Título: RELAÇÕES SOCIAIS ENTRE BEBÊS EM CRECHES EM TRÊS
SITUAÇÕES AMBIENTAIS
Autora: Thaís P. de Oliveira
Orientadora: Drª Maria Stella de A. Gil
Resumo:
Os estudos a respeito das habilidades dos bebês para interagir socialmente baseiamse na perspectiva de que eles possuem capacidades para selecionar experiências e explorar
seu próprio ambiente. A adoção dessa visão abriu espaço para estudos mais recentes que se
interessam pela investigação das interações entre crianças. Esse interesse deve-se, entre
outros fatores, à modificação do ambiente das crianças com seu ingresso cada vez mais
cedo em instituições, tais como creches e maternais, onde elas participam de um universo
de objetos, ações e relações de significado desconhecido para ela. Nesse panorama, vários
estudos vêm sendo realizados buscando compreender como ocorrem as relações sociais
entre pares de idade desde bem pequenos. Enquanto alguns comprovam a existência de
interações entre bebês com um adulto e com brinquedos, além de estudos que exploram o
ambiente físico mais propício à interação dos pequenos.
O objetivo geral desse trabalho foi contribuir para entendermos melhor como se dão
essas novas relações sociais ao incluir a presença de brinquedos e sucatas como possíveis
mediadores da interação entre bebês. Com tal finalidade, esse trabalho investigou a duração
e qualidade das interações estabelecidas entre três díades de bebês, com idade variando
entre 16 e 25 meses, no início do estudo. Cada dupla foi submetida a três condições
ambientais. Em todas elas estiveram presentes dois bebês, uma operadora de câmera e o
arranjo espacial definido para maximizar a ocorrência de contato entre crianças. As
situações ambientais se constituíram de: presença de material de sucata, presença de
brinquedo ou apenas mobiliário e os bebês na presença da operadora de câmera. Cada
sessão teve duração aproximada de 26 minutos, dos quais cinco minutos para cada condição
ambiental e dois minutos para introdução, troca ou retirada de material. O tratamento e
análise dos dados iniciaram-se com a observação e transcrição das ações dos bebês de uma
das díades. Foram identificados indicadores comportamentais da ocorrência de interação ou
de ações dirigidas a objetos e ao parceiro. Em seguida, foram identificados e definidos
critérios que permitiam indicar a ocorrência de interação. Por fim, foram identificadas as
características das interações, classificadas em: ações repetidas, ações alternadas, ações
divergentes e ações dirigidas a objetos.
Os resultados encontrados confirma m os dados apresentados pela literatura da área
ao indicar que ocorrem interações entre crianças em ambiente sem a presença de
brinquedos ou sucata. As duplas de crianças mais novas passaram a maior parte da sessão
envolvidas em episódios caracterizados, no estudo, como não interativos, enquanto a dupla
de crianças mais velhas dividiu-se, igualmente, entre episódios interativos e nãointerativos. Dentre os episódios interativos, para as três duplas, a maioria das ações foram
do tipo alternadas, que se caracterizam por ações recíprocas e complementares. Além disso,
a ocorrência de episódios interativos, com ações repetidas é crescente de acordo com a
idade das duplas, e na dupla mais velha ocorre também um número significativo de ações
divergentes, quando uma criança “chama” a outra para interagir mas a segunda não
responde socialmente à primeira. Quanto ao uso dos objetos, mediadores da interação,
observou-se que nas duas díades mais novas ocorreu uma freqüência maior de ações
dirigidas a objetos em comparação com a dupla de crianças mais velhas. È importante
destacar, entretanto, que a introdução de objetos no ambiente influenciou a ocorrência de
interações para as três duplas, uma vez que elas tiveram menor duração na presença de
brinquedos e sucatas. Os resultados encontrados abem espaço para novas investigações
envolvendo comportamentos específicos dos bebês em suas interações, incluindo a
presença de brinquedos e sucata como mediadores que alteram a qualidade dessas
interações.
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