UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS SOCIOECONÔMICAS E HUMANAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA RILDA BISPO SANTANA TELES UM OLHAR GEOGRÁFICO E CULTURAL SOBRE A FESTA DO DIVINO PAI ETERNO EM TRINDADE-GO Anápolis 2009 RILDA BISPO SANTANA TELES UM OLHAR GEOGRÁFICO E CULTURAL SOBRE A FESTA DO DIVINO PAI ETERNO EM TRINDADE-GO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Geografia da Unidade Universitária de Ciências SócioEconômicas e Humanas da Universidade Estadual de Goiás, para obtenção do título de Licenciado em Geografia. Orientadora: Profª. M. Sc. Arlete Mendes Silva Anápolis 2009 RILDA BISPO SANTANA TELES UM OLHAR GEOGRÁFICO E CULTURAL SOBRE A FESTA DO DIVINO PAI ETERNO EM TRINDADE-GO Trabalho de Conclusão de Curso defendido no Departamento de Geografia da Unidade Universitária de Ciências Sócio-Econômicas e Humanas da Universidade Estadual de Goiás, para obtenção do grau de Licenciado em Geografia, aprovado em _____ de _____ de _____ , pela Banca Examinadora constituída pelos seguintes professores: _________________________________________________ Profª. M. SC. Arlete Mendes Silva – UEG Presidente da Banca ___________________________________________________ Prof. Ms. Wilmar Ribeiro - UEG Examinador Interno Dedico este trabalho a Deus, que me guia sempre pelos caminhos da fé, ao meu marido, aos meus queridos pais, aos meus irmãos e a minhas irmãs que me deram o instrumento precioso para redigir este trabalho. Dedico também aos meus amados professores, colegas e amigos de faculdade que se fizeram presentes em minha vida. E enfim, ao Divino Pai Eterno, por ter me iluminado sempre, e por ser a quem eu devo o fato de ter chegado aonde cheguei com tamanha felicidade. AGRADECIMENTOS A Deus, “da mesma forma que a chuva e a neve que caem do céu e pra lá não voltam sem antes molhar a terra, tornando-a fecunda e fazendo-a germinar, a fim de produzir semente para o semeador e alimento para que precisa comer, assim acontece com a palavra que sai de minha boca; ela não volta para mim sem efeito, sem ter realizado o que eu quero e sem ter cumprido com sucesso a minha missão". (Isaias 35, 10 e 11) Aos meus pais, "Grande foram às lutas, maiores as vitórias. Muitas vezes, pensei que este momento não chegaria. Queria recuar ou parar. No entanto, vocês sempre estiveram presentes, mesmo que de longe. A emoção é forte. Não cheguei ao fim, mais apenas ao início de uma caminhada. Joana minha mãe (im memorian), "Se hoje não posso lhe dar um forte abraço, e chorar no seu ombro a alegria da minha conquista, não me desespero, pois sei que sua felicidade de me ver vencendo mais esta etapa se faz presente, pois a morte significa apenas um passo para a evolução do ser humano, e os laços que nos unem não foram rompido pela a mesma, dedico a ti Mãe este trabalho". Ao meu marido, filhos e irmãos, foi muito difícil chegar até aqui, juro não foi nada fácil, mais com a ajuda de todos vocês consegui, por isto eu agradeço. Ao meu marido Wanderley que em muitos momentos lutou junto comigo para esta conquista, meus filhos Marcus Vinícius e Adressa Karoliny que deixei um pouco de lado para me dedicar aos estudos e como eu poderia esquecer-me de vocês minhas irmãs Rilma e Regiane que dedicaram algum tempo de sua vida para me ajudar a todos meu muito. Obrigado. A minha professora e orientadora Arlete Mendes Silva, que de acordo com sua especialidade acadêmica contribuiu para a realização deste trabalho; que me conduzindo sempre com tamanha dedicação me fez acreditar que com coragem, perseverança e amor eu poderia conseguir. Meu muito obrigado. Aos meus grandes amigos, em especial Paulo, Regina, Roni Von, Sônia e Virgilio, aos quais não levarei só lembranças de um curso realizado em conjunto, mais o companheirismo, a certeza de uma conquista de amizade para toda a vida; bem como verdadeiros exemplos de pessoas de bem, de luta e de força que são. Aos professores do curso de Geografia da Universidade Estadual de Goiás – Anápolis, pela dedicação acadêmica e as contribuições no decorrer do curso. Enfim expresso meus agradecimentos a todos que participaram de forma direta ou indireta desta pesquisa e que tornaram possível a concretização deste trabalho. Música; ROMARIA Levantei cedo juntei a boiada a fé no peito e os pés no chão meu velho carro cantou na estrada e o pó vermelho levantou do chão num passo lento saiu a jornada pra romaria da devoção Sou Romeiro que caminha, sou devoto do Senhor caminhando pra Terra Santa velha Trindade da fé e do amor Pra ir na Terra do Pai Eterno Minhas jornadas durou muitos dias trabalhei duro o ano inteiro fiz os meus planos pra Romaria pedi ao Anjos pra iluminar meus passos e o Pai Eterno pra ser o meu guia E ao ver ao longe seu Santuário Templo Sagrado em forma de cruz Aonde meu Pai fez a sua morada com o Santo Espírito e seu filho Jesus dou meus louvores por chegar de novo na Terra Santa coberta de Luz. Walter José/ interpretada por: Ceacute/Lia Valadão RESUMO As festas religiosas são importantes expressões cultural popular de Goiás. Elas nascem e se concretizam sob diversos modos, ritmos, percepções e significados para as pessoas que delas participam. São festas que impressionam pela a beleza e pela fé das pessoas que participam das missas, procissões e das festividades religiosas. Dentre as mais populares está a Festa do Divino Pai Eterno na cidade de Trindade – GO. Tal manifestação cultural goiana representa uma das mais bela e tradicional festa religiosa do interior do Brasil. Entre a grande programação da festa, ressaltam-se a romaria, desfile dos carros de bois, as missas, procissões, uma linda manifestação cultural e religiosa que nos mostra o lado sagrado e profano da festa. A festa é um atrativo do turismo religioso e cultural, estimulando atividades religiosas, sociais e econômicas na Cidade de Trindade. A romaria no contexto de territorialização / territorialidade criada e vivenciada pela e para a festa modificada espacialmente o lugar dando-lhe novos feitios e significados. O sagrado e profano se manifestam nas re-criações socioespaciais, culturais e religiosas à medida que é estabelecida no lugar a peregrinação e projeção de ritos, crenças símbolos e personagens além do uso festivo que se faz do evento. O tipo de pesquisa usado foi à descritiva tendo como método o estudo de caso. As indagações que se estabeleceram junto ao objeto de pesquisa foram: como se dão as modificações e as materializações no espaço durante a festa? Como tais mudanças se montam no espaço vivido pela festa? Quais as percepções e significados da romaria para as diversas categorias de sujeitos que participam da festa? Assim, a principal finalidade foi entender a gama de significados e percepções feitas pelos romeiros que participam da festa e moradores locais, delimitando e analisando esse espaço festivo de territorialidade efêmera. Palavras Chave: Cultura, Significados; Percepções. ABSTRACT Religious festivals are important cultural expressions of popular Goiás They are born and are realized in various modes, rhythms, perceptions and meanings for people who took part. There are parties that impressed by the beauty and faith of the people who participate in the Masses, processions and religious festivals. Among the most popular is the Feast of the Divine Eternal Father in the city of Trinidad - GO. This cultural event Goiás represents one of the most beautiful and traditional religious festival of the interior of Brazil. Among the great lineup of the party, we emphasize the festival, parade of ox carts, masses, processions, a beautiful culture and religion that shows us the sacred and the profane side of the party. The festival is an attractive cultural and religious tourism, encouraging religious activities, social and economic in the City of Trinidad. The pilgrimage in the context of territorial / territorial created and lived by and for the party last place spatially giving it new shapes and meanings. The sacred and profane are manifested in the re-creations-spatial, cultural and religious as it is set in place the pilgrimage rites and projection of beliefs, symbols and characters beyond the use it makes festive event. The type of research used was the descriptive method as having the case study. The questions that were established with the object of research were: how to give the modifications and embodiments within the party over? As such changes are assembled in space experienced by the party? What are the perceptions and meanings of pilgrimage for the various categories of individuals who join the party? Thus, the main purpose was to understand the range of meanings and perceptions made by pilgrims participating in the festival and local residents, defining and analyzing Keywords: Culture, Meanings, Perceptions this festive space territoriality ephemeral. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 01 Fig.01 - Mapa de localização Trindade - GO......................14 Ilustração 02 Tabela 01 – Distribuição das religiões brasileiras................17 Ilustração 03 Fig.02 – Mapa de Trindade – GO e seus limites................23 Ilustração 04 Foto 01- Medalhão Sagrado...............................................28 Ilustração 05 Foto 02 -Igreja Matriz (Santuário Velho, 1920) .................30 Ilustração 06 Foto 03 - Igreja Matriz (Santuário Velho, 2009)................ 30 Ilustração 07 Foto 04 - Santuário Novo (Basílica Menor) .......................32 Ilustração 08 Foto 05 - Rodovia dos Romeiros........................................33 Ilustração 09 Foto 06 – Praça Constantino Xavier....................................34 Ilustração 10 Foto 07 Ilustração 11 Foto 08 – Carreiródromo, Carros de Boi ...........................37 Ilustração 12 Foto 09 – Carreiródromo, Barraca de Bebidas.................. 37 Ilustração 13 Foto 10 – Catedral..............................................................38 Ilustração 14 Tabela 02 – Principais motivos para moradores e romeiros - Movimento no Centro de Trindade – GO.........35 participam da Festa do Divino Pai Eterno..........42 Ilustração 15 Gráfico 01 – Principais Motivos para os moradores participarem da Festa do Divino Pai Eternos.......43 Ilustração 16 Gráfico 02 – Motivos que levam os romeiros a participar da Festa do Divino Pai Eterno..........................46 Ilustração 17 Foto 10 – Miniaturas de santos feitos em barro vendidos durante toda a festa......................................... 47 SUMÁRIO LISTA DE INLUSTRAÇÕES....................................................................09 RESUMO..................................................................................................07 ABSTRAT.................................................................................................08 INTRODUÇÃO..........................................................................................13 1. GEOGRAFIA CULTURAL E A “IDENTIDADE ESPACIAL” DE TRINDADE-GO .............................................15 1.1. Geografia Cultural, Identidade e Territorialidade......................................15 1.2. As Territorialidades Advindas do Espaço Sagrado e Profano................. 18 1.3 O Município de Trindade e seu Contexto Histórico...................................20 1.3.1 O Município de Trindade em seu Contexto Geográfico.............................22 2. A ROMARIA DO DIVINO PAI ETERNO EM TRINDADE – GOIÁS..........26 2.1 Origem da Romaria do Divino Pai Eterno..................................................26 2.2 A Festa do Divino Pai Eterno em Dias Atuais .........................................31 2.3 A Espacilidade da Procissão do Divino Pai Eterno .................................33 2.4 Espaço Sagrado e Espaço Profano na Festa Divino Pai Eterno em Trindade............................................................................................................36 3. FESTA DO DIVINO PAI ETERNO: SIGNIFICADOS E PERCEPÇÕES.......40 3.1 Os integrantes da Festa do Divino Pai Eterno .........................................41 3.2 Significado da Romaria para a Comunidade Local ..................................43 3.3 Significado da Romaria para os “romeiros” ..............................................45 CONSIDERAÇÔES FINAIS ......................................................................50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS..........................................................52 APÊNDICES...............................................................................................55 ANEXOS.....................................................................................................61 INTRODUÇÃO O tema fora escolhido devido à tradição familiar e por freqüentar a Festa do Divino Pai Eterno, e também ter sido moradora da cidade de Trindade – GO por muitos anos, e mesmo fora da cidade de trindade continua mantendo as tradições. A pesquisa se vira diante do tema “um olhar geográfico e cultural sobre a festa do Divino pai Eterno em Trindade - GO”. A área escolhida para a pesquisa – a cidade de Trindade, um município do Estado de Goiás, situado a 18 km da capital Goiânia (ver ilustração 1). A principal via de acesso é a GO – 060. A pesquisa vai se desenvolver primeiro, a partir de manifestações espontâneas dos moradores da cidade e romeiros/fies que por diferentes razões se encaminha para o município de Trindade para consagrar a sua divindade. Nesta perspectiva, é que se propõe em desenvolver um trabalho o qual traga acréscimo o que até hoje já foi produzido, a respeito da Festa do Divino1 Pai Eterno, no município de trindade e sua influencia religiosa e cultural. 1 Segundo a autora Mônica Martins, Festa do Divino é nome dado ao Espírito do Santo, empregado principalmente, na Festa de Pentecostes (realizada 50 dias após o Domingo de Páscoa) e em outras celebrações populares do Divino Espírito Santo ou Festa do Divino, Festa do Divino Móvel, que tem a duração de dez dias e termina no Domingo de Pentecostes Para o desenvolvimento deste trabalho foi traçados três questionamentos e suas supostas hipóteses como forma de direcioná-lo o objetivo proposto, estes são: • Como é a Festa do Divino Pai Eterno para os Romeiros? • Como é a Festa do Divino Pai Eterno para a Comunidade Local? Na expectativa de responder estes questionamentos, bem como verificar se o esperado também estaria de acordo, o trabalho foi desenvolvida em partes distintas, porém complementares. Além do embasamento teórico e coleta de dados, fez se muito importante a observação continua do fenômeno religioso e cultural, assim como todo o processo que o envolve. Dentro desta perspectiva, fez se necessário a coleta de depoimentos e entrevistas, dos seus envolvidos. A entrevista nesse momento foi importante para permitir a coleta de informações que possibilitaram, por sua vez, maior profundidade no tema, esclarecendo ou confirmando dúvidas e sentimentos. As entrevistas direcionadas aos romeiros/fieis, moradores locais e comerciantes foram feitas a partir de um questionário aberto (anexo I), abrangendo um total de 10 testes. Este trabalho de campo foi realizado entre os dias 28/06/2009 e 08/07/2009. Os romeiros foram escolhidos aleatoriamente, responderam os questionários dentro e fora do Santuário. Após estas fases concluídas o trabalho pôde ser estruturado em três capítulos que se completam. Estes capítulos são: Capítulo I - Geografia Cultural e a “Identidade Espacial” de Trindade GO – trata-se de uma narrativa sobre os aspectos culturais e rito religioso que envolve o município Trindade de Goiás Juntamente com os aspectos espaciais deste. Referente à localização e caráter geográfico. Capítulo II – Trindade, Uma breve retomada Histórica – Será feita uma breve descrição da suposta origem do fenômeno Divino Pai Eterno e de como ele foi se desenvolvendo ao longo de mais de 160 anos, mantendo até hoje viva, esta tradição, bem como está à mesma nos dias atuais. Capítulo III – Visa categoricamente apresentar o resultado da pesquisa e as características simbólicas representada na Festa do Divino Pai Eterno, destacando seu caráter religioso, inserido na história da fé e devoção de um povo, desta forma este capítulo está dividido em tópicos para facilitar a compreensão do contexto da festa e os personagens e suas as representações. E para finalizar estes capítulos, a qual a pesquisadora não pretende concluir uma vez que, para este trabalho pode ser ainda dispensado muitas observações, visto que o objeto de estudo escolhido se refere a um campo bastante complexo e rico em informações e dados que pode ainda continuar sendo estudados em momentos futuros. Ilustração 01 Fig.01 - Mapa de localização Trindade - GO CAPÍTULO 1 GEOGRAFIA CULTURAL E A “IDENTIDADE ESPACIAL” DE TRINDADE-GO 1.1. Geografia Cultural, Religião e Festas Religiosas No contexto da festa do Divino Pai Eterno um dos objetivos deste trabalho, apresenta-se as possibilidades analíticas para uma geografia cultural e religiosa que possa contribuir para uma discussão sobre o fenômeno religioso. Para tanto a leitura deste capítulo possibilitará uma breve compreensão da perspectiva cultural e religiosa, no contexto da Geografia, favorecendo o entendimento de conceitos e categorias. Segundo Souza (2007, p 17), A geografia cultural teve suas origens no século XIX e XX seu surgimento ocorreu em diferentes países, não possuindo uma forma homogênia nos países que a abrigou e que a mesma foi alvo de debates entre correntes que adotaram como fundamento de suas abordagens, nos diversos momentos históricos. Conforme Correia e Rosendahl (2000) a Geografia Cultural nasceu na Europa, porém com impulso forte na Alemanha e na França; a nova geografia cultural teve seu auge no final da década de 1980 e ainda está em curso. Foi introduzida no Brasil pelos estudos do alemão Ratzel no campo de investigação da Antropologia. Para Claval (1999, p.8) a preocupação com a geografia cultural vem desde que à geografia se tornou presente no Brasil como disciplina, e vem sendo alvo de debates entre as correntes de pensamentos que a adotaram em abordagens em diversos momentos históricos. De acordo com Santos, Só si pode propriamente respeitar a diversidade cultural se entender a inserção das culturas particulares na historia mundial. se insistirmos em relativizar as culturas e só vê-las de dentro para fora, teremos de nos recusar a admitir os aspectos objetivos que o desenvolvimento histórico e da relação entre povos e nações impõem. Não há superioridade ou inferioridade de culturas ou traços culturais de modo absoluto não há nenhuma lei natural que diga que as características de uma cultura a faça superior a outra. (1983, p. 16) Assim, a cultura não tem início, meio ou fim e varia de lugar para lugar, desde que considere que a diversidade cultural não pode ser superior a outra, cada uma tem sua particularidade que foram organizadas ao longo do tempo. Portanto, a cultura pode ser explicada como algo distinto. Segundo Corrêa (1999, p. 34), cultura “é um termo incrivelmente escorregadio. A idéia de cultura foi desenvolvida, primeiramente, de acordo com Williams2 (1993, p. 87), com o termo que descreve o crescimento natural”. Assim a cultura pode ser definida como um conceito decorrente do ser humano, sem definição fundada cientificamente. Já os temas geografia e religião são dois temas que estão interligados através da dimensão espacial, sendo que a primeira estuda o espaço e, a segunda é um fenômeno espacial que se distribui espacialmente. Conforme Rozendahl (1996, p. 11) admite que, 22 Williams autor citado por Corrêa Geografia e religião são (...) duas práticas sociais. O homem sempre fez geografia, mesmo que não o soubesse ou que não o reconhecesse formalmente uma disciplina denominada da geografia. A religião (...) sempre foi parte integrante da vida do homem, como se fosse uma necessidade sua para entender a vida. Ambas, geografia e religião, se encontra através da dimensão espacial, uma porque analisa o espaço, a outra porque, como fenômeno cultural, ocorre espacialmente. Neste sentido, pode ser analisado em dimensões espaciais como as cerimoniais religiosas, que se manifesta através de peregrinações, adoração a imagens e monumentos que compõem as cidades santuários3 (SOUZA, 2007). Pela supra reflexão desvenda-se que o Brasil é um pais de religião diversificada . O Brasil é um país religiosamente diverso, com tendência de tolerância e mobilidade entre as religiões. A população brasileira é majoritariamente cristã (89%), sendo sua maior parte católica. Isso devido a colonização portuguesa, que a religião cristã até os dias atuais é a mais freqüentada, porém vem perdendo os seus devotos com o passar dos anos conforme (ver ilustraçao 02), mostra bem esta queda da religião Católica e o aumento das demais. Ilustração 02 Tabela 1 – Distribuição das religiões brasileiras 33 Também pode ser chamada de cidades-santuário ou hierópolis: refere se a cidades que possuem uma ordem espiritual predominante e marcada pela pratica religiosa da peregrinação ou romaria do lugar sagrado ou centro de convergências de peregrinos que, com suas praticas e crenças, materializa um peculiar organização funcional e social do espaço. Nesta perspectiva refere se à Festa do Divino Pai Eterno que é uma das várias manifestações da religiosidade católica popularizadas em diversas regiões do Brasil e bem representada em Goiás na cidade de Trindade onde a cada ano aumenta o número de fiés. Silva (2001, p.23), admite que: As festas e tradições populares, de um modo geral tiveram importante papel na mediação entre as diversas culturas que se confrontaram a partir da colonização do Brasil. Coube a igreja a difusão dessas manifestações, embora muitas delas fizessem parte do gosto da populaçao portuguesa, que, mesmo em terras distantes, procuravam praticá-las. No Brasil, o estudo da religião ainda é recente, por isso tem muito que ser estudado, visto que a religião faz parte integrante do espaço geográfico e social. Apesar da religião incorporar-se na geografia e nos estudos em peregrinações e santuários, Souza descreve que (2007, p. 21) “é um tema que até os dias atuais tem sido pouco investigado pelos os geógrafos brasileiros e que ignoram a religião como sendo um objeto de estudo de grande importância para a compreensão do espaço vivido e geografico”. Vemos que a religião afeta diretamente a geografia, devido a determinadas manifestações, como perigrinações, romarias, e curas espirituais, tendo ela como um clico de manifestação social, cujo o poder faz as pessoas se voltarem para um determinada religião procurando proteção espiritual. Segundo Rozendahl (1999, p. 75) “a partir de 1960 os estudos de geografia da religião passou a ter crescente importância no âmbito da geografia cultural que foi influenciada por Carl Sauer”. Sauer era famoso professor de Berkley, em Wisconsin Estados Unidos, defendendo a versão madura do pensamento cultural e religioso, perpetrando que a valorização dos aspectos temporais e intervenientes entre o homem e seus sentimentos. Neste sentido Souza (2007, p. 20) descreve que “a geografia da religião investiga as relações e interações espaciais entre uma cultura e seu ambiente terrestre complexo e a situação espacial entre diferentes culturas”. Ou seja, há o estudo da ocupação espacial das manifestações religiosas e os aspectos geográficos locais Conforme Kante (1999 apud MAIA, p. 8) a geografia da religião é a religião cerimonial, devendo lidar com as idéias cerimoniais de mais importante expressão geográficas. Para ele a ciência da religião deve ser mais bem definida através de reformulação e conceitos novos. Conforme Rozendahl (2002) as cidades religiosas são chamadas de cidades de peregrinação, são geralmente de porte médio ou pequena, que possuem uma população flutuante de devotos em busca de satisfação espiritual. 1.2. As Territorialidades Efetivadas no Espaço Sagrado e Profano Para Rozendahl (1996, p. 58) “os espaços apropriados efetiva ou afetivamente são denominados territórios... territorialidade, por sua vez significa o conjunto de práticas desenvolvidas por instituições ou grupos, no sentido de controlar um dado território”. Já Raffestin que é um dos autores pioneiros na abordagem de território foi mais além. Nas palavras do autor: É essencial conhecer bem o espaço anterior ao território. O território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma ação conduzida por um autor sintagmático (ator que realiza um programa) em qualquer nível ao se apropriar de um espaço concreto ou abstratamente [...] o ator ‘’territorializa’’ o espaço. (RAFFESTIN, 1993, p. 143). Assim o espaço pode ser definido através de relações de poder e pode ter diversas funções ou existências de múltiplos territórios que pode ser temporários ou permanentes. No caso da Festa do Divino Pai Eterno a prática religiosa, a territorialidade é temporário devido os acontecimentos do momento (normalmente 10 a 12 dias), pois os romeiros se fixam no território por pouco tempo, ou seja, só no período da Festa. A exemplo de Raffestin a análise de território feita por Andrade também é relação de poder como se encontra igualmente em Trindade: O conceito de território não deve ser confundido com o de espaço ou de lugar, estando muito ligado a idéia de domínio ou de gestão de uma determinada área. Deste modo, o território esta associado à idéia de poder, de controle, quer se faça referência a poder público, estatal, quer ao poder das grandes empresas que estendem os seus tentáculos por grandes áreas territoriais, ignorando as fronteiras políticas. (ANDRADE, 1995, p. 19). Para o autor território também esta ligada ao domínio, política e econômica, e incorpora dimensão espacial uma dimensão que pode determinar domínio e controle do território. De acordo com D” Abadia (2002, p.30,31), Essa prática religiosa favorece a construção do território através da territorialização dos romeiros no período da festa. O território é o aporte para as modificações do lugar. Por exemplo, as festas religiosas populares como manifestações da cultura de Goiás movimentam um grande número de pessoas durante o ano. Esses movimentos humanos em função da organização dos espaços sagrados e profanos alteram, por ocasião das festas, os lugares nos quais estão materializados. Em várias cidades e povoados, esses eventos religiosos são o sustentáculo de uma territorialidade temporária que se instala em vários pontos (urbanos e rurais) no Estado, durante o ano, modificando-os em função da chegada dos visitantes, comerciantes e outros freqüentadores. Esta prática religiosa faz com que se cria e recrie territorialidade com a chegada dos romeiros no período da Festa do Divino Pai Eterno em Trindade - Go , que apesar de receber romeiros o ano todo se intensifica no mês de julho onde a cidade recebe cerca de 2 milhões de pessoas. Neste período se dá a apropriação do território pelo grande número de pessoas, principalmente nas ruas centrais e locais próximos as Igrejas. No caso da Festa do Divino Pai Eterno, a territorialidade espacial pode ser notada em vários pontos da cidade, desde o percurso da procissão que configura o espaço sagrado até o carreirodromo, “é uma territorialização efêmera que não deixa de fazer uso do “controle” sobre o espaço e sobre as ações que se dão nele como componente de apropriação e poder territorial do espaço da festa” (SOUZA, 200, p. 44). Confirmando esta analise D’ Abadia (2002, p. 38) afirma que: A territorialidade aqui designa o tipo de apropriação temporária do espaço. No caso estudado trata-se oficialmente do território da religião católica, pelos romeiros; o espaço sagrado e o espaço profano são criados à medida que é estabelecido no lugar o “fixo” de adoração e celebração durante os dias festivos da romaria. O lugar é modificado por ocasião da festa através da carga simbólica que representa. No caso da Basílica do Divino Pai Eterno a oposição entre o sagrado e o profano pode ser identificada entre o espaço interno e externo desta. O espaço interno é utilizado exclusivamente para prática religiosa (novenas, orações, missas e promessas), nesse sentido Rozendahl (1996, p.26) relata que “o culto possui função primordial de estreitar os laços que unem o fiel ao seu Deus. o que se opõem ao lado externo, no qual se encontra (barracas de imagens, velas, terços e estampas de santos), e nos espaços mais distantes se encontra (comidas, bebidas, brinquedos vestuários entre outros...) e neste contexto cada espaço é destinado a cada função e não se misturam. 1.3 O Município de Trindade e seu Contexto Histórico Segundo relatos, existem algumas versões sobre o início, no município de Trindade. Uma dessas versões está ligada, de certa forma, à decadência do ouro em Goiás, o que levaria pessoas de regiões mineiras a procurar áreas agricultáveis para cultura de subsistência e comercial. É neste contexto histórico de decadência da mineração e desenvolvimento da agropecuária que se dará a construção dos municípios goianos, dentre eles o município de Trindade. A história de Trindade se confunde com a história da romaria, ambas iniciaram pelo o mesmo motivo, a vocação religiosa. Em Trindade denominada na época de Barro Preto - por volta de 1840 foi encontrada uma pequena imagem de barro, em formato de medalha (ver figura 4 página 27), representando a Virgem Maria sendo coroada pela Santíssima Trindade em uma propriedade na área rural do senhor Constantino Xavier Maria. Essa medalha foi considerada sagrada e dessa forma deu início a uma romaria até o local onde foi construída uma igreja para abrigar tal artefato. Ao longo dos anos diversas pessoas se juntaram próximo a essa igreja formando um vilarejo, onde a economia dependia dos fieis. Em 1907 Campinas foi levada a categoria de Município e teve o arraial de Barro Preto incorporado a ele. Em 1909 foi criado o Distrito de Barro Preto alterado do nome para Trindade. . Dom Eduardo Silva, na época Bispo de Goiás, dirigiu-se ao Distrito de Barro Preto em 1891 e nomeou como administrador do Santuário o Pe. Francisco Inácio de Sousa, pois desta forma as novenas seriam conduzidas por sacerdotes e assim acabaria com a exploração indevida dos fiéis até que pudesse instalar ali uma Congregação religiosa para conduzir a romaria ao Divino Pai Eterno. As novenas no vilarejo passaram a ser conduzida por sacerdotes No ano de 1897 ocorreu um conflito entre fazendeiros e redentoristas, tal revolta foi encabeçada pelo fazendeiro Cel. Anacleto Gonçalves, que seguiram nos anos seguintes, quando Dom Eduardo fez uma portaria estabelecendo regras para a romaria. Os líderes da subversão da ordem não se conformaram com essas normas. Mas como os moradores viram as dificuldades da romaria continuar sem os padres e os revoltosos pediram perdão ao Bispo e a romaria de 1904 já foi feita novamente com a presença dos redentoristas em Trindade. Campinas é levada a categoria de Município em 1907 tendo os arraiais de Barro Preto e São Sebastião do Ribeirão (atual Guapó) incorporados a ele. Cinco anos mais tarde é a vez de Ribeirão se tornar distrito. Em 1911 e 1912 foi construído o atual Santuário “velho” (Igreja Matriz). Trindade foi levada a categoria de Vila Velha em 16 de julho de 1920, cuja instalação se deu em 31 de agosto de 1920, tendo seu território desmembrado de Campinas e ficando a ele anexado o distrito de Ribeirão. Sete anos depois sua sede é elevada à categoria de Cidade. 1.3.1 O Município de Trindade em seu Contexto Geográfico Trindade está geograficamente localizada na região centro-oeste brasileira, estado de Goiás, especificamente na mesorregião do centro-oeste Goiano ou microrregião – de Goiânia-Go conforme denominação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Atualmente faz parte da região metropolitana de Goiânia, capital de Goiás, tendo como principal via de acesso a GO-060. O município é limitado pelas coordenadas geográficas encontra-se numa latitude de 16° 58’ 68’’ Sul e uma longitude 49° 29’ 20’’ oeste tem como Municípios limítrofes: Abadia de Goiás, Campestre, Caturaí, Goiânia, Goianira, Guapó e Santa Bárbara de Goiás. Possui dois Distritos: o de Santa Maria e Cedro. Observação não foi encontrado o Distrito do Cedro no mapa conforme se observa na (ilustração 03). Ilustração 03 Fig.02 – Mapa de Trindade – GO e seus limites A área total ocupada pelo município de Trindade é de 719. 75 Km² e uma população estimada em 102. 870 habitantes com taxa de crescimento de 4,40% ao ano e faz parte do Arranjo Produtivo Local (APL) da região de Goiânia (IBGE, 2008). Trindade possui uma malha de drenagem com escoamento geral do norte para o sul integrando-se à bacia do Rio Paranaíba sendo o principal curso d’água dessa bacia. Os principais córregos são: Barro Preto, Barro Branco, arroizal, Fazendinha, Santa Maria e dos Parreiras. O clima da região é do tipo tropical, caracterizado por duas estações bem definidas – uma chuvosa, de outubro a março (primavera / verão), e a outra seca, de abril a setembro (outono / inverno). A temperatura média anual é de 23,2°C. A região possui topografia classificada como suave ondulado, tendo uma superfície topográfica pouco movimentada, com predominância de declives de 3,9 %, no sentido S-N e uma diferença máxima de cotas de 24 m. As elevações mais destacadas são as serras da Taboca, de Trindade e da Jibóia. Quanto à vegetação o município esta inserido no bioma Cerrado, com formações vegetativas que vai desde campo limpo, até o cerrado, propriamente dito. Devido à localização geográfica de Trindade algumas empresas se instalaram ali, como as grandes empresas de refrigerantes. Trindade vem se destacando também no ramo de confecção e como pólo turístico através do turismo religioso, com isto o crescimento no comércio é notório, pois estas atividades contribuem e muito para o crescimento e desenvolvimento do município, porém ainda necessita de investimentos públicos mais efetivos. A década de 70 marca a expansão urbana nos bairros que se localizam entre Goiânia e Trindade. A partir de 1980 o município tornou-se um pólo de confecção, sendo hoje o terceiro maior pólo confeccionista do estado, resultado de surgimento de indústrias locais. Hoje, o município de Trindade busca produtos que a torne mais competitiva com outros municípios goianos, diferenciada em condições de competitividade e de concorrências de mercado, haja vista a mesma estar se consolidando como pólo textil, como centro de produção de bebidas além de ser um dos maiores centros religiosos do País. Outro aspecto relevante para a economia local é a facilidade de transporte entre Trindade a Goiânia, e com os incentivos fiscais se torna mais vantajosos para as indústrias se fixarem no município. Em 2005 foi elaborada pelo o SEPIN (Superintendência de Pesquisa e Informação), como o 11° município competitivo do Estado isso graça a sua privilegiada situação geográfico, suas potencialidades, atrativos econômicos e religiosos. (SEPIN, 2005) No próximo capítulo apresenta se a origem da Festa do Divino Pai Eterno em Trindade – GO, como também sua espacialização e sobre a romaria em si. CAPÍTULO 2 A ROMARIA DO DIVINO PAI ETERNO EM TRINDADE – GOIÁS A Romaria do Divino Pai Eterno teve início em uma pequena capela organizada por pessoas leigas e passou por um processo de modernização no século XX com a chegada dos padres redentoristas ao povoado do Barro Preto, sendo até então o nome da atual Trindade, sendo desenvolvida pela romaria e por fim se desenvolvendo a cidade. Com o tempo, a quantidade de pessoas que participava da festa aumentou, originando a Romaria do Divino Pai Eterno em Trindade no Estado de Goiás. 2.1 Origem da Romaria do Divino Pai Eterno O termo romaria pode ser definido como peregrinação de caráter religioso, feita por um grupo de pessoas a uma igreja ou local considerado santo com o objetivo de pagar promessas, agradecer alguma benção recebida, pedir graça ou por devoção. É um percurso que pode ser feita a pé ou em veículos. Ainda, em muitos lugares, utiliza-se o carro de boi para transportar romeiros como acontece na romaria do Divino Pai Eterno em Trindade. De acordo com D´Abadia (2005 ) O ato de peregrinar, deslocar-se por terras distantes, constitui um ritual carregado de significado para quem o pratica. A Festa do Divino Pai Eterno na cidade de Trindade é uma das principais festas religiosas do estado de Goiás. Para melhor compreendê-la torna se necessário um breve histórico da Romaria do Divino Pai Eterno, festa religiosa que acontece todos os anos no 1° Domingo do mês de Julho. Na verdade, é impossível indicar com precisão o início da romaria, já que o acontecimento não foi registrado em forma de documento. O que se sabe é que existem várias versões do ano do seu início. Diante, as versões existentes, a mais conhecida que trata desse assunto é a que relata a data por volta de 1840 a 1843. Distante de Campininhas das Flores aproximadamente 22 km, um setor de Goiânia onde havia um córrego de água salobra4 e de cor muito escura, sem nenhum atrativo, chamado de Córrego do Barro Preto, foi neste lugar, sem muitos atrativos, que um mineiro chamado Constantino Xavier Maria e sua mulher Ana Rosa de Oliveira vieram do arraial do Meia Ponte e resolveram “tentar a vida” no local desenvolvendo atividades ligadas ao campo. Trabalho árduo que exigia grande esforço físico em tarefas como abrir matas, enfrentar as pragas existentes e ameaças constantes de doenças que espalhavam em pouquíssimo tempo pelo o sertão goiano. A família do Sr. Constantino era muito religiosa, bastante devota e de muita fé. A esposa Ana era uma mulher forte, corajosa, e que tinha muita confiança na Providencia Divina. Logo que ali se estabeleceram trataram de levantar um cruzeiro em frente a sua humilde casa, como era de costume na época. Com o tempo muitas outras famílias foram para aquele local formando 4 Água salobra é aquela que tem mais sais dissolvidos que a água doce e menos que a água do mar. um povoado que mais tarde foi emancipado com o nome de Trindade, conforme relatado anteriormente. Segundo conta a tradição, oriunda da literatura informal produzida sobre a festa, o casal Constantino e Ana Rosa trabalhavam na lavoura quando encontrou um medalhão de barro de aproximadamente 8 cm, com estampa da Santíssima Trindade coroando Nossa Senhora como Rainha do Céu e da Terra (ilustração 04), medalha original encontrada pela família. Ao encontrar a imagem da santíssima Trindade, Constantino e sua esposa Ana Rosa, beijaram a imagem e a levou para casa. A notícia foi se espalhando rapidamente, assim como, os milagres que foram acontecendo sucessivamente e se propagando nas demais regiões. Ilustração 04 Foto 01- Medalhão Sagrado. Fonte: Wikipédia Conforme relatado no Manual dos Romeiros do Divino Pai Eterno (2000, p. 12 e 13) é explicado o significado do Medalhão Sagrado, símbolo máximo de devoção dos Romeiros de Trindade: A Santíssima Trindade. Representação artística de três pessoas divinas, Pai, Filho e Espírito Santo se caracterizam pela imagem do Pai, mais velho, lembrando o Eterno; do filho, mais jovem, insinuando sua presença no tempo e o Espírito Santo em forma de pomba, como narra o evangelho na cena do batismo de Jesus. Sua união lembra sua Unidade; as três figuras, a Trindade. Deus Uno e Tino, como professamos nossa fé. É a Santíssima Trindade, Comunidade fonte, a “Melhor Comunidade”, a beleza da Unidade no plural, a certeza da comunhão em Deus, origem criadora da família e comunidade de cristã. E assim, movidos pela fé, nos finais de semana os vizinhos se reuniam na casa da Família do Sr. Constantino para rezar o terço diante da medalha. Acreditavam que o pai misericordioso ouviria as orações fazendo com que a fama das graças recebidas se espalhassem por toda a redondeza, o que fez aumentar cada vez mais o número de devotos e fiéis. Com o grande número de pessoas que passou a freqüentar o povoado, Constantino construiu uma capela com folhas de Buriti. Isto aconteceu por volta de 1843, porém devido às peregrinações cada vez maiores e com o dinheiro arrecadado nas atividades desenvolvidas pela a comunidade, foi erguida uma nova capela mais resistente e espaçosa. Foi neste período que o fazendeiro Constantino Xavier efetuou a “doação ao Divino Pai Eterno” de um terreno nas imediações do córrego Cruz das Almas, descendo pelo córrego Barro Preto, com uma légua de comprimento. Local onde até hoje está o Santuário Velho. Devido à fé dos visitantes, o devoto resolveu ir até a Cidade de Pirenópolis - GO para encomendar ao escultor José Joaquim da Veiga Vale uma imagem com a mesma semelhança da peça de barro já desgastada pela ação do tempo. O escultor produziu a estátua de madeira com 32 cm de altura. O Dinheiro que Constantino levou não foi suficiente para pagar a estátua, tendo assim que deixar o seu cavalo como parte do pagamento, tendo que voltar mais de 200 km a pé até ao povoado de Barro Preto. Com mais de um mês de viagem o devoto Constantino chegou a Cruz das Almas, as margens do povoado e chamou os devotos para escoltar a imagem até a capela (Manual dos Romeiros). Após, a substituição da imagem, do medalhão encontrado pelo casal (Constantino e dona Ana) desapareceu em circunstâncias misteriosas. Em 1993 o medalhão foi entregue aos padres redentoristas de Trindade. De acordo com a revista Goiás Agora (2001), quem o recebeu foi o padre Campos, que não soube explicar como isso se deu, especula-se que a devolução se efetivou em segredo de confissão. Também não se pode afirmar se o medalhão era realmente o original. Apesar da substituição do medalhão pela a imagem esculpida por Veiga Vale o lugar continuou a atrair muitas pessoas. Com a presença da imagem a romaria continuou a crescer ano após anos. Famílias inteiras vinham de vários lugares a pé, a cavalo e de carro de boi. Todos com uma “fé” inabalável no Divino Espírito Santo. Como foi se propagando rapidamente os milagres atribuídos à imagem do Divino Pai Eterno, Dom Eduardo Silva, na época (1891) Bispo de Goiás foi até o Distrito de Barro Preto, nomeando como administrador do Santuário o Pe. Francisco Inácio de Sousa. Este deveria fazer as novenas e ao mesmo tempo acabar com a exploração indevida que havia naquele local, e assim instalar no povoado uma congregação religiosa para dirigir a romaria do Divino Pai Eterno. A partir desse momento as novenas passaram a ser conduzidas por sarcedotes. De acordo com os Missionários Redentoristas, em 1897 houve um conflito entre os fazendeiros e os redentoristas onde o Cel. Anacleto Gonçalves foi o principal mentor, eles não conformavam com as regras impostas pela a igreja para a Romaria. Entretanto, com o passar do tempo, os moradores perceberam que era muito difícil continuar com a romaria sem os padres redentoristas e pediram perdão ao Bispo. Em 1904 a Romaria foi realizada novamente com a presença e ajuda dos redentoristas na cidade de Trindade. Em 1912, o atual Santuário velho (ver figura 05 e 06), foi levantado pelos padres redentoristas que chegaram a Trindade em 1894 para “cristianizar” a Romaria que atualmente se encontra bem estruturada. Ilustração 05 – Foto 02 = Igreja Matriz (SantuárioVelho,1920) Fonte: Livro - A vida de Padre Pelágio (1999) Ilustração 06 – Foto 03 Igreja Matriz (Santuário Velho, 2009) Fonte: TELES, R, B, S, 2009 A Cidade de Trindade hoje é considerada a capital católica do estado de Goiás. As novenas têm início nove dias antes do primeiro domingo do mês de julho. Nesta ocasião, ocorre uma romaria com afluência de centenas de milhares de turistas e devotos do Divino Pai Eterno para este município goiano. 2.2 A Festa do Divino Pai Eterno em dias Atuais O Santuário Novo que teve sua construção iniciada em 1943 no alto da Colina da cidade de Trindade está praticamente concluído depois de muitos anos parado. Devido à falta de condições financeiras, teve início a reforma e adaptação do prédio em 1994, para que em suma pudesse ser chamado “Santuário do Divino Pai Eterno”. Após anos de luta e ajuda dos romeiros, o Santuário está hoje ornamentado por 59 vitrais coloridos. Existem duas capelas, 20 confessionários, sala de milagres e 90 sanitários para proporcionar o bem estar aos romeiros. Também foi construída uma rampa para acesso de pessoas com necessidades especiais na parte externa da Igreja. Desde 1999, as missas acontecem diariamente no Santuário, que acolhe semanalmente cerca de 20 mil pessoas, e mais de um milhão de romeiros devotos durante a tradicional festa local do Divino Pai Eterno no início do mês de julho. Recentemente o santuário foi reconhecido por Roma como “um lugar de excelência para o povo de Deus” recebendo o título de honra de Basílica Menor5 a primeira instituída no centro oeste Goiano. Segundo a Igreja Católica local, a partir do ano 2000, a Romaria do Divino Pai Eterno reúne cerca de mais de 2 milhões de fiéis em visita todos os anos no município de Trindade (GO) vindos de todo o Brasil e até do exterior para visitar a Basílica do Divino Pai Eterno. Nos cinco últimos dias da novena as missas são celebradas do lado externo do Santuário, porque a Igreja não comporta tantos romeiros. Por este motivo foi criado um altar para celebrar as missas no período da Festa e em ocasiões especiais, como quando o Padre Marcelo Rossi veio a Trindade ou em missas que atrai grandes quantidades de romeiros. 5 O título honorífico de Basílica Menor é concedido a numerosas igrejas em diversos países do mundo, que são importantes pela veneração que lhes devotam os cristãos, pela sua relevância histórica e pela beleza artística de sua arquitetura e decoração. Ilustração 07 Foto 04 - Santuário Novo (Basílica Menor) Fonte: TELES, R. B. S., 2009 Atualmente o Santuário do Divino Pai Eterno recebe romeiros todos os dias do ano, intensificando o fluxo de pessoas no período da festa no primeiro domingo de julho, antecedido de uma novena preparatória. Conforme o Manual dos Romeiros do Divino Pai Eterno (2000, p. 10): É retratado o perfil dos romeiros, mesmo que de forma empírica, enaltecendo o aspecto da fé e da devoção. O povo de Deus é sempre atraído aos Santuários. Alguns por curiosidades turísticas, mas a grande maioria pela busca do mistério, do sobrenatural, do alívio para o seu sofrimento, do milagre, e outras vezes simplesmente movido pelo o desejo misterioso de chegar mais perto de Deus. É a busca. Mas o que as pessoas buscam nesses lugares? Fazem uma experiência mística de encontro com Deus. E é dessa forma que centenas de milhares de pessoas se reúnem para colocar aos pés do Pai Eterno seus desejos, angustias e necessidades. Outras vezes, os peregrinos vão somente para agradecer alguma benção recebida. As novenas têm início nove dias antes do primeiro domingo do mês de julho. Hoje para dar maior comodidade aos romeiros, o Santuário-Basílica disponibiliza um ônibus todos os domingos que faz o transporte dos fiéis do ponto de ônibus (segunda parada em Trindade), até o Santuário, num corredor exclusivo para os devotos e sem custo. 2.3 A Espacialidade da Procissão do Divino Pai Eterno Normalmente a espacialidade de festas religiosas sugere uma materialização de espaços urbanos que são adquiridas temporariamente, com isso criam-se espacialidades diferentes e sazonais conforme a Rodovia dos Romeiros: 300 mil fiéis fazem o percurso de 18 km a pé no período da Festa do Divino Pai Eterno. Ilustração 08 foto 05 - Rodovia dos Romeiros Fonte: http://www.guiadecidades.net/trindade-go/ O comércio temporário muda toda a rotina da cidade durante a romaria, desde a saída de Goiânia pela GO-060 conhecida como Rodovia dos Romeiros até as escadarias, as ruas principais da cidade e os arredores do Santuário do Divino Pai Eterno, Santuário Velho entre outros. Ilustração 09 Foto 06 – Praça Constantino Xavier Fonte: TELES, R. B. S., 2009 Toda cidade de Trindade se prepara com arrumação de algumas ruas para as barracas e a passagem da procissão que acontece todos os dias logo ao amanhecer do primeiro dia da festa e vai até o último dia. Inúmeras barracas se juntam ao redor das praças ao longo das ruas com ambulantes, barracas de alimentos e parques de diversões para atender a população local como também os romeiros nesta época do ano. Percebe-se que a realização destas festas que envolvem espaços religiosos construídos ou adaptados nas imediações das igrejas torna-se uma apropriação temporária do espaço. De acordo com D´Abadia ( 2002, p. 120): Nas festas religiosas, o comércio possui características específicas de negócio temporário. Por isso, para praticá-lo, o comerciante desloca-se várias vezes durante o ano para as inúmeras festas tanto no Estado como fora dele. Também é comum nesse comércio, pessoas que desenvolvem outras atividades profissionais encará-lo como um meio capaz de aumentar a renda em curto prazo. Esse tipo de comércio possui uma clientela certa, principalmente no que tange aos objetos do sagrado, lembranças relacionadas ao padroeiro de devoção e outros objetos simbólicos do universo religioso dos participantes. Em Trindade não é diferente, a organização espacial da Festa do Divino pai Eterno necessita de transformar as formas e estruturas urbanas temporariamente, gerando assim ocupação de espaço por manifestações religiosas e comércio que atraí grande número de visitantes e pessoas que utilizam a festa como recurso de trabalho e diversão. São mudanças que ocorrem em um curto período, porém, modificam toda a rotina e espacialidade da cidade, principalmente, na região central e nas áreas próximas às igrejas, onde está concentrada grande parte dos romeiros e comerciantes. Ainda, conforme a mesma autora (2002, p. 87) Esses espaços são estratégicos para essa atividade, pois são vias de circulação que dão acesso ao mesmo. Nessas ruas não ocorrem somente deslocamentos de pessoas, mas parte dos ritos locais como as procissões de penitência e encerramento que promovem uma grande circulação provocando aglomerado e tumulto incrementando com isso as vendas. Esse adensamento provocado pelo comércio é tanto que nos dois últimos dias da Festa é impossível trafegar com carros por essas ruas próximas ao templo. Também na Festa do Divino Pai Eterno transforma o espaço utilizado pela festa, isto devido ao movimento de pessoas e barracas na cidade. Com isso toda a paisagem se modifica. Ilustração 10 foto 07 Movimento no Centro de Trindade - Go Fonte: TELES, R. B. S., 2009 Este período é diferente dos demais, pois o grande fluxo de pessoas faz com que mude a rotina da cidade, principalmente, nas proximidades das igrejas e nas ruas por onde passa as procissões. Segundo Santos (1997:71) o espaço pode ser considerado como Um conjunto de objetos e de relações que se realizam sobre esses objetos; não entre estes especificamente, mas para as quais eles servem de intermediários. Os objetos ajudam a concretizar uma série de relações. O espaço é resultado da ação dos homens sobre o próprio espaço, intermediados pelos objetos, naturais e artificiais. Conforme descreve o autor o espaço é o resultado da ação do homem e durante a romaria do Divino Pai Eterno pode ser observado que a ação do homem transforma todo o espaço, com diferentes espacialidades. 2.4 Espaço Sagrado e Espaço Profano na Festa do Divino Pai Eterno em Trindade- GO Sagrado e o Profano são duas categorias muito utilizadas pelos antropólogos para analisar símbolos sociais. As maiores festas religiosas costumam confundir práticas sagradas com práticas profanas. Neste sentido Silva (2004, p. 19 a 20) afirma que: Compreender estes dois pólos que gravitam na vida religiosa necessitam dessa efervescência para existiram. Como é o caso do sagrado e do profano que necessitam da oposição devido ao fato de ser através dela a permanência de suas existências. O que adiantaria a existência do sagrado se não existisse profano, sendo assim todo sagrado só pode ser reconhecido a partir da existência do profano. Se não existir algo que possa ser considerado impuro. Afinal se tudo for puro tudo será igual. O puro se mostra melhor quando comparado com o impuro. Portanto o sagrado se mostra melhor quando comparado com o profano. Quando comparado com outro sagrado temos coisas iguais, e que chamam menos a atenção, pois não há nada que o diferencie. Convém enfatizar que o sagrado e o Profano são marcantes e evidentes em toda a Romaria, e também pode ser observado em outras festas religiosas. A caminhada para o santuário muitas vezes é mais profana o que sagrada, pois nestas caminhadas há bebidas alcoólicas, e ao parar para descansar, os jovens em roda de amigos se juntam para contar piada, jogar baralho e rirem à vontade, estes eventos certamente marca o lado mais profano da Romaria. Apenas alguns comportamentos marcam o sagrado, que é logo pela a manhã ao iniciar a caminhada e durante as alimentações que se reúnem para rezar e agradecer a Deus. Neste sentido, Givanildo, morador da cidade de Damolândia-Go que participa todos os anos da Romaria do Divino Pai Eterno, indo de carro de boi nos fala um pouco sobre o espaço profano durante a caminhada até Trindade. Durante a caminhada de Damolandia à Trindade, caminhada esta que demora dois dias, pois vamos de carro-de-boi, a cavalo, carroça e a pé. Nos romeiros vai fazendo festa a cada parada tem carne assada, muita cerveja e pinga dificilmente há rezas, a não serem aquelas pessoas mais idosas ou quando esta sendo filmado. Eu acho incrível quando passam na televisão (Frutos da Terra), as pessoas em roda comendo farofa e rezando nada disso acontece é só para filmagem. Na fala deste romeiro esclarece-se que, durante o percurso da caminhada, existe mais o lado profano de que o sagrado e que a tradição da Festa do Divino Pai Eterno mudou muito nas últimas décadas. Conforme Silva (2001), são exemplos que a festa tem sido recriada em várias direções e que o fluxo de pessoas que fazem turismo, de fato, contribui para uma nova configuração do espaço. O lado profano das festas religiosas também pode ser vistas através do comércio, de bares, de clubes de danças que se instalam perto ou longe dos templos religiosos, parque de diversões, entre outros atrativos ”profanos”. Pois tudo que não é visto pelo os fiéis como sagrado acaba sendo visto como profano. Desta forma o espaço sagrado esta vinculado ao profano, a seguir foto do espaço profano durante o período da festa. Ilustração 11 Foto 08 – Carreiródromo, Carros de Boi Ilustração 12 foto 09 – barraca de bebidas Fonte: TELES, R. B. S., 2009 Fonte: TELES, R. B. S., 2009 Em Trindade, há dois anos, os organizadores (Prefeitura e representantes da Igreja) estão recriando o local da festa com o objetivo de separar o espaço sagrado do lugar profano onde foi criado este ambiente, Carreiródromo, para realizações de festas, desfile dos carreiros, barracas de bebidas show entre outros. O espaço sagrado pode ser compreendido pelo templo sagrado, pelas procissões, pelas novenas, e como o próprio nome já diz, pelas missas realizadas ao longo de dez dias, com função especifica de louvar e agradecer a Deus. Ilustração 13 Foto 10 – Catedral Fonte: TELES, R. B. S., 2009 A foto acima mostra centenas de pessoas que vem de longe e também os devotos da cidade que participa da missa durante os dez dias de festa, este representa o lado sagrado, pela fé de cada um e pelo que a basílica representa ao povo 6. Como afirma Rosendahl (1996) “o espaço sagrado e o profano estão sempre vinculados a um espaço social... é o sagrado que delimita a possibilidade do profano”. Como ocorre em Trindade, o espaço sagrado passa a conviver lado a lado com o profano, onde o lado do culto extrapola uma atividade social com comércio de alimentos, imagens, santos, relíquias, doações de esmolas entre outros, além é claro do aumento do poder da entidade que é a igreja local. Para Eliade (2001), o espaço não está isolado do tempo e se configura de dois modos: espaço sagrado e espaço profano. O sagrado é 65 Segundo o dicionário AURÉLIO (2004): ”sagrado [do latim sacrato] – que se sagrou ou que se recebeu a consagração; concernente as coisas divinas, à religião, dos ritos ou ao culto; sacro, santo.” (p.1790) “profano [do latim profanu] – não pertencente à religião; contrario ao respeito a coisas sagradas; não sagrado; secular, leigo.” (p.1636). aquele das festas periódicas, enquanto o tempo profano é onde os homens inscrevem os atos privados. O sagrado vem da necessidade de acreditar em algo, ter fé, apego em algo que possa apegar nas horas difíceis e mesmo nas horas alegres da vida. Em Trindade na festa do Divino Pai Eterno, como em todos “espaços sagrados” ligados à festa religiosa católica cria-se um enorme “espaço profano”, ou seja, uma imensa atividade comercial e serviços que movimentam grande parte da economia da região. São bares, dormitórios, serviços de taxi, bancas de bijuterias, lojas, hotéis, serviços especiais de ônibus etc. A área de abrangência espacial depende do espaço sagrado formado pela festividade. Quanto ao aspecto religioso, a peregrinação tem contribuído para a exploração do sagrado. O turismo se sobressai e a cada ano o comércio apresenta melhorias em infra-estrutura para aqueles freqüentadores da Romaria. E o próprio romeiro participa não só por devoção, mais também em função de negócios ex.: existem famílias que trabalham o ano inteiro para ter dinheiro no período da festa, pois além de rezar podem gastar em barracas de diversos tipos, e em outras. A religião, nos seus ritos sagrados, permite ao romeiro, não só a prática da fé, mas o fortalece para enfrentar condições físicas e psicológicas em situações de sofrimento e ao mesmo tempo propicia motivação e esperanças. Por conseguinte o próximo capítulo aborda a percepção e os significados dos distintos grupos socioculturais que se configuram como atores na Festa do Divino Pai Eterno. CAPÍTULO 3 FESTA DO DIVINO PAI ETERNO: SIGNIFICADOS E PERCEPÇÕES Este capítulo tem por finalidade demonstrar os integrantes da Festa do Divino Pai Eterno, que relatam sua percepção e seus significados a respeito da procissão no aspecto da Procissão à Santíssima Trindade. A sucessão de percepções, de muitas formas como as pessoas percebem e analisam a superfície terrestre, montamos uma posição cultural perante o mundo, ou seja, uma atitude. Tal comportamento é ligado à atribuição de princípios e estes possuem ligações aos modelos culturais vigentes numa dada sociedade. (TUAN, 1980) O ato de analisar é absorvido pelas considerações de acordo com a experiência obtida pelos sujeitos de uma cultura, fica claro que a Festa do Divino Pai Eterno pode ser de caráter misto, uma manifestação como significado religioso, cultural e turística com diversas percepções e significados socioculturais. No caso em pauta, significados e percepções sobre a Festa do Divino Pai Eterno, escolheu pelo foco centralizado nos atores, os que participam da festa em suas categorias, pedindo à percepção geográfica. Por intermédio dos atores sociais tem-se uma leitura que nos remete a ilusão coletiva dos que participam da procissão, seja de modo direta ou indireta. Vale dizer que a perspectiva é de acordo a todos os sujeitos, diferentemente, em maior ou menor grau de detalhe. Todavia, além desta característica, outra que vem se destacando, que é a circunstância e lugar assumindo vários modos, construídos normalmente pelos pontos de vista, ou de diversos significados culturais e religioso dos indivíduos e/ou grupos sociais integrados com a manifestação. Este significado e a importância imbutida às coisas percebidas, no caso a Festa do Divino Pai Eterno, varia conforme pessoa e/ou grupo, conforme a sua experiência com o lugar e/ou manifestação experienciada, todo processo é dado pela dimensão da percepção, aquilo que chega aos sentidos dos homens. (Santos, 1988) A percepção ao se processar, sem permitir a interação do sujeito com o lugar, deixa que sejam elaboradas respostas apropriadas às transformações e as incertezas que o espaço oferece respostas estas que se evidenciam pela cognição pela inteligência, a experiência e a visão do mundo deixa o sujeito desenvolver seu exercício perceptivo em relação ao lugar. Assim, considera-se que cada pessoa perceba aquilo que tem algum valor para ela. (XAVIER, 2007, p.34) Ressalva-se que por mais variadas que sejam as nossas percepções, como membros da mesma espécie, estamos limitados a ver as coisas de um mesmo modo, os seres humanos por possuírem órgãos semelhantes compartilham percepções iguais. A procissão é percebida conforme com a relação da pessoa com espaço pelo repertorio cultural ou religioso que abrange varias maneiras de sentimentos, de religiosidade, de devoção, de costumes, de curiosidade, de participação no tempo do momento cultural que leva as pessoas da cidade e igualmente de fora a participar da Festa. (TUAN, 1980) Estes sentimentos são montadas pela construção de uma ligação afetiva do sujeito com certo espaço, fornecendo cor e sentido pelas emoções. O estudo desta procura o entendimento da percepção e dos significados vividos pelos moradores antes e após a festa e os romeiros que igualmente experiência a procissão de diversas maneiras com diferentes significados. Assim os moradores e os romeiros, serão as analisados. 3.1 Os integrantes da Festa do Divino Pai Eterno O universo da pesquisa constitui-se em dois grupos, dos quais demonstram características diferentes: turistas, romeiros, curiosos, religiosos da Festa do Divino Pai Eterno que não são da cidade, e os moradores de Trindade, que se dividem em comerciantes, moradores e comunidade local. Aqueles que moram na cidade e que estão ligados com a procissão. Os instrumentos de pesquisas utilizados para a coleta de dados foram: observação direta e indireta, entrevistas e questionários. Estes foram aplicados no decorrer da Festa do Divino Pai Eterno, do dia 28 de junho a 08 de julho de 2009. Foram aplicados 80 questionários e 09 entrevistas num total 89 instrumentos aplicados e catalogados. Nos dias da festa não foi possível entrevistar os organizadores devido o acúmulo de serviço por eles neste período. A aplicação dos questionários foi realizada nos dias 01 a 06 de julho de 2009 – período de maior fluxo de romeiro na Festa do Divino Pai Eterno. Este instrumento foi feito tanto para os romeiros quanto para a comunidade local. Os entrevistados foram selecionados durante todo período que estive em Trindade e foram realizadas em estacionamento, nas ruas onde se encontra o maior número de barracas e no pátio da igreja em função do grande fluxo de pessoas e da disponibilidade de participar da pesquisa. O roteiro da pesquisa foi elaborado para os romeiros e comunidade local e os mesmos se diferenciam de acordo com cada grupo da categoria (Entrevista e questionário na íntegra consultar apêndice). Tal instrumento foi analisado pelos moradores e romeiros em decorrência da dificuldade de estabelecer demais variáveis para os grupos, pois vários vão à cidade para acompanhar a festa. Tais grupos foram selecionados todo o dia. O roteiro foi preparado para todas as classes, e as questões conforme cada grupo. Durante o período da festa e através dos instrumentos de pesquisa entrevista, questionário e observação permitiram a avaliação da percepção, significados e os principais motivos que o leva a cada grupo a participar da Festa do Divino Pai Eterno. Informação apresentada na (ilustração 13): Ilustração 14 Tabela 02. Principais motivos para moradores e romeiros participam da Festa do Divino Pai Eterno Discriminação Rito Religioso Manifestação Cultural Outros Motivos Total Quantidade 62 10 08 80 % 77,5% 12% 10% 100% Fonte: Dados de Trabalho de Campo – TELES, R. B. S. 01 a 08 de julho de 2009 Pelas entrevistas feitas no decorrer da festa foi possível notar que a grande parte das pessoas que participam da festa, tantos romeiros como moradores locais, freqüentam a festa pela religiosidade, ou seja, pela Fé que tem no Divino Pai Eterno. E todos que foram entrevistados relataram que já receberam graças do Divino Pai Eterno, e por isso se dirigem a cidade devido a sua fidelidade, devoção e fé. 3.2 Significado da Romaria para a Comunidade Local Conforme as entrevistas inseridas nesta categoria de comunidade local foram possíveis observar que a percepção deles e os significados estão ligados a religiosidade e a tradição daqueles que vivem na cidade e participa todos os anos da festa do Divino Pai Eterno. Na enquête ao perguntar: se o senhor (a) acha que existe algum tipo de sentimento que leva tantas pessoas da cidade de fora a participarem da festa, dos 33 entrevistados que responderam o questionário 26 disseram que é pelo o rito religioso. Neste caso foi possível perceber que a maioria dos moradores da cidade participa da Festa do Divino Pai Eterno como rito religioso, pela devoção que possuem no Divino Pai Eterno, pelos milagres que foram ou podem ser realizados e pela sua crença, e uma pequena parte por manifestação cultural, ou seja, o ato psíquico/emocional que leva as pessoas a agirem de modo especifico com cada ambiente em que se encontram, como neste caso a fé que os move. (ilustração 15 gráfico 01). Ilustração 15 Gráfico 01 15% Gráficos 1 - Principais Motivos para os m oradores participarem da Festa do Divino Pai Eternos Religiosidade Manifestação Cultural Outros Motivos 85% Fonte: Dados de Trabalho de Campo – TELES, R. B. S. 01 a 08 de julho/2009 Em entrevista feita com a comunidade local foi perguntado: o senhor (a) participa da Festa de Trindade como? As respostas foram variadas, no entanto quase todos os moradores são categóricos em responder que é pela a religiosidade e tradição conforme a resposta abaixo: “Eu participo da festa de Trindade mais envolvida pela a tradição e religiosidade que existe nas pessoas, é uma fé que aumenta todos os anos.” Foi possível perceber que a entrevistada ficou emocionada, por que mora na cidade há 23 anos e sempre participa da festa de Trindade, mesmo tendo vindo de uma cidade com forte tradição das festas religiosas, Serro-MG, a festa ocorre no mesmo dia da Festa em Trindade, porém deixa claro que gosta mesmo é desta cidade. Verifica-se que a comunidade local, sabe a importância do evento, porém, desconhece por vezes o verdadeiro significado. Outros entrevistados também mostraram o mesmo sentimento quanto ao motivo que participa da festa. É o caso do morador Walteir que afirmou: “Bom! Eu participo da Festa do Divino Pai Eterno pela a religiosidade e ao mesmo tempo pela a fé que tenho nele, pois ao longo dos anos já recebi muitas graças.” Foi possível perceber que o entrevistado ficou emocionado, então perguntei se seria possível ele me relatar um milagre ou graça recebida por interseção do Divino Pai Eterno: Tenho vários mais para mim a mais importante e que eu não esqueço mesmo ocorreu a mais ou menos 3 anos, sou caminhoneiro e sai para fazer entrega com o meu sobrinho de treze anos, quando chegamos ao local da entrega o meu sobrinho desceu do caminhão e atravessou a rua sem olhar para os lados, quando eu percebi não dava para fazer mais nada, só gritei, o carro que era um uno jogou ele cerca de quinze metros, no momento fiquei paralisado e pedi ao Divino Pai Eterno que nada de ruim acontecesse a ele, mais quando cheguei perto dele percebi que ele estava praticamente morto, então não tive outra alternativa a não ser rezar e pedir com muita fé foi neste momento que chegou o corpo de bombeiros e fizeram massagem e ele voltou, pois eles disseram que ele teve uma parada respiratória. Bom resumindo ele ficou alguns dias na UTI, passou por uma série de tratamento, mais hoje está bom sem nenhuma seqüela, devo a isso ao Divino Pai Eterno, que ao ver o meu desespero atendeu o meu pedido a quem eu sou eternamente grato por ter me atendido este pedido, que para mim foi um milagre. São depoimentos que mostram o quanto a fé no Divino Pai Eterno é grande e nos esclarece os motivos de religiosidade e ao mesmo tempo de tantas pessoas na cidade para homenagear, agradecer e pedir graças as Divino Pai Eterno. No decorrer da entrevista o Sr. Walteir por vários momentos se mostrou emocionado com a graça recebida. Já para comerciantes locais, fica explícito que a maioria deles demonstra saber o que a procissão simboliza e reconhecem que o evento é uma integração entra caráter religioso e cultural. Caráter religioso porque suscita a fé de algumas pessoas e o cultural e/ou turístico porque atrai várias pessoas. Ocorre que a festa do Divino Pai Eterno gera lucro para os comerciantes, e esta festa é uma fonte de renda, em relação aos comerciantes permanentes e aos temporários. Os que tendem a privilegiar a instalação de infra-estrutura para atender, fundamentalmente os turistas com barraquinhas de bebidas e comidas, lojas e serviços de guia turístico, ambulantes com coisas que lembram a Festa. Podendo ser explicado pelo fato de que, praticamente, todos esses comerciantes, fundamentalmente na cidade, como as pousadas, artesanatos, hotéis, entre outros, estão vinculados economicamente com a atividade turística da cidade e a festa é um dos sustentáculos dessa atividade que esta se desenvolvendo cada vez mais com o passar dos anos. 3.3 Significado da Romaria para os “romeiros” A romaria do Divino Pai Eterno atrai pessoas de muitas regiões para a cidade de Trindade. Conforme a pesquisa, essas pessoas são religiosas (romeiros), de outras cidades, estados e até de outros países e comerciantes de fora da cidade, ambulantes e informais. De acordo com as respostas dos questionários com romeiros, nenhum deles descreveu ser turistas e sim romeiros, e muitos são os motivos que os levam a participar da romaria. O principal é o rito religioso, principalmente a possibilidade de participar de uma festa religiosa que é conhecida tradicionalmente como a maior manifestação cultural e religiosa do Estado de Goiás. Dentre as respostas 92% das responderam que o motivo que os leva a participar do evento é o rito religioso e 5% outros motivos e apenas 1% disseram ser por manifestações culturais. Isso demonstra que a romaria convida principalmente aqueles que vêm atraídos pela religiosidade, ou seja, a fé e que uma pequena minoria é atraída pela manifestação cultural, beleza da festa entre outros. Porém o que diferencia mesmo os participantes são os sentimentos a percepções e os significados que os leva a participar. (Ilustração 15 Gráfico 02) Ilustração 16 Gráfico 02 Gráfico 2 - Motivos que levam os romeiros a participar da Festa do 3% Divino Pai Eterno 5% Rito Religioso Outros Manifestação Cultural 92% Fonte: Dados de Trabalho de Campo – TELES, R. B. S. 01 a 08 de julho/2009 Questionados os entrevistados quais os sentimentos que poderiam apontar nas pessoas que participam da festa, teve respostas variadas, porém todos foram unânimes em responder sentimentos de fé. Esse fato pode ser conferido pelo o seguinte depoimento de romeiros oriundo de Vianopolis. É um sentimento de fé né, e que temos de tirar mais tempo pra Deus né porque neste tempo a gente tira mais tempo para Deus, porque aqui gente só ta pra dedicar pra igreja né, igual à gente mora assim na roça e não tem tempo às vezes têm uma missa é meio de semana não tem com ir e agora aqui a gente só vem para dedicar a Deus e a fé que temos nele. A partir desse depoimento e de outros semelhantes, percebe-se que a fé é elemento primordial que os leva a romaria. Conforme a entrevistada é este sentimento de fé que leva as pessoas a ficarem mais perto de Deus, principalmente nesta época, pois a pessoas se dedicam em tempo integral as orações e romarias o que em muitas das vezes em casa isto não acontece. Sobre esta questão, Souza (2005, p.57) afirma que: Assim é constituída, sob diferentes olhares, a procissão passa a integrar dois aspectos opostos, porém necessários, para a sua realização: o aspecto religioso – por que suscita a religiosidade de algumas pessoas e o cultural – porque a procissão é um importante atrativo turístico que atrai muitos visitantes para a festa gerando lucros e divulgando a cidade. É este aspecto religioso que atrai muitas outras pessoas para a cidade de Trindade como curiosos, comerciantes etc. Vêm gerar lucros tantos para os moradores locais que alugam suas casas, quintais, calçadas banheiros quanto para comerciantes que vem de fora montarem suas barracas e perambularem nas principais ruas da cidade e próximo as igrejas, pois hoje a festa deixou de ser centralizada e está tendo uma nova reorganização do espaço. A Foto a seguir demonstra alguns dos objetos que são comercializados durante a Festa do Divino Pai Eterno nas proximidades da Basílica. Ilustração 17: Foto 11 – Miniaturas de santos feitos em barro vendidos durante toda a festa. Fonte: TELES, R. B. S., 2009 Como se pode ver ao redor da basílica é comercializado principalmente objetos religiosos de todos os tipos e algumas barracas de alimentação, fazendo com que haja circulação econômica, não só na comunidade local como nas pessoas vindas de demais lugares. Os turistas, e pessoas vindas de fora como até mesmo e principalmente os Romeiros ficam fascinados com a beleza local e da religiosidade da festa, assim com as diferentes percepções, a festa do Divino Pai Eterno passa a integrar dois caráter, o primeiro é o aspecto religioso, que é atrativo da religiosidade de algumas pessoas, e o segundo é o cultural, pois atrai turistas e visitantes para a festa proporcionando lucros e divulgando a cidade. Para os visitantes e romeiros os sentimentos identificados nas pessoas da cidade e nos demais são percebidos de acordo com o significado, o uso, e a vivência que os grupos mantêm como procissão; seja pela beleza, pela cultura, pela religião, sendo fonte de renda ou turismo. A Festa do Divino Pai Eterno todos os anos é divulgada pela imprensa, mídia escrita e falada. Aludindo a importância que a festa que vem, alcançando as fronteiras regionais e chegando a divulgação e ao público nacional e internacional, até sendo implementado uma romaria online, para os que não podem por alguma circunstância participarem da Festa e do rito religioso. A respeito de sujeitos a participarem de um ritual religioso ou evento cultural, Maia (1999, p.210) diz que: A mídia na qualidade de agente voltado para a divulgação, interfere na produção do espaço das festas à medida que leva ao conhecimento do publico a ocorrência do evento. A divulgação realizada pela mídia pode fazer aparecer o “individuo interessado”, e quiçá, participantes – algumas vezes associados a outros em grandes grupos. A Festa do Divino Pai Eterno, como demais festas desse caráter religioso e mesmo alcance, por ter uma boa divulgação na impressa e atrair muitas pessoas, acaba por ter um aspecto diferenciado, não é uma festa simplesmente religiosa e sim umas mistura entre cultura e religião que tem atrativos turísticos: o religioso e a beleza do local. O imaginário popular sobre a festa está representado pela religiosidade, pelo ato festivo e a contemplação artística que leva os participantes do Divino Pai Eterno há uma contemplação de fé e de encantamento. A Festa possui elementos culturais e religiosos ligados que deixam o evento não unicamente num ato de fé, dentro do contexto de uma festa religiosa, mas sim a dimensão cultural e artística. Assim, é pela diferenças de olhares, afetivos e emoções que os indivíduos ou os grupos interagem com a Festa do Divino Pai Eterno, dá a ela significados e percepções diferentes. CONSIDERAÇÕES FINAIS A Festa do Divino Pai Eterno é constituída pelo caráter cultural e religioso, que reflete sentimentos, significados e percepções diferenciadas para os seus participantes. Dentre a multiplicidade de significados que a festa oferece ressalta-se: os seus valores culturais, religiosos, artísticos, turísticos, entre outros atributos que variam de acordo com a percepção que cada indivíduo, ou grupo tem da manifestação religiosa e cultural. Todavia, os motivos pelos quais as pessoas participam da Festa do Divino Pai Eterno em especial a Romaria são diversificadas, assim como são os sentimentos, os significados e a percepção a ela atribuídos. A participação na romaria não ocorre somente em função cultural, mas, fundamentalmente em função da fé, de acordo com os dados demonstrados. A fusão entre esses dois aspectos – religioso e cultural – no mesmo espaço, trás dimensões do sagrado e do profano através das formas de apropriação e vivência nesse espaço, as territorialidades do espaço da festa. O evento muda e transforma o espaço social da festa. O grande número de pessoas que participa da festa acaba por deflagrar uma territorialização espacial intensa e efêmera carregada de significados. A carga simbólica representa para os participantes da festa um imaginário com forte apelo religioso, cultural e artístico. A territorialização que se demonstra na ocupação do espaço pela romaria é organizada pelos diferentes grupos de atores sociais que imprimem no espaço territorialidades não consistentes, mas passageiras, onde ocorrem as relações religiosas, socioculturais e simbólicas de fé e tradição de um povo. Ressalta-se que tal estudo não teve como finalidade caracterizar o significado da festa do Divino Pai Eterno. Mas, sim contribuir, para futuros estudos na área da percepção e dos significados religiosos ou culturais, entre outros. Daí a importância em se estudar a perspectiva cultural no âmbito da geografia para que se compreendam melhor os arranjos espaciais por ela organizados. Assim, este trabalho não é uma proposta pronta e acabada sobre o tema e sim um ponto de partida para descortinar o universo sociocultural no tempo e no espaço da Festa do Divino Pai Eterno. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Manuel Correia. A Questão do Território no Brasil. São Paulo: Hucitec; Recife: IPESP, 1995. BOVO, Clóvis de Jesus. Vida do Padre Pelágio: Apóstolo de Goiás. 2° Edição. Goiânia – GO – Brasil: 1999. CARLOS, Ana Fani Alessandri. O lugar no / do Mundo. São Paulo. Editora Hucitec, 1996. CORRÊA, Roberto Lobato e ROZENDAHL, Zeny. Paisagem Tempo e Cultura. Rio de Janeiro. Ed. UERJ, 1998. CORRÊA, Roberto Lobato. ROSENDAHL, Zeny. Geografia cultural: um século (2). Rio de Janeiro: Editora UERJ: 2000. 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E Como a comunidade da cidade participa da organização da Festa? 2 - Quando e como acontece os primeiros preparativos para a organização da festa? Como isso é feito? 3 - Quais os motivos que levam a comunidade a participar da organização da festa (obrigação, devoção, costume)? 4 - Qual o significado da Festa do Divino Pai Eterno para o senhor (a)? 5 - Qual a função do senhor (a) na organização da Festa? 6 - Quais as instituições que financiam e trabalham na organização da Festa? 7 - É possível identificar um valor ($) aproximado do custo da Festa? APÊNDICE - B UEG - Unidade Universitária de Ciências Sócio – Econômicas e Humanas Curso de Geografia – Pesquisa Acadêmica / TCC – 2009 Acadêmica: Rilda Bispo Santana Teles Orientadora: Prof. Ms. Arlete Mendes Silva Data de aplicação: 28 de junho a 08 de julho de 2009 Número de entrevistas aplicadas: Total: 05 Tipo de instrumento: Entrevista Tema: Um Olhar Geográfico e Cultural na Festa do Divino Pai Eterno Categoria: Romeiros Registro de Informações: Atividade profissional Sexo: Feminino ( ) Masculino ( ) Faixa Etária: até 25 anos ( ) de 26 a 45 anos ( ) acima de 45 anos ( ) Entrevista B - Romeiros 1 - Cidade ou local onde reside? 2 - Há quanto tempo participa da Festa do Divino Pai Eterno? 3 - O que o (a) levou a participar da Festa do Divino Pai Eterno? 4 – O Senhor (a) participa de outras romarias no Estado de Goiás ou fora dele? Se sim, quais e onde? 5 - Qual o significado da Festa do Divino Pai Eterno para o senhor (a)? 6 – O Senhor (a) já recebeu alguma graça na Festa do Divino? 7 – Sua família o (a) acompanha na Romaria? APÊNDICE - C UEG - Unidade Universitária de Ciências Sócio – Econômicas e Humanas Curso de Geografia – Pesquisa Acadêmica / TCC – 2009 Acadêmica: Rilda Bispo Santana Teles Orientadora: Prof. Ms. Arlete Mendes Silva Data de aplicação: 28 de junho a 08 de julho de 2009 Número de entrevistas aplicadas: Total: 05 Tipo de instrumento: Entrevista Tema: Um Olhar Geográfico e Cultural na Festa do Divino Pai Eterno Categoria: Comunidade Local Registro de Informações: Atividade profissional Sexo: Feminino ( ) Masculino ( X ) Faixa Etária: até 25 anos ( ) de 26 a 45 anos ( X) acima de 45 anos ( ) Entrevista C – Comunidade Local 1 - Há quantos anos você mora na cidade de Trindade? 2 – O Senhor (a) participa da Festa do Divino na cidade? Como? 3 - Qual a sua opinião sobre a Festa? É uma Festa boa para a Cidade e para os moradores dela? Por quê? 4 - Para o Senhor (a) a festa traz benefícios para os moradores e para a Cidade de Trindade? Quais? 5 - Em sua opinião o que leva as pessoas de outras cidades a participarem da festa? 6 - Para o Senhor (a), qual o significado da Festa do Divino Pai Eterno? 7 – A Festa do Divino Pai Eterno aqui em Trindade já fez o Senhor (a) pensar m mudar de cidade? 8 – O Senhor (a) vê algum aspecto negativo na Festa aqui em Trindade? APÊNDICE - D UEG - Unidade Universitária de Ciências Sócio – Econômicas e Humanas Curso de Geografia – Pesquisa Acadêmica / TCC – 2009 Acadêmica: Rilda Bispo Santana Teles Orientadora: Prof. Ms. Arlete Mendes Silva Data de aplicação: 28 de junho a 08 de julho de 2009 Número de entrevistas aplicadas: Total: 05 Tipo de instrumento: Entrevista Tema: Um Olhar Geográfico e Cultural na Festa do Divino Pai Eterno Categoria: Comerciantes Registro de Informações: Atividade profissional Sexo: Feminino ( ) Masculino ( ) Faixa Etária: até 25 anos ( ) de 26 a 45 anos ( ) acima de 45 anos ( ) Entrevista D - Comerciantes 1 - Há quanto tempo o /senhor (a) participa de festa? E sempre estabelece o mesmo tipo de comércio? 2 - Na festa do Divino Pai Eterno os lucros de sua atividade comercial são satisfatórios? 3 - O senhor (a) acha que existe diferença de comportamento entre os participantes da Romaria daqueles que só participam da festa? 4 - Qual o significado que a romaria tem para o senhor (a)? 5 – Na sua opinião, quais os motivos que trazem tanta gente à Festa do Divino Pai Eterno? 6 – Qual tipo de comércio ou serviço que os Romeiros e os visitantes da Festa mais procuram? 7 – O comércio que é desenvolvido na Festa é feito pelos moradores da cidade ou por pessoas vindas de fora? APÊNDICE - E UEG - Unidade Universitária de Ciências Sócio – Econômicas e Humanas Curso de Geografia – Pesquisa Acadêmica / TCC – 2009 Acadêmica: Rilda Bispo Santana Teles Orientadora: Prof. Ms. Arlete Mendes Silva Data de aplicação: 28 de junho a 08 de julho de 2009 Número de entrevistas aplicadas: Total: 05 Tipo de instrumento: Observação Direta e Indireta Tema: Um Olhar Geográfico e Cultural na Festa do Divino Pai Eterno Categoria: Componentes da Festa do Divino Pai eterno Público Alvo: Espaço da Festa Tipo de Instrumento: Observação Direta e Indireta – contato direto com o objeto de estudo Roteiro elaborado para responder os seguintes objetivos. • Averiguar como se dá a apropriação do espaço pela territorialidade da festa durante a procissão; Observar o espaço da cidade utilizado, re-organizado em função da festa no contexto da Festa do Divino Pai Eterno; analisar se o espaço usado traz problemas no contexto social para comunidade local ou o sentimento é de “abertura” para a realização da procissão? Como é organizada a infra-estrutura do local para receber os participantes da festa? Destacar que tipo de territorialidade é construída no local por ocasião da festa; Analisar as possibilidades de analise em relação à territorialidade da Festa Possíveis territorialidades que poderão ser identificadas no espaço da festa: a territorialidade percebida pela procissão dissipa-se com maior rapidez, pois o evento religioso é efêmero e transitório, perdura-se somente por algumas horas ou, a territorialidade, permanece sob formas de sensações, sentimentos, percepções e imagens? • Caracterizar o espaço sagrado e profano durante a festa e as modificações que são impressas no lugar. O espaço sagrado (destinado para manifestação religiosa) e o espaço profano (espaço da moradia, do comercio e do lazer), integram o mesmo lugar? No espaço da festa é possível identificar atividades não religiosas articuladas com o sagrado como comerciantes e barraqueiros? Como o espaço destinado para o percurso a Romaria é utilizado ou organizado antes e logo após o encerramento da procissão? É possível identificar no espaço durante a festa e logo após o seu encerramento um rito de passagem do profano ao sagrado e vice-versa? ANEXOS CRONOGRAMA DIÁRIO DA FESTA DO DIVINO PAI ETERNO EM 2009 PROGRAMAÇÃO DIÁRIA 5h – Alvorada festiva na Matriz e no Santuário Basílica 5h30 – Procissão da Penitência da Matriz ao Santuário Basílica MATRIZ Missas: 7h30 – 11h – 16h – 18h30 Novenas: 9h – 14h SANTUÁRIO BASÍLICA Missas: 6h – 12h – 18h Novenas: 8h30 – 15h MISSA E NOVENA SOLENE: 20h CONFISSÕES Todos os dias no Santuário Basílica das 6h às 21h BATIZADOS Todos os dias na Matriz às 10h PROGRAMAÇÃO ESPECIAL DIA 26 DE JUNHO – SEXTA – FEIRA 6h – Saída da Romaria dos Militares – trevo de Goiânia 10h – Missa dos Militares no Santuário Basílica DIA 27 DE JUNHO – SÁBADO 15h – Saída da 6ª Romaria Arquidiocesana a Trindade (Participação dos Vicariatos na Novena Solene) – trevo de Goiânia DIA 28 DE JUNHO – DOMINGO 7h - Saída da Romaria da Família Franciscana – trevo de Goiânia 12h – Missa da Família Franciscana no Santuário Basílica DIA 02 DE JULHO – QUINTA-FEIRA 9h – Romaria dos Carros de Boi com bênção às 15h00 17h – Encontro de jovens – Cine Teatro Mara (ao lado da Matriz) DIA 03 DE JULHO – SEXTA-FEIRA 17h – Encontro dos Carreiros – Cine Teatro Mara (ao lado da Matriz) Ao todo, serão realizadas 11 procissões, mais de 100 missas e 46 novenas, além de inúmeras confissões e batizados. No Tríduo (três dias que antecedem o domingo da Festa do Divino Pai Eterno) haverá missas na madrugada. Quem estiver em casa, também poderá acompanhar as celebrações pela televisão.