ESTRABISMO, OFTALMOLOGIA PEDIÁTRICA 14:30 | 16:30 - Sala Lira Mesa: Rui Castela, Rita Dinis da Gama, Sandra Guimarães CL199- 15:30/15:40 IMPACTO DO ESTRABISMO NA QUALIDADE DE VIDA DE UM GRUPO DE CRIANÇAS DOS 5 AOS 12 ANOS – ESTUDO PILOTO 1 2 1 1 1 Sandra Rodrigues Barros , Ana Vide Escada , Nadine Marques , João Nobre Cardoso , Ana Filipa Miranda , 1 2 1 Joaquim Silva , Maria Lourdes Vieira , Nuno Campos (1-Hospital Garcia de Orta, 2-Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto) Introdução A avaliação da qualidade de vida relacionada com a saúde (HRQoL) emergiu nos últimos anos como uma medida da taxa de sucesso na prática clínica e como instrumento na delineação de estratégias de melhoria da qualidade em saúde. O estrabismo é uma patologia frequente na população pediátrica, sendo a sua prevalência de cerca de 4% em Portugal. Pode interferir com a visão binocular e com a percepção de profundidade, podendo ainda ter um impacto negativo na auto-imagem, com consequências psicossociais significativas. Os autores propõem-se estudar uma amostra da população pediátrica com e sem estrabismo, seguida em consultas hospitalares, através da aplicação de um questionário de qualidade de vida traduzido e validado para a população pediátrica portuguesa – PedsQL 4.0, Inventário sobre a Qualidade de Vida Pediátrica - e comparar o impacto desta patologia na qualidade de vida. Material e Métodos Foram estudadas 56 crianças com idades compreendidas entre os 5 e os 12 anos, seguidas na consulta do IOGP, em 2014. Definiram-se como critérios de exclusão: crianças tratadas com toxina botulínica ou cirurgia nos 6 meses prévios à administração do questionário, patologias médicas que cursam com atraso de desenvolvimento psicomotor e progenitor/representante legal que não aceite participar. No final de cada consulta e após consentimento informado, foi aplicado o questionário PedsQL 4.0 ao progenitor/representante legal. É constituído por 23 perguntas construídas para avaliar as dimensões centrais da qualidade de vida pediátrica: saúde física, emocional, social e escolar, psicossocial e total. Resultados Foram incluídas 56 crianças entre os 5 e os 12 anos de idade, das quais 33 (58,9%) tinham estrabismo. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre as crianças com e sem estrabismo em nenhum dos scores, mesmo quando ajustado para a idade. Apesar disso, as médias foram inferiores no grupo com estrabismo em termos de saúde emocional (84,84 vs. 88,26), saúde social (91,06 vs. 92,82) e psicossocial (86,81 vs. 88,26), o que poderá indicar uma tendência para associação entre estrabismo e piores índices de qualidade de vida. Conclusão Estudos pregressos revelam que o estrabismo se associa a níveis inferiores de qualidade de vida na população pediátrica, com impacto funcional e psicossocial significativo. Embora neste estudo não se tenham encontrado diferenças estatisticamente significativas na HRQoL em crianças dos 5 aos 12 com e sem estrabismo, estes resultados podem resultar da dimensão amostral, podem colocar em evidência a falta de sensibilidade dos questionários gerais sobre HRQoL, podem evidenciar a eventual não valorização pelos pais das dificuldades sensoriomotoras dos filhos e/ou salientar a correlação imperfeita entre a informação fornecida pelos pais e pela criança. Serão necessários mais estudos de modo a responder cabalmente a qual o impacto do estrabismo na HRQoL em idade pediátrica.