PLANO DE MANEJO Elaboração: Apoio: PREFEITURA DE CAJAMAR DIRETORIA DE MEIO AMBIENTE CRÉDITOS TÉCNICOS E INSTITUCIONAIS EQUIPE DE ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE CAJAMAR 1 - INSTITUTO DE PROJETOS E PESQUISAS SÓCIO AMBIENTAIS – IPESA Coordenação Geral Paola Rodrigues Samora - IPESA Coordenação Executiva Alexandre Rodrigues Dias – Programa Unidades de Conservação IPESA RESPONSÁVEIS TÉCNICOS TEMÁTICOS Cartografia e Geoprocessamento Augusto Jackie do Nascimento Lopes Vieira Meio Antrópico Cristina Soutelo Noseda Marília Araujo Roggero Meio Físico Alexandre Rodrigues Dias Meio Biótico – Fauna Juarez de Castro Cabral Meio Biótico – Flora Euro S. Lopes Filho Rafael E. Umus Editoração Camila Duarte e Daniela Moreira – Dupla Ideia Design 2 – MATA NATIVA Mobilização Social Mariluce Varalda Cláudio Dall’Ólio Revisão Jurídica Atílio Viviani Neto 3 – NATURA COSMÉTICOS S.A. Financiamento e apoio Acompanhamento Luara Maranhão – Analista de Relacionamento com Comunidades de Entorno Isabel Ferreira – Coordenação de Projetos Sociais 4 – PREFEITURA MUNICIPAL DE CAJAMAR Prefeito Municipal Daniel Ferreira da Fonseca Vice-prefeita Fátima Lima Diretor Municipal de Governo e Gestão Messias Cândido da Silva Diretor Municipal de Meio Ambiente José Renato Ferreira Chefe do Departamento de Educação Ambiental / Presidente do Conselho Consultivo do Parque Natural Municipal de Cajamar Paula Espindola Mielke Domingues MEMBROS DO CONSELHO CONSULTIVO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE CAJAMAR Diretoria de Educação José Carlos Teles dos Santos Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano Rogério Mendes de Souza Splendore Diretoria de Saúde Valdemir do Carmo Batista Fundação Florestal Marcos Hiroshi Okawa Claudia Avanzi Moradora do entorno Evelyn Assis Associação dos proprietários de lotes do Capital Ville Silvio Franzim IBEMA Márcio Roberto Biscaia Eraldo Martins ACE Viviane Dall’Olio Ramires Edgar Crepaldi de Brito PARTICIPANTES DAS OFICINAS Adriana Celestino Souza Agatha dos Santos Siqueira Aldeon da Silva Souza Alexandre Rodrigues Dias Aline Oliveira Ribeiro Ana Maria Gonçalez Anderson Batista ferreira André Siqueira Souza Antonio Jefferson Aran de Oliveira Ariane M de Souza Atílio Viviani Neto Bianca Alves de Góes Bianca Góes Carlos A.S. Souza Carlos Gomes Célia Silva de Paulo Celso P. da Silva Neto Claudio Dall’Olio Daniela Dall’Olio Ramires Denise Cristina dos Santos Escada Dirce Poli Domenico Tremaroli E. Assis Flavia Lopes Gabriel de Queiroz Magalhães Gian Paulo Martins da Silva Gilmar Ganose Gustavo S. Santana Gustavo Santos Santana Helen Carine Nascimento Heliany Mariano E. Borges Icaro Fernando Pupo Isabel M. Ferreira Jamil D.T.D. Jose Carlos Teles Julia Adriani dos Santos Julia Andriani dos Santos Juliana Aguiar Souza Silva Julieta M. de Oliveira Karina Ferreira Misatugo Leticia Moraes Salles Luara Maranhão Lucimari Martins Manuel Marcio Oliveira Marcio R. Marcos H. Okawa Marília Roggiero Mariluce Varalda Marley Beline M. Paola Rodrigues Samora Patricia P. da R. Verdite Patricia Verdille Paula Espíndola Mielke Domingues Paulo Henrique Goulart Prisicla Rodrigues Diovanetti Rafael Z. Diniz Ricardo Pereira de Souza Rodrigo F. Shimizu Rogério Mendes de Souza Splendore Rosana Ferrari Silvio P. Suzana Troldi Taynã Cavalcante Valdemir do Carmo Batista Valéria R. Salla Oliveira Viviane Aparecida Siqueira Viviane Dall’Olio Ramires ÍNDICE DE SIGLAS E ACRÔNIMOS AER APA APP CPRM CBCPP CC CEA CETESB CONAMA CONDEPHAAT COMDEMA CTEEP CIEFPP DAEE DNPM dC LT EIA EFPP EMPLASA EPTE FEHIDRO FF FFLCH FMMA GP GPS GT IAP IBAMA IBGE ICMBio Avaliação Ecológica Rápida Área de Proteção Ambiental Área de Preservação Permanente Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais Companhia Brasileira de Cimento Portland Perus Conselho Consultivo Centro de Educação Ambiental Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental Conselho Nacional de Meio Ambiente Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista Companhia Industrial Estrada de Ferro Perus - Pirapora Departamento de Águas e Energia Elétrica Departamento Nacional de Produção Mineral Depois de Cristo Linha de Transmissão Estudo de Impacto Ambiental Estrada de Ferro Perus Pirapora Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S/A Empresa Paulista de Transmissão de Energia Elétrica Fundo Estadual de Recursos Hídricos Fundação Florestal Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas Fundo Municipal de Meio Ambiente Gestão Participativa Global Positioning System Grupo de Trabalho Índice de Qualidade das Águas Brutas para fins de Abastecimento Público Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ÍNDICE DE SIGLAS E ACRÔNIMOS IMP IFPPC IDH INPE IPHAN IPESA IPT IPRS IPVS IQA IUCN IVA MMA MN MTE ONG OSCIP PD PCJ PIB PJ PM PNMC PNMA RAIS RBCV - SP RBMA REBIO RMSP RPPN SABESP SEADE SHP SIGRH SMA SIRGAS 2000 SISNAMA SNUC TAC UBS Informações dos Municípios Paulistas Instituto de Ferrovias e Preservação do Patrimônio Cultural Índice de Desenvolvimento Humano Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Instituto de Projetos e Pesquisas Sócio Ambientais Instituto de Pesquisas Tecnológicas Índice Paulista de Responsabilidade Social Índice Paulista de Vulnerabilidade Social Índice de Qualidade das Águas International Union for Conservation of Nature Índice de Qualidade da Água para a Vida Aquática Ministério do Meio Ambiente Mata Nativa Ministério do Trabalho e Emprego Organização não Governamental Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Plano Diretor Piracicaba Cabreúva Jundiaí Produto Interno Bruto Programa de Jovens Plano de Manejo Parque Natural Municipal de Cajamar Política Nacional de Meio Ambiente Relação Anual de Informações Sociais Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo Reserva da Biosfera da Mata Atlântica Reserva Biológica Região Metropolitana de São Paulo Reserva Particular do Patrimônio Natural Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados Shape Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos Secretaria de Estado do Meio Ambiente Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas Sistema Nacional de Meio Ambiente Sistema Nacional de Unidades de Conservação Termo de Ajuste de Conduta Unidade Básica de Saúde ÍNDICE DE SIGLAS E ACRÔNIMOS UC UGRHI UNESCO USP UTM ZA ZAM ZE ZEIS ZER - 4 ZR ZRP ZUC ZUE ZUR ZUI Unidade de Conservação Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura Universidade de São Paulo Universe Transversal Mercator Zona de Amortecimento Zona Ambiental Zona de Uso Especial Zona Especial de Interesse Social Zona Exclusivamente Residencial de Baixa Densidade Zona de Recuperação Zona Rural de Presevação Zona de Uso Conflitante Zona de Uso Extensivo Zona Urbana com Caráter Rural Zona de Uso Intensivo PREFÁCIOS DIRETORIA DE MEIO AMBIENTE DE CAJAMAR A Diretoria Municipal de Meio Ambiente, neste seu curto tempo de existência (oito anos) alcançou diversos marcos legais e físicos, tendo como foco a busca por uma cidade sustentável. Seja através das atividades no Parque Natural Municipal, na área de gestão ambiental e licenciamento, nos projetos relacionados às áreas verdes e aos recursos hídricos, nos programas e projetos da Educação Ambiental, como o Programa de Jovens, ou outros projetos que possam surgir, esperamos contribuir com a consolidação de uma cidade sustentável, em parceria com instituições, empresas, escolas e a população. Sentimo-nos honrados da parceria com um grupo composto pela iniciativa privada (Natura) e a sociedade civil organizada (OSCIP Mata Nativa e Instituto de Projetos e Pesquisas Socioambientais – IPESA) na elaboração do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Cajamar. Parabenizamos a participação de todos que contribuíram nesse trabalho. Quero cumprimentar a Sra. Paula Mielke, Pre- sidente do Conselho do Parque Natural Municipal de Cajamar e chefe do Departamento de educação ambiental da Diretoria de Meio Ambiente, e os membros do Conselho do Parque, José Carlos dos Santos, Rogério Splendore, Valdemir Batista, Marcos Okawa, Claudia Avanzi, Evelyn Assis, Silvio Franzim, Márcio Biscaia, Lauro João, Viviane Ramires e Edgar Brito. E todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente na elaboração desse importante instrumento de gestão, como o Conselho de Defesa do Meio Ambiente – COMDEMA. Não poderia deixar de fazer um agradecimento especial ao Prefeito de Cajamar, Daniel Fonseca, e ao ex-prefeito e atual Diretor Municipal de Gestão e Governo da Prefeitura, Messias Cândido da Silva, pelo apoio fundamental para a criação do Parque Natural Municipal de Cajamar e o Conselho do Parque. José Renato Ferreira Diretoria Municipal de Meio Ambiente Prefeitura de Cajamar MATA NATIVA U m grupo de moradores do bairro rural de Ponunduva, preocupados com o avanço de algumas “lógicas urbanas” desinteressadas em harmonizar desenvolvimento da cidade com a conservação de seus patrimônios ambientais, resolveram se organizar com o intuito de questionar essas idéias. Nascia assim em 2001 a Ong Mata Nativa, motivados principalmente em participar da construção das políticas socioambientais no município e proteger seu patrimônio natural. O bairro de Ponunduva detém a maior parte das nascentes de água e os maiores remanescentes de Mata Atlântica, com paisagem de morros cobertos por densa vegetação, inspiração para a primeira bandeira de luta da Mata Nativa: a regulamentação da APA Cajamar em 2002. Como suas vizinhas APAs (Jundiaí e Cabreuva) já estavam regulamentadas, uma das primeiras ações da Ong Mata Nativa, foi organizar grupos de discussões sobre a APA Cajamar, mobilizando lideranças e setores públicos e privados. A proposta era elaborar a Regulamentação e Plano de Manejo, e a proposta da Mata era criar essa política para a conservação do patrimônio ambiental da cidade, de forma participativa. Muitos foram os movimentos que nasceram desta proposta como: Agenda 21, Transformando a Realidade, Semanas do Meio Ambiente, Elaboração participativa do Plano Diretor que corroboraram para a criação do Parque Natural Municipal de Cajamar. A criação do Parque Natural inspira a equipe da Mata Nativa que elabora uma proposta para contribuir com as diretrizes das políticas sócioambientais previstas no Plano Diretor, nascendo o que chamamos de programa Ekobé que propõe a gestão participativa do Parque, trabalhando na constituição de seu Conselho Gestor e na sequência a elaboração do Plano de Manejo, para cumprir o estabelecido no SNUC, tendo sempre como eixo a participação popular. Nesses 15 anos de atuação da entidade, o amadurecimento e a reinvenção foram companheiros, difíceis por vezes. Porem a crença no fortalecimento da participação política da sociedade nos processos decisórios e o desenvolvimento da cultura cidadã, acreditamos ser uma condição coadjuvante importante para contribuir nas correções das distorções estatais e para a cobrança por maiores limites e responsabilizações dos setores produtivos em relação aos impactos socioambientais . Destaca-se aqui em uma visão mais ampla, o papel importante que tiveram e têm os membros sociais dos colegiados no Brasil, sobretudo os representantes das ONGs ambientalistas, dos povos indígenas, comunidades tradicionais e dos representantes acadêmicos. Esses membros participam ativamente na defesa dos biomas brasileiros ameaçados, no questionamento das políticas de governos em áreas importantes do ponto de vista da biodiversidade, na preocupação em envolver as comunidades nos projetos e no questionamento de projetos de lei que beneficiam interesse de poucos (por exemplo, a reforma do código florestal). Os movimentos socioambientais enfatizam a importância dos debates para o aumento da intensidade democrática e da responsabilidade de todos os atores (governos, iniciativa privada e movimentos sociais), defendem que é por meio da participação social no maior número possível de arenas que essa demanda pode ser atendida, e a Mata Nativa sempre esteve em sintonia com esse princípio. Nessas arenas é que se realiza a convivência entre diversas culturas e orientações, possibilitando dessa forma novos olhares para se enfrentar a questão provavelmente mais aflitiva desse século: a socioambiental. Mariluce Varalda Diretora Presidente Mata Nativa NATURA A o longo de sua história de relacionamento com o município de Cajamar, iniciada em 1998, a Natura tem buscado apoiar iniciativas e estabelecer parcerias que contribuam para a construção de uma sociedade democrática, solidária e participativa. Nessa perspectiva, entendemos que o Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Cajamar é fruto de uma série de iniciativas das quais tivemos a oportunidade de participar como a Agenda 21, a construção participativa do Plano Diretor e a implementação da gestão participativa do Parque Natural Municipal. Todos esses processos foram bastante complexos e permitiram que aprendêssemos de uma forma muito viva a respeito da realidade de Cajamar. A Natura sente-se muito honrada em contribuir para a realização deste Plano, pois acredita que iniciativas como esta é que podem fazer a diferença na valorização e conservação do patrimônio ambiental do município. Desta forma, o Parque Natural Municipal de Cajamar desempenha um papel inspirador e provocador de práticas responsáveis tão urgentes na APA Cajamar. Parabenizamos a Diretoria Municipal de Meio Ambiente, o Conselho Consultivo do Parque Natural Municipal de Cajamar, a Mata Nativa, o Instituto de Projetos e Pesquisas Socioambientais (IPESA) e a todos os participantes deste processo, esperando revê-los em outras iniciativas que contribuam para o desenvolvimento de uma consciência ética sobre todas as formas de vida com as quais compartilhamos este planeta. Luara Maranhão Analista de Relacionamento com Comunidades de Entorno AGRADECIMENTOS - IPESA O Parque Natural Municipal de Cajamar é a primeira unidade de conservação municipal tendo o importante papel de incentivar a proteção e a valorização da Mata Atlântica tão rica e presente no município. Nesse sentido, para o Instituto de Projetos e Pesquisas Sócio Ambientais conduzir a elaboração do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Cajamar foi uma experiência muito gratificante. Principalmente, por acompanhar e auxiliar ao longo de um ano a evolução do processo participativo e da tomada de decisões para a consolidação deste importante espaço público municipal e por poder incentivar o reconhecimento e a valorização desta unidade de conservação junto aos munícipes. Nesta construção pudemos aprender com muitos atores locais de Cajamar e a eles somos muito gratos!!! Em especial, à Mariluce Varalda e Claudio Dall’Olio da OSCIP Mata Nativa, pelo empenho em tornar o sonho do Parque em realidade e auxiliar na mobilização dos munícipes de Cajamar para fortalecer a gestão participativa desta unidade de conservação; à Prefeitura Municipal de Cajamar, representada pelo Dr. José Renato Diretor de Meio Ambiente e a Paula Mielke e Rogério Splendore, pelo apoio constante em fornecer materiais e pela leitura criteriosa do trabalho. Agradecer à Natura Cosméticos por financiar a elaboração deste documento e incentivar o fortalecimento das instituições, aqui representadas por Luara Maranhão e Isabel Ferreira. Agradecer aos representantes do COMDEMA, que sempre estiveram dispostos a participar e contribuir para a concretização deste Plano de Manejo e ao Conselho Consultivo do Parque, que além de participar ativamente da elaboração do Plano possui agora a importante missão de colocar em prática a efetivação deste documento. E por fim, agradecer à equipe do IPESA que foi fundamental para a concretização do Plano, em especial a Alexandre Rodrigues Dias, Augusto Vieira, Camila Duarte, Cristina Noseda, Marília Roggero e Juarez Cabral. Paola Rodrigues Samora Coordenadora do Plano de Manejo do PNMC IPESA - Instituto de Projetos e Pesquisas Socioambientais SUMÁRIO INTRODUÇÃO 16 CAPÍTULO 1: O CONTEXTO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO 19 1.1. O CINTURÃO VERDE DA CIDADE DE SÃO PAULO E A RESERVA DA BIOSFERA 21 1.2. O PNMC E A SUA INTERFACE COM A SERRA DO JAPI 21 1.3. HISTÓRICO DE CRIAÇÃO PARQUE 22 1.4. O PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE CAJAMAR 23 CAPÍTULO 2: METODOLOGIA 24 2.1. TRABALHOS DE CAMPO 24 2.2. CARTOGRAFIA TEMÁTICA DESENVOLVIDA NO TRABALHO 24 2.3. REALIZAÇÃO DE OFICINAS 25 CAPÍTULO 3: LEGISLAÇÃO INCIDENTE 26 3.1. LEGISLAÇÃO FEDERAL 27 3.2. LEGISLAÇÃO ESTADUAL 28 3.3. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL 30 CAPÍTULO 4: DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL 4.1. MEIO ANTRÓPICO 33 33 4.1.1. Os estudos arqueológicos recentes sobre a ocupação indígena no município de Cajamar 33 4.1.2. Os caminhos para o interior e a ocupação e o povoamento da região de Cajamar 34 4.1.3. A ferrovia Perus – Pirapora e a CIA de Cimento Portland 38 4.1.4. Mobilizações sociais e a luta pelos direitos dos trabalhadores 40 4.1.5. Ponunduva: um caminho para Pirapora de Bom Jesus 45 4.1.6. O Município de Jundiaí 45 4.1.7. Aspectos socioeconômicos do município de Cajamar 46 a. Condições de vida 48 b. Educação 49 c. Economia 51 d. Trabalho e rendimento 53 e. Uso e Ocupação do solo 55 f. Conselhos Municipais 57 g. Coleta de lixo – no município e no bairro 58 h. Entidades e associações 58 i. Ocorrências de incêndios locais 58 4.2. MEIO FÍSICO 59 4.2.1. Geomorfologia 59 4.2.2. Geologia 61 4.2.3. Pedologia 64 4.2.3.1. Metodologia de Levantamento de solos no PNMC 65 4.2.4. Aspectos Climáticos 70 4.2.5. Recursos Hídricos 72 4.3. MEIO BIÓTICO 4.3.1. Fauna 74 74 4.3.1.1. Metodologia de levantamento de fauna 76 4.3.1.2. Resultados e Discussão 78 4.3.1.3. Pressões Antrópicas 84 4.3.1.4. Considerações finais sobre a fauna 85 4.3.2. Vegetação 85 4.3.2.1. Material e Métodos de caracterização da vegetação 86 4.3.2.2. A Vegetação do PNMC 86 4.3.2.3. Fitofisionomias vegetais observadas 89 4.3.2.4. Espécies Ameaçadas 91 4.3.2.5. Ocorrência de impactos ambientais 94 4.3.2.6. Avaliação integrativa das condições ecológicas da área 94 4.3.2.7. Potenciais de uso público e conservação biológica regional 95 CAPÍTULO 5: PLANEJAMENTO 5.1. ZONEAMENTO 96 99 5.1.1. Normas gerais do Parque Natural Municipal de Cajamar 105 5.1.2. Zona de Uso Extensivo (ZUE) 106 5.1.3. Zona de Uso Intensivo (ZUI) 109 5.1.4. Zona de Recuperação (ZR) 112 5.1.5. Zona de Uso Especial (ZE) 115 5.1.6. Zona de Uso Conflitante (ZUC) 118 5.1.7. Zona de Amortecimento (ZA) 119 5.1.7.1. Delimitação da ZA 120 5.2. PROGRAMAS DE GESTÃO 127 5.2.1. Parcerias para a gestão 127 5.2.2. Conselho Consultivo 129 5.2.3. Programa de Gestão Organizacional 130 5.2.3.1. Gestão Financeira 131 5.2.3.2. Fontes Potenciais para a Captação de Recursos 133 5.2.4. Programa de Proteção 134 5.2.5. Programa de Pesquisa e Manejo do Patrimônio Natural e Cultural 135 5.2.6. Programa de Educação Ambiental 138 5.2.7. Programa de Comunicação 140 CONSIDERAÇÕES FINAIS 141 BIBLIOGRAFIA 142 ANEXOS 148 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 - Ficha técnica da Unidade de Conservação. Tabela 2 - Lista das Unidades de Conservação do Estado de São Paulo. Tabela 3 - Listagem das oficinas participativas de elaboração do Plano de Manejo do PNMC. Tabela 4 - Taxa de evasão escolar. 17 20 25 49 Tabela 5 - Evolução da taxa de aprovação nos ensinos fundamental 1, fundamental 2 e médio, no período de 2000 a 2011. Tabela 6 - Economia do Município de Cajamar. Tabela 7 - Valor Adicionado Fiscal da Indústria e Participação da Indústria e dos Serviços no Total do Valor Adicionado. Tabela 8 - Evolução do emprego por setor de atividade econômica de Cajamar. Tabela 9 - Empregos formais em Cajamar de 2009 a 2011. Tabela 10 - Rendimento dos responsáveis pelos domicílios particulares permanentes - 2000/2010. Tabela 11 - Porcentagens de classes do Uso e ocupação do solo com relação ao total do município de Cajamar. Tabela 12 - Clima de Cajamar no período histórico de 1961 - 1990. Tabela 13 - Períodos iniciais e finais da busca ativa de registro de espécies e suas respectivas datas. Tabela 14 - Lista das cinco espécies mais abundantes para a Mata 1, Mata 2 e área total do Parque, segundo seu índice pontual de abundância (IPA). Tabela 15 - Resultado sobre a “Visão da Comunidade” realizado durante oficina. Tabela 16 - Critérios para o Zoneamento. Tabela 17 - Modelo de ficha para a análise e classificação do grau de intervenção e conservação de cada área. Tabela 18 - Zonas do PNMC e suas áreas. Tabela 19 - Critérios utilizados para delimitação da ZA do PNMC. Tabela 20 - Síntese do Macrozoneamento de acordo com a Lei de Abairramento e os limites da Zona de Amortecimento em relação ao Parque Natural Municipal de Cajamar. Tabela 21 - Descrição dos instrumentos formais de parcerias. Tabela 22 - Estimativa de Custos Operacioanais PNMC para 2 anos. Tabela 23 - Custos operacionais por trimestre Ano 1. Tabela 24 - Custos operacionais por trimestre Ano 2. 50 51 51 53 54 55 56 70 77 81 97 99 102 102 120 124 127 131 132 132 ÍNDICE DE MAPAS Mapa 1 - Paisagem século XVII e XVIII – com Parnayba e cidades vizinhas. Mapa 2 - Densidade Demográfica Cajamar. Mapa 3 - Geológico do Município de Cajamar, IPT/EMPLASA 1986. Mapa 4 - Fitofisionomias vegetacionais e corredores ecológicos estabelecidos no PNMC. Mapa 5 - Zoneamento do Parque Natural Municipal Cajamar. Mapa 6 - Mapa com a delimitação da Zona de Amortecimento. Mapa 7 - Zona de Amortecimento com delimitação das Áreas de Preservação Permanentes - APP. Mapa 8 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo na área da ZA. Mapa 9 – Macrozoneamento da área da Zona de Amortecimento. 37 63 73 90 104 121 123 124 125 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - Pirâmide de Kelsen. Figura 2 - Quadro apresentado durante oficina de planejamento. 26 96 ÍNDICE DE FOTOS Foto 1 - Tartaruga de pedra Monolítico em Cajamar. Foto 2 - Arqueólogo Marcos Rogério registrando sítios e sondas, com demarcação de trincheira Sítio do Gato Preto. 35 35 Foto 3 - Artefatos - Sítio do Gato Preto. Fotos 4 e 5 - Retirada de artefatos na trincheira Sítio Arqueológico Histórico Gato Preto, Cajamar. Foto 6 - Estação do Gato Preto (Acervo Nilson Rodrigues). Fotos 7, 8 e 9 - Gato Preto, em 1925. Imagens extraídas do livro Polyanthéa, publicado no mesmo ano. Foto 10 - Locomotiva restaurada. Foto 11 - Fábrica de Cimento Portland nos primeiros anos de funcionamento. Acervo de fotos digitalizadas da Fábrica de Cimento. Foto 12 - Dia 29 de agosto de 1962, “O Dia do Furo”. Trabalhadores Grevistas olhando o caminhão, ao fundo, o qual levava seus colegas que furaram a Greve da “Portland”. A partir desse acontecimento, a cidade de Cajamar ficou dividida entre Queixadas e Pelegos. Foto 13 - Piqueteiras – Mulheres, esposas de Queixadas, que faziam piquetes em frente às fábricas e pedreiras da Companhia de Cimento Portland Perus. Cajamar, SP, anos 60. Fotos 14 e 15 - Área de reflorestamento que foi queimada, localizada no entorno do PNMC. Área dentro do PNMC que foi queimada. Foto 16 - Diferentes níveis de superfície decorrentes de movimentos de massa. Fotos 17 e 18 - Detalhe da rocha, filito, apresentando orientação subvertical e fragmentos soltos. Foto 19 - domínio de APP fluvial com relevo plano horizontal. Ao fundo, plantio de espécies nativas. Foto 20 - Perfil de solo em situação de APP fluvial. Neste caso, os processos pedogenéticos superam os processos morfogenéticos. Fotos 21 e 22 - Acima da faca encontram-se os horizontes O, A e Bi, que se caracterizam por serem bastante friáveis. No detalhe, a demonstração dos tipos de materiais ao longo do perfil. Foto 23 - Panorâmica da meia vertente. É possível observar incidência de queimada. Fotos 24 e 25 - O perfil se caracteriza pela concentração de material coluvional nos primeiros 30cm. No detalhe, presença de matacões de quartzito e buraco de tatu. Foto 26 - APP de topo de morro. No lado esquerdo da imagem encontra-se a vertente Oeste, com inclinação de 60° medidos em campo. Verifica-se também ocorrência de incêndio. Fotos 27 e 28 – Perfil realizado no topo do morro. Situação marcante de pouca pedogênese e predominância do filito recoberto por blocos de quartzito. Fotos 29 e 30 - Área de APP que atravessa a Gleba 1. Fotos 31, 32, 33 e 34 - Algumas espécies de aves registradas in loco pelo presente estudo. A) pica-pau-anão-de-coleira (Picumnus temminckii); B) Fêmea de saíra-de-chapéu-preto (Nemosia pileata); C) Barbudo-rajado (Malacoptila striata); D) Sanhaçu-de-fogo (Piranga flava). Fotos 35 e 36 - Ninhos encontrados in loco no presente estudo na Mata 2. Fotos 37 e 38 - Pomba-asa-branca (Patagioenas picazuro) e beija-flor (trochilideo) não identificado. Fotos 39 e 40 – fezes de veado (Mazama cf. guazoubira) encontrada na Mata 2. A direita, buraco de tatu, registrado em diversos lugares da Mata 1 e Mata 2. Fotos 41 e 42 - À esquerda, artefatos de cerimônias religiosas encontrados em dois pontos da Mata 2. À direita, armadilha para captura de pássaros encontrada na Mata 1. Foto 43 - A área de estudo e seu entorno. Foto 44 - Vista da propriedade a partir do trevo localizado no limite noroeste. Foto 45 - Vista do terreno a partir do portão de acesso no setor leste/nordeste. Foto 46 - Detalhe da vegetação na entrada do setor leste/nordeste. Foto 47 - Vegetação nativa em estágio inicial de regeneração no setor leste/nordeste da propriedade. Foto 48 - Detalhe da mancha de fitofisionomia savânica antrópica. Foto 49 - Perímetro da área. Foto 50 - Aspecto geral da vegetação próxima ao curso d’água. Foto 51 - Área onde ocorreu replantio recente de espécimes arbóreos. Foto 52 - Aspecto da vegetação ao longo do curso d’água. 35 35 38 39 40 41 42 43 58 61 62 66 66 67 68 68 69 69 76 80 82 83 84 84 87 88 91 91 91 91 92 92 93 93 Foto 53 - Aspecto da vegetação próxima ao curso d’água, na Gleba 1 porção oeste/sudoeste da área. Fotos 54 e 55 – Grupos de trabalho planejando o zoneamento do PNMC durante oficina. Fotos 56 e 57 – Apresentação das propostas de zoneamento do PNMC durante oficina. 94 98 98 ÍNDICE DE IMAGENS Imagem 1 - O PNMC é o ponto em vermelho dentro do círculo amarelo. Imagem 2 – Em vermelho, área do PNMC delimitada. Separando as duas Glebas, Estrada Municipal João Félix Domingues, encontrando com estrada Francisco Missé, o ponto branco localiza a propriedade particular de Álvaro Mahafuz. Imagem 3 - Capitania de São Paulo seu sertão. Francisco Tosi Columbina, século XVIII. Mapa da capitania com a indicação dos caminhos de tropas. Imagem 4 - O complexo cimenteiro de Perus e Cajamar. Imagem 5 - IPVS - município de Cajamar - 2012. Imagem 6 - Classificação Climática do Estado de São Paulo segundo Köppen. Imagem 7 - Sub-regiões geográficas baseadas nas principais áreas de endemismos das aves, borboletas e primatas como proposta por Silva & Casteleti (2003). Imagem 8 - Distribuição dos pontos de escuta amostrais dentro dos limites do Parque Natural Municipal de Cajamar. Imagem 9 - Localização regional da área de estudo. Imagem 10 - Localização do perímetro da área do PNMC. Imagem 11 - Perímetro da área. Imagem 12 - Eixos de conectividade atuais e potenciais, que precisam ser mantidos, promovidos ou melhorados. 19 23 36 39 49 72 75 77 86 87 88 95 ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Distribuição dos empregos formais de Cajamar por setor - 2011, em números absolutos. 53 Gráfico 2 - Dados pluviométricos da Estação E3-233 localizada no bairro do Ponunduva - Cajamar. 71 Gráfico 3 - Curvas de acumulação de espécies observadas (Mao Tau) e estimadas (Jacknife de 1ª ordem) ainda não estabilizadas. 79 Gráfico 4 - Gráfico demonstrando as proporções de espécies classificadas segundo a sensibilidade a alterações do habitat. A classificação foi realizada para espécies observadas em campo neste estudo e espécies registradas para a região levantadas pela literatura. Gráfico demonstrando as proporções das espécies em nível local e regional segundo suas abundâncias relativas classificadas por Stotz et al. (1992). 79 Gráfico 5 - Ranking de abundância das espécies da área total do PNM Cajamar. 80 Gráfico 6 - Ranking de abundância das espécies da Mata 1 e Mata 2 do PNM Cajamar. 81 Gráfico 7 - Proporção das espécies registradas in loco e levantadas para a região segundo o uso do estrato florestal como habitat. 82 ÍNDICE DE ANEXOS Anexo 1 - Registros na literatura sobre as aves da região e registros feitos in loco. Anexo 2 - Registros de aves in loco PNMC. Anexo 3 - Listas de Presença. Anexo 4 - Mapeamento feito pelos grupos de trabalho durante oficina de planejamento do PNMC. Anexo 5 - Relato sobre as oficinas participativas. Anexo 6 - Convites elaborados para as oficinas participativas. Anexo 7 - Modelos de fichas para cadastro. Anexo 8 - Lista de entidades e associações de Cajamar. 148 156 159 172 178 191 194 197 Anexo 9 - Decreto n° 3.792/07 - Criação do PNMC. Anexo 10 - Decreto n° 4.682/12 - Criação do Conselho Consultivo do PNMC. Anexo 11 - Mapa da Altimetria região do PNMC. 200 203 ÍNDICE DE FOTOS DOS ANEXOS Foto 1 - Preenchimento dos pontos fortes e fracos no quadro. Foto 2 - Representante COMDEMA Claudio falando sobre a UC. Foto 3 - Apresentação da oficina de logo. Foto 4 - Construção de opções de logo. Foto 5 - Exposição das sugestões de logos elaborados. Foto 6 - Propostas de logos realizadas durante oficina. Foto 7 - Início da atividade com explicação ao grupo sobre o ambiente e as regras para o dia. Foto 8 - Trilha e explicação sobre a Mata Atlântica. Fotos 9 e 10 - Momentos de reflexão sobre o dia e a paisagem. Fotos 11 e 12 - Grupos planejando zonas e projetos para o Parque. Fotos 13 e 14 - À esquerda, sala dividida em grupos; à direita, apresentação dos grupos. Foto 15 - Apresentação dos grupos. Foto 16 - Oficina de projetos e programas gerenciais. Foto 17 – Paula Mielke, presidente do Conselho Consultivo do Parque e Presidente do CONDEMA. Foto 18 - Sala cheia durante oficina sobre ZA. Foto 19 - Presidente do CONDEMA expondo. Foto 20 - Marcos, gestor das APA CCJ, da Fundação Florestal apresentando sobre o zoneamento da APA Cajamar. 179 180 181 181 182 182 184 185 185 186 186 186 188 189 189 189 189 ÍNDICE DE IMAGENS DOS ANEXOS Imagem 1 - Opções de logos para votação. Imagem 2 – Proposta de Zona de Amortecimento construída em oficina. 183 190 INTRODUÇÃO O Parque Natural Municipal de Cajamar - PNMC é uma Unidade de Conservação - UC de Proteção Integral, conforme estabelecido no Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, Lei nº 9.985/00. A criação desta UC teve como objetivo principal a proteção e conservação dos ecossistemas naturais, tendo em vista o desenvolvimento de atividades voltadas à pesquisa e à educação ambiental, bem como o ecoturismo, visitação orientada, de modo a proporcionar contato com a natureza para a população do entorno. O PNMC foi criado a partir de discussões do plano diretor municipal de Cajamar sempre com o enfoque na criação de mecanismos de Gestão Participativa – GP para a área. Para garantir a GP do Parque, a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP Mata Nativa e a Prefeitura assinaram um termo de cooperação da gestão do Parque. Originalmente a área que hoje compreende o Parque foi adquirida pelo município por meio de dação em pagamento firmada com a empresa Nova Bandeirantes Ltda. Com uma área de 5,5 ha o PNMC localiza-se à noroeste do município de Cajamar, na região do Ponunduva, distrito Sede, no bairro de Serra dos Lagos. Está inserido nas Áreas de Proteção Ambiental de Cabreúva, Cajamar e Jundiaí – APAs CCJ, (Lei Estadual nº. 4.023/84 e Lei Estadual nº. 12.289/06; Lei Estadual nº. 4.055/84; Lei Estadual nº. 4.095/84 e Lei Estadual nº. 12.290/06) que abrigam o maciço montanhoso denominado Serra do Japi, o qual apresenta expressivo remanescente de mata atlântica no interior do Estado e possui diversificado número de espécies de fauna e flora, sendo muitas delas endêmicas. Além da Serra do Japi, existem outras serras importantes como, Guaxinduva e Jaguacoara, mas que não serão alvos da descrição regional, devido à escala de trabalho. Considerando a Lei Federal 9.985/2000 que cria a Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, toda UC deve dispor de Plano de Manejo até 5 anos após a sua criação. Este é um documento técnico por meio do qual se estabelece seu zoneamento e normas que devem fornecer diretrizes para o futuro uso da área, o manejo dos recursos, bem como a implantação de estruturas necessárias para a gestão da unidade de conservação, além de prever para unidades de proteção integral o estabelecimento de uma Zona de Amortecimento no entorno da UC. Este documento é o primeiro Plano de Manejo do PNMC, elaborado pelo Instituto de Projetos e Pesquisas Socioambientais - IPESA, em parceria com a Mata Nativa, o Conselho Consultivo do Parque, a Prefeitura Municipal de Cajamar e com a empresa Natura Cosméticos S. A. Apoiado no Roteiro Metodológico de Planejamento: Parque Nacional, Estação Ecológica e Reserva Biológica (IBAMA, 2002) e de acordo com os objetivos de criação da presente Unidade de Conservação, o plano consiste no seu primeiro capítulo de uma apresentação da área do PNMC frente ao contexto das unidades de conservação, o histórico de sua criação e a sua localização. No capítulo 2 é apresentada a metodologia de trabalho utilizada. Já no capítulo 3 foram levantadas a leis que incidem no território do PNMC e de seu entorno de influência. O capítulo 4 apresenta um diagnóstico socioambiental que relaciona as principais características sociais e ambientais olhando para o território do PNMC de modo a apontar, tanto os aspectos locais, quanto os regionais que possam influenciar, ou caracterizar a dinâmica da área do Parque. O planejamento específico para a área do Parque e de seu entorno delimitado na Zona de Amortecimento, está exposto no capítulo 5, dividido em seus subitens: zoneamento e programas de gestão. Em seguida, são apresentadas as considerações finais. De forma sucinta, o presente plano de manejo visa: • Elaborar um diagnóstico socioambiental regional da área do PNMC; 16 • Dotar a UC de diretrizes para o seu desenvolvimento; • Estabelecer a diferenciação e intensidade de uso mediante zoneamento, visando a proteção de seus recursos naturais e culturais; • Definir objetivos específicos de manejo, orientando a gestão da UC; • Estimular a gestão participativa da UC; • Definir sua Zona de Amortecimento; • Estudar o seu entorno com o intuito de sensibilizar a população com relação à importância da proteção dos recursos naturais; • Inserir o Parque no contexto das APAs de Cabreúva, Cajamar e Jundiaí, podendo divulgar a importância dessas áreas, para as atividades de educação, proteção ambiental e de lazer; • Indicar corredores ecológicos e as possíveis conexões com a Serra do Japi. Tabela 1 - Ficha Técnica da Unidade de Conservação. NOME DA UC PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE CAJAMAR Estrada Francisco Missé, Distrito de Jordanésia, Bairro Serra dos Lagos – matrícula n¬º 6.171 do 2º cartório de registro Endereço da Sede de imóveis de Jundiaí Conselho Consultivo Órgão Gestor Rua Rubens Barbosa, 151 – Jordanésia – Cajamar Endereço do órgão 4407-1035 Telefone www.cajamar.sp.gov.br Site Número do decreto e data de criação Lei Nº 3.792 de 31/12/2007 Cajamar Município SP Estado que abrange 305.857E 7.421.250N Coordenadas UTM 55.056,87 m² Área da UC 1398,66 m Perímetro da UC 1.291,6 ha Área da ZA 21.570 m Perímetro da ZA 305722,43/7421257,49 305806,84/7421280,11 305783,11/7421308,84 305912,48/7421344,91 Marcos geodésicos referenciais dos 305933,93/7421162,88 limites 305864,59/7421099,62 305820,13/7420963,12 305654,31/7421198,67 750 a 780 m Altitude 17 Vegetação Fauna Educação Ambiental Fiscalização Visitação Pesquisa Conflitos existentes BIOMAS E ECOSSISTEMAS Mata Atlântica, Floresta Ombrófila Densa com presença de exóticas Pinus sp e Eucalyptus grandis. 70 espécies observadas em campo, 67 de aves e 3 espécies de mamíferos, segundo registros da literatura para espécies de fauna regional, potencialmente ocorrentes no PNMC são: 262 espécies animais, sendo 188 aves, 32 mamíferos, 19 répteis e 23 anfíbios. ATIVIDADES PRESENTES Não há Não há Não há Não há Presença da Estrada João Félix Domingues e Estrada Municipal Francisco Missé, passagem de servidão de Linha de Transmissão - LT Cabreúva – Franco da Rocha – Mairiporã – CTEEP. Não há Não há Não há Infraestrutura Veículos Atividades Desenvolvidas Participação em Fóruns e Grupos de Trabalho Locais e Regionais Relações Institucionais mais importantes Potencialidades Conselho Gestor da APA CCJ Prefeitura Municipal de Cajamar Diretoria de Meio Ambiente de Cajamar Diretoria de Planejamento Conselho Consultivo PNMC COMDEMA Natura Cosméticos S.A. OSCIP Mata Nativa Conselho Gestor da APA CCJ Conselho Gestor da Serra do Japi Desenvolvimento de atividades de educação ambiental, pesquisa, visitação monitorada, instalação de viveiro de espécies nativas para reflorestamento regional, instalação de estações ambientais voltadas à instrução, contemplação, sensibilização e proteção dos recursos naturais. 18 CAPÍTULO 1: O CONTEXTO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO O PMNC é localizado no Estado de São Paulo, município de Cajamar que faz parte da Região Metropolitana de São Paulo. O Estado de São Paulo é dividido da seguinte maneira: 42 regiões de governo, 14 regiões administrativas e três regiões metropolitanas e 645 municípios. São Paulo é o Estado mais populoso do Brasil e, é considerado também, em termos de economia, o motor do país. A região metropolitana do estado mais populosa é a que leva o mesmo nome do estado: São Paulo. A RMSP concentra 47,6% (SEADE, 2012) da população e participa com 56% no PIB do estado. Devido a RMSP apresentar grande densidade demográfica e taxa 98,8% de grau de urbanização, torna-se cada vez mais importante a proteção de áreas florestais no entorno dessa região, de modo a garantir a qualidade de vida de sua população. Nesse sentido, o Estado de São Paulo possui atualmente 17% de sua área protegidos por unidades de conservação. São 335 unidades de conservação entre as federais, estaduais e municipais distribuídas em aproximadamente 4.300 ha (Plano de Manejo da Reserva Biológica Municipal da Serra do Japi, 2008). Imagem 1 - O PNMC é o ponto em vermelho dentro do círculo amarelo. Notar a localização dele entre a RMSP e a Região Metropolitana de Campinas. As setas indicam a proximidade com outras Unidades de Conservação na região (Reserva Biológica da Serra do Japi, Parque Estadual do Jaraguá, Parque Anhanguera, Parque Estadual da Cantareira, Reserva Florestal do Morro Grande, Parque Estadual da Serra do Mar). 19 Tabela 2 - Lista das Unidades de Conservação do Estado de São Paulo. NATUREZA DA ADMINISTRAÇÃO E TIPOS DE UNIDADE Federais Áreas de Proteção Ambientais Parque Nacional Estações ecológicas Reservas biológicas Florestas Nacionais Reservas extrativistas Áreas de Relevante Interesse Ecológico Áreas sob proteção especial Estaduais Áreas de Proteção Ambiental Parques Estaduais Parques Ecológicos Estações ecológicas Reservas biológicas Reservas estaduais Estações Experimentais Florestas Estaduais Viveiros Florestais Áreas de Relevante Interesse ecológico Áreas sob proteção especial Municipais Parques Municipais Parques ecológicos Reservas biológicas Viveiros municipais APAs e zonas de proteção Florestas, matas, bosques Privadas Reservas Particulares do patrimônio natural TOTAL NÚMERO DE UNIDADES 18 3 1 3 1 3 1 6 1 95 23 26 4 24 4 4 20 12 2 1 5 190 77 28 4 15 22 30 32 32 335 PARTICIPAÇÃO EM RELAÇÃO À ÁREA TOTAL DO ESTADO (%) 2,93 2,73 0,11 0,02 0,00 0,04 0,00 0,00 0,02 14,13 9,51 2,94 0,01 0,42 0,01 1,04 0,13 0,07 0,00 0,00 0,00 0,23 0,02 0,01 0,01 0,00 0,14 0,04 0,02 0,02 17,3 Fonte: Plano de Manejo da Reserva Biológica Municipal da Serra do Japi, 2008. p. 25, Adaptado. 20 1.1. O CINTURÃO VERDE DA CIDADE DE SÃO PAULO E A RESERVA DA BIOSFERA C riadas em 1972, pela UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, as Reservas da Biosfera foram instituídas através de acordos intergovernamentais que desde 1968, buscavam tentar reconciliar a conservação e o uso dos recursos naturais, fundando o conceito presente de desenvolvimento sustentável. A Reserva da Biosfera é um instrumento de conservação que favorece a descoberta de soluções para problemas como o desmatamento das florestas tropicais, a desertificação, a poluição atmosférica, o efeito estufa, entre outros. Atualmente as reservas estão distribuídas em 117 países, com o objetivo de promover o conhecimento, a prática e os valores humanos para implementar as relações entre as populações e o meio ambiente em todo o planeta, privilegiando o uso sustentável dos recursos naturais nas áreas assim protegidas. Cada Reserva da Biosfera é uma coleção representativa dos ecossistemas característicos da região onde ela se estabelece. As Reservas Mundiais da Biosfera possuem três funções básicas: • conservação das paisagens, ecossistemas e espécies; • desenvolvimento econômico e humano que seja cultural, social e ecologicamente sustentável; • logística, que dê suporte para pesquisas, monitoramento e educação. No Brasil, a primeira unidade da Rede Mundial de Reservas da Biosfera foi para a proteção do bioma da Mata Atlântica. Instituída como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica – RBMA, cuja área foi reconhecida pela UNESCO, em cinco fases sucessivas entre 1991 e 2002. É a maior reserva da biosfera em área florestada do planeta, com cerca de 35 milhões de hectares, abrangendo áreas de 15 dos 17 estados brasileiros onde ocorre a Mata Atlântica, o que permite sua atuação na escala de todo o Bioma. O Cinturão Verde da cidade de São Paulo representa um complexo sistema de florestas, regiões agrícolas, zonas industriais e cidades. Vinte e três milhões de pessoas (mais de 10% da população brasileira) vivem na área, que responde por cerca de 20% do Produto Interno Bruto - PIB brasileiro. Com o intuito de reforçar a proteção deste importante complexo, em 9 de junho de 1994, é instituída a A Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo – RBCV – SP, que abrange 73 municípios em torno da cidade de São Paulo. Sendo assim, a área de estudo do PNMC está inserida tanto na RBMA, como na RBCV-SP. 1.2. O PNMC E A SUA INTERFACE COM A SERRA DO JAPI A Serra do Japi compõe na paisagem paulista uma importante feição geológica e geomorfológica que faz a interface entre o domínio do planalto Atlântico, representado pelas rochas cristalinas e metamórficas e as áreas interiores do Estado, em que o embasamento sedimentar, ocupa a paisagem do oeste paulista. Esta diferenciação geológica também será representada na paisagem com a formação de relevos singulares, dominando os morros altos e alongados entremeados por serras no domínio do Planalto Atlântico, e as colinas e superfícies aplainadas ao longo da Depressão Periférica e Planalto Ocidental Paulista. Esta situação de interface entre os dois domínios geológicos e geomorfológicos promove também uma diferenciação no domínio biótico, fazendo a transição das florestas úmidas perenifólias e semidecíduas, localizadas na porção voltada para o Planalto Atlântico, e as áreas já de domínio de um quase extinto cerrado e de florestas ciliares, na face do Japi, voltada para as áreas interiores do Estado. Outro aspecto importante é a sua dinâmica climática, com características mesotérmicas, umidade distribuída ao longo do ano, sem estação seca definida, com precipitação média anual em torno de 2.000mm e verão quente (média de 22ºC). Nota-se, portanto, que o Japi é um importante ecótono na paisagem paulista, permitindo uma alta 21 diversidade biológica e um intenso fluxo gênico, criando assim as condições para que as comunidades de espécies animais e vegetais mantenham os seus crescimentos populacionais. Esta riqueza natural não se atém apenas à questão biológica, ou da exuberância de suas formas de relevo, mas também se associa a uma importante riqueza hídrica proporcionada pelas precipitações locais, formando seus cursos d’água e consequentemente suas acumulações em reservatórios subterrâneos, constituindo os sistemas de aquíferos. Suas águas cristalinas formam, portanto, importantes cursos d’água que se orientarão para as grandes bacias hidrográficas do Tietê, sistema Alto Tietê já em sua passagem para o Médio Tietê, e o sistema Piracicaba, Cabreúva e Jundiaí. Parte destas águas que abastecem os cursos d’água são provenientes da circulação hídrica subterrânea, que percorre os sistemas de fraturamento das rochas cristalinas e metamórficas do Japi e zona de entorno. Ou seja, parte da água infiltrada faz a recarga dos cursos d’água da região, mantendo-os com uma vazão que permite o abastecimento humano, industrial e agrícola para as populações desta parte do interior paulista. Outro montante desta água se acumula nas rochas, formando grandes reservatórios subterrâneos denominados de aquíferos cristalinos, que constituem uma valiosa e importante reserva de água. É fundamental então, entender a grande paisagem do Japi e sua zona de entorno como uma importante caixa d’água, responsável pela existência e manutenção dos corpos hídricos da região. Desta forma, é essencial pensar a proteção da paisagem local do Japi e de sua zona de entorno, por conta não apenas de seu potencial paisagístico, ecológico e biológico, mas também, devido a sua importância hídrica. É neste cenário que se enquadra o Parque Natural Municipal de Cajamar e sua Zona de Amortecimento, como mais um elemento que contribuirá para a manutenção desta rica biodiversidade. 1.3. HISTÓRICO DE CRIAÇÃO PARQUE A criação do PNMC se deu em um contexto de resposta à reivindicação da sociedade civil, que através de debates para a elaboração da Agenda 21, do projeto Transformando a Realidade, das discussões realizadas nas Semanas do Meio Ambiente, nas reuniões da APA Cajamar e na construção das diretrizes do Plano Diretor solicitava à Prefeitura que o município de Cajamar protegesse os recursos naturais da região. Sendo assim, o Parque Natural Municipal de Cajamar foi concebido como uma Unidade de Conservação de Proteção Integral pelo – Decreto Municipal 3.792 de 31-12-2007. O PNMC esteve do ano de 2007 ao ano de 2012 sem nenhuma atividade regular de uso público sendo realizada. Esta unidade de conservação passa a ter uma nova diretriz em maio de 2011, com a assinatura do Termo de Compromisso de Gestão Compartilha- da entre a Prefeitura e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP Mata Nativa, estabelecendo compromissos a serem cumpridos por ambos, garantindo a gestão democrática e participativa. Em 23 de agosto de 2012 é assinado o Decreto Municipal 4.682 que cria o Conselho Consultivo do Parque Natural Municipal de Cajamar, e em 03 de abril de 2013 é realizada a posse dos Conselheiros. De forma concomitante ao processo de constituição do Conselho Consultivo a Mata Nativa – MN, em parceria com a Natura Cosméticos S.A. organizam um Grupo de Trabalho – GT para a construção do Plano de Manejo do PNMC. Como resultado de GT é publicado um Termo de Referência visando a contratação de uma Instituição para a elaboração do Plano de Manejo do PNMC. Ficou a cargo do Instituto de Projetos e Pesquisas Sócio Ambientais – IPESA. 22 1.4. O PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE CAJAMAR O PNMC está localizado no encontro da Estrada Francisco Missé com a Estrada Municipal João Félix Domingues. Ele é composto por duas áreas: Gleba 1 (também denominada no estudo de Mata1) com área total de 29.540,45m2 e Gleba 2 (Mata 2) com área total de 22.549,41m2, somada às glebas também é considerada como área do PNMC, o trecho da Estrada Municipal João Félix Domingues com área de 3.213,79 m2, que separa as duas Glebas, totalizando 55.303,65m2 de área do PNMC. Entre as áreas do Parque na sua porção noroeste da Gleba 2, encontra-se uma propriedade particular. Gleba 2 / Mata 2 Gleba 1 / Mata 1 Imagem 2 – Em vermelho, área do PNMC delimitada. Separando as duas Glebas, Estrada Municipal João Félix Domingues, encontrando com estrada Francisco Missé, o ponto branco localiza a propriedade particular de Álvaro Mahfuz. Na Gleba 1 do Parque Natural Municipal de Cajamar existe uma faixa de servidão, decorrente da Linha de Transmissão LT – Cabreúva - Franco da Rocha – Mairiporã, que corta parte de sua área. Desde 1995, com a reestruturação decorrente do programa de privatização a empresa responsável pela manutenção da faixa de servidão desta LT é a CTEEP – Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista. O Parque possui um curso d’água na Gleba 1 e entre o curso d’água e a Estrada João Félix Domingues encontra-se a menor altitude do Parque 750m e na Gleba 2 o ponto mais alto, atingindo os 785m. Seu relevo é constituído por uma várzea e um morro alongado. Sua vegetação original é de Ombrófila Densa, hoje em algumas áreas em regeneração com espécies exóticas entremeadas. O Parque não possui nenhuma estrutura e não está aberto para visitação, porém a área já foi usada para atividades do Programa Jovem – PJ coordenados pela Diretoria de Meio Ambiente, e também, recebeu plantios em sua Gleba 1, oriundos de Termos de Ajustes de Conduta – TAC provenientes de ações à particulares. No Capítulo 4 - Diagnóstico socioambiental, encontram-se detalhadas as características físicas e biológicas do Parque Natural Municipal de Cajamar. 23 CAPÍTULO 2: METODOLOGIA O desenvolvimento do Plano de Manejo exige uma equipe multidisciplinar e para isso, o IPESA buscou procedimentos condizentes com a demanda do trabalho. A seguir encontram-se listados as etapas de trabalho e/ou procedimentos: • Montagem da equipe multidisciplinar: geógrafo para a especialidade de cartografia e geoprocessamento, geógrafo para a especialidade de geomorfologia e pedologia, geógrafo especialista em socioeconomia, biólogo especialista em fauna, biólogo especialista em flora, gestor ambiental, historiador e designer gráfico. • Levantamento e compilação de dados e estudos da região: bibliotecas públicas, Fundação Florestal, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, Departamento Nacional de Produção Mineral -DNPM, Prefeituras de Cajamar e , Jundiaí, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB, Empresa Metropolitana de Planejamento S.A. – EMPLASA, Instituto Geográfico e Cartográfico – IGC, entre outras. • Levantamentos de campo para fauna, flora, geomorfologia, pedologia e sócio economia; • Relatório fotográfico com fotos georreferenciadas (levantamento com GPS). • Visitas técnicas e entrevistas; • Realização de oficinas participativas com a presença da comunidade, terceiro setor, órgãos públicos e iniciativa privada. 2.1. TRABALHOS DE CAMPO O s trabalhos de campo foram idealizados para que os profissionais conhecessem a área de estudo e pudessem gerar dados primários sobre as características ambientais e sociais do território da UC e seu entorno. Deste modo, foram considerados três tipos trabalhos de campo: • Levantamentos específicos na área da UC e entorno; • Visitas técnicas em órgãos públicos, empresas parceiras, ongs parceiras; • Entrevistas com lideranças comunitárias. As metodologias de trabalhos específicos, como os levantamentos de fauna e flora locais, estarão descritas nos capítulos pertinentes. 2.2. CARTOGRAFIA TEMÁTICA DESENVOLVIDA NO TRABALHO O s produtos cartográficos que compõem o Plano de Manejo foram elaborados por meio de coleta de dados em campo e levantamentos realizados em diversos órgãos municipais, estaduais e federais. A cartografia é fundamental para estudos ambientais, pois fornece a espacialização da informação e os subsídios para o diagnóstico e análises posteriores. O material cartográfico desenvolvido para o Plano de Manejo atende aos seguintes aspectos: localização, geologia, vegetação, zoneamento interno, zona de amortecimento, recursos hídricos e topografia em escalas de detalhe e regional. Para tanto, foram reunidos materiais do INPE, como imagens de satélite, imagens aéreas da região, dados geológicos disponíveis no geobank da CPRM, cartas topográficas e uso do solo da RMSP, 24 disponibilizados pela EMPLASA, acervo fotográfico e bases cartográficas do LASERE - Laboratório de Sensoriamento Remoto da Faculdade de Geografia da Universidade de São Paulo, bem como Plano Diretor com mapas de uso do solo e macrozonemento, planta planialtimétrica da UC, disponibilizados pela Prefeitura de Cajamar. Todos os produtos cartográficos gerados para o presente trabalho foram elaborados em coordenadas UTM e datum horizontal SIRGAS 2000. 2.3. REALIZAÇÃO DE OFICINAS D evido ao destaque que a questão ambiental tem no cenário atual com o aumento do adensamento populacional e a crescente produção industrial, é de fundamental importância inserir a comunidade no debate sobre o meio ambiente e os benefícios que a preservação pode trazer para a população como um todo. A inserção do poder público e de lideranças locais nos debates, na participação e na elaboração do Plano de Manejo também é de extrema importância para se alcançar os objetivos almejados para o PNMC por ambas as partes. De acordo com Webler e Renn (1995, apud in Sachéz, 2006) a participação popular nesses processos são justificadas com base em dois argumentos fundamentais: os motivos éticos, um dos pilares da democracia e, também, os princípios, tais como, justiça e equidade. Além disso, Sanchéz (2006) enfatiza que a participação popular nas sociedades contemporâneas legitima as decisões. Essa legitimação pode ser considerada como algo imprescindível para as sociedades democráticas, onde o debate aberto e a inclusão de temas de discussão na esfera pública são valores essenciais. Segundo Jacobi (2013) é um grande desafio multiplicar o conhecimento baseado em valores e práticas sustentáveis, e estimular o interesse e o engajamento dos cidadãos na ação e na responsabilização. É fundamental que as comunidades reconheçam o espaço vivido e tomem para si a corresponsabilidade da gestão de seu território. Neste contexto, a participação da sociedade civil para a tomada de decisões sobre as questões ambientais se configura como uma ação crescente, principalmente na gestão das unidades de conservação. Diante disso, as oficinas participativas foram de importância singular para o processo de elaboração do Plano de Manejo do PNMC. A seguir, encontra-se a tabela com as oficinas realizadas e o relato completo nos anexos deste Plano. Tabela 3 - Listagem das oficinas participativas de elaboração do Plano de Manejo do PNMC. NÚMERO OFICINA 1 Apresentação das Unidades de Conservação e do Plano de Manejo 2 3 4 5 6 7 LOCAL E DATA EMEB – Demétrio Rodrigues Pontes dia 27/05/2013 Casa Vicentina dia Criação do logo do Parque 19/06/2013 Boiódromo Visão da Comunidade sobre a UC 10/09/2013 Parque e EMEB – Demétrio Visita técnica ao Parque e Rodrigues Pontes Zoneamento 21/09/2013 Escola da Água Propostas e Projetos para o Parque 09/10/2013 Propostas e Projetos para o Parque - Escola da Água COMDEMA 06/11/2013 Escola da Água Zona de amortecimento 04/12/2013 TOTAL DE PARTICIPANTES 11 17 14 32 14 22 34 25 CAPÍTULO 3: LEGISLAÇÃO INCIDENTE N o Brasil, os bens ambientais naturais são protegidos de forma genérica pela nossa Constituição Federal, que define o assunto por meio dos princípios, e esses devem ser respeitados pelas normas infraconstitucionais. Essas normas abaixo da constituição seguem seus dispositivos jurídicos. Pontualmente, elas regulamentam os diversos assuntos que devem ser abordados sobre o meio ambiente, em nosso caso são as normas relativas a Unidades de Conservação, especificamente em Cajamar. Dessa forma se constrói o arcabouço jurídico ambiental brasileiro com simetrias de encaixes entre as diversas normas, partindo do âmbito federal e transpondo-se às esferas regionais (estaduais) e locais (municipais), estabelecendo articulação entre as casas legislativas, poderes executivos, e a partir de 1988, com a participação nas deliberações dos colegiados institucionalizados. Porém, a adaptação e a construção dessas normas mostram-se de difícil realização em relação a um sistema jurídico tradicional que tem na individualidade a priori, o fundamento do seu sistema, conforme crítica de Camargo da Cunha (2006). A preocupação com o meio ambiente, as lesões à qualidade de vida de cidadãos, as ameaças e os danos ao equilíbrio ambiental, incertezas científicas nas observações dos fenômenos, a poluição transfronteiriça, a descaracterização de culturas autóctones etc. são preocupações de ordem coletiva e recentes no sistema político. Ademais, é preciso ter em conta que o sistema jurídico brasileiro adota o modelo germânico-romano que tem como a principal característica as regras escritas. Portanto, a fonte maior do direito brasileiro é a Constituição Federal, seguida, respectivamente, das normas complementares, ordinárias (lei), regulamentadoras (decreto, deliberações) e individuais (contratos), conforme a da pirâmide de Kelsen descrita abaixo. Figura 1 - Pirâmide de Kelsen. Fonte: Reale (1995) 26 3.1. LEGISLAÇÃO FEDERAL D e acordo com a Constituição Federal de 5 de outubro de 1988, no Artigo 225 que dispõe sobre o Meio Ambiente, o poder público estabelece como obrigatoriedade a definição de espaços e seus componentes, a serem preservados em todas as unidades da federação. Esse artigo também declara que todos os cidadãos têm direito de desfrutar de um meio ambiente equilibrado, essencial à qualidade de vida e que é dever do poder público e da coletividade defendê-lo e preservá-lo. Neste mesmo Artigo 225, § 1°, o poder público estabelece diretrizes para a preservação e restauração de processos ecológicos essenciais. Com relação a outros artigos da constituição que apresentem diretrizes para o meio ambiente, o Artigo 186, II prevê nas propriedades rurais a utilização adequada dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente. Política Nacional do Meio Ambiente – Lei 6.938/81 Estabelecida pela lei 6.938 de 31 de agosto de 1981, a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA, no Artigo 2º, inciso IV estabelece a proteção dos ecossistemas e preservação de áreas representativas e no Artigo 4º, inciso VI prevê em seus objetivos a preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida. Código Florestal – Lei 12.561 de 25 de maio de 2012 O código florestal revisado recentemente, Lei 12.651/2012, é o principal documento que rege sobre o uso de proteção da vegetação nativa. Essa lei estabelece normas gerais sobre a proteção de vegetação, áreas de preservação permanente e áreas de reserva legal. Também estabelece normas para o uso sustentável de florestas e o suprimento de matérias primas proveniente delas, o controle dos produtos florestais, controle e prevenção de incêndios florestais e prevê instrumentos econômicos e financeiros para atingir esses objetivos. O Art. 61-A que discorre sobre as Áreas de Preservação Permanente – APP, em seu § 16 considera: As Áreas de Preservação Permanente localizadas em imóveis inseridos nos limites de Unidades de Conservação de Proteção Integral criadas por ato do poder público até a data de publicação desta Lei não são passíveis de ter quaisquer atividades consideradas como consolidadas nos termos do caput e dos parágrafos anteriores, ressalvado o que dispuser o Plano de Manejo elaborado e aprovado de acordo com as orientações emitidas pelo órgão competente do Sisnama, nos termos do que dispuser regulamento do Chefe do Poder Executivo, devendo o proprietário, possuidor rural ou ocupante a qualquer título adotar todas as medidas indicadas. (incluído pela Medida Provisória nº571 de 2012). Conforme descrito no Artigo 41° § 6° da Lei 12651/2012 os proprietários localizados na zona de amortecimento de Unidades de Conservação de Proteção Integral, são elegíveis para receber apoio técnico-financeiro da compensação prevista no Art. 36 da Lei nº 9985/2000 com a finalidade de recuperação e manutenção de áreas prioritárias para a gestão da unidade. Lei de Crimes Ambientais – Lei 9.605/98 Essa lei de 12 de fevereiro de 1998 dispõe sobre sanções penais e administrativas decorridas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC – LEI nº 9.985 de 18 de julho de 2000 Essa lei institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC. De acordo o Artigo 2, inciso I a UC é definida como: “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.” O SNUC prevê a criação de diversas categorias de áreas protegidas, no caso de UC’s, sendo elas divididas em dois grupos: as de Uso Sustentável e as de Proteção Integral. O objetivo fundamental das Unidades de Proteção Integral é a preservação dos recursos naturais, sendo admitido apenas o uso indireto dos destes recursos, com exceção dos casos previstos nesta lei. No capítulo III que trata das categorias das Unidades de Conservação, em seu Art. 11 define que: 27 “O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.” E nos seus §1 ao §4 dispõem: “§1° O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. §2° A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento. §3° A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como aquelas previstas em regulamento. §4° As unidades desta categoria, quando criadas pelo Estado ou Município serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal.” No SNUC conforme disposto no seu Capítulo I, Art. 2°, inciso XVII, define o conceito de Plano de Manejo – PM como: “Documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gesta da Unidade”. Considera também em seu inciso XVIII que: “Zona de Amortecimento é o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de mini- mizar os impactos negativos sobre a Unidade.” E no inciso XIX define os Corredores Ecológicos como: “porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando Unidades de Conservação, que possibilitem entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência, áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais.” No Art. 27° as Unidades de Conservação devem possuir um Plano de Manejo que segundo o § 1° deve abranger a área da Unidade de Conservação, sua Zona de Amortecimento, os corredores ecológicos e promover medidas de integração com as comunidades vizinhas. Cabe ainda segundo o §3° a elaboração deste Plano de Manejo em um prazo de até 5 anos após a data de sua criação. Lei da Mata Atlântica – Lei n° 11.428/06 Essa lei criada em 2006, dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa e do bioma mata atlântica. Em seu Art. 7° dispõe que: “A proteção e a utilização do bioma Mata far-se-ão dentro de condições que assegure: I – a manutenção e a recuperação da biodiversidade, vegetação, fauna e regime hídrico do bioma mata atlântica para as presentes e futuras gerações; II – o estímulo à pesquisa, à difusão de tecnologias de manejo sustentável da vegetação e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de recuperação e manutenção dos ecossistemas; III - o fomento de atividades públicas e privadas compatíveis com a manutenção do equilíbrio ecológico; IV - o disciplinamento da ocupação rural e urbana, de forma a harmonizar o crescimento econômico com a manutenção do equilíbrio ecológico.” 3.2. LEGISLAÇÃO ESTADUAL A região onde se localiza o PNMC encontra-se no limite norte da RMSP, inserida no contexto regional da Serra do Japi e de suas áreas de preservação. É na década de 1980 que se iniciam os movimentos de preservação da Serra, devido a essa ser um importante remanescente de mata atlântica no interior do Estado o que contribui para a preservação de grandes áreas com remanescentes florestais na região, incluso a área do PNMC. Encontra-se a seguir o levantamento das leis estaduais que incidem na região do Parque. Áreas de Preservação Ambiental – Cabreúva, Cajamar e Jundiaí – APAs CCJ A área de proteção de Cabreúva foi criada em 1.984 pelo Decreto nº 4.023, essa área abrange tanto a região rural quanto a urbana do município. Essa 28 área foi ampliada em 2.006 pelo Decreto n°12.289 visando abranger a bacia hidrográfica formadora do Ribeirão Piraí. Com a ampliação do perímetro a APA passou a abranger trechos dos municípios de Indaiatuba, Itu e Salto. Em Cajamar, a área de proteção ambiental foi criada também no ano de 1.984, via Decreto n°4.055. Foi previsto nesse decreto a criação de parcerias e convênios visando impedir atividades que fossem causadoras da degradação da qualidade ambiental. A APA de Cajamar também abrange as áreas rurais e urbanas do município. A área de proteção ambiental de Jundiaí foi criada no mesmo ano (1984) que as anteriores via Decreto n° 4.095 e se assemelha as demais. A APA de Jundiaí também teve sua área ampliada via Decreto n°12.290 de 2.006, visando abranger a área de drenagem do rio Jundiaí Mirim. Essa ampliação inseriu trechos dos municípios de Jarinu e Campo Limpo Paulista, e ainda a área de drenagem do Ribeirão Caxambu, no trecho inserido no território do município de Itupeva. Após reestruturação interna realizada na Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo por meio do Decreto Estadual n°53.027 de 2008, foi atribuída à Fundação Florestal o gerenciamento das 23 APAs do Estado, que posteriormente aumentou para 30 APAs com a criação de quatro novas no Mosaico Jacupiranga e outras três APAs marinhas. As APAs CCJ possuem um único Conselho Gestor, o atual conselho foi renovado em 2013 e sua gestão irá até 2015. Estabelecidas pelo Decreto n° 48.149 de 2003, entre as atribuições deste conselho estão as de ser participativo e de que promova a integração entre as APAs, bem como, a implementação de políticas e diretrizes nacionais, estaduais e municipais de proteção ao meio ambiente. As APAs Cabreúva e Jundiaí já possuem Plano de Manejo, que encontra-se em fase de revisão, já para a APA Cajamar o primeiro Plano de Manejo ainda não foi finalizado e está em fase de retomada das atividades de elaboração. As APAs CCJ têm por objetivo: •A conservação de seu patrimônio ambiental, representado pelos remanescentes de Mata Atlântica e pelo número significativo de espécies da biota da região; •A proteção dos mananciais para abastecimento público, incluindo as cabeceiras dos cursos d’água; •Proporcionar condições para pesquisa; •Desenvolver o turismo sustentável explorando o valor cênico da paisagem, etc. Resolução de Tombamento do CONDEPHAAT – 08 de março de 1983 O livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico com inscrição nº 11 da página 304 de 01/09/1986 prevê o tombamento da Serra do Japi que é “um dos componentes topográficos das serranias de São Roque e Jundiaí que, juntamente com as Serras de Guaxinduva e Jaguacoara, faz parte de uma série de pequenas serras mantidas por rochas extremamente resistentes (quartzitos), que ocorrem no entremeio do maciço xistoso existente entre a Bacia de São Paulo e a Depressão Periférica Paulista. Correspondem a acidente que possui características de uma natureza integrada, quase intacta por mais de 90% de seu espaço total: condições geológicas relacionadas a solos pobres e frágeis, vegetação natural adaptada a solos de baixa fertilidade natural, aguadas límpidas em forma de “castelo d’água”, formadas por baixo volume d’água. As florestas das encostas e dos topos, fragilmente implantadas, funcionam, de um lado, como banco genético espacial de natureza tropical e, de outro, como importante refúgio para a fauna remanescente dos planaltos cristalinos interiores do Estado. A área do tombamento envolve um polígono irregular, aproximadamente orientado WSW-EWE, com coordenadas UTM 7.432,00-7.414,00 kmN e 307,00-286,00 kmE.” Essa descrição caracteriza o parecer de tombamento da Serra do Japi foi elaborado em 1.982 pelo Prof. Dr. Emérito da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo – FFLCH/USP Aziz Ab’saber, especialista em geografia física. Lei n° 7.663/91 – Política Estadual de Recursos Hídricos Esta lei rege sobre as orientações das políticas de recursos hídricos do Estado de São Paulo que prevê o gerenciamento integrado e participativo dos recursos hídricos, bem como, a adoção da bacia hidrográfica como unidade física-territorial de planejamento e gerenciamento. Dentre suas diretrizes define-se que o SIGRH - Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos assegurará os meios financeiros e institucionais para garantir: a proteção das águas, utilização racional dos recursos hídricos, maximização dos benefícios econômicos e sociais do aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos, entre outros. 29 O Parque Natural Municipal de Cajamar está inserido na Unidade de Gerenciamento Hídrico número 6 – Alto Tietê, na divisa com a UGRHI 5 - PCJ (Piracica- ba, Cabreúva, Jundiaí). O Mapa da divisão por bacias hidrográficas pode ser visto no capítulo 4, meio físico, hidrografia. 3.3. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL Decreto nº 3.792 de 31 de dezembro de 2007 que dispõe sobre a criação do PNMC Em seu Artigo 1° coloca: “Fica criado no Município de Cajamar, o Parque Natural Municipal, unidade de conservação e proteção integral, com área total de 55.056,87 m2 (cinquenta e cinco mil, cinquenta e seis metros e oitenta e sete centímetros quadrados), localizada na Estrada Francisco Missé, Bairro do Ponunduva, parte da área maior objeto da matrícula n° 6.171 do 2° Cartório de Registros de Imóveis de Jundiaí, adquirida pela Municipalidade através de Dação em Pagamento firmada com a empresa Nova Bandeirantes Construtora Ltda.” E em seu 2° artigo coloca os objetivos para o Parque: “I – conservar, proteger, ampliar e recuperar a área verde do Parque; II – preservar, conservar e proteger os espécimes de remanescentes do ecossistema natural; III – valorizar a paisagem local; IV – assegurar condições de bem estar público; V – desenvolver atividades sócio-ambiental e técnico científico, visando aprofundar o conhecimento e a conscientização em relação ao meio ambiente; VI – estimular e promover o turismo e o lazer de forma compatível com os demais objetivos do Parque; VII – outras atividades compatíveis com seus objetivos.” Decreto nº 4.682 que dispõe sobre a criação do conselho consultivo do Parque Natural Municipal de Cajamar O Conselho possui poder deliberativo e consultivo e é como instância superior para o planejamento e gestão estratégica, visando garantir a gestão democrática colegiada e participativa e garantir o meio ecologicamente equilibrado da presente unidade de conservação. A posse do Conselho Gestor aconteceu em 03 de abril de 2013 e o seu mandato é de 2 anos. Em seu artigo 2° descreve as atribuições desse Conselho: “I – elaborar o seu regimento interno, no prazo de noventa dias, a partir da sua instalação; II – acompanhar a elaboração, adoção e eventual revisão do Plano de Manejo da Unidade de Conservação; III – buscar a integração da Unidade de Conservação com as demais Áreas Protegidas e as áreas de entorno; IV – esforçar-se para compatibilizar os interesses dos diversos segmentos sociais relacionados com a Unidade de Conservação; V – avaliar o orçamento da Unidade de Conservação e o relatório financeiro anual elaborado pelo órgão gestor; VI – acompanhar a gestão por OSCIP ou por ONG locais e recomendar a rescisão do Termo de Parceria ou do Termo de Convênio se constatada irregularidade; VII – manifestar – se sobre obra ou atividade potencialmente causadora de impacto tanto dentro da Unidade de Conservação bem como em sua zona de amortecimento, mosaicos ou corredores ecológicos; VIII – propor diretrizes e ações para compatibilizar e integrar a relação com a população do entorno ou do interior da Unidade de Conservação, conforme o caso; IX – propor, apreciar e emitir parecer sobre materiais de monitoramento, avaliação ambiental, educação ambiental, questões relacionadas à fiscalização e propostas de normas para aperfeiçoar o controle das atividades desenvolvidas no PNMC; X – instituir Câmaras Técnicas para subsidiar a formulação de propostas ou debater assuntos de seu interesse, nas quais poderão atuar representantes de organismos governamentais e não governamentais, profissionais especializados, representantes de segmentos comunitários e empresariais que detenham interesse na temática relacionada à respectiva câmara técnica; XI – discutir as formas de viabilizar recursos financeiros para a consecução das ações contidas no Plano de Gestão. Parágrafo Único: As propostas de reformulação e aperfeiçoamento das condições de operação e manejo das atividades desenvolvidas no PNMC deverão ser subsidiadas por estudos técnicos e debatidas em assembleias que garantam a 30 validação por ampla participação de segmentos da população que atuam na área e residem no entorno da unidade de conservação. As propostas deverão ser aprovadas por maioria absoluta dos membros do Conselho Consultivo”. Plano Diretor do Município de Cajamar - Lei Complementar nº 095/2007 com alterações da Lei Complementar nº 133/2011 De acordo com o Plano Diretor – PD, do Título III – DO MEIO AMBIENTE, o capítulo I trata das disposições gerais. O artigo 60 apresenta a política ambiental do município: “A Política Ambiental no Município se articula às diversas políticas públicas de gestão e proteção ambiental, e áreas verdes, de recursos hídricos e de saneamento ambiental.” Com relação às diretrizes da Política Ambiental do Município, o capítulo III do mesmo título, trata da aplicação das leis federais, estaduais e municipais como instrumentos de gestão ambiental e apresenta a criação e a implementação de um Conselho de Defesa do Meio Ambiente - COMDEMA, assim como um Fundo Municipal de Meio Ambiente - FMMA, entre outras diretrizes (Art. 62). O PNMC segundo o PD está enquadrado no livro III da Ordenação Territorial – título I, capítulo III no Macrozoneamento IV – Região do Ponunduva, porém o PD está atualmente em fase de revisão e com a nova Lei Complementar n° 142 que trata da nova divisão de abairramento, o PNMC passa a fazer parte do distrito de Jordanésia, no bairro Serra dos Lagos. Outro aspecto legal importante de se ressaltar é que tanto na seção das diretrizes de política de áreas verdes, como nas ações estratégicas para essas áreas, a Prefeitura trata da importância da criação e manutenção de parques municipais. Vale ressaltar que no momento da escrita do Plano de Manejo o PD passa por uma revisão, podendo dados importantes, como o uso do solo serem alterados. Termo de compromisso de gestão compartilhada No período de 2011 a 2012 e de 2012 a 2013 foi assinado um Termo de Compromisso de Cooperação de Gestão Participativa Compartilhada entre a Mata Nativa – OSCIP ambientalista de Cajamar e a Prefeitura Municipal de Cajamar para a cogestão da Unidade de Conservação. Esse Termo foi renovado e tem validade até maio de 2014. PREFEITURA MUNICIPAL DE JUNDIAÍ Pela relevância que a área da Reserva Biológica da Serra do Japi tem sobre toda a região do seu entorno, foram compiladas aqui as principais leis municipais que incidem sobre a REBIO. Lei nº 6.672/1991 Cria a Reserva Biológica Municipal da Serra do Japi Decreto n° 13.196/1992 - Regulamenta a Reserva Biológica Municipal da Serra do Japi Regulamenta a Reserva Biológica que tem por finalidade a conservação dos recursos genéticos de fauna e flora, visando o desenvolvimento do estudo e da pesquisa científica. A Reserva Biológica é acessível a visitas de caráter educativo e científico, obedecidas as restrições de ordem legal, em especial as contidas na Lei nº 4.771/65 (Código Florestal), Lei nº 5.197/67 (Proteção à Fauna), Lei nº 6.902/81 (Política Ambiental) e Lei Orgânica do Município. Lei Complementar n° 417/2004 - Cria o Sistema de Proteção das Áreas da Serra do Japi Em seu Art. 1º: “Com a finalidade de preservar o território e assegurar a gestão participativa das áreas da Serra do Japi contidas no âmbito do Município de Jundiaí, fica criado o Sistema de Proteção das Áreas da Serra do Japi, assim constituído: I - Território de Gestão da Serra do Japi. II - Conselho de Gestão da Serra do Japi. III - Destacamento Florestal da Guarda Municipal. IV - Secretaria Municipal de Planejamento e Meio Ambiente. Art. 2º - O Território de Gestão da Serra do Japi fica ordenado nas seguintes áreas ou zonas: I. Reserva Biológica; II. Zona de preservação, restauração e recuperação ambiental, que corresponde às áreas de entorno da Reserva Biológica, que contém o polígono de tombamento definido pela Resol. 11 / 1983 do CONDEPHAAT; III. Zona de conservação ambiental da Ermida, que corresponde à zona de amortecimento na região da Ermida; IV. Zona de conservação ambiental da Malota, que corresponde à zona de amortecimento na região da Malota; V. Zona de conservação ambiental da Terra Nova, que corresponde à zona de amortecimento na região da Terra Nova; 31 Que estabelece diretrizes gerais e usos permitidos para as zonas de preservação, restauração e recuperação e conservação ambiental. As áreas que compõem a Reserva Biológica deverão integrar o patrimônio público municipal, mediante: desapropriações; contrapartidas ambientais de empreendimentos realizados na zona urbana do Município; provenientes de sentenças judiciais relativas à compensação de zonas ambientais ou de prejuízos de interesses difusos. A expansão da Rebio poderá ocorrer após a aquisição do seu atual território. Deverá ser elaborado um plano de manejo para a Rebio, sujeito à avaliação permanente e revisão, pelo menos, a cada quatro anos, que contemple, no mínimo, as seguintes ações: I. a instituição de corredores de mata nativa, interligando o território da Rebio às outras áreas naturais da Serra do Japi e região; II. estudos de expansão do território da Rebio na direção de terras de menor altitude; III. a instituição de uma estrutura administrativa da reserva, integrando as atividades realizadas na base ecológica municipal com o destacamento florestal da Guarda Municipal, visando ações de controle, fiscalização, educação ambiental e de capacitação dos recursos humanos, com a incorporação da participação da sociedade civil e das comunidades locais; IV. a recuperação de áreas degradadas; V. a construção, organização e manutenção do acervo de pesquisa, estudos e trabalhos realizados sobre a Serra do Japi. Aplicação de, pelo menos, 50% do montante anual arrecadado com a Taxa de Compensação Ambiental, definida na Lei Complementar nº 341 de 2002. Define a constituição e atribuições e competências do Conselho de Gestão da Serra do Japi.” 32 CAPÍTULO 4: DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL E ste capítulo abordará sobre todas as questões socioambientais que envolvem, tanto o território do PNMC, como a região onde ele está localizado. Para facilitar a compreensão o texto foi divido em: Meio Antrópico, Meio Físico e Meio Biótico. O meio antrópico discorrerá desde a formação do município de Cajamar e os temas importantes relacionados à história do município e os principais aspectos socioeconômicos podem influenciar na dinâmica do território do PNMC. Entende-se que com relação aos aspectos ambientais o Parque possui muitas semelhanças com os atributos físicos e biológicos da Serra do Japi e região, no que diz respeito a flora, a fauna e suas características físicas. Desse modo, o diagnóstico ambiental usou como recorte regional de estudo a área de influência da Serra do Japi. Já para os levantamentos específicos do PNMC, foram realizadas amostragens em campo. O meio físico apresenta os principais aspectos geomorfológicos, geológicos, pedológico, hidrográficos e climáticos. No meio biótico estão expostas as principais características sobre a vida silvestre e a vegetação do PNMC e seu entorno. 4.1. MEIO ANTRÓPICO 4.1.1. Os estudos arqueológicos recentes sobre a ocupação indígena no município de Cajamar ¹ A história da ocupação e do povoamento sobre o município de Cajamar e região antecede, e muito, a chegada dos colonizadores portugueses. Estudos arqueológicos realizados sobre a ocupação indígena na região próxima ao Pico do Jaraguá por ocasião da construção do Rodoanel Mário Covas, vem proporcionando um novo debate sobre os povos pré- cabralino que ocuparam a região. As pesquisas do Sítio arqueológico do Pico do Jaraguá demonstram que grupos humanos radicalmente distintos ocuparam áreas muito próximas. A possibilidade de se encontrar vestígios da ocupação Tupi-Guarani, ou mesmo de culturas anteriores, como das etnias dos Guarulhos, Maromis e outros, ou ainda culturas mais antigas como as Itararé-Taquara na região de Cajamar é uma possibilidade real. Fontes escritas apontam para a confirmação da ligação entre a região e os achados do Pico do Jaraguá com seus três sítios arqueológicos (Sítio do Jaraguá 1 e o 2 e o sítio Olaria 2), que cortam os Bairros do Jaraguá e Perus sendo que este último faz divisa com Cajamar. Segundo Cardoso, em sua pesquisa sobre os povos que ocuparam o município de Cajamar, ele cita “... Durante os séculos XVII e XVIII habitavam a região norte de São Paulo e da grande São Paulo vários povos de origem não Tupi, caso dos Guaianás e outros. Toda a extensão de terra entre Guarulhos e Juqueri de um lado e do Pico do Jaraguá na zona oeste era habitada por esses povos que foram empurrados mais para o norte da planície paulista pelos Tupis – guaranis.” E que conforme “... a toponímia, os relatos jesuíticos e de outros cronistas, além das informações de cunho arqueológico, fica patente que os indígenas que ¹ Origem do nome Cajamar: cai – a – mar = fruto colorido e manchado - referência ao Araçá, fruto abundante na região. Cai = manchado tostado + a = fruto + Mar = colorido pintado 33 dominavam os Campos de Piratininga eram pertencentes a um grupo Tupi, os chamados Tupiniquins (Monteiro 1994)². Na mesma região existiam vários outros grupos indígenas não Tupi, genericamente denominados Tapuias, dentre eles os Guaianás e Maromimi.” (Prezia 2000)³ Ao falarmos da história pré-colonial da região estamos narrando sobre povos que viveram aqui em 1.290dC e, que segundo Robrahn González, coordenadora do Programa Arqueológico do Rodoanel Metropolitano de São Paulo - “Corresponde à data atualmente mais antiga para a Arqueologia de São Paulo.” (ROBRHAN-GONZÁLES. Sociedade e Arqueologia. Trabalho de Livre Docência. Museu de Arqueologia e Etnologia de São Paulo) . Verifica-se, portanto, que o discurso sobre a improbabilidade de existirem locais onde possam ser encontrados vestígios arqueológicos na região de Cajamar não se fundamenta. Aliás, a realização de estudos arqueológicos no município auxiliaria a eliminar lacunas a respeito sobre a ocupação e o povoamento no período pré-colonial das áreas do Estado de São Paulo, possibilitando uma compreensão maior sobre as inter-relações entre diferentes grupos linguísticos no período pré-colonial. (RODRIGUES, A.R. & AFONSO M.C. -2002, p.155) . 4.1.2. Os caminhos para o interior e a ocupação e o povoamento da região de Cajamar O povoamento do território paulista pelos portugueses se consolidou, efetivamente, durante o século XVIII. No entanto, o conhecimento daquela vasta região, o chamado sertão, teria início a partir das incursões realizadas desde o século XVI. Essas investidas possibilitaram a abertura do interior da colônia através de três importantes caminhos. Um seguia pelo Vale do Paraíba e serviu de rota das expedições para Minas Gerais e para o norte e nordeste brasileiro. Um segundo caminho, passando por Campinas e Moji Mirim, se dirigia a Minas Gerais e Goiás. “As origens desse caminho e de muitos outros que partiram de São Paulo deveram-se originalmente, aos já existentes caminhos e trilhas indígenas. Para os primeiros colonos, esses caminhos foram muito mais importantes do que a definição política territorial da Colônia feita por Portugal por tratados e acordos. Um exemplo foi o de “PEABIRUS”, logo renomeado pelos jesuítas de ‘caminho de São Tomé’, que ligava vários pontos do litoral ao mais longínquo interior do continente e seguiam rumo ao Paraguai e a Argentina. (...) O “Peabiru” integra um emaranhado de caminhos pré-cabralinos compostos de mais 3 mil quilômetros de trilhas que atingiam Assunção, Potosi, ou até mesmo Cuzco, no Peru, como relatam religiosos e aventureiros que aqui passaram como Cabeza de Vaca, Montoya, Schmidel, entre outros.(...) Por terra e rumo ao Oeste, em torno de 1.583 já existia o caminho de Pinheiros. É a partir deste caminho que sugira o caminho de Jundiái.” (HOLANDA, 2000, p. 142-144) ² MONTEIRO, M. John - Tupis Tapuias, e Historiadores - Estudos de História Indígena e do Indigenismo - Tese apresentada para o Concurso de Livre Docência Área de Etnologia, Subárea História Indígena e do Indigenismo-Campinas, Agosto de 2001. In: CARDOSO. Pedro Alves. Arqueologia no município de Cajamar: Etnologia dos povos Pré-coloniais da região Norte da Grande São Paulo. http://www.arqueologiamericana.com.br/artigos/artigo_28.htm ³ PREZIA, B.A. Os Indígenas do Planalto Paulista nas Crônicas Quinhentistas e Seiscentistas. São Paulo, Humanitas, FFLCH-USP.2000. In: CARDOSO. Pedro Alves. Arqueologia no município de Cajamar: Etnologia dos povos Pré-coloniais da região Norte da Grande São Paulo. http://www.arqueologiamericana.com.br/artigos/artigo_28.htm ROBRHAN-GONZÁLES. Sociedade e Arqueologia. Trabalho de Livre Docência. MAE-USP. SP. 2005. RODRIGUES, A.R. & AFONSO M.C. Um olhar Etnoarqueológico para a ocupação Guarani no Estado de São Paulo -2002, p.155 HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visão do Paraíso. São Paulo: Brasiliense; Publifolha, 2000. 34 Foto 1 - Tartaruga de pedra Monolítico em Cajamar - Sítio do Gato Preto. Foto 2 - Arqueólogo Marcos Rogério registrando sítios e sondas, com demarcação de trincheira - Sítio do Gato Preto. Foto 3 - Artefatos - Sítio do Gato Preto. Fotos 4 e 5 - Retirada de artefatos na trincheira Sítio Arqueológico Histórico Gato Preto, Cajamar. 35 Imagem 3 - Capitania de São Paulo seu sertão. Francisco Tosi Columbina, século XVIII. Mapa da capitania com a indicação dos caminhos de tropas. Fonte: http://www.novomilenio.inf.br/santos/mapas/mapa106ag.jpg No final do século XVI já se encontravam delineadas as principais características da ocupação desse sertão-oeste da capital paulista, baseada na preação de índios, na busca de riquezas minerais e na formação de fazendas produtoras de gêneros de primeira necessidade. Com o passar dos anos, Santana do Parnaíba, Carapicuíba e Barueri transformaram-se em verdadeiros bairros rurais, sendo que o primeiro foi elevado a categoria de vila em 1625. Portanto, entre 1625 e 1640, com a dispersão e fixação dos fazendeiros e bandeirantes de Santana de Parnaíba por áreas próximas, principalmente às margens do rio Tietê, muitos desses bandeirantes paulistas ali se fixaram, sempre em função da exploração aurífera. Nesse contexto, também podemos inserir o município de Araçariguama, onde o mamelu- co Affonso Sardinha, conhecido como Capitão-Mor de São Paulo de Piratininga, registrou ter encontrado ouro de lavagem nas proximidades do Morro do Vuturuna em 1590, sendo este o marco histórico da formação de Santana do Parnaíba. Nas fazendas foi contínua a produção de gêneros alimentícios para abastecimento da cidade de São Paulo. Segundo Mawe, que percorrera os arredores de São Paulo em 1809: “[...] a fertilidade da região que circunda São Paulo pode ser avaliada pela quantidade de produtos com os quais, como afirmei, abarrotam o mercado. Há quase um século, este terreno era rico em ouro, e foi somente quando o exauriram, pela lavagem, que os habitantes pensaram em dedicar-se à lavoura.” (MAWE, 1978) MAWE, John. Viagens ao interior do Brasil (1807-1810). São Paulo: EDUSP; Belo Horizonte: Itatiaia Editora, 1978. 36 Mapa 1 - Paisagem século XVII e XVIII – com Parnayba e cidades vizinhas. Fonte: ZANETTINI, Paulo Eduardo. Maloqueiros e seus palácios de barro: o cotidiano doméstico na Casa Bandeirista. São Paulo. USP, 2005. Os relatos de viajantes como os de Saint Hilaire, John Mawe e de outros, demonstram que a região entre as cercanias do Pico do Jaraguá e o antigo perímetro urbano da cidade de São Paulo era dominada por uma combinação da velha agricultura de subsistência seiscentista com uma produção de açúcar que alimentava um intenso tráfego de tropas de burros de carga pela Estrada, contra o qual toda hora os viajantes tinham que se desviar. O ouro a que Mawe faz menção era o ouro aluvionar, explorado do final do século XVI ao início do século XIX. Embora modestas, em comparação com as ricas minas de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, as lavras paulistas tiveram certa expressão na economia colonial paulista, em especial no século XVIII. A localização das antigas lavras de ouro no território da atual região metropolitana de São Paulo é fornecida por Knecht (1950), a saber: São Paulo, Santana de Parnaíba (junto ao Ribeirão Itaim, na divisa com São Paulo), Cajamar, Franco da Rocha, Caieiras, Guarulhos e Suzano. Assim, por todo o século XIX, a região de Cajamar foi o local de pouso durante o percurso entre Santos e Jundiaí, no transporte de mercadorias. Naquela época, a região era usada como parada de tropas de soldados, além de ser ocupada pelas enormes fazendas de capitães da guarda responsáveis pela defesa do Caminho do Mar até o Porto de Santos. Entretanto, Cajamar permaneceria ainda por um longo período como zona periférica e pouco povoada do município de Parnahyba (Santana de Parnaíba). Santana de Paranaíba era o centro administrativo de uma região que incluía Araçariguama (emancipada em 1653 ), São Roque (separado em 1657), Barueri (1948), Bom Jesus do Pirapora (1958) e Cajamar(1959). Em 1944, Cajamar, antiga Água Fria, teve origem com o desmembramento do Distrito de Santana de Parnaíba, através do Decreto Lei nº 14.344. Sua elevação a Município deu-se pela Lei nº 5.285, de 18 de fevereiro de 1959, sendo instalado oficialmente em 1º de janeiro de 1960 (www. cajamar.sp.gov.br). 37 4.1.3. A ferrovia Perus – Pirapora e a CIA de Cimento Portland A inauguração da Estrada de Ferro Perus – Pirapora em 1914 e da Brazilian Portland Ciment Company em 1926, configura-se em uma nova etapa da História de Cajamar. A história da Estrada de Ferro Perus – Pirapora está estreitamente interligada com o bairro do Gato Preto, na época pertencente ao município de Santana do Parnaíba, hoje parte de Cajamar. O governo do Estado de São Paulo em 1910 concedeu licença a Companhia Industrial e de Estradas de Ferro Perus- Pirapora, para a construção de uma ferrovia com a justificativa inicial de atender os romeiros que se dirigiam ao Santuário de Pirapora (atual Município de Pirapora do Bom Jesus), o que de fato nunca se concretizou. A inauguração se deu em 1914, mas o seu trajeto original foi totalmente modifi- cado, o seu percurso se iniciava na estação Perus da antiga São Paulo Railway, margeando o Rio Juquery, mas no km 15 foi desviado para o Norte terminando no Bairro do Gato Preto, atual município de Cajamar. Essa estrada de ferro, com bitola de 60cm, é tida como única remanescente das ferrovias econômicas (CONDEPHAAT, 1998). O percurso original ficaria somente registrado no nome: Companhia Industrial Estrada de Ferro Perus – Pirapora (CIEFPP) e mais tarde Estrada de Ferro Perus – Pirapora (EFPP). As origens da E.F.P.P remontam ao século passado quando se iniciaram as explorações de cal na região entre Caieiras e Cajamar. A região hoje cortada pela Via Anhagüera, apresenta uma grande concentração de calcário, cuja exploração para obtenção de cal era feita no bairro do Gato Preto. Foto 6 - No centro da imagem, ao fundo, a estação do Gato Preto. Em primeiro plano, parte do pátio ferroviário e o depósito do forno de cal, hoje abandonado (Foto Koyusha SL - Kemuri Pro - Acervo Nilson Rodrigues). Fonte: Retirado em 28/07/2013 in http://www.estacoesferroviarias.com.br/g/gatopreto.htm 38 Fotos 7, 8 e 9 - Gato Preto, em 1925. Imagens extraídas do livro Polyanthéa, publicado no mesmo ano. Tudo funcionava: operários trabalhavam e trens andavam. No bairro do Gato Preto se extraía o calcário, a partir do qual se fabricava cal, mediante o seu processamento em vários fornos construídos pelos mesmos empreendedores que construíram a ferrovia. Ela então levava o produto pronto para embarque na São Paulo Railway, e distribuição na capital e cidades que estavam sendo construídas no interior paulista, naquele momento de auge da expansão ferroviária. Foi somente em 1926, doze anos após a inauguração da ferrovia e do complexo de produção de cal, que um grupo de origem canadense adquiriu o complexo e construiu a primeira fábrica de cimento do país, loca- lizada em Perus. A maior demanda de matéria-prima também originou a abertura de novas minas de calcário no Bairro de Água Fria, atual centro de Cajamar. Uma das locomotivas originais da ferrovia, onde operou nas minas de Gato Preto, vendida em 1939 para a CBCPP, desativada nos anos 60, foi preservada a partir de meados de 1970 sob uma cobertura nos escritórios da empresa em Cajamar. Foi restaurada pelo IFPPC em parceria com a Natura Cosméticos, sendo recolocada em tráfego em 2005. Foi a primeira locomotiva a percorrer os trilhos da E.F. Perus - Pirapora em 22 anos. Imagem 4 - O complexo cimenteiro de Perus e Cajamar. Fonte: Homepage (não oficial) da EFPP: htpp://www.geocities.com/estrada_de_ferro/ peruspirapora.htm in SIQUEIRA, Elcio. 2001. SIQUEIRA, Elcio. Companhia Brasileira de Cimento Portland Perus: contribuição para uma história da indústria pioneira do ramo no Brasil (1926 – 1987), Dissertação (Mestrado em História Economica), Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual de São Paulo, Araraquara, 2001. 39 Foto 10 - Locomotiva restaurada. “Fator decisivo para a instalação da fábrica, a área escolhida possuía algumas características especificas que se tornaram decisivas para a escolha de sua localização. Com um solo rico em minérios (xisto, calcário e caulin), próximo a algumas jazidas de calcário como a do Gato Preto em Cajamar, em uma área não urbanizada, com um relevo bastante irregular, as margens da ferrovia São Paulo Railway, a instalação da fábrica na região foi de grande importância para a industrialização paulista, possibilitando a expansão material da incipiente metrópole com sua alta produtividade, já que no início do século XX a cidade de São Paulo passa por uma ampla reformulação urbana de seu centro, além de obras de infraestrutura que contribuíssem para esse crescimento. Deve-se destacar que esta é considerada a primeira fábrica de cimento do tipo portland do país, e contava com uma alta tecnologia para a época” (BEZERRA, 1998). 4.1.4. Mobilizações sociais e a luta pelos direitos dos trabalhadores A Companhia Brasileira de Cimento Portland Perus (CBCPP) foi inaugurada por um consórcio formado por empresários canadenses e brasileiros em 1926, quando ainda não havia leis para garantir direitos trabalhistas, apenas decretos específicos sobre limite de idade e jornada noturna. Até a década de 1940 atendia à metade da demanda nacional. Em 1951 o empresário J.J. Abdalla comprou a fábrica, a pedreira e a estrada de ferro Perus –Pirapora. José João Abdalla (1903-1978), o poderoso J.J. Abdalla, dono de um complexo industrial, bancário, agropecuário e latifundiário, influente na política e famoso por comprar fábricas para explorar até que não dessem mais lucro, ficou conhecido como o “mau patrão” (apelido conferido pelo jornal O Estado de São Paulo). Foi deputado estadual e federal e secretário do Trabalho do governador Ademar de Barros entre 1950 e 1951. Após a aquisição da fábrica pelo Grupo Abdala, suas primeiras medidas direcionaram para a ampliação da capacidade produtiva a partir da implantação de um forno, sem ampliar a infraestrutura de alimentação desses fornos, o que culminou com uma sobrecarga em alguns postos de trabalho e da maquinaria existente (SIQUEIRA, 2001). A partir de 1954, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Cimento, Cal e Gesso passou a ter assessoria jurídica do advogado Mário Carvalho de Jesus, que não só acompanhava as causas trabalhistas, mas propunha uma nova maneira de luta baseada na “não violência ativa” – que posteriormente se chamaria “Firmeza Permanente” (JESUS, 1977). ¹¹ Todas as reivindicações foram marcadas por um BEZERRA, Marcio Antonio Melhado. A cimento Perus e a industrialização paulista e brasileira. Trabalho de Graduação Individual. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1998. 40 Foto 11 - Fábrica de Cimento Portland nos primeiros anos de funcionamento. Acervo de fotos digitalizadas da Fábrica de Cimento. tipo de enfrentamento diferente, que se baseava na orientação da “não violência ativa”, cujo lema era resistir, sem usar de violência, o que significava não aceitar nenhuma provocação por parte da polícia. Essa forma de luta deu origem ao nome “Queixadas”, nome este atribuído aos trabalhadores e que significa porcos do mato que, ao perceberem o perigo, reúnem-se em manadas, obrigando o inimigo a refugiar-se. O “Sindicato dos Queixadas” – como passou a ser conhecido – chegou a sindicalizar 99% dos trabalhadores assalariados. No período de 1954 a 1961, foi criada a cooperativa do “Queixada” com a finalidade de ajudar os companheiros que tivessem algum problema de família. Esse princípio da não violência ativa foi utilizado por outros movimentos sociais na época, entretanto, como aponta Ansara (2004) “havia um estilo próprio assumido pelos Queixadas que, posteriormente, foi denominado Firmeza Permanente. Esta proposta, inspirada na filosofia de Gandhi e fundamentada em valores evangélicos, tinha como princípio a resistência dos trabalhadores e a eficácia da não-violência.” (p. 129). ¹² Em outubro de 1958, os trabalhadores fizeram uma nova greve que durou quarenta e seis dias reivindicando 40% de aumento de salário. Em 1959, foram dispensados oitenta empregados com mais de nove anos de serviço para impedir que atingissem os dez anos de casa e ganhassem estabilidade, conforme a lei lhes garantia. Desde então, aconteceu uma sequência de lutas: pela estabilidade, pelo salário família, pelo prêmio-produção, pela casa própria (ao redor da fábrica). Em 1962, os trabalhadores da Companhia Perus-Portland iniciaram um movimento grevista que se estendeu até 1969. O movimento reuniu, no início, quatro sindicatos: Alimentação de Pirajuí, Têxteis de Jundiaí, Papel e Papelão de São Paulo e os Queixadas, num total de 3.500 trabalhadores que apresentavam reivindicações comuns não atendidas pelo mesmo empregador: o grupo Abdalla. No centésimo dia de greve, cerca de 100 trabalhadores furaram a greve, devido aos acordos assinados em separado pelos operários com os Abdalla, segundo o Sindicato. A Fábrica voltou a funcionar. Com o discurso de que os operários cumpriam, então, uma greve ilegítima, o Grupo Abdalla dispensou 1200 trabalhadores e abriu um inquérito contra ¹¹ JESUS, M. C. (Org.). A força da não-violência ativa: a firmeza permanente. São Paulo: Loyola-Veja, 1977. ¹² ANSARA. Soraia. Memória política da ditadura militar e repressão no Brasil: uma abordagem psicopolítica. 2004. Tese (Doutorado em Psicologia Social) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. 41 Foto 12 - Dia 29 de agosto de 1962, “O Dia do Furo”. Trabalhadores Grevistas olhando o caminhão, ao fundo, o qual levava seus colegas que furaram a Greve da “Portland”. A partir desse acontecimento a cidade de Cajamar ficou dividida entre Queixadas e Pelegos. 500 operários sob a alegação de terem praticado abandono de emprego e participação de uma greve ilegal. Durante os sete anos de greve, os trabalhadores fizeram diversas campanhas para angariar fundos, atividades que envolviam mulheres e filhos. As mulheres dos grevistas organizaram também uma cooperativa de costura para cobrir a ausência dos salários. Além disso, os Queixadas receberam recursos de algumas autoridades que eram simpáticas à causa dos trabalhadores. Vale assinalar que o estilo de luta desses operários sensibilizou a opinião pública da época, que passou a apoiá-los. Esse período, em contrapartida, foi de grande repressão por parte do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) e da polícia. O DOPS, como forma de intimidação, realizava várias “visitas” à casa dos operários (PAOLI, 1992) . Com o golpe mili- tar de 1964, o Sindicato dos Queixadas foi um dos primeiros a ficar sob intervenção e seus dirigentes sofreram inquéritos e prisões. Em 1967, os operários conseguiram a estipulação de multa diária para o reajuste dos salários. Isso repercutiu na imprensa e no sindicalismo. Obtiveram ainda o direito de greve, garantido pelo governador do Estado, Roberto Costa de Abreu Sodré. Em 1969, dos quase mil grevistas, 309 operários estáveis foram reintegrados com direito a receber os salários dos sete anos de greve. Os Queixadas continuaram a luta denunciando as fraudes e a corrupção e reivindicando a co-gestão da fábrica. As denúncias eram contra as infrações cometidas por J.J. Abdalla: contra a legislação, a burla dos direitos trabalhistas, entre outras, conforme aponta Gonçalves (1989) . Os inúmeros processos abertos contra o grupo Abdalla tiveram como resultado, no ano de 1973, PAOLI, M. C. Memória, História e cidadania: o direito ao passado. In. O direito à memória: patrimônio histórico e cidadania. São Paulo: Departamento Patrimônio Histórico, 1992. GONÇALVES, A. J. “Perus”: a violência dos pacíficos — “uma nova arma para uma velha luta.1989. Dissertação (Mestrado), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. 42 Foto 13 - Piqueteiras – Mulheres, esposas de Queixadas, que faziam piquetes em frente às fábricas e pedreiras da Companhia de Cimento Portland Perus. Cajamar, SP, anos 60. o confisco parcial dos bens da Fábrica de Cimento. A União passou a administrar a fábrica. O empresário permaneceu com a posse das pedreiras, vendendo a pedra superfaturada. Isso mobilizou novamente os trabalhadores e, em 1974, pediram ao presidente Ernesto Beckmann Geisel, por meio de abaixo-assinado, que fosse efetivado o confisco total, o pagamento dos salários em atraso e a instalação de filtros na fábrica para acabar com a poluição provocada pelo pó de cimento (PAOLI, 1992) . A greve dos sete anos, que terminou em 1969, foi julgada, no âmbito jurídico, várias vezes e finalmente, em 1975, o governo federal pagou os salários do período de greve – 2.448 dias. Os operários saíram vitoriosos, tendo o patrão, J.J. Abdalla, seus bens confiscados pelo Estado. Os operários juntaram- se à população para lutar contra a poluição, exigindo equipamentos para a eliminação do pó que saía da fábrica. Em 1979, o governo federal decretou o confisco do Sítio Santa Fé, e o revendeu de imediato para a Prefeitura de São Paulo que transformou parte da área no Parque Anhanguera (tal como reivindicado pelos sindicalistas de Perus e Cajamar) e outra parte no Aterro Sanitário Bandeirantes, o “lixão” de Perus, o que era para ser uma grande vitória popular veio PAOLI, M. C. Memória, História e cidadania: o direito ao passado. In. O direito à memória: patrimônio histórico e cidadania. São Paulo: Departamento Patrimônio Histórico, 1992. O Parque Anhangüera ocupa cerca de 1/6 da extensão total do território de Perus. É o maior parque da cidade de São Paulo, com 9,6 km². Sua divisa ao norte é composta por cerca de 6 km de caminho férreo, dispostos em suas terras e a faixa das matas ciliares do rio Juquery. O Departamento de Parque e áreas Verdes (DEPAVE) da Prefeitura de São Paulo possui registros de mais de 100 manchas de mata natural pelo Anhangüera. Em dezembro de 1998, um levantamento preliminar da Secretária do Verde e Meio ambiente (Inventariamento Faunístico do Município de São Paulo), publicado no Diário Oficial do Município assinalou a existência de 141 espécies de animais silvestres:101 variedades de pássaros, 15 de mamíferos,13 de rãs, 10 tipos de cobras, 1 lagarto e 1 de peixe de água doce. IN:ANJOS. Ana Cristina dos. O rio pelos trilhos: Introdução à história de Perus e Cajamar. IPEH – Instituto de Pesquisas em Ecologia Humana. 2008. 43 acompanhada por um grande problema ambiental. A luta dos Queixadas foi além das simples reivindicações trabalhistas, era uma luta contra as leis trabalhistas injustas, contra as fraudes e corrupção e de solidariedade a outras categorias sindicais. Os anos 80 foram marcados pela denúncia do cartel de cimento e pela luta junto a outros segmentos da sociedade, como, por exemplo, os sem teto. A proposta dos trabalhadores era de autogestão da fábrica e o objetivo era garantir cimento mais barato para a construção de casas para a população que morava em barracos. Pouco a pouco, a constante falta de matéria prima levou ao fechamento definitivo da fábrica em 1987. O fechamento do complexo cimenteiro chegou quatro anos mais cedo para o município de Cajamar, em 1983, com a paralisação das pedreiras de calcário e da Estrada de Ferro Perus-Pirapora. A consequência direta, além do desemprego, foram as tentativas de despejo em massa nas vilas operárias, que originou ao Sindicato dos “Queixadas”, a articulação de um movimento específico em defesa dos antigos moradores. O Prefeito Aristides Ribas de Andrade e o Presidente da Câmara Gino Rezaghi, antiga liderança “Queixada”, aderiram ao movimento por meio da promulgação de um decreto de desapropriação das vilas operárias (o que não se efetivou), mas que teve o efeito de suspender as expulsões das famílias. Neste mesmo período, Cajamar propiciou o surgimento do movimento pró-revitalização da Estrada de Ferro Perus-Pirapora com uma onda de mobilizações que resultou em 1987, na edição da Resolução de Tombamento da Estrada de Ferro Perus-Pirapora pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Ambiental e Turístico do Estado de São Paulo – CONDEPHAAT. Em 2000, o Instituto de Ferrovias e Preservação do Patrimônio Cultural – IFPPC assumiu a tarefa de realizar a manutenção e a revitalização de todo o patrimônio tombado da Estrada de Ferro Perus-Pirapora. A revitalização da Ferrovia está em andamento desde novembro de 2001, quando foi firmado um Termo de Comodato por cinquenta anos, renovável, entre os proprietários da Perus- Pirapora e o Instituto de Ferrovias. Em 18 de fevereiro de 2003, no 44º aniversário de emancipação política de Cajamar, teve início o projeto “Mutirão da Memória” de iniciativa do Departamento de Cultura e Lazer de Cajamar – hoje Diretoria Municipal de Cultura e Lazer. A ação colheu depoimentos, fotos, recortes de jornais, objetos de todas as espécies, obra de arte, entrevistas, livros e móveis. O trabalho despertou o interesse da sociedade, que voltou o olhar para a importância do material. Após um período como “Museu Intinerante”, em 2006 foi inaugurado o “Museu Municipal Casa da Memória”. O acervo foi formado a partir de um amplo projeto de pesquisa junto a população o que um ano depois da fundação da “Casa da Memória” originou o concurso para a criação de um hino para o município de Cajamar, onde todos os inscritos acentuaram a questão da greve. Outro projeto decorrente foi a produção de um livro chamado “Cidade de lutas e conquistas” construído com “a historia de um e de outro” com o suporte dos Agentes Culturais que deram forma a esse livro. Atualmente a “Casa da Memória” além do “Mutirão da Memória”, realiza oficinas culturais, festivais, concursos literários, saraus, artes plásticas, violão, violino e teatro. Essas ações ocorrem em Jordanésia, Polvilho e Cajamar-Centro e são abertas à população. 44 4.1.5. Ponunduva: um caminho para Pirapora de Bom Jesus A região onde o bairro se localiza foi ocupada pelas fazendas de café e cana-de-açúcar pertencentes às famílias Missé e Pontes, no século XIX. Com o passar do tempo, essas fazendas foram sendo divididas entre os herdeiros ou vendidas a terceiros, que lotearam as terras e constituíram o bairro, formado hoje por chácaras de moradia e de lazer. Antes de ser denominado de Ponunduva, o local tinha o nome de Juruvaúva devido a fazenda ali existente da família Pontes. O antigo vilarejo chamado “Santa Maria” é um dos caminhos mais utlizados pelos romeiros que vão para Pirapora do Bom Jesus até os dias atuais. Antes de seguirem para o seu destino, os romeiros param na capelinha da antiga Santa Maria, deixando um santo, uma flor, uma foto, um objeto. Atualmente, as principais manifestações da romaria acontecem nos meses de maio e outubro. A origem do nome do bairro é descrita na revista do Plano Diretor do município, publicada em novembro de 2006 que Ponunduva é o nome de um granitóide existente na região. 4.1.6. O Município de Jundiaí A Serra do Japi está localizada no município de Jundiaí vizinho a Cajamar. De acordo com estudos elaborados sobre a região, Jundiaí era habitado exclusivamente por povos indígenas até o início do século XVII. Os primeiros colonizadores brancos chegaram na região por volta de 1615. Apesar de ter divergências históricas, acredita-se que Rafael de Oliveira e Petronilha Rodrigues Antunes se instalaram na região, fugidos de São Paulo por motivos políticos. Foi nos arredores de Jundiaí que os colonizadores fundaram a Freguesia de Nossa Senhora dos Desterros, elevada à categoria de vila em dezembro de 1655. Essa onda migratória em conjunto com os movimentos dos bandeirantes relacionados à capitania de São Vicente foram os principais responsáveis pela origem de Jundiaí. Posteriormente, Jundiaí sofre desmembramentos justamente devido à dinâmica de povoamento da região. Ao sofrer os desmembramentos e consequentemente perda de sua população, Jundiaí passa de porto seco no século XVII para uma economia de subsistência no século XVIII. Apesar de a colonização deixar marcas importantes na região, a presença indígena sempre se fez presente, principalmente nos nomes dos rios, montanhas e das cidades, como é o caso de Jundiaí, que em tupi-guarani significa o nome de um peixe que vivia nas águas da região. Como também alguns de seus bairros mais antigos, com nomes de origem tupi: anhangabaú, “água podre”; japi, “nascente” ou “cabeceira das águas”; pacaembu, “arroio de pacas”; tijuco-preto, “barro preto”; caaguaçu, “mato alto” ou “matão”. A partir da segunda metade do século XIX a produção de café na região se expandiu promovendo o crescimento econômico da cidade, alavancando a indústria e a ferrovia local. Foi em 1867 a inauguração da estrada de ferro Santos-Jundiaí, coincidindo com a crise dos escravos. Foi nessa época que se iniciou o processo de imigração incentivado pelo governo federal. Os primeiros a chegarem na região foram os italianos, primeiramente instalados nas lavouras, e rapidamente passaram a ser colonos e proprietários de terras. Em 1920 o município de Jundiaí contava com uma população de aproximadamente 44.000 habitantes. O processo de industrialização da cidade acompanhou o de implantação das vias de circulação e por isso, elas se instalavam próximos à ferrovia e às margens do Rio Guapeva, sendo que as principais eram do ramo cerâmico e têxtil. Nos anos 30 e 40, após a inauguração da Rodovia Anhanguera, o município atraiu outras indústrias, como as metalúrgicas. Devido ao quadro de franca expansão urbana e industrial e por estar localizada entre dois importantes centros urbanos do estado, Campinas e São Paulo, a Serra do Japi sofre pressões da expansão urbana. A destruição de florestas e sua substituição por campos, monoculturas e loteamentos causam impactos no meio ambiente e consequentemente na vida da população de Jundiaí e região. FERREIRA, Abílio (org.), CAJAMAR, cidade de lutas e conquistas. Ed. Nova América, São Paulo, 2008. págs. 126 e 131. Japi: em Tupi, significa nascente de rios. Jundiaí: em Tupi, “jundiá” significa “bagre” e “y” significa “rio”. Alguns estudiosos também consideram o termo “yundiaí” como “alagadiços de muita folhagem e galhos secos”. Fonte: Prefeitura de Jundiaí. 45 São duas as grandes e principais preocupações com relação à preservação da Serra: - A pressão imobiliária – devido à expansão dos municípios do entorno, onde também se insere Cajamar, e também a promoção de parcelamentos irregulares do solo e a implantação de loteamentos clandestinos. - A expansão do parque industrial de jundiaí, que leva à deterioração da qualidade do ar e das águas, devido aos dejetos despejados nos corpos e cursos d’água da região. 4.1.7. Aspectos socioeconômicos do município de Cajamar O distrito de Água Fria, pertencente à Santana de Parnaíba teve seu nome alterado para Cajamar em 1944, e foi emancipado em 1959. Atualmente o município é composto por três distritos: Sede, Jordanésia e Polvilho, compondo um total de 40 bairros ² . A área total do município é de 131,33 Km² e sua densidade demográfica é de 507,6 habitantes por Km², bem abaixo da região metropolitana de São Paulo que é 2.513, 34 habitantes por Km². O município de Cajamar possui população de cerca de 64.000 habitantes, segundo o último censo demográfico do IBGE, 2010. Este subitem do plano de manejo está dividido em: condições de vida, educação, economia, trabalho e rendimento, uso e ocupação do solo, coleta de lixo, ocorrência de incêndios, Conselhos Municipais e associações e entidades representativas. ² No momento da escrita deste Plano, o PD – Plano Diretor do município está em fase de revisão, o que pode alterar o seu zoneamento. 46 Mapa 2 - Densidade Demográfica Cajamar. 47 a. Condições de vida De acordo com o índice paulista de responsabilidade social, elaborado pela Fundação SEADE - Sistema Estadual de Análise de Dados, desde 2000 o município se enquadra no Grupo 2 do IPRS – Índice Paulista de Responsabilidade Social, indica que embora o município apresente um nível de riqueza considerável, não exibe bons indicadores sociais. O IPRS é composto pelas dimensões do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH (renda, longevidade e escolaridade) e possui 5 grupos. Quanto mais próximo do 5º grupo, piores são as condições das dimensões incluídas. No caso de Cajamar, embora a produção de riqueza seja alta, com relação à longevidade e à escolaridade, o município se enquadrou na categoria baixa com relação aos indicadores sociais. Outro indicador importante para analisar as condições de vida municipal é o índice de vulnerabilidade social – IPVS, que apresenta 6 níveis de vulnerabilidade, sendo que Cajamar ficou classificado da seguinte maneira: • O Grupo 1 (baixíssima vulnerabilidade): 2.216 pessoas (3,5% do total). No espaço ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal médio dos domicílios era de R$3.804 e em 3,8% deles a renda não ultrapassava meio salário mínimo per capita. Com relação aos indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios era de 37 anos e aqueles com menos de 30 anos representavam 34,1%. Dentre as mulheres chefes de domicílios 38,7% tinham até 30 anos, e a parcela de crianças com menos de seis anos equivalia a 9,9% do total da população desse grupo. • O Grupo 2 (vulnerabilidade muito baixa): 7.426 pessoas (11,7% do total). No espaço ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal médio dos domicílios era de R$2.431 e em 10,3% deles a renda não ultrapassava meio salário mínimo per capita. Com relação aos indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios era de 45 anos e aqueles com menos de 30 anos representavam 11,6%. Dentre as mulheres chefes de domicílios 10,8% tinham até 30 anos, e a parcela de crianças com menos de seis anos equivalia a 7,7% do total da população desse grupo. • O Grupo 3 (vulnerabilidade baixa): 31.575 pessoas (49,7% do total). No espaço ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal mé- dio dos domicílios era de R$1.941 e em 15,0% deles a renda não ultrapassava meio salário mínimo per capita. Com relação aos indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios era de 41 anos e aqueles com menos de 30 anos representavam 23,7%. Dentre as mulheres chefes de domicílios 26,3% tinham até 30 anos, e a parcela de crianças com menos de seis anos equivalia a 9,3% do total da população desse grupo. • O Grupo 4 (vulnerabilidade média - setores urbanos): 6.666 pessoas (10,5% do total). No espaço ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal médio dos domicílios era de R$1.632 e em 23,6% deles a renda não ultrapassava meio salário mínimo per capita. Com relação aos indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios era de 46 anos e aqueles com menos de 30 anos representavam 12,9%. Dentre as mulheres chefes de domicílios 11,7% tinham até 30 anos, e a parcela de crianças com menos de seis anos equivalia a 9,3% do total da população desse grupo. • O Grupo 5 (vulnerabilidade alta - setores urbanos): 12.711 pessoas (20,0% do total). No espaço ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal médio dos domicílios era de R$1.380 e em 27,3% deles a renda não ultrapassava meio salário mínimo per capita. Com relação aos indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios era de 41 anos e aqueles com menos de 30 anos representavam 24,4%. Dentre as mulheres chefes de domicílios 25,6% tinham até 30 anos, e a parcela de crianças com menos de seis anos equivalia a 10,9% do total da população desse grupo. • O Grupo 6 (vulnerabilidade muito alta aglomerados subnormais): 2.883 pessoas (4,5% do total). No espaço ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal médio dos domicílios era de R$1.209 e em 35,1% deles a renda não ultrapassava meio salário mínimo per capita. Com relação aos indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios era de 38 anos e aqueles com menos de 30 anos representavam 33,0%. Dentre as mulheres chefes de domicílios 35,0% tinham até 30 anos, e a parcela de crianças com menos de seis anos equivalia a 11,3% do total da população desse grupo. (Fonte: Fundação SEADE, 2013 - http://www.iprsipvs.seade.gov.br/view/index.php) 48 Imagem 5 - IPVS - município de Cajamar - 2012. Fonte: Fundação SEADE, 2013 - http://www.iprsipvs.seade.gov.br/view/index.php De acordo com o mapa é possível observar grandes áreas do município que se enquadram nos grupos 4 e 5, de vulnerabilidade média e alta respectivamente. b. Educação Em o todo Estado de São Paulo a educação básica obteve uma melhora significativa em seus indicadores educacionais na última década e o município de Cajamar têm acompanhado essa melhora. Indicadores também confirmados pelo Sistema de Informa- ções dos Municípios Paulistas – IMP (SEADE). Com relação à taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais, no ano 2000 Cajamar apresentava uma taxa de 8,75% e em 2010, 5,2%. Apesar da melhora, o município ainda fica com a taxa de analfabetismo acima do Estado e da Região Metropolitana de 4,33% e 3,6% (2010) respectivamente. A taxa de evasão escolar do ensino fundamental e médio também diminui em Cajamar que era de 2,11% e 11,31% em 2000 e caiu para 0,8% e 7,5% em 2011, respectivamente. Tabela 4 - Taxa de evasão escolar. LOCALIDADE Total Estado de SP Total RMSP Cajamar Total Estado de SP Total RMSP Cajamar EDUCAÇÃO Educação - Taxa de Evasão do Ensino Fundamental Total (Em %) Educação - Taxa de Evasão do Ensino Médio Total (Em %) 2000 3,43 3,52 2,11 10,44 10,27 11,31 2011 0,9 1 0,8 4,5 4,9 7,5 49 Com relação às taxas de aprovação, estas encontram-se elevadas em quase todas as faixas do ensino se mantém acima dos 90%, com exceção do ensino médio da rede pública estadual, onde as taxas ficam em torno de 80%. Tabela 5 - Evolução da taxa de aprovação nos ensinos fundamental 1, fundamental 2 e médio, no período de 2000 a 2011. LOCALIDADE Cajamar VARIÁVEL Educação - Taxa de Aprovação do Ensino Fundamental Total (Em %) Educação - Taxa de Aprovação 1ª a 4ª Séries – Total (Em %) Educação - Taxa de Aprovação 5ª a 8ª Séries – Total (Em %) Educação - Taxa de Aprovação do Ensino Fundamental – Rede Pública (Em %) Educação - Taxa de Aprovação 1ª a 4ª Séries – Rede Pública (Em %) Educação - Taxa de Aprovação 5ª a 8ª Séries – Rede Pública (Em %) Educação - Taxa de Aprovação do Ensino Fundamental – Rede Estadual (Em %) Educação - Taxa de Aprovação 1ª a 4ª Séries – Rede Estadual (Em %) Educação - Taxa de Aprovação 5ª a 8ª Séries – Rede Estadual (Em %) Educação - Taxa de Aprovação do Ensino Fundamental – Rede Municipal (Em %) Educação - Taxa de Aprovação 1ª a 4ª Séries – Rede Municipal (Em %) Educação - Taxa de Aprovação 5ª a 8ª Séries – Rede Municipal (Em %) Educação - Taxa de Aprovação do Ensino Fundamental – Rede Particular (Em %) Educação - Taxa de Aprovação 1ª a 4ª Séries – Rede Particular (Em %) Educação - Taxa de Aprovação 5ª a 8ª Séries – Rede Particular (Em %) Educação - Taxa de Aprovação do Ensino Médio Total (Em %) Educação - Taxa de Aprovação do Ensino Médio – Rede Pública (Em %) Educação - Taxa de Aprovação do Ensino Médio – Rede Estadual (Em %) Educação - Taxa de Aprovação do Ensino Médio – Rede Municipal (Em %) Educação - Taxa de Aprovação do Ensino Médio – Rede Particular (Em %) Fonte: IMP – SEADE, 2013. 2000 2009 2010 2011 93,19 95,7 95,1 95,9 94,5 97,9 98 98 91,9 93,2 92,2 93,8 93,09 95,6 94,9 95,9 94,43 97,9 98 98,1 91,78 93,1 92 93,7 91,8 90,5 88,8 92,2 - - - - 91,8 90,5 88,8 92,2 94,3 96,9 96,5 96,7 94,43 97,9 98 98,1 91,22 94,9 94,1 94,7 97,51 97,4 96,9 96 96,73 97,9 97,5 96,7 98,86 96,5 95,9 94,9 83,95 81,2 80,4 79,3 83,73 81 79,9 78,6 83,73 81 79,9 78,6 - - - - 97,62 89,2 93,3 96,7 50 c. Economia O nascimento de Cajamar está vinculado à implantação da fábrica de cimento canadense, Cimento Portland, que foi instalada em Perus ao lado da estrada de ferro Santos-Jundiaí. A matéria prima da fábrica era proveniente das pedreiras de Água Fria, nome anterior do município de Cajamar. O município de Cajamar faz parte da Região Metropolitana de São Paulo e possui participação nas exportações do Estado em 0,3% e na Região Metropolitana em 33%. De acordo com dados municipais, o crescimento econômico de Cajamar no biênio 2009/2010 foi de 38, 01%, acima da média do Estado que foi de 12,07%. Tabela 6 - Economia do Município de Cajamar. ECONOMIA Participação nas Exportações do Estado (Em %) Participação da Agropecuária no Total do Valor Adicionado (Em %) Participação da Indústria no Total do Valor Adicionado (Em %) Participação dos Serviços no Total do Valor Adicionado (Em %) PIB (Em milhões de reais correntes) PIB per Capita (Em reais correntes) Participação no PIB do Estado (Em %) ANO MUNICÍPIO REG. GOV. ESTADO 2012 0,323588 33,128652 100 2010 0 0,05 1,87 2010 39,83 24,47 29,08 2010 60,17 75,48 69,05 2010 2010 2010 5.501,59 85.977,16 0,44 701.848,59 35.685,60 56,256082 1.247.595,93 30.264,06 100 Fonte: IMP – SEADE, 2013. Com relação ao produto interno bruto (PIB) de Cajamar, sua participação no Estado corresponde a 0,44% do total do Estado e o PIB per capita, que é a soma de todas as riquezas do município dividida pela sua população é de R$ 85.977,16. Com relação à participação do total do valor adicionado, o município de Cajamar apresenta grande parte da sua economia no setor de serviços 60,17% e 39,83% no setor industrial, sendo quase inexistente a participação do setor agropecuária (por isso nas porcentagens aparecem como zero). Os valores da participação dos serviços e das indústrias podem ser verificados na tabela a seguir: Tabela 7 - Valor Adicionado Fiscal da Indústria e Participação da Indústria e dos Serviços no Total do Valor Adicionado. VALOR ADICIONADO FISCAL DA INDÚSTRIA E PARTICIPAÇÃO DA INDÚSTRIA E DOS SERVIÇOS NO TOTAL DO VALOR ADICIONADO Valor Adicionado na Indústria (Em milhões de reais correntes) Participação da Indústria no Total do Valor Adicionado (Em %) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Total (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Extrativa (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Minerais Não Metálicos (Em reais de 2012) 2010 1.800,37 39,83 2.500.543.291 73.037.410 22.823.323 51 VALOR ADICIONADO FISCAL DA INDÚSTRIA E PARTICIPAÇÃO DA INDÚSTRIA E DOS SERVIÇOS NO TOTAL DO VALOR ADICIONADO Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Metalurgia Básica – Ferrosos (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Metalurgia Básica – Não Ferrosos (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Produtos de Metal (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Máquinas e Equipamentos (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Eletrodomésticos (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Máquinas para Escritório e Equipamentos de Informática (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Material Eletrônico e Equipamentos de Comunicações (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Equipamentos Médicos, Óticos, de Automação e Precisão (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Material de Transporte – Montadoras e Autopeças (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Madeira (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Móveis (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Papel e Celulose (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Artigos de Borracha (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Couros e Calçados (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Produtos Químicos (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Combustíveis (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Produtos Farmacêuticos (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Produtos de Perfumaria e Cosméticos (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Produtos de Plástico (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Têxtil (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Vestuário e Acessórios (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Produtos Alimentícios (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Bebidas (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Fumo (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Edição, Impressão e Gravações (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Reciclagem (Em reais de 2012) Valor Adicionado Fiscal da Indústria – Diversas (Em reais de 2012) Valor Adicionado dos Serviços (Em milhões de reais correntes) Participação dos Serviços no Total do Valor Adicionado (Em %) Valor Adicionado na Indústria (Em milhões de reais correntes) Participação da Indústria no Total do Valor Adicionado (Em %) 2010 x 253.235.542 192.233.973 x 39.427.598 3.643.860 1.344.688 187.281.689 7.144.300 200.281 36.181.409 14.386.987 3.273.160 169.209.510 x 743.708.654 92.068.011 7.270.850 236.585 77.736.972 208.165.348 x 4.771.970 2.719,41 60,17 1.800,37 39,83 Fonte: IMP – SEADE, 2013. 52 2012, o que significa um total de 483 vagas para cada d. Trabalho e rendimento De acordo com a Prefeitura do município de Ca- mil habitantes, enquanto outras cidades da região sojamar havia cerca de 31.444 empregos formais em mam apenas 309. Gráfico 1 - Distribuição dos empregos formais de Cajamar por setor - 2011, em números absolutos Fonte: IMP – SEADE, 2013. As informações da RAIS – Relação Anual de Infor- do das indústrias. Os dados da RAIS são de abril de mações Sociais, corroboram a maior parte das vagas 2013, porém é possível também visualizar os resultade emprego do município no setor de serviços, segui- dos no ano e nos 12 meses anteriores. Tabela 8 - Evolução do emprego por setor de atividade econômica de Cajamar SETORES EXTRATIVA MINERAL INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO SERV INDUST DE UTIL PÚBLICA CONSTRUÇÃO CIVIL COMÉRCIO SERVIÇOS ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AGROPECUÁRIA TOTAL TOTAL ADMIS. ABRIL/2013 NO ANO ** EM 12 MESES *** TOTAL VARIAC. TOTAL TOTAL VARIAC. TOTAL TOTAL VARIAC. SALDO SALDO SALDO DESLIG. EMPR % * ADMIS. DESLIG. EMPR % ADMIS. DESLIG. EMPR % 4 2 2 1,27 11 10 1 0,63 24 32 -8 -4,79 464 437 27 0,20 1.810 1.637 173 1,28 4.957 4.441 516 3,91 0 1 -1 -5,56 0 1 -1 -5,56 103 50 53 -147,22 96 159 -63 -4,93 422 631 -209 -14,56 1.465 1.550 -85 -6,48 232 402 259 558 -27 -156 -0,44 -1,48 1.180 2.131 1.178 1.945 2 186 0,03 1,83 3.199 5.164 3.237 4.856 -38 308 -0,62 3,06 27 17 10 21,74 97 68 29 107,41 182 333 -151 -72,95 17 1.242 14 1.447 3 -205 0,77 -0,64 95 5.746 86 5.556 9 190 2,35 0,60 266 15.360 247 14.746 19 614 5,09 1,95 Fonte: MTE-CADASTRO GERAL DE EMPREGADOS E DESEMPREGADOS-LEI 4923/65. ** Resultados acrescidos dos ajustes; a variação relativa toma como referência os estoques do mês atual e do mês de dezembro do ano t-1, ambos com ajustes. 53 Os dados de informações municipais da Fundação dos da distribuição dos empregos formais por setores SEADE apontam para o ano de 2011, aproximada- apontam aproximadamente 33.000. mente 37.000 empregos formais, entretanto, os daTabela 9 - Empregos formais em Cajamar de 2009 a 2011 EMPREGOS FORMAIS Empregos Formais de Homens Empregos Formais de Mulheres Empregos Formais das Pessoas de até 24 Anos Empregos Formais das Pessoas de 25 a 39 Anos Empregos Formais das Pessoas de 40 a 59 Anos Empregos Formais das Pessoas de 60 Anos e Mais Empregos Formais das Pessoas com Ensino Fundamental Incompleto Empregos Formais das Pessoas com Ensino Fundamental Completo Empregos Formais das Pessoas com Ensino Médio Completo Empregos Formais das Pessoas com Ensino Superior Completo Empregos Formais – Total 2009 23.464 16.610 7.623 20.345 11.468 638 7.270 10.856 18.525 3.423 40.074 2010 24.525 16.590 7.747 20.568 12.057 743 6.100 11.106 19.662 4.247 41.115 2011 22.203 15.718 6.755 19.360 11.007 799 5.842 9.145 18.319 4.615 37.921 Fonte: IMP – SEADE, 2013. Com relação ao rendimento médio da população de Cajamar, percebe-se que o rendimento médio mensal dos responsáveis pelos domicílios particulares permanentes em Cajamar fica bem abaixo da média dos responsáveis da Região Metropolitana como um todo. Além disso, 57% dos responsáveis pelos domicílios no município são sem rendimentos, ou recebem uma renda equivalente até meio salário mínimo, isto é, grande parte da população de Cajamar apresenta rendimentos baixos. Estes dados podem ser comprovados mediante comparação com o restante da RMSP, onde se observa que os valores são praticamente o dobro em relação a Cajamar nos dois períodos: 2000 e 2010. 54 Tabela 10 - Rendimento dos responsáveis pelos domicílios particulares permanentes - 2000/2010 LOCALIDADE RMSP RMSP RMSP RMSP RMSP Cajamar Cajamar Cajamar Cajamar Cajamar VARIÁVEL Rendimento Médio Mensal das Pessoas Responsáveis pelos Domicílios Particulares Permanentes (Em reais correntes) Pessoas Responsáveis pelos Domicílios Particulares Permanentes sem Rendimento (Em %) Domicílios Particulares com Renda per Capita de até 1/4 do Salário Mínimo (Em %) Domicílios Particulares com Renda per Capita de até 1/2 Salário Mínimo (Em %) Renda per Capita (Em reais correntes) Rendimento Médio Mensal das Pessoas Responsáveis pelos Domicílios Particulares Permanentes (Em reais correntes) Pessoas Responsáveis pelos Domicílios Particulares Permanentes sem Rendimento (Em %) Domicílios Particulares com Renda per Capita de até 1/4 do Salário Mínimo (Em %) Domicílios Particulares com Renda per Capita de até 1/2 Salário Mínimo (Em %) Renda per Capita (Em reais correntes) 2000 2010 1.265,10 2.140,62 11,38 16,16 8,91 20,52 507,36 948,09 746,73 1.291,55 12,18 21,84 10,42 24,66 297,47 571,55 Fonte: IMP – SEADE, 2013. e. Uso e Ocupação do solo O Plano diretor municipal de Cajamar encontra-se em processo de revisão e ainda possui mapas publicados em versão preliminar, como é o caso do mapa de Uso e ocupação solo. Esse mapa foi elaborado com base nas informações do Atlas de uso do solo da RMSP, elaborado pela EMPLASA em 2003. Por meio de visitas ao município e análise do mapa de uso e ocupação do solo do município de Cajamar é possível perceber que o município apresenta sua área urbana fragmentada pelos distritos: Jordanésia, Sede e Polvilho. Essa fragmentação dificulta, por exemplo, a mobilidade no município e, portanto, a integração do seu território. Chama a atenção no mapa de uso e ocupação do solo é o tamanho das áreas de reflorestamento (eucaliptos e pinus), que segundo dados do plano diretor essa cultura ocupa mais de 51% da área do município. Outros números expressivos tratam da vegetação, mais de 33% de Cajamar é coberta por capoeira, campo, mata e vegetação de várzea (somados), muito superior à área urbanizada, que perfaz 4,4% da área municipal. Com esse quadro podemos classificar Cajamar como um município verde. 55 Tabela 11 - Porcentagens de classes do Uso e ocupação do solo com relação ao total do município de Cajamar CLASSES PORCENTAGENS (%) REFLORESTAMENTO 51,87 MATA 14,40 CAMPO 11,33 CAPOEIRA 6,38 CHÁCARA 5,41 ÁREA URBANIZADA 4,44 INDÚSTRIA 1,92 VEGETAÇÃO DE VÁRZEA 1,57 MINERAÇÃO 0,91 RODOVIA 0,52 EQUIPAMENTO URBANO 0,40 MOV. TERRA/SOLO EXPOSTO 0,39 ÁGUA 0,19 LOTEAMENTO DESOCUPADO 0,07 OUTRO USO 0,02 FAVELA 0,01 TOTAL 100 Fonte: Plano Diretor do município de Cajamar, 2011. Abaixo a descrição do bairro Serra dos Lagos, RePorém, com a nova divisão de bairros, implementadas pela Lei Complementar 142 – de 1° de julho de serva do Ponunduva e Ponunduva de acordo com a 2013, que trata sobre a nova divisão de bairros e limi- Lei Complementar 142 de 1° de julho de 2013: tes distritais do município, Cajamar será dividida em 40 bairros, sendo 38 considerados como zona urba- Serra dos Lagos: “Localizado na porção norte do Município, e no na e 2 como zona rural. extremo norte do Distrito de Jordanésia, está situOutra situação que chama atenção nesta nova classificação e zoneamento dos bairros é de que apeado entre: o Bairro Reserva do Ponunduva na divisa do Distrito Sede a oeste, a divisa do Município sar de o mapa de Uso e ocupação do Solo, considede Jundiaí ao norte, a Via Anhanguera do Km 47 rar apenas 7,34% do território como área não verde ao 45,3 ao Leste, o Bairro das Torres e Empre(considerando 4,4% de área urbanizada; 1,92% de insarial do Bosque ao sul. Contém 5 loteamentos dústria; rodovia 0,52%; equipamento urbano 0,40%; aprovados e regulares (1 em implantação). De caloteamento desocupado 0,07%, outro uso 0,02% e racterísticas residencial de alto padrão (ZER) posfavela 0,01%) somente 2 desses bairros são considerados como zona rural. sui também grande áreas de proteção ambiental (ZMN e ZAM), em implantação. É composto peO bairro do Ponunduva era o antigo bairro de lolos loteamentos Capital Ville I, Capital Ville II, Cacalização do PNMC, porém com a Lei Complemenpital Ville III, Capital Ville IV e Serra dos Cristais. tar, o parque agora se localiza no bairro da Serra dos Sua delimitação se dá em face ao uso do solo que é Lagos considerado como zona urbana, fazendo divisa com o bairro Reserva de Ponunduva considerado residencial de baixa densidade caracterizado por condomínios. Área: 6.109.222,86 m²” como zona rural. 56 Ponunduva: Reserva do Ponunduva: “Localizado na porção oeste do Município, e no “Localizado desde a porção centro-sul até o norte do Município, no centro-norte do Distrito Sede, oeste do Distrito Sede, está situado entre: a Divisa com o Município de Pirapora do Bom Jesus a está situado entre: o Bairro Ponunduva a oeste, oeste e ao sul, e o Bairro Reserva do Ponunduva a Divisa do Município de Jundiaí e o Bairro Serra (área rural do distrito) ao norte, ao leste e ao cendos Lagos no Distrito de Jordanésia ao norte, a tro-sul. Contém diversos loteamentos, na maioria divisa do Distrito Jordanésia a leste, e os Bairros Empresarial Eucaliptos, Lavra Velha, Água Fria e a regulares. Os irregulares estão em processo de regularização fundiária (ZEIS). Trata-se de macrodivisa do Município de Pirapora do Bom Jesus ao zoneamento ZUR, de características rurais, com sul. É um bairro rural. Contém grandes e pequenas grandes áreas de preservação ambiental (ZAM, propriedades rurais, e a Estrada João Félix DominZMN e ZIA). Nele está situado o Morro da Placa, gues, pavimentada em seu trecho até a Estrada o ponto mais alto da cidade, com 1083 metros. É Francisco Missé. Não possui nenhum loteamento. composto pelos loteamentos e localidades: CháAs áreas rurais são remanescentes das definidas como urbanas. Também conhecida como Jurucara Aurora, Chàcaras Rodeio, Colina dos Coqueirais, Parque Alvorada Ie II, Parque Bandeiranvaúva, onde as primeiras atividades nessa região tes, Parque Nosso Lar, Recanto das Primaveras, foram plantações de café e cana de açúcar para Vale das Nascentes, Village Danúbio, Chácaras o fornecimento local. Antigamente, esta área era Campo Grande, Chácaras Del Rey e Chácaras dividida entre Ponunduva e Juruvaúva. Juruvaúva Shangrilá. Culturalmente, os cajamarenses já adoera o nome da fazenda que pertencia a Família tam essa denominação para a localidade. Área de Pontes. Área: 18.352.663,96 m²”. 9.219.420,73 m²”. f. Conselhos Municipais Abaixo a relação dos Conselhos municipais: Conselho Municipal de Alimentação Escolar Conselho Municipal da Saúde Conselho Municipal de Assistência Social Conselho Municipal de Educação Conselho Municipal da Criança e do Adolescente Conselho Tutelar do Município de Cajamar Conselho Municipal do Idoso COMDEMA - Conselho Municipal de Meio Ambiente CMH - Conselho Municipal de Habitação CMC - Conselho Municipal da Cultura Conselho Municipal de Esportes Conselho de Segurança do Município de Cajamar Conselho Municipal do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - Conselho Fundeb Conselho do Parque Natural Municipal de Cajamar Conselho Municipal da Cidade 57 g. Coleta de lixo – no município e no bairro Cajamar é atendida pela coleta de lixo comum. No bairro onde o Parque está inserido ela passa regularmente duas vezes por semana. Ainda não foi implantada a coleta seletiva dos materiais recicláveis, atualmente encontra-se em fase de diagnóstico para a elaboração da Política Municipal de Resíduos Sólidos de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Nas atividades de campo não foram encontrados catadores de materiais recicláveis. i. Ocorrências de incêndios locais Durante o período de 2000 a 2014 foram registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, 331 focos de incêndio distribuídos pelo município, sendo que nos dois últimos anos de 1° de janeiro de 2012 a 24 de fevereiro de 2014 ocorreram 108 focos de incêndio, 1/3 do valor total em somente 2 anos. Apesar de não existirem dados oficiais sobre o índice de queimadas na região do PNMC, ao longo da escrita do Plano de Manejo foram presenciados vestígios de incêndio, principalmente, nas áreas de refloh. Entidades e associações Cajamar conta com 15 entidades regulamentadas restamento. Esta é uma prática comum, geralmente e 8 não regulamentadas; a listagem delas encontra-se no período anterior ao corte das madeiras, como nos anexos. forma de “limpar” o terreno para o trabalho. Também durante atividades de campo para a área do Parque Natural Municipal de Cajamar, foram verificados, na Gleba 2, vestígios de incêndio na mata. Fotos 14 e 15 - À esquerda, ao fundo, área de reflorestamento que foi queimada, localizada no entorno do PNMC. À direita, área dentro do PNMC que foi queimada. 58 4.2. MEIO FÍSICO A s características do meio físico foram divididas em geomorfologia, geologia, pedologia, climatologia e recursos hídricos. As informações contidas no presente Plano de Manejo foram levantadas por meio de pesquisa bibliográfica e alguns trabalhos de campo, quando necessários. Nessa etapa, também foi privilegiado o recorte regional, destacando sempre as características marcantes e importantes da Serra do Japi, bem como, das APAS Cabreúva, Cajamar e Jundiaí, no qual o parque está inserido. 4.2.1. Geomorfologia O contexto geomorfológico em que está inserido o Parque Natural Municipal de Cajamar enquadra-se no que foi definido por Almeida (1964) como Província Planalto Atlântico, e constituído por suas zonas e sub zonas e que serviu de base para a construção do Mapeamento Geomorfológico do Estado de São Paulo, elaborado pelo IPT e publicado em 1981. Anteriormente à definição proposta pelo Almeida (1964), importantes contribuições foram feitas, sendo citadas particularmente a de Moraes Rego (1932), Deffontaines (1935) e Monbeig (1949) que como relator da Assembléia da Seção Regional de São Paulo da Associação dos Geógrafos Brasileiros agrupa as áreas cristalinas sob designação de Planalto Atlântico. Em 1956, Ab’ Saber apresenta uma grande contribuição em relação à caracterização das formas contidas nesta unidade fisiográfica, culminando em 1958 com a divisão desta unidade em várias zonas, Ab’ Saber & Bernardes (1958). A Província Planalto Atlântico, com orientação SW - NE é constituída por 13 zonas que se distinguem por conta do grau de metamorfismo das suas litologias, os diferentes níveis de cimeira de suas superfícies, controle estrutural das rochas, drenagem condicionada pela tectônica e aspectos topográficos específicos. Ab’Saber e Bernardes (apud in Mattos, 2006 p. 9) descrevem a paisagem da Serra do Japi, região serrana inserida na depressão periférica paulista. Os autores destacam as elevadas cristas encontradas entre as várzeas e os altos espigões do planalto cristalino da região de São Paulo, que apresentam topos aplainados e pequenos maciços intercalados. Esses maciços dispõem-se em uma faixa que se estende “da serra do Paranapiacaba na área de São Roque e se alonga para nordeste, além do Tietê, onde constitui a Serra do Japi, esmorecendo nas proximidades de Jundiaí” (Ab’Saber e Bernardes apud in Mattos, 2006. P. 9). Este conjunto montanhoso que apresenta feições fundamentais e trazem a influência decisiva da estrutura, “mostra-se como uma unidade morfológica característica entre São Paulo e a depressão periférica, não obstante o profundo seccionamento produzido pelo Tietê que o atravessa.” A área do PNMC está localizada na zona Serrania de São Roque e que se caracteriza por ser uma região montanhosa intercalada por morros alongados e paralelos, com inclinação de suas vertentes superiores 15%, sendo frequente na região do entorno da Unidade de Conservação a inclinação das vertentes acima dos 30% favorecendo fortemente os fluxos superficiais de água. As altitudes da região estão compreendidas no intervalo de 1200 – 1250 metros na cimeira da Serra do Japi e os assoalhos dos vales situam-se, em geral, em altitudes compreendidas entre 700 – 800 metros. Em relato de Santoro e Júnior (1992) a importante feição geomorfológica que é a Serra do Japi, localizada no Planalto Atlântico trata-se de um relevo montanhoso, residual e remanescentes de ciclos erosivos regionais, ativos a partir do Terciário. As declividades são consideráveis (mais de 15%) e as amplitudes variam em torno de 300 metros. Os aspectos morfogenéticos que condicionam a evolução do relevo local estão representados pelos níveis de soleira, graníticas e quartzíticas, que limitam o entalhe dos canais fluviais e aprofundamento da dissecação do relevo. A policonvexização geral do relevo, condicionada pela ação da água em litotipos de variada resistência, sendo característico o sub nivelamento dos cimos dos morros constituídos de rochas suscetíveis à maior fragilidade à erosão e também aos condicionantes estruturais como as linhas de falhas, fraturas e xistosidade das rochas que levam ao condicionamento do encaixe da hidrografia na paisagem, que passa a se utilizar destas estruturas tectônicas para constituir a sua rede de drenagem. Estas linhas de falhas, fraturas e xistosidade das rochas demonstram a intensa atividade tectônica instalada nos litotipos da região, desde a era Pré-Cambriana e que continua a se manifestar ao longo do tempo geológico, sendo marcante a reativação tectônica da área no Terciário produzindo grandes rejeitos verticais e deformando as superfícies mais antigas Almeida (1975). Na área do PNMC é possível identificar um vale em “v” ao qual encontra-se encaixado um curso d’água que no território do PNMC apresenta uma pequena 59 planície alveolar, permitindo a formação de um ambiente brejoso com dimensões de 30 a 40 metros de largura por 60 metros de comprimento. O curso de água que corta o território do PNMC apresenta-se como uma bacia hidrográfica de 3ª ordem (Sthraler,1952) e com orientação predominante de seu canal principal e seus afluentes na direção NW-SE. No território do PNMC este canal encontra-se já em seu baixo curso e adiante uns 80 metros lança suas águas no ribeirão da Cachoeira, canal fluvial com orientação predominante de ENE-WSW e limite com o município de Jundiaí. Esta característica vem corroborar com o fato das estruturas tectônicas condicionarem o encaixe da drenagem. A leste deste vale e ainda no território do PNMC encontra-se um morro alongado na direção N-S, com características de espigão secundário e com forte inclinação de suas vertentes. A vertente orientada para o oeste apresenta elevada inclinação de sua superfície, atingindo valores de até 60° de inclinação em determinados seguimentos da vertente (medidos em campo) favorecendo, portanto, os movimentos superficiais de água e materiais. Aliado à fragilidade do litotipo do PNMC e sua susceptibilidade à erosão, é um setor em que ações de reflorestamento e proteção da cobertura pedológica devem ser prioridade. Já a vertente orientada para leste apresenta setores com inclinações diferenciadas, variando de moderada a forte (inclinações medidas em campo de 15° a 30°, tornando-se mais inclinada em direção ao topo). As águas pluviais que correm ao longo desta vertente, diferentemente da vertente oposta, lançam suas águas em um vale seco, em que não há a constituição de canais fluviais. Este vale apresenta-se com a forma de fundo chato e nele predomina a infiltração da água de chuva e a recarga do lençol freático, sem formar fluxos superficiais. Possivelmente este fundo de vale trata-se de material coluvional que recobriu sua antiga superfície, dando características de vale enterrado. Ao longo de ambas as vertentes é possível identificar que nos locais em que não há cobertura vegetal recobrindo a mesma, há processos erosivos desenca- deados por conta da exposição dos solos e da própria rocha que na área foi identificada como filito e que também consta no mapa geológico da EMPLASA na escala 1:25.000. Esta rocha, filito, caracteriza-se por ser de origem metasedimentar, friável, com orientações verticais e altamente suscetível à erosão. Dada estas características de fragilidade torna-se fundamental a proteção da superfície com cobertura vegetal, para limitar a ação dos processos erosivos, sejam eles o fluxo superficial de água, ou a exposição ao Sol que por contração e dilatação pode romper a rocha exposta. Os levantamentos de campo permitiram constatar que o embasamento local encontra-se recoberto por fragmentos de quartzito de tamanhos variados (de 2cm a 40cm) que ocupam uma posição de recobrimento e estão misturados aos processos pedogenéticos. Este quartzito é encontrado, segundo bibliografia consultada, nos níveis de cimeiras mais elevados da Serra do Japi e, também, da morraria de altitudes mais elevadas ao sul da área do PNMC. Trata-se, portanto, de material transportado e depositado, constituindo material coluvional dispostos ao longo dos morros de níveis de cimeiras mais baixos. O morro apresenta seu topo convexo, sendo que ao longo do seu espigão é possível observar maior pedogênese em seu terço inferior sendo que nas áreas mais a montante e na área de topo o mesmo não ocorre, havendo maior exposição aos fatores erosivos de forma que o litotipo filito encontra-se exposto, predominando fragmentos do mesmo, em variados tamanhos, recobrindo a superfície de cimeira do espigão. Neste sentido, é possível afirmar que a área do PNMC, na sua Gleba 2, está em constante transformação morfogênica, com materiais sendo transportados da área de topos de morros em direção à sua base. Sendo assim, a característica principal desta vertente é de fragilidade em relação aos processos erosivos, uma vez que os processos de movimento de massa prevalecem sobre os processos pedogenéticos, constituindo-se portanto, de um corpo coluvional recobrindo a vertente e sua cobertura pedológica pouco desenvolvida. 60 Foto 16 - Diferentes níveis de superfície decorrentes de movimentos de massa. 4.2.2. Geologia Conforme descrito no Plano de Manejo do Japi o embasamento cristalino, desta parte do Planalto Atlântico é uma zona de estrutura complexa, envolvendo uma geologia representada por rochas de idades variando desde o pré-Cambriano até o Cenozóico (granitos, migmatitos, gnaisses com intercalações de micaxistos e quartzitos, xistos, quartzitos) (São Paulo, 1972). Esta área em que está o PNMC é pertencente ao Grupo São Roque, sendo que este é delimitado ao norte pela Falha de Itu e pela Zona de Cisalhamento Jundiuvira e ao sul pela Zona de Cisalhamento Taxaquara; a oeste está encoberto pelas rochas sedimentares da Bacia do Paraná e se estende a leste-nordeste pela cunha formada no encontro da Falha de Monteiro Lobato com a de Jundiuvira (Neves, 2005 e Almeida et al., 1981). Esta situação de lineamentos tectônicos e movimentação de blocos associados e ainda a lineação mineral e xistosidade presente nas rochas condiciona a evolução do relevo, tornando-o suscetível à instalação de feições erosivas e determinando a orientação da drenagem. Conforme descrito em Hassui (et al., 1969, apud Neves, 2005), as unidades litoestratigráficas do Grupo São Roque correspondem, a associações de dois ou mais litotipos inter-relacionados. São encontradas na região do Japi e em seu entorno os seguintes litotipos: metaconglomerados, metarenitos, metarcósios, metassiltitos, metargilitos, rochas calciossilicáticas e metabásicas, mármores, anfibolitos, xistos com lentes alongadas de quartzitos, filitos e metagrauvacas. De acordo com Coutinho (et. al. 1982) para o Grupo São Roque há uma seqüência metassedimentar bem definida, formada por metaconglomerados seguidos de metarenitos, filitos, quartzitos e calcários, entremeados por rochas metabásicas, onde a base da seqüência estaria representada por metaconglomerados. Segundo Almeida (et al., 1981) “o Grupo São Roque se configura por uma faixa de orientação aproximadamente E-W, incluindo desta maneira, a nordeste, seqüências rochosas tidas como mais antigas, formadas por xistos, filitos, quartzitos e um substrato gnáissico-migmatítico, mas ainda pouco estudadas e carecendo ainda de uma melhor caracterização”. 61 A área da Serra do Japi apresenta extensa bibliografia relatando os litotipos encontrados em seu território e em zona do entorno, inclusive demonstrando os processos orogenéticos e epirogenéticos responsáveis pela evolução regional dos litotipos e suas formas de relevo. Desta forma muitos dos estudos realizados para caracterização do Japi podem ser extrapolados para descrever a evolução dos litotipos e do modelado na região do entorno do Japi, na qual se enquadra o PNMC. Na Serra do Japi a idade das rochas aflorantes remonta ao Proterozóico e estão associadas à história da dinâmica interna e externa da Terra. A origem das rochas do Japi remete-nos a uma época em que existiu na região uma bacia de sedimentação margeando um bloco continental. Essa região foi grande receptora de areias e argilas. Os limites deste pequeno continente eram marcados pela presença de sedimentos arenosos, formando camadas de arenitos. Esses arenitos sofreram transformações ao longo do tempo e por efeito de metamorfismo, foram transformados em rochas quartzíticas. Mas não são só os quartzitos estão presentes na Serra do Japi, lá também se encontram os anfibolitos, granitos, gnaisses e migmatitos, porém em quantidades muito menores. A região ao sul da falha de Jundiuvira, de acordo com Santoro e Junior (1992) deve ter se comportado como nova bacia de sedimentação, já no final do Proterozóico. Nesse período, agiram novamente os processos sedimentares, magmáticos, metamórficos e deformacionais, repetindo a história dos primeiros tempos de embasamentos do Japi. Esta área esteva sujeita a uma evolução tectônica, marcada por esforços que revelam uma compressão para o norte, ortogonal ao contorno continental pretérito, propiciando intensa deformação, à qual se associou seu metamorfismo e magmatismo. Neste contexto de evolução tectônica está inserido o PNMC, que possui em seu território a presença predominante de filitos, havendo também intercalações de micaxistos, conforme observações de campo e o descrito nos mapas geológicos EMPLASA e IPT (2006). Fotos 17 e 18 - Detalhe da rocha, filito, apresentando orientação subvertical e fragmentos soltos. Notar na posição superior o recobrimento do filito por blocos de quartzito que podem ser caracterizados como material coluvional, ou seja, material alótone recobrindo a superfície original. 62 Mapa 2 - Geológico do Município de Cajamar, IPT/EMPLASA 1986. 63 4.2.3. Pedologia A caracterização pedológica da região envolve o diagnóstico dos diferentes embasamentos litológicos presentes na área e sua respectiva associação com os padrões de formas do relevo que correspondem ao 3º taxon proposto por ROSS (1992). Soma-se a esta questão que a observação das unidades que compõem cada uma destas formas do relevo, podem ser individualizadas: 4º taxon (a forma do relevo) e destacados os seus elementos 5º taxon (topos e vertentes) ROSS (1992). Desta forma, observa-se que cada unidade que constitui a forma do relevo é possuidora de características morfométricas e morfológicas específicas e que estão condicionadas a uma coevolução e modelagem de sua superfície de acordo com a interação dos processos internos e externos geradores de relevo. Esta interação dos agentes internos e externos favorecerá não apenas a evolução da forma, mas também, a evolução dos materiais que constituem estas formas, demandando intemperização da rocha e consequentemente a formação de uma cobertura pedológica recobrindo este litotipo. Esta cobertura pedológica caracteriza-se por ser um corpo contínuo e constituído de diferentes graus de evolução pedogenética, ou seja, a pedogênese presente em cada ponto de sua superfície manifesta-se de forma diferenciada e de acordo com o potencial de circulação vertical e lateral de água e matéria. Portanto, a evolução pedogenética presente nas áreas de topo, embora apresentem condições mais favoráveis para a evolução vertical do perfil, não está vinculada apenas à infiltração vertical da água e sua relação química com os constituintes do solo, mas também, depende da circulação lateral ao longo de toda a cobertura, ou seja, de como se comporta esta circulação de fluidos e materiais dissolvidos ou em suspensão na solução do solo ao longo do topo, da vertente e do sopé. Estes três elementos constituintes da forma de relevo têm em comum o fato de estarem conectados pela cobertura pedológica, condicionando, portanto, a evolução pedogenética e, também, sendo condicionados na evolução de suas formas, por conta da pedogênese presente na cobertura que retrabalha e reelabora seus constituintes materiais. Sendo assim, a evolução da forma e do solo estão intimamente associados e são interdependentes. De forma geral e para efeitos de identificação da cobertura pedológica presente no PNMC foram utilizadas a classificação da EMBRAPA (2006) e OLIVEIRA (2008). Na região do PNMC é identificada a dominância de Cambissolos, que se caracterizam por serem solos constituídos por material mineral, com horizonte B incipiente, subjacente a qualquer tipo de horizonte, desde que não satisfaça os requisitos exigidos para as classes dos Chernossolos, Plintossolos ou Gleissolos. Foi encontrado em campo, além de Cambissolos a presença de Argissolo no perfil realizado na APP fluvial da Gleba 1. Para os Cambissolos, o conceito central é que trata-se de solos que não sofreram alterações física ou química muito avançadas. Outra característica é a pequena diferença de argilas ao longo do perfil. São solos não muito profundos e com teores elevados de minerais primários facilmente intemperizáveis, atividade da fração argila de média a alta e solum com discreta variação de textura. Não apresenta acréscimo importante de argila no horizonte B. Ocorrem em classes de relevo de plano a montanhoso. Têm sequência de horizontes A ou hístico, Bi, C com ou sem R. É um solo que pode se originar de diferentes materiais de origem e formas de relevo, comportando classes de solos bem drenados e imperfeitamente drenados, de rasos a profundos, de cor bruno ou bruno amarelado até vermelho escuro, e de alta a baixa saturação por bases e atividade química da fração argila. O horizonte B incipiente (Bi) tem textura franco argilosa ou + argilosa, e o solum apresenta teores uniformes de argila. Admite-se diferença marcante de granulometria de A para Bi, em situações de materiais de origem aluvial, bem como, em casos em que há descontinuidade geológica e estratificação do material de origem. Na definição de MONIZ (1975) o horizonte câmbico (do latim: cambiare = mudar) é o horizonte no qual os fatores de formação do solo tenham alterado ou mudado o material o bastante para destruir a maior parte da estrutura original da rocha, e para agrupar as partículas do solo em agregados, liberar óxidos de ferro ou formar argilas silicatadas, mas não para destruir totalmente os minerais primários facilmente intemperizáveis, e nem houve a ocorrência de iluviação a ponto de poder ser classificado como argílico ou spódico. 64 O Cambissolo representa a 1ª ordem de grandeza dos solos. Sobre as classes que correspondem ao 2° nível categórico, os Cambissolos podem ser Húmicos, Flúvicos ou Háplicos (sub ordem). Pelas características da área do PNMC levantadas em campo e conforme descrito nas referências bibliográficas, pode-se supor que trata-se de um Cambissolo Háplico. O terceiro nível categórico corresponde às classes. De acordo com as características locais, embasamento e literatura há a possibilidade de ser alítico ou alumínico, mas é necessário proceder com operações laboratoriais para determinação deste nível categórico. Caráter alumínico Condição do solo que se encontra em estado dessaturado e caracterizado por teor de alumínio extraível >/ 4cmolc/Kg de solo associado à atividade de argila < 20 cmolc/Kg de argila, além de apresentar saturação por alumínio [100Al3 +/( S + Al3)] >/ 50% e/ou saturação de bases (V% =100 S/T) < 50%. Para a distinção de solos mediante este critério é considerado o teor de alumínio extraível no horizonte B, ou no C, na ausência de B. Caráter alítico Condição do solo que se encontra em estado dessaturado e caracterizado por teor de alumínio extraível >/ 4cmolc/Kg de solo associado à atividade de argila >/ 20 cmolc/Kg de argila, além de apresentar saturação por alumínio [ 100Al3 +/( S + Al3)] >/ 50% e/ou saturação de bases (V% =100 S/T) < 50%. Para a distinção de solos mediante este critério é considerado o teor de alumínio extraível no horizonte B ou no C, na ausência de B e no A quando a sequência do solo for A, R. Em ambos os casos, a presença do Alumínio no solo promove um impedimento químico para o desenvolvimento das plantas, principalmente em seu sistema radicular, portanto as ações de reflorestamento da área devem prever a neutralização do alumínio no solo, o que demandará ações de correção da acidez, com elevação do ph, definição de etapas de reflorestamento, utilização de técnicas de recuperação de solo através de adubação verde e definição de espécies arbóreas específicas para cada etapa do plantio, utilizando-se das mais resistentes e heliófitas no início e conforme as condições edáficas forem se tornando mais apropriadas a introdução de espécies secundárias e climácicas. 4.2.3.1. Metodologia de Levantamento de solos no PNMC O estudo sobre os solos que recobrem a superfície terrestre passa pelo entendimento de que seus atributos físicos e químicos não se encontram isolados na paisagem, mas sim, estabelecem uma conexão e uma relação de interdependência e de causa e efeito. Dessa forma, interpretar esse recurso natural depende da compreensão de que ele é um corpo contínuo, organizado, em constante transformação e que a sua gênese, situação e funcionalidade dependem de uma evolução da própria paisagem. Sendo a paisagem o resultado da dinâmica entre o clima, as rochas, a forma do relevo, os materiais intemperizados, ou não, que recobrem a superfície (sejam eles autóctones ou alóctones), a inclinação da superfície e os elementos bióticos, destacando-se a flora. Essa transformação do corpo pedológico assume, portanto, um caráter diferencial, já que os processos pedogenéticos não necessariamente se repetem ao longo das vertentes (Queiroz Neto, 2002) Dessa forma, o solo pode ser compreendido como uma cobertura pedológica que constitui a parte superficial das formas de relevo, e que o mesmo se comporta de maneira dinâmica evoluindo conjuntamente com a paisagem. Para o levantamento pedológico do PNMC, foi considerada como metodologia de trabalho a análise morfológica do solo em diferentes posições no relevo, notadamente as situações de topo, meia vertente e base de vertente, de forma a caracterizar a morfologia do solo e sua constituição (Ranzani, 1969). Foram também utilizados alguns preceitos de descrição e interpretação da cobertura pedológica oriundos da análise estrutural que abordam o solo como um corpo contínuo lateralmente, apresentando diferentes fases de alteração e de sobreposição de seus horizontes (Boulletet al, 1982). Materiais de Trabalho • Enxada; • Pá; • Faca; • Bússola; • Clinômetro; • Fita métrica; • Tabela de Cores – MUNSELL; • Carta Topográfica; • GPS; 65 Caracterização da Morfologia do Solo Para a caracterização da morfologia do solo foram utilizados os seguintes atributos físicos, observáveis em campo: • Descrição da superfície do relevo e sua inclinação; • Descrição da cobertura vegetal; • Identificação e demarcação dos Horizontes; • Identificação da natureza das transições entre horizontes; • Cor do Solo; • Textura; • Estrutura; • Consistência; • Plasticidade; • Presença de atividade biológica; • Porosidade; • Cerosidade (não foi constatada a presença desse atributo em campo); • Constituintes minerais; • Autoctonia e Aloctonia dos materiais. Abaixo é apresentada a descrição dos perfis observados nas glebas 1 e 2 do PNMC. GLEBA 1 Ponto 01 Coordenadas geográficas: Latitude 7.421.355 / longitude 305.932 Situação: Terraço às margens de curso d’água, com vegetação herbácea e arbórea. Situa-se na faixa de servidão da linha de transmissão CTEEP – LT Cabreúva – Franco da Rocha – Mairiporã. Foto 19 - domínio de APP fluvial com relevo plano horizontal. Ao fundo, plantio de espécies nativas. Horizontes: O 0 – 2 cm: serrapilheira constituída de galhos e folhas distinguíveis a olho nu. A 2 – 30 cm: estrutura microagregada, blocos subarredondados, friável, pouco resistente à pressão. Presença de raízes finas, fasciculadas. Textura silto argilosa, levemente pegajoso, cor amarelo bruno 10YR 5/4, poroso, presença de canais biológicos. E 30 – 60 cm: cor amarelo 10YR 7/6, estrutura em blocos angulares, friável, pouco resistente à pressão, presença de raízes finas, canais biológicos, carvões e fragmentos de minerais de quartzo. Textura silto argilosa, pegajoso, mais argila do que no horizonte superior. Transição dos horizontes A para E é gradual. Bt 60 – 100 cm +: cor vermelho amarelo 7,5YR 6/8, transição abrupta, bem marcada. Presença de fragmentos de quartzo, poroso, raízes e canais biológicos. Estrutura em blocos angulares, friável, pouco resistente à pressão. Se desfaz em microagregado. Textura argilosa, bastante pegajoso. Foto 20 - Perfil de solo em situação de APP fluvial. Neste caso, os processos pedogenéticos superam os processos morfogenéticos. 66 GLEBA - 02 Ponto 02 – Base da vertente Coordenadas geográficas: latitude de 7.421.296 / longitude de 305.924 Situação: base da vertente + a 50m da atual porteira do PNMC. Vegetação em estágio inicial com ambiente parcialmente sombreado. Inclinação da vertente de 15° NE. Horizontes: O 0 – 5 cm: densa serrapilheira de folhas e galhos identificáveis à olho nu. A 5 – 10 cm: estrutura micro agregada, grãos entre 2 e 3 cm, material heterogêneo, forte presença de raízes, material orgânico em decomposição, mas identificável a olho nu. Textura silto argilosa, poroso, bruno amarelado 10YR 4/2. Bi 10 – 30 cm: cor bruno amarelado 10YR 6/4, estrutura em blocos subangulares, se desfaz em blocos subarredondados, textura silto argilosa, levemente pegajoso. Presença de fragmentos de quartzito distribuídos ao longo do horizonte. Presença de carvões, raízes finas, fasciculadas e atividade biológica. Há mosqueamentos brunos – interdigitação de matéria orgânica. Transição gradual para o horizonte inferior. Friável ao toque. Bi2 30 – 65 cm: amarelo 10YR 7/6. Grande presença de fragmentos de carvão e quartzito, em média de 2cm de diâmetro ao longo de todo o horizonte. Estrutura em blocos angulares. Textura silto argilosa, levemente pegajoso. Presença de condutos por atividade biológica, menor densidade de raízes, dos 30cm aos 45cm mais friável ao toque, dos 45cm aos 65cm mais resistente ao toque. Transição gradual para o horizonte inferior, distinguível apenas pela resistência ao toque. C 65 – 95 cm: estrutura em blocos angulares. Forte presença de grãos de quartzo e fragmentos de quartzito. Atividade biológica mais restrita. Presença de carvões. Blocos de quartzito de 2cm a 5cm friáveis. Cor amarelo 10YR 7/6, poucas raízes, sendo sua concentração na transição com o horizonte superior. Textura silto argilosa, mais pegajoso que os horizontes superiores. Fotos 21 e 22 - Acima da faca encontram-se os horizontes O, A e Bi, que se caracterizam por serem bastante friáveis. No detalhe, a demonstração dos tipos de materiais ao longo do perfil. 67 Ponto 03 – Meia vertente Coordenadas geográficas: Latitude 7.421.258 / longitude 305. 914 Situação: perfil localizado em vertente exposta com predominância de herbáceas e gramíneas, com pou- cos espécimes arbóreos que não chegam a fazer sombreamento na área. Exposição da superfície para N e NE com inclinação de 30°. Presença de buraco de tatu, aparenta incidência de queimada. Foto 23 - Panorâmica da meia vertente. É possível observar incidência de queimada. Fotos 24 e 25 - O perfil se caracteriza pela concentração de material coluvional nos primeiros 30cm. No detalhe, presença de matacões de quartzito e buraco de tatu. Horizontes: O 0 – 0,5 cm: camada de serrapilheira, constituída de pequenos galhos, ocorrência de queimada recente. Os galhos não estão decompostos e são distinguíveis à olho nu. Presença de fragmentos de vidro, porcelana e tampinha de garrafa na superfície. A 0,5 – 7,0 cm: cor bruno amarelado 10YR 6/6, espessura de 6,5cm, estrutura em micro agregados, presença de fragmentos de quartzo, textura silto arenosa, friável ao toque, não pegajoso. Bi 7,0 a 27cm: cor amarelo 10YR 7/6, estrutura em blocos angulares, pouco resistente, friável sob pressão, presença de carvões e fragmentos de quartzito de 0,5 a 2,0 cm de dimensão, abundantes. Presença de matacões de quartzito com 20 a 25 cm de diâmetro. Textura siltosa, pouco pegajoso. Mosqueamentos bruno ao longo de todo o horizonte. Aparenta ser um horizonte bastante movimentado, associado aos processos de vertente (colúvio) e uso do solo. Fraca presença de raízes. 68 Bi₂ 27 – 65 cm: estrutura em blocos angulares, se desfaz ao toque. Pouco resistente e friável. Presença de fragmentos de quartzito de 3 cm de diâmetro. Forte presença de matacões, em maior quantidade. Cor amarelado 10YR 7/6, com mosqueamentos bruno. Presença de raízes finas concentradas no topo do horizonte. Há ocorrência de enraizamento de maior porte que se distribui lateralmente no horizonte, por provável impedimento químico não há o aprofundaPonto 04 – Perfil topo de morro Coordenadas geográficas: Latitude 7.421.184 / longitude 305.950 Situação: Topo, divisor de águas, para oeste (lado esquerdo da foto 26) drena para a Gleba 1 do PNMC mento vertical dessas raízes. Textura silto argiloso e levemente pegajoso. C 65 – 125 cm: transição Bi₂ - C gradual, material de alteração do filito com fragmentos intemperizados ao longo do horizonte, mas que ainda é possível reconhecer a sua estrutura. Há presença de atividade de mamíferos (buraco de tatu). A partir dos 100 cm aflora o topo do filito. e para leste (lado direito da imagem) drena para o vale seco da Gleba 2. Vegetação de eucalipto predominando, ausência de serrapilheira, queimada recente na área. Foto 26 - APP de topo de morro. No lado esquerdo da imagem encontra-se a vertente Oeste, com inclinação de 60° medidos em campo. Verifica-se também ocorrência de incêndio. Fotos 27 e 28 – Perfil realizado no topo do morro. Situação marcante de pouca pedogênese e predominância do filito recoberto por blocos de quartzito. 69 Horizontes: A 0 – 10 cm: estrutura em blocos subangulares, cor amarelo 10YR 7/6. Textura siltosa, friável, pouco resistente ao toque, presença de raízes finas, fasciculadas e de atividade biológica; Bi 10 – 34 cm: estrutura subangular, cor bruno amarelado 10YR 6/6, presença de raízes finas, fragmentos de quartzito, friável, pouco resistente ao toque, presença de canais biológicos, textura siltosa, levemente pegajoso. Na base do horizonte há fragmentos de filito. C 34 – 80 cm: alterita do filito. É possível observar a posição e orientação quase vertical da estrutura plano paralelo do embasamento. 4.2.4. Aspectos Climáticos Segundo a classificação climática de Köppen, baseada em dados mensais pluviométricos e termométricos, o município de Cajamar é classificado como Cfa, clima subtropical úmido, onde a letra C é definida por clima mesotérmico, sendo as temperaturas médias do ar dos 3 meses mais frios, compreendidas entre -3°C e 18°C e com estações de verão e inverno bem definidas; a letra f mostra que há ocorrência de precipitação em todos os meses do ano e inexistência de estação seca definida, e a letra a indica que possui verão quen- te com temperaturas média do ar no mês mais quente superior a 22°C. De acordo com a classificação do sistema internacional de Köppen os dois tipos de climas predominantes na região da Serra do Japi são o Cfa e Cfb que representam climas quentes e úmidos sem estação seca, com total de chuvas para os meses menos chuvosos em torno de 30mm. No tipo Cfa as temperaturas médias dos meses mais quentes ficam acima dos 22 graus celsius e no Cfb abaixo de 22 graus celsius. Tabela 12 - Clima de Cajamar no período histórico de 1961 - 1990 MÊS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ANO MIN MAX CAJAMAR ¨ CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE KOPPEN: Cfa PERÍODO HISTÓRICO DE ANÁLISE - 1961 - 1990 TEMPERATURA DO AR (C °) Mínima média Máxima média média 17,7 28,8 23,2 17,9 28,8 23,3 17,1 28,4 22,7 14,4 26,4 20,4 11,6 24,4 18 10,1 23,2 16,7 9,5 23,4 16,5 10,8 25,3 18 12,7 26,2 19,5 14,5 26,9 20,7 15,5 27,7 21,6 16,9 27,8 22,3 14,1 9,5 17,9 26,4 23,2 28,8 20,2 16,5 23,3 CHUVA (MM) 299,8 230,3 217 114,4 114,9 98,2 79 78,7 158,8 151,5 194,9 260,5 1998 78,7 299,8 Fonte: www.cpa.unicamp.br/outras-informacoes/clima_muni_104.html 70 Em Cajamar, no bairro do Ponunduva, encontra-se uma estação pluviométrica do Estado denominada E3-233, monitorada pelo DAEE – Departamento de Águas e Energia e Elétrica e mais outras 2 existentes na região, no município de Jundiaí (E3–025 e E3–053). O regime pluviométrico é o mesmo nas três áreas, com predominância de chuva nos meses de dezembro-janeiro, quando atingem sempre mais que 250 mm ao mês, e estiagem no inverno, quando os níveis são inferiores a 41 mm em Jundiaí e a 72 mm em Cajamar. Sendo definido como um clima estacional. Dados dos balanços hídricos climáticos mostram que ocorre uma mudança do tipo climático, passando de superumido-mesotérmico para úmido-me- sotérmico a medida que se vai no sentido norte-sul. Neste caso, isso ocorre devido ao gradiente de chuvas existentes, já que a perda de água por evapotranspiração é bastante semelhante nos três casos, sendo provável que esta diferenciação local no total de precipitação, seja pela influência da Serra do Japi que, ao barrar massas de ar úmidas vindas do Atlântico, promove a precipitação orográfica. Em nenhum dos locais verifica-se deficiência hídrica durante o ano, enquanto que os excedentes chegam a atingir mais de 1.000 mm em Cajamar, o que beneficia o acúmulo de água subterrânea e a formação de nascentes na região. Pode-se verificar que em Cajamar a quantidade de chuvas anuais atingem a média de aproximadamente 2.000 mm ano. Gráfico 2 - Dados pluviométricos da Estação E3-233 localizada no bairro do Ponunduva Cajamar. Fonte: http://www.sigrh.sp.gov.br/cgi-bin/bdhm.exe/plu Como é possível verificar no gráfico sobre os dados históricos do período de 1971 a 2002, do posto pluviométrico E3-233 localizado em Cajamar no bairro do Ponunduva, os meses de menor incidência de chuvas são os de julho e agosto com médias de 70 mm sem, no entanto, existirem períodos de estiagem. Durante os meses de novembro a março encontram-se os períodos mais chuvosos, destacando-se o mês de janeiro com médias mensais superiores a 250/300mm. 71 Imagem 6 - Classificação Climática do Estado de São Paulo segundo Köppen. Fonte: Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura da Unicamp. www.cpa.unicamp.br/outras-informacoes/clima_muni_104.html 4.2.5. Recursos Hídricos No Estado de São Paulo atualmente a unidade físico territorial fundamental para o planejamento e o gerenciamento dos recursos hídricos é a bacia hidrográfica. Em todo o Estado constituem-se 22 unidades de gerenciamento dos recursos hídricos responsáveis por ações de proteção, gestão e melhoria da qualidade ambiental dos recursos hídricos, conforme Lei 7663/91. O município de Cajamar encontra-se inserido nas UGRHI – 5 PCJ (Piraciba/Capivari/Jundiaí), e na UGRHI – 6 do Alto Tietê. O Parque Natural Municipal de Cajamar está localizado na UGRHI 6 Alto Tietê, na divisa com a UGRHI 5. Desta forma, a UC e sua Zona de Amortecimento, caracterizam-se por ser um território extremamente importante para a proteção e conservação das águas por estar em uma zona limítrofe entre unidades de gerenciamento dos recursos hídricos. A maior parte dos recursos hídricos na UGRHI – 6 encontra-se com a sua qualidade comprometida por lançamento de efluentes domésticos e industriais. Esta unidade de gerenciamento concentra quase metade da população do Estado de São Paulo, aproximadamente 20 milhões de habitantes. A avaliação da qualidade ambiental das águas da UGRHI – 6 demonstrada em relatório da CETESB 2004, pelos índices da qualidade das águas brutas para o abastecimento público (IAP) e dos índices da qualidade das águas para a proteção da vida aquática e de comunidades aquáticas (IVA) demonstra uma necessária preocupação em reverter o quadro de contaminação existente no Alto Tietê. Sobre o IVA 17% dos pontos de monitoramento demonstraram qualidade péssima, 45% qualidade ruim e 38% qualidade regular. Sobre o IAP 39% das águas apresentaram qualidade péssima, 11% ruim, 13% regular, 32% boa e 5% ótima. Deve-se levar em consideração que o IAP é menos exigente, pois está água sofrerá tratamento para posterior distribuição pela rede de abastecimento. Já o IVA, considera a qualidade da água para a manutenção da diversidade da vida aquática, o que impõem a necessidade de um recurso hídrico de melhor qualidade físico químico. Já as águas que constituem a microbacia hidrográfica do PNMC e deságuam no Ribeirão da Cachoeira encontram-se livres de lançamento de efluentes de qualquer natureza, o que constitui uma importante bacia hidrográfica pela sua qualidade ambiental e por drenar um território relativamente extenso compondo o norte do município de Cajamar e o sul da Serra do Japi. Portanto, a bacia hidrográfica do Ribeirão da Cachoeira, na qual está contida a microbacia do PNMC, é fundamental para o abastecimento agrícola, urbano e industrial no território da UGRHI – 6. 72 Mapa 3 - Localização do PNMC nas UGRHIs do Estado de São Paulo. Caracterização da hidrografia do PNMC Na área do PNMC, na Gleba 1, é possível identificar um vale em “v” ao qual encontra-se encaixado um curso d’água e uma pequena planície alveolar, permitindo a formação de um ambiente brejoso com dimensões de 30 a 40 metros de largura por 60 metros de comprimento. O curso de água que corta o território do PNMC apresenta-se como uma bacia hidrográfica de 3ª ordem (Sthraler,1952) e com orientação predominante de seu canal principal e seus afluentes na direção NW-SE. No território do PNMC este canal encontra-se já em seu baixo curso e adiante uns 80 metros lança suas águas no Ribeirão da Cachoeira, canal fluvial com orientação predominante de ENE-WSW, possivelmente acompanhando uma linha de falha de origem tectônica. Este Ribeirão caracteriza-se por ser uma hidrografia com padrão de drenagem dendrítico, ocorrência típica de terrenos cristalinos e metamór- ficos, com bacia de 5ª ordem (Sthraler, 1952). Seus afluentes possuem orientação NW-SE e NE-SW, acompanhando as linhas de fratura ortogonais à zona de cisalhamento (falhas). As áreas de preservação permanente – APP, do Ribeirão Cachoeira estão em sua maior parte florestadas o que impacta positivamente a qualidade das águas. Deve-se esta situação aos seguintes fatos: o bairro Reserva do Ponunduva, local onde a maior parte da drenagem está localizada, constituir-se principalmente de sítios e chácaras; parte do bairro Serra dos Lagos e parte do bairro Empresarial do Bosque possuírem como atividade de uso do solo a silvicultura. Importante ressaltar que nos períodos de corte dos eucaliptos e dos pinus, ocorre grande exposição das vertentes aos processos atmosféricos contribuindo para a instalação de feições erosivas nas encostas e assoreamento dos cursos d’água. 73 4.3. MEIO BIÓTICO 4.3.1. Fauna O estudo sobre a fauna regional e local teve como objetivo geral, levantar informações na literatura e no campo de forma expedita sobre a fauna silvestre da área do PNMC, subsidiando assim, as informações necessárias para a elaboração do Plano de Manejo. Os objetivos específicos são: • Levantamento secundário regional da ocorrência das espécies animais; • Caracterização sistemática da diversidade e abundância de aves in loco através de ponto de escuta; • Registros assistemáticos de outros grupos de vertebrados quando em campo; • Indicações de medidas mitigadoras. A Mata Atlântica abriga uma das maiores biodiversidades do planeta, sendo considerada um hotspot devido ao alto grau de endemismos neste bioma (MITTERMEIER et al., 2004). Em um dos estudos mais recentes sobre a perda de áreas de Mata Atlântica e o padrão de distribuição de seus remanescentes, Ribeiro et al. (2009) demonstra uma situação grave, onde restam apenas 11,7% da vegetação original (15.719.337 ha) e 80% dos remanescentes são compostos por fragmentos menores que 50 ha. Isto se deve às intensas ações antrópicas que ocorreram e ainda ocorrem ao longo da história da ocupação humana na faixa territorial que constitui esse bioma. Segundo dados do IBGE, cerca de 70% da população brasileira concentra-se nos domínios da Mata Atlântica, fazendo deste o mais ameaçado dentre os biomas brasileiros. Ainda assim, a Mata Atlântica consegue abrigar 849 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 200 espécies de répteis, 270 espécies de mamíferos e cerca de 350 espécies de peixes (MMA, 2010). A grande heterogeneidade de condições ambientais é a principal causa destes números, mesmo em condições de intensa fragmentação. Os limites latitudinais deste bioma abrangem zonas tropicais e sub-tropicais e sua amplitude longitudinal apresenta um gradiente pluviométrico variando em cerca de 4000 mm/ano na região costeira à aproximadamente 1000 mm/ano nos limites mais interiores do Brasil, além da variação altitudinal (Camara, 2003). Silva & Casteleti (2003), propõe sub-regiões geográficas da Mata Atlântica baseadas nas áreas de endemismos de aves, borboletas e primatas (Figura 1). O Estado de São Paulo possui três dessas sub-regiões: Áraucárias, Serra do Mar e Interior, sendo que essas duas últimas ocupam praticamente todo o seu território. O estado de São Paulo possui 231 espécies de mamíferos (De Vivo et al., 2011), 793 espécies de aves (Silveira & Uezu, 2011), 236 espécies de anfíbios (Rossa-Ferrez et al., 2011) e 212 espécies de répteis (Zaher, 2011). 74 Imagem 7 - Sub-regiões geográficas baseadas nas principais áreas de endemismos das aves, borboletas e primatas como proposta por Silva & Casteleti (2003). A região onde se localiza o Parque Natural Municipal de Cajamar encontra-se numa transição entre Floresta Ombrófila Densa e Floresta Estacional Semidecidual ou, conforme Silva & Casteleti (2003), localiza-se numa área de transição entre a sub-região da serra do Mar e Interior (Figura 1). Silva (1992) relata que a área da Serra do Japi é considerada uma zona de contato entre as avifaunas da Mata Atlântica, da mata de altitude da serra da Mantiqueira e das matas semidecíduas do Planalto Ocidental Paulista. Considerando que o PNMC está conectado com os limites da Zona de Amortecimento da Serra do Japi, é possível afirmar que também está inserido em uma zona de transição entre comunidades faunísticas e fitofisionomias, também chamada de ecótono. Estas zonas caracterizam-se por uma maior tensão ecológica entre comunidades mais estáveis das sub-regiões ou fitofisionomias e, normalmente, nestas áreas é esperado encontrar uma maior riqueza de espécies. No entanto, conforme Silva (1992), muitas populações de aves da região tem sofrido declínio devido a intensa atividade antrópica existente afetando de forma negativa seus habitats. O PNMC possui uma área de aproximadamente 5,5 ha, constituindo-se de dois fragmentos separados pela estrada João Félix Domingues. O fragmento maior a oeste -sudoeste da estrada na Gleba 1 (denominado Mata1 para o estudo) é entrecortado por um riacho, constituindo grande parte da gleba em APP fluvial (Foto 29 e 30). Já o fragmento a leste – nordeste da estrada Gleba 2 (Mata 2) possui área mais alta e mais seca. Esses fragmentos estão conectados com outros fragmentos do entorno, e devem servir como corredores ou “step stone” para muitas espécies da fauna silvestre da região. Também é encontrada grande quantidade de Pinheiros e Eucaliptos exóticos fazendo parte da estrutura florestal da área do Parque. 75 Fotos 29 e 30 - Área de APP que atravessa a Gleba 1. À esquerda, a área está mais florestada; e à direita, a área está mais aberta. 4.3.1.1. Metodologia de levantamento de fauna Durante os dias 09, 10, 12, 15 e 21 de agosto de 2013, em períodos da manhã, tarde e/ou noite, foi percorrido a pé a área do empreendimento e seu entorno justo adjacente. Registrado, visualmente ou auditivamente, todas as espécies da fauna de vertebrados terrestres encontradas, assim como seus vestígios e rastros. Investiu-se maior foco na identificação das aves, uma vez que este grupo apresenta diversos bioindicadores de nichos ou funcionalidades ecológicas. Desse modo, foi descrita a riqueza da área do Parque. Dentro desse mesmo período de busca ativa foram selecionados pontos de escuta para as aves conforme metodologia de Blondel (et al. 1970) e Vielliard & Silva (1990). Esta metodologia consiste em determinar pontos amostrais onde, em cada um deles, durante um tempo fixo de 10 minutos são registrados todos os contatos visuais e auditivos dentro de um raio de aproxi- madamente 50 m, entretanto, neste caso considerou-se somente os registros dentro dos limites do Parque. Os pontos de escuta foram distribuídos na área do Parque conforme imagem 34. Com esta metodologia buscou-se caracterizar a riqueza e abundância da avifauna local. A amostragem por ponto de escuta foi realizada preferencialmente no período da manhã entre as 6:30 (nascer do sol) e 10:30, intervalo de tempo em que as aves se encontram mais ativas. Entretanto, no dia 15, foi realizada amostragem no final da tarde, entre as 15:00 e 18:00 (pôr do sol), segundo período mais ativo das aves no dia. Os períodos de amostragem para a busca ativa, que também incluem as amostras de ponto de escuta, podem ser observados na Tabela 1. Vale destacar que foram realizadas também, incursões noturnas com o objetivo de registrar espécies, principalmente aves das ordens Strigiformes (corujas) e Caprimulgiformes (bacuraus, curiangos e urutaus). 76 Imagem 8 - Distribuição dos pontos de escuta amostrais dentro dos limites do Parque Natural Municipal de Cajamar. Tabela 13 - Períodos iniciais e finais da busca ativa de registro de espécies e suas respectivas datas DIA 09/ago 10/ago 12/ago 15/ago 21/ago PERÍODO Manhã Manhã Tarde Manhã Noite Tarde Noite Manhã Adicionalmente, foi realizada uma busca de dados secundários sobre a ocorrência da fauna no contexto regional, de modo a permitir uma comparação com registros in loco do presente estudo. Para todas as espécies de aves, seguindo Stotz et al. (1992), foram registrados dados de sensibilidade às perturbações (baixa, média e alta), habitat preferencial considerando estratos verticais de floresta (aquático, terrestre, sub-bosque inferior, sub-bosque superior, dossel e ambiente aéreo) e abundância relativa (raro, incomum, comum e muito frequente). Foi verificado também, o status de ameaça de extinção para cada espécie em nível estadual conforme o Decreto Estadual n° 53.494 INÍCIO 06:30 06:45 12:00 06:35 19:00 14:00 19:20 06:30 FIM 10:30 12:00 14:05 10:45 22:00 18:05 21:20 10:15 de 2 de outubro de 2008 (SMA, 2009) e federal conforme Instrução Normativa do Ministério do Meio ambiente nº 3 de 2003 e nº 5 de 2004 (Machado et al., 2008). Foram registradas espécies que constam nas categorias: a) criticamente em perigo de extinção (CR): espécie, ou táxon, que apresenta alto risco de extinção em futuro próximo, devido a alterações ambientais ou de alta redução populacional; b) em perigo de extinção (EM): espécie, ou táxon, que apresenta risco de extinção em futuro próximo devido a grandes alterações ambientais ou de significativa redução populacional; 77 c) vulnerável (VU): espécie, ou táxon, que apresenta um alto risco de extinção a médio prazo, devido a alterações ambientais preocupantes ou da redução populacional; d) quase ameaçadas (NT): espécie, ou táxon, que quando avaliada quanto aos critérios da IUCN (2008) não se qualifica para as categorias de ameaça citadas, mas mostra que está em vias de integrá-las em futuro próximo. Para análise dos dados, primeiro, foi produzida uma curva de rarefação (Mao Tau), cujo objetivo é demonstrar o crescimento cumulativo de espécies novas registradas conforme aumentam o número de amostras (pontos de escuta). Assim, pode-se estimar o quanto a riqueza da avifauna local foi bem caracterizada através da amostragem por ponto de escuta. Em seguida, foi estimado o número de espécies existentes na área através do estimador Jacknife de 1ª ordem. Para tanto, a ordem das amostras foi aleatorizada 1000 vezes utilizando o software Estimates 9.1 (Cowell, 2013) e produzida as respectivas curvas através do software Statistica (Statsoft, 2004). Através da amostragem por ponto de escuta calculou-se também para cada espécie o índice pontual de abundância (IPA), conforme Vielliard & Silva (1990). Em seguida, foi produzido um rank de abundâncias para a Mata 1, Mata 2 e total da área. Dessa forma foi possível analisar a equitatividade das abundâncias das espécies para a comunidade das aves registradas no PNMC. As características ecológicas das aves (sensibilidade, habitat estratificado e abundância relativa) encontradas no local e entorno justo adjacente foi comparada com as das espécies de aves registradas para a região por dados secundários. Por último, com base nas análises acima, foram indicadas medidas de manejo com vistas à conservação do equilíbrio das populações da fauna silvestre do Parque Natural Municipal de Cajamar. 4.3.1.2. Resultados e Discussão Durante os dias 09, 10, 12, 15 e 21 de agosto de 2013 foram realizados um total de 24 horas e 20 minutos de registros de espécimes da fauna por busca ativa, onde foram registrados 70 espécies da fauna silvestre considerando a área do PNMC e entorno justo adjacente, sendo 67 aves e três espécies de mamíferos. Não foi registrada nenhuma espécie de réptil ou anfíbio. No entanto, se considerarmos registros através da literatura para as espécies da fauna regional, como potencialmente ocorrentes no PNMC, temos um total de 262 espécies animais sendo 188 aves, 32 mamíferos, 19 répteis e 23 anfíbios. A região onde se localiza o PNMC é uma transição entre as fisionomias de Floresta Ombrófila Densa e Floresta Estacional Semidecidual ou, conforme classificação de Silva & Castelelti (2003), é uma transição entre as sub-regiões de endemismos de fauna do Interior e Serra do Mar, o que caracteriza um grande ecótono, no qual a Serra do Japi também faz parte. Em regiões de ecótono são comumente encontradas espécies características das duas sub-regiões ou fisionomias, assim, espera-se maior riqueza de espécies com elevada intensidade de competição entre elas e uma rede intrincada e sensível de funções e processos ecológicos. Nesse sentido, as atividades de manejo do parque devem sempre investir esforços no entendimento do funcionamento dessa rede, o que inclui começar por um monitoramento constante de forma a aumentar a lista de espécies registradas na área do Parque. Neste estudo, visamos caracterizar de forma rápida a composição das espécies da fauna de vertebrados existente na área do PNMC, com atenção especial à comunidade de aves, acrescido de informações da literatura que indiquem espécies potencialmente ocorrentes na área. Assim, as espécies registradas por este estudo são suficientes para indicar as diretrizes e prioridades para o manejo da fauna na área do Parque. Com base no esforço amostral por busca ativa deste estudo, a Mata 2 apresentou maior riqueza de aves registradas (39 espécies) quando comparada à Mata1, (36 espécies). Mas esta diferença pode não ser significativa, uma vez que, com maior esforço amostral, a riqueza das duas áreas ainda pode aumentar. Considerando as amostragens realizadas através de ponto de escuta, foram coletados dados de um total de 24 amostras ou 240 minutos de registros de abundância dos espécimes de aves. Por esse método, foi registrado um total de 39 espécies de aves (Mata 1 + Mata 2); entretanto, ainda estavam sendo realizados novos registros de espécies conforme aumentava-se as amostragens, ou seja, as curvas de acumulação de espécies observadas (Mao Tau) e de riquezas estimadas (Jacknife) ainda não se estabilizaram (Gráfico 3). 78 Gráfico 3 - Curvas de acumulação de espécies observadas (Mao Tau) e estimadas (Jacknife de 1ª ordem) ainda não estabilizadas. Das espécies de aves registradas no local, uma espécie, o arapaçu-rajado (Xiphorhynchus fuscus), é considerada de alta sensibilidade à distúrbios ambientais, 21 espécies são de média sensibilidade e 43 de baixa sensibilidade. Proporção semelhante pode ser encontrada quando consideramos o conjunto de espécies da região, com 10 espécies de alta sensibilidade, 94 espécies de média sensibilidade e 137 espécies de baixa sensibilidade (Gráfico 4). Considerando a abundância relativa das espécies com base em dados da literatura, no local do empreendimento foram registradas 22 espécies consideradas como muito frequentes, 39 espécies comuns, 4 espécies incomuns e nenhuma espécie rara. Proporção semelhante entre as abundâncias relativas do conjunto de espécies regionais também foi registrado, sendo 98 espécies muito frequentes, 114 espécies comuns, 31 espécies incomuns e uma espécie espécies rara, Pavó (Pyroderus scutatus) (Gráfico 4). Gráfico 4 - À esquerda, gráfico demonstrando as proporções de espécies classificadas segundo a sensibilidade a alterações do habitat. A classificação foi realizada para espécies observadas em campo neste estudo e espécies registradas para a região levantadas pela literatura. À direita, gráfico demonstrando as proporções das espécies em nível local e regional segundo suas abundâncias relativas classificadas por Stotz et al. (1992). 79 A B D E Fotos 31, 32, 33 e 34 - Algumas espécies de aves registradas in loco pelo presente estudo. A) pica-pau-anão-de-coleira (Picumnus temminckii); B) Fêmea de saíra-de-chapéu-preto (Nemosia pileata); C) Barbudo-rajado (Malacoptila striata); D) Sanhaçu-de-fogo (Piranga flava). A maioria das espécies registradas no local do PNMC e na literatura para a região, são caracterizadas por Stotz (et al. 1992) como comuns e muito frequentes (Gráfico 4). Em uma análise gráfica de abundância das espécies registradas por ponto de escuta observamos o padrão tradicional de J invertido, onde poucas espécies são muito abundantes e muitas espécies são pouco abundantes (Gráfico 5). Se discri- minarmos a Mata 1 e Mata 2 nesta análise é possível observar maior equitabilidade na abundância das espécies da Mata 1 (Gráfico 6). No entanto, a amostragem pode não ser suficiente para a discriminação das áreas na análise de abundância, demonstrando apenas uma tendência que pode ser confirmada através de monitoramento. Gráfico 5 - Ranking de abundância das espécies da área total do PNM Cajamar. 80 Gráfico 6 - Ranking de abundância das espécies da Mata 1 e Mata 2 do PNM Cajamar. Tabela 14 - Lista das cinco espécies mais abundantes para a Mata 1, Mata 2 e área total do Parque, segundo seu índice pontual de abundância (IPA). Conforme podemos observar na Tabela 14, o Pitiguari (Cyclarhis gujanensis), o pula-pula (Basileuterus culicivorus) e o bico-chato-de-orelha-preta (Tolmomyias sulphurescens) estão entre as cinco espécies mais abundantes, tanto na Mata 1, como na Mata 2. O pitiguari (C. gujanensis) é uma espécie solitária e sua elevada abundância pode indicar baixa qualidade ambiental, uma vez que essa é uma espécie pouco exigente em relação aos recursos ambientais, possuindo uma dieta onívora e habitando desde bordas de matas, onde normalmente é mais comum, até interior de matas mais preservadas, onde sua ocorrência se torna mais escassa. Já o pula-pula (B. culicivorus) é uma espécie naturalmente abundante e muito conspícua devido à sua alta atividade de forrageio, o que facilita seu registro. Além disso, assim como o pitiguari, também é pouco exigente com relação à qualidade do hábitat, podendo ocorrer em florestas secundárias e florestas mais preservadas, porém nunca em campos abertos ou árvores isoladas na paisagem. O bico-chato-de-ore- lha-preta (T. sulphurescens) é uma espécie insetívora, também pouco sensível aos distúrbios ambientais, no entanto, exige uma estrutura mínima florestal (sub-bosque e dossel). Vale destacar também que o joão-porca (Lochmias nematura), presente entre as cinco espécies mais abundantes da Mata 1, é uma ave de média sensibilidade estreitamente ligada a riachos florestados; pode ser abundante ou não dependendo da região, mas somente sua presença indica se tratar de um riacho razoavelmente bem florestado, podendo ser usado também como um indicador para as Áreas de Preservação Permanente (APPs) de cursos d’água. Outra espécie que vale destacar, que está entre as cinco mais abundantes da Mata 2, é o inhambu-guaçu (Crypturellus obsoletus), espécie muito ligada a ambientes florestais primários e secundários. Sempre que esta espécie foi registrada neste estudo, estava na direção leste e nordeste da Mata 2, área que está conectada à uma mata mais densa e preservada no entorno justo adjacente, fora dos limites do parque. 81 Fotos 35 e 36 - Ninhos encontrados in loco no presente estudo na Mata 2. Para a conservação da fauna silvestre, é muito importante conhecer o habitat das espécies. Neste estudo, seguindo a classificação de Stotz et al. (1992), encontramos na área do PNMC 22 espécies terrestres, 31 espécies concentram-se no sub-bosque inferior das matas, 27 espécies concentram-se no sub-bosque superior das matas, 35 espécies concentram-se no dossel das matas e apenas 01 espécie concentra-se no ambiente aéreo acima das florestas. Nenhuma espécie aquática foi detectada segundo a classificação de Stotz et al. (1992), mas vale ressaltar que o joão-porca (Lochmias nematura), como já mencionado, é uma ave florestal, mas estreitamente ligado a ambientes aquáticos ou pantanosos. Portanto, considerando o conjunto das aves da região, pode ser observado proporções semelhantes do que foi encontrado no local (Gráfico 7), 05 espécies são consideradas como aquáticas, 69 espécies são terrestres, 92 espécies concentram-se no sub-bosque inferior, 85 espécies concentram-se no sub-bosque superior, 127 espécies concentram-se no dossel das florestas e 15 espécies concentram-se no ambiente aéreo acima das florestas. Gráfico 7 - Proporção das espécies registradas in loco e levantadas para a região segundo o uso do estrato florestal como habitat. 82 É importante acompanhar, através de monitoramento, a dinâmica das populações de acordo com os habitats estratificados, uma vez que por este método pode-se ter uma boa indicação da qualidade dos estratos florestais para as comunidades vegetais e animais. Isso não descarta a importância de outros tipos de habitats para as espécies de interesse para a conservação. As proporções semelhantes entre os registros ob- tidos in loco por este estudo e os registros encontrados na literatura demonstram que a amostragem aplicada por este estudo é suficiente para caracterizar a sensibilidade, a abundância relativa das espécies e a qualidade dos habitats estratificados. No entanto, é necessário também, estar atento ao registro de espécies in loco que, por este estudo, foram descritas como de ocorrência potencial, o que pode ser contemplado pelo monitoramento. Fotos 37 e 38 - Pomba-asa-branca (Patagioenas picazuro) e beija-flor (trochilideo) não identificado. Das 262 espécies de animais registradas como ocorrentes e potencialmente ocorrentes, quatro espécies constam na lista brasileira da fauna ameaçadas de extinção, são elas: Sauá (Callicebus personatus), jaguatirica (Leopardus pardalis), onça-parda (Puma concolor) e veado-mateiro (Mazama americana), todos na categoria “vulnerável”. Seis espécies são consideradas ameaçadas de extinção conforme lista da fauna ameaçada de extinção do Estado de São Paulo, são elas: urubu-rei (Sarcoramphus papa) na categoria “em perigo”, gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus), pavó (Pyroderus scutatus), araponga (Procnias nudicolis), jaguatirica (L. pardalis) e onça-parda (P. concolor) na categoria “vulnerável”. O sauá (C. personatus) é considerado como “quase ameaçado” no Estado de São Paulo. Entretanto, nenhuma espécie ameaçada de extinção foi registrada in loco por este estudo. As espécies Chiroderma doriae (morcego), Hylodes cf. ornatos (rã-das-cachoeiras), Crossodactylus sp. (aff. Díspar) (rãzinha-do-riacho) são consideradas como deficiente de dados para avaliação do seu status de ameaça. No entanto, por precaução, estas espécies devem ser incluídas no conjunto de espécies prioritárias para manejo se registradas na área do Parque. Entre os mamíferos, vale destacar o registro de fezes de veado (Mazama sp.) possivelmente pertencente a espécie M. guazoubira, entretanto, como não foi registrado pegada, a identificação é incerta. De qualquer forma, é importante o registro de um cervídeo estar utilizando a área do Parque. Este registro se deu próximo ao portão da Gleba 2 (Mata2), na parte mais baixa. É possível que este espécime esteja atravessando a estrada Francisco Missé, e utilizando o Parque como corredor para acessar a área mais conservada a leste da propriedade vizinha adjacente. 83 Fotos 39 e 40 – fezes de veado (Mazama cf. guazoubira) encontrada na Mata 2. À direita, buraco de tatu, registrado em diversos lugares da Mata 1 e Mata 2. 4.3.1.3. Pressões Antrópicas A presença das estradas João Félix Domingues e Francisco Missé, certamente contribuem para o isolamento do PNMC e o risco de atropelamento de animais silvestres, principalmente mamíferos, anfíbios e répteis. Durante o período de visita a campo, foi observado intensa atividade de motociclistas praticando motocross pela estrada Francisco Missé. Outro momento observado foi durante o período de romaria, onde muitos grupos utilizam das estradas sem qualquer cuidado ou atenção quanto à circulação de fauna. Foi constatada a disposição de alimentos na Mata 2 (Gleba 2) como resultado de atividade religiosa na área do PNMC (Imagem 41). A disposição de alimentos parece não impactar negativamente a fauna silvestre, no entanto, deve ser pensado sobre limites para o acesso humano ao parque, uma vez que a intensa atividade humana pode inibir o uso da área como corredor florestal pela fauna, como por exemplo, o veado (Mazama sp.). Também foi observado indício de atividades de caça no local (Imagem 42), o que constitui crime conforme a Lei 9.605 de 1998 e deve ser coibido. Fotos 41 e 42 - À esquerda, artefatos de cerimônias religiosas encontrados em dois pontos da Mata 2. À direita, armadilha para captura de pássaros encontrada na Mata 1. 84 4.3.1.4. Considerações finais sobre a fauna A área do PNMC é um fragmento pequeno de aproximadamente 5,5 ha, possui uma fauna rica para o seu tamanho, devido a grande quantidade de outros fragmentos preservados no entorno, mas é insuficiente, por si só, para proteger de modo integral as populações da maioria das espécies. A principal função desta Unidade de Conservação está em auxiliar a proteção das espécies do ponto de vista regional como um corredor ou “step stone” entre os fragmentos da região. Mas cabe ressaltar que, devido à sua pequena área, qualquer interferência pode causar impactos negativos significativos para a fauna silvestre. Portanto, as ações de manejo para a fauna sil- vestre levantadas, devem procurar sempre estarem integradas com as áreas adjacentes, ou seja, com a administração de outras Unidades de Conservação e propriedades privadas. A fauna registrada na área do PNMC apresenta nichos bem diversificados, com todos os estratos florestais sendo utilizado como habitat pelas espécies registradas, no entanto, praticamente não foi registrado as espécies de alta sensibilidade ou raras, registrada pela literatura na região do entorno. O monitoramento das abundâncias das espécies da fauna dentro do PNMC pode ser um indicador sobre o status das populações no contexto regional, subsidiando informações importantes para a gestão da região como um todo. 4.3.2. Vegetação Os estudos sobre vegetação ficaram mais frequentes no Estado de São Paulo a partir da década de 1970, com o desaparecimento cada vez mais acentuado de florestas devido às pressões agrícolas e imobiliárias. É nesse contexto que Rodrigues e Sheperd (1992) desenvolveram seu estudo sobre a vegetação da Serra do Japi. Há a predominância de formações florestais arbóreas no recobrimento da Serra, entretanto, as matas apresentam características fisionômicas distintas de acordo com a altitude. Entre 750 a 850 metros, a fisionomia é típica de mata de planalto, com árvores espaçadas e diâmetro elevado e dossel descontínuo. Nas partes mais elevadas da serra as árvores são adensadas com porte e diâmetro inferiores ao observado nas partes mais baixas. Leitão-Filho (1992) realizou estudo sobre a heterogeneidade edáfica e vegetacional que ocorre no gradiente altitudinal observado na serra. A partir dessa observação é possível distinguir dois tipos principais de solo. O primeiro, típico de encostas e morros, apresenta coloração clara, com textura cascalhenta e alguns afloramentos rochosos. O segundo aparece em áreas côncavas, com características de deposição de material. Devido a baixa concentração de nutrientes na maior parte das amostras de solos da serra, concen- tradas principalmente nas camadas superficiais, revela que a reposição de nutrientes do solo é feita pela própria vegetação por meio da serrapilheira. Em levantamento fitossociológico realizado por Leitão-Filho (1992) na Serra do Japi, o pesquisador encontrou 128 espécies arbóreas distribuídas em 91 gêneros e 46 famílias, demonstrando a importância dos ecossistemas florestais na serra. De acordo com Morellato (1992), tanto a floresta de altitude, quanto a floresta mesófila mostraram-se sazonais com relação à produção de serrapilheira total e da fração das folhas. Na vegetação da floresta de altitude a quantidade de macronutrientes na serrapilheira são sempre inferiores à observada na floresta mesófila, ou seja, a floresta de altitude é sempre mais pobre em nutrientes que a floresta mesófila. A vegetação de altitude está assentada em solo raso, pedregoso e pobre em nutriente com concentração de alumínio, deficiente quanto à saturação de bases e aparentemente com pequena capacidade de retenção hídrica. Já a floresta mesófila é encontrada em ambiente mais úmido, com solos mais profundos e ricos em nutrientes, com baixa saturação de alumínio e melhor saturação de bases. Essas situações diferenciadas demonstram o equilíbrio encontrado na vegetação da serra, cada uma com suas características próprias. 85 4.3.2.1. Material e Métodos de caracterização da vegetação A vegetação foi caracterizada a partir de dados coletados em campo, pesquisas bibliográficas e exploratórias. O uso do software google-earth auxiliou na localização e levantamento das características da vegetação da propriedade e da paisagem no entorno. Posteriormente os softwares Garmin Mapsource e Autodesk Map foram utilizados para a elaboração da carta de vegetação e a espacialização dos diferen- tes estágios sucessionais da vegetação. Sobre uma base de dados planialtimétricos foram espacializados as fitofisionomias observadas e os atributos da legislação específica. A caracterização das fitofisionomias ocorrentes foi feita a partir das definições legalmente instituídas e adaptadas ao contexto específico da área. Foi realizada vistoria técnica ao local em 15 de agosto de 2013 totalizando 10 horas/homem de observação em campo. 4.3.2.2. A Vegetação do PNMC Imagem 9 - Localização regional da área de estudo, correspondente ao ponto vermelho no centro do círculo amarelo. Notar mancha urbana da Região Metropolitana de São Paulo e mancha de vegetação localizada na Serra do Japi. Notar importância da área para conectividades da Serra do Japi com a Serra da Cantareira. A formação vegetal é de Floresta Ombrófila Densa, notavelmente secundária, e está inserida no Domínio da Mata Atlântica. A Floresta Atlântica, assim comumente designada, possui camadas de vegeta- ção distribuídas verticalmente formando uma estratificação que se inicia sobre o solo, com a camada de serrapilheira, até as árvores emergentes. 86 Imagem 10 - Localização do perímetro da área do PNMC (em vermelho) sobre simulação de relevo. Notar topografia da região e a Região Metropolitana de São Paulo ao fundo, e contexto ecológico da área. A propriedade está inserida em um entorno composto por lotes com cobertura vegetal total e lotes residenciais com construções de alvenaria onde a cobertura vegetal foi parcialmente ou totalmente alterada. Foto 43 - A área de estudo e seu entorno. Seus limites compreendem as áreas mais baixas, a partir da monocultura de eucaliptos da extrema esquerda, incluindo a mata nativa em regeneração ao longo do curso d’água e vegetação nativa sub-bosque de eucaliptos e estágios iniciais de regeneração, nos setores mais baixos da extrema direita. Notar fios da linha de transmissão. Entorno composto de extensas plantações de eucalipto, com manchas de vegetação nativa terrestre e de várzea em estágios variados de regeneração. 87 De acordo com o Atlas de Uso e Ocupação do Solo do município de Cajamar, disponível em http://www.emplasa.sp.gov.br/emplasa/cartografia/ atlas/pdf_atlas/Atlas_Cajamar.pdf, a região em que está inserido o PNMC foi classificada como de Reflorestamento. No entorno da propriedade há glebas de terra com reflorestamento de Eucaliptus sp., como também no topo de morro da propriedade. As adjacências da propriedade são compostas por um mosaico de plantações de eucalipto, pastagens, sítios e pequenos fragmentos florestais nativos em diversos estágios sucessionais. Ao norte da propriedade, do outro lado da Estrada Francisco Missé, há um fragmento de aproximadamente 4 hectares de solo exposto, oriundo provavelmente do desbaste. Imagem 11 - Perímetro da área (em vermelho). Notar entorno predominantemente composto por cobertura vegetal, com ocorrência de vegetação nativa em diversos estágios de regeneração, monoculturas de eucalipto e pastagens. A ocorrência de curso d’água caracteriza incidência de Área de Preservação Permanente – APP, tal como definido no Código Florestal e suas subsequentes atualizações. A Gleba 2 apresenta ocorrência de APP de topo de morro, sendo que a partir da linha de cota de 780m estabelece-se uma linha de cumieira definindo esta APP. Nesta cota altimétrica apresenta-se uma ruptura de relevo separando a feição topo da feição vertente. Foto 44 - Vista da propriedade a partir do trevo localizado no limite noroeste. A área em primeiro plano, à esquerda, não faz parte da área. Notar, à extrema direita, a vegetação mais desenvolvida do terreno, sobre o rio. Área de alto valor ecológico, com possibilidade de travessia de vertebrados terrestres. 88 4.3.2.3. Fitofisionomias vegetais observadas Foi constatada a ocorrência de diferentes fitofisionomias vegetacionais (a localização destas respectivas fitofisionomias podem ser observadas no mapa 4 de fitofisionomias), a saber: a) Vegetação nativa em estágio inicial de regeneração florestal, com espécimes arbóreos remanescentes de estágios médios; b) Vegetação nativa em estágio pioneiro de regeneração, com presença de espécimes remanescentes de estágios iniciais, caracterizando uma fitofisionomia savânica, de origem antrópica; c) Bosque de Eucaliptos com sub-bosque composto por estrato de gramíneas em estágio pioneiro; d) Bosque de eucaliptos com sub-bosque composto por estrato arbustivo-arbóreo em estágio inicial de regeneração; e) Área de replantio com espécies arbóreas nativas. Observou-se a ocorrência das seguintes espécies, entre outras: aroeira-vermelha (Schinus terebintifolia), quaresmeira (Tibouchina sp.), samambaias (Gleichenia spp., Pteridium sp.), fumo-bravo (Solanum sp.), amoreira (Morus nigra), grandiúva (Trema micrantha), embaúbas (Cecropia spp.), jaboticaba (Plinia trunciflora), guapuruvu (Schizolobium parahyba), candeia (Piptocarpha rotundifolia), manacá-da-serra (Tibouchina mutabilis), jerivá (Syagrus romanzzofiana), samambaiaçu-imperial (Dicksonia selloviana). 89 Mapa 4 - Fitofisionomias vegetacionais e corredores ecológicos estabelecidos no PNMC. 90 4.3.2.4. Espécies Ameaçadas De acordo com os resultados obtidos e a legislação vigente as seguintes espécies ocorrentes encontram-se listadas como ameaçadas de extinção: paineira (Ceiba speciosa), samambaiaçu-imperial (Dicksonia selloviana). Os exemplares das espécies supracitadas encontram-se dentro de áreas em estágio inicial de regeneração. Foto 45 - Vista do terreno a partir do portão de acesso no setor leste/nordeste. Notar vegetação em estágio inicial de regeneração, com espécimes remanescentes de estágios médios. Foto 46 - Detalhe da vegetação na entrada do setor leste/nordeste. Notar espécime de Cabralea canjerana (Canjarana), em primeiro plano, na porção direita da imagem. Foto 47 - Vegetação nativa em estágio inicial de regeneração no setor leste/nordeste da propriedade. Notar pequena amplitude diamétrica e baixa riqueza de espécies, serrapilheira incipiente, e hábito epifítico restrito a musgos e liquens. Foto 48 - Detalhe da mancha de fitofisionomia savânica antrópica. Notar estrato herbáceo graminoso contínuo e relativa diversidade e riqueza de espécies. 91 Foto 49 - Perímetro da área (em vermelho). Notar a pequena mancha de fitofisionomia savânica de origem antrópica na Gleba2 leste/nordeste (Mata 2). A imagem é apresentada para fins ilustrativos apenas, dado que é datada de 2009. Importante ressaltar que esta área foi queimada no verão de 2014. Foto 50 - Aspecto geral da vegetação próxima ao curso d’água. Notar espécimes de Alchornea triplinervia (tapiá), espécie comum na área, na porção central da imagem, Gleba 1 oeste/ sudoeste. 92 Foto 51 - Área onde ocorreu replantio recente de espécimes arbóreos. Foto 52 - Aspecto da vegetação ao longo do curso d’água. Notar relativo desenvolvimento dos estratos herbáceo e arbustivo e descontinuidade de dossel, atribuída à ausência de propágulos de espécies secundárias e climácicas que permitem o desenvolvimento pleno da sucessão ecológica. 93 Foto 53 - Aspecto da vegetação próxima ao curso d’água, na Gleba 1 porção oeste/sudoeste da área. Notar espécime de samambaiçu e lírio do brejo (exótica ornamental de habitats paludosos). 4.3.2.5. Ocorrência de impactos ambientais Na área do PNMC não foram observados impactos ecológicos significativos recentes, tais como disposição de resíduos, de artefatos religiosos, extração de produtos madeireiros, pisoteio ou pastejo sobre vegetação, presença de gado ou animais domésticos. 4.3.2.6. Avaliação integrativa das condições ecológicas da área A área é caracterizada por um mosaico composto por uma diversidade de fitofisionomias e ecossistemas que são resultado de um histórico de ocupação e uso antrópico. Aparentemente, os usos mais intensivos da propriedade foram interrompidos há cerca de uma década, permitindo a regeneração de vegetação natural. O principal vetor de pressão atual são as vias de circulação (estradas), que representam risco de deposição de resíduos, liberação de animais domésticos e utilização de produtos madeireiros. Dada a composição específica observada na área e das características do entorno conclui-se que os processos sucessórios encontram-se prejudicados pela ausência da chegada de propágulos de espécies arbóreas de estágios secundários e climácicos. As áreas onde se observa a regeneração mais antiga já sofrem estruturalmente com a morte das árvores pioneiras que se estabeleceram, uma vez que a sucessão ecológica está prejudicada pela falta de biodiversidade. Nota-se um prejuízo estrutural, caracterizado por descontinuidades de dossel, resultando na entrada de luz e perda de umidade que pode ocasionar o desenvolvimento de cipós, liana e gramíneas, o que representa um risco para as funções ecológicas da área. Esta é uma das ameaças importantes à que a área está sujeita. Não obstante, a área ocupa papel importantíssimo na conectividade biológica entre os fragmentos florestais do entorno e na prestação de serviços ecossistêmicos relacionados aos recursos hídricos. Importante ressaltar que se faz necessária a ampliação da área do PNMC, incorporando a propriedade particular que está na esquina da Estrada Francisco Missé com a Estrada João Félix Domingues, e as áreas mais florestadas que atualmente são usadas pelos animais silvestres, demonstradas no mapa com os eixos de conectividade. 94 Medidas de recuperação e conservação Dado o contexto exposto recomenda-se as seguintes medidas: • enriquecimento das regenerações iniciais com espécies secundárias e climácicas, através do plantio destas espécies utilizando técnicas adequadas. Estas devem ser as espécies prioritárias em replantios, recomen- dando-se o uso de alta diversidade específica. • sinalização ao logo das vias adjacentes e educação ambiental no entorno, em caso de isolamento da área utilização de cercas que permitam o fluxo de fauna. • assegurar conectividade com as propriedades adjacentes. Os principais pontos de fluxo de biodiversidade estão representados na figura abaixo. Imagem 12 - Eixos de conectividade atuais e potenciais, que precisam ser mantidos, promovidos ou melhorados. Os fluxos E e D encontram-se bastante ativos e devem ser preservados, e os demais devem ser promovidos através de replantio de espécies arbóreas (F, G) e estabelecimento de corredores de fauna (A, B, C, G). 4.3.2.7. Potenciais de uso público e conservação biológica regional Dada a diversidade de fitofisionomias e a presença de espécies arbóreas bastante emblemáticas, a área apresenta alto potencial para atividades de educação ambiental no ambiente natural. Os caminhos já existentes apresentam potencial para uso público, sendo que através da propriedade é possível acessar mirante na propriedade adjacente, de onde se observa todo o contexto ecológico da área em situação de notável beleza cênica. A pequena mancha de vegetação savânica de origem antrópica é também um ponto de interesse, bem como as outras áreas vegetadas. Temas que podem ser explorados compreendem a diversidade biológica, a regeneração ecossistêmicas, a história ecológica da área e seus impactos, recursos hídricos e bacias hidrográficas, espécies de interesse cosmético (copaíba, p.e.), sensibilização para o ambiente natural, espécies exóticas x espécies nativas, entre muitos outros. Em termos regionais e à médio prazo, atividades de enriquecimento da biodiversidade vegetal arbórea podem fazer da área uma fonte de propágulos importante para elevar a biodiversidade dos fragmentos adjacentes. Atividades de produção de mudas podem ser interessantes nesse sentido. A produção de material informativo, como por exemplo, um guia para as espécies vegetais e animais, é um instrumento importante para a interpretação ecológica na área. 95 CAPÍTULO 5 PLANEJAMENTO O capítulo de planejamento do Parque Natural Municipal de Cajamar está dividido em duas partes principais e seus subitens. A primeira parte tratará sobre o Zoneamento da UC, onde através dos estudos realizados, tanto em campo, quanto sobre a literatura, foi possível fazer uma divisão do Parque de acordo com seus principais atributos e, de forma, a dotar de regras e diretrizes cada zona. A segunda parte abordará os programas de ação e gestão que trarão um universo de possibilidades de ações para o cotidiano do Parque. O Planejamento de uma UC é a parte principal dentro de um Plano de Manejo. Para compor este planejamento foram realizadas diversas oficinas participativas com o intuito de levantar ao máximo as expectativas da comunidade e dos parceiros envolvidos em relação ao uso e ao território do Parque. Estes encontros foram extremamente importantes para avaliar os anseios dos futuros frequentadores do PNMC. Em uma das oficinas participativas foram abordadas questões com o objetivo de aflorar os pontos fortes e fracos, as oportunidades e as ameaças, tanto no ambiente interno, quanto no externo do Parque. Figura 2 - Quadro apresentado durante oficina de planejamento Fonte: Adaptado do Roteiro Metodológico IBAMA (IBAMA, 2002). 96 Tabela 15 - Resultado sobre a “Visão da Comunidade” realizado durante oficina. PONTOS FORTES • Vegetação; • Ambiente do parque é diferenciado (solo, brejo, água); • Localização; • Projeto do PJ com trilhas; • Gestão compartilhada; • Inserido em 3 municípios APA e Serra do Japi; • Escola próxima; • Inclusão da comunidade; • Iniciativa de ecoturismo no entorno; • Página no jornal para divulgação; • Assentamento (MST) no entorno; • Divulgação em rádio (87,5 FM); • Conselho gestor empossado; • Legislação pertinente. OPORTUNIDADES • Educação ambiental; • Intercâmbio entre a diretoria de ensino e a diretoria de meio ambiente; • Natura como parceira; • Verba para construção de viveiro de mudas; • Gerar um olhar especial na população para saber o que é uma APA; • Gerar mobilidade no município; • Ponto de ecoturismo; • Parceria com empresas; • Fomentar práticas econômicas sustentáveis; • Pesquisas universitárias; • Capacitação de moradores (para agentes ambientais, biólogos, etc.); • Plano diretor e Conselho da Cidade. PONTOS FRACOS • Eucaliptos; • Estrada cortando; • Dificuldade em estabelecer Zona de Amortecimento (extrapola o município); • Trilheiros; • Ocupação irregular aumentando; • Caça / passarinheiros; • Fiscalização deficiente; • Fogo; • Lenheiro / silvicultura; • Informação inadequada no entorno; • Pressão imobiliária. 97 Em outra oficina de planejamento os participantes puderam espacializar as suas ideias em relação ao Parque e ao futuro zoneamento. É importante ressaltar que o PNMC, por ser um Parque que ainda não está aberto para a visitação e que também não possui nenhum tipo de infraestrutura. Portanto, as contribui- ções dadas levam mais em consideração as expectativas que a população tem em torno de um Parque Municipal, sem no entanto, estarem de acordo em muitos casos, com os possíveis usos que podem existir em um Parque Natural. Fotos 54 e 55 – Grupos de trabalho planejando o zoneamento do PNMC durante oficina. Fotos 56 e 57 – Apresentação das propostas de zoneamento do PNMC durante oficina. 98 5.1. ZONEAMENTO A definição das Zonas para as diferentes categorias de Manejo dentro da Unidade de Conservação se caracteriza como a parte mais importante apresentada dentro de um Plano de Manejo. Para a delimitação do zoneamento das áreas internas do Parque Natural Municipal de Cajamar foram analisadas as principais características de: vegetação, localização e circulação de fauna, fragilidade de solos, declividade, os acessos, além das localidades mais sujeitas às interferências e pressões externas. Outro fator considerado determinante para o zoneamento são os motivos pelos quais a UC foi criada. No caso do PNMC ele é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, e que tem como objetivo principal a conservação dos ecossistemas, o desenvolvimento de atividades voltadas à pesquisa e à educação ambiental, bem como o ecoturismo, visitação orientada, de modo a proporcionar contato com a natureza para o visitante. Além das características apresentadas acima, os critérios de análise (tabela 16), as nomenclaturas, objetivos e normas gerais, são os indicados no Roteiro Metodológico do IBAMA (IBAMA, 2002) e foram fundamentais para a análise da área. Assim como, para a região da Unidade de Conservação, foi observado o estabelecido pelo SNUC para a definição de sua de Zona de Amortecimento. Tabela 16 - Critérios para o Zoneamento. CRITÉRIOS INDICATIVOS DA SINGULARIDADE DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO Representatividade Riqueza e diversidade de espécies Critérios indicativos de Áreas de transição valores para a conservação Suscetibilidade ambiental Presença de sítios históricos e culturais * Potencial para visitação Potencial de conscientização ambiental Critérios indicativos para a Presença de infraestrutura * vocação de Uso e Visitação Uso conflitante Presença de população * * Não se aplica ao Parque Natural Municipal de Cajamar Fonte: Roteiro Metodológico do IBAMA (IBAMA, 2002). São dois os grupos de critérios: os critérios físicos que são mensuráveis e espacializáveis e os critérios de valores, que são indicativos da singularidade e vocação da UC. Para a definição do zoneamento do Parque foram adaptados esses critérios, de acordo com a realidade da UC. A seguir a definição de cada um conforme apresentado no Roteiro Metodológico do IBAMA. 99 A) Critérios Físicos Mensuráveis ou Espacializáveis: São aqueles que podem ser organizados sobre bases informatizadas oficiais e de uso corrente, como: IBGE, PDE, EMPLASA, etc. Estas bases foram trabalhadas por meio de programas de geoprocessamento e sensoriamento remoto, segundo a escala disponível para a área. Além da análise das bases, foram consideradas também as atividades de campo realizadas dentro da Unidade e seu entorno. A.1. Grau de conservação da vegetação: O menor grau de degradação da vegetação geralmente condiciona o menor grau da degradação da fauna e dos solos. Ao contrário, quanto mais degradada estiver a vegetação de uma área, maiores interferências já teriam sofrido a fauna local e provavelmente também os solos. As áreas mais conservadas deverão conter zonas de maior grau de proteção. Este critério refere-se também aos cuidados que se precisa ter na identificação de ambientes fragmentados. A fragmentação resulta geralmente em uma paisagem constituída por terrenos com remanescentes de vegetação nativa entremeados por terrenos com a vegetação degradada ou mesmo eliminada. As áreas mais degradadas devem ser direcionadas para as zonas de recuperação ou para as zonas de maior intensidade de uso (zona de uso intensivo, especial e interferência experimental) Este foi o critério mais utilizado para a delimitação das zonas de uso do PNMC, sendo que a análise da vegetação e, consequentemente, do ambiente por ela proporcionado definiram os limites de cada zona. A.2. Variabilidade ambiental: Este critério está condicionado principalmente pela compartimentação que o relevo pode apresentar em relação a altitudes e declividades. A identificação da compartimentação do relevo constitui-se em processo fundamental para a análise e a explicação dos elementos da paisagem natural. A compreensão da organização das formas do relevo e da drenagem, fatores intrinsecamente ligados em suas relações de causa e efeito, levam à compreensão dos fatores que atuam na distribuição dos solos e das diferentes fitofisionomias. Áreas que contenham vários ambientes devem merecer maior proteção. As diferenças acentuadas de altitude também ocasionam visíveis modificações na vegetação, o que, por sua vez, ocasionará também mudanças na fauna. No caso do PNMC, este critério foi bastante marcante principalmente nas áreas com maior suscetibilidade de erosão (antiga estrada localizada dentro do parque, que direciona grande fluxo de águas pluviais), áreas de maior inclinação, de exposição do solo e as áreas mais úmidas da unidade. B) Critérios Indicativos das Singularidades da UC Estes critérios são variáveis e dizem respeito às áreas temáticas diretamente ligadas ao perfil e ao grau de conhecimento que se tem da Unidade. B.1. Critérios Indicativos de Valores para a Conservação B.1.1. Representatividade: Zonas de maior grau de proteção (intangível e primitiva) devem proteger amostras de recursos naturais mais representativos da unidade. É importante que estas amostras representativas estejam presentes não só nas áreas mais protegidas, mas também naquelas onde possam ser apreciadas pelos visitantes. Como critérios de representatividade podemos elencar: • as espécies em extinção, em perigo de extinção, raras, endêmicas, frágeis e os sítios de reprodução (e, em casos especiais, de alimentação) devem estar contidos nas zonas de maior proteção: zona intangível e zona primitiva. • as espécies que requeiram manejo direto, isto é, quaisquer formas de interferência que impliquem em mudanças das condições naturais, como a transposição de ovos, reintrodução ou translocação e eliminação de espécies exóticas, devem estar contidas em zonas de média e maior proteção, como a zona de uso extensivo, a zona de interferência experimental e a zona de recuperação, mas não nas zonas de maior grau de proteção, como as zonas intangível e primitiva. • os atributos que condicionaram a criação da unidade de conservação, devem, na medida do possível, também estar presentes nas zonas destinadas ao uso público (zona de uso extensivo, uso intensivo, histórico-cultural ou primitiva), de modo a que possam ser apreciados pelos visitantes. No caso do PNMC, considerando o histórico de degradação e o uso dado às suas terras nas últimas décadas, não é possível enquadrar o território do parque nos critérios de representatividade acima descritos, de forma que não é possível caracterizar uma zona intangível e/ou primitiva. B.1.2. Riqueza e/ou diversidade de espécies: Deve ser considerada a riqueza e/ou diversidade de espécies vegetais e animais que ocorrem na unidade a ser zoneada. Áreas com maiores números de 100 espécies encontradas deverão integrar zonas de maior grau de proteção, como a zona intangível e a zona primitiva. B.1.3. Áreas de transição: São aquelas que abrangem simultaneamente características de dois ou mais ambientes, retratadas na sua fitofisionomia e na sua composição de espécies, da vegetação e da fauna. As características únicas que cada área de transição apresenta devem merecer graus maiores de proteção (zona intangível e primitiva). Quando a totalidade ou a maior parte da unidade se inserir na transição entre biomas, segue-se o zoneamento tradicional. B.1.4. Suscetibilidade ambiental: Áreas que apresentem características que as indiquem como ambientalmente suscetíveis devem estar contidas em zonas mais restritivas (zona intangível e primitiva). Áreas frágeis que não suportem pisoteio, como aquelas com solo suscetíveis a erosão e encostas íngremes; áreas úmidas como manguezais, banhados e lagoas; nascentes, principalmente aquelas formadoras de drenagens significativas; habitats de espécies ameaçadas; bancos de algas e corais, biótopos únicos, como ninhais e áreas inclusas em rotas de migração de espécies da fauna (aves, peixes, borboletas etc), bem como áreas de reprodução e alimentação de avifauna. B.1.5. Presença de sítios arqueológicos e/ou paleontológicos: Quando as características e/ou eventos históricos e/ou arqueológicos e paleontológicos relacionam-se diretamente a algum sítio específico, aparecendo como relíquias físicas, tais como ruínas de construções históricas, sítios arqueológicos, sítios de depósitos de fósseis ou similares que possam ser visitados pelo público, devem ser integrados em uma zona específica, a zona histórico-cultural. Se a importância destes sítios não for significativa, não se justifica a criação de uma zona histórico-cultural, podendo os mesmos serem integrados em outras zonas de visitação mais restrita, como a zona primitiva ou a de uso extensivo. Reservas biológicas e estações ecológicas podem comportar uma zona histórico-cultural, desde que a visitação seja direcionada para atividades educativas e educacionais. parques nacionais, ou educação ambiental em todas as categorias de manejo. Os atrativos que cada unidade de conservação apresenta devem ser condicionados aos usos permitidos por sua categoria de manejo. Na escolha das áreas para uso público é necessário levar-se em consideração as restrições relativas ao meio ambiente. A primeira preocupação deve ser com os possíveis danos que as diferentes atividades podem causar. Desta forma, os critérios que determinam cuidados ambientais devem prevalecer sobre o potencial da área para o uso público. A área que apresentar potencial para uso público em parques, deverão ser consideradas no estabelecimento do zoneamento e sua classificação dentre as zonas de uso permitidas (intensiva, extensiva e primitiva) ficará condicionada à intensidade e ao nível de intervenção que a visitação requer. B.2.2. Potencial para Conscientização Ambiental: Características relevantes de áreas na UC que apresentem indicativos para o desenvolvimento de processos de educação ambiental, trilhas interpretativas e estudos específicos. B.2.3. Presença de Infraestrutura: Por ocasião do zoneamento da Unidade de Conservação devem ser considerados os usos possíveis a serem dados às infraestruturas por ventura aí existentes. Tratando-se de parques nacionais, edifícios maiores localizados no interior da unidade podem ser destinados ao centro de visitantes. De acordo com o destino a ser dado aos prédios, sua zona circundante será de uso especial, quando utilizados para serviços, ou de uso intensivo, se destinados à utilização pelo público. Se forem destinados a pesquisas, poderão integrar a zona de uso extensivo ou a de uso especial. Estruturas localizadas em áreas mais degradadas podem condicionar o estabelecimento da zona de uso especial. É necessário pensar na utilização que será dada às estradas ou aos caminhos já abertos, pois os mesmos podem dar uma indicação das zonas que os irão conter. Todavia seu uso deve ser racionalizado, pois, às vezes, mesmo algumas estradas poderão der desativadas. No caso do PNMC não existem estruturas e edificações já construídas e, tampouco, infraestrutura de energia, saneamento e telecomunicações. B.2. Critérios Indicativos para Vocação de Uso: B.2.1. Potencial de visitação: Este critério diz respeito ao uso possível nas unidades de conservação, seja para recreação e lazer em B.2.4. Uso Conflitante: Algumas UC incluem empreendimentos de utilidade pública, cujos objetivos conflitam com os objetivos da UC, tais como: linhas de transmissão, estações 101 repetidoras de TV, oleodutos, gasodutos, barragens, vias fluviais, vias férreas e estradas de rodagem que ficarão em zona de uso conflitante. B.2.5. Presença de População: A existência de população concentrada em pontos da unidade aponta para o estabelecimento de uma zona específica para esta situação. Para cada área do parque, de acordo com suas características, foram analisados os critérios para que fosse possível identificar o grau de intervenção: nenhuma, baixa, média, alta ou recuperação. Para isso foi utilizada a tabela abaixo como modelo: Tabela 17 - Modelo de ficha para a análise e classificação do grau de intervenção e conservação de cada área. CRITÉRIOS Grau de conservação da vegetação Variabilidade ambiental Representatividade Riqueza e/ou diversidade de espécies Áreas de transição Suscetibilidade ambiental Presença de sítios arqueológicos e/ou paleontológicos Potencial de visitação Potencial de conscientização ambiental Presença de infraestrutura Uso conflitante Presença de população VOCAÇÃO DA ÁREA ÁREAS ANALISADAS ALTO MÉDIO BAIXO OU INEXISTENTE x x x x x x x x x x x x Zona média intervenção Para o Parque Natural Municipal de Cajamar, chegou–se às seguintes zonas: Tabela 18 - Zonas do PNMC e suas áreas. 22 ZONAS Uso Extensivo (ZUE) Uso Intensivo (ZUI) Recuperação (ZR) Uso Especial (ZE) Uso Conflitante (ZUC) TOTAL ÁREA (m2) 18.885,9 8.310,4 17.229,0 1.496,6 6.166,9 52.208,8 PORCENTAGEM (%) 36,3 16,0 33,1 2,9 11,8 100 22 No total da área do PNMC (55.056,87) foi descontado o valor que corresponde à área da Estrada Municipal João Félix Domingues (2.848,07), por isso a diferença de valores totais. 102 Abaixo seguem as definições para cada tipo de zonas e os seus usos permitidos de acordo com o apresentado no Roteiro Metodológico do IBAMA: I - Zona de Uso Extensivo (ZUE) É aquela constituída em sua maior parte por áreas naturais, podendo apresentar algumas alterações humanas. Caracteriza-se como uma transição entre a Zona Primitiva23 e a Zona de Uso Intensivo. O objetivo do manejo é a manutenção de um ambiente natural com mínimo impacto humano, apesar de oferecer acesso ao público para fins educativos e recreativos. Usos permitidos: pesquisa, monitoramento, proteção, visitação menos restritiva (acampamento e mirantes com infraestrutura simples), trilhas, sinalização e pontos de descanso, locais para banhos (sem quaisquer tipos de vendas de alimentos ou outros). II- Zona de Uso Intensivo (ZUI) É aquela constituída por áreas naturais ou alteradas pelo homem. O ambiente é mantido o mais próximo possível do natural, devendo conter: centro de visitantes, museus, outras facilidades e serviços. O objetivo geral do manejo é o de facilitar a recreação intensiva e educação ambiental em harmonia com o meio. Usos permitidos: pesquisa, proteção, lazer, recreação, como: centro de visitantes, serviços autorizados como lanchonete, acampamento com infraestrutura completa, estacionamentos, locais para apoio à visitação, mirantes, pontos de banho, piquenique e outros. III - Zona de Recuperação (ZR) É aquela que contêm áreas consideravelmente antropizadas. Zona provisória que uma vez restaurada, será incorporada novamente a uma das zonas permanentes. As espécies exóticas introduzidas deverão ser removidas e a restauração deverá ser natural ou induzida. O objetivo geral do manejo é deter a degradação dos recursos ou restaurar a área. Esta Zona permite uso público somente para fins educativos. Usos permitidos: pesquisa, proteção, educação ambiental, recuperação dos ecossistemas degradados, priorizando a recuperação natural. A recuperação induzida estará condicionada a um projeto específico, aprovado pelo órgão gestor. IV - Zona de Uso Especial (ZE) É aquela que contêm as áreas necessárias à administração, manutenção e serviços da Unidade de Conservação, abrangendo habitações, oficinas e outros. Estas áreas serão escolhidas e controladas de forma a não conflitarem com seu caráter natural e devem localizar-se, sempre que possível, na periferia da Unidade de Conservação. O objetivo geral de manejo é minimizar o impacto da implantação das estruturas ou os efeitos das obras no ambiente natural ou cultural da Unidade. Usos permitidos: infraestrutura necessária à administração, pesquisa e proteção. V – Zona de Uso Conflitante (ZUC) Constitui-se de espaços localizados dentro de uma unidade de conservação, cujos usos e finalidades, conflitam com os objetivos de conservação da área protegida. São áreas ocupadas por empreendimentos de utilidade pública, como gasodutos, oleodutos, linhas de transmissão, antenas, captação de água, barragens, estradas, cabos óticos e outros, particularmente de interesse social. V - Zona de Amortecimento (ZA) O entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade (Lei n.° 9.985/2000, Art. 2, o inciso XVIII). 23 Zona Primitiva é umas das que possui fragmentos mais bem preservados de fauna e flora dentro de uma unidade de Conservação, sendo o acesso bastante restrito. No PNMC não foram diagnosticadas zonas com essas características. 103 Mapa 5 - Zoneamento do Parque Natural Municipal Cajamar. 104 5.1.1. Normas gerais do Parque Natural Municipal de Cajamar NORMAS GERAIS DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE CAJAMAR • À exceção dos funcionários, o horário de circulação na UC é entre 9:00 e 17:00, salvo em situações excepcionais autorizadas pela gestão; • A coleta ou retirada de espécimes nativas de fauna, flora e de produtos minerais, só poderá ser realizada mediante aprovação de projetos científicos desenvolvidos por pesquisadores autorizados pelo gestor da UC; • A fiscalização da unidade deverá ser permanente e constante; • São proibidos o ingresso e a permanência no Parque de pessoas portando armas, materiais ou instrumentos destinados ao corte, caça, pesca ou a quaisquer outras atividades prejudiciais à fauna ou à flora; • É proibida a venda de bebida alcoólica; • É proibido acampar no interior do PNMC; • É proibida a alimentação de animais silvestres; • É proibido fazer fogueiras ou atear fogo em qualquer área do Parque; • Todas as obras a serem implantadas devem dispor de projetos previamente aprovados pelo gestor, Conselho Consultivo e demais órgãos com competência legal; • Não serão permitidas alterações da biota, do relevo, do solo e dos cursos d’água sem projeto justificado autorizando; • A introdução de espécies exóticas e/ou translocadas no território do PNMC é proibida, sendo que as espécies existentes deverão ser gradativamente substituídas por espécies nativas; • É proibido o lançamento ou depósito de lixo, ferro velho e qualquer outro tipo de resíduos sólidos ou líquidos na UC; • Todos os resíduos gerados no Parque devem ser separados e alocados na Zona de Uso Especial. Os resíduos orgânicos (podas, etc) devem ser compostados e os recicláveis destinados à coleta seletiva. Os rejeitos e resíduos sujos devem ser encaminhados aproveitando da coleta regular existente; • Todos os efluentes gerados devem contar com tratamento em acordo com a legislação, priorizando modelos sustentáveis; • A infraestrutura a ser instalada na unidade limitar-se-á àquela necessária para o seu manejo; • É vedada a construção de quaisquer obras de engenharia que não sejam de interesse da unidade, tais como: oleodutos, linhas de transmissão, antenas, entre outras; • As pesquisas a serem realizadas dentro do Parque deverão ser autorizadas e cadastradas pelo gestor e todo o conteúdo produzido deverá ser entregue e apresentado ao Conselho Consultivo após o encerramento do estudo; • São proibidas a caça, a pesca, a coleta e apanha de espécimes da fauna e da flora, em todas as zonas de manejo, ressalvadas aquelas com finalidades científicas, desde que autorizadas pelo Conselho Consultivo; • Não será permitida a criação de animais domésticos; • É proibida as manifestações religiosas como a colocação de artefatos e oferendas no interior da unidade. 105 5.1.2. Zona de Uso Extensivo (ZUE) COORDENADAS GEOGRÁFICAS PARA LOCALIZAÇÃO DA ZUE NO PNMC LATITUDE LONGITUDE LATITUDE GLEBA I LONGITUDE GLEBA II 7.421.246,9 305.719,68 7.421.319,6 305.801,4 7.421.225 305.692,41 7.421.330,9 305.862,41 7.421.141,6 305.850,47 7.421.345,1 305.913,12 7.421.222 305.783,13 7.421.131 305.933,41 7.421.165,1 305.741,76 7.421.240,5 305.892,7 7.421.080,7 305.801,8 7.421.313 305.889,7 7.420.998,5 305.795,15 7.421.310,6 305.859,52 7.420.962,8 305.820,28 7.421.305,8 305.827,94 7.421.056,6 305.856,43 7.421.099 305.866,94 106 ZONA DE USO EXTENSIVO (ZUE) OBJETIVO Manutenção de um ambiente natural com mínimo impacto humano, apesar de oferecer acesso ao público para fins educativos. DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA Alto potencial de interpretação ambiental, englobando área de floresta. Essa zona é caracterizada pela presença de floresta Ombrófila Densa em estágio inicial de regeneração, com alguns exemplares de estágio secundário. É uma área que necessita de enriquecimento florestal para garantir a própria manutenção da floresta. Nesta zona foi verificado o deslocamento de animais terrestres (Gleba 2), o que indica um importante corredor ecológico. Outra característica relevante é a presença de uma espessa camada de serrapilheira sobre o solo local, o que favorecerá a dinâmica florestal. É a parte do PNMC que constitui os solos com maior pedogênese. A área de APP fluvial também está localizada na ZUE, na porção da Gleba 1, nela foram constatadas a presença de aves de média a alta sensibilidade à distúrbios ambientais. A presença delas caracteriza positivamente este fragmento florestal. NORMAS USO PERMITIDO • O manejo com vistas à recuperação da fauna, da flora e da paisagem; • Atividades de uso público de baixo impacto ao meio físico e biótico e que respeitem a segurança do visitante; • Instalação de estruturas simples para a comunicação, interpretação ambiental, recreação, de segurança e apoio à visitação, tais como corrimãos, passarelas, passagens, bancos, sinalizações interpretativas, desde que se preserve a harmonia com a paisagem e em condições de mínimo impacto, privilegiando estruturas ecológicas; • Realização de atividades de educação ambiental, pesquisa do meio físico e biótico, monitoramento ambiental e fiscalização; • Coleta de sementes para o viveiro da UC, com autorização do órgão gestor; • Projetos de enriquecimento da zona através da introdução de espécies nativas secundárias e clímax, mediante a aprovação do órgão gestor e Conselho Consultivo; • Visitação no período das 9:00 – 16:00h, para não interferir na rotina da fauna; • Organização de grupos de até 15 pessoas para cada visita monitorada, com intervalo de pelo menos 30 minutos para cada grupo. USO PROIBIDO • Trânsito de veículos; • Instalação de sanitários; • Disposição de qualquer resíduo ou restos de materiais de qualquer; • A circulação de quaisquer tipos de animais domésticos bem como a manutenção e alimentação destes no interior e nos limites do PNMC; • Circulação de indivíduos ou grupos não autorizados ou que portem qualquer tipo de armas de fogo e exemplares (ou parte) de fauna, flora ou rocha; • Retirada ou alteração de parte ou totalidade de qualquer produto florestal, mineral, à exceção da limpeza e manutenção de acessos e trilhas existentes ou a serem construídas; • A circulação de quaisquer tipos de animais domésticos bem como a manutenção e alimentação destes no interior e nos limites do PNMC. 107 RECOMENDAÇÕES • As atividades oferecidas ao público deverão estar alicerçadas em estudos de viabilidade ambiental e de segurança, sempre com baixo impacto e aprovadas pelo órgão gestor e Conselho Consultivo. • As atividades de interpretação, educação e recreação terão como objetivos sempre facilitar a compreensão do visitante sobre o ambiente natural; • Para as ações de manejo da fauna silvestre, é importante serem integradas com as áreas adjacentes. • Monitoramento das populações de vertebrados: É prioritário que as flutuações populacionais das espécies no PNMC sejam conhecidas e monitoradas como um indicador de saúde das populações da fauna regional. Para as aves deve ser contemplado a utilização de amostragens por pontos de escuta e redes de neblina, uma vez que estas duas técnicas se complementam na estimativa de abundância de espécies. Para mamíferos não voadores, anfíbios e répteis, pode ser utilizado o método de “pitfalls trap” complementado por busca ativa de registros visuais, rastros e vocalizações. Para morcegos, a utilização de redes de neblina em períodos noturnos. Recomenda-se que o monitoramento da abundância de vertebrados seja realizado bimestralmente de modo a ter no mínimo 3 valores de abundâncias para cada estação (chuvosa e seca) e 6 valores de abundâncias para caracterizar minimamente a flutuação anual. • Implantação de Estações Ambientais para a conservação dos recursos naturais. 108 5.1.3. Zona de Uso Intensivo (ZUI) COORDENADAS GEOGRÁFICAS PARA LOCALIZAÇÃO DA ZUI NO PNMC LATITUDE LONGITUDE GLEBA I 7.421.151,7 305.687,4 7.421.167,8 305.710,14 7.421.175,3 305.722,29 7.421.165,1 305.741,76 7.421.147 305.752,73 7.421.133,9 305.768,38 7.421.107 305.790,54 7.421.080,7 305.801,8 7.420.998,5 305.795,2 109 ZONA DE USO INTENSIVO (ZUI) OBJETIVO Facilitar a educação ambiental e recreação em harmonia com o meio. DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA Corresponde a área limítrofe e mais alterada do PNMC, sem vegetação nativa arbórea, apresentando relevo plano/horizontal, mais favorável à ocupação de edificações e estruturas para o recebimento de grupos. NORMAS USO PERMITIDO • Implantação de infraestrutura necessária ao desenvolvimento das atividades de educação ambiental e pesquisa, proteção, controle, monitoramento e uso público; • Instalação de mesas para piqueniques, abrigos, lixeiras, sanitários e trilhas; • Abertura de trilhas de baixo impacto e a sua manutenção para que ofereçam boa condição de tráfego e segurança aos usuários; • Realização de eventos artísticos, culturais, educacionais mediante autorização do órgão gestor e CC; • Construção de um centro de visitantes, museu e outros serviços oferecidos ao público, como lanchonetes e instalações para serviços de guias e monitores; • Construção de viveiro de mudas nativas para a utilização nos projetos de recuperação e enriquecimento das áreas do Parque e entorno; • As instalações deverão utilizar de tecnologias que incorporem os princípios da sustentabilidade e deverão fazer o aproveitamento da água de chuva e o reaproveitamento da água de reuso; • Instalação de sinalização educativa, interpretativa e indicativa; • Todas as construções e reformas deverão estar harmonicamente integradas com o meio ambiente; • A utilização das infraestruturas desta zona estão subordinadas à capacidade de suporte estabelecidas para elas; • Tecnologias alternativas de baixo impacto para o tratamento de efluentes; • Os resíduos sólidos deverão ser separados, recolhidos e encaminhados para local destinado na zona de uso especial. USO PROIBIDO • Os materiais para a construção ou a reforma de qualquer infraestrutura não poderão ser retirados dos recursos naturais nativos; • É proibido o trânsito de veículos; • A construção de qualquer tipo de obra ou infraestrutura que não tenha sido aprovado pelo órgão gestor e CC; • O plantio de espécies exóticas; • Atividades individuais ou coletivas (eventos, cerimônias de qualquer natureza, rituais ou semelhantes) que potencialmente provoquem impactos à biota e ou desconforto a outros usuários, seja pelo barulho, pela aglomeração ou produção de resíduos; • Retirada ou alteração de parte ou totalidade de qualquer produto florestal, mineral, à exceção da limpeza e manutenção de acessos e trilhas existentes ou a serem construídas; • A circulação de quaisquer tipos de animais domésticos bem como a manutenção e alimentação destes no interior e nos limites do PNMC. • Circulação de indivíduos ou grupos não autorizados ou que portem qualquer tipo de armas de fogo e exemplares (ou parte) de fauna, flora ou rocha; • Lançamento de efluentes domésticos sem tratamento adequado; 110 RECOMENDAÇÕES • As atividades previstas deverão levar o visitante a entender a filosofia e as práticas de conservação da natureza; • A fiscalização deverá ser intensiva nesta zona; • Os efluentes deverão receber tratamento suficiente para não contaminar o solo e os recursos hídricos, sendo recomendado tratamento com tecnologias alternativas como os biossistemas integrados; • Os principais serviços oferecidos ao público deverão estar concentrados nesta zona; • Sempre que possível, as edificações e seus acessórios externos e internos deverão fazer uso de tecnologias que incorporem os princípios da sustentabilidade, como sistemas de iluminação inteligentes, lâmpadas econômicas, torneiras e descargas com fechamento automático, iluminação natural, entre outros. Fazer o uso dessas estruturas como material informativo e educativo; • Incentivar projetos com o uso de paineis solares para todas as instalações e pesquisas de novas tecnologias de construção que incorporem o conceito de “bioconstrução” nas instalações e infraestruturas da zona. 111 5.1.4. Zona de Recuperação (ZR) COORDENADAS GEOGRÁFICAS PARA LOCALIZAÇÃO DA ZR NO PNMC LATITUDE LONGITUDE GLEBA I 7.421.266 305.742 7.421.281 305.803 7.421.311 305.783 7.421.320 305.801 7.421.311 305.860 7.421.313 305.890 7.421.240 305.893 7.421.163 305.933 7.421.114 305.880 7.421.215 305.812 7.421.256 305.751 112 ZONA DE RECUPERAÇÃO (ZR) OBJETIVO Deter a degradação dos recursos e recuperar a área com vegetação nativa. DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA É uma área que apresenta fragilidade de relevo, quanto aos processos erosivos quando há exposição do solo, devido: à inclinação desta superfície, baixa coesão das partículas constituintes dos primeiros horizontes do solo, estrutura do solo friável e de fraca consistência. A vertente orientada para o oeste apresenta elevada inclinação de sua superfície, atingindo valores de até 60° de inclinação em determinados seguimentos da vertente (medidos em campo) favorecendo, portanto, os movimentos superficiais de água e materiais. Aliado à fragilidade do litotipo do PNMC e sua susceptibilidade à erosão, é um setor em que ações de reflorestamento e proteção da cobertura pedológica devem ser prioridade. Há também presença de área savânica antrópica, caracterizando uma formação aberta, com elevada incidência de luz e que passou por queimada recente. Nesta zona encontra-se um antigo caminho de extração de madeira que está concentrando o fluxo da água da chuva, causando processos erosivos. NORMAS USO PERMITIDO • Pesquisas relacionadas ao enriquecimento da biodiversidade e ao desenvolvimento da área; • O manejo com vistas à recuperação da fauna, da flora e da paisagem; • Caso estritamente necessário, será permitida a manutenção e melhoria de acessos ou abertura de novas trilhas e/ou picadas, com mínimo impacto ao meio natural, com finalidades de fiscalização e pesquisa; • Interdição de áreas para execução de atividades de recuperação e pesquisa; • A recuperação induzida/ direcionada somente poderá ocorrer desde que indicada e apoiada por estudos científicos, com o aval do órgão gestor e Conselho Consultivo; • Somente poderão ser usadas espécies nativas na recuperação induzida, devendo ser eliminadas as espécies exóticas por ventura existentes; • Os trabalhos de recuperação induzida poderão ser demonstrados para o público no centro de visitantes ou vivência e poderão ser visitados in loco, desde que acompanhados por monitores; • As pesquisas sobre os processos de regeneração natural e recuperação induzida deverão ser incentivadas; • Instalação de placas interpretativas dos projetos de recuperação existentes, contendo o período de início das atividades e projeções futuras; • Instalação de infraestruturas necessárias (bases de apoio) ao trabalho de recuperação induzida; • Tais instalações serão provisórias, preferencialmente construídas em madeira; • O acesso a esta zona será restrito aos pesquisadores e pessoal técnico; • Coleta de sementes para o viveiro da UC, com autorização do órgão gestor. USO PROIBIDO • A disposição de qualquer resíduo gerado; • Qualquer tipo de circulação de pessoas que não estejam relacionadas aos Programas de Gestão do Parque Natural Municipal de Cajamar; • A circulação de quaisquer tipos de animais domésticos, bem como a manutenção e alimentação destes; • Retirada ou alteração de parte ou totalidade de qualquer produto florestal, mineral, à exceção da limpeza e manutenção de acessos e trilhas existentes ou a serem construídas; • Circulação de indivíduos ou grupos não autorizados ou que portem qualquer tipo de armas de fogo e exemplares (ou parte) de fauna, flora ou rocha; 113 RECOMENDAÇÕES • Retirar plantas exóticas: A diversificação de habitats é fundamental para sustentar maior riqueza de espécies. Apesar dos eucaliptos, pinheiros e gramíneas exóticas existentes na área do parque e nesta zona abrigarem algumas espécies da fauna, é sempre melhor a diversificação da vegetação por espécies nativas, que certamente oferecerá recursos para um número maior de espécies. A derrubada de pinheiros e eucaliptos pode danificar de modo significativo a vegetação da área, que já é relativamente pequena, e consequentemente, afetar de modo negativo o habitat da fauna local. Portanto, é sugerido que a área seja subdividida em áreas menores e a cada intervalo de tempo mínimo (consultar profissional habilitado em restauração) seja retirado os espécimes exóticos de forma lenta e com muito cuidado para não afetar outras árvores já bem estabelecidas na área. Quanto às gramíneas, é importante, que sua retirada seja acompanhada por técnico ambiental habilitado, de modo a assegurar a segurança de outras espécies arbustivas nativas. • Estimular pesquisas científicas sobre o processo de regeneração natural e recuperação induzida; • Fazer o enriquecimento, preferencialmente na primavera, de forma a garantir umidade e calor suficiente para a pega das mudas; • Fazer a recuperação da estrada de forma a inibir os processos erosivos instalados; • Instalação de trilhas suspensas nas áreas que há declividade, de forma a impedir a instalação de processos erosivos; • Não expor o solo nas superfícies mais inclinadas; • Fazer o direcionamento das águas de chuva; • Utilizar técnicas de adubação verde e adubação orgânica no processo de recuperação florestal. 114 5.1.5. Zona de Uso Especial (ZE) COORDENADAS GEOGRÁFICAS PARA LOCALIZAÇÃO DA ZE NO PNMC LATITUDE LONGITUDE GLEBA I 7.421.194 305.658 7.421.204 305.667 7.421.175 305.722 7.421.152 305.687 115 ZONA DE USO ESPECIAL (ZE) OBJETIVO Área destinada para a instalação de sede administrativa, recepção de visitantes e estacionamento. DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA Área mais adequada à construção de sede administrativa, recepção dos visitantes e estacionamento de veículos de passeio, de turismo e bicicletário, por se localizar às margens da Estrada Francisco Missé e que já sofreu modificação da paisagem, com corte e aterro. Possui topografia mais adequada à instalação de infraestruturas. NORMAS USO PERMITIDO • Instalação da sede administrativa, sendo esta localizada na periferia da UC; • As instalações deverão utilizar de tecnologias que incorporem os princípios da sustentabilidade e deverão fazer o aproveitamento da água de chuva e o reaproveitamento da água de reuso; • Tecnologias alternativas de baixo impacto para o tratamento de efluentes; • Construção de estacionamento de automóveis, ônibus e bicicletários para funcionários, prestadores de serviços e visitantes; • Instalação de sinalização educativa, interpretativa e indicativa; • Todas as construções e reformas deverão estar harmonicamente integradas com o meio ambiente; • Construção de locais adequados para a guarda e o depósito de todo o resíduo sólido gerado na UC, para a coleta pública oficial municipal; • Construção de estação de compostagem do resíduo orgânico gerado na UC; • Fiscalização permanente; • Os veículos deverão transitar nos locais indicados; • Construção de pequenas hortas para subsistência da cozinha e refeitório dos funcionários; USO PROIBIDO • O uso de buzinas; • A construção de qualquer tipo de obra ou infraestrutura que não tenha sido aprovado pelo órgão gestor e Conselho Consultivo; • O plantio de espécies exóticas; • Os materiais para a construção ou a reforma de qualquer infraestrutura não poderão ser retirados dos recursos naturais nativos; • A circulação de quaisquer tipos de animais domésticos bem como a manutenção e alimentação destes; • Circulação de indivíduos ou grupos não autorizados ou que portem qualquer tipo de armas de fogo e exemplares (ou parte) de fauna, flora ou rocha; • Lançamento de efluentes domésticos sem tratamento adequado; 116 RECOMENDAÇÕES • A fiscalização deverá ser intensiva nesta zona; • Os efluentes deverão receber tratamento suficiente para não contaminar o solo e os recursos hídricos, sendo recomendado tratamento com tecnologias alternativas como os biossistemas integrados; • Os principais serviços de administração e manutenção deverão estar concentrados nesta zona; • Sempre que possível, as edificações e seus acessórios externos e internos deverão fazer uso de tecnologias que incorporem os princípios da sustentabilidade, como sistemas de iluminação inteligentes, lâmpadas econômicas, torneiras e descargas com fechamento automático, iluminação natural, entre outros. • Incentivar projetos com o uso de paineis solares para todas as instalações; • Incentivar pesquisas para a identificação de novas tecnologias de construção que incorporem o conceito de “bioconstrução” nas instalações e infraestruturas da zona; • Que as construções e infraestruturas construídas sejam acompanhadas de placas informativas e interpretativas. 117 5.1.6. Zona de Uso Conflitante (ZUC) COORDENADAS GEOGRÁFICAS PARA LOCALIZAÇÃO DA ZUC NO PNMC LATITUDE LONGITUDE GLEBA I 7.421.225 305.692 7.421.141,6 305.850,49 7.421.118 305.863,37 7.421.099 305.866,89 7.421.204,5 305.666,91 118 ZONA DE USO CONFLITANTE (ZUC) OBJETIVO Contemporizar os conflitos existentes e minimizar os impactos sobre o Parque. DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA São áreas localizadas no Parque cujos usos e finalidades conflitam com os objetivos de conservação da área protegida. Nesta zona localiza-se passagem de servidão da linha de transmissão – LT Cabreúva – Franco da Rocha – Mairiporã – da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista – CTEEP. Outra área caracterizada como de uso conflitante nesta zona é a Estrada Municipal João Félix Domingues (Guapiara/Ponunduva). As estradas que margeiam o Parque influenciam negativamente a atividade dentro da Unidade, como por exemplo, a poeira que adentra ao parque aproximadamente 80 metros, nas margens da Estrada Francisco Missé. NORMAS • Atividades de manutenção de equipamentos e serviços relacionados a estas estruturas dentro de acordos estabelecidos com o gestor da UC e que deverão ser objeto de acompanhamento técnico por especialista de comprovada competência, providenciado pela empresa; • É obrigação das concessionárias remover o lixo resultante de obras de manutenção. RECOMENDAÇÕES • Considerar a regulamentação ABNT NBR 5422 - Projeto de Linhas Aéreas de Transmissão de Energia Elétrica que trata dos procedimentos necessários à manutenção da LT. • Incentivar condições para que as empresas ou órgãos que operam estas estruturas contribuam com os objetivos do Parque. • Instalação de redutores de velocidade nas estradas Francisco Missé e João Félix Domingues para inibir o atropelamento de animais silvestres, sendo interessante o primeiro redutor ser instalado 50 metros antes de se chegar ao limite do Parque, em ambas as estradas e os subsequentes a cada 50m; • Instalação de placas indicadoras da área do PNMC, de velocidade, passagem de animais e tráfego de pedestres. 5.1.7. Zona de Amortecimento (ZA) De acordo com o Art. 27 § 1° da Lei do SNUC, “o Plano de Manejo deve abranger a área da Unidade de Conservação, sua Zona de Amortecimento e os corredores ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover sua integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas”. A mesma Lei, em seu Art. 2o inciso XVIII define como “Zona de Amortecimento o entorno de uma Unidade de Conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade”. Neste mesmo artigo inciso XIX, são definidos os corredores ecológicos como áreas destinadas a garantir a conectividade entre os ecossistemas. Para a sua delimitação vai-se aplicando critérios para a inclusão, exclusão e ajuste de áreas da zona de amortecimento, aproximando-a ou afastando-a da UC. A utilização de marcos no campo (linhas férreas, estradas, acidentes geográficos significativos) e o georreferenciamento dos limites facilitam a sua identificação no local. No PNMC, utilizou-se como base a Resolução SMA n° 33, de maio de 2013, que estabelece diretrizes e critérios técnicos para a delimitação de Zonas de Amortecimento de Unidades de Conservação do Estado de São Paulo. A Zona de Amortecimento tem como objetivos fazer uma barreira e um filtro dos impactos negativos externos à Unidade de Conservação, tais como: os efeitos da poluição, a dispersão de espécies invasoras, ruídos, avanço e adensamento da ocupação humana. A ZA proporciona e induz a preservação de ecossistemas naturais e o fluxo de espécies e genes do entorno da UC, além de possibilitar a realização de atividades de pesquisas científicas integradas, o desenvolvimento de programas de educação ambiental, a implantação e o fomento de corredores ecológicos, criação de Reservas Particulares do Patrimônio Ambiental – RPPNs, o desenvolvimento do turismo ecológico entre outras práticas sustentáveis. É fundamental para a efetividade da implantação da ZA que as normas e ações preconizadas sejam compactuadas entre todos os atores envolvidos na gestão do território, devendo haver uma harmonia entre a preservação e o desenvolvimento de atividades sustentáveis locais. 119 Os empreendimentos de significativos impactos ambientais que possam atingir tanto a Zona de Amortecimento, quanto à Unidade de Conservação devem seguir o estabelecido na Resolução CONAMA n° 428 de 17 de dezembro de 2010. 5.1.7.1. Delimitação da ZA Para a delimitação da Zona de Amortecimento do PNMC foi realizada uma oficina participativa que integrou a reunião do COMDEMA de Cajamar e representantes do Conselho Consultivo do Parque, da REBIO da Serra do Japi, do Programa de Jovens – PJ, munícipes de Cajamar, CETESB e Fundação Florestal. Nesta oficina, foram apresentados estudos que consideraram a integração de aspectos socioeconômicos, o macrozoneamento da cidade, a relação de proximidade com a Unidade de Conservação da Serra do Japi, os aspectos bióticos e físicos que priorizassem o estabelecimento de corredores ecológicos de fauna e flora, entre outros assuntos. Como materiais de apoio foram utilizados o mapa de macrozoneamento do município, o Plano Diretor de Cajamar, o Plano de Manejo da Reserva Biológica da Serra do Japi, o Plano Diretor de Jundiaí, considerações sobre o Zoneamento da APA Cajamar e imagens geradas no Google Earth. De acordo com os critérios de inclusão, exclusão e ajuste apresentados pelo Roteiro Metodológico do IBAMA, foram traçados os limites da ZA. Na tabela 19 estão apresentados somente os critérios que foram analisados para a ZA do PNMC. Tabela 19 - Critérios utilizados para delimitação da ZA do PNMC. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO • As microbacias dos rios que fluem para a unidade de conservação e, quando possível, considerar os seus divisores de água. • Locais de desenvolvimento de projetos e programas federais, estaduais e municipais que possam afetar a unidade de conservação (assentamentos, projetos agrícolas, pólos industriais, grandes projetos privados e outros). • Áreas úmidas com importância ecológica para a UC. • Unidades de conservação em áreas contíguas. • Áreas naturais preservadas, com potencial de conectividade com a unidade de conservação (APP, RL, RPPN e outras). • Remanescentes de ambientes naturais próximos à UC que possam funcionar ou não como corredores ecológicos. • Sítios de alimentação, descanso/pouso e reprodução de espécies que ocorrem na unidade de conservação. • Áreas sujeitas a processos de erosão, de escorregamento de massa, que possam vir a afetar a integridade da UC. • Áreas com risco de expansão urbana ou presença de construção que afetem aspectos paisagísticos notáveis junto aos limites da UC. CRITÉRIOS PARA NÃO INCLUSÃO • Áreas urbanas já estabelecidas. • Áreas estabelecidas como expansões urbanas pelos Planos Diretores Municipais ou equivalentes legalmente instituídos. CRITÉRIOS DE AJUSTE • Limites identificáveis no campo (linhas férreas, estradas, rios e outros de visibilidade equivalente). Fonte: Roteiro Metodológico IBAMA (IBAMA, 2002). 120 Caracterização do território da ZA O entorno do PNMC é uma área de baixo adensamento urbano com características rurais, onde predominam propriedades de silvicultura, chácaras, sítios, condomínios, áreas com fragmentos de vegetação natural, pesqueiros e restritos núcleos de adensamento de casas. É uma região que ainda possui muitas de suas características naturais conservadas e com qualidade ambiental. A principal bacia hidrográfica presente é a do Ribeirão Cachoeira, que separa os municípios de Cajamar (ao sul do canal fluvial), Jundiaí (ao norte do canal fluvial) e Pirapora do Bom Jesus (a oeste, onde o Ribeirão Cachoeira termina as suas águas). Por considerar que a proteção das águas é fundamental para a manutenção do meio, a composição dos limites da Zona de Amortecimento, utilizou como principal atributo de delimitação a bacia hidrográfica na qual o Parque está inserido. Outro aspecto analisado foram os fluxos de fauna detectados em campo e a possibilidade de consolidação e ampliação de corredores ecológicos que protejam populações mínimas viáveis de fauna, utilizando principalmente as áreas de APP fluviais, pois elas formam caminhos de circulação da fauna. Nesse sentido, ao delimitar a ZA procurou-se realizar a conexão com a área de Tombamento da Serra do Japi e a zona de amortecimento da REBIO, ambas localizadas a noroeste do Parque. Dessa forma, utilizou-se como critério a conectividade entre Unidades de Conservação e o estabelecimento de corredores ecológicos. Também foi observada a presença de elementos antrópicos de fácil reconhecimento em campo e em materiais cartográficos para a definição do limite leste-nordeste da ZA. A Zona de Amortecimento está localizada, segundo o novo mapa de abairramento da cidade, nos bairros Serra dos Lagos e Empresarial do Bosque no distrito de Jordanésia e Reserva do Ponunduva pertencente ao distrito sede região do Ponunduva. Ver macrozoneamento na tabela 20. Os limites da zona de amortecimento foram assim definidos: à leste – nordeste do PNMC a ZA faz divisa com o oleoduto. Ao norte seu limite é o canal fluvial do Ribeirão Cachoeira, sendo este divisor entre os municípios de Cajamar e Jundiaí. A oeste, faz divisa com os municípios de Jundiaí e Pirapora do Bom Jesus, e ao Sul e ao leste utiliza como limite os divisores de água dos canais da margem esquerda do Ribeirão Cachoeira. Desta forma a zona de amortecimento contempla as microbacias hidrográficas que compõem os afluentes da margem esquerda do Ribeirão Cachoeira. 122 Tabela 20 - Síntese do Macrozoneamento de acordo com a Lei de Abairramento e os limites da Zona de Amortecimento em relação ao Parque Natural Municipal de Cajamar. DISTRITO Jordanésia Sede (região do Ponunduva) BAIRRO ZONA LOCALIZAÇÃO EM RELAÇÃO AO PNMC Serra dos Lagos ZER – 4 – Zona Exclusivamente Residencial de Baixa Densidade Norte, Leste e Noredeste. Empresarial do Bosque ZMN – Zona de Mata Natural Sudeste ZRP – 1 – Zona Rural de Preservação ZMN – Zona de Mata Natural ZAE – 1 – Zona Especial de Tombamento ZIA – Zona de Interesse Ambiental Sul e Oeste Oeste e Sudoeste Oeste Oeste Reserva do Ponunduva Mapa 8 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo na área da ZA. 124 ZONA DE AMOTECIMENTO (ZA) OBJETIVO Promover a conservação e restauração dos remanescentes florestais, dos mananciais e da paisagem na Zona de Amortecimento do PNMC. DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA Considerando a função de corredor e “step stone” da fauna regional, é importante que as ações de monitoramento e manejo da fauna silvestre estejam integradas com as ações de conservação realizadas pelas propriedades vizinhas, principalmente porque qualquer impacto negativo à fauna silvestre do entorno afetará diretamente as populações do PNMC. Assim, as Reservas Legais e Áreas de Preservação Permanente (APPs) das propriedades vizinhas são de extrema importância na manutenção para a fauna regional e do PNMC. A área do PNMC não é suficiente para sustentar uma população mínima viável de espécies de vertebrados, sendo que os impactos negativos regionais às populações da fauna, certamente afetarão a frequência de ocorrência natural das espécies na área do Parque. Portanto, os limites da zona de amortecimento devem abranger uma área que contemple populações mínimas viáveis para pelo menos a maioria das espécies de vertebrados. NORMAS • Participação do PNMC e Conselho Consultivo no processo de revisão (ões) do Plano Diretor de Cajamar, para garantir que as propostas de alteração de uso e ocupação do solo, da área de entorno do Parque, estejam em conformidade com a conservação da UC. • Apoiar o município na aplicação da legislação ambiental incidente principalmente o Código Florestal, a Lei de Mata Atlântica e a Lei de Crimes Ambientais; • Incentivar a pesquisa e atividades econômicas sustentáveis nas propriedades do entorno visando à conservação dos remanescentes florestais ; • Restringir o fracionamento das propriedades, conforme determina o Plano Diretor; • Não implantação de aterros sanitários, industriais, inertes ou semelhantes na Zona de Amortecimento; • Incentivar atividades de ecoturismo, agrícolas sustentáveis e outras que valorizem o uso da terra e a qualidade paisagística do entorno; • Estimular a realização de estudos nas áreas de remanescentes florestais e nas áreas permeáveis contíguas ao PNMC para melhorar sua proteção legal, em articulação com os proprietários. ESTRATÉGIAS PARA O ÓRGÃO GESTOR • Articular, apoiar e incentivar a elaboração e implementação de projetos e ações visando o desenvolvimento sustentável da região como um todo; • Elaborar pareceres técnicos nos processos de licenciamento de empreendimentos ou atividades que causem impactos diretos ou indiretos mensuráveis na ZA, fora da zona urbana consolidada; • Avaliar projetos que necessitem de EIA – Estudo de Impacto Ambiental, na Zona de Amortecimento e, indicar, aspectos importantes e metodologias para serem feitos os estudos, seguindo a resolução CONAMA nº 237/1997. 126 5.2. PROGRAMAS DE GESTÃO O s programas de gestão da unidade de conservação servem para nortear, traçar diretrizes e também as ações necessárias para o manejo. Eles representam a síntese das ações de manejo enquadradas por áreas de atuação, seguindo os temas apresentados no Roteiro Metodológico do IBAMA, (IBAMA, 2002). Quando implementados, deverão produzir resultados significativos, que contribuirão para que a UC alcance o seu objetivo. Os Programas de Gestão aqui apresentados buscam refletir sobre as ações necessárias para a implantação do Parque Natural Municipal de Cajamar, bem como de sua Zona de Amortecimento. 5.2.1. Parcerias para a gestão O estabelecimento de parcerias para a gestão da UC é de extrema importância para a efetiva participação da sociedade e democratização do espaço, além de proporcionar em muitos casos recursos para a sua manutenção. Entende-se por parceria a atuação conjunta de duas ou mais organizações em torno de um objeto e de objetivos comuns ou complementares. As parcerias podem ser formais, quando existe um instrumento legal que estabelece as obrigações e responsabilidades recíprocas entre as partes, ou informais, quando, em comum acordo, as partes definem formas conjuntas de atuação. Importante ressaltar que as parcerias são fundamentais para a gestão e cogestão das unidades de conservação, elas permitem que sociedade participe não apenas como beneficiário, mas também atue de forma ativa na tomada de decisões. Na tabela 21, são apresentados alguns dos instrumentos formais de parcerias, regulados jurídica e administrativamente por legislações federais, estaduais e municipais. Tabela 21 - Descrição dos instrumentos formais de parcerias. CONVÊNIOS São acordos firmados por entidades públicas de qualquer espécie, ou entre elas e organizações particulares, para realizar ações com objetivos comuns entre si. A celebração de convênio é de competência exclusiva do Governador, que pode delegar aos órgãos da administração a autorização de sua celebração. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS É todo acordo de vontades que a Administração Pública faz com o particular ou com outra pessoa jurídica de direito público para a execução de obra, prestação de serviço ou outro objetivo, regendo-se por normas de predominante caráter público. Os contratos podem ser instrumentos eficazes para o estabelecimento de parcerias com entidades da iniciativa privada, dada a possibilidade de viabilizarem terceirizações e outras operações, apesar de não haver convergência de interesses entre seus signatários. Sua realização depende de licitação prévia, exceto nos casos definido por lei. CONSÓRCIOS Consórcios diferem dos convênios por serem celebrados somente entre entidades de mesma natureza jurídica, como por exemplo, Municípios. São celebrados para tratarem de objetivos de interesse comum entre os partícipes, seguindo as regras dos convênios, dependendo, porém de autorização legislativa para sua celebração. CONCESSÃO É a transferência que o Poder Público faz ao particular, mediante contrato, da obrigação de executar serviços públicos ou de utilidade pública. É definida também como a delegação de sua prestação, mediante concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado. 127 PERMISSÃO DE USO DE BEM PÚBLICO A permissão ou autorização de uso permite que a Administração Pública ceda ao particular a utilização individual de determinado bem público em condições por ela fixada. O mecanismo formal é o Termo de Outorga, que pode ser modificado e revogado unilateralmente pela Administração, quando o interesse público exigir. Apesar de não ser obrigatória, é recomendável que se proceda a uma licitação. PATROCÍNIO Uma opção de parceria com a iniciativa privada bastante flexível, pois pode ser estabelecida mediante diversos instrumentos, como acordos, contratos ou convênios. A contrapartida do patrocinador pode ser feita na forma de recursos financeiros, serviços, materiais permanentes e de consumo. ACORDO DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL Trata-se de instrumento específico estabelecido entre os governos de dois países ou entre o governo de um país e um organismo internacional. Abrange as modalidades técnica, financeira e comercial e visa criar ou assegurar condições para futuro comprometimento e fixação do detalhamento das obrigações das partes, para consecução de objetivos de interesses comuns. PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS (PPP) As Parcerias Público-Privadas proporcionam investimentos conjuntos entre Estado e empresas privadas, seja na construção, ou na prestação de um serviço público. Neste caso, é obrigatória a participação da iniciativa privada e da esfera pública, seja municipal, estadual ou federal. GESTÃO COMPARTILHADA Esse sistema de parceria foi estabelecido através do Decreto Nº 48.766 de 30 de junho de 2004 e permite que organizações ambientalistas possam trabalhar em áreas protegidas que já tenham Plano de Manejo aprovado e Conselhos Consultivos estabelecidos, conforme definido pelo SNUC. Está implícito neste tipo de parceria o conceito de cogestão, pelo qual a sociedade civil, por meio de OSCIP (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público), participa diretamente da gestão do recurso ambiental. PROJETO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA INTERNACIONAL (PCTI) A realização de um PCTI pressupõe a existência de um acordo de Cooperação Técnica Internacional. Assim, o PCTI deve estar articulado com a política externa dos países participantes, onde são estabelecidas as bases para a implantação de diversos projetos de transferência de conhecimentos e técnicas, relacionados com as prioridades de desenvolvimento econômico e social do país beneficiário-alvo (IF,1995). Fonte: Plano de Manejo da EEc Paulo de Faria (2006), Plano de Manejo PEJ (2008) e Manual de Projetos e Parcerias (1995). 128 5.2.2. Conselho Consultivo O Conselho Consultivo é a ponte entre os gestores da Unidade de Conservação e a comunidade, esta composição de gestão e planejamento de uma UC faz com que nas tomadas de decisões sejam contempladas as aspirações da sociedade, legitimando assim sua gestão. O SNUC estabelece em 2000 que toda UC de proteção integral deve criar o seu CC. Nesse sentido, o PNMC em 2012, através do Decreto Municipal n° 4.682 de 23 de agosto de 2012, que cria o Conselho Consultivo do Parque e regulamenta sua constituição e funções, com mandato de 2 anos. Os Conselheiros foram nomeados através do Decreto Municipal n° 4.822 de 19 de março de 2013. A seguir, o quadro do CC do biênio 2013/2015. Titular Diretoria Municipal de Meio Ambiente Paula Espindola Mielke Domingos PODER PÚBLICO SEGMENTO MUNICÍPIO Suplente Diretoria Municipal de Educação José Carlos Teles dos Santos Titular Diretoria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano Rogério Mendes de Souza Splendore Suplente Diretoria Municipal de Saúde Valdemir do Carmo Batista PODER PÚBLICO SEGMENTO ESTADO Fundação Florestal Titular – Marcos Hiroshi Okawa Suplente – Claudia Avanzi a) Representante Comunitário do Entorno do Parque Titular – Evelyn Assis Suplente – Associação dos Proprietários de Lotes do Capital Ville Silvio Franzin SEGMENTO SOCIEDADE CIVIL b) ONG Ambientalista Instituto Brasileiro de Ecologia e Meio Ambiente Titular – Márcio Roberto Biscaia Suplente – Lauro João c) Setor Privado Associação Comercial e Empresarial de Cajamar (ACE) Titular – Viviane Dall’Ólio Ramires Suplente – Edgar Crepaldi de Brito 129 5.2.3. Programa de Gestão Organizacional Este programa apresenta a estrutura necessária para condução das diretrizes e ações propostas no Plano de Manejo do PNMC, de forma a compreender os elementos de infraestrutura, relações institucionais e recursos humanos necessários. Parte desta demanda organizacional foi levantada nas oficinas de construção do Plano de Manejo do PNMC ao serem analisadas as ações e funções do Parque. O Programa de Gestão é composto pelos seguintes itens: • Estrutura organizacional; • Gestão financeira; • Capacitação e Informação; • Infraestrutura; • Parcerias. PROGRAMA DE GESTÃO ORGANIZACIONAL • Construção do Quadro de Gestão: Zeladoria – 01 Segurança – 06 Coordenação Pedagógica – 01 Monitoria – 04 ESTRUTURA Gestor da UC – 01 ORGANIZACIONAL Assistente – 02 Serviços Gerais – 02 • Formalização de contratos de prestação de serviços; • Implantar programa de voluntariado. • Criação de fundo municipal para suprir demandas da UC; • Criação de Programa de Captação de Recursos Privados; GESTÃO • Em visitas monitoradas implantar taxa de conservação da UC; FINANCEIRA • Realizar parcerias com empresas para financiamento de programas de conscientização para seus funcionários. • Realizar formação continuada da equipe gestora; • Implantar sistema de coleta de dados; CAPACITAÇÃO E • Implantar mecanismos de disseminação da informação na UC; INFORMAÇÃO • Implantar mapa de riscos; • Implantar a CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. • Construção de edifício administrativo; • Construção de sala de palestras e atividades educacionais; • Implantação de sistema de captação de água de chuva nas edificações para fins de limpeza e rega das mudas do viveiro; • Implantação de viveiro de mudas nativas; • Implantação de sala de informática; • Implantação de lixeiras com tampa que não sejam abertas por animais; • Implantação de “biblioteca verde”; • Construção de sanitários ao público externo; INFRAESTRUTURA • Construção de sistema de saneamento; • Construção de áreas de descanso; • Construção de guaritas; • Construção de mirante; • Construção de bebedouros; • Construção de trilha suspensa; • Construção de ponte suspensa interligando as áreas do Parque; • Construção de observatórios de aves; • Construção de estacionamento e bicicletário. 130 PARCERIAS • Estabelecer parceria com o Programa de Jovens; • Estabelecer parceria com a rede municipal de ensino; • Estabelecer parceria com a rede estadual de ensino; • Estabelecer parceria com o setor privado; • Estabelecer parcerias com os órgãos da administração municipal; • Estabelecer parceria com o COMDEMA; • Fomentar parcerias com pesquisadores, órgãos de pesquisas e grupo de observação de fauna e flora. 5.2.3.1. Gestão Financeira Para a implantação e gestão do PNMC, é necessário que a Prefeitura Municipal de Cajamar faça um planejamento para a destinação de recursos orçamentários que viabilizem o início das atividades do Parque. Também poderão ser utilizados os recursos provenientes de medidas compensatórias, nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, conforme Art.36 da Lei 9985/00, e cumprimento de Termos de Compensação Ambiental (TCA) e Termos de Ajustamento de Conduta (TAC). Além da instituição de um Fundo Municipal que reverta os recursos para a gestão do PNMC. Com base nas necessidades de funcionamento ideais para o PNMC foi realizada uma estimativa de custo que contemple as atividades previstas para os dois primeiros anos de funcionamento da Unidade de Conservação. Como o parque ainda não possui visitação constituída, para a composição desse estudo orçamentário foi realizada uma previsão baseada nas atividades executadas em outras Unidades de Conservação. Importante ressaltar que neste planejamento não foram estimados os custos de projeto e implantação das estruturas físicas previstas para a Unidade. Para isso, se faz necessário um projeto arquitetônico para definição e levantamento desses valores. Tabela 22 - Estimativa de Custos Operacioanais PNMC para 2 anos. ITENS DE DESPESA (DISCRIMINAÇÃO DETALHADA) Equipamentos de campo ANO 1 ANO 2 TOTAL GERAL (2 ANOS) 73.000,00 26.500,00 99.500,00 Equipe Gestora 367.200,00 367.200,00 734.400,00 Encargos Sociais 221.462,40 221.462,40 442.924,80 Equipamentos permanentes e instalações físicas 52.540,00 3.240,00 55.780,00 Suprimentos de escritório 10.800,00 10.800,00 21.600,00 Materiais e suprimentos de cozinha 47.920,00 42.920,00 90.840,00 Comunicação 48.400,00 26.600,00 75.000,00 R$ 821.322,40 R$ 698.722,40 R$ 1.520.044,80 TOTAL GERAL 131 Tabela 23 - Custos operacionais por trimestre Ano 1. PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA ANO 1 DISCRIMINAÇÃO DETALHADA Equipamentos de campo Equipe Gestora Encargos Sociais Equipamentos permanentes e instalações físicas Suprimentos de escritório Materiais e suprimentos de cozinha Comunicação TOTAL GERAL 1º TRIMESTRE 2º TRIMESTRE 3º TRIMESTRE 4º TRIMESTRE SUBTOTAL (TOTAL ANO) 51.900,00 4.800,00 3.800,00 12.500,00 73.000,00 91.800,00 91.800,00 91.800,00 91.800,00 367.200,00 55.365,60 55.365,60 55.365,60 55.365,60 221.462,40 50.620,00 600,00 600,00 720,00 52.540,00 2.700,00 2.700,00 2.700,00 2.700,00 10.800,00 16.430,00 10.430,00 10.430,00 10.630,00 47.920,00 28.900,00 6.500,00 6.500,00 6.500,00 48.400,00 R$297.715,60 R$172.195,60 R$171.195,60 R$180.215,60 R$821.322,40 Tabela 24 - Custos operacionais por trimestre Ano 2. PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA ANO 2 DISCRIMINAÇÃO DETALHADA Equipamentos de campo Equipe Gestora Encargos Sociais Equipamentos permanentes e instalações físicas Suprimentos de escritório Materiais e suprimentos de cozinha Comunicação TOTAL GERAL 1º TRIMESTRE 2º TRIMESTRE 3º TRIMESTRE 4º TRIMESTRE SUBTOTAL (TOTAL ANO) 5.400,00 4.800,00 3.800,00 12.500,00 26.500,00 91.800,00 91.800,00 91.800,00 91.800,00 367.200,00 55.365,60 55.365,60 55.365,60 55.365,60 221.462,40 1.320,00 600,00 600,00 720,00 3.240,00 2.700,00 2.700,00 2.700,00 2.700,00 10.800,00 11.430,00 10.430,00 10.430,00 10.630,00 42.920,00 8.900,00 5.900,00 5.900,00 5.900,00 26.600,00 R$176.915,60 R$171.595,60 R$170.595,60 R$ 179.615,60 R$ 698.722,40 132 5.2.3.2.Fontes Potenciais para a Captação de Recursos Além dos possíveis recursos apresentados acima, também é possível a instituição de parcerias com iniciativas privadas, conforme os modelos descritos na tabela XX, abaixo são listados alguns fundos que permitem o investimento em Unidades de Conservação. • Fundo Estadual de Recursos Hídricos - O Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FEHIDRO é um fundo vinculado à Secretaria de Meio Ambiente destinado a dar apoio financeiro à Política Estadual de Recursos Hídricos. Visa assegurar que a água, curso natural essencial à vida e ao bem-estar social, possa ser utilizada por seus usuários atuais e pelas gerações futuras em padrões de qualidade satisfatórios em todo o território do Estado de São Paulo. Dessa forma, com o objetivo de dar suporte econômico-financeiro à formulação, implantação, avaliação e controle do Plano Estadual de Recursos Hídricos, o FEHIDRO recebe recursos financeiros da União, do Estado e de seus municípios, em especial dos usuários da água, como pagamento pela utilização desse recurso natural. Os recursos financeiros estaduais alocados ao FEHIDRO são estipulados segundo a sistemática de elaboração do orçamento do Estado, considerando: O Plano Plurianual com vistas ao planejamento de médio prazo; a Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO que antecipa o debate sobre as prioridades orçamentárias e define as metas e prioridades do Plano plurianual para o exercício subsequente; e o orçamento anual, que fixa as receitas e despesas para esse exercício. Como receitas do FEHIDRO estão previstos recursos financeiros de empresas controladas pelo Estado, de concessionárias de serviços públicos que utilizam recursos hídricos, de usuários privados da água e eventuais financiamentos nacionais e internacionais. O FEHIDRO atua nos financiamentos reembolsáveis, ou a fundo perdido, de Projetos, serviços e obras que se vinculem diretamente às metas estabelecidas pelo Plano de Bacia Hidrográfica, e que se enquadrem no Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo - PERH. Informações no website (www.sigrh.sp.gov.br/fehidro). • Fundo Nacional do Meio Ambiente - Criado pela Lei Federal nº 7.797 de 10 de julho de 1989, o FNMA tem por missão contribuir, como agente financiador e por meio da participação social, para a implementação da Política Nacional do Meio Ambiente (MMA, 2009). Desde a criação, o FNMA apóia Projetos ambientais em todo o país, tendo investido mais de 100 milhões de reais, distribuídos entre mais de 1.000 Projetos aprovados (MMA, 2009). Instituições públicas pertencentes à administração direta ou indireta, nos diversos níveis (federal, estadual e municipal) podem concorrer aos recursos do FNMA (MMA, 2009). A obtenção de recursos financeiros do FNMA está condicionada à apresentação de proposta que delineie ações para o aproveitamento do potencial natural de uma região ou que contribua para solucionar ou minimizar problemas ambientais relevantes. As propostas encaminhadas ao FNMA devem estar inseridas em um dos núcleos temáticos, tais quais: Água e Florestas; Conservação e Manejo da biodiversidade; Planejamento e Gestão Territorial; Qualidade Ambiental; Sociedades Sustentáveis; Gestão Pesqueira Compartilhada. Mais informações, bem como os formulários para encaminhamento de Projetos para o FNMA podem ser obtidas no website (www.mma.gov.br/fnma). • Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza - A FGBPN é uma organização sem fins lucrativos, criada e mantida pelo grupo O Boticário, cujo objetivo é promover e realizar ações de conservação da natureza, de modo a concretizar os ideais por intermédio do incentivo a iniciativas de proteção e pesquisa, pela efetiva proteção do ambiente natural e pela educação e mobilização das pessoas para a conservação da natureza. A Fundação consolidou o papel como financiadora de Projetos de conservação no Brasil. Atualmente, são mais de 900 Projetos de conservação da natureza nas seguintes áreas: criação, implantação e manutenção de UC’s; pesquisa e proteção de espécies e populações importantes ou sob risco, assim como dos habitats; estímulo à criação, implantação e manutenção de áreas verdes e arborização urbana; recuperação de ecossistemas alterados ou degradados; publicação de materiais e realização de eventos relacionados à conservação da natureza. O volume de recursos destinado pelo Programa para a Conservação da Natureza da FBPN é da ordem de US$ 5 milhões (FBPN, 2009). Apenas pessoas jurídicas, como organizações ambientalistas e Instituições governamentais (estas últimas, devem se inscrever por meio das respectivas fundações) podem submeter Projetos à Fundação O Boticário. Os detalhes sobre como solicitar recursos, bem como o formulário para encaminhamento de propostas estão disponíveis no website da Fundação (www.fundacaoboticario.com.br). 133 5.2.4. Programa de Proteção Este programa foi idealizado a partir da constatação da importância da UC como área de conexão com a Serra do Japi e Serra da Mantiqueira servindo de área de descanso para a avifauna e passagem para a fauna terrestre. Foram levantados riscos de incêndio por conta das atividades silvicultoras no entorno da UC e também de risco à fauna mediante atividades de caça, registradas através de coleta de armadilhas no interior da UC. Fiscalização Incêndios e caça Infraestrutura e equipamentos Monitoramento e registro Parcerias O Programa de Proteção é composto pelos seguintes itens: • Fiscalização; • Incêndios e caça; • Infraestrutura e equipamentos; • Monitoramento e registro; • Parcerias. PROGRAMA DE PROTEÇÃO • Implantar procedimentos de vistoria e segurança do visitante; • Implantar canal de denúncia. • Monitorar focos de incêndio no entorno da UC; • Manutenção de aceiros nos limites da UC; • Disseminar informações de prevenção à incêndios; • Disseminar informações de proteção à fauna; • Apreensão de equipamentos e caçadores no interior da UC. • Implantação de guaritas nas duas glebas da UC; • Implantação de câmeras em trilhas e edifícios da UC; • Aquisição de rádios comunicadores; • Implantação de linha telefônica para comunicação com agentes policiais; • Aquisição de veículo para deslocamentos emergenciais; • Instalação de hidrantes (ao menos 1 ponto em cada gleba) para o combate ao fogo; • Aquisição de ferramentas de combate ao fogo. • Implantação de circuito fechado de monitoramento eletrônico; • Monitoramento da situação das trilhas e áreas do parque; • Registro de circulação de fauna e áreas de nidificação de aves; • Criação de planilha de registro e sistematização de dados; • Alimentação de planilha de registro de dados; • Avaliação contínua dos fatos incidentes na UC e seu entorno. • Implantar parceria com polícia florestal, guarda municipal, corpo de bombeiros e grupos de brigada de incêndio (quando existir); • Incentivar a parceria com o visitante. 134 5.2.5. Programa de Pesquisa e Manejo do Patrimônio Natural e Cultural Este programa tem como característica propiciar o desenvolvimento da pesquisa e a proteção dos patrimônios natural e cultural, de forma a gerar informações que sejam relevantes não apenas à UC, mas também à Zona de Amortecimento e às outras unidades de conservação do entorno. Busca incentivar além da manutenção do patrimônio natural, a manutenção da cultura popular da Romaria, através da divulgação e promoção da mesma em suas ações internas. Nesta perspectiva as ações vinculadas à UC deixam de serem exclusivas ao seu próprio espaço territorial, pois passam a incorporar como ambiente de análise e reflexão da zona de entorno da UC. A pesquisa é fundamental para o levantamento de informações, sua sistematização e posterior organização das ações que possam colaborar para a implementação das diretrizes do Plano de Manejo da Unidade de Conservação. É importante que o PNMC comporte e incentive que pesquisadores contribuam para complementação e atualização de dados que possam trazer benefícios para a melhoria da qualidade ambiental da UC e região. O Programa de Pesquisa e Manejo do Patrimônio Natural e Cultural é composto pelos seguintes itens: • Estímulo ao desenvolvimento de pesquisas; • Manutenção da qualidade ambiental do território da UC; • Capacitação da equipe gestora em conservação dos recursos naturais; • Pesquisa sobre qualidade dos recursos hídricos; • Infraestrutura à pesquisa; • Parcerias; • Patrimônio histórico e cultural. PROGRAMA DE PESQUISA E MANEJO DO PATRIMÔNIO NATURAL E CULTURAL • Enfatizar linhas de pesquisa prioritárias como a de vertebrados da área do PNMC e sua ZA; • Difusão de temas prioritários para pesquisa e apoio à gestão do manejo da UC; • Registro das atividades desenvolvidas e resultados das pesquisas; • Incorporação dos resultados das pesquisas para as ações de manejo da UC e atividades de educação ambiental; • Estimular as ações de estudos de recuperação nas áreas mais sensíveis e degradadas da UC; Estímulo ao desenvolvimento de • Estimular ações de pesquisa que atendam às necessidades das outras UC’s que se localizam no entorno; pesquisas • Promover o intercâmbio de informações entre as diferentes UC’s da região; • Disseminar a informação gerada no território da UC e das outras unidades de conservação no espaço regional; • Incentivar o PJ – Programa de Jovens nas ações de atividades de pesquisa da UC; • Estimular a realização de pesquisas e trabalhos escolares da rede municipal e estadual de ensino. 135 Manutenção da qualidade ambiental do território da UC Capacitação da equipe gestora em conservação dos recursos naturais Pesquisa sobre qualidade dos recursos hídricos Infraestrutura à pesquisa • Implantar ações de recuperação dos espaços degradados; • Planejar e orientar a abertura de novas trilhas para a visitação da UC; • Implantar ações de manejo de espécies exóticas; • Implantar ações de controle de processos erosivos; • Monitoramento de populações animais e vegetais de espécies exóticas e nativas; • Monitoramento da qualidade ambiental dos recursos hídricos no interior e zona de amortecimento da UC; • Implantar planilha de monitoramento e registro de informações; • Registrar e alimentar o banco de dados com as informações coletadas em campo. • Capacitação da equipe para manejo de espécies animais e vegetais, bem como para remoção de animais acidentados; • Capacitação da equipe em conservação dos recursos naturais; • Formação continuada da equipe de educação ambiental em disseminação das informações e resultados alcançados no âmbito da UC e de sua zona de entorno; • Treinamento da equipe de trabalho da UC em observação e registro de informações e situações relevantes à manutenção da própria UC. • Monitorar o uso do solo na Zona de Amortecimento da UC de forma a impedir o lançamento de efluentes e assoreamento dos corpos d’água; • Monitorar o sistema de recepção de efluentes das edificações da UC de forma a impedir contaminação do lençol freático; • Monitoramento da qualidade e quantidade da água de chuva coletada nas edificações da UC; • Implantar planilha de registro de informações sobre a qualidade da água dos recursos hídricos; • Disseminar as informações levantadas para os órgãos municipais, estaduais, federais e outras UC’s. • Implantação de uma sala com equipamentos de informática (05 computadores, 01 scanner, 02 projetores e 02 impressoras) com conexão à internet; • Disponibilizar equipamentos para a realização de trabalhos de pesquisa científica e ou escolar; • Possibilitar a implantação de equipamentos de monitoramento de fauna, flora, análise de solo e recursos hídricos e outros voltados à pesquisa e monitoramento dos recursos naturais. 136 Parcerias Patrimônio histórico e cultural • Estimular a construção de parcerias com órgãos de pesquisa dos setores público e privado; • Estimular a construção de parcerias com outras UC’s da região; • Estimular a construção de parcerias com empresas privadas para o desenvolvimento de ações ligadas à promoção e disseminação da educação e pesquisa; • Realizar parcerias com instituições de reabilitação e tratamento de animais feridos, além da já existente com a ONG Mata Ciliar de Jundiaí, com o objetivo de reintrodução dos mesmos ao ambiente silvestre; • Realizar parcerias com órgãos ambientais e agentes de fiscalização para disseminação de informações vinculadas à conservação ambiental e de seus recursos; • Realizar parcerias com os órgãos municipais e estaduais de cultura para preservação da cultura romeira e bandeirante; • Promover a disseminação da proposta de conservação ambiental e da UC nas escolas do município; • Promover intercâmbio com o Programa COM – VIDAS - Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida, da Diretoria Municipal de Educação e Diretoria Municipal de Meio Ambiente. • Disseminação do patrimônio histórico; • Articular ações em conjunto com diretoria de Cultura e casa da memória, para disseminação e preservação dos aspectos históricos e religiosos, • Integrar os períodos das romarias no calendário de ações da UC; • Preservar o histórico de formação de Cajamar, seu povo e suas lutas. 137 5.2.6. Programa de Educação Ambiental O Programa de Educação Ambiental tem como função conscientizar o público alvo e frequentadores sobre a importância da conservação dos recursos naturais, a preservação dos ecossistemas, promovendo uma relação entre a sociedade e os ambientes naturais de forma harmoniosa. Procura auxiliar a condução de políticas educacionais voltadas à questão ambiental promovida pelas unidades de ensino no município de Cajamar. As ações a serem desenvolvidas na UC têm como atividades a promoção da recuperação de áreas degradadas, o estímulo à recuperação de áreas de preservação permanente dentro e fora da UC, a manutenção da circulação da fauna em seus corredores florestais e a preservação do patrimônio histórico e Organização da visitação Implantação das atividades de educação ambiental Organização das atividades de educação ambiental cultural. Para que as mesmas possam ocorrer, a UC deve contar com espaços apropriados para o desenvolvimento das atividades de aprendizagem através de estruturas e trilhas interpretativas, além de equipe treinada. O Programa de Educação Ambiental é composto pelos seguintes itens: • Organização da visitação; • Implantação das atividades de Educação Ambiental; • Organização das atividades de Educação Ambiental • Difusão das atividades de Educação Ambiental; • Parcerias e articulações; • Manejo das trilhas e atrativos. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL • Estimular a participação do voluntariado; • Criar ficha de coleta de dados sobre os visitantes; • Criar banco de dados para registrar as informações sobre os visitantes; • Analisar e gerenciar periodicamente o banco de dados para avaliar o perfil do usuário e adequar o Programa de Educação Ambiental; • Receber os frequentadores no centro de visitantes; • Realizar orientações e procedimentos a serem seguidos pelos frequentadores no centro de visitantes; • Implantar mapa de riscos e de contingências. • Implantação do viveiro educador; • Implantação de minhocário e composteira; • Organização da sala de Educação Ambiental; • Aquisição de projetores (02), Monitor de TV(01), notebooks(02); • Implantação das trilhas educativas, através de projeto específico para sua abertura; • Dimensionar o tamanho dos grupos para a visitação monitorada; • Implantação de lixeiras voltadas à separação dos materiais descartados em dois tipos: recicláveis e não recicláveis. • Criar e implantar programa de conscientização – tendo como base o Programa Ecocidadão da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo; • Implantação das estações ambientais para reflexão da temática da conservação; • Elaboração de material didático sobre o PNMC para a comunidade escolar; • Elaboração de material informativo para público não escolar; • Elaboração de guia de avefauna do PNMC e de sua ZA; • Organização de painéis informativos; • Articular ações de reflorestamento com empresas e público em geral; • Articular a coleta do material reciclável da UC, dando preferência para cooperativa de recicladores; • Articular com escolas públicas e privadas uma agenda de visitação. 138 Difusão das atividades de Educação Ambiental Parcerias e articulações Manejo das trilhas e atrativos • Articulação e definições de ações em conjunto com o Programa de Jovens – PJ do município; • Realizar campanhas de sensibilização; • Articular com empresas visitas monitoradas na UC; • Articular com empresas financiamento de programas de conscientização ambiental para seus funcionários realizada na empresa, ou na UC. • Parceria com o Programa de Jovens para a utilização do viveiro escola, minhocário, trilhas educativas e demais estruturas, com o intuito de aprendizado e disseminação do conhecimento; • Parcerias com escolas para o desenvolvimento do currículo escolar na temática ambiental de forma transversal inserindo a UC no debate; • Articular com outras UC’s ações em conjunto para proteção do meio ambiente e difusão das ações ambientais; • Articular ações educativas em conjunto com outras UC’s; • Construir parceria com os diferentes setores da gestão municipal e sociedade civil para o desenvolvimento de campanhas de educação ambiental; • Articular com empresas a difusão das ações da UC. • Implantar o plano de monitoramento e gestão de impactos; • Implantar atividades de recuperação e manutenção das trilhas; • Implantar plano de monitoramento das estruturas suspensas e mirante; • Implantar plano de monitoramento e manutenção das estações ambientais; • Implantar plano de monitoramento dos espécimes vegetais para prevenir queda natural de árvores e galhos. 139 5.2.7. Programa de Comunicação Entre os objetivos do Programa de Comunicação está o estabelecimento de um canal de diálogo entre os gestores da UC com a comunidade do entorno e o público visitante. Este canal de comunicação tem como característica ser bidirecional, ou seja, as informações não são apenas disponibilizadas para a comunidade e o público visitante, mas também, cabe a eles propor ações e encaminhamentos através do diálogo com a equipe da UC e registro de informações nas fichas de visitantes, de forma que as diretrizes e objetivos da UC possam ter avaliação constante. Um segundo objetivo trata-se do estabelecimento dos canais de comunicação com as empresas do entorno, poderes públicos (esferas municipal e estadual) e, também, com outras UC’s da zona de entorno. Cabe também a articulação com entidades vinculadas à proteção dos recursos naturais, como: o COMDEMA, o Comitê de Bacias Hidrográficas, o Conselho da Serra do Japi, o Identidade visual Plano de comunicação interno Conselho Gestor das APAs CCJ, entre outros. O terceiro objetivo está centrado na comunicação interna da UC, estabelecendo o diálogo com o público sobre as diretrizes, regras e funções, através de materiais de comunicação como: folders, mapas, sinalização interna e externa à UC e a elaboração de placas informativas e interpretativas. É relevante que este material de comunicação possua uma identidade visual para que, independente do material a ser produzido, a UC possa ser reconhecida e identificada em relação à sua função e propósitos. O Programa de Comunicação é composto pelos seguintes itens: • Identidade visual; • Plano de comunicação interno; • Plano de comunicação externo; • Plano de comunicação digital; • Relacionamento. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO • Elaboração do plano de identidade visual; • Elaboração do layout das peças de comunicação: folders, banners, placas, informativos, cartas e ofícios, planilhas, apresentações e mapas. • Criação e instalação de placas informativas, indicativas, interpretativas e restritivas; • Elaboração de banners; • Elaboração de apresentação digital sobre o parque; • Elaboração de placas com os mapas da UC; • Elaboração de ficha de avaliação da UC para preenchimento pelo visitante. • Sinalização externa indicando a localização da UC; • Sinalização externa à UC indicando rotas e distâncias; • Elaboração de mailing de escolas, empresas, comunidade, outras UCs e órgãos públicos, para o envio de comunicados; Plano de comunicação externo • Divulgação periódica das ações e atividades desenvolvidas na UC; • Articulação com outras UC’s da zona do entorno para divulgação das ações desenvolvidas e atividades educativas. Plano de comunicação digital Relacionamento • Criação de perfil nas redes sociais e blog, para divulgação das ações da UC. • Gerenciar o perfil da UC nas redes sociais; • Envio periódico de informativos e boletins sobre as ações e atividades da UC. • Instituir um canal de atendimento ao usuário da UC; • Articular a divulgação da UC em materiais informativos e planos de comunicação de instituições do setor público e privado; • Divulgar ações e atividades de outras UC’s; • Repassar ao grupo gestor as sugestões e críticas colocadas pelos usuários; • Divulgar as ações da UC. 140 CONSIDERAÇÕES FINAIS O Parque Natural Municipal de Cajamar é uma primeira conquista dos munícipes para a proteção dos recursos naturais e a difusão das atividades de educação ambiental no município de Cajamar. Apesar de o PNMC possuir uma área relativamente pequena, o processo de elaboração do Plano de Manejo conseguiu mobilizar e aproximar lideranças e interessados em discutir e planejar o território municipal com vistas a proteger a biodiversidade e os seus recursos hídricos. É, portanto, um grande passo para a consolidação de ações participativas e colaborativas por parte de diferentes níveis da sociedade, visando a cogestão dos espaços públicos e seus respectivos patrimônios ambientais. Nesse sentido, a constituição do Conselho Consultivo do PNMC de forma a incluir representantes de órgãos públicos, da comunidade e da sociedade civil organizada vem demonstrar os ganhos sociais e ambientais advindos de uma gestão compartilhada do patrimônio público. Deste modo, os ganhos e conquistas ultrapassam a fronteira do PNMC e permeiam por toda a sociedade ao demonstrar que é possível fazer parte de um processo decisório e constituir políticas que reflitam para o bem comum. Considerando esta função do Conselho Consultivo em estabelecer políticas que visem a proteção dos recursos ambientais, cabe ressaltar que uma importante tarefa fica determinada para as ações futuras deste Conselho, e que se caracteriza pela elaboração de projeto arquitetônico para planejar a implantação, definição e execução de suas estruturas e, principalmente, a ampliação da área do PNMC, especialmente no tocante à gleba 2. Essa necessidade de ampliação está fundamentada pelos levantamentos de campo e em estudos realizados na região, que identificaram um importante corredor de fauna instalado nessa gleba. Portanto, a ampliação da área da gleba 2, incorporando a propriedade logo ao norte desta gleba com frente para a estrada Francisco Missé e, também, as imediações a leste e sudeste desta gleba permitiriam expandir este corredor biológico. Vale destacar que esta ampliação da área beneficiaria não apenas o território do PNMC e sua Zona de Amortecimento, mas também, as grandes áreas core do território paulista, representadas pela Serra do Japi, Serra da Mantiqueira e Serra do Mar dos quais provém esta fauna, circulando entre as mesmas, e garantindo fluxo gênico entre elas. O PNMC auxilia, portanto, na conservação e proteção destas importantes áreas de Mata Atlântica ainda existentes no Estado de São Paulo. Além da questão da preservação da fauna e da flora, também deve ser considerado o cenário atual de utilização dos recursos hídricos superficiais e a explotação dos reservatórios subterrâneos, para fins de abastecimento urbano industrial. Esta utilização dos recursos hídricos tem sido realizada em áreas cada vez mais distantes das fontes, e é de fundamental importância a movimentação de todos os setores da sociedade para a implantação de políticas públicas que corroborem com o compromisso da conservação ambiental e o controle sobre o uso dos recursos naturais, principalmente no que remete ao uso da água. Esta questão leva à necessidade de serem instituídas políticas de planejamento que além de estimularem a conservação dos corpos d’ água, disciplinem sobre as captações superficiais e subterrâneas realizadas no âmbito da Zona de Amortecimento do PNMC. Também se faz necessário instituir formas de controle sobre as fontes de contaminação no contexto da região do Japi e das APAs CCJ. Essas ações voltadas ao impedimento da poluição hídrica são fundamentais para a manutenção da boa qualidade da água superficial e subterrânea. Desse modo, a criação do PNMC, contribui imensamente não apenas na conservação dos recursos biológicos e na manutenção da circulação da biota, mas sua ação é potencializada através da sua Zona de Amortecimento, que limitada ao norte pela ZA da REBIO, constituem uma importante área territorial contígua que atuarão na defesa e conservação do Patrimônio Natural, e de certo modo, amenizarão os vetores de pressão, principalmente quanto ao uso do solo, nesta região. Por fim, vale ressaltar que o PNMC possui ainda vocação educativa, ao possibilitar que a comunidade e principalmente as Instituições de Ensino, em seus diferentes graus de instrução, possam frequentar o espaço do PNMC para desenvolver atividades voltadas à educação ambiental e conservação dos recursos ambientais, disseminando um espírito coletivo de responsabilidade socioambiental. 141 BIBLIOGRAFIA AB’SABER, A. N.A Serra do Japi, sua origem geomorfológica e a teoria dos refúgios. In História Natural da Serra do Japi. 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DECRETO ESTADUAL nº 53.027 de 26 de maio de 2008 que reorganiza a Secretaria do Meio Ambiente - SMA e dá providências correlatas. De Vivo et al., Checklist dos mamíferos do Estado de São Paulo, Brasil, editora Cubo, 2011. EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Sistema Brasileiro de Classificação de Solos,2ª edição, Brasília, 2006. GUERRA, A.J.T.; CUNHA,S.B. (orgs.) Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos, Rio de Janeiro, editora Bertrand Brasil, 1994. GONÇALVES, A. J. “Perus”: a violência dos pacíficos — “uma nova arma para uma velha luta”.1989. Dissertação (Mestrado), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. HADDAD, C. F. B.; SAZIMA I. Anfíbios anuros da Serra do Japi. In História Natural da Serra do Japi. Ecologia e preservação florestal no sudeste do Brasil. MORELLATO, L. P. C. (Org), 1992. 321p. HOLANDA, S. B. de. Visão do Paraíso. São Paulo: Brasiliense; Publifolha, 2000. 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LEI FEDERAL nº 12.651 de 25 de maio de 2012 que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166 -67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. LEI MUNICIPAL nº 095 de 19 de dezembro de 2007, alterada pela Lei Complementar nº 133 de 16 de dezembro de 2011 e pelo Decreto nº 4.644 de 18 de junho de 2012 que dispõe sobre o Plano Diretor do município de Cajamar. LEI MUNICIPAL nº 3.672 de 10 de janeiro de 1991 e alterada pela Lei 4.758 de 1996que dispõe sobre a criação da Reserva Biológica do Japi LEITÃO-FILHO, H. De F. A flora arbórea da Serra do Japi. In História Natural da Serra do Japi. Ecologia e preservação florestal no sudeste do Brasil. MORELLATO, L. P. C. (Org), 1992. 321p. LEITE, E. C. 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Nome científico TINAMIDAE Crypturellus obsoletus (Temminck, 1815) Crypturellus parvirostris (Wagler, 1827) Crypturellus tataupa (Temminck, 1815) ANATIDAE Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789) CRACIDAE Penelope superciliaris Temminck, 1815 PHALACROCORACIDAE Phalacrocorax brasilianus (Gmelin, 1789) ARDEIDAE Nycticorax nycticorax (Linnaeus, 1758) Butorides striata (Linnaeus, 1758) Bubulcus ibis (Linnaeus, 1758) Ardea alba Linnaeus, 1758 REGISTROS NA LITERATURA SOBRE AS AVES DA REGIÃO E REGISTROS FEITOS IN LOCO Registros Total Total Registros da literatura Habitat Status deste estudo na área Abund. Status Nome popular EstratifiEstarelativa Federal (M1+M2+ Willis Silva Santos dual M1 M2 Ent Aer (M1+M2) Sensib. cado Ent+Aer) (1981) (1992)* (2012) inhambu-guaçu x x x x x x x B T F B T C x B T F x B W C x M T F biguá x B W C savacu x B T/W F socozinho x B T/W C garça-vaqueira x B T C x x B T/W C x x M T F x x x B C x x x B T/U/M/ D/A T/U/M/ D/A T/U/M/ D/A inhambu-chororó x inhambu-chintã x pé-vermelho jacupemba garça-branca-grande Syrigma sibilatrix (Temminck, maria-faceira 1824) CATHARTIDAE Cathartes aura (Linnaeus, urubu-de-cabeça1758) -vermelha Coragyps atratus (Bechstein, urubu-de-cabeça1793) -preta Sarcoramphus papa urubu-rei (Linnaeus, 1758) ACCIPITRIDAE Accipiter bicolor (Vieillot, gavião-bombachi1817) nha-grande Elanus leucurus (Vieillot, gavião-peneira 1818) Ictinia plumbea (Gmelin, sovi 1788) gavião-carijó Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) Geranoaetus albicaudatus gavião-de-rabo(Vieillot, 1816) -branco Buteo brachyurus Vieillot, gavião-de-cauda1816 -curta Spizaetus tyrannus (Wied, gavião-pega-macaco 1820) FALCONIDAE Caracara plancus (Miller, caracará 1777) x x x x x M x x x x x x x x F M D U x x B D/A U/P x x M D/A C x x B D C x x x x M D/A F M D U B T C x x C x x EN VU 148 Milvago chimachima (Vieillot, 1816) Micrastur ruficollis (Vieillot, 1817) Herpetotheres cachinnans (Linnaeus, 1758) Falco sparverius Linnaeus, 1758 Falco femoralis Temminck, 1822 ARAMIDAE Aramus guarauna (Linnaeus, 1766) RALLIDAE Aramides cajanea (Statius Muller, 1776) Aramides saracura (Spix, 1825) Pardirallus nigricans (Vieillot, 1819) Porzana albicollis (Vieillot, 1819) CARIAMIDAE Cariama cristata (Linnaeus, 1766) CHARADRIIDAE Vanellus chilensis (Molina, 1782) JACANIDAE Jacana jacana (Linnaeus, 1766) COLUMBIDAE Columbina talpacoti (Temminck, 1811) Columba livia Gmelin, 1789 Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) Patagioenas cayennensis (Bonnaterre, 1792) Patagioenas plumbea (Vieillot, 1818) Zenaida auriculata (Des Murs, 1847) Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, 1792) Geotrygon montana (Linnaeus, 1758) Geotrygon violacea (Temminck, 1809) PSITTACIDAE Forpus xanthopterygius (Spix, 1824) Brotogeris tirica (Gmelin, 1788) Pionus maximiliani (Kuhl, 1820) CUCULIDAE Piaya cayana (Linnaeus, 1766) Crotophaga ani Linnaeus, 1758 Guira guira (Gmelin, 1788) Tapera naevia (Linnaeus, 1766) STRIGIDAE Megascops choliba (Vieillot, 1817) Pulsatrix koeniswaldiana (Bertoni & Bertoni, 1901) Athene cunicularia (Molina, 1782) carrapateiro x x x x x B C M T/U/ M/D U/M falcão-caburé x acauã x x B D F quiriquiri x x B F falcão-de-coleira x B T/U/ M/D T/U/ M/D carão x M T C saracura-três-potes x A T F M T U M T U/P M T F saracura-do-mato x x x x x U saracura-sanã x sanã-carijó x seriema x x M T F x x B T C B T C B T C B C C quero-quero x x jaçanã x rolinha-roxa x x x pombo-doméstico pombão x F x x x x x x x x x M T/U/ M/D D pomba-galega x x x M D C pomba-amargosa x x x A D F x x B T/U/M C x x B T/U C M T C M T F x B D C x B D C pomba-de-bando x x x juriti-pupu juriti-gemedeira x x x x pariri x juriti-vermelha x x x x x x tuim x periquito-rico maitaca-verde alma-de-gato x x x x anu-preto x x x x anu-branco saci corujinha-do-mato murucututu-de-barriga-amarela coruja-buraqueira x x x x x M D F x x x B D C x x B C x x x B B T/U/ M/D T T/U C C x x B D C x A D U x M T F/P 149 NYCTIBIIDAE Nyctibius griseus (Gmelin, 1789) CAPRIMULGIDAE Lurocalis semitorquatus (Gmelin, 1789) Hydropsalis parvula (Gould, 1837) Hydropsalis albicollis (Gmelin, 1789) Hydropsalis torquata (Gmelin, 1789) APODIDAE Streptoprocne zonaris (Shaw, 1796) Cypseloides fumigatus (Streubel, 1848) Chaetura meridionalis Hellmayr, 1907 TROCHILIDAE Phaethornis pretrei (Lesson & Delattre, 1839) Phaethornis eurynome (Lesson, 1832) Colibri serrirostris (Vieillot, 1816) Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) Florisuga fusca (Vieillot, 1817) Lophornis chalybeus (Vieillot, 1822) Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) Thalurania glaucopis (Gmelin, 1788) Leucochloris albicollis (Vieillot, 1818) Amazilia versicolor (Vieillot, 1818) Amazilia lactea (Lesson, 1832) Calliphlox amethystina (Boddaert, 1783) ALCEDINIDAE Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766) Chloroceryle amazona (Latham, 1790) Chloroceryle americana (Gmelin, 1788) BUCCONIDAE Malacoptila striata (Spix, 1824) Nystalus chacuru (Vieillot, 1816) RAMPHASTIDAE Ramphastos toco Statius Muller, 1776 PICIDAE Picumnus temminckii Lafresnaye, 1845 Melanerpes candidus (Otto, 1796) Veniliornis spilogaster (Wagler, 1827) Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) Colaptes campestris (Vieillot, 1818) Celeus flavescens (Gmelin, 1788) Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) THAMNOPHILIDAE mãe-da-lua x x x B D C M A F/P B T F B T C B T F B A F M A F/P x tuju x bacurau-chintã x bacurau x bacurau-tesoura x taperuçu-de-coleira-branca taperuçu-preto x andorinhão-do-temporal x x B A C rabo-branco-acanelado rabo-branco-de-garganta-rajada beija-flor-de-orelha-violeta beija-flor-tesoura x x B U F x x M U F x x B U/M C x x B U/M/D F beija-flor-preto x x M M/D F topetinho-verde x B D U x x x besourinho-de-bico-vermelho beija-flor-de-fronte-violeta beija-flor-de-papo-branco beija-flor-de-banda-branca beija-flor-de-peito-azul estrelinha-ametista x x x x x x x x x x x x x B U/M/D C x x x x x M U/M/D C x x x x B U/M/D C x x B U/M/D F x B M/D F x B U/M/D U x B U/M/D C x B U/M C x B U C x M U/M U M D F x M D F x x x martim-pescador-grande martim-pescador-verde martim-pescador-pequeno barbudo-rajado x x x x joão-bobo x tucanuçu pica-pau-anão-de-coleira pica-pau-branco picapauzinho-verde-carijó pica-pau-verde-barrado pica-pau-do-campo pica-pau-de-cabeça-amarela pica-pau-de-banda-branca x x x x x M M/D F x x x x B M/D U/P x x M U/M/D C x B F x x B C x x M T/U/ M/D T/U/ M/D M/D x x B D C x x x x x x x x x x x x F 150 Myrmeciza loricata (Lichtenstein, 1823) Myrmotherula gularis (Spix, 1825) Dysithamnus mentalis (Temminck, 1823) Dysithamnus stictothorax (Temminck, 1823) Herpsilochmus rufimarginatus (Temminck, 1822) Thamnophilus caerulescens Vieillot, 1816 Thamnophilus ruficapillus Vieillot, 1816 Thamnophilus doliatus (Linnaeus, 1764) Thamnophilus pelzelni Hellmayr, 1924 Hypoedaleus guttatus (Vieillot, 1816) Batara cinerea (Vieillot, 1819) Mackenziaena severa (Lichtenstein, 1823) Mackenziaena leachii (Such, 1825) Pyriglena leucoptera (Vieillot, 1818) Drymophila malura (Temminck, 1825) Drymophila ferruginea (Temminck, 1822) Drymophila rubricollis (Bertoni, 1901) CONOPOPHAGIDAE Conopophaga lineata (Wied, 1831) GRALLARIDAE Grallaria varia (Boddaert, 1783) SCLERURIDAE Sclerurus scansor (Ménétriès, 1835) DENDROCOLAPTIDAE Sittasomus griseicapillus (Vieillot, 1818) Xiphorhynchus fuscus (Vieillot, 1818) Lepidocolaptes squamatus (Lichtenstein, 1822) FURNARIIDAE Xenops rutilans Temminck, 1821 Furnarius rufus (Gmelin, 1788) Lochmias nematura (Lichtenstein, 1823) Automolus leucophthalmus (Wied, 1821) Certhiaxis cinnamomeus (Gmelin, 1788) Synallaxis ruficapilla Vieillot, 1819 Synallaxis frontalis Pelzeln, 1859 Synallaxis spixi Sclater, 1856 Synallaxis albescens Temminck, 1823 Synallaxis cinerascens Temminck, 1823 PIPRIDAE Neopelma chrysolophum Pinto, 1944 formigueiro-assobiador choquinha-de-garganta-pintada choquinha-lisa choquinha-de-peito-pintado chorozinho-de-asa-vermelha x x x x x choca-da-mata x x x M T U x x M U U x x M U/M C M M F x x x x x M D C x x x x B U/M C choca-de-chapéu-vermelho choca-barrada x B U F x B U/M C choca-do-planalto x B U/M C chocão-carijó x matracão borralhara borralhara-assobiadora papa-taoca-do-sul x x x A D U x x M U/M U x x M U U M U U/F x x x x x x x x x M U C choquinha-carijó x x x M U F/P trovoada x x M U C x M U C x M U C x A T U x x A T U trovoada-de-bertoni chupa-dente x x tovacuçu vira-folha arapaçu-verde x arapaçu-rajado x x x x x M M C x x x x x A U/M F x A M/D F x x M D F x x B T C arapaçu-escamado bico-virado-carijó joão-de-barro x joão-porca x x barranqueiro-de-olho-branco curutié x pichororé x x x x x x x x x M T U x x x x x M U F M T/U C x petrim x joão-teneném uí-pi x x x x x x x x x x x x pi-puí fruxu-do-carrasco x x M U F x x B U F x x x B B U U C C M U/M U M U U/P x x 151 Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder, 1793) Manacus manacus (Linnaeus, 1766) TITYRIDAE Schiffornis virescens (Lafresnaye, 1838) Tityra inquisitor (Lichtenstein, 1823) Tityra cayana (Linnaeus, 1766) Pachyramphus polychopterus (Vieillot, 1818) Pachyramphus validus (Lichtenstein, 1823) COTINGIDAE Pyroderus scutatus (Shaw, 1792) Platyrinchus mystaceus Vieillot, 1818 Procnias nudicollis (Vieillot, 1817) Phibalura flavirostris Vieillot, 1816 RYNCHOCYCLIDAE Mionectes rufiventris Cabanis, 1846 Leptopogon amaurocephalus Tschudi, 1846 Phylloscartes ventralis (Temminck, 1824) Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825) Todirostrum poliocephalum (Wied, 1831) Todirostrum cinereum (Linnaeus, 1766) Poecilotriccus plumbeiceps (Lafresnaye, 1846) Myiornis auricularis (Vieillot, 1818) Hemitriccus orbitatus (Wied, 1831) Hemitriccus nidipendulus (Wied, 1831) TYRANNIDAE Hirundinea ferruginea (Gmelin, 1788) Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) Elaenia mesoleuca (Deppe, 1830) Elaenia obscura (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837) Phyllomyias fasciatus (Thunberg, 1822) Serpophaga subcristata (Vieillot, 1817) Attila rufus (Vieillot, 1819) Attila phoenicurus Pelzeln, 1868 Legatus leucophaius (Vieillot, 1818) Myiarchus swainsoni Cabanis & Heine, 1859 Myiarchus ferox (Gmelin, 1789) Myiarchus tyrannulus (Statius Muller, 1776) Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) tangará x B U/M C B U F x M U F x M D F x x M D F x x B D C caneleiro-de-chapéu-preto x x M D U pavó x x M M R/P x x M U F M D F M D U/P rendeira x x x x x x flautim x x x x x anambé-branco-de-bochecha-parda anambé-branco-de-rabo-preto caneleiro-preto patinho x araponga x tesourinha-da-mata x abre-asa-de-cabeça-cinza cabeçudo x x M U/M F/P x x M U/M F x M D F x x M D F x x B M/D U x x B C M T/U/ M/D U B M/D F B U/M F M M F B D F/P borboletinha-do-mato bico-chato-de-orelha-preta teque-teque x x x x x x x ferreirinho-relógio tororó x x x x miudinho x tiririzinho-do-mato x tachuri-campainha x gibão-de-couro x risadinha x x x x guaracava-de-barriga-amarela tuque x tucão x B D F x x B D C x x B D C M M/D U x M D F x B M/D F x x M A M/D M/D F U/P x x B D F/C x x B M/D F x B M/D F x B M/D F/C x B T/U/ M/D C x alegrinho x capitão-de-saíra capitão-castanho bem-te-vi-pirata irré maria-cavaleira-de-rabo-enferrujado bem-te-vi x x x x x x x x x x x VU F x piolhinho maria-cavaleira x VU 152 Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776) Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766) Myiozetetes similis (Spix, 1825) Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 Tyrannus savana Vieillot, 1808 Empidonomus varius (Vieillot, 1818) Conopias trivirgatus (Wied, 1831) Myiophobus fasciatus (Statius Muller, 1776) Colonia colonus (Vieillot, 1818) Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766) Arundinicola leucocephala (Linnaeus, 1764) Gubernetes yetapa (Vieillot, 1818) Cnemotriccus fuscatus (Wied, 1831) Lathrotriccus euleri (Cabanis, 1868) Contopus cinereus (Spix, 1825) Knipolegus cyanirostris (Vieillot, 1818) Satrapa icterophrys (Vieillot, 1818) Muscipipra vetula (Lichtenstein, 1823) VIREONIDAE Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) Vireo olivaceus (Linnaeus, 1766) Hylophilus poicilotis Temminck, 1822 CORVIDAE Cyanocorax cristatellus (Temminck, 1823) Cyanocorax chrysops (Vieillot, 1818) HIRUNDINIDAE Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) Tachycineta leucorrhoa (Vieillot, 1817) Progne tapera (Vieillot, 1817) Progne chalybea (Gmelin, 1789) TROGLODYTIDAE Troglodytes musculus Naumann, 1823 DONACOBIIDAE Donacobius atricapilla (Linnaeus, 1766) TURDIDAE Turdus flavipes Vieillot, 1818 Turdus rufiventris Vieillot, 1818 Turdus leucomelas Vieillot, 1818 Turdus amaurochalinus Cabanis, 1850 suiriri-cavaleiro x x B T C bem-te-vi-rajado x x B M/D C neinei x x B D F bentevizinho-de-penacho-vermelho suiriri x x B M/D C x x B D C tesourinha x x B D C peitica x x B D F x M D U x B U F B D F/P B T F F U/P bem-te-vi-pequeno filipe viuvinha x x x x x x lavadeira-mascarada x freirinha x M x B T/U/ M/D T/U/ M/D U/M tesoura-do-brejo x M x x M M F x x B U/M/D F/P x x B C guaracavuçu enferrujado x papa-moscas-cinzento maria-preta-de-bico-azulado suiriri-pequeno tesoura-cinzenta pitiguari x juruviara x x x x x B T/U/ M/D M/D x x M D U/P F x x x x x B M/D C x x x x x B D C x x x M M/D C x x M M/D F B D F verdinho-coroado gralha-do-campo F x x gralha-picaça x andorinha-pequena-de-casa andorinha-serradora x x B A C x x B A C andorinha-de-sobre-branco andorinha-do-campo andorinha-doméstica-grande x B A C x x B B A A C C B T/U C M U C M/D T/U/ M/D T/U/ M/D T/U/ M/D C C corruíra x x x x x japacanim x sabiá-una sabiá-laranjeira sabiá-barranco sabiá-poca x x x x x x x x x x x x x x M B x x B x x B C C 153 Turdus subalaris (Seebohm, 1887) Turdus albicollis Vieillot, 1818 MIMIDAE Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) COEREBIDAE Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) THRAUPIDAE Saltator similis d'Orbigny & Lafresnaye, 1837 Nemosia pileata (Boddaert, 1783) Thlypopsis sordida (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837) Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822) Ramphocelus carbo (Pallas, 1764) Lanio melanops (Vieillot, 1818) Lanio cucullatus (Statius Muller, 1776) Tangara seledon (Statius Muller, 1776) Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) Tangara palmarum (Wied, 1823) Tangara ornata (Sparrman, 1789) Tangara cayana (Linnaeus, 1766) Tangara desmaresti (Vieillot, 1819) Stephanophorus diadematus (Temminck, 1823) Schistochlamys ruficapillus (Vieillot, 1817) Pipraeidea melanonota (Vieillot, 1819) Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) Hemithraupis ruficapilla (Vieillot, 1818) Conirostrum speciosum (Temminck, 1824) EMBEREZIDAE Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) Ammodramus humeralis (Bosc, 1792) Haplospiza unicolor Cabanis, 1851 Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) Emberizoides herbicola (Vieillot, 1817) Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823) Arremon taciturnus (Hermann, 1783) Arremon flavirostris Swainson, 1838 CARDINALIDAE Piranga flava (Vieillot, 1822) Habia rubica (Vieillot, 1817) PARULIDAE Parula pitiayumi (Vieillot, 1817) sabiá-ferreiro x B D F x x M U/M F x x B D C x x x B D C x x x B M/D C B D F sabiá-coleira sabiá-do-campo cambacica trinca-ferro-verdadeiro saíra-de-chapéu-preto saí-canário x x x x x x x x x x x tiê-preto x x x B U/M/D F x x x B M/D C x B U/M/D C x M U/M F/P B T/U C x M D C x B D C x B D C x x M D C x x M U/M/D F M D C pipira-vermelha tiê-de-topete x tico-tico-rei x x x x x saíra-sete-cores sanhaçu-cinzento x sanhaçu-do-coqueiro sanhaçu-de-encontro-amarelo saíra-amarela x x x x x x x saíra-lagarta x sanhaçu-frade x x B U/M/D F bico-de-veludo x x B T/U C x B M/D F saíra-viúva saí-azul x x B D F saíra-ferrugem x x B D C figuinha-de-rabo-castanho x x B D C x x B T/U C B T C x M M/D U/P x B T C B U C tico-tico x x x x x x x x x tico-tico-do-campo x cigarra-bambu x canário-da-terra-verdadeiro canário-do-campo x tiziu x x x coleirinho x tico-tico-de-bico-preto tico-tico-de-bico-amarelo sanhaçu-de-fogo tiê-do-mato-grosso mariquita x x x B T/U C x x B U C x x M T F M T F x x x x x x x B A D U/M F F x x M D C 154 Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789) Basileuterus flaveolus (Baird, 1865) Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830) Basileuterus hypoleucus Bonaparte, 1830 Basileuterus leucoblepharus (Vieillot, 1817) ICTERIDAE Cacicus chrysopterus (Vigors, 1825) Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) Agelasticus cyanopus (Vieillot, 1819) Pseudoleistes guirahuro (Vieillot, 1819) FRINGILLIDAE Sporagra magellanica (Vieillot, 1805) Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) Euphonia violacea (Linnaeus, 1758) Euphonia pectoralis (Latham, 1801) Euphonia cyanocephala (Vieillot, 1818) Chlorophonia cyanea (Thunberg, 1822) ESTRILDIDAE Estrilda astrild (Linnaeus, 1758) PASSERIDAE Passer domesticus (Linnaeus, 1758) Número de Espécies pia-cobra x canário-do-mato x pula-pula pula-pula-de-barriga-branca pula-pula-assobiador x x x x x x x x x x x B U C M T/U F x x M U/M C x x x B U/M F x x x M U C x M D F x B T C tecelão vira-bosta x x carretão x M T/U F/P chopim-do-brejo x B T F/P pintassilgo x B D C fim-fim x B D C gaturamo-verdadeiro ferro-velho x B D F M D C gaturamo-rei x B D F/P M D C x x gaturamo-bandeira x bico-de-lacre x Ind Ind Ind pardal x B T/U/ M/D C 32 39 37 3 53 67 61 199 172 B M A ind Total sens 137 94 10 1 W T U M D A Tot Habitat 5 69 92 85 127 15 R U F C Tot Abund 1 31 98 114 155 Anexo 2 - Registros de aves in loco PNMC. Nome científico TINAMIDAE Crypturellus obsoletus (Temminck, 1815) CATHARTIDAE Coragyps atratus (Bechstein, 1793) ACCIPITRIDAE Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) FALCONIDAE Caracara plancus (Miller, 1777) Milvago chimachima (Vieillot, 1816) RALLIDAE Aramides saracura (Spix, 1825) CHARADRIIDAE Vanellus chilensis (Molina, 1782) COLUMBIDAE Columbina talpacoti (Temminck, 1811) Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) Zenaida auriculata (Des Murs, 1847) Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, 1792) PSITTACIDAE CUCULIDAE Piaya cayana (Linnaeus, 1766) Crotophaga ani Linnaeus, 1758 STRIGIDAE Megascops choliba (Vieillot, 1817) CAPRIMULGIDAE TROCHILIDAE Phaethornis eurynome (Lesson, 1832) Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) Thalurania glaucopis (Gmelin, 1788) Leucochloris albicollis (Vieillot, 1818) Amazilia lactea (Lesson, 1832) BUCCONIDAE Malacoptila striata (Spix, 1824) PICIDAE Picumnus temminckii Lafresnaye, 1845 Melanerpes candidus (Otto, 1796) Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) Colaptes campestris (Vieillot, 1818) Celeus flavescens (Gmelin, 1788) Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) REGISTROS NA LITERATURA SOBRE AS AVES DA REGIÃO E REGISTROS FEITOS IN LOCO Registros Total Total Registros da literatura Habitat Status deste estudo na área Abund. Status Nome popular EstratifiEstarelativa Federal (M1+M2+ Willis Silva Santos dual M1 M2 Ent Aer (M1+M2) Sensib. cado Ent+Aer) (1981) (1992)* (2012) inhambuguaçu x x x urubu-de-cabeça-preta x x gavião-carijó x x x x x x x x B T F x x x x B T/U/M/ D/A C x x x B D C x x B T C x x B T/U/ M/D C M T U caracará x x carrapateiro x x saracura-do-mato x x x x x quero-quero x x x x B T C rolinha-roxa x x x x B T C x x x x M D C x B T/U/M C M T C pombão x x pomba-de-bando x x x x juriti-gemedeira x x x x x x x x x x alma-de-gato x x x x anu-preto x x x corujinha-do-mato x x rabo-branco-degarganta-rajada besourinho-de-bicovermelho beija-flor-de-frontevioleta beija-flor-de-papobranco beija-flor-de-peitoazul x x x x x x x x x B D C x x x B T/U/ M/D C x x x B D C x x x x x x x M U F x x x x x B U/M/D C x x x x x M U/M/D C x x x x B U/M/D C B M/D F x barbudo-rajado x x x x x x x x M U/M U pica-pau-anão-decoleira pica-pau-branco x x x x M M/D F x x x x B M/D U/P pica-pau-verdebarrado pica-pau-do-campo x x x B F x x x x B C x x M T/U/ M/D T/U/ M/D M/D x x B D C pica-pau-de-cabeçaamarela pica-pau-de-bandabranca x x x x x x x F 156 THAMNOPHILIDAE Dysithamnus stictothorax (Temminck, 1823) Herpsilochmus rufimarginatus (Temminck, 1822) Thamnophilus caerulescens Vieillot, 1816 Pyriglena leucoptera (Vieillot, 1818) DENDROCOLAPTIDAE Sittasomus griseicapillus (Vieillot, 1818) Xiphorhynchus fuscus (Vieillot, 1818) FURNARIIDAE Furnarius rufus (Gmelin, 1788) Lochmias nematura (Lichtenstein, 1823) Automolus leucophthalmus (Wied, 1821) Synallaxis ruficapilla Vieillot, 1819 Synallaxis frontalis Pelzeln, 1859 Synallaxis spixi Sclater, 1856 PIPRIDAE Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder, 1793) Manacus manacus (Linnaeus, 1766) RYNCHOCYCLIDAE Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825) Poecilotriccus plumbeiceps (Lafresnaye, 1846) TYRANNIDAE Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) Myiarchus ferox (Gmelin, 1789) Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) Colonia colonus (Vieillot, 1818) VIREONIDAE Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) Vireo olivaceus (Linnaeus, 1766) CORVIDAE Cyanocorax cristatellus (Temminck, 1823) TROGLODYTIDAE Troglodytes musculus Naumann, 1823 TURDIDAE Turdus rufiventris Vieillot, 1818 Turdus leucomelas Vieillot, 1818 MIMIDAE Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) COEREBIDAE Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) THRAUPIDAE Nemosia pileata (Boddaert, 1783) Lanio cucullatus (Statius Muller, 1776) choquinha-de-peitopintado chorozinho-de-asavermelha x x x x x choca-da-mata x M M F x x x x M D C x x x x x B U/M C x x x x x M U C papa-taoca-do-sul x x arapaçu-verde x x x x x x M M C x x x x x A U/M F x x x x B T C x x x x x M T U x x x x x M U F x x x x x M U F x x x x B U F x x x x x B U C x x x B U/M C B U F M D F M U F x B D F x B M/D F x B C B T/U/ M/D D F/P arapaçu-rajado joão-de-barro x joão-porca x barranqueiro-deolho-branco pichororé x x x x x x x petrim x joão-teneném x x tangará x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x B M/D C x x x B D C rendeira bico-chato-deorelha-preta tororó x x x x x risadinha x maria-cavaleira x bem-te-vi x viuvinha x pitiguari x x x x x x x x x x x juruviara x x x gralha-do-campo x x x x x M M/D F x x x x B T/U C x x x x B C x x x x B T/U/ M/D T/U/ M/D x x x B D C x x B D C B D F B T/U C corruíra x sabiá-laranjeira sabiá-barranco x x x x sabiá-do-campo x x cambacica x saíra-de-chapéupreto tico-tico-rei x x x x x x x x x x x x x x C 157 Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) Tangara cayana (Linnaeus, 1766) Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) EMBEREZIDAE Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) CARDINALIDAE Piranga flava (Vieillot, 1822) PARULIDAE Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830) Basileuterus leucoblepharus (Vieillot, 1817) ICTERIDAE Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) Número de Espécies sanhaçu-cinzento x x x x x x B D C saíra-amarela x x x x x M U/M/D F saí-azul x x x x x B D F x x x x B T/U C x x x x B T/U C x x x B D F x x M U/M C x x M U C x B T C Tot Habitat 43 21 1 0 Tot Abund tico-tico x tiziu x x x sanhaçu-de-fogo x pula-pula x x x x x pula-pula-assobiador x x x x x vira-bosta x 32 39 37 x x x 3 53 67 26 59 55 Total sens B M A Ind W T U M D A 0 22 31 27 35 1 R U F C 0 4 22 39 158 Anexo 3 - Listas de Presença. 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 Anexo 4 - Mapeamento feito pelos grupos de trabalho durante oficina de planejamento do PNMC. 172 173 174 175 176 177 Anexo 5 - Relato sobre as oficinas participativas. Oficina 1 – Visão da comunidade sobre a Unidade de Conservação No dia 27 de maio foi realizada a primeira oficina para a elaboração do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Cajamar. O objetivo principal dessa oficina era aflorar o olhar da comunidade sobre a área do Parque e seu entorno (ambiente interno e ambiente externo), levantando os principais pontos fortes, oportunidades, pontos fracos e desafios. Para favorecer a participação da comunidade do entorno, o local escolhido para a realização da oficina foi a E.M.E.B. Demétrio Rodrigues Pontes - Rua José Rodrigues Pontes, nº 51 - Parque dos Bandeirantes – Ponunduva. A atividade foi iniciada com a apresentação do processo de escolha e contratação da equipe de elaboração do plano, e posteriormente a definição de modelos de unidades de conservação e os aspectos incidentes para cada uso e finalmente a apresentação dos elementos que compõem um plano de manejo. Em seguida os participantes foram convidados a pensar no ambiente externo e interno do parque e refletirem sobre os pontos abordados acima. Abaixo o quadro que foi apresentado para levantar a reflexão: 178 Foto 1 - Preenchimento dos pontos fortes e fracos no quadro. Abaixo seguem os aspectos levantados pelos participantes: PONTOS FORTES • Vegetação; • Ambiente do parque é diferenciado (solo, brejo, água); • Localização; • Projeto do PJ com trilhas; • Gestão compartilhada; • Inserido em 3 municípios APA e Serra do Japi; • Escola próxima; • Inclusão da comunidade; • Iniciativa de ecoturismo no entorno; • Página no jornal para divulgação; • Assentamento (MST) no entorno; • Divulgação em rádio (87,5 fm); • Conselho gestor empossado; • Legislação pertinente. OPORTUNIDADES • Educação ambiental; • Intercâmbio entre a diretoria de ensino e a diretoria de meio ambiente; • Natura como parceira; • Verba para construção de viveiro de mudas; • Gerar um olhar especial na população para saber o que é uma APA; • Gerar mobilidade no município; • Ponto de ecoturismo; • Parceria com empresas; • Fomentar práticas econômicas sustentáveis; • Pesquisas universitárias; • Capacitação de moradores (para agentes ambientais, biólogos, etc) • Plano diretor e Conselho da Cidade. PONTOS FRACOS • Eucaliptos; • Estrada cortando; • Dificuldade em estabelecer Zona de Amortecimento (extrapola o município); • Trilheiros; • Ocupação irregular aumentando; • Caça / passarinheiros; • Fiscalização deficiente; • Fogo; • Lenheiro / silvicultura; • Informação inadequada no entorno; • Pressão imobiliária. 179 Foto 2 - Representante COMDEMA Claudio falando sobre a UC. Além dos pontos apresentados, foi possível diagnosticar durante a oficina duas fortes intenções de uso para a área do parque. A primeira que foi defendida por alguns moradores locais e, também, por gestores municipais, é a de um parque voltado para área de lazer. Nos levantamentos realizados sobre o município foi possível observar a ausência desse tipo de espaço na cidade, o que acaba por pressionar o uso da área do parque para essa finalidade. A segunda opção de uso para a área do parque é a de ser um local para que se realizem atividades de educação ambiental voltadas para o conhecimento, a proteção e o cuidado com o meio ambiente. No entanto, fica evidente que o município não apresenta nenhuma área com estrutura voltada à educação ambiental e conscientização da importância da preservação do meio ambiente, como a que se pretende para o presente parque. Entende-se que talvez um meio termo tenha que ser negociado para tentar atender às expectativas da população com relação ao Parque. Nesse sentido, será necessária a inserção de um grupo maior de munícipes na discussão do que se entende e do que se pretende com um parque municipal, que é antes de tudo uma unidade de conservação. Para a ampliação dessa discussão de expectativas com relação às características do parque, será necessária a realização de outras oficinas em diferentes bairros do município, propiciando novas ideias e um melhor entendimento do plano de manejo e do que é uma unidade de conservação. Uma possibilidade apresentada foi a de realização de novas oficinas convidando também as consultoras que trabalham para a Natura, que por circularem por todo o município, possuem o conhecimento da realidade local. 180 Oficina II - Elaboração do logotipo do PNMC Foto 3 - Apresentação da oficina de logo. Para que a população de Cajamar comece a criar uma identidade maior com o parque, a segunda oficina realizada, no dia 19 de junho, foi a de chuva de ideias para a criação do logotipo do PNMC. Nesta atividade foram levantadas sugestões, palavras e desenhos que caracterizem a área do parque e seu significado. Além de ser uma oficina lúdica, a ajuda à cons- trução do logo do parque pretende aproximar a população do parque e a identificação do logo com o mesmo. A realização da oficina estava prevista para acontecer na mesma escola do bairro do Ponunduva, porém pelo motivo de a mesma não poder ficar aberta no horário previsto para a oficina, a atividade foi transferida para a casa Vicentina, local gentilmente cedido pelo Sr. e Sra. Oliveira, moradores locais. Foto 4 - Construção de opções de logo. A execução dessa oficina contou com a participação de funcionários das empresas Votorantin, conselheiros, representantes de ONG’s, moradores e funcionários da Natura, totalizando 18 participantes. Essa composição reforça a importância do envolvimento de diversos segmentos na construção do plano de manejo do parque. 181 Foto 5 - Exposição das sugestões de logos elaborados. Foto 6 - Propostas de logos realizadas durante oficina. 182 Foto 7 - propostas de logos e chuva de ideias que caracterizam o parque. A partir das imagens e composições criadas na Oficina, a diretora do Ipesa, Camila Duarte, elaborou três opções para serem escolhidas entre os participantes. Por sugestão da Paula Mielke, gestora do Parque, a votação foi ampliada para todos os muní- cipes, sendo as opções de logo divulgadas em jornal local, páginas na internet (Prefeitura e Cajamar.net) e nos facebooks. A votação ficará disponível até o dia 16 de agosto. Imagem 1 - Opções de logos para votação. 183 Oficina III – Visão da Comunidade A oficina “Visão da Comunidade sobre a área do Parque e seu entorno” foi realizada novamente com o objetivo de levantar com os participantes as potencialidades, oportunidades, pontos fortes, pontos que impulsionam a Unidade de Conservação, e também foram apontados os pontos fracos, as fragilidades e as ameaças que o parque e a área do entorno podem sofrer. Durante a realização da oficina novamente foi explicado o que é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral e quais são as suas possibilidades de uso. Como resultado e análise das questões levan- tadas, pôde-se perceber que muitos questionamentos apresentados pelo grupo ainda estão no campo das ideias, visto que os participantes ainda não detém o conhecimento do cotidiano do Parque pelo fato, principalmente, de o Parque ainda não estar aberto para o uso do público. A oficina foi realizada no Boiódromo, local central da cidade, como uma estratégia de ampliação e divulgação das atividades do Plano de Manejo, porém o número de participantes foi bastante reduzido. Oficina IV – Planejamento e Zoneamento A Oficina Planejamento e Zoneamento teve o propósito de iniciar o Zoneamento da área do Parque, esta oficina pode ser destacada como uma das mais participativas durante o processo de elaboração do Plano de Manejo. Com o objetivo de ampliar o número de integrantes, a oficina ocorreu em uma data comemorativa – o dia da árvore, e fez parte do calendário de ações do Programa de Jovens – PJ, desenvolvido pela Diretoria de Meio Ambiente do Município de Cajamar, essa estratégia deu muito certo, trazendo um grupo de jovens bastante interessados em participar e colaborar com ideias para a construção do Parque. A oficina também foi divulgada nas redes sociais e jornal local. Vale a pena ressaltar que uma família que leu a notícia no jornal apareceu para participar do Zoneamento e, ao serem questionados sobre quais as expectativas com a oficina, eles disseram que o que eles realmente queriam era conhecer o Parque, pois não sabiam que em Cajamar existia um Parque Natural Municipal. Como o Parque é um local ainda não conhecido e reconhecido pela população, a atividade aconteceu durante todo o dia. No período da manhã foi realizada uma visita monitorada à área do Parque com caminhada por suas trilhas, explicações e reflexões sobre o ambiente percorrido. Foto 7 - Início da atividade com explicação ao grupo sobre o ambiente e as regras para o dia. 184 Foto 8 - Trilha e explicação sobre a Mata Atlântica. Fotos 9 e 10 - Momentos de reflexão sobre o dia e a paisagem. À esquerda, na entrada do Parque; à direita, no mirante próximo ao Parque. No período da tarde foi realizada a interpretação da área, tendo como base o material já produzido sobre a caracterização da vegetação e da fauna local. Para a construção de mapas que pudessem planejar e espacializar as ideias, os participantes foram divididos em grupos onde trabalharam em cima de ma- teriais cartográficos da área do parque. Cada grupo apontou o traçado percorrido e as suas aspirações para o PNMC, e em seguida, fizeram uma apresentação de suas propostas e uma avaliação contendo suas percepções sobre a experiência do dia. 185 Fotos 11 e 12 - Grupos planejando zonas e projetos para o Parque. Fotos 13 e 14 - À esquerda, sala dividida em grupos; à direita, apresentação dos grupos. Foto 15 - Apresentação dos grupos. 186 Oficina V – Programas e Projetos A partir do material produzido na oficina de zoneamento, a oficina de número 5 foi pensada para o levantamento de propostas de projetos que possam ser executados na área do Parque. Essa Oficina ocorreu na Escola da Água, região central de Cajamar. Nela foi apresentado o modelo indicado pela IBAMA de programas de ações e projetos para Unidades de Conservação e sua Zona de Amortecimento. Abaixo segue quadro com temas abordados. AÇÕES GERENCIAIS ÁREA EXTERNA À UC • Proteção e manejo; • Pesquisa e monitoramento; • Integração Externa; • Alternativa de desenvolvimento; • Conscientização ambiental; • Operacionalização externa. Equipamentos para Observação e Lazer ÁREA INTERNA DA UC • Proteção e Manejo; • Proteção e Monitoramento; • Visitação; • Conscientização Ambiental; • Operacionalização Interna. DEMANDAS LEVANTADAS Parquinho infantil Churrasqueira Equipamentos de ginástica Quadras Infraestrutura Mirante CEA – Centro de Educação Ambiental Viveiro de mudas Borboletário Sinalização Corpo Gestor Usos Para este item não foram estruturadas as necessidades Contemplação Ecoturismo Conservação Educação Ambiental Estrada Parque 187 Foto 16 - Oficina de projetos e programas gerenciais. Oficina VI – Zona de Amortecimento No dia 06 de novembro foi realizada uma apresentação das ações de elaboração do Plano de Manejo para o COMDEMA, com o intuito de levantar as demandas e aspirações deste Conselho sobre o Parque. A receptividade dada pelos Conselheiros foi muito boa e foi solicitado por parte deste grupo que a Oficina sobre a Zona de Amortecimento fosse adiada para o mês de dezembro para que ela pudesse acontecer no mesmo dia da próxima reunião do COMDEMA e, assim, os representantes poderiam participar. Esta proposta foi analisada pelo grupo executor do Plano de Manejo, junto com os Conselheiros do Parque, que acharam interessante agregar esta importante oficina com outros grupos para que fosse possível ampliar a participação. Essa iniciativa de juntar a oficina sobre a Zona de Amortecimento com a reunião do COMDEMA obteve um ótimo resultado no número e na qualidade dos participantes. Além dos representantes do COMDEMA, estiveram presentes os Conselheiros do Parque, representantes municipais, representantes do Estado no papel da Fundação Florestal e CETESB, do Programa Jovens, empresas e dos Conselheiros da Serra do Japi, unidade de conservação vizinha ao parque. Esta pode ser considerada ao longo da elaboração do plano de manejo como a oficina onde o entendimento sobre a Unidade de Conservação estava mais claro aos participantes e a que possuiu maior representatividade da sociedade como um todo. Para subsidiar a reunião foi elaborado pela equipe executora um material sobre Zona de Amortecimento para equacionar algumas dúvidas, além de uma proposta de delimitação da área. 188 Foto 17 – Paula Mielke, presidente do Conselho Consultivo do Parque e Presidente do CONDEMA. Foto 18 - Sala cheia durante oficina sobre ZA. Foto 19 - Presidente do CONDEMA expondo. Foto 20 - Marcos, gestor das APA CCJ, da Fundação Florestal apresentando sobre o zoneamento da APA Cajamar. Durante a oficina foi apresentado aos participantes a importância de proteção dos principais corredores de fauna e flora do entorno do Parque e como proposta a delimitação da micro bacia como sendo a Zona de Amortecimento. Porém, os presentes quiseram ampliar esta área, contemplando assim, quase toda a bacia do Ribeirão Cachoeira dentro da Zona de Amortecimento e englobando a área de Tombamento da Serra pertencente a Cajamar. 189 Proposta definida durante a reunião. Imagem 2 – Proposta de Zona de Amortecimento construída em oficina. Em vermelho: área do PNMC e os corredores de fauna e flora. Área em verde: proposta inicial apresentada como área para a Zona de Amortecimento, correspondendo somente à microbacia onde o PNMC está inserido. Área com hachura em amarelo: proposta ampliada durante a oficina. Na parte noroeste, o encontro da ZA com a área de Tombamento da Serra do Japi. O debate foi muito bem conduzido e trouxe como resultado uma proposta muito avançada em termos de proteção do entorno do Parque. Vale destacar a importância da participação de todos estes atores envolvidos, principalmente por se tratar da Zona de Amortecimento, ou seja, uma área muito maior do que a própria Unidade de Conservação, onde é fundamental o consenso entre todos para a efetividade das ações a serem desenvolvidas. 190 Anexo 6 – Convites elaborados para as oficinas participativas. 191 192 193 Anexo 7 - Modelos de fichas para cadastro de pesquisadores, Termo de Compromisso do Pesquisador e perfil do visitante. Como referência, foram utilizadas as fichas apresentadas no Plano de Manejo da Serra do Japi. 194 195 196 Anexo 8 – Lista de entidades e associações de Cajamar. Como referência, foram utilizadas as fichas apresentadas no Plano de Manejo da Serra do Japi. ENTIDADES REGULAMENTADAS APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Cajamar Rua Manoel Antônio Gomes, 377 - Jordanésia Fone: 4447-4555 / 3036 Presidente: Luiz Olvalter Tomazim Coordenadora: Magali de Freitas Sória Assistente Social: Rose Aparecida Munhoz Segmento: Atendimento à Pessoa Portadora de Necessidades Especiais - P.P.D. Demanda: 500 (mensal) Sítio Agar Rua Corumbataí, 630 - Polvilho Fone: 4448-1243 / Fax: 4448-1245 Diretor: Antonius Gerardus M. Van Noiye Assistente Social: Márcia Sória Freitas Ferreira Segmento 1: Abrigo - Criança e Adolescentes (Casa Transitória) / Meta: 25 Segmento 2: Abrigo - Criança e Adolescentes portadores de H.I.V. / Meta: 45 Damanda: 70 (mensal) Associação Mundo Melhor - AMME Rua do Missé, 800 - Ponunduva - Cajamar Fone: 4408-0526 Coordenador: Marcio Roberto Pereira Barbosa Segmento: Família, Criança e Adolescente Demanda: 60 (mensal) Mata Nativa Estrada Flávio Beneducci, 800 - Ponunduva - Cajamar Fone: 4408-0895 / 4408-0714 (Evelin) Presidente: Cláudio Dall’olio Segmento: Meio Ambiente Demanda: 50 (mensal) Sociedade Amigos do Distrito do Polvilho - SADP Rua Antônio Carlos Paiva Camelo, 40 - Sala 02 - Polvilho - Cajamar Fone: 4408-5240 / 4408-5380 Presidente: Marina Pereira Mota Segmento: Moradores do Bairro Demanda: 200 aprox. Hácali - Há um Caminho a Liberdade Chácara Rodeio, Lote 5 - Quadra 3 - Ponunduva Fone: 4408-0624 / 9438-6861 Presidente: Silvio Miranda Ribeiro Segmento: Homens Portadoras e Alcoolimos Demanda: 30 homens 197 AMOP - Associação de Moradores do Polvilho Rua Irmã Daria Moreira, 400 - Polvilho Fone: 4448-5518 / 4448-1715 Presidente: Oto Araújo Santos Segmento: Moradores de modo geral Pastoral da Criança de Cajamar Av. Pedro Celestino Leite Penteado, 102 - Jordanésia Fone: 4447-1658 Coordenador: Severino Pereira de Souza Segmento: Criança e Adolescente Demanda: 780 (mensal) Associação da Família Rotária de Cajamar Rua Vereador Joauqim Soares de Araújo, 469 - Jordanésia Fone: 4447-4803 / 9910-6377 / 4447-4285 Presidente: Vera Helena Moro Cruz Segmento: Famílias Demanda: 120 (mensal) Associação Amigos do Jardim Maria Luiza Rua Alto Porã, Bl. 301 - Aptp. 22 - Jardim Maria Luiza - Jordanésia Presidente: Joselina de Jesus Bento Segmento: Moradores de modo geral Demanda: 150 aprox. (mensal) Associação Cooperativista dos Aposentados e Pensionistas Rua das Cisalpinas, 401 - Pq. São Roberto - Jordanésia Presidente: André Segmento: Aposentados e Pensionistas Demanda: 90 (mensal) Associação Maria Gomes Rua Cedral, 18 - Pq. Panorama II Fone: 3621-8280 Presidente: Valdecir Manoel da Silva Segmento: Famílias Demanda: 150 Aprox. (mensal) Associação dos Moradores Panorama I e II Rua Detulina, 126 - Panorama - Polvilho Presidente: Sr. Feliciano João de Oliveira Neto AMAJAPRI - Associação de Moradores do Jardim Primavera ENTIDADES NÃO REGULAMENTADAS Associação Rosas de Sharon Estrada Francisco Missé, 13500 - Ponunduva Presidente: Evelyn Assis Associação das Acácias Presidente: Rose Associação das Mulheres Rotárias Presidente: Vera Associação dos Condutores Autônomos de Cajamar Rua Antonio Pedro Magalhães, 64 A - Jordanésia Associação Amigos Serra dos Cristais Associação dos Moradores Km 42,5 198 Associação dos Moradores Km 43 Associação Beneficente Assembléia de Deus - Polvilho Rua José Domiciano de Lima, 22 - Sala 04 Presidente: Josué de Oliveira Ottavio ASSOCIAÇÕES ACE - Associação Comercial Empresarial Presidente: Humberto S. Souza Rotary Club Presidente: Luiz Sarte 199 Anexo 9 – Decreto n° 3.792/07 - Criação do PNMC. 200 201 202 Anexo 10 – Decreto n° 4.682/12 - Criação do Conselho Consultivo do PNMC. 203 204 205 206 Anexo 11 – Mapa da Altimetria região do PNMC. 207