ESTATÍSTICA NO DIA A DIA Selma Maria Belinato Gâmbaro1 Angela Maria Marcone de Araujo2 RESUMO Nas últimas décadas, tem crescido a importância da Estatística, pois em todas as decisões tomadas ou a tomar, leva-se em conta um grande número de fatos, embora, nem todos pesem da mesma maneira no momento da escolha. Assim, surge a necessidade de conhecimentos básicos de estatística para se dispor de condições que permitam ler e interpretar tabelas e gráficos, já que a informação está nos diferentes meios de comunicação e vem acompanhada, muitas vezes, de lista de dados, tabelas e gráficos de vários tipos. Procurou-se neste trabalho relatar uma forma de introduzir conteúdos estatísticos pautados na investigação, coleta, descrição, registro, análise dos dados coletados com o auxílio na decodificação de situações-problema encontradas pelos alunos da 6ª série do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Machado de Assis, em seu dia a dia. ABSTRACT In the last decades, the importance of the Statistics has been growing, because in all the decisions taken, or it will take, it takes a great number of facts into account, although, not everyone weighs up in the same way in the moment of choice. Thus, it arises the need for statistics basic knowledge for having conditions that allow to read and to interpret tables and graphs, because information is in the different medium and it comes followed, often, of list of data, tables and graphs of several types. It sought in this work to tell a form of introducing statistical contents based on investigation, collection, description, registration, analysis of collected data with the aid in the decoding of problem situations found by the students in their day by day. Palavras-chave: Estatística, investigação, senso crítico. 1 2 Professor da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná - e-mail: [email protected] Professor do departamento de Estatística da Universidade Estadual de Maringá - e-mail: [email protected] INTRODUÇÃO A Estatística no dia-a-dia foi o tema proposto para esse trabalho por sua grande importância para a sociedade moderna, entendendo a sua utilização como meio de auxiliar o ser humano em sua vida diária. Dessa forma, utilizou-se os conteúdos básicos de Estatística com objetivo de desenvolver no aluno a observação, investigação, levando-o a investigar, coletar, descrever, registrar, analisar os dados coletados com o auxílio na decodificação de situações-problema encontrados em seu dia a dia, proporcionando meios para que sejam feitas inferências e predições com base numa amostra, no intuito de resolver problemas que permeiam sua vida. Atrelado à investigação para a coleta de dados, trabalhou-se a construção de gráficos e tabelas enfatizando o cálculo percentual e arredondamento de números, e utilizou-se também, as mídias e as tecnologias atuais. A investigação realizada permitiu aos alunos a reflexão, compreensão, crítica e formulação de propostas coerentes e oportunizou o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias á sua integração e atuação na comunidade. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA As Diretrizes Curriculares (2008) do Estado do Paraná apresentam a Estatística como conteúdo estruturante para o tratamento da informação a ser trabalhado no Ensino Fundamental. Fazendo uma retrospectiva, a Estatística já era utilizada desde 3000 a.c., quando na Babilônia, China e Egito já se faziam censos. Por volta do ano zero, a Bíblia relata que, “o imperador Augusto publicou um decreto, ordenando o recenseamento em todo o império” (LUCAS 2,1). Essas informações eram utilizadas para a aplicação de impostos e alistamento militar. A palavra censo deriva de censere que, em latim, significa taxar. Estatística vem de status, que quer dizer estado. Pode-se dizer que a estatística iniciou-se no século XVII, em estudos sobre as taxas de mortalidade, as quais serviam aos governos para coletar informações relativas a números de nascimentos, casamentos e dados sobre migração entre outras. Em meados do século XVIII, a palavra Estatística foi usada para denominar a “ciência dos negócios do Estado tendo em vista que os primeiros organizadores estavam ligados a departamentos criados por governantes”. A partir de 1920, foi estruturada a moderna Estatística Analítica. No Brasil, o ensino da Estatística iniciou-se oficialmente por volta dos anos 30, segundo o professor Doutor Wagner de Souza Borges como área autônoma, com os primeiros cursos dos Institutos de Educação do Rio de Janeiro e São Paulo. Nas últimas décadas, tem crescido a importância da Estatística, pois em todas as decisões tomadas ou a tomar, leva-se em conta um grande número de fatos. E, impreterivelmente, nem todos estes pesam da mesma maneira na hora da escolha. Devido às transformações ocorridas em todos os níveis dos sistemas de formação ela aparece, não somente como uma disciplina independente, mas como ferramenta a serviço de outras ciências. A Estatística cuida do levantamento de dados, sua posterior organização e sistematização. No sentido de verificar, a Estatística testa hipótese, faz projeções, estima quantidades que não podem ser mensuradas diretamente, seja na natureza, seja no mundo social do qual fazemos parte. Atualmente, o órgão governamental responsável pelas “estatísticas” no Brasil é o IBGE - Instituto 3 Brasileiro de Geografia e Estatística, fundado em 1934 com o nome de Instituto Nacional de Estatística. A principal missão do IBGE é a de relatar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento da sua realidade e ao exercício da cidadania. A Estatística é apreciada na matemática, bem como em outras áreas da ciência pois contribui para o conhecimento e a interpretação dos fenômenos coletivamente típicos indicando a probabilidade de seu desenvolvimento no futuro. Conforme analisa Lopes (2004), nas Diretrizes Curriculares: A estatística com seus conceitos e métodos para coletar, organizar e analisar dados, tem-se revelado um poderoso aliado neste desafio que é transformara informação tal qual se encontram nos dados analisados que permitem ler e compreender uma realidade. Talvez, por isso tenha se tornado uma presença constante no dia-a-dia de qualquer cidadão (...),[de modo que há] amplo consenso em torno da idéia necessária de literácia estatística, a qual pode ser entendida como a capacidade para interpretar argumentos estatísticos em textos jornalísticos, notícias e informações de diferentes naturezas.(Lopes,2006,p.32 – Diretrizes Curriculares) O estudo da estatística viabiliza a aprendizagem da formulação de perguntas que podem ser respondidas com uma coleta de dados, organização e representação. Atualmente os dados estatísticos são obtidos, classificados e armazenados em meio magnético e disponibilizados em diversos sistemas de informações acessíveis a pesquisadores, cidadãos e organizações da sociedade que, por sua vez, podem utilizá-los para o desenvolvimento de suas atividades. Definir estatística não é uma das tarefas mais fáceis, pois os conceitos fundamentais não têm definição explícita ou, se têm, não é suficientemente clara para dar-nos idéia acabada de seu significado, assim, nos convém pois em conceituá-la de forma generalizada, como sendo um método de observação, descrição e interpretação de fenômenos coletivamente típicos, utilizados essencialmente para tomada de decisões.Vale lembrar que, por mais avançada que esteja a estatística, ainda não se pode abrir mão da intuição e da experiência precedente do pesquisador. 4 A convivência do ser humano uns com os outros, mediada por instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente cria formas de ação que o distinguem de outros animais. A abstração é um dos instrumentos mais poderosos que o desenvolvimento cultural cria na mente do ser humano. Seria errado pensar que a abstração na mente de um adulto cultural é uma espécie de processo específico ou função especial que se combina a outras funções e, juntamente com elas, constitui nossa vida intelectual. (Vygotsky e Luria,1996: 201) Para Luria (1998), o estudo de alcance das funções intelectuais leva uma sociedade não tecnológica a tirar partido das rápidas mudanças culturais que ocorre em remotas partes do país. Pereira (1997) ressalta que a Estatística pode ser considerada a tecnologia da ciência, auxiliando a pesquisa desde o seu planejamento até a interpretação de dados. Diante disso é preciso traçar mudanças que estejam interligadas ao processo do pensamento provocadas pela evolução social e tecnológica. Nos dias de hoje os meios de comunicação e tudo o que se relaciona com a informação tem importância cada vez maior. Essas informações, que aparecem ler todos os dias nos jornais, revistas e internet, enfim nos meios de comunicação, vêm acompanhadas, muitas vezes, de listas, tabelas e gráficos de vários outros tipos. È importante ter conhecimento necessário para entender o significado desses dados e, ao mesmo tempo, saber interpretar os diferentes instrumentos utilizados para representá-los. No ensino fundamental a Estatística será mais produtiva para o aluno, se vista como uma ciência que auxilia na decodificação de situações problemas. É necessário ter o conhecimento matemático, atrelado à investigação, familiaridade com softwares, análise de dados, para construir conceitos estatísticos elementares e possibilitar ao aluno tirar conclusões de situações cotidianas. Segundo WODEWOTZKI e JACOBINI (2004) “É o estudante que busca, seleciona, faz conjecturas, analisa e interpreta as informações para, em seguida, apresentá-las para o grupo, sua classe ou sua comunidade”. Mediante esta realidade, o ensino de Estatística deve tratar de questões da realidade dos 5 alunos, de forma a instigá-los na percepção de como as quantificações estão inseridas nos diversos momentos do cotidiano. E, cabe ao professor articular esse processo pedagógico e é por meio da visualização da utilidade prática da Estatística que os alunos perceberão sua importância no mundo real, ambiente do qual fazem parte. LOPES (2004) defende que a escola deve proporcionar ao estudante, desde o início da escola básica, a formação de conceitos que o auxiliem no exercício de sua cidadania, desta maneira formando cidadãos críticos, éticos e reflexivos. Trabalhando a Estatística voltada aos fatos contextualizados da vida do aluno como um todo, pode ser um caminho a isso. O processo de construção do conhecimento não ocorre apenas pelo viés do cognitivo, mas principalmente pelo afetivo, pela imaginação, pela intuição, por outros tipos de raciocínios. Mas como diz Paulo Freire (1997) “ninguém motiva ninguém, ninguém se motiva sozinho, os homens se motivam em comunhão.” O aluno certamente encontrará maior motivação para aprender a partir do momento em que o processo educacional levar em consideração as suas necessidades, interesses, afetividades formando cidadãos críticos reflexivos. No espaço da sociedade organizada em rede existem novas conexões que modificam constantemente a economia, seus reflexos nas formas de trabalhar e nos eixos fundamentais que organizam as culturas. Entretanto há necessidade de enfrentar novos fenômenos, munidos de instrumentos que permitam compreender a dinâmica sócio-cultural. Em virtude disso é preciso fazer uma leitura crítica dos fatos que ocorrem na sociedade, pela qual deve-se interpretar tabelas, gráficos , dados percentuais, indicadores e também conhecer as possibilidades de ocorrência de eventos. Tais domínios são necessários porque no mundo atual as informações veiculadas de modo mais acessível e rápido, exigem senso crítico e análise para a tomada de decisões. A idéia está reforçada nas diretrizes curriculares quanto a importância de conhecer os fundamentos básicos de Matemática para que a população disponha das condições que lhe permitam ler e interpretar tabelas, gráficos e dados estatísticos, presentes em seu cotidiano. Construir tabelas a 6 partir de textos, tê-las já construída e interpretá-las corretamente são práticas que constituem um saber social necessário. DESENVOLVIMENTO Para o desenvolvimento deste trabalho, escolheu-se a turma da 6ªsérie B do período da manhã, do Colégio Estadual Machado de Assis de Barbosa Ferraz – EFMP (CEMABARF) e solicitou-se a escolha de um tema. De acordo com as sugestões feitas pelos alunos listou-se no quadro de giz os temas: Água e Saneamento Básico; Esporte; Adolescência e Radiação. Por meio de votação, optou-se pelo tema Água e Saneamento Básico. Num segundo momento, fez-se uma discussão sobre o tema com os alunos (de onde vinha a água que abastecia a cidade; se as residências possuíam caixa d´água, fossa etc.). A seguir, os alunos fizeram uma revisão bibliográfica sobre o tema escolhido, que serviu de subsídio na elaboração de um questionário para a coleta de dados. Elaborado o questionário (anexo I) e digitalizado pelos alunos no laboratório de informática do colégio (primeiro contato dos alunos com o laboratório), os mesmos foram realizar a coleta dos dados em suas próprias residências e em residências próximas às suas (pesquisa in loco por amostragem aleatória simples), totalizando uma amostra de 43 residências. Após essa etapa, viu-se a necessidade da tabulação dos resultados. Optou-se, então, pela contagem das categorias e com o uso dos computadores do laboratório de informática para a digitação dos dados numa planilha (BrOffice-Calc - programa encontrado nos laboratórios de informática das escolas públicas do Estado do Paraná). Destaca-se aí a oportunidade do aluno em utilizar o computador, importante instrumento tecnológico ofertado às escolas, não apenas para pesquisas. Para a construção dessa planilha utilizouse palavras-chave de cada pergunta do questionário a qual denominou-se 7 variável. E cada variável foi digitada numa coluna da planilha e, de acordo com as respostas obtidas, construiu-se um banco de dados com as informações Planilha de dados. ]Com a digitação dos dados, iniciou-se os processos de síntese e análise dos resultados por meio de tabelas e gráficos. A análise exploratória dos dados ocorreu em dois momentos: primeiramente aos alunos construíram tabelas e gráficos apenas utilizando os recursos disponíveis em sala de aula, ou seja: lápis, régua, papel milimetrado e ou quadriculado; num segundo momento, as tabelas e gráficos foram construídas com auxílio de computadores. Após a etapa da sintetização dos dados, os alunos prepararam um material (gráficos em cartolinas) para a exposição dos resultados aos demais colegas da escola e aos moradores da cidade (comunidade interna e externa). Destaca-se as dificuldades encontradas pelos alunos na digitação dos dados e na elaboração das tabelas e gráficos, pois alguns nunca tinham tido contato com computador antes da realização desse trabalho. Tendo por base as questões elaboradas e aplicadas na pesquisa e sentindo a necessidade de aprofundar-se no assunto, foi realizada uma visita à estação de tratamento (SANEPAR), para verificar de onde é proveniente a água, como é realizado o seu tratamento e distribuição no município de Barbosa Ferraz. Os alunos foram acompanhados, orientados e tiveram informações detalhadas pelos funcionários da SANEPAR: Gabriel de Freitas Mendonça e Itarcides Rocha de Souza. Constatou-se que a água do município é proveniente de quatro poços artesianos, três se encontram na zona urbana e um na zona rural. Um deles encontra-se desativado, sendo utilizado apenas no período de estiagem. Na estação de tratamento conheceu-se todas as etapas do sistema e formas de tratamento da água antes de sua distribuição à população. Após a visita à estação de tratamento, foi proferida uma palestra com a Gestora em Meio Ambiente: Renata Facine, funcionária da SANEPAR de Campo Mourão sobre: O tratamento da água, limpeza da caixa de água, 8 tratamento da rede de esgoto, cuidados com as nascentes e rios, destino do lixo etc. Após a análise da pesquisa realizada, notou-se que vários bairros da zona urbana eram desprovidos de rede de esgoto. Aguçados por curiosidade, os alunos, com auxílio da professora montaram um questionário dirigido ao órgão responsável (Sanepar), abordando os seguintes itens: • Por que alguns bairros da zona urbana não possuem rede de esgoto, em sua opinião? • Qual a porcentagem do município de Barbosa Ferraz que possui rede de esgoto? • A ligação à rede de esgoto é obrigatória? • Como é cobrado o valor referente à rede de esgoto? • Qual a atitude da SANEPAR se o consumidor não tem condições financeiras para fazer a ligação? • Nas ruas com declive, qual a atitude da SANEPAR, quando a ligação não é possível à rede de esgoto? • No caso da questão anterior é obrigatório o pagamento referente à rede de esgoto? • Qual a vantagem de se ter rede de esgoto? • O governo municipal tem interesse para a ampliação da rede de esgoto no município de Barbosa Ferraz? RESULTADOS E DISCUSSÕES Pela importância da informação na sociedade atual e levando em conta a organização de dados coletados em tabelas para facilitar a leitura e interpretação dessas informações, construíram-se algumas tabelas. A Tabela 1 apresenta uma tabela simples de distribuição de freqüência das 43 residências pesquisadas no município de Barbosa Ferraz, segundo sua localização rural ou urbana. 9 De acordo com a Tabela 1, a maioria das residências pesquisadas, 79% encontram-se na zona urbana. O fato de 21% das residências terem sua localização em área rural justifica-se pelo fato do município ser de pequeno porte e voltado para a agricultura. Tabela 1: Distribuição das residências no município quanto a localização. Barbosa Ferraz, 2008. LOCALIZAÇÃO Freqüência % Rural 9 21 Urbana 34 79 Total geral 43 100 Fonte: Pesquisa in loco por amostragem aleatória Quando se tem mais de uma informação para ser sintetizada, a tabela adequada é uma tabela de dupla entrada, como por exemplo, a Tabela 2, nas quais estão presentes as variáveis qualitativas: localização da residência e ter reservatório (caixa d’agua). Tabela 2: Distribuição de freqüência das residências que possuem reservatório segundo sua localização - Barbosa Ferraz, 2008. Reservatório LOCALIZAÇÃO Rural Urbana Total geral Não 0 18 (53%) 18 (42%) sim 9 (100%) 16 (47%) 25 (58%) Total geral 9 (100%) 34 (100%) 43 (100%) Fonte: Pesquisa in loco por amostragem aleatória. Nesse caso constatou-se que na zona rural 100% das residências possuem reservatório. Já na zona urbana, a maioria 53% não possuem reservatório de água em suas residências, sendo que recebem água direto da rua. Talvez a não preocupação de possuir um reservatório de água em suas residências deve-se ao fato de o município nunca apresentar problemas relacionados com falta de água. Após a constatação de que das 43 residências pesquisadas, 58% delas possuem reservatórios é de interesse saber qual o tipo destes. 10 Tabela 3: Tipo de reservatório utilizado nas residências dos moradores de Barbosa Ferraz, 2008. Nº DE % TIPO DE RESERVATÓRIO RESERVATÓRIOS Amianto 22 88 PVC 1 4 Não informou 2 8 Total geral 25 100 Fonte: Pesquisa in loco por amostragem aleatória. A Tabela 3 mostra que das residências com reservatórios, 88% são de amianto, 8% de PVC e 4% não especificou o material do qual é feito o reservatório de sua residência. A utilização da porcentagem acaba por facilitar a verificação da proporção do material utilizado na fabricação de cada reservatório. É importante ressaltar quanto às 18 residências que não possuem reservatório, mesmo assim recebem água tratada diretamente da Empresa para suas instalações, onde é consumida sem ser armazenada. Segundo informações dos técnicos da Sanepar, o tipo de material mais apropriado para o armazenamento de água seria o PVC (policloreto de vinila), por sua característica de não possuir fissuras ou poros para o acúmulo de bactérias. Para a construção da Tabela 3, utilizou-se a freqüência relativa (porcentagem) e a regra de três simples (100 x 22 / 25 ≅ 88%). Isto proporcionou aos alunos melhor interpretação dos dados pesquisados. Na Tabela 4 verificou-se o destino dos detritos das residências pesquisadas e após sua explanação houve uma discussão sobre a necessidade do serviço de saneamento. Claramente, pode-se observar que 34 residências que possuem como destino dos detritos por elas produzidos, o sistema de fossa, e apenas 9 possuem rede de esgoto. Essa situação nos bairros do município ocorre devido à pequena cobertura na construção da rede de esgoto, sendo apenas de 30%. No entanto, há uma previsão em estender gradativamente esse serviço à população nos próximos anos. 11 Tabela 4:Destino dos detritos nas residências pesquisadas de Barbosa Ferraz. BAIRRO FOSSA REDE DE ESGOTO TOTAL Centro 3 1 4 Esperança 2 0 2 Formoso 2 0 2 Perdizes 5 0 5 Pocinho 2 0 2 Quebra Mola 4 0 4 São Judas 5 0 5 Vila Bento 2 0 2 Vila Mineira 1 2 3 Vila Nova 4 1 5 Vila Operária 1 0 1 Vila do Rock 3 5 8 TOTAL 34 9 43 Fonte: Pesquisa in loco por amostragem aleatória simples Dos bairros citados na Tabela 4, Formoso, Pocinho e São Judas não possuem rede de esgoto por pertencerem à zona rural do município, embora outros bairros da zona urbana, também não recebam este serviço. Ressalta-se que as tabelas devem conter título, ser abertas nas laterais e que a fonte deve ser apresentada em letras pequenas no final da tabela e deve informar de onde os dados foram obtidos. Num primeiro momento, os alunos construíram as tabelas no caderno com o auxilio de régua e lápis. Logo após, foram utilizados os recursos tecnológicos no laboratório de informática, dessa forma puderam ver as facilidades que a mídia tecnológica pode proporcionar. De forma análoga, foram construídos vários gráficos com os dados obtidos na coleta, primeiramente no caderno com papel quadriculado e posteriormente, no laboratório de informática, com o auxílio do computador. Todo gráfico tem por objetivo dar uma visão mais rápida das informações que estão sendo repassadas. A Figura 1 ilustra o gráfico, construído por um aluno, da distribuição de freqüência das 43 residências pesquisadas no município de Barbosa Ferraz segundo a localização que se enquadra nas categorias urbana ou rural e o total de residências em cada categoria. 12 Figura 1 – Distribuição de freqüência da localização das residências de Barbosa Ferraz. Figura 2 – Número de vezes que os reservatórios são limpos anualmente por seus moradores. 13 A Figura 2 mostra que a maioria, 56% dos reservatórios são limpos apenas uma vez ao ano, mas por instrução de órgãos responsáveis (Sanepar) as caixas de água deveriam de ser limpas no mínimo duas vezes ao ano. E não é o que vem ocorrendo na maioria das residências. Faz-se necessária maior divulgação quanto a esse procedimento por parte de órgão públicos e meios de comunicação. A Figura 3 ilustra um gráfico de setores utilizando o computador, que além de possibilitar a inclusão digital para muitos alunos, vem facilitar o trabalho dos mesmos. Na construção desse tipo de gráfico manualmente temse que revisar os conceitos de ângulos e utilizar um compasso. 8% 4% 88% Amianto PVC Não informou Figura 3 – Tipo de reservatórios encontrados nas residências. As informações apresentadas no gráfico acima indicam que o maior número de reservatórios existentes nas residências é de amianto. Isso se deve ao fato do mercado, durante muito tempo oferecer apenas reservatórios fabricados com este material. Atualmente, é possível comprar reservatórios com material mais apropriado para sua higienização. Para a organização desses dados em tabelas e gráficos, trabalharam-se alguns conteúdos essenciais para o entendimento e construção dos mesmos, 14 tais como: elaboração do instrumento de coleta (Questionário- anexo I ), arredondamento de valores, fração, porcentagem, proporcionalidade, ângulo central e sistema de coordenadas cartesianas e alguns conceitos básicos da ciência Estatística. CONSIDERAÇÕES FINAIS A aplicação da seqüência didática em sala de aula possibilitou explorar a ciência Estatística como conhecimento relevante e necessário nos dias de hoje para melhor compreender a sociedade por meio dos textos veiculados no mundo social. A escolha da temática ocorreu pelo fato da proximidade, curiosidade, bem como, por ser abordado em outras disciplinas e constantemente estar envolvido na mídia. O aprofundamento do tema deu-se por meio de várias pesquisas, palestra e visita a estação de tratamento. Com a realização das diversas atividades, os alunos sentiram-se motivados pela oportunidade de expor na Semana Cultural os conhecimentos adquiridos, servindo esta, de conclusão e avaliação dos trabalhos. Conhecendo os passos do trabalho exposto os alunos puderam analisar, argumentar e posicionar-se criticamente diante dos problemas que surgiram no decorrer do processo. E ao término do trabalho foi elaborado um filme com todas as atividades desenvolvidas pelos alunos. A partir das atividades desenvolvidas e dos conteúdos trabalhados (arredondamento de valores, fração, porcentagem, proporcionalidade, ângulo central e outros) foi possível verificar no aluno maior desempenho do raciocínio lógico, percepção, leitura e interpretação de dados e informações estatísticas dentro e fora do domínio escolar. 15 REFERÊNCIAS BRAGUIM,Simone Demeis O Uso da Estatística como uma Metodologia Interdisciplinar. UEM Centro de Ciências Exatas,Departamento de Estatística, Curso de Especialização em Estatística Aplicada. Maringá, 2006. CARAÇA,B.J. Conceitos fundamentais de matemática. Lisboa: 6ªed. Gradativa,2005 CAZORLA, Irene Mauricio; SANTANA, Eurivalda Ribeiro dos Santos Tratamento da informação para o Ensino Fundamental e Médio. Série Alfabetização Matemática, Estatística e científica. Itabuna, Editora Via Literum, 2006 CRESPO, Antônio Arnot Estatística Fácil. São Paulo,Editora Saraiva, 14ª edição reformulada e atualizada,1996. MILONE,Giuseppe Estatística Geral e Aplicada. Impresso no Brasil, Thomson,2004. MIRANDA, Paula Roberta Mediação e Processo de Aquisição do Conhecimento. UEM Programa de Pós-Graduação: Mestrado – Área de concentração : Aprendizagem e Ação Docente. Maringá, 2007. MORI, Iracema; ONAGA, Dulce Satiko Matemática - Idéias e Desafios. São Paulo,14ª ed. Reformulada, 2006. 1ª tiragem, 2007. NAZARETH, Helenalda Curso Básico de estatística. São Paulo, Editora Ática,12ª edição - 4ª impressão, 2003. OLIVEIRA,T. A.; BERTOLIN,R.; SILVA, A. S. Coleção Novo Tempo - Tecendo Textos – Ensino de Língua Portuguesa Através de Projetos. São Paulo, IBEP, 2ª ed.,2002. PROJETO Araribá, Matemática / obra coletiva. São Paulo, Editora Moderna, 1ª edição, 2006. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO (SEED). Diretrizes Curriculares de Matemática da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná. Curitiba, 2006. ________, Uma nova política de formação continuada e valorização dos professores da educação básica da rede pública estadual. Documento Síntese. Curitiba, 2007. SOCIEDADE BÍBLICA CATÓLICA INTERNACIONAL, Bíblia Sagrada, Edição Pastoral. Brasília: Paulus, 1991. 16 VYGOTSKY,L. S. ; LURIA,A. R.; LEONTIEV,A. N. Linguagem Desenvolvimento e Aprendizagem. 6ª ed. Ícone Editora,1998 VYGOTSKY, L. S.; LURIA,A.R. A História do Comportamento O macaco, o primitivo e a criança. Porto Alegre: Artes Médicas,1996. INVESTIGAR E APRENDER. Encontro sobre o Ensino e a aprendizagem da estatística. Disponível em: http://i.fc.ul.pt/destaques/álbum/enc-estar.htm. Acesso em 27 fev.2002. COPACABANA Runners, Corrida e Saúde : http://www.copacabanarunners.net/imc.html Acesso em 20 novembro. 2007. ENCE. O que é Estatística? Disponível em: http://www.ence.ibge.gov.br/estatistica/_imprimir.asp?URL=/estatistica/defaut.asp. Acesso em 14 jul. 2007. WEB. Ensine Estatística Através de Pesquisa. Disponível em: http://members.es.tripod.de/EQP/Educação_Estatistica/educaçõ_estatistica.htm. Acesso em 23 jan. 2002 18 WEB. O Ensino da Estatística na Formação de Profissionais. Atas da Conferência Internacional “Experiências e Expectativas do Ensino de Estatística – desafios para o Século XXI”. Disponível em: http://www.inf.ufsc.b/cee/mesa/Barbeta.html. Acesso em 23 jan. 2002 17 ANEXO I QUESTIONÁRIO 1) ENDEREÇO: Rua: __________________________________________________________ nº_____ Bairro: _______________________________________ Cidade:__________________ 2) Qual a sua idade?_______________________ 3) Sua residência se encontra na: ( ) Zona Urbana ( ) Zona Rural 4) A água que você utiliza é: ( ) Sanepar ( ) poço artesiano ( ) poço ( )mina ( ) outros 5) Em sua casa tem reservatório (caixa d’água): ( ) sim ( ) não 6) Se tiver reservatório, ele é: ( ) de amianto ( ) PVC ( )outros 7) A caixa d’água em sua casa é coberta? ( ) sim ( ) não 8) Você lava a caixa d’água: ( ) nunca ( ) 1 vez ao ano ( ) 2 vezes ao ano ( ) 3 ou mais 09) Destino dos detritos: ( ) fossa ( ) rede de esgoto ( ) céu aberto 18