Combustíveis Energia e Ambiente Equivalência massa-energia: um assunto nuclear 1 O INÍCIO DA CIÊNCIA NUCLEAR(1905) E = m c2 "It followed from the special theory of relativity that mass and energy are both but different manifestations of the same thing -- a somewhat unfamiliar conception for the average mind. Furthermore, the equation E is equal to m c-squared, in which energy is put equal to mass, multiplied by the square of the velocity of light, showed that very small amounts of mass may be converted into a very large amount of energy and vice versa. The mass and energy were in fact equivalent, according to the formula mentioned above. This was demonstrated by Cockcroft and Walton in 1932, experimentally." 2 Combustíveis Energia e Ambiente Equivalência massa-energia: um assunto nuclear 1905 – Einstein Propôs a teoria da relatividade. Considerou que massa e energia são manifestações da mesma grandeza e são interconvertíveis. E = mc2 Até então os físicos consideravam a energia e a massa entidades distintas – Lei Conservação da Massa e da Energia. 3 A DESCOBERTA DO NÚCLEO Combustíveis Energia e Ambiente Idade Média Alquimistas sonham em converter um elemento noutro. Transmutação do chumbo em ouro. 1895 - RÖentgen descobre os raios X 1896 – Becquerel Observou emissão de radiação altamente energéticas de um composto de urânio – chamou radioactividade 5 1897 –Marie e Pierre Curie Continuaram as investigações e mostraram que a radiação era independente do estado de combinação do urânio. Mostraram a existência de outros elementos radioactivos Polónio e rádio. Radioactividade – emissões espontâneas de alguns elementos (radioisótopos).O núcleo não era ainda conhecido. 1897- J. J. Thomson Demonstra que os raios catódicos são feixes de partículas - electrões 6 1898 - Rutherford Identificou três tipos de partículas radioactivas: “radiações” α, β e γ. 1909 - Robert Milikan Determinou a carga do electrão 7 1911- Ernest Rutherford Apresenta a célebre experiência 8 1911- Niels Bohr Propõe um modelo de órbitas circulares para o electrão. 1932 - James Chadwik Detecta experimentalmente o neutrão. 12 Combustíveis Energia e Ambiente Equivalência massa-energia: um assunto nuclear Após Rutherford Identificados outros tipos de “radiações” nucleares: protão, neutrão e antipartículas Após descoberta do núcleo Cientistas percebem que a radioactividade resulta da ejecção de “fragmentos” do núcleo. Chamaram-lhes Decaimento nuclear Desintegração nuclear Reacção nuclear Mudança da composição do núcleo . 13 Combustíveis Energia e Ambiente Equivalência massa-energia: um assunto nuclear Reacções nucleares vs Reacções Químicas R.Q. estão envolvidos electrões •Energia envolvida moderada •Isótopos do mesmo elemento sofrem reacções químicas iguais •Há conservação da massa – Lei de Lavoisier R. N. estão envolvidos núcleos •Energia envolvida muito elevada •Isótopos do mesmo elemento sofrem reacções nucleares muito diferentes •Há conservação da massaenergia. 14 Combustíveis Energia e Ambiente Equivalência massa-energia: um assunto nuclear E = mc2 •Qualquer processo exotérmico os produtos tem uma massa inferior aos reagentes. •Nas reacções químicas a energia envolvida é tão pequena que se verifica a conservação da massa. •Nas reacções nucleares as energias em jogo são tão elevadas que os valores de massa correspondentes são mensuráveis. •Reacções em que toda a matéria se converte em energia denominam-se de reacções matéria-antimatéria. •Quando protões e neutrões se juntam para formar um núcleo de um átomo há diminuição da massa que se transforma em energia – Energia Nuclear 15 Combustíveis Energia e Ambiente Equivalência massa-energia: um assunto nuclear Qualquer núcleo é mais estável que os respectivos nucleões separados. Quando protões e neutrões se juntam para formar um núcleo de um átomo há uma diminuição de massa, que se transforma em energia – Energia De Ligação Nuclear. A diferença entre a soma das massas dos nucleões e a massa do núcleo é – Defeito De Massa, ∆m. Energia de Coesão Nuclear é a energia necessária para decompor o núcleo nos seus nucleões. 16 Combustíveis Energia e Ambiente A escrita de equações nucleares Representam-se por equações. Cada nuclido participante na reacção é representado pelo seu símbolo (X), com o respectivo número atómico (Z = n.° de protões) e número de massa (A = n.° de protões + n.° de neutrões): 17 Combustíveis Energia e Ambiente A escrita de equações Equivalência massa-energia: nucleares um assunto nuclear Nuclidos No neutrão e no protão a letra Z representa o n.° de protões, mas no electrão representa a sua carga negativa. 18 A escrita de equações Equivalência massa-energia: nucleares um assunto nuclear Regras 1.A soma dos números de massa deve ser igual nos dois membros da equação. 2.A soma dos números atómicos nos dois membros da equação deve ser igual. 19 Combustíveis Energia e Ambiente A estabilidade do núcleo e o decaimento radioactivo Apesar das forças repulsivas a maior parte dos núcleos é estável – Há equilíbrio entre as atracções e as repulsões. Casos em que as repulsões vencem as atracções verifica-se o Decaimento Radioactivo ou Nuclear. Radioactividade Natural 20 Combustíveis Energia e Ambiente AEquivalência estabilidademassa-energia: do núcleo e o decaimento radioactivo um assunto nuclear Quando é que um núcleo é estável/instável? Se Z >83 são radioisótopos, significa que têm núcleos instáveis e que são radioactivos; Se Z ≤ 83 têm isótopos (núcleos estáveis) e a maior parte tem pelo menos um radioisótopo (núcleos instável). 21 Combustíveis Energia e Ambiente AEquivalência estabilidademassa-energia: do núcleo e o decaimento radioactivo um assunto nuclear Quando é que um núcleo é estável/instável? Proporção neutrão-protão (n/p). elementos estáveis a proporção n/p é aproximadamente igual a 1; (Z<30) Com o aumento do número atómico aumenta esta proporção, maior 1. Este desvio surge da necessidade de um número cada vez maior de neutrões para compensar as repulsões electrostáticas da interacção entre um número cada vez maior de protões. 22 Combustíveis Energia e Ambiente AEquivalência estabilidademassa-energia: do núcleo e o decaimento radioactivo um assunto nuclear Quando é que um núcleo é estável/instável? Existem números Mágicos – conferem particular estabilidade aos núcleos. Os números mágicos, que inicialmente foram propostos de forma empírica, hoje são relacionados com o modelo de preenchimento em camadas do núcleo. Os números mágicos Z=114, Z=164, N=184 e N=196 estão previstos teoricamente, embora não tenham ainda sido observados. 23 Combustíveis Energia e Ambiente AEquivalência estabilidademassa-energia: do núcleo e o decaimento radioactivo um assunto nuclear A maioria dos núcleos radioactivos situa-se fora da denominada zona de estabilidade. Acima da zona estabilidade, para o mesmo número de protões, os núcleos têm razões neutrão/protão superiores às dos núcleos estáveis da faixa. Abaixo da zona de estabilidade, para o mesmo número de protões, os núcleos têm razões neutrão/protão mais baixas do que os núcleos da faixa de estabilidade. 24 Combustíveis Energia e Ambiente AEquivalência estabilidademassa-energia: do núcleo e o decaimento radioactivo um assunto nuclear Tipos Decaimento Radioactivo A radioactividade surge da libertação de partículas por parte de um isótopo fora da banda de estabilidade e que, ao converter-se num outro isótopo, se aproxima da mesma Emissão alfa (α) Emissão beta (β) Emissão Positrão (β+) Captura Electrónica Emissão Gama(γ) Z ≤ 83 Z ≥ 83 25 Combustíveis Energia e Ambiente AEquivalência estabilidademassa-energia: do núcleo e o decaimento radioactivo um assunto nuclear Emissão alfa (α) Emissão de um núcleo de hélio 24He, ou partícula α, por um núcleo instável. 26 Combustíveis Energia e Ambiente AEquivalência estabilidademassa-energia: do núcleo e o decaimento radioactivo um assunto nuclear Emissão beta (β ou β-) Verifica-se em núcleos ricos em neutrões. Emissão de um electrão muito acelerado por um núcleo muito instável. Equivale à conversão, dentro do núcleo, de um neutrão num protão e num electrão Acima da faixa estabilidade ⇒ baixar n/p ⇒ diminuir neutrões 27 Combustíveis Energia e Ambiente AEquivalência estabilidademassa-energia: do núcleo e o decaimento radioactivo um assunto nuclear Emissão Positrão (β+) Verifica-se em núcleos ricos em protões. Emissão de um positrão por um núcleo instável. Equivale à conversão, dentro do núcleo, de um protão num neutrão e num electrão. Abaixo da faixa estabilidade ⇒ aumentar n/p ⇒ diminuir protões 28 Combustíveis Energia e Ambiente AEquivalência estabilidademassa-energia: do núcleo e o decaimento radioactivo um assunto nuclear Captura Electrónica Verifica-se em núcleos de maior número atómico ricos em protões. Captura de um electrão de uma orbital interna do átomo por um núcleo instável. Equivale à conversão, dentro do núcleo, de um protão num neutrão. O núcleo capta o electrão de uma orbital interna, outro electrão mais externo vai ocupar o lugar vago deste, havendo emissão de um fotão de raios X. 29 Combustíveis Energia e Ambiente AEquivalência estabilidademassa-energia: do núcleo e o decaimento radioactivo um assunto nuclear Emissão Gama (γ) Emissão de um fotão de comprimento de onda da ordem de 10-12 m por um núcleo excitado. Um decaimento radioactivo de outro tipo produz um núcleo excitado. Este tende a passar para um estado mais estável (de menor energia) por emissão de uma radiação EM. O núcleo formado é apenas um estado de menor energia que o núcleo original, não havendo alteração do número atómico nem do número de massa. 30 Combustíveis Energia e Ambiente AEquivalência estabilidademassa-energia: do núcleo e o decaimento radioactivo um assunto nuclear Série Radioactiva Atingir da estabilidade não é possível apenas num passo. Nos elementos com Z > 83, o isótopo necessita de baixar o seu número atómico, mas na generalidade necessita também de perder neutrões. Decaem então através de uma sequência de reacções que se chama série radioactiva. Primeiro é emitida uma partícula α, sendo emitida depois outra partícula α ou uma β - e assim sucessivamente até que seja obtido um isótopo estável. Normalmente o elemento final obtido é o chumbo (tem o número atómico mágico 82). 31 Combustíveis Energia e Ambiente AEquivalência estabilidademassa-energia: do núcleo e o decaimento radioactivo um assunto nuclear Tempo de Meia Vida/ Período de Decaimento Radioactivo - t½ Intervalo de tempo necessário para que, numa dada amostra, o número de núcleos radioactivos se reduza a metade. É uma grandeza constante para cada espécie radioactiva. 32 Combustíveis Energia e Ambiente AEquivalência estabilidademassa-energia: do núcleo e o decaimento radioactivo um assunto nuclear Taxa de transformação radioactiva do carbono-14 em azoto-14, com um período de cerca de 6 mil anos, e que permite a datação de objectos com centenas ou alguns milhares de anos. 33 Combustíveis Energia e Ambiente AEquivalência estabilidademassa-energia: do núcleo e o decaimento radioactivo um assunto nuclear O carbono-14 produz-se continuamente na atmosfera pela interacção de neutrões cósmicos com átomos de nitrogénio: 1950 – 1959 W. Libby Desenvolveu um processo, baseado na velocidade de desintegração do núcleo carbono-14 para datar matéria orgânica. E decai de acordo com a equação: 34 Combustíveis Energia e Ambiente AEquivalência estabilidademassa-energia: do núcleo e o decaimento radioactivo um assunto nuclear O isótopo 14C produzido é incorporado no CO2 atmosférico, estabelecendo-se uma razão 14C/12C aproximadamente constante. A esta razão corresponde uma actividade de 15,3 desintegrações por minuto por grama de carbono O dióxido de carbono atmosférico é «ingerido» por plantas (fotossíntese) e estas são eventualmente consumidas por animais. 35 Combustíveis Energia e Ambiente AEquivalência estabilidademassa-energia: do núcleo e o decaimento radioactivo um assunto nuclear Os seres vivos têm uma razão 14C/12C aproximadamente idêntica à da atmosfera. Quando uma planta ou um animal morre, a «ingestão» de carbono-14 cessa, mas o núcleo continua a decair e a razão 14C/12C diminui o mesmo sucedendo à actividade por grama de carbono. Medindo esta e comparando com a actividade 14C num ser vivo, tem-se a relação aproximada entre a quantidade actual de 14C em 1 g de carbono da amostra em estudo e a quantidade presente quando a planta, ou o animal, morreu. Consequentemente, pode-se avaliar a época em que isso ocorreu. 36 Combustíveis Energia e Ambiente AEquivalência estabilidademassa-energia: do núcleo e o decaimento radioactivo um assunto nuclear Aplicações dos radioisótopos Datação da Terra e Paleontologia Na Bioquímica e Medicina Na Industria e Agricultura 37 Combustíveis Energia e Ambiente AEquivalência estabilidademassa-energia: do núcleo e o decaimento radioactivo um assunto nuclear Outras Reacções Nucleares Fusão Nuclear Fissão (cisão) Nuclear 38 CONTADOR GEIGER Detecção de partículas Efeito ionizante da radioactividade 39 A enorme quantidade de energia armazenada no núcleo deriva da relação E = m c2 (diminuição de massa que se verifica quando os nucleões se juntam) A 2ª guerra mundial foi uma lamentável demonstração… 40 6 de Agosto de 1945 – HIROXIMA Bomba de fissão do urânio-235 4400 kg 3, 2m x 0,737m 15.000 tons TNT 9 de Agosto 1945 - NAGASÁQUI Bomba de fissão de Plutónio-239 4535 kg 3,25 m x 1,52 m 21.000 tons TNT 41 "My God, what have we done?" - Robert Lewis co-piloto do B-29 Enola Gay 42 Radioactividade: prós e contras Prós Aplicações benéficas na pesquisa científica e na descoberta Produção de energia eléctrica com diminuição das emissões de CO2 Aplicações benéficas na área da Saúde (diagnóstico, terapêutica) Aplicações benéficas na área da Indústria e Agricultura Contras Perigo de contaminação radioactiva (alterações nos ecosistemas, mutações,…) Manipulação, transporte e armazenamento de resíduos radioactivos Nas centrais nucleares: - perigo de explosão, ainda que não haja razões técnicas para a existência deste perigo - risco de roubo de material para fins bélicos. Sendo um risco não controlável, as centrais nucleares são locais de alta segurança militar. - custos elevados de investimento 43 " A BOMBA ATÔMICA MUDOU TUDO EXCETO A NATUREZA DO HOMEM" ( Albert Einstein) 44