ENFERMAGEM ENFERMAGEM APLICADA À SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE TEMA 1 PERSPECTIVAS DA ENFERMAGEM PEDIÁTRICA NO BRASIL CRÉDITOS Reitor José Carlos Pettorossi Imparato Pró-Reitora de Graduação e Extensão Elaine Marcílio Santos Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Renato Amaro Zangaro Pró-Reitor Administrativo Darcy Gamero Marques Filho Coordenação Geral Pós-Graduação Lato Sensu Benedito Décio da Silveira Camargo Junior Supervisão de Secretaria Pós-Graduação Lato Sensu Cristiane Rodrigues de Lima Coordenação de Cursos de Pós-Graduação MBA-EAD Benedito Décio da Silveira Camargo Junior Professor Autor Ana Carneiro Revisão Gramatical Maria Ivone de Ávila Oliveira Equipe do Núcleo de Educação a Distância - NEaD Coordenação Geral Magali Polozzi Supervisor de Design Rafael Vilares Web Designer Vinícius Bianchini Suporte técnico Daniel Lopes Copyright © 2013, Universidade Camilo Castelo Branco – UNICASTELO. Nenhuma parte desse material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito. Algumas imagens utilizadas neste trabalho estão livres de direitos autorais, de acordo com a licença Creative Commons. SUMÁRIO ENFERMAGEM APLICADA À SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE TEMA I. Perspectivas da Enfermagem Pediátrica no Brasil 13 1 Evolução da Pediatria Social no Brasil________________________________________ 2 Estatuto da criança e do adolescente________________________________________15 SUMÁRIO DESTAQUES Durante o texto, você encontrará algumas informações em destaque. Preste atenção: SAIBA MAIS: Serve para apresentar conteúdos, explicações e observações a fim de que você compreenda melhor o tema estudado. IMPORTANTE: Indica conceitos ou explicações que merecem destaque. Fique atento! ANOTAÇÕES: Espaço destinado para suas anotações a respeito do tema estudado. REFLITA: São questionamentos acerca de aspectos centrais do texto. OBJETIVOS: Indicam os conhecimentos a serem desenvolvidos por você durante o estudo de cada tema. A IMPORTÂNCIA DA COM PERSPECTIVAS DA ENFERMAGEM PEDIÁTRICA NO BRASIL 10 TEMA 1 TEMA 1 PERSPECTIVAS DA ENFERMAGEM PEDIÁTRICA NO BRASIL ENFERMAGEM APLICADA À SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Iniciando nosso diálogo É com imenso prazer que apresento o conteúdo programático da disciplina Enfermagem aplicada à saúde da criança e do adolescente, que aborda a assistência de enfermagem destinada à criança, com base nos estudos dos principais fatores que caracterizam o crescimento e o desenvolvimento infantil, com enfoque nas diversas faixas etárias e suas aquisições físicas, emocionais e cognitivas, considerando os aspectos de suas necessidades no estado de saúde e doença, desde a assistência neonatal com base na Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). A disciplina requer uma contextualização histórica e fenomenológica, além da fundamentação teórica, que ultrapassa as barreiras da sala de aula, por esta razão ofertaremos parte deste conteúdo na modalidade de Ensino à Distância, a fim de facilitarmos as discussões em sala de aula. Vamos iniciar nosso aprendizado! OBJETIVOS GERAL hh Habilitar o futuro enfermeiro a prestar assistência de enfermagem ao neonato, criança e adolescente, saudáveis bem como nas alterações do estado de saúde. OBJETIVOS ESPECIFICOS hh Capacitar o aluno a prestar assistência de enfermagem à criança enferma e ao RN, baseando-se nas características do crescimento e desenvolvimento, enfocando a SAE como um instrumento de assistência direcionada e personalizada hh Saber identificar as necessidades da criança de acordo com o grupo etário; hh Realizar exame físico do RN e da criança nas várias faixas etárias hh Apresentar as principais doenças da infância hh Capacitar ao aluno a prestar assistência nas diversas faixas etárias focando a família Vamos iniciar nosso aprendizado! 11 A IMPORTÂNCIA DA COM PERSPECTIVAS DA ENFERMAGEM PEDIÁTRICA NO BRASIL 12 TEMA 1 TEMA 1 PERSPECTIVAS DA ENFERMAGEM PEDIÁTRICA NO BRASIL 1. PERSPECTIVAS DA ENFERMAGEM PEDIÁTRICA NO BRASIL A proposta deste tema é contextualizar o desenvolvimento das políticas públicas de atenção à infância. Compreender como se deu a evolução destas políticas públicas nos auxilia a refletir sobre a importância do enfermeiro para a garantia dos direitos da criança. 1.1 EVOLUÇÃO DA PEDIATRIA SOCIAL NO BRASIL A infância é discutida desde a antiguidade, foi registrada e descrita 2.500 anos a.C no Código de Hamurabi dos babilônios e 1.500 anos a.C. no Papiro de Erbes dos egípcios, os quais já continham leis destinadas à proteção da criança. Na era hipocrática, (460 anos a.C.) houve grande estímulo a educação higiênica da criança. A civilização greco-romana, por meio de Sorano e Galeno, desenvolveu muito a Puericultura, enfatizando o aleitamento materno. Na idade Média, sob influência do Cristianismo e do Direito Romano, surgiam leis de proteção à criança que se propagaram por toda a Europa. O francês Saimon de Vallembert, um dos pioneiros nos registros de Puericultura, escreveu em 1565, obra intitulada: “Da maneira de alimentar e educar” (ISSLER, MARCONDES;1999). O termo Puericultura surgiu em 1762, num tratado sem repercussão do suíço Jacques Ballexserd. Em 1865, o Médico francês Alfred Caron reafirma o termo com sua obra “La puériculture ou la science d élever hygieniquement et phisiologiquement les enfants” (BONILHA, RIVOREDO; 2005). Em oposição aos cuidados destinados às crianças, a história nos mostra que o abandono infantil é uma prática antiga, registrada na Bíblia, no caso de Moisés, e na tragédia grega, com Édipo Rei. Mas foi depois da Peste Negra (1348) que o número de bebês deixados à própria sorte se multiplicou pelas cidades européias ( MILLAN, 2011). A Itália foi o primeiro país a criar as denominadas casa da rodas dos “enjeitados” (ou casa dos expostos), nome dado às crianças abandonadas pelos pais. No Brasil, as instituições religiosas foram as primeiras a abrigarem tais crianças, as Santas Casas de Misericórdia cumpriram o papel de resguardar as crianças desfavorecidas, nelas existiam cilindros de madeira giratórios fixados na parede que serviam de contato com o mundo externo, onde eram deixados os recém-nascidos rejeitados (MILLAN, 2011). Fonte: pt.m.wikipedia.org 13 A IMPORTÂNCIA DA COM PERSPECTIVAS DA ENFERMAGEM PEDIÁTRICA NO BRASIL TEMA 1 Normalmente a criança era abandonada na calada da noite e a mãe, assim, tinha a identidade preservada. Ao colocar o bebê, tocava-se uma campainha e a rodeira da instituição cristã vinha recolher o rebento. Os índices de mortalidade infantil nestes locais chegavam a 70%. A preocupação com a saúde da criança só ganhou força a partir do século XVIII, quando Moncorvo Filho, em 1890, que trouxe o termo Puericultura para o Brasil, inicialmente com caráter higienista, devido às desordens sanitárias instaladas no país, estas ações eram eminentemente educativas e só foram difundidas a partir de 1920 (BONILHA, RIVOREDO; 2005) . Nesta época o comércio de escravas Amas-de-leite era anunciado em jornais, em valores que chegavam até a 22 mil contos de réis, o equivalente ao aluguel de uma casa de alto padrão no Rio de Janeiro, muitas vezes estas mulheres realizavam não apenas para o ofício da amamentação, mas todos os demais afazeres domésticos. As amas negras, passaram a preocupar os médicos higienistas, devido às possíveis conseqüências que resultariam da grande inserção dessas mulheres nas casas abastadas da sociedade. Os médicos passam a interpretar a prática do aleitamento como algo nocivo à saúde da criança e da sociedade. Desta forma, a crítica médica ao modelo de comércio de Amas representava uma enorme barreira à continuidade desse tipo de serviço, associado às altas taxas de mortalidade infantil, passando a exigir exames de saúde das Amas-de-leite, para a garantia da oferta do serviço prestado, sendo esta uma das primeiras medidas de saúde pública destinada à proteção da criança, o comércio de Amas-de-leite, então enfraqueceu e em pouco tempo se extinguiu, uma vez que tornou cara a manutenção deste serviço. fonte: commons.wikimedia.org A partir da década de 50, aos poucos a puericultura perde sua importância em detrimento de uma medicina mais curativa e baseada em especialidades, perdendo o caráter das ações preventivas (BONILHA, RIVOREDO; 2005). As políticas de saúde destinadas à infância no Brasil despontaram a partir da década de 70 e será estudada em capítulo posterior. 14 TEMA 1 PERSPECTIVAS DA ENFERMAGEM PEDIÁTRICA NO BRASIL 1.2 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE O Estatuto da Criança e do Adolescente foi promulgado pela Lei 8.069 de 13 de julho de 1990, originário de amplas discussões políticas que culminaram com a Constituição Federal de 1988, que previu em seu artigo 227 a responsabilidade da família, da sociedade e do Estado de assegurarem à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. A participação popular, com mais de um milhão de assinaturas, conseguiu eliminar o Código de Menores, que vigorava no Brasil desde 1927, submetido a uma revisão realizada no período da ditadura que originou "O Código de Menores de 79 - Lei 6697 de 10/10/79". O Código de Menores de 1927 era endereçado apenas às crianças consideradas em "situação irregular" . Em seu Artigo 1º, já explicitava a quem a lei se aplicava: "O menor, de um ou outro sexo, abandonado ou delinqüente, que tiver menos de 18 anos de idade, será submetido pela autoridade competente ás medidas de assistência e proteção contidas neste Código." (grafia original) Código de Menores - Decreto N. 17.943 A – de 12 de outubro de 1927" Este documento visava estabelecer diretrizes claras para o trato da infância e juventude excluídas, regulamentando questões como trabalho infantil, tutela e pátrio poder, delinqüência e liberdade vigiada. No Código de Menores o juiz era dotado de grande poder, inclusive o de decidir sobre o destino de muitas crianças e adolescentes (RIO DE JANEIRO, 2000). Durante décadas perdurou a distinção na abordagem jurídica entre as diferentes classes sociais, que discriminava as crianças de classes desfavorecidas, denominando-as "menores infratores". Tal injustiça social despertou o interesse da comunidade acadêmica para o desenvolvimento de pesquisas sobre populações em situação de risco, especificamente a situação da criança de rua e o chamado delinqüente juvenil, além disso, movimentos populares em prol da infância contribuíram para a consolidação do ECA (RIO DE JANEIRO, 2000). A Convenção sobre os direitos da Criança, proposto pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 20 de novembro de 1989, foi ratificada pelo Brasil em setembro de 1990, posterior a promulgação da Constituição Cidadã e do ECA. E qual é a importância do ECA para os profissionais de Enfermagem? Em seu primeiro artigo o ECA garante a criança e ao adolescente a proteção integral; No artigo 2º estabelece para fins jurídicos quem são crianças e adolescentes no país; No artigo 3º garante os direitos fundamentais da criança e do adolescente; No artigo 4º estabelece o dever da família, da sociedade e do estado em garantir os direitos 15 A IMPORTÂNCIA DA COM PERSPECTIVAS DA ENFERMAGEM PEDIÁTRICA NO BRASIL TEMA 1 da criança e do adolescente. Estes quatro primeiros artigos são fundamentais a prestação da assistência de enfermagem, uma vez que em caso de catástrofe, as crianças e adolescentes têm prioridades no atendimento, assim como na atenção básica, são garantidas as consultas de puericultura às crianças de até 5 anos de idade, prioritariamente, a fim de garantir o seu crescimento e desenvolvimento saudáveis. Na atenção secundária, ou nos casos de internação hospitalar é importante estabelecer a faixa etária em que se encontra a criança e/ou o adolescente, para determinar o tipo de unidade em que o mesmo permanecerá durante o período de hospitalização. Já imaginou internar um adolescente de 14 anos numa unidade de geriatria? Como este adolescente se sentiria? Ou mesmo um bebê de 9 meses hospitalizado sem um acompanhante? estes são alguns exemplos de direitos fundamentais que crianças e adolescentes devem ter respeitados. Até 1990, as crianças permaneciam hospitalizadas sem direito a acompanhantes, pense como era para a criança, em seu momento mais doloroso, não poder contar com o apoio materno? Além disso, a família muitas vezes negligenciava o acesso a educação infantil, deixava de matricular a criança ou simplesmente permitia que a criança abandonasse os estudos. Com o ECA a família tem o dever de garantir saúde, educação e lazer às crianças e, caso exista qualquer tipo de dificuldade para que a criança seja matriculada em uma escola próxima, o Estado tem que garantir o acesso dessa criança a uma escola em sua região. A família que não cumprir o seu papel encaminhando a criança para a escola, é notificada pela escola e, caso persista a ausência escolar, o Estado intervém, garantindo desta forma o direito à educação. Outros artigos do ECA influenciam diretamente na assistência prestada pela enfermagem, você pode exemplificar? Consulte o ECA e utilize um dos artigos para fundamentar a assistência de enfermagem numa situação hipotética. Acesse o ECA no endereço: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm 16 TEMA 1 PERSPECTIVAS DA ENFERMAGEM PEDIÁTRICA NO BRASIL SUGESTÃO DE LEITURA Para saber mais sobre a Casa dos Exposto acesse: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1147743&tit=Um-abrigopara-bebes-abandonados Para saber mais sobre o comércio de Amas de leite acesse o endereço: http://www.revistagenero.uff.br/index.php/revistagenero/article/view/244/164 http://www.hcomparada.historia.ufrj.br/revistahc/artigos/volume006_Num002_artigo006.pdf Conheça mais sobre as políticas de assistência social à criança no endereço eletrônico: http://www.cmddcamacae.rj.gov.br/download/capacitacao_conselheiro/historia_dos_direitos_da_ crianca_e_do_adolescente.pdf 17 REFERÊNCIAS ISSLER H, LEONE C, MARCONDES E, orgs. Pediatria na atenção primária. São Paulo: Sarvier; 1999. BONILHA LRCM, RIVOREDO CRSF. Puericultura: duas concepções distintas. Jornal de Pediatria (Rio de Janeiro) 81(1) Jan/fev. 2005. [Acesso em 2006 jun 04]. Disponível em: http//www.scielo. br. MILAN, Pollianna. Um abrigo para bebês abandonados: a roda dos enjeitados – local onde as crianças eram colocadas para doação – era um processo civilizador em uma sociedade que não considerava o infanticídio crime. Gazeta do Povo, 2011. Disponível http://www.gazetadopovo.com. br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1147743&tit=Um-abrigo-para-bebes-abandonados BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente (1990). Estatuto da criança e do adolescente: Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, Lei n. 8.242, de 12 de outubro de 1991. – 3. ed. – Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2001. RIO DE JANEIRO, Conselho de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente - CONDECA. Uma Breve História dos Direitos da Criança e do Adolescente no Brasil.Era 2000. Macaé, Rio de Janeiro, 2000. 19 Anotações ANOTAÇÕES Chegou a sua vez! Aproveite o momento para sintetizar o que foi abordado neste tema, identificando as ideias principais. Lembre-se de que essa é uma atividade de sistematização dos conceitos compreendidos, por isso você pode desenvolvê-la aqui em Anotações, ou se preferir, em seu Diário Reflexivo, disponível no Ambiente Virtual da Disciplina. _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 20 Anotações _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 21