A EXPLORAÇÃO DE MARTE Marte, apesar de ser o planeta mais próximo da Terra, é um lugar difícil de visitar. Já foram tentadas quase quarenta missões espaciais a Marte – com mais de metade a resultarem em fracasso. Desde que, no século XIX, foi possível dispor de instrumentos ópticos de certa potência, o planeta mostrou uma série de detalhes que o fizeram parecer um gémeo da Terra. Desde os pólos gelados ao ciclo das estações, dos fenómenos meteorológicos à duração do dia, tudo se parecia unir a favor das hipóteses de planeta Marte ser habitável e talvez ocupado por seres inteligentes. Provavelmente influenciados por estes factores, alguns ilustres astrónomos de um passado recente asseguraram existir sobre a superfície de Marte uma intrigante rede de canais, possíveis vias de água artificiais construídas para transportar o líquido precioso desde os pólos até às áridas regiões equatoriais. A partir do momento em que os objectos de estudo começaram a desenvolver-se, os cientistas ganharam interesse por descobrir se existe ou não vida em Marte e aprofundar os seus conhecimentos em relação a este planeta. Uma das formas para tal descoberta era o enviar de naves e veículos espaciais para Marte. A primeira missão bem sucedida a Marte, Mariner 4, foi efectuada pela NASA em 28 de Novembro de 1964. Ela passou a 6.120 milhas de Marte e enviou 22 imagens, de acordo com o planeado. A nave espacial revelou um mundo de maravilha com diferenças exóticas relativamente ao nosso planeta. A primeira nave espacial a orbitar em torno de Marte foi a russa Mars 2 em 1971. A sua nave irmã, a Mars 3, também orbitou em torno de Marte e lançou, com êxito, um módulo de aterragem na superfície. Ela trabalhou durante 20 segundos e os especialistas suspeitam que foi destruída por uma tempestade de poeira marciana. O primeiro veículo orbital da NASA também orbitou em torno de Marte no mesmo ano. No entanto, as missões espaciais que deram um verdadeiro destaque à exploração de Marte foram, indubitavelmente, as duas missões Viking nos meados de 1970. Ambas consistiam num veículo orbital e num módulo de aterragem a enviarem as primeiras imagens detalhadas a partir da superfície marciana. Elas mostraram uma paisagem semelhante a um deserto que, em temperatura, era, de facto, mais parecida com a tundra da terra. Os veículos orbitais mapearam 97% do planeta. A exploração de Marte teve depois uma paragem durante mais de duas décadas, interrompida somente por algumas tentativas falhadas ou parcialmente bem sucedidas (o veículo orbital/módulo de aterragem Phobos Soviético, perdido na rota para Marte em 1989, Phobos 2, também perdido em 1989 perto da lua Marciana Phobos, e o Mars Observer americano, perdido em 1993 quando estava prestes a chegar a Marte). A Mars Global Surveyor tornou-se na primeira missão com êxito para o Planeta Vermelho em vinte anos quando foi lançada em 1996, entrando em órbita em 1997. No mesmo ano, a política de “mais rápido, mais económico, melhor” da NASA colocou o Mars Pathfinder na superfície do Planeta Vermelho. O pequeno jeep lunar, Sojourner, rastejou pela superfície durante muitas semanas analisando rochas e atraindo a imaginação do público geral. Infelizmente, isso não foi o princípio de uma renascença gloriosa e o “Demónio de Marte” atacou de novo, tornando as quatro missões seguintes inúteis ou severamente danificadas. O veículo orbital e os módulos de aterragem Russian Mars 96, transportando várias experiências europeias, perderam-se num acidente do veículo de lançamento em 1996. O veículo orbital americano Mars Climate perdeu-se na chegada a Marte em 1999. As sondas Mars Polar Lander/Deep Space 2 americanas também se perderam durante a chegada em 1999. No entanto, em 2001, a americana Mars Odyssey chegou com êxito à órbita de Marte, transportando experiências científicas concebidas para se efectuarem observações globais de Marte. Esta nave espacial também servirá como retransmissor de comunicações para as naves espaciais americanas e europeias que cheguem a Marte em 2003 e 2004. No entanto, o ano de 2003 assistiu a um interesse retomado por Marte através de um aumento de missões, com lançamento pela ESA de Mars Express, com o seu módulo de aterragem Beagle, e com o lançamento pela NASA de dois rovers, Spirit e Opportunity, da missão Mars Exploration Rover. A Spirit, assim como sua nave gémea Opportunity - cuja chegada está prevista para o próximo dia 24 -, está equipada com um importante arsenal de instrumentos científicos e um veículo todo-o-terreno de seis rodas que percorrerá a superfície marciana para recolher amostras e fazer análises. O objectivo é tentar analisar se, na zona da aterragem, houve água em tempos remotos e se ainda restam vestígios do líquido neste planeta. Escola Secundária / 3º Ciclo de Azambuja Cláudia Varino – 10º A nº 9