Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo 1 1. PRINCÍPIOS BÁSICOS 1.1. Breve Histórico Obras hidráulicas de certa importância remontam à antiguidade: na Mesopotâmia existiam canais de irrigação construídos na planície situada entre os rios Tigre e Eufrates e em Nipur (Babilônia) existiam, coletores de esgotos desde 3750 A.C. Os egípcios, no período da XII dinastia (2000-1785 A.C.) realizaram importantes obras hidráulicas, inclusive o lago artificial Meris, destinado a regularizar as águas do baixo Nilo. Alguns princípios da Hidrostática foram enunciados por Arquimedes1 no seu tratado sobre corpos flutuantes (250 A.C.). A bomba de pistão foi concebida pelo físico grego Ctesibius e inventada pelo seu discípulo Hero, 200 anos antes da era Cristã. Grandes aquedutos romanos foram construídos em varias partes do mundo, a partir de 150 A.C. No século XVI a atenção dos filósofos voltou-se para os problemas encontrados nos projetos de chafarizes e fontes monumentais, tão em moda na Itália. Assim foi que Leonardo da Vinci2 apercebeu-se da importância de observações nesse setor. Um novo tratado publicado em 1586 por Stevin3 e as contribuições de Galileu4, Torricelli5 e Daniel Bernoulli6 constituíram a base para o novo ramo científico. Devem-se a Euler7 as primeiras equações gerais para o movimento dos fluidos. No seu tempo os conhecimentos que hoje constituem a Mecânica dos Fluidos apresentavam-se separados em dois campos distintos: A “Hidrodinâmica teórica” que estudava os fluidos perfeitos e a “Hidráulica empírica”, em que cada problema era investigado isoladamente. Infelizmente os seus estudos foram feitos separadamente nesses dois sentidos. A associação desses dois ramos iniciais, constituindo a “Mecânica dos Fluidos”, deve-se principalmente à Aerodinâmica. “Se tratti di acqua anteponi l’esperienza alta teoria.” [Leonardo da Vinci] 1 2 3 4 5 6 Arquimedes (287-212 A.C.) Geômetra, Analista e Engenheiro Grego. Leonardo da Vinci (1452-1519) Pintor, Arquiteto, Escultor e Filósofo Italiano. Simão Stevin (1548-1620) Grande engenheiro civil e militar, Contador e Estatístico Holandês. Galileu (1564-1642) Grande Astrônomo e pesquisador Italiano. Evangelista Torricelli (1608-1647) Físico Italiano, discípulo de Galileu. Daniel Bernoulli (1700-1782) Cientista Suíço, Fundador da Física Matemática. 7 Leonardo Euler (1707-1783) Matemático, Físico e Astrônomo Suíço. 01 de agosto de 2013 Alex N. Brasil 2 Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo Convém ainda mencionar que a Hidráulica sempre constituiu fértil campo para as investigações e análises matemáticas tendo dado lugar a estudos teóricos que frequentemente se afastaram dos resultados experimentais. Várias expressões assim deduzidas tiveram de ser corrigidas por coeficientes práticos, o que contribuiu para que a Hidráulica fosse cognominada a “ciência dos coeficientes”. As investigações experimentais tornaram famosos vários físicos da Escola Italiana, entre estes Venturi8, Bidone e outros. Apenas no século XIX, com o desenvolvimento da produção de tubos de ferro fundido, capazes de resistir a pressões internas relativamente elevadas, com o crescimento das cidades e importância cada vez maior dos serviços de abastecimento de água e ainda em conseqüência do emprego de novas máquinas hidráulicas é que a Hidráulica teve um progresso rápido e acentuado. As investigações de Reynolds, os trabalhos de Rayleigh e as experiências de Froude constituíram a base científica para esse progresso. As usinas hidroelétricas começaram a ser construídas no fim do século passado. Aos laboratórios de hidráulica devem ser atribuídos os desenvolvimentos mais recentes. 1.2. Hidráulica e Mecânica dos Fluidos Embora hoje em Hidráulica se inclua o estudo de outros líquidos, até há bem pouco tempo todo o trabalho experimental se limitava à água. O significado etimológico da palavra Hidráulica é “condução de água” (do grego hydor, água e aulos, tubo, condução). Muito mais geral é a Mecânica dos Fluidos que abrange problemas relativos a líquidos e gases. Desta forma, o termo Hidráulica representa o estudo do comportamento da água e de outros líquidos, quer em repouso, quer em movimento. A hidráulica pode ser assim dividida: • Hidráulica Geral ou Teórica - Hidrostática - Hidrocinemática - Hidrodinâmica • Hidráulica Aplicada ou Hidrotécnica A Hidráulica Geral ou Teórica aproxima-se muito da Mecânica dos Fluidos. A Hidrostática trata dos fluidos em repouso ou em equilíbrio, a Hidrocinemática estuda velocidades e trajetórias, sem considerar forças ou energia, e a Hidrodinâmica refere-se às velocidades, às acelerações e às forças que atuam em fluidos em movimento. A Hidrodinâmica, face às características dos fluidos reais, que apresentam grande número de variáveis físicas, o que tornava seu equacionamento altamente complexo, até 8 Giovanni Battista Venturi (1746-1822) Padre, professor e Hidráulico Italiano. 01 de agosto de 2013 Alex N. Brasil Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo 3 mesmo insolúvel, derivou para a adoção de certas simplificações, resulatando em uma ciência matemática com aplicações práticas bastante limitadas. Os engenheiros, que necessitavam resolver os problemas práticos que lhes eram apresentados, voltaram-se para a experimentação, desenvolvendo fórmulas empíricas que atendiam suas necessidades. A Hidrodinâmica Aplicada ou Hidrotécnica é a aplicação concreta ou prática dos conhecimentos científicos da Mecânica dos Fluidos e da observação criteriosa dos fenômenos relacionados à água, quer parada, quer em movimento. As áreas de atuação da Hidráulica Aplicada ou Hidrotécnica são: • Urbana: - Sistemas de abastecimento de água; Sistemas de esgotamento sanitário Sistemas de drenagem pluvial Canais • Rural - Sistemas de drenagem - Sistemas de irrigação - Sistemas de água potável e esgotos • Instalações prediais: • • • • • - Industriais - Comerciais - Residenciais - Públicas Lazer e paisagismo Estradas (drenagem) Defesa contra inundações Geração de Energia Navegação e Obras Marítimas e Fluviais Definição Fluido: um fluido é uma substância que se deforma continuamente sob a aplicação de uma tensão de cisalhamento (tangencial), não importa quão pequena ela possa ser. Ou seja, são denominados fluidos as substâncias que oferecem pequena resistência à deformação e que tomam a forma dos corpos com os quais estão em contato. Sob a ação de esforços tangenciais os fluidos deformam-se continuamente. Assim, os fluidos compreendem as fases líquida e gasosa (ou de vapor) das formas físicas nas quais a matéria existe. A distinção entre um fluido e o estado sólido da matéria é clara quando você compara os seus comportamentos. Um sólido deforma-se quando uma tensão de cisalhamento lhe é aplicada, mas não continuamente. Na Figura (1.1), os comportamentos de um sólido (Fig. 1.1a) e de um fluido (Fig 1.1b), sob a ação de uma força de cisalhamento constante, são comparados. Na Figura (1.1a), a força de cisalhamento é aplicada sobre o sólido através da placa superior à qual ele está ligado. Quando a força cisalhante é aplicada na placa superior, o bloco deforma-se conforme mostrado. Do estudo da mecânica, sabemos que, desde que o limite elástico 01 de agosto de 2013 Alex N. Brasil 4 Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo do material sólido não seja ultrapassado, a deformação é proporcional à tensão de cisalhamento aplicada, τ = F A , onde A é a área da superfície em contato com a placa. Para repetir a experiência com um fluido entre as placas, delimitaremos um elemento fluido, conforme mostrado pelas linhas cheias na Fig. (1.1b). Enquanto a força F estiver aplicada na placa superior, a deformação do elemento fluido aumenta continuamente. O fluido em contato direto com a fronteira sólida tem a velocidade da própria fronteira; não há deslizamento. Este é um fato experimental baseado em numerosas observações do comportamento dos fluidos. A forma do elemento fluido em instantes sucessivos t0 < t1 < t2 , é mostrada (Fig. 1.1b) pelas linhas tracejadas. Como o movimento do fluido continua sob a aplicação de uma tensão cisalhante, podemos, alternativamente, definir um fluido como uma substância incapaz de suportar tensão de cisalhamento quando em repouso. Figura 1.1 – Comportamento de um sólido e de um fluido sob a ação de uma tensão de cisalhamento constante. Os fluidos compreendem os líquidos e gases. Os primeiros caracterizam-se pela constância de seu volume em determinada temperatura, podendo por isso encher parcialmente um vaso. Os gases, tomando a forma do recipiente que os envolve ocupam-no totalmente. A pequena densidade e alta compressibilidade dos gases são características importantes. 1.3. Massa Específica, Peso Específico e Densidade Conceito A massa específica ( ρ ) ou densidade absoluta de uma substância é expressa pela massa da unidade de volume dessa substância. Para um corpo de massa M, ρ= kg S.I.: 3 m M V massa volume g Absoluto: 3 cm M L3 (1.1) slug Inglês: 3 pe Conceito Chama-se densidade relativa ou simplesmente densidade ( d ) de um material a relação entre a massa específica desse material e a massa específica de uma substância tomada 01 de agosto de 2013 Alex N. Brasil 5 Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo por base: no caso de líquidos esta substância é a água; tratando-se de gases geralmente se adota o ar. d= ρ [adimensional] ρH O (1.2) 2 d= ρ fluido ou sólido ρ padrão Conceito Denomina-se peso específico (γ) de um material homogêneo ao peso da unidade do volume desse material. γ = m⋅ g V N S.I.: 3 m γ= ρ⋅g peso volume dyna Absoluto: 3 cm F 3 L (1.3) lbf Inglês: 3 pe Estas propriedades variam com a temperatura e pressão, porém a variação é relativamente pequena. 1.4. Sistemas de Unidades Há mais de uma maneira de selecionar a unidade de medida para cada dimensão primária. Apresentaremos apenas os sistemas de unidades mais comuns na engenharia para cada um dos sistemas básicos de dimensões. a) MLtT O SI, que é a abreviatura oficial em todas as línguas do Système International d’Unités,9 é uma extensão e refinamento do sistema métrico tradicional. Mais de 30 países declararam o SI como único sistema legalmente aceito. No sistema de unidades SI, a unidade de massa é o quilograma (kg), a unidade de comprimento, o metro (m), a unidade de tempo, o segundo (s), e a unidade de temperatura, o kelvin (K). A força é uma dimensão secundária, e a sua unidade, o newton N), é definida da segunda lei de Newton como → → F = m⋅ a ( F ) = [m] ⋅ [ L] t 2 (1.4) 9 American Society for Testing and Materials, ASTM Standard for Metric Practice, E380-97. Conshohocken, PA: ASTM, 1997. 01 de agosto de 2013 Alex N. Brasil Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo 6 1 kg Newton 1 m s2 [ N] : 1 N ≅ 1 kg ⋅ 1m m ≅ 1 kg ⋅ 2 2 s s No sistema de unidades Métrico Absoluto, a unidade de massa é o grama, a unidade de comprimento, o centímetro, a unidade de tempo, o segundo, e a unidade de temperatura, o kelvin. Uma vez que a força é uma dimensão secundária, a sua unidade, o dina, é definida em termos da segunda lei de Newton como 1g 1 cm s2 dina: 1 dyn ≅ 1 g ⋅ 1 dyn ≅ 1 g ⋅ cm s2 ( = 1 10 kg -3 ) (10 ⋅ −2 s m 1 cm cm ≅ 1 g⋅ 2 2 s s ) 2 m 1 dyn = 10-5 kg ⋅ 2 ⋅ N s 1 dyn = 10-5 N b) FLtT No sistema de unidades Gravitacional britânico, a unidade de força é a libra força (lbf), a unidade de comprimento é o pé (pé), a de tempo, o segundo (s), e a de temperatura, o Rankine (°R). Como a massa é uma dimensão secundária, a sua unidade, o slug, é definida em termos da segunda lei de Newton como 1 utm 1 m s2 kgf: 1m s2 1 utm = 9,8 kg . 1m 1 kgf = ( 9,8 kg ) ⋅ 2 s m 1 kgf = 1 kg ⋅ 9,8 2 s 1 kgf = 1 utm ⋅ 1 kgf = 9,8 kg ⋅ m ⋅N s2 01 de agosto de 2013 ⇒ 1 kgf = 9,8 N Alex N. Brasil Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo 7 slug: lbf ⋅ s 2 pe 1 slug ≅ 32,2 lbm 1 pé = 0,305 m m pé a = 9,8 2 = 32,2 2 s s 1 slug ≅ 1 lbf = psi = pound per square inch pol 2 1 pé = 12 pol 1 lbf = 4,45 N 1 pol = 2,54 cm = 0,0254 m lbf = psf = pound per square feet pé 2 c) FMLtT No sistema de unidades inglês Técnico ou de Engenharia, a unidade de força é a libra força (lbf), a unidade de massa, a libra massa (lbm), a unidade de comprimento, o pé, a unidade de tempo, o segundo, e a de temperatura, o Rankine. Uma vez que tanto a força quanto a massa são escolhidas como unidades primárias, a segunda lei de Newton é escrita como → m⋅a F= gc → (1.5) Uma libra força (1 lbf) é a força que imprime à massa de uma libra massa (1 lbm) uma aceleração igual à aceleração padrão da gravidade na Terra, 32,2 pé/s2. Da segunda lei de Newton, concluímos que 1 lbm ≅ ou 1 lbm × 32,2 pés s 2 gc ( g c ≅ 32,2 pé ⋅ lbm lbf ⋅ s 2 ) A constante de proporcionalidade, g c , tem dimensões e unidades. As dimensões surgiram porque escolhemos a força e a massa como dimensões primárias; as unidades (e o valor numérico) são uma conseqüência de nossas escolhas para os padrões de medição. Uma vez que uma força de 1 lbf acelera 1 lbm a 32,2 pé/s2, aceleraria 32,2 lbm a 1 pé/s2. Um slug é também acelerado a 1 pé/s2 por uma força de 1 lbf. Portanto, 1 slug ≅ 32,2 lbm 01 de agosto de 2013 Alex N. Brasil 8 Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo Dimensão: Grandeza física mensurável. Dimensões básicas: Tempo ( t ) Comprimento Massa (M ) ( L) Temperatura (T ) Força (F ) Sistemas de unidades. • • • • Sistema Internacional Sistema absoluto Sistema técnico Sistema inglês (SI) Tabela 1.1 – Dimensões básicas em relação aos sistemas de unidades. Comprimento SI metro Absoluto centímetro Técnico metro Inglês Eng. pé Inglês Téc. pé Massa quilograma grama unidade técnica slug libra-massa ( L) (M ) [m ] [kg ] [cm ] [g ] [m ] de massa [utm ] [ft ] [ft ] [lbm ] Tempo segundo segundo segundo segundo segundo Temperatura kelvin kelvin kelvin Rankine Rankine R o R libra-força libra-força (t ) (T ) Força (F ) [s ] [K ] Newton [N] [s ] [K ] Dina [dyn ] [s ] [K ] quilograma força [kgf ] [s ] o [lbf ] [s ] [lbf ] A Tabela (1.1) apresenta as dimensões básicas referentes aos principais sistemas de unidades. Unidades S.I., Prefixos e Fatores de Conversão Os dados necessários para resolver problemas nem sempre estão disponíveis em unidades coerentes. Assim, é necessário freqüentemente converter de um sistema de unidades para outro. Em princípio, todas as unidades derivadas podem ser expressas em termos das unidades básicas. Então, apenas os fatores de conversão para as unidades básicas seriam requeridos. Na prática, muitas grandezas de engenharia são expressas em termos de unidades definidas, como, por exemplo, o horsepower, a British thermal unit (Btu), o quarto, a milha náutica. As definições de tais grandezas são necessárias, e fatores de conversão adicionais são úteis nos cálculos. 01 de agosto de 2013 Alex N. Brasil Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo 9 A Tabela (1.3) apresenta as unidades básicas SI e os fatores de conversão necessários, mais algumas definições e fatores de conversão convenientes. Tabela 1.2 – Unidades S.I. e prefixosa Tabela 1.3 – Fatores de conversão de definições 01 de agosto de 2013 Alex N. Brasil Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo 10 1.5. Tipos e Regimes dos Escoamentos De modo geral, os escoamentos de fluidos estão sujeitos a determinadas condições gerais, princípios e leis da Dinâmica e à teoria da turbulência. No caso dos líquidos, em particular da água, a metodologia de abordagem consiste em agrupar os escoamentos em determinados tipos, cada um dos quais com suas características comuns, e estuda-los por métodos próprios. Na classificação hidráulica, os escoamentos recebem diversas conceituações em função de suas características, tais como: laminar, turbulento, unidimensional, bidimensional, rotacional, irrotacional, permanente, variável, uniforme, variado, livre, forçado, fluvial, torrencial, etc. O escoamento é classificado como laminar quando as partículas movem-se ao longo de trajetórias bem definidas, em lâminas ou camadas, cada uma delas preservando sua identidade no meio. Neste tipo de escoamento, é preponderante a ação da viscosidade do fluido no sentido de amortecer a tendência de surgimento da turbulência. Em geral, este escoamento ocorre em baixas velocidades e ou em fluidos muito viscosos. Como na Hidráulica o líquido predominante é a água, cuja viscosidade é relativamente baixa, os escoamentos mais frequentes são classificados como turbulentos. Neste caso, as partículas do líquido movem-se em trajetórias irregulares, com movimento aleatório, produzindo uma transferência de quantidade de movimento entre regiões da massa líquida. Esta é a situação mais comum nos problemas práticos da Engenharia. O escoamento unidimensional é aquele em que as suas propriedades, como pressão, velocidade, massa específica, etc., são funções exclusivas de somente uma coordenada espacial e do tempo, isto é, são representadas em termos de valores médios da seção. Quando se admite que as partículas escoem em planos paralelos segundo trajetórias idênticas, não havendo variação do escoamento na direção normal aos planos, o escoamento é dito bidimensional. Se as partículas do líquido, numa certa região, possuírem rotação em relação a um eixo qualquer, o escoamento será rotacional ou vorticoso; caso contrário, será irrotacional. No caso em que as propriedades e características hidráulicas, em cada ponto do espaço, forem invariantes no tempo, o escoamento é classificado de permanente; caso contrário, é dito ser não permanente ou variável. Escoamento uniforme é aquele no qual o vetor velocidade, em módulo, direção e sentido, é idêntico em todos os pontos, em um instante qualquer, ou, matematicamente, ∂V/∂s=0, em que o tempo é mantido constante e ∂s é um deslocamento em qualquer direção. No escoamento de um fluido real, é comum fazer uma extensão deste conceito, mesmo que, pelo princípio de aderência, o vetor velocidade seja nulo nos contornos sólidos em contato com o fluido. De forma mais prática, o escoamento é considerado uniforme quando todas as seções transversais do conduto forem iguais e a velocidade média em todas as seções, em um determinado instante, for a mesma. Se o vetor velocidade variar de ponto a ponto, num instante qualquer, o escoamento é dito não uniforme ou variado. 01 de agosto de 2013 Alex N. Brasil Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo 11 O escoamento é classificado em superfície livre, ou simplesmente livre, se, qualquer que seja a seção transversal, o líquido estiver sempre em contato com a atmosfera. Esta é a situação do escoamento em rios, córregos ou canais. Como característica deste tipo de escoamento, pode-se dizer que ele se dá necessariamente pela ação da gravidade e que qualquer perturbação em trechos localizados pode dar lugar a modificações na seção transversal da corrente em outros trechos. O escoamento em pressão ou forçado ocorre no interior das tubulações, ocupando integralmente sua área geométrica, sem contato com o meio externo. A pressão exercida pelo líquido sobre a parede da tubulação é diferente da atmosférica e qualquer perturbação do regime, em uma seção, poderá dar lugar a alterações de velocidade e pressão nos diversos pontos do escoamento, mas sem modificações na seção transversal. Tal escoamento pode ocorrer pela ação da gravidade ou através de bombeamento. O escoamento turbulento livre costuma ser subdividido em regime fluvial, quando a velocidade média, em uma seção, é menor que um certo valor crítico, e regime torrencial, quando a velocidade média, em uma seção, é maior que um certo valor crítico. 1.6. Equação de Continuidade. Descarga Consideremos a veia líquida representada na Fig. (1.2). O peso de líquido que, num dado tempo dt, atravessa a seção S1 é o mesmo que, durante esse tempo, atravessa a seção S2, porque, sendo o líquido incompressível, não pode haver concentração ou diluição do conjunto das moléculas e nem há acréscimo ou subtração de matéria à corrente (o sistema é conservativo). Figura 1.2. Chamemos de γ - o peso específico do líquido (constante) V1 – a velocidade média na seção A; V2 – a velocidade média na seção B. Temos dP ' = γ ⋅ S1 ⋅ V1 ⋅ dt = γ ⋅ S 2 ⋅ V2 ⋅ dt 01 de agosto de 2013 Alex N. Brasil 12 Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo sendo dP ' o peso líquido escoado através de cada seção. Como dt é o mesmo nos dois termos e as seções podem ser quaisquer, desde que normais à direção da velocidade, podemos escrever P = ρ ⋅ S ⋅ V = constante (1.6) que é chamada equação de continuidade. P é o peso escoado na unidade de tempo que, por sua vez, é igual à massa escoada na unidade de tempo, mɺ , multiplicada pela aceleração g da gravidade, o que permite escrever: mɺ = γ g ⋅ S ⋅ V = costante (1.7) e Q = S ⋅ V = constante (1.8) sendo Q o volume escoado na unidade de tempo através de qualquer seção normal do canal. Dá-se a P o nome de descarga em peso ou fluxo em peso (grandeza empregada no escoamento de gases e vapores); mɺ o nome de descarga em massa (grandeza empregada no estudo das turbomáquinas), também representada como µ ; Q o nome de descarga em volume, ou simplesmente descarga, fluxo, vazão ou débito (grandeza empregada no escoamento de líquidos). ea Unidades de descarga: m3 ⋅ s −1 ; l s ; m3/h; galão/min; pé cúbico por segundo ( cfs ) ⋅1 cfs = 28,321⋅ s −1 . 1.7. Forças Exercidas por Escoamento Permanente um Líquido em Consideremos a veia líquida limitada por paredes de material qualquer ou pelo próprio líquido em movimento, uma vez que, não se podendo interpenetrar, as trajetórias que envolvem a veia se constituem em uma parede. Nesta veia (Figura 1.3), imaginemos que as seções inicial a0b0 e final a1b1 sejam planas e inclinadas em relação à linha média. A resultante do sistema de forças que o líquido, escoando da seção inicial à final, exerce sobre as paredes da veia é dada pela Eq. (1.9), conforme se demonstra em Hidrodinâmica. F = P + p0 ⋅ S0 + p1 ⋅ S1 + mɺ ⋅V0 − mɺ ⋅V1 01 de agosto de 2013 (1.9) Alex N. Brasil Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo 13 Figura 1.3. Assim, o sistema de forças que um líquido em escoamento permanente exerce sobre as paredes de uma veia ou de um dispositivo, no interior do qual escoa, é equivalente ao sistema constituído pelas seguintes cinco forças finitas: 1ª. Peso P do líquido contido na veia considerada, força vertical, atuando de cima para baixo e aplicada no centro de gravidade da massa líquida. 2ª. Força de pressão p0 ⋅ S0 , normal à seção de entrada, aplicada no seu centro de gravidade e dirigida de fora para dentro, sendo p0 a pressão unitária e S0 a área da seção. 3ª. Força de pressão p1 ⋅ S1 , análoga à precedente, mas aplicada na seção de saída e também dirigida de fora para dentro. 4ª. Força mɺ ⋅ V0 , resultante da velocidade, produto desta pela massa escoada na unidade de tempo, aplicada no centro de gravidade da seção de entrada, tangenciando a linha média, e dirigida de fora para dentro, isto é, com a direção e o sentido da velocidade. 5ª. Força mɺ ⋅ V1 , análoga à anterior, aplicada na seção de saída e de sentido contrário ao da velocidade. E a chamada força de reação. A força de reação é a responsável pelo funcionamento das chamadas máquinas de reação, tanto hidrodinâmicas quanto a gás, e pela propulsão dos foguetes; e suas aplicações no campo da Hidrodinâmica e da Aerodinâmica são muito importantes. Para se obter a resultante, soma-se geometricamente o peso P com as forças de pressão p0 ⋅ S0 e p1 ⋅ S1 , e as devidas às velocidades em 0 a 1, isto é, mɺ ⋅ V0 e mɺ ⋅ V1 . 1.8. Energia Cedida por um Líquido em Regime de Escoamento Permanente Consideremos uma veia líquida em escoamento permanente vencendo certas resistências que podem ser passivas (atritos, turbilhonamentos, etc.), ou outras, como as oferecidas pelo rotor de uma máquina motriz (turbina). 01 de agosto de 2013 Alex N. Brasil Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo 14 Tomemos desta veia (Figura 1.4) um elemento limitado pelas faces planas ab e a’b’ que formam com o plano normal à linha média um ângulo α. Sejam: γ – o peso específico do líquido; p0 – a pressão reinante na face a0b0; p1 – a pressão reinante na face a1b1; h0 – a cota do centro de gravidade da seção de entrada a0b0, contada a partir de um plano tomado como referência; h1 – a da seção de saída a1b1; g – a aceleração da gravidade. Figura 1.4 – Desnível energético entre as seções S0 e S1. Procedendo-se ao estudo da ação das forças sobre um elemento de massa líquida e fazendo-se a integração para a seção inicial S0 e a seção final, chega-se à conclusão de que o trabalho T efetuado nem tempo finito t pelo peso P = γ ⋅ Q ⋅ t escoando entre as referidas seções da veia líquida é dado pela expressão. P V2 P V 2 T = γ ⋅ Q ⋅ t h0 + 0 + 0 − h1 + 1 + 1 = P ⋅ H γ 2g γ 2g (1.10) onde P ⋅t = γ ⋅Q ⋅t é o peso do líquido escoado no temo t, e H representa a grandeza entre colchetes, diferença entre dois trinômios cujas parcelas têm um significado próprio e de grande importância. H = h0 + P0 γ + V0 2 P V2 − h1 + 1 + 1 2g γ 2g (1.11) Consideremos os termos da Eq. (1.10) sem os índices. 01 de agosto de 2013 Alex N. Brasil 15 Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo H = h+ P V2 + = cte γ 2g (1.12) A equação acima exprime o teorema de Bernoulli, para líquidos perfeitos e regime permanente, na qual a carga total H, por unidade de peso do líquido, é constante ao longo de cada trajetória. a) Ph Energia de posição O termo Ph representa o trabalho que o peso P do líquido, situado a uma cota h, acima do plano de referência, pode realizar, se abandonado à ação da gravidade. A essa capacidade de realizar trabalho que o peso possui denomina-se energia de posição, energia potencial de altitude, ou energia topográfica total. Se P estiver a uma cota – h e, portanto, abaixo do plano de referência, é necessário despender uma energia Ph para elevá-lo ao plano. Quando P for igual à unidade, a energia de posição, em kgm, será expressa pelo mesmo número que mede, em metros, a cota acima do plano de referência, e, por isso, h é chamado de altura representativa da posição ou energia potencial específica. b) P ⋅ p γ Energia de pressão O termo P ⋅ p γ representa o trabalho que o peso P, de líquido de peso específico γ , pode realizar quando submetido à pressão p. A essa capacidade denomina-se energia potencial de pressão. Então, um elemento líquido, de peso específico γ quando submetido à pressão p, pode elevar-se, no vácuo, a uma cota p γ sob a ação dessa pressão. O termo p γ que é homogêneo a um comprimento, é denominado altura representativa de pressão, altura de pressão estática, energia específica de pressão, cota piezométrica ou piezocarga. Ele representa a altura de urna coluna líquida, de peso específico γ , supostamente em repouso, e que exerce sobre sua base uma pressão unitária p, não estando sua extremidade superior submetida a pressão alguma. E comum, porém, nos casos correntes, vir a ter-se uma coluna líquida de altura h em contato com a atmosfera, como acontece na maioria das tubulações de recalque nas instalações de bombas, e desejar-se saber a pressão na base da coluna. Chamando de p a pressão na base e pb a pressão atmosférica ou barométrica, podemos escrever: p = γ ⋅ h + pb A altura representativa da pressão será, neste caso, p γ 01 de agosto de 2013 =h+ pb γ Alex N. Brasil 16 Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo M ⋅ LT −2 M ⋅ LT −2 = ÷ = [ L] γ L2 L3 p O segundo termo do 2° membro pb γ é a altura representativa da pressão atmosférica, que passaremos a designar por H b . É também chamada de altura barométrica. Donde p γ = h + Hb (1.13) c) Energia cinética O termo P ⋅ V 2 2 g representa o trabalho que o peso P de líquido, dotado de velocidade inicial V, é capaz de realizar, elevando-se no vácuo a uma altura igual a V 2 2 g acima do plano de referência. A essa capacidade denomina-se energia cinética ou energia de velocidade. O termo V 2 2 g homogêneo de um comprimento é denominado altura representativa da velocidade, altura de pressão dinâmica, energia atual ou taquicarga. Ele representa também a altura a que se elevaria, no vácuo, um corpo pesado que fosse lançado verticalmente com velocidade inicial V. 2 −1 V 2 LT = = [ L] 2 g LT −2 Figura 1.5 – Representação da pressão em altura de coluna de líquido. 01 de agosto de 2013 Alex N. Brasil Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo 17 1.9. Queda Hidráulica. Altura de Elevação Da expressão (1.10), tiramos P0 V0 2 T P1 V12 = H = h0 + + − h1 + + P γ 2g γ 2g (1.14) em que o 1° membro representa o trabalho realizado ou a energia cedida pela unidade de peso do líquido escoado ao longo do canal ou do dispositivo considerado. A grandeza convencionalmente designada por H é denominada queda hidráulica ou energia específica sempre que o líquido realiza trabalho ou cede energia, e altura de elevação quando o líquido ganha energia ou sobre ele se executa um trabalho, como ocorre nas máquinas hidráulicas geratrizes (bombas). A grandeza H representa, em kgm, a energia cedida ou recebida por 1 kgf do líquido ao atravessar o canal ou dispositivo; no primeiro caso, no sentido da seção ab para a seção a’b’ e, no segundo caso, em sentido contrário. Quando o líquido cede energia, o valor do trinômio é maior na entrada do que na saída e, ao contrário, quando recebe energia, o que é evidente. 1.10. Perdas de Carga A grandeza H, quando representa energia cedida pelo líquido em escoamento devido ao atrito interno, atrito contra as paredes e perturbações no escoamento, chama-se perda de carga ou energia perdida, e se representa por J. Essa energia por unidade de peso de líquido, em última análise, se dissipa sob a forma de calor. Na Figura (1.6) vemos representadas a veia líquida, as linhas piezométrica e energética, as parcelas da energia nas seções 0 e 1, e a perda de carga H entre as referidas seções, que também representaremos por J 01 . Figura 1.6 – Representação das linhas energética e piezométrica entre dois pontos de uma veia líquida. 01 de agosto de 2013 Alex N. Brasil 18 Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo A determinação da perda de carga J pode ser realizada medindo-se o desnível piezométrico entre os pontos nos quais se deseja conhecer a perda, supondo, no caso, que V0 = V1 . p − p1 J 01 = 0 γ Figura 1.7 – Perda de carga entre os pontos 0 e 1 de um tubo horizontal. 1.11. Unidades de Pressão As unidades de pressão usuais são as seguintes: 1 kgf ⋅ cm -2 = 104 kgf ⋅ m -2 = 1 atmosfera técnica (at) = 735,6 torr = 100 kPa = 10 m.c.a. (metros de coluna de água) = 32,85 pés de coluna de água = 14,22 psi (lb/in2) = 0,9678 atm = 9,81 N ⋅ cm −2 1 atmosfera normal (atm) = 10,332 m.c.a. = H b = 760 mm de Hg (mercúrio) = 14,969 psi = 29,22 in Hg = 1,013 milibar = 1,033 kgf ⋅ cm −2 = 101,325 kN ⋅ m −2 Atmosfera local ou pressão barométrica local é a atmosfera normal referida ao local. 1 Pascal = 1 N ⋅ m −2 = 10−6 bar 1 kPa (quilopascal) = 0,1 m.c.a., 1 m.c.a. = 10kPa 1 lb/pol.2 = 1 psi = 0,7 m.c.a. = 7 ×10−2 kgf ⋅ cm -2 = 2,31 pés c.a. = 144 lb/pol.2 = 6.895 N ⋅ m −2 = 6.895 Pa = 51,71 mm de Hg = 0,068 atm 1 torr (Torricelli) = 1 mm de Hg = 0,001359 kgf ⋅ cm -2 = 0,01934 psi 1 bar = kgf ⋅ cm -2 × 0,98 = psi × 0, 689 = 105 N ⋅ m −2 = 14,504 1 m.c.a. = 1.000 mm.c.a. = 1.000 kgf ⋅ m −2 = 0,10 kgf ⋅ cm −2 = 1,422 psi psia = Pressão absoluta em libras por polegada quadrada 01 de agosto de 2013 Alex N. Brasil 19 Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo psig = Pressão manométrica ou relativa em libras por polegada quadrada h( m.c. líquida ) = ( ) γ ( kgf×m ) p kgf×m -2 -3 1 lb/pé2 = lb/ft2 = 1 psfoot = 47,88 N ⋅ m −2 = 47,88 Pa 1 in Hg = 25,4 mm Hg = 3.386 N ⋅ m −2 1 in H2O = 249,1 N ⋅ m −2 Pés de coluna de líq. = psi ⋅ 144 w sendo w = peso específico em lb/pé cúbico. 1.12. Pressão Absoluta e Pressão Relativa A superfície de um líquido a uma temperatura de 15°C, sujeita à pressão atmosférica, se diz submetida a uma atmosfera. Se considerarmos a pressão atmosférica ao nível médio do mar, essa pressão é de 10,33 m.c.a. ou 1,033 kgf ⋅ cm -2 , sendo, normalmente chamada de pressão barométrica e representada, como vimos, por H b . Se considerarmos a chamada atmosfera técnica, a pressão será de 10 m.c.a, correspondente a 1 kgf ⋅ cm -2 , sendo, pois, muito pequena a diferença entre as duas. Figura 1.8 – Pressão relativa e pressão absoluta. A ausência total de pressão representa o vácuo absoluto. Pressões inferiores à atmosférica são vácuos parciais, rarefações ou depressões. Pressão relativa positiva é a diferença entre a pressão no ponto considerado e a pressão atmosférica (ver Figura 1.8). p p = − Hb γ pos. γ abs. É medida com os manômetros, e por isso é denominada pressão manométrica. 01 de agosto de 2013 Alex N. Brasil 20 Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo Pressão relativa negativa é a diferença entre a pressão atmosférica e a pressão no ponto considerado. E chamada vácuo relativo. p p = Hb − γ neg . γ abs. É medida com os vacuômetros. Pressão absoluta positiva é a soma da pressão relativa positiva lida no manômetro com a pressão atmosférica. p p = + Hb γ abs. γ pos. Pressão absoluta negativa é a diferença entre a pressão atmosférica e a pressão no ponto considerado. p p = Hb − γ abs. γ neg . Para obter seu valor, tem-se de subtrair do valor da pressão atmosférica o valor da leitura obtida com o vacuômetro. 1.13. Influência do Peso Específico Na Figura (1.9) acham-se representadas quatro colunas de líquidos diversos, produzindo todas uma pressão de 10 kgf ⋅ cm -2 , acusada nos manômetros. As alturas de coluna líquida correspondentes aos vários líquidos variam com o peso específico. A instalação de bomba que acusasse no início do recalque p = 10 kgf ⋅ cm -2 no manômetro indicaria que o líquido chegaria a alturas diferentes, conforme seu peso específico (Figura 1.9). Figura 1.9 – Altura de coluna líquida em função do peso específico do líquido. 01 de agosto de 2013 Alex N. Brasil 21 Hidráulica Básica e Máquinas de Fluxo Specific weight e specific gravity Specific weight (W), ou peso especifico ( γ ) de um líquido, é o peso da unidade de volume desse líquido. Para a água a 20°C (68°F), é de 1 kgf/dm3, ou 62,3 lb de peso por pé cúbico. Specific gravity (S), ou densidade (ρ) de um líquido, é a relação entre pesos ou massas de volumes iguais de dois líquidos. Adota-se a água a 20°C como líquido de referência. A densidade não tem unidade. No sistema americano, W = 62,3 ⋅ S , de modo que, para se passar da pressão H em lb/pol.2 (psi) para pés de coluna líquida de peso específico (W) ou densidade (S), tem-se: H ( pés ) = psi 2, 31× 62,3 144 = W W e H ( pés ) = psi 2, 31 S 1.14. Exercício Uma tubulação de recalque de bombeamento tem 50,8 cm de diâmetro (20”) e uma curva de 90°. O líquido bombeado é óleo de densidade 0,850, e a descarga é de 0, 203 m 3 ⋅ s −1 . A perda de carga na curva é de 0,6 metro de coluna de óleo. A pressão na entrada 1 é de 30 lb/pol.2. ( 30 × 0, 07 = 2,1 kgf ⋅ cm −2 ). Desprezando o peso de óleo, determinar a força resultante exercida pelo óleo sobre a curva (Figura 1.10). Figura 1.10 – Composição de forças exercidas pelo líquido numa curva. 01 de agosto de 2013 Alex N. Brasil