UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ELAINE CRISTINA SCHLICKMANN A MATEMÁTICA E O CULTIVO DE FUMO NO MUNICÍPIO DE ORLEANS CRICIÚMA, DEZEMBRO DE 2006 ELAINE CRISTINA SCHLICKMANN A MATEMÁTICA E O CULTIVO DE FUMO NO MUNICÍPIO DE ORLEANS Monografia apresentada à Diretoria de Pósgraduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense- UNESC, para a obtenção do título de especialista em Educação Matemática. Orientador: Prof. Msc. Marleide Coan Cardoso CRICIÚMA, DEZEMBRO DE 2006 Dedico esta pesquisa às pessoas que se fizeram presentes em todos os momentos; aos meus pais, Valmor e Salete, meu irmão, Filipe e em especial ao meu esposo Marcelo, que me proporcionaram momentos de tranqüilidade quando mais precisei. Por todo o apoio concedido, muito obrigado. AGRADECIMENTOS À Deus, que sempre guiou meus passos e meus pensamentos com toda sabedoria... Aos meus pais, que me deram a vida e me ensinaram a vivê-la com dignidade e persistência... Aos familiares e amigos, que compreenderam minha ausência em certos momentos... Aos mestres, pelo carinho de nossa convivência... A orientadora, Msc. Marleide que com sua audácia de mestre me incentivou a fazer e aprender sempre mais... A todos que vibraram com minhas conquistas e caminharam comigo... “Por que nos torna tão pouco felizes esta maravilhosa ciência, que economiza trabalho e torna a vida mais fácil? A resposta é simples: porque ainda não aprendemos a nos servir dela com bom senso.” Einstein (1879 – 1955) RESUMO Esta pesquisa relaciona-se com a produção de fumo no município de Orleans e a matemática, realizada no ano de 2006. O principal objetivo desta é conhecer a matemática envolvida na produção de fumo. Partindo-se do problema qual a matemática envolvida na produção do fumo, esta se encontra subdividida em capítulos que no contexto da revisão da literatura fundamenta-se em autores que discutem a Educação Matemática, as Tendências Matemáticas, a Etnomatemática e a Formação dos Professores. Tornou-se também necessário o levantamento de dados relacionados com a produção de fumo no município de Orleans. A partir desses dados apresenta-se uma seqüência de atividades relacionadas com a produção de fumo e os campos conceituais da matemática. Os resultados encontrados estão devidamente apresentados e analisados no contexto de análise e apresentação dos resultados. Finalmente as discussões finais - pautadas nos objetivos da pesquisa – estão dispostas na conclusão. Palavras-chave: Educação Matemática. Etnomatemática. Cultivo de fumo. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Mapa do município de Orleans ....................................................................23 Figura 2 – Parte do mapa do município de Orleans ......................................................25 Figura 3 – Medidas de terreno ......................................................................................26 Figura 4 – Processo de secagem do fumo ....................................................................28 Figura 5 – Modelo de estufa..........................................................................................29 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS PCN’s – Parâmetros Curriculares Nacionais PCSC – Proposta Curricular de Santa Catarina SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................09 2 METODOLOGIA ........................................................................................................11 2.1 Delineamento da Pesquisa......................................................................................11 3 REVISÃO DA LITERATURA .....................................................................................12 3.1 Educação Matemática .............................................................................................12 3.1.1 Modelagem Matemática .......................................................................................14 3.1.2 Literatura E Matemática .......................................................................................15 3.1.3 Compreensão de Textos ......................................................................................15 3.1.4 Resolução de Problemas .....................................................................................16 3.2 Etnomatemática Fundamentada no Trabalho dos Fumicultores .............................17 3.3 Formação dos Professores de Matemática .............................................................18 4 ATIVIDADES PROPOSTAS PARA O ENSINO COM ENFOQUE ETNOMATEMÁTICO ....................................................................................................22 4.1 Atividades Relacionadas com a Produção do Fumo Envolvendo os diferentes Campos Conceituais da Matemática .............................................................................24 CONCLUSÃO ...............................................................................................................31 REFERÊNCIAS.............................................................................................................33 ANEXOS .......................................................................................................................34 9 1 INTRODUÇÃO Nos últimos quatro anos enquanto professora de Matemática da Escola de Educação Básica Toneza Cascaes do município de Orleans, que se caracteriza por apresentar uma grande demanda de alunos filhos de agricultores do município, sentiu-se a necessidade de adequar os conceitos matemáticos trabalhados em sala de aula à realidade desses alunos. Esta necessidade foi amplamente discutida por D’AMBRÓSIO, através da Etnomatemática, considerada por ele como “a arte ou técnica de explicar, de conhecer, de entender nos diversos contextos culturais”(D’AMBRÓSIO,1998, p.5). Para a Matemática, adequar os conceitos de sala de aula ao contexto dos alunos é torná-la significativa, favorecendo a construção dos conceitos pelos alunos. Nas últimas décadas, e principalmente a partir das reformas curriculares que enfocam a Educação Matemática e suas tendências, a Etnomatemática procura contextualizar os conceitos matemáticos em diferentes comunidades. Tudo isso parte do pressuposto que o ensino da Matemática, para ser proveitoso ao aluno, precisa estar vinculado à realidade na qual está inserido. Lorenzato (2006, p.21) afirma que: O ensino da Matemática precisa ser planejado e ministrado tendo em vista o complexo contexto de identificação de seus alunos, considerando e respeitando a cultura deles, bem como suas aspirações, necessidades e possibilidades. Na Educação Matemática, é a Etnomatemática que realça a valorização desses conhecimentos. Pode parecer demais para algum professor de matemática que, além de conhecer o conteúdo a ser ensinado e a melhor didática para ensiná-lo, ele também tenha que conhecer a identidade cultural do meio que leciona. Pois é isso que torna a profissão “professor” tão ampla e grandiosa a qual também será tratada nessa pesquisa. Este trabalho, exibe propostas de algumas atividades que podem ser desenvolvidas por alunos de 5ª série do Ensino Fundamental, mais especificamente, do município de Orleans, problematizando: Qual a Matemática envolvida no cultivo do fumo e de que maneira ela é utilizada pelos fumicultores? 10 De modo geral, essa pesquisa tem por objetivo conhecer a matemática utilizada por esses agricultores. Especificamente destacam-se: Relacionar a Matemática utilizada pelos fumicultores e a Matemática ensinada na escola; Identificar os conceitos matemáticos aplicados no cultivo do fumo; Propor atividades matemáticas de sala de aula envolvendo os conhecimentos utilizados no cultivo do fumo. A estruturação da pesquisa é de fundamental importância para solucionar o problema proposto e alcançar os objetivos da mesma. Sendo assim, o trabalho apresenta-se assim estruturado: no capítulo da introdução encontram-se a justificativa, os objetivos e o problema; no contexto da metodologia destaca-se a caracterização da pesquisa. Na seqüência, encontram-se idéias discutidas de autores relacionados à Educação Matemática, Etnomatemática e também a Formação dos Professores de Matemática. E para finalizar, no capítulo de análise e apresentação dos resultados, encontra-se uma exibição detalhada da pesquisa, bem como as considerações finais relacionadas ao objetivo dessa pesquisa com base na revisão da literatura. 11 2 METODOLOGIA 2.1 Delineamento da Pesquisa Esta pesquisa caracteriza-se como descritiva que tem por objetivo a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou estabelecimento de relações entre variáveis. Esta pesquisa constitui-se de duas partes, uma em que o pesquisador buscou na bibliografia a fundamentação teórica para explicar o problema e outra em que buscou levantar dados sobre a produção de fumo no município de Orleans. Complementando, apresenta-se uma proposta de atividades envolvendo os campos conceituais da matemática e a produção de fumo. A partir de um levantamento de dados relacionados com o cultivo de fumo realizado pelo próprio pesquisador junto a um instrutor de fumo do município de Orleans. 12 3 REVISÃO DA LITERATURA 3.1 Educação Matemática Contemporaneamente tem-se discutido sobre o processo ensinoaprendizagem na Matemática. A história tem revelado que os sistemas educativos formais, privilegiam o acesso a um único tipo de conhecimento, em detrimento a outra formas de aprendizagem, desconsiderando os conhecimentos prévios dos alunos. Em relação a Matemática, fazendo-se um breve resgate histórico das transformações que o ensino desta disciplina vêm sofrendo nos últimos 50 anos, observa-se que houve a necessidade de reforma no início dos anos 50, onde matemáticos reuniram-se com filósofos para discutir o ensino da Matemática. Em 1960, teve início o princípio dessa reformulação, com o movimento Matemática Moderna, o qual o enfoque dos conteúdos estava voltado a uma Matemática útil para a técnica, para a ciência e para a economia moderna. A respeito de tal reformulação, da Matemática clássica à Matemática Moderna, PIRES(2000, p.33), argumenta: [... ]pensamos que todo problema se resume na infeliz escolha do nome: Matemática Moderna. A Matemática não é moderna nem clássica: é simplesmente Matemática. Ocorre que, ela experimentou nos últimos tempos uma evolução extraordinária, provocando uma enorme defasagem entre a pesquisa e o ensino da matéria. Porém, em 1972, alguns questionamentos sobre essa reforma vieram de diversos países. A crítica à excessiva valorização dos conteúdos em lugar dos métodos, as primeiras discussões sobre a resolução de problemas e a ligação da Matemática com a vida real, os debates sobre o uso de calculadoras e outros materiais de ensino, foram colocando em xeque, o ideário do movimento anterior. A compreensão de que aspectos sociais, antropológicos, psicológicos e lingüísticos têm grande importância na aprendizagem da Matemática, trouxe novos rumos às discussões curriculares. (PIRES, 2000, p.14) Assim, a Matemática Moderna passa a ser substituída pelo movimento de educadores matemáticos, agora preocupados não apenas com o ensino da 13 Matemática, mas sim com o processo ensino-aprendizagem da mesma, juntamente com as discussões envolvendo todas as variáveis que interferem neste complexo processo. A partir destas discussões, a reformulação dos currículos foi uma das necessidades emergenciais do momento. Finalmente na década de 80, numerosos grupos passaram a integrar o que se convencionou chamar Educação Matemática, a qual avançou em termos de método de ensino, principalmente a partir dos trabalhos de Piaget e Vygotsky. Educação Matemática é considerada de acordo com PAIS (2001, p.10): Uma grande área da pesquisa educacional, cujo objeto de estudo é a compreensão, interpretação e descrição dos fenômenos referentes ao ensino e a aprendizagem da matemática, nos diversos níveis de escolaridade, quer seja em sua dimensão teórica ou prática, além dessa definição ampla, e expressão educação matemática pode ser ainda entendida no plano da prática pedagógica, conduzida pelos desafios do cotidiano escolar. Sendo apresentada como tendência mediadora da Proposta Curricular de Santa Catarina de 1998, a Educação Matemática proporciona uma reflexão sobre o ensino desta disciplina que está sendo realizado por professores das escolas públicas, fazendo-os tomar conhecimento de que esta tendência visa melhorar o processo de construção do conhecimento dos alunos, possibilitando a socialização de conceitos matemáticos, até então, ditos como exatos e acabados. Sendo assim, a Proposta curricular de Santa Catarina, almeja que o educador matemático tenha a consciência de que não são os conteúdos em si que importam, mas sim os conteúdos enquanto produtores de bens culturais e de realizações humanas, a fim de que os educandos se sintam capazes de superar a desigualdade, a ignorância, a miséria e a destruição da sua própria crença e de seus próprios ideais. Seguindo a mesma linha de pensamento, os Parâmetros Curriculares Nacionais, investem nesta tendência como mediadora do profissional de educação na disciplina de Matemática. Contemplando a necessidade da adequação dos conteúdos para o desenvolvimento social dos alunos, com diferentes interesses e capacidades, o documento busca enfatizar a importância da criação de condições para a inserção dos alunos num mundo em constante mudança, contribuindo para desenvolver as capacidades que lhes serão exigidas em sua vida social e profissional a fim de que 14 se torne um cidadão que tenha a capacidade de agir como consumidor prudente ou até mesmo tomar decisões em sua vida pessoal. A Matemática tem um valor formativo, que ajuda a estruturar o pensamento e o raciocínio dedutivo, porém também desempenha um papel instrumental, pois é uma ferramenta que serve para a vida cotidiana e para muitas tarefas específicas em quase todas as atividades humanas. (PCN. Brasil, 1999, p.251) Diante de situações vivenciadas no âmbito escolar, o ser e o fazer tornam-se visíveis para que alunos e professores compreendam a importância de se fazer Educação Matemática, fazendo desta tendência, sua aliada no deparo com situações rotineiras vivenciadas dentro e fora da escola. Acima de tudo, a Proposta Curricular e os PCN’s apostam que, o saber aprender é a condição básica para prosseguir aperfeiçoando-se ao longo da vida. Entende-se então, que o aprimoramento desta Matemática que contextualiza as relações sociais no ambiente escolar e na própria sociedade, acaba transformando-se em Educação Matemática. O objetivo do ensino da Matemática não é formar futuros matemáticos, nem dar aos alunos instrumentos que só lhes serão eventualmente úteis mais tarde, e sim, contribuir para o desenvolvimento geral de suas capacidades de raciocínio, de análise e visualização. (DUVAL, 2003, p.11) Baseada fundamentalmente na contextualização, a Matemática passa a ser vista como uma área em constante modificação, em que os sujeitos envolvidos buscam meios de aperfeiçoar o conhecimento adquirido na escola para a vida cotidiana. Partindo dessa contextualização surgem tendências na área da Educação Matemática, que envolvem diferentes abordagens consideradas importantes quando aplicadas ao processo ensino-aprendizagem. As tendências apresentadas são: Modelagem Matemática, Literatura e Matemática, Compreensão de Textos, Resolução de Problemas e Etnomatemática. A seguir, um breve relato a respeito de cada tendência. 3.1.1 Modelagem Matemática A Modelagem Matemática é uma técnica que pode ser aplicada no ensino da Matemática em todos os níveis de ensino. 15 O uso dessa técnica não é tão recente, porém, foi no início do século XX que ela tomou destaque na área da Biologia e Economia, sendo que na década de 80 os exemplos nas aulas de Matemática foram sendo utilizados. Alguns autores definem modelagem como “é um processo que emerge da própria razão e participa da nossa vida como forma de constituição e de expressão de conhecimento.” (BIENBEMGUT; HEIN, 2000). Para Bassanezi (2002, p.16): Modelagem é uma nova forma de encarar a Matemática e consiste na arte de transformar problemas da realidade em problemas matemáticos e resolvê-los interpretando suas soluções na linguagem do mundo real. O uso da Modelagem pode propiciar a conexão entre os conteúdos matemáticos e as outras áreas de conhecimento, além de ampliar o conhecimento matemático e estruturar a maneira de pensar e agir do aluno. 3.1.2 Literatura E Matemática A integração entre a Matemática e a Literatura vem sendo discutida no meio educacional e fundamenta-se no interesse em desenvolver práticas pedagógicas interdisciplinares. Essa integração emerge como uma tendência e um repensar da educação matemática. Vem sendo praticada principalmente na educação infantil e ensino fundamental De acordo com Carey (apud FLEMMING, 2005): A leitura não precisa ser sobre números ou contagem para que desponte problemas matemáticos. O grande potencial da Literatura está na possibilidade de, após a leitura e o estabelecimento do contexto, gerar questões e problemas reais. Cabe ao professor selecionar obras que estejam ligadas ao conteúdo a ser trabalhado, incentivando o aluno à leitura para que esta seja o ponto de partida para motivar o estudo da Matemática. 3.1.3 Compreensão de Textos Geralmente, as aulas de Matemática não oferecem constante contato com textos, fruto principalmente da matemática moderna. As conseqüências desta forma de abordar a matemática durante muito tempo trouxe muitos problemas para o 16 processo de ensino-aprendizagem da Matemática, pois os alunos acabam fazendo “decorebas” sem significações práticas. A maior prova disso são as dificuldades encontradas tanto pelos professores, no momento do ensino, quanto pelos alunos no momento da aprendizagem, pois se apresentar aos alunos apenas os números e as operações estes realizam os algoritmos sem maiores dificuldades. No entanto, se o conteúdo se apresentar o conteúdo na forma de problemas, estes apresentam grandes dificuldades na sua interpretação, e muitas vezes não identificam nem as operações envolvidas. Assim a compreensão de textos é uma tendência que objetiva-se em auxiliar a visualização da matemática como linguagem, dando sentido aos objetos matemáticos e consequentemente alicerçando o processo ensino-aprendizagem. 3.1.4 Resolução de Problemas A importância dada à Resolução de Problemas é recente e somente nas últimas décadas com a emergente Educação Matemática que os educadores matemáticos passaram aceitar a idéia de que o desenvolvimento da capacidade de se resolver problemas merecia mais atenção durante o processo de ensino aprendizagem da matemática. Atualmente muitos pesquisadores e professores concordam com Onuchic (1999, p.25) quando salienta que: [... ]o ponto de partida das atividades matemáticas não é a definição, mas o problema; que o problema não é um exercício o qual o aluno aplica, de forma quase mecânica, uma fórmula ou determinada técnica operatória; que aproximações sucessivas ao conceito criado são construídos para resolver um problema, e que, num outro momento, o aluno utiliza o que já aprendeu para resolver outros problemas... Sendo assim, esta tendência não é apenas uma atividade a ser desenvolvida como aplicação da aprendizagem, mas como uma orientação para que esta ocorra. Para finalizar, a tendência dita como Etnomatemática, será melhor analisada no capítulo seguinte, sendo esta considerada a tendência mediadora desta pesquisa. 17 3.2 Etnomatemática Fundamentada no Trabalho dos Fumicultores A partir da abertura que a Educação Matemática vem propiciando ao ensino da Matemática, a Etnomatemática é uma alternativa que torna possível a proposta de trabalhar com esta disciplina visualizando não só a realidade sóciocultural do aluno, mas a interação cultural do ambiente em que vive a fim de aprimorar o conhecimento por meio de conceitos vivenciados no decorrer da vida diária. Com o objetivo de descrever as práticas matemáticas de grupos culturais a partir de uma análise de relações entre conhecimento matemático e contexto cultural, Ubiratan D’Ambrósio foi o precursor deste movimento em prol da Etnomatemática enquanto tendência. A disciplina denominada Matemática é na verdade uma Etnomatemática que se originou e se desenvolveu na Europa, tendo recebido algumas contribuições das civilizações islâmica e indiana, e que chegou á forma atual nos séculos XV e XVI, sendo a partir de então, levada ao mundo todo. (D’AMBRÓSIO, 1998) Esta tendência representa um caminho para uma educação renovada em que a Matemática pode levantar questionamentos sobre as situações reais vivenciadas pela sociedade. Sendo assim, ela está diretamente ligada ao processo de ensino-aprendizagem da matemática. A Etnomatemática enquanto tendência pode ser considerada como integrante de um projeto em constante transformação, valorizando o comportamento e o conhecimento de cada aluno relacionando assim, o saber histórico-cultural e o fazer matemático. A partir do entendimento da relação entre a cultura e a Educação se faz necessário tornar importante as diferentes relações presentes no convívio, seja familiar ou não, procurando manter a interação entre a teoria e a prática, o saber e o fazer, tornando possível a vivência e discussão da noção de cultura no ambiente escolar. A história da matemática relata que devido à necessidade que os povos encontravam para resolver problemas de suas atividades diárias, desenvolveram uma matemática voltada à sua cultura hoje conhecida como Etnomatemática. Assim, esta tendência enquanto ciência é estabelecida desde a evolução e da necessidade da agricultura, visando o bem estar do indivíduo mediante 18 produção da alimentação que necessitava para garantir sua sobrevivência. Para melhor garantir a colheita, os povos necessitavam entender os ciclos da natureza e suas influências sobre o plantio de diversos produtos. Consequentemente, os plantios e as colheitas eram registradas com lascas de pedras até a criação de um calendário para se organizar a contagem e até mesmo o registro do tempo, deixando transparecer a utilidade dos instrumentos que focalizassem a necessidade de fazer uma agricultura, marcar o tempo, medir as terras, sem utilização de termos matemáticos, praticou-se a contextualização do saber matemático no meio social respondendo aos fatores naturais e sociais de uma cultura, criando-se assim intuitivamente a Etnomatemática. No entanto, o ambiente escolar em sua maioria desconsidera a matemática praticada pelos alunos fora da escola, e nem sempre suas raízes culturais são respeitadas e valorizadas. D’Ambrósio (2001 p.42) destaca que: Reconhecer e respeitar as raízes de um indivíduo não significa ignorar e rejeitar as raízes do outro, mas, num processo de síntese, reforçar suas próprias raízes. Essa é, no meu pensamento, a vertente mais importante da Etnomatemática. Sendo assim, a importância de reconhecer a necessidade de aplicar essa tendência no ambiente escolar revendo a dimensão educacional que se encontram os alunos, fortalecendo as raízes culturais de cada indivíduo, vêm sendo estudada em pesquisas atuais. Tendo em vista a grande abrangência da Matemática tratando do contexto cultural, a Etnomatemática enquanto tendência pode contribuir para o conhecimento e a formação dos cidadãos, tornando significativa para o educando. Na busca pela interação entre temas multidisciplinares, a Etnomatemática se fez presente nesta pesquisa tendo como enfoque o cultivo de fumo, sendo que esta a cultura é predominante e fornecedora de maior renda entre os agricultores do município de Orleans em Santa Catarina. 3.3 Formação dos Professores de Matemática As constantes mudanças ocorridas no processo ensino-aprendizagem, vêm se voltando cada vez mais para a melhor qualidade no aprendizado do aluno. 19 Sendo assim, torna-se necessário formar profissionais capazes de alcançar tal objetivo. No que diz respeito à Matemática, as mudanças vêm transformando o ensino da disciplina em Educação Matemática, a qual revela várias tendências já mencionadas neste trabalho, o qual focaliza a Etnomatemática. A partir de discussões envolvendo tais mudanças no processo, emerge a necessidade de discutir principalmente a formação dos professores de matemática. Dentre os problemas encontrados na formação desses docentes destaca-se a ausência de teorias que visam a concretização de uma formação transformadora. Partindo do currículo dos cursos de graduação, a maior dificuldade no que diz respeito à formação do professor, é a determinação do conteúdo a ser trabalhado durante o curso, algumas disciplinas estão longe de atender as reais necessidades do profissional em sala de aula. O professor deve ter um conhecimento profundo de matemática para que se possa tomar decisões apropriadas em sua prática de ensino. Esse conhecimento profundo é caracterizado pela habilidade do professor em descrever a compreensão do aluno, baseando-se numa renegociação de seu próprio conhecimento de matemática. (FIORENTINI, 2005. p.125) Sabendo que todo professor encontra-se na posição de ensinar a alguém, o docente deve ter em vista que irá enfrentar alunos dos mais diferentes contextos, sendo assim, sua prática também deve estar preparada para o diversificado, a fim de que possa propiciar a compreensão do ensinar e aprender. Os futuros profissionais da educação devem estar aptos a se tornarem participantes de uma prática docente, buscando sempre a formação continuada de modo que esta represente o meio social o qual irá lecionar,e para que isso ocorra, devem estar abertos a compartilhar experiências e interagir com seus colegas de trabalho. Só assim, poderão ampliar seu grau de compreensão gerado pelo raciocínio pedagógico de cada estudante, num contínuo processo de aprender a aprender. Sintetizando, Fiorentini (2003, p.74) acredita que devem fazer parte do programa de formação de professores os seguintes domínios de conhecimento: “conhecimento de matemática; conhecimento sobre a aprendizagem das noções matemáticas e conhecimento do processo instrutivo”. A partir desses domínios de conhecimento, o professor de matemática, na fase de formação obtém informações indispensáveis ao processo de aprendizagem 20 por intermédio de ações desenvolvidas em sala de aula, buscando compartilhar e interpretar alguns significados, seja de ação pedagógica ou de significações matemáticas. Fiorentini (2003, p.124) afirma: Acreditar que a formação do professor acontece apenas em intervalos independentes ou num espaço bem determinado é negar o movimento social, histórico e cultural de constituição de cada sujeito. O movimento de formação do professor não é isolado do restante da vida. Ao contrário, está imerso nas práticas sociais e culturais. Entende-se que a constituição do profissional da educação acontece não só no período da licenciatura, mas também no próprio processo do trabalho. Este fato quando negado, está negando também a vida do profissional enquanto sujeito que almeja grandes possibilidades em sua carreira. O professor em fase de formação, passa a refletir a respeito das ações pedagógicas no momento em que o mesmo entra em contato com o que será seu ambiente de trabalho - a sala de aula – essa reflexão se dá no momento que a disciplina de Prática de Ensino e Estágio Supervisionado se inicia. É a partir da reflexão a respeito do “pensar sobre o que se faz”, que o futuro docente busca um melhor desenvolvimento de seus saberes. Por meio dos estágios, o acadêmico tem a oportunidade de se inserir no ambiente escolar, já prevendo as mudanças que se tornam necessárias para que idealize sua prática pedagógica de forma que esta seja desenvolvida com maior aproveitamento por parte de seus futuros alunos. Fiorentini (2003, p.152) conclui: [... ] é na prática, ou melhor, na realização do trabalho pedagógico, que os saberes da profissão docente são efetivamente compreendidos, produzidos ou ressignificados, ou seja, os saberes da atividade profissional do professor são situados, uma vez que ganham sentido quando em relação com a prática, e portanto, não são ensinados, mas aprendidos mediante um processo reflexivo sobre o trabalho. Não se pode deixar de mencionar que o ato de ensinar é um aprendizado sempre novo, algo que muda a todo o momento, havendo ou não a participação dos alunos, deixando sempre transparecer a necessidade da prática pedagógica que o futuro professor passará a enfrentar, e que o mesmo, deve sempre compartilhar as experiências vivenciadas, os obstáculos superados, assumindo os erros, quando 21 ocorrerem, procurando sempre corrigi-los e tirando-os como ensinamentos para que não venham a se repetir. E para concluir essa reflexão a respeito da formação docente, Fiorentini (2003, p.152) apud, GÓMEZ (1992) afirma que “a prática deve ser entendida como eixo central da formação de professores”. 22 4 ATIVIDADES PROPOSTAS PARA O ENSINO COM ENFOQUE ETNOMATEMÁTICO Este capítulo tem como intuito, propor atividades contextualizadas com o meio cultural dos alunos filhos de agricultores do município de Orleans, mais especificamente, os produtores de fumo. Atividades estas que venham a proporcionar um aprendizado ainda melhor e fazer com que os alunos, juntamente com o auxílio do professor, sintam prazer em aprender a Matemática que seus pais utilizam no seu trabalho até mesmo sem perceber. O conjunto de atividades aqui proposto será apresentada envolvendo o plantio do fumo, desde o preparo do solo até a comercialização. A seguir apresenta-se uma breve história do município de Orleans, bem como sua localização. De acordo com LOTTIN (2004), o município de Orleans, “o dote de uma princesa” assim denominado pelo fato de que a Princesa Isabel teria recebido essas terras como dote de seu pai. As terras foram planejadas pelos engenheiros e agrimensores contratados pela empresa colonizadora do Príncipe Conde D’ Eu e da Princesa Isabel, assim dividida em lotes entre os anos de 1880 – 1885, fixando diretrizes para norteá-lo rumo do progresso e do desenvolvimento da região. Hoje existem cerca de 1800 propriedades agrícolas que tem em média 20 hectares. Seguindo a tradição implantada pela colônia ainda são cultivados: milho, feijão, mandioca, cana de açúcar e farinha, sendo que estas culturas são destinadas mais à subsistência dos agricultores. O município apresenta clima favorável ao desenvolvimento da cultura do fumo. Possui também grande extensão territorial, favorecendo o desenvolvimento das atividades agrícolas conforme indica o mapa a seguir. 23 Figura 1 – Mapa do município de Orleans Fonte: IBGE Orleans 24 O fumo em folha representa atualmente um expressivo volume de renda de nossos agricultores Implantado pela Cia. Souza Cruz há mais de trinta anos, este processo de plantio e secagem das folhas foi largamente difundido no município, alcançando hoje um número altamente considerável de 1700 estufas. Orleans encontra-se entre os primeiros produtores de fumo no sul catarinense. Apesar da destinação do produto, hoje tão combatido em todo o mundo, foi a cultura que permitiu a ocupação de todos os membros da família num cultivo assistido com a melhor tecnologia, possibilitando que as mesmas técnicas fossem aplicadas às demais culturas. 4.1 Atividades Relacionadas com a Produção do Fumo Envolvendo os diferentes Campos Conceituais da Matemática 1 – Esta atividade tem como principal objetivo levantar dados sobre a produção do fumo em cada comunidade de Orleans. A partir do mapa do interior do nosso município que você colou no caderno, faça as seguintes atividades: a) localize e pinte sua comunidade; b) faça uma pesquisa na sua comunidade para saber quantos produtores de fumo há nela; c) compartilhando a pesquisa com todos os colegas da turma, vamos colocar esses valores em ordem crescente e descobrir qual a comunidade que possui maior e menor número de produtores de fumo. d) Qual o número de pés de fumo em média cultivado pelos agricultores? Após a pesquisa realizada pelos alunos, propor em sala de aula atividades relacionadas com a construção e análise de gráficos, por exemplo, produtores de fumo por comunidade. 2 – Esta atividade tem por objetivo verificar os deslocamentos de uma comunidade à outra e a partir destes, realizar atividades envolvendo as operações básicas – adição e subtração – as unidades de medida e suas transformações. 25 Um caminhão está carregado de mercadorias a serem entregues aos moradores das comunidades destacadas no mapa abaixo. Analise-o e responda: Figura 2 – Parte do mapa do município de Orleans Fonte: IBGE Orleans a) Quantos quilômetros(Km) o caminhão percorrerá indo da comunidade de Rio Novo até Rio Carlota? b) E do Rio Novo até Brusque do Sul, quantos quilômetros(Km) você percorre? c) Na viagem de volta, o caminhão fará o mesmo trajeto, porém no sentido contrário, então quantos metros ele percorrerá da comunidade de Brusque do Sul até o Rio Novo? 3 – Esta atividade insere uma problematização para o estudo da subtração, isto é, o campo conceitual dos números. No ano de 2005 um produtor plantou 50000 pés de fumo em sua propriedade; já este ano, resolveu plantar 63000 pés. Qual a diferença da plantação de 2006 para 2005? 4 - A seguinte atividade incentiva os alunos à pesquisa e também a utilizar as operações básicas para fazer alguns esclarecimentos. 26 Com seus familiares procure saber quantos metros quadrados (m²) possui 1 hectare, em seguida, analisam a seguinte situação: Um agricultor possui 10 hectares de terra. Sendo que destes, 4 estão destinados ao plantio de fumo, o restante ele pretende investir em outras culturas. a) Quantos metros quadrados lhe sobrarão para o cultivo dessas culturas? b) Se em um hectare de terra podem ser plantados 16.000 pés de fumo, quantos mil pés ele poderá plantar nesses 4 hectares? 5 - A atividade seguinte tem por objetivo, inserir, por meio de uma situação- problema, conceitos de divisão, multiplicação, potenciação e radiciação, bem como a representação fracionária e decimal dos números, e a geometria, atividades como a média aritmética e porcentagem também serão temas abordados. Um agricultor possui 3 filhos. Resolveu dividir a herança de modo que cada um recebesse a mesma quantia de terras. Se esse agricultor possui um terreno com área de 360.000 m², responda: a) Quantos m² cada filho irá receber? Isso corresponde a quantos hectares de cada? b) Supondo que a figura abaixo represente o terreno, quais as medidas de cada terreno? Figura 3 – Medidas de terreno Fonte: Da autora c) Qual a fração que cada filho irá receber? 27 d) Quantos pés de fumo cada um irá plantar em seu terreno sabendo que em 1 hectare cabem 16.000 pés de fumo? 6 - A atividade a seguir, tem a princípio, um enfoque geométrico seguido de cálculos operatórios básicos. Acompanhe as ilustrações a seguir: 28 Figura 4 – Processo de secagem do fumo. Fonte: www.riogrande.rs.gov.br/site/index.php?acao=V&perfil=1&id=154 - 18k – 29 Após a colheita do fumo, o mesmo é armazenado em um local próprio para a secagem chamado estufa. Atualmente, este local tornou-se mais moderno devido à tecnologia utilizada para a secagem do fumo, conforme vimos nas ilustrações anteriores. Observe quais as formas geométricas que podem ser encontradas nessas estufas. Figura 5 - Modelo de Estufa Fonte: http://www.afubra.com.br/principal.php a) Sabendo que a dimensão de uma estufa é de 4x10, 5 metros, calcule o perímetro de suas paredes e a área dessa estufa. b) O novo sistema de secagem de fumo é feito através de grampos. Se um grampo de fumo colocado na estufa para a secagem pesa em média 30 Kg e numa estufa de 4x10, 5 m são colocados em média 280 grampos, qual a massa de fumo que uma estufa recebe ao ser carregada? c) Ao terminar o processo descarregamento da estufa. Se foram de secagem carregadas do fumo inicia-se 8400 Kg e após o o descarregamento da mesma percebe-se que o peso diminuiu devido à perda de água durante o processo de secagem, passando a pesar 840 Kg, qual a diferença de massa de fumo ao ser colocado e ao ser retirado da estufa? 30 d) Para ser comercializado, o fumo é enfardado em forma de um paralelepípedo retângulo cujas dimensões são de 40x75x90. Qual o volume de cada fardo de fumo? 7 – Esta atividade envolve os temas transversais. a) Na atualidade, as questões ambientais têm sido uma das grandes preocupações. O processo de secagem do fumo requer altas temperaturas exigindo a queima de grande quantidade de lenha (madeira). Pesquise a quantidade de madeira utilizada para a secagem de uma estufa de fumo. b) Se 1 m³ de lenha custa R$............ e para secar uma estufa são gastos........... m³, qual o valor gasto com lenha para realizar este processo? 31 CONCLUSÃO Ao finalizar esta pesquisa relacionada com a Etnomatemática e a produção de fumo no município de Orleans, em que se objetivou conhecer a matemática envolvida na produção desta atividade agrícola, pode-se destacar em linhas gerais algumas conclusões em relação ao seu objeto de pesquisa. Retomando aos objetivos da pesquisa e aos teóricos que a sustentam pode-se elencar alguns elementos conclusivos que envolvem a matemática utilizada pelos agricultores e a matemática ensinada na escola. Em relação ao objetivo que buscou identificar os conceitos matemáticos aplicados no cultivo do fumo, após a realização da pesquisa bibliográfica e o levantamento de dados sobre o cultivo do fumo observa-se que é possível relacionar a matemática escolar com a matemática do cotidiano do aluno, principalmente a partir da proposta de atividades em sala de aula elaboradas pelo professor com os dados pesquisados pelos alunos. Em relação ao objetivo que buscou identificar os conceitos matemáticos que podem ser desenvolvidos a partir do cultivo do fumo, constata-se que dependendo do encaminhamento determinado pelo professor em sala de aula este pode envolver nas atividades os conteúdos de todos os campos conceituais da matemática, algébrico, geométrico, numérico, tratamento da informação e medidas, pertinentes a 5ª série do Ensino Fundamental, série esta que foi considerada para a proposta das atividades. Entende-se também que para o desenvolvimento deste tipo de atividade envolvendo o contexto do aluno é importante o entrosamento do aluno como agente da construção do seu próprio conhecimento durante todo o processo de ensinoaprendizagem. A proposta de atividades aqui apresentada constitui-se de apenas uma alternativa de abordagem da matemática em sala de aula. Porém, não se pretende dar por encerrada esta pesquisa de grande importância não só para a disciplina de matemática, mas também para outras disciplinas do currículo escolar. Este assunto deve ser abordado se possível de forma interdisciplinar nas escolas do município, pois é a cultura de maior predomínio e de interesse para ambas as zonas do município, tanto urbana como rural, tendo 32 em vista que esta cultura é um fator dominante na economia do município. Portanto, a aplicação das atividades sugeridas nesta pesquisa são de grande importância para dar continuidade e o devido valor à essa atividade agrícola do município. 33 REFERÊNCIAS BICUDO, Maria aparecida Viggiani. Educação Matemática. São Paulo: Moraes, 1999. BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC/SEF, 1999. D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Etnomatemática: arte ou técnica de explicar e conhecer. São Paulo: Ática, 1998. ____________. Da realidade à ação: reflexões sobre educação matemática. São Paulo: Sammus, 1986. FIORENTINI, Dario (org). Formação de Professores de Matemática – Explorando novos caminhos com outros olhares. São Paulo: Mercado de Letras, 2003. _____________. NACARATO, Adair Mendes (org). Cultura, formação e desenvolvimento profissional de professores que ensinam Matemática. São Paulo: Musa editora, 2005. FLEMMING, Elisa Luz. Tendências em Educação Matemática. Palhoça: Unisul virtual, 2005. IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Orleans. 2006. LORENZATO. Sérgio. Para aprender Matemática. Campinas: Autores associados, 2006. LOTTIN. Jucely. Orleans 2000: história e desenvolvimento. Florianópolis: Elbert, 1998. MODELO DE ESTUFA. Disponievl em: <http://www.afubra.com.br/principal.php>. Acesso em set. 2006. MOYSÉS, Lucia. Aplicações de Vygotsky à Educação Matemática. São Paulo: Papirus, 1997. MOREIRA, Plínio Cavalcanti. DAVID, Maria Manuela M.S. Formação Matemática do professor. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. PROCESSO DE SEAGEM DE FUMO. Disponível em: www.riogrande.rs.gov.br/site/index.php?acao=V&perfil=1&id=154 - 18k. Acesso em set. 2006. SANTA CATARINA, Secretaria de Estado da Educação e do Desporto. Proposta curricular de Santa Catarina: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio. Florianópolis: COGEN, 1998. 34 ANEXOS 35 Propriedade rural 36 Preparo da terra 37 Plantação de fumo 38 Colheita de fumo