VI Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental III-075 – PROPOSIÇÃO DE UM PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA O PORTO DE CABEDELO/PB Claudia Coutinho Nóbrega(1) Engenheira civil pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB/1989. Mestre em Engenharia Sanitária. Doutoranda em Recursos Naturais na UFPB. Vários trabalhos publicados em congressos e revistas nacionais e internacionais. Professora Assistente IV do Departamento de Tecnologia da Construção Civil do Centro de Tecnologia da UFPB/Campus I Roberto Nelson Nunes Reis Engenheiro civil e sanitarista do M.S./FUNASA-PB. Heber Pimentel Gomes Engenheiro civil pela UFPB (1977). Mestre, pela mesma Universidade (1980), na área de Hidrologia e Hidráulica. Especialista em Gestão de Recursos Hídricos pela Escola de Engenharia de São Carlos. Doutor em Hidráulica pela Universidad Politécnica de Madrid. Recebeu o Prêmio Anual Gonzáles Cruz, outorgado por aquela Universidade, referente ao melhor trabalho científico no ano de 1992, com respeitos ao tema das Obras Hidráulicas. É pesquisador-bolsista do CNPq, possui dezenas de trabalhos científicos publicados no Brasil e no exterior, é autor do livro “Engenharia de Irrigação - Hidráulica dos Sistemas Pressurizados”. É atualmente Professor Adjunto IV do Departamento de Tecnologia da Construção Civil do Centro de Tecnologia/UFPB. Endereço(1): Av. Oceano Atlântico, 198/101 – Intermares – Cabedelo – PB – CEP: 58310-000 – Brasil – Tel: (83) 248 –1937 - e-mail: [email protected] RESUMO O Porto de Cabedelo está situado na margem direita do estuário do Rio Paraíba do Norte e vizinho ao Forte de Santa Catarina, no município de Cabedelo/PB. O Porto de Cabedelo gera os mais diversos tipos de resíduos sólidos, tais como: entulho da construção civil, folhagem, granéis (milho, trigo, cevada, etc), papéis, papelão, copos descartáveis, restos de alimentos e outros. A limpeza e a coleta dos resíduos é realizada pela empresa Cabedelo Transportes. De acordo com a referida empresa, no ano de 2000, o porto produziu 539.360 toneladas de resíduos, oriundos do próprio porto e de embarcações nacionais. Como não possui uma unidade de tratamento e/ou disposição final de resíduos, o posto da vigilância sanitária, localizada nas dependências do próprio porto, não permite que o lixo proveniente de embarcações internacionais seja desembarcado no porto de Cabedelo. De acordo com informações obtidas através da administração e do posto da vigilância sanitária, o mesmo não recebe resíduo químico de natureza tóxica. Os resíduos provenientes de cargas tipo granéis (milho, cevada, trigo, etc.), depois de coletados, são encaminhados para as dependências da Delegacia Regional do Ministério da Agricultura na Paraíba. A delegacia se encarrega de inspecionar e dar o destino adequado aos resíduos de natureza agrícola. Este trabalho teve como objetivo elaborar um plano de gerenciamento para o porto de Cabedelo, a fim de que preserve a saúde humana e o meio ambiente. PALAVRAS-CHAVE: Resíduos sólidos, porto de Cabedelo INTRODUÇÃO O Porto de Cabedelo está situado na margem direita do estuário do Rio Paraíba do Norte e vizinho ao Forte de Santa Catarina, no município de Cabedelo/PB. O Porto de Cabedelo gera os mais diversos tipos de resíduos sólidos, tais como: entulho da construção civil, folhagem, granéis (milho, trigo, cevada, etc), papéis, papelão, copos descartáveis, restos de alimentos e outros. A limpeza e a coleta dos resíduos é realizada pela empresa Cabedelo Transportes. De acordo com a referida empresa, no ano de 2000, o porto produziu 539.360 toneladas de resíduos, oriundos do próprio porto e de embarcações nacionais. Como não possui uma unidade de tratamento e/ou disposição final de resíduos, o posto da vigilância sanitária, localizada nas dependências do próprio porto, não permite que o lixo proveniente de embarcações internacionais seja desembarcado no porto de Cabedelo. De acordo com informações obtidas através da administração e do posto da vigilância sanitária, o mesmo não recebe resíduo químico de natureza tóxica. Os resíduos provenientes de cargas tipo granéis (milho, ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1 VI Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental cevada, trigo, etc.), depois de coletados, são encaminhados para as dependências da Delegacia Regional do Ministério da Agricultura na Paraíba. A delegacia se encarrega de inspecionar e dar o destino adequado aos resíduos de natureza agrícola. OBJETIVOS O objetivo do trabalho é o de propor um plano de gerenciamento de resíduos sólidos para o Porto de Cabedelo, através da caracterização da sua instalação, da execução do diagnóstico da situação atual com relação aos resíduos sólidos e finalmente de propor as diretrizes do plano. MATERIAIS E MÉTODOS Para a realização deste trabalho foi feito um diagnóstico do serviço de limpeza do porto de Cabedelo. Foram consultadas as legislações em vigência no âmbito federal (Resolução CONAMA nº 05/93 e 06/91) e as normas brasileiras da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas): NBR’s 10.004, 7.500, 10.007, 12.807, 12.808, 12.809, 9.190, 9.191 e 9.195. Também foram consultadas a “International Maritme Organization” e a RDC nº 15, de 12 de janeiro de 2001 da Vigilância Sanitária. Tanto o estado da Paraíba como o município de Cabedelo não possui legislação sobre os resíduos sólidos RESULTADOS Com a realização do diagnóstico dos serviços de limpeza do porto, foram constatados alguns problemas no sistema de acondicionamento, coleta, uso de EPI’s e tratamento e/ou disposição dos resíduos sólidos. A seguir serão descritos os sistemas de limpeza do porto. Acondicionamento Os resíduos sólidos gerados no porto, são acondicionados em recipientes metálicos, onde se pode constatar que nem todos os coletores possuem tampa. Observa-se também que não são colocados sacos plásticos internamente nos coletores, como determina a resolução CONAMA 05/93. Em uma visita feita a um navio pesqueiro espanhol, foi observado que não há nenhuma preocupação na forma de acondicionamento dos resíduos sólidos, como também não há separação dos materiais recicláveis. Coleta do porto de Cabedelo A limpeza dos pátios cobertos e descobertos, além dos armazéns e de toda área do cais do Porto de Cabedelo é realizada por seis (06) homens. O equipamento de coleta é composto de quinze (15) carrinhos de mão, quatro (04) pás mecânicas, seis (06) caçambas basculante e uma (01) retro escavadeira. A coleta é realizada no período das 8:00hs às 12:00hs e das 13:00hs às 17:00hs. O ponto de partida da limpeza das vias do Porto é em frente ao edifício da administração, na área de estacionamento da entrada principal e adjacências. Esse serviço é feito, normalmente, por dois (02) homens. Outros dois (02) fazem a limpeza da área da Inspetoria e mais dois (02) homens na frente do cais do porto. Após essa limpeza o inspetor determina ao encarregado a distribuir os homens nos diversos pontos do Porto: armazéns, faixa do cais, vias laterais e outras localidades que necessitem de limpeza. A rota da coleta e limpeza do pátio e cais está apresentada no mapa 1, em anexo. Após a varrição sempre são utilizados carrinhos de mão para coleta dos resíduos. Deve-se ressaltar que os funcionários da limpeza não vêm utilizando equipamentos de proteção individual (EPI´s), contrariando as recomendações do Ministério do Trabalho NR – 6 (Lei 6.514 de 22/12/1978), Vigilância Sanitária, NBR 12.810 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e o Contrato com a Docas-PB (figura 5.2). ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2 VI Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental Disposição dos coletores Não estão sendo colocados coletores no cais e alguns armazéns. Nesses locais não deveriam faltar coletores de lixo, já que são pontos de geração de resíduos sólidos. Forma de destinação final No porto não há programas de reutilização e/ou reciclagem de materiais. O lixo do Porto de Cabedelo é disposto no Lixão do Roger (João Pessoa), situado a 30Km do porto. Este lixão recebe os resíduos de todo o município de Cabedelo e João Pessoa e atualmente está em processo de remediação. Plano de gerenciamento Após a realização do diagnóstico foi elaborado o plano de gerenciamento considerando os princípios que conduzem a reciclagem. A reciclagem envolvendo a reutilização ou a recuperação de resíduos sólidos deverá ser comunicada à Vigilância Sanitária do Porto, que fará a avaliação do processo, sendo proibida a reciclagem dos resíduos sólidos oriundos de embarcações internacionais, tendo em vista que o mesmo é considerado pela Resolução 05/93 do CONAMA como resíduos infectantes ou perigosos. A redução, a reutilização e a reciclagem de resíduos proveniente de serviços de saúde, portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários surgem em nosso tempo como alternativas de gerenciamento e são denominadas como tecnologias ambientais ou limpas. Em primeiro lugar, deve-se promover a minimização dos resíduos, com a redução do consumo de energia e matéria-prima. Em segundo lugar deve-se incentivar a reutilização e finalmente a reciclagem. Os conceitos de redução, reutilização e reciclagem de resíduos sólidos são definidos, respectivamente, como: • A redução dos resíduos é a eliminação de sua geração na fonte, usualmente dentro de um processo, ou sua minimização, na extensão em que pode ser praticada, criando assim possibilidades de redução de custos de tratamento e disposição final dos resíduos, economia no transporte e armazenamento, redução de prêmios de seguro e diminuição de gastos com segurança e proteção à saúde. • A reutilização é o reaproveitamento direto do artigo na forma em que foi originalmente produzido. • A reciclagem é a reposição de volta ao ciclo produtivo de matérias primas que não se degradam facilmente e que podem ser reprocessadas, mantendo suas características básicas. A coleta seletiva dos resíduos sólidos é a prática organizada para diminuir a produção dos resíduos sólidos, evitar desperdício de recursos e educar para a cidadania. A seguir será descrita a proposta do plano de gerenciamento para o Porto de Cabedelo. Proposta para o Plano de gerenciamento As principais considerações e diretrizes a serem seguidas no Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos para o Porto de Cabedelo são: a) Os funcionários responsáveis pela limpeza, devem estar usando os EPI’s (equipamentos de proteção individuais) e devem ser capacitados para classificar, manusear, segregar adequadamente os resíduos sólidos e conhecer o sistema de identificação quanto aos símbolos, cores e tipos de recipientes. Os resíduos sólidos, denominados rejeitos radioativos, têm que ser manipulados por profissionais especializados, capacitados, treinados e devem estar sempre portando os EPI’s necessários; ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3 VI Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental b) Os resíduos infectantes devem ser colocados em sacos plásticos branco leitoso e postos em conteiners para este tipo de resíduo. Os resíduos pérfuro cortantes devem ser acondicionados em caixas de papelão rígidas e devem ser posto nos conteiners para resíduos infectantes. Os resíduos sólidos comuns devem ser colocados em sacos plásticos de qualquer cor, exceto o branco leitoso, e acondicionados em conteiners para resíduos comuns; c) O transporte dos resíduos sólidos ocorrerá nos dois turnos (manhã e tarde) e obedecerá o método e o fluxo estabelecido no PGRS. O transporte terá que ser realizado de modo que não ocorra o rompimento dos sacos plásticos, como também não deve ocorrer esforço excessivo por parte dos servidores encarregados da tarefa. Não deve provocar ruídos ou causar riscos de acidentes para os servidores que estarão sempre utilizando os EPI’s. O transporte poderá ser realizado manualmente, em saco plástico, se o mesmo estiver lacrado e não exceder 20 litros de capacidade ou 4,5 Kg. Caso o saco tenha capacidade acima de 20 l, os resíduos deverão ser transportados por um carro de coleta; d) Deve ser construída a Central de Triagem de Resíduos Sólidos, a fim de separar os materiais recicláveis (papel, papelão, vidro, plástico, metal ferroso e não ferroso) do material não reciclável; e) Os resíduos infectantes devem ser encaminhados a uma vala séptica, que pode ser construído através de parcerias ou terceirizados. Os resíduos comuns devem ir para o aterro sanitário do município ou terceirizado; f) Os funcionários deverão fazer treinamento antes da implantação deste plano e sempre que necessário; g) A coleta dos resíduos infectante e comum deve obedecer ao roteiro estabelecido no PGRS; h) Para os resíduos especiais este plano recomenda que o pessoal responsável para manusear, acondicionar e coletar estes resíduos sejam especializados, capacitados e treinados e que em atividade devem estar com os EPI’s necessários e suficientes à proteção e a integração física do profissional; i) Os resíduos especiais devem ser manuseados, acondicionados, coletados, tratados e/ou dispostos de acordo com suas características; j) A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA é o órgão que necessariamente deve existir, sendo composta por igual número de representantes dos empregados e do empregador. Seu objetivo é o de zelar pelas condições de trabalho dos empregados e do patrimônio do empregador. No estabelecimento portuário, sua atuação se amplia, beneficiando também o usuário; k) O poder público deve intervir sempre que a questão, dos resíduos sólidos, envolver riscos à saúde pública, à saúde do trabalhador ou ao meio ambiente; l) O porto de Cabedelo é o responsável pelos custos associados ao tratamento ou disposição final especial exigido pelo lixo. É de responsabilidade da instituição a adequada separação, identificação, coleta e destinação dos resíduos sólidos produzidos; e; m) Os órgãos que funcionam dentro do porto são obrigados a obedecerem às recomendações do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. CONCLUSÕES Espera-se com a implantação do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) do Porto de Cabedelo, os resíduos sólidos sejam manuseados pelos funcionários de forma segura e não polua o meio ambiente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Resolução – RDC nº 15, de 12 de janeiro de 2001 Projetos de Aterros Sanitários de Resíduos Sólidos – Procedimento. São Paulo. 1994. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) - Resolução nº 5 de 05 de agosto de 1993. Diário Oficial da União. Brasília. 1993. Norma NEA – 55. Instituto de Pesquisa e Tecnologia – IPT. Resolução do Comitê de Proteção do Meio Ambiente da Organização Marítima Internacional MEPC/IMO Nº 83 (44), traduzida livremente pelo Departamento de Portos/STA/MT. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 4