1 NOTAS SOBRE A POPULAÇÃO E A RUPTURA ESTRUTURAL NA ECONOMIA PARANAENSE1 Ricardo Rippel UNIOESTE/Campus Toledo, PR. Jandir Ferrera de Lima UNIOESTE/Campus Toledo, PR. Lucir Reinaldo Alves UNIOESTE/Campus Toledo, PR. Resumo: No Estado do Paraná o esgotamento da fronteira agrícola se deu na década de 1970. Paralelo a ocupação definitiva das terras produtivas, ocorreu também a modernização das atividades agropecuárias, com a adoção de novas técnicas de produção, de equipamentos e insumos modernos. Esses dois processos conduziram a um novo perfil de ocupação da população, que de hegemonicamente rural passou a ficar cada vez mais urbanizada. Assim, os anos 1970 marcaram o inicio de uma ruptura no perfil da população e na estrutura da economia regional. No caso da ruptura estrutural da economia regional, ela marca o avanço das atividades urbanas em relação as atividades rurais na composição do Produto Interno Bruto (PIB) e na participação setorial. Ao longo do processo de formação e consolidação das economias regionais, o setor primário é o mais significativo no momento da ocupação dos territórios. Na seqüência, formam-se atividades urbanas de suporte as atividades agropecuárias e à população regional. Isso forma um continuum urbano-rural, em que as atividades rurais dinamizam as atividades urbanas. Porém, ao longo do amadurecimento da economia, em algumas regiões a evolução das atividades urbanas se torna mais significativa que as atividades rurais. Nessa evolução, o setor secundário e o terciário tornam-se cada vez mais hegemônicos na composição da riqueza, fazendo com que a economia passe de um continuum urbano-rural para urbano-industrial. Dessa forma, a economia regional vislumbra uma mudança estrutural na divisão social do trabalho e na distribuição do emprego na sua economia. O setor que ganha é o terciário, que se aproxima em importância econômica do setor secundário e, em alguns casos, consegue superá-lo. Para analisar a tendência de ruptura estrutural na economia paranaense, esse artigo estuda o comportamento de três indicadores: A localização do emprego, a composição do Produto Interno Bruto e o perfil da localização da população urbana e rural nas microrregiões. No caso da localização do emprego e da população são utilizados os métodos de analise regional e, no caso do PIB, a participação setorial das atividades nas regiões paranaenses. Como o processo de modernização das atividades agropecuárias e de industrialização no Paraná ocorreu a partir dos anos 1970, serão comparadas as informações de dois períodos, 1996 e 2007. Ambos os períodos marcam a consolidação da estabilização da economia após o plano real (1994), uma nova fase na industrialização paranaense, principalmente em ramos de maior complexidade tecnológica, e, a dinamização da economia brasileira ocorrida após 2003. Palavras Chave: Crescimento populacional, Esgotamento fronteira agrícola, localização demográfica, Ruptura Estrutural. 1 Trabalho apresentado no XVII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em CaxambúMG – Brasil, de 20 a 24 de setembro de 2010 2 NOTAS SOBRE A POPULAÇÃO E A RUPTURA ESTRUTURAL NA ECONOMIA PARANAENSE2 Ricardo Rippel UNIOESTE/Campus Toledo, PR. Jandir Ferrera de Lima UNIOESTE/Campus Toledo, PR. Lucir Reinaldo Alves UNIOESTE/Campus Toledo, PR. INTRODUÇÃO No Estado do Paraná o esgotamento da fronteira agrícola se deu na década de 1970. Paralelo a ocupação definitiva das terras produtivas, ocorreu também a modernização das atividades agropecuárias, com a adoção de novas técnicas de produção, de equipamentos e insumos modernos. Esses dois processos conduziram a um novo perfil de ocupação da população, que de hegemonicamente rural passou a ficar cada vez mais urbanizada. (Rippel, 2005). Assim, os anos 1970 marcaram o início de uma ruptura no perfil da população e na estrutura da economia regional paranaense. No caso da ruptura estrutural da economia regional, ela marca o avanço das atividades urbanas em relação às atividades rurais na composição do Produto Interno Bruto (PIB) e na participação setorial da ocupação da mãode-obra. Ao longo do processo de formação e consolidação das economias regionais, o setor primário é o mais significativo no momento da ocupação dos territórios. Na seqüência, formam-se atividades urbanas de suporte às atividades agropecuárias e à população regional. Isso forma um continuum urbano-rural, em que as atividades rurais dinamizam as atividades urbanas. Porém, ao longo do amadurecimento da economia, em algumas regiões a evolução das atividades urbanas se torna mais significativa que as atividades rurais. Nessa evolução, o setor secundário e o terciário tornam-se cada vez mais hegemônicos na composição da riqueza, fazendo com que a economia passe de um continuum urbano-rural para urbano-industrial. Dessa forma, a economia regional vislumbra uma mudança estrutural na divisão social do trabalho e na distribuição do emprego na sua economia. O setor que ganha é o terciário, que se aproxima em importância econômica do setor secundário e, em alguns casos, consegue superá-lo. Para analisar a tendência de ruptura estrutural na economia paranaense, esse artigo estuda o comportamento de três indicadores: A localização do emprego, a composição do Produto Interno Bruto e o perfil da localização da população urbana e rural nas microrregiões paranaenses. Como o processo de modernização das atividades agropecuárias e a industrialização no Paraná ocorreram a partir dos anos 1970, foram comparadas as informações de dois períodos, 1996 e 2007. Ambos os períodos marcam a consolidação da estabilização da economia após o plano real (1994), uma nova fase na industrialização paranaense, principalmente em ramos de maior complexidade tecnológica, e, a dinamização da economia brasileira ocorrida após 2003. 2 Trabalho apresentado no XVII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em CaxambúMG – Brasil, de 20 a 24 de setembro de 2010 3 2 POPULAÇÃO E A ECONOMIA PARANAENSE ATÉ 1960 O primeiro grande ciclo econômico do Paraná foi o da erva mate. O setor ervateiro teve um comportamento bastante hegemônico, no período que iniciou na década de 1840. Esse setor atingiu seu pico, para em seguida entrar em permanência estagnação, decorrente da perda de seu mercado, que consistia basicamente na Argentina. A economia ervateira começa a perder importância a partir de 1914, cedendo espaço de exploração e áreas produtivas para o café. Enquanto o setor ervateiro entra em estagnação, os setores madeireiro e cafeeiro se fortaleciam, absorvendo toda a mão-de-obra excedente da produção do mate. De certa forma, as atividades madeireira e a cafeicultura compensarão as perdas de emprego e renda do mate, fortalecendo as economias regionais do Paraná e fixando a população no interior do Estado (PADIS, 1981; WACHOWICZ, 1987). A consolidação do setor madeireiro deu-se de forma lenta, porém 78% das indústrias paranaenses surgidas na década de 1920 estavam ligadas à madeira. Em 1930 a madeira já ocupava o 1º lugar nas vendas paranaenses, principalmente para o exterior (Europa). Apesar dos problemas gerados com a II guerra mundial (1935-1945), o mercado interno cresceu compensando as perdas com a interrupção das exportações à Europa. O ápice da economia madeireira foi até 1964 (PALUDO e BARROS, 1995) Em função deste cenário, e dessa fase da indústria madeireira, a população do Estado cresceu consideravelmente. Essa expansão demográfica deve-se não somente devido à indústria madeireira, mas também pela expansão da cafeicultura, que a partir de 1945, passou a se direcionar para a região Norte do Paraná. Essa região tornou-se atrativa em virtude de suas terras férteis, baratas e propícias ao plantio. Por isso, em pouco mais de uma década os cafezais se estenderam por toda a região do Norte e Centro-Ocidental do Estado. Os rebatimentos da pujança econômica da exploração madeireira e cafeeira foram patentes no crescimento demográfico. No período que vai de 1920 a 1940, a população paranaense atingiu 1.236.276 habitantes, perfazendo 3% da população brasileira e o 10º Estado no ranking demográfico nacional. Esse aumento favoreceu em muito a economia interna, principalmente a produção de gêneros alimentícios. Assim, esse estímulo às atividades primárias e artesanais integrou a economia colonial local com a produção semiindústrial. A partir de 1940, o crescimento populacional do Paraná acelerou-se de forma mais intensa, a Tabela 1 confirma esse crescimento demográfico antes de 1970. Tabela 1 População total e taxa de crescimento do Brasil e do Paraná, 1920-1960 Ano 1920 1940 1950 1960 Total da população (1.000 habitantes) Brasil Paraná 30.636 686 41.236 1.236 51.944 2.113 70.070 4.268 Taxa de crescimento decenal (%) Brasil Paraná 34,60 80,17 25,97 70,95 34,90 101,99 Fonte: Stamm (2003 apud IPARDES, 1983) e IGBE (2003). A população paranaense cresceu significativamente entre os períodos de 1920 a 1960, superando de forma evidente o crescimento da população brasileira no período. Enquanto o país crescia em média 32,10% por década, o Estado do Paraná crescia em média decenal 78,87%. Contudo, a simples indicação do crescimento decenal média da população total de uma determinada região não é elemento suficiente para identificar como o processo se deu, e quais foram os principais fatores atuantes em sua ocorrência. 4 Nesse sentido, uma forma mais eficiente de análise adotada para a elucidação do comportamento demográfico de uma determinada região, reside na análise de sua População Economicamente Ativa (PEA), exposta nas Tabelas 2 e 3. Tabela 2 População economicamente ativa no Paraná, 1940-1960 Ano 1940 1950 1960 População Economicamente Ativa Total no Paraná Total na Indústria 424.823 35.492 694.768 77.246 1.413.460 93.323 Fonte: Stamm (2003) a partir do Ipardes (1993) e IGBE (2003). Nas Tabelas 2 e 3, verifica-se que a PEA da indústria paranaense, no período de 1940/50, cresceu mais que do a PEA total do Estado. Isso é explicado pela expansão do setor madeireiro e cafeeiro estadual. Nesse período, o Paraná viveu um processo de ocupação intensiva. Porém, após o término da década de 1950, ocorreu um forte declínio desse crescimento explicado pela consolidação da indústria madeireira e moveleira e pela crise da economia cafeeira nacional. Nesse contexto, cumpre destacar que o setor madeireiro estadual atingiu seu apogeu em 1964, não tendo mais reservas de extração para sustentar sua expansão. Tabela 3 Taxa anual de crescimento e variação do crescimento absoluto da PEA no Paraná e na Indústria paranaense – 1940 a 1960 Período 1940/50 1950/60 Taxa anual de crescimento (em %) Paraná Indústria 5,08 8,16 7,42 1,92 Variação absoluta do crescimento na PEA (%) Paraná Indústria 63,55 117,64 103,45 20,81 Fonte: Stamm (2003) a partir do Ipardes (1993) e IGBE (2003). Devido a essas dificuldades, no começo da década de 1960, o desenvolvimento paranaense passou pela solução do problema agrário, ou seja, reativar o ciclo do café seria encontrar a solução para outros problemas socioeconômicos que agitavam a vida paranaense, tendo em vista que as atividades econômicas do estado estavam condicionadas, fortemente, à produção e comercialização desse produto (LINHARES, 2001; IPARDES, 1983). 3 POPULAÇÃO E ECONOMIA PARANAENSE ESTRUTURAIS E CONSOLIDAÇÃO DA INDÚSTRIA APÓS 1960: RUPTURAS No período dos anos 1970 ocorreram dois processos na economia paranaense: o primeiro, o esgotamento da fronteira agrícola, no momento que a agricultura paranaense vislumbrava uma mudança tecnológica e a utilização de insumos modernos. Por outro lado, essa mudança tecnológica proporcionou a reestruturação das tradicionais áreas de cultivo, ocasionando uma forte migração rural para os grandes centros urbanos (ROLIM, 1995; DINIZ e LEMOS, 1990). O segundo foi o processo de desconcentração industrial, a partir do Sudeste brasileiro, para novas regiões em ascensão no Sul do Brasil, beneficiando o Paraná. Nesse período fortaleceram-se as mudanças qualitativas na atividade agrícola do Centro-Sul do Brasil. 5 Dessas mudanças, pode-se citar a introdução da mecanização, a disponibilidade de financiamentos, a expansão das commodities e a integração entre a agropecuária e a indústria, formando os complexos agroindustriais (ROLIM, 1995; PIFFER et al, 2002). O resultado desses dois processos foi a expansão da transformação dos produtos primários e de industrialização de soja, milho, trigo, carne, que cresceram aceleradamente a partir de 1980, e a ampliação do comércio interestadual e de exportação dos excedentes de produtos primários do Paraná. Na medida em que crescia a mercantilização desses excedentes, o Paraná foi estabelecendo condições próprias de alargamento da sua base econômica de exportação, principalmente quando esse processo também se viu apoiado na melhoria dos meios de comunicação e transporte (estradas, rodovias, ferrovias, correios, emissoras de rádio, energia elétrica, telefone, etc.) com os grandes centros urbanos do País. Grande parte do crescimento da economia agroindustrial do Estado deu-se focada na demanda de produtos primários transformados (basicamente alimentos), por parte dos grandes mercados consumidores do País, São Paulo e Rio de Janeiro. Esses produtos que passaram a serem transformados no Estado impactaram no crescimento do complexo agroindustrial do mesmo, que no período puxou a economia estadual para cima via surgimento de um novo ciclo econômico interno. Segundo IPARDES (1997), este cenário foi paralelo com um movimento de crescimento da população do Estado a partir da década de 1980. Mesmo assim, o Brasil passou a superar o Paraná em termos de crescimento populacional decenal, pois ambos cresceram respectivamente 22,27% e 11,34%. Esses dados demonstram que houve uma diminuição no ritmo de crescimento paranaense, apesar dos movimentos emigratórios muito intensos, tal como se pode verificar na Tabela 4. Tabela 4 População total e taxa de crescimento do Brasil e do Paraná, 1970-2000 Ano 1970 1980 1991 2000 Total da População (1.000 Hab.) Brasil Paraná 93.139 6.930 119.071 7.629 146.825 8.449 169.799 9.563 Taxa de Crescimento Decenal (%) Brasil Paraná 32,92 62,37 27,84 10,09 23,31 10,75 15,65 13,18 Fonte: Stamm (2003) e IGBE (2010). Segundo Rippel (2005), esse declínio pode ser parcialmente explicado tanto pela grande modernização do setor agrícola e industrial do Estado, que redundou no êxodo rural populacional, quanto pelos rearranjos produtivos que se deram em função da necessidade de propriedades maiores para efetiva implementação da produção da soja e do trigo, a partir da adoção do Brasil do modelo de desenvolvimento agropecuário denominado de “Revolução Verde”.3 Apesar deste cenário positivo da industrialização do Estado, que influenciou diretamente no setor primário da economia paranaense, vê-se que na década de 1980 houve um decréscimo de 5%, na variação do crescimento da PEA do setor industrial do Estado do Paraná, o que é explicado pela grande recessão em que o País se encontrava no período, ou 3 A chamada “Revolução Verde” foi o processo de aumento da produtividade da agricultura a partir da década de 1950. Para isso foram utilizados intensas aplicações de fertilizantes, fungicidas, herbicidas, a utilização de irrigação, máquinas e equipamentos diversos, etc. Em conseqüência, foram elevadas a produtividade e os rendimentos da agricultura em geral. 6 seja, a chamada “década perdida”, marcada por um processo inflacionário crescente e o baixo ritmo de crescimento da economia, conforme dados das Tabelas 5 e 6. Tabela 5 População Economicamente Ativa no Paraná, 1970-2000 Ano 1970 1980 1991 2000 População Economicamente Ativa Total no Paraná Total na Indústria 2.276.754 232.576 2.863.043 521.522 3.485.615 495.413 4.055.440 612.775 Fonte: Stamm (2003) e IGBE (2010). Tabela 6 Variação do crescimento da PEA no Paraná, 1970-2000 Período 1960/70 1970/80 1980/91 1990/00 Variação do crescimento na PEA (%) Total no Paraná Total na Indústria 61,08 149,22 25,76 124,24 21,75 -5,00 16,35 23,69 Fonte: Stamm (2003 apud IPARDES, 1993) e IGBE (2010). Ao final dos anos 1980, a economia do Estado atingiu um patamar relativamente distinto das demais regiões do Brasil, tendo pré-condições de abertura para um bom desempenho nos anos 1990. Em termos de relações de troca, cresceu significativamente seu grau de inserção na economia brasileira e na economia internacional. Em décadas mais recentes, o Estado do Paraná dinamizou sua base produtiva e deixou de ser uma região voltada apenas à produção agrícola, diversificando o setor industrial e aumentando assim sua base de exportação4 (PIFFER et al., 2002). Assim, o Estado atraiu grandes investimentos para o setor industrial. Até o final dos anos 1990 o Paraná atraiu R$ 14 bilhões de novos investimentos, consolidando seu parque industrial, cuja arrancada deu-se nos anos 1970. De uma economia exclusivamente agrária, a estrutura produtiva industrial avançou para o metal-mecânica, mecatrônica, a agroindustrialização, a transformação da celulose, dentre outras. Apesar da importância de Curitiba no cenário estadual, formaram-se outros centros importantes no interior do território, dentre eles destaca-se Londrina, que atualmente é considerada um parque industrial com 1,7 mil indústrias, que oferecem mais de sete mil empregos diretos (JESUS e FERRERA DE LIMA, 2001). O resultado desse processo foi a expansão mais significativa do Produto Interno Bruto (PIB) paranaense no final do século XX, observado na Tabela 7. Os dados mostram a taxa média de crescimento de 6,0% a.a. do PIB estadual entre 1995-2005, crescimento esse que está acima da taxa da década de 1990. 4 Base de exportação, aqui considerada, são todos aqueles produtos produzidos não apenas para o consumo local e sim com destino a outras regiões. Para mais detalhes ver North (1977) e Piffer (1977). 7 Tabela 7 Taxa de crescimento anual do PIB, no Paraná e no Brasil – 1970/2005 Períodos 1975-80 1980-85 1985-90 1990-94 1995-2005(1) Paraná (%) 13,0 2,4 3,3 4,9 6,0 Brasil (%) 7,1 1,1 1,9 2,3 5,0 Fonte: ROLIM (1995). Nota: (1) Projeção média elaborada pelo IPARDES Por isso, no final do século XX ocorreu uma nova fase que marcou a economia paranaense no início do século XXI. Essa fase tem como elemento norteador seis vetores: a transformação metal-mecânica; o agronegócio capitaneado pelo movimento cooperativo; a expansão do ramo das indústrias não-tradicionais e dinâmicas, em especial de celulose e papel; a inserção definitiva do Paraná no mercado internacional, através da expansão da sua base de exportação; o desenvolvimento e a diversificação de novas atividades produtivas nas microrregiões não-metropolitanas; e, por fim, a ampliação da infra-estrutura (transportes, comunicações e telecomunicações) (LOURENÇO, 2002). 4 POPULAÇÃO E TENDÊNCIAS RECENTES DA ECONOMIA PARANAENSE Se no cenário nacional, entre 1985 e 1998, a indústria do Paraná cresceu mais intensamente do que a nacional, destacando-se como o quarto maior parque industrial do país, sendo superado somente por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, no cenário interno a tendência foi a forte concentração do parque industrial. O resultado dessa concentração foi um ritmo de crescimento econômico diferenciando entre as mesorregiões do Estado do Paraná. A região “ganhadora” em termos de potencial de crescimento econômico foi a mesorregião Metropolitana de Curitiba. A partir da Tabela 8, observa-se que essa mesorregião aumentou sua representatividade junto ao PIB do Estado passando de 39,58% para 45,19% do PIB, entre 1999 e 2006. 8 Tabela 8 PIB das mesorregiões do Paraná, participação na composição do PIB Estadual no ano de 1999 e 2006 e Taxa Geométrica de Crescimento (TGC)5 de 1999 a 2006 Mesorregião Paraná - Total Metropolitana de Curitiba Norte Central Paranaense Oeste Paranaense Centro Oriental Paranaense Noroeste Paranaense Centro-Sul Paranaense Sudoeste Paranaense Norte Pioneiro Paranaense Centro Ocidental Paranaense Sudeste Paranaense PIB em 1999 (*) 65.536.844,79 25.942.163,32 11.235.614,09 9.536.733,77 4.249.903,85 2.959.043,51 2.978.265,14 2.545.262,17 2.558.193,50 1.874.236,46 1.657.428,98 (%) PR 39,58 17,14 14,55 6,48 4,52 4,54 3,88 3,91 2,86 2,54 Ranking 1º 2º 3º 4º 6º 5º 8º 7º 9º 10º PIB em 2006 (*) 81.142.009,84 36.665.867,85 13.368.140,74 9.814.907,20 5.565.626,43 3.391.415,95 3.015.240,37 2.660.553,08 2.614.028,10 2.064.227,67 1.982.002,45 (%) PR 45,19 16,48 12,10 6,86 4,18 3,71 3,28 3,22 2,54 2,44 Ranking 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º TGC (%) anual 3,85 5,65 3,50 0,90 4,13 2,72 1,71 1,36 1,80 3,46 3,48 Fonte: Viana (2009) a partir de dados do IPEA (2009) Nota: (*) Valores em R$ 1.000,00, do ano de 2000 Em relação ao ranking de participação do PIB das mesorregiões e ao PIB do Estado do Paraná, percebe-se que entre 1999 a 2006, essa participação ficou quase inalterada, com exceção das mesorregiões Sudoeste, Norte Pioneiro, Noroeste e Centro-Sul Paranaense, as quais tiveram uma alteração na classificação de sua representatividade junto ao PIB do Estado. Quanto ao crescimento geométrico anual do PIB paranaense, durante o período em análise, destaca-se um crescimento anual de 3,85%, contudo somente duas mesorregiões obtiveram um crescimento acima da média: a mesorregião Metropolitana de Curitiba, com 5,65%; e, a Centro Oriental, com 4,13%. O final do século XX foi marcado pelo fortalecimento do processo de concentração produtiva da economia paranaense. Isso demonstra uma forte dependência do crescimento econômico estadual em relação à mesorregião Metropolitana de Curitiba. Como uma das conseqüências do seu dinamismo, Curitiba também tem a maior população estadual, cerca de 3.565.662 habitantes no mesmo ano, aproximadamente 34,62% do contingente populacional paranaense, enquanto seu espaço geográfico representa apenas 11,45% do território paranaense. Entretanto, se considerar o crescimento geométrico do PIB per capita do Paraná e de suas mesorregiões, destaca-se o aumento da mesorregião Centro-Ocidental 4,36%, o da Metropolitana de Curitiba, 2,77%, e o da mesorregião Norte Central, 2,63%. 5 A estimativa da taxa geométrica de crescimento, calculada para todo o período, está de acordo com o método dos mínimos quadrados. 9 Tabela 9 PIB per capita das mesorregiões do Paraná e do Estado, de 1999 e 2006, e Taxa Geométrica de Crescimento, TGC, do PIB per capita de 1999 a 2006 Mesorregião / Ano / Categoria PIB – Per capita – 1999 (*) PIB – Per capita – 2006 (*) Ranking Paraná Metropolitana de Curitiba Centro Oriental Paranaense Oeste Paranaense Norte Central Paranaense Centro Ocidental Paranaense Sudoeste Paranaense Centro-Sul Paranaense Noroeste Paranaense Sudeste Paranaense Norte Pioneiro Paranaense 6.990,16 8.720,20 6.922,52 8.474,89 6.272,93 5.568,04 5.373,96 5.541,97 4.794,86 4.443,81 4.803,59 7.811,59 10.197,25 8.192,22 7.987,22 6.787,08 6.522,21 5.678,16 5.413,04 5.379,70 4.974,24 4.814,84 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º TGC – PIB per capita (% anual) 2,31 2,77 2,63 -0,37 2,63 4,36 1,53 1,17 2,38 2,51 1,51 TGC – População (% anual) 1,45 2,79 1,46 1,27 1,38 -0,87 -0,17 0,43 0,32 0,95 0,29 Fonte: Viana (2009) a partir de dados do IPEA (2009). Nota: (*) Valores em R$ 1.000,00, do ano de 2000 Quanto às demais mesorregiões, o crescimento geométrico do PIB per capita cresceu quase que de maneira homogênea, com exceção da mesorregião Oeste, que obteve um crescimento geométrico negativo de -0,37%, durante o período pesquisado. Já em relação ao crescimento geométrico do contingente populacional, a maior taxa ficou concentrada na mesorregião Metropolitana de Curitiba e Centro-Oriental, 2,79%; e, 1,46% respectivamente, sendo as únicas que ficaram caracterizadas acima da média estadual, enquanto que as mesorregiões Centro-Ocidental e Sudoeste apresentaram uma média negativa de crescimento geométrico. No entanto, ao analisar a taxa geométrica de crescimento do PIB e PIB per capita mesorregional, percebe-se uma redução de proporção em termos de taxa entre as mesmas mesorregiões em análise. Tanto que a mesorregião Metropolitana de Curitiba teve um crescimento geométrico anual do PIB de 5,65% e do PIB per capita de 2,79%. Vale salientar que o fluxo populacional ter se direcionado às mesorregiões com maior taxa de crescimento econômico, já que nessas mesorregiões ocorre maiores possibilidades de oportunidades de emprego e renda, o que, sem dúvida, ameniza a proporção de discrepância de crescimento apresentada pelo PIB e PIB per capita regional. Outra característica que se observa, a partir do crescimento do PIB per capita, é que o crescimento em algumas mesorregiões ocorreu em função de uma redução no crescimento geométrico da população, “mascarando” o real crescimento do seu produto. Outro dado que contribui para demonstrar o perfil da economia paranaense no início do século XXI é o perfil da localização6 espacial da sua população por domicilio (urbano e rural). 6 O perfil de localização ( ) é estimado da seguinte maneira: Considere E ij padrão de concentração da população regional pode ser estimado a partir de a população no domicilio i da região j. O θij = Eij / Eij j Eij / Eij i i j , em que ≥1 10 Figura 1 Padrão de Localização da População Urbana nas Microrregiões do Estado do Paraná – 1996 e 2007 Fonte: Resultados da pesquisa a partir de contagem da população do IBGE. Pela Figura 1 nota-se que a população urbana concentrou-se nas microrregiões que compõem a mesorregião Metropolitana de Curitiba, na microrregião de Cascavel e no norte do Estado do Paraná. Ou seja, o padrão locacional da população acompanhou a expansão e fortalecimento das atividades produtivas em microrregiões e mesorregiões que auferiram ganhos na base produtiva nos últimos anos. Isso se percebe ao comparar o perfil locacional do emprego com o perfil locacional do domicilio da população. Ainda na análise da distribuição espacial entre as microrregiões paranaenses é interessante observar como o emprego formal se distribuiu ao longo do tempo entre essas microrregiões. Nesse sentido as Tabelas 10 e 11 trazem informações adicionais. indica uma forte localização da população domiciliar. A partir desse resultado pode-se generalizar a localização para média (0,50≤ ≤ 0,99) ou fraca ( <0,50). (FERRERA DE LIMA, 2006). 11 Tabela 10 Participação percentual dos setores primário, secundário e terciário na estrutura produtiva das microrregiões paranaenses – 1996/2007 Micros Paranavai Umuarama Cianorte Goioere Campo Mourao Astorga Porecatu Florai Maringa Apucarana Londrina Faxinal Ivaipora Assai Cornelio Procopio Jacarezinho Ibaiti Wesceslau Braz Telemaco Borba Jaguariaiva Ponta Grossa Toledo Cascavel Foz do Iguacu Capanema Francisco Beltrao Pato Branco Pitanga Guarapuava Palmas Prudentopolis Irati Uniao da Vitoria Sao Mateus do Sul Cerro Azul Lapa Curitiba Paranagua Rio Negro Total Setor Primário 1996 2007 40,49 12,30 34,44 5,20 32,82 6,71 37,89 24,34 36,51 8,30 49,18 9,08 43,66 12,12 62,50 12,81 7,92 1,07 19,84 3,11 12,77 3,30 50,29 14,22 35,34 23,80 46,90 12,74 38,86 13,46 34,60 20,02 39,86 8,07 38,73 8,24 30,39 7,70 31,47 10,81 24,15 7,64 24,95 4,65 19,69 4,95 10,44 1,89 15,11 2,38 11,90 4,36 18,17 5,97 42,42 10,03 30,85 9,26 37,43 9,65 24,87 7,00 10,66 3,67 15,80 5,28 19,38 11,11 20,48 14,27 32,39 17,84 1,79 0,46 2,35 0,91 14,36 8,08 17,17 3,85 Setor Secundário 1996 2007 12,33 38,80 13,28 39,76 20,95 57,38 8,43 10,80 14,31 28,37 10,84 43,28 10,33 29,28 4,17 25,49 19,32 30,41 23,18 49,89 17,66 29,17 8,29 22,86 10,63 10,53 8,57 25,30 9,93 26,12 10,46 28,82 11,59 32,57 12,69 34,25 14,29 33,62 16,97 33,98 15,10 28,26 14,87 39,47 15,20 29,67 12,87 23,23 18,86 43,38 19,25 38,68 18,04 28,46 14,01 15,28 18,32 25,08 17,60 24,03 30,19 37,22 23,18 36,35 25,91 40,32 18,34 25,42 18,07 8,31 12,50 35,74 19,21 24,93 10,20 12,73 26,15 37,68 16,83 29,06 Setor Terciário 1996 2007 47,18 48,90 52,28 55,04 46,23 35,91 53,68 64,86 49,18 63,33 39,99 47,64 46,01 58,60 33,33 61,70 72,76 68,52 56,99 47,00 69,58 67,53 41,43 62,92 54,03 65,67 44,54 61,96 51,21 60,42 54,94 51,16 48,55 59,35 48,58 57,52 55,33 58,68 51,56 55,20 60,76 64,10 60,18 55,88 65,11 65,39 76,69 74,88 66,02 54,25 68,85 56,95 63,79 65,58 43,57 74,69 50,83 65,66 44,97 66,32 44,93 55,78 66,16 59,98 58,29 54,40 62,28 63,48 61,45 77,42 55,11 46,42 79,00 74,61 87,45 86,36 59,49 54,24 66,00 67,09 TOTAL 1996 2007 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Fonte: Resultados da Pesquisa a partir de RAIS/MTE (2010). Conforme mostra a Tabela 10 em todas as microrregiões houve uma diminuição da participação do setor primário na concentração do emprego formal. Assim, essas informações mostram que a estrutura produtiva das microrregiões paranaenses estão se modificando com o passar do tempo. Mas quais são os setores que estão ganhando participação relativa? Com exceção das microrregiões de Ivaipora e Cerro Azul em todas as outras foi o setor secundário o que mais ganhou participação nesse lapso de tempo. Além disso, em mais de 60% das microrregiões o setor terciário também ganhou participação nesse mesmo período e em 58,97% das microrregiões ambos os setor (secundário e terciário) ganharam participação na estrutura produtiva microrregiões em detrimento do setor primário. 12 Tabela 11 Participação percentual das microrregiões paranaenses na distribuição espacial do emprego setorial – 1996/2007 Micros Paranavai Umuarama Cianorte Goioere Campo Mourao Astorga Porecatu Florai Maringa Apucarana Londrina Faxinal Ivaipora Assai Cornelio Procopio Jacarezinho Ibaiti Wesceslau Braz Telemaco Borba Jaguariaiva Ponta Grossa Toledo Cascavel Foz do Iguacu Capanema Francisco Beltrao Pato Branco Pitanga Guarapuava Palmas Prudentopolis Irati Uniao da Vitoria Sao Mateus do Sul Cerro Azul Lapa Curitiba Paranagua Rio Negro Total Setor Primário 1996 2007 6,79 6,38 4,99 2,68 2,70 2,68 2,20 4,28 4,86 3,19 5,89 3,33 2,14 1,81 1,48 0,67 2,76 1,61 3,29 2,43 6,38 6,24 1,45 0,87 2,14 4,14 1,80 1,18 4,68 4,67 2,96 4,94 1,13 1,02 1,96 1,26 1,65 2,38 1,36 2,43 5,92 7,59 5,68 4,02 4,60 5,10 2,39 1,45 0,55 0,35 1,36 1,97 1,77 1,84 0,91 0,69 4,97 5,10 1,65 1,50 1,00 1,01 0,40 0,53 1,00 1,08 0,46 0,90 0,07 0,40 0,76 1,72 3,18 4,97 0,27 0,47 0,46 1,11 100,00 100,00 Setor Secundário 1996 2007 2,11 2,67 1,96 2,72 1,76 3,03 0,50 0,25 1,94 1,45 1,32 2,11 0,52 0,58 0,10 0,18 6,87 6,05 3,93 5,16 9,00 7,32 0,24 0,19 0,66 0,24 0,34 0,31 1,22 1,20 0,91 0,94 0,34 0,55 0,65 0,69 0,79 1,38 0,75 1,01 3,77 3,72 3,46 4,53 3,62 4,06 3,01 2,36 0,70 0,85 2,25 2,32 1,80 1,17 0,31 0,14 3,01 1,83 0,79 0,50 1,24 0,71 0,89 0,70 1,68 1,09 0,44 0,27 0,06 0,03 0,30 0,46 34,72 35,70 1,20 0,86 0,85 0,69 100,00 100,00 Setor Terciário 1996 2007 2,06 1,46 1,97 1,63 0,99 0,82 0,81 0,65 1,70 1,40 1,25 1,00 0,59 0,50 0,21 0,19 6,60 5,90 2,46 2,11 9,04 7,34 0,31 0,22 0,85 0,65 0,44 0,33 1,60 1,20 1,22 0,72 0,36 0,43 0,64 0,50 0,78 1,04 0,58 0,71 3,87 3,66 3,57 2,78 3,95 3,87 4,58 3,30 0,62 0,46 2,05 1,48 1,62 1,16 0,24 0,29 2,13 2,08 0,52 0,59 0,47 0,46 0,65 0,50 0,96 0,64 0,38 0,29 0,05 0,13 0,33 0,26 36,41 46,27 2,62 2,54 0,50 0,43 100,00 100,00 TOTAL 1996 2007 2,88 2,00 2,49 1,99 1,41 1,54 1,00 0,68 2,29 1,48 2,06 1,41 0,84 0,58 0,41 0,20 5,99 5,78 2,85 3,01 8,58 7,29 0,49 0,24 1,04 0,67 0,66 0,36 2,07 1,34 1,47 0,95 0,49 0,49 0,87 0,59 0,93 1,19 0,74 0,87 4,21 3,83 3,91 3,33 4,01 3,97 3,94 2,95 0,62 0,57 1,97 1,74 1,68 1,19 0,37 0,26 2,76 2,12 0,76 0,60 0,69 0,56 0,65 0,56 1,09 0,78 0,41 0,31 0,06 0,11 0,40 0,37 30,42 41,60 1,98 1,97 0,55 0,53 100,00 100,00 Fonte: Resultados da Pesquisa a partir de RAIS/MTE (2010). A Tabela 11 mostra que o ganho dos setores urbanos (secunário e terciário) nas estruturas produtivas microrregionais não foi acompanhado de uma redistribuição espacial do emprego. Pelo contrário, segundo essas informações houve consolidação e ampliação das microrregiões que mais concentravam emprego entre 1996 e 2007. O setor mais bem distribuído entre as microrregiões paranaenses era o primário onde a microrregião que mais concentrava emprego formal desse setor em 2007 era Paranavaí com 6,38% tendo diminuído sua participação no período. Por outro lado, os setores secundário e terciário se concentraram mais em seis microrregiões. No ano de 1996 as seguintes microrregiões se destacavam na participação do emprego secundário: Curitiba com 34,72%; Londrina com 9,00%; Maringá com 6,87%; Apucarana com 3,93%; Cascavel com 3,62%; e, Toledo com 3,46%. Nesse ano 13 essas seis microrregiões concentravam 61,59% de todo o emprego do setor secundário do Estado. Já no ano de 2007 esse percentual aumentou para 62,81% sendo que somente Londrina perdeu participação relativa enquanto as outras cinco ampliaram sua participação. Quando se analisa o setor de serviços a concentração do emprego é ainda maior. As microrregiões que mais se destacavam em 1996 eram Maringá, Londrina, Ponta Grossa, Toledo, Cascavel, Foz do Iguaçu e Curitiba sendo que juntas concentravam 68,03% de todo o emprego formal desse setor, com destaque para Curitiba que concentrava sozinha 36,41%. Já em 2007 a concentração desse tipo de emprego nessas microrregiões passou para 73,11%, sendo que Curitiba ampliou sua participação aumentando para 46,27%. Deste modo, essa nova configuração da estrutura produtiva paranaense se reflete em novas especializações regionais. A Figura 2 sintetiza como se distribuía as especializações regiões no ano de 2007. Figura 2 Padrão de localização do emprego formal nas atividades com QL≥ 1 nas Microrregiões do Estado do Paraná - 2007 FONTE: Elaboração da Pesquisa a partir de dados da RAIS/MTE (2010). 14 No ano de 2007, as microrregiões concentravam as seguintes quantidades de ramos com localização significativa e forte especialização regional: 10,3% concentravam dois ramos; 35,9% tinham três ramos; 46,2% concentravam quatro ramos e; 12,8% tinham cinco ramos como básicos. Percebe-se que do ano de 1994 para 2003, o percentual de microrregiões que concentravam dois ramos diminuiu em 23% , mantendo os percentuais das que concentravam três e cinco ramos, aumentando em 25,7% o percentual das microrregiões que concentravam quatro ramos. Assim, no início do século XXI, apesar do processo de concentração do Produto na economia paranaense, as regiões do interior avançaram na diversificação da base produtiva. Porém, esse avanço não foi suficiente para marcar o fortalecimento das populações urbanas, ou seja, o domicilio da população paranaense em grande parte do seu espaço territorial continuou sendo a área rural. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste artigo foi analisar a tendência de ruptura estrutural na economia paranaense, considerando o comportamento de três indicadores: A localização do emprego, a composição do Produto Interno Bruto e o perfil da localização da população urbana e rural nas microrregiões paranaenses. Verificou-se que a ruptura no perfil da população e na estrutura da economia regional a partir dos anos 1970 foi ampliada e consolidada nas décadas seguintes. Houve um avanço das atividades urbanas em relação as atividades rurais na composição do Produto Interno Bruto (PIB) e na participação setorial da estrutura produtiva de todas as microrregiões paranaenses. Nesse processo os setores secundário e terciário tornaram-se cada vez mais hegemônicos na composição da riqueza, fazendo com que a economia paranaense passasse de um continuum urbano-rural para um continuum urbano-industrial em um curto período de tempo. As informações apresentadas para os anos de 1996 e 2007 mostraram que a participação do setor primário perdeu participação relativa em relação aos setores secundário e terciário. Desses dois setores o que mais ganhou participação na maioria das microrregiões foi o secundário. Por outro lado, a mudança na estrutura produtiva dessas regiões não foi acompanhada por uma redistribuição do emprego entre elas. Pelo contrário, no período analisado os centros urbanos mais importantes em 1996 reforçaram suas condições de pólos regionais e ampliaram sua participação relativa em relação ao emprego, ao PIB e a população. Dessa forma o início do século XXI marca uma nova configuração estrutural das microrregiões paranaenses. Por outro lado, na grande maioria das microrregiões – aquelas com pouca participação relativa no emprego, no PIB e na população total – estão se tornando cada vez mais diversificadas em suas bases produtivas, mas ainda com muita representatividade da população rural na distribuição da população por domicílio. Essa informação mostra que os pólos regionais configuram uma realidade para o Estado do Paraná que não é sentida na maioria das microrregiões. 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DINIZ, C. C. ; LEMOS, M. B. A dinâmica regional e sua perspectiva de 90: propriedades e perspectivas de políticas públicas. v. 3, Brasília: IPEA/IPLAN, 1990. FERRERA DE LIMA, J. Méthode d’analyse régionale: Indicateurs de localisation, de structuration et de changement spatial. Collection notes et rapports de recherche. Saguenay : GRIR, mai 2006. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2003. 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