UNINGÁ – UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ FACULDADE INGÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENDODONTIA CIBELE REGINA LONDERO RETRATAMENTO ENDODÔNTICO: ANÁLISE CRÍTICA DAS TÉCNICAS UTILIZADAS PASSO FUNDO 2009 1 CIBELE REGINA LONDERO RETRATAMENTO ENDODÔNTICO: ANÁLISE CRÍTICA DAS TÉCNICAS UTILIZADAS Monografia apresentada à unidade de Pósgraduação da Faculdade Ingá – UNINGÁ – Passo Fundo-RS como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Endodontia. Orientador: Prof. Dr. José Roberto Vanni. PASSO FUNDO 2009 2 CIBELE REGINA LONDERO RETRATAMENTO ENDODÔNTICO: ANÁLISE CRÍTICA DAS TÉCNICAS UTILIZADAS Monografia apresentada à comissão julgadora da Unidade de Pós-graduação da Faculdade Ingá – UNINGÁ – Passo FundoRS como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Endodontia. Aprovada em ___/___/______. BANCA EXAMINADORA: ________________________________________________ Prof. Dr. José Roberto Vanni- Orientador ________________________________________________ Prof ª. Ms.Flávia Baldissareli ________________________________________________ Prof. Ms. Mateus Silveira Martins Hartmann 3 DEDICATÓRIA Aos meus queridos pais, Alcides e Elda, pelo amor incondicional, apoio e incentivo constantes, compreensão, amizade e torcida ao longo de toda a minha vida. Vocês são um grande e precioso presente de Deus! Minha eterna gratidão e amor! A Diego, meu marido, meu amor, meu companheiro, meu amigo, meu porto seguro... Por seu inestimável apoio, em todos os momentos; Pelo amor, pelo incentivo, pela compreensão; Pela pessoa maravilhosa que é... e que tenho o privilégio de ter ao meu lado. Este é só mais um passo que damos juntos! Amo você! 4 AGRADECIMENTO ESPECIAL Ao meu prezado orientador, Prof. Dr. José Roberto Vanni, Pelo incentivo desde minha graduação; Pela confiança sem tamanho que depositou em mim; Por sua disponibilidade e paciência ao me transmitir seus valiosos conhecimentos científicos e profissionais. Minha gratidão e admiração! 5 AGRADECIMENTOS A Deus, pelo dom da vida, pela força e paciência nos momentos de dificuldade... e por colocar em meu caminho pessoas tão especiais. Aos amigos e familiares que acompanharam esta conquista, pela eterna amizade, carinho e confiança, pelos bons momentos, pela compreensão, pela ajuda e disponibilidade ao longo da vida. Aos meus colegas de curso, pela amizade e companheirismo durante a jornada. Aos professores do Curso de Especialização, que muito contribuíram para meu aprimoramento profissional. Ao Prof. Ms. Volmir João Fornari, exemplo de profissional, a quem aprendi a admirar ainda mais. Obrigada pela amizade, disponibilidade, dedicação e competência! A Profª. Lilian Rigo, por seu inestimável auxílio na realização deste trabalho, pela atenção, por todas as suas sugestões e orientações, ora como mestre, ora como amiga. Muito obrigada! Aos funcionários do CEOM, pela acolhida, disponibilidade e simpatia! 6 “O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria, se aprende é com a vida e os humildes.” Cora Coralina 7 RESUMO Apesar de todo o avanço técnico e científico que vem ocorrendo na Odontologia, o retratamento endodôntico de canais radiculares continua freqüente na clínica odontológica. O insucesso advém de uma série de fatores, dentre os quais se destaca a persistência de determinados microorganismos no sistema de canais. Assim, o principal objetivo do retratamento é promover a desobturação dos condutos radiculares, de modo a propiciar adequada limpeza e sanificação e facilitar a remodelagem e posterior obturação destes. O propósito deste estudo foi, através de uma revisão crítica de literatura, conhecer e comparar diferentes técnicas de retratamento que permitam realizar com maior segurança, eficiência e rapidez a remoção de diversos tipos de material obturador do interior dos canais radiculares. Verifica-se, porém, que nenhuma das técnicas utilizadas para este fim mostra-se capaz de promover a completa desobturação. Palavras-chave: Endodontia. Retratamento. Guta-percha. 8 ABSTRACT Although all technical and scientific development that occurs in Odontology, endodontic retreatment continues frequent on clinics. The unsuccess is caused by many factors, beyond those the presence of some microorganisms in the canals system. Then, the main purpose of retreatment is to provide de disobturation of radicular canals, in a way that it promoves adequate cleaning and makes shaping and final obturation of those easier. The aim of this study was, through a critical revision of literature, to know and to compare different retreatment techniques that allow to make the removal of many types of obturation materials from the radicular canals safely, efficienciently and quickly. It was verified, however, that none of the techniques used with this aim, was able to provide a complete disobturation. Key words: Endodontics. Retreatment. Gutta-Percha. 9 LISTA DE ABREVIATURAS AET – Anatomic Endodontic Technology ANOVA – Análise de variância CT – Comprimento de trabalho DPI – Dots per inch GG – Gates-Glidden GT – Greater Taper M.E.V. – Microscopia eletrônica de varredura M-L – Mésio-lingual mL – Mililitros mm – Milímetro mm² – Milímetro quadrado NiTi – Níquel-Titânio p – Nível de significância r.p.m. – Rotações por minuto RaCe – Reamer with alternating cutting edges V-L – Vestíbulo-lingual 10 LISTA DE SÍMBOLOS % - Percentual > - Maior que < - Menor que # - Diâmetro 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 14 2.1 ESTUDOS REALIZADOS PARA AVALIAR TÉCNICAS DE RETRATAMENTO ENDODÔNTICO ................................................................... 14 2.2 VARIÁVEIS PRESENTES NOS ESTUDOS QUE TRATAM DO RETRATAMENTO ENDODÔNTICO ................................................................... 45 2.2.1 Amostra ................................................................................................................... 45 2.2.2 Materiais obturadores ......................................................................................... 46 2.2.3 Técnicas de obturação dos canais radiculares ........................................... 49 2.2.4 Técnicas de desobturação dos canais radiculares..................................... 51 2.2.4.1 Utilização de solventes .......................................................................................... 51 2.2.4.2 Utilização de instrumentos manuais .................................................................... 52 2.2.4.3 Utilização de sistemas rotatórios.......................................................................... 52 2.2.4.4 Utilização de outros recursos................................................................................ 54 2.2.5 Objetivos dos estudos ........................................................................................ 54 2.2.6 Métodos de avaliação dos retratamentos endodônticos .......................... 55 3 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 57 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 58 APÊNDICE A ....................................................................................................................... 64 12 1 INTRODUÇÃO O retratamento de canais radiculares tem se tornado cada vez mais freqüente na clínica endodôntica, em conseqüência do insucesso que advém, principalmente, de uma limpeza insuficiente e de uma inadequada obturação destes. Segundo Estrela e Esponda (2004), os vestígios do insucesso do tratamento endodôntico são detectados através de exames clínicos e radiográficos e caracterizam-se pela presença de lesão periapical e sintomatologia pós-tratamento. Os mesmos autores afirmam que “o insucesso endodôntico geralmente é decorrente de fatores técnicos (operatórios), patológicos (alteração presente) ou influenciados pelos fatores sistêmicos (doenças que dificultam o processo de reparação tecidual).” Frente a um insucesso, o retratamento deve sempre ser considerado o tratamento de eleição, uma vez que é uma alternativa mais conservadora e que tem demonstrado grandes chances de êxito, deixando a cirurgia apical como uma possibilidade futura, caso a reintervenção não seja bem sucedida (HÜLSMANN; BLUHM, 2004; HAMMAD; QUALTROUGH; SILIKAS, 2008). O principal objetivo do retratamento é a retomada do acesso ao forame apical através da remoção do material obturador para que, então, se realize uma adequada limpeza e modelagem de todo o sistema de canais radiculares, propiciando uma obturação final satisfatória (HÜLSMANN; STOTZ, 1997; TASDEMIR; YILDIRIM; ÇELIK, 2008a). Muitas técnicas têm sido indicadas para a remoção dos mais diferentes tipos de materiais obturadores, sendo a guta-percha, associada a um cimento, o principal deles. Para tanto, pode-se fazer uso de instrumentos endodônticos, instrumentos aquecidos, solventes, aparelhos mecânicos ou ultra-sônicos e laser. Em muitos casos, a combinação de diferentes técnicas pode ser o método mais rápido e eficiente para promover a desobturação (TANOMARU FILHO et al., 1999; BHARATHI; CHACKO; LAKSHMINARAYANAN, 2002; SOMMA et al., 2008). Entretanto, este procedimento pode se tornar tedioso e demorado, especialmente em canais radiculares atrésicos e curvos, ou quando o material obturador tiver sido bem condensado. Principalmente nestes casos, o retratamento endodôntico pode incluir inúmeros riscos, tais como: desvio ou perfuração da raiz, dilatação apical em excesso, fratura de instrumentos e extrusão de material obturador e debris através 13 do ápice, podendo resultar em uma patologia apical ou dor pós-operatória (ÜNAL et al., 2009). Inúmeros autores publicaram estudos nos quais foram analisadas e comparadas técnicas de retratamento, com o objetivo de determinar quais delas mostram-se eficientes e seguras para este fim. Nestas pesquisas, além das diferentes técnicas de desobturação, existem outras variáveis, que incluem o tipo de amostra, de materiais obturadores e de métodos de avaliação. Leva-s e e m consideração não apenas a qualidade da limpeza das paredes dos canais radiculares, mas também o tempo necessário para realizar o retratamento, a quantidade de material extruído apicalmente e os erros de procedimento. Fazendo uma análise destes estudos, verifica-se que, com o advento da instrumentação rotatória, a remoção da massa obturadora do interior dos canais radiculares tornouse, sem dúvida, menos árdua (IMURA et al., 2000; BETTI; BRAMANTE, 2001; BARRIESHI-NUSAIR, 2002; HÜLSMANN; BLUHM, 2004; ZMENER; PAMEIJER, BANEGAS, 2006; TASDEMIR; YILDIRIM; ÇELIK, 2008b). Conhecer e utilizar novas técnicas que permitam realizar com maior eficiência, segurança e rapidez a desobturação de canais radiculares indicados para o retratamento é essencial para o endodontista em sua clínica diária. Em virtude disso, a presente revisão de literatura teve por objetivo principal conhecer e comparar, através de uma análise crítica, diferentes técnicas empregadas no retratamento endodôntico quanto a sua capacidade de remover diversos tipos de material obturador do interior dos canais radiculares. 14 2 REVISÃO DE LITERATURA A presente revisão de literatura será iniciada pelo relato de alguns dos mais relevantes estudos que tratam de técnicas utilizadas durante o retratamento endodôntico, em especial os sistemas rotatórios, realizados na última década, cujo resumo encontra-se no Quadro 1, presente no Apêndice A deste trabalho. Em seguida, para um melhor entendimento e facilidade de leitura, será feita uma breve explanação acerca das variáveis presentes nestas pesquisas. 2.1 Estudos realizados para avaliar técnicas de retratamento endodôntico A literatura científica que trata de técnicas de retratamento endodôntico é bastante vasta, em especial nesta última década, quando surgiram novos instrumentos e técnicas, que visam facilitar a desobturação dos canais radiculares. Hülsmann e Stotz (1997) realizaram um estudo experimental cujo objetivo foi avaliar a eficácia, capacidade de limpeza e segurança de utilização de cinco diferentes equipamentos e técnicas para a remoção de guta-percha do interior de canais radiculares retos submetidos ao retratamento. Para tal, foram utilizados 120 dentes unirradiculares extraídos (anteriores e pré-molares), instrumentados e obturados com guta-percha e cimento AH 26 pela técnica da condensação lateral. Após um período de estocagem de dois meses em ambiente úmido a 37°C, os dentes foram divididos aleatoriamente em 5 grupos de 24 espécimes, para que a guta-percha fosse removida utilizando-se diferentes técnicas: (a) Gates-Glidden e limas Hedstroem, (b) somente limas Hedstroem, (c) limas Hedstroem e solvente (clorofórmio), (d) Sistema Endotec e limas Hedstroem e (e) instrumentos GPX e limas Hedstroem. Foram analisados os seguintes dados: tempo necessário para alcançar o comprimento de trabalho, tempo requerido para a remoção completa da guta-percha, quantidade de material extruído apicalmente, limpeza das paredes dos canais radiculares, erros de procedimento (fraturas de instrumentos) e bloqueio do ápice radicular por guta-percha. Após o retratamento, os dentes foram seccionados longitudinalmente e fotografados. A limpeza foi avaliada através da observação das imagens obtidas com um aumento de aproximadamente 70 vezes (projeção de slides). Os resultados obtidos sugeriam que os Sistemas GPX e Gates-Glidden são 15 rápidos e eficientes para promover a desobturação dos canais radiculares, mas apresentam certo risco no que tange à fratura do instrumento, além de poderem deixar algum resquício de material obturador no interior dos canais radiculares. Por outro lado, a utilização das limas Hedstroem, isoladamente, demonstrou ser mais eficiente no quesito limpeza das paredes dos canais; porém, foi a técnica que requereu o maior tempo para sua utilização. Os autores concluíram que o uso de instrumentos rotatórios, aquecimento ou solventes no retratamento endodôntico deve ser seguido pela utilização da instrumentação manual, para que se promova uma melhor limpeza do sistema de canais radiculares. Bramante e Freitas (1998) realizaram um estudo comparativo entre as técnicas manual, ultra-som ENAC e Canal Finder associadas ao solvente para a remoção de guta-percha e cimento de óxido de zinco e eugenol do interior de canais radiculares. Foram utilizados 30 incisivos centrais superiores extraídos, previamente instrumentados e obturados pela técnica da condensação lateral. Finda a desobturação, os dentes foram seccionados no sentido mésio-distal, e analisados com o auxílio de uma lupa que propiciava um aumento de dez vezes. Avaliou-se o tempo gasto para a penetração inicial até o ápice, o tempo para completar a limpeza, a extrusão do material e a limpeza dos canais radiculares. O Canal Finder foi a técnica que propiciou a melhor limpeza, seguida da manual e da ultra-sônica, embora nenhuma das três técnicas analisadas tenha permitido a limpeza completa das paredes dos canais radiculares. A parede palatina foi mais limpa do que a vestibular na maioria dos casos. Quanto à extrusão de material obturador, a técnica de ultra-som foi a que ocasionou mais extravasamento para a região apical. Tanomaru Filho et al. (1999) realizaram um estudo com o intuito de avaliar radiograficamente a capacidade de limpeza de diferentes técnicas de retratamento endodôntico. Utilizou-se, para tal, 60 caninos superiores extraídos que foram instrumentados manualmente e obturados com cones de guta-percha (um principal e três acessórios) e cimento à base de óxido de zinco e eugenol (Fill Canal), seguido pela condensação vertical. A obturação dos canais radiculares foi avaliada através de tomadas radiográficas realizadas tanto no sentido mésio-distal quanto vestíbulolingual. A seguir, os dentes foram aleatoriamente divididos em seis grupos e submetidos a diferentes técnicas de retratamento, utilizando ou não o auxílio do solvente Eucaliptol. O primeiro grupo fez uso de limas tipo K e limas Hedstroem, o segundo utilizou limas K e limas Set (derivada do Sistema Canal Finder) e o terceiro 16 limas K e limas Set associadas a brocas Gates-Glidden. Nos demais grupos, foram empregadas as mesmas técnicas, porém associando-as ao uso do solvente. Após a realização da desobturação dos canais radiculares, os dentes foram novamente radiografados, obedecendo à mesma metodologia. Dois examinadores avaliaram a limpeza destes canais por terços, utilizando negatoscópio e lupa de 2X de aumento. Constatou-se que os melhores resultados nos terços cervical e médio foram obtidos quando associou-se limas K, limas Set, fresas Gates-Glidden e solvente. Na porção apical, porém, não foi observada diferença estatisticamente significante entre as técnicas. Bramante e Betti (2000) avaliaram os instrumentos Quantec SC em diferentes velocidades para a remoção de guta-percha (condensada lateralmente) e cimento de óxido de zinco e eugenol durante o retratamento de incisivos centrais superiores extraídos. Foram utilizados 30 dentes divididos aleatoriamente em 3 grupos com 10 elementos cada. No grupo 1, foi utilizada a velocidade de 350 r.p.m., no grupo 2 de 700 r.p.m. e no grupo 3 de 1500 r.p.m. Foram avaliados o tempo gasto para atingir o comprimento de trabalho e remover a guta-percha e o tempo total, a quantidade de material obturador extruído durante a desobturação e o número de instrumentos fraturados, bem como a qualidade da limpeza das paredes do canal radicular. Os dentes foram radiografados e, em seguida, seccionados longitudinalmente. As paredes de cada metade foram avaliadas visualmente e pelo computador, através de imagens digitalizadas obtidas por escaneamento. Considerando-se a quantidade de debris extruídos, não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos. Porém, em relação ao tempo de desobturação e à fratura de instrumentos, o grupo mais rápido e que obteve o menor número de fraturas foi o que utilizou a maior rotação. Fidel et al. (2000) realizaram uma avaliação comparativa da capacidade de limpeza de duas técnicas de retratamento endodôntico sob microscopia eletrônica de varredura (M.E.V.). Para tal, selecionou-se 14 dentes humanos unirradiculares, previamente instrumentados e obturados com guta-percha e cimento Fill Canal. Os dentes foram então separados aleatoriamente em dois grupos para que, em seguida, fossem submetidos ao retratamento. Com o intuito de facilitar o procedimento, utilizou-se brocas Gates-Glidden na entrada dos canais radiculares e o solvente Eucaliptol. O grupo 1 utilizou limas tipo Kerr associadas a limas Hedstroem e o grupo 2 fez uso de limas FlexoFile associadas a limas Hedstroem, estas só usadas como 17 forma de acabamento durante a instrumentação. Em seguida, os dentes foram radiografados e clivados. Após seu seccionamento, os dentes foram preparados para que pudessem ser analisados sob M.E.V. Obtiveram-se, de cada hemissecção radicular, uma fotomicrografia da região apical, e outra do terço médio. Observou-se que o grupo 2 obteve o maior grau de limpeza entre as duas técnicas empregadas, havendo diferença estatisticamente significante entre elas. Os autores concluíram, porém, que os terços apicais apresentaram maior quantidade de detritos, independentemente da técnica empregada. Imura et al. (2000) compararam a eficiência de instrumentos manuais (limas K e Hedstroem) e rotatórios (Quantec LX e ProFile taper 0.04) para a remoção de guta-percha e cimento Tubli-Seal do interior de canais radiculares. Para este estudo, foram utilizados 100 pré-molares inferiores extraídos, que tiveram seus canais radiculares modelados e obturados pela técnica da condensação lateral. Os dentes foram divididos aleatoriamente em quatro grupos, desobturados através das técnicas preconizadas, seccionados transversal (nos terços cervical, médio e apical) e longitudinalmente. As imagens obtidas foram analisadas com o auxílio de um software conectado a um estereomicroscópio com cinco vezes de aumento via vídeo. Foram então feitas avaliações levando-se em conta a limpeza das paredes dos canais radiculares, a quantidade de debris extruídos para a região periapical, o tempo gasto para remover a guta-percha e o número de instrumentos fraturados. Embora nenhum dos grupos tenha apresentado remanescentes de material obturador nos terços cervical e médio, alguns elementos apresentaram debris no terço apical, sugerindo que todos os instrumentos utilizados podem deixar resquícios de guta-percha no interior dos canais radiculares. Neste estudo, os melhores resultados quanto à limpeza dos condutos e o tempo de trabalho ocorreram no grupo que utilizou as limas Hedstroem. Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos quanto à quantidade de debris extruídos para a região apical. O maior número de fraturas ocorreu nos grupos que utilizaram os Sistemas Quantec LX e ProFile, sugerindo que os instrumentos rotatórios oferecem mais riscos durante o retratamento. Sae-Lim et al. (2000) investigaram a efetividade de instrumentos rotatórios ProFile taper 0.04 para a desobturação de canais radiculares. Para tal estudo, utilizaram 30 dentes anteriores unirradiculares extraídos, instrumentados e obturados com guta-percha e cimento de Roth através da técnica da condensação 18 lateral. Os elementos dentários foram distribuídos em três grupos com 10 dentes cada. O primeiro grupo utilizou os instrumentos ProFile isoladamente, o segundo associou estes instrumentos ao solvente clorofórmio e o terceiro utilizou limas manuais e o mesmo solvente. Os dentes foram, então, cortados longitudinalmente e observados ao microscópio óptico para avaliação da limpeza da parede dos canais radiculares. Os melhores resultados foram obtidos nos dois primeiros grupos. Com exceção do primeiro, os dois outros grupos apresentaram a maior quantidade de remanescentes de guta-percha no terço apical, em comparação aos terços cervical e médio. Os autores concluíram, através deste estudo experimental, que o Sistema ProFile, associado ou não a solventes, parece ser uma alternativa viável para casos de retratamento endodôntico. Betti e Bramante (2001) compararam os instrumentos rotatórios Quantec SC com as limas manuais associadas a um solvente para a remoção de guta-percha e cimento de óxido de zinco e eugenol durante o retratamento endodôntico. Os autores utilizaram 20 incisivos centrais superiores extraídos com canais radiculares únicos e retos. Após a instrumentação e obturação pela técnica da condensação lateral, houve a divisão aleatória destes dentes em dois grupos com 10 elementos cada. No grupo 1 foi utilizado o Sistema Quantec SC com a velocidade de 1.500 r.p.m. enquanto que, no grupo 2, utilizou-se limas K e Hedstroem associadas ao solvente Xilol. Foram avaliados os seguintes fatores: tempo gasto para atingir o comprimento de trabalho, tempo gasto para remover a guta-percha, tempo total, limpeza das paredes dos canais radiculares, extrusão apical de material obturador e número de instrumentos fraturados. Em seguida, os dentes foram radiografados, seccionados longitudinalmente e avaliados quanto à limpeza de seus canais radiculares. As imagens foram digitalizadas através de um scanner e debris residuais foram pesquisados. Não houve diferença significativa entre os grupos quanto à quantidade de material extruído para a região apical. Embora o Sistema Quantec SC tenha demorado menos tempo para promover a desobturação dos canais radiculares, as limas manuais associadas ao solvente mostraram-se mais eficientes na limpeza dos mesmos. Ferreira, Rhodes e Pitt Ford (2001) compararam o desempenho de instrumentos ProFile e de limas manuais na remoção de guta-percha e cimento do interior de canais radiculares. Foram selecionados para este estudo 48 dentes molares e pré-molares humanos extraídos, que apresentavam curvaturas radiculares 19 variando entre 25 e 45 graus e canais radiculares únicos com comprimentos que variavam entre 9 e 13 mm. Os canais radiculares foram modelados com instrumentos rotatórios ProFile taper 0.04 e obturados com guta-percha do Sistema Obtura II e cimento Pulp Canal Sealer EWT pela técnica da termocompactação vertical, com o auxílio do System B. Em seguida, as amostras foram divididas em quatro grupos para que, então, fossem desobturadas por uma das seguintes técnicas: limas FlexoFile, limas Hedstroem, instrumentos ProFile taper 0.04 (técnicas estas associadas ao solvente clorofórmio) e instrumentos ProFile isoladamente. Foi utilizada uma técnica de macrorradiografia focal, tanto no sentido vestíbulo-lingual, quanto mésio-distal, para que a quantidade de debris remanescente no interior dos canais radiculares fosse avaliada. Para tanto, as raízes foram divididas em terços. Avaliou-se, também, o tempo necessário para que o procedimento fosse realizado. Observou-se que, em geral, as porções cervicais ficaram mais limpas do que as apicais. Melhores resultados em termos de limpeza foram atingidos por instrumentos ProFile associados ao solvente, não havendo diferença estatisticamente significante quando comparados os terços das raízes. Considerando-se apenas a porção apical das raízes retratadas com instrumentos ProFile e com limas Hedstroem (associados ao solvente), observou-se que a quantidade de debris remanescente foi similar. Ainda considerando a limpeza das paredes dos canais radiculares, houve diferença entre as técnicas que fizeram uso dos instrumentos ProFile associados ou não ao solvente. Quando avaliado o tempo necessário para realizar o procedimento, também houve diferença (o grupo que utilizou o Sistema ProFile associado ao solvente foi mais rápido do que os grupos que utilizaram limas manuais). Assim, os autores concluíram que, sob as condições experimentais deste estudo, tanto os instrumentos ProFile quanto as limas manuais propiciam resultados similares em termos de limpeza das paredes dos condutos; porém, os instrumentos rotatórios são mais rápidos. Valois et al. (2001) realizaram um estudo in vitro para avaliar a capacidade de remoção de guta-percha do interior de canais radiculares curvos do Sistema ProFile taper 0.04 Série 29. Utilizaram 44 molares inferiores cujas raízes mesiais apresentavam um grau de curvatura variando entre 26 e 40 graus. Os canais radiculares foram instrumentados e obturados com guta-percha e cimento Sealer 26 através da técnica da condensação lateral. Os dentes foram então divididos aleatoriamente em três grupos: o grupo I utilizou brocas Gates-Glidden número 2, o 20 grupo II fez uso de instrumentos ProFile taper 0.04 Série 29 número 6 e o grupo III utilizou o mesmo tipo de instrumento rotatório do grupo anterior, variando apenas o número (7). A penetração dos instrumentos foi mensurada através de radiografias milimetradas e observação clínica. Os melhores resultados quanto à limpeza dos canais radiculares foram observados nos grupos que utilizaram o Sistema ProFile taper 0.04 Série 29. Baratto Filho, Ferreira e Fariniuk (2002) realizaram um estudo para avaliar a efetividade do Sistema ProFile taper 0.04 para a remoção de guta-percha do interior de canais radiculares durante o retratamento. Utilizaram 30 caninos inferiores divididos em 3 grupos. Os canais foram acessados e instrumentados com instrumentos de níquel-titânio. Três diferentes técnicas de obturação foram utilizadas: Sistema Thermafill (grupo I), compactação termomecânica (grupo II) e condensação lateral (grupo III). Em todos os grupos, o cimento empregado foi o Sealer 26. Duas semanas após a obturação, os materiais obturadores foram removidos através da utilização dos instrumentos ProFile taper 0.04 em velocidade de 300 r.p.m. seguindo a seqüência padronizada (90, 60, 45, 40, 35 e 30) em técnica crown-down até o comprimento de trabalho. O tempo necessário para atingir esta medida e para remover a guta-percha foi anotado e os números foram submetidos a análises estatísticas (testes ANOVA e Tukey). Os dentes foram então radiografados, seccionados longitudinalmente e fotografados. As imagens obtidas foram analisadas visualmente por dois examinadores. Mesmo sem o auxílio de solventes, em todos os espécimes o comprimento de trabalho foi alcançado com rapidez. Entretanto, a remoção completa da guta-percha ocorreu apenas em três dentes (dois do grupo I e um do grupo II). Os autores concluíram que o Sistema ProFile taper 0.04 não tem a capacidade de remover por completo a guta-percha do interior dos canais radiculares devendo, portanto, ser utilizada a instrumentação manual complementar para que se obtenha melhores resultados em termos de limpeza. Barrieshi-Nusair (2002) comparou a capacidade de limpeza de instrumentos rotatórios de níquel-titânio com limas manuais de aço inoxidável durante o retratamento de canais radiculares de caninos extraídos, obturados com guta-percha e cimento de Roth, pela técnica da condensação lateral. Considerou-se, também, o tempo gasto para promover a desobturação e o desvio ocorrido. Fez-se tomadas radiográficas antes e depois do retratamento. O grupo I utilizou brocas GatesGlidden para a remoção de guta-percha da porção cervical do canal radicular e limas 21 de aço-inoxidável tipo K com o auxílio do solvente clorofórmio para os demais terços da raiz e o grupo II utilizou instrumentos ProFile taper 0.04 Série 29 a uma velocidade constante de 500 r.p.m. em técnica crown-down, também com o auxílio do solvente clorofórmio. Após terem sido desobturados, os dentes foram cortados longitudinalmente e fotografados e as imagens foram projetadas em uma tela com o intuito de facilitar a visualização do material obturador remanescente nas paredes dos canais radiculares. Os resultados mostraram que não houve diferença estatisticamente significante quanto à limpeza dos canais radiculares, mas todos os grupos apresentaram resquícios de material obturador, especialmente cimento. O tempo de trabalho foi um pouco menor no grupo que utilizou limas manuais e nenhuma das técnicas promoveu desvios severos durante o retratamento. Bharathi, Chacko e Lakshminarayanan (2002) compararam a efetividade de três técnicas para a remoção de guta-percha do interior de 30 canais radiculares retos (pré-molares): brocas Gates-Glidden (números 3, 2 e 1) associadas a limas Hedstroem (grupo A), limas Hedstroem com Xilol (grupo B) e instrumentos rotatórios ProFile taper 0.06 também com Xilol (grupo C). Para o estudo, foram utilizados 30 pré-molares instrumentados e obturados pela técnica da condensação lateral. Foram analisados os seguintes dados: tempo gasto para alcançar o comprimento de trabalho e para remover a guta-percha, quantidade de material obturador extruído para a região apical e limpeza das paredes dos canais radiculares. Os dentes foram seccionados longitudinalmente e observados em um microscópio óptico com um aumento de quatro vezes. Os dados obtidos foram analisados estatisticamente através do teste de Fisher e do Teste U de Mann Whitney. Os resultados mostraram que o tempo necessário para atingir o comprimento de trabalho e para remover a guta-percha foi menor no grupo A. Não houve diferença estatisticamente significante quanto à quantidade de debris extruídos para a região apical. O melhor resultado em termos de limpeza ocorreu no grupo B, seguido pelos grupos A e C. Oliveira (2002) avaliou a eficiência de diferentes técnicas de retratamento quanto à limpeza das paredes dos canais radiculares e extrusão apical de debris. Foram utilizados 120 pré-molares inferiores extraídos, divididos aleatoriamente em 6 grupos. Os dentes foram instrumentados e obturados com guta-percha e cimento Endomethasone pela técnica da condensação lateral e após 60 dias de armazenamento em estufa a 37ºC de temperatura e 100% de umidade, foram então desobturados de acordo com as seguintes técnicas: limas FlexoFile com Xilol, limas 22 FlexoFile e Hedstroem com Xilol, ProFile GT com Xilol, limas FlexoFile com clorexidina gel, limas FlexoFile e Hedstroem com clorexidina gel, e ProFile GT com clorexidina gel. Em seguida, os dentes foram radiografados e seccionados longitudinalmente. Imagens foram capturadas através da lupa estereoscópica e transferidas ao computador. Os resultados obtidos indicaram que os grupos que utilizaram a clorexidina gel, independente da instrumentação empregada, apresentaram menor extrusão de debris e melhor qualidade de limpeza das paredes dos canais radiculares. Basso, Neto e Westphalen (2003) avaliaram e compararam radiograficamente a quantidade de resíduos de material obturador após o processo de desobturação. Para tal, foram utilizados 32 incisivos humanos extraídos, previamente instrumentados com limas manuais e obturados com guta-percha e cimento de óxido de zinco e eugenol, pela técnica híbrida de Tagger. A qualidade da obturação foi verificada através de tomadas radiográficas, realizadas tanto no sentido mésio-distal quanto vestíbulo-lingual. Os dentes foram, então, divididos aleatoriamente em três grupos, conforme as técnicas de retratamento utilizadas. O grupo I utilizou limas manuais (tipo K e Hedstroem), o grupo II o Sistema ProFile e o grupo III o Sistema ProTaper. Dois dentes serviram como controle positivo e negativo. Todos os grupos fizeram uso prévio da broca de Gates-Glidden número 3 na embocadura do canal radicular e do solvente Xilol. Em seguida, os dentes foram novamente radiografados, para verificar a quantidade de remanescentes de material obturador presente nas paredes dos canais radiculares, nos terços cervical, médio e apical. A avaliação foi feita por três examinadores, que fizeram uso do negatoscópio. No terço cervical e médio não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos; porém, quando considerado o terço apical, verificou-se que o grupo II (Sistema ProFile) obteve os melhores resultados em termos de limpeza. Ainda no mesmo ano, Valois e Costa Jr. avaliaram a eficiência do Sistema ProFile taper 0.04 Série 29 no retratamento de canais radiculares curvos. Foram selecionados para o estudo 62 primeiros molares inferiores com raízes mesiais apresentando curvaturas entre 25 e 30 graus, que foram instrumentados e obturados pela técnica da condensação lateral, com cones de guta-percha e cimento Sealer 26. Em seguida, os dentes foram distribuídos aleatoriamente de modo a formar seis grupos. O grupo I fez uso da técnica convencional (limas tipo K e Hedstroem), utilizando solvente Eucaliptol; o grupo II acresceu a esta técnica o uso do ultra-som 23 (lima tipo K acoplada ao aparelho de ultra-som Profi II Bios); o grupo III utilizou o Sistema Profile e o solvente; o grupo IV utilizou o mesmo sistema, fazendo também uso de solvente e do ultra-som; o grupo V utilizou o Sistema ProFile isoladamente e o grupo VI fez uso do mesmo sistema, complementado pela utilização do ultra-som. Uma vez constatada clinicamente a limpeza dos canais radiculares, estes foram irrigados e secos, para que então fosse feita a avaliação da qualidade da limpeza das paredes dos canais radiculares (com o auxílio de uma lupa estereoscópica com um aumento de 16X, observou-se as raízes seccionadas longitudinalmente) e a presença de material extruído via forame apical. Além disso, foram considerados o tempo despendido para o procedimento e a segurança dos instrumentos (fraturas e deformações na parte ativa). Os dados obtidos foram submetidos aos testes ANOVA e de Tuckey. Os menores valores de tempo foram apresentados pelos métodos de desobturação com os instrumentos ProFile. Todos os métodos foram ineficazes em impedir que resíduos fossem forçados via forame apical, não havendo diferença estatisticamente significante entre os grupos. Quando o fator limpeza foi analisado, verificou-se o mesmo comportamento de similaridade, observando-se que a instrumentação ultra-sônica não favoreceu maior remoção de material obturador das paredes do canal radicular nos diferentes métodos de retratamento empregados. Os autores concluíram que, sob as condições experimentais deste estudo, os instrumentos ProFile eliminam a necessidade do solvente durante a desobturação de canais radiculares curvos. Porém, ressaltaram que estes instrumentos devem ser empregados com cautela, pois podem sofrer deformações ou fraturas. Yamazaki, Caldeira e Prokopowitsch (2003) compararam três técnicas de retratamento (convencional ou com o uso de instrumentação rotatória), avaliando quantitativamente o material extruído via forame apical e a eficácia da técnica quanto à capacidade de desobturação. Os autores selecionaram, para tal estudo, 36 dentes humanos unirradiculares extraídos (incisivos, caninos e pré-molares inferiores e caninos superiores), que tiveram suas coroas removidas para, em seguida, serem instrumentados e obturados com guta-percha e cimento N-Rickert. Os espécimes foram, então, divididos aleatoriamente em três grupos, para que fossem desobturados através de diferentes técnicas. No grupo 1, utilizou-se brocas tipo Largo número 1 e 2, no terço cervical, e limas tipo K nos terços iniciais. Nos grupos 2 e 3 utilizou-se instrumentos endodônticos rotatórios (Quantec Série 2000), com a diferença de que no grupo 3 também foram usadas limas tipo Hedstroem. Em todos 24 os grupos, foi utilizado o Xilol como solvente e o tempo médio de desobturação foi de sete minutos. Os dentes foram radiografados antes e depois da desobturação, tanto no sentido mésio-distal quanto vestíbulo-lingual. O grupo 2 foi o que apresentou o menor extravazamento de material obturador na região apical, seguido dos grupos 3 e 1; porém, somente houve diferença estatisticamente significante entre os grupos 1 e 2. Gelani et al. (2004) realizaram um estudo com o intuito de comparar os instrumentos rotatórios de níquel-titânio (Sistema Quantec) associados ou não ao uso do solvente Eucaliptol, com a técnica manual / mecânica no que diz respeito à remoção do material obturador, tempo operatório necessário e influência do diâmetro do canal radicular na execução das técnicas propostas. Para tal, foram selecionados 30 dentes humanos unirradiculares extraídos, que foram divididos em 2 grupos, conforme o calibre dos canais radiculares (amplos e atrésicos). Em seguida, foram instrumentados pela técnica escalonada regressiva, obturados com cones de gutapercha e cimento Endofill pela técnica híbrida de Tagger modificada e radiografados, com o intuito de verificar a qualidade da obturação. Depois de 30 dias mantidos hidratados, os espécimes foram novamente divididos em três subgrupos, conforme a técnica de retratamento utilizada. O subgrupo A fez uso do Sistema Quantec isoladamente, o subgrupo B associou esse sistema ao solvente Eucaliptol e o subgrupo C utilizou a técnica manual / mecânica associada ao mesmo solvente. A remoção do material obturador foi considerada completa quando os instrumentos utilizados ou a solução irrigadora não apresentavam mais resíduos de cimento ou guta-percha. Novamente, as raízes foram radiografadas para que fosse observada a permanência de resíduos nas paredes dos canais radiculares. Os dados obtidos foram encaminhados para análise estatística, utilizando os testes Kruskal-Wallis e Mann Whitney. Pode-se observar que não houve diferença no tempo gasto para remoção do material obturador nas diferentes técnicas e não foi notada extrusão apical associada ao uso do Sistema Quantec. A maior parte dos resíduos foi identificada radiograficamente no terço apical e, principalmente, nos grupos com canais radiculares amplos. Os autores concluíram que a forma ovalada dos canais radiculares prejudica a atuação dos instrumentos mais calibrosos. Além disso, observaram que o solvente auxilia na remoção do material obturador. Hülsmann e Bluhm (2004) avaliaram a eficiência, capacidade de limpeza e segurança de diferentes instrumentos de níquel-titânio durante o retratamento 25 endodôntico, associados ou não a um solvente. Foram utilizados 80 dentes anteriores unirradiculares instrumentados e obturados com guta-percha e cimento AH Plus pela técnica da condensação lateral. A remoção do material obturador foi realizada através das seguintes técnicas: FlexMaster, GT Rotary, ProTaper e limas Hedstroem. Todas as técnicas foram testadas com ou sem o solvente (Eucaliptol). Foram observados os tempos gastos para atingir o comprimento de trabalho e para remover a guta-percha. Os dentes foram, então, clivados longitudinalmente e fotografados. As imagens foram avaliadas quanto à limpeza das paredes dos canais radiculares com o auxílio de um projetor de slides que propiciou um aumento aproximado de 70X. Dentro das condições experimentais, os instrumentos rotatórios de níquel-titânio FlexMaster e ProTaper provaram ser eficientes e rápidos para a remoção do material obturador. O uso do Eucaliptol como solvente diminuiu o tempo necessário para alcançar o comprimento de trabalho e para promover a desobturação. Não houve extrusão visível de material obturador. Masiero e Barletta (2005) avaliaram a efetividade de diferentes técnicas para remover a guta-percha do interior de canais radiculares. Foram selecionados para este estudo 80 pré-molares inferiores extraídos, instrumentados e obturados com guta-percha e cimento Endofill através da técnica da termocompactação mecânica da guta-percha (técnica híbrida de Tagger). O material obturador foi removido e os canais radiculares reinstrumentados com a utilização das seguintes técnicas: instrumentação manual com limas K (grupo I), Sistema K3 (grupo II), Sistema M4 (grupo III) e Sistema Endo-Gripper com limas K (grupo IV). Quando concluídas a remoção do material obturador e a reinstrumentação dos canais radiculares, foram feitas tomadas radiográficas tanto no sentido mésio-distal, quanto vestíbulo-lingual. As imagens foram digitalizadas com o auxílio de um scanner e avaliadas pelo software AUTOCAD 2000. Quando considerada a remoção do material obturador do interior dos canais radiculares como um todo, não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Entretanto, quando os condutos foram avaliados por terços, observou-se que o terço apical foi o que apresentou a maior quantidade de guta-percha remanescente, enquanto que os terços cervical e médio estavam significativamente mais limpos. O grupo instrumentado com o Sistema K3 foi o que apresentou a menor quantidade de material obturador remanescente no terço apical dos canais radiculares. 26 Baratto Filho et al. (2006) avaliaram a qualidade da limpeza de canais radiculares previamente obturados pelo Sistema Thermafill após terem sido desobturados com a utilização de instrumentos rotatórios acionados em duas diferentes velocidades. Para este estudo, utilizaram 30 caninos inferiores extraídos, que tiveram seus canais radiculares modelados com brocas Gates-Glidden e instrumentos ProFile taper 0.04 pela técnica crown-down e obturados com o Sistema Thermafill e o cimento AH Plus. Através de tomadas radiográficas realizadas no sentido vestíbulo-lingual, verificou-se a qualidade da obturação. Após um período de estocagem de duas semanas, os dentes foram divididos aleatoriamente em dois grupos e retratados por um único operador, que fez uso do Sistema ProFile taper 0.04 a 350 r.p.m. (grupo I) e a 2000 r.p.m. (grupo II). Novamente, os dentes foram radiografados; desta vez para verificar a remoção do material obturador. Em seguida, os espécimes foram seccionados no sentido transversal (para que suas coroas fossem removidas) e no sentido longitudinal (vestíbulo-lingual). Os fragmentos obtidos foram digitalizados e submetidos à análise por um software específico (Image Tool), que calculou a área que apresentava resíduos do material obturador, em milímetros quadrados. Em todos os dentes o comprimento de trabalho foi atingido e a haste plástica do Thermafill foi removida por completo, embora todos apresentassem resquícios de guta-percha e cimento. Não houve diferença estatisticamente significante quanto à qualidade de remoção do material obturador do interior dos canais radiculares. Bueno et al. (2006) realizaram um estudo com o intuito de avaliar in vitro o desempenho dos instrumentos rotatórios de níquel-titânio K3 e de limas manuais na remoção de guta-percha e cimento Endomethasone do interior de canais radiculares, utilizando como solvente o clorofórmio ou a clorexidina gel 2%. Para tal, foram selecionados 60 dentes bovinos com canal radicular único e reto e ápice completamente formado. Os dentes foram instrumentados e obturados pelas técnicas da condensação lateral e vertical, e armazenados em ambiente a 37°C por quatro semanas para serem então aleatoriamente divididos em três grupos. No grupo I, a desobturação dos canais radiculares foi realizada com o auxílio de brocas Gates-Glidden, limas manuais e clorofórmio; no grupo II utilizou-se instrumentos rotatórios K3 e clorofórmio; e no grupo III fez-se uso dos mesmos instrumentos rotatórios e de clorexidina gel 2%. Em seguida, foram feitas tomadas radiográficas. As imagens obtidas foram escaneadas e digitalizadas. A área total do canal radicular 27 e a área com remanescente de material obturador foram medidas em milímetros quadrados por meio do software ImageLab e os dados foram, então, analisados estatisticamente através dos testes ANOVA e de Tuckey. Os resultados demonstraram que, a despeito da técnica empregada para remover o material obturador, os canais radiculares retratados não se mostraram completamente livres de remanescentes de guta-percha e de cimento; porém, o uso de limas manuais resultou em menor quantidade de material obturador no interior dos condutos. Em todas as amostras, a maior quantidade de resquícios de guta-percha e cimento foi encontrada no terço apical da raiz. Ezzie et al. (2006) avaliaram a eficácia de técnicas de retratamento comumente utilizadas para a remoção de Resilon / Epiphany do interior dos canais radiculares. Foram utilizados para este estudo 60 dentes unirradiculares (com curvaturas inferiores a 20 graus) que tiveram suas coroas seccionadas no limite amelo-cementário, perpendicularmente ao seu longo eixo. Os dentes foram instrumentados com o Sistema ProFile taper 0.06 e divididos aleatoriamente em dois grupos. O primeiro utilizou Resilon / Epiphany, e o segundo guta-percha e cimento AH Plus como materiais obturadores, ambos pela técnica da compactação por onda contínua. No grupo I, o Resilon foi colocado com o auxílio da pistola do Sistema Obtura II. Os canais radiculares foram desobturados utilizando o Sistema ProFile taper 0.06 combinado ao aquecimento ( S y s t e m B ) ou ao solvente clorofórmio. Foram analisados o tempo gasto para promover a desobturação e a qualidade da mesma, ou seja, a quantidade de material obturador remanescente no interior dos condutos. Após o retratamento, os dentes foram seccionados no sentido longitudinal e observados com o auxílio de um estereomicroscópio e do microscópio eletrônico. Os resultados demonstraram que o clorofórmio combinado ao instrumento rotatório foi mais eficiente na limpeza dos canais radiculares do que o aquecimento. O Resilon foi removido mais rapidamente do que a guta-percha. Ambas as técnicas promoveram uma melhor limpeza das paredes do terço apical dos canais radiculares nos dentes obturados com Resilon, em comparação com aqueles obturados com guta-percha e cimento. Ferreira et al. (2006) avaliaram o desempenho do Sistema ProTaper durante o retratamento endodôntico. Utilizaram para o estudo 36 caninos, que foram instrumentados e divididos em 3 grupos, para só então serem obturados através das seguintes técnicas: Sistema Thermafill (grupo I), compactação termomecânica com 28 McSpadden (grupo II) e condensação lateral (grupo III). O cimento utilizado para todos os dentes foi o Sealer 26. Após duas semanas de estocagem em um ambiente com 100% de umidade, os três grupos foram submetidos ao retratamento com o Sistema ProTaper, sem a utilização de solvente. Em seguida, os dentes foram cortados longitudinalmente e avaliados com o auxílio de uma câmera acoplada a uma impressora, para que se verificasse a presença de resquícios de material obturador. Todos os canais radiculares avaliados apresentaram remanescentes da massa obturadora. Com relação ao tempo necessário para a remoção de gutapercha, houve diferença estatisticamente significante entre os grupos, sendo que os dentes que haviam sido obturados por termocompactação permitiram uma desobturação mais rápida. Kosti et al. (2006) compararam a efetividade do Sistema ProFile com limas Hedstroem associadas a brocas Gates-Glidden para a remoção de guta-percha e quatro diferentes cimentos. Foram selecionados 48 dentes unirradiculares com canais radiculares retos e ápices completos, que foram instrumentados, divididos em quatro grupos e então obturados pelas técnicas de condensação lateral e vertical (combinadas). Além da guta-percha, foram utilizados os seguintes cimentos: Roth 811, AH26, Endion e Roekoseal. Os dentes foram retratados após um ano com o auxílio de uma das técnicas propostas pelo estudo e em seguida sofreram um corte longitudinal. A quantidade de guta-percha e cimento remanescente nas paredes dos canais radiculares foi traçada e mensurada pela visualização ao estereomicroscópio. Duas amostras de cada grupo foram observadas ao microscópio eletrônico de varredura, para melhorar a qualidade de inspeção das paredes dos canais radiculares. Resquícios de cimento, situados principalmente nos terços médio e apical, foram observados em ambas as técnicas, não havendo diferenças estatisticamente significantes entre elas. O cimento que mais foi observado nestes terços foi o AH26, enquanto que no terço apical o cimento Endion foi o mais visualizado em associação com a guta-percha. Os autores concluíram que nenhuma das técnicas estudadas foi capaz de remover completamente o material obturador do interior dos canais radiculares, especialmente no terço apical da raiz. Maciel e Scelza (2006) compararam a eficiência das instrumentações manual e rotatória durante o retratamento endodôntico. Para tanto, utilizou-se 100 dentes unirradiculares com canais radiculares retos e ápices completos, q u e foram instrumentados e obturados com guta-percha e cimento Endofill (grupo A) e Sealer 29 26 (grupo B), pela técnica da condensação lateral. Os espécimes foram, então, estocados por um período de três meses. Com o intuito de facilitar a posterior penetração dos instrumentos na guta-percha, foi utilizado como solvente o óleo de laranja por 10 minutos. Foi realizada a inspeção dos canais radiculares até o comprimento de trabalho com uma lima tipo K e, em seguida, a remoção do material obturador continuou através das seguintes técnicas: manual / controle (grupo I), Sistema ProFile (grupo II), Sistema ProTaper (grupo III), Sistema K3 (grupo IV) e Sistema Hero 642 (grupo V). O material obturador remanescente foi avaliado radiograficamente. As imagens foram digitalizadas e analisadas através do software ProPlus. As raízes foram então seccionadas para avaliação ao estereomicroscópio pela epiluminescência; fotomicrografias foram realizadas para uma análise mais detalhada. O método fotomicrográfico com epiluminescência mostrou-se mais eficaz do que o radiográfico para avaliar o material obturador remanescente. Não houve diferença estatisticamente significante entre os cimentos em termos de remoção e os Sistemas K3 e ProTaper mostraram-se mais eficientes do que a instrumentação manual durante o retratamento. Oliveira et al. (2006) realizaram um estudo com o objetivo de comparar a remoção de guta-percha / AH 26 e Resilon / Epiphany (condensados lateralmente) através de duas técnicas de retratamento: Sistemas K3 e Liberator, ambas associadas ao solvente clorofórmio. Para tal, foram utilizados 80 dentes unirradiculares extraídos, com canais radiculares patentes e graus de curvatura inferiores a 30, instrumentados, divididos em quatro grupos e obturados com os materiais propostos. Em seguida, os dentes foram estocados em um umidificador a 37ºC por duas semanas para só então serem retratados. Após o retratamento, os dentes foram seccionados longitudinalmente. Cada metade foi fotografada com uma câmera digital e as imagens obtidas foram analisadas através do software Image Tool. O grupo obturado com Resilon / Epiphany e retratado com instrumentos K3 foi o que apresentou a menor quantidade de material obturador remanescente. Não houve diferença estatisticamente significante entre os materiais obturadores quando utilizado o Sistema Liberator. O Resilon / Epiphany foi removido com mais rapidez do que a guta-percha / AH Plus, independentemente do método de retratamento utilizado, e o Sistema K3 demonstrou necessitar de menos tempo para desobturar os canais radiculares, independentemente do material obturador utilizado. 30 Schirrmeister et al. (2006a) avaliaram a efetividade das instrumentações manual e rotatória para a remoção de Epiphany e de guta-percha verticalmente compactadas do interior de canais radiculares de incisivos centrais superiores extraídos. Foram selecionados para este estudo 60 dentes, que foram instrumentados e divididos aleatoriamente em quatro grupos. Destes, dois foram obturados com Resilon / Epiphany, e os outros dois com guta-percha e AH Plus. Os dentes foram então desobturados através de duas técnicas: a primeira utilizou brocas Gates-Glidden e limas Hedstroem e a segunda utilizou brocas Gates-Glidden e instrumentos rotatórios de níquel-titânio RaCe. Os dentes que haviam sido obturados com guta-percha apresentaram maior quantidade de material obturador remanescente, não havendo diferença significativa quanto à limpeza dos canais radiculares entre os grupos que utilizaram as limas Hedstroem e os que utilizaram o Sistema RaCe. O tempo necessário para realizar a desobturação foi praticamente o mesmo para todos os grupos, independentemente do material obturador utilizado. Schirrmeister et al. (2006b) avaliaram a eficácia de três tipos de sistemas rotatórios (FlexMaster, ProTaper e RaCe) e de limas Hedstroem para a remoção de guta-percha e cimento AH Plus do interior de canais radiculares. Foram selecionados para o estudo 60 pré-molares inferiores com condutos únicos e retos, instrumentados com limas K e obturados pela técnica da condensação lateral. Os dentes foram aleatoriamente divididos em 4 grupos com 15 elementos cada, conforme o método de retratamento utilizado. O Sistema RaCe foi o que mostrou a menor quantidade de material obturador remanescente no interior dos canais radiculares, quando comparado com o Sistema FlexMaster e com as limas Hedstroem. ProTaper e RaCe foram os instrumentos que necessitaram de menos tempo para promover a desobturação, quando comparados com FlexMaster e limas Hedstroem. Schirrmeister et al. (2006c) realizaram um estudo com o intuito de comparar a efetividade de limas manuais e de diferentes instrumentos rotatórios na remoção de guta-percha do interior de canais radiculares curvos durante o retratamento. Para tal, utilizaram 60 segundos pré-molares inferiores com raízes curvas (curvaturas estas que variavam entre 20 e 36 graus), que foram divididos aleatoriamente em 4 grupos com 15 espécimes em cada. Após serem modelados com instrumentos FlexMaster, os dentes foram obturados com guta-percha e cimento AH Plus pela técnica da condensação lateral. Após um período de armazenamento de sete dias em ambiente 31 úmido a 37ºC, os canais radiculares foram desobturados utilizando-se instrumentos manuais ou rotatórios (Sistema FlexMaster, Sistema ProTaper e Sistema RaCe). Em todos os grupos, utilizou-se brocas Gates-Glidden para desobturar o terço cervical dos canais radiculares, e solvente Eucaliptol para plastificar a guta-percha. O procedimento foi considerado completo quando não era mais possível observar material obturador recobrindo a parte ativa dos instrumentos. Foram feitas radiografias periapicais antes e depois da desobturação. Os autores avaliaram cinco quesitos: a limpeza das paredes dos canais radiculares, a extrusão apical de debris, o tempo para alcançar o comprimento de trabalho, o tempo total para remover o material obturador e os erros de procedimento. Para que a limpeza das paredes dos canais radiculares fosse avaliada, as amostras foram diafanizadas, e as áreas que apresentavam resquícios de material obturador foram observadas com o auxílio de um estereomicroscópio em duas direções (vestíbulo-lingual e mésio-distal). As imagens obtidas foram analisadas através de um software (COMEF 4.0). O s resultados mostraram que, embora em nenhum dos grupos tenha sido observada a limpeza completa dos canais radiculares, os instrumentos RaCe deixaram menor quantidade de resíduos de guta-percha e cimento quando comparados aos instrumentos FlexMaster. Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos que utilizaram limas manuais, instrumentos ProTaper e instrumentos FlexMaster. Quando considerado o tempo, observou-se que as limas Hedstroem removeram a guta-percha mais rapidamente do que os instrumentos ProTaper e FlexMaster. Em relação à extrusão apical de debris, não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos. Ocorreram cinco fraturas de instrumentos no grupo que utilizou o Sistema ProTaper e três no que utilizou o Sistema FlexMaster. Assim, os autores concluíram que os instrumentos RaCe são eficazes e seguros para remover guta-percha do interior de canais radiculares curvos. Schirrmeister et al. (2006d) compararam a detectabilidade de material obturador remanescente (guta-percha e Epiphany) após o retratamento endodôntico, utilizando microscópio operatório e exames radiográficos. Para tal estudo, foram selecionados 60 incisivos centrais superiores unirradiculares extraídos. Após a instrumentação pela técnica da ampliação reversa com o Sistema FlexMaster, 30 espécimes foram obturados com o Sistema Epiphany, e os outros 30 com gutapercha e cimento AH Plus, utilizando sistemas de termocompactação (System B) e 32 de termoplastificação (Obtura II). Logo após a reinstrumentação (uma metade de cada grupo fez uso de limas Hedstroem e a outra utilizou instrumentos RaCe), os d e n t e s f o r a m radiografados no sentido vestíbulo-lingual e mésio-distal e diafanizados. As áreas que apresentavam material obturador remanescente foram avaliadas através de diferentes métodos: microscopia operatória, radiografias (analisadas por mm² com o auxílio do software de análise de imagens COMEF 4.0) e diafanização das amostras (imagens analisadas pelo mesmo software conectado a um estereomicroscópio com 6.5X de magnificação). As imagens obtidas através das radiografias mostraram áreas com resquícios de material obturador significantemente menores, quando comparadas com a observação dos dentes diafanizados através do microscópio, que mostrou apenas uma raiz (do grupo Epiphany) completamente limpa. Os dados obtidos através do exame radiográfico deram uma impressão exagerada de limpeza. Assim, os autores concluíram que o microscópio operatório promove uma melhor detecção de resíduos de material obturador, em especial dos espécimes obturados com guta-percha. Ainda no mesmo ano, Zmener, Pameijer e Banegas compararam a efetividade das instrumentações manual e rotatória no retratamento de canais radiculares com achatamento mésio-distal. Foram selecionados para o estudo 60 pré-molares com canais radiculares únicos e ovalados, instrumentados e obturados com guta-percha e cimento AH Plus pela técnica da condensação lateral. Todos os dentes foram selados temporariamente e estocados em um ambiente com 100% de umidade a 37ºC por um período de 30 dias. Em seguida, após a remoção do selador temporário, os 2 mm coronais de todos os canais radiculares foram alargados com brocas Gates-Glidden de número 4 e 5, com o intuito de criar um reservatório para o solvente clorofórmio. Com a plastificação da guta-percha, os canais radiculares foram explorados com limas tipo K e divididos aleatoriamente em 3 grupos de 20 dentes cada, para que então fossem aplicados os métodos de retratamento propostos. O grupo 1 utilizou instrumentos ProFile taper 0.04, o grupo 2 sistema de rotação alternada (Anatomic Endodontic Technology – AET) e limas manuais de açoinoxidável, e o grupo 3 limas Hedstroem. Os dentes foram então seccionados longitudinalmente e os remanescentes de material obturador presentes em cada um dos terços dos canais radiculares foram observados com o auxílio de um microscópio óptico e calculados. O tempo necessário para promover a desobturação também foi medido. Sob as condições experimentais, 10 a 18% dos canais 33 radiculares apresentaram restos de guta-percha e cimento após a utilização de qualquer das técnicas propostas. A quantidade de remanescentes nos terços cervical e médio foi maior no grupo que utilizou o Sistema ProFile. No terço apical não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos. O Sistema ProFile e o AET demoraram menos tempo para realizar a desobturação do que as limas Hedstroem. Barletta et al. (2007) compararam o desempenho do sistema de rotação alternada Endo-Gripper e do Sistema ProFile taper 0.04 na remoção mecânica de guta-percha de canais radiculares curvos. Foram utilizados 80 raízes de primeiros molares inferiores extraídos, com curvaturas variando entre 20 e 40 graus (40 mésiovestibulares e 40 mésio-linguais). A coroa dos dentes foi seccionada na junção amelo-dentinária e a raiz distal foi removida. Os canais radiculares foram instrumentados com limas manuais e obturados com guta-percha e cimento de óxido de zinco e eugenol (Endofill) pela técnica da condensação lateral. As raízes foram seladas temporariamente com Cavit e estocadas em umidificador a uma temperatura de 37ºC por um período de seis meses. O material obturador foi então removido através das técnicas propostas para este estudo e o volume de remanescentes medido através de tomografias computadorizadas, que propiciaram imagens tridimensionais das amostras. Os dados obtidos foram analisados estatisticamente pela análise de variância. Nenhum dos métodos de retratamento promoveu a completa remoção de material obturador, não havendo diferença estatisticamente significante entre os dois grupos em termos de quantidade de guta-percha remanescente no interior dos canais radiculares. O volume de debris extruídos foi significantemente menor nos condutos mésio-linguais, quando comparados aos mésio-vestibulares. Gergi e Sabbagh (2007) realizaram um estudo utilizando 90 dentes extraídos que apresentavam severos ângulos de curvatura (variando entre 25 e 45 graus), para avaliar a efetividade de instrumentos manuais e rotatórios, com o auxílio do solvente Eucaliptol, na remoção do material obturador do interior de seus canais radiculares. Para tal, os dentes foram abordados e instrumentados até seu comprimento de trabalho com o Sistema Hero 642 taper 0.02 e 0.04 e obturados com guta-percha e cimento Pulp Canal Sealer EWT através de compactação termomecânica (System B). Os dentes foram então estocados por um período de sete dias em ambiente com 100% de umidade a uma temperatura de 37°C para permitir a 34 presa completa do cimento. Em seguida, as amostras foram divididas em 3 grupos de 30 elementos, e foi colocado o solvente sobre a guta-percha por um período de 3 minutos, antes de iniciar o processo de desobturação com limas manuais (tipo Hedstroem, em técnica crown-down) e instrumentos rotatórios (Sistemas ProTaper F1, F2 e F3 e R-Endo Re, R1, R2 e R3). O Eucaliptol foi constantemente renovado (totalizando 2 mL de volume para cada canal radicular), e a irrigação com hipoclorito de sódio 5,25% foi realizada até que não pudesse mais ser observada a presença de debris da obturação (guta-percha e cimento), seja na parte ativa do instrumento, seja na solução irrigadora. A remoção foi, então, considerada completa. Assim que a remoção do material obturador e a reinstrumentação dos canais radiculares foram concluídas, fez-se tomadas radiográficas no sentido vestíbulo-lingual e mésio-distal, e as imagens foram digitalizadas através de um scanner. Estas imagens foram então analisadas pelo software AUTOCAD 2004. Os remanescentes de material obturador foram identificados e avaliados (por milímetros quadrados, considerando os terços apical, médio e cervical). Fez-se, então, a análise estatística pelo teste de KruskalWallis. Em um pequeno número da amostra (menos de 20%), observou-s e a remoção completa do material obturador, sem diferença estatisticamente significante entre os grupos. O terço apical foi o que apresentou a maior quantidade de gutapercha e cimento, em comparação aos terços médio e cervical, não havendo diferença estatisticamente significante entre os grupos. Não ocorreu a fratura de nenhum instrumento, sendo que os instrumentos foram utilizados até que houvesse deformação visível, quando então eram descartados. Sob as condições experimentais, ambos os sistemas rotatórios mostraram-se eficazes e seguros para a realização do retratamento. No entanto, os resultados demonstram que todos os instrumentos podem deixar resquícios de material obturador no interior dos canais radiculares, especialmente no terço apical. Huang et al. (2007) realizaram um estudo com o intuito de avaliar quantitativamente os debris extruídos para a região apical quando utilizado o Sistema Rotatório ProTaper Universal. Utilizaram, para este estudo, 45 dentes anteriores unirradiculares extraídos, com curvaturas inferiores a 10 graus, que foram instrumentados (com patência apical) e obturados com guta-percha e cimento AH Plus através da técnica da condensação lateral. Após 30 dias estocados em umidificador a uma temperatura de 37ºC, os dentes foram então divididos em três grupos. No grupo A, a guta-percha foi removida pelos instrumentos de retratamento 35 ProTaper (D1, D2 e D3) a 500 r.p.m. até o comprimento de trabalho. Nenhum solvente foi utilizado. Quando o instrumento não foi capaz de se aprofundar, limas K foram utilizadas para alcançar a patência do canal radicular, antes que o instrumento fosse novamente utilizado. A remodelagem do canal radicular foi então realizada com os instrumentos S1, S2, F1, F2 e F3. No grupo B, a guta-percha foi removida com limas Hedstroem e solvente clorofórmio (utilizados após as brocas GatesGlidden 1, 2 e 3). Em seguida, foi realizada a remodelagem dos canais radiculares com os instrumentos ProTaper Universal. Já no grupo C, embora a desobturação tenha sido feita com os mesmos instrumentos utilizados no grupo B, a remodelagem dos canais radiculares foi realizada com limas de aço inoxidável tipo K. Os debris extruídos para a região apical foram coletados e foi então feita uma análise comparativa entre os três grupos. Embora todas as técnicas de retratamento tenham propiciado extrusão de debris, o Sistema ProTaper Universal, utilizado no grupo A, foi o método que produziu uma quantidade significantemente menor do que a observada nos outros dois grupos. Saad, Al-Hadlaq e Al-Katheeri (2007) avaliaram a eficiência dos instrumentos rotatórios ProTaper e K3, comparando-os a limas Hedstroem, na remoção de gutapercha do interior de canais radiculares. Foram também avaliados o tempo de trabalho e a quantidade de debris extruídos para a região periapical. Para este estudo, foram selecionados 60 dentes unirradiculares (anteriores e pré-molares), instrumentados e obturados com guta-percha e cimento AH 26 pela técnica da condensação lateral. Os elementos dentários foram então divididos em 3 grupos de 20 espécimes cada. Após a utilização das técnicas de retratamento propostas, as raízes foram seccionadas longitudinalmente e fotografadas. As imagens obtidas foram digitalizadas através de um scanner e os remanescentes de material obturador presentes nas paredes dos canais radiculares rastreados pelo programa de computador Ulead Photoimapct 7 e quantificados pelo software SigmaScan. Os resultados indicaram que os sistemas rotatórios utilizados neste estudo deixaram uma menor quantidade de restos de guta-percha no interior dos canais radiculares e demoraram menos tempo para executar a desobturação do que as limas Hedstroem. Não houve diferença estatisticamente significante quanto à quantidade de debris extruídos para a região periapical. BodrumLu et al. (2008) avaliaram a eficácia de três diferentes técnicas para a remoção de Resilon / Epiphany e guta-percha / AH Plus (condensados lateralmente) 36 durante o retratamento. O estudo teve por objetivo determinar a melhor técnica baseando-se nos resultados obtidos em relação ao tempo requerido para esta remoção e à quantidade de material remanescente no interior dos canais radiculares. Para esta pesquisa, foram utilizados 180 dentes humanos extraídos, sendo 90 anteriores superiores de canais radiculares retos e 90 molares inferiores com curvaturas do canal mesial variando entre 20 e 35 graus. Estes dentes foram divididos em 6 grupos, cada um contendo 15 canais radiculares retos e 15 curvos. Três destes grupos foram obturados com guta-percha e AH Plus e os demais com Resilon / Epiphany. Após três semanas estocados a 37°C em um ambiente com 100% de umidade, todas as obturações foram removidas utilizando-se três técnicas: Gates-Glidden isoladamente, Gates-Glidden com clorofórmio e System B. Nas três técnicas, foram utilizadas complementarmente limas manuais para que o comprimento de trabalho fosse alcançado, de modo a remover o restante do material obturador. Em seguida, os dentes foram cortados longitudinalmente e examinados ao microscópio com um aumento de quatro vezes. Os elementos dentários foram então classificados conforme a escala de Hülsmann e Stotz (1997) quanto à quantidade de material remanescente no interior dos canais radiculares e quanto ao tempo requerido para a remoção do material obturador. Ao serem submetidos a qualquer das três técnicas de desobturação, os dentes obturados com guta-percha / AH Plus, tanto com canais radiculares retos quanto curvos, mostraram mais resquícios de material obturador do que os preenchidos com Resilon / Epiphany (p<0,05). O tempo necessário para a remoção foi menor para os dentes obturados com Resilon / Epiphany, tanto para canais radiculares retos quanto curvos. As técnicas Gates-Glidden isoladamente e Gates-Glidden com clorofórmio foram significantemente mais rápidas do que a técnica do System B, para todos os canais radiculares. A técnica Gates-Glidden foi a melhor para os canais radiculares retos, enquanto que a técnica Gates-Glidden associada ao uso do solvente (clorofórmio) foi a melhor para os canais radiculares curvos para os dentes obturados com Resilon / Epiphany. Diante dos resultados obtidos, concluiu-se que a remoção da obturação de Resilon / Epiphany resultou em menos remanescentes do que a remoção de guta-percha / AH Plus com a utilização de brocas Gates-Glidden com ou sem clorofórmio, tanto em canais radiculares retos quanto curvos. Garcia Júnior et al. (2008) avaliaram comparativamente a eficiência da remoção de guta-percha e cimento Sealer 26 do interior de canais radiculares por 37 meio de diferentes instrumentos rotatórios. Para tal, foram utilizados 60 dentes prémolares extraídos, divididos em 6 grupos com 10 elementos cada, instrumentados por meio do Sistema Rotatório GT taper 0.04 até o #30 e obturados pela técnica híbrida de Tagger. A remoção do material obturador e concomitante remodelagem dos canais radiculares foram realizadas com os seguintes instrumentos: ProFile (grupo I), ProTaper (grupo II), GT (grupo III), manual controle (grupo IV), K3 (grupo V) e Hero (grupo VI). Em seguida, os dentes foram radiografados no sentido vestíbulo-lingual, e estas radiografias foram escaneadas a uma resolução de 480 DPI e analisadas em computador conforme a quantidade remanescente de material obturador após o retratamento. As raízes foram divididas em terço cervical, médio e apical, e atribuíram-se escores numa escala de zero (sem material remanescente), 1 (até 25%), 2 (até 50%), e 3 (mais de 50%). Foi feita a análise estatística destes escores para os diferentes instrumentos testados por meio do teste Kruskal-Wallis, havendo diferenças estatisticamente significantes entre eles. Os grupos instrumentados com os Sistemas Hero e K3 diferiram dos demais grupos, que obtiveram os melhores resultados, sem diferenças estatisticamente significantes entre eles. O grupo controle (manual), embora tenha apresentado valores baixos de remanescentes, quando avaliado por terços, foi o que obteve a maior quantidade de resquícios de material obturador no terço apical. Giuliani, Cocchetti e Pagavino (2008) realizaram um estudo que teve por objetivo avaliar o desempenho de instrumentos rotatórios (ProTaper para retratamento e ProFile taper 0.06) e de limas manuais para a remoção de material obturador do interior de canais radiculares retos. Foram selecionados, para tal, 42 dentes anteriores extraídos, que tiveram seus canais radiculares instrumentados pela técnica crown-down com o Sistema ProFile taper 0.06 e obturados com cimento Pulp Canal Sealer e guta-percha termoplastificada, utilizando o Obtura II. A qualidade da obturação foi atestada por tomadas radiográficas realizadas no sentido mésio-distal e vestíbulo-lingual. Em seguida, os dentes foram selados com resina composta e estocados por duas semanas em ambiente com 37°C de temperatura e 100% de umidade, para garantir a presa completa do cimento. Após este período, os dentes foram divididos aleatoriamente em três grupos e tiveram seus canais radiculares retratados por uma das técnicas supracitadas, utilizando, também, 0,5mL (para cada dente) do solvente Endosolv E. Somente um operador fez o preparo de todas as amostras, descartando cada instrumento após a utilização em cinco canais 38 radiculares. A remoção do material obturador foi considerada completa quando o comprimento de trabalho foi alcançado, não havendo mais visualização de gutapercha na parte ativa do último instrumento utilizado. Todos os dentes foram seccionados longitudinalmente no sentido vestíbulo-lingual, e as superfícies radiculares de cada uma das metades foram fotografadas sob um aumento de 40X, proporcionado pela utilização de um estereomicroscópio. As imagens foram capturadas em computador em formato JPEG. Foram calculados o tempo para a remoção de guta-percha e as áreas que apresentavam material obturador. Os instrumentos rotatórios foram significativamente mais rápidos do que as limas manuais para concluir o procedimento. Embora nenhuma das técnicas utilizadas tenha garantido a remoção completa do material obturador, sob as condições experimentais deste estudo, o Sistema de Retratamento ProTaper Universal proporcionou uma melhor limpeza das paredes dos canais radiculares, especialmente nos terços cervical e médio, quando comparado com o Sistema ProFile e com as limas manuais. Gu et al. (2008) também avaliaram a efetividade do Sistema de Retratamento ProTaper Universal para a remoção de guta-percha do interior dos canais radiculares. Foram utilizados para este estudo 60 dentes anteriores superiores extraídos, instrumentados e obturados com guta-percha e cimento AH Plus através da técnica da condensação lateral. Os dentes foram então divididos em três grupos, conforme os sistemas de desobturação e repreparo utilizados. No grupo A foi utilizado o Sistema de Retratamento ProTaper Universal e o Sistema ProTaper Universal convencional. No grupo B foram utilizadas brocas Gates-Glidden e limas Hedstroem em associação ao solvente clorofórmio, seguido pelo repreparo do canal radicular com instrumentos rotatórios ProTaper Universal. Já no grupo C, foram utilizados os mesmos métodos de desobturação do grupo B, porém, a remodelagem dos canais radiculares foi feita com limas manuais K-Flex (Kerr). Os restos de material obturador foram avaliados no estereomicroscópio com um aumento de 8X, sendo mensurados nos sentidos vestíbulo-lingual e mésio-distal e as imagens obtidas analisadas pelo software COMEF 4.0. Foi também medido o tempo necessário para promover a desobturação, que foi significativamente menor no grupo A do que nos outros dois grupos. Foram observados restos de material obturador, principalmente cimento, em todos os grupos; porém, no grupo A a quantidade foi menor nos terços médio e apical. 39 Hammad, Qualtrough e Silikas (2008) mediram a quantidade de material obturador remanescente no interior de canais radiculares retos após o retratamento com instrumentos manuais e rotatórios. Foram utilizados para este estudo 80 dentes extraídos com canais radiculares únicos e retos (ou com curvaturas inferiores a 10 graus) e ápices completos. Os dentes foram preparados com o Sistema ProTaper até o instrumento F3 e divididos aleatoriamente em quatro grupos, para então serem obturados com diferentes materiais e técnicas. Os três primeiros grupos foram obturados pela técnica da condensação lateral, variando apenas o material utilizado: o grupo 1 utilizou guta-percha e cimento Tubliseal, o grupo 2 pontas e cimento do Sistema EndoRez e o grupo 3 pontas Resilon e cimento RealSeal. Já o quarto grupo foi obturado com um único cone mestre de guta-percha, utilizando GuttaFlow como cimento. Os dentes foram então estocados em ambiente úmido a 37°C, para que houvesse a presa completa dos cimentos. Após este período, mensurou-se o volume de material obturador presente no interior dos canais radiculares através do escaneamento obtido por tomografias computadorizadas. Em seguida, cada grupo foi subdividido em dois grupos para que fosse realizado o retratamento pela técnica manual (com limas tipo K) ou rotatória (com instrumentos de níquel-titânio ProTaper para retratamento). Ambas as técnicas fizeram uso do solvente Eucaliptol. Foi feito, então, um novo escaneamento das amostras, seguindo os mesmos parâmetros do primeiro, para que fosse calculada a porcentagem de material obturador remanescente nas paredes dos canais radiculares. Sob as condições experimentais, nenhum dos materiais obturadores foi removido na sua totalidade do interior dos canais radiculares. Houve diferença estatisticamente significante entre as duas técnicas de retratamento na remoção de guta-percha, sendo que esta foi removida com maior eficácia quando utilizadas limas manuais. O grupo que mostrou a menor porcentagem de resíduos ao final do procedimento foi o que fez uso da GuttaFlow. Os autores sugerem que a combinação das técnicas manual e rotatória poderia resultar em uma remoção mais eficiente do material obturador do interior dos canais radiculares. Kumar, Gokul e Shivanna (2008) compararam a eficiência de limas manuais (Hedstroem) e instrumentos rotatórios (Greater Taper, ProTaper e RaCe) para a remoção de guta-percha do interior de canais radiculares durante o retratamento. Utilizaram, para tal, 60 pré-molares inferiores extraídos, que foram instrumentados e obturados com guta-percha e cimento AH Plus, pela técnica da condensação lateral. 40 Após um período de estocagem de duas semanas em umidificador a 37°C de temperatura, as amostras foram divididas aleatoriamente em quatro grupos. Todos os canais radiculares tiveram 6 mm de obturação removida de sua porção cervical com o auxílio de brocas Gates-Glidden, e fizeram uso do solvente Eucaliptol. Em seguida, utilizou-se um dos seguintes sistemas de retratamento: limas Hedstroem (grupo 1), instrumentos Greater Taper – GT (grupo 2), instrumentos ProTaper (grupo 3) e instrumentos RaCe (grupo 4). O procedimento foi considerado completo quando não havia mais material obturador recobrindo os instrumentos. Os dentes foram, então, diafanizados para que fosse avaliada a limpeza das paredes dos canais radiculares tanto no sentido mésio-distal, quanto vestíbulo-lingual, com o auxílio de um estereomicroscópio. Foram também considerados o tempo necessário para realizar a desobturação e os erros de procedimento (fraturas dos instrumentos). Foram observados resquícios de material obturador em todos os grupos; embora o grupo que utilizou instrumentos RaCe tenha deixado a menor quantidade, quando comparado aos outros três grupos. Quando considerado o tempo de retratamento, o Sistema RaCe foi significantemente mais rápido do que os demais. Apenas um instrumento ProTaper e uma lima Hedstroem sofreram fratura durante o procedimento. Diante das condições experimentais deste estudo, os autores concluíram que os instrumentos RaCe são mais eficientes do que as demais técnicas testadas, já que promovem uma melhor limpeza das paredes dos canais radiculares, em menor tempo. Só et al. (2008) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar o desempenho dos instrumentos para retratamento do Sistema ProTaper e de limas manuais para a remoção de material obturador durante o retratamento. Também foi avaliada a influência do tipo de cimento na presença de debris de obturação no interior de canais radiculares reinstrumentados. Para isso, foram selecionadas 60 raízes palatinas de primeiros molares superiores, que apresentavam ápices completamente formados e canais radiculares retos ou com curvaturas inferiores a cinco graus. Estes canais foram preparados pela técnica crown-down com limas Flexofile e obturados por condensação lateral com guta-percha e cimento Endofill (grupos 1 e 3) ou AH Plus (grupos 2 e 4). Em seguida, as raízes foram seladas e estocadas em saliva artificial a 37°C por um período de 90 dias para então serem retratadas pela técnica manual (grupos 1 e 2) ou rotatória (grupos 3 e 4), sem a utilização de solventes. Ao final do procedimento, as raízes foram seccionadas 41 longitudinalmente no sentido vestíbulo-lingual. A metade que apresentasse a maior quantidade de debris de obturação sob inspeção visual era examinada com um microscópio óptico clínico (DF Vasconcelos) com um aumento de 10X. As imagens foram capturadas por uma câmera digital acoplada ao microscópio e analisadas pelo software AUTOCAD 2004. Embora no terço apical não tenha havido diferenças estatisticamente significantes entre os grupos, no terço cervical o grupo 3 (Endofill / ProTaper) apresentou maior quantidade de debris do que o grupo 1 (Endofill / limas manuais). Já no terço médio, observou-se que a maior quantidade de material obturador remanescente estava presente no interior dos canais radiculares dos grupos 2 (AH Plus / limas manuais), 3 (Endofill / ProTaper) e 4 (AH Plus / ProTaper), quando comparados com o grupo 1 (Endofill / limas manuais). Todas as amostras apresentaram debris de obturação nos três terços após a reinstrumentação, independentemente da técnica de retratamento utilizada. Somma et al. (2008) compararam a efetividade dos instrumentos Mtwo-R e dos instrumentos de retratamento do Sistema ProTaper com uma técnica manual (utilizando limas Hedstroem) na remoção de três diferentes materiais obturadores (guta-percha, Resilon e EndoRez) do interior de canais radiculares retos. Para este estudo, foram utilizados 90 pré-molares com raízes únicas e retas e ápices completos. Os dentes foram instrumentados com o auxílio do Sistema MTwo taper 0.04 e divididos em nove grupos. Os grupos 1, 2 e 3 foram obturados com gutapercha e cimento Pulp Canal Sealer; os grupos 4, 5 e 6 com pontas Resilon, Real Seal Primer e Root Canal Sealant e os grupos 7, 8 e 9 com o Sistema EndoRez. Após a condensação lateral, as superfícies coronárias dos dentes obturados com os Sistemas Resilon e EndoRez foram fotopolimerizadas. Os grupos 1, 4 e 7 (grupos Hedstroem) foram retratados pela técnica manual, com o auxílio do solvente clorofórmio. Aproximadamente 5 mm de material obturador da porção coronal foi removido com brocas Gates-Glidden, e o restante com limas manuais. Os grupos 2, 5 e 8 (grupos ProTaper) foram retratados com instrumentos para retratamento do Sistema ProTaper e os grupos 3, 6 e 9 (grupos MTwo R) foram desobturados com o auxílio de instrumentos rotatórios para retratamento do Sistema MTwo. O retratamento foi considerado completo quando o último instrumento atingiu o comprimento de trabalho, não estando envolto de material obturador, e as paredes dos canais radiculares apresentavam-se livres de debris visíveis. As raízes foram cortadas longitudinalmente para que a limpeza dos canais radiculares fosse avaliada 42 com o auxílio de um estereomicroscópio óptico e microscopia eletrônica de varredura. Embora os sistemas rotatórios avaliados tenham provado serem rápidos e seguros na remoção de material obturador do interior dos canais radiculares, todos os instrumentos utilizados neste estudo deixaram remanescentes, especialmente nos terços médio e apical, independentemente do material obturador utilizado. Porém, quando considerado apenas o terço apical, a técnica manual mostrou-se mais eficiente no que tange a limpeza das paredes dos canais radiculares. Os dentes obturados com Resilon demandaram menos tempo para serem retratados e os obturados com EndoRez obtiveram paredes mais limpas ao final do procedimento. A extrusão apical foi observada em todos os grupos, em especial naqueles que tiveram instrumentação mecanizada. Os resultados obtidos neste estudo sugerem que o uso combinado de instrumentos manuais e rotatórios parece propiciar melhores resultados em termos de limpeza das paredes dos canais radiculares, especialmente no terço apical. Tasdemir, Yildirim e Çelik (2008a) realizaram um estudo comparativo da remoção de diferentes materiais obturadores com a utilização de sistemas rotatórios comumente utilizados para o retratamento endodôntico em associação ao solvente clorofórmio. Foram selecionados 72 dentes anteriores unirradiculares com canais retos, que foram instrumentados com o Sistema MTwo. Os elementos dentários foram, então, aleatoriamente divididos em 4 grupos com 18 espécimes cada. Os dentes do gupo 1 foram obturados com Resilon e Epiphany, os do grupo 2 com o sistema de obturação GuttaFlow, os do grupo 3 com o sistema de obturação Endo Twinn e os do grupo 4 com guta-percha e AH Plus. Os dentes foram retratados através da utilização de brocas Gates-Glidden, solvente e instrumentos MTwo para retratamento e MTwo convencionais. Foram avaliados o tempo requerido para promover a desobturação e, após o seccionamento das raízes, a quantidade de material obturador remanescente nas paredes dos canais radiculares. A limpeza foi analisada estatisticamente através do teste Kruskal Wallis o t este U de MannWhitney. Não houve diferença estatisticamente significante entre os quatro grupos no que tange a quantidade de material obturador remanescente presente nos terços apical, médio e cervical e nos canais radiculares como um todo. Quanto ao tempo requerido para a desobturação, os grupos que haviam sido obturados com os Sistemas GuttaFlow e EndoTwinn levaram menos tempo para serem removidos do que os outros dois grupos. 43 Ainda no mesmo ano, Tasdemir, Yildirim e Çelik realizaram um estudo que teve por objetivo investigar a capacidade de três instrumentos rotatórios de níqueltitânio e de limas manuais para remover guta-percha e cimento. Foram utilizados para tal 60 dentes unirradiculares humanos recém-extraídos com curvaturas radiculares inferiores a 10 graus, que haviam sido instrumentados com limas K e obturados com guta-percha e cimento AH Plus através da técnica da condensação lateral. Os dentes foram aleatoriamente divididos em quatro grupos com 15 elementos cada. A remoção de guta-percha foi realizada através da utilização dos seguintes instrumentos e técnicas: ProTaper, R-Endo, MTwo e limas Hedstroem. Todos os grupos fizeram uso de brocas Gates-Glidden (para remover a guta-percha da porção cervical de seus canais radiculares) e do solvente clorofórmio. As amostras foram diafanizadas e as áreas das paredes dos canais radiculares que apresentavam remanescentes de material obturador foram medidas através de um programa de computador de análise estatística de imagens (COMEF 4.3). Foram avaliados os parâmetros de quantidade de material obturador remanescente no interior dos canais radiculares e o tempo de trabalho. O grupo ProTaper apresentou uma menor quantidade de massa obturadora no interior dos canais radiculares, mas uma diferença estatisticamente significante foi encontrada somente entre os grupos ProTaper e MTwo (p<0.05). O tempo requerido para o retratamento foi significantemente menor para os Sistemas ProTaper e MTwo, em comparação com o Sistema R-Endo e com a instrumentação manual com limas Hedstroem (p<0.001). R-Endo foi consideravelmente mais rápido do que a instrumentação manual (p<0.001). Diante dos resultados obtidos, os autores concluiram que, dentro das condições experimentais utilizadas, o Sistema ProTaper deixou a menor quantidade de cimento e guta-percha remanescente quando comparado com os instrumentos MTwo. A completa remoção de material obturador não ocorreu com nenhum dos sistemas investigados. Ünal et al. (2009) realizaram um estudo experimental para comparar a eficácia de novos instrumentos com instrumentos convencionais para a remoção de gutapercha do interior de canais radiculares curvos. Para tal, foram selecionados 56 molares superiores extraídos, cujas raízes apresentavam curvaturas que variavam entre 20 e 42 graus. Os dentes foram instrumentados pela técnica crown-down com o Sistema ProFile e obturados com cimento AH Plus e guta-percha, utilizando as técnicas de termocompactação (System B) e de termoplastificação (Obtura II). Após 44 um período de duas semanas, em que as amostras ficaram estocadas em ambiente úmido a 37°C de temperatura, realizou-se a desobturação dos canais radiculares, com o auxílio do solvente Eucaliptol e de técnicas manuais (limas tipo K e Hedstroem) ou mecanizadas (Sistemas ProFile, R-Endo ou instrumentos ProTaper para retratamento). Ao final do procedimento, foram feitas radiografias digitais das amostras, tanto no sentido vestíbulo-lingual, quanto no mésio-distal. As imagens foram transferidas para o computador e o software AUTOCAD 2000 foi utilizado para avaliar o percentual de áreas das paredes dos canais radiculares que apresentavam remanescentes de material obturador. Foram também analisados o tempo necessário para realizar o retratamento, a extrusão de debris e material obturador via forame apical, as fraturas e deformações dos instrumentos utilizados e as falhas de procedimento (desvios e perfurações). Os dados foram analisados estatisticamente através dos testes Kruskal-Wallis e Mann-Whitney. Nenhuma das técnicas de retratamento aplicadas neste estudo foi capaz de remover por completo o material obturador do interior dos canais radiculares. Este fato somente ocorreu em três espécimes, que foram instrumentadas com limas manuais. Não houve diferença estatisticamente significante quando comparados os terços cervical, médio e apical das raízes, em ambas as projeções radiográficas. As tomadas radiográficas no sentido vestíbulo-lingual mostraram que a quantidade de material obturador remanescente foi significantemente menor quando utilizada a instrumentação manual em comparação com os Sistemas R-Endo e ProTaper. Já nas tomadas no sentido proximal, os melhores resultados foram obtidos tanto nos dentes instrumentados com limas manuais, quanto naqueles retratados pelo Sistema ProFile, quando comparados com o Sistema R-Endo. Os instrumentos manuais foram significantemente mais rápidos do que os Sistemas R -Endo e ProFile. O Sistema ProTaper foi o que propiciou o maior número de problemas de procedimento (ocorreram cinco fraturas de instrumentos e duas perfurações radiculares). Os autores concluíram, assim, que sob as condições experimentais deste estudo, os instrumentos ProTaper para retratamento e R-Endo mostraram-se menos eficazes para remover o material obturador do interior dos canais radiculares do que as limas manuais e os instrumentos ProFile. 45 2.2 Variáveis presentes nos estudos que tratam do retratamento endodôntico De um modo geral, as pesquisas laboratoriais presentes neste trabalho apresentam basicamente quatro variáveis: amostra, materiais obturadores, técnicas de obturação e, como foco principal, técnicas de desobturação dos canais radiculares. 2.2.1 Amostra Em se tratando da amostra presente nas pesquisas que tratam do retratamento endodôntico, existem algumas variáveis que podem estar presentes. Dentre elas, destacam-se o tipo de modelo experimental (canais radiculares simulados, dentes humanos ou dentes de animais, por exemplo), o tipo de canais radiculares (retos ou curvos, amplos ou estreitos) e o número (n) da amostra. Estes fatores combinados, juntamente com outros elementos presentes na pesquisa, podem determinar a relevância do estudo. As pesquisas presentes neste trabalho são, em sua totalidade, estudos in vitro, ou seja, estudos laboratoriais, que utilizam dentes extraídos. Apenas um deles (BUENO et al., 2006) fez uso de dentes bovinos extraídos, que apresentavam canais radiculares retos e únicos e ápices completamente formados. Os autores justificam sua escolha alegando que estes dentes apresentam anatomia similar à dos dentes humanos e que se enquadram no tipo de estudo que realizaram, o qual limitava-se a medir, em imagens radiográficas, a área total do canal radicular e a área que apresentava remanescentes de guta-percha e cimento após o retratamento endodôntico. Todas as demais pesquisas presentes neste trabalho fizeram uso de dentes humanos extraídos (HÜLSMANN; STOTZ, 1997; IMURA et al., 2000; MASIERO; BARLETTA, 2005; EZZIE et al., 2006; GERGI; SABBAGH, 2007; SOMMA et al., 2008; ÜNAL et al., 2009). Segundo Ferreira, Rhodes e Pitt Ford (2001), o retratamento endodôntico pode ser avaliado também em canais radiculares simulados; porém, devem ser consideradas as irregularidades típicas dos canais radiculares, pois nestas áreas a remoção do material obturador é dificultada. Menos de 20% dos estudos aqui presentes utilizaram raízes curvas (FERREIRA; RHODES; PITT FORD, 2001; VALOIS; COSTA JR., 2003; GELANI et 46 al., 2004; EZZIE et al., 2006; SCHIRRMEISTER et al., 2006d; BARLETTA et al., 2007; GERGI E SABBAGH, 2007; ÜNAL et al., 2009). Apenas um estudo (BODRUMLU et al., 2008) utilizou tanto canais radiculares retos quanto com curvaturas que variavam entre 20 e 35 graus. Todos os autores utilizaram o mesmo parâmetro de classificação (Método de Schneider) ao calcular o grau de curvatura das raízes utilizadas em suas pesquisas. Gelani et al. (2004) dividiu amostra de seu estudo conforme o calibre dos canais radiculares, em amplos e atrésicos. No grupo de canais radiculares amplos, o batente apical foi confeccionado com a lima tipo Kerr #40, com escalonamento até o instrumento #60. Já no grupo de canais radiculares atrésicos, o batente apical foi feito com a lima #25, realizando escalonamento até o instrumento #40. Considerando-se o número de dentes utilizados como amostras, observou-se que há uma grande discrepância entre a maior e a menor amostra. Enquanto Fidel et al. (2000) utilizaram apenas 14 dentes em sua pesquisa, Bodrumlu et al.(2008) fizeram uso de 180 espécimes. Entretanto, a média situa-se em torno de 60 dentes (TANOMARU FILHO et al., 1999; VALOIS; COSTA JR., 2003; EZZIE et al., 2006; ZMENER; PAMEIJER; BANEGAS, 2006; GU et al., 2008; SÓ et al., 2008; TASDEMIR; YILDIRIM; ÇELIK, 2008b). 2.2.2 Materiais obturadores A maior parte das pesquisas descritas neste trabalho (cerca de70%) são, em uma linha geral, estudos comparativos que avaliam a capacidade de diferentes instrumentos endodônticos (manuais, oscilatórios e rotatórios) removerem um determinado material obturador do interior dos canais radiculares (HÜLSMANN; STOTZ, 1997; SAE-LIM et al., 2000; FERREIRA; RHODES; PITT FORD, 2001; GELANI et al., 2004; HÜLSMANN; BLUHM, 2004; MACIEL; SCELZA, 2006; SCHIRRMEISTER et al., 2006c; ZMENER; PAMEIJER; BANEGAS, 2006; GERGI; SABBAGH, 2007; GIULIANI; COCCHETTI; PAGAVINO, 2008; ÜNAL et al., 2009). Menos de 20% dos estudos avaliam a capacidade de diferentes instrumentos removerem materiais obturadores diversos durante o retratamento endodôntico, levando em consideração não apenas os instrumentos e técnicas em si, mas também os diferentes materiais obturadores utilizados na pesquisa (KOSTI et al., 47 2006; SCHIRRMEISTER et al., 2006a; BODRUMLU et al., 2008; HAMMAD; QUALTROUGH; SILIKAS, 2008; SÓ et al., 2008; SOMMA et al., 2008). Alguns dos estudos aqui presentes (cerca de 12% do total) consideram apenas um instrumento rotatório quanto à sua efetividade ao remover diferentes materiais obturadores (BARATTO FILHO; FERREIRA; FARINIUK, 2002; EZZIE et al., 2006; TASDEMIR; YILDIRIN; ÇELIK, 2008a), ou ao remover um mesmo material obturador, atuando em diferentes velocidades (BRAMANTE; BETTI, 2000; BARATTO FILHO et al., 2006). A guta-percha é, indubitavelmente, o material mais amplamente utilizado não somente na clínica, como também nas pesquisas que tratam do retratamento endodôntico (HÜLSMANN; STOTZ, 1997; OLIVEIRA, 2002; HÜLSMANN; BLUHM, 2004; MASIERO; BARLETTA, 2005; FERREIRA et al., 2006; HUANG et al., 2007; GU et al., 2008; ÜNAL et al., 2009) . Segundo Cayón e Duran (2009), o que se tem demonstrado clinicamente é que a guta-percha, junto com um cimento selador, cumpre os requisitos necessários de biocompatibilidade e selamento, fazendo com que seja o material de obturação mais utilizado e difundido no mundo há mais de um século. Isso é possível devido ao fato de que apresenta a capacidade de plastificarse sob calor e ser compactada no interior do canal radicular, pela pressão. Os cimentos utilizados em tais estudos foram à base de óxido de zinco e eugenol, hidróxido de cálcio, ionômero de vidro ou, mais recentemente, à base de resina. Em geral, os autores utilizam apenas um destes cimentos; porém, em algumas pesquisas, como a realizada por Kosti et al., em 2006, a guta-percha foi utilizada em associação a quatro diferentes cimentos: Roth 811, AH 26, Endion e Roekoseal. Os cimentos à base de óxido de zinco e eugenol são largamente utilizados em função de sua plasticidade, longo tempo de presa e pequena alteração volumétrica após a presa (VENTURI, 2008). Inúmeros estudos fazem uso deste tipo de cimento em combinação a cones de guta-percha (TASDEMIR; YILDIRIN; ÇELIK, 2008b; SAE-LIM et al., 2000; FERREIRA; RHODES; PITT FORD, 2001; BARRIESHINUSAIR, 2002; YAMAZAKI; CALDEIRA; PROKOPOWITSCH, 2003; GELANI et al., 2004; MASIERO; BARLETTA, 2005; MACIEL; SCELZA, 2006; GERGI; SABBAGH, 2007; GIULIANI; COCCHETTI; PAGAVINO, 2008). Embora apresentem boa capacidade seladora e baixa citoxicidade, os cimentos à base de hidróxido de cálcio são utilizados com pouca freqüência nos 48 estudos. Nestes casos, o cimento de escolha tem sido o Sealer 26 (VALOIS et al., 2001; BARATTO FILHO; FERREIRA; FARINIUK, 2002; FERREIRA et al., 2006; GARCIA JR. et al., 2008). Também pouco utilizados são os cimentos à base de ionômero de vidro, tais como o Endion (KOSTI et al., 2006). Por outro lado, os cimentos resinosos, tais como o AH 26 e, mais recentemente, o AH Plus, têm sido amplamente aplicados na prática clínica e nos estudos laboratoriais (HÜLSMANN; STOTZ, 1997; HÜLSMANN; BLUHM, 2004; BARATTO FILHO et al., 2006; ZMENER; PAMEIJER; BANEGAS, 2006; HUANG et al., 2007; SAAD, AL-HADLAQ; AL-KATHEERI, 2007; GU et al., 2008; KUMAR; GOKUL; SHIVANNA, 2008, ÜNAL et al., 2009). Segundo Venturi (2008), estes cimentos apresentam baixa solubilidade, capacidade de microrretenção à dentina radicular e bom escoamento, podendo selar canais radiculares laterais. O Sistema GuttaFlow, uma modificação do RSA RoekoSeal foi recentemente introduzido no mercado. Trata-se de uma pasta que combina guta-percha em pó, nanopartículas de prata e um polidimetilsiloxano. O fabricante argumenta que o material promove um selamento perfeito, uma vez que apresenta fluidez e expande ligeiramente durante a presa, e pode ser facilmente removido, em casos de retratamento. Poucos estudos acerca de técnicas de retratamento endodôntico fazem uso do GuttaFlow (HAMMAD; QUALTROUGH; SILIKAS, 2008; TASDEMIR; YILDIRIM; ÇELIK, 2008a). Recentemente, novos sistemas de obturação à base de resina têm sido propostos, constituindo-se em alternativas ao uso da guta-percha. Dentre estes, destaca-se o Resilon, um poliuretano industrial adaptado para o uso na Endodontia. Este material se assemelha, em suas propriedades físicas, à guta-percha, e permite obturar o sistema de canais radiculares com as mesmas técnicas. Considerando-se o retratamento, o Resilon pode ser amolecido pelo calor e dissolvido por solventes como o clorofórmio. Os sistemas à base de Resilon incorporam a resina de preenchimento um cimento selador, denominado Epiphany, com capacidade de união à dentina e à resina do núcleo (Resilon), formando assim uma obturação em bloco (o chamado “monobloco”). Esse mesmo sistema com a denominação de RealSeal é distribuído pela SybronEndo (HAMMAD; QUALTROUGH; SILIKAS, 2008; CAYÓN; DURAN, 2009). Em alguns estudos recentes que tratam de diferentes técnicas de retratamento endodôntico, estes materiais foram utilizados (EZZIE et al., 49 2006; OLIVEIRA et al., 2006; SCHIRRMEISTER et al., 2006a; BODRUMLU et al., 2008; TASDEMIR; YILDIRIM; ÇELIK, 2008a). Outro sistema à base de resina presente em alguns dos estudos (HAMMAD; QUALTROUGH; SILIKAS, 2008; SOMMA et al., 2008) é o Sistema ADO (Apical Delivered Obturation) EndoRez, um conjunto composto por resina dual, à base de dimetacrilato uretano, acrescido de sulfato de bário, óxido de zinco e pigmentos e cones de guta-percha revestidos com resina. Neste sistema, nenhum adesivo é empregado e o selamento tridimensional depende da penetração do cimento hidrofílico nos túbulos dentinários e canais radiculares laterais após a remoção da smear layer de forma passiva (LEONARDO; PAMEIJER; BORGES, 2009). Herbert et al. (2009), ao comparar a qualidade do selamento e a adaptação dos sistemas de obturação Resilon, EndoRez e GuttaFlow em radiografias e observações de cortes transversais de raízes retas ao estereomicroscópio, observaram que qualquer dos três materiais oferece uma obturação apical efetiva, constituindo-se em boas alternativas ao uso da guta-percha. 2.2.3 Técnicas de obturação dos canais radiculares Inúmeras são as técnicas de que dispomos atualmente para realizar a obturação do sistema de canais radiculares. Estas podem variar conforme a direção em que a guta-percha é compactada (lateral ou vertical) e a temperatura que se deve aplicar, seja fria ou aquecida (CAYÓN; DURAN, 2009). Os estudos presentes neste trabalho fazem uso de muitas destas técnicas. Em aproximadamente 60% destes, a condensação lateral foi a técnica de escolha, já que é universalmente aceita e difundida, além de ser considerada como padrão dentre as técnicas de obturação (HÜLSMANN; BLUHM, 2004; OLIVEIRA et al., 2006; SCHIRRMEISTER et al., 2006c; BARLETTA et al., 2007; HUANG et al., 2007; BODRUMLU et al., 2008; SÓ et al., 2008; TASDEMIR; YILDIRIM; ÇELIK, 2008b). A técnica da condensação vertical de guta-percha aquecida, utilizada em alguns dos estudos aqui presentes, foi proposta para que se obtenha melhor adaptação do material às irregularidades dos canais radiculares, obturando-se de forma mais previsível canais radiculares laterais, ramificações e istmos (YAMAZAKI; 50 CALDEIRA; PROKOPOWITSCH, 2003; BUENO et al., 2006; KOSTI et al., 2006; SCHIRRMEISTER et al., 2006a). Na técnica da condensação vertical de onda contínua, realizada com o aparelho System B, o mesmo instrumento é o transportador de calor e o calcador de guta-percha (CAYÓN; DURAN, 2009). Embora sua aplicação não seja tão freqüente quanto a condensação lateral, a técnica é bastante utilizada nos estudos presentes neste trabalho (FERREIRA; RHODES; PITT FORD, 2001; EZZIE et al., 2006; SCHIRRMEISTER et al., 2006a; GERGI; SABBAGH, 2007; ÜNAL et al., 2009). Tasdemir, Yildirim e Çelik (2008a) utilizaram em seu estudo um novo sistema de obturação, denominado Endo Twinn – v2. Este aparelho combina calor e vibração durante a compactação vertical. A técnica de injeção de guta-percha termoplástica, realizada com aparelhos como o Obtura II, também está presente em algumas das pesquisas que tratam do retratamento endodôntico (EZZIE et al., 2006; SCHIRRMEISTER et al., 2006d, GIULIANI; COCCHETTI; PAGAVINO, 2008; ÜNAL et al., 2009). Neste caso, o aquecimento da guta-percha se realiza fora do canal radicular. O Obtura II utiliza uma pistola carregada com cartucho de guta-percha, que se aquece a uma temperatura de até 170°C. A guta-percha é, então, introduzida no interior do canal radicular com o auxílio de agulhas de prata conectadas à pistola (CAYÓN; DURAN, 2009). Outro sistema de obturação presente nos estudos é o Thermafill (BARATTO FILHO; FERREIRA; FARINIUK, 2002; BARATTO FILHO et al., 2006; FERREIRA et al., 2006). Constitui-se de uma haste transportadora central flexível, de tamanho e conicidades equivalentes aos das limas endodônticas, recoberta de maneira uniforme com uma camada de guta-percha da fase alfa refinada, que é aquecida em um forno específico, fornecido pelo sistema (CAYÓN; DURAN, 2009). Os termocompactadores, tais como o condensador de McSpadden e o Gutta Condensor, são amplamente utilizados para termoplastificar a guta-percha. Na chamada técnica híbrida de Tagger (BASSO; NETO; WESTPHALEN, 2003; GELANI et al., 2004; MASIERO; BARLETTA, 2005; FERREIRA et al., 2006; GARCIA JR. et al., 2008), o terço apical do canal radicular é obturado utilizando uma condensação lateral ativa a frio e o remanescente com o termocondensador, podendo resultar em uma obturação homogênea e eficaz (CAYÓN; DURAN, 2009). 51 2.2.4 Técnicas de desobturação dos canais radiculares A desobturação é a primeira fase técnica do retratamento endodôntico, que pode ser realizada através da utilização de diversos recursos: solventes, limas manuais (tipo K ou Hedstroem, principalmente), instrumentos rotatórios ou mesmo outras ferramentas, menos usuais, tais como o laser, o ultra-som ou o aquecimento. 2.2.4.1 Utilização de solventes Os solventes químicos são muito utilizados durante o retratamento, uma vez que atuam sobre o material obturador, facilitando e acelerando a sua remoção através do uso de instrumentos endodônticos. Dessa forma, acabam por evitar a ocorrência de acidentes durante este procedimento. Sua utilização, porém, deve ser cuidadosa, pois muitos são considerados tóxicos, podendo prejudicar o periodonto apical (PHILIPPS; VIZIOLI, 2003). Estas substâncias estão presentes com grande freqüência nos estudos que tratam de técnicas de retratamento endodôntico. Considerando-se as pesquisas que constam neste trabalho, por exemplo, verifica-se que quase 70% delas fazem uso de algum tipo de solvente, seja este o clorofórmio (HÜLSMANN; STOTZ, 1997; SAELIM et al., 2000; KOSTI et al., 2006; HUANG et al., 2007; BODRUMLU et al., 2008; SOMMA et al., 2008), o Eucaliptol (VALOIS; COSTA JR., 2003; GELANI et al., 2004; HAMMAD; QUALTROUGH; SILIKAS, 2008; ÜNAL et al., 2009), o Xilol (BETTI; BRAMANTE, 2001; OLIVEIRA, 2002; YAMAZAKI; CALDEIRA; PROKOPOWITS, 2003) ou o Endosolv-E (GIULIANI; COCCHETTI; PAGAVINO, 2008). Na prática clínica, o clorofórmio é o solvente de guta-percha mais utilizado e o mais efetivo, especialmente nos casos em que o canal radicular tem uma anatomia complexa; entretanto, sua toxicidade não pode ser desconsiderada, uma vez que pode lesar os tecidos periapicais quando extruído (BUENO et al., 2006). O Xilol e o Eucaliptol dissolvem a guta-percha mais lentamente e somente quando aquecidos se aproximam da eficácia do clorofórmio (RODA; GETTLEMAN, 2007). Alguns pesquisadores, tais como Maciel e Scelza (2006) têm utilizado o óleo de casca de laranja em estudos de citoxicidade e biocompatibilidade de solventes 52 utilizados no retratamento endodôntico, comparando-o a outros, tais como o Eucaliptol, o Xilol, o clorofórmio e o halotano. Observa-se que ele é um solvente menos tóxico e menos irritante do que os demais, constituindo-se em uma alternativa adequada para a desintegração do material obturador (RAMOS, 2000; OYAMA, 2003). 2.2.4.2 Utilização de instrumentos manuais Apesar de todo o avanço técnico que vem ocorrendo na Endodontia, o emprego de limas manuais continua indispensável na prática clínica. A maior parte dos estudos aqui presentes traça um parâmetro de comparação entre técnicas manuais e rotatórias, utilizando limas Hedstroem, limas tipo K e limas FlexoFile. Em casos de retratamento endodôntico, estes instrumentos podem ser utilizados para remover o material obturador do interior do canal radicular em uso isolado (HÜLSMANN; STOTZ, 1997; HÜLSMANN; BLUHM, 2004) ou combinado (TANOMARU FILHO et al., 1999), associados (SAE-LIM et al., 2000; BETTI; BRAMANTE, 2001; HÜLSMANN; BLUHM, 2004; GIULIANI; COCCHETTI; PAGAVINO, 2008) ou não a solventes e associados (HUANG et al., 2007; SOMMA et al., 2008; ÜNAL et al., 2009) ou não a instrumentos rotatórios. Baseando-se nos resultados obtidos em seus estudos, alguns autores afirmam que a combinação das técnicas manual e rotatória parece propiciar melhores resultados em termos de limpeza das paredes dos canais radiculares, especialmente no terço apical (HÜLSMANN; STOTZ, 1997; BARATTO FILHO; FERREIRA; FARINIUK, 2002; HAMMAD; QUALTROUGH; SILIKAS, 2008; SOMMA et al., 2008). 2.2.4.3 Utilização de sistemas rotatórios Segundo Roda e Gettleman (2007), o uso dos sistemas rotatórios para remover o material obturador do interior dos canais radiculares tem sido defendido pela grande eficiência e eficácia demonstradas nos retratamentos. Diversos são os sistemas disponíveis no mercado, incluindo os sistemas de instrumentos de NiTi, o 53 sistemas de limas quarter turn (rotação alternada) Canal Finder (BRAMANTE; FREITAS, 1998) e Endo-Gripper (MASIERO; BARLETTA, 2005), e o GPX (HÜLSMANN; STOTZ, 1997). Estes aparelhos com motor dilaceram mecanicamente a guta-percha e o cimento, enquanto termoplastificam a massa obturadora com o calor gerado pelo atrito, auxiliando a remoção. As brocas Gates-Glidden são largamente utilizadas durante o retratamento endodôntico. Isto ocorre não apenas na prática clínica, mas também em muitos estudos presentes neste trabalho (cerca de 38% deles). Na maior parte dos casos, estas brocas são utilizadas em associação a solventes e limas manuais – principalmente Hedstroem, apresentando bons resultados em termos de limpeza das paredes dos canais radiculares (BARRIESHI-NUSAIR, 2002; GELANI et al., 2004; BUENO et al., 2006; KOSTI et al., 2006; HUANG et al., 2007; GU et al., 2008; SOMMA et al., 2008). As brocas Gates-Glidden também podem ser utilizadas apenas no terço cervical, criando um reservatório para o solvente e precedendo o uso de outro instrumento (FIDEL et al., 2000; SCHIRRMEISTER et al., 2006c; ZMENER; PAMEIJER; BANEGAS, 2006; KUMAR; GOKUL; SHIVANA, 2008; TASDEMIR, YILDIRIN; ÇELIK, 2008), associadas apenas à limas manuais, sem a utilização de solventes (HÜLSMANN; STOT Z , 1 9 9 7 ; BHARATHI; CHACKO; LAKSHMINARAYANAN, 2002; SCHIRRMEISTER et al., 2006a; SÓ et al., 2008) ou, em alguns casos, em uso isolado (VALOIS et al., 2001; BODRUMLU et al., 2008). Os Sistemas Rotatórios de NiTi utilizados em mais de 80% dos estudos presentes neste trabalho são o ProFile (IMURA et al., 2000; FERREIRA; RHODES; PITT FORD, 2001; BARRIESHI-NUSAIR, 2002; VALOIS; COSTA JR., 2003; BARATTO FILHO et al., 2006; MACIEL; SCELZA, 2006; BARLETTA et al., 2007; GIULIANI; COCCHETTI; PAGAVINO, 2008; ÜNAL et al., 2009) e o ProTaper (HÜLSMANN; BLUHM, 2004; MACIEL; SCELZA, 2006; GERGI; SABBAGH, 2007; HUANG et al., 2007; GU et al., 2008; HAMMAD; QUALTROUGH; SILIKAS, 2008; SÓ et al., 2008; TASDEMIR, YILDIRIN; ÇELIK, 2008b; ÜNAL et al., 2009). Com menor incidência, aparecem, nesta ordem, os Sistemas K3 (MASIERO; BARLETTA, 2005; MACIEL; SCELZA, 2006; SAAD, AL-HADLAQ; AL-KATHEERI, 2007; GARCIA JR. et al., 2008), Quantec (BRAMANTE; BETTI, 2000; IMURA et al., 2000; GELANI et al., 2004); RaCe (SCHIRRMEISTER et al., 2006b; KUMAR; GOKUL; SHIVANNA, 2008), FlexMaster ((HÜLSMANN; BLUHM, 2004; (SCHIRRMEISTER et al., 2006b), M-Two (SOMMA et al., 2008; TASDEMIR, 54 YILDIRIN; ÇELIK, 2008b), GT Rotary (HÜLSMANN; BLUHM, 2004; KUMAR; GOKUL; SHIVANNA, 2008), Hero 642 (MACIEL; SCELZA, 2006; GARCIA JR. et al., 2008), Liberator (OLIVEIRA et al., 2006) e M4 (MASIERO; BARLETTA, 2005). 2.2.4.4 Utilização de outros recursos Além de solventes, limas manuais e instrumentos rotatórios, outras ferramentas, tais como o ultra-som, o laser e o aquecimento, podem ser utilizadas para auxiliar no processo de remoção da massa obturadora do interior do sistema de canais radiculares. Alguns dos estudos descritos neste trabalho utilizaram, com este fim, o ultrasom (BRAMANTE; FREITAS, 1998; VALOIS; COSTA JR., 2003) e condensadores térmicos, como o “System B” (EZZIE et al., 2006; BODRUMLU et al., 2008) e o Endotec (HÜLSMANN; STOTZ, 1997), comparando-os a métodos mais usuais de retratamento. 2.2.5 Objetivos dos estudos A maior parte das pesquisas aqui descritas teve por objetivo principal avaliar a eficácia, capacidade de limpeza e segurança de utilização de diversos instrumentos e técnicas empregadas durante o retratamento endodôntico, em especial os sistemas rotatórios. Para tanto, leva-se em consideração diversos dados, estabelecidos no estudo de Hülsmann e Stotz (1997), tais como o tempo necessário para alcançar o comprimento de trabalho e para remover a massa obturadora, a quantidade de material extruído apicalmente, os erros (problemas) de procedimento (deformações e fratura de instrumentos), o bloqueio do ápice radicular e, principalmente, a qualidade da limpeza das paredes dos canais radiculares. Alguns autores (ÜNAL et al., 2009) consideram, também, as falhas de procedimento (desvios e perfurações) e outros (GELANI et al., 2004) a influência do diâmetro do canal radicular na execução das técnicas de retratamento. 55 2.2.6 Métodos de avaliação dos retratamentos endodônticos Os estudos in vitro que comparam técnicas de retratamento endodôntico podem utilizar diferentes metodologias de avaliação para qualificar a limpeza das paredes dos canais radiculares. Dentre os recursos utilizados, destacam-se: os métodos invasivos (nos quais a amostra perde estrutura para ser avaliada), como o método de clivagem dental; os métodos não invasivos (quando não há perda de estrutura do dente para a avaliação); o método clínico; o método radiográfico; a tomografia computadorizada e a microtomografia computadorizada (MACHADO, 2007). A análise de radiografias é um método muito usual na prática clínica e aparece com bastante freqüência nos estudos laboratoriais, que utilizam tomadas radiográficas tanto no sentido vestíbulo-lingual quanto mésio-distal, antes e depois do retratamento. Nestes estudos, as imagens são analisadas apenas visualmente, ao negatoscópio, com ou sem a utilização de magnificação (YAMAZAKI; CALDEIRA; PROKOPOWITSCH, 2003; GELANI et al., 2004), ou através de softwares (MASIERO; BARLETTA, 2005; BUENO et al., 2006; GERGI; SABBAGH, 2007; ÜNAL et al., 2009). O método de avaliação utilizado pela maioria dos autores é, porém, o seccionamento longitudinal das raízes após o retratamento. As metades são, em geral, observadas sob algum aumento, obtido através da utilização de slides (HÜLSMANN; STOTZ, 1997; HÜLSMANN; BLUHM, 2004), lupas (BRAMANTE; FREITAS, 1998), estereomicroscópios (IMURA et al., 2000), microscópios ópticos (SAE-LIM et al., 2000; BHARATHI; CHACKO; LAKSHMINARAYANA, 2002; ZMENER; PAMEIJER; BANEGAS, 2006; SÓ et al., 2008) ou microscópios eletrônicos (FIDEL et al., 2000; EZZIE et al., 2006; KOSTI et al., 2006; SOMMA et al., 2008). As imagens são, então, escaneadas e analisadas por um software específico, que calcula a área de material obturador remanescente. Imura et al. (2000) associaram à clivagem longitudinal das amostras a clivagem transversal, para avaliação da limpeza dos terços cervical, médio e apical das raízes. A observação visual de imagens radiográficas pode variar muito de um observador para outro, já que a avaliação da limpeza das paredes dos canais radiculares é subjetiva e semi-quantitativa. Por outro lado, os remanescentes de material obturador não são alterados (perdidos), o que pode ocorrer pelo corte das 56 raízes. Deve-se considerar, também, que as imagens radiográficas são bidimensionais e incapazes de distinguir guta-percha e cimento, além de poderem apresentar distorções (ÜNAL et al., 2009). Outros métodos que podem ser utilizados são a diafanização das amostras, com posterior digitalização de imagens e análise através de softwares específicos (SCHIRRMEISTER et al., 2006a; GU et al., 2008; KUMAR; GOKUL; SHIVANNA, 2008; TASDEMIR, YILDIRIM; ÇELIK, 2008b) e a utilização de tomografias (BARLETTA et al., 2007; HAMMAD, QUALTROUGH; SILIKAS, 2008). A tomografia computadorizada é uma técnica não invasiva que permite a visualização de características morfológicas de uma maneira acurada e detalhada sem a perda da estrutura radicular. Em estudos acerca do retratamento, este método permite avaliar o volume do material obturador antes e depois da desobturação, através de uma análise tridimensional (DALL’AGNOL, 2005). Schirrmeister et al. (2006d), compararam a microscopia operatória, os exames radiográficos e a diafanização dos espécimes retratados, avaliando a detectabilidade de material obturador remanescente no interior dos canais radiculares após o retratamento endodôntico. Ao analisarem os resultados obtidos no experimento, concluíram que o microscópio operatório promove uma melhor detecção de resíduos de massa obturadora. 57 3 CONCLUSÃO Face ao exposto nesta revisão de literatura, conclui-se que: · Independentemente da técnica de retratamento e do material obturador utilizado, verifica-se que o terço apical é o que apresenta a maior quantidade de remanescentes após a desobturação. · Os instrumentos manuais são ferramentas bastante eficazes e seguras, já que promovem uma excelente remoção de guta-percha, especialmente quando associados às brocas Gates-Glidden. · Os sistemas rotatórios promovem uma eficiente remoção de material obturador e, em geral, com maior rapidez do que as limas manuais. · O uso do solvente, em associação às técnicas manuais ou rotatórias, facilita e acelera as manobras de desobturação. · Não há diferença estatisticamente significante entre as técnicas apresentadas quanto à extrusão apical de debris e de guta-percha e à quantidade de material obturador remanescente. · Nenhuma das técnicas de retratamento utilizadas é capaz de remover por completo a massa obturadora do interior dos canais radiculares. 58 REFERÊNCIAS BARATTO FILHO, F. et al. 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