ID: 45289076 19-12-2012 Tiragem: 42175 Pág: 21 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 15,95 x 30,26 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 RUI GAUDÊNCIO O carvão é o mais poluente dos combustíveis fósseis AIE prevê que em 2107 o carvão seja tão usado como o petróleo Energia Ricardo Garcia Agência Internacional de Energia diz que consumo continuará a subir e mais nos países emergentes como China e a Índia O carvão — o mais poluente dos combustíveis fósseis — vai praticamente igualar o petróleo como a principal fonte mundial de energia dentro de cinco anos. De acordo com um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), o consumo de carvão, que cresceu 4,3% entre 2010 e 2011, continuará a subir a um ritmo de 2,6% ao ano até 2017. O aumento virá sobretudo dos países em desenvolvimento — especialmente da China e da Índia. E mesmo que se preveja uma queda nos países em desenvolvimento, o saldo positivo porá o carvão lado a lado com o petróleo como fonte energética de eleição. O cenário de médio prazo da Agência Internacional de Energia para o carvão traça um mercado em profunda mudança. Os Estados Unidos precisam cada vez menos de carvão, devido à exploração crescente de gás de xisto — uma forma não-convencional de gás natural, que está a revolucionar o panorama energético norte-americano. Enquanto o gás substitui o carvão nos EUA, na Europa a tendência está a ser contrária — com a importação dos excedentes norte-americanos a preços que caíram cerca de 35% entre 2011 e 2012. Ainda assim, o aumento do consumo previsto na Europa é pequeno — 0,4% por ano até 2017 — e nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico) em geral, o que se antecipa é uma queda de 0,7% por ano. 1200 Em 2017, avança a Agência Internacional de Energia, estarão a ser queimadas, em todo o mundo, mais 1200 milhões de toneladas de carvão Do outro lado do mundo, o carvão continua a ser o motor energético do crescimento das economias emergentes. A China já ultrapassou o Japão como o maior importador mundial de carvão. Em 2014, mais da metade do carvão consumido no mundo estará a ser utilizada nas centrais térmicas e fábricas chinesas. Na Índia também se prevê um crescimento acelerado, com o pa- ís a ultrapassar os Estados Unidos como segundo maior consumidor de carvão dentro de cinco anos. Na prática, até 2017 estarão a ser queimadas 1200 milhões de toneladas a mais de carvão por ano no mundo, em comparação com a situação que vigora actualmente. Em cerca de uma década, segundo a AIE, o carvão já será a principal fonte mundial de energia — a despeito dos seus potenciais danos ambientais, em especial as emissões de CO2. Dois travões ao carvão não estão neste momento a funcionar. O mercado de carbono está em baixo — em especial, o Comércio Europeu de Licenças de Emissão, com preços do CO2 que desestimulam esforços para a redução das emissões. E o uso da tecnologia de captura e sequestro de carbono, que permitiria recolher o CO2 nas chaminés e enterrá-lo no subsolo, não está a avançar. Sem isso, segundo a Agência Internacional de Energia, apenas a competição pelo preço — como está a acontecer nos Estados Unidos — pode limitar o uso do carvão, em favor de outras fontes de energia menos poluentes, como o gás natural ou outras alternativas. “A Europa, a China e outras regiões deveriam tomar nota disto”, diz a directora executiva da AIE, Maria van der Hoeven, num comunicado ontem emitido.