Desempenho de genótipos de cenoura para o verão de Ponta Grossa-PR. Cristina Duda1; Leila Trevizan Braz 2; David Ariovaldo Banzatto 3; Marie Yamamoto Reghin 4, Jonhy Van der Vinne5. 1 UNESP-FCAV, mestranda do Programa de Produção Vegetal; 2,3 docentes do Departamento de Produção Vegetal e de Ciências Exatas, respectivamente. Via de acesso Professor Paulo Donato Castellane, s/n, 14884900, Jaboticabal-SP, E-mail: [email protected]; 4 UEPG, docente do Departamento de Fitotecnia e 5 Fitossanidade, Aluno de graduação do curso de Agronomia da UEPG. RESUMO Avaliou-se o desempenho produtivo de dez genótipos de cenoura, nove de polinização aberta: Alvorada (FELTRIN), Tropical, Brasília [1] e Nova Brasília (ISLA), Carandaí e Brasília [2] (SVS), Brazlândia e HT-2000 (HORTEC) e, Brasília-RL (SAKATA) e o híbrido AF-845 (SAKATA) em duas épocas de semeadura: janeiro e fevereiro, em Ponta Grossa-PR. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com quatro repetições em esquema fatorial 2 x 10. A maior porcentagem de raiz comercial (91,79%) foi obtida na semeadura de janeiro e de não comercial na semeadura de fevereiro (12,22%). Em janeiro, verificou-se também maior produção total (88,45 t/ha) e comercial (82,90 t/ha) de raízes. Em ambas as épocas, o Híbrido AF-845 apresentou menor produção total e comercial, não diferindo significativamente apenas de ‘Brasília’ [2]. Os demais genótipos tiveram produção superior à média de produção do Estado, podendo ser recomendados para semeaduras de verão em Ponta Grossa-PR. PALAVRAS-CHAVES: Daucus carota L., produção, época de semeadura. ABSTRACT Behaviour of summer carrot genotypes in Ponta Grossa-PR. It was evaluated the behaviour of ten carrot genotypes, nine of open polinization: Alvorada (FELTRIN), Tropical, Brasília [1] and Nova Brasília (ISLA), Carandaí and Brasília [2] (SVS), Brazlândia and HT-2000 (HORTEC) and, Brasília-RL, and the hybrid AF-845 (SAKATA) in two sowing dates in Ponta Grossa-PR. The experimental design was a randomized block with four repetitions in a factorial scheme of 2 x 10. The higher percentage of commercial root (91,79%) was obtained in January sowing and non commercial in February sowing (12,22%). In January it was observed the highest total (88,45 t/ha) and commercial (82,90 t/ha) root production. In both dates, the hybrid AF-845 presented the lowest total and commercial production, not being significatively different from ‘Brasília’[2]. The other genotypes presented a superior production in comparison to the State average, being recommended to summer sowing in Ponta Grossa, Paraná. KEYWORDS: Daucus carota L., yield, sowing date . No Paraná o cultivo de cenoura está concentrado principalmente na região metropolitana de Curitiba e no norte do Estado. Em determinadas épocas do ano, a produção de cenoura não é suficiente para atender a demanda do mercado interno. No ano de 2001, do total de cenoura comercializada pela CEASA-PR, em média, 45% foi proveniente de outros Estados (DITEC-CEASA/PR, 2003). De acordo com Reghin & Duda (2000) o desempenho da cultura tem sido dificultado devido a falta de conhecimento do comportamento de diferentes genótipos para cada época específica de semeadura. O presente trabalho teve por objetivo avaliar o desempenho de dez genótipos de cenoura em semeaduras de janeiro e fevereiro, em Ponta Grossa-PR. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Área Experimental de Olericultura da Universidade Estadual de Ponta Grossa, no município de Ponta Grossa-PR, durante o ano agrícola de 2002. O município está localizado à 880 m de altitude, possui clima subtropical úmido e o tipo de solo predominante é Cambissolo Háplico, textura argilosa. Foi avaliado o desempenho de dez genótipos de cenoura, nove de polinização aberta: Alvorada (FELTRIN), Tropical, Brasília [1] e Nova Brasília (ISLA), Carandaí e Brasília [2] (SVS), Brazlândia e HT-2000 (HORTEC) e, Brasília-RL(SAKATA) e um híbrido: AF-845 (SAKATA), semeados em 29/01 e 20/02. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com quatro repetições, em esquema fatorial 2 x 10 (2 épocas de semeadura x 10 genótipos). As parcelas tiveram 2,0 m de comprimento por 1,0 m de largura, comportando quatro linhas longitudinais, espaçadas de 0,25 m. As adubações de plantio, para ambas semeaduras, foram feitas de acordo com as recomendações da análise de solo, sendo aplicado 45g/m2 da formulação 08:30:20. A adubação de cobertura foi feita com uréia (30 g/m2), em duas aplicações: no dia do desbaste e aos 60 dias após a semeadura (DAS). O desbaste foi efetuado aos 26 e 27 DAS de janeiro e de fevereiro, respectivamente, deixando as plantas espaçadas de 0,05 a 0,07 m, na linha de plantio. A colheita foi realizada em 0,75m2 da área útil de cada parcela aos 104 DAS de janeiro e 99 DAS de fevereiro. As raízes colhidas foram lavadas e classificadas em cinco classes comerciais: 10 (>10 e <14 cm); 14 (=14 e <18 cm); 18 (=18 e <22 cm); 22 (=22 e <26 cm); 26 (>26 cm) e uma não comercial (≤10 cm), conforme proposto pela CEAGESP (1999), sendo posteriormente pesadas e contadas. Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo teste F, e as diferenças entre médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Entre as características avaliadas, para a porcentagem de raiz comercial e não comercial de cenoura houve efeito significativo apenas para época de semeadura (Figura 1). A produção total e comercial de raízes de cenoura, apresentaram efeito significativo para época de semeadura e para genótipo (Tabela 1), já para a produção não comercial não houve efeito significativo. Porcentagem de raízes Janeiro 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 A B Fevereiro b 10 14 18 22 Classes de cenoura 26 Total Comercial a Não Comercial Figura 1. Médias da porcentagem de raízes em cada classe comercial, total de raiz comercial e de raiz não comercial de dez genótipos de cenoura, em semeaduras de janeiro e fevereiro. Ponta Grossa-PR, UNESP-FCAV, 2002. * Médias seguidas da mesma letra maiúscula, para o total de raízes comerciais e minúscula, para raiz não comercial, não diferem significativamente entre si ,ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey . Tabela 1. Produção total (t/ha) e comercial (t/ha) de raízes em dez genótipos de cenoura, em semeaduras de janeiro e fevereiro. Ponta Grossa-PR, UNESP-FCAV, 2002. Produção total (t/ha) Produção comercial Genótipos Janeiro Fevereiro Média Janeiro Fevereiro Alvorada 90,25 78,45 84,35 a 83,55 73,35 Tropical 94,10 81,30 87,70 a 90,92 72,30 Brasília [1] 90,62 73,05 81,84 ab 86,45 67,40 Nova Brasília 90,35 63,05 76,70 ab 85,70 58,25 Carandaí 89,15 65,10 77,12 ab 80,45 55,95 Brasília [2] 78,22 49,65 63,94 bc 73,22 44,35 Brazlândia 108,10 74,30 91,20 a 103,00 70,40 HT-2000 88,35 73,25 80,80 ab 83,30 71,10 Brasília-RL 100,55 69,80 85,18 a 91,50 61,40 Hib. AF-845 54,82 50,48 52,65 c 50,85 45,40 Média 88,45 A 67,84 B 82,90 A 61,99 B * Médias seguidas da mesma letra maiúscula nas linhas e minúscula nas colunas, significativamente entre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. (t/ha) Média 78,45 81,61 76,92 71,98 68,20 58,79 86,70 77,20 76,45 48,12 a a ab ab ab bc a ab ab c não diferem De acordo com a Figura 1, a maior porcentagem de raiz comercial foi obtida na semeadura de janeiro (91,79%) e de não comercial na semeadura de fevereiro (12,22%). Em média, do total de raízes comerciais, na semeadura de janeiro, do total comerciais, em torno de 40% eram pertencentes à classe 14 e 26% à classe 18. Já na semeadura de fevereiro, cerca de 31% e 37% do total comerciais, eram pertencentes às classes 10 e 14 respetivamente. Na semeadura de janeiro, verificou-se também maior produção total e comercial de raízes, respectivamente, 88,45 e 82,90 t/ha (Tabela 1), estando estes valores correlacionados com o maior número de raízes obtidos nas classes 14 e 18 para a época (Figura 1). Dentre genótipos (Tabela 1), o híbrido AF-845 apresentou a menor produção total (52,65 t/ha) e comercial (48,12 t/ha), não diferindo significativamente apenas de ‘Brasília ‘ [2]. O híbrido AF-845 apresentou-se suscetível à doenças foliares, sendo observada alta incidência de queima das folhas durante o desenvolvimento vegetativo, causa que pode ter levado à uma menor produtividade. Os demais genótipos, apresentaram para o período alta resistência à queima das folhas, sendo a produção obtida superior à média de produção do Estado (62,84 t/ha), verificada entre os anos agrícolas de 1993 à 2001 (SEAB/DERAL/FIBGE, 2003), podendo ser recomendados para semeaduras no verão em Ponta Grossa-PR. AGRADECIMENTOS Ao Francisco Joaci de Freitas Luz, pelo apoio na versão do resumo. LITERATURA CITADA CEAGESP. Classificação de cenoura: programa de adesão voluntária, São Paulo: Programa Horti & Fruti, 1999. 8p. Folder. DITEC-CEASA/PR. Cenoura: procedêndia (%) comercializada na Ceasa/Pr-2001. Disponível em: <http://www.pr.gov.br/ceasa/boletim2001.pdf>. Acesso em: 09 mar. 2003. REGHIN, M. Y.; DUDA, C. Efeito da época de semeadura em cultivares de cenoura. Publicatio UEPG. Ponta Grossa-PR, Editora UEPG, v.6, n. 1, p. 103-114, 2000. SEAB/DERAL/FIBGE. Hortaliças Paraná: evolução da área colhida e da produção obtida93/94-00/01, ago. 2002. Disponível em: <http://www.pr.gov.br/seab/deral/ehpr.xls>. Acesso em: 09 mar. 2003.