coração transmitido por animais peçonhentos. “HÉRMIA: [...] Tira-me a serpente que no seio me causa dor pungente [...]”. (SHAKESPEARE, Ato II, Cena II) Observamos a força da reflexão feita da dor sentida por Hérmia, que indica uma obscura e horrenda situação na qual se encontrava. Um animal que trás medo ao homem da mesma forma que a dor, esse é um dos elementos que tem poder para exprimir a angústia por meio das palavras que se refere aos sentimentos dolorosos. Na mesma cena Shakespeare através do personagem de Helena faz uma perfeita imagem de Hérmia comparando-a a natureza, ela que é tida especialmente com desejo aos olhos dos homens. 39 “HELENA: [...] nesses olhos encontra a luz mais pura; acha ele em tua voz mais melodia do que o pastor na doce cotovia, quando o trigo nos campos enverdece e o pilritreiro de botões se tece”. (SHAKESPEARE, Ato II, Cena II) Observamos que Helena ressalta a natureza humana como algo que transmite luz, ou iluminado, a formosura de Hérmia chega a ser espontânea, assim como as plantações que estão a florescer, e a sua voz é tida mais doce do que os cantos que são apreciados pelo pastores, da mesma forma que a terra fornece uma beleza que chamamos de natural ao seres da natureza, assim O Autor nos faz sentir com que Hérmia tenha sido simplesmente agraciada em sua beleza. Porém, Helena coloca o homem em menor aspecto do que animal feroz, o ser humano é de certo modo caracterizado igualmente com os seres da natureza, William ainda considera a linhagem do homem que faz parte do mundo nivelado com a natureza, transformando tudo em um único ser. “HELENA: [...] Nem me faltam mundos de companhia nestes bosques, por serdes para mim o mundo todo. Como, pois, se dirá que eu estou sozinha, se o mundo toda agora me contempla? [...] Qualquer fera selvagem tem mais brando coração do que vós [...]”. (SHAKESPEARE, Ato II, Cena I) Helena se une a floresta referindo-se a ela como seu mundo, ela não a vê com diferenças, e a sente como um ser que o acompanha. Ainda nessa cena Helena descreve Demétrio como um bruto, que transparece não ser gentil dessa forma Shakespeare equipara o homem e a natureza, revelando que em certas situações um animal feroz pode ser considerado mais afável e bondoso que o homem. Todavia, a leitura feita da obra nos leva a perceber que Shakespeare investiga a graciosidade das estações, que invadem a alma de seus personagens, a simplicidade da primavera é assistida e revelada para nós leitores por entre uma palavra e outra que dá existência e formosura ao tempo que passa e as estações que chegam, o autor nos faz saborear e descobrir a perfeição em cada uma das estações. “LISANDRO: [...] uma vez ti vi em companhia de Helena a realizar os sacros ritos de uma manhã de maio. [...] Naquele bosque em que, sobre canteiros de primaveras, instantes tão fagueiros passamos tantas vezes [...]”. (SHAKESPEARE, Ato I, Cena I) No entanto, a exaltação da natureza é mostrada pelas fadas com um exuberante encanto como se todas as coisas tivessem perfume e sabores. 40 “FADAS: [...] As altivas primaveras ela as adora deveras; em seu dourado vestido de traçado mui garrido, há rubis, muito perfume, de que as fadas têm ciúme. Ora sacudo as pétalas das rosas à procura das pérolas donosas porque às orelhas ponha redolentes das primaveras lúcidos pingentes. [...] da sincera violeta e da graciosa primavera, onde há latada de fragrantes rosas e madressilvas nímio dulçorosas”. (SHAKESPEARE, Ato II, Cena I) Esse momento da primavera é destacado na natureza pelo tempo em que chegou e a força da graciosidade com que ela se aproxima trazendo cores e cheiros, as flores trazem alegrias e os campos são contemplados pelos verdes que exprime tranqüilidade, onde os climas das estações causam prazer. William Shakespeare também fez referência a um período em que as estações não permitiram que a terra viesse a dar bons frutos, essa cena indica um momento em que as plantações se perderam, e as paisagens que se referiam a agricultura ou a natureza não tinham boniteza, o campo estava coberto de água, e os animais se escondiam para longe dos pastos; Shakespeare através do personagem de Titânia Rainha das Fadas descreve como foi esse momento tanto para natureza como para os humanos, e no final fala das mudanças das estações. “TITÂNIA: [...] Em vão os bois no jugo se cansaram; perdeu o suor o lavrador; o verde trigo podre ficou antes de a barba juvenil lhe nascer; os currais se acham vazios nas campinas alagadas; cevam-se os corvos no pastoso gado: as quadras de pelota estão desertas e cobertas de lama; quase desfeitos na verde relva os belos labirintos, porque ora já ninguém neles transita. [...] enquanto sobre o queixo e nos cabelos brancos do velho inverno, por escárnio, brotam grinaldas de botões odoros do agradável estio. A primavera, o estio, o outono procriador, o inverno furioso as vestes habituais trocaram, de forma tal que o mundo, de assombrado, para identificá-los não tem meios. [...]”. (SHAKESPEARE, Ato II, Cena I) O Autor descreve as características do inverno com termos que remete a algo rabugento e desagradável, o frio inverno é uma das estações em que Shakespeare nos leva a tê-lo como algo ruim e temeroso, que provoca não apenas um frio físico, mas também a frieza da alma. Os animais silvestres e domésticos também são situados na peça, em alguns trechos observamos a espontaneidade de William ao interpretar os atos humanos com relação às simples características da personalidade da vida animal, como no momento em que o grupo de Bottom fugiu ao ver que ele estava com cabeça de burro. “PUCK: Ao vê-lo, os outros, tal como bulhento bando de patos bravos, no momento em que percebem caçador matreiro que para eles se arrasta sorrateiro, ou como gralhas de pés rubros, quando a um tiro súbito, a gritar, voando, se espalhando pelo céu [...]”. (SHAKESPEARE, Ato III, Cena II) 41 Puck fala do alvoroço causado pelo espanto que os amigos de Bottom tiveram ao vê-lo transformado, buscando representá-los como as aves que fogem dos caçadores no momento que se sentem ameaçados. Nesse outro ato observamos como Helena se coloca diante de Demétrio e da forma como ele a trata. “HELENA: [...] como cãozinho me tratai; repeli-me, dai-me golpes, não vos lembreis de mim, deixai-me à toa; mas por mais que de tudo eu seja indigna, permiti que vos siga. Mais modesto lugar em vosso amor não me é possível. Mas para mim será titulo honroso como vosso cãozinho ser tratada”. (SHAKESPEARE, Ato II, Cena I) Percebemos como Helena é colocada em termos de tratamento e condição comparada com um cãozinho, vemos que sua posição como ser humano é rebaixada por seus sentimentos que não são correspondidos, onde ser maltratada se torna sinônimo de afeição desde que ela seja aceita por Demétrio. Shakespeare provoca fortes colocações que podem ser notados em fatos que são assistidos na sociedade, que nos leva a entender a intenção do autor de revelar o íntimo do homem através dos aspectos que a natureza traduz. 4.4 MAGIA, MITOLOGIA E A CULTURA CELTA Shakespeare transfere o amor como algo mágico, sentir-se apaixonado, é tido por alguns momentos como ilusões, fantasias, amar é estar enfeitiçado na peça O Sonho de uma Noite de Verão, observamos que isso realmente é revelado na obra quando Puck enfeitiça Titânia, Lisandro e Demétrio sem que eles saibam, mas, Shakespeare faz com que os personagens sintam essa magia do amor, Egeu se refere a Lisandro como se ele tivesse dado a Hérmia uma porção do amor, é como se os personagens reais agissem como se estivessem em um conto de fadas, esse é o efeito causado por Shakespeare. “EGEU: [...] o peito de Hérmia traz enfeitiçado, sim, Lisandro, tu mesmo, com tuas rimas! [...] cantaste-lhe canções com voz fingida, versos de amor fingido, e cativaste as impressões de sua fantasia [...]”. (SHAKESPEARE, Ato I, Cena I) Assim também como Lisandro sobre o feitiço de Puck agora apaixonado por Helena, fala que o amor que Hérmia sente por ele não tem mais efeito. 42 “LISANDRO: A Hérmia não percebeu. Dorme até o dia, que em mim não tem poder tua magia”. (SHAKESPEARE, Ato II, Cena II) Os artifícios da conquista são retratados por Shakespeare como uma simpatia, o amor é visto como algo mais forte que o querer ter a pessoa amada por perto, assim as poesias que Lisandro recitava para Hérmia eram vistas por Egeu como magia deixando-a sobre um encantamento. Os personagens de William expressam as sensações do homem quando se encontra apaixonado, o autor aborda o mundo do amor como algo mágico e fantasioso pelos aspectos em que são demonstrados no indivíduo que está enamorado, esses aspectos geralmente leva o homem a ver o impossível como possível, onde tudo pode ser feito por algo ou aquele a quem se ama. Shakespeare também usa o personagem Puck para mostrar como o povo via as fadas, Puck com suas travessuras, atormentava moradores das aldeias, agricultores e viajantes, essas situações retomam a sociedade celta que acreditavam nas fadas, além das crenças do povo inglês. “FADA: [...] tu és aquele espírito travesso do nome Bom Robim. És tu que enleias de noite as raparigas das aldeias, tiras do leite a nata e, de mansinho, desajustas as peças do moinho; [...] que ris às gargalhadas, de inclemente, do viajante noturno exausto e lasso, pós o teres transviado um bom pedaço. PUCK: [...] Eu sou, realmente, o ledo vagabundo noturno que brinquedo faço de tudo, [...] às vezes ponho tudo em polvorosa, [...]”. (SHAKESPEARE, Ato II, Cena I) Puck é um dos principais personagens na obra que representa a mitologia, ele retrata fielmente a cultura Celta até o século XVI em que os ingleses acreditavam que os elfos existiam e que influenciavam na vida cotidiana, ou seja, as fadas viviam entre os humanos podendo assim mudar o rumo da colheita, como do trabalho de uma dona de casa, ou o do caminho de um viajante, o autor registra através de Puck que as fadas tinham fácil acesso aos seres humanos, além de podermos considerá-las superiores aos homens, pois possuíam a magia. Assim como os homens têm nomes, William dá nomes ao seres místicos, nomes que indicam elementos da natureza, como por exemplo, Teia de aranha, Semente de Mostarda, Flor de ervilha e Traça. “TITÂNIA: [...] silfos belos vais ter, como eu, também, que jóias te trarão do mar profundo, e te farão dormir sempre jucundo. [...] Traça! Mostarda! Flor de ervilha! Teia!”. (SHAKESPEARE, Ato III, Cena I) 43 Shakespeare fez com que a vida das fadas fosse transmitida através de como elas eram chamadas, as fadas representavam os elementos da floresta e tudo o que nela existiam, basicamente quaisquer seres poderiam dar nomes ou descrever as fadas. Tudo o que inspirou William Shakespeare em O Sonho de uma Noite de Verão está dentro de sua própria realidade, considerando que ele usou sua imaginação para percorrer por entre os seres reais e imaginários. O Autor com sua criatividade uniu os seres imaginários com os reais dentro da floresta. Shakespeare é mais um dos escritores que é um constante admirador da natureza, aquilo que lhe trás inspiração faz com que analisemos o homem como a própria natureza, ou seja, é dela que vive, e recebe toda a sua essência. Shakespeare descreve seus princípios por meio da natureza e da sua própria natureza humana. Mas, não ficaremos somente na análise dos elementos da natureza como expressão de sentimentos, veremos os costumes que são basicamente mostrados pelas crenças de um povo. Acredita-se na Tradição Celta que as plantações e colheitas eram abençoadas pelos deuses, que na mitologia são fadas. Em forma de agradecimento o povo lhes dava oferendas. Shakespeare transmite a mitologia como um elemento mágico, a magia pertence às fadas, sendo elas encantadas e espirituosas, em Sonho de uma Noite de Verão Titânia rainha das fadas nos demonstra que uma senhora da índia lhe prestava adoração. “TITÂNIA: Ao meu culto sua mãe era voltada, muitas e muitas vezes, na atmosfera perfumada das Índias, me aprazia ouvi-la discretear, tê-la ao meu lado nas amarelas praias de Netuno a admirar os cargueiros balouçantes sobre as ondas inquietas”. (SHAKESPEARE, Ato II, Cena I) Essa cena nos direciona ao tempo em que os Celtas cultuavam os deuses, e os espíritos que ganhavam personificações com os elementos da natureza, com isso o culto a natureza, ou a mãe terra era algo comum nos costumes celtas. Certamente as fadas faziam parte desses deuses que eram adorados pelos Celtas. Nessa mesma cena está Oberon Rei das fadas, nos mostra que com seus saberes pode usar a magia a qual usa para enfeitiçar Titânia. “OBERON: De posse desse suco, hei de achar meio de surpreender Titânia adormecida, para nos olhos lhe deitar o liquido ao despertar, o que enxergar primeiro, [...] perseguirá com alma enamorada. E antes de lhe tirar da vista o encanto, o que farei com suco de outra erva [...]”. (SHAKESPEARE, Ato II, Cena I) Notamos que o feitiço lançado por Oberon causa um deslocamento dos sentidos naqueles que foram atingidos, o Rei das fadas mostra que sua sabedoria lhe dá acesso a magia, tanto para colocar encantamento como para quebrá-lo. 44 A magia e os mitos são fortemente registrados na peça, a vivacidade dos seres mitológicos os seus poderes nos fornecem uma imagem que vitaliza a existência desses seres na época de Shakespeare, e durante a sobrevivência do povo Celta. Shakespeare fazia uma investigação daquilo que vivia e observava. Os costumes de seu povo ou aquilo que acreditava foi retomado para dentro da peça O Sonho de uma Noite de Verão com uma estrutura um tanto diferente da realidade, os deuses não eram vistos pelo povo, eles não apareciam, ainda assim o povo acreditava que se a colheita fosse boa, era devido a bondade dos deuses, assim era no período da habitação do povo Celta na Inglaterra, essas tradições e mitos foram cultivados, e Shakespeare revela parte desse contexto histórico e cultural dentro da obra. A peça termina com a benção das fadas, tanto para colheita, como para uma vida sem maus presságios. “OBERON: [...] Enquanto a aurora se atrasa, rondai todos esta casa, que ao tálamo principal vou lançar a bênção real. Sua prole numerosa será sempre venturosa. Os três casais que aqui estão em concórdia viverão; seus filhos não serão presa das manchas da Natureza. Beiço de lebre, sinais e outros defeitos que tais, que deixam triste o aleijão, seus filhos nunca terão. Com orvalho consagrado cada elfo cumpra o recado, este palácio abençoando e paz por tudo espalhando. Jamais caia em abandono, feliz seja sempre o dono [...]”.(SHAKESPEARE, Ato V, Cena II) O Autor faz uma menção destacando a relação das fadas com os homens, as fadas tinham o poder de proporcionar coisas boas para as famílias, no final da peça elas proferem para os humanos uma linhagem sem maldiçoes abençoam a casa de Teseu e todos os casais que ali estavam assim, acreditava-se nos costumes celtas que os seres místicos que habitavam na natureza realizavam o desejo da população através das petições, cultos e oferendas que eram designadas para eles. Os celtas acreditavam que todos os seres existentes simbolizavam a vida, dessa maneira toda a natureza era vista como uma deusa que dava vida aos homens e vida a tudo o que na terra habitava, tudo o que a terra fornecia tudo, o que ela expressava como os sons, as cores, os sabores, os cheiros, os alimentos, a mudança de tempo, o vento, a chuva, e o sol e a própria terra, todos esses elementos diversos que existiam eram cultuados por um povo que outrora habitou a Inglaterra. Para Shakespeare tais existências têm vidas, isso é o que sentimos nas imagens que por ele são descritas na peça, tudo o que se move na natureza, cresce e morre, todas as expressões e estímulos produzidos pela natureza são observados da mesma maneira no ser humano, não 45 somente observado, mas unido, a vida da natureza é expressa no agir e pensar do homem. William Shakespeare faz um elo, vitalizando toda a paisagem natural em emoções que personificam a vida humana. Shakespeare emerge dentro das paisagens, suas interpretações das emoções vistas nas faces dos homens, fazendo com que pensássemos que ele cuidasse e vivesse junto da natureza. O Autor também utiliza toda essa diversidade natural, todas as diferenças na beleza entre animais e plantas que a natureza representa, em suas obras, as imagens naturais simples e singulares são bem entoadas em suas peças, que revela o amor através do poeta e seu romantismo, que valoriza a natureza do homem e a natureza da terra. O Sonho de uma Noite de Verão é uma obra Shakespeariana mágica, pois nos transporta para um lugar com efeitos especiais, onde a realidade e a fantasia vivem juntas na plenitude da natureza. A natureza descrita nessa obra é extremamente exuberante. A vida das coisas se transforma nos aspectos primordiais que vitaliza todas as paisagens que transparece na natureza. Toda a essência, perfeição e diversidade são os efeitos avassaladores usados por William Shakespeare na Obra O Sonho de uma Noite de Verão. 46 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com as argumentações propostas neste trabalho, acreditamos que a literatura é importantíssima para o desenvolvimento da sociedade no processo de formar cidadãos comprometidos com a natureza. Usar a literatura como recurso que produz conhecimento é bastante prazeroso, pois nos dá facilidade e acesso aos valores e crenças de diferentes povos, tornando possível a ampliação da compreensão do mundo natural e social no qual estamos inseridos. William Shakespeare em O Sonho de uma Noite de Verão revela a natureza em vários aspectos da vida animal e vegetal. A natureza em toda a obra é destacada como fonte de existência no meio da civilização, além da sua comunicação com os homens e o mundo. O comportamento e os atos dos personagens são percebidos ao notarmos a situação imposta ao homem onde ele se encontra lado a lado com a natureza. Shakespeare em O Sonho de uma Noite de Verão busca algo que vai além de simples entretenimento, uma vez que a obra mistura fantasia e realidade, o autor tem o intuito de transmitir sua exaltação pelas coisas naturais e os aspectos simples da vida da natureza, no entanto, O existir da natureza é mostrado nesse trabalho como ser que é vida e gera vida. William Shakespeare, o povo elisabetano, assim como os gauleses que habitaram na Inglaterra possuiam uma herança cultural na qual a natureza e o homem viviam em equilíbrio. As tradições celtas, a mitologia e a magia são representadas na obra. O Autor cria um vínculo entre esses aspectos unindo o real e o imaginário, com isso as emoções e sentimentos que Shakespeare expressa em seus personagens são fluídos por entre os elementos naturais. As coisas simples do nosso mundo são descritas com grandeza e espiritualidade, levando-nos a acolher a fantasia, despertando a nossa capacidade de se envolver com o modo de olhar e sentir a natureza como fez Shakespeare. Essa pesquisa tem a perspectiva de apresentar ao leitor as diversas faces de William Shakespeare, também é direcionado para aqueles que querem conhecer um pouco mais daquele que é um dos maiores escritores que contribuiu e contribui para a literatura e as mais diversas artes do mundo, este trabalho dar um melhor embasamento na vida e obra de Shakespeare destacando-o como um admirador da natureza e seus ambientes mágicos. No 47 final deste trabalho temos a percepção de um Shakespeare como indivíduo que acreditava nos ideais e valores de uma sociedade na qual estava inserido. Suas emoções foram manifestadas em suas obras deixando uma herança cultural para a humanidade. 48 6 REFERÊNCIAS AMBELAIN, Robert. As Tradições Celtas. Rio de Janeiro: Editora Objetiva Ltda., 1991. 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