X CONGRESSO NACIONAL DE PSICOLOGIA ESCOLAR E
EDUCACIONAL
TEMA
Psicologia Escolar e Educacional: Caminhos Trilhados,
Caminhos a Percorrer
DATA: 03 a 06 de julho de 2011
LOCAL: Universidade Estadual de Maringá – Maringá – PR
APRESENTAÇÃO
É com grande satisfação que a ABRAPEE – Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional
convida psicólogos e profissionais que atuam no campo da educação bem como alunos de graduação, pósgraduação, pesquisadores e docentes para participarem do X CONPE – Congresso Nacional de Psicologia Escolar e
Educacional na Universidade Estadual de Maringá, na cidade de Maringá, Paraná.
A temática desta décima edição do Congresso Psicologia Escolar e Educacional: Caminhos Trilhados,
Caminhos a Percorrer visa destacar os vinte anos da ABRAPEE enquanto entidade na luta pela inserção do
psicólogo no campo educacional, articulando e apresentando as principais contribuições da Psicologia para o
campo da educação escolar e educacional em uma perspectiva da educação para todos e de uma sociedade
democrática.
O Congresso contará com a apresentação de estudos e pesquisas, exposições, lançamentos de livros,
relatos de experiências e de atuação em discussão no âmbito acadêmico, científico e profissional no campo da
Psicologia Escolar e Educacional.
Contamos, neste Congresso, com a participação de pesquisadores estrangeiros, visando estreitar nossos
laços com demais países que também discutem a inserção da Psicologia no campo da Educação.
Agradecemos a participação de todos os colegas que permitiram que realizássemos este Congresso, em
especial às Dras. Marilda Gonçalves Dias Facci, Marlene Aparecida Wischral Simionato, Marta Chaves, Nilza
Sanches Tessaro Leonardo e Sonia Mari Shima Barroco – membros da Comissão Organizadora; Marilene Proença
Rebello de Souza, Maria Julia Lemes Ribeiro e Zaira de Fátima Rezende Gonzales Leal – membros da Comissão
Científica - e demais profissionais que participaram como Consultores Ad hoc. Agradecemos também o apoio das
entidades científicas e de fomento, FAPESP, CNPq, Fundação Araucária; à Editora Casa do Psicólogo, Conselho
Federal de Psicologia, Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, Conselho Regional de Psicologia do Paraná e
à Universidade Estadual de Maringá que nos acolheu para a realização deste evento.
Esperamos que o Congresso contribua para consolidar ainda mais a produção acadêmica e científica na
área de Psicologia Escolar, encaminhando propostas e ampliando a participação da Psicologia do campo da
Educação em uma perspectiva crítica e com compromisso social.
Um ótimo Congresso a todos!
Diretoria da ABRAPEE (Gestão 2010-2012)
2
DIRETORIA – ABRAPEE – BIÊNIO 2010 – 2012
Presidente Atual: Drª Beatriz Belluzzo Brando Cunha - Universidade Estadual Paulista - SP
Presidente Eleita: Drª Marilda Gonçalves Dias Facci – Universidade Estadual de Maringá – PR
1ª Secretária: Drª Marilene Proença Rebello de Souza – Universidade de São Paulo – SP
2ª Secretária: Drª Iracema Neno Cecílio Tada – Universidade Federal de Rondônia – RO
1ª Tesoureira: Drª Silvia Maria Cintra da Silva – Universidade Federal de Uberlândia – MG
2ª Tesoureira: Drª Fátima Regina Pires de Assis – Pontifícia Universidade Católica de SP – SP
CONSELHO FISCAL ELEITO PARA O BIÊNIO 2010/2012
Membros Efetivos:
Drª Mercedes Villa Cupolillo - Faculdade Paraíso – RJ
Dr. Lino de Macedo – Universidade de São Paulo - SP
Dr. Celso Francisco Tondin – Universidade Comunitária da Região de Chapecó - SC
Drª Roseli Fernandes Lins Caldas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – SP
Membros Suplentes:
Drª Lygia de Sousa Viégas – Faculdade São Bento – BA
Drª Anabela Almeida Costa e Santos Peretta – Universidade Federal de Uberlândia – MG
Drª Sueli Édi Rufini Guimarães – Universidade Estadual de Londrina – PR
COMISSÕES
PRESIDENTE DO CONGRESSO: Drª Beatriz Belluzzo Brando Cunha
PRESIDENTE DE HONRA: Magnífico Reitor Dr. Júlio Santiago Prates Filho
COMISSÃO ORGANIZADORA:
Presidente: Drª Marilda Gonçalves Dias Facci – Universidade Estadual de Maringá
Vice-Presidente: Drª Sônia Mari Shima Barroco – Universidade Estadual de Maringá
Participantes: Drª Nilza Sanches Tessaro Leonardo – Universidade Estadual de Maringá
Drª Marta Chaves – Universidade Estadual de Maringá
Ms. Marlene Aparecida Wischral Simionato – Universidade Estadual de Maringá
COMISSÃO CIENTÍFICA:
Presidente: Drª Marilene Proença Rebello de Souza – Universidade de São Paulo
Vice-Presidente: Drª Zaira de Fátima Rezende Gonzales Leal – Universidade Estadual de Maringá
Participante: Drª Maria Julia Lemes Ribeiro – Universidade Estadual de Maringá
CONSULTORES Ad Hoc:
Drª Acácia Aparecida Angeli dos Santos – Universidade São Francisco – SP
Drª Adriana Marcondes Machado – Universidade de São Paulo- SP
Drª Alacir Villa Valle Cruces – Centro Universitário de Santo André – SP
Drª Alexandra Ayach Anache – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – MS
Dr. Altemir José Gonçalves Barbosa – Universidade Federal de Juiz de Fora – MG
Drª Anabela Almeida C. e Santos Peretta – Universidade Federal de Uberlândia – MG
Drª Angela Fátima Soligo – Universidade Estadual de Campinas – SP
Drª Carla Biancha Angelucci – Universidade Presbiteriana Mackenzie – SP
Drª Carla Witter – Universidade São Judas Tadeu – SP
Drª Célia Vectore – Universidade Federal de Uberlândia – MG
Drª Cristina Maria Carvalho Delou – Universidade Federal Fluminense – RJ
Drª Débora Del Bosco Del’Aglio – Universidade Federal do R. G. do Sul – RS
Drª Denise Trento Rebello de Souza – Universidade de São Paulo – SP
Drª Diana Carvalho de Carvalho – Universidade Federal de Santa Catarina – SC
Drª Elenita de Rício Tanamachi – Universidade Estadual Paulista – SP
Drª Eliana Rose Maio Braga – Universidade Estadual de Maringá – PR
Drª Elisabeth Gelli Yazzle – Universidade Estadual Paulista – SP
Drª Elsa Maria Mendes Pessoa Pullin – Universidade Estadual de Londrina – PR
Drª Elza Midori Shimazaki – Universidade Estadual de Maringá – PR
Drª Eulália Henriques Maimoni – Universidade de Uberaba – MG
Drª Evely Burochovitch – Universidade Estadual de Campinas – SP
Drª Geraldina Porto Witter – Universidade Camilo Castelo Branco – SP
Drª Gisele Toassa – Universidade Federal de Goiás – GO
Drª Heloisa Toshie Sato Irie Saito – Universidade Estadual de Maringá – PR
Dr. Herculano Ricardo Campos – Universidade Federal do Rio Grande do Norte – RN
Drª Iolete Ribeiro da Silva – Universidade Federal do Amazonas – AM
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Drª Iracema Neno Cecílio Tada – Universidade Federal de Rondônia – RO
Drª Isabel Cristina Dib Bariani – Pontifícia Universidade Católica de Campinas – SP
Drª Isilda Campaner Palangana – Universidade Estadual de Maringá – PR
Drª Jane de Abreu – Universidade Estadual do Centro Oeste
Dr. João Batista Martins – Universidade Estadual de Londrina – PR
Dr. Jorge Castellá Sarriera – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – RS
Dr. José Aluísio Bzuneck – Universidade Estadual de Londrina – PR
Dr. José Fernando Bittencourt Lomônaco – Universidade de São Paulo – SP
Drª Leila Dupret – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – RJ
Drª Leonor Paini – Universidade Estadual de Maringá – PR
Dr. Lino de Macedo – Universidade de São Paulo – SP
Drª Luciane Maria Schlindwein – Universidade Federal de Santa Catarina – SC
Drª Lygia de Sousa Viégas – Universidade São Bento da Bahia – BA
Dr. Marcos Maestri – Universidade Ingá do Paraná – PR
Drª Maria de Fátima Pires Carneiro da Cunha – Universidade Estadual de Maringá – PR
Drª Maria Ivonete Barbosa Tamboril – Universidade Federal de Rondônia – RO
Drª Maria Lídia Sica Szymanski – Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR
Drª Maria Lúcia Boarini – Universidade Estadual de Maringá – PR
Drª Marie Claire Sekkel – Universidade de São Paulo- SP
Drª Marisa Lopes da Rocha – Universidade Estadual do Rio de Janeiro RJ
Drª Marli Lucia Tonatto Zibetti – Universidade Federal de Rondônia – RO
Drª Marta Chaves – Universidade Estadual de Maringá – SP
Drª Mercedes Villa Cupolillo – Faculdade Paraíso – Rio de Janeiro – RJ
Drª Miriam Aparecida Graciano de Souza Pan – Universidade Federal do Paraná – PR
Drª Mitsuko Antunes – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – SP
Drª Mônica Cintrão França Ribeiro – Universidade Paulista – SP
Drª Mônica Helena Tieppo Alves Gianfaldoni – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – SP
Drª Nerli Nonato Ribeiro Mori – Universidade Estadual de Maringá – PR
Drª Nilza Sanches Tessaro Leonardo – Universidade Estadual de Maringá – PR
Drª Raquel Souza Lobo Guzzo – Pontifícia Universidade Católica de Campinas – SP
Drª Regina Lúcia Sucupira Pedroza – Universidade de Brasília – DF
Drª Rita Laura Avelino Calvacante – Universidade Federal de São João del Rei – MG
Drª Rosane Gumiero Dias da Silva – Universidade Estadual de Maringá – PR
Drª Roseli Fernandes Lins Caldas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – SP
Dr. Sérgio Antônio da Silva Leite – Universidade Estadual de Campinas – SP
Drª Silvana Calvo Tuleski – Universidade Estadual de Maringá – PR
Drª Silvia Maria Cintra da Silva – Universidade Federal de Uberlândia – MG
Drª Soely Polidoro – Universidade Estadual de Campinas – SP
Drª Solange Franci Yegashi – Universidade Estadual de Maringá – PR
Drª Sonia Mari Shima Barroco – Universidade Estadual de Maringá – PR
Drª Sueli Rufini Guimarães – Universidade Estadual de Londrina – PR
Drª Tânia dos Santos Alvarez da Silva – Universidade Estadual de Maringá – PR
Drª Tania Suely Azevedo Brasileiro – Universidade Federal de Rondônia - RO
Drª Tatiana Platzer do Amaral – Universidade de Mogi das Cruzes – SP
Drª Teresa Cristina Siqueira Cerqueira – Universidade de Brasília – DF
Drª Wanda Maria Junqueira de Aguiar – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – SP
SUMÁRIO
LOCALIZAÇÃO DO CONGRESSO _____________________________________________________________ 01
LOCAIS DAS ATIVIDADES __________________________________________________________________ 01
PROGRAMAÇÃO _________________________________________________________________________ 02
Exposições - Dias 04, 05 e 06 de Julho de 2011 ______________________________________________ 03
Mini-Cursos - Dias 03, 04 e 05 de Julho de 2011 _____________________________________________ 05
Atividades - 03 de julho de 2011 _________________________________________________________ 20
Reunião de Estagiários ................................................................................................................................................ 20
GT Atuação do Psicólogo na Educação ....................................................................................................................... 20
Conferência de Abertura ............................................................................................................................................. 20
Atividades - 04 de julho de 2011 _________________________________________________________ 21
Reunião de Pesquisa ................................................................................................................................................... 21
Conferência 2 .............................................................................................................................................................. 21
Conferência 3 .............................................................................................................................................................. 21
Mesas Redondas / Simpósios ...................................................................................................................................... 21
Conferência 4 .............................................................................................................................................................. 45
Mesas Redondas / Simpósios ...................................................................................................................................... 45
Comunicações Científicas ............................................................................................................................................ 50
Partilhando Experiências ............................................................................................................................................. 64
Conferência 5 .............................................................................................................................................................. 75
Mesas Redondas / Simpósios ...................................................................................................................................... 75
Comunicações Científicas ............................................................................................................................................ 90
Mostra de Filmes ........................................................................................................................................................ 105
Painéis ........................................................................................................................................................................ 106
Lançamento de Livros ................................................................................................................................................. 116
Atividades - 05 de julho de 2011 _________________________________________________________ 117
Reunião Representações ABRAPEE ............................................................................................................................. 117
Conferência 6 .............................................................................................................................................................. 117
Conferência 7 .............................................................................................................................................................. 117
Mesas Redondas / Simpósios ..................................................................................................................................... 117
Conferência 8 ............................................................................................................................................................. 138
Mesas Redondas / Simpósios ..................................................................................................................................... 138
Comunicações Científicas ........................................................................................................................................... 142
Partilhando Experiências ........................................................................................................................................... 156
Conferência 9 ............................................................................................................................................................. 165
Mesas Redondas / Simpósios ..................................................................................................................................... 165
Comunicações Científicas ........................................................................................................................................... 177
Mostra de Filmes ........................................................................................................................................................ 191
Painéis ........................................................................................................................................................................ 191
Assembléia Geral da ABRAPEE ................................................................................................................................... 202
Atividades - 06 de julho de 2011 _________________________________________________________ 203
Fórum de Debates Medicalização .............................................................................................................................. 203
Conferência de Encerramento .................................................................................................................................... 203
Comunicações Científicas ........................................................................................................................................... 203
Partilhando Experiências ............................................................................................................................................ 218
Comunicações Científicas ........................................................................................................................................... 225
Mostra de Filmes ........................................................................................................................................................ 238
Painéis ........................................................................................................................................................................ 238
LOCALIZAÇÃO DO CONGRESSO
Universidade Estadual de Maringá – Av. Colombo, 5.790 – Jd. Universitário – Maringá – PR
Bloco 125 – Entrega de Materiais
Acesso pela Av. Morangueira
Acesso pela Av. Colombo
LOCAIS DAS ATIVIDADES
01 – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ - UEM
ANFITEATRO DO CENTRO DE CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS – DSC (DACESE) – BLOCO 125:
Credenciamento
Entrega de materiais
Livrarias
Stand do Conselho Federal de Psicologia
BLOCO B-33 – PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE:
Conferências
Exposição
Secretaria da ABRAPEE
Lançamento de livros
Exposição de painéis
Fórum da ABRAPEE
Assembléia Geral da ABRAPEE
ANFITEATRO DO BLOCO C-67 DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL:
Conferências
Mostra de Filmes
BLOCOS D-34, E-34, E-46, E-67, D-67:
Mesas redondas/Simpósios
Partilhando experiências
Comunicações científicas
Mini-cursos
Reunião de estagiários
Reunião das Representações da ABRAPEE
02 – FACULDADE METROPOLITANA DE MARINGÁ – UNIFAMA
ANFITEATRO DA UNIFAMA – Av. Mauá, nº 2854 – Centro – Maringá – PR:
Conferencia de Abertura e de Encerramento
Fórum de Debates Medicalização
1
PROGRAMAÇÃO
Horário
Domingo
03/07/2011
Segunda-feira
04/07/2011
Mini-cursos
Entrega de credenciais
8h às 10h
Entrega de credenciais
Exposição (Abertura)
Reunião de Pesquisa
10h às 10h30
10h30 às 12h30
12h30 às 14h
Intervalo
Entrega de credenciais
Almoço
Mini-cursos
14h às 16h
Reunião de Estagiários
Entrega de credenciais
16h às 16h30
Intervalo
16h30 às 18h30
Entrega de credenciais
GT Atuação do Psicólogo na
Educação
Exposição
Conferência 2:
Maria Aparecida Moysés
Conferência 6:
Marilene Proença
Conferência 3:
Ramon Alzate
Conferência 7:
Angela Soligo
Mesas Redondas / Simpósios
Mesas Redondas / Simpósios
Exposição
Exposição
Almoço
Almoço
Conferência 4:
Anne-Marie Chartier
Conferência 8:
Gloria Fariñas
Mesas Redondas / Simpósios
Mesas Redondas / Simpósios
Comunicações Científicas
Comunicações Científicas
Partilhando Experiência
Partilhando Experiência
Painéis
Painéis
Exposição
Exposição
Intervalo
Intervalo
Comunicações Científicas
Painéis
Mostra de Filmes
Exposição
2
Conferência de Abertura:
Maria do Carmo Guedes
Lançamento de Livros
Intervalo
Conferência de
Encerramento:
Raquel Guzzo
Almoço
Comunicações Científicas
Partilhando Experiência
Painéis
Exposição (Encerramento)
Intervalo
Conferência 9:
Sergio Leite
Comunicações Científicas
Mesas Redondas / Simpósios
Painéis
Comunicações Científicas
Mostra de Filmes
Painéis
Mostra de Filmes
Sessão de Abertura
19h
Fórum de Debates
Medicalização
Reunião Representações
ABRAPEE
Intervalo
Mesas Redondas / Simpósios
Quarta –feira
06/07/2011
Mini-cursos
Intervalo
Conferência 5:
Newton Duarte
Mini-cursos
Terça-feira
05/07/2011
Assembléia Geral da ABRAPEE
EXPOSIÇÕES
Dias 04, 05 e 06 de julho de 2009
EXPOSIÇÕES – BLOCO B-33 – PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
SALA BL-33/PDE – Dia 04 de julho de 2011
08h – 10h
EXPOSIÇÃO HISTÓRIA E MEMÓRIA DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL E ESCOLAR NO BRASIL
FINANCIADOR: CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO
CARMEM SILVIA R. TAVERNA
Recuperar a História da Psicologia na área da Educação é de suma importância, pois através dela poderemos conhecer o sentido que teve e hoje tem a
atuação da Psicologia neste campo que é a Educação, tanto para a Psicologia como ciência e profissão quanto para a Educação brasileira. Neste sentido,
neste X Congresso Nacional de Psicologia Escolar e Educacional da ABRAPEE propõe-se a apresentação da exposição “História e Memória da Psicologia
Educacional e Escolar No Brasil”. Esta exposição contará com a parceria de dois grupos compostos pelo Grupo de Trabalho (G.T.) História e Memória da
Psicologia do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) por meio da equipe do Centro de
Documentação e Pesquisa Helena Antipoff (CDPHA), e de participantes do Grupo de Trabalho em História da Psicologia da Associação Nacional de Pesquisa
e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP). O CDPHA e os participantes do GT-ANPEPP serão responsáveis pela parte da Exposição intitulada “A Psicologia da
Educação no Brasil: aspectos de sua história e a construção da perspectiva sócio-cultural” que tem como objetivo apresentar documentos dos acervos da
UFMG, da PUC-SP e do CDPHA buscando apresentar a perspectiva sociocultural na Psicologia da Educação nas obras de Manoel Bomfim e Helena Antipoff e
o papel destes pioneiros da Psicologia Educacional e Escolar no Brasil. O CRP-SP e Projeto História e Memória levará ao X CONPE três contribuições das
produções do grupo: 1)Apresentação do vídeo documentário “A Psicologia Educacional e Escolar em São Paulo - A Construção de um Novo Homem”, com
registros sobre a Psicologia em sua relação com a Educação; 2)A Linha do Tempo em mídia eletrônica que trata dos principais acontecimentos da história
da Psicologia brasileira de 1830-1965 e 3)A Galeria dos Pioneiros da Psicologia Educacional e Escolar no Brasil que trata do material disponível online do site
do CRP-SP e também composto na forma de painéis para exposições itinerantes. A exposição contará também com a exposição “Memória da ABRAPEE:
uma trajetória de 20 anos”, expondo documentos em formato slide show do acervo documental da ABRAPEE. Serão apresentados documentos refe rentes
aos congressos, reuniões e outras atividades das diferentes diretorias, caracterizando-se como informação histórica, social, cultural e científica.
A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: ASPECTOS DE SUA HISTÓRIA E A CONSTRUÇÃO DA PERSPECTIVA SÓCIO-CULTURAL
REGINA HELENA DE FREITAS CAMPOS - FACULDADE DE EDUCAÇÃO/UFMG/ CDPHA-MG, MITSUKO MAKINO ANTUNES - PUC/SP / G.T. HISTÓRIA DA
PSICOLOGIA - ANPEPP
Atualmente tem crescido o número de investigações em História da Psicologia no Brasil devido à consolidação de grupos de pesquisa especializados nessa
área e ao fortalecimento de redes de pesquisadores interessados em estudos históricos sobre a psicologia. Nesse movimento, destacam-se pesquisas cujos
objetos são as interfaces entre psicologia e educação. Considerando que o X Congresso Nacional de Psicologia Escolar e Educac ional tem como tema os
caminhos trilhados pela Psicologia da Educação e Psicologia Escolar e seus diálogos com as perspectivas futuras para a área, propomos a exposição
“História da Psicologia da Educação no Brasil: aspectos de sua história e a construção da perspectiva sócio-cultural" a ser apresentada no evento. A
exposição tem como objetivo apresentar aspectos da história da Psicologia da Educação no Brasil a partir dos documentos preservados nos Arquivos UFMG
de História da Psicologia no Brasil, no acervo do Centro de Documentação Helena Antipoff e pesquisas recentes sobre a historiografia da Psicologia da
Educação no país. Diante disso, esta proposta se organizará em torno de três grandes temas: interfaces entre Psicologia e Educação no Brasil do século XIX;
a perspectiva sociocultural na Psicologia da Educação nas obras de Manoel Bomfim e de Helena Antipoff, suas contribuições para a compreensão dos
aspectos psicossociais do desenvolvimento humano, e o papel dos laboratórios de Psicologia e no estabelecimento e consolidação da Psicologia da
Educação como ciência e profissão: passado e presente. No século XIX, a Psicologia se constituiu a partir da relação com outros saberes como a Pedagogia e
a Filosofia, mas já pode ser entendida como campo específico de estudo, sendo ensinada nas matérias que compunham os currículos de cursos normais,
seminários e faculdades. É possível verificar a relação entre Pedagogia e Psicologia, já que a primeira se encarregava da direção da alma enquanto a
Psicologia se responsabilizava pelo estudo das faculdades da alma. Apresentaremos pesquisas cujos resultados evidenciam a existência de diversas teorias
psicológicas em circulação pelo Brasil, fundamentadas em teorias filosóficas, que davam subsídios para a compreensão da natureza humana e das relações
entre faculdades da alma, Educação, cultura e desenvolvimento humano. A segunda parte da exposição será dedicada às obras de Manoel Bomfim,
responsável pela instituição do primeiro laboratório de Psicologia no Brasil, no Pedagogium, no Rio de Janeiro e de Helena Antipoff, psicóloga e educadora
russa radicada no Brasil, evidenciando seu importante papel na consolidação de uma perspectiva sociocultural em Psicologia da Educação e do
desenvolvimento humano, bem como na proposta de renovação de práticas educativas e instituições educacionais em consonância com o Movimento da
Escola Nova vigente no Brasil da época. Por fim, a exposição será encerrada pelo tema dos laboratórios de Psicologia e seu papel no estabelecimento e
consolidação da Psicologia da Educação como ciência e profissão. Os laboratórios foram elementos essenciais à constituição do campo psicológico no
Brasil, especialmente no que diz respeito à Psicologia Educacional e Escolar. Helena Antipoff esteve envolvida na criação de dois laboratórios: o Laboratório
de Psicologia da Escola de Aperfeiçoamento e o Laboratório de Psicologia e Pesquisas Educacionais Edouard Claparède. Estas duas instituições seguiram um
direcionamento semelhante ao de outros laboratórios de Psicologia no Brasil, ou seja, se constituíram como centros de atendimento psicopedagógico e
como espaços onde a pesquisa subsidiava a formação de psicólogos e educadores.
HISTÓRIA DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL E ESCOLAR
MARIA DE FÁTIMA NASSIF, DÉBORAH ROSÁRIA BARBOSA – CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO
O objetivo da exposição é o de apresentar o Projeto História e Memória da Psicologia do Conselho Regional de São Paulo, constituído por documentários
em vídeos e por uma Linha do Tempo da Psicologia brasileira. Ao resgatar a memória da Psicologia, preserva-la e compreendê-la como construção
histórica, este projeto busca encontrar as concepções que a fundamentam em suas bases teóricas e metodológicas e as relações que estabelecem com a
sociedade brasileira e construir novos conhecimentos, na perspectiva de ampliar o campo de reflexão sobre a função social do psicólogo; dos seus limites e
das suas potencialidades. Nesta exposição apresentaremos: 1) Vídeo Documentário “A Psicologia Educacional e Escolar em São Paulo - a construção de um
novo homem”. O documentário apresenta a Psicologia e a Educação como dois campos que historicamente, no Brasil, têm mantido estreita relação. Pois,
se foi a partir das demandas da Educação que a Psicologia desenvolveu-se, em contrapartida foi na Psicologia que a Educação fundamentou suas
atividades. Do período colonial o documentário recupera a abordagem dos jesuítas para a Educação e os fatores determinantes do comportamento como
as emoções. Destaca a forte presença da psicometria a partir da República e os vários Laboratórios instalados no país a fim d e realizar pesquisas somatoantropológicas e pesquisas sobre as funções mentais superiores. Busca refletir sobre a organização e reorganização das escolas em toda sua estrutura ao
longo deste processo, considerando o contexto histórico e social e as concepções de cada época. 2) Linha do Tempo da Psicologia Brasileira – 1ª etapa
(1830 a 1965). A Linha do Tempo apresenta, em mídia eletrônica, registros sobre a Psicologia brasileira. É o produto resultante de pesquisa sobre os
acontecimentos, cientificamente reconhecidos como importantes para o desenvolvimento da Psicologia no Brasil e, sobre alguns dos personagens que os
protagonizaram, apresentados na forma de verbetes. Respeitando a perspectiva histórica, enfatizou-se, em relação ao tempo, a ordem cronológica dos
acontecimentos e as datas de nascimento, ou de nascimento e morte dos personagens. Em relação ao espaço, e, na perspectiva de apresentar a História da
Psicologia no Brasil, destacamos as cidades e/ou estados nos quais os fatos ocorreram, o local de nascimento dos personagens a eles envolvidos, além do
local de formação e dos órgãos e/ou entidades nos quais trabalharam. Nos verbetes biográficos, ainda, destaca-se a área de formação dos personagens,
com o objetivo de apontar a importância de diferentes formações e especialidades, no desenvolvimento da psicologia brasileira. 3)Galeria dos Pioneiros da
Psicologia Educacional e Escolar no Brasil – material composto de dados biográficos de psicólogos que contribuíram reconhecidamente no processo de
construção da área de Psicologia Escolar e Educacional no país, realizando práticas e pesquisas, no período que antecede a regulamentação da profissão
(1920 – 1960). São painéis utilizados em exposições itinerantes. Para esta produção, o CRP realizou em parceria com a USP, por meio do Programa de PósGraduação em Psicologia Escolar em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano e do Laboratório Interinstitucional de Estudos e Pesquisas em
3
Psicologia Escolar (LIEPPE). Até o momento, a Galeria compõe dados de Helena Antipoff, Ulisses Pernambucano, Lourenço Filho, Noemy Rudolfer, Durval
Marcondes, Betti Katzenstein, Norberto de Souza Pinto e Virginia Leone Bicudo. Pretende-se completar esta mostra com novos personagens e materiais
ilustrativos, como também, ampliar a Galeria de Pioneiros para outras áreas da Psicologia. Este conjunto de banner’s tem por objetivo trazer apenas uma
contribuição introdutória, pois aborda apenas alguns dos importantes personagens constitutivos da história da Psicologia brasileira e da área de Psicologia
Educacional/Escolar no Brasil. Entretanto, os personagens escolhidos tiveram importantes contribuições que merecem ser conhecidas do grande público e
dos profissionais psicólogos. Acreditamos que a produção desta mostra seja apenas o início de um conjunto de materiais ilustrativos que possam através da
imagem contar a história da psicologia brasileira.
MEMÓRIA DA ABRAPEE: UMA TRAJETÓRIA DE 20 ANOS
CARMEM SÍLVIA ROTONDANO TAVERNA, MARILENE PROENÇA REBELLO DE SOUZA, SILVIA MARIA CINTRA DA SILVA - ABRAPEE
A ABRAPEE, desde a sua fundação em 1990, tem como um dos seus objetivos, incentivar a melhoria da qualificação e serviços dos psicólogos escolares e
educacionais, assegurando padrões éticos e profissionais. Uma das possibilidades de a Associação contribuir na qualificação profissional é preservar a
história da psicologia escolar e educacional no país, incluindo sua própria trajetória. É nessa perspectiva que apresentamos a exposição Memória da
ABRAPEE. A exposição em formato slide show constitui parte da pesquisa para organização e divulgação do acervo documental desta Associação. Serão
apresentados documentos referentes aos congressos, reuniões e outras atividades das diferentes diretorias, caracterizando-se como informação histórica,
social, cultural e científica. A ampla divulgação dos documentos oferecerá aos psicólogos escolares e educacionais a oportunidade de encontrar
companheiros de jornada, de perceber que seus próprios projetos vinculam-se a outros, de que seus propósitos podem ser os mesmos que outros colegas
e grupos já defenderam. As informações contidas nos documentos apresentados, poderão oferecer pistas, caminhos à construção de projetos futuros.
Confira toda a programação das Exposições do Congresso no
BLOCO B-33 – PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
4
MINI-CURSOS
Dia 03 de julho de 2011 - das 14h às 18h30
MINI-CURSOS (carga horária: 4 horas)
14h - 18h30
D-67 - Sala 101
14h - 18h30
D-67 - Sala 102
14h - 18h30
D-67 - Sala 103
14h - 18h30
D-67 - Sala 104
14h - 18h30
D-67 - Sala 105
COMO PREPARAR AULAS MEDIANTE A METODOLOGIA DA DCE DE FILOSOFIA DO PARANÁ
VANDERSON RONALDO TEIXEIRA, CAETANO ZAGANINI FILHO – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
O mini-curso que propomos tem como principal objetivo apresentar aos professores e estudantes de filosofia, música e pedagogia quatro possibilidades de se
trabalhar e/ou elaborar aulas tratando de alguns dos conceitos centrais da filosofia (alienação; política e formação). Seguindo a metodologia sugerida na
Diretrize Curricular Estadual da disciplina de Filosofia, quais sejam: mobilização; problematização; investigação e criação conceitual, partindo da composição,
neste recorte de conceitos, especificamente com músicas autorais. Como o ponto inicial da metodologia nos sugere a mobilização, apresentamos então aos
estudantes uma música que irá incitá-lo e aí teremos despertado nele o interesse ou a inquietação necessária para partirmos para o passo dois, que é a
problematização, tanto dirigida por nós como levantada pelos sujeitos do processo. Diante da inquietação e do problema, o tra balho filosófico por excelência é
realizado na investigação, o terceiro passo, onde o professor traz o referencial teórico-filosófico para a discussão, que culmina no passo final, ou seja, na
criação de conceitos, à maneira deleuziana.
CONTRIBUIÇÕES DA PEDAGOGIA INSTITUCIONAL NA CULTURA DA NÃO VIOLÊNCIA ESCOLAR
ROSANE GUMIERO DIAS DA SILVA – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Atualmente são muitas as queixas apresentadas pela escola, principalmente no que se refere à violência escolar. É visível que o sistema educacional brasileiro
tem sentido dificuldade em prevenir essas queixas e seus sintomas, como a indisciplina, a agressividade, o roubo, a depredação da instituição, a dificuldade de
aprendizagem - enfim, o fracasso escolar. A Escola ainda costuma atribuir a responsabilidade pelo ato violento exclusivamente ao aluno e à sua família. Nosso
interesse neste estudo é discutir algumas contribuições da abordagem educativa, Pedagogia Institucional, que questiona as práticas individuais em relação à
violência nas escolas através do seu enfoque psicossociológico e apresenta uma alternativa de trabalho coletivo, envolvendo professores, alunos, pais e
comunidade que fazem a condição humana em sociedade. 2. Objetivos Geral: - Conhecer a contribuição da Pedagogia Institucional para a prevenção da
violência escolar, por meio das técnicas de Freinet e de Fernando Oury. Objetivos Específicos 1- estudar sobre a prevenção da violência escolar na perspectiva
da Pedagogia Institucional; 2- compreender o papel da escola, do educador e do aluno no processo de prevenção da violência escolar; Conteúdo:
Apresentação de alguns conceitos e princípios da Pedagogia Institucional. A constituição da Pedagogia Institucional pelas Técnicas de Freinet; O Conselho;
Cooperação e Autogestão. A importância da Pedagogia Institucinal como proposta de contenção da/ na violência escolar e escolas alternativas. Referências:
PAIN, Jacques. Écoles: violence ou pédagogie? Vigneux. Matrice. 1992. ___________. L´Ècole et ses violences. Paris: Economica/Anthropos. 2006. OURY, F. &
VASQUES, A. Vers une pédagogie institutionnelle?Vigneux. Matrice, 1998.
POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS: FALANDO SOBRE A INCLUSÃO ESCOLAR
MARISTELA SOBRAL CORTINHAS - FACULDADE ASSIS GURGACZ
Apresenta-se como tema a Política Pública Educacional brasileira, focando especificamente sobre a inclusão escolar no século XXI. O projeto de mini curso na
área das Políticas Públicas Educacionais tendo como foco a inclusão escolar no início do século XXI justifica-se pelo momento histórico tanto na psicologia
escolar como na educação. No que se refere à psicologia escolar cada vez mais se percebe a emergente necessidade de delimitar a abrangência do seu corpo
teórico, ou seja, quais os conhecimentos necessários para a atuação do psicólogo dentro da escola. A educação, por sua vez, sente a necessidade do
profissional da psicologia escolar pela complexidade dos problemas que têm ocorrido principalmente a partir da obrigatoriedade do ensino fundamental (Lei
9.394/96 ) e da política de inclusão escolar (Resolução 02/01). Parte-se do pressuposto de que as Políticas Públicas Educacionais devem obrigatoriamente
compor o corpo teórico na formação do psicólogo escolar. Neste mini curso abordar-se-á as principais Políticas Públicas Educacionais Nacionais em vigor tendo
como eixo de discussão o paradigma da inclusão escolar. Será estudada a Constituição de 1988, no capítulo referente à educação, passando pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96), a resolução 02/01 do Governo Federal, que determina as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial
na Educação Básica, e o Projeto de Lei 60/07 que dispõe sobre a prestação de serviços de psicologia e de assistência social nas escolas públicas de educação
básica, que ainda tramita no Senado Federal. Além destas Políticas Públicas Nacionais, serão estudadas as principais Políticas Internacionais que referendam a
perspectiva de inclusão escolar no Brasil, tais como, a Declaração Universal de Direitos Humanos (1948) e a Declaração de Salamanca (1996).
A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA PARA UNIVERSITÁRIOS
ANDRÉA KNABEM, PATRÍCIA MARIA LIMA DE FREITAS – FACULDADE INGÁ DO PARANÁ
Público Alvo: estudantes e profissionais interessados na área de orientação profissional. Resumo: Este minicurso aborda a experiência das autoras no
desenvolvimento de oficinas de planejamento de carreira, ligado com o projeto de vida e o projeto profissional de estudantes universitários. O curso
apresenta a estruturação do projeto em forma de oficinas e a organização dos encontros, sendo que o número de encontros do projeto tem variado de no
mínimo 3 (três) e no máximo 10 (dez), com cada encontro com duração de 3 (três) horas. O objetivo é apresentar a sistemática de abordagem para pensar
sobre o projeto profissional e a carreira e a relação com o mundo do trabalho não desvinculado de um projeto de vida junto aos universitários em período de
conclusão do curso. No minicurso são apresentadas as técnicas relativas ao autoconhecimento profissional e do mundo do trabalho, possibilidades de atuação
na área de formação do estudante, as tendências do mercado de trabalho e as profissões. A metodologia utilizada é participativa e explora dinâmicas de grupo
e técnica de orientação profissional.
TEORIA, MÉTODO E PESQUISA NA PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL
ELENITA DE RICIO TANAMACHI – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA, FLÁVIA DA SILVA FERREIRA ASBAHR, MARIA ELIZA MATTOSINHO BERNARDES – ESCOLA DE
ARTES, CIÊNCIA E HUMANIDADES
O mini-curso apresenta uma síntese das discussões realizadas pelo grupo de estudos do LIEPPE (Laboratório Interinstitucional de Estudos e Pesquisas em
Psicologia Escolar) sobre a relação teoria, método e pesquisa na Psicologia Histórico-cultural, com a finalidade de propor alternativa teórico-metodológica à
atividade do psicólogo na educação. Para tanto, discute a atualidade do método criado por Marx, enfocando a categoria trabalho, o caráter material e
histórico que explica o processo de humanização e a atenção às dimensões do conhecimento (ontológicas, gnosiológicas, epistemológicas e lógicas),
defendendo que a apropriação dessas categorias exige a explicitação do método e a sistematização do conhecimento já elaborado em função de finalidades
que vão além do conhecimento específico em foco, visando à transformação da realidade investigada e do próprio pesquisador. Explicita o movimento que
permitiu a Vigotski situar as várias teorias da Psicologia como mediadoras entre o saber em geral e a Psicologia Geral como o “Capital da Psicologia”,
objetivando o método Materialista Histórico Dialético para a análise e explicação dos temas específicos da Psicologia. Isso o levou a pensar as ações humanas
no contexto das possibilidades universais de desenvolvimento e a postular que o processo de humanização não comporta apenas aspectos psicológicos, desse
modo superando as explicações psicologizantes ainda presentes no contexto da Psicologia Escolar. Levanta implicações desse estudo para a atividade de
pesquisa, especificamente para a elaboração e análise de teses, destacando a apresentação e a proposição das mesmas; a impossibilidade da aplicação direta
do Materialismo Histórico Dialético às questões específicas a serem investigadas e a alegada ausência de procedimentos metodológicos pertinentes ao
método para subsidiar a busca e a explicação dos dados apreendidos pela pesquisa. Defende que o movimento peculiar ao método Materialista Histórico
Dialético e às investigações de Vigotski deve ser considerado por aquelas pesquisas que anunciam ser essa a sua referência teórico-metodológica, porque
permite explicar a realidade e as possibilidades concretas de sua superação. Conteúdo: 1- Categorias do método Materialista Histórico Dialético na Psicologia
Histórico-Cultural - Trabalho - Caráter material e histórico da existência humana - Lógica dialética 2- As proposições de Vigotski para transformar o método de
Marx no Capital” que falta à Psicologia - Princípios necessários à investigação das funções psicológicas superiores - Unidades de análise e o método genético
experimental 3- Consequências do estudo do método para as atividades de pesquisa - Relação entre o método de Marx e as questões específicas investigadas Procedimentos metodológicos para a proposição e a explicação dos dados
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14h - 18h30
D-67 - Sala 106
14h - 18h30
D-67 - Sala 107
14h - 18h30
D-67 - Sala 108
14h - 18h30
D-67 - Sala 109
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O PSICÓLOGO ESCOLAR, A VIOLÊNCIA NA ESCOLA E O BULLYING
HERCULANO RICARDO CAMPOS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, SAMIA DAYANA CARDOSO JORGE - FACULDADE MAURÍCIO DE
NASSAU/NATAL
A violência na escola é um fenômeno que se constituiu enquanto objeto de estudo a partir da década de 1970, na França, inicialmente no campo da
Sociologia. No Brasil, sua gradativa absorção pelo debate educacional se deu na medida em que assumiu a feição de padrão de sociabilidade, no contexto da
abertura da escola para estratos sociais antes impedidos de nela se fazerem presentes, e quando seus efeitos notadamente passaram a constituir óbice ao
processo ensino-aprendizagem. Dentre suas manifestações encontra-se o bullying, prática em geral associada à violência moral, cujas características ainda são
por demais discutidas, inclusive dada sua camuflagem enquanto brincadeira, indisciplina, desrespeito. Estudo realizado em 14 escolas privadas de Natal/RN,
em 2009, constatou que 40% dos educadores com até cinco anos de experiência profissional desconheciam esse fenômeno, e que 41% dos demais foram
informados pela leitura de jornais ou revistas. Na mesma oportunidade, os psicólogos entrevistados relataram se sentir confus os na hora de intervir, lançando
mão de estratégias tradicionais, que resultam em patologização do espaço escolar e consequente individualização da ação: chamar a atenção do agressor,
aplicar testes psicológicos e encaminhar os alunos envolvidos para terapia individual. Por outro lado, tendo em vista a configuração de nova perspectiva de
atuação para o psicólogo escolar, observada desde o início do presente século, se faz necessário que também em relação ao tema da violência sua prática se
volte para os contextos de inserção do indivíduo e para o trabalho com a equipe pedagógica, na expectativa de construir um espaço escolar mais democrático.
- Objetivo: Oferecer ao psicólogo escolar uma reflexão sobre alguns elementos constitutivos do fenômeno da violência na escola, e do bullying em particular,
com vistas a dotá-lo de clara diretriz de ação no trato dessa questão. - Público alvo: Estudantes, professores de Psicologia, psicólogos e demais profissionais
comprometidos com o contexto escolar/educacional. Bibliografia básica: . Beaudoin, M. N. & Taylor, M. (2006). Bullying e desrespeito: como acabar com essa
cultura na escola. Porto Alegre: Artmed. . Correia, M.; Campos, H. R. (2004) Psicologia escolar: histórias, tendências e possibilidades. In Yamamoto, O. & Cabral
Neto, A. (Orgs.), O psicólogo e a escola: uma introdução ao estudo da psicologia escolar. pp. 137-185. Natal: EDUFRN. . Debarbieux, E. (2001). A violência na
escola francesa: 30 anos de construção social do objeto (1967-1997). Educação e Pesquisa, 27(1), 163-193. . Fante, C. (2003). Fenômeno Bullying: estratégias
de intervenção e prevenção da violência entre escolares. São José do Rio Preto: Ativa. . Maluf, M. R. (2003). Psicologia escolar: novos olhares e o desafio das
práticas. In Almeida, S. F. C. (Org.). Psicologia escolar: ética e competências na formação e atuação profissional. pp. 135-146. Campinas/SP: Alínea. . Oliveira, E.
C. S. & Martins, S. T. (2007). Violência, sociedade e escola: da recusa do diálogo à falência da palavra. Psicologia e Sociedade, 19(1), 1-15.
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA
FINANCIADOR: CNPq
ALESSANDRA DOS SANTOS OLIVEIRA - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
Possui graduação em Psicologia pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste-SP, 2006). Mestre em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, (PUC/SP, 2009). Atualmente é doutoranda (sob orientação da Profa. Dra. Ana Mercês Bahia Bock) e bolsis ta do CNPq pela PUC-SP com a
pesquisa, A dimensão subjetiva do processo de escolha da profissão: um estudo com jovens universitários do Prouni. Participa do grupo de pesquisa A
dimensão subjetiva da realidade social, coordenado pela Profa. Dra. Ana Mercês Bahia Bock. Leciona as disciplinas de Psicologia Sócio-Histórica, Psicologia
Escolar e Introdução à Psicologia da Educação no curso de Psicologia da Universidade Nove de Julho (Uninove-SP). Tem experiência na área de Psicologia, com
ênfase em orientação profissional. Artigos Publicados OLIVEIRA, A. S.; LUENGO, F. C. ; BARROS, F. C. O. M. Brinquedoteca: proporcionando reflexões sob três
experiências significativas. Travessias (UNIOESTE. Online), v. 5, p. 1-19, 2009. OLIVEIRA, A. S. Adolescência prolongada: um olhar sobre a nova geração.
Colloquium Humanarum, v. 4, p. 31-45, 2007. Capítulo de Livro OLIVEIRA, A. S. et. al. Orientação Profissional no Projeto Nós do Centro: uma experiência de
pesquisa para o enfrentamento da vulnerabilidade social entre jovens. In: O mundo do Trabalho e o desafio da inclusão social: relato de uma experiência no
centro de São Paulo. BOCK, A. M. B., MYRT, T. S. C. (orgs.). Santos-SP: Brasileira, 2009. Resumo do curso Partindo do pressuposto que devemos considerar a
idéia de que teoria e prática são indissociáveis em nossa atuação profissional (FREIRE, 1999), o presente trabalho será norteado por esse pressuposto. O
minicurso “Orientação Profissional na perspectiva da psicologia sócio-histórica” está embasado nos autores Bock, S. (2002, 2008), Aguiar (2001), Ozella (2002),
Bock, A. (1993, 1999) referências da psicologia sócio-histórica, que contribuíram com o avanço da área de orientação profissional. O objetivo da realização do
minicurso é de apresentar o campo de orientação profissional a partir d perspectiva sócio-histórica e colaborar para que a atuação nessa área se constitua de
forma crítica e consciente. Este minicurso destina-se a estudantes e profissionais (das áreas de pedagogia e psicologia) que se interessam e\ou atuam nesta
área. Para tanto, o mesmo está organizado em duas partes: 1ª etapa - serão discutidas temáticas centrais que norteiam a prática em orientação profissional:
concepção de indivíduo e adolescência, escolha da profissão, o modo capitalista do trabalho, teorias em orientação profissional e atuação do orientador
profissional. 2ª etapa – Está dividida em quatro temáticas: I. O significado da escolha da profissão, II. O trabalho, III. Auto-conhecimento e IV. Informação
Profissional. Nesse momento, o objetivo é de apresentar algumas técnicas (como por exemplo: curtigrama, frases polêmicas, projeto de futuro, dentre outras),
que podem ser empregadas no trabalho com os jovens que solicitam a prestação desse serviço.
ACOLHIMENTO INFANTIL: PERSPECTIVAS PARA A ATUAÇÃO DO PSCÓLOGO ESCOLAR/EDUCACIONAL
FINANCIADOR: FAPEMIG
CELIA VECTORE – UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, CÍNTIA CARVALHO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
Esse mini-curso foi organizado com o objetivo de refletir acerca das possibilidades de atuação do profissional de psicologia escolar/educacional em contextos
de acolhimento infantil. Entende-se por instituições de acolhimento, às que se destinam a promover a proteção temporária de crianças e adolescentes que se
encontram em situação de abandono, quer pelo Estado ou por negligências familiares. Serão tratadas temáticas, como a importância e as dificuldades na
formação de vínculos em tais contextos; a legislação envolvendo o processo de institucionalização e suas derivações, abarcadas pelas interações com a família
de origem ou substituta, enfatizando a importância do psicólogo nessas instituições. São previstos relatos de pesquisas recentes realizadas junto à
Universidade Federal de Uberlândia e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Portanto, trata-se de estudo inédito, no qual se priorizou o trabalho com
grupos pequenos de crianças de quatro a sete anos, de modo a facilitar-lhes a escuta sobre o processo de sua institucionalização. Os estudos empreendidos,
sugerem que as crianças são capazes de protagonizar suas próprias vivências, por meio de diversas linguagens facilitadoras dessa comunicação, em especial, as
narrativas infantis (contos de fadas), sendo a mesma, um importante recurso para a construção de narrativas e da própria subjetividade de cada criança.
Assim, o presente mini-curso trará alguns instrumentos facilitadores, para a expressão infantil, haja vista a importância de se ouvir as crianças e de se
vislumbrar o cuidado com a formação de vínculos no seio dessas instituições. Bibliografia básica Bruner, J. (2001). A cultura da educação. Porto Alegre:
Artmed. Carvalho, C.;Vectore C. (2009) Abrigamento, Narrativas infantis: a importância da psicologia escolar em contexto de abrigo. In: Marinho-Araújo (Org)
(2009). Psicologia escolar: novos cenários e contextos de pesquisa, prática e formação. Campinas, SP: editora Alínea. Dorian, M. (2003). Repensando a
perspectiva institucional e a intervenção em abrigos para crianças e adolescentes. Psicologia Ciência e Profissão, 21(3), 70-75. Estatuto da Criança e do
Adolescente (1990). Diário Oficial da União. Lei n° 8.069 de 13 de julho de 1990. Brasília, D.F, Palácio do Planalto. Formosi nho, J. O (2008) (org.). A Escola vista
pelas Crianças. Porto: Porto Editora. Gomes, H. S. (2005). Narrativas infantis. Contribuição para a autoria da criança. Dissertação (Mestrado).Universidade de
São Paulo. São Paulo, SP. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada/Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. (2004). O Direito à
convivência familiar e comunitária. Os abrigos para crianças e adolescentes no Brasil. Brasília. Kishimoto, T. M. (2007). Narrativas infantis: Um estudo de caso
de uma instituição infantil. Educação e Pesquisa, 33 (3), 427- 444. Malaguzzi, L (1994). As Cem Linguagens. In: Faria; Palhares (orgs). Educação Infantil pós LDB.
Rumos e desafios. Campinas, Autores associados.
A (IN)DISCIPLINA E A VIOLÊNCIA ESCOLAR: REFLEXÕES E AÇÕES
MARCOS MAESTRI –UNIVERSIDADE INGÁ DO PARANÁ
O mini-curso objetiva refletir sobre a Indisciplina e a Violência na escola atual e discutir estratégias de ação para uma relação mais sadia entre os envolvidos no
processo ensino-aprendizagem. Inicialmente, serão identificadas as principais potencialidades e fragilidades da instituição escolar, hoje. Na sequência, serão
discutidos aspectos do contexto em que a instituição escolar está inserida e as influências que recebe desse contexto. É o mo mento de VER a realidade dos
atores que atuam na instituição e as influências que sofrem. O próximo passo será compreender as possíveis causas ou explicações para entender o que ocorre
nesse processo de ensino-aprendizagem que gera indisciplina, violência, estresse (burnout), fobia escolar entre outros. É o passo do JULGAR/ANALISAR a
realidade apresentada. O que fazer diante desta realidade e quais são os desafios para a Educação (Escola)? Terceiro momento do mini-curso para apresentar
alguns caminhos, alternativas, propostas no processo ensino-aprendizagem para a superação desta realidade. Ciente que não existem respostas prontas ou
formular mágicas. O intuito é levar a reflexão para compreender o que está acontecendo com a escola e com os educadores na época atual. Conteúdos: .
Potencialidades e fragilidades da instituição escolar, hoje; . Contexto (pano de fundo) (zeitgeist = espírito ou clima intelectual de uma época) da instituição
escolar; . Causas ou explicações sobre a (in)disciplina e a violência escolar; . Sugestões / Propostas de superação da (in)disciplina e da violência na escola; .
Reflexões e discussões sobre a temática. Referências: ABRAMOVAY, Miriam. Violência na escola. 4ª Ed. Editor(es): UNESCO, Instituto Ayrton Senna, UNAIDS,
Banco Mundial, 2004 CONTINI, M. L. J. O psicólogo e a educação de saúde na educação. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. FERNÁNDEZ, A. A inteligência
aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artmed, 1991. FONSECA, V. Introdução às dificuldades de
aprendizagem. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 1995. FONTANA, R. Psicologia e trabalho pedagógico. São Paulo: Atual, 1997. FUNAYAMA. C. A. R.. (org.).
Problemas de aprendizagem: enfoque multidisciplinar. Campinas: Alínea, 2000. GARCIA, J. N. Manual de dificuldades de aprendizagem: linguagem, leitura,
escrita e matemática. Porto Alegre: Artmed, 1998. GASPARIN, J. L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 3.ed. Campinas: Autores Associados, 2005.
GERBER, A. Problemas de aprendizagem relacionados à linguagem: sua natureza e tratamento. Porto Alegre: Artmed, 1996. LA TAILLE, Y. Piaget, Vygotsky,
Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições.14.ed. São
Paulo: Cortez, 2002. MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. PAIN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de
aprendizagem. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 1992. PATTO, M. H. S. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebe ldia. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 1999. PATTO, M. H. S. Uma introdução crítica a psicologia escolar. 3.ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997. SALVADOR, C. C. Aprendizagem escolar
e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 1994. WALLON, H. Psicologia e educação da criança. Lisboa: Vega, 1979. WI TTER, G. P. e LOMONACO, J.
F. B.(orgs.). Psicologia da aprendizagem.. São Paulo: EPU, 1984. WITTER, G. P. e LOMONACO, J. F. B. (orgs.). Psicologia da aprendizagem: aplicações na escola.
São Paulo: EPU, 1987. WITTER, G. P (org.). Psicologia e educação: professor, ensino e aprendizagem. São Paulo: Alínea, 2004.
14h - 18h30
D-67 - Sala 110
14h - 18h30
D-67 - Sala 111
14h - 18h30
D-67 - Sala 112
14h - 18h30
E-34 - Sala 1
CÉREBRO E APRENDIZAGEM
JOSÉ FERNANDO BITENCOURT LOMÔNACO - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
O avanço tecnológico no estudo do cérebro levou a uma compreensão muito mais profunda do que tínhamos alguns poucos anos atrás a respeito de sua
estrutura e de suas funções. Alguns dos muitos conhecimentos propiciados por tais recursos, tais como os relacionados a localizações cerebrais, formação de
sinapses, papel do hipocampo na consolidação das memórias etc. estão intimamente relacionados ao processo de aprendizagem, constituindo um substrato
fisiológico para muitas teorias psicológicas que, ao longo do tempo, tem procurado explicar esse processo. O minicurso em apreço procura resgatar essas
contribuições e analisar/discutir as implicações de descobertas neurocientíficas para uma melhor compreensão e fundamentação do processo de
aprendizagem.
AS POLITICAS PUBLICAS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL: DESAFIOS PARA A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO
ELIZABETH GELLI YAZLLE – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
A proposta deste Mini Curso é a de apresentar e debater um histórico da Educação Infantil no Brasil como política publica implantada a partir da Constituição
de 1988 e das Leis subsequentes, e os encontros/desencontros decorrentes das várias concepções oficiais, institucionais e sociais que foram se constituindo na
história da infância brasileira.Paralelamente, serão oferecidos elementos para a discussão sobre a construção de uma psicologia voltada para a infância
brasileira na escola e os desafios que se aí apresentam. A Lei de Diretrizes e Bases ( 9.394/96), como desdobramento da Constituição de 1988, já dispunha
sobre o atendimento das crianças em creches e pré escolas na primeira etapa da Educação Básica, optativa para a criança e sua família, porém de
oferecimento obrigatório por todos os municípios brasileiros. Os Pareceres de especialistas sobre as Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil, de caráter
mandatório – tanto em sua primeira versão como o Parecer de 2009 - ressaltam o protagonismo da infância, compreendendo a criança como ser íntegro,
histórico e social que se desenvolve nas interações, relações e práticas cotidianas com diferentes adultos e diferentes crianças, em ambiente seguro,
acolhedor, respeitando a especificidade de sua condição de infância e seu direito a um espaço público coletivo de socialização e aprendizagens. Entretanto,
este espaço planejado pelo sistema educacional para a infância brasileira tem se apresentado com múltiplas faces. Por um lado temos as recomendações
oficiais, resultantes de sérios trabalhos de pesquisas nacionais e internacionais. Por outro temos, cotidianamente, já na Educação de crianças pequenas a
perversa e covarde inculcação de uma ideologia para a manutenção do projeto neoliberal de sociedade. O mundo adulto, que inclui as famílias, as professoras,
as propostas pedagógicas, olham para a criança de hoje projetando-a num futuro triunfalista, de sucesso, de vencedores. Em suas relações com a escola,
muitas diferentes psicologias se apresentam; porém, no que se refere à educação de crianças pequenas, vemos a predominância de uma psicologia universal,
etapista, naturalizante. A grande questão para a prática psicológica em contextos educacionais tem sido a de buscar maneiras que lhe sejam inéditas, a partir
de paradigmas qualitativos, que dêem conta de compreender o universo da criança brasileira pequena e acompanhar, nesse universo, sua singularidade em
meio às múltiplas infâncias imaginadas.
MEDICALIZAÇÃO/JUDICIALIZAÇÃO: A INFÂNCIA NOS MOVIMENTOS DE CONTROLE E APRISIONAMENTO DA VIDA.
MARIA HELENA DO REGO MONTEIRO DE ABREU, GIOVANNA MARAFON - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, LUCIANA CALIMAN - UNIVERSIDADE FEDERAL
DO ESPÍRITO SANTO
Neste curso, abordaremos a Judicialização e a Medicalização como duas faces de um mesmo processo, de controle e aprisionamento da vida. Deleuze (1990)
nos chama a atenção para modos contemporâneos de confinamento. Soma-se ao lugar do espaço esquadrinhado pela família, escola, prisão, fábrica, pelo
hospital, manicômio, tão característicos do período moderno e da sociedade disciplinar, uma sociedade de controle com novas instituições, novas tecnologias
de assujeitamento que funcionam através de mecanismos de monitoramento. O biopoder que antes era exercido em espaços fechados com a função de
correção ou ortopedia, agora age de modo mais sutil, a céu aberto, interferindo diretamente na produção dos modos de viver, inventando assim, novos
modos de aprisionamento da vida. A Judicialização tem se constituído como uma tendência contemporânea, experimentada não apenas no Brasil, a qua l se
caracteriza pela mediação das relações sociais a partir de dispositivos jurídicos e da defesa do direito, mas de um direito que só poder ser obtido e defendido
no campo jurídico, não mais no campo do diálogo. Tendo em vista o outro lado desta mesma moeda - a medicalização da vida - propomos pensá-lo para além
da excessiva prescrição de medicamentos observada no contemporâneo, tomando-a como engrenagem na qual a medicina transforma a vida em objeto de
sua intervenção, prescrevendo normas e condutas para todos os níveis da existência. Que forças permitiram a extensão do poder medico e judiciário a
domínios que eram habitados por outros discursos e práticas? Objetivo Nosso objetivo é entender as duas faces desse processo de captura e assujeitamento
na perspectiva de engrenagens que se acoplam e fabricam modos de produção de subjetividade medicalizados, medicalizantes e judicalizantes. Como tem se
dado a emergência destas engrenagens e que efeitos/movimentos têm produzido sobre a infância no contemporâneo? Como analisadores dessa
problemática, utilizaremos recortes de experiências das proponentes e de matérias midiáticas que têm a infância como alvo de controle e aprisionamento no
contemporâneo. PÚBLICO- ALVO: Estudantes e profissionais que atuam na clínica, em escolas e/ou no sistema de garantia de direitos interessados em pensar
a maneira como o biopoder tem operado na construção dos corpos medicalizados e judicializados e, ainda, os efeitos do funcionamento do controle
contemporâneo no movimento de captura e aprisionamento da vida.
APRENDENDO A PLANEJAR E MEDIAR PROGRAMAS SOCIOEDUCACIONAIS
JAQUELINE CAMARGO BRISOLA, LÍVIA BRUZASCO DE OLIVEIRA, DEIVIS PEREZ - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Público-alvo: Profissionais e estudantes de Psicologia e Educação. Resumo Temos encontrado em diversos segmentos sociais, uma preocupação crescente com
os direitos do cidadão, com criação de oportunidades para inserção dos indivíduos no mundo do trabalho e com a construção de uma sociedade democrática
de fato. Não há dúvida que tais preocupações nos remetem à necessidade de formação das novas gerações para a participação produtiva e ativa no mundo do
trabalho e nas práticas cidadãs. Nesse cenário, observa-se a emergência de um campo de atuação do psicólogo voltado para a realização de programas
socioeducacionais, com foco na formação de jovens e adultos, provenientes das classes empobrecidas, para o mundo do trabalho e da cidadania. Comumente,
os psicólogos e profissionais da educação escolar e áreas conexas, são conduzidos ao trabalho socioeducacional, realizado for a dos processos tradicionais de
escolarização. Entretanto, observa-se a escassez de oportunidades de capacitação para o campo socioeducacional, que favoreça a compreensão das teorias e
práticas dessa área de trabalho. Em função disso, elaboramos essa proposta de minicurso, que terá como objetivo introduzir os seus participantes aos
fundamentos teórico-práticos da atuação do psicólogo e demais profissionais interessados no tema. Especificamente, o minicurso tem como objetivo capacitar
seus participantes para o uso de instrumentos de planejamento e mediação de programas socioeducacionais, voltados para a formação de jovens e adultos
para o mundo do trabalho e cidadania. Durante o minicurso serão abordados os seguintes temas: a) características dos programas socioeducacionais de
formação de jovens e adultos para o trabalho e cidadania; b) ferramentas e técnicas para o planejamento de atividades socioeducacionais; c) planejamento de
atividades procedimentais, conceituais e atitudinais; d) instrumentos e técnicas de mediação: intervenção, encaminhamento e devolução; e) metodologia de
trabalho com jovens e adultos em programas socioeduacionais. Os temas propostos serão abordados utilizando-se metodologia ativa e estratégias como
dinâmicas de grupo, recursos audiovisuais e análise de textos referenciais sobre o trabalho do psicólogo no campo socioeduacional. Ao final do minicurso
7
espera-se que os participantes identifiquem: a) as principais características do trabalho socioeducacional junto a jovens e adultos em formação para o mundo
do trabalho e cidadania; b) reconheçam e utilizem de forma básica ferramentas e estratégias de planejamento e mediação específicas para o trabalho
socioeducacional. Resumo biográfico dos proponentes Lívia Bruzasco de Oliveira – graduanda do curso de Psicologia da UNESP Assis, bolsista da Pró-Reitoria
de Extensão da UNESP. Jaqueline Camargo Brisola - graduanda do curso de Psicologia da UNESP Assis, bolsista da Pró-Reitoria de Extensão da UNESP. Deivis
Perez – Doutor em Educação e professor de Psicologia da UNESP Assis. Bibliografica CLOT, Yves. A Função Psicológica do Trabalho. 2ª edição, trad. Adail Sobral,
Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
14h - 18h30
E-34 - Sala 2
14h - 18h30
E-34 - Sala 3
14h - 18h30
E-34 - Sala 4
14h - 18h30
E-34 - Sala 5
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PESQUISA QUALITATIVA EM POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS: PSICOLOGIA ESCOLAR EM UMA PERSPECTIVA CRÍTICA
LYGIA DE SOUSA VIEGAS – UNIVERSIDADE SOCIAL DA BAHIA
O presente curso tem por objetivo apresentar alguns aspectos teórico-metodológicos fundamentais da pesquisa qualitativa em psicologia escolar e
educacional em uma perspectiva crítica que tenham como objeto de estudo as políticas públicas educacionais. Para tanto, inicia apresentando elementos que
compõem a fundamentação teórica dessa modalidade de pesquisa, em especial as concepções que sustentam as modalidades de relaç ão entre o pesquisador,
o grupo pesquisado e o tema de pesquisa, em sua triangulação. Também serão discutidos alguns elementos essenciais na leitura crítica do discurso oficial em
torno da implantação e defesa das políticas públicas educacionais. Em seguida, serão apresentados os procedimentos mais consa grados na coleta de dados da
pesquisa qualitativa em psicologia escolar e educacional, a saber: observação participante em diversos contextos educacionais; entrevistas com todos os
envolvidos na pesquisa; análise de documentos que compõem os prontuários institucionais; e encontros grupais com os diferentes coletivos que dão vida à
instituição pesquisada. Finalmente, o curso aborda questões metodológicas em torno da análise do material construído na pesquisa, à luz da abordagem
qualitativa. Espera-se, com esse minicurso, contribuir com a formação de pesquisadores na área de psicologia escolar e educacional em uma perspectiva
crítica, que tenham como foco do estudo as politicas públicas educacionais. Conteúdo: 1. Pesquisa qualitativa em psicologia: aspectos teórico-metodológicos;
2. Análise crítica do discurso oficial das políticas públicas educacionais; 3. Procedimentos de coleta de dados na pesquisa qualitativa em psicologia escolar e
educacional; 4. Procedimentos de análise de dados na pesquisa qualitativa. Referências: EZPELETA, J. & ROCKWELL, E. Pesquisa Participante. São Paulo: Cortez,
1986. GEERTZ, C. A interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989. LÜDKE, M. & ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em Educação: Abordagens
Qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. PATTO, M. H. S. A Produção do Fracasso Escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo: T. A. Queiroz, 1990. VIÉGAS,
L.S. Reflexões sobre a pesquisa etnográfica em Psicologia e Educação. Diálogos Possíveis (FSBA), v.1, p. 101-123, 2007.
DESENVOLVIMENTO POSITIVO NA ADOLESCÊNCIA
DÉBORA DALBOSCO DELL'AGLIO, LUCIANA FERNANDES MARQUES - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Este mini-curso tem por objetivo instrumentalizar profissionais e estudantes que atuam na área da educação para trabalhar sob a ótica da psicologia positiva
com adolescentes. Parte-se do pressuposto que a adolescência é um período normativo do desenvolvimento e que a maioria dos jovens vivencia esta etapa de
forma saudável e adaptativa. A partir disso, apresentaremos o referencial teórico da psicologia positiva, enfocando aspectos relacionados aos processos de
resiliência durante a adolescência, assim como a importância do fortalecimento das redes de apoio e dos fatores de proteção nos contextos de inserção dos
adolescentes, especialmente no ambiente escolar. Serão discutidos os conceitos de resiliência, vulnerabilidade, fatores de risco e proteção na adolescência e
redes de apoio. Também serão explorados diferentes conceitos relacionados à psicologia positiva, destacando a espiritualidade e religiosidade. O tema da
religiosidade/espiritualidade tem estado presente em estudos da Psicologia, mas ainda cercado de alguns tabus e muitas dúvidas de como o psicólogo pode
inserir na sua prática o trabalho com essa dimensão com base na Psicologia como ciência e profissão. Muitos são os equívocos encontrados na prática
profissional, usando técnicas, práticas e conceitos sem base científica que ao invés de promover a qualidade de vida e enfrentamentos saudáveis por parte do
público-alvo, geram desconforto e mal-estar. Este curso é de cunho teórico, visando oferecer uma revisão de estudos científicos atuais sobre a psicologia
positiva e o conceito de espiritualidade e dialogar com o público sobre as principais dificuldades e avanços no trabalho com adolescentes na área PSI.
Pretende-se instrumentalizar os participantes, a partir de reflexões e trocas grupais, para uma visão complexa e multifacetada do ser humano, numa
perspectiva positiva no trabalho com adolescentes. Conteúdo: psicologia positiva, fatores de risco e proteção, resiliência e vulnerabilidade, redes de apoio,
religiosidade e espiritualidade, pesquisas atuais. Referências Calvetti, P. U., Muller, M. C, & Nunes, M. L. T. (2007). Psicologia da saúde e psicologia positiva:
Perspectivas e desafios. Psicologia Ciência e Profissão, 27(4), 706-717. Dell'Aglio, D. D., Koller, S. H., & Yunes, M. A. M. (2006). Resiliência e psicologia positiva:
Interfaces do risco à proteção. São Paulo: Casa do Psicólogo. Marques, L. F. & Dell'Aglio, D. D. (2009). A espiritualidade como fator de proteção na
adolescência. Cadernos IHU Idéias (Unisinos), 7, 1-18. Paludo, S. S. & Koller, S. H. (2007). Psicologia Positiva: uma nova abordagem para antigas questões.
Paidéia, Ribeirão Preto, 17(36), 9-20. Sanchez, Z. V. M., Oliveira, L. G., & Nappo, S. (2004). Fatores protetores de adolescentes contra o uso de drogas com
ênfase na religiosidade. Ciência & Saúde Coletiva, 9(1), 43-55. Sapienza, G. & Pedromonico, M. R. M.(2005). Risco, proteção e resiliência no desenvolvimento
da criança e do adolescente. Psicologia em Estudo, 10(2), 209-216. Seligman, M. E. P. & Csikszentmihalyi, M. (2000). Positive psychology: An introduction.
American Psychologist, 55, 5-14
NEUROCIÊNCIA E EDUCAÇÃO SOB UM ENFOQUE HISTÓRICO CULTURAL
CLAUDIA LOPES DA SILVA – SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO
Num cenário de preocupação crescente dos governos com a melhoria da educação, observa-se o avanço da neurociência em áreas relacionadas à educação,
como a forma com que a aprendizagem ocorre e a neurofisiologia cerebral. Surge daí a tentativa de aplicação de tais resultados de forma prática nas escolas,
através de programas educacionais. São os chamados programas “brain-based learning”, ou de aprendizagem baseada no cérebro. Surgem produtos e
métodos de questionável embasamento científico e resultados frustrantes, que perpetuam “neuromitos”, apresentando informações discutíveis como fatos
científicos irrefutáveis. Além de superficiais e questionáveis, tais propostas podem induzir atitudes discriminatórias, reforçando a crença acrítica em
explicações biológicas para questões com importante viés sócio-econômico, como é a questão da escolarização. A busca de uma prática educacional baseada
em evidências deve deixar claros os limites em que tais apropriações da neurociência podem ser feitas atualmente, pois se há extraordinários e promissores
avanços, ainda há pouca ou quase nenhuma operacionalização prática de aplicação escolar destes aportes. Discute ainda a questão da inclusão escolar e a
contribuição da neurociência. O O enfoque teórico é a partir da produção da Psicologia Histórico-Cultural, particularmente as produções de Vigotski e Luria,
discutindo que contribuições os autores podem fazer para possibilitar um olhar a partir das potencialidade de desenvolvimento dos alunos.
ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI: A FORMAÇÃO-ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR E AS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS
ERIKA PESSANHA DOLIVEIRA, RAFAELA MEZZOMO – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
O minicurso que se pretende desenvolver surgiu a partir da prática profissional de supervisão de acadêmicos do quinto ano da graduação de Psicologia nos
estágios profissionalizantes em um programa municipal de Medidas Sócio-Educativas em Meio Aberto, previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente
8.069/90. O contato semanal com os profissionais de Psicologia, Serviço Social, Pedagogia e Direito responsáveis pela implementação das Medidas SócioEducativas em Meio Aberto (MSE) explicitadas no artigo 112 evidenciou concepções, expectativas e práticas preconceituosas sobre as famílias de origem e
extensas responsáveis judicialmente por adolescentes autores de atos infracionais. Era possível observar na fala de tais profissionais uma estreita vinculação
naturalizante e a-histórica entre pobreza, periculosidade e a suposta desestrutura familiar. As inquietações decorrentes levaram-nos a problematizar, como
uma hipótese explicativa para esses comportamentos dos profissionais, uma formação acadêmico-profissional mais tecnicista, que demonstra sinais de ter
sido aligeirada quanto ao debate próprio das Ciências Humanas e Sociais sobre a construção social da infância, da família burguesa, a produção do fracasso
escolar, entre outros temas. Conforme alguns autores discutem, no desenvolvimento da profissão de psicólogo no Brasil, a formação também é
responsabilidade dos professores, que imprimem suas visões de mundo em seus cursos a partir da concepção de que profissional querem formar. Também
estabelecem relações entre o contexto político do Regime Militar e a ideologia de adaptação do indivíduo à sociedade. As autoras, ao retomarem pesquisas
sobre o perfil do psicólogo brasileiro (CFP, 1988, 1994) entre outros pesquisadores, demonstram o caráter predominantemente clínico e de profissional liberal
dos currículos, uma formação que privilegia o técnico em detrimento do generalista. Por meio de uma leitura mais atenta dos documentos que procuram
subsidiar a ação dos gestores sociais, percebe-se que tais referências bibliográficas não atribuem às famílias monoparentais ou à incompetência familiares a
responsabilidade exclusiva pela infração cometida pelo adolescente, e esses autores optam por tentar elucidar a multideterminação do ato infracional, ao
invés de se utilizarem de explicações lineares e simplistas. Contudo, essas obras não delimitam com maior precisão de qual co ncepção de família partem, qual
seria a sua função social, se sempre se estruturou do mesmo modo e com os mesmos objetivos ao longo da história humana. A fundamentação teórica desse
curso será baseada nos princípios da Psicologia SócioHistórica, da Pedagogia HistóricoCrítica. O objetivo do minicurso é debater sobre os limites e
possibilidades das interfaces do trabalho do psicólogo escolar com a atuação em programa de medidas socioeducativas, uma vez que os adolescentes em
conflito com a lei possuem histórias de fracasso escolar. Para isso, ocorrerá a historicização da proteção social e jurídica da criança e do adolescente no país,
considerando que as instâncias jurídicas e pedagógicas dos programas de MSE costumam realizar um encaminhamento discriminatór io em várias etapas do
processo de aplicação das medidas, penalizando os adolescentes e as famílias de menor poder aquisitivo. Daí depreende-se a relevância social e teórica do
acúmulo de conhecimentos e práticas que tentem superar a visão de mundo representada pelo antigo Código de Menores.
14h - 18h30
E-34 - Sala 6
14h - 18h30
E-34 - Sala 7
14h - 18h30
E-34 - Sala 8
14h - 18h30
E-34 - Sala 9
DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DAS CRIANÇAS PEQUENAS E AS PRÁTICAS REALIZADAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
VIVIANE APARECIDA FERREIRA FAVARETO CACHEFFO, DANIELE RAMOS DE OLIVEIRA – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
O mini-curso tem como objetivos discutir as características de desenvolvimento da criança de 0 a 5 anos, segundo a teoria histórico-cultural e a teoria
walloniana, propiciar reflexões por parte das (dos) participantes em relação às práticas educativas desenvolvidas na educação infantil a partir dos
pressupostos dessas teorias, de modo a fornecer subsídios teórico-práticos para os profissionais que atuam em instituições de educação infantil. O
atendimento as crianças nesse nível de ensino inclui o educar e o cuidar, de forma a assegurar o acolhimento, a segurança, o lugar para a emoção, para o
gosto, para o desenvolvimento da sensibilidade, habilidades sociais, domínio do espaço, do corpo, das modalidades expressivas e favorecimento da
curiosidade e investigação. Para desenvolver esses aspectos, porém, consideramos que os profissionais de creches e pré-escolas necessitam de subsídios
teórico-práticos que permitam refletir sobre as contribuições das práticas realizadas no cotidiano para o desenvolvimento das crianças. Pretendemos, nesse
sentido, discutir a relação entre o desenvolvimento infantil e as mediações realizadas pelos educadores. De acordo com a teoria histórico-cultural, cada
estádio de desenvolvimento é caracterizado por um tipo de atividade principal, concebida como aquela que promove o desenvolvimento por possibilitar o
surgimento de outras atividades, desde que diferenciadas; reorganizar os processos psíquicos e promover mudanças psicológicas na personalidade infantil.
Desta forma, a atividade principal modifica-se conforme o desenvolvimento infantil. As atividades principais nos primeiros anos de vida são: comunicação,
ação com objetos e o jogo. O bebê, mesmo sem o domínio da linguagem falada, comunica-se emocionalmente com o adulto; posteriormente o interesse pelos
adultos transfere-se para o conhecimento e exploração dos objetos e, conforme o desenvolvimento, a criança passará a utilizar-se do jogo para satisfazer suas
necessidades, resolver seus conflitos e vivenciar situações imaginárias. Sobre o desenvolvimento da criança, a teoria walloniana pontua que esse é composto
por estágios: impulsivo emocional; sensório-motor e projetivo e personalismo. Para a sucessão dos estágios, é necessário que ocorra a alternância e
predominância funcional, ou seja, em cada estágio ocorre o predomínio de uma dimensão (afetiva, cognitiva, motora), o que não ocasiona o desaparecimento
das demais; e a integração funcional, que significa que cada estágio traz as conquistas dos anteriores e permite a integração da motricidade, afetividade e
cognição para a constituição do quarto domínio, a pessoa. A partir das contribuições desses teóricos, portanto, pensamos ser possível refletir com os
participantes o desenvolvimento de práticas para uma educação integral a ser realizada com as crianças pequenas, que propicie o desenvolvimento
psicológico infantil.
AS CONTRIBUIÇÕES DE LEONTIEV E BLAGONADEZHINA PARA A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DO ESPAÇO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
MARTA CHAVES – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Esta exposição firma a defesa de que as escolas de Educação Infantil podem se apresentar como espaços de educação por excelência, o que equivale a dizer
que, a rotina, ou seja, a organização do tempo e do espaço só se justificam se forem instrumentalizados enquanto práticas edu cativas, capazes de promover o
desenvolvimento, onde o brincar e o aprender figurem como os objetivos principais. Consideramos que as salas, pátios, corredores, áreas externas e outros
espaços ocupados por crianças devem ser organizados com intencionalidade e sistematização das mais diversas cores, formas, le tras, números, ilustrações
advindas da arte e de autores e personagens da Literatura Infantil. Defendemos que esta preocupação não secundariza a importância da formação inicial e em
serviço de psicólogos e pedagogos, ao contrário reafirma a necessidade de defesa de uma formação atenta e rigorosa permite. Isto permite estudo e reflexão
acerca da infância que se mostra, neste início de século XXI, empobrecida. Neste sentido, a Teoria ou Psicologia Histórico-Cultural apresenta-se na condição de
amparo possível para uma proposta de formação e atuação junto às crianças pequenas, numa perspectiva de humanização e emancipação. Assim, para que os
procedimentos didáticos sejam ricos de significado, a afetividade, a comunicação, as diversas formas de linguagem e a escolha de recursos e procedimentos
devem figurar como características essenciais no processo de ensino. Neste propósito de educação, recorremos à ideia de que os sentimentos estéticos se
desenvolvem mais quando se apresentam versos especialmente escritos para as crianças, com desenhos de qualidade, com boa música e com rítmicos
variados. Neste sentido a organização do tempo e do espaço deve favorecer as vivências estéticas elaboradas, visto que estas mostram-se essenciais à
aprendizagem e ao desenvolvimento. Conteúdo: A organização do tempo e do espaço nas Instituições de Educação Infantil Referências: BLAGONADEZHINA, L.
V. Las emociones y los sentimientos. In: SMIRNOV, LEONTIEV e outros. Psicologia. Havana: Imprensa Nacional de Cuba, 1961, p. 375 CHAVES, M. et all (Org).
Professores Repensando a Prática Pedagógica: propostas, objetivos e conquistas coletivas. Maringá: 1 ed. Programa Interdisciplinar de Estudos de Populações,
Laboratório de Arqueologia, Etnologia, 2008. FACCI, M. G. D. Valorização ou esvaziamento do trabalho do professor?: um estudo crítico-comparativo da teoria
do professor reflexivo, do construtivismo e da psicologia vigotskiana. Campinas, SP: Autores Associados, 2004. LEONTIEV e outros. Psicologia. Havana:
Imprensa Nacional de Cuba, 1961. LIMA, E. A de. Infância e Teoria Histórico-Cultural: (Des) Encontros da Teoria e da Prática. 2005, Tese (Doutorado em Ensino
na Educação Brasileira). Faculdade de Filosofia e Ciências, UNESP, Marília, 2005. MUKHINA,V. Psicologia da Idade Pré-escolar. Trad. Claudia Berliner. São Paulo:
Martins Fontes, 1996. VIGOTSKY, L. S. La imaginación y el arte en la infancia: ensayo psicológico. 8. ed. Madrid: Akal, 2007. (Akal básica de bolsillo, 87)
ESTRUTURAS ADITIVAS E MULTIPLICATIVAS: ASPECTOS DA TEORIA DOS CAMPOS CONCEITUAIS
JULIANE DO NASCIMENTO – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Modalidade do curso: mini-curso Estruturas aditivas e multiplicativas: aspectos da teoria dos campos conceituais Carga horária: 4 horas Juliane do Nascimento
FCT/ UNESP - Câmpus de Presidente Prudente [email protected] Resumo Biográfico Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual Paulista Faculdade de Filosofia e Ciências câmpus de Marília (2007) com Habilitação em Administração Escolar, Orientação Educacional (2008) e Supervisão Escolar
(2009). De 2004 à 2009 atuou como professora das séries/anos iniciais do Ensino Fundamental na rede municipal de Pompeia/SP. Em 2010 atuou na área de
coordenação de projetos na mesma rede. Atualmente é mestranda em Educação pelo programa de pós-graduação da UNESP/ FCT/ Câmpus de Presidente
Prudente, na linha de pesquisa: Práticas e Processos Formativos, desenvolvendo pesquisa na área de Educação Matemática. Integrante do grupo de pesquisa:
Ensino e Aprendizagem como Objeto da Formação de Professores (GPEA) coordenado por Maria Raquel Miotto Morelatti e Paulo César de Almeida Raboni.
Resumo Este mini-curso tem por objetivo abordar o ensino e a aprendizagem das estruturas aditivas e multiplicativas nas séries iniciais do ensino fundamental
tendo como base a teoria dos campos conceituais de Vergnaud. De acordo com essa teoria são vários os fatores que interferem e influenciam no
desenvolvimento e na formação dos conceitos, sendo o conhecimento conceitual originado a partir de situações-problemas. Os conceitos matemáticos, só
adquirem sentido a partir de uma variedade de situações que são vivenciadas pelos sujeitos. Nessa perspectiva, um campo conceitual pode ser então
compreendido como o conjunto de situações que envolvem o domínio de vários conceitos de naturezas diferentes. A aprendizagem de um campo conceitual,
está assim relacionada a capacidade de resolver diferentes situações-problemas, o que vai além de simplesmente saber resolver cálculos numéricos. Isso
implica reconhecer que uma mesma operação aritmética pode estar associada a diferentes ideias em uma situação-problema. A competência para resolver
problemas que envolvem estruturas aditivas e multiplicativas requer tempo e precisa ser desenvolvida ao longo de todo ensino fundamental. Para tanto,
desenvolver um trabalho com estruturas aditivas e multiplicativas implica em oferecer ao aluno diferentes tipos de situações que envolvam diferentes modos
de raciocinar. Implica também considerar que adição e subtração, multiplicação e divisão pertencem a um mesmo campo conceitual e, portanto estão
intimamente relacionadas. As atividades que serão desenvolvidas no mini-curso visam dessa forma, apresentar e discutir aspectos da teoria dos campos
conceituais para o desenvolvimento das estruturas aditivas e multiplicativas; analisar os diferentes raciocínios envolvidos nas situações-problemas do campo
aditivo e multiplicativo e apresentar propostas para o trabalho com os dois campos nas séries iniciais do ensino fundamental. Público alvo: professores que
atuam nas séries iniciais do ensino fundamental e educadores interessados pelo assunto. Bibliografia básica: MAGINA, S., CAMPOS, T. M. M., GATIRANA, V. &
NUNES, T. Repensando adição e subtração: contribuições da Teoria dos Campos Conceituais. São Paulo: PROEM, 2001.
ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM E DA MOTIVAÇÃO PARA APRENDER: COMO AVALIAR?
NEIDE DE BRITO CUNHA, ACÁCIA APARECIDA ANGELI DOS SANTOS - UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
As grades curriculares raramente contemplam todos os aspectos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Dentre os que dificilmente são trabalhados
estão as estratégias de aprendizagem e a motivação para aprender, o que leva muitos professores, dos vários níveis de ensino, a se perguntarem qual seria o
caminho para desenvolvê-los em seus alunos. A Psicologia Cognitiva, com base na Teoria do Processamento da Informação, acredita na possibilidade de ajudar
o aluno a organizar e controlar sua própria aprendizagem por meio de estratégias mais eficazes. Elas são competências ou processos que facilitam a aquisição,
o armazenamento e a recuperação da informação e são úteis para manejar, dirigir e controlar a própria aprendizagem em diferentes contextos. Por sua vez, a
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motivação aparece em sala de aula como um elemento gerador de energia, que ajuda o indivíduo a atingir um determinado objetivo, por meio da seleção de
dados importantes e organização de sequências que exigem estratégias de ação. Tendo em vista a importância do desenvolvimento tanto das estratégias de
aprendizagem como da motivação em sala de aula, julga-se necessário melhorar a capacidade de ‘aprender a aprender’ e de ensinar para o ‘aprender a
aprender’, bem como conhecer as orientações motivacionais de alunos em geral e futuros docentes. Com esses conhecimentos, os educadores poderiam
modificar suas práticas e traçar metas e objetivos que contribuiriam para a aprendizagem mais efetiva de seus alunos. Serão apresentados resultados de
pesquisas recentes desenvolvidas em vários níveis de educação. Objetivos do curso: apresentar como podem ser avaliadas as estratégias de aprendizagem e a
motivação por meio de diferentes instrumentos de medida; demonstrar como os dados coletados podem ser tratados estatisticamente por meio de análises
qualitativas e quantitativas. Referências: 1. SANTOS, A. A. A.; SISTO, Fermino Fernandes; BORUCHOVITCH, Evely & Nascimento, E. (Orgs.). Perspectivas em
Avaliação Psicológica. 1. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. 2. OLIVEIRA, Katya Luciane, BORUCHOVITCH, Evely & SANTOS, A. A. A. . Escala de avaliação
das estratégias de aprendizagem para o ensino fundamental - EAVAP-EF. 1ª. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. 3. SANTOS, A. A. A., BORUCHOVITCH,
Evely, & OLIVEIRA, Katya Luciane de (Org.) . Cloze: um instrumento de diagnóstico e intervenção. 1. ed. São Paulo-SP: Casa do Psicólogo, 2009. 348 p.
14h - 18h30
E-34 - Sala 10
COREOGRAFIA DO DESENHO: DINÂMICA EDUCACIONAL
PEDRO MOREIRA DA SILVA NETO, MARIA SARA DE LIMA DIAS - UNIVERSIDADE TUITI DO PARANÁ
Objetiva-se aproximações entre psicologia e as artes cênicas, através de vivências estéticas, baseado no referencial proposto por Vygotsky. A arte se processa
em variados grupos sociais e fornece referencial para o psicólogo em práticas sociais éticas e estéticas. A intervenção comunitária deve propor atividades
emancipadoras e capazes de gerar novos sentidos e significados à prática educativa nas escolas, no dizer de Freire “ a promoção da ingenuidade à criticidade
não pode ou não deve ser feita a distância de uma rigorosa formação ética ao lado sempre da estética”(p.32). Isto é possível através das relações entre a
psicologia e a arte. Considera-se a educação estética e atividade criadora essencial ao trabalho com grupos. A proposta da coreografia pretende desenvolver
materialmente a atividade criadora através do desenho, como um circuito que vai possibilitar a expressão corporal do sujeito. O espaço colaborativo de
trabalho favorece a transformação de motivos ao permitir que as ações sejam planejadas coletivamente e que se parte do sujeito singular/coletivo. A
educação acentua o lógico-formal e o discurso, num processo de coisificação das relações interpessoais, assim, técnica e dinamização cênica, no caso da
dança, revitalizam as configurações sociais que delimitam a afetividade e sua representatividade no trabalho grupal. Bibliografia básica: CAMARGO, Denise de;
BULGACOV, Yara (Orgs.). (2006) Identidade e emoção. Curitiba: Travessa dos Editores. FREIRE, P. (2000) Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
INGARDEN, e Cols.(1976) O Signo teatral : semiologia aplicada a arte dramática. SP: Globo. SANTOS, F.D.(2003) A estética máxima. CHAPECÓ, Argos.
VYGOTSKY, L. S. (2008). Psicología del arte. Buenos Aires, Paidós.
MINI-CURSOS
Dias 04 e 05 de julho de 2011 – das 08h às 10h
MINI-CURSOS (carga horária: 4 horas)
08h - 10h
D-67 - Sala 101
08h - 10h
D-67 - Sala 102
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FORMAÇÃO DE PESSOAS NA PERSPECTIVA SÓCIO-HISTÓRICA: TEORIAS E PRÁTICAS
MARIANA ANTUNES, DEIVIS PEREZ - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Público: estudantes e profissionais de Psicologia, interessados em mediação educacional. Resumo A questão da formação de pessoas na contemporaneidade
tem ensejado crescente interesse em diversos segmentos sociais. Isto porque ocorrem significativas transformações em diferentes campos do conhecimento,
das práticas e sociabilidade humana, que impõem aos indivíduos a necessidade de exercício constante do pensamento e capacidade de util ização de
instrumentos que permitam ao homem compreender o mundo que o cerca. Atualmente a formação das pessoas ocorre para além das escolas, nas ONGs,
empresas e em atividades educacionais potencializadas pelas tecnologias da informação. A escolarização é compreendida cada vez mais como um dos espaços
de articulação dos saberes. Nesse contexto, os profissionais da psicologia têm sido desafiados a contribuir para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de
teorias e práticas que favoreçam a compreensão e o incremento da qualidade dos processos de formação de pessoas nas empresas, organizações nãogovernamentais/ONGs, escolas, etc. Atentos à questão e preocupados com a difusão de saberes e abordagens da Psicologia voltadas para a formação integral
do humano, é que elaboramos essa proposta de minicurso. O objetivo é oferecer aos participantes a oportunidade de conhecer os fundamentos da Psicologia
Sócio-Histórica, de inspiração vigotskiana, e sua aplicação na elaboração e realização de processos formativos de pessoas, em particular adolescentes e
adultos. Os saberes a serem trabalhados no minicurso poderão ser adotados por profissionais e estudantes/estagiários em processos educativos realizados em
espaços formais (escolas e universidades) e não formais (ONGs e movimentos sociais). O minicurso abordará: a) Os fundamentos da Psicologia vigotskiana,
com destaque para as referências à filosofia de Espinosa e de Marx. b) os conceitos de interiorização, zona de desenvolvimento proximal, processos
psicológicos superiores, instrumentos semióticos, mediação e interação; c) articulação entre teoria e prática no processo formativo de pessoas. A metodologia
adotada privilegiará a multiplicidade, alternância e diversidade de estratégias de ensino. As técnicas utilizadas serão: exposição dialogada apoiada por recursos
visuais, análise e debate de conceitos em pequenos grupos, leitura de texto, dinâmica de grupo. Ao final espera-se que o participante seja capaz de: a)
identificar, de forma introdutória, as relações entre a filosofia espinosana e marxiana e a Psicologia Sócio-Histórica; b) articular os conceitos básicos da teoria
vigotskiana às práticas de formação de pessoas, com ênfase para a mediação da aprendizagem e o estímulo à interação e colaboração entre aprendizes de um
processo educativo; c) refletir criticamente sobre suas práticas profissionais em processos de ensino e aprendizagem, considerando os conceitos e
aprendizagens construídas no minicurso. Bibliografia BAQUERO, Ricardo. Vygotsky e a aprendizagem escolar. Trad. Ernani Fonseca Rosa; Porto Alegre: ArtMéd,
1998. VIGOTSKI, L.S. Psicologia Pedagógica. 2ª Edição. Trad. Paulo Bezerra, SP: Martins Fontes, 2004.
O JOGO QUARTO COMO RECURSO PARA INTERVENÇÃO CLÍNICA E EDUCACIONAL
ALEXANDRE GIANNICO BORGES, HELOISA HELENA GENOVESE DE OLIVEIRA GARCIA – UNIVERSIDADE PAULISTA
Um dos maiores desafios da atualidade é coordenar, de modo coerente e eficaz, as inúmeras informações a que temos acesso diariamente. Ao mesmo tempo,
a comunicação interpessoal assume formas múltiplas, exigindo agilidade e responsabilidade e visando uma inserção cidadã no mundo. Nossa hipótese é que
os jogos são um recurso útil para a abordagem destes problemas por implicarem o envolvimento afetivo dos jogadores e demandarem o uso de
procedimentos cognitivos variados que favorecem o auto-aperfeiçoamento e a socialização. Baseamo-nos em Piaget quanto ao valor estruturante do jogo de
regras para a construção do pensamento socializado e sua dimensão dialética: individual e social, particular e universal, his tórica e atemporal. Este curso
objetiva promover o conhecimento e a prática dos participantes quanto a possibilidades de intervenção clínica e educacional, mediadas pelo jogo Quarto,
atualmente um dos mais utilizados por um grupo de pesquisa do departamento de Psicologia Escolar da USP, coordenado pelo Prof. Dr. Lino de Macedo.
Criado pelo matemático suíço Blaise Müller, é um jogo de tabuleiro que está entre os mais premiados do mundo, apesar da simplicidade das regras. É
composto por um tabuleiro de 16 casas e 16 peças que se diferenciam por quatro atributos: cor, tamanho, forma, superfície. Jogam dois participantes
alternadamente: cada qual seleciona uma peça e entrega ao oponente para que este a posicione numa das casas. Na medida que as peças vão sendo inseridas,
alinhamentos vão se compondo pela combinatória de cores, tamanho, etc. O jogo termina quando um jogador receber uma peça e a inserir no tabuleiro
concluindo um alinhamento com quatro peças com pelo menos um atributo em comum. Por exemplo, todas as quatro peças num alinhamento horizontal são
altas. Então, ele diz “quarto” e vence a partida. O Quarto promove o desenvolvimento de atenções múltiplas, pois o jogador precisa estar atento a quatro
diferentes atributos contidos em cada peça para não entregar a “vitória” ao seu oponente. Isto exige análises combinatórias constantes dos alinhamentos em
construção e das peças disponíveis na escolha presente e futura. Com relação às competências cognitivas, portanto, o jogo promove a combinatória, a
capacidade de antecipação, inferências e tomada de decisões. Do ponto de vista da competência social, a regra exige que o jogador escolha uma peça, mas
esta não será inserida no tabuleiro por ele, e sim pelo seu oponente, o que exige uma antecipação das possibilidades do desti no que o outro dará a esta peça.
Por isso, a favorecimento a um raciocínio descentrado, já que os jogadores precisam considerar e valorizar a própria escolha e a de seu oponente. Neste
sentido, as ações da partida e as intervenções permitem ao mediador promover uma reflexão significativa para uma tomada de consciência da reciprocidade
que esteve em curso durante o jogo. Daí a importância do procedimento de intervenção, situação-problema, no qual cada jogador analisa momentos extraídos
de partidas, decidindo e justificando a solução proposta. Na conclusão, destacamos a metodologia de situações-problema para o aperfeiçoamento de
competências cognitivas e sociais.
08h - 10h
D-67 - Sala 103
08h - 10h
D-67 - Sala 104
08h - 10h
D-67 - Sala 105
08h - 10h
D-67 - Sala 106
ORIENTAÇÃO À QUEIXA ESCOLAR: O ATENDIMENTO PSICOLÓGICO EM UMA PERSPECTIVA CRÍTICA
LYGIA DE SOUSA VIEGAS – UNIVERSIDADE SOCIAL DA BAHIA
O presente curso objetiva apresentar a proposta de Orientação à Queixa Escolar, modalidade de atendimento criada no Serviço de Psicologia Escolar do
Instituto de Psicologia da USP. Destinada a crianças e adolescentes que vivenciam dificuldades no processo de escolarização, tal modalidade de atendimento
compreende os processos de subjetivação no bojo das relações habitadas pelo sujeito, marcadas por grupos e instituições, em um tempo histórico-social
determinado. O curso inicia tecendo críticas à concepção tradicional do fracasso escolar. Isso porque, ela tende a priorizar aspectos individuais ou familiares,
de ordem física ou emocional, desconsiderando a fundamental participação da escola na produção da queixa, bem como naturaliza ndo problemas sociais,
políticos e institucionais. Em seguida, são apresentados os pressupostos teóricos da Orientação à Queixa Escolar, a partir dos quais o foco do olhar deixa de ser
a criança e sua família, e passa a ser o território no qual se dá a produção da queixa, o que implica em considerar diversas dimensões e suas mútuas
determinações, do sofrimento individual aos atravessamentos institucionais e sociais. Tal compreensão implica em mudanças práticas, de modo que as ações
desenvolvidas busquem avaliar a produção histórica e coletiva da queixa, bem como intentem analisar o quanto é possível alterar sua produção, afetando os
fenômenos nos quais ela se viabiliza. Posto isso, o curso apresenta práticas e instrumentos que norteiam o atendimento da que ixa escolar: a perspectiva breve
e focal; a participação dos principais envolvidos na produção e manutenção da queixa (em especial, aluno, pais e escola); a contextualização e problematização
da queixa; uma compreensão da vida diária escolar; a potencialização de todos os implicados na produção da queixa. Espera-se, com o curso, contribuir com a
formação de psicólogos que atendem a queixa escolar, na direção do fortalecimento do processo de escolarização. Conteúdo: 1. Críticas à concepção
tradicional do fracasso escolar. 2. Pressupostos teórico-práticos da Orientação à Queixa Escolar. 3. Práticas e instrumentos do atendimento da queixa escolar.
4. Apresentação de casos. Referências: MACHADO, A.M. Avaliação psicológica na educação: mudanças necessárias. In: TANAMACHI, E.; PROENÇA, M.; ROCHA,
M. Psicologia e Educação: desafios teórico-práticos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000, p. 143-167. MOYSÉS, M.A.A. A Institucionalização invisível: crianças
que não-aprendem-na-escola. São Paulo/Campinas: Mercado de Letras/FAPESP, 2001. PATTO, M.H.S. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e
rebeldia. São Paulo: T. A. Queiroz, 1990. PATTO, M. H. S. Exercícios de indignação: textos de Educação e Psicologia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. SOUZA,
M.P.R. Problemas de aprendizagem ou problemas de escolarização? Repensando o cotidiano escolar à luz da perspectiva histórico-crítica em psicologia. In:
OLIVEIRA, M.K; SOUZA, D.T.R. REGO, T.C. Psicologia, educação e temáticas da vida contemporânea. São Paulo: Moderna, 2002. SOU ZA, B.P. Orientação à
Queixa Escolar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007.
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E GESTÃO DEMOCRÁTICA: FORMAÇÃO DE PROFESSORES
REGINA LUCIA SUCUPIRA PEDROZA, JULIA CHAMUSCA CHAGAS - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Este minicurso visa abordar a formação de professores com relação ao tema da Educação em Direitos Humanos (EDH) tendo em vista a sua pertinência no
cenário internacional de mobilização para a efetivação da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Pretende-se discutir a EDH não apenas como uma
formação de conteúdos sobre direitos e deveres, mas como uma vivência em todos os espaços da escola. A discussão do respeito aos direitos humanos, mais
especificamente ao direito à educação, passa por um movimento constante do universal ao individual, já que não é possível garantir a igualdade sem
tolerância à diferença. Levada ao cotidiano escolar, essa concepção exige a criação de espaços de diálogo e de relações mais horizontais na escola. Nesse
contexto, a gestão democrática torna-se fundamental para a construção dessa vivência da democracia e do respeito aos direitos de todos. Entretanto,
pretendemos defender que esse tipo de gestão não se constrói apenas pela eleição de diretores e representantes em Conselhos Escolares. Concretizar a
vivência democrática nos diversos espaços da escola implica uma construção diária do Projeto Político Pedagógico (PPP) por to dos os seus membros:
professores, estudantes, pais e funcionários. A ênfase no PPP como resultado da participação ativa de todos os membros da comunidade escolar mostra que
ele não pode ser apenas um conjunto de planos e projetos de professores, muito menos um documento a ser arquivado na secretar ia da escola. Ele deve estar
em sala de aula, como um produto específico que reflete a realidade escolar, situada em um contexto social mais amplo que a influencia e é por ela
influenciado. Trata-se de um instrumento que permite clarificar a ação educativa da instituição educacional em sua totalidade, necessitando da pa rticipação
de todos os segmentos envolvidos no processo educacional. Sendo assim, ressaltamos a importância de trabalhar a formação de professores frente a esses
princípios educativos. Entendemos que a discussão dos direitos não pode passar por uma objetivação que perca a noção dos sujeitos envolvidos nesse fazer.
Essa vivência cotidiana é permeada pelas contradições inerentes ao desenvolvimento humano. Esse ser humano concreto estabelec e relações interpessoais
que são marcadas por uma organização social também contraditória. Dessa forma, a intenção é desenvolver uma formação que considere a maneira como os
direitos humanos ganham forma na vida diária das pessoas. Para isso, a psicologia torna-se fundamental nesse processo formativo. Assim, compreendemos
ser possível construir uma educação mais democrática e de qualidade.
ORIENTAÇÃO SEXUAL, DIVERSIDADE E O PSICÓLOGO ESCOLAR
ERIKA PESSANHA DOLIVEIRA, MARCELO UBIALI FERRACIOLI – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
Considerando a sexualidade como fenômeno inerente à vida humana e compreendendo-a em suas dimensões natural e construída, este minicurso tem como
proposta fornecer subsídios ao participante sobre o papel do psicólogo escolar na promoção da saúde e qualidade de vida das coletividades quanto à
diversidade de orientações sexuais e do desejo no contexto da educação formal. Os recentes episódios envolvendo as declarações do deputado federal
Bolsonaro demonstram o quanto o psicólogo ainda tem um grande caminho para eliminar ou diminuir quaisquer formas de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão que neste caso se caracterizam como homofobia ou transfobia, por exemplo. Além disso, tem como objetivos
específicos: Sensibilização para a complexidade e abrangência do tema “sexualidade”; Diferenciação entre significado e sentido da sexualidade para o
indivíduo; Abordar a questão da sexualidade humana numa perspectiva histórica, colaborando para a desnaturalização de uma visão repressora da
sexualidade; localizar o movimento da luta pelos direitos LGBT no contexto dos direitos humanos. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, v.2.
E PCN´s Catonné. J.P. A sexualidade ontem e hoje. São Paulo: Cortez, 2001. Cavalcanti, R. (coord.) Saúde sexual e reprodutiva – ensinando a ensinar. Brasília:
CESEX, n/d. Chauí, M. Repressão Sexual – essa nossa (des)conhecida. São Paulo: Brasiliense, 1984. Cunha, P.F.L. A longa história da repressão sexual. Em:
Psicologia em Curso, 2 (8), out/dez, 1981. Goldberg, M.A.A. Educação sexual – uma proposta, um desafio. São Paulo: Cortez Editora, 1998. Lejeune, C.
Pedagogia da Educação Sexual. Editora Artenova, 1976. Lins, R.N. Cama na varanda. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. Maia, A. C. B. Sexualidade e deficiências no
contexto escolar. Tese de doutorado. Programa de Pós-graduação em Educação, Unesp Marília, 2003. Nunes, C.A. Desvendando a sexualidade. Campinas-SP:
Papirus, 1987. Nunes, C.A & Silva, E. A Educação Sexual da criança. Autores Associados, 2000. Ribeiro, C. A fala da criança s obre sexualidade humana: o dito, o
explícito e o oculto. São Paulo: Mercado de Letras, 1996. Ribeiro, M. (org.) Educação sexual: novas idéias, novas conquistas. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos,
1993. Ribeiro, P.R.M. Educação sexual além da informação. Temas Básicos de Educação e Ensino. São Paulo: EPU, 1990. Rodrigues, O.M. A masturbação e
jogos sexuais infantis: um problema na sexualidade infantil ou dos pais? In: _____; Sexo: tire suas dúvidas. São Paulo: Iglu Editora, n/d. Salk, L. O que toda
criança gostaria que seus pais soubessem. São Paulo: Edibolso, 1972. Suplicy, M. et al. Sexo se aprende na escola. São Paulo: FDT, 1995.
EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E O TRABALHO DO PSICÓLOGO
HELENA CRISTINA RAMOS, DEIVIS PEREZ, MARCELA PIMENTEL ROCHA – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
PÚBLICO-ALVO: Estudantes e profissionais de Psicologia e interessados em educação não formal. RESUMO Temos observado nos últimos anos uma
significativa diversificação nos campos de atuação dos profissionais de Psicologia. A educação apresenta-se como área particularmente propícia para a
atividade laboral do psicólogo. Isto porque o ensino e aprendizagem passaram a ser compreendidos como processos que ocorrem por toda a vida humana e
podem ser realizados em diferentes contextos e instituições, para além das escolas. Nesse sentido, há uma ampliação da noção e práticas de educação, que
deixaram de estar vinculadas à instituição escolar e passaram a contemplar um conjunto de ações educativas intencionais e extraescolares, que compõem o
que se tem nomeado educação não formal. Essa modalidade de educação caracteriza-se pela intencionalidade de ensinar, dos agentes educacionais
(professores, educadores, monitores, tutores), e de aprender, pelos participantes do processo educativo. A educação não formal é realizada nas empresas,
organizações não-governamentais/ONGs, movimentos sociais, instituições que oferecem cursos livres, departamentos governamentais que realizam ações
educativas fora das escolas. Esse cenário ampliou as possiblidades de atuação do psicólogo, que passou a ser considerado um profissional capaz de contribuir
para qualificar as atividades da educação não formal, bem como, realizar a gestão, planejamento, mediação e avaliação do ensino e aprendizagem nessa
11
modalidade educacional. Entretanto, nota-se que esse campo ainda é pouco conhecido entre psicólogos e educadores. O minicurso proposto abordará as
possibilidades de atuação do psicólogo na educação não formal, com ênfase para a identificação das teorias e estratégias de t rabalho do psicólogo nos campos
da educação corporativa (empresas) e educação realizada nas ONGs. O objetivo é oferecer ao participante a oportunidade de conhecer as teorias que
referenciam o trabalho na educação não formal e as estratégias práticas de atuação do psicólogo nessa área. Serão abordados os seguintes temas: a)
modalidades de educação (informal, formal e não formal); b) tipos de educação não formal; c) teorias e estratégias de atuação do psicólogo na educação
corporativa e na educação em ONGs, que inclui gestão, planejamento, mediação e avaliação de atividades próprias da educação não formal. No minicurso será
adotada metodologia ativa, que permita ao participante vivenciar técnicas de aprendizagem que são utilizadas na prática pelos profissionais da área.
Especificamente, serão realizadas dinâmicas de grupo, vivências, simulações e atividades em grupo. Como resultado final espera-se que o participante, seja
capaz de diferenciar as modalidades de educação, analisar as possibilidades e estratégias de trabalho do psicólogo no contexto da educação não formal.
BIBLIOGRAFIA EBOLI, Marisa. Educação Corporativa no Brasil: mitos e verdades. Editora Gente: São Paulo, 2004. PEREZ, Deivis. Formação de Professores para
ONGs. Tese de Doutoramento (Doutorado em Educação: Currículo) – PUC SP, São Paulo, 2009.
08h - 10h
D-67 - Sala 107
08h - 10h
D-67 - Sala 108
08h - 10h
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AFETIVIDADE E ENSINO
SERGIO ANTONIO DA SILVA LEITE – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Durante os últimos dez anos, tenho realizado e orientado pesquisas, através do grupo de pesquisa ALLE- Alfabetização Leitura Escrita, na FE – Unicamp,
focando a questão da dimensão afetiva nas práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores. Baseadas nas idéias de Vygotsky e de Henri Wallon – ambos
defendendo o caráter histórico e cultural do desenvolvimento humano – tais pesquisas têm se centrado nas relações que se estabelecem entre o sujeito
(aluno) e objeto (conteúdos escolares), mediadas pelos agentes educacionais, com destaque para o papel do professor. Os dados acumulados reforçam as
concepções de que essas relações envolvem, simultaneamente, as dimensões afetiva e cognitiva. O presente texto pretende analisar essas relações em sala de
aula: defende a idéia de que todas as decisões pedagógicas, planejadas e desenvolvidas pelo professor em sala de aula, têm repercussões afetivas nos alunos,
as quais vão determinar, parcialmente, a qualidade das relações que se estabelecem entre os alunos e os referidos objetos de ensino. Sem esgotar a questão,
serão analisadas e discutidas cinco decisões que, geralmente, todo professor enfrenta ao planejar o seu curso: a) a escolha dos objetivos e conteúdos de
ensino: se motivadores ou não para o aluno; b) a decisão sobre o início do ensino: se não for adequada à condição do aluno, j á no início do processo será
criada uma situação não facilitadora para a sua aprendizagem; c) a organização da seqüência dos conteúdos de ensino: quando tal decisão é aleatória, pode
implicar grande dificuldade para os alunos se apropriarem dos conteúdos; d) a escolha dos procedimentos e atividades de ensino: quando adequados,
facilitam, motivam e propiciam o envolvimento do aluno com os conteúdos; e) a escolha dos procedimentos de avaliação: essa é a decisão que mais tem
contribuído para o surgimento de sentimentos negativos na relação entre o aluno e os conteúdos estudados. Os dados das pesquisas permitem identificar que
as decisões que facilitam a aprendizagem do aluno – portanto, promovem o sucesso na aprendizagem – aumentam as chances de se estabelecer uma relação
afetiva positiva com o conteúdo. No entanto, o inverso também é verdadeiro: condições de mediação pedagógica que promovem o fracasso pode m
determinar relações afetivas negativas com relação aos conteúdos envolvidos – nos dois extremos desse contínuo estão as relações de amor e ódio que se
estabelecem entre o aluno e os conteúdos escolares, através de histórias de sucesso e de fracasso escolar. É possível supor q ue essas histórias implicam na
constituição da auto-estima do aluno, aqui entendida como sentimentos e percepções derivadas da avaliação que o sujeito elabora sobre si mesmo, a partir
das experiências vivenciadas nas suas relações sociais. Na escola, tais sentimentos parecem depender, pelo menos parcialmente, das condições de mediação
pedagógica, planejadas e desenvolvidas pelo professor, facilitadoras ou não do processo de aprendizagem do aluno. Cabe à pesquisa revelar essas relações,
identificando e analisando, na sala de aula, esses processos na sua concretude, identificando suas possíveis repercussões no processo de constituição da
subjetividade dos alunos.
ALTERNATIVAS DE ENFRENTAMENTO AO BULLYING
LIZIA HELENA NAGEL – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Público alvo: professores e psicólogos ligados a área de educação Resumo: Pais e professores, atualmente, já encontram um acervo significativo sobre bullying
em livros, textos, conferências, documentários publicados e/ou divulgados na mídia. As informações básicas, pois, sobre os di versos tipos de violência (dura,
psicológica, relacional) em suas prováveis consequências traumáticas já estão sendo oferecidas, por diversas fontes, aos mestres e aos familiares dos alunos.
No entanto, ainda, a literatura em questão carece de maiores debates sobre como inviabilizar, de modo mais concreto, mais operacional, tais
comportamentos agressivos na escola ou mesmo na família. Consiste, portanto, no objetivo deste mini-curso, o levantamento e a discussão de alternativas de
redução do bullying por todos os que fazem parte da escola, incluindo, obrigatoriamente, os alunos como parceiros. Atividades didáticas, socializantes, dentro
e fora da sala de aula, são propostas como possibilidades estimuladoras de hábitos de cooperação e de ajuda mútua. Nessa traj etória, não pode ser excluída a
busca, pelos implicados nesse projeto de conscientização, por conhecimentos de psicologia sobre distorções afetivas, comportamentais, entre outros, assim
como por conhecimentos sobre a sociedade de consumo, que faz dos cidadãos indivíduos magnetizados por poder e por espetáculo, incapacitando-os, desse
modo, tanto para a razão, como para o uso dela, na perspectiva de autocrítica. Resumo bibliográfico: BAUMAN, Z. Vida para o consumo. A transformação das
pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2008. STEWART JR, F. D. O que é o liberalismo. 3 ed. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1988.
ABRAMOVAY, M. et al. Gangues, galeras, chegados e Rappers –Juventude, Violência e Cidadania nas Cidades da Periferia de Brasília. Rio de Janeiro: Garamond,
1999. ABRAMOVAY, M.; RUA, M. G. Violência nas Escolas, Brasília: UNESCO, Instituto Ayrton Senna, UNAIDS, Banco Mundial, USAID, Fundação Ford, CONSED,
UNDIME, 2002. ABRAMOVAY, M. et al. Escolas inovadoras. Experiências bem-sucedidas em escolas públicas. Brasília: UNESCO, UNDP, 2003. BEANE, A. Proteja
seu filho do bullying. Rio de Janeiro: Best Seller, 2010. CARREIRA, D. B. X. Violências nas escolas: qual é o papel da gestão? Brasília, DF. Dissertação de
mestrado, Universidade Católica de Brasília, 130 folhas, 2005. CONSTANTINI, A. Bullying: como combatê-lo? Prevenir e enfrentar a violência entre os jovens.
São Paulo: Itália Nova Editora FANTE, C. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas-SP: Versus Editora, 2ª edição,
2005. GUIMARÃES, Áurea M. A dinâmica da violência escolar: conflito e ambigüidade. Campinas/SP: Autores Associados, 1996. MIDDELTON-MOZ, J. Zawadski,
M. Bullyying. Estratégias de sobrevivência para crianças e adultos. Porto Alegre: ARTMED, 2007 ZAGURY, T. Escola sem conflito: parceria com os pais.São
Paulo: Record, 2002
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: ASPECTOS MOTIVACIONAIS E AFETIVOS
FINANCIADOR: UNASP - CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO
LISLIÊ LOPES VIDAL SILVA, EDNA ROSA CORREIA NEVES - UNASP - CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO
I. Motivação: abordagens gerais. II. Motivação escolar: motivação intrínseca e extrínseca; teoria de metas. III. Crenças pessoais sobre a aprendizagem: crenças
de auto-eficácia do aluno e do professor; expectativas do professor. VI. Teoria da atribuição da causalidade. Objetivos do curso: Fornecer um referencial
teórico acerca dos aspectos motivacionais e afetivos na aprendizagem escolar; apresentar os fatores que devem ser considerados na explicação de motivação
para aprender e contribuir para o aperfeiçoamento de psicólogos e outros profissionais que realizam atendimentos a queixas escolares no ensino básico. Para
tal, tem como proposta analisar os fundamentos das teorias cognitivas da motivação e suas relações com outros aspectos que afetam a aprendizagem tais
como: crenças, pensamentos, expectativas e sentimentos relacionados ao processo de aprender. Ênfase será dada ao estudo das crenças pessoais e sua
influência na motivação escolar. Objetiva-se ainda promover discussões-reflexões a respeito dos temas propostos. Desse modo, pretende-se discutir a
existência de modelos motivacionais inapropriados para o processo de aprendizagem dos indivíduos, o que inclui crenças pessoais disfuncionais e orientações
motivacionais inadequadas. Público-alvo: psicólogos; psicopedagogos; professores Bibliografia Básica BORUCHOVITCH, E. (1994). As variáveis psicológicas e o
processo de aprendizagem: uma contribuição para a psicologia escolar. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 10 (1), 129-139. CHAPMAN, J. W. (1988). CognitiveMotivational characteristics and academic achievement of learning disable children: A longitudinal study. Journal of Educatio nal Psychology, 80(3), 357-365.
DECI, E. L., RYAN, R. M. (2000). The “what” and “why” of goal pursuits: human needs and self-determination of behavior. Psychological Inquiry, 11(4), 227-268.
Dweck, C. S. (1986). Motivational processes affecting learning. American Psychologist, 41(10), 1040-1048. MCCOMBS, B.L., WHISLER, J.S. (1989). The role
affective variables in autonomous learning. Instructional Science, 19(1), 29-52. NEVES, E. R. C. (2002) As orientações motivacionais e a crenças sobre
inteligência, esforço e sorte de alunos do ensino fundamental. Dissertação (mestrado). Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP. PINTRICH, P. R., DE
GROOT, E. V. (1990): Motivational and self-regulated learning components of classroom academic performance. Journal of Educational Psychology, 82(1), 3340. WEINER, B. (1979). A theory of motivation for some classroom experiences. Journal of Educational Psychology, 71, 3-25.
08h - 10h
D-67 - Sala 110
08h - 10h
D-67 - Sala 111
08h - 10h
D-67 - Sala 112
08h - 10h
D-67 - Sala 113
RACISMO, AUTOCONCEITO E AUTOESTIMA À LUZ DA PSICOLOGIA E DOS DIREITOS HUMANOS
REBECA OLIVEIRA DUARTE – UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
O Movimento Negro vêm afirmando, há muito, a necessidade do “resgate” da autoestima e fortalecimento da identidade do sujeito negro (MOURA, 1994). No
Brasil, acompanhando o slogan Black is Beatiful, ações como a campanha “Negro é Lindo”, “Não deixe sua cor passar em branco” (Censo de 1990), “100%
Negro” e, mais atualmente, a campanha “Quem é de Axé, diz que é” (religiões de matriz africana/Censo de 2010) buscam recuperar os aspectos fenotípicos
negros como ícone identitário positivado, além de suas tradições culturais. A utilização do cabelo “black power” e principalmente do rasta-fári ou tranças é um
exemplo típico desta tentativa de “resgate” (SILVA, N. F., 2001; GOMES, 2002). Os estudos psicológicos vêm colaborando na demonstração desse dado, já
percebido pela experiência, através de investigações na área da autocategorização, autoconceito e da autoestima como seu componente avaliativo, em
crianças e jovens negras(os). Segundo Oliveira e Camino (2005), essas investigações, anteriores à década de 1980, demonstrava m que crianças de status social
alto tinham mais aceitação da categorização social convencional, enquanto crianças de status social baixo demonstravam rejeitar a categoria socialmente
convencionada. Com base nos diversos estudos nesse sentido (Clark et. al., 1947; Katz, 1983; Milner, 1973, 1983, 1984) os autores afirmam que, enquanto nas
crianças de grupos de alto status a autocategorização é forte, nas crianças de grupos de baixo status apresentam uma tendência à rejeição da categoria de
pertença. Uma pesquisa referencial foi a realizada por França e Monteiro em Sergipe (2000), analisando o efeito da cor da pele e da idade sobre a ide ntidade e
a preferência raciais. As autoras demonstraram que havia uma forte tendência ao “branqueamento” entre as crianças sergipa nas, influenciadas pela idade –
ou seja, a preferência do “mulato” pelo branco e do negro pelo “moreno”. Enquanto as crianças negras de 5 a 8 anos afirmaram não gostarem de ser negras,
as “mulatas” percebiam sua identidade racial num meio termo entre positiva e negativa e as crianças brancas, independentemente da idade, possuíam uma
identidade racial positiva. Considerando ser cada vez mais reconhecida a importância do educador e da educadora refletirem sobre o tema racial diante dos
conflitos acerca das relações, bem como dos problemas de identidade, autoconceito e autoestima entre crianças e, do mesmo modo, das expressões do
racismo em sala de aula, o minicurso proposto quer estimular reflexões baseadas em conceitos das teorias psicológicas, bem como nos próprios conceitos de
raça VS etnia, racismo, discriminação racial, igualdade e diferença. Como objetivo específico, essas reflexões poderão consubstanciar propostas e
encaminhamentos concretos acerca da formação do educador e da educadora que contemplem soluções propositivas aos problemas trazidos pelas relações
raciais no Brasil, que têm grande impacto no processo de ensino-aprendizagem.
PROMOVENDO CONDIÇÕES PARA A SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENIDZAGEM ESCOLAR
MARISTELA ROSSATO, ALBERTINA MITJÁNS MARTÍNEZ - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
A proposta do minicurso é um dos desdobramentos de uma pesquisa realizada com estudantes que superaram dificuldades de aprendizagem escolar,
realizada em escola pública do DF. Partimos da hipótese de a superação das dificuldades de aprendizagem escolar é um processo complexo e que não poderia
ser analisada somente como uma mudança cognitiva do estudante. A Teoria da Subjetividade de González Rey, desenvolvida com referências da Teoria
Histórico-Cultural e da Teoria da Complexidade, forneceu às pesquisadoras base teórica para a compreensão da subjetividade como sistema complexo,
transcendendo as representações estático-descritivas da psique, constituída na tensão permanente entre o social e o individual e assumindo as configurações
subjetivas, produzidas pela integração do atual e do histórico em cada momento da ação do sujeito nas diversas áreas da vida, como unidade central. A
pesquisa possibilitou desenvolver a compreensão de que as dificuldades de aprendizagem escolar se instauram no estudante quando sua organização
subjetiva, confrontada ao processo de ensinar e aprender, não expressa, naquele momento, condições favorecedoras para o domínio de um sistema de
conceitos dentro do tempo e dos critérios avaliativos utilizados pela escola. Os casos estudados permitiram-nos analisar as dificuldades de aprendizagem
escolar a partir da compreensão da organização subjetiva do aluno, concebidas por três caminhos analíticos que se entrelaçam: 1) dificuldade de
aprendizagem escolar gerada pela negação do sujeito; 2) dificuldades geradas pela ausência de condições favorecedoras à produção de sentidos subjetivos
que promovam a aprendizagem escolar; 3) dificuldades de aprendizagem gerada pela existência de configurações subjetivas geradoras de danos que
comprometeriam a produção de sentidos subjetivos favoráveis à aprendizagem escolar. Defendemos a tese de que a superação das dificuldades de
aprendizagem escolar requer o desenvolvimento da subjetividade, ou seja, o processo de superação só teria condições de ocorrer quando o estudante for
reconhecido como sujeito que aprende, capaz de produzir novos sentidos subjetivos em torno da aprendizagem escolar e reconfigurações subjetivas que
tenham algum impacto em sua personalidade. Outra contribuição dessa investigação foram os instrumentos desenvolvidos pelas pesquisadoras para produção
das informações, uma vez que podem servir de referência para outros pesquisadores, em clínicas e escolas, na produção de informações que permitam maior
aproximação da subjetividade dos estudantes, conhecendo-os e reconhecendo-os como sujeitos capazes de aprender. A proposta do minicurso é inicialmente
apresentar as contribuições da pesquisa, tanto teóricas como metodológicas, e, num segundo momento, promover experiências práticas de análise das
informações produzidas por estudantes identificados com dificuldades de aprendizagem, com base no modelo construtivo-interpretativo.
INCLUSÃO ESCOLAR: PROMOVENDO ATIVIDADES PARA TODOS
FERNANDA ARAUJO CABRAL, CAIO PARADA CABRAL – FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS
O curso tem como objetivo discutir os conceitos de diversidade e inclusão educacional, sob a ótica do preconceito sutil existente na diferenciação das
atividades escolares. A proposta é a promoção de atividades escolares em que todas as crianças possam se beneficiar e atuar em conjunto; evitando, portanto,
a adaptação de atividades para um tipo de deficiência ou de necessidade educacional específica. O curso será dividido em uma discussão teórica sobre
preconceito e diversidade no primeiro dia, tendo a teoria crítica como referencial que embasa a discussão. No segundo dia, se rá apresentado um modelo de
atividade prática que utiliza os cinco sentidos humanos – visão, audição, olfato, paladar e tato – no momento da contação de histórias infantis,
proporcionando a possibilidade de participação de todas as crianças. A parte prática englobará a contação de uma história infantil que privilegie todos os
sentidos e a proposição de uma atividade em grupo, para os inscritos no mini-curso, que envolvam a construção de propostas inclusivas para re-contar a
história. Enquanto os participantes executam a proposta prática, serão assessorados pelos proponentes do curso. Público alvo: psicólogos, professores,
psicopedagogos e demais interessados em educação inclusiva. Bibliografia básica: ADORNO, T. W. 2006. Educação e emancipação. São Paulo: Paz e Terra.
AMARAL, Ligia Assumpção. Resgatando o Passado: Deficiência como figura e Vida como fundo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004. (Deficiência e preconceito)
CROCHÍK, José Leon. 2006. Preconceito, indivíduo e cultura. São Paulo: Casa do Psicólogo. GROSSI, Esther Pillar. Por que ainda há quem não aprende?
Petrópolis: Vozes, 2003. Mini currículo de Fernanda Cabral: Psicóloga, mestre em educação: história, política e sociedade pela PUC-SP. Atua no atendimento
clínico infantil e como professora no curso de psicologia do centro universitário FMU. Estuda os processos de inclusão escolar e suas implicações no processo
de individuação da criança com deficiência. Atua como consultora em educação inclusiva Mini currículo de Caio Cabral: Psicólogo, mestre em psicologia escolar
e do desenvolvimento humano pela USP. Estuda a formação de conceitos em crianças com deficiência. Leciona no curso de psicologia do centro universitário
FMU e atua como consultor de inclusão da pessoa com deficiência.
EDUCAÇÃO INFANTIL INCLUSIVA
FINANCIADOR: INSTITUTO ESTER ASSUMPÇÃO
FABÍOLA FERNANDA DO PATROCÍNIO ALVES - INSTITUTO ESTER ASSUMPÇÃO
O curso pretende abordar os princípios e fundamentos da Educação Inclusiva, com ênfase nas crianças com deficiência, no contexto da Educação Infantil.
Nesse sentido, apontará que esta etapa da eduação básica apresenta-se como um campo propício à construção de práticas pedagógicas inclusivas,
contribuindo para a emancipação social dos sujeitos com deficiência. A partir dessa proposta, serão discutidos os desafios in erentes à proposta da inclusão
escolar, desafios estes relacionados ao vínculo mãe e filhos com deficiência, formação dos professoras, processos de aprendizagem e acessibilidade e os
sentidos atribuídos à deficiência no cotidiano escolar. Concluindo a discussão, será feita uma reflexão quanto às contribuições da Psicologia Escolar no referido
contexto. Os conceitos a serem discutidos no curso são basicamente: Educação Especial X Educação Inclusiva, o conceito de def iciência, as tipologias de
deficiência, os tipos de acessibilidade e sua aplicabilidade na educação infantil. O público-alvo do curso são psicólogos, pedagogos, professores e estudantes
que se interessem pelo tema Educação Inclusiva, com foco nos alunos com deficiências. Bibliografia básica: COLL, César; PALÀCIOS, Jesus; MARCHESI, Álvaro.
Transtornos do desenvolvimento e necessidades educativas especiais In: Desenvolvimento psicológico e educação. Vol. III. Tradução de Fátima Murad. Porto
Alegre: Artmed, 2004. GOFMAN, Erving Estigma: Notas sobre manipulação da Identidade Social Deteriorada. Tradução de Márcia Bandeira de Mello Leite
Nunes. 4ª edição, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. JESUS, Denise Meyrelles de et al (Org). Inclusão, práticas pedagógicas e trajetórias de pesquisa.
Porto Alegre: Mediação 2007. MANTOAN, Maria Tereza Eglér. Inclusão escolar: o que é por quê como fazer. São Paulo: Moderna, 2003. MARCHESI, Álvaro; GIL,
Carlos Hernández (Org). Fracasso Escolar – Uma perspectiva multicultural. Tradução de Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2004. MITLER, Peter. Educação
Inclusiva. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004. SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão. Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997.
STAINBACK Susan & STAINBACK William. Inclusão: um guia para educadores. Tradução de Magda França Lopes. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
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08h - 10h
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UMA HISTORIOGRAFIA DA DEFECTOLOGIA SOVIÉTICA: CONTRIBUIÇÕES PARA SE PENSAR À EDUCAÇÃO
FINANCIADOR: CNPq / CAPES
DANIELA LEAL, NILSON BERENCHTEIN NETTO, MITSUKO APARECIDA MAKINO ANTUNES - PUC-SP, ANDREA SOARES WUO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO
DEL-REY
O mini-curso tem por objetivo apresentar elementos que permitam compreender a gênese e o desenvolvimento da defectologia soviética, bem como suas
contribuições para a Psicologia e para a Educação contemporâneas, principalmente no Brasil. Portanto, esse resgate histórico tem como principal objetivo
contribuir com o desenvolvimento de uma nova prática que auxilie na criação de instrumentos culturais especiais e adaptados à estrutura psicológica da
pessoa com deficiência, assim como a utilização de procedimentos pedagógicos especiais que a levem a dominar esses instrumentos. O desenvolvimento
dessa tarefa se dá a partir de uma análise bibliográfica das contribuições dos cientistas e educadores do período pré-soviético, tanto na Rússia czarista quanto
nos demais países que vieram a compor a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, adentrando no período pós-revolução de outubro (1917) até a
dissolução da URSS em 1991. O conceito de Defectologia foi utilizado a partir do início do século XX, mais precisamente em 1912, pelo Psiquiatra Vsevolod
Petrovich Kashchenko, quando o trabalho com crianças com deficiência passa a ser denominado defektologiia, contribuindo com as ramificações específicas da
educação como a tyflopedagogika (educação de cegos), surdopedagogica (educação de surdos), surdotyflopedagogika (educação de surdos-cegos), além da
oligofrenopedagogika (educação para crianças com deficiências mentais) e da logopediia (educação para pessoas com dificuldades relacionadas à
comunicação – equivale à atual fonoaudiologia). A partir da década de 1920, a “Educação Especial” e a Psicologia soviéticas (bem como a Filosofia) passam a
ter uma nova qualidade, graças aos trabalhos de Ivan Afanasievich Sokholianski, Lev Semionovich Vigotski e seus colaboradores. Vigotski parte da discussão
presente de que toda a cultura humana pressuporia uma organização psicofisiológica normal, ou seja, um tipo normal de pessoa para se pensar a defectologia.
Ao deparar-se com o fato de que pessoas que se desviavam desse “tipo humano normal”, devido a particularidades da organização psicofisiológica,
apresentavam uma profunda divergência entre o desenvolvimento natural e o desenvolvimento cultural dessa criança, Vigotski apóia-se nos estudos sobre
uma defectologia moderna, para propor a criação de instrumentos culturais especiais e adaptados à estrutura psicológica da pessoa com deficiência. Dessa
forma, seu trabalho supera uma perspectiva quantitativa (com base em graus de diferença) da relação entre “normalidade” e “anormalidade” evocando a
necessidade de se pensar na particularidade estrutural de cada criança. No Brasil, desde a difusão dos textos de Vigotski no início da década de 1980, discutese sobre suas contribuições em relação ao papel das relações sociais na formação do psiquismo, a concepção de homem e mundo, o estudo da relação
desenvolvimento e aprendizagem, principalmente o que tange à relação entre pensamento e linguagem, por outro lado, há conceitos que merecem ainda uma
análise mais acurada; como aqueles que remetem à educação das pessoas com algum tipo de deficiência.
INCLUSÃO ESCOLAR: COMO ENFRENTAR ESSE DESAFIO?
MARIA DE FATIMA MINETTO – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Este mini curso tem por objetivo discutir as ações no processo inclusivo. Proposta de trabalho: Introdução: A inclusão é um fato já ocorrido. Estamos em
tempo de refletir sobre o “estado da arte” e não ficarmos nos posicionando contra ou a favor, esses tempo já se foram. Hoje estamos aprendendo a entender,
a mudar, a pensar diferente, a ousar fazer diferente. Todos precisam enfrentar as inovações e se capacitar para atender as exigências da atualidade.
Certamente não existe receita pronta que responda todas as dúvidas, pois estamos falando de diversidade. É como um grande quebra-cabeça que precisa ser
montado por muitas mãos, com paciência, persistência e criatividade para que se atinja o objetivo maior de encontrar o espaço que é de direito para cada
peça, compondo o todo. Você aceita o desafio para refletir e encaixar mais algumas peças nesse quebra-cabeça? Conteúdo: 1) ENTENDENDO A NECESSIDADE
DE MUDANÇAS • O Professor sua Formação e Concepções Diante da Educação Inclusiva • Os sentimentos e o professor • A formação profissional e o professor
2) ADAPTAÇÕES CURRICULARES: UMA NECESSIDADE NA ESCOLA INCLUSIVA • O Currículo e seu Compromisso com a Diversidade • Entendendo e
operacionalizando as adaptações curriculares. • O que considerar para organizar o cotidiano em sala inclusiva. • Sugestões de adaptações do contexto 3)
DISCUTINDO A TUTORIA: UMA FACA DE DOIS GUMES? • Ser tutor • Ser mediador • Atendimento especializado paralelo Sugestão de referências Bibliográficas:
Mantoan, Maria Teresa Egler (2006) Inclusao Escolar - Coleção: Pontos e Contrapontos Editora: SUMMUS Minetto, Maria de Fatima (2008) O currículo na
escola inclusiva: entendendo esse desafio. Curitiba: IBPEX
INTERFACES ENTRE GESTALT-TERAPIA E INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS: PENSANDO A EDUCAÇÃO PELAS DIFERENÇAS
MEIRE NUNES VIANA – FACULDADE CATÓLICA RAINHA DO SERTÃO
Com embasamento teórico e vivencial, este curso tem como objetivo favorecer as compreensões sobre a Teoria das Inteligências Múltiplas propostas por
Howard Gardner, bem como seus meios de expressão, relacionando-as com os processos cognitivos e criativos os pressupostos teóricos que norteiam a
Gestalt Terapia. Será proposta deste curso, promover um processo reflexivo sobre os critérios de avaliação a respeito das habilidades humanas diante do
processo de ensino-aprendizagem, principalmente num contexto de educação inclusiva considerando que os indivíduos possuem habilidades diferencia das
entre si, necessitando assim que possa se pensar num caminho de avaliação e desenvolvimento da aprendizagem por canais também diferenciados. A
compreensão fenomenológica do ser humano, pressuposto que norteia a Gestalt-Terapia, favorece a percepção e compreensão do ser humano na sua
totalidade a partir de referenciais pessoais e articulado com seu cotidiano no contexto do presente, desprezando avaliações psicopatogizantes. A concepção
do homem como ser ativo e criativo, favorece o pensar sobre o seu desenvolvimento sem efetuar uma comparação com um critério tipológico, pelo contrário,
visando ampliar o nível de consciência do indivíduo sobre suas próprias necessidades e a partir de sua própria realidade e contexto pessoal.
AUTISMO NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
EMILENE COCO DOS SANTOS – UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
A Secretaria de Educação Especial (SEESP), do Ministério da Educação e Cultura, desenvolve programas, projetos e ações a fim de implementar no país a
Política Nacional de Educação Especial. Este documento dá subsidio ao trabalho da educação especial com vistas à inclusão . A partir da Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, fica mais claro ao que era exposto anteriormente que, os alunos considerados como público alvo da
educação especial, para o Atendimento Educacional Especializado, são aqueles com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e com altas
habilidades/superdotação (BRASIL, 2008). O direito à educação para esses alunos supracitados está garantido por lei, a saber: Constituição Federal, 1988; Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996, para citar algumas, porém no cotidiano escolar percebemos que eles nem sempre estão incluídos nas
atividades vivenciadas pelo grupo de uma sala regular e muito menos são consideradas suas condições clínicas, cognitivas e afetivo-sociais. Assim, objetivamos
com esse mini-curso refletir sobre os possíveis percursos da escolarização da criança com Transtorno Global do Desenvolvimento - TGD (autismo) em tempos
de inclusão. Voltamos à atenção, em especial, a esses alunos pelo trabalho que desenvolvemos com os mesmo no ensino fundamental, e as dificuldades,
limitações, conflitos encontrados/vividos. O público-alvo para esse diálogo são psicólogos e profissionais da educação assim como outros que se interessem
pelo tema.
AS EMOÇÕES COMO OBJETO DE ESTUDO INTERDISCIPLINAR: NOTAS SOBRE VIGOTSKI E KAGAN
GISELE TOASSA – UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
Paixões, sentimentos e afetos: essas e outras palavras que atravessam tanto o linguajar cotidiano quanto as teorias psicológicas impregnaram-se das mais
diversas acepções na história da filosofia e das ciências. No confuso contexto das doutrinas científicas do início do século XX, L.S. Vigotski endossou a idéia de
Bentley: as emoções não passavam do título de um capítulo dos livros de psicologia, tema muito discutido e pouco compreendido. Num tal contexto, não nos
causa espanto que o autor tenha se aproximado do racionalismo espinosano, revolucionária doutrina sobre as relações mente-corpo e que visava, entre
outros objetivos, a explicar os afetos como se fossem “pontos, retas e planos” – procurando, pois, defini-los em sua ordem precisa e intrínseca. A partir do
debate vigotskiano disposto no texto “Teaching about emotions” (1933), procuraremos delimitar os problemas histórico-conceituais que habitam esse campo
de estudos e colocar a questão das emoções num âmbito interdisciplinar, com prioridade para as contribuições da psicologia experimental contemporânea,
divulgando brevemente, sobretudo, a contribuição de Jerome Kagan. Conteúdo: 1) Emoções e filosofia; 2) Emoções e ciência; 3) É possível uma teoria sintética
das emoções? Referências: ALVES, J.M., & ENGELMANN, A. (2000) Relatos verbais maternos sobre palavras de estados subjetivos que seus filhos pequenos
entendem e/ou falam. Humanitas, 16 (1/2), 75-85. DARWIN, C. (1934) The expression of the emotions in man and animals. London: Watts & Co. (Trabalho
original publicado em 1872). DESCARTES, R. (2004) As paixões da alma. In: Descartes (pp.101-232). São Paulo: Abril Cultural. (Trabalho original publicado em
1649). ENGELMANN, A. (1978) Os estados subjetivos: uma tentativa de classificação de seus relatos verbais. São Paulo: Ática. ESPINOSA, B. (2008) Ética (2a
ed.). São Paulo: Autêntica. (Trabalho original publicado em 1677). KAGAN, J. (2007) What is emotion? History, Measures and Meanings. New Haven: Yale
University Press. KÖVECSES, Z. (1990) Emotion concepts. New York: Springer-Verlag. VYGOTSKY, L.S. (1999) The teaching about emotions. Historicalpsychological studies. In: The Collected Works of L. S. Vygotsky (Vol. 6, pp.71-235). New York: Kluwer Academic/Plenum Publishers (Texto original de 1933)
08h - 10h
D-67 - Sala 206
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O PSICÓLOGO ESCOLAR E A CONSTRUÇÃO DA RELAÇÃO ESCOLA E FAMÍLIA
LUCIANA MARIA CAETANO - FACULDADE MARIO SCHENBERG
Quando se estudam as bibliografias referentes à temática relação escola e família, observa-se que os autores têm um ponto de vista em comum: tal relação é
assimétrica e complexa. Os professores relatam que, quando algo não vai bem na família, o resultado é refletido pelo comportamento do aluno na escola,
sendo as questões atitudinais o maior foco de problemas. Os pais por sua vez não são especialistas em educação e vivenciam as dificuldades inerentes ao
educar, buscando empiricamente as melhores intervenções junto às crianças. E quanto aos psicólogos escolares, qual o seu papel diante dessa realidade? Para
se responder essa questão o curso propõe uma reflexão a respeito das transformações vivenciadas pela escola e pela família afim de que se possa
compreender as respectivas demandas para cada uma das duas instituições nos dias atuais. O curso também apresenta uma revisão bibliográfica atualizada
das pesquisas sobre a escola e família. Considerações sobre o tema escola e família e sua relação com o trabalho do psicólogo escolar, são encaminhadas, ao
compreender que a família é contexto favorável à aprendizagem conforme a qualidade das interações com seus filhos. Entendo o psicólogo escolar como o
profissional mais indicado para a realização de um trabalho de formação da família na escola, esse curso discute propostas práticas para a construção da
parceria da escola com a família, conquistando com isso mais qualidade na educação, aprendizado e desenvolvimento das crianças. Público-alvo: psicólogos,
professores, coordenadores pedagógicos, orientadores educacionais, diretores, estudantes (psicologia, pedagogia, licenciatura s) e demais interessados.
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL PARA A INCLUSÃO SOCIAL: UMA PESQUISA NO CENTRO DE SP
FINANCIADOR: PREFEITURA DE SÃO PAULO
ALESSANDRA DOS SANTOS OLIVEIRA, FLAVIANA FRANCO NAVES, RAQUEL ANTÔNIO ALFREDO, WANDA MARIA JUNQUEIRA DE AGUIAR - PONTIFÍCIA
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
O objetivo deste trabalho é apresentar uma pesquisa realizada pelo Programa de Pós Graduação em Educação: Psicologia da Educação junto a um projeto de
inclusão social desenvolvido no centro da cidade de São Paulo. Esta pesquisa foi guiada pelos princípios da pesquisa-ação e pelos pressupostos teóricometodológicos da Psicologia Sócio-Histórica. Teve como objetivos: 1) promover uma capacitação para a prática em Orientação Profissional (OP) destinada a
profissionais (sujeitos da pesquisa) alocados no projeto supracitado que realizavam atividades pertencentes ao âmbito da orientação profissional com jovens
em situação de pobreza ou miserabilidade e; 2) contribuir para o avanço na sistematização e consolidação de intervenções em OP com jovens de classes
populares por meio da articulação de conhecimentos e reflexões entre os pesquisadores e profissionais participantes, entre o campo acadêmico e o campo da
prática profissional. O trabalho de pesquisa-ação compôs-se de três etapas: 1) ação de capacitação em OP junto aos profissionais; 2) realização de intervenção
em OP junto aos jovens atendidos pelo projeto e; 3) avaliação do processo da pesquisa. Por meio desta pesquisa aponta-se a urgência em se considerar: as
condições concretas de vida do jovem de classe popular que são limitadoras de suas escolhas combatendo a perversa manutenção da concepção homem que
atribui ao próprio indivíduo a responsabilidade pelo fracasso; a demanda pela reflexão durante a OP acerca de outros caminhos de qualificação que não se
traduzem na oferta da universidade; a precarização do processo de educação-escolar desses jovens que não obtiveram infra-estrutura fundante de
necessidades superiores tais como considerar em seus projetos de futuro uma profissão e; o atendimento em OP para as classes populares via políticas
públicas. Esta pesquisa resultou em capítulo do livro “O mundo do trabalho e o desafio da inclusão social: relato de uma experiência no centro de São Paulo”.
COMO APRESENTAR TRABALHOS EM EVENTOS CIENTÍFICOS
CARLA WITTER – UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
O resumo é uma ferramenta fundamental utilizada na comunicação científica, pois é por meio deste que o pesquisador apresenta, de forma sucinta e objetiva,
a pesquisa que realizou, uma reflexão teórica pertinente na sua área de conhecimento, um relato de experiência, um software desenvolvido, um
procedimento metodológico, etc. Enfim, o resumo é a forma utilizada pelo autor (pesquisador - produtor) para se comunicar com o seu leitor (estudantes,
professores, pesquisadores, sociedade - consumidores), portanto é uma peça importante na busca e seleção de informações, permitindo que o leitor decida
ou não pela leitura daquele artigo, pela participação naquela sessão de comunicações de pesquisa ou em determinada mesa-redonda apresentada em um
congresso. O resumo, depois do título, é o item mais lido e consultado pelos leitores, sendo a penúltima tarefa realizada pelos autores, pois a última é a
redação final do título do trabalho. Todas as bases de dados apresentam a referência e o resumo dos artigos indexados, pelos quais os pesquisadores
escolhem os artigos que serão lidos na íntegra. Portanto, os resumos devem conter uma apresentação breve, mas precisa, do conteúdo do trabalho com os
principais itens, na ordem que aparecem no texto. Os resumos devem apresentar os seguintes itens: objetivo da pesquisa, método (participantes, material e
procedimento), resultados e conclusões. A literatura científica sobre o tema apresenta diversos critérios que devem ser observados na redação dos resumos,
os quais são recomendados e orientados aos autores quanto ao estilo do resumo nos manuais de redação científica, com o objetivo de que o resumo cumpra a
sua função de atingir o leitor e capturá-lo para a leitura ou não do trabalho completo. O resumo adequado e bem escrito, inclusive, economiza o tempo dos
pesquisadores na medida em que apresenta às informações pertinentes do trabalho para a tomada de decisão do leitor conforme o seu interesse, área de
conhecimento e pesquisadas em desenvolvimento. O resumo, ainda, precisa ser adequado conforme o suporte para o qual é enviado: revistas científicas,
anais, resumos de dissertações e teses, etc. O resumo do trabalho sendo aceito no evento científico poderá ser apresentado em forma de painel ou banner,
devendo a sua elaboração se adequar ao rigor científico. Tendo em vista o exposto, o presente mini-curso tem por objetivo geral capacitar os participantes
quanto aos tipos de resumos, as partes que compõem um resumo, a importância e a elaboração dos resumos. O conteúdo do mini-curso pretende abordar a
importância dos resumos na comunicação científica; as partes que compõem um resumo: título, autoria, introdução do tema, obje tivo(s), método
(participantes, material e procedimento), resultados e conclusão; tipos de resumo para eventos científicos, artigos de revistas científicas, trabalhos de
conclusão de curso, dissertações, teses etc. A aula será expositiva-dialogada com realização de exercícios práticos. Referências: American Psychological
Association (2007) Style Manual of the American Psychological Association (5th ed.) Washington, DC: Sage Publication;
PESQUISA CRÍTICA E COTIDIANO ESCOLAR: POSSIBILIDADES E LIMITES DAS AÇÕES INVESTIGATIVAS COM FOCO NA PRÁTICA DOCENTE
WANDA MARIA JUNQUEIRA DE AGUIAR, CLAUDIA L. F. DAVIS - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO, WELLINGTON DE OLIVEIRA - FAINC
O objetivo deste curso é de discutir alguns aspectos teóricos e metodológicos considerados importantes pela Psicologia Educacional de base Sócio Histórica,
para a realização da pesquisa, no caso, junto a educadores. Levantamos a hipótese de que, ações voltadas para a formação de professores só serão efetivas
quando levarem em consideração os aspectos dos processos de objetivação e subjetivação constitutivos do professor. Dessa forma, partimos do pressuposto
de que é fundamental, para a formação e para o aperfeiçoamento profissional dos profissionais do ensino, pesquisas que produzam um tipo de conhecimento
que considere a singularidade dos indivíduos concretos nelas envolvidos.Deste modo, propomos discutir alguns pressupostos teóricos metodológicos da teoria
Sócio Histórica Cultural em Psicologia e da ergonomia francesa atual, que se articulam entre si, entendendo que tais contribuições permitem alcançar novos
conhecimentos sobre a forma como os professores significam sua atuação em sala de aula. Os conteúdos tratados neste ponto serão: a concepção de homem
histórico e socialmente constituído, as categorias mediação, atividade, significado, sentido e subjetividade, atividade real e real da atividade Para a definição
metodológica da proposta aqui apresentada, serão também discutidos alguns elementos que compõem a Pesquisa Crítico Colaborativa, que propõe o
desenvolvimento de um trabalho criativo sobre os caminhos e projetos co-produzidos, que objetivam a construção de identidades, que são ao mesmo tempo
singulares e plurais, uma vez que se expressam na multiplicidade de sentidos e significados, explicitados e questionados em vozes diversas, divergentes e
contraditórias, mas possibilitadoras de significados compartilhados em um contexto que se organiza pelo desenvolvimento de uma subjetividade social.
Conforme aponta Oliveira (2009), a colaboração crítica implica o compartilhamento de significados na articulação de um proces so capaz de conduzir a uma
transformação de perspectiva nos processos de formação e a uma produção pelos próprios colaboradores, de saberes crítico-reflexivos como forma de
estimular uma perspectiva mediante um pensamento crítico-reflexivo, que oferte aos colaboradores as ferramentas pedagógicas de um pensamento
autônomo e que facilite as dinâmicas de autoformação participada. Essa nova maneira de pesquisar surgiu tanto da literatura p ertinente, de nossa experiência
na formação de professores como da análise dos diferentes tratamentos dados à questão. Os procedimentos a serem empregados nessa forma de pesquisar,
sua justificativa e decorrências constituirão o núcleo central das discussões. Assim, serão apresentados e discutidos os procedimentos de autoconfrontação
simples e cruzada, assim como, alguns exemplos de pesquisa em que foram utilizados. Finalmente, um balanço das vantagens e dos problemas encontrados
em tal método será apresentado. Vale destacar que, muito do aprendizado relatado, foi possível pelo fato de estarmos desenvolvendo um projeto de pesquisa
( PROCAD ) financiado pela CAPES
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08h - 10h
D-67 - Sala 210
08h - 10h
D-67 - Sala 211
08h - 10h
D-67 - Sala 212
08h - 10h
D-67 - Sala 213
08h - 10h
E-34 - Sala 1
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EJA: POLÍTICAS PÚBLICAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
LAURA MARISA CARNIELO CALEJON, ROSEMARY APARECIDA SANTIAGO - UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
A Educação de Jovens e Adultos representa um desafio para o processo civilizatório de uma sociedade. Por outro lado evidencia os processos de exclusão
social e a incapacidade do sistema escolar para atender a diversidade de necessidades do educando. Em tempos de educação inclusiva e de uma educação
para todos a Educação de Jovens e Adultos representa efetivamente um desafio para o educador na organização de sua prática e ação pedagógica, assim como
para as políticas públicas. A Educação de Jovens e Adultos representa um segmento da escolarização que requer investimentos públicos e por parte dos
educadores na revisão das concepções que construiu sobre a aprendizagem, o desenvolvimento humano, o papel da escola e do pró prio educador. O curso
proposto organiza-se como um espaço de reflexão destes conceitos, a partir da experiência dos participantes, buscando ampliar a percepção dos mesmos
sobre os fundamentos teóricos que sustentam suas ações, permitindo aos mesmos desenvolver novos recursos de atuação.
FAMÍLIA (DES) ESTRUTURADA, INFÂNCIA (DES) AJUSTADA E A QUEIXA ESCOLAR
MARIA LUCIA BOARINI, RENATA HELLER DE MOURA, EDNÉIA JOSÉ MARTINS ZANIANI – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Instigar o debate sobre os determinantes sócio-históricos que condicionam a contrução das queixas escolares em torno do binômio “família desestruturada” e
“infância desajustada”. Recuperar parte da historia que acompanha a concepção de “família” e de “infância ideal” bem como a busca frenética pela criação de
intervenções no contexto familiar e em relação ao aluno que não aprende sem levar em consideração o contexto mais amplo que envolve o processo de
escolarização. Conteúdo: • Construção histórica da concepção de família e infância • A família e a infância sob as lentes da higiene mental no início do século
XX • Família e Infância consideradas base estratégica para transformação social • O mito da desestruturação familiar • O aluno que não aprende e o estigma
do desajustamento • Compreensão crítica da queixa escolar • Uma parceria possível entre família-criança-escola • A importância do trabalho participativo; do
envolvimento dos diferentes atores que compõe o cenário escolar e do fortalecimento do trabalho do professor como possibilida des de ruptura de
concepções e relações cristalizadas. ACOSTA, Ana. Rojas; Vitale, Maria Amélia Faller. (Org.). Família: Laços, Redes e Políticas Públicas. 2ª ed. São Paulo:
IEE/PUCSP. 2005. ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. ATAS DO CONGRESSO DE PROTEÇÃO Á INFÂNCIA. Sexto
Boletim do Primeiro Congresso Brasileiro de Proteção à Infância. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1923. BOARINI, Maria Lucia; YAMAMOTO, Oswaldo H.
Higienismo e Eugenia: discursos que não envelhecem. Psicologia Revista, vol. 13, n.1, SP. Educ. p. 59-72, 2004.
EU ESCRITOR!? DISCURSOS DE IDENTIDADE DESDE O ENSINO BÁSICO ATÉ A PÓS-GRADUAÇÃO
MIRIAM APARECIDA GRACIANO DE SOUZA PAN – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Modalidade: Educação Básica e Educação Superior; Oficina. Carga horária: 4 horas Proponente: Miriam Aparecida Graciano de Souza Pan Universidade Federal
do Paraná e University of Texas at Austin miriamagspanyahoo.com.br Doutora em Estudos Lingüísticos, Psicóloga e Fonoaudióloga. Professora do
Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Paraná. Atualmente é pesquisadora visitante do Departamento Gestão da Educação Superior da
University of Texas at Austin, onde pesquisa sobre políticas afirmativas na Universidade. Desenvolve suas pesquisas a partir da Filosofia Bakhtiniana da
Linguagem, da Análise do Discurso e da Psicologia Histórico-Cultural, nas temáticas de letramento, identidade e políticas inclusivas na educação. Resumo do
curso: A leitura e a escrita são mais que atividades cognitivas. A apropriação da língua escrita não se reduz à capacidade de utilizar letras como instrumentos
do pensamento. Ler e escrever são atividades complexas, o que requer pensá-las a partir de suas múltiplas dimensões: política, estética, cognitiva, ideológica,
afetiva, linguística, subjetiva, pedagógica e outras. Além da complexidade da escrita, suas definições e práticas demandam a análise de seus efeitos na
produção da subjetividade do próprio leitor. Esta oficina propõe uma atividade vivencial de letramento por uma rota de desvio das práticas hegemônicas de
leitura e escrita. Visa a sensibilizar os participantes sobre os efeitos dessas práticas na identidade do leitor. Por meio de atividades vivenciais com
diferenciados tipos de textos os participantes serão levados a refletir sobre as concepções e práticas de leitura e escrita e sobre as dimensões política e
subjetiva do ato de ensinar a ler e escrever, nos diferentes níveis de ensino: da educação infantil à pós-graduação. A partir dessa reflexão pretende-se tornar
consciente a invisibilidade de um dos principais produtos do ato educativo: a produção subjetiva do leitor/escritor. Objetivo: Identificar os efeitos das práticas
de leitura e escrita na formação subjetiva do escritor em ciências humanas. Público-alvo: profissionais que trabalham com a formação de leitores e escritores,
da Educação Básica à Pós-graduação. Bibliografia: BAKHTIN, M.. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. KLEIMAN, A. B. (Org.) Os
significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas (SP): Mercado de Letras, 1995. PAN, M.A.G.S. Letramento escolar
e processos subjetivos. In: BERBERIAN, A.P. et al. (orgs.) Letramento: referências em saúde e educação. São Paulo: Plexus, 2006. p. 66-116. SIGNORINI, I. (Org.).
Lingua(gem) e identidade: elementos para uma discussão no campo aplicado. Campinas (SP): Mercado de Letras; São Paulo: Fapesp, 1998.
ACUPUNTURA E ANSIEDADE: PERSPECTIVAS EM CONTEXTOS EDUCACIONAIS
CELIA VECTORE, CÍNTHIA PEREIRA ALVES - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
O ritmo acelerado da vida em sociedades, as novas configurações familiares, a violência doméstica e outros fatores contribuíram para o realce dado à
ansiedade infantil, o que pode ser observado pelo significativo número de pesquisas sobre esse tema. Tal fenômeno tem ressoado em contextos escolares,
representando um desafio para o psicólogo atuante em instituições, de modo que possa efetivamente diagnosticar e intervir, com instrumentos disponíveis
para a sua prática profissional. Nesse sentido, a Acupuntura instituída como instrumento do psicólogo, por meio da Resolução CFP N° 005/2002 pode ser uma
das alternativas a serem utilizadas pelos psicólogos qualificados na técnica. Estudos envolvendo sintomas indicativos de ansiedade, como medo, sofrimento,
inquietação e somatização, principalmente em jovens e adultos vem sendo empreendidos, por meio do uso da acupuntura com a utilização de agulhas e
outros materiais não-invasivos. Contudo, ainda são praticamente inexistentes os estudos junto às crianças pequenas, o que leva a um déficit na produção e
publicação de conhecimentos acerca dos efeitos que a acupuntura pode apresentar no atendimento infantil. Há algum tempo a prevenção de patologias desde
a infância vem recebendo uma importância muito grande por parte de pais, pesquisadores e até dos governos. Isso ocorre devido ao reconhecimento da
importância da saúde física e mental para o desenvolvimento global do ser humano. Assim, tendo em vista o contexto atual da ansiedade infantil e o crescente
reconhecimento que a acupuntura tem recebido nos meios acadêmicos, identifica-se a necessidade de novas pesquisas e a sensibilização da comunidade
acadêmico-científica da área de Psicologia acerca das possibilidades de utilização da acupuntura em espaços institucionais.
PREVENÇÃO DE FRACASSO ESCOLAR E PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO: COMO TRABALHAR COM PAIS
ALINE MAIRA DA SILVA, FABIANA CIA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
Por que intervir com os pais? A família é o primeiro ambiente que a criança convive, assim os pais são os primeiros agentes edu cativos das crianças, são os que
oferecem modelos, dão instruções, reforçam, punem comportamentos e aplicam outras estratégias educacionais no dia a dia com o filho. Por serem os
adultos que passam mais tempo interagindo com os filhos, normalmente são os que instalam e mantém comportamentos adequados e inadequados dos
filhos. Além disso, alguns comportamentos dos pais, como envolvimento nas atividades diárias e escolares, têm sido apontados como favorecedores do bom
desempenho acadêmico dos filhos. As práticas parentais são ainda mais importantes, considerando que grande parte das crianças que são encaminhadas para
salas de recursos têm dificuldades de aprendizagem acentuadas, associadas aos problemas de comportamento. No entanto, muitos pais e mães sentem
dificuldades em como educar os filhos, não sabem se as estratégias educacionais utilizadas são ou não efetivas. Não desconsiderando o papel da escola e dos
demais contextos que a criança vive, o incentivo que a criança terá no processo educacional dependerá do incentivo da família, assim como das expectativas
que a mesma tem sobre o desenvolvimento/aprendizagem da criança. Partindo desses pressupostos, o presente curso tem por objetivos: (a) conceituar a
família; (b) analisar os estilos parentais e as diferentes consequências para o desenvolvimento infantil; (c) propor estratégias para envolver os pais em
programas de intervenção, desenvolvidos no ambiente escolar; (d) apresentar modelos de intervenção para aprimorar as práticas parentais, com base nos
pressupostos da análise do comportamento e (e) avaliar intervenção com pais. O conteúdo do curso envolverá uma discussão inicial sobre a familiaridade dos
participantes quanto à temática abordada e quanto ao que é família e sua importância para o desenvolvimento infantil. Em segu ida, serão analisados os
seguintes temas: práticas parentais positivas, negativas e seus efeitos, técnicas comportamentais, estrutura de uma intervenção e das sessões que a compõe
assim como os instrumentos de avaliação de intervenção. O curso se encerrará com a apresentação de um estudo de caso, em que os participantes irão
propor um programa de intervenção a partir da exposição de uma problemática. O curso se apoiará em leituras sobre temas pertinentes (produzidas pelas
ministrantes), discussões em grupo, aula expositiva, discussão de casos e dramatizações. Ao final do curso espera-se que o participante tenha adquirido um
repertório, que o facilite a realizar intervenções educativas com pais, de forma a reforçar o pressuposto de que é possível e importante intervir com pais.
08h - 10h
E-34 - Sala 2
08h - 10h
E-34 - Sala 3
08h - 10h
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ESCOLA, ADOLESCÊNCIA EM CONFLITO E O PSICÓLOGO ESCOLAR
HERCULANO RICARDO CAMPOS, ANA VLÁDIA HOLANDA CRUZ – UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
Estudos que tratam da atuação do psicólogo escolar na perspectiva de um educador comprometido com a qualidade do processo ens ino-aprendizagem,
atento a fatores intra e extra classe que podem estar prejudicando a participação dos atores envolvidos nesse processo, têm revelado a necessidade de
reflexão cuidadosa a respeito da inclusão educacional de contingentes populacionais que até há bem pouco tempo não tinham a escola como horizonte, como
é o caso dos adolescentes em conflito com a lei. Tal reflexão, longe de se voltar apenas para o manejo técnico das situações decorrentes da inserção de tal
grupo no processo ensino-aprendizagem, requer o conhecimento dos fatores que configuram a experiência da transgressão ao estatuto jurídico e da
especificidade de uma adolescência em conflito; e o dimensionamento do conceito de inclusão com o qual se está lidando e de escola na qual se quer a
inclusão. Postula-se que, somente a partir do enfrentamento de tais questões teóricas, será possível ao psicólogo escolar consolidar programas voltados para a
democratização do espaço escolar, igualmente direcionados a docentes e discentes. Objetivo: Oferecer ao psicólogo escolar que atua em contextos de
exclusão/inclusão alguns elementos da análise social necessários ao seu bom exercício profissional. Público alvo: estudantes, professores e psicólogos
preocupados com os desafios profissionais advindos da atual realidade escolar. Bibliografia básica: . Arroyo, M. G. (1992). Fracasso-sucesso: o peso da cultura
escolar e do ordenamento da educação básica. Revista Em aberto, 53, 46 – 53. . Estatuto da Criança e do Adolescente. Presidência da República, Brasília, 2008.
. Guzzo, R. S. L. (2007). Escola amordaçada: compromisso do psicólogo com este contexto. In: Martinez, A. M. (Org.). Psicologia Escolar e compromisso social.
(pp. 17-29). Campinas/SP: Alínea. . Mitjáns Martínez, A. (2007). Inclusão escolar: desafios para o psicólogo. In: Martinez, A. M. ( Org.). Psicologia Escolar e
compromisso social. (pp. 95-114). Campinas/SP: Alínea. . Patto, M. H. S. (1993). A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo:
T. A. Queiroz. . Sales, M. A. (2007). (In)Visibilidade perversa: adolescentes infratores como metáfora da violência. São Paulo: Cortez. . Sistema Nacional de
Atendimento Socioeducativo – SINASE. (2006). Secretaria Especial de Direitos Humanos, Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Brasília.
O PSICÓLOGO ESCOLAR E A PREVENÇÃO AO USO INDEVIDO DE DROGAS NAS ESCOLAS
ROBSON BORGES MAIA -CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ
O uso indevido de drogas nas escolas ocupa um lugar de destaque entre as maiores preocupações de nossa sociedade. No entanto, pesquisas realizadas pela
Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas revelam uma queda considerável no consumo de drogas pelos estudantes brasileiros. O VI Levantamento
Nacional sobre o Consumo de Drogas entre Estudantes, concluído em 2010, mostrou diminuição de 49,5% no uso de drogas ilícitas entre estudantes da rede
pública do país, na comparação com a última pesquisa, realizada em 2004. Também houve redução expressiva dos relatos de consumo de bebidas alcoólicas
(35,1%) e tabaco (37,6) pelos alunos da rede pública. Isso se deve, dentre outras razões, às políticas públicas implementadas nas escolas, tais como a
capacitação de educadores e a criação de programas de prevenção. Essas iniciativas, geralmente, são pensadas e executadas por equipes multidisciplinares da
qual fazem parte o Psicólogo Escolar. Apesar desses dados alvissareiros, a pesquisa revelou também que 9,9% dos estudantes das escolas públicas utilizaram,
nos 365 dias anteriores à aplicação do questionário, qualquer tipo de droga (exceto álcool e tabaco), enquanto na rede particular esse número foi de 13,6%.
Esses dados demonstram a complexidade e a importância do trabalho que ainda temos pela frente na implementação de iniciativas de prevenção ao uso
indevido de drogas nas escolas. Portanto, consideramos de fundamental relevância o presente minicurso inserido nas atividades do X Congresso Nacional de
Psicologia Escolar e Educacional, com os seguintes objetivos: 1. Contextualizar o fenômeno do uso indevido de drogas em seus aspectos sócio-econômicos; 2.
Conscientizar sobre os riscos que o uso indevido de drogas representa para a sociedade e, mais especificamente, para o processo ensino-aprendizagem; 3.
Discutir sobre a importância da escola como agência indispensável na prevenção ao uso indevido de drogas; 4. Refletir sobre as alternativas de atuação do
Psicólogo Escolar nos três níveis de prevenção ao uso indevido de drogas. Para tanto, abordaremos os seguintes assuntos: 1. As drogas (origem, mecanismos
de ação no organismo, legalidade); 2. As diferenças entre o uso e o abuso de drogas; 3. As fases da drogadição e suas conseqüências (pessoais, familiares e
sociais); 4. Os efeitos do uso indevido de drogas sobre o processo ensino-aprendizagem; 5. O contexto sócio-econômico determinante da atual demanda por
drogas com apresentação de dados estatísticos das principais agências de pesquisa sobre o tema (CEBRID, ABEAD, OBID); 6. A família drogadita e as
motivações pessoais para o uso indevido de drogas; 7. Formas de tratamento para a drogadição; 8. A prevenção ao uso indevido de drogas como um desafio
educacional contemporâneo; 9. A Psicologia Escolar como recurso auxiliar na educação sobre drogas; 10. Possibilidades de atuação do Psicólogo Escolar na
prevenção primária, secundária e terciária. Será utilizado na exposição e reflexão desses assuntos o referencial teórico psicanalítico. Este curso tem como
público-alvo os psicólogos que, direta ou indiretamente, têm atuado junto às escolas e os estudantes e profissionais da educação que se interessam pelo
assunto.
ENTRE PRAZERES E (DES)PRAZERES: SUBSÍDIOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS PARA ATUAÇÃO NO CAMPO DOS DIREITOS SEXUAIS E
REPRODUTIVOS
LEANDRO CASTRO OLTRAMARI, MARIVETE GUESSER – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Modalidade do Curso: Curso de formação. Título do curso: Entre prazeres e (des)prazeres: subsídios teórico-metodológicos para atuação no campo dos
direitos sexuais e reprodutivos. Carga-horária: 4 horas Nome dos responsáveis: Leandro Castro Oltramari e Marivete Gesser Afiliação Institucional: UFSC
Endereço Eletrônico do autor principal: [email protected] Resumo biográfico dos componentes: Leandro Castro Oltramari: Psicólogo, Mestre em
Psicologia, Doutor em Ciências Humanas e pos doutorando na Universidade Le Mirail, Toulouse, França. Professor Adjunto da Universidade Federal de Santa
Catarina. Marivete Gesser: Psicóloga, mestre em Psicologia pela PUC-SP, doutora em Psicologia pela UFSC. Professora Adjunta da UFSC nas disciplinas ligadas à
Psicologia Escolar e Educacional. Possui experiência profissional na implementação e desenvolvimento de programas de Educação e Sexualidade em escolas e
demais contextos comunitários. Objetivos: Fornecer subsídios teórico-metodológicos voltados à atuação do psicólogo escolar nas questões relacionadas a
gênero e sexualidade em contextos formativos e demais espaços de intervenção profissional. Instrumentalizar os participantes para a elaboração de oficinas
relacionadas à sexualidade em contextos de educação formal e informal. Auxiliar os participantes na elaboração de estratégias vivenciais voltadas à prevenção
e promoção de saúde junto aos participantes relacionado-as com os subsídios teórico-metodológicos elencados na primeira parte do curso. Público-Alvo:
Estudantes e profissionais da Psicologia e da Educação que tem interesse em conhecer a temática ou que atuam em programas como o PSE – Programa Saúde
na Escola –e demais programas do Ministério da Educação e Saúde e Organizações da Sociedade Civil. Bibliografia Básica BRASIL. Parâmetros Curriculares
Nacionais: Orientação Sexual, 1999, p. 71-110. Benzaken, Adele Schwartz et al. Intervenção de base comunitária para a prevenção das DST/Aids na região
amazônica, Brasil. Rev. Saúde Pública, Dez 2007, vol.41, suppl.2, p.118-126. Bozon, Michel. Sociologia da sexualidade. Rio de Janeiro: FGV, 2004. Cordeiro,
Fabíola et al. Entre negociação e conflito: gênero e coerção sexual em três capitais brasileiras. Ciênc. saúde coletiva, Ago 2009, vol.14, no.4, p.1051-1062.
Paiva, Vera et al. Idade e uso de preservativo na iniciação sexual de adolescentes brasileiros . Rev. Saúde Pública, Jun 2008, vol.42, suppl.1, p.45-53. PAIVA,
Vera. A psicologia redescobrirá a sexualidade?. Psicol. estud. [online]. 2008, vol.13, n.4, pp. 641-651. RIBEIRO, P. R. C. Educação e sexualidade: identidades,
famílias, diversidade sexual, prazeres, desejos, preconceito, homofobia. Rio Grande: Editora da FURG, 2008.
AS CONTRIBUIÇÕES DE VYGOTSKY PARA ATUAÇÃO CRÍTICA EM PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL
ALACIR VILLA VALLE CRUCES - CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA
A concepção de Vygotsky de construção do conhecimento tem sido ferramenta de extrema importância para quebrar preconceitos e desconstruir estigmas
presentes nas escolas e em todos os processos de desenvolvimento e aprendizagem humanos. Esse mini-curso se propõe a mostrar a importância dessa
concepção e de conceitos como os de zona de desenvolvimento proximal, internalização e mediação, para práticas mais críticas em psicologia, principalmente
as que se desenvolvem em meios e processos educativos. Pretende, mostrar, por meio da discussão desses e de outros conceitos desse teórico, não só a
possibilidade de desconstruir preconceitos e rótulos comuns nos meios educativos em que se encontram crianças e adolescentes de classes econômicas baixas
e em situação de exclusão, humilhação e desprestígio, mas também de transformar ambientes causadores de sofrimento para pais, alunos e professores em
ambientes que permitam a reflexão, o desenvolvimento e a aprendizagem. Considera-se, nesse sentido e em acordo mais uma vez com Vygotsky que é por
meio da educação formal e de aprendizagens significativas e criticas que os humanos se tornam humanos e se apropriam das ferramentas e dos instrumentos
histórica e culturalmente construídos na sociedade da qual fazem parte. Conteúdo: 1. A concepção de homem e de mundo em Vygotsky 2. Principais conceitos
de Vygotsky e a atuação crítica do psicólogo 3. Desenvolvimento e aprendizagem 4. O papel do psicólogo nos meios educativos Referências: Luria, A. R. (1990)
Desenvolvimento Cognitivo. São Paulo: Ícone. Meira, M. E. M. & Antunes, M. A. M. (Org.) (2003) Psicologia Escolar: Práticas Críticas. São Paulo: Casa do
Psicólogo. Meira, M. E. M. & Antunes, M. A. M. (Org.) (2003) Psicologia Escolar: Teorias Críticas. São Paulo: Casa do Psicólogo. Souza, B. P. (Org.) (2007).
Orientação à queixa escolar. São Paulo: Casa do Psicólogo. Vigotski. L. S. (2004). Psicologia Pedagógica. São Paulo: Martins Fontes. Vygotsky, L. S. (1989). A
formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes.
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08h - 10h
E-34 - Sala 6
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E-34 - Sala 7
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CIBERBULLYING: CONHECER E PREVENIR
ALTEMIR JOSÉ GONÇALVES BARBOSA - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS, ELIANA SANTOS FARIAS - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE
CAMPINAS
O bullying – um tipo de agressão entre pares caracterizado pela repetição, duração prolongada e assimetria de poder – tem preocupado sobremaneira os
educadores. Dentre as novas manifestações desse tipo de comportamento agressivo, uma tem se destacado tanto pelos modos como se manifesta quanto
pelas consequências para os envolvidos. Trata-se do ciberbullying, um tipo de agressão eletrônica, mediada por computadores (p.ex. correio eletrônico),
telefones móveis (p.ex. mensagens de texto) e outras modernas tecnologias da informação e comunicação. A vertiginosa evolução desses recursos
tecnológicos disponibilizou ferramentas eletrônicas que geraram novos modos de relacionamento social, por vezes envolvendo situações e comportamentos
de risco. Além disso, a portabilidade, a facilidade de uso e os custos acessíveis para uma parcela expressiva da população fizeram com que essas tecnologias se
difundissem rapidamente e deixassem de ser usadas exclusivamente por adultos. Adolescentes e, inclusive crianças são, atualmente, consumidores
costumazes desses artefatos. Contudo, os pais e os educadores parecem ignorar os riscos aos quais crianças e adolescentes estão expostos. Assim, este
minicurso abordará os seguintes temas: ciberbullying e bullying tradicional; tipos de ciberbullying; características das pesquisas sobre ciberbullying;
prevalência do ciberbullying e características demográficas dos envolvidos; consequências do ciberbullying; prevenção e comba te ao ciberbullying. Público
alvo: estudantes e profissionais de Educação e Psicologia. Bibliografia Básica Diamanduros, T., Downs, E., & Jenkins, S. (2008). The role of school psychologists
in the assessment, prevention and intervention of cyberbullying. Psychology in the School, 45, 693-704. Hoff, D. L., & Mitchell, S. N. (2009). Cyberbullying:
causes, effects, and remedies. Journal of Educational Administration, 47 (5), 652-665. Li, Q. (2007). New bottle but old wine: a research of cyberbullying in
schools. Computers in Human Behavior, 23, 1777–1791. Tokunaga, R. S. (2010). Following you home from school: a critical review and synthesis of research on
cyberbullying victimization. Computers in Human Behavior (26), 277–287.
O DESENHO INFANTIL NA FORMAÇÃO DOCENTE: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO EM PSICOLOGIA
MÔNICA CINTRÃO FRANÇA RIBEIRO – UNIVERSIDADE PAULISTA
Como psicóloga escolar e professora universitária, venho observando no decorrer de anos, a dificuldade dos professores do ensino básico em trabalhar as
atividades de desenho em uma perspectiva construtivista em sala de aula. As propostas pedagógicas ora são totalmente livres, sem a intervenção do
professor, ora são dirigidas visando o treino de habilidades motoras em exercícios para copiar formas ou colorir desenhos. Da mesma forma, o psicólogo não
encontra em sua formação, subsídios teóricos que permita desenvolver um trabalho sobre o grafismo na área da psicologia escolar. O enfoque de sua
formação está na utilização clínica do desenho como diagnóstico de aspectos da personalidade e não no estudo do desenvolvimento do grafismo e suas
implicações no cotidiano escolar. Esses fatores levaram-me a realizar um estudo (Ribeiro, 2003) sobre o desenho infantil que possibilitou a construção de um
instrumento para ser utilizado por professores na avaliação do desenho do aluno na escola e possibilitar a organização de estratégias para a intervenção na
área do grafismo infantil. Reunindo os indicadores comuns apresentados por Luquet (1927/1969), Lowenfeld (1947/1977), Bernson (1957/1962), Kellogg
(1969) e Iavelberg (1993; 2003) sobre o desenvolvimento do grafismo infantil foi elaborado o instrumento para ser utilizado como formulário por professores
para avaliação do desenho infantil. Esse instrumento foi testado em oficinas por professores do ensino básico e ao longo da pesquisa foi modificado à medida
que os professores indicavam melhores procedimentos e de acordo com os objetivos em relação a sua utilização. Como resultado, verificou-se que o
instrumento possibilitou aos professores a construção de uma referência construtivista para avaliação e intervenção no desenho infantil. O objetivo deste
mini-curso é apresentar esse instrumento para ser utilizado pelo psicólogo como mediador na formação de professores em uma perspectiva crítica em
psicologia escolar. Conteúdo: • Estudo sobre o desenho em uma perspectiva epistemológica e seus desdobramentos em uma prática em psicologia escolar. •
Análise do pensamento da criança a partir das teorias do desenvolvimento do desenho infantil de Piaget, Luquet, Bernson, Lowenfeld, Kellogg e Iavelberg; •
Avaliação de desenhos de crianças a partir de um instrumento e suas implicações no diagnóstico clínico-escolar. • Intervenção no desenho de alunos: formas
de sondagem (avaliação e diagnóstico), formas de registro e planejamento de atividades. • Os indicadores afetivos no desenho infantil e seus desdobramentos
no processo ensino aprendizagem.
MODALIDADES DE AEE PARA ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO
CRISTINA MARIA CARVALHO DELOU - CONSELHO BRASILEIRO PARA SUPERDOTAÇÃO
O Atendimento Educacional Especializado (AEE) para alunos com altas habilidades/superdotação está previsto na legislação educacional brasileira e a
formação de profissionais da educação é fundamental para que tais cidadãos possam ter seus direitos respeitados e cumpridos. Para o planejamento de
qualquer atendimento educacional é necessário que se identifique o público-alvo, objetivos, estratégias pedagógicas e de avaliação. Não é diferente no caso
do AEE para alunos com altas habilidades/superdotação. Definido o público alvo, onde e como encontrá-lo? Quais instrumentos psicológicos podem ajudar o
professor na identificação de alunos com altas habilidades/superdotação? Como se caracterizam tais alunos? Quais são as alternativas de AEE que podem ser
oferecidas aos alunos com altas habilidades/superdotação? Como fazer o enriquecimento escolar com turmas tão grandes? Como será a convivência de alunos
com desenvolvimento psicológico tão discrepante quando se juntam na mesma turma alunos precoces na leitura e aqueles que nem identificam
grafemas/fonemas? Será que a aceleração de estudos faz bem para o desenvolvimento psicológico do aluno? Conteúdo: Identificação de alunos com altas
habilidades/superdotação; AEE: enriquecimento escolar, aceleração de estudos; Desenvolvimento de Capacidades e Talentos: o papel da família e da escola.
Referências: ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de Alencar; FLEITH, Denise. Medidas de Criatividade: teoria e prática. Porto Alegre, Artmed Ed, 2010. DELOU,
Cristina Maria Carvalho. O papel da família no desenvolvimento de altas habilidades/superdotação e talentos. In: FLEITH, Denise & ALENCAR, Eunice M. L.
Soriano. Desenvolvimento de Talentos e Altas Habilidades. Porto Alegre: Artmed, 2007. GAMA, Maria Clara S. S. Educação de Superdotados. São Paulo, EPU,
2006. GUENTHER, Zenita. Desenvolver Capacidades de Talentos. Petrópolis, Ed. Vozes, 2006.
AVALIAÇÃO ESCOLAR: APROXIMAÇÕES VIGOTSKIANAS
JOAO BATISTA MARTINS – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
A perspectiva histórica e dialética em Vigotski – Conceitos Vigotkianos e sua articulação no processo de avaliação escolar Conteúdo: Vigotski e a dialética
Conceitos vigotskianos: zona de desenvolvimento proximal; situação social de desenvlvimento, perijivanie (experiência), relação conceito científico x conceito
cotidiano Avaliação escolar – aproximações vigotskianas Referências: BOHOSLAVSKY, Rodolfo (1989) A psicopatologia do vínculo professor x aluno: o professor
como agente socializador. In: PATTO, Maria Helena Souza (org.). Introdução a psicologia escolar. 2 ed. São Paulo: T.A.Queiroz, 1989. p. 320-341 COLE, Michael.
Cognitive development and formal schooling: the evidence from cross-cultural research. In: MOOL, Luis C. (ed) Vygotsky and education: instructional
implications of sociohistorical psychology. New York: Cambridge University Press, 1990. p. 89-110. KRAVTSOVA, E. E. The cultural-historical foundations of the
zone of proximal development. Journal of Russian and East European Psychology, v. 47, n. 6, p. 9–24, 2009. DAVIS, Claudia; ESPOSITO, Yara L. O papel e a
função do erro na avaliação escolar. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v.72, n.171, p. 196-206, 1991. ESTEBAN, Maria Teresa. Repensando o fracasso
escolar. Cadernos CEDES, n.28, p. 75-86, 1992. FREIRE, Paulo. Uma educação para liberdade. 4 ed. Porto: Dinalivros, 1974. MACHADO, Vera L. S. Dificuldades
de aprendizagem e a relação interpessoal na prática pedagógica. Paidéia, n.3, p. 16-25, 1993. MIZUKAMI, Maria da Graça N. Ensino: as abordagens do
processo. São Paulo: EPU, 1986. OLIVEIRA, Marta Khol. Vygotsky: alguns equívocos na interpretação de seu pensamento. Cadernos de Pesquisa, n. 76, p. 6769, 1992. PARANÁ. Secretaria da Educação. Avaliação escolar: um compromisso ético, Curitiba: SEED, 1993. PEÑUEL, William R.; WERTSCH, James V. Vygotsky
and identity formation: a sociocultural approach. Educational Psychology. v. 30, n. 2, p. 83-92, 1995. ROCKWEELL, Elcie. Os usos escolares da língua escrita.
Cadernos de Pesquisa. n. 52, p. 85-95, 1985. VERESOV, N. Forgotten methodology: Vygotsky's case. In VALSINER, Jaan.; TOOMELA, Aaro (Eds.). Methodological
Thinking in Psychology: 60 Years Gone. Astray: IAP Publishers, 2010. p. 267- 295. VIGOSTSKI, Lev S. Sobre os sistemas psicológicos. In: Teoria e método em
psicologia. 3ª. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004. p. 103-135 VYGOTSKI, Lev S. Historia del desarrollo de las funciones psíquicas superiores. In: Obras
Escogidas – III : Problemas del desarrollo de la psique. Madrid: Visor, 1931/1995. p. 10-340. VYGOTSKI, L. S. El problema del edad. In: Obras Escogidas IV:
Psicología infantil. Madrid: Visor, 1932-1934/1996. p. 251-276. VYGOTSKY, Lev S. Thinking and speech In: RIEBER, Robert W.; CARTON, Aaron S. (Eds.), The
collected works of L. S. Vygotsky: Vol. 1: Problems of general psychology. New York: Plenum Press, 1934/1987. p. 39-288. VYGOTSKY, Lev S. A Formação
ATENDIMENTO A QUEIXA ESCOLAR: DESAFIOS E POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS NA INTERVENÇÃO A CRIANÇAS COM HISTÓRICO DE
FRACASSO ESCOLAR
REGINA INGRID BRAGAGNOLO, SIMONE VIEIRA DE SOUZA – UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
Essa oficina visa descrever a proposta de intervenção, bem como a metodologia utilizada no Atendimento a Queixa Escolar (NEAQUE) no Curso de Psicologia
da Universidade do Sul de Santa Catarina, localizada em Palhoça, município da Grande Florianópolis. O projeto se iniciou como proposta de extensão
universitária objetivando suprir as necessidades observadas nos encaminhamentos de crianças com idade escolar para avaliação e atendimento no serviçoescola, encaminhadas pelas escolas do município. Os encontros tiveram início no mês de fevereiro de 2010 e buscou desde o seu principio dialogar com as
novas perspectivas de atendimento ao estudante, portanto, traz no seu escopo, ainda que de forma incipiente, elementos que subsidiam uma prática
imbricada com a desconstrução da forma hegemônica e naturalizante, que tem marcado a temática do estudante com queixa escolar, assim como da sua
família. O NEAQUE se configura em três modalidades de atendimento à criança com queixa escolar: o atendimento de grupo ao estudante, com encontros
semanais de uma hora e trinta minutos; a escola de cuidadores – direcionada a encontros mensais com os pais ou cuidadores das crianças e o grupo InterAção
– realizado com os professores dos estudantes que participam do núcleo. Ancoradas à perspectiva histórico-cultural, problematizou-se as práticas que têm
pautado as intervenções acerca das dificuldades de escolarização a partir de uma ótica institucionalizadora e patologizante, paradigma que vem mobilizando
desafios no que tange as novas perspectivas de olhar a queixa escolar.
08h - 10h
E-46 - Sala 02
A ADOLESCÊNCIA E A PÓS-MODERNIDADE
MARCOS MAESTRI – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
O mini-curso objetiva refletir sobre o Adolescente e a Educação na pós-modernidade. Inicialmente, serão identificadas as principais características
(psicossociais) do adolescente na atualidade, passando pela discussão do termo adolescência. Na sequência, o mini-curso irá apresentar alguns dados da
realidade do adolescente, hoje, em relação com a educação, com a lei e com a família. É o momento de VER a realidade do adole scente. O próximo passo será
fazer a análise do contexto em que o adolescente está inserido e as conseqüências da pós-modernidade no comportamento adolescente. Contexto este
montado em cima da satisfação imediata, na dificuldade de adiar o prazer, no egocentrismo / individualismo, na competitividade entre outros princípios. É o
passo do JULGAR/ANALISAR a realidade apresentada. O que fazer diante desta realidade e quais são os desafios para a Educação (Escola)? Terceiro momento
do mini-curso para apresentar alguns caminhos, alternativas, propostas no processo ensino-aprendizagem com o adolescente. Ciente que não existem
respostas prontas ou formular mágicas. O intuito é levar a reflexão para compreender o que está acontecendo com a escola e co m os educadores na época
atual. Conteúdos: . Identificar as principais características do adolescente (psicossociais e psicológicas); . Apresentar alguns dados estatísticos sobre a realidade
do adolescente; (VER) . Analisar o contexto (pano de fundo) que o adolescente está inserido e o seu comportamento à luz da pós-modernidade (JULGAR /
ANALISAR); . Identificar caminhos, alternativas, propostas de educação do adolescente na atualidade (AGIR). Referências: . BECKER, Daniel. O que é
adolescência. 5ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. . LEVISKY, David L.(org). Adolescência e violência: ações comunitárias na prevenção. São Paulo: Casa do
Psicólogo / Hebraica, 2001. . LEVISKY, David L. Adolescência: reflexões psicanalíticas. São Paulo: Casa do Psicológo, 2006. . OSÓRIO, Luís C. Adolescente hoje.
Porto Alegre: Armed, 1992. . OZELLA, Sergio (org). Adolescências construídas: a visão da psicologia sócio-histórica. São Paulo: Cortez, 2003. . SABINO, Simone.
Adolescer... Aí que medo de crescer. São Paulo: Paulinas 2002. . ZAGURY, Tânia. O adolescente por ele mesmo. São Paulo: Record, 1999. O olhar adolescente.
Mente e Cérebro. Edição especial. 4 Volumes.
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ATIVIDADES DIA 03 DE JULHO DE 2011
REUNIÃO DE ESTAGIÁRIOS
14h às 16h
V ENCONTRO DE ESTAGIÁRIOS EM PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL
D-67 - Sala 208
GT ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA EDUCAÇÃO
16h30 às 18h30
ENCONTRO DE PSICÓLOGOS DA ÁREA DE PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL
D-67 - Sala 209
CONFERÊNCIA 1 - ABERTURA
19h
PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL: CAMINHOS PERCORRIDOS
Anfiteatro – UNIFAMMA – Av.: Mauá, nº 2854 – Centro – Maringá – PR
MARIA DO CARMO GUEDES – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
Considerando a estreita relação que se estabeleceu entre educação e psicologia em nossa história e, sobretudo, o período em que se consolida esta área de
conhecimento como ciência e profissão, a partir dos anos 1930, encontramos ampla e rica fonte de elementos que podem contribuir para a compreensão do
processo constitutivo da psicologia em geral e da psicologia educacional/escolar em especial, em nosso país. O estudo das pro postas e projetos
desenvolvidos por alguns dos pioneiros dessas áreas são, portanto, contribuições relevantes para a compreensão dos problemas e desafios que se
constituíram em demandas efetivas para a psicologia educacional/escolar e, fundamentalmente, para a compreensão das soluções para a superação destes.
Isaías Pessotti, bem expressa essa ideia quando afirma: “Quanto mais se conhece sobre as lutas e projetos dos que passaram, mais se pode perceber quanto
os próprios combates e planos são a continuação daqueles. Quanto a luta é a mesma e os alvos não mudaram. Assim, o conhecimento do passado histórico
nos vincula a outros homens, que sequer nos conheceram, mas que nós podemos conhecer e amar, como companheiros de luta, de crença, de valores. E
então nos sentimos depositários de bandeiras que acreditávamos só nossas, mas foram herdadas dos que as desfraldaram antes de nós. .... O que o
conhecimento histórico nos dá é companhia. É significação afetiva para a nossa luta ou projeto. É comunicação pessoal com os valores e ideias dos que nos
precederam”. (Entre o fascínio do passado e o enigma do futuro in Margem/Faculdade de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Catól ica de São Paulo,
n.5, São Paulo, EDUC, 1996). É com esse entendimento que estaremos retomando o projeto de Anísio Teixeira para o ensino fundamental nos anos 1950,
para analisar o que hoje se convencionou chamar "progressão continuada" - que só é "progressão" se o professor souber dizer o que foi aprendido pelo
aluno ao longo do ano e só é "continuada” se o próximo professor desse aluno tiver acesso a essa avaliação. A compreensão desse elemento na profícua obra
de Anísio Teixeira, justamente reconhecido na história da educação, mas pouco referenciado na história da psicologia, pode co ntribuir para o entendimento
dos problemas educacionais, das soluções buscadas e da íntima relação que se estabeleceu entre educação e psicologia no Brasil, assim como, a riqueza
dessas contribuições, muitas vezes “esquecidas” ou interpretadas de maneira parcial. Pretende-se, pois, contribuir, a partir de uma leitura histórica, para a
compreensão da constituição da psicologia educacional/escolar que vá além daquilo que se critica, e mostrem as contradições, sobretudo quando a
psicologia afirma seus compromissos com a educação brasileira.
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ATIVIDADES DIA 04 DE JULHO DE 2011
REUNIÃO DE PESQUISA
08h - 10h
REUNIÃO DE PESQUISA
Bloco E-46
CONFERÊNCIA 2
10h30 - 12h30
MEDICALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO E DA SOCIEDADE
Anfiteatro B-33/PDE
MARIA APARECIDA AFFONSO MOYSÉS – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Não negamos a existência de pessoas com doenças reais, deficiências que podem comprometer seu desenvolvimento cognitivo, nem de pessoas que lidam
com a linguagem escrita de diferentes maneiras; algumas com dificuldades, outras com incrível facilidade, a maioria em um continuum entre extremos. O que
questionamos é a transformação disso em pretensas doenças neurológicas, jamais comprovadas, criticadas pela própria medicina. Na busca de
homogeneização, os que não se submetem têm sofrido processos destinados a mostrar-lhes – e aos que os circundam – que é mais tranqüilo se conformar e
se deixar levar. A invenção da dislexia e do ADD tem levado, em escalada preocupante, à prescrição de psicotrópicos para crianças e jovens em todo o mundo,
apesar das reações adversas frequentes e graves. Os que não se submetem são quimicamente assujeitados, mesmo que os propalados efeitos terapêuticos
sejam sinais clássicos de toxicidade a indicar imediata suspensão da droga. Os índices de drogadição, a dependência psíquica e química, as taxas de suicídio e
morte súbita inexplicada em adolescentes, nada parece capaz de afetar indústrias de fármacos; nada parece capaz de fazer profissionais enxergarem e
ouvirem o outro, buscando apreender os conflitos que se manifestam em seus modos de ser e agir. Nos últimos anos, a medicalização do comportamento e da
aprendizagem vem atingindo cada vez mais crianças e adolescentes vítimas de violência física e psicológica, servindo como áli bi para as agressões. Ao invés de
detectar sinais e indícios clássicos de tais violências, médicos e psicólogos aplicam rótulos de transtornos psiquiátricos/neurológicos e prescrevem/sedam com
psicotrópicos. De vítimas a portadoras de ADD e TOD; de acolhimento e proteção a ritalina e risperidona... É crescente a iden tificação de jovens, vítimas de
violência sendo acompanhados em ambulatórios, escamoteando o problema real. Como ápice desse movimento, temos identificado crianças e adolescentes
em situação de abrigo judicial – retiradas judicialmente de sua família em conseqüência de violências produzidas por familiares – que apresentam
comportamentos esperados em função de sua história de vida serem vítimas de uma nova forma de agressão pela sociedade: a medicalização. A trajetória de
Miguel, retirado de sua família aos 2 anos, por agressões dos pais, e que aos 7 anos apresentou comportamento violento e agressivo após vivenciar uma
expectativa frustrada de adoção, foi diagnosticado/rotulado como portador de ADD e TOD, com a prescrição de ritalina e risperidona, ilustra bem esta
discussão e pode nos fazer recuperar a sensibilidade de enxergar o outro e a capacidade de indignação e de defender a vida, resistindo à medicalização.
CONFERÊNCIA 3
10h30 - 12h30
MEDIACIÓN ESCOLAR. UM MODELO DE CONVIVENCIA
Anfiteatro C-67
RAMÓN ALZATE SAEZ DE HEREDIA –UNIVERSIDADE DO PAÍS BASCO - ESPANHA
En la conferencia se presenta un modelo global de convivencia escolar: El modelo es un programa de intervención educativa cuya finalidad es provocar un
cambio en el modelo de convivencia de los centros escolares. Tiene un enfoque preventivo y transformativo que incide en las relaciones personales, en los
procesos de resolución de conflictos, en el sistema disciplinario y en la participación de todos los colectivos de la comunidad en su desarrollo. Sus objetivos:
Provocar un cambio sostenible en el sistema escolar hacia un modelo constructivo y pacífico de convivencia y resolución de conflictos. Proporcionar
herramientas al servicio de un modelo de convivencia pacífico basado en la participación, la colaboración y el diálogo. Convertir las situaciones conflictivas que
se viven diariamente en la escuela en oportunidades de aprendizaje. Uno de los componentes fundamentales del programa es la mediación escolar. La
mediación escolar supone crear y desarrollar en el centro escolar un servicio de mediación para la resolución de conflictos de los diferentes colectivos de la
comunidad educativa (alumnos, profesores, padres,…). Los programas de mediación entre compañeros o iguales son una herramienta al servicio de un modelo
de convivencia pacífico basado en la participación, la colaboración y el diálogo. Los servicios de mediación escolar quedan integrados en los centros y son los
propios alumnos o profesores los que lo coordinan y dirigen. Un programa de mediación escolar puede variar mucho de un centro a otro en función de sus
necesidades y recursos. Es conveniente realizar un diseño específico para cada escuela. El objetivo específico de un programa de mediación escolar es atender
una serie de conflictos entre los miembros dela comunidad escolar que por algún motivo no han podido ser solucionados por los propios protagonistas, ni por
medio de la mediación informal, y en los que se considera necesario intervenir con una mediación formal.
MESAS REDONDAS / SIMPÓSIOS
10h30-12h30
EDUCAÇÃO E SITUAÇÕES LIMITE – ANÁLISES HISTÓRICAS E PSICOSSOCIAIS DE SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIA, HUMILHAÇÃO E SOFRIMENTO E
SUAS INTERFACES COM A EDUCAÇÃO
D-67 - Sala 101
FINANCIADOR: CNPq
Coordenação: NILSON BERENCHTEIN NETTO - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
Essa mesa tem por objetivo debater a relação entre a educação e situações limite, ou seja, situações que possam ser consideradas violentas ou perigosas ou que
exponham os sujeitos a humilhações e sofrimentos. Assim, os autores das quatro falas que a compõem trazem a partir de distintas realidades elementos que
permitem compreender a relação exposta. Dois dos autores tratam a questão a partir de análises fundamentadas na História da Psicologia no Brasil, um deles
discutindo o caráter violento que teve a Educação Religiosa no controle das vidas e das mortes dos colonos e escravos no período da colonização ibérica e sua
herança na compreensão contemporânea do suicídio nesses países e o outro debatendo a maneira como foram estigmatizadas muitas crianças que fugiam às
normas de comportamento estabelecidas em meados do século XX a partir de uma visão biologicista e medicalizandte, bem como a superação desta visão a
partir de análises fenomenológicas. Os outros dois trabalhos, discutindo questões alicerçadas no presente de muitos estudantes brasileiros, sendo que o
primeiro deles apresenta a questão do preconceito sofrido por estudantes e o papel do processo educativo frente a essa situação e o outro trabalho analisa a
questão da invisibilidade à qual muitos estudantes estão submetidos, forçosamente, por seus pares e muitas vezes, não só por eles, devido à sua timidez.
A EDUCAÇÃO RELIGIOSA COMO ESTRATÉGIA DE CONTROLE DA VIDA E DA MORTE (VOLUNTÁRIA) NA COLONIZAÇÃO IBÉRICA
NILSON BERENCHTEIN NETTO – PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
Esse trabalho é originado de uma pesquisa de cunho bibliográfico, em História da Psicologia, tendo por fundamentação teórica o Materialismo Histórico
Dialética, tendo por objetivo apresentar e analisar o papel que teve a Educação Religiosa entre o século XVI e meados do século XVIII, quando os jesuítas foram
expulsos de Portugal e suas colônias pelo Marquês de Pombal e a repercussão desse fato em todas as colônias ibéricas. Nos primeiros séculos da colonização, a
principal forma de educação era a religiosa e aquela de maior impacto, dava-se pelos sermões e orações proferidos publicamente. Nestes pronunciamentos
públicos, os sacerdotes tinham como dever doutrinar os nativos, os colonos e os escravos a partir da ideologia cristã e com isso, ter maior controle sobre suas
vidas, sobre suas mortes e também quando essas se davam por eleição, ou seja, sobre as mortes voluntárias. Tirando os colonos, que em geral já vinham de uma
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educação cristã e católica recebida na Europa, indígenas e africanos possuíam culturas e crenças bastante diferentes daquela trazida pelos colonizadores, o que
implicava em uma forma diferente da deles em relacionar-se com a morte, sendo assim, como foi inúmeras vezes denunciado (tanto por sacerdotes como Frei
Bartholomé de las Casas e Pedro Quiroga ou historiadores como Girolamo Benzoni) e relatado (por historiadores como Gonzalo Fernández de Oviedo y Valdés),
frente às misérias e agruras às eram expostos quando escravizados, tanto indígenas quanto africanos preferiam dar-se à morte do que suportá-las vivos e
morrerem de exaustão pelo sobretrabalho, pela inanição forçada ou pelo excessos de violência aos quais eram submetidos; afina l, para muitas das tribos
indígenas, morrer significava voltar a ter contato com os antepassados, em um outro plano, enquanto para certas tribos africanas, ao morrer em terras
estrangeiras, o espírito reencarnava em sua terra natal. Essas baixas no número de escravos representavam para os senhores de escravo, muitas vezes (nas
épocas de escassez de escravos no mercado) , uma grande perda material, já que o escravo era entendido como uma propriedade e mesmo quando havia
abundância de escravos e seus preços eram mais baixos, suas mortes voluntárias causavam certo transtorno, já que ao morrerem por suas próprias mãos, não
podiam ser utilizados até sua exaustão e morte por fadiga. Assim, inculcar-lhes uma crença de que a morte voluntária era pecado e que ao morrerem por suas
próprias mãos, ao contrário do que acreditavam, não voltariam a encontrar seus antepassados e muito menos reencarnariam em sua terra natal, mas iriam para
um lugar aterrorizante, chamado inferno, tornou-se, ao lado da punições e mutilações sofridas pelos cadáveres, uma grande estratégia de controle dessa forma
de morrer, que foi deveras comum naqueles tempos, em muitas das colônias ibéricas.
A “DELINQUÊNCIA” NO OLHAR MÉDICO E O FENOMENOLÓGICO NA HISTÓRIA DA PSICOLOGIA NO BRASIL
ANDREA SOARES WUO – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI
Entre as décadas de 1950 e 1960 observam-se discussões na Psicologia sobre os então denominados “desajustamentos” em crianças. Dentre os diversos tipos
de problemas de “ajustamento”, a delinquência na criança e no jovem era uma questão recorrente na área que se apresentava sob perspectivas diversas. Em
pesquisa realizada acerca da noção de “ajustamento/desajustamento” em crianças a partir da análise de um periódico publicado no Instituto de Psicologia da
PUCSP (IPPUCSP)entre os anos de 1955 e 1973 – a Revista de Psicologia Normal e Patológica do IPPUCSP, observou-se a emergência de dois modos distintos de
se lidar com a delinquência: o primeiro com base em uma perspectiva médica em uma lógica linear de causa e efeito, atribuía à delinqüência fatores intrínsecos
relativos a organização psicofisiológica da criança e/ou questões familiares, em geral, relativos à mãe. Em contrapartida, um segundo modelo, pautado em uma
perspectiva fenomenológica, busca analisar a delinquência em sua dimensão relacional, ou seja, como um processo que se constrói na relação social. Destaca-se
aqui o trabalho de Joel Martins que discute o papel do psicólogo escolar e mostra como as relações construídas no ambiente escolar podem ser, elas próprias,
produtoras da delinquência.
A INTERFACE PRECONCEITO E PROCESSO EDUCATIVO
CARLA ANDRÉA SILVA – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI
De acordo com pesquisas educacionais, o fenômeno do preconceito vem assumindo variadas expressões no processo educativo, em s eus diferentes níveis de
ensino. O Preconceito racial, em relação ao analfabeto, ao deficiente, à mulher, ao homem do campo e em relação à origem geográfica, são algumas de suas
facetas, que por sua vez, repercutem no processo educativo. Em nossa pesquisa de Doutorado temos nos dedicado ao estudo do preconceito no âmbito da pósgraduação, mais especificamente àquele relacionado a origem geográfica de professores universitários. Nesta oportunidade ressaltamos que este estudo adota a
perspectiva de Souza (2008) de que a melhor explicação do constructo preconceito seja aquela que contemple questões como a separação, reprovação, divisão,
e ainda, tudo o que leva o sujeito a adotar valores/conceitos que o conduzem a fazer alguma forma de julgamento e desvaloriza ção do outro. Diante do exposto,
consideramos basilar a necessidade de estudos oriundos da Psicologia da Educação, cujo propósito seja o desvelar do fenômeno do preconceito de modo a
superar o silêncio em torno das repercussões dessa conjuntura sobre as subjetividades dos indivíduos em seus processos educativos, como forma de ampliação
das discussões e talvez ao encontro de orientações mais consistentes os professores e equipes técnicas das instituições educativas.
TIMIDEZ E EXCLUSÃO-INCLUSÃO: INVISIBILIDADE-VISIBILIDADE E ASSÉDIO
MARIANA BATISTA VIEIRA, MITSUKO APARECIDA MAKINO ANTUNES – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
Este estudo tem como objetivo compreender as situações de exclusão-inclusão que a pessoa tímida possa a vir a sofrer na escola. A invisibilidade-visibilidade e o
assédio são maneiras de exclusão dessa pessoa, pois na invisibilidade a pessoa não é notada, pois torna-se “invisível”. Por outro lado, não ser visto é uma
maneira de se preservar, pois estar visível significa estar exposto ao olhar que percebe, julga e forma conceitos. Segundo Costa (2004), a invisibilidade pública é
uma forma de desaparecimento psicossocial de um homem no meio de outros homens e se manifesta por meio da humilhação e da reificação. Pode-se dizer que
a humilhação pode ser um fator que interfere na constituição da identidade, por imagens e palavras ligadas a mensagens de rebaixamento, que são ditas na
escola, no trabalho e em demais locais públicos. Já na reificação, pessoas, objetos, instituições e relações inter-humanas passam a contar como mercadoria,
assim, esconde-se as singularidades e o sujeito torna-se objeto, ficando invisível. O homem tornado publicamente invisível parece encarnar o sentimento de não
existir; a invisibilidade pública faz com que o corpo fique comprimido, escondido, pequeno, duro, ele perde sua desenvoltura e flexibilidade, pois não há o olhar
do outro para constituir esse homem. Por outro lado, o assédio é uma forma de violência que faz com que a pessoa esteja visível demais, pois ações como
humilhar, intimidar, excluir, isolar, discriminar, perseguir, ameaçar, constranger e apelidar, são repetitivas contra a mesma pessoa durante um determinado
período; expondo-a à vergonha e ao constrangimento público; é eleito um colega que apresente aspectos físicos ou psicológicos que fazem dele uma vítima fácil
aos ataque; é geralmente o tímido, o retraído, o passivo, o submisso, o temeroso que apresenta dificuldade de defesa, expressão e relacionamento. As
diferenças de raça, religião, opção sexual, maneira de ser e de se vestir e características físicas como a obesidade também podem traçar o perfil das vítimas.
Existe, portanto, a intolerância, o desrespeito e a não aceitação de uma diferença. Estudantes que sofrem assédio tendem a se isolar dos demais, pois não
querem ser notados por outras pessoas; a pessoa tímida, portanto, preserva-se de situações incômodas procurando não ser notada Ao mesmo tempo que se
preserva, a pessoa produz uma situação confortável em que não permite ser vista pelos outros. Esse processo, no entanto, se diferencia da invisibilidade, pois
esta não gera proteção, mas exclui e produz uma situação que humilha e faz a pessoa sofrer, pois os outros não a percebem, o seu corpo desaparece em
momentos que mais precisa ser notada e compreendida.
10h30-12h30
INTERVENÇÃO COM PROFESSORES: PROMOÇÃO DE APRENDIZADO E PREVENÇÃO DE PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO
D-67 - Sala 102
FINANCIADOR: CNPq / FAPESP / MEC/FNDE
Coordenação: ALINE MAIRA DA SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
A inserção do psicólogo no ambiente escolar é atualmente uma realidade e a possibilidade deste profissional levar sua contribuição para a construção de uma
escola brasileira de melhor qualidade para todos é hoje imperativo. Considerando o processo de inclusão escolar, acredita -se que o psicólogo pode contribuir
para incentivar reflexões sobre novas práticas e diferentes maneiras de olhar para os alunos, além de evitar a rotulação dos alunos que apresentam dificuldades.
Para tanto, o psicólogo escolar pode estabelecer parcerias com os professores visando o desenvolvimento e a implementação de intervenções capazes de
promover o ensino-aprendizado, as habilidades sociais dos alunos assim como identificar e prevenir problemas de comportamento. No entanto, faltam
informações na literatura sobre como operacionalizar intervenções bem sucedidas envolvendo psicólogos escolares e professores, de modo a resultar na
promoção do desenvolvimento do aluno. Em vista disso, as participantes da mesa redonda irão apresentar estudos que investigaram os efeitos de intervenções
voltadas para professores que foram desenvolvidas tanto em salas comuns do ensino regular como em uma escola especial.
PARCERIA ENTRE PROFESSORES E PSICÓLOGO ESCOLAR NA PREVENÇÃO DE PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO
ALINE MAIRA DA SILVA – UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
Frente aos problemas comportamentais que constituem um dos principais desafios a serem enfrentados na escola atualmente, um papel importante a ser
desenvolvido pelo psicólogo no ambiente escolar é o de prestar consultoria colaborativa, atuando em parceria com professores. Em vista disso, foi desenvolvido
um estudo cujo objetivo foi avaliar os efeitos de um programa de intervenção preventiva, baseado na consultoria colaborativa escolar, voltado para prevenir e
minimizar problemas comportamentais. O estudo foi realizado em três salas de aula de uma escola municipal de ensino fundamental, loc alizada no interior do
estado de São Paulo e contou com a participação de três professoras e 55 alunos. O estudo envolveu quatro etapas. Na primeira etapa foram conduzidos os
procedimentos éticos. Posteriormente, na etapa 2, foi realizada aplicação do Inventário dos Comportamentos de Crianças e Adolescentes (TRF). Na terceira
etapa do estudo foi implementada a intervenção preventiva voltada para os professores, que foi efetivada por meio de 19 reuniões semanais com duração
aproximada de uma hora, realizadas em uma das salas de aula da escola. Os temas das reuniões foram divididos em cinco módulos: conceitos (inclusão,
consultoria colaborativa escolar, problemas de comportamento); modificações no ambiente físico da sala de aula; manejo de relacionamento; manejo de
conduta; manejo de conteúdo. As professoras receberam, no início da intervenção, uma pasta na qual arquivavam as apostilas sobre os conteúdos. As apostilas
foram elaboradas especialmente para o estudo, eram ilustradas e continham o resumo do conteúdo abordado em cada módulo. Entre as reuniões, as
professores receberam visitas, previamente agendadas, da pesquisadora com o objetivo de auxiliar na implementação das intervenções planejadas assim como
discutir com cada professora sobre o desenvolvimento da intervenção em sua sala. Por fim, na etapa 4, o TRF foi reaplicado e foram realizadas reuniões de
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grupos focais para verificar a validade social do estudo assim como levantar dados qualitativos sobre os efeitos do programa de intervenção realizado. Para
avaliar o impacto da intervenção, foi aplicado o teste MANOVA nos resultados obtidos por meio do TRF. Os dados obtidos por meio da aplicação do TRF antes e
depois da intervenção indicaram que houve diminuição estatisticamente significativa nos problemas de comportamentos do tipo internalizante e externalizante.
As reuniões com as professoras possibilitaram levantar informações sobre as características da colaboração que estavam presentes na intervenção desenvolvida;
aspectos favoráveis e desfavoráveis da intervenção realizada; mudanças positivas relacionadas com o comportamento dos alunos na escola e com a qualidade
de vida dos mesmos; grau de aplicabilidade das estratégias desenvolvidas; avaliação sobre a presença do psicólogo na escola. Os resultados indicam que a
parceria entre professores e psicólogos escolares, com base na consultoria colaborativa, pode ser efetiva na prevenção e minimização de problemas de
comportamento no ambiente escolar.
INTERVENÇÃO COM PROFESSORES EM UMA ESCOLA ESPECIAL: MEDIANDO O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
FABIANA CIA – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO OMETTO
O presente estudo teve por objetivo descrever e avaliar os impactos de uma intervenção direcionada para um professor e alunos com deficiê ncia intelectual,
sobre o repertório de habilidades sociais dos alunos. Este projeto foi desenvolvido em parceria com o Centro Universitário Hermínio Ometto, contando com a
colaboração de dois estagiários, alunos do curso de Psicologia da referida instituição. Participou da intervenção um professor de educação especial e 10 alunos
com deficiência intelectual, com idade variando entre 11 e 15 anos. A intervenção ocorreu em uma instituição de ensino especial, nos espaços da sala de aula e
em reuniões de professores, por meio de encontros semanais, de duas horas de duração, em um período de aproximadamente um ano. O projeto estava
organizado em três etapas. A primeira etapa se referia a coleta de informações sobre os professores e os alunos (com o objetivo dos professores apontarem as
principais dificuldades que tinham e as habilidades sociais que seriam prioritárias para serem trabalhadas com os alunos). Para complementar as informações
dos professores, os estagiários faziam observações em sala de aula e durante as atividades extra classe dos alunos. Com os dados em mãos, estagiários e
professora elaboravam uma proposta de trabalho (segunda etapa), que poderia ser modificada dependendo dos comportamentos dos alunos frente às
atividades. No total foram 23 encontros, em que foram trabalhadas as seguintes temáticas: estabelecimento de vínculo (um encontro), regras (um encontro),
autocontrole e expressividade emocional (três encontros), habilidades de trabalhar em grupo (um encontro), civilidade (três encontros), assertividade (um
encontro), empatia (seis encontros, habilidade trabalhada por meio de elaboração e encenação de uma história), solução de problemas interpessoais (cinco
sessões), fazer amizades (dois encontros). Nestes encontros, a professora trabalhava com os alunos, em conjunto com as estagiárias. Além das atividades em
sala de aula, as estagiárias se reuniam semanalmente com a professora, para realizar a consultoria colaborativa sobre a importância de um elaborado repertório
de habilidades sociais e do arranjo do ambiente. Na terceira etapa, as intervenções eram avaliadas periodicamente pelo professor e pelos estagiários permitindo
que atendessem com mais afinco as necessidades das crianças e do professor. Utilizou-se diário de campo e registros sistemáticos das atividades desenvolvidas
e dos comportamentos das crianças e do professor, durante os encontros. De modo geral, as crianças passaram a emitir com maior frequência, os seguintes
comportamentos: demonstrar/nomear os seus sentimentos, utilizar regras de civilidade, demonstrar empatia e comportamentos pró-sociais. Segundo a opinião
do professor, a consultoria foi importante para esclarecer dúvidas das especificidades das deficiências, da sua importância como mediador da aprendizagem da
criança, de como prover um ambiente estimulador, com atividades que consigam atingir as necessidades de cada criança. O professor passou utilizar com maior
freqüência técnicas de modelagem, modelação e reforçamento. Direcionamentos para intervenções e pesquisas futuras são apontados, assim como a utilização
de diferentes delineamentos de coletas de dados e a ampliação do projeto para outros contextos.
PROBLEMAS E RESERVAS COMPORTAMENTAIS DE ESCOLARES IDENTIFICADOS POR PROFESSORAS DE ENSINO FUNDAMENTAL
OLGA MARIA PIAZENTIN ROLIM RODRIGUES – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Problemas de comportamento tem forte associação com fracasso no desempenho escolar. Identificá-los facilita a elaboração de intervenções com o objetivo de
eliminá-los. Todavia, instrumentos que avaliam somente a presença/ausência de problemas de comportamento parecem suscitar no professor a imagem de
criança problema dos alunos focalizados. Investir na descoberta de reservas comportamentais dos alunos pode sensibilizar professores para envidar esforços
para aumentar sua frequência, melhorando a relação professor alunos e, também, seu desempenho escolar. O Inventário de Comportamentos Pró-sociais é
composto de 36 questões que tem como objetivo identificar reservas e déficits de comportamentos com possibilidade de ocorrência no contexto escolar. É
indicado para aplicação pelo próprio professor, de preferência com todos os alunos na sala. O instrumento, por permitir a identificação de comportamentos em
níveis diferentes de ocorrência para o grupo de alunos, possibilita o mapeamento da frequência dos comportamentos desejaváveis e indesejáveis do mesmo,
orientando a tomada de decisão. O presente instrumento foi utilizado por 19 professoras de ensino fundamental, que avaliaram o repertório comportamental
de três crianças de sua sala consideradas como com problemas de comportamento. A partir dos dados, listaram os comportamentos adequados que todos
apresentam, que 50% dos alunos apresentam e que nenhum apresenta. O mesmo foi feito com os comportamentos inadequados. Os resultados possibilitaram
que os professores identificassem bons comportamentos nos alunos que eram considerados como altamente problemáticos. A partir destes resultados é
possível implementar intervenções que foquemos comportamentos adequados que, em sala de aula, geralmente são incompatíveis com os inadequados,
promovendo sua aquisição e manutenção. Os resultados obtidos permitem concluir que é preciso investir no que de bom que o aluno faz apontando para o
professor sua responsabilidade no desenvolvimento de repertórios cada vez mais adaptados. Financiamento: FAPESP
INCLUSÃO ESCOLAR: FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE PROFESSORES DA REDE PÚBLICA
VERONICA APARECIDA PEREIRA – UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
A inclusão escolar deve gerar condições para que o acesso a educação de qualidade seja uma garantia para todos os alunos. Diante desse desafio, um grupo de
doze alunos do curso de Psicologia, integrantes do Programa de Educação Tutorial (PET-Conexões de Saberes), realiza, sob supervisão, ações junto às escolas
públicas que possam viabilizar o compromisso com o sucesso escolar de seus alunos. O projeto tem por objetivo contribuir para a formação inicial do professor
de Psicologia e para a formação continuada para professores do Ensino Fundamental, pautando-se na legitimidade da educação inclusiva e na necessidade de
universalização da universidade. Participam da pesquisa/intervenção professores de dez escolas da rede municipal de uma cidade do interior do Mato Grosso do
Sul. Na fase inicial, os professores respondem a uma entrevista, caracterozamdp possíveis alunos com dificuldade de aprendizagem e problemas de
comportamento. Uma vez indicados, os professores passam a identificar, por meio de escalas comportamentais, quais são as habilidades soc iais de seus alunos e
quais são os problemas de comportamento passíveis de intervenção. Os alunos indicados realizam um teste de desempenho escolar (TDE), visando identificar
necessidades de intervenção nas áreas de Português e Matemática, em relação ao ano em que se encontram. A partir dos resultados encontrados, nas
entrevistas e desempenho dos alunos, são estruturados encontros temáticos de discussão sobre a inclusão escolar. Nestes encontros, persiste o desafio da
análise e confronto de práticas de exclusão, de modo a desmistificar, com o grupo, possíveis concepções de fracasso escolar centradas em alunos com problemas
de comportamento e/ou aprendizagem. Durante os encontros, os professores e graduandos, têm o compromisso de refletir sobre a sua prática e planejar ações
que promovam acessibilidade ao processo educativo. Ao final do ano, novas avaliações serão realizadas. Espera-se, a partir desta prática, promover uma
formação comprometida com a transformação da realidade escolar, tanto para o professor em fase inicial de formação como para aquele já atua na escola.
Apoio: MEC/FNDE
10h30-12h30
INTERFACES DA INCLUSÃO
D-67 - Sala 103
Coordenação: MERCEDES VILLA CUPOLILLO – FACULDADE PARAISO
Durante a última década, a atenção em torno do tema inclusão passou a fazer parte do cotidiano de instituições educativas bra sileiras, estendendo-se ao mundo
empresarial e aos espaços públicos, de tal modo que o conceito passou a pertencer ao ideário social. Enquanto conquistas efetivas são realizadas em espaços
diferenciados da sociedade, deparamo-nos com situações inusitadas de exclusão que se repetem desde o início de nossa história; renomeam-se esses espaços a
partir de diferentes facetas de discriminação. Os autores apresentam uma proposta de discussão da relação educação-inclusão, com diferentes abordagens: a
escola, requisitada para atuar como a redentora no sistema socioeducativo, é discutida como mais um veículo social na produção da exclusão;a formação
continuada do professor através do ensino à distância, discute a possibilidade de incluir o professor através de um processo reflexivo desenvolvido por ele
próprio; a escuta e a orientação de professores são apresentadas em outra perspectiva, como pressupostos básicos para inclusão dos mesmos através da
formação continuada; finalmente a formação do professor de psicologia é discutida na relação com a educação.
A DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL
MERCEDES VILLA CUPOLILLO – FACULDADE PARAÍSO
A doutrina da proteção integral inaugurou uma nova ordem jurídico-institucional na década de 80, um marco nas conquistas de políticas de direito, uma vez que
se passou a exigir uma mentalidade de garantia de direitos humanos; no nosso caso, o direito da criança. Rompem-se com os velhos costumes da “criança em
situação de risco”, que passa a ser considerada “sujeito de direito”. O Estatuto da Criança e do Adolescente passa a ser cons iderado um dos mais importantes
desdobramentos da Constituição de 1988. Com ele, a sociedade civil controla o Estado e oferece políticas de atendimento. Com base no Estatuto da Criança e do
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Adolescente, na Lei 8.0669/90, e em diálogo com o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE -, o DEGASE vem promovendo mudanças a partir
de reformulações sobre as Ações Socioeducativas. Os antigos CRIAMS passaram a se constituir como unidades vinculadas aos Municípios, responsáveis pela
medida de “liberdade assistida”. Em contrapartida, o governo atual do Estado do Rio de Janeiro instituiu o Departamento de Ações Socioeducativas,
desvinculando o DEGASE da secretaria de justiça. Através do decreto de nº 18.493/93, ele foi transferido para a Secretaria Es tadual de Educação como órgão
estadual responsável por executar as medidas socioeducativas. O NOVO-DEGASE, como foi denominado desde o início da gestão do governador Sérgio Cabral,
lança um novo olhar sobre o adolescente, inclusive através de sua denominação: “de infrator à adolescente em conflito com a lei”. Uma das premissas da ação
socioeducativa recai sobre a escola: ao adolescente que cumpre medida é compulsória a frequência escolar. Pretendemos abordar os limites e as possibilidades
da escola na reinserção do adolescente na sociedade durante o cumprimento de sua medida socioeducativa. A discussão apresenta como base um estudo de
caso acompanhado pela autora.
INCLUINDO O PROFESSOR POR MEIO DO OLHAR IVESTIGATIVO SOBRE O COTIDIANO ESCOLAR – REFLEXÕES SOBRE FORMAÇÃO E INCLUSÃO
NA MODALIDADE EAD
DIVA MARIA MORAES ALBUQUERQUE MACIEL – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
A presença cada vez mais frequente de cursos na modalidade da Educação a Distancia (EAD) tem nos confrontado com desafios marcantes, especialmente no
que se refere a necessidade de repensar a formação de um professor capaz de atuar nessa nova realidade. Por outro lado, o olhar investigativo do professor
sobre o cotidiano escolar tem sido entendido, por nosso grupo de pesquisa, como condição necessária a uma formação comprometi da com práticas
pedagógicas inclusivas e transformadoras. Nessa perspectiva, a pesquisa no e do ambiente escolar pode ser vista, ao mesmo tempo, como princípios, científico e
educativo. Hoje, não cabe mais ao professor apenas reproduzir os conhecimentos para seus estudantes, mas buscar a compreensão dos problemas concretos
que se colocam no cotidiano educacional. Coconstruir ferramentas que permitam ao professor olhar sua própria prática e investigar as questões reais presentes
em seu cotidiano, de forma reflexiva e sistematizada em bases teóricas consistentes, constitui a base curricular de um curso de especilização sobre
desenvovimento humano e inclusão escolar, na modalidade EAD, oferecido pela Universidade Aberta do Brasil - UAB. Nesse contexto, os fóruns de discussão salas de conversa entre os alunos pós-graduandos (professores de redes públicas, psicólogos e outros profissionais da educação) e seus tutores e professores
supervisores – constituem um meio privilegiado de formação, de co-construção de conhecimentos e de novos procedimentos de ensinar e aprender. O presente
estudo teve como objetivo contribuir para a sistematização de princípios pedagógicos específicos da modalidade EAD e que sejam úteis à Formação de
Professores que possa prover a instituição escolar de meios pedagógicos que atendam à diversidade dos alunos. Por meio de uma abordagem interpretativa
caracterísitica de uma perspectiva teórica sociocultural construtivista, foram objeto de análise as discussões estabelecidas nos Fóruns de Discussão no referido
curso, tendo sido selecionados para análise 10 tópicos dos fóruns de discussão, específicos sobre os projetos de pesquisa, que tiveram acima de 10
intervenções. Dois tipos de categorias de análise foram construídas com base em procedimentos de microanálise das informações observadas e da exegese
realizada com base na literatura: (1) categorias que focalizam a construção colaborativa do conhecimento; e (2) categorias que focalizam a reflexão conjunta
sobre as situações de pesquisa realizadas pelos participantes na sua relaidade escolar. Os temas mais recorrentes observados no estudo dizem respeito as
referências dos participantes à oportunidade de participarem da própria construção do curso por meio da discussão nos fóruns, e a possibilidade de
ressignificarem a sua prática pedagógiaca por meio da pesquisa, sendo estes apontados como os principais fatores de comprometimento com a qualidade do
curso. Trazemos para debate alguns princípios pedagógicos construídos neste exercício de análise que consideramos uma contribuição importante para o tema
da inclusão de alunos na escola básica e de professores em curso na modalidade EAD.
ESCUTA E INTERVENÇÕES/ORIENTAÇÕES COMO ESTRATÉGIA DE CONSTRUÇÃO DO SUJEITO/ PROFESSOR (A)
MARILETE GERALDA DA SILVA – UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
Este trabalho se refere a resultados parciais de uma pesquisa interventiva intitulada “Escuta e orientações a pais e professores(as) de crianças com sintomas de
hiperatividade, impulsividade e atencionais”, cujo objetivo principal é compreender os efeitos que são produzidos no discurso dos pais e professoras, pela escuta
e orientações sobre o relacionamento que estes educadores estabelecem com crianças com os referidos sintomas. Os principais sujeitos do estudo são pais e
professoras de crianças de quatro a cinco anos que estudam em instituições de Educação Infantil na cidade de São Luís. Esta pesquisa encontra-se articulada ao
Programa Nacional de Cooperação Acadêmica – Novas Fronteiras-CAPES-PROCAD-NF, por intermédio do “Projeto: Formação de Professores para a Educação
Inclusiva-Parceria Acadêmica: UFMA/UFF/UFBA”, sob a coordenação da Prof.ª Dr.ª Valdelúcia Alves da Costa/UFF. O estudo está sendo realizado através da
metodologia do caso e tem como principal instrumento de coleta de dados sessões de escuta e orientações periódicas que são realizadas com os pais e
professoras das crianças. Os dados estão sendo organizados e analisados a partir do procedimento de análise de conteúdo, através da análise temática das
afirmações e proposições dos sujeitos participantes. Foi a partir da elaboração do projeto e do andamento desta pesquisa que nasceu a necessidade de se
pensar novas maneiras de promover a formação docente. Nos últimos tempos, tem-se discutido sobre a necessidade e importância de proporcionar aos
estudantes dos cursos de educação uma sólida formação inicial e, aos que já se graduaram e exercem as suas funções, cursos de formação continuada.
Educadores, teóricos, militantes e políticos que se interessam pelo tema em voga, formação de professores, acreditam que um dos fatores mais importantes
para a melhoria da qualidade do ensino e, conseqüentemente, da educação nas escolas é o professor ter construído e continuar construindo uma sólida
formação. A partir desta crença, da qual a autora também compartilha, e com o objetivo de que os professores alcancem tal formação, estudos científicos, assim
como congressos, seminários e cursos de curto, médio e longo prazos são oferecidos e realizados para os professores. O que se quer questionar em relação a
estes eventos é se o professor como sujeito de linguagem é levado em conta quando se organiza as estratégias destes acontecimentos. Percebe-se, que há uma
preocupação em transmitir conteúdos a respeito dos mais variados temas relacionados à educação, porém, a formação assim promovida evidencia a ideia
equivocada de que estes conteúdos, sendo assimilados pelo docente, já bastam para que se torne um bom professor. Portanto, este trabalho tem como objetivo
discutir como a escuta e a orientação aos professores em relação à sua prática podem se constituir como estratégia de construção do sujeito-professor. Dão
embasamento teórico para esta discussão autores como Freud, Lacan e Kupfer. É um estudo que se constitui como resultado de pesquisa bibliográfica, mas
também de resultados parciais da referida pesquisa acima. No desenvolvimento deste escrito, são abordados temas como: o professor como sujeito de
linguagem; o desejo de ser professor e seus desdobramentos; e o professor como sujeito que precisa ser escutado. A partir do exposto, conclui-se que o docente
como sujeito de linguagem deve ser escutado para que possa ser orientado, ter chance de elaborar seus conflitos, resignificar e reconstruir os acontecimentos
da sua prática educativa, ao lado de outras estratégias e procedimentos, que têm como objetivo transmitir teorias, metódos e técnicas que fundamentam o
processo de ensinar e aprender.
FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE PSICOLOGIA: CONTRIBUIÇÕES, LIMITES E POSSIBILIDADES
ANDERSON DE BRITO RODRIGUES – UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
Este trabalho apresenta como temática principal a discussão da formação de professores de Psicologia, tomando como referência as atividades desenvolvidas no
estágio curricular obrigatório da licenciatura no curso de Psicologia da Universidade Federal de Goiás. A formação do professor de Psicologia é alterada em
consequência da promulgação da Resolução nᵒ. 8, de 07 de maio de 2004, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em
Psicologia, circunscrevendo a atuação desse profissional de ensino à Educação Básica, no nível médio, em cursos técnico-profissionalizantes e em diversos
contextos da educação informal. O presente estudo teve como espaço de atuação Centros Municipais de Educação Infantil da Rede Municipal de Educação de
Goiânia. Foram desenvolvidos projetos de curta duração e um curso de formação continuada destinado aos agentes educativos das instituições envolvidas. Tais
atividades constituíram a prática de ensino no estágio supervisionado de formação de professores de Psicologia, tomando como referencial teórico metodológico
a abordagem sócio-histórica. O estudo reafirma o quanto a Psicologia contribui para o entendimento de aspectos relativos ao desenvolvimento e a prendizagem
dos educandos e evidencia a necessidade do estabelecimento de discussões entre a Psicologia e a educação no âmbito das políticas educacionais.
10h30-12h30
TEORIA DA MENTE E LINGUAGEM: POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES PARA O CONTEXTO EDUCACIONAL
D-67 - Sala 104
FINANCIADOR: PROPESQ - PRÓ-REITORIA DE PESQUISA (UFJF)
Coordenação: MARISA COSENZA RODRIGUES - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
A aquisição de uma teoria da mente entendida como a habilidade de compreender e explicar as ações humanas em termos de estados mentais (como crenças,
desejos, intenções e emoções), é crucial para a inserção adaptativa ao mundo social. Uma das linhas mais produtivas de pesquisa nessa área envolve estudos
que vêm buscando compreender as relações entre a teoria da mente e aspectos relevantes para o desenvolvimento infantil tais como a linguagem e o
desenvolvimento social. É crescente o interesse dos pesquisadores por esta área de investigação contemplando, na atualidade, uma variedade de estudos na
psicologia contemporânea que apresentam subsídios relevantes para o contexto educacional. A proposta deste simpósio é apresentar e discutir estudos
realizados nesta interface teórico-prática pelo NUDRI – Núcleo de Pesquisas em Desenvolvimento e Relações Interpessoais (UFJF/MG) os quais foram
implementados no âmbito da educação infantil e ensino fundamental. O ponto de partida será a apresentação de uma pesquisa envolvendo a atribuição de
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estados mentais na leitura de pré-escolares de três diferentes livros com narrativa por imagem (Ms.Luisa Gonçalves Pires). Segue-se a apresentação e discussão
de uma pesquisa-intervenção envolvendo docentes e alunos do primeiro ano do ensino fundamental que focalizou a leitura mediada com enfoque
sociocognitivo (Profª Drª Marisa Cosenza Rodrigues). Em seguida, abordar-se-ão os temas: Atribuição de estados mentais e compreensão de leitura (Ms. Priscilla
de Aquino Batista Noé) e Teoria da Mente e compreensão das emoções: um estudo comparativo com alunos do ensino fundamental (mestranda Deyse
Aparecida Ribas).
DESENVOLVIMENTO SOCIOCOGNITIVO E PRÁTICA DOCENTE COM A LITERATURA INFANTIL: AVALIAÇÃO DE UMA PESQUISA-INTERVENÇÃO
MARISA COSENZA RODRIGUES – UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
A habilidade de inferir o que outras pessoas estão pensando, sentindo e de compreender a intencionalidade das ações humanas, constitui uma importante
habilidade sociocognitiva referente à compreensão e adaptação ao mundo social. Considerando a estreita relação desse desenvolvimento com a linguagem
realizou-se uma pesquisa-intervenção que objetivou promover a compreensão dos estados mentais e o aperfeiçoamento do processamento de informação
social por meio do trabalho docente com a literatura infantil. Participaram 57 crianças e 5 docentes do primeiro ano do ensino fundamental de uma escola
federal pública. As professoras foram previamente capacitadas do ponto de vista teórico-prático para a implementação do trabalho em sala de aula. Tanto as
docentes quanto as crianças foram pré e pós-avaliadas em momentos diferenciados e mediante a utilização de quatro instrumentos sociocognitivos específicos.
Realizou-se observações em sala de aula e reuniões avaliativas semanais entre pesquisadoras e docentes durante todo o ano letivo. Evidenciou-se um impacto
positivo entre as docentes quanto ao conhecimento de características sociocognitivas infantis, seleção de livros infantis, identificação/codificação de termos
mentais, aprimoramento de estratégias voltadas para a leitura mediada e manejo de conflitos em sala de aula. A análise comparativa quanto ao grupo de
crianças apontou diferença significante quanto à linguagem mentalística indicando ampliação quantitativa e qualitativa da utilização de termos cognitivos,
desejo/intenção, emocionais e perceptivos bem como evolução em relação à nove itens do instrumento de avaliação sociocognitiva utilizado. Os resultados
serão discutidos considerando-se o aperfeiçoamento da prática docente e o aprimoramento da linguagem infantil referente aos estados mentais.
ATRIBUIÇÃO DE TERMOS MENTAIS NA LEITURA DE DIFERENTES LIVROS POR IMAGEM
LUISA GONÇALVES PIRES – UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
A teoria da mente envolve a compreensão de pré-escolares acerca dos estados mentais (desejos, emoções e crenças), desempenhando um papel importante no
desenvolvimento sociocognitivo infantil. Estudos mostram que a linguagem ocupa lugar de destaque no seu desenvolvimento; definindo-se “linguagem da
mente” como o uso explícito de termos semânticos para referir-se aos estados mentais. Pesquisadores da área enfatizam que o uso de termos denotando
estados mentais pode refletir um entendimento infantil acerca da teoria da mente e, além disso, os livros de histórias infantis, sobretudo os que contêm apenas
imagens, constituem um recurso útil para explorar e favorecer a linguagem mentalística. Será apresentado e discutido um estudo que objetivou investigar a
ocorrência de termos mentais na leitura de 80 crianças de 5 e 6 anos, de duas escolas de educação infantil (rede pública), mediante a utilização de três livros de
histórias infantis com diferentes perfis de narrativa por imagem. Os relatos infantis foram codificados em quatro categorias de termos mentais (cognitivos,
emocionais, desejo/intenção e perceptivos). Os dados sugerem que a estrutura da narrativa dos livros por imagem pode ter influenciado quantitativa e
qualitativamente a atribuição e ocorrência de termos mentais na leitura dos participantes, indicando implicações para a prática pedagógica.
TEORIA DA MENTE E COMPREENSÃO LEITORA: AVALIANDO PARTICIPANTES DE UM PROGRAMA SOCIOCOGNITIVO
PRISCILLA A DE A BATISTA NOÉ – UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
As experiências lingüísticas têm um papel fundamental no desenvolvimento da teoria da mente, uma vez a linguagem possibilita o acesso ao pensamento da
criança sobre os estados internos. Nesse sentido, o uso de um vocabulário mentalista pode promover e aprimorar o entendimento infantil acerca dos
pensamentos, sentimentos e desejos das pessoas a sua volta e dos personagens das histórias, facilitando a adaptação ao meio s ocial e a compreensão de leitura.
No contexto das interfaces entre linguagem e teoria da mente e suas implicações para o contexto educacional, o presente trabalho buscou correlacionar o
desenvolvimento da teoria da mente com a compreensão de leitura, bem como conhecer o efeito de um programa de promoção do desenvolvimento
sociocognitivo implementado por docentes em sala de aula. 55 crianças participantes e 22 crianças não participantes do referi do programa realizaram as tarefas
da Escala de Tarefas em Teoria da Mente, o sub-teste de leitura do TDE e dois testes de Cloze. Serão apresentados e discutidos os resultados da pesquisa e suas
possíveis implicações educacionais.
TEORIA DA MENTE E COMPREENSÃO DAS EMOÇÕES EM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
DEYSE APARECIDA RIBAS – UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
A compreensão sociocognitiva permite predizer o comportamento alheio e regular as próprias ações. Nesse sentido, funciona como um suporte para o
ajustamento social. Dentre os aspectos da teoria da mente, a compreensão das emoções têm se mostrado um campo fértil de investigação, mas ainda pouco
explorado. O estudo objetivou investigar o papel que a teoria da mente, especialmente a compreensão das emoções, exerce sobre o desenvolvimento social
das crianças do primeiro ano do ensino fundamental. Buscou-se compreender a relação entre compreensão das emoções e agressividade por meio da
comparação entre crianças que apresentam indicadores de comportamento agressivo e as que não apresentam tais indicadores. Participaram 120 crianças de
ambos os sexos, alunos do primeiro ano do ensino fundamental de duas escolas públicas. Selecionou-se um subgrupo de 60 crianças (30 alunos identificados
como socialmente competentes e 30 alunos com indícios de comportamento agressivo) avaliados por seus professores por meio da Escala de Percepção por
Professores dos Comportamentos Agressivos de Criança na Escola. Serão apresentados e discutidos os resultados desse subgrupo de 60 alunos que foi
avaliado quanto à habilidade de teoria da mente mediante a Escala de Tarefas em Teoria da Mente, e quanto à compreensão das emoções por meio do Teste
de Inteligência Emocional para Crianças.
10h30-12h30
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM PARA UMA ESCOLA INCLUSIVA
D-67 - Sala 105
Coordenação: ANA MARIA DE LIMA SOUZA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
No campo da Avaliação a área a que mais, pesquisadores e estudiosos se dedicaram é da avaliação da aprendizagem. Na atualidade, a tensão sobre essa área
ampliou-se, itensificando-se os estudos e as pesquisas, conforme evidenciado por SOUZA (2005). Esses estudos têm se distanciado da psicometria, da busca
excessiva pela objetividade voltada basicamente para a sua dimensão instrumental, para iluminados por teorias críticas analisar concepções e práticas avaliativas
dominantes nos contextos escolares com vistas a compreender suas implicações nos processos de ensino e de aprendizagem e identificar possibilidades para
construção de vivências de avaliação que estejam a serviço da aprendizagem, da inclusão de todos os alunos, independente de suas condições. Nessa esteira a
presente mesa tem por objetivo apresentar de forma complementar, resultados de três pesquisas bibliográficas que adotaram como referenciais teorias críticas,
na intenção de superar uma visão determinante do aluno assim como de uma avaliação classificadora e excludente. A primeira pesquisa discute as duas
perspectivas sob as quais o fenômeno avaliativo pode ser compreendido: exame e avaliação, apontando para a necessidade de superação da prática do exame,
impróprio para uma educação inclusiva, para adotar-se práticas de avaliação uma vez que por sua natureza, é includente. Guiada pela pergunta: Como avaliar
para a inclusão, considerando as diferenças, sem relativizá-las ou centra-las apenas, nas limitações físicas, mentais e sociais? A segunda pesquisa discutiu
aspectos relevantes que possibilitem a consolidação do processo de avaliação para as diferenças, entendendo avaliação como processo constitutivo do ato
educativo com a intencionalidade de formar cidadãos conscientes de seu papel em uma sociedade diversa. A terceira pesquisa encaminha reflexões sobre a
garantia do direito a educação de qualidade por parte de estudantes com deficiência, para o que, busca responder a algumas indagações: Como se avaliar alunos
com diferentes níveis de aprendizagem presentes na mesma turma\série? Quais ferramentas utilizar? Qual a melhor proposta de avaliação para se adotar, de
modo a favorecer o bom êxito de aprendizagem dos alunos com grandes limitações ou altas habilidades? Os resultados dos três estudos apontam para uma
exigência: colocar a avaliação da aprendizagem escolar a serviço de uma pedagogia que compreenda e se preocupe com a educação como prática
emancipatória.
AVALIAÇÃO PARA A EXCLUSÃO: O EXAME
IVAN AUGUSTO DAGUANI GUARACHE LEONARDO – UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
No intuito de esquadrinhar os constructos de avaliação que emergem na literatura de cada autor seguramente iremos nos deparar com uma vasta gama de
conceitos tanto quanto forem seus idealizadores. Esta realidade não é apenas da necessidade imperativa de que cada estudioso tem de envolver os leitores com
a própria insígnia, mas, além disso, de que cada saimento particular é uma resposta singular expressiva ao grande montante de situações reais e palpáveis dos
contextos peculiares. Desta forma as classes sociais consolidam, e não apenas dependem dos seus interesses em comum, mas também de seus posicionamentos
nas relações de poder de sentido conservador ou revolucionário. Na arena dos conceitos de avaliação educacional, os significantes de mundo dos autores são
formalizados por concepções de educação e de instrumentos avaliativos educacionais, que se perfazem de uma visão de mundo específica. Não desejando nos
perder nos mais variados conceitos tão presentes nas literaturas que abordam avaliação educacional, variando entre os entendimentos mais atuais e os mais
tradicionais (e em ambos suas mais variadas ramificações), aponta-se duas perspectivas sob as quais o fenômeno avaliativo pode ser compreendido: exames
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(nas suas formas excludentes) e avaliações (nas suas formas emancipatórias e/ou inclusivas). O fenômeno avaliativo da aprendizagem escolar é um meio e não
um fim em si mesmo, estando pautado pela teoria e pela prática que a formaliza. Em função deste posicionamento, entende-se que o fenômeno avaliativo não
acontece e nem irá acontecer em um vácuo conceitual, mas sim norteado por um modelo teórico de mundo e de educação, desvelada em uma prática social
pedagógica. Nesse aspecto de compreensão, é claro que a atual prática do fenômeno avaliativo educacional não veste uma roupagem desproposital. Está a
serviço de uma pedagogia, que se corporifica como uma idéia teórica da educação, que, ao mesmo tempo exprime uma concepção teórica da sociedade. O que
possivelmente ocorre é uma prática da avaliação da aprendizagem escolar, de forma acrítica, como se ela existisse sem qualquer vinculação a um modelo teórico
e idealista de sociedade e educação, como se ela fosse uma atividade imparcial. Teóricos críticos alertam que posicionamentos dessa natureza implicam em um
estado de alienação frente à compreensão da prática social. Tal descrição apontaria para a prática do exame educacional. A prática social e educacional vigente
pressupõe a educação como uma máquina de conservação e reprodução da sociedade, sendo o autoritarismo necessário para garantir esta prática. Emergindo
desse processo a avaliação manifesta-se de forma autoritária, ou seja, em forma de exames. Estando a atual prática dos exames educacionais à disposição de
uma ideologia conservadora da sociedade e da educação, com intuito de dominar e controlar seres humanos com a aprendizagem e o ensino, é necessário
promover a alteração deste fenômeno instituído. Para tanto é imperativo instaurar elementos instituintes que preconizem situar tal prática em outro contexto,
ou seja, colocar a avaliação da aprendizagem educacional a serviço de uma pedagogia que compreenda e se preocupe com a educação como prática
emancipatória, possibilitando transformação social.
AVALIAÇÃO PARA A INCLUSÃO NO CONTEXTO DA DIVERSIDADE
MARASELLA DEL CÁRMEN SILVA RODRIGUES MACEDO – UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
Pretende-se com este trabalho refletir sobre a avaliação da aprendizagem escolar como instrumento de inclusão a partir da análise dos paradigmas que
sustentam a educação inclusiva e dos conceitos que permeiam a avaliação. Através de um estudo teórico, aspira-se discutir aspectos relevantes que possibilitam
ou dificultam a consolidação do processo de avaliação para a diversidade em torno da seguinte questão: como avaliar para a inclusão, considerando as
diferenças, sem relativizá-las ou centrá-las apenas nas limitações físicas, intelectuais, mentais ou sociais? Adotou-se como referencial teorias críticas na intenção
de superar uma visão determinante acerca das características físicas, mentais, de gênero, raciais ou sociais, com vistas a interpretar os processos de mediação
entre o aluno e seu meio a partir da ação. A avaliação é um processo constitutivo ao ato educativo, é ação política que deve ser construída coletivamente na
intenção de formar cidadãos, conscientes de seu papel em uma sociedade diversa. Embora a inclusão intente responder a esta diversidade, tem sido
interpretada pelos integrantes dos sistemas de ensino como uma prática voltada apenas à educação especial. Propor uma escola inclusiva pressupõe o respeito
à diversidade humana, o que implica a relevância da conquista de direitos. Destacam-se nesta discussão os acontecimentos nacionais e internacionais que
versam sobre a questão: a proclamação da Declaração dos Direitos Humanos; a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, a Declaração de Salamanca; a
Constituição Federal do Brasil; o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Convenção da Guatemala, a Conferência da Rede Ibero-Americana de Organizações
Não Governamentais de Pessoas com deficiência e suas Famílias, as leis, decretos, resoluções e pareceres e demais documentos resultantes destes movimentos.
A despeito da existência de mecanismos legais que traduzam a garantia de direitos, sua implantação imediata pode ser comprometida devido às concepções de
mundo dos atores envolvidos, pautadas em paradigmas que resultam em processos de estigmatização das pessoas que apresentam diferenças significativas.
Estudos apontam a estigmatização como forma de atribuição de rótulos, ocasionando graves consequências que se prolongam por toda a vida dos indivíduos
impedindo-os de viver dignamente em sociedade por serem consideradas desviantes. O “padrão desviante” analisado neste estudo compreende tanto os alunos
com deficiência, quanto àqueles que apresentam altas habilidades ou outras especificidades. A avaliação escolar tem sido utilizada como forma de reforçar as
diferenças, quando objetiva apenas a classificação e não como uma possibilidade de identificação de avanços reais na vida dos estudantes. Adotada desta
maneira obtém-se o reforço da exclusão daqueles que não se enquadram no modelo estabelecido pela escola que, em geral, polariza a prática pedagógica
através de provas e exames. As práticas escolares exclusivas prevalecem apoiadas em concepções que desconsideram o potencial humano em sua plenitude, a
capacidade que os alunos possuem de agirem como sujeitos de sua própria conduta. As formas de apropriação do conhecimento não dependem dos aspectos
biológicos ou limitações dos indivíduos, mas da sua relação com a cultura e a sociedade construídas historicamente.
A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL: INSTRUMENTO PARA PROMOÇÃO DE APRENDIZAGEM
DEUSODETE RITA DA SILVA AIMI – UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
A Educação Especial, que tradicionalmente foi constituída como um modelo de educação segregada tem se voltado nos últimos anos para uma educação
inclusiva, esta proposta ganhou força a partir da metade dos anos de 1990 com a divulgação de alguns documentos, como por exe mplo, a Declaração de
Salamanca. Este documento propõe que todas as pessoas com deficiência, transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, devem ser
matriculados e atendidos nas escolas de educação básica, pois estas constituem meios capazes para combater a discriminação e auxiliar a todos a construir
competências e condições de autonomia. Dessa forma a educação especial vem se modificando, deixando de ser restrita ao atendimento direto aos estudantes
com deficiência, passando a ser uma modalidade que perpassa todas as séries de escolarização atuando prioritariamente como um apoio à escola de educação
básica no atendimento aos estudantes da educação especial como prevê a lei 9394/96 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, através do Atendimento
Educacional Especializado conforme decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008. Diante desta realidade é necessário criar espaços de reflexão com o intuito
de garantir o direito a uma educação de qualidade aos estudantes com deficiência, uma vez que a matrícula já está sendo garantida. Deste modo, a avaliação
tem papel fundamental na vida escolar destes estudantes, pois é através e a partir dela que professores e alunos poderão refletir e avançar rumo à construção
de competências e habilidades em busca da autonomia. Este trabalho visa expor algumas reflexões sobre as funções da avaliação para alunos com deficiência,
no intuito de colaborar com o esclarecimento de algumas questões, como por exemplo, como se avaliar alunos com diferentes níveis de aprendizagem presentes
na mesma turma ou série? Quais ferramentas utilizar para avaliar aqueles que ainda não estão alfabetizados? Qual a melhor proposta de avaliação para que os
alunos com grandes limitações ou altas habilidades possam ter êxito na aprendizagem? Para responder a estas questões o presente estudo reúne as
contribuições de autores que se situam na abordagem crítica tanto no que se refere à avaliação, defendendo-a como um instrumento de promoção para a
aprendizagem dos estudantes; quanto à educação especial que orientam a olhar o estudante, com deficiência ou não, como um ser que aprende ao entrar em
contato com o outro e com o conhecimento.
10h30-12h30
A PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL E SUAS CONTRIBUIÇÕES EM DIVERSOS CONTEXTOS
D-67 - Sala 106
Coordenação: PATRÍCIA VAZ DE LESSA- UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Este simpósio tem como objetivo discutir as contribuições da Psicologia Histórico-Cultural em diversos contextos, apresentando trabalhos desenvolvidos na
Educação, no SUAS e uma analise de recursos midiáticos em sala de aula. O primeiro trabalho tem como objetivo a apresentação dos resultados da pesquisa
realizada em 2008/2010 que objetivou identificar e analisar as práticas desenvolvidas pelos psicólogos na rede pública do Estado do Paraná e examinar como
ocorre o processo de atendimento às queixas escolares no grupo investigado, assim como compreender em que medida os profissio nais apresentavam
elementos de uma concepção crítica na forma de atuação, partindo do aporte teórico da Psicologia Histórico-Cultural. Na segunda apresentação, considerando
que é recente a participação da Psicologia junto às Políticas Públicas de Assistência Social no Brasil, foi delimitado como objetivo apresentar as contribuições que
o referencial teórico da Psicologia Histórico-Cultural oferece ao Psicólogo que trabalha junto às políticas públicas de assistência social que atendem a crianças
entre zero e seis anos. Na terceira apresentação, o trabalho pretende refletir o processo de humanização na perspectiva Histórico –Cultural a partir do filme “O
Enigma de Kaspar Hauser”, um drama com base em fatos ocorridos, no século XIX na Alemanha e narrado na obra dirigida por Werner Herzog. Neste sentido,
estamos na defesa de que a Psicologia Histórico-Cultural pode oferecer numerosas contribuições, fornecendo argumentos teóricos para o desenvolvimento de
práticas e intervenção do psicólogo em diversos contextos permeados pela educação.
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO ENSINO PÚBLICO DO PARANÁ: CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL
PATRÍCIA VAZ DE LESSA – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Esta apresentação relata resultados de pesquisa realizada em 2008/2010 que objetivou identificar e analisar as práticas desenvolvidas pelos psicólogos na rede
pública do Estado do Paraná e examinar como ocorre o processo de atendimento às queixas escolares no grupo investigado. Atentamo-nos, também, para
compreender em que medida os profissionais apresentavam elementos de uma concepção crítica na forma de atuação, partindo do a porte teórico da Psicologia
Histórico-Cultural. A pesquisa passou por duas fases: aplicação de questionário, das quais participaram 95 psicólogos e realização de entrevistas, na qual foram
selecionados nove profissionais que demonstraram, nas respostas dos questionários, elementos que compõe uma concepção crítica de atuação. Em relação aos
resultados obtivemos os seguintes dados: das 350 cidades que entramos em contato, localizamos 291 cidades que têm psicólogos e considerando que existem
cidades que possuem mais de um psicólogo, no total foram localizados 385. Consideramos que os profissionais vivenciam um momento de transição, pois
percebemos, na pesquisa, que existe um movimento de avanço nas práticas e na compreensão das queixas escolares, evidenciadas nas ações que envolvem
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todo o contexto escolar, que buscam superar a visão tradicional, com enfoque clínico, caminhando em direção a uma atuação que eleve em contar os
determinantes histórico-culturais que produzem estas queixas.
CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA HISTORICO-CULTURAL PARA O PSICOLOGO QUE TRABALHA JUNTO AO SUAS
CLARICE REGINA CATELAN FERREIRA – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
É bastante recente a participação da Psicologia junto às Políticas Públicas de Assistência Social no Brasil. E numerosas são as contribuições que podem ser
oferecidas por esta área de conhecimento, tanto participando e oferecendo argumentos teóricos para a formulação de tais políticas como mediante a
intervenção do psicólogo. Constatamos, entretanto, que os documentos legais que regulamentam tais políticas não explicitam claramente o que o psicólogo é
convidado a fazer e quais são os fundamentos teóricos de tal proposta. Levando estes aspectos em consideração, o objetivo deste trabalho é apresentar as
contribuições que o referencial teórico da Psicologia Histórico-Cultural oferece ao Psicólogo que trabalha junto às políticas públicas de assistência social que
atendem a crianças entre zero e seis anos. Em um primeiro momento discorremos sobre o desenvolvimento das Políticas Públicas de Assistência Social no Brasil,
dando destaque ao atendimento à infância. Em seguida, apresentamos como se dá o desenvolvimento infantil no período entre zero e seis anos, tomando por
base autores da Psicologia Histórico-Cultural. Por fim, realizamos uma discussão acerca da atuação proposta ao psicólogo conforme os documentos legais e
como alguns pressupostos da Escola de Vigotski podem subsidiar o profissional que atua junto a esta política. A título de conclusão, consideramos que é
necessário empreender uma análise crítica das políticas públicas de assistência social da atualidade, questionando em que medida elas contribuem o u não para
o processo de emancipação dos indivíduos. Defendemos a idéia de que trabalhar com políticas públicas de assistência soc ial, sobretudo às voltadas à infância,
exige dos profissionais um amplo conhecimento do desenvolvimento humano como categoria histórica. Os pressupostos da Escola de Vigotski podem contribuir
para uma proposta de atuação com vista à humanização e, desta forma, colaborar para a transformação da consciência das pessoas atendidas pelos psicólogos
vinculados às políticas públicas de assistência social.
A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS MIDIÁTICOS EM SALA DE AULA, COMO INSTRUMENTO VIABILIZADOR DA APROPRIAÇÃO DA TEORIA HISTÓRICO
- CULTURAL
LUCIA CONCEIÇAO GOLLNER MEDEIROS MOREIRA –UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Este trabalho pretende refletir o processo de humanização na perspectiva Histórico –Cultural a partir do filme “O Enigma de Kaspar Hauser” um drama com base
em fatos ocorridos, no século XIX na Alemanha e narrado na obra dirigida por Werner Herzog. Para a Teoria Histórico-Cultural, metodologia defendida neste
trabalho, o desenvolvimento do homem, de espécie a gênero humano, e de gênero humano a ser genérico particular, não está submetido ao acervo inato. Esta
condição será superada pelo reequipamento cultural fornecido no processo educacional. O homem é um ser social, é um indivíduo histórico que necessita ser
mediado adequadamente, aprender no coletivo a se apropriar dos conhecimentos transmitidos, da cultura como processo de desenvolvimento psíquico. O
aprendizado provoca o desenvolvimento dos processos internos ao mesmo tempo em que faz uma ponte entre aquilo que é interno do indivíduo com os
conceitos que a sociedade historicamente lhe transmite. O homem para Vigotski necessita articular os pensamentos com a linguagem, funções cruciais para o
desenvolvimento das funções psicológicas superiores, o que torna diferente dos demais animais. Kaspar Hauser aprende a se relacionar consigo mesmo e com
outro através das relações sociais na e pela a linguagem se constitui sujeito deixando de ser um selvagem, um doente mental, se humaniza de fato.
10h30-12h30
O DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA EM ESPAÇOS EDUCATIVOS: OLHARES POSSÍVEIS DA PSICOLOGIA
D-67 - Sala 107
FINANCIADOR: CAPES / CNPq
Coordenação: ANA PAULA PETRONI - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
A presente mesa tem como proposta apresentar discussões que vêm sendo realizadas por meio de pesquisas desenvolvidas no grupo de pesquisa Processos de
Constituição dos Sujeitos em Práticas Educativas (PROSPED), do Programa de Pós-graduação em Psicologia da PUC Campinas. Os três trabalhos se
complementam na medida em que buscam compreender de que maneira o psicólogo pode contribuir para o desenvolvimento do sujeito, sendo este entendido
como permanente. isso se torna possível na medida em que promove-se formas de acerssar os sujeito e possibilita-se espaços de reflexão e conscientização.
Além disso, apontam para uma nova maneira de acessar o sujeito. A base teórico-metodológica da Psicologia Histórico-cultural, em especial os postulados por
Vigotski, também permitem a aproximação dessas discussões. No trabalho “A arte como materialidade mediadora no desenvolvimento de consciência da equipe
gestora”, discute-se a possibilidade de atuação do psicólogo junto aos membros da direção, utilizando-se da arte como forma de acessar esses sujeitos. Em “A
síntese como instrumento mediador da promoção de consciência da equipe gestora”, encontra-se na síntese elaboradas por meio das gravações de encontros,
uma maneira de promover um movimento de reflexão dos sujeitos, como forma de configuração de novos sentidos quanto à sua prática, promovendo o
desenvolvimento de sua consciência. Por fim, no trabalho intitulado “Educação permanente de profissionais da Saúde: contribuições da Psicologia Históricocultural”, é feita uma reflexão acerca de uma proposta de educação permanente de profissionais da área da Saúde que demonstrou a necessidade de se pensar
em novas formas de possibilitar a esses sujeitos o acesso aos conhecimentos teóricos e práticos que viabilizem o desenvolvime nto de sua consciência e de
práticas mais efetivas.
A ARTE COMO MATERIALIDADE MEDIADORA NO DESENVOLVIMENTO DE CONSCIÊNCIA DA EQUIPE GESTORA
ANA PAULA PETRONI – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
O trabalho desenvolvido pelo psicólogo nas escolas vem sendo, há muito tempo, ponto de discussão em várias pesquisas. A exper iência de cinco anos em uma
escola de ensino fundamental de uma cidade do interior de São Paulo, após vários trabalhos desenvolvidos com alunos e professores, têm obtido resultados que
não revelam melhoria significativa nas práticas, apesar de todo o investimento e das mudanças propostas. Esse movimento de resistência, que parecia sustentar
a não-mudança dos professores, instigou a realização do presente trabalho. Considerando a escola como um espaço coletivo por natureza e o conhecimento que
se tem da importância da liderança para o funcionamento de um grupo, buscou-se desenvolver uma pesquisa-intervenção junto à equipe gestora. A direção é
fundamental para o estabelecimento das relações, promover espaços para o estabelecimento da coletividade, do respeito, já que lida diretamente com a
diversidade de professores, orientadores pedagógicos, alunos e famílias. Sendo assim, o objetivo que se apresenta é o de buscar compreender quais formas de
arte promovem vivências que resultem em desenvolvimento da consciência. Toma-se como base teórica e metodológica os pressupostos de Vigotski e Leontiev,
representantes da Psicologia Histórico-cultural, e de Wallon, que também se fundamenta no materialismo dialético para a formulação de seus pressupostos.
Esses autores permitem compreender a importância dos afetos e do social na constituição do sujeito, em um processo em que ambos (sujeito e social)
constituem-se mutuamente. As vivências são entendidas como reações internas singulares que vão além da experiência em uma determinada situação; a
vivência não se separa do sentido configurado pelo sujeito. É essa característica que possibilita a promoção da consciência, na medida em que se compreende
um sujeito consciente como aquele que sabe de si, de seu modo de funcionar, e de ver-se como produtor e produto de sua atividade no mundo. Nesse
movimento, a arte, em suas várias formas, tem se apresentado como materialidade mediadora (materialidade porque se trata de símbolos da cultura, e
mediadora porque acreditamos que seu uso pode acessar a subjetividade dos sujeitos, favorecendo sua expressão e promovendo o desenvolvimento da
consciência de si e do outro) na promoção do desenvolvimento da consciência dos gestores. Como procedimento de coleta de dado s, foram realizados
encontros semanais com a participação de um diretor, um vice-diretor e dois orientadores pedagógicos, nos quais foram realizadas atividades de apreciação e
reflexão sobre diversas formas artísticas, como música, poesia, pinturas e fotografias, além de filmes. Realizaram-se atividades envolvendo o fazer artístico como
proposta de releitura. Os encontros foram gravados em áudio, e resultavam em uma síntese semanal, lida no início do encontro seguinte. Complementando os
procedimentos, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com os gestores, visando a aprofundar e explorar algumas informações. Resultados preliminares
indicam que algumas materialidades mediadoras favorecem mais que outras o contato do sujeito com suas emoções, possibilitando que o sujeito realize um
movimento de conscientização, pois são colocados para refletir sobre si mesmos e sobre os outros de suas relações.
A SÍNTESE COMO INSTRUMENTO MEDIADOR DA PROMOÇÃO DE CONSCIÊNCIA DA EQUIPE GESTORA
LILIAN APARECIDA CRUZ DUGNANI – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
O trabalho com a equipe gestora possibilita a um só tempo: promover espaços de reflexão, visando a compreensão dos modos que estes atores contribuem
para a construção, sustentação e transformação das relações no contexto escolar, sobretudo com alunos, pais e professores ; e o estabelecimento de uma
parceria que promova a inserção do psicólogo como profissional reconhecidamente necessário para o desenvolvimento de relações saudáveis e que promovam
o bem estar na escola. Esta pesquisa adota como referencial teórico-metodológico os pressupostos da Psicologia Histórico-cultural, sobretudo os de Vigotski.
Para o autor a palavra é a expressão do pensamento, mas essa expressão não ocorre de forma direta ou por processos simples, ao contrário disso, para que
possa ser comunicado por meio de palavras o pensamento segue um caminho complexo e heterogêneo. O diálogo, como expressão do pensamento em fala
externa, segue um movimento dialético, no qual o motivo apresentado pelo outro gera o motivo de fala do sujeito, que gera o motivo de fala do outro e assim
sucessivamente. É preciso planejar, imaginar a reação do interlocutor, realizar um rascunho mental e escolher as palavras. Nota-se um elaborado processo de
planejamento e abstração na sustentação dos diálogos, contudo a velocidade impingida a esse processo não oferece ao sujeito tempo para escolhas ou
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deliberações muito elaboradas, sobretudo no que concernem as palavras que materializarão o seu pensamento. O lócus da pesquisa é uma escola pública de
ensino fundamental, no interior de São Paulo. Os dados foram colhidos em encontros semanais, no período de um ano com os gestores da escola. Todos os
encontros foram gravados em áudio e, após audições e transcrições, eram produzidas as sínteses. O encontro iniciava com a leitura da síntese, que contém ao
seu final os sentidos apreendidos pelas pesquisadoras no encontro anterior. Estes são discutidos pelo grupo e, muitas vezes, novos sentidos emergem desse
momento. Análises preliminares indicam que a síntese funciona como um espelho para os gestores na medida em que lhes possibilita se deparar com o que foi
dito anteriormente, por si e pelos outros e se confrontar com suas contradições. A síntese favorece o início de um processo de reflexão que pode promover a
consciência no que se refere à unidade dos aspectos contraditórios como constituintes dos sujeitos e do contexto escolar. Ao tomar contato, por meio da
leitura, com o que o foi dito e com os sentidos configurados, os sujeitos podem refletir sobre si, sobre os outros e sobre as relações estabelecidas, e desse
modo, reconfigurar novos sentidos e atribuir novos significados sobre as suas funções no contexto escolar.
EDUCAÇÃO PERMANENTE DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE: CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL
LÚCIA MARIA PISSOLATTI DA SILVA – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
Esta pesquisa analisa uma proposta de educação permanente de profissionais da saúde, implantada em uma instituição pública voltada ao tratamento de
pacientes com transtorno mental em situação de internação. Os problemas detectados pela área gerencial nas rotinas e procedimentos realizados pela equipe
de assistência, indicam a necessidade de aprofundar conhecimentos teórico-práticos relativos ao atendimento dos pacientes e a ampliação no espaço de
formação permanente da reflexão sobre a prática, além do oferecimento de vivências que permitam a expressão das emoções pelos profissionais em formação.
Detecta-se, inicialmente, problemas no processo de comunicação interna o que impacta diretamente a qualidade do atendimento prestado e reflete no trabalho
em equipe, também se verifica sinais de adoecimento e sofrimento presentes em uma parcela significativa de trabalhadores. O que nos leva a questionar sobre
as vivências promotoras deste sofrimento e quais ações de formação poderiam promover a superação de tais problemas, em que medida a vivência pela via da
arte promove a conscientização e expressão de emoções e sentimentos que levam ao desenvolvimento da consciência de si como sujeito histórico, do seu papel
profissional, dos efeitos do seu trabalho no outro,e das condições em que o trabalho ocorre? Em que medida a Psicologia pode contrib uir neste cenário? Para
compreender essas questões, tomamos como base os postulados de Vigotski, principal representante da Psicologia Histórico-cultural, em especial o conceito de
vivência e a fundamentação que o autor nos dá para o uso da arte como promotora de uma vivência. A partir da nossa experiência no grupo de pesquisa,
acreditamos que o uso da arte em forma de artes visuais, dança e música possa se constituir como expressão destes profissionais em espaço de educação
permanente. A análise deste processo é o que se busca neste trabalho.
10h30-12h30
POLÍTICAS PÚBLICAS E PRÁTICAS EM PSICOLOGIA ESCOLAR: NO HIATO ENTRE INTENÇÃO E REALIDADE
D-67 - Sala 108
Coordenação: IZABELLA MENDES SANT ANA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
O intuito desta mesa redonda é apresentar experiências e estudos realizados pelas autoras, desenvolvidos em escolas públicas de Educação Infantil e Ensino
Fundamental de dois municípios do interior, um do estado de São Paulo e outro de Minas Gerais, analisando a partir de referenciais críticos as relações e/ou
impactos de algumas políticas públicas nesses contextos. As proponentes são docentes e pesquisadoras da PUC-Campinas, Universidade Federal de São Carlos e
Universidade Federal de São João del-Rei, e a maior parte integra o Grupo de Trabalho em Psicologia Escolar e Educacional da Associação Nacional de Pesquisa e
Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP). Também são responsáveis pela supervisão de estágio em Psicologia Escolar/Educacional nas instituições de Ensino
Superior. A proposta desta mesa adotará a seguinte ordem de apresentação: primeiramente, Adinete Mezzalira abordará a relação entre cotidiano escolar e
promoção desenvolvimento da criança, no âmbito da política de Educação Infantil, analisando situações que podem influenciar essa relação. Em seu trabalho, a
autora ressalta a necessidade de se superar as dificuldades verificadas no contexto educativo, por meio de um trabalho integrado dos educadores, além da
concretização de ações que visem promover, de fato, o desenvolvimento psicossocial dos alunos. Em seguida, Izabella Sant’Ana e Maria Teresa Albergaria
relatarão a experiência desenvolvida pelo Serviço de Psicologia Escolar junto a alunos do Ensino Fundamental, no contexto de implementação da política de
aceleração de aprendizagem em um município mineiro, discutindo os avanços, as dificuldades e as contradições verificadas neste processo. As principais
considerações das autoras referem-se à importância da preparação e do acompanhamento efetivo às escolas, da orientação e do suporte eficiente aos
educadores, além da avaliação cuidadosa sobre a efetivação de políticas desta natureza visando não fortalecer mecanismos de exclusão e de perpetuação do
fracasso escolar nos contextos educativos. Por último, Mara Weber enfocará os valores preconizados no Estatuto da Criança e do Adolescente, quanto às noções
de liberdade, dignidade e respeito, e como são vivenciados no contexto de uma escola de Educação Infantil, a partir da percepção do psicólogo escolar. A autora
discute que os valores e os direitos das crianças precisam ser garantidos efetivamente no âmbito educativo e que o psicólogo escolar pode contribuir para esse
objetivo, com base em um compromisso político de transformação social.
O PSICÓLOGO ESCOLAR E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
ADINETE SOUSA DA COSTA MEZZALIRA – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
Este trabalho buscou identificar algumas situações do cotidiano escolar e/ou elementos da realidade que dificultam o acompanhamento e a promoção do
desenvolvimento das crianças no contexto da Educação Infantil. O embasamento teórico da pesquisa está delineado em três eixos de discussão: o primeiro
considera aspectos importantes sobre a política de Educação Infantil no Brasil; o segundo faz uma breve explanação sobre a Psicologia do Desenvolvimento; e o
terceiro considera alguns elementos importantes sobre a Psicologia na Educação e o seu papel na promoção do desenvolvimento. Esse estudo faz parte da tese
de Doutorado da autora e foi desenvolvido em uma escola pública de Educação Infantil, localizada em um município do Estado de São Paulo. Com vista a analisar
dados mais próximos do cenário de pesquisa, no caso a escola, foram utilizados 209 diários de campo, no período de 2004 a 2008, como fonte de inf ormação.
Nos diários de campo foram registrados os episódios e ou situações ocorridas na escola, tais como: as opiniões das educadoras sobre a escola, a família e a
criança, as formas de interações sociais estabelecidas entre os educadores e as famílias, bem como a maneira dos educadores a tuarem junto às crianças. Diante
destas informações registradas realizou-se uma análise construtiva-interpretativa, extraindo os elementos ou situações que poderiam interferir na concretização
da promoção do desenvolvimento integral das crianças, de acordo com a interpretação da pesquisadora. Portanto, baseado em fatos concretos ocorridos na
escola, foi possível identificar a partir dos relatos das professoras, que a dificuldade em desenvolver atividades pedagógicas em conjunto, a ausência de suporte
pedagógico da equipe gestora, a implantação da política de agrupamento na Educação Infantil e as decisões da equipe gestora sem a participação das
professoras, podem se configurar como elementos que as impedem de realizar um trabalho mais efetivo visando à promoção do desenvolvimento das crianças
na escola. Com relação aos relatos das monitoras, foi possível identificar os seguintes fatores: o grande número de crianças por educador e o contexto de
violência em que a criança estava inserida. Além desses fatores, foram identificadas outras situações que poderiam estar relacionadas à dificuldade dos
educadores em desenvolver atividades que possibilitassem o desenvolvimento integral da criança, a partir da análise das observações da pesquisadora
registradas nos diários de campo. Assim, com base nessa perspectiva, foram acrescidos aos fatores já arrolados, mais três situações: as críticas destrutivas e/ou
descrédito ao trabalho do educador, espaço de trabalho docente pouco aproveitado pela escola e as relações conflituosas entre a escola e a família. Em geral, os
resultados apontaram a urgência em focalizar ações direcionadas à Educação Infantil que promovam o desenvolvimento, tendo em vista que a precariedade nos
serviços oferecidos nesse segmento tem atingido diretamente o bem-estar físico, social e psicológico das crianças. Outro aspecto constatado nesta pesquisa foi a
necessidade de o psicólogo escolar participar do planejamento de atividades pedagógicas direcionadas às necessidades das crianças, contribuindo com os seus
conhecimentos sobre o desenvolvimento infantil.
A INTERVENÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR JUNTO ÀS CLASSES DE ACELERAÇÃO: POSSIBILIDADES E DESAFIOS
IZABELLA MENDES SANT ANA – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
O projeto de Aceleração da Aprendizagem “Acelerar para Vencer” (PAV) é uma política que foi implementada pela Secretaria Estadual de Educação de Minas
Gerais em 2008, inicialmente no norte do estado e depois foi ampliada, em caráter emergencial, para toda rede estadual de ensino. A implantação de
programas de aceleração da aprendizagem tem sido uma das ações propostas pelos sistemas de ensino visando enfrentar o fracasso ou exclusão escolar.
Todavia, estudos apontam que estes programas estão baseados em critérios de produtividade e de racionalidade econômica, voltando-se exclusivamente a
taxas de desempenho (dados quantitativos) e não no cotidiano (processo) em que são produzidos os problemas de evasão e repetência nas escolas públicas.
Este trabalho visa apresentar as ações desenvolvidas pelo Serviço de Psicologia Escolar, vinculado a projetos de extensão da Universidade Federal de São João
del-Rei, junto a classes de aceleração em duas escolas da rede estadual de ensino de um município mineiro, e analisar as possibil idades e desafios presentes
neste processo. Participaram destas intervenções duas turmas de aceleração, sendo uma com 24 alunos dos anos iniciais e outra com 28 alunos do 6º e 7º anos,
ambas do Ensino Fundamental, além de professores e equipe gestora. O trabalho desenvolvido com a turma de aceleração dos anos iniciais envolveu: análise do
histórico escolar; realização de encontros e de atividades - individualmente e com pequenos grupos de alunos; promoção de oficinas para a turma, bem como
conversas com professoras e com pais. Na turma de aceleração dos anos finais foram realizados oito encontros com todos os alu nos, abordando os seguintes
temas: identidade, autoconceito, percepções sobre o projeto de aceleração e o processo de escolarização, e planos para o futuro. Em termos gerais, os
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resultados obtidos abrangeram a participação positiva dos alunos nas atividades propostas e alguns avanços no processo de escolarização, especialmente
quanto à alfabetização dos alunos menores. Ademais, os dados referentes aos alunos do 6o e 7o anos envolveram aspectos relativos a projetos futuros, mas
também dificuldades existentes na comunidade e na escola,: pobreza; violência; indisciplina; problemas na relação entre alunos e professores; e discriminação
em relação à turma do PAV. Como problemas ocorridos na efetivação do projeto de aceleração, destacamos: mudança excessiva de docentes; conflitos na
relação professor-aluno; existência de visões negativas da escola referentes às turmas de aceleração; e ação pedagógica fragmentada, sem orientação e apoio
institucional necessário e que, devido às dificuldades encontradas, não conseguiu os avanços esperados no processo de aprendizagem dos alunos. Conclui-se
que as intervenções em Psicologia Escolar junto aos alunos das turmas do PAV nos possibilitaram conhecê-los, entender suas dificuldades e propor atividades
que contribuíssem para a compreensão, problematização e superação das mesmas. No entanto, discute-se que a forma com que esta política foi implementada
nas escolas em questão, sem estrutura, suporte e acompanhamento adequados, provocou inúmeros problemas para os educadores e especialmente para os
alunos envolvidos, fortalecendo a existência de percepções e sentimentos de desvalorização e o recrudescimento do fracasso escolar nestes contextos.
A INTERVENÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR JUNTO ÀS CLASSES DE ACELERAÇÃO: POSSIBILIDADES E DESAFIOS
MARIA TERESA ANTUNES ALBERGARIA – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI
O projeto de Aceleração da Aprendizagem “Acelerar para Vencer” (PAV) é uma política que foi implementada pela Secretaria Estadual de Educação de Minas
Gerais em 2008, inicialmente no norte do estado e depois foi ampliada, em caráter emergencial, para toda rede estadual de ensino. A implantação de programas
de aceleração da aprendizagem tem sido uma das ações propostas pelos sistemas de ensino visando enfrentar o fracasso ou exclusão escolar. Todavia, estudos
apontam que estes programas estão baseados em critérios de produtividade e de racionalidade econômica, voltando-se exclusivamente a taxas de desempenho
(dados quantitativos) e não no cotidiano (processo) em que são produzidos os problemas de evasão e repetência nas escolas públicas. Este trabalho visa
apresentar as ações desenvolvidas pelo Serviço de Psicologia Escolar, vinculado a projetos de extensão da Universidade Federal de São João del-Rei, junto a
classes de aceleração em duas escolas da rede estadual de ensino de um município mineiro, e analisar as possibilidades e desafios presentes neste processo.
Participaram destas intervenções duas turmas de aceleração, sendo uma com 24 alunos dos anos iniciais e outra com 28 alunos do 6º e 7º anos, ambas do
Ensino Fundamental, além de professores e equipe gestora. O trabalho desenvolvido com a turma de aceleração dos anos iniciais envolveu: análise do histórico
escolar; realização de encontros e de atividades - individualmente e com pequenos grupos de alunos; promoção de oficinas para a turma, bem como conversas
com professoras e com pais. Na turma de aceleração dos anos finais foram realizados oito encontros com todos os alunos, abordando os seguintes temas:
identidade, autoconceito, percepções sobre o projeto de aceleração e o processo de escolarização, e planos para o futuro. Em termos gerais, os resultados
obtidos abrangeram a participação positiva dos alunos nas atividades propostas e alguns avanços no processo de escolarização, especialmente quanto à
alfabetização dos alunos menores. Ademais, os dados referentes aos alunos do 6o e 7o anos envolveram aspectos relativos a projetos futuros, mas também
dificuldades existentes na comunidade e na escola,: pobreza; violência; indisciplina; problemas na relação entre alunos e professores; e discriminação em
relação à turma do PAV. Como problemas ocorridos na efetivação do projeto de aceleração, destacamos: mudança excessiva de doc entes; conflitos na relação
professor-aluno; existência de visões negativas da escola referentes às turmas de aceleração; e ação pedagógica fragmentada, sem orientação e apoio
institucional necessário e que, devido às dificuldades encontradas, não conseguiu os avanços esperados no processo de aprendizagem dos alunos. Conclui-se
que as intervenções em Psicologia Escolar junto aos alunos das turmas do PAV nos possibilitaram conhecê-los, entender suas dificuldades e propor atividades
que contribuíssem para a compreensão, problematização e superação das mesmas. No entanto, discute-se que a forma com que esta política foi implementada
nas escolas em questão, sem estrutura, suporte e acompanhamento adequados, provocou inúmeros problemas para os educadores e especialmente para os
alunos envolvidos, fortalecendo a existência de percepções e sentimentos de desvalorização e o recrudescimento do fracasso escolar nestes contextos.
VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
MARA A. LISSARASSA WEBER – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
O profissional de Psicologia, inserido na escola, precisa conhecer as políticas públicas que dizem respeito às pessoas com as quais trabalha para que elas possam
fazer parte do cotidiano ou para articular momentos de questionamento e discussão sobre aquilo que está determinado legalmente. A conscientização precisa
ser sua meta para auxiliar as pessoas a superarem sua identidade alienada, tanto pessoal como social, transformando as condiç ões opressivas do seu contexto. A
Psicologia Escolar deve sair das ações fundadas no modelo clínico para trabalhos mais preventivos e comunitários, além da intervenção grupal. O envolvimento
do Psicólogo Escolar com as políticas públicas pode atingir um grau maior de compromisso e atuação abrindo espaços para a discussão da violação e da garantia
dos direitos dessa população com pais, educadores e crianças. Assim, nos propomos nesse estudo perceber se os valores da doutrina do Estatuto da Criança e do
Adolescente ( ECA) – liberdade, dignidade e respeito – faziam parte da vida da criança, principalmente no ambiente escolar. Essa pesquisa foi realizada em uma
escola pública de educação infantil de um município de grande porte do interior paulista. Durante o nosso período de inserção na escola elaboramos,
sistematicamente, diários de campo das nossas atividades, onde, dentre vários outros aspectos, buscávamos enfocar como percebíamos a vivência dos três
valores do ECA no cotidiano escolar das crianças. Tendo como base a definição apresentada pelo ECA da liberdade, dignidade e respeito e os diários de campo
produzidos elaboramos dimensões teóricas que pudessem discutir o tema proposto. A liberdade pode ser expressa pela dimensão a atuação do psicólogo escolar
na educação infantil. A dimensão o psicólogo escolar e as políticas públicas serviu para fazermos a discussão do direito ao respeito. Já a dignidade foi discutida a
partir da dimensão inserção do psicólogo escolar nas redes de proteção à criança. Na dimensão referente à liberdade ficou evidente a necessidade de
aproximação entre a família e a escola, podendo essa interação ser mediada pelo psicólogo, tendo havido momentos de garantia e de violação. A criança teve
seu direito ao respeito mais violado do que garantido na escola e o psicólogo escolar precisa trabalhar com os educadores, para auxiliar na implementação de
políticas públicas para a garantia do respeito à criança. A dignidade foi violada, basicamente, por meio da violência psicológica sofrida pela criança, quando
educadores a tratavam de forma hostil, humilhante, ou quando se percebia situações de violência que haviam ocorrido em casa e não se tomava nenhuma
atitude para protegê-la. Assim, o psicólogo ao se inserir nas redes de apoio poderá contribuir para que esse direito seja garantido. A prática nos mostrou que a
violação aos direitos esteve mais presente do que a garantia e o psicólogo escolar, comprometido com a transformação social pode se inserir para tentar
modificar essa situação. Apoio Financeiro: CAPES
10h30-12h30
EDUCAÇÃO E TRABALHO: A PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADES E A REPRODUÇÃO DE DESIGUALDADES
D-67 - Sala 109
Coordenação: ROBERTA KAFROUNI - UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ/UNIVERSIDADE POSITIVO
O simpósio aqui proposto tem por objetivo discutir e problematizar as relações e contradições entre educação e trabalho e seu impacto na produção de
subjetividades que perpetuam a desigualdade. Esta temática surgiu das pesquisas de pós-graduação das participantes do simpósio. A três pesquisas, embasadas
na abordagem histórico-cultural, foram realizadas junto à população jovem e carente. Estas pesquisas demonstraram o papel da relação entre educação na
constituição das subjetividades. Um ponto em comum destas pesquisas foi a identificação de um processo de culpabilização cons tituído pelos próprios jovens
participantes da pesquisa. Suas trajetórias educacionais tanto no ensino regular quanto no ensino voltado especificamente ao aprendizado de habilidades
demandadas pelo mercado de trabalho contribuíram para a produção de sujeitos que atribuíram exclusivamente a si mesmos a culpa pela dificuldade de acesso
ao mundo do trabalho formal. Estes significados internalizados legitimam o processo de exclusão e revelam o aspecto subjetivo de uma realidade marcada pela
desigualdade.
RELAÇÕES ENTRE TRABALHO E EDUCAÇÃO NA PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADES
ROBERTA KAFROUNI – UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ/UNIVERSIDADE POSITIVO
Esta apresentação tem por objetivo discutir as relações entre trabalho e educação presentes nos relatos de jovens aprendizes atendidos por um programa social
da cidade de Curitiba. Os resultados são parte da pesquisa de doutorado da autora com o título “A dimensão subjetiva da vivência de jovens em um programa
social – contribuições à análise das políticas públicas para a juventude”. Nesta pesquisa procurou-se analisar, a partir da perspectiva histórico-cultural, a
dimensão subjetiva da realidade vivenciada por jovens que faziam parte de um programa de preparação e encaminhamento de jovens para o primeiro emprego.
A subjetividade é compreendida aqui como processual e constituída por as condições sociais de desenvolvimento que incluem tanto aspectos físicos, como
aspectos institucionais e educacionais que moldam relações sociais concretas, são mediados pela linguagem e revelam significados sociais existentes em um
determinado momento histórico. Este conjunto de condições permite ao indivíduo constituir sentidos sobre sua experiência, sentidos estes que são subjetivos.
Neste estudo foram pesquisados os significados sobre juventude presentes nas políticas públicas que regem os programas de atendimento à população jovem
no Brasil, os significados presentes nos discursos sobre as práticas de atendimento existentes no programa social estudado e os significados e sentidos presentes
nos relatos dos próprios adolescentes sobre a vivência de participação no programa. Foram utilizadas diferentes fontes de informação: pesquisa documental,
entrevistas com técnicos do programa e com os próprios jovens. Estas últimas foram analisadas por meio da formação de núcleos de significação. Um dos temas
revelados pela pesquisa foi a relação entre trabalho e educação presente nos relatos dos entrevistados. Estes traçaram uma diferença entre o ensino técnico
oferecido pelo programa social do qual participavam e a escola regular, demonstrando clara preferência pelo primeiro, ao passo que apontavam a aparente falta
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de sentido da segunda. O critério de comparação entre estas duas formas de educação era a pertinência em relação ao mercado de trabalho: a educação técnica
e voltada exclusivamente ao treino de habilidades específicas que atendem às demandas feitas pelo mercado de trabalho são altamente valorizadas. Este
aspecto era um dos componentes que apontavam para a constituição de uma subjetividade em que o trabalho formal é um determinante importante que
articula sentidos produzidos por estes jovens sobre suas histórias sociais e perspectivas. A educação para o mercado de trabalho era encarada como uma
oportunidade oferecida em função do mérito que deveria ser plenamente aproveitada para que o jovem tivesse sucesso em seu futuro. Desta forma excluía-se
totalmente a percepção de outros fatores determinantes da inclusão profissional, como as condições estruturais da sociedade. Ficava, portanto, unicamente ao
encargo do próprio jovem a responsabilidade por seu sucesso ou fracasso. Uma vez que se acreditavam preparados para o mercado de trabalho, qualquer
impossibilidade de ingressar nele era imediatamente atribuída ao próprio jovem. Estes resultados apontam a necessidade da análise de como a educação figura
nos programas sociais em que o mercado de trabalho formal é tomado como a forma privilegiada de atuação junto à população jovem e economicamente
desfavorecida.
O BOM TRABALHADOR NA LUTA PELO PÃO NOSSO DE CADA DIA
ADRIANA DE FATIMA FRANCO – UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Este estudo analisa nos marcos da perspectiva histórico-cultural os elementos constitutivos da construção da subjetividade no processo ensino-aprendizagem e
suas relações com o mundo do trabalho. Sabemos que as funções psicológicas superiores surgem na da interação com o ambiente sócio cultural do qual o
sujeito faz parte. Nosso objetivo é mostrar como uma leitura acerca da constituição do sujeito - perpassando os aspectos individuais e sociais – pode colaborar
no intuito de explicitar como fatores sucesso/fracasso vão ganhando contornos na construção da subjetividade humana. Para a realização deste estudo,
apoiamo-nos em uma metodologia de enfoque dialético. Analisamos por meio do relato da história de vida o processo de construção da co nsciência de si de um
jovem que freqüentou a classe de aceleração, identificando, pela mediação das abstrações teóricas advindas da Psicologia histórico-cultural, a maneira como a
realidade vivida foi significada e valorada, bem com, quais os sentidos e significados atribuídos pelo participante ao trabal ho. Pela análise biográfica verificamos
que a construção da subjetividade atrelada a um contexto amplo que necessita ser transformado. O jovem atribui a si toda a responsabilidade por não obter
progresso na escola. Esta é uma fala comum em nosso sistema educacional, que historicamente vem depositando no indivíduo, para mascarar as desigualdades
próprias do sistema, todo o peso por seu sucesso ou fracasso na sociedade, esta responsabilidade é assumida, também, quando se trata de se avaliar enquanto
trabalhador.
MENORES APRENDIZES: CONTRADIÇÕES DA PRÁTICA ENTRE O SABER/FAZER
MARIA SARA DE LIMA DIAS – UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Menores aprendizes: contradições da prática entre o saber/fazer Pretende-se desvelar as contradições existentes na prática da formação de aprendizes entre o
saber e o fazer, tendência de uma política de aprendizagem voltada para a inserção dos adolescentes no mercado de trabalho e que não considera as grandes
transformações do capitalismo contemporâneo. A que se questionar no Brasil, as determinações históricas e contextuais, que propõe uma política de
profissionalização precoce como solução para o enfrentamento da desigualdade social e que expõe milhares de jovens após passarem por um programa de
qualificação profissional como este à uma situação de desempregado total. Considerando os sentidos e significados produzidos por estes aprendizes sobre
trabalho e a qualificação e a vivencia do desemprego. A vivência da maioridade traz conseqüências para subjetividade e para a constituição de um projeto de
vida destes aprendizes, pois ser maior é estar fora do programa. A pesquisa de natureza qualitativa, foi realizada com aprendizes em situação de desemprego a
mais de dois anos, tomou as narrativas dos jovens como objeto de estudo. O programa dos menores aprendizes revela uma situação do “desemprego
qualificado” que traz implicações para a identidade do jovem e para suas perspectivas de futuro. A análise das narrativas demonstra dois movimentos: o da
inserção e o da exclusão ao mesmo tempo em que forja uma identidade ambígua, ser um trabalhador qualificado ou desqualificado a partir da formação. O
processo de formação se relaciona com tempo de permanência na empresa, na escola e posteriormente com a condição de excluídos e uma diminuição de
propósitos em relação ao futuro, compreendido como um projeto de vida. A vivencia profissional e o diploma adquirido tem o se ntido da qualificação para o
trabalho, traz uma afirmação de um saber, porém a maioridade revela o papel de excluídos do trabalho. Subjetivamente o desemprego é percebido como uma
culpa pessoal, configurando suas emoções, cognição e ação indiciadas a busca de repor uma identificação com um papel anteriormente posto. A qualificação
para o trabalho precoce e o desemprego repercutem como processos de constituição da subjetividade. Uma subjetividade socialmente enraizada, e marcada por
um momento social, político e econômico que exclui os jovens do mercado trabalho, mesmo aqueles que passaram por programas qualificadores. Os
indicadores mostram que é inexpressiva a empregabilidade dos jovens, contraditoriamente o saber não permite um fazer, portanto os programas de formação
profissional precisam ser estudados criticamente: se não conseguem cumprir a meta para a qual foram criados, correm, assim, o risco de ser reduzidos à
propaganda dos gestores desses programas.
10h30-12h30
OS ESTAGIOS DE PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL NO CONTEXTO INSTITUCIONAL: POSSIBILIDADES DA TRANSVERSALIDADE DA
PRÁTICA
D-67 - Sala 110
Coordenação: JULIO SCHRUBER JUNIOR - ASSOSIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO DE PSICOLOGIA
Esta mesa tem por objetivo apresentar e discutir a formação do psicologo escolar e educacional no Brasil. Busca problematizar esta formação trazendo a baila as
discussões das diretrizes curriculares nacionais dos cursos de graduação emm psicologia e agora a própria diretrizes que institui a formação de professores de
psicologia obrigat´riamente em todos os cursos de graduação em psicologia instalados no território brasileiro. Faz uma discussão da interface entre a teoria e a
prática através dos estágios curriculares obrigatórios, onde acontece parte da formação deste psicólogo escolar e apresenta uma posiçâo de que a psicologia
tem_se ocupado nestes ultimaos anos muitos mais voltada a saùde e trabalho deixando de lado o campo da educaçâo onde exite um campo de trabalho muito
vasto e produtivo e necessàrio ao desenvolvimento de cada criança que fequenta os ambientes educacionais os mais variados possìveis nos lugares mais
distantes deste paìs> a necessidde de forma^çâo de psicologos para a àrea de educaçâo para sanar uma falta destes profissionais em lugares onde è necessàrio
para acompanhar nâo sò o desenvolvimento de cada criança e tambèm para discutir e implantar as politicas publicas da educação brasileira
A FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR E SUA TRANSVERSALIDADE NO CONTEXTO EDUCACIONAL
JULIO SCHRUBER JUNIOR – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO DE PSICOLOGIA
A psicologia escolar e educacional é criada em resposta a necessidade da sociedade de conhecer e estudar melhor e com mais aprofundamento a criança e seu
desenvolvimento na aprendizagem no seu contexto escolar, observando e respeitando suas diferenças individuais e sua atuação no grupo. Neste trabalho
debateremos o cenário atual e as muitas questões e dúvidas que permanecem neste campo de atuação do psicólogo, principalmente no que se refere às
políticas publicas na educação e o compromisso social que a psicologia brasileira se propôs a ampliar a discussão na formação do psicólogo escolar. Com a
modificação do cenário atual devemos preparar o psicólogo escolar a atuar também fora da escola formal, ampliando seus horizontes para ocupar os espaços
nas instituições como creches, abrigos, associações de moradores e demais locais onde a necessidade de um profissional que respeite a criança na sua
individualidade e possa auxiliar na construção de sua subjetividade para que este sujeito possa realmente estar preparado para enfrentar as diversidade da
sociedade que o espera para cumprir seu papel social. Devemos oportunizar na formação do psicólogo escolar que ele tenha ferramentas para atuar com ética
buscando conhecer os processos de inclusão e respeito a diversidade que ele irá encontrar no seu ambiente de trabalho e formá-lo para que se seja um
individuo comprometido com a busca de um mundo sem preconceitos de nenhuma forma.
A FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA PARA A ATUAÇÃO EM REDE NO CAMPO DA PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO
CELSO FRANCISCO TONDIN – UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ
As Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Psicologia preveem a formação generalista, da qual entendemos os conhecimentos
relativos aos processos educativos são constituintes. Desta forma, tem-se que o campo da Psicologia da Educação é, antes de uma possibilidade de ênfase
curricular, parte da formação dos psicólogos e psicólogas em nosso país. A partir da Psicologia Escolar crítica – tributária da inegável contribuição de Patto, que
apontou a predominância histórica dos modelos clínico e da psicometria na compreensão do fracasso escolar – passou-se a considerar os determinantes sociais,
econômicos, culturais e históricos na produção da exclusão escolar de imensas camadas populares da população brasileira. Esta perspectiva em Psicologia
Escolar depara-se atualmente, quando confrontada com as perspectivas da atuação interdisciplinar e intersetorial, o desafio de pensar estratégias que
estimulem a formação nesta direção. Sendo assim, pergunta-se: como formar os acadêmicos e as acadêmicas de Psicologia para a atuação em equipes
multiprofissionais e em rede? Através da experiência da Rede de Atenção à Infância e à Adolescência (RAIA) da cidade de Chape có, do qual o Curso de Psicologia
da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó) faz parte, podemos demonstrar que é possível que, no estágio no contexto escolar, os
processos educativos sejam tratados de um modo transversal, que se traduz em práticas em diferentes instituições e com a participação de diversos atores.
Estas práticas multifacetadas e singulares reconhecem a complexidade dos processos educativos e buscam contribuir para a garantia do direito à educação de
segmentos sociais historicamente excluídos.
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AS NOVAS DIRETRIZES CURRICULARES DA PSICOLOGIA: O QUE GANHA A ÁREA ESCOLAR COM A VOLTA DA LICENCIATURA – POSSIBILIDADES
NA PRÁTICA
ÂNGELA FÁTIMA SOLIGO – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO DE PSICOLOGIA/ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Analisa-se o contexto da formação em psicologia, com foco na área escolar, e o constatado esvanecimento da área a partir das diretrizes de 2004, especialmente
no que toca às ênfases elencadas pelas instituições formadoras. Estudos recentes evidenciam uma tendência, nos cursos de Psicologia, a apresentar ênfases
ligadas à área clínica prioritariamente e à área do trabalho, em detrimento do campo da educação. Problematiza-se a prática e o estágio no âmbito educacional,
considerando-se o reduzido espaço que os conteúdos da área específica e aqueles de interface ocupam nos currículos atuais. Discutem-se as mudanças recentes
nas diretrizes, que incluem a licenciatura como componente obrigatório da formação em Psicologia, destacando-se as possibilidades de aprofundamento e
aperfeiçoamento que se apresentam com a inclusão nos currículos de Psicologia de componentes curriculares que tratam das políticas educacionais, da história
e regulamentação da educação, do princípio da inclusão e do cotidiano da escola. Acredita-se que, para além de sua relevância na formação do professor de
psicologia, esses conteúdos contribuem para uma melhor formação e atuação do psicólogo nos contextos educativos.
10h30-12h30
A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS: REFLEXÕES A PARTIR DA PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL
E-34 - Sala 01
Coordenação: LUCIETE VALOTA FERNANDES – UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
As propostas dessa mesa pretendem substanciar o debate sobre o tema violência nas escolas no campo da Psicologia da Educação/Escolar. Discute-se a temática
a partir de três pesquisas: uma tese de doutoramento, uma dissertação de mestrado e um recorte de uma pesquisa de doutorado em andamento. Em comum,
as autoras apresentam o fundamento teórico da Psicologia Histórico-Cultural para a análise de manifestações da violência na escola. Centralmente essa
abordagem da Psicologia concebe a constituição de fenômenos, como a violência nas relações sociais entre os homens, bem como o desenvolvimento humano
como fruto dos processos educativos. À educação escolar cabe possibilitar que crianças e adolescentes se apropriem das formas humanas de pensar, sentir e
agir, tornando-se sujeitos históricos. Nesse sentido compreende-se que as relações permeadas pelo uso da violência – que não se originam, mas que podem ser
reproduzidas na escola e pela escola – configuram-se como obstáculos para um processo de escolarização que contribua com o desenvolvimento das crianças e
adolescentes. Outra preocupação presente nos três trabalhos, é que os conhecimentos produzidos possam subsidiar processos de formação de educadores. Eni
da Fátima Martins apresenta reflexões extraídas de sua tese de doutorado na qual, a partir de um processo de formação continuada de professores, buscou
identificar as principais transformações em relação à apropriação dos conceitos científicos (e reestruturação dos conceitos espontâneos) pelas docentes sobre
violência, bem como indicar as reflexões a respeito da prática pedagógica diante do fenômeno nas escolas. A pesquisadora conclui que as professoras partem de
uma visão que culpabiliza as famílias por falhas no processo de socialização das crianças, enfatizam o desinteresse dos educa ndos pelos conteúdos e a
indisciplina em sala de aula para, durante o processo formativo, questionarem sobre como desenvolver uma atividade educativa que possibilite intervir no
fenômeno. A autora menciona que no processo de formação continuada as educadoras, ao relatarem situações em sala e discutirem sobre conceitos de
violência, se reconhecem como perpetradoras de violência e passam a refletir sobre as diversas manifestações da violência na sociedade. A pesquisa conduzida
por Célia Regina da Silva permite refletir sobre a influência do modo de produção capitalista sobre as relações educacionais, bem como a violência presente no
tratamento oferecido nos espaços públicos às pessoas das camadas populares, a partir da análise da implantação de um programa da Secretaria Municipal da
Educação de Guarulhos-SP voltado para a Educação Infantil que visava à valorização da infância, buscando ampliar as possibilidades de atenção educacional
pública para as crianças dessa faixa etária e democratizar os espaços das creches e escolas públicas. Suzana Marcolino faz um recorte de sua pesquisa de
doutorado em andamento. A partir da observação de como educadores atuam ao se depararem com brincadeiras infantis de temas e conteúdos violentos.
Busca na Psicologia Histórico-Cultural a explicação sobre as origens e o desenvolvimento da brincadeira e do papel do adulto frente a ela, a fim de refletir sobre
as possibilidades de atuação do educador.
INTERVENÇÕES EDUCATIVAS PARA SUPERAÇÃO DE RELAÇÕES SOCIAIS MARCADAS PELO USO DA VIOLÊNCIA
ENI DE FÁTIMA MARTINS – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
O trabalho apresenta reflexões sobre os desafios para o enfrentamento da manifestação da violência no cotidiano das escolas. Será apresentada parte dos
resultados de uma pesquisa com professores sobre a formação continuada e a violência nas escolas, no qual buscou-se contribuir com a produção de
conhecimentos para a Psicologia da Educação/Escolar, em especial para a formação de educadores, mas também para a atuação do psicólogo no cotidiano
escolar. O estudo se embasou no materialismo histórico dialético, psicologia histórico cultural e pedagogia histórico crítica. De acordo com esses pressupostos, o
trabalho do psicólogo escolar deve contribuir para que a educação cumpra sua função social de promover o desenvolvimento humano. A pesquisa envolveu três
professoras do ensino fundamental I inseridas em um processo grupal com alunos do curso de psicologia. Para a produção dos da dos utilizou-se os
instrumentos: Questionário sociodemográfico; observação participante das atividades do grupo, registrando as produções discussões, reflexões, as expressões
de sentimentos/emoções observados ou verbalizados pelos participantes; entrevista coletiva. Na análise de dados, procurou-se identificar as principais
transformações em relação à apropriação dos conceitos científicos (e reestruturação dos conceitos espontâneos) pelas docentes sobre violência, bem como
indicar as reflexões a respeito da prática pedagógica diante do fenômeno nas escolas. As professoras, por meio da convivência com os alunos, constatando
diferentes manifestações de violência, produziram um sentido pessoal para a busca de formação, a fim de que pudessem contribuir para o enfrentamento dessa
realidade. Ao longo do processo pode-se observar que à proporção que relatam cenas de seu trabalho e discutem conceitos de violência, reconhecem-se como
perpetradoras desse fenômeno no processo pedagógico; identificam situações de violência doméstica, exploração e abuso sexual; refletem sobre a violência
vividas por elas mesmas na profissão e situações sociais em que o fenômeno se manifesta, porém, inicialmente focam o indivíduo que reproduz a violência. As
docentes partem também de uma visão culpabilizadora das famílias em relação a possíveis falhas no processo de sociabilidade, e relatam sobre o desinteresse
de muitos alunos pelos conteúdos escolares e a indisciplina na sala de aula. Durante o processo grupal refletem sobre as próprias atitudes em face das
responsabilidades do processo educativo. Por meio do pensamento entrelaçado por fortes emoções, vividas no processo de formação e na reflexão sobre sua
atividade educativa, buscaram inventar uma nova realidade no trabalho pedagógico. A análise, das professoras, das próprias dificuldades para transformar a
prática educativa e contribuir para a produção de sentido para aprendizagem do aluno é visível. As participantes colocam o questionamento sobre como
articular os conhecimentos adquiridos nos processos de formação com a prática em sala de aula. O foco não é mais o aluno indisciplinado que atrapalha, mas o
desafio de intervir para que a ‘criança entenda por que está ali’. As docentes expressam a expectativa de que possam se apropriar de conhecimentos que as
instrumentalizem para o desenvolvimento de sua atividade profissional, na qual buscam desenvolver atividades que contribuam para a superação da violência
nas relações sociais na escola.
A RELAÇÃO CRECHES PÚBLICAS/CLASSES POPULARES: A IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA EDUCRIANÇA NAS CRECHES DA REDE MUNICIPAL
DE EDUCAÇÃO DE GUARULHOS
CELIA REGINA DA SILVA – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
A integração da Educação Infantil aos sistemas de ensino tem trazido diversos desafios, principalmente no que se refere à educação das crianças de zero a três
anos. Apesar das conquistas e avanços já obtidos, as origens eminentemente filantrópicas e assistencialistas deixaram, para essa instituição, limitações que
ainda buscamos superar. A Secretaria Municipal da Educação de Guarulhos-SP desenvolveu uma ação voltada para a Educação Infantil que visava à valorização
da infância, buscando ampliar as possibilidades de atenção educacional pública para as crianças dessa faixa etária e democratizar os espaços das creches e
escolas públicas com a implementação do Programa Educriança na Rede Municipal de Educação. Trata-se de um programa em que os adultos responsáveis por
crianças de zero a três anos participam semanalmente de atividades formativas voltadas para a reflexão com relação ao seu papel de educadores da infância. As
reuniões foram desenvolvidas nas salas das creches municipais com participação das crianças, que desenvolvem atividades pedagógicas voltadas para sua faixa
etária em sala diferenciada. Tal proposta trouxe a necessidade de mediar as relações entre as creches públicas e as pessoas participantes do referido programa,
que são, em sua maioria, mulheres das camadas populares. Diante disso, o presente estudo buscou analisar, à luz da psicologia escolar, as reações da equipe
pedagógica que atuava nas creches da Rede Municipal de Guarulhos diante da tarefa de integrar as atividades do Programa Educriança a sua rotina de trabalho.
Essa análise pautou-se nos pressupostos da psicologia sócio-histórica e da pedagogia histórico-crítica, buscando apreender as influencias do modo de produção
capitalista sobre as relações educacionais, bem como a violência presente no tratamento oferecido nos espaços públicos às pessoas das camadas populares.
Para isso, foram recolhidos os relatórios de observação produzidos por profissionais do Departamento de Orientações Educacionais e Pedagógicas da referida
Secretaria, que acompanharam a realização das atividades do Programa Educriança em vinte e uma creches. Trabalhamos com três relatórios de cada
instituição. As informações contidas nos relatórios foram complementadas pelo depoimento de duas educadoras sociais que atuaram no Programa, bem como
por informações contidas em cinco cartas escritas por mães-participantes. A análise das informações obtidas nos permite identificar a presença de aspectos que
podem ser considerados favoráveis ou desfavoráveis à integração das atividades do Programa Educriança às atividades das creches. Os aspectos favoráveis
apontam iniciativas de integração que demonstram o acolhimento e o respeito com que essas mudanças foram recebidas pela equipe escolar. No que se refere
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aos aspectos desfavoráveis, foi possível identificar o caráter segregador e a visão privatista com que algumas creches públic as vêm sendo administradas. Os
resultados dessas análises dão base às reflexões a respeito da elaboração dos cursos de formação de educadores em geral e de gestores em especial,
enfatizando a importância de esses cursos abordarem temas relacionados à educação popular e à gestão de espaços públicos.
AÇÃO DE EDUCADORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL FRENTE A BRINCADEIRAS DE TEMAS E CONTEÚDOS VIOLENTOS
SUZANA MARCOLINO – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
O presente trabalho é um recorte de nossa pesquisa de doutoramento na qual investigamos a brincadeira infantil conectada com a formação moral da criança
pequena na Educação Infantil. Chamou nossa atenção a forma como os profissionais atuam frente a brincadeiras infantis cujos temas e conteúdos representam
episódios de violência. Destacamos alguns episódios representativos dessa situação e analisamos a luz da teoria Histórico-Cultural sobre a brincadeira. Para tal
análise buscamos a forma como esta teoria explica a origem dos conteúdos e temas da brincadeira infantil e o papel do adulto em relação à brincadeira.
Segundo Elkonin a brincadeira infantil é atividade em que a criança reproduz relações sociais. O autor recusa a tese de que a brincadeira seria fruto de impulsos
internos à criança. Assim, a base em que se apóiam os papéis interpretados pelas crianças – mediante ações lúdicas – é a realidade social da criança O conteúdo
da brincadeira reflete sempre as relações entre as pessoas e revela a penetração da criança no mundo adulto. O caráter das relações interpretadas na
brincadeira pode ser muito diversificado; podemos observar relações de solidariedade, companheirismo, solicitude, amizade, como autoritarismo, preconceito,
rudeza, hostilidade, individualismo, violência. O tema, por sua vez, é um campo da atividade humana reconstituído na brincadeira; quanto mais se amplia o
horizonte das crianças, mais variados serão os temas das brincadeiras infantis. O papel do adulto consiste na apresentação do mundo humano para a criança.
Assim, a apresentação das possibilidades de atividade humana e de outras formas das pessoas se relacionarem, deve ser uma preocupação educativa com as
crianças pequenas. Frise-se que a própria escola deve zelar pelo tipo de relação humana que oferece como modelo para as crianças.
10h30-12h30
PSICOLOGIA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: PERSPECTIVAS SEMELHANTES, CONTEXTOS DIFERENTES
E-34 - Sala 02
Coordenação: REGINA LUCIA SUCUPIRA PEDROZA –UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
A Educação Superior tem sido um campo pouco freqüente de atuação do psicólogo escolar. Com a produção ainda escassa sobre o tema, torna-se necessário
discutir a questão a fim de construir uma atuação nesse nível de ensino. Assim, o objetivo desta mesa é trazer algumas experiências vividas em Instituições de
Educação Superior brasileiras como possibilidades dentro de uma perspectiva teórica. O primeiro trabalho trata do tema da formação do psicólogo escolar para
uma atuação na educação superior, tendo como foco a discussão sobre os estágios curriculares do curso de psicologia da Universidade de Brasília (UnB). O
segundo apresenta o trabalho que vem sendo construído pela equipe de psicologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG), uma
instituição de ensino superior tecnológica. Por último, é trazida a experiência de atuação em psicologia escolar no Programa de Apoio a Pessoas com
Necessidades Especiais da UnB para discutir a respeito da importância desse profissional na construção de uma educação universitária mais democrática e
acolhedora da diversidade humana.
FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR PARA UMA ATUAÇÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR
REGINA LUCIA SUCUPIRA PEDROZA – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
A psicologia escolar na sua história enquanto campo de atuação da psicologia tem como origem a ocupação com as crianças em idade escolar. Essa história está
diretamente ligada com o avanço dos estudos da psicologia da infância. A infância como definimos atualmente não era reconhecida como uma etapa da vida
identificada como um ser com necessidades específicas. Foi preciso surgir todo um questionamento de pedagogos confrontados com as dificuldades das crianças
com a aprendizagem para se reconhecer a necessidade do psicólogo na escola. Considera-se uma grande revolução o reconhecimento de que a criança não é um
adulto em miniatura, mas sim um ser em desenvolvimento. No entanto, as teorias de grande influência na psicologia do desenvolvimento por muito tempo
apresentaram o desenvolvimento como um crescimento contínuo apenas até a adolescência. Dessa forma, o psicólogo passou a ser visto como necessário na
escola principalmente nas séries iniciais para garantir o bom desenvolvimento do aluno. Com forte influência de uma clínica individualizante, sua atuação passou
a ser basicamente de fazer diagnóstico e tratamento de distúrbios visando o encaminhamento ao serviço especializado. Atualmente, muitos são os estudos que
mostram a necessidade de mudança dessa atuação. No entanto, acreditamos que ainda são poucos os estudos em relação à importância da atuação do
psicólogo escolar na educação superior. Apesar da atual política educacional no nível superior de expansão, ainda faz-se necessário uma política de formação do
psicólogo para atuar nas relações interpessoais nesse nível. É preciso a implementação de estágio curricular na educação superior voltado para uma visão de
desenvolvimento do adulto no processo de aprendizagem levando em consideração a sua formação pessoal enquanto sujeito no cotidiano de sua escolarização
no nível superior.
ATUAÇÃO DA EQUIPE DE PSICOLOGIA NA ÁREA DE ENSINO NO IFG
LARISSA GOULART RODRIGUES – INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS
O psicólogo escolar tem ampliado os contextos educativos nos quais se insere. Atualmente tem conquistado seu espaço na educação superior. Entre as várias
áreas e modalidades de formação a nível superior, encontra-se a formação tecnológica, foco dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. É sobre a
inserção do psicólogo escolar nesse contexto que tratamos neste trabalho. Assim, temos como objetivo apresentar possíveis focos de atuação desse profissional
em uma instituição de ensino superior tecnológica, tomando por base o trabalho que vem sendo construído pela equipe de psicologia que atua na área de
ensino do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG). Esse trabalho tem se voltado ao atendimento de toda a comunidade educacional –
docentes, demais servidores, discentes, familiares e comunidade externa –, atuando em conjunto com os diversos profissionais inseridos nesse contexto, em
prol de processos educativos mais saudáveis. Alguns desafios tem sido enfrentados nessa atuação. Porém, o trabalho conjunto tem possibilitado à equipe um
maior fortalecimento e disposição para lidar com a demanda diversificada que se lhe interpõe cotidianamente.
ATUAÇÃO NO PROGRAMA DE APOIO A PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS DA UNB
JULIA CHAMUSCA CHAGAS – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Este trabalho foca-se na questão da educação inclusiva e na importância da psicologia escolar na construção de projetos educativos acolhedores da diversidade
do desenvolvimento humano. Baseia-se no referencial teórico-metodológico da psicologia sócio-histórica para pensar uma atuação do psicólogo escolar crítica e
comprometida com a construção de uma sociedade democrática e igualitária. Assim, opõe-se radicalmente ao papel desse profissional na patologização do
fracasso escolar e na legitimação de projetos educativos classificatórios e excludentes. Dentro dessa perspectiva, a atuação na construção de projetos educativos
inclusivos passa por uma compreensão do ser humano como um ser concreto, em constante desenvolvimento enquanto produto e produtor da sua história e
sociedade. Essa compreensão baseia-se na crítica aos diagnósticos como definidores da história dos sujeitos e na perspectiva de que cada pessoa vive e significa
o seu desenvolvimento de uma maneira única. O psicólogo escolar é fundamental para a compreensão do desenvolvimento de cada sujeito a fim de fo rnecer
subsídios para a construção de projetos educativos inclusivos. Este trabalho tem por objetivo analisar a atuação da pesquisadora como psicóloga escolar do
Programa de Apoio a Pessoas com Necessidades Especiais (PPNE) da Universidade de Brasília (UnB) visando à construção de uma proposta de trabalho coerente
com os pressupostos apresentados. O PPNE foi fundado em 1999 com o objetivo de estabelecer uma política permanente de atenção às pessoas com
necessidades especiais na universidade e assegurar a sua integração plena à vida acadêmica. Com uma equipe de três assistentes sociais, duas técnicas em
assuntos educacionais, três estagiárias e uma psicóloga escolar, o PPNE atualmente foca-se na eliminação de barreiras arquitetônicas e em ações de apoio que
auxiliem os estudantes com necessidades especiais em seu rendimento acadêmico. O papel do psicólogo escolar tem sido o de realizar um acompanhamento
desses estudantes por meio de orientações psicopedagógicas. Percebe-se que esse Programa está primordialmente voltado a fornecer instrumentos para que os
estudantes nele cadastrados adaptem-se melhor à estrutura educacional da UnB. Não tem como foco principal a promoção de uma educação acolhedora da
diversidade humana uma vez que realiza ações cujo impacto modificador do projeto educativo é bastante limitado. Assim, acaba por assumir o papel de
mantenedor de um sistema educacional que ainda precisa de avanços rumo à inclusão da diversidade humana. O papel do psicólogo escolar nesse contexto,
portanto, acaba sendo o de atender individualmente os estudantes e oferecer orientações que auxiliem a sua adaptação ao sistema educativo. Dessa forma,
mantém o tradicional papel de patologizar o fracasso escolar ao localizar nas diferenças entre os indivíduos as razões do seu insucesso, escondendo as possíveis
influências dos aspectos pedagógicos ou das relações constituídas no contexto escolar sobre esse processo. Coloca-se, portanto, a serviço de um projeto
educativo que ainda não é de fato inclusivo. Conclui-se que é fundamental que o psicólogo escolar realize uma leitura crítica da história e dos objetivos da
instituição onde trabalha e busque construir novas possibilidades de atuação voltadas para o compromisso com a construção de projetos educativos
democráticos e acolhedores da diversidade humana.
32
10h30-12h30
E-34 - Sala 03
REFLEXÕES ACERCA DA FORMAÇÃO DE PSICÓLOGOS E DE PROFESSORES NO BRASIL
Coordenação: MARIA DE FATIMA PIRES CARNEIRO DA CUNHA - UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
Propõe-se apresentar reflexões, sobre a formação profissional do psicólogo através das práticas supervisionadas em instituições educacionais, como também
intenciona-se trazer o debate sobre a formação de professores na realidade educacional brasileira nas duas últimas décadas O objetivo primordial da primeira
análise e reflexões é focar os principais desafios e possibilidades da prática vivenciada nos estágios supervisionados . Dar-se-á ênfase a técnica de dirigir e
orientar a aprendizagem, partindo-se do princípio da visão do mundo que permeia o profissional e sua prática, relativa a determinada abordagem. Será trazido à
tona as questões e desafios que se apresentam no dia-a-dia das instituições, tais como função da educação;realidade das escolas brasileiras e função do
psicólogo na instituição educacional na contemporaneidade.Em um segundo momento serão examinadas as habilidades e competências descritas nas Novas
Diretrizes Curriculares, e serão analisadas as possibilidades e as dificuldades enfrentadas pelo supervisor para atingir os princípios orga nizadores da formação,
sua operacionalização o significado e o sentido da antecipação dos Estágios Básicos na matriz curricular dos cursos. Tratará também da persistência e valorização
do modelo clínico-individual em detrimento de outros campos do conhecimento psicológico, da fragmentação dos saberes e da aderência à medicalização.
Ressaltar-se-á a importância da figura do docente como formador, como exemplo profissional e como representante de classe. O pensamento complexo auxilia
e fundamenta este estudo ao encaminhar a re-ligação e a reforma do pensamento, romper com a causalidade linear do conhecimento, associar idéias e noções
contraditórias e observar a ligação entre o todo e as partes. No terceiro momento, será discutida uma pesquisa qualitativa de caráter teórico-analítico, que
demonstra um estudo, por meio da seleção e análise na literatura brasileira, com a finalidade de diagnosticar os dilemas e possibilidades que tem sido alvo à
formação de educadores, especialmente em nível de educação superior. Conclui-se que esta temática tem sido discutida em Fóruns de educação e as discussões
se afloraram principalmente sobre os problemas, as reais propostas e os desafios que uma formação mais efetiva exige. Os estudos pontuam também para a
necessidade de um esforço coletivo visando a valorização profissional e social, bem como garantir ao futuro professor uma formação comprometida com a
transformação histórica e social.
A FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO, CAMINHOS PARA REFLEXÃO
MARIA DE FATIMA PIRES CARNEIRO DA CUNHA – UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
Propõe-se apresentar reflexões sobre a formação profissional do psicólogo através das práticas supervisionadas em instituições educacionais.O objetivo
primordial é focar seus principais desafios e possibilidades da prática vivenciada. Uma primeira reflexão refere-se a técnica de dirigir e orientar a aprendizagem,
partindo-se do princípio da visão do mundo que permeia o profissional e sua prática, relativa a determinada abordagem. Será trazido à tona as questões e
desafios que se apresentam no dia-a-dia das instituições, tais como função da educação;realidade das escolas brasileiras e função do psicólogo na instituição
educacional na contemporaneidade Um outro aspecto a ser evidenciado, será o princípio em que se estrutura e pretende-se uma formação generalista. É
imprescindível observar o ser humano nos seus vários contextos, entre eles: família, trabalho, escola, sociedade etc. Priorizar uma dessas categorias em
detrimento de outras, contradiz a estrutura que se propõe ser generalista, no entanto, como se dar na prática, é uma das questões para análise.
FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO: AS NOVAS DIRETRIZES E A PRÁTICA FORMADORA
ELAINE TERESINHA DAL MAS DIAS – UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
Este trabalho discute a formação do psicólogo em instituições privadas de ensino, tendo como referência as Novas Diretrizes Curriculares. Examina as
habilidades e competências descritas no documento, e analisa as possibilidades e as dificuldades enfrentadas pelos supervisores para atingir os princípios
organizadores da formação, a operacionalização e o significado da antecipação dos Estágios Básicos na matriz curricular dos cursos. Pontua em especial quatro
itens, a saber: desenvolvimento do sentido de universidade, contemplando a interdisciplinaridade e a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão;
desenvolvimento da formação básica pluralista, fundamentada na discussão epistemológica, visando a consolidação de práticas profissionais, conforme a
realidade sócio-cultural, adequando o currículo pleno de cada agência formadora ao contexto regional; desenvolvimento de uma concepção de homem,
compreendido em sua integralidade e na dinâmica de suas condições concretas de existência; e desenvolvimento práticas de interlocução entre os diversos
segmentos acadêmicos, para avaliação permanente do processo de formação. Trata, ainda, da persistência e valorização do modelo profissional clínicoindividual em detrimento de outros campos do conhecimento psicológico, como condutor da fragmentação e reducionismos dos saberes. Ressalta a importância
da figura do docente como formador e educador, já que muitos iniciam a prática acadêmica ignorando os elementos da didática como técnica e estratégia de
ensino; como construtor de conhecimentos que supera a instrução bancária; como exemplo de atuação psicológica e como representante de classe; e busca a
desconstrução de professor descompromissado que faz da docência um veículo de suporte financeiro. Examina as políticas institucionais de contratação,
qualificação e avaliação do corpo docente - primeiro aspecto descrito na operacionalização -, amparada pelas normas do Ministério de Educação que estipulam
um número mínimo de professores titulados. O pensamento complexo auxilia e fundamenta este estudo por encaminhar a religação e a reforma do
pensamento, romper com a causalidade linear do conhecimento, associar idéias e noções contraditórias e observar a ligação entre o todo e as partes. Emprega
o conceito de transdisciplinaridade, que visa a circularidade, o movimento e a contextualização das proposições científicas, tanto internos como externos ao
campo psi.
EM QUESTÃO OS DILEMAS E POSSIBILIDADES DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO BRASIL
LEONOR DIAS PAINI – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Esta pesquisa intenciona trazer o debate sobre a formação de professores na realidade educacional brasileira nas duas últimas décadas. Como procedimento
metodológico utiliza-se de uma investigação qualitativa de caráter teórico-analítico por meio da seleção e análise de estudos na literatura brasileira, com a
finalidade de diagnosticar os dilemas e possibilidades que tem sido alvo à formação de educadores, especialmente em nível de educação superior. Conclui-se
que esta temática tem sido discutida em Foruns de educação e as discussões se afloraram principalmente sobre os problemas, as reais propostas e os desafios
que uma formação mais efetiva exige. Contata-se que a literatura sobre a formação de professores nestes últimos anos centra-se mais nas políticas
educacionais, no currículo e no estatuto dos cursos de licenciatura, especialmente do curso de Pedagogia. Os estudos pontuam também para a necessidade de
um esforço coletivo visando a valorização profissional e social, bem como garantir ao futuro professor uma formação comprometida com a transfo rmação
histórica e social.
10h30-12h30
A FORMAÇÃO E A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR NAS REDES PÚBLICA E PARTICULAR DE ENSINO
E-34 - Sala 04
Coordenação: SILVIA MARIA CINTRA DA SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Esta mesa pretende discutir algumas questões atuais relativas tanto à atuação quanto à formação do psicólogo escolar na rede pública e na rede particular de
ensino. Com os avanços da Psicologia Escolar e Educacional desencadeados a partir dos anos 1980, gerados por estudos e pesquisas baseados na perspectiva
crítica, consideramos que seja importante compreendermos se e como os psicólogos que trabalham na educação têm incorporado estes avanços atualmente.
Seja na rede pública ou privada, é fundamental conhecermos como vem se dando esta atuação, que se respalda tanto na formação inicial quanto na continuada.
Além disto, é imprescindível arrolarmos reflexões a respeito da função dos estágios profissionalizantes para o exercício da prática profissional, que apresenta um
grande desafio para as instituições formadoras
ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS – A PSICOLOGIA ESCOLAR PRESENTE NA REDE PÚBLICA PAULISTANA
ROSELI FERNANDES LINS CALDAS – UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
Ao longo da história da psicologia paulistana o espaço do psicólogo foi ganhando novas versões. Inicialmente participante direto das equipes escolares, depois,
dos espaços gestores e administrativos e, por fim, alijado formalmente da equipe escolar. Entretanto, a psicologia encontra uma brecha e retorna à rede pública
por meio dos estágios supervisionados em psicologia escolar, como parte da formação no último ano do curso. O presente trabal ho retrata como se dá o
processo de estágio em uma universidade paulistana com o objetivo de fornecer indicadores de intervenção da psicologia nas escolas da rede pública. Partindo
de um acordo entre universidade e Diretorias de Ensino, as demandas são levantadas junto a diretores e coordenadores, elaborando-se uma listagem das
escolas que indiquem adesão e desejem intervenção em psicologia escolar. Os alunos são alocados de acordo com suas disponibilidades e constroem, em duplas
ou individualmente, um escopo das principais demandas, por meio de uma análise diagnóstica institucional. Elaboram, então, em consonância com os
educadores, projetos de intervenção, cujos objetivos principais dizem respeito à atuação do profissional de psicologia diante de alunos, educadores e pais,
diretamente afetados pelas políticas públicas, no sentido de promover o fortalecimento de potencialidades para aprender e ensinar. As principais finalidades dos
trabalhos dizem respeito à movimentação dos espaços ocupados por alunos, educadores e pais, buscando-se a desconstrução da naturalização ou
individualização dos processos educacionais. Os resultados têm indicado efeitos positivos em termos de busca de alternativas às ações, tanto por professores
como por alunos e famílias, a partir das reflexões oportunizadas pelos estagiários de psicologia
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A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA REDE PARTICULAR DE ENSINO
SILVIA MARIA CINTRA DA SILVA, CLÁUDIA SILVA DE SOUZA – UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Os trabalhos encontrados na literatura recente acerca da atuação do psicólogo escolar focam-se, predominantemente, ao âmbito do ensino público. Assim, aqui
abordaremos a prática deste profissional na rede particular de ensino, fundamentadas em uma pesquisa qualitativa baseada na perspectiva histórico-cultural e
na psicologia escolar crítica. Realizamos entrevistas semi-estruturadas com doze psicólogos escolares da rede particular de ensino da cidade de Uberlândia Minas Gerais - e constatamos que a inserção destes no segmento educacional privado reflete, dentre outros fatores, questões históricas relacionadas à
constituição da Psicologia Escolar no Brasil, desdobradas na imagem social do psicólogo escolar. As modalidades de trabalho desenvolvidas pelos profissionais
deste estudo são predominantemente tradicionais, sustentadas por uma formação que revela uma tendência ao ecletismo teórico e dificuldades na apropriação
dos avanços científicos mais recentes da área. O estudo aponta a necessidade de um maior investimento das instituições formadoras e dos profissionais
atuantes para ampliar o campo de atuação e possibilitar práticas emancipatórias.
DESAFIOS NOS ESTÁGIOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONALIZANTE EM PSICOLOGIA ESCOLAR
MARIA JOSÉ RIBEIRO – UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Levando em consideração que a área de Psicologia Escolar vem se consolidando numa visão crítica a partir dos anos 1980, os estágios que preparam o futuro
psicólogo nos cursos de graduação em psicologia ainda carregam concepções herdadas de uma prática predominantemente clínica. Em outros casos, há uma
importante discussão sociológica das questões escolares, mas que não resulta numa prática que necessariamente vai ser exigida do jovem profissional ao
ingressar no seu primeiro trabalho. Os supervisores em psicologia escolar deparam-se com um cenário imposto pelas condições de trabalho que não pode ser
ignorado e que exige que preparemos os jovens psicólogos para intervir na realidade educacional de um modo que considerem o contexto sócio-histórico e as
possibilidades de sua transformação, pelos quais todos somos responsáveis. Também é imprescindível que os estagiários tenham experiência de trabalho
durante a graduação que permitam o exercício de práticas importantes para atuar de maneira profícua em contexto escolar, como: avaliação psicoeducacional,
entrevistas, intervenção nas queixas escolares, manejo de trabalho com grupos envolvendo diversas faixas etárias, coordenação de propostas de planejamento e
formação continuada de profissionais da educação etc. Daí a necessidade de refletirmos e criarmos propostas sólidas e contínuas, que envolvam o ensino, a
pesquisa e a extensão universitária e que possibilitem aos estagiários em psicologia escolar formarem-se ancorados no referencial teórico da psicologia crítica,
além de buscarem conhecer pesquisas recentes sobre a atuação do psicólogo segundo esta perspectiva.
10h30-12h30
O PAPEL DO PROFESSOR E A INFLUÊNCIA DE SUAS PRÁTICAS SOBRE O COMPORTAMENTO DE ESTUDANTES
E-34 - Sala 05
Coordenação: ANA PRISCILA BATISTA – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Sabe-se que o ambiente escolar exerce grande influência sobre o desenvolvimento de estudantes, pois é nesse contexto que eles permanecem a maior parte do
dia. Essa influência pode ser tanto nociva quanto propulsora do desenvolvimento de comportamentos desejados em diversas áreas e se dá por meio de
estratégias que os professores utilizam para orientar os comportamentos dos alunos, estabelecendo diferentes climas emocionais em sala de aula. A partir disso,
a presente mesa-redonda propõe-se a apresentar três trabalhos que analisam o papel do professor e seus estilos de liderança, bem como o efeito sobre
determinados comportamentos de estudantes, tais como resiliência e desempenho acadêmico. Assim, o primeiro trabalha objetiva compartilhar a experiência
da autora em uma escola particular da região metropolitana de Curitiba, analisando qual foi o papel das professoras para a promoção de resiliência em alunos da
educação infantil. O segundo tem como objetivo delinear uma análise dos estilos de liderança de professores a partir do modelo de estilos parentais. O terceiro
examina como os efeitos de um clima escolar adverso no desempenho acadêmico podem ser reduzidos pelo suporte oferecido por professores a estudantes,
utilizando uma amostra representativa de estudantes brasileiros.
ESTILOS DE LIDERANÇA DE PROFESSORES: ANÁLISE A PARTIR DO MODELO DE ESTILOS PARENTAIS
ANA PRISCILA BATISTA - LIDIA NATALIA DOBRIANSKYJ WEBER – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Assim como pais, os professores, para cumprirem o papel de agentes de socialização, utilizam várias técnicas para orientar os comportamentos das crianças
estabelecendo diferentes climas emocionais no uso das estratégias educativas em sala de aula, o que pode ser denominado de estilos de liderança de
professores. O presente trabalho tem como objetivo delinear uma análise dos estilos de liderança de professores a partir do modelo de estilos parentais. Para
isso, inicialmente foi realizada uma análise de literatura acerca de como os estilos de liderança de professores vêm sendo estudados. Posteriormente foi
realizada a análise a partir do modelo de estilos parentais. Foi realizada uma busca nas bases de dados: Scielo, Science Direct e Scopus, utilizando os descritores:
estilo de liderança de professores (teachers’ leadership styles), estilos de ensino de professores (teachers’ teaching styles), liderança escolar (school leadership).
Foram excluídos textos referentes à: validação de instrumentos, formação docente, relacionados ao ensino superior e ao ensino de conteúdos específicos. Com
essa busca foi possível constatar que existem diversas definições do conceito de liderança de professores utilizadas nos estudos, bem como diversas formas de
análise e variáveis estudadas, conforme a teoria adotada. Além disso, diversos estudos que se voltam para a liderança escolar abordam aspectos mais amplos
referentes à gestão escolar. No presente trabalho optou-se por delinear os estilos de liderança dos professores a partir do modelo de estilos parentais, o qual
apresenta uma análise acerca do sistema das relações que se estabelece entre pais e filhos a partir de duas dimensões: a responsividade e a exigência,
consideradas aqui para a análise da relação professor-aluno. A exigência refere-se ao estabelecimento de regras, à monitoria e supervisão. A responsividade
refere-se à comunicação positiva, envolvimento e afetividade. Assim, são categorizados quatro modelos de controle: autoritário (alta exigência e baixa
responsividade), permissivo (baixa exigência e alta responsividade), negligente (baixa exigência e baixa responsividade) e participativo (alta exigência e alta
responsividade). Conclui-se que o modelo de estilo parental fornece uma boa base teórica para pautar a análise dos estilos de liderança de professores, pois as
dimensões analisadas também estão presentes na relação professor-aluno. Considera-se primordial olhar como ocorre e quais os efeitos da interação
estabelecida entre professor e aluno, pois o desenvolvimento de crianças também é uma responsabilidade do professor e da escola.
DESEMPENHO ACADÊMICO EM CLIMA ESCOLAR ADVERSO: O PAPEL DO SUPORTE DOS PROFESSORES
JOSAFÁ MOREIRA DA CUNHA – LIDIA NATALIA DOBRIANSKYJ WEBER – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
O nível de suporte recebido por estudantes em sua relação com professores é claramente associado ao nível de desempenho de estudantes, e pode ter efeitos
duradouros ao longo do processo de escolarização. Quando os professores estabelecem atividades estruturadas, promovendo autonomia e relações positivas na
classe, o engajamento dos estudantes é mais alto, com resultados positivos tais como aumento na frequência e performance acadêmica. Este estudo examina
como os efeitos de um clima escolar adverso no desempenho acadêmico podem ser reduzidos pelo suporte oferecido por professores a estudantes, utilizando
uma amostra representativa de estudantes brasileiros. Hipotetizou-se que o desempenho acadêmico estaria associado negativamente ao nível de problemas
escolares, e que esta associação seria enfraquecida diante de níveis mais altos de suporte docente. Dados de 5616 estudantes (Idade Média=14,79; d.p.=1,01)
de 529 escolas que ofertavam a 8a Série do Ensino Fundamental foram selecionadas na base da edição 2005 do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB),
uma amostra representativa dos estudantes brasileiros nesta etapa. Um modelo foi elaborado predizendo a performance em matemática, avaliada através das
provas padronizadas do SAEB (M=252,84; d.p.=55,01), do suporte de professores (Alfa = 0,69), com escores mais altos indicando maior suporte dos professores
relatado por estudantes. No nível escolar, o clima das escolas conforme avaliação dos diretores (Alfa = 0,84) media a frequência de problemas como a
depredação, furtos e uso de drogas no espaço escolar. Considerando o coeficiente de correlação entre classes, sugerindo que 40% da variância da performance
em matemática estava no nível escolar nesta amostra, um procedimento de análise multinível foi conduzido. O suporte dos professores estava associado ao
escore em matemática de forma curvilinear, e em geral níveis mais altos de suporte dos professores estavam ligados a performance acadêmica mais alta. O nível
de problemas escolares estava negativamente associado ao escore nos testes: quando os problemas eram mais frequentes, os estudantes tinham sua
performance prejudicada em comparação aqueles de escolas onde tais problemas não eram tão frequentes. Foi verificada uma interação significativa entre
níveis do suporte dos professores e problemas escolares, sendo que uma associação mais forte entre o suporte de professores e o desempenho de estudantes
foi verificada nas escolas com menor frequência de problemas, em comparação às escolas com níveis mais severos de adversidade. Quando o nível de suporte
dos professores era baixo, havia pouca diferença observável entre o nível de performance de estudantes em escolas com níveis altos ou baixos de problemas,
sugerindo que a falta de relações de apoio entre estudantes e professores pode ser considerada, em si mesma, um problema severo e termos do desempenho
acadêmico dos estudantes. Os resultados destacam a relevância de relações positivas entre professores e estudantes para o sucesso escolar, mesmo diante de
problemas escolares severos. A discussão identifica potenciais implicações dos resultados para práticas educacionais para promoção do sucesso acadêmico,
reconhecendo as limitações do estudo e identificando abordagens promissoras para futuros estudos.
A RESILIÊNCIA NA SALA DE AULA: O PAPEL DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL
ROSANA ANGST – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
O ambiente escolar é considerado um dos locais que auxiliam o desenvolvimento de crianças e jovens, e como estas passam a maior parte de seu dia na escola, é
inegável a influência desta. Porém, o que muitos professores e equipe técnica escolar podem não atentar-se é que esta influência pode ser tanto nociva como
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propulsora do desenvolvimento humano. Uma das maneiras de se analisar esta influência é o conceito de resiliência. A resiliência é a capacidade de um
indivíduo, grupo ou sociedade de passar uma situação adversa e superá-la. Relacionada à resiliência há dois conceitos: fatores de risco e proteção. Os fatores de
risco caracterizam-se por influências que podem afetar de forma negativa o desenvolvimento, e os fatores de proteção são as influências que modificam ou
melhoram a resposta de uma pessoa a algum perigo que predispõe a um resultado não adaptativo, e parecem mudar ou reverter circunstâncias potencialmente
negativas. O presente trabalho objetiva compartilhar a experiência da autora em uma escola particular da região metropolitana de Curitiba, analisando qual foi o
papel das professoras para a promoção de resiliência em alunos da educação infantil. Os resultados indicam que a atitude das professoras em sala de aula
podem ser consideradas como fatores de proteção. Um exemplo de fatores de proteção é o ambiente escolar, sendo que o aluno interpreta este local como
seguro, onde pode pedir ajuda quando sentir necessidade, o que pode ser constatado na escola analisada.
10h30-12h30
O QUE AVANÇAMOS NAS DISCUSSÕES E PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DAS QUEIXAS ESCOLARES?
E-34 - Sala 06
Coordenação: MARILENE PROENÇA REBELLO DE SOUZA – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Esta mesa tem o objetivo de apresentar discussões produzidas pela área da Psicologia Escolar e Educacional sobre a avaliação psicológica das queixas escolares.
Dentre os aspectos, os participantes destacarão a trajetória da discussão na área que considera a compreensão das dificuldades escolares como produto das
práticas educacionais e pedagógicas. Realizará a discussão sobre interpretações das demandas produzidas no interior do processo de escolarização, sob
diferentes referenciais teórico-conceituais, com destaque para as propostas das teorias micropolítica e histórico-cultural. Apresentará propostas de avaliação
psicológica tendo como matriz conceitual a teoria histórico-cultural enquanto alternativa para a constituição de uma interpretação crítica da demanda escolar e
de constituição de instrumentos e estratégias que possibilitem o enfrentamento da avaliação psicológica
A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DAS QUEIXAS ESCOLARES COM PRESSUPOSTOS VIGOTSKIANOS
MARILDA GONÇALVES DIAS FACCI – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Tratar da avaliação psicológica no caso da criança que não está se apropriando da leitura e escrita constitui-se em desafio nos meios acadêmicos e no
desenvolvimento da prática profissional do psicólogo escolar. A literatura tem demonstrado que os psicólogos têm realizado um processo de avaliação
utilizando-se, principalmente, de testes, contribuindo para a cristalização de explicações que culpam o aluno pela própria dificuldade de aprendizagem,
patologizando um fenômeno que é social. Desta forma, o objetivo deste trabalho é apresentar alguns pressupostos da Psicologia Histórico-Cultural que podem
contribuir para a realização de uma prática que leve em conta determinantes histórico-sociais no entendimento das queixas escolares. Interessa compreender
como ocorre o desenvolvimento das funções psicológicas superiores no processo de escolarização e a importância da mediação na realização das atividades
propostas. Todas as funções psicológicas superiores são internalizadas a partir da apropriação da cultura e exigem uma voluntariedade, sendo sempre mediadas.
De acordo com Vigotski, o método instrumental pode ser muito útil para o estudo das funções psicológicas superiores, pois significa aplicar as categorias do
desenvolvimento à investigação dos fenômenos. Ele assinala três momentos determinantes sobre os quais se apóia a análise das formas superiores de
comportamento e que constituem a base de investigações: análise do processo e não do objeto, análise explicativa e não descritiva e, finalmente, a análise
genética, que volta ao ponto de partida e restabelece todos os processos de desenvolvimento. Interessa, portanto, nesta apresentação, defender a idéia de que
é necessário avaliar o que se encontra no nível de desenvolvimento prócimo, e não somente aquilo que ele já desenvolveu, ou seja, que está em nível de
desenvolvimento real. É fundamental compreender a historicidade dos fenômenos humanos, entre eles como foi produzida a queixa escolar no âmbito
individual do aluno, na prática pedagógica e na forma como a sociedade se organiza para produzir o sucesso ou insucesso de classes sociais antagônicas. A
expectativa é que possamos pensar formas de avaliação que, por um lado, superem a avaliação estática realizada por meio dos testes psicológicos utilizados na
atualidade que se detém principalmente no déficts dos alunos em detrimento da avaliação das suas potencialidades e, por outro, trabalhem em prol da
emancipação de todos os alunos que passam pelo processo de escolarização.
CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA VIGOTKIANA PARA A AVALIAÇÃO ESCOLAR
JOAO BATISTA MARTINS – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
O processo ensino-aprendizagem é circunscrito por várias dimensões, como a relação professor x estudantes, a interdisciplinaridade, a interserialidade, etc.
Dentre essas dimensões a questão da avaliação escolar é um problema central pois a é partir dela que se vislumbra a implementação de uma proposta
pedagógica mais justa, mais democrática, mais igualitária. Consideramos que a escolarização tem um papel fundamental no processo de inserção social dos
indivíduos, pois ao proporcionar aos estudantes sua inscrição na cultura letrada, cria as condições de operação mental capaz de apreensão de conceitos mais
elaborados e complexos que resultantes do desenvolvimento das formas de produção. Assim, a questão do conhecimento explicativo da realidade passa a ser
central e direcionador da potencialidade da escola numa sociedade como a nossa, pois é nesse espaço social que se engendrarão as possibilidades de superação
das atuais condições de sobrevivência - na medida em que é oferecido aos estudantes a possibilidade de se apropriarem de um conhecimento acumulado
historicamente – proporcionando as condições para as devidas mudanças sociais na perspectiva de uma sociedade melhor. Sob essa perspectiva apresentamos
uma proposta de avaliação escolar tendo como suporte teórico as idéias desenvolvidas por L. S. Vigotski. Tomamos como ponto de partida alguns conceitos
vigotskianos, a saber: aprendizagem e desenvolvimento, a noção de zona de desenvolvimento proximal, a questão da situação social de desenvolvimento,
dentre outros. A partir da articulação destes conceitos, apresentar-se-á uma proposta de avaliação tomando como referência a relação entre conceitos
cotidianos e conceitos científicos estabelecida pelo autor, assegurando uma análise do processo de ensino x aprendizagem em sua historicidade e numa
perspectiva dialética.
PROBLEMATIZANDO A PRODUÇÃO DE DEMANDAS NA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
ADRIANA MARCONDES MACHADO – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
As avaliações psicológicas fazem parte das demandas mais freqüentes que as escolas públicas têm em relação ao trabalho dos psicólogos. Laudos, relatórios,
trabalhos que busquem explicar porque a criança é como é, o que ela tem. Muitos autores problematizaram essa ação, mostrando a dimensão política/histórica
e social presente nessa demanda: o fato dela reforçar a lógica produtora da desigualdade social, na medida em que se dá na chave da culpabilização da vítima e
da individualização de processos que são coletivos. Essa demanda é efeito de relações de forças e de saber que carregam uma multiplicidade de intensidades,
como mostrou Foucault em seus estudos sobre as relações de poder.Vivemos, hoje, uma situação na qual muitos psicólogos, munidos dessas críticas, agem com
um certo ressentimento em relação a essas demandas, isso é, criticam a existência das mesmas como se elas fossem um equívoco, um erro, uma demonstração
de que os professores que pedem diagnósticos estariam revelando uma forma tradicional e preconceituosa de agir e pensar.Mas, a demanda, compreendida
como fronteira entre várias formas de pensar, é estabelecida como efeito dessas formas. Propomos, nessa apresentação, problematizar essa produção, o que
implica entender as repetições que operamos nessas relações e ampliar as possibilidades de trabalho com esse tipo de demanda.
REPENSANDO A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA À LUZ DA CONCEPÇÃO CRÍTICA DE PSICOLOGIA ESCOLAR
MARILENE PROENÇA REBELLO DE SOUZA – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, MARILDA GONÇALVES DIAS FACCI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Nas discussões que se estabeleceram no âmbito da Psicologia Escolar e Educacional, a partir dos anos 1990, uma das questões centrou-se em como
compreender os encaminhamentos escolares, considerando-se uma análise crítica da produção do fracasso escolar. Nesse sentido, os estudos que pudemos
realizar na última década apresentam considerações que consideramos importantes para o avanço dessa discussão ao propor o conceito de queixa escolar
enquanto produto do encaminhamento da escola e expressão das dificuldades vividas no interior do processo de escolarização, até então denominado como
“problemas escolares” ou “distúrbios de comportamento e de aprendizagem”. O discurso crítico sobre a escola precisa vir acompanhado do questionamento
dos “problemas de aprendizagem”, sendo necessária uma ruptura com análises tradicionais empreendidas pela Psicologia no decorrer da sua história no que
se refere à compreensão do fracasso escolar. O que deve ser ressaltado nessa análise é o processo de escolarização e não os problemas ou dificuldades de
aprendizagem, deslocando o eixo de análise do indivíduo para os fatores intra-escolares e o conjunto de relações institucionais, históricas, psicológicas e
pedagógicas que constituem o cotidiano escolar. O psicólogo deve estar preocupado em desvelar os processos de escolarização que produziram a queixa
escolar, e sua intervenção deve primar pelo pensar com a criança e com o professor essa relação estereotipada e produtora de repetência, da repetição de
práticas que estigmatizam, excluem, oprimem e rotulam. Ao lidar com as queixas escolares, o profissional de psicologia deve fazer uma análise da relação
entre o processo de produção da queixa escolar e os processos de subjetivação/objetivação dos indivíduos nele envolvidos, como uma mediação necessária à
superação das histórias de fracasso escolar, visto que a queixa deve ser compreendida como uma síntese de múltiplas determinações, dependendo sua
superação da ação conjunta de todos os aspectos envolvidos no processo de escolarização: relações familiares, grupos de amigos e contexto social e escolar.
As questões postas por uma leitura histórico-crítica da escola nos remetem à necessidade de repensar o processo formativo do profissional que estará
diretamente atuando no campo educacional. Portanto, repensar as bases da formação de psicólogos é outro ponto necessário de ser abordado. Quando o
assunto é avaliação psicológica do processo educativo torna-se ainda mais presente a proposição de ações em um processo de avaliação que seja a expressão
das múltiplas determinações que constituem aqueles que aprendem no interior da escolarização, analisando a potencialidade dos indivíduos no processo de
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escolarização, dadas determinadas condições. Considerar essa potencialidade implica em um posicionamento político, uma vez que temos que levar em conta,
quando vamos avaliar, até que ponto aquele aluno teve condições de acesso aos bens culturais. A teoria histórico-cultural defende que as funções psicológicas
superiores se desenvolvem por meio da apropriação da cultura, decorrente das mediações que são realizadas pelo professor, no caso da escola, o que implica
em não partir do pressuposto de que o aluno está pronto, que realmente o que ele apresenta na hora do processo de avaliação demonstra o seu potencial em
termos cognitivos.
10h30-12h30
A ESCOLA E FATORES DE PROTEÇÃO NA ADOLESCÊNCIA
E-34 - Sala 07
Coordenação: DÉBORA DALBOSCO DELL'AGLIO – UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Esta atividade tem por objetivo discutir a escola e fatores de proteção no desenvolvimento de adolescentes. Considerado como importante espaço de
socialização e formação de identidade, o contexto escolar, através da presença dos professores e pares, pode se constituir numa importante fonte de apoio
social, emocional e de informações. O desempenho de adolescentes na escola também tem se mostrado relacionado à presença de fatores de proteção em
vários estudos. Dessa forma, é importante que se possa discutir a escola como contexto de desenvolvimento, procurando identificar fatores de risco e proteção
e compreender os processos de adaptação e resiliência envolvidos. Serão apresentados resultados de pesquisas realizadas com amostras brasileiras, apontando
relações entre variáveis relacionadas à escola e religiosidade, qualidade das relações escolares e vínculos com a escola, assim como expectativas de futuro
relacionadas à escola. Discute-se ainda a importância de trabalhos de prevenção e promoção de saúde, no contexto escolar, junto a professores, alunos e suas
famílias, de forma que se possa promover processos de resiliência junto a essa comunidade.
EDUCAÇÃO E SAÚDE: A ESPIRITUALIDADE COMO FATOR DE PROTEÇÃO NA ADOLESCÊNCIA
LUCIANA FERNANDES MARQUES, JOSEANE FRASSONI DOS SANTOS – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
A religiosidade e a espiritualidade têm sido apontadas em alguns estudos com adolescentes como um fator protetor a problemas escolares e de saúde. Tem se
encontrado alguma evidência de que jovens mais religiosos e/ou espiritualizados possuem um vínculo escolar mais saudável e uma menor exposição a
comportamentos de risco. Este estudo teve como objetivo explorar algumas dessas associações da religiosidade e da espiritualidade com variáveis relacionadas
à educação e à saúde. A amostra foi composta de 217 estudantes de ambos os sexos, com idades entre 10 e 19 anos e cursando entre a 5ª e a 8ª série do Ensino
Fundamental e entre o 1º e 3º anos do Ensino Médio de duas escolas públicas e uma escola particular da cidade de Porto Alegre. O projeto de pesquisa foi
aprovado pelo Comitê Central de Ética em Pesquisa da UFRGS e os procedimentos obedeceram aos critérios de ética na pesquisa com seres humanos do
Conselho Nacional de Saúde. Foi aplicado um questionário em sala de aula contendo dados sócio-demográficos e a Escala de Bem-Estar Espiritual (validada por
Marques, Sarriera & Dell’Aglio, 2009). Os resultados do presente estudo apontam para a importância da espiritualidade na vida dos jovens. Os escores se
apresentam associados positivamente com qualidade de saúde percebida e com educação religiosa na infância e inversamente relacionados com reprovação
escolar e uso de drogas.
PROCESSOS DE RESILIÊNCIA, RISCO E PROTECAO: O PAPEL DA ESCOLA DURANTE A ADOLESCÊNCIA
RENATA MARIA COIMBRA LIBÓRIO – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
O trabalho discutirá dados parciais de uma pesquisa realizada com 1880 adolescentes relativos à sua percepção sobre o ambiente escolar e relações
interpessoais em seu interior, de forma articulada com os estudos sobre fatores de risco, proteção e resiliência.Do ponto de vista teórico, resiliência esta sendo
considerada de forma contextual e cultural, baseada na abordagem de Michael Ungar. Participaram da pesquisa estudantes de escolas públicas estaduais, na
sua maioria com idades entre 14 e 18 anos, moradores de regiões de exclusão e vulnerabilidade social. O objetivo da pesquisa foi investigar aspectos do
desenvolvimento psicológico de forma multidimensional, abrangendo os aspectos biosociodemográficos dos participantes e suas famílias, dados relativos à
educação e trabalho, saúde e qualidade de vida, fatores de risco e fatores de proteção. Os participantes responderam a um questionário de 109 questões de
múltipla escolha que foram tabulados e analisados utilizando-se o software SPSS. As análises nos permitiram refletir sobre o lugar ocupado pela escola na vida
dos adolescentes, relacionados com a qualidade das relações interpessoais estabelecidas entre os adolescentes e demais profissionais que atuam na escola.
Verificamos que a escola se caracteriza como um espaço dinâmico, oscilando entre risco e proteção.
ESCOLA E ADOLESCÊNCIA: VÍNCULOS QUE PROTEGEM
DÉBORA DALBOSCO DELL'AGLIO – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
A escola pode se constituir numa importante rede de apoio durante a adolescência, promovendo relações positivas que se constituirão em fatores de proteção.
Estudos indicam que a vinculação dos adolescentes com a escola protege de riscos a que geralmente jovens fora da escola estão expostos. Esta pesquisa
investigou variáveis relacionadas à escola em uma amostra aleatória de 684 adolescentes (61% meninas e 39% meninos), com idades entre 12 e 18 anos
(M=15,21; DP=1,67), estudantes de escolas públicas do sul do Brasil, entre a sétima série do Ensino Fundamental e segundo ano do Ensino Médio. Foi utilizado o
Questionário da Juventude Brasileira (Versão II, Dell’Aglio, Koller, Cerqueira-Santos, & Colaço, 2009), composto por 77 questões, que tem por objetivo investigar
fatores de risco e proteção, incluindo variáveis pessoais e familiares. O questionário foi aplicado coletivamente em sala de aula, aos adolescentes cujos pais
deram o consentimento para participação na pesquisa. Os resultados apontaram que 56% destes adolescentes já foram reprovados pelo menos uma vez e 2,7%
deles foram expulsos alguma vez da escola. No entanto, 74% deles afirmam se sentir bem na escola, 70,7% deles gostam de ir para a escola, 59% gostam da
maioria dos professores, 57,2% dizem poder contar com os professores e 53% confiam nos colegas de escola. Além disso, 80,2% dos adolescentes apresentaram
expectativas altas quanto a concluir o segundo grau e 61% deles esperam entrar na universidade. Estes dados indicam aspectos positivos da relação destes
adolescentes com a escola, apesar do alto índice de reprovação. As altas expectativas quanto a concluir o ensino médio e entrar na universidade podem ser
compreendidos como fatores de proteção. É importante a manutenção de um clima afetivo e prazeiroso no ambiente escolar, de forma que esse contexto possa
contribuir na promoção de um desenvolvimento positivo na adolescência.
10h30-12h30
O DESENVOLVIMENTO DAS FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES: PENSAMENTO VERBAL, MEMÓRIA LÓGICA, ATENÇÃO VOLUNTÁRIA E AS
EMOÇÕES
E-34 - Sala 08
Coordenação: SILVANA CALVO TULESKI – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Considerando que o desenvolvimento das funções psicológicas superiores, fruto das apropriações dos instrumentos e signos culturais tem centralidade da obra
dos elaboradores da Psicologia Histórico-Cultural, esta mesa-redonda tem como proposta apresentar pesquisas que enfocaram o desenvolvimento de
determinadas funções, desde o nascimento da criança, dotada de um aparato puramente biológico, ou seja, as funções elementares ou primitivas até sua
superação e incorporação em um novo modo de desenvolvimento, como função superior. É importante destacar que não se compreende aqui que funções
específicas como memória lógica, pensamento verbal, atenção voluntária ou emoções desenvolvem-se apartadas umas das outras, porém, cada pesquisa tomou
como objeto o desenvolvimento de uma função em específico. Deste modo a primeira pesquisa intitulada A importância do pensamento verbal para a Psicologia
Histórico-Cultural, elaborada por Silvana Calvo Tuleski destacará a constituição do pensamento verbal como um dos saltos qualitativos e m direção ao
desenvolvimento cultural, que a criança realiza, bem como a importância da mediação por instrumentos e signos para este processo. O segundo trabalho,
intitulado O desenvolvimento da memória lógico-conceitual de Eloísa Atsue Tanaka objetiva demonstrar o quanto a memória instrumental humana se enriquece
por meio das apropriações conceituais, enfatizando o papel da educação escolar para a transição dos conceitos espontâneos para científicos no sentido do
enriquecimento proporcionado na memória compreensiva e não mecânica. Em seguida, a pesquisa intitulada A emoção e as funções psicológicas superiores de
Renata da Silva explicita que tal como as demais funções, a emoção também passa por transformações em decorrência das relações estabelecidas entre o
indivíduo e o meio social ao longo do desenvolvimento da infância á idade adulta e não está em oposição aos processos racionais humanos. Por último, o
trabalho intitulado O desenvolvimento da atenção voluntária de Hilusca Alves Leite busca, por meio da sistematização de como a atenção adquire caráter
voluntário justamente em decorrência das exigências postas à criança ao longo de seu desenvolvimento e, portanto, não pode ser considerada inata e sim parte
daquelas funções tipicamente humanas, de caráter histórico-social, buscará superar as concepções naturalizantes e biologizantes hoje hegemônicas que
sustentam o entendimento do fenômeno TDH (Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade). Em suma, os trabalhos aqui agregados procuram se interligar
não somente pelo norte teórico da Psicologia Histórico-Cultural, mas também no sentido de trazer contribuições a psicólogos e educadores que visem uma
educação escolar promotora de desenvolvimento e não aquela que vai a reboque do mesmo.
A IMPORTÂNCIA DO PENSAMENTO VERBAL PARA A PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL
SILVANA CALVO TULESKI – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ/PPI/DPI
O objetivo principal do trabalho é demonstrar o quanto o desenvolvimento do pensamento verbal tem centralidade para a Psicolo gia Histórico-Cultural desde os
primeiros escritos de Vigotski, sendo também destacado na obra de Luria. Para ambos a constituição do pensamento verbal opera uma revolução nas funções
psíquicas, sendo fundamental para a transição das funções psicológicas elementares para superiores. Parte-se da função da palavra na filogênese enquanto
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forma de comunicação entre os homens e de categorização da realidade, demonstrando sua evolução para a frase e outros discursos ou alocuções verbais mais
complexas. Ao estabelecer correlações entre a filogênese e a ontogênese destas formas de linguagem, que caminham de um caráter simpráxico ou ligado à
situação imediata, para sinsemântico ou preso unicamente aos enlaces entre palavras, demonstra-se como a criança se apropria de tais procedimentos culturais.
Dois princípios diferentes de organização dos significados verbais serão abordados: o paradigmático e o sintagmático: o primeiro refere-se à inclusão dos
elementos da linguagem em determinados sistemas hierárquicos de categorias como ocorre no caso das palavras isoladas e o segundo, à passagem fluída de um
elemento a outro, que se constitui com a passagem da palavra à frase. Se nas primeiras etapas de desenvolvimento a criança utiliza palavras isoladas, em
estágios mais tardios passa a utilizar uma série de palavras que formam séries verbais ou encadeamentos sucessivos expressando uma idéia completa. Assim,
analisando os diversos processos psicológicos envolvidos na compreensão e expressão da linguagem, tanto oral quanto escrita (diálogo e monólogo) procurarse-á demonstrar como estes vão sendo lapidados na criança por meio das mediações culturais que os elevam a patamares superiores. Concluí-se, portanto, que
a compreensão por parte dos educadores e psicólogos envolvidos com a educação, das diversas formas que o pensamento verbal se entrelaça com o
desenvolvimento da linguagem escrita, tanto em seu aspecto compreensivo, quanto expressivo, é importante para que sejam elabora dos métodos e
procedimentos pedagógicos. Assim pensadas, as atividades pedagógicas passam a considerar não somente a aquisição das habilidades externas de leitura e
escrita, mas também o desenvolvimento das funções psicológicas envolvidas na prática social letrada, dirigindo o desenvolvime nto dos educandos cada vez mais
para o pensamento racional ou teórico, fruto do desenvolvimento histórico da humanidade.
O DESENVOLVIMENTO DA MEMÓRIA LÓGICO-CONCEITUAL
ELOISA ATSUE TANAKA BEPPU – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
O presente trabalho, enfocando o desenvolvimento da memória lógico-conceitual, visa a descrever o processo de transição da memória que, de uma condição
elementar ou primitiva, incrementada pelos processos de apropriação e objetivação, passa a funcionar de modo qualitativamente superior. Ao nascer, a criança
possui uma memória primitiva, que coincide com a função psíquica elementar, herdada com o organismo. Considerando a base biológica, desenvolvida
filogeneticamente, o processo de desenvolvimento do sistema psíquico, de acordo com a Psicologia Histórico-Cultural, encontra-se pautado na história e
fundado nas relações sociais. Nesse contexto, com a mediação de meios e instrumentos simbólicos, que foram criados pelo homem, processa-se a apropriação
daquilo que foi produzido e registrado ao longo da história humana. Vale lembrar que, segundo essa teoria, o processo de dese nvolvimento é contínuo e
dinâmico, dialeticamente caracterizado. No princípio, quase todas as experiências do homem primitivo estavam apoiadas na memória, as quais eram
preservadas com riqueza de detalhes e na mesma ordem de conexão com a realidade. Ao mesmo tempo em que esse tipo de memória era muito acurada, tinha
uma capacidade de armazenamento limitada pelas características de um funcionamento sequencial. Com o uso de mediadores simbólicos, dentre os quais a
linguagem ocupa posição central, paulatinamente, a memória biológica, enriquecida pelas apropriações conceituais, e funcionando de acordo com um modelo
organizado por categorias, vai assumindo o formato de memória lógico-conceitual. Ou seja, o funcionamento da memória utilizando mecanismos lógicos e
conceitos abstratos é qualitativamente alterado. No decorrer desse processo, evidencia-se o papel de suma importância que a escola desempenha. O ingresso
da criança no sistema de educação escolar, que é mediado pela ação do professor, possibilita o seu acesso a um conteúdo que é organizado e sistematizado. O
objetivo principal desse contato é a apropriação, pelo aluno, do conhecimento científico que foi produzido pelos homens ao lo ngo do desenvolvimento
histórico. Do pressuposto fundamental da Psicologia Histórico-Cultural, de que a aprendizagem promove o desenvolvimento, com a apropriação dos conceitos
científicos, a memória se desenvolve e contribui para o estabelecimento do pensamento conceitual.
A EMOÇÃO E AS FUNÇÕES PSÍQUICAS SUPERIORES
RENATA DA SILVA – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
A subjetividade humana, compreendida a partir das determinações históricas e sociais, constitui-se como foco da Psicologia Histórico-Cultural. Sob esta
perspectiva – desenvolvida por Vigotski, Luria, Leontiev e seus colaboradores, com os fundamentos no materialismo histórico e dialético presente na teoria de
Marx e Engels – os processos psíquicos são compreendidos a partir de sua base elementar (biológica) que predomina no início da vida do indiví duo, mas que por
meio das relações sociais, ocorre a mediação entre a pessoa e a cultura em que ela vive. Assim como as demais funções, a emoção também passa por
transformações em decorrência das relações estabelecidas entre o indivíduo e o meio social. Esta função está presente desde o início da vida, período em que se
pauta nas necessidades imediatas e de sobrevivência do organismo, mas no decorrer do processo educativo, provocado pelas mediações, a emoção adquire
novas configurações e novas formas de expressão, as quais se manifestam na atividade, imaginação e criatividade dos sujeitos, fatores estes que também
mudam com o desenvolvimento proporcionado pela relação constante entre o indivíduo e a realidade concreta. Conforme se desenvolve, a emoção passa a
atuar junto a outras funções, como a percepção, a memória, o pensamento verbal e a consciência, a qual tem como marco fundamental a aquisição de conceitos
e, consequentemente, a possibilidade que o indivíduo adquire de realizar abstrações e compreender o mundo em que está inseri do, como também
compreender-se no convívio com a realidade que o circunda. Esta concepção das emoções perpassa a teoria dos autores da Psicologia Histórico-Cultural em
diversas obras e vão de encontro ao monismo de Spinoza, para o qual emoção e razão constituem uma unidade da qual depende o bem-estar dos indivíduos.
O DESENVOLVIMENTO DA ATENÇÃO VOLUNTÁRIA
HILUSCA ALVES LEITE – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
A exposição de como se desenvolve a atenção voluntária de acordo com a Psicologia Histórico-Cultural tem a intenção de trazer outro olhar para os casos de
crianças desatentas e hiperativas no contexto escolar. A atenção é a instância psíquica responsável por selecionar determinadas tarefas importantes ao
indivíduo, bem como as ações fundamentais para o cumprimento da referida tarefa. Contudo, a atenção responsável por uma conduta organizada – a
chamada atenção voluntária – não está dada desde o nascimento. Nos primeiros anos da infância, predomina a chamada atenção involuntária – tipo de
atenção que responde a qualquer estímulo novo (luzes, cores, sons diferenciados) –, mas que se extingue conforme o indivíduo se adapta à novidade.
Paulatinamente, a atenção involuntária vai sendo substituída pela atenção voluntária, responsável por fazer com que o indivíd uo permaneça em uma
atividade mesmo que esta não seja inteiramente interessante. Esta passagem da atenção involuntária para a voluntária se dá à medida que o indivíduo, ainda
criança, é inserido em seu contexto social. Desde muito cedo, a mãe, ou outra figura cuidadora, indica objetos e os nomeia para a criança, isso faz com que tal
objeto ganhe relevância em detrimento dos demais que estiverem no mesmo contexto, e conduz a atenção da criança. Mais adiante , com a inserção da
criança na escola, a atenção voluntária tende a se tornar mais estável, porque o ambiente escolar impõe tarefas que exigem do aluno voluntariedade na
atenção, na memória, no comportamento, etc. Nesse sentido, destaca-se a importância da instituição escolar para, por meio do ensino sistematizado,
promover o desenvolvimento das funções superiores. A partir da adolescência, a atenção voluntária ganha caráter automatizado, torna-se comum ao sujeito
focar sua atenção em determinadas atividades e, à proporção que ocorre a inserção desse indivíduo em contextos de trabalho, a atenção voluntária tende a
tornar-se cada vez mais consolidada. Entende-se, portanto, que estudar a atenção desde sua gênese até a sua expressão mais elaborada, a voluntária, tendo
como norte teórico a Psicologia Histórico-Cultural é imprescindível para que se dê um novo enfoque sobre os problemas de desatenção e hiperatividade tão
recorrentes no contexto educacional. Tal estudo oferece ainda, a possibilidade de frentes de pesquisa a respeito do assunto em pauta que considerem o
homem em sua totalidade conforme propõe a Psicologia Histórico-Cultural, ou seja, na unidade indivíduo/sociedade, objetivando o desenvolvimento de
práticas pedagógicas capazes de promover o desenvolvimento das funções superiores, dentre elas a atenção. Como meio de desenvolver a atenção voluntária,
defende-se a importância de se pensar formas da transmissão dos conhecimentos científicos de maneira articulada com a realidade social, para que ganhem
significado e despertem interesse no aluno, constituindo-se, dessa forma, em um motivo pelo qual se deve estudar e, por conseguinte, fixar sua atenção em
determinados conteúdos.
10h30-12h30
ESCOLARIZAÇÃO DE ADOLESCENTES EM RONDÔNIA: ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES
E-34 - Sala 09
Coordenação: EDIMAR ROBERTO DE LIMA SARTORO – UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
São muitas as discussões que envolvem a temática relacionada à adolescência, principalmente no que se refere às questões comportamentais e de
aprendizagem. Há divergências teórico-epistemológicas na concepção do fenômeno da adolescência as quais influenciam na compreensão do desenvolvimento
humano de maneira geral, essencialmente no que diz respeito às questões psicológicas e sociais. Por vezes, o comportamento do adolescente é percebido pelas
instituições educacionais como parte natural do processo de desenvolvimento, já em outros momentos como passível de medidas severas. Em se tratando desse
último aspecto, destacamos as discussões propostas pela mídia para efetivação do projeto de redução da maioridade penal. Atualmente, quando se trata do
envolvimento do adolescente com ato infracional, esses são encaminhados ao Sistema Judiciário para aplicação de medida socioeducativa, sendo, por vezes,
determinada a reinserção escolar. Neste caso, autores ressaltam a importância da escolarização como fator protetivo de crianças e adolescentes; no entanto
observa-se o alto índice de evasão escolar, principalmente dos que se encontram nesta idade emblemática, a adolescência. Considerando tal problemática como
um desafio enfrentado por instituições educacionais, assim como para a formulação de políticas públicas de intervenção, os trabalhos que seguem , pretendem
problematizar questões relacionadas ao conceito de adolescência, em uma perspectiva histórica, e os sentidos atribuídos pelos próprios adolescentes ao
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processo de escolarização, bem como a relevância deste processo no desenvolvimento de adolescentes em conflito com a lei, trazendo para o contexto
realidades do estado de Rondônia.
NATURALIZAÇÕES E INFLUÊNCIAS DA HISTÓRIA E DA CULTURA: CONCEPÇÕES DA ADOLESCÊNCIA
FERNANDA BORDALO REIS – UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
Este trabalho se propõe a uma revisão bibliográfica sobre o tema da adolescência a partir da literatura que estuda as diversas concepções que buscam definir
esse fenômeno, levando em consideração a legislação em vigor no país e procurando demonstrar as principais diferenças entre os autores que se dedicaram ao
assunto nas últimas décadas, enfatizando a visão da Psicologia Histórico-Cultural, com as contribuições de Vigotski. A adolescência vem sendo entendida como
uma etapa do desenvolvimento humano, de caráter universal e generalizável, como uma fase difícil e carregada de conflitos, em que se espera que todos os
adolescentes tenham as mesmas crises e problemas. Entretanto, se considerarmos que o estudante adolescente é produto de uma construção histórica e
coletiva, é preciso superar esta aparente justificativa de fase natural de desenvolvimento que não necessariamente será vivenciada por todos igualmente. Por
fim, o texto manifesta a ideia de que a adolescência precisa ser pensada para além da idade cronológica e das transformações físicas, como uma categoria que
se constrói dentro de uma história, cultura e tempo específicos e em meio a relações sociais que a contextualizam e atribuem significado, ou seja, destaca a
construção social e histórica da adolescência, em oposição à sua naturalização.
SENTIDOS ATRIBUÍDOS POR ADOLESCENTES AO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO: UM ESTUDO A PARTIR DA PSICOLOGIA HISTÓRICOCULTURAL
EDIMAR ROBERTO DE LIMA SARTORO – UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
Este trabalho inscreve-se no âmbito das pesquisas sobre escolarização de adolescentes. O texto apresenta dados de uma pesquisa em andamento cujo objetivo
central é compreender o sentido pessoal que alunos adolescentes dos anos finais do Ensino Fundamental atribuem às suas experiências de repetência escolar. A
investigação tem como referencial teórico a Psicologia Histórico-Cultural elaborada por Vigotski, seus colaboradores e continuadores: Leontiev, Luria dentre
outros, sendo o método adotado o materialista histórico-dialético. Mediados por esse método, todo o movimento de análise expressa-se como uma tentativa
de apreender aquilo que, presente no fenômeno, não é apanhado imediatamente pelo pensamento. Partindo das contribuições de Saviani (2000), Duarte (1999,
2000), Facci (2003), dentre outros, a atividade educativa é considerada uma atividade intencional, suas ações encaminha-se, assim, para a concretização de seu
fim último: produzir em cada indivíduo singular aquilo que foi alcançado pelo gênero humano em sua processualidade histórica (SAVIANI, 2000). A
transmissão/assimilação de conhecimentos pela educação escolar cumpre, desse modo, a função de desenvolver as potencialidades intelectuais dos alunos, as
funções psicológicas superiores. É por meio da apropriação do que é histórico que os indivíduos tornam-se históricos (DUARTE, 1999). Participaram da pesquisa
10 alunos e alunas de classes populares, na faixa etária entre 14 e 16 anos, estudantes do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental de uma escola da rede Estadual
de Rondônia. A coleta empírica de dados envolve instrumentos como: entrevistas individuais, análise documental, encontros de grupo focal e Caderno de
Campo. Os resultados parciais indicam que o sentido pessoal atribuído pelos alunos ao quadro de reprovações expressa as sínteses de muitas relações e
determinações, tanto institucionais como sociais e históricas. A escola para os adolescentes investigados não aparece explicitamente como um local de
aprendizagem, de promoção de humanidade, sendo o processo educativo significado como vazio, cansativo, repetitivo e desmotivador. Para os adolescentes a
escola não tem produzido o motivo social para a aprendizagem, assumindo nesse contexto características de uma instituição voltada para atender o mercado de
trabalho.
ESCOLARIZAÇÃO DE ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI NO ESTADO DE RONDÔNIA
ELISANGELA SOBREIRA DE OLIVEIRA – UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
A apresentação deste trabalho terá como base para discussão parte dos dados levantados em uma pesquisa que está sendo realizada no estado de Rondônia e
que tem por objetivo investigar as condições em que ocorre o processo de escolarização de adolescentes em conflito com a lei que cumprem medida
socioeducativa de privação de liberdade. A problemática relacionada a infância e juventude, principalmente no que se refere ao tema “adolescentes em conflito
com a lei”, é motivo de discussões e propostas de trabalhos há décadas, no entanto, questões de cunho social se tornaram mais frequentes em meados do
século XIX e XX, principalmente com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. Segundo Rizzini (2008) aqueles que durante muito tempo
foram considerados “menores”, eram encaminhados a instituições como as casas de detenção e correção com a justificativa de que estes eram instrumentos de
assistência e proteção. Atualmente estes mesmos “menores”, chamam-se adolescentes em conflito com a lei, e as instituições destinadas aos atendimentos
chamam-se Unidades Socioeducativas. De acordo com os documentos que regem este sistema, a assistência a estes adolescentes precisam se pautar menos na
coerção e mais na educação, devendo promover atividades pedagógicas que auxiliem o sujeito na construção de um novo ou diferente projeto de vida e que
garanta sua participação efetiva em sociedade. Pesquisas apontam a educação e (re)inserção escolar como responsáveis por contribuir com a formação moral e
social destes sujeitos, sendo que, em casos específicos, torna-se esta uma condição imposta ao adolescente para voltar a viver em liberdade. Até o momento, os
resultados parciais da pesquisa em andamento indicam que as instituições socioeducativas estão longe de atender as determinações estabelecidas através de
documentos oficiais ou mesmo de contribuir com a aproximação destes adolescentes a instituições escolares. Desta forma, prete ndemos com este trabalho
explorar as determinações do ECA no que se refere as medidas socioeducativas; apresentar pesquisas recentes que apontam as principais situações de risco
vivenciadas por estes adolescentes, bem como propor a discussão acerca dos desafios a serem enfrentados no processo de inclusão social e educacional de
adolescentes em conflito com a lei.
10h30-12h30
REFLEXÕES SOBRE A EDUCAÇÃO ESPECIAL E A INCLUSÃO NO CONTEXTO ESCOLAR
E-46 - Sala 01
Coordenação: ZÁIRA FÁTIMA DE REZENDE GONZALEZ LEAL – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
A presente mesa tem o objetivo de reunir e apresentar alguns estudos e conseqüentes reflexões, com o objetivo de promover a análise de aspectos relacionados
à Educação Especial no atual contexto de Inclusão. Trata-se de refletir sobre a necessidade e a forma de realização da avaliação psicoeducacional e do
encaminhamento do aluno para programas diferenciados; sobre o processo de inclusão no contexto escolar e a formação dos profissionais para trabalhar neste
contexto, com todas as suas implicações e mudanças necessárias, o que se dá, muitas vezes, em cursos de Especialização; de analisar práticas realizadas com
objetivo de atender a inclusão, entendida como uma questão que deve ter o ambiente escolar envolvido e considerado como parte fundamental do processo,
para entendimento e mudança. Muitos são os desafios enfrentados por todos aqueles que trabalham em educação e principalmente por aqueles que têm que
lidar com alunos com necessidades educativas especiais ou que fogem ao padrão geral existente nas escolas, alunos com dificuldades ou que não aprendem
como os demais. Nesta perspectiva, portanto, há que se refletir sobre a contribuição que a psicologia escolar pode oferecer para o alcance dos objetivos da
educação e o pleno desenvolvimento dos educandos. Assim, busca-se, com este simpósio, trazer elementos para ampliar a reflexão acerca da perspectiva de
inclusão não como a simples colocação dos alunos em um mesmo ambiente; a necessidade de se repensar as inúmeras avaliações classificatórias que são
realizadas, buscando caminhos alternativos para o desenvolvimento pleno do aluno; a necessidade de se organizar a formação do profissional para trabalhar
com os alunos de forma integral, com condições de atender às necessidades que se colocam no processo ensino-aprendizagem e que se dão em uma enorme
diversidade, pois sem a reflexão sobre o seu papel, sua concepção de aluno e sobre o objetivo de sua prática profissional, não é possível avançar na construção
de uma sociedade inclusiva, que respeite as diferenças.
INCLUSÃO ESCOLAR E AVALIAÇÃO PSICOEDUCACIONAL
ZÁIRA FÁTIMA DE REZENDE GONZALEZ LEAL – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Pretende-se, com este trabalho, discutir algumas questões pertinentes à atuação do psicólogo escolar/educacional diante da perspectiva de educação inclusiva e
frente à necessidade de realização da avaliação psicoeducacional, frequentemente considerada necessária para lidar com os alunos que não aprendem. Em geral
se solicita ao psicólogo escolar/educacional que responda por que determinados alunos não aprendem e como trabalhar com esses alunos. Essa queixa conduz à
necessidade de buscar alternativas para o enfrentamento dessa problemática, gerando a expectativa, por parte dos profissionais da escola, de que o psicólogo
realize a avaliação do aluno e o seu encaminhamento à programas especializados, aspecto considerado necessário para que o problema seja resolvido. Vale
lembrar que a concepção é de que o problema é do aluno, devendo ser tratado de forma individual. Cabe-nos, portanto, discutir de que maneira isso tem sido
realizado, considerando-se a perspectiva inclusiva da educação; que objetivos tem sido atendidos por meio das avaliações e de que maneira esse problema
poderia ser enfrentado, sem haver uma responsabilização do aluno e uma patologização do processo, pois ainda nos defrontamos com um nível de atuação que
aceita a demanda tal como a recebe, trabalhando a partir de uma perspectiva de individualização do problema. Neste sentido, é necessário que se amplie a
discussão e reflexão acerca da avaliação psicoeducacional, seus objetivos e procedimentos, suas possibilidades e limites, superando, a partir de um referencial
teórico consistente, as práticas classificatórias e adaptacionistas, buscando contribuir para o desenvolvimento do aluno, de forma geral.
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A INCLUSÃO NO CONTEXTO ESCOLAR
NILZA SANCHES TESSARO LEONARDO – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
A inclusão dos alunos com necessidades especiais no contexto educacional/escolar vem sendo muito discutida entre profissionais da educação e áreas afins e
está sendo amplamente divulgada pela mídia no Brasil. Atualmente é comum a exibição de cenas na televisão em horários nobres que dizem respeito à inclusão
de alunos com deficiência em classes comuns do sistema regular de ensino. Vale destacar que as informações veiculadas nem sempre refletem o fato em todas
as suas dimensões, como no caso, em que são mostradas portas abertas, porém não deixa claro se o projeto político pedagógico educacional tem possibilitado a
manutenção com qualidade destas crianças no ensino regular. Cabe então questionar se incluir trata-se apenas de permitir a entrada. É com esta preocupação
que vimos realizando estudos teóricos e de campo, intencionando apresentar algumas pesquisas já realizadas e encaminhamentos acerca da escola como um
todo, e principalmente do professor, agente direto para a implementação de ações efetivas inclusivas. Os estudos têm revelado que muitas dificuldades têm
sido encontradas para a efetivação, de fato, da inclusão no contexto escolar, e, muito mais, que estes estudos têm se apresentado como fonte de dados que
contrubuem para o diagnóstico das dificuldades do ponto de vista do professor e da escola como um todo.
FORMAÇÃO DE PROFESSORES E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
MARIA JÚLIA LEMES RIBEIRO – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
É o conhecimento que permite ao homem assumir certas características e posturas coerentes com determinada época e cultura. Nesse sentido, a educação, que
é influenciada pelas diferentes formas de viver e pensar, em tempos atuais coloca um novo desafio à escola e ao professor - atender alunos com deficiências
preferencialmente no ensino regular. Tem sido realizadas pesquisas e estudos sobre a formação deste profissional para esta nova demanda e, no presente
estudo, objetiva-se discutir a contribuição dos Cursos de Formação de Professores – Educação Especial, em nível de Especialização, para a formação do professor
que atua numa proposta de Ensino Inclusivo. Trata-se de uma pesquisa realizada com professores egressos de cursos realizados no ano de 2000, pertencentes a
três instituições paranaenses. Analisou-se a organização curricular dos cursos de Especialização na área de Educação Especial, ofertados no mesmo ano pelas
instituições. A análise mostrou uma tendência dos cursos voltada para as questões pedagógicas, com intencionalidade de apresentar relações de
interdependência e continuidade entre as disciplinas; a necessidade de inclusão de alguns conteúdos às disciplinas, como adaptações curriculares; a inclusão de
disciplinas como Metodologia da Ação Docente para as diferentes excepcionalidades e Estágio Supervisionado; a necessidade de que as grades curriculares dos
cursos de Especialização sejam revistas para promover o desenvolvimento das potencialidades dos educando com necessidades especiais. A pesquisa priorizou a
ótica dos alunos/professores egressos dos cursos de Especialização, buscando contribuir com as discussões sobre a formação do professor para o ensino
inclusivo.
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: REFLEXÕES DA PSICOLOGIA A PARTIR DO COTIDIANO DA ESCOLA REGULAR
ELIZABETH LIMA – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
A Educação Inclusiva é parte de um processo de lutas pela cidadania e combate à exclusão social, intensificado a partir do final da Segunda Guerra Mundial
com a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O presente trabalho tem o objetivo de socializar uma experiência da Psicologia no contexto de uma escola
pública estadual de ensino regular de uma cidade do interior do Paraná: curso de extensão para profissionais da escola e grupos operativos com alunos de
sexta a oitava séries. A inclusão aqui é entendida não como individualização e medicalização das queixas dos alunos, mas como uma questão que deve ter o
ambiente escolar envolvido e considerado como parte fundamental do processo para entendimento e mudança. A naturalização da produção do fracasso
escolar de alunos, principalmente de classes populares, leva a exclusão do acesso ao saber, mesmo para quem permanece dentro da instituição escola. A
intervenção teve alguns pequenos resultados ao olhar para os alunos de forma diferenciada, dando oportunidade para expressarem e refletirem sobre os seus
papeis e revisarem posturas cristalizadas, o que talvez possa resultar num abandono da atitude passiva diante da situação de estigmatização sofrida.
Relativamente aos professores, fica a certeza de que sem uma reflexão sobre o seu papel e a sua concepção de aluno e sobre o objetivo de sua prática
profissional, não é possível avançar na construção de uma sociedade inclusiva, que respeita as diferenças.
10h30-12h30
EDUCAÇÃO E COMUNIDADE: CONSIDERAÇÕES SOBRE PRÁTICAS PSICOLÓGICAS, FAMÍLIA E INCLUSÃO
E-46 - Sala 02
Coordenação: MÔNICA CINTRÃO FRANÇA RIBEIRO – UNIVERSIDADE PAULISTA
Podemos qualificar as relações entre Educação e Comunidade como inseparáveis minimamente pelo fato de que a segunda contribui com os indivíduos que
sofrem ou sofrerão a ação da primeira. Certamente, no entanto, as imbricações entre elas vão muito além disso, sustentando di scursos e práticas profissionais e
cotidianas que produzem efeitos diversos naqueles que ocupam o centro desta intersecção: os alunos. Nesta apresentação, analisaremos esta relação segundo
uma perspectiva de interdependência, destacando ângulos e questões que consideramos essenciais à formação de todo profissiona l que atuará direta ou
indiretamente nestes contextos, e dentre eles o psicólogo escolar. Iniciaremos refletindo sobre as práticas psicológicas em relação à demanda das dificuldades
do aluno e do professor no cotidiano da escola e a maneira como a psicologia tratou destas questões ao longo de sua história. A partir desta perspectiva serão
apresentados novos procedimentos de avaliação e intervenção em psicologia escolar e os resultados dos mesmos na formação psicólogos nessa área. Na
sequência, recorreremos a um momento legítimo e regular de encontro entre a instituição escolar e a comunidade – as reuniões de pais – para analisar aspectos
da relação entre escola e família. Indicaremos alguns obstáculos, muitas vezes implícitos, à construção de uma efetiva parcer ia entre elas e possíveis caminhos
para a sua superação, destacando o papel do psicólogo escolar neste processo. Por fim, abordaremos o tema de educação inclusiva a partir de experiências em
uma rede pública, propondo uma análise crítica sobre os desafios vividos para implementação de políticas e ações inclusivas. É nosso intuito, com estas falas,
não propriamente apresentar soluções seguras ou respostas garantidas, mas compartilhar reflexões e percursos e, com isso, provocar o comprometimento de
todos com temas que vão além da formação profissional particular de cada um de nós, mas que deve tocar a todo cidadão.
PSICOLOGIA ESCOLAR E SAÚDE: REFLEXÃO SOBRE FUNCIONAMENTOS ESCOLARES E PROBLEMAS DE ESCOLARIZAÇÃO
MÔNICA CINTRÃO FRANÇA RIBEIRO – UNIVERSIDADE PAULISTA
O atendimento psicológico às dificuldades escolares, tradicionalmente, focou a avaliação e a intervenção no aluno e em sua família, deixando muitas vezes de
lado, o contexto aonde acontecem estes problemas: o ambiente escolar. De modo paradoxal, os professores foram e são responsabilizados pelos
acontecimentos escolares de toda ordem, tornando-se depositários de funcionamentos escolares patologizados e patologizantes. Dentro desta lógica, a escola, o
professor, o aluno e sua família são colocados em uma situação de total exclusão e, nessa condição, tornam-se impotentes frente aos problemas,
compreendendo-os como individuais e sem solução, transferindo ao psicólogo a solução mágica para a resolução dos conflitos. Esta apresentação tem como
objetivo questionar tais procedimentos e discutir novas práticas psicológicas de avaliação e intervenção em psicologia escolar que leve em consideração uma
leitura dialética e interdependente dos diferentes eixos que compõem a dificuldade encontrada pelo aluno em seu processo de escolarização e, igualmente,
indicar procedimentos em psicologia que levem o psicólogo a uma resignificação de sua ação profissional e do cenário atual. Para exemplificar tais ações serão
apresentadas oficinas que foram desenvolvidas com alunos, professores e pais em escolas públicas e privadas na cidade de São Paulo e os desdobramentos das
mesmas na formação de psicólogos durante a graduação.
RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA: REUNIÕES DE PAIS COMO ESPAÇO DE INCLUSÃO
HELOISA HELENA GENOVESE DE OLIVEIRA GARCIA – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; UNIVERSIDADE PAULISTA
No atual contexto da educação brasileira, que se propõe a construir um projeto efetivo de uma escola para todos, as relações com a comunidade escolar,
notadamente as famílias dos alunos, exigem modificações profundas. Tarefa complexa levando-se em conta, por exemplo, a pluralidade crescente de
configurações que estas vêm adquirindo nas últimas décadas. Assim, para a instituição escolar como um todo, mas especialmente para os professores, vemos
surgir novas demandas relativas à diversidade dos alunos, com suas particularidades físicas, psíquicas, sociais e familiares. Ao mesmo tempo, deparamo-nos
cotidianamente com queixas e reclamações de educadores sobre as relações estabelecidas com os responsáveis por seus alunos. Em grande parte as
justificativas para as dificuldades encontradas recaem exclusivamente sobre as famílias, sendo menos frequentes os que rejeitam esta visão simplificadora e
preconceituosa, questionando igualmente a instituição escolar. Nesta apresentação estas questões serão ventiladas através dos resultados de pesquisa
realizada, com bolsa da CAPES, sobre um momento específico e regular de contato entre estas duas instituições educativas: as reuniões de pais. Com base em
uma metodologia qualitativa e construtivista, foram realizadas 14 observações de reuniões de pais e 43 entrevistas individuais semi-estruturadas com diretoras,
coordenadoras pedagógicas, professoras e familiares, vinculados a duas escolas municipais de educação infantil paulistanas. O eixo desta discussão serão
indicadores relativos a três qualidades possíveis de relação entre escola e família: dependência, independência e interdependência; entendendo esta última
como a favorecedora de um encontro de efetiva cooperação e parceria entre os envolvidos. Destaca-se a necessidade de se criarem espaços e momentos
específicos na rotina escolar para a reflexão crítica sobre as relações com as famílias e a pertinência da participação ativa do psicólogo escolar neste processo.
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EDUCAÇÃO, COMUNIDADE, INCLUSÃO ESCOLAR: REFLEXÕES SOBRE EXPERIÊNCIAS EM CONTEXTO PÚBLICO DE EDUCAÇÃO
DEIGLES GIACOMELLI AMARO – UNIVERSIDADE PAULISTA
Refletir sobre o cotidiano das práticas educativas a partir de princípios de educação inclusiva implica termos que questionar: Qual é o papel da escola na
educação de crianças, jovens e adultos? O que significa “educar” a diversidade de alunos que estão presentes num contexto escolar e de forma inclusiva? Quais
devem ser os objetivos de uma educação escolar para alunos que, “visivelmente”, fogem das características dos alunos tradicionais da escola como, por
exemplo, alunos com algum tipo de deficiência? Para que as práticas educativas sejam inclusivas é necessário o envolvimento da comunidade? Mas quem é
considerado comunidade neste contexto? Quais são as relações entre “educação, comunidade e inclusão escolar”? Estas questões são emergentes quando nos
deparamos com os desafios vividos num sistema público de educação que objetiva atender, com qualidade, todos os alunos, independente de suas
características físicas, intelectuais, sensoriais, psíquicas e culturais. Esta apresentação trará elementos para discussão deste tema a partir das experiências de
pesquisa e atuação como profissional de apoio a Rede Municipal de Educação de Mauá/ SP para implementação de práticas e de um sistema inclusivo da autora.
10h30-12h30
VOZES SILENCIADAS: CONCEPÇÕES DE FAMILIARES E ALUNOS SOBRE O PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO
E-46 - Sala 03
FINANCIADOR: CNPq
Coordenação: MARLI LUCIA TONATTO ZIBETTI - UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
Estudos realizados por Azevedo (2004) e outros autores apontam que a escola pública não tem sido competente para ensinar as crianças que são socialmente
desprivilegiadas, uma vez que mais de 20% delas em idade escolar são retidas todo ano, sendo que o primeiro ano do ensino fundamental é onde se acumulam
os maiores índices. As relações estabelecidas entre a escola, os sujeitos que as frequentam e seus familiares são apontadas como algumas das possíveis causas
do fracasso de uma parcela significativa de crianças. Considerando-se que a maioria das pesquisas envolve apenas os sujeitos inseridos no próprio espaço escolar
a presente mesa tem por objetivo discutir as opiniões que diferentes sujeitos, entre eles os familiares e as próprias crianças, têm em relação ao espaço escolar e
ao processo de escolarização. Serão apresentados os resultados de três pesquisas realizadas em duas escolas públicas estaduais do município de Rolim de Moura
– RO - entre os anos de 2006 e 2010. A primeira pesquisa realizada em 2006 ouviu pais e outros familiares de duas turmas de Ciclo Básico de Alfabetização sobre
o processo de escolarização das crianças com ênfase nas questões sobre leitura e escrita. Ao todo foram ouvidas por meio de entrevistas semi-estruturadas,
realizadas no espaço doméstico, cinco famílias cujas crianças freqüentavam as salas participantes da pesquisa. Os outros dois estudos foram realizados em uma
escola que apresentava nos anos de 2008 e 2009, altos índices de retenção ao final da etapa de alfabetização. A pesquisa dese nvolvida em 2009 consistiu de um
estudo de caso envolvendo alunos/as do 3° ano do ensino fundamental que enfrentavam dificuldades no processo de alfabetização, analisando a trajetória
escolar de duas crianças e levantando as causas das dificuldades enfrentadas, do ponto de vista das crianças, das famílias, e dos profissionais envolvidos. Nesta
também ocorreram entrevistas semi-estruturadas que foram realizadas nas casas dos próprios sujeitos. O último trabalho que compõem a mesa foi efetuado em
2010 e buscou investigar o que pensavam sobre a escola crianças em processo de alfabetização que vivenciaram situações de fracasso e de sucesso escolar no
intuito de verificar se havia diferenças entre as concepções de crianças bem sucedidas e aquelas com histórico de repetência escolar. Participaram da pesquisa
crianças de duas turmas de 4° ano. A coleta de dados envolveu a produção de desenhos pelas crianças, seguida de entrevistas individuais. Os resultados dos três
estudos indicam que pais, crianças e professores/as têm visões diferentes e até divergentes sobre o fracasso escolar. Indicam ainda que não basta encontrar as
causas para o insucesso; é necessário intensificar a compreensão das relações que estes sujeitos mantêm com a escola, além da vigilância sobre os efeitos das
políticas públicas na vida desses alunos e alunas, com vistas a encontrar soluções para o desafio de garantir aprendizagem a todas as crianças brasileiras.
A ESCOLA SOB O OLHAR DAS FAMÍLIAS: DISTANCIAMENTOS E APROXIMAÇÕES
FLÁVIA PANSINI – UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
O presente trabalho visa divulgar os resultados de uma pesquisa de cunho qualitativo, desenvolvida no ano de 2006 em uma escola pública estadual do
município de Rolim de Moura – Rondônia cujo objetivo central era o de investigar em que medida as práticas e eventos de letramento escolar vivenciadas
durante o processo de alfabetização, se aproximam ou não das práticas e eventos vivenciados no ambiente familiar das crianças. Participaram da pesquisa duas
turmas do primeiro ano do Ciclo Básico de Alfabetização, duas professoras das respectivas turmas e os familiares de quatro crianças que freqüentavam as salas
de aula. O aporte teórico utilizado centrou-se nos estudos de autores que analisam a questão do letramento, principalmente a distinção entre letramento social
e letramento escolar. Os instrumentos utilizados foram observação, análise documental e entrevistas com as professoras e com as famílias. Para esta discussão
serão destacados os dados relativos às entrevistas realizadas com as famílias em que se evidenciam as práticas e eventos de letramento vivenciadas no espaço
doméstico, bem como as opiniões dos familiares a respeito do processo de ensino, principalmente no que diz respeito à leitura e a escrita. Os resultados
apontam para a existência de um distanciamento entre o significado da leitura e da escrita para as famílias e para a escola. Mostram também que as docentes
desconhecem aspectos relativos ao contexto cultural e familiar das crianças evidenciando a necessidade de que a escola conheça este contexto para fazer um
trabalho que considere os valores e a cultura destas crianças e ainda, que as famílias manifestam um profundo respeito pela instituição escolar vista em alguns
momentos como agência de ascensão social.
O FRACASSO ESCOLAR NA OPINIÃO DAS FAMÍLIAS: UM ESTUDO DE CASO EM ROLIM DE MOURA – RO
FLORA LIMA FARIAS DE SOUZA – UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
O presente texto visa discutir a percepção sobre a escola dos familiares de duas crianças (uma menina e um menino) multirrepetentes que cursavam o 3º ano
do ensino fundamental e ainda não estavam alfabetizadas. Os dados foram construídos durante uma pesquisa realizada em 2009, com alunos de uma escola
estadual de Rolim de Moura-RO, na qual foram ouvidos, por meio de entrevistas semi-estruturadas, pais e avós sobre as trajetórias escolares dos sujeitos
envolvidos. A menina estava com nove anos, morava com o pai, mãe e três irmãos e havia repetido duas vezes o terceiro ano do ciclo básico de alfabetização
(CBA). O menino, de 13 anos, morava com os avós maternos e carregava em seu histórico escolar o peso de cinco retenções, todas ao final da primeira etapa do
CBA. A pesquisa evidenciou que a escola ocupa um lugar central na vida dessas pessoas, entretanto, embora próximos fisicamente da instituição, seus usuários
não a percebem como um espaço aberto ao diálogo no qual podem esclarecer questões referentes ao desempenho escolar. No discurso dos entrevistados,
comparece a visão da escola como espaço para obtenção de diploma e consequente ascensão social. Os dados indicam ainda que as famílias não compreendem
muitas das transformações regimentais e organizacionais implementadas nas escolas, como foi o caso das mudanças ocorridas com a implantação do Ciclo
Básico e a reorganização das séries por ocasião da ampliação do ensino fundamental para nove anos. Por estarem observando do “lado de fora” os respons áveis
pelas crianças apontam problemas burocráticos e organizacionais da instituição que não aparecem nas falas dos profissionais que nela trabalham. Também
aparentam compreender as causas da não aprendizagem de seus filhos e netos, muitas vezes como falha da escola, sugerindo alte rações para que esse
“problema” seja resolvido. No entanto, as barreiras e preconceitos carregados de estigmas presentes nos meios escolares e nos discursos dos profissionais,
aliados à falta de comunicação direta entre escola e família, tem se caracterizado como um grande empecilho na aprendizagem desses/as alunos/as.
O QUE NOS MOSTRAM AS CRIANÇAS SOBRE A ESCOLA?
KELLY JESSIE MARQUES QUEIROZ – UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
O ingresso no processo de escolarização é uma conquista importante para as crianças, entretanto, a esse ingresso não tem correspondido o respectivo sucesso
almejado pelos sujeitos e suas famílias para boa parte das crianças que freqüentam as escolas públicas brasileiras. Os índices de retenção têm se mantido
extremamente altos, mesmo com a adoção de medidas como a supressão da reprovação entre as séries na implantação dos ciclos e progressão continuada. Por
outro lado, a presença da criança em pesquisas científicas, embora não sendo novidade, tem ocorrido de maneira que sua condição vem limitando-se a de
objeto a ser observado, medido, descrito, analisado e interpretado. Na educação, as pesquisas observam e analisam a criança como aluno/a, especialmente no
cotidiano escolar. Na saúde pública, as crianças são focalizadas a partir de comparações de suas condições físicas a padrões definidos como normais. Com base
em Campos (2008) que afirma a crescente necessidade de introduzir uma mudança radical na abordagem do pesquisador/a adulto junto à criança, este texto
apresenta resultados de pesquisa realizada em duas turmas do 4º ano do Ensino Fundamental numa escola pública da rede estadual de ensino em Rolim de
Moura – RO, cujo objetivo foi investigar as concepções sobre a escola presentes entre crianças que vivenciaram situações de fracasso e de sucesso escolar. A
partir de uma abordagem qualitativa, procura ouvir os principais envolvidos no processo de aprendizagem, ou seja, as crianças. A análise dos dados indica que
atividades consideradas prazerosas estão relacionadas basicamente às situações que ocorrem fora da sala de aula. Ou seja, aquelas que ocorrem no recreio e
nos momentos de recreação tais como jogos com bola, brincadeiras com corda e outras, bem como atividades na biblioteca, sala de vídeo e laboratório de
informática. Por outro lado, as cenas representadas como momentos de tristeza enfatizam preponderantemente situações de brigas com agressões físicas e/ou
verbais bem como situações de exclusão tais como, não ser aceito/a nas brincadeiras. Conclui-se que entender, da perspectiva das próprias crianças, as marcas
deixadas por experiências de fracasso vividas no interior da escola pode fornecer elementos importantes para a compreensão das barreiras que se interpõem
entre os aprendizes e o processo de escolarização.
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10h30-12h30
SUCESSO NO ENSINO SUPERIOR E VARIÁVEIS ENVOLVIDAS
E-46 - Sala 04
Coordenação: SOELY APARECIDA JORGE POLYDORO – UNIVERSIDADE DE ESTADUAL DE CAMPINAS
Neste simpósio serão abordadas temáticas relacionadas às vivências do estudante do ensino superior e tem como perspectiva, demonstrar a complexidade das
variáveis envolvidas neste processo de formação e a importância de realização de investigações sobre as mesmas. Serão apresentados estudos relativos à
motivação e estratégias adotadas pelos estudantes, autoeficácia acadêmica, autorregulação da aprendizagem e integração ao ensino superior. A reunião dessas
temáticas pretende promover uma reflexão sobre a importância de produções que possibilitem o melhor planejamento de experiências de formação
intencionalmente voltadas para o sucesso acadêmico, compreendido de forma ampla, incluindo aspectos de natureza acadêmica, pessoal, interpessoal,
institucional e de carreira. Entende-se que as novas demandas a que os estudantes são submetidos devem ser acompanhadas de oportunidades e condições
mais favoráveis ao desenvolvimento da capacidade de regular a sua própria aprendizagem e trajetória de formação.
O SUCESSO EM CURSOS SUPERIORES: MOTIVAÇÃO E ESTRATÉGIAS EM INTERAÇÃO
JOSÉ ALOYSEO BZUNECK – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
Como características típicas, todo aluno de curso superior traz, além de conhecimentos prévios, uma orientação motivacional e o conhecimento de métodos de
estudos. As condições contextuais do curso podem exigir mudanças, mas é previsível que essas características permaneçam as mesmas, desde os anos
anteriores de escolaridade. Poderá ter êxito em certas disciplinas, mas, no caso de fracasso, entre várias causas possíveis, aqui serão consideradas a
desmotivação ou as motivações distorcidas e a falta de estratégias adequadas. Essas duas variáveis se interrelacionam, numa causação recíproca. Falta de
estratégias adequadas nos estudos acarreta fracassos que, por sua vez, quando reiterados, facilmente produzem desmotivação, especialmente por se
desvalorizar aquela disciplina. Por outro lado, conhecer boas estratégias é condição necessária para o êxito, mas supõe, ao mesmo tempo, disposição para pô-las
em prática. Pesquisas têm confirmado essas interrelações. Três abordagens teóricas à motivação do aluno têm sido mais utiliza das em relação com estratégias e
autorregulação, a saber, a teoria de metas de realização, a teoria das atribuições causais e a teoria da autoeficácia. Cada teoria lança uma luz própria sobre essas
interrelações. Segundo a teoria de metas de realização, a orientação à meta aprender ou domínio está associada à preferência por estratégias de profundidade,
enquanto que as metas de evitação, a estratégias de superfície. Estudos longitudinais também mostraram que o uso de estratégias de profundidade, numa fase,
teve valor preditivo para a adoção da meta aprender numa fase seguinte. Autores adotaram o conceito de engajamento cognitivo para indicar a adoção de
estratégias de profundidade. Por outro lado, se um aluno atribuir seu êxito a fatores que não incluem estratégias, ou o fraca sso simplesmente a falta de
capacidade, estará provavelmente fechando o caminho para uma recuperação. Entre as atribuições causais por fracasso, vale a consideração de falta de
estratégias adequadas, sendo sempre indicada, nesses casos, uma análise estratégica por parte do aluno. Cada disciplina do seu curso contém especificidades,
de tal modo que o aluno deve perceber, a cada tarefa de aprendizagem e no seu decurso, as exigências que enfrenta e saber selecionar as estratégias mais
eficazes. Por último, a autoeficácia do aluno é alimentada por experiências de êxito, que ocorrem somente quando estratégias adequadas forem postas em
prática naquela situação mas que, por serem custosas, supõem motivação. Em resumo, somente motivação não garante sucesso em cursos superiores e, por
outro lado, estratégias dominadas não são postas em ação sem motivação. A literatura enfatiza ainda que motivação e adoção de estratégias não representam
fatores críticos apenas no início de uma atividade de aprendizagem. Após o envolvimento inicial numa dada aprendizagem, o dec urso da execução pode conter
sub-tarefas, exigir avaliação do cumprimento de metas e até a aplicação do controle executivo. Por isso, também ao longo do cumprimento de uma tarefa, a
motivação deve ser sustentada, com um correspondente uso e reavaliação das estratégias.
AVALIAÇÃO DA AUTOEFICÁCIA ACADÊMICA DE ESTUDANTES DA UFAM/AMAZÔNIA
SUELY APARECIDA DO NASCIMENTO MASCARENHAS – UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS, SOELY A. J. POLYDORO- UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Este trabalho apresenta e discute a autoeficácia acadêmica no ensino superior a partir de diagnóstico realizado no contexto universitário amazônico de Manaus,
Coari, Benjamin Constant, Parintins, Itacoatiara e Humaitá. As atividades foram desenvolvidas ao abrigo do projeto de pesquisa: “Avaliação dos enfoques de
aprendizagem e de variáveis cognitivas e contextuais interferentes no rendimento de universitários do ensino superior do Amazonas e de Rondônia”, realizado
com apoio do CNPq. O recorte a ser apresentado, tem como objetivo refletir sobre a importância da autoeficácia na formação superior. A autoeficácia é um
constructo da Teoria Social Cognitiva definido como a crença de alguém em sua capacidade em organizar e executar cursos de aç ão requeridos para produzir
certas realizações. A literatura demonstra que as crenças de autoeficácia interferem no comportamento dos indivíduos, em seus pensamentos e emoções,
influenciando suas escolhas, esforços e persistência diante de obstáculos e tarefas novas, desempenhando papel fundamental na regulação cognitiva da
motivação. A autoeficácia acadêmica tem sido observada como um elemento mediador frente ao envolvimento e aprendizagem do estudante. Para esta
apresentação, toma-se em consideração uma amostra de 1113 estudantes universitários matriculados em diferentes cursos de licenciatura e bacharelado da
Universidade Federal do Amazonas de diversas áreas do conhecimento, com faixa etária entre 18 e 54 anos, média 24,31; DP = 6,30, sendo 55,3% do sexo
feminino, 36,2% do masculino e 8,5% não informaram. O Instrumento utilizado foi a Escala de avaliação da autoeficácia na formação superior composta por 34
itens respondíveis numa escala Likert com 10 pontos (1.Nunca a 10.Sempre). Os resultados evidenciam a adequação do instrumento para a finalidade proposta,
podendo contribuir para ampliar a compreensão da temática, apoiar a gestão psicopedagógica na universidade e subsidiar novas investigações neste domínio
científico.
AUTORREGULAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
SOELY APARECIDA JORGE POLYDORO – UNIVERSIDADE DE ESTADUAL DE CAMPINAS, PEDRO ROSARIO, RITA KARINA NOBRE SAMPAIO, FERNANDA ANDRADE DE
FREITAS
A principal questão a ser tratada nesta apresentação refere-se ao processo de autorregulação da aprendizagem de estudantes do ensino superior. De modo
geral, a experiência na educação superior tem sido entendida como um processo complexo que envolve condições pessoais, características instituciona is e a
interação entre estudante, instituição e condições externas. Esta interação possibilita diferentes percepções e posicionamento dos estudantes em relação às
características, demandas e oportunidades presentes em sua formação. Dentre as várias experiências no ensino superior, será focalizada as de natureza
acadêmica, especificamente o processo de aprendizagem auto-regulada, entendida como o grau de monitoramento, regulação e controle que o estudante
exerce, de modo intencional, sobre as condições e mecanismos que afetam o seu processo de aprendizagem em direção a um objetivo. Apesar da importância
desse tema, que está intimamente relacionado ao sucesso do estudante, há pouca produção nacional a seu respeito. Paralelamente, observa-se a presença de
dificuldades de autorregulação entre os estudantes diante das exigências e desafios peculiares à educação superior. Diante de ste quadro, o Grupo de Pesquisa
Psicologia e Educação Superior da Faculdade de Educação/Unicamp desenvolveu a pesquisa “Variáveis envolvidas no processo de a prendizagem de estudantes
universitários”, que contou com 937 participantes de 18 a 60 anos, com média de 23,22 anos, sendo 70,1% do sexo feminino, 86,2% solteiros, 46,3%
trabalhador, provenientes de diferentes instituições de ensino superior localizadas nas cinco regiões do país. Visando o recorte dessa apresentação, serão
tratadas apenas as informações obtidas por meio dos instrumentos relativos à autorregulação da aprendizagem, autoeficácia para a autorregulação da
aprendizagem e instrumentalidade da autorregulação. A apresentação e discussão dos resultados serão realizadas considerando a possibilidade de subsidiar
professores, profissionais e gestores na proposição de intervenções que visem desenvolvimento da autorregulação do estudante.
A INTEGRAÇÃO À UNIVERSIDADE E RENDIMENTO DE INGRESSANTES PELOS SISTEMAS UNIVERSAL E DE RESERVA
TÂNIA MARIA SANTANA DE ROSE – UFSCAR, VALTER ROBERTO SILVÉRIO
Nesta apresentação pretende-se discutir a importância das contribuições dos estudos sobre o processo de integração à universidade para o entendimento de
novas questões advindas do processo de democratização do ensino superior público. Mais especificamente, será explorada a questão de como ingressantes
por meio de diferentes modalidades de acesso ao ensino superior lidam com novos desafios, mudanças e exigências deste nível de ensino. O sucesso na
integração dos universitários tem sido avaliado em função de um conjunto de cinco dimensões: pessoal( condições psicológicas e físicas); relacionamento
interpessoal (com colegas, professores), estudo (aprendizagem, envolvimento tarefas), carreira (comprometimento com o curso) e institucional, o que se
constitui em um forte preditor do rendimento acadêmico no primeiro na universidade. Para subsidiar esta discussão serão apresentados os resultados de um
estudo que teve como objetivos: identificar possíveis associações entre duas modalidades de acesso - sistema universal e de reserva de vagas - implementadas
em uma universidade pública e as cinco dimensões do processo de integração à universidade (carreira, pessoal, interpessoal, estudo e institucional). O estudo
foi realizado no segundo ano em que o estudante poderia optar por ter acesso a 80% das vagas pelo sistema universal (concluintes do Ensino Médio em
escolas privadas ou públicas) ou a 20% das vagas pelo sistema de reserva (destinado a alunos concluintes do Ensino Médio público, sendo 35 % destinada a
estudantes negros - pardos e pretos). Os participantes foram 360 estudantes de uma amostra probabilística, composta por 294 ingressantes pelo sis tema
universal e 66 pelo sistema de reserva que responderam ao instrumento Questionário de Vivências Acadêmicas (QVA-r) e sobre rendimento acadêmico. Os
resultados da MANOVA entre –sujeitos indicaram que as dimensões pessoais e interpessoais foram afetadas significativamente pela modalidade de acesso à
universidade, sendo os escores dos ingressantes pelo sistema universal superiores. Verificou-se um efeito positivo significativo da percepção dos estudantes
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sobre o próprio rendimento sobre a dimensão estudo. Discute-se os resultados em função das evidências da literatura e suas implicações para subsidiar
medidas que favoreçam a melhoria de integração dos ingressantes à universidade
10h30-12h30
A PSICOLOGIA PERCORRENDO CAMINHOS NO CONTEXTO DE FORMAÇÃO DOCENTE
E-46 - Sala 05
Coordenação: ALBA CRISTHIANE SANTANA – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
Nesta mesa pretendemos discutir alguns estudos e experiências desenvolvidas no contexto de formação docente, a partir da articulação entre a Psicologia e a
Educação. O referencial teórico-epistemológico norteador do grupo articula a perspectiva sócio-histórico-cultural do desenvolvimento humano com a
abordagem qualitativa. Serão temas de discussão as possibilidades de contribuição da Psicologia em contextos de Formação Doce nte, a partir de práticas que
visam mobilizar processos de desenvolvimento dos professores. Consideramos que esse espaço formativo engendra processos de significação acerca da
identidade docente e promove a construção de conhecimentos que orientam o desenvolvimento pessoal e profissional dos professores. Nosso objetivo é
contribuir com as discussões acerca dos processos formativos que ocorrem nesse cenário, com ênfase nos estudos e experiências realizados na área da
Psicologia educacional. Nessa direção, também visamos ampliar as possibilidades de qualificação de práticas sociais e profissionais da Psicologia educacional
com o intuito de favorecer o desenvolvimento adulto que pode ocorrer em contextos de formação docente.
DESENVOLVIMENTO DOCENTE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL
ALBA CRISTHIANE SANTANA – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
O cenário contemporâneo da Formação docente tem vivenciado um investimento significativo em programas alternativos de licenciatura para os professores em
exercício que ainda não possuem formação superior, conforme exigido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.° 9394/96. Acreditamos que tais
programas se constituem em espaços de tensões e conflitos devido ao confronto entre velhos e novos significados em relação à prática docente, oriundos da
trajetória profissional dos discentes e da formação acadêmica alcançada nesse contexto, gerando várias possibilidades para o seu desenvolvimento pessoal e
profissional. Fundamentados na Psicologia histórico-cultural, desenvolvemos um projeto em um programa de licenciatura alternativo, realizado por uma
Instituição de Ensino Superior pública no estado de Goiás. A proposta foi realizar uma atividade complementar que pudesse contribuir com o desenvolvimento
identitário dos acadêmicos, abrangendo diferentes fatores que participam desse processo, como: o papel ativo de cada sujeito; as relações interpessoais
vivenciadas entre discentes e docentes; e as características do contexto e do currículo do curso. Os procedimentos envolveram debates e técnicas de dinâmica
de grupo, visando propiciar situações de reflexão individual e coletiva sobre o desenvolvimento pessoal e profissional vivenciado na Educação Superior. Essa
experiência propiciou: a) uma troca expressiva entre os discentes de significados acerca do curso realizado e da participação de cada um nesse processo; b) um
exercício autoreflexivo sobre os significados atribuídos a si mesmo em relação ao processo formativo e à prática profissional; e c) uma reflexão coletiva sobre as
concepções acerca da identidade docente que circulam nos cenários educativos. Percebemos que a formação de nível superior é um importante contexto de
desenvolvimento identitário do adulto, uma vez que é constituído por diferentes relações dialógicas que levam a um complexo processo de significação.
Concebemos que o desenvolvimento humano é favorecido pelas relações dialógicas entre os sujeitos, nas quais produzem e negociam significados acerca de si
próprios, do outro e da realidade. Dessa forma, entendemos que o processo formativo dos professores precisa assumir a tarefa de proporcionar espaços de
discussão sobre a constituição da identidade docente, visando favorecer a produção e negociação de novos significados acerca do professor, contribuindo com
uma formação que capacite os profissionais a lidarem com os desafios postos à prática docente na atualidade. Nessa direção, acreditamos que a Psicologia pode
contribuir com esse processo ao favorecer que o sujeito reflita sobre sua prática de forma articulada com o conhecimento teórico-metodológico oriundo da
formação acadêmica.
PSICOLOGIA E PRÁTICAS MEDIADORAS DE PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM NAS LICENCIATURAS
ALESSANDRA OLIVEIRA MACHADO VIEIRA – UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
Estudos sobre a formação docente mantêm-se como tema central no palco das discussões sobre educação. Entre outras questões, tais como as políticas
educacionais e o desenvolvimento identitário dos acadêmicos, a discussão sobre a formação de professores ressalta aspectos de ordem teórico-metodológica,
como, por exemplo, os questionamentos sobre a importância das disciplinas psicológicas na formação inicial, entendendo que tais disciplinas consistem num
espaço singular de compreensão dos processos de desenvolvimento e aprendizagem humana, para além do conhecimento do senso comum. Além disso,
discute-se também se e como os debates e experiências vivenciadas no curso da disciplina oferecem possibilidades de mobilização de processos de
desenvolvimento profissional. Baseados numa perspectiva psicológica histórico-cultural, o estudo em questão apresenta uma proposta de ensino desenvolvida
com duas turmas de licenciatura em Matemática, na disciplina de Psicologia da Educação, em uma Instituição de Ensino Superior em Goiás. Tendo em vista ser
um objetivo dessa disciplina a construção de conhecimentos e a instrumentalização para que, em sua prática pedagógica, os professores relacionem tais
conhecimentos com as situações de aprendizagem de seus alunos, a proposta foi realizar uma atividade complementar durante o curso, que pudesse contribuir
com o desenvolvimento crítico e atualizado sobre os conteúdos da disciplina. Desse modo, buscamos promover uma discussão sobre as efetivas e/ou possíveis
contribuições da disciplina Psicologia da Educação para a formação docente, fundamentada em um trabalho desenvolvido com as referidas turmas de
licenciatura. Os procedimentos envolveram pesquisas, debates e seminários, que visaram circular coletivamente, as análises e impressões dos alunos sobre os
objetos de investigação encontrados em artigos e trabalhos consultados, e a identificação das teorias psicológicas e pedagógicas envolvidas no corpo das
pesquisas desenvolvidas e publicadas especialmente na área da Psicologia da Educação Matemática. Essa experiência se revelou enquanto um método: a)
motivador de buscas e trocas de conhecimentos entre os alunos acerca dos conteúdos da disciplina; b) propiciador de descobertas e conhecimentos s obre as
pesquisas contemporâneas, desenvolvidas na interface entre a psicologia e a educação matemática; c) mediador da relação en tre a professora e seus alunos; d)
favorecedor de um momento de reflexão da prática profissional e instigador de interesse pela produção de conhecimentos acadêmicos e participação em
pesquisas. Por meio do procedimento proposto acreditamos que os alunos da licenciatura em Matemática pareceram compreender e construir um sentido para
a importância dos fundamentos da disciplina Psicologia da Educação em sua formação acadêmica. Assim, consideramos que a apresentação da Psicologia da
Educação de forma contextualizada e relacionada aos conhecimentos específicos das áreas de licenciaturas configura-se como um espaço formativo e promotor
de processos de significação acerca das teorias, pesquisas e práticas, que orientam o desenvolvimento e as concepções pessoais e profissionais dos futuros
professores.
A PSICOLOGIA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UMA PROPOSTA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
MÍRIAN BARBOSA TAVARES RAPOSO – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Esse trabalho tem por objetivo apresentar uma alternativa de formação continuada de professores, desenvolvida pelo Laboratório de Microgêneses das
Interações Sociais, do Instituto de Psicologia da UnB, por meio do curso de extensão ‘A Psicologia e a Formação Continuada de Professores’. O curso visa atender
professores da Educação Básica do DF na construção de competências relacionadas à psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem e à relação Psicologia e
Educação. É um curso presencial de 60 horas que se desenvolve anualmente e que tem como princípio básico a formação do professor pesquisador na
perspectiva da ação-reflexão-ação, discutida por Nóvoa e Schön. O curso se propõe a contribuir no processo de construção de duas competências essenciais ao
professor: 1. Reconhecer algumas teorias do desenvolvimento humano, tais como a behaviorista, humanista, psicogenética e sócio-histórica, a fim de
instrumentalizar-se para análise das questões teórico-práticas recorrentes na educação. 2. Refletir sobre a relação entre desenvolvimento e aprendizagem de
forma que se possibilite uma discussão crítica de questões e problemas referentes à prática pedagógica. Nesse sentido, o curso utiliza-se da pesquisação, de
maneira que o professor possa rejuntar a teoria e a prática, a ação e a reflexão, a formação da consciência e a realidade material e cultural. A Psicologia, nesse
processo, contribui no desenvolvimento de conhecimentos e habilidades, além de competências, atitudes e valores que possibilitem ao professor em formação
ir construindo seus saberes-fazeres docentes a partir das necessidades e desafios que o ensino, como prática social, lhes coloca no cotidiano. A partir desse
ponto de vista, a psicologia deixa de ser vista como um conjunto de conhecimentos teóricos a serem aplicados na prática pedagógica e se reconhece como um
conjunto de referenciais que, ao lado de outras áreas do conhecimento, pode subsidiar a prática, contribuindo no sentido de melhor compreen der e atuar na
complicada dinâmica que se desenrola dentro da escola. Nesse trabalho, especificamente, sintetizamos os trabalhos co-construídos por alunos de algumas das
turmas do curso, entre eles: O Ensino de Contabilidade; Jogos e Brincadeiras na Educação; Coordenação Pedagógica e Formação Continuada. Os resultados
construídos a partir dessas pesquisas mostraram-nos que essa estratégia de formação pode representar uma importantíssima contribuição para a área, uma vez
que o professor se desenvolve ao refletir sobre a prática, ao problematizá-la e distinguir as dificuldades que ela apresenta, bem como ao pensar em alternativas
de solução para sua realidade.
42
10h30-12h30
FORMAÇÃO DE PROFESSORES: DESAFIOS NA MODALIDADE PRESENCIAL E A DISTÂNCIA
E-46 - Sala 06
Coordenação: TERESA CRISTINA SIQUEIRA CERQUEIRA – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
A formação de professores é um tema de ampla reflexão nos espaços educativos, especialmente, quando se discute o papel das licenciaturas e sua contribuição
para uma formação de qualidade. Neste sentido, busca-se refletir sobre condições fundamentais que asseguram tanto a oferta de disciplinas presenciais e on
line, que possibilitam o domínio do conhecimento específico e estratégias de aprendizagens adequadas além de espaços de artic ulação teórico-prático e o
desenvolvimento de uma concepção crítica do papel de educador. Por isso, o objetivo desta mesa é discutir aspectos críticos e avanços na formação de
professores proporcionando o diálogo entre a experiência presencial e a on line, como também, refletir sobre a contribuição destas duas modalidades para uma
educação de qualidade. Tendo como referência a “Psicologia da Educação no curso de Pedagogia on line”, se ressalta as experiências voltadas aos processos de
avaliações e transformações do conhecimento mediado por tecnologias e, ainda a noção de atividades coletivas e a perspectiva subsidiadas pela aprendizagem
colaborativa. No tocante à “Dinâmica psicossocial na formação de professores”, o núcleo da discussão se direciona ao papel da s relações interpessoais, aliada
aos aspectos psicológicos e aos culturais que se constituem outro foco de discussão, que transversaliza a construção de conhecimento e formação docente.
Como esta dinâmica se evidencia no processo de interação social e de que forma atingem a construção de conhecimentos e de identidade docente? Estas
questões constituem desafios na formação inicial e continuada dos profissionais de educação. Continuando esta panorâmica, “Construindo concepções de
aprendizagem on line, na disciplina Socionomia, Psicodrama e Educação: reflexões iniciais”, vislumbra a elaboração, organização e concepção da disciplina e,
como o emprego das tecnologias de comunicação e de informação, fundamentais para assegurar aspectos de construção coletiva, momentos de atividades
vivenciais em grupo, vinculada ao espaço de elaboração de recursos de ação, assegurando uma postura interativa nas atividades. Um dos desafios foi reelaborar
concepções e de atividades que propiciassem a proposta de interlocução entre ação-reflexão e ação, de maneira continua e sistemática e que, sobretudo,
enfatizasse o papel do professor, do grupo e da ação coletiva como forma de intervenção social. E por último, “A experiência na educação presencial e a
distância na disciplina Perspectivas do Desenvolvimento Humano” faz referência às reflexões surgidas da experiência profissional, no curso de Pedagogia a
distância em relação às vivências, com a mesma disciplina, na educação superior presencial. As análises envolvem os desafios e as especificidades: o papel do
professor; o envolvimento do aluno com as tarefas pedagógicas; a relação professor-aluno; incentivo à participação no processo de ensino e de aprendizagem;
as interações comunicativas no processo educacional e, o processo avaliativo. Na reflexão proposta nesta mesa, o cerne da questão é a formação dos
professores e os diversos caminhos para trilhar, com qualidade, este desafio. Tanto as experiências na modalidade presencial quanto a distância, nos fornecem
um rico cabedal de conhecimentos na área de tecnologia, didática, da psicologia e da educação, de forma geral, a se constituir em uma reflexão constante e
permanente, além do aprimoramento dos profissionais de educação, em todos os níveis de ensino.
A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO CURSO DE PEDAGOGIA ON LINE
TERESA CRISTINA SIQUEIRA CERQUEIRA – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
O projeto Universidade Aberta do Brasil (UAB) foi criado em 2005 no Fórum das Estatais pela Educação, conforme consta no Portal do Ministério da Educação
(http://www.uab.mec.gov.br/). Dentre os seus objetivos destaca-se: a articulação e integração de um sistema nacional de educação superior a distância, em
caráter experimental, visando sistematizar as ações, programas, projetos, atividades pertencentes às políticas públicas voltadas para a ampliação e interiorização
da oferta do ensino superior gratuito e de qualidade no Brasil. A Universidade Aberta do Brasil é caracterizada como um sistema integrado por universidades
públicas que oferece ensino superior para camadas da população que têm dificuldade de acesso à formação universitária, por meio do uso da metodologia de
educação a distância. A Universidade de Brasília (UnB) é responsável por ofertar cursos pela modalidade a distância em nove estados do País. Os cursos de
graduação ofertados pela UnB são: Artes Visuais, Biologia, Educação Física, Geografia, Letras, Música, Pedagogia, Teatro e bacharelado em Administração
Pública. O curso de Pedagogia ofertado pela Universidade Aberta do Brasil em parceria com a UnB está presente nos seguintes Pólos: Águas Lindas de Goiás,
Alexânia, Alto Paraíso de Goiás, Carinhanha e Goiás. Torna-se importante destacar que o curso de Pedagogia da UnB possui o mesmo currículo tanto para o
sistema à distância quanto para o presencial. A disciplina Psicologia da Educação foi ofertada pelo curso de Graduação em Pedagogia online da Universidade
Aberta do Brasil (UAB), no intuito de refletir sobre a importância das principais contribuições da Psicologia para o processo educacional por meio do estudo,
reflexão, discussão e análise dos conteúdos em foco ao longo da disciplina. Possibilitando ao estudante construir uma postura crítica acerca da problemática das
práticas educativas e do processo ensino aprendizagem. Procurou contribuir também para o estabelecimento de metodologias de avaliação na Educação a
Distância que envolva todo o processo de ensino-aprendizagem de forma contínua e sistemática O curso pautou-se no estudo da natureza da Psicologia e da sua
relação com a Educação e na análise dos conhecimentos psicológicos em inter-relação com o estudo do processo de ensino-aprendizagem no cenário da
educação brasileira. As temáticas de estudos do curso foram divididas em quatro unidades: I) Sobre a Relação entre Psicologia e Educação; II) Abordagens
Teóricas em Psicologia e suas Implicações para a Prática Pedagógica: perspectivas comportamentais, não diretiva e psicanalítica; III) Abordagens Teóricas em
Psicologia e suas Implicações para a Prática Pedagógica: perspectivas construtivistas e histórico social; IV) Tendências na Psicologia da Educação para a
compreensão do Processo Ensino Aprendizagem. A avaliação da disciplina envolveu os trabalhos apresentados, a freqüência e o envolvimento dos alunos nas
discussões e debates propostos na plataforma e nos encontros presenciais. A menção final estabelecida foi determinada de acordo com o número de pontos
acumulados. Também se fez necessária a participação em setenta e cinco por cento das atividades programadas. Conclui-se que ao final da disciplina os alunos
desenvolveram suas atividades satisfatoriamente com índices de aprovação superior a 80%.
CONSTRUINDO CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM ON LINE, NA DISCIPLINA SOCIONOMIA, PSICODRAMA E EDUCAÇÃO: REFLEXÕES INICIAIS
ANA DA COSTA POLONIA – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
A formação de professores e sua qualificação é uma temática presente nos cursos de licenciatura, especialmente, o ponto nodal que se direciona à articulação
teórico prática. Esta preocupação também transversaliza as disciplinas e os cursos on line direcionados à formação de profissionais da educação. Neste sentido,
se recapitula e se estabelece uma concepção dialógica entre a experiência acumulada no presencial como ponto de partida para estrutura geral da disciplina,
não como mera transposição, mas como base para a construção dos conteúdos e de um novo paradigma, empregando as tecnologias de comunicação e
informação. Contextualizando, a disciplina Socionomia, Psicodrama e Educação tem um caráter eminentemente vivencial, sendo um dos grandes desafios para
sua elaboração on line. Dentro desta linha, se procurou assegurar o eixo de articulação ação-reflexão-ação, fazendo uma interlocução entre o conteúdo e a sua
forma de aplicação, ou melhor, intervenção no espaço educativo. Considerando o eixo de experiência coletiva em grupo, se enfocou os seguintes aspectos como
fundamentais para o processo de aprendizagem: interatividade nos fóruns, atividades coletivas na plataforma Moodle, interdisciplinaridade, flexibilidade no
tocante ao aprender e ao ensinar, além apoio à aprendizagem por meio de materiais midiáticos e do acompanhamento sistemático do grupo e de sua
apropriação, em relação a dado conteúdo. Sendo um freqüente replanejar, sempre com vista a priorizar a interatividade, a aprendizagem colaborativa e a
construção coletiva dos conhecimentos. É preciso ainda, explorar as inúmeras situações de interação, geradas pelas interfaces de comunicação, e para isso, um
bom planejamento deve estar aliado ao conhecimento das propostas didáticas para estimular o diálogo problematizador. Enfim, na sociedade moderna as
revoluções do conhecimento e tecnológica, demandam dos sistemas educacionais e também dos seus agentes, a atualização de conteúdos, métodos
pedagógicos e o domínio das tecnologias de informação. Concomitantemente, elas provocam e incitam transformações na postura profissional, no contexto
educacional e nas diferentes modalidades de ensino.
A DIMENSÃO PSICOSSOCIAL NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
CELEIDA BELCHIOR GARCIA CINTRA PINTO – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
A formação inicial e continuada de professores tem sido alvo de debates na política educacional, em pesquisas e eventos científicos abordando o tema sob o
ângulo da competência docente, com ênfase na dimensão psicossocial, buscando refletir sobre as repercussões da formação acadêmica na atitude e na prática
pedagógica de professores em processo de formação. O presente estudo aborda o tema sob o ângulo da competência docente, levando em conta a nova
concepção de formação do professor como profissional reflexivo, intelectual crítico, investigador e mediador no processo ensino-aprendizagem, valorizando os
processos interpessoais e interativos, sem perder de vista sua responsabilidade como membro ativo da organização pedagógica escolar. Fundamentou-se em
uma pesquisa realizada junto a professores da rede pública, em formação, do curso de pedagogia, da Faculdade de Ciências da Educação e Saúde − FACES − do
Centro Universitário de Brasília – UniCEUB. A análise centra-se em dados quantitativos e qualitativos da dimensão psicossocial da formação desses professores
que concluíram o curso em 2005. Buscou-se analisar o sistema de formação de professores, utilizando-se de referenciais teóricos mais significativos publicados
nos últimos anos, sobre a formação de educadores, buscando agrupar esses estudos em quatro perspectivas. A primeira, centrada na legislação vigente, buscou
analisar a adequação da realidade aos instrumentos legais. A segunda categoria, centrou-se na dimensão técnica do processo de formação de professores. A
terceira categoria voltou-se para a dimensão humana, destacando a relação interpessoal presente no processo formativo, a comunicação e as condições em que
se realizam as interações facilitadoras do processo de aprendizagem, numa abordagem humanista da psicologia, em que o processo de formação docente busca
a aquisição de atitudes necessárias à valorização do ser humano. A quarta categoria é centrada no contexto socioeconômico e político em que se situa toda a
prática de formação de educadores, por meio de uma prática transformadora que permeia todo o processo educativo. Com esses referenciais, foi possível
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perceber que competência evoca as idéias de formação e de desempenho. Os dados, quantitativos e qualitativos são evidências de que, durante todo o curso, os
professores vivenciaram uma dinâmica de construção da competência em suas diferentes dimensões. Porém, a satisfação, o otimismo e a consciência de suas
conquistas, no âmbito da dimensão psicossocial, levam a sugerir que os cursos de formação de professores não podem prescindir dos aspectos humanos, que
podem ser interpretados como o lado humano da formação profissional. Esses aspectos transcendem os da racionalidade técnica na construção da competência
docente, como afirma Morin (2000, p. 23). Verificou-se, também, a importância das discussões em sala de aula para a construção do conhecimento e a formação
profissional, bem como manifestações de satisfação, elevação da auto-estima, segurança, otimismo e outras, sinalizando que a formação de professores não
deve prescindir desses aspectos transformadores do sujeito, uma vez que a dimensão psicossocial ou humana transcende a dimensão técnica na construção da
competência docente.
A EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO PRESENCIAL E A DISTÂNCIA NA DISCIPLINA PERSPECTIVAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
ANGELA ANASTACIO SILVA – SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL
Com a aparição de novas tecnologias da informação, a partir da incidência das mídias eletrônicas e da informática, onde figura principalmente o computador,
surgem tendências novas na organização dos diversos setores da atividade humana, dentre eles a educação. A educação tem p odido lançar mão cada vez mais
do auxílio de ferramentas tecnológicas para a organização das ações pedagógicas. No universo educacional a modalidade da Educação a Distância vem se
firmando a partir do uso de softwares educativos. Um desses sistemas de ensino e de aprendizagem é o ambiente virtual de aprendizagem reconhecido como
Moodle. Fazendo uso desse sistema de gerenciamento de cursos duas experiências recentes vêm ocorrendo na Faculdade de Educação da Universidade de
Brasília no âmbito da educação não presencial. A Faculdade de Educação da Universidade de Brasília está oferecendo, desde 2007, o curso de Pedagogia a
distância através da Universidade Aberta do Brasil (UAB), um consórcio que oferece cursos com educação remota criado pelo Min istério da Educação em
parceria com universidades e centros federais. Além desse, esta mesma faculdade ofereceu, entre os anos de 2006 e 2010, o curso de Pedagogia a distância
para Professores do Acre. Desenvolvido através de parceria entre a Faculdade de Educação/FE, o Centro de Educação à distância/CEAD da UnB e a Secretaria
de Educação do Estado do Acre e a Faculdade de Educação da Universidade do Acre. Nestes dois cursos de formação de professores foi ofertada uma disciplina
do campo da psicologia do desenvolvimento. O presente trabalho faz referência às reflexões surgidas em decorrência de minha experiência profissional nestes
dois cursos na modalidade a distância em relação às vivências com a mesma disciplina na educação superior presencial. As apreciações que envolvem a
presente proposta de análise envolvem questões como os desafios e as especificidades próprios das formas de trabalho presencial e da atividade com
presença virtual. Envolve a análise de aspectos como: o papel do professor no estabelecimento de uma atmosfera interativa positiva no contexto educativo, o
envolvimento do aluno com as tarefas pedagógicas, a relação professor-aluno, as regras para o comportamento, a questão do incentivo à participação no
processo de ensino e de aprendizagem, a questão do papel das interações comunicativas no processo educacional e, a problemática do processo avaliativo,
entre outros. A intenção é destacar o potencial educativo da Educação Distância, considerando que esta modalidade vai além de um modelo compensatório de
educação e tem tornado-se parte integrante para o sistema educacional como um todo, se constituindo em uma oportunidade para se repensar o papel da
educação no atendimento das demandas de nossa sociedade contemporânea. E, para além das questões de modalidade de ensino, a educação é um assunto
que abrange uma complexidade e tem sido motivo de estudo constante. Reconhece-se que, independentemente do uso da tecnologia digital, o processo
educacional pode ser ou não voltado para emancipação dos sujeitos. Neste sentido, entende-se que a educação mediada por novas tecnologias deve ser
estudada, pois os desafios próprios do processo ensino aprendizagem perpetuam na modalidade da educação a distância.
10h30-12h30
O MODELO ATUAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM SERVIÇO E A CONSTRUÇÃO DE NOVOS OBJETOS DE ESTUDO: QUESTÕES
CONCEITUAIS E METODOLÓGICAS
E-46 - Sala 07
Coordenação: DENISE TRENTO REBELLO DE SOUZA - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Essa mesa se propõe a apresentar resultados de pesquisas concluídas e em andamento vinculadas a um Projeto Temático (FAPESP 2009/2011) que analisa os
Programas Especiais de Formação de Professores que emergiram no período pós LDB 9394/96, bem como o modelo pedagógico que se configura em tais
propostas. Em especial, serão apresentadas questões desencadeadas pelo modelo de formação em questão que envolve exclusivamente professores em efetivo
exercício. Nesse sentido, Adolfo de Oliveira apresenta resultados de sua dissertação de mestrado em que investiga processos formativos inerentes à condição de
aluno do professor, em um programa de educação em serviço, da perspectiva do processo de socialização/educação familiar e esco lar. Sua pesquisa analisa as
relações entre os ofícios discente e docente quando exercidos de forma simultânea, examinando em que medida viver tal situação favorece processos de
formação docente mais significativos, e verificar as implicações dessa formação no trabalho do professor, na escola. Daniela Alfredo Sene, por sua vez, volta seu
olhar para um grupo de professoras que, em função de sua condição funcional instável, não puderam participar dos Programas Especiais financiados pelo
Estado, por meio das Secretarias de Educação, e acabam por desenvolver o que a autora denomina como rotas alternativas de formação superior. Para tanto,
além de mapear que e quantas são as professoras que compõem esse grupo, o estudo coletou histórias de professoras de educação infantil e dos anos iniciais do
ensino fundamental – OFAs, Comissionadas Não Estáveis e Auxiliares de Desenvolvimento Infantil –. Compõe ainda a mesa o relato de pesquisa em andamento
desenvolvida por Denise Trento e Flavia Sarti que se ocupa dos Programas Especiais enquanto produto de um mercado de formação docente. Em franca
expansão e diversificação no país desde a promulgação da Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional em 1996, esse mercado de formação envolve produtos
e serviços desde programas e cursos de formação docente até revistas, livros, materiais de apoio à prática docente. A caracterização dos processos envolvidos na
constituição deste mercado e seus dispositivos também são objeto de atenção do grupo de pesquisa dedicado ao desenvolvimento do projeto aqui referido. O
caso dos Programas Especiais, foco desta apresentação, é particularmente relevante dada participação direta de universidades públicas e privadas em sua
realização. Serão apresentadas, nessa mesa, duas vertentes discursivas que estão subjacentes à constituição desse mercado de formação. Uma que ressalta a
centralidade dos professores nas sociedades contemporâneas e outra que relaciona a (baixa) qualidade dos sistemas públicos de ensino à (baixa) qualidade na
formação docente. Mercado de Formação esse que se delineia no interior de um campo (Bourdieu) em que há disputas em relação a o local, aos agentes e às
formas que a formação de professores deve ocorrer. Mercado entendido, ainda, como mercado simbólico, onde circulam bens simbó licos, e que não funciona
inteiramente em torno da maximização do lucro monetário. Mercado onde ocorrem trocas simbólicas, regidas pelo interesse no “desinteresse” (Bourdieu,
1996).
QUANDO O PROFESSOR SE TORNA ALUNO: TENSÕES ENTRE O OFÍCIO DISCENTE E O OFÍCIO DOCENTE
ADOLFO SAMUEL DE OLIVEIRA – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
O trabalho teve por objetivo investigar processos formativos inerentes à condição de aluno do professor, em um programa de educação em serviço, da
perspectiva do processo de socialização/educação familiar e escolar. Busca analisar as relações entre os ofícios discente e docente quando exercidos de forma
simultânea, examinando em que medida viver tal situação favorece processos de formação docente mais significativos, e verificar as implicações dessa formação
no trabalho do professor, na escola. A pesquisa é de natureza qualitativa. O trabalho etnográfico envolveu observações em contextos de ensino on-line e off-line
durante 18 meses. O referencial empírico foi o PEC Formação Universitária Municípios/São Paulo (2003-2004), caracterizado como “um curso presencial com
forte apoio de mídias interativas”, que teve por finalidade oferecer a licenciatura plena aos docentes que tinham apenas a formação para o magistério em nível
médio. Os dados da investigação constituíram-se de documentos oficiais, notas de campo, entrevistas, além de um conjunto de memórias produzidas pelos
professores. O referencial teórico fundamenta-se na teoria do habitus de Bourdieu, problematizada por alguns de seus críticos contemporâneos. Os resultados
obtidos apontam que os professores, em determinadas ocasiões, recorrerem às artimanhas de alunos para enfrentar as exigências do curso, afastando-se do
que formalmente deles se espera quando investidos no ofício discente. Tais comportamentos estão relacionados a diversos fatores que no contexto investigado
se mostraram mais associados a determinadas modalidades de ensino, ao habitus escolar e às condições de existência do professor, tal como a escassez de
tempo decorrente da dupla ou até tripla jornada de trabalho. Por outro lado, vivenciar tais situações incitou os professores a refletirem sobre o exercício dos
ofícios discente e docente, facultando-lhes compreender vários aspectos tanto das condutas quanto dos processos de aprendizagem de seus alunos. Além disso,
permitiu-lhes o entendimento de algumas de suas práticas docentes, sobretudo no que diz respeito às atitudes em relação ao aluno e à proposição de certas
atividades escolares. Muitas dessas reflexões surgiram a partir de um processo formativo não previsto pelo programa, possibilitado pelo que foi chamado neste
trabalho de “simetria invertida às avessas”. Tendo em vista as relações com o tutor e a experiência de certas atividades, notadamente as avaliações, os alunosprofessores observavam, e de algum modo aprendiam, o que não deveriam fazer em sala de aula, em virtude do baixo ou inadequado potencial formativo de
tais situações de aprendizagem, contrariando assim o princípio da simetria invertida, um dos eixos do modelo focalizado. As análises revelaram que o contexto
em estudo fez aflorar aspectos latentes da cultura escolar, explicitados especialmente nas tensões entre o ofício de aluno e o de professor, recolocando em
pauta o exame sobre as potencialidades e expectativas da formação em serviço.
44
ROTAS ALTERNATIVAS: HISTÓRIAS DE PROFESSORAS QUE NÃO PUDERAM CURSAR OS PROGRAMAS ESPECIAIS DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA
SUPERIOR EM SÃO PAULO
DANIELA GILVANA ALFREDO SENE – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Esta pesquisa propõe-se a investigar as rotas alternativas de formação superior desenvolvidas por professoras de educação infantil e dos anos iniciais do ensino
fundamental – OFAs, Comissionadas Não Estáveis e Auxiliares de Desenvolvimento Infantil – que não puderam cursar os Programas Especiais financiados pelas
Secretarias de Educação. Para atingir esse objetivo foi realizada pesquisa bibliográfica sobre o tema da formação de professores no período pós Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDBEN 1996), acerca dos principais discursos veiculados nesse campo. Os procedimentos metodológicos incluíram um
mapeamento em dados estatísticos e publicações oficiais, entrevistas com seis professoras e três representantes de diretoria de sindicatos. Os dados foram
analisados, principalmente, a partir dos conceitos de campo e habitus de Bourdieu (1983, 2004), das concepções de consumo e tática de Certeau (2007) e dos
estudos sobre a profissionalização docente de Nóvoa (1991, 1997, 1999a, 1999b). A análise das entrevistas também se beneficiou de trabalhos que abordam as
discussões de gênero, principalmente os de Carvalho (1999) e Hirata (1986), e dos conceitos de grupos estabelecidos e outsiders propostos por Elias e Scotson
(2000). Partiu-se do pressuposto que essas professoras procuraram formação superior não apenas para conseguirem obter certificação ou adequarem-se à
legislação educacional, mas para legitimarem seus saberes e fazeres docentes e obterem reconhecimento profissional. Também da hipótese que os Programas
Especiais podem ter aquecido o mercado e o consumo de formação docente em nível superior na maior cidade do país no contexto pós LDBEN (1996). Ao final
da pesquisa constatamos que as professoras desenvolveram táticas de consumo ao escolherem cursos e instituições de ensino superior. Depois de matriculadas,
desenvolveram táticas de sobrevivência nesse nível de ensino diferenciado. Na perspectiva de nossas informantes, essas táticas aumentaram as possibilidades
de obterem estabilidade profissional, funcional e econômica, além de produzirem um status profissional docente legitimado. A abordagem biográfica revelou a
complexidade de ser professora e de se obter formação em nível superior na cidade de São Paulo.
PROGRAMAS ESPECIAIS E MERCADO DA FORMAÇÃO DOCENTE: DISPOSITIVOS, PRODUTOS E PRÁTICAS DE CONSUMO
DENISE TRENTO REBELLO DE SOUZA - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Trata-se de pesquisa em andamento que toma os Programas Especiais dirigidos aos professores da Escola Básica - com vista à sua certificação em nível superior como um dos produtos que compõem um amplo e diversificado mercado de formação docente. Em franca expansão e diversificação no país desde a
promulgação da Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional em 1996, esse mercado de formação envolve produtos e serviços desde programas e cursos de
formação docente até revistas, livros, materiais de apoio à prática docente, programas televisivos. A caracterização dos processos envolvidos na constituição
deste mercado e seus dispositivos também são objeto de atenção do grupo de pesquisa dedicado ao desenvolvimento do projeto aqui referido. O caso dos
Programas Especiais, foco desta apresentação, é particularmente relevante dada participação direta de universidades públicas e privadas em sua realização.
Serão apresentadas, nessa mesa, duas vertentes discursivas que estão subjacentes à constituição desse mercado de formação. Uma que ressalta a centralidade
dos professores nas sociedades contemporâneas e outra que relaciona a (baixa) qualidade dos sistemas públicos de ensino à (baixa) qualidade na formação
docente. Mercado de Formação esse que se delineia no interior de um campo (Bourdieu) em que há disputa em relação ao local, aos agentes e às formas que a
formação de professores deve ocorrer. Mercado entendido, ainda, como mercado simbólico, onde circulam bens simbólicos, e que não funciona inteiramente
em torno da maximização do lucro monetário. Mercado onde ocorrem trocas simbólicas, regidas pelo interesse no “desinteresse” (Bourdieu, 1996).
CONFERÊNCIA 4
14h - 16h
COMO NOSSO OLHAR SOBRE AS CRIANÇAS PEQUENAS MUDOU: AS NOVAS PSICOLOGIAS DO SÉCULO XX
Anfiteatro B-33/PDE
ANNE-MARIE CHARTIER – INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA PEDAGÓGICA FRANÇA
Depuis la fin du XIXe siècle, la psychologie a été tenue par les éducateurs et les pédagogues comme "la" science théorique de référence. Grâce aux savoirs
scientifiques élaborés par les psychologues, on pensait qu'il serait possible d'élaborer des programmes de formation tenant compte des capacités et des
besoins réels des enfants, tout au long de leur croissance. Il serait également possible de "former les éducateurs" en leur fournissant des savoirs rationnels qui
mettraient fin aux procédures erronées, aux croyances sans fondement, aux traditions archaïques prévalant dans les transmissions empiriques des différents
milieux sociaux. Cette croyance est restée une espérance non réalisée, car les savoirs construits par les psychologues sont devenus de plus en plus complexes à
la fois théoriquement et factuellement, si bien qu’au cours du XXe siècle, le fossé entre les chercheurs spécialistes et les éducateurs a paru s'élargir plutôt que
se combler. Pourtant, il est possible de considérer les relations entre la psychologie et l’éducation d’une autre façon. Nous voudrions montrer, sur trois
exemples, à quel point les savoirs construits par des psychologues ont modifié les façons de penser des éducateurs et du grand public. A tel point qu’on ne le
perçoit même plus et que nombre des savoirs élaborés avec peine par leurs auteurs semblent aujourd'hui faire partie du sens commun. Le premier exemple
est celui de la psychologie différentielle qui a entraîné tous les travaux sur la mesure de l’intelligence et dont le psychologue fondateur est français. Alfred
Binet a imaginé un moyen simple de classer les enfants à travers un examen de leurs performances à un test, ce qui a entraîné à terme une modification
complète de notre façon de concevoir l'intelligence. Le second exemple est celui de la psychanalyse. Les théories de Freud sur l’inconscient sont devenues si
communes que nous avons oublié le scandale produit par la définition du petit enfant comme « pervers polymorphe » ou par l’af firmation de l’ambivalence
des relations affectives. La conséquence en a été l’élaboration d’un principe de précaution à l’égard des tout-petits. Le troisième exemple est celui de la
psychologie développementale, que l’on désigne à l’époque de « génétique » (référée à une genèse dynamique, non à des gènes biologiques) plutôt que de «
constructiviste ». La France, la Suisse, la Russie et l’Amérique sont concernées en même temps à travers les travaux pionniers de Wallon, Piaget, Vygostski,
Gesell et de leurs nombreux élèves. Tous se réfèrent à la notion aujourd’hui devenue banale de « stade de développement », alors que cette notion de stade,
fort débattue, remet en cause la représentation spontanée d’un progrès continu, « petit à petit », dans la croissance de l’enfant vers l'âge adulte. Toute la
question est de comprendre pourquoi les théories de Binet et Freud, forgées au début du XXe siècle, n’ont eu d’effet perceptible dans l’éducation qu’après
1950, alors que Wallon et Piaget ont tout de suite été adoptés comme les garants « scientifiques » des partisans de l’éducation nouvelle. En essayant de
répondre à cette question, nous questionnerons les relations complexes qui permettent aux recherches théoriques de trouver ou non un espace public de
réception.
MESAS REDONDAS / SIMPÓSIOS
14h-16h
EDUCAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO INTEGRAL DO PSICÓLOGO
D-67 - Sala 203
Coordenação: CARLA BIANCHA ANGELUCCI- UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
Esta mesa discutirá a formação do psicólogo, dando especial enfoque às contribuições que os debates sobre Educação podem oferecer na constituição dos
saberes e práticas em Psicologia. Os autores entendem que discutir as Políticas Públicas no Brasil e a garantia de direitos humanos é fundamental para que se
possa compreender a constituição da subjetividade, os processos de socialização, o funcionamento de instituições e outros temas diretamente relacionados ao
campo de atuação e pesquisa em Psicologia. Entre tais Políticas Públicas e direitos socialmente conquistados figura o direito à Educação, previsto
constitucionalmente. Atualmente, as pesquisas em Psicologia e Educação têm apontado a importância dos processos educacionais formais e informais na
constituição da subjetividade. Dentre tais processos, os proponentes desta mesa-redonda destacam a Educação formal, posto que a escola é o principal espaço
de convivência grupal, além do núcleo familiar, proporcionando contatos prolongados entre diferentes faixas etárias, objetos culturais e segmentos sociais.
Sendo assim, os trabalhos aqui reunidos propõem-se a apresentar a experiência de uma universidade em que se constituiu um eixo de discussões sobre
Educação que está presente durante todo o percurso da formação do psicólogo, não se restringindo às disciplinas que visam à preparação para a intervenção e
pesquisa no campo da Psicologia Escolar. O primeiro trabalho apresentará o referido eixo, enfocando os fundamentos epistemológicos que definem as escolhas
por determinadas diretrizes de formação, as concepções norteadoras de homem e de mundo e, por fim, a compreensão da função social da Psicologia e da
Educação. O segundo trabalho discute a formação do pensamento e da atuação psicológica no Brasil, destacadamente, a fim de que se explicite a influência das
demandas Educacionais na sua construção. Entre os principais aspectos, podemos elencar a relação indivíduo-sociedade e os processos saúde-doença
45
O DEBATE SOBRE OS FENÔMENOS EDUCACIONAIS COMO FUNDAMENTO DA FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA
CARLA BIANCHA ANGELUCCI – UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
As relações com a Educação são constituintes do campo de atuação e pesquisa em Psicologia. Desde os estudos sobre a transmiss ão de valores, afetos e saberes
entre os membros de uma mesma família, as teorias sobre processos ensino-aprendizagem e os processos cognitivos, as relações grupais e a influência na
constituição da identidade dos indivíduos, as formas culturais como cada conjunto social estabelece a transmissão dos conheci mentos acumulados
historicamente entre seus membros, etc. Enfim, os processos educacionais, mais ou menos organizada e conscientemente, permeiam todas as práticas sociais.
As práticas escolares compreendem um desses processos. Acrescente-se a isso o fato de que a vivência escolar abarca, cada vez mais, todos os ciclos da vida
humana. As aprendizagens escolares, desde os seus aspectos mais sistematizados como os conteúdos, até os informais e inconscientes como os códigos de
conduta e aceitação grupal constituem a subjetividade, sendo, portanto, elemento de suma importância na consideração do desenvolvimento dos indivíduos e
das coletividades. A Declaração de Salamanca, em sua justificativa da necessidade de se implementar Políticas de Educação Inclusiva, afirma que as escolas são
essenciais para a construção de uma sociedade mais acolhedora e respeitosa em relação à diversidade humana. Assim, iniciamos, em nosso curso de formação
de psicólogos, as discussões sobre Educação, retomando a função diagnóstica e classificatória que se esperava que a Psicologia pudesse cumprir diante das
dificuldades de escolarização, justificando assim os baixos índices de sucesso escolar. Em seguida, reconstruímos historicamente o percurso ético político e
teórico para que as críticas aos ideais higienistas pudessem ocorrer, proporcionando a transformação dos compromissos da Psicologia em relação à população,
principalmente, aos setores sociais mais empobrecidos. Discutimos as diferentes teorias sobre ensino e aprendizagem, contextualizando-as histórica e
culturalmente, a fim de subsidiarmos a compreensão do desenvolvimento humano e das condições sócias que o facilitam ou dificultam-no. A Educação formal e
informal de pessoas com deficiência, bem como as possibilidades de atuação em Orientação Profissional são discutidas, conside rando-se as condições e as
instituições concretas que nossa sociedade oferta. Formado o contexto em que os psicólogos em formação são remetidos ao pensamento e às práticas
educacionais como elementos constantemente presentes no processo de desenvolvimento humano, são discutidos os fundamentos teórico-práticos das
intervenções psicológicas junto às instituições educacionais formais, principalmente, a escola. Desta forma, esperamos que a formação integral do profissional
em Psicologia considere constantemente a dimensão educacional do fenômeno humano, seja qual for a área de atuação. Esperamos também subsidiar os
educandos para intervenções qualificadas em instituições educacionais formais, comprometidas com a emancipação humana e, portanto, com o
compartilhamento crítico dos saberes acumulados historicamente para todo e qualquer sujeito humano, sem restrições.
A PERSPECTIVA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL
MARCOS VINÍCIUS DE ARAÚJO – UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
Compreender o processo histórico da construção tanto da psicologia no geral como especificamente da Psicologia Escolar e Educacional nos permite entender o
quadro atual da Psicologia Escolar no Brasil. A história da Psicologia se confunde com a própria história brasileira e a história da psicologia educacional se
confunde com a própria história da Psicologia. A história das idéias é sempre social. Para a compreensão deste processo, o ponto de partida é a compreensão do
próprio sujeito. Considerar um indivíduo significa perceber-se como pertencente a um grupo. Desde o século XII a Europa Medieval passa por transformações de
ordem sócio-política e econômica que vão marcar a longa transição do feudalismo para o capitalismo, onde surgirá a modernidade e um novo sujeito: livre e
capaz de, a partir de seu próprio trabalho, construir a sua própria existência. As condições históricas do surgimento deste sujeito novo são de natureza sócioeconômicas e culturais. O liberalismo no século XVII, o Iluminismo no século XVIII e o Romantismo no século XIX tentam apresentar soluções para a crise do
indivíduo oriunda deste novo sujeito, colocando no próprio sujeito autônomo as condições de sua superação. Os totalitarismos de direita e de esquerda do
século XX também seguem o mesmo caminho. Porém, surgem movimentos como o hippie e o estudantil que questionam justamente a ausência de autonomia
do indivíduo. Hoje, no século XXI, o capitalismo de mercado reduz a possibilidade de participação política e, portanto, da autonomia individual de cada sujeitocidadão. A Psicologia, que estuda o indivíduo moderno, analisa este sujeito historicamente situado. Os conflitos e dilemas individuais são também de ordem
social. A própria invenção e o desenvolvimento da psicologia não podem ser compreendidos a não ser no âmbito da crise pela qual o sujeito ou indivíduo
moderno passou e que, no nosso tempo, acaba ganhando outras configurações. A educação é um fenômeno especificamente humano. A educação propicia a
transmissão do saber sistemático, acumulado ao longo dos séculos por uma determinada cultura. O não acesso a este tipo de conhecimento deixa o sujeito à
margem de muitos aspectos que a sociedade oferece. A Psicologia passa a ter um papel preponderante no âmbito escolar a partir do século XIX e do início do
século XX, quando é incorporada pela Escola Nova, buscando contribuir com a adaptação do indivíduo ao ambiente escolar a partir de um modelo clínico.
Porém, o foco ainda está apenas no sujeito que aprende ou não aprende. É apenas no final do século XX que a Psicologia passa a ter um caráter crítico e
institucional, passando a se preocupar efetivamente com as relações que se estabelecem no âmbito da educação, tirando o foco apenas em um único aspecto
do processo, entendendo o indivíduo a partir das relações que ele estabelece, nos afastando de uma visão individualizante, estigmatizada e que nega o processo
histórico do processo de ensino e aprendizagem. A Psicologia escolar passa a efetivamente a assumir um compromisso social em sua prática profissional.
INTERLOCUÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO: REFLEXOS NA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO
ROSELI FERNANDES LINS CALDAS – UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
Compreendendo a relação psicologia-educação como conhecimento fundamental no processo de formação dos alunos do curso de psicologia, este trabalho
propõe-se a discutir a relevância da interlocução entre essas duas ciências, contemplando suas aproximações e afastamentos. O objetivo é consolidar
fundamentos teórico-práticos que apontem para o reconhecimento e a valorização da educação na constituição do homem. Uma das possibilidades de
interlocução entre essas duas áreas de conhecimento é a atuação profissional em espaços educacionais formais, possibilidade esta presente desde a constituição
da própria psicologia como ciência. Tal atuação, entretanto, carregou, ao longo da história a ideológica missão de explicar o fracasso escolar, a partir do exame
de aspectos intrapsíquicos ou familiares do alunado. Muitos são os estudos que demonstram que, ao mesmo tempo em que inúmeras críticas puderam ser
realizadas a respeito do caráter higienista das ações da Psicologia na Educação, permanece hegemônica a visão de que o sucesso escolar depende,
principalmente, das condições individuais dos educandos. Daí a necessidade de uma consideração crítica profunda e consistente teoricamente dos processos de
escolarização e da função social da Psicologia. Dentre os temas imprescindíveis para a formação, podemos destacar: enfrentamento do fracasso escolar; saúde e
doença na escola; políticas públicas de educação; a escola e a constituição da subjetividade. A interlocução entre a psicologia e educação, em especial no que
tange à psicologia escolar, será discutida levando em conta a atuação do psicólogo na educação a partir das especificidades d o estado de São Paulo, que não
apresenta a possibilidade formal de contribuição dos profissionais da Psicologia nos processos de escolarização, posto que não existe o cargo ou a atribuição de
psicólogo dentre os trabalhadores da Educação. Esta peculiar situação, também vivida em vários municípios e estados brasileiros traz à tona a necessidade de
constituirmos espaços de estágio e inserção das contribuições da Psicologia para os fenômenos educacionais apesar da inexistê ncia deste lugar institucional no
sistema educacional.
14h-16h
D-67 - Sala 204
O PSICÓLOGO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ATUAÇÕES E PERSPECTIVAS
Coordenação: IRACEMA NENO CECILIO TADA- UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
Desde 1994 com a Declaração de Salamanca a Educação vem abrindo suas portas para também receber o aluno com deficiência que em virtude do processo
histórico de exclusão vinha sendo mantido separado de seus colegas sem deficiência em escolas especiais. Frente a esta nova realidade da Educação se faz
necessário que o psicólogo escolar reveja a sua prática e busque ações contextualizadas que promovam o processo de inclusão escolar. Assim sendo,
pretendemos discutir nesta mesa-redonda como o psicólogo escolar tem desenvolvido suas ações em prol da inclusão a partir dos seguintes pontos: a) a
supervisão de estagiárias da disciplina de psicologia Escolar e Problemas de Aprendizagem I e II frente ao atendimento do aluno com deficiência, com base nos
saberes da Psicologia Escolar Histórico Crítica e da Educação Inclusiva; b) a atuação inovadora de uma psicóloga escolar como gestora na Educação Inclusiva e; c)
apresentar os dados de uma pesquisa sobre a atuação dos psicólogos escolares da rede pública estadual de ensino com alunos com deficiência incluídos.
ESTAGIÁRIAS DE PSICOLOGIA ESCOLAR E O ATENDIMENTO A UM ALUNO COM DEFICIÊNCIA
IRACEMA NENO CECILIO TADA – UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
Tendo em vista que desde a Declaração de Salamanca o ensino regular vem buscando atender também ao aluno com deficiência, na disciplina Psicologia Escolar
e Problemas de Aprendizagem I e II além de textos da Psicologia Escolar Histórico Crítica se faz necessário abordar também textos que discutam a temática da
inclusão escolar para que nossos alunos tenham uma formação que os instrumentalize para atuar na educação inclusiva. Na atividade prática destas disciplinas
supervisiono duplas de estagiários nos atendimentos de crianças encaminhadas com queixa escolar para a nossa clínica-escola, e um caso nos chamou atenção.
Era um menino com 8 anos de idade apresentando paralisia facial, cuja mãe procurou nosso atendimento para que emitíssemos um laudo que confirmasse que
seu filho deveria frequentar a classe especial, apesar da escola matriculá-lo no ensino regular. Diante desta situação orientei as estagiárias que conversassem
com a mãe sobre a constituição de uma classe especial bem como sobre o paradigma da inclusão escolar. Informações sobre a vida escolar do menino foram
levantadas com sua mãe, com a escola e com a própria criança. Visitas à escola, observações do cotidiano escolar e reunião com a equipe técnica também foram
46
realizadas. O que constatamos foi que a escola após matriculá-lo no ensino regular, cedeu à solicitação da mãe, remanejando-o para a classe especial. Nesta
mesa apresentarei o trabalho realizado pelas estagiárias pautada na Psicologia Escolar Histórico Crítica e na Educação Inclusiva.
O PAPEL DO PSICÓLOGO ESCOLAR COMO GESTOR NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
DIANA CAMPOS FONTES – SECRETARIA ESTADUAL DA EDUCAÇÃO E UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
A atuação do Psicólogo Escolar perpassa não só a atuação no contexto das instituições escolares, mas as diferentes esferas dos órgãos governamentais
executores de políticas públicas de educação, tendo sua inserção profissional em posições consideradas como estratégicas, em um nível hierárquico de gestor.
Há de se considerar que existe um leque de expectativas quanto à inserção deste profissional na educação, baseada no senso comum do que vem de fato serem
as competências e atribuições, e, também baseada no enfoque de atuação já consagrado relacionado às práticas tradicionais da Psicologia no contexto
educacional. Estaremos discutindo a possibilidade de atuação em uma perspectiva Histórico-Crítica, junto a Educação Inclusiva através de intervenção em grupo
com múltiplos atores e instituições escolares, os quais têm vivenciado a inclusão de alunos com deficiência. Tal grupo, tendo sido concebido como construção
coletiva, teve como articuladores principais nos processos de organização a atuação parceria de duas psicólogas as quais vem atuando no cotidiano na
Secretaria de Educação do Estado de Rondônia em setores pertinentes a Educação Especial. Como fruto desta experiência pode-se concluir que atuações as
quais promovam relações verticalizada e hierarquizada,as quais promovam a escuta e valorizem o saber docente possam ampliar positivamente as contribuições
da Psicologia para melhoria da qualidade da educação.
PRÁTICAS ATUAIS E SUAS CONTRADIÇÕES
LUANNA FREITAS JOHNSON - UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
A formação dos psicólogos para atuarem na área escolar é um campo complexo e desafiador, tendo em vista as dificuldades encontradas na estrutura curricular
dos cursos de graduação. Quando acrescentamos a perspectiva de educação inclusiva, o desafio se torna maior ainda. O cenário que identificamos é de
profissionais que atuam na escola desprovidos de conhecimento mais aprofundados sobre a Psicologia Escolar e principalmente sobre a Educação Inclusiva. Isso
resulta em profissionais cujas práticas prevalecem pautadas num modelo clínico de atuação que não atendem às necessidades impostas na realidade escolar e
que parecem distantes da possibilidade de contribuir para a construção de espaços inclusivos dentro das escolas. A ausência de informações sobre os
documentos que norteiam o processo de educação inclusiva, o sentimento de incapacidade para atuar junto à pessoa com deficiência e os lapsos durante a
formação que reforçam o status de Psicologia Clínica são alguns dos fatores que levam o psicólogo escolar a adotar práticas contraditórias que contribuem
muito mais para a psicologização, para a imposição de limitações ao aluno deficiente e a estigmatização que, por fim acabam c olaborando muito mais para a
exclusão escolar do aluno do que para sua inclusão no ambiente escolar. Nesta mesa apresentarei dados de uma pesquisa sobre a atuação do psicólogo escolar
na educação inclusiva.
14h-16h
A SUBJETIVIDADE COMO ELEMENTO CONSTITUTIVO DA ATIVIDADE DOCENTE: DOS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS-METODOLÓGICOS À ANÁLISE
D-67 - Sala 205
Coordenação: WANDA MARIA JUNQUEIRA DE AGUIAR – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
A mesa em questão tem o objetivo de apresentar e debater uma proposta teórico metodológica de pesquisa junto a professores, que vem sendo desenvolvida
há dois anos com o apoio da CAPES no âmbito de um projeto PROCAD ( Projeto de Cooperação Acadêmica).A fundamentação utilizada é da Psicologia Sócio
Histórica e da ergonomia francesa de Yves Clot. Iniciamos as apresentações com a discussão das categorias entendidas por nós como centrais da perspectiva
sócio histórica ( mediação, atividade, consciência, sentido, significado e subjetividade), e duas categorias adotadas por Yves CLot ( real da atividade e atividade
real). Acreditamos que com este suporte, temos maiores chances de garantir a coerência necessária entre os diversos momentos da pesquisa. A segunda
apresentação deverá deter-se na discussão dos procedimentos de obtenção de informações e análise. Neste momento serão detalhados os procedimentos de
confrontação simples e cruzada, para a seguir apresentarmos nossa proposta de análise do material produzido. A última fala tem como meta a apresentação de
uma pesquisa de mestrado realizada no âmbito do projeto maior - PROCAD- , que pode ser vista como um exemplo da forma de pesquisa a que nos referimos.
Deste modo, além de uma breve apresentação do referencial adotado, daremos ênfase aos resultados obtidos na pesquisa em questão, e na discussão de uma
possível contribuição desta forma de pesquisar.
ATIVIDADE E SUBJETIVIDADE: CATEGORIAS ESSENCIAIS PARA A ANÁLISE DO TRABALHO DOCENTE
MARIA FOURPOME BRANDO, MARÍLIA A. FACCO – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
O objetivo desse trabalho é apresentar as principais categorias teóricas da Psicologia Sócio-Histórica e da Clínica da Atividade que fundamentam as pesquisas
realizadas pelo nosso grupo, que tem como foco a Subjetividade e Atividade Docente. Importante destacar que a pesquisa no momento desenvolvida é
financiada pela CAPES no âmbito de um Projeto PROCAD ( Projeto de Cooperação Acadêmica). A Psicologia Sócio-Histórica, com base no Materialismo HistóricoDialético, carrega uma concepção de homem como ser social, histórico, constituído e constituinte das relações sociais. Tendo em vista tal concepção, torna-se
necessário que algumas categorias sejam debatidas. Iniciamos pela categoria mediação, entendida como uma instância que articula fatos e fenômenos, o
subjetivo e o objetivo, constituindo e determinando a relação do sujeito com o mundo. Tal categoria possibilita compree nder como o homem, embora tenha, ao
nascer, potencial para se desenvolver como ser humano, só se tornará humano por meio das relações sociais com outros homens e com a cultura na qual está
inserido. É por meio da atividade socialmente mediada, e assim apresentamos nossa segunda categoria, que o homem transforma o natural em social. O
homem, ao agir sobre a natureza, transforma-a, assim como modifica a si próprio. É na atividade histórica e socialmente mediada que o homem se apropria da
realidade e forma sua consciência. A consciência, categoria fundamental na perspectiva adotada, se apresenta como histórica, dialética e socialmente
determinada: constitui-se e se desenvolve na e pela relação com os demais, em um dado tempo e lugar. As categorias sentido e significado, despeito de serem
categorias distintas, não podem ser compreendidas separadamente, e constituem a unidade contraditória do simbólico e do emocional. Os significados são
produções históricas e sociais que permitem a comunicação e a socialização das experiências. Já o sentido é uma articulação dos eventos psicológicos feita pelo
sujeito frente à realidade, e aproxima-se mais da subjetividade. A subjetividade é compreendida como um sistema de produção e articulação de sentidos e
significados, os quais são constituídos a partir de múltiplos elementos. A ergonomia francesa atual compartilha os pressupostos teóricos e metodológicos da
Psicologia Sócio-Histórica, mas, na tentativa de conhecer o processo de constituição do sujeito na atividade e para além da aparência, agrega-lhe outras
categorias. Segundo essa perspectiva, a atividade não se constitui apenas do que é realizado (atividade realizada), mas também daquilo que não foi possível
realizar, que não se pode fazer, que se busca fazer sem conseguir, que se teria querido ou podido fazer, que se pensa ou sonha poder fazer, além do que se faz
para não fazer aquilo que se tem a fazer ou ainda aquilo que se faz sem querer fazer, ou seja, do real da atividade. Tais categorias tornaram-se fundamentais
pelo fato de nos apontarem a necessidade de utilizarmos procedimentos de obtenção de informações que nos permitam ultrapassar a atividade realizada e,
assim, a aparência dos fatos.
A SUBJETIVIDADE NA ATIVIDADE DOCENTE: UMA PROPOSTA DE ANÁLISE PARA DESVELAR SEU PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO
VIVIAN CARLA BOHM RACHMAN, VIRGÍNIA CAMPOS MACHADO – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
O trabalho em tela é fruto de uma investigação mais abrangente que está pautada nos pressupostos da Psicologia Sócio-Histórica, e tem como objetivo
apresentar os percursos da análise empregados na busca pela apreensão de aspectos subjetivos que são constitutivos da ativida de docente. Para alcançarmos
tal intento, consideramos a necessidade de elaborar um procedimento de análise que nos permitisse captar as contradições responsáveis pelo engendramento
de movimentos da subjetividade do sujeito, visto que estes são centrais para o melhor entendimento da atividade do professor. Para tanto, partimos da
proposta dos Núcleos de Significação (Aguiar e Ozella, 2006). Se, atualmente, esta proposta vem sendo frequentemente empregada para a análise de
entrevistas, aqui necessitou ser modificada em função da natureza diferenciada dos dados obtidos. Esses, por sua vez, foram produzidos em sessões de
Autoconfrontações em que o professor, sujeito da pesquisa, se assiste em atividade (em episódios editados a partir da videogravação feita em sala de aula) na
companhia do pesquisador (autoconfrontação simples) e, num segundo momento, na de um colega de profissão e do pesquisador (autoconfrontação cruzada).
Posto isto, empreendemos um esforço que teve como propósito identificar e articular conteúdos das falas dos sujeitos que, por sua semelhança, reiteração ou
contradições, nos permitissem compreender a atividade docente em movimento, ou seja, em seu processo de constituição. Destacamos assim, pré-indicadores
e, num movimento de aglutinação, construímos os indicadores. Na etapa seguinte, constituição dos Núcleos de Significação, “temos a realização de um
momento da análise mais complexo, completo e sintetizador, ou seja, quando os núcleos são integrados no seu movimento, analisado s à luz do contexto do
discurso em questão, à luz do contexto sócio-histórico, à luz da teoria” (Aguiar e Ozella, 2006, p. 231). Os Núcleos propostos devem permitir conhecer o sujeito,
seus aspectos subjetivos e sua atividade, e, para tanto, conteúdos que emergiram em diferentes episódios, em autoconfrontações simples ou em
autoconfrontações cruzadas foram articulados de forma a permitir apreender o movimento de constituição dos sentidos que o sujeito atribui à atividade
docente. Sendo assim, em função da presença ou não dos conteúdos identificados entre os momentos de autoconfrontação, organizamos três tipos de núcleos
que, por sua vez eram compostos por indicadores: 1) apenas identificados nas autoconfrontações simples; 2) identificados nas autoconfrontações simples e
cruzadas; 3) apenas identificados na autoconfrontações cruzadas. Assim que os núcleos são formados e analisados individualmente, os esforços são canalizados
47
para uma articulação entre os núcleos, portanto, “inter-núcleos”, que nos permite captar os movimentos da subjetividade do sujeito em relação a sua atividade
docente.
ATIVIDADE DOCENTE E PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS: SENTIDOS DO PROFESSOR
MARINA BORGES E SILVA – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
A presente fala tem o intuito de apresentar as contribuições de uma pesquisa de mestrado realizada no âmbito do projeto já referido. Assim como as demais
pesquisas que se inserem em tal projeto, este estudo busca se aproximar da subjetividade docente sendo que o caminho metodológico escolhido é o estudo dos
sentidos atribuídos pelos professores à sua atividade. Sabendo que a categoria sentido é a categoria que nos permite a aproximação aos aspectos mais próprios
do sujeito, e sabendo também que ao nos aproximarmos dos sentidos, nos aproximamos da singularidade, da subjetividade, decidi mos delimitar como objetivo
da presente pesquisa: analisar os sentidos atribuídos pela professora à participação dos alunos nas atividades por ela desenvolvidas. A importância de estudar
tal aspecto da atividade docente está na relação que consideramos existir entre a educação em que os alunos são tolhidos de participar, tecer comentários, de
pensar e expor de forma autêntica e a formação de indivíduos sem capacidade crítica e ajustados a um tipo de pensamento dominante. Amparados pelas
vertentes teóricas e metodológicas já apresentadas, realizamos um extenso trabalho de análise do material produzido, que nos possibilitou a construção dos
núcleos de significação, que por serem um conjunto de idéias que melhor exprimem a singularidade da professora, nos ajudaram a apreender elementos de
sentidos constituídos pela participante da pesquisa acerca da participação dos alunos em sala de aula. Dentre eles, destacamos as contradições da professora
sobre a instituição onde trabalha, a instabilidade vivida e sofrida no ensino privado, as concepções sobre a escola pública e sobre a escola privada e o dilema na
utilização do material didático adotado pela escola. Além disso, a prática da professora de supervalorização da organização dos alunos e da classe, além da
restrição e controle da participação dos alunos, parece revelar um elemento de sentido importante: na medida em que para ela a organização é pré requisito
para a aprendizagem, a participação dos alunos, geradora de “desordem”, pode prejudicar tal processo. Analisamos que a professora entende a aprendizagem
como somente possível no âmbito individual e desconsidera aquela construída no coletivo além de possuir dificuldade de trabalhar os diferentes níveis de
conhecimento de forma a contemplar a classe na sua totalidade. Essas análises nos permitem perceber que lidar com o desejo dos alunos de contribuir com falas
ou perguntas se mostrava contraditório para tal professora, sendo que ela, portanto conduzia as atividades de maneira a restringir e limitar excessivamente a
participação dos alunos. Podemos afirmar que são os sentidos, na sua articulação, que nos levam a conhecer aspectos da subjetividade e que conhecer e teorizar
sobre esta subjetividade é um movimento que pode iluminar reflexões sobre o sujeito da atividade docente.
14h-16h
GESTÃO DO TRABALHO EDUCACIONAL E POLÍTICAS PÚBLICAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. DESAFIOS DO TRABALHO COLETIVO DA PSICOLOGIA
PELA QUALIDADE DO ENSINO E DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
D-67 - Sala 206
Coordenação: DREYF DE ASSIS GONÇALVES – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO DE PSICOLOGIA
A presente mesa consiste em uma ação da ABEP em em conjunto com a ABRAPEE e SBPOT, decorrente dos encaminhamentos da Câmara de EaD da ABEP
realizada no VII Encontro Nacional da ABEP-2009. Seu primeiro encaminhamento ocorreu no III CBP-2010 com a realização de atividades sobre os Eixos que
princípios que direcionam a implantação das diretrizes curriculares como eixo organizador do qualidade do Ensino e da Formação em Psicologia, sendo eles:
Direitos Humanos, compromisso ético político, Acesso aberto/livre ao conhecimento, Ética do bem comum como alternativa a ética do bem privado, implicação
da formação as necessidades sociais e ação crítica nas políticas públicas. Neste Sentido, um dos objetivos é convergir experiências das entidades com foco na
configuração do Trabalho em educação, mais especificamente da necessidade de construção de ações que promovam o desenvolvimento do trabalho coletivo, e
da qualificação da dimensão da “Gestão” como campo de prática e ação implicada de compromisso ético-político. Como tema foco, ao debate serão destacados
os temas do Ensino a Distância ou do Uso das Tecnologias da Informação e Comunicação no contexto do Ensino e da Formação como tarefa c oncreta a toda a
psicologia. Como articuladores desta iniciativa, destacaremos a contribuição da SBPOT sobre a dimensão da aprendizagem na mais atual e recente pesquisa
sobre o trabalho do psicólogo no Brasil destacando o saber-fazer no campo de educação, aprendizagem e estratégias para formação profissional como
constatação da magnitude e capilaridade da necessidade deste olhar no trabalho e cotidiano dos psicólogos. Em seguida, na apresentação da ABRAPEE, serão
enfatizados os acúmulos sobre a gestão educacional em especial sobre o contexto de Ensino/educação a Distância como reflexão crítica ao momento histórico
social do país quem têm em suas políticas públicas claro direcionamento as estratégias do Ensino/Educação a Distância. Por fim, serão destacados os obstáculos
e desafios a serem superados de forma coletiva pelas entidades de Psicologia para a construção de soluções e alternativas a urgente a necessidade do
envolvimento coletivo dos profissionais de psicologia, para além de suas entidades. Como contexto prático identificamos como prioridade nas atividades da
ABEP a necessidade da ampliação e qualificação das atividades de formação de professores, educadores que encontram no contexto das políticas de Assistência
Social, grandes desafios na aplicação de acúmulos já sedimentados no contexto acadêmico científico. Com as novas diretrizes curriculares em Psicologia que
resgata o papel das licenciaturas na formação, bem como a crescente demandas de profissionais no contexto do SUS e do SUAS, torna-se urgente uma
abordagem convergente e integrada de ações que defendam criticamente os princípios fundamentais na formação de professores e educadores alinhados as
referências ético-políticas da psicologia com seus quase 50 anos de debate e construção coletiva.
ABEP NO ENFRENTAMENTO DOS DESAFIOS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O CONTEXTO DAS POLÍTICAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
ÂNGELA FÁTIMA SOLIGO – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO DE PSICOLOGIA / UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Discute-se concepções de assistência, na perspectiva de superar a perspectiva meramente assitencialista e propor uma compreensão das políticas e serviços de
assistência na dimensão dos direitors humanos. Nesta perspectiva, os serviços de assistência são vistos como direitos do cidadão, e a psicologia como área de
conhecimento e atuação deve ser atuante na definição das políticas e compor esses serviços. Problematiza-se a formação em psicologia como se apresenta a
partir das diretrizes curriculares estabelecidas em 2004, na medida em que essa ainda conserva um forte viés clínico de atuação, que transparece não apenas na
desigual distribuição das disciplinas no currículo, mas também nas ênfases eleitas pelas instituições formadoras, como pudemos identificar em estudo piloto em
que se analisaram currículos de cursos de Psicologia do país. Apresenta-se a necessidade de uma formação interdisciplinar, que contemple as perspectivas
sociológica, antropológica, econômica e institucional para a construção de uma visão de psicologia voltada para as políticas de assistência social que se direcione
à cidadania e autonomia dos sujeitos.
APRENDIZAGEM, COMPETÊNCIAS E QUALIFICAÇÃO DO PSICÓLOGO BRASILEIRO
JAIRO EDUARDO BORGES ANDRADE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO E UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
O objetivo é descrever e discutir dados obtidos em recente pesquisa realizada por Internet, com uma amostra de psicólogos brasileiros, sobre necessidades de
capacitação, estratégias de qualificação e de aprendizagem e motivação para aprender. As necessidades de capacitação foram diagnosticadas por meio de
método de avaliação de necessidades. Este utilizou parâmetros relativos a competências esperadas do mencionado profissional e, como medida, as respostas de
auto-avaliação em escalas de julgamento de importância e domínio. Foram previamente verificadas evidências de validade psicométrica de tais escalas. As
estratégias de aprendizagem e a motivação para aprender foram obtidas por meio de instrumentos de medida igualmente submetidos a verificação de
evidências de validade psicométrica. A descrição das estratégias de qualificação foi obtida por meio de questões sobre participação em eventos profissionais tais
como congressos, cursos e grupos de estudos, bem como a respeito do investimento financeiro pessoal realizado em tais eventos . Os resultados sugerem pouco
domínio de competências associadas à atuação nos níveis de grupos e organizações e à atuação que visa o desenvolvimento de novos conhecimentos, e maior
domínio de competências voltadas para processos individuais. Há evidências de investimentos relativamente elevados em estratégias de requalificação
profissional. A motivação para aprender, encontrada nessa amostra de psicólogos, emergiu como fundamentada em duas bases distintas, uma voltada para
atender os interesses individuais de carreira profissional e outra voltada para atender os interesses dos empregadores. As estratégias de aprendizagem mais
utilizadas no trabalho são as de reflexão intrínseca combinadas com aplicação prática e busca de ajuda interpessoal. As estra tégias de reflexão extrínseca são
mais utilizadas pelos profissionais que têm vínculos empregatícios e que tiveram formação especializada, depois da graduação, fora do campo da psicologia.
Esses resultados podem ser utilizados, na formulação de políticas para a formação e a atuação dos psicólogos brasileiros.
ENSINO A DISTÂNCIA OU AS DISTÂNCIAS DO ENSINO? PARA ALÉM DA EAD NA ATUAÇÃO NO SUS E NO SUAS
DREYF DE ASSIS GONÇALVES – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO DE PSICOLOGIA
O presente trabalho consiste na ação Institucional da ABEP no contexto da Câmara de Educação a Distância. Apresentaremos inicialmente síntese das atividades
realizadas pela ABEP no contexto da Educação Ensino a Distância onde será enfatizado a dimensão do uso de Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC
como recorte institucional para abordagem do tema. O Contexto da formação profissional no qual se insere o debate da EAD, detêm importantes obstáculos e
zonas de cegueira teórica conceitual decorrentes da visão tradicional que âncora o ultrapassado argumento do “Fim da Educação”. Outro aspecto diz respeito ao
equívoco a banalização da educação em decorrência dos usos de TIC em seu contexto. Esta convergência de obstáculo será caracterizada como as Distância do
Ensino ao contexto atual da atuação profissional. Superadas dicotomias e equívocos importantes. Serão destacados os aspectos relacionados ao contexto da
Política de Assistência Social operacionalizada a partir de Políticas Públicas nas quais se faz necessária uma atuação Ético-político implicada na ética do Bem
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Comum funda nos princípios dos direitos Humanos. Implementar ações de caráter prático para a implementação de soluções as necessidades Sociais
configuradas na ação da Ética do Bem comum. O uso das TICs no contexto das políticas de Assistência Social, estão também diretamente implicados à tarefa da
formação profissional nos seus diferentes níveis. Quer na graduação quer formação profissional o contexto da EAD está implicado como recurso e ação
institucional destinada a favorecer o processo de qualificação da atuação profissional conforme os atuais desafios de trabalho. Ressaltamos que neste contexto
surge como tarefa urgente de valorização da dimensão da gestão do trabalho coletivo. Tanto o SUS como no SUAS essa tarefa se apresenta de forma complexa
ao campo de atuação profissional. O contexto do SUS têm na tríade das Políticas Nacionais de Humanização – PNH, Política Nacional de Educação Permanente e
Gestão do Trabalho no SUS e na Política Nacional de Informação e Informática e Saúde – PNIIS o contexto institucional necessário ao balizamento das
contribuições profissionais bem como a qualificação da formação. Neste sentido, a necessidade da junção de esforços coletivos para com as tarefas em EaD no
sentido de qualificar as atividades para a promoção e defesa da política pública pelos princípios aos quais estão pautadas fa zendo necessária a construção de
alternativas e soluções de modo crítico ao já instituído.
AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO (NTICS) E OS DESAFIOS PARA A PSICOLOGIA NO CAMPO EDUCACIONAL:
LIMITES E POSSIBILIDADES
TANIA SUELY AZEVEDO BRASILEIRO – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL
As mudanças provocadas pelos avanços decorrentes das Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação - NTIC estão gerando uma revolução cultural que
afeta tanto as atividades vinculadas à produção e ao emprego, como a educação e a formação. Estas últimas são pilares essenciais na reestruturação das
sociedades, desencadeando profundas mudanças em países emergentes como o Brasil. Esta dinâmica da mudança penetrou nas instituições de ensino de
forma e ritmos diferentes, impactando no sentido e na significação do fazer docente, seus objetivos, metas e valores, levando-nos a repensar a formação de
psicólogos para atuar com a dimensão educativa em espaços escolares e não escolares. Com destaque, o Programa “Um Computador por Aluno” – PROUCA no cotidiano das escolas públicas brasileiras. Essa experiência inovadora envolve uma nova concepção das funções docentes e dos alunos em sala aula, bem
como de seus gestores. A apropriação das inovações técnico-pedagógicas merece análise e acompanhamento, pois as novas tecnologias não são simples
materiais de apoio em sala de aula, mas podem e devem ser um importante componente capaz de trazer efetivas contribuições ao processo educativo. Esta
política é mais um esforço de “tornar a escola mais efetiva e apropriada a novos modelos de sociedade”, com o intuito de “formar pessoas mais bem
preparadas para a vida em uma sociedade modificada cientifica e tecnologicamente”, priorizando “a inclusão digital dos difere ntes sujeitos sociais, em
especial, alunos e professores das escolas públicas brasileiras”. A Psicologia Escolar e Educacional, em conjunto com as demais áreas do conhecimento, precisa
compartilhar este desafio com compromisso crítico e contribuir para uma sociedade efetivamente democrática para "todos".
14h-16h
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA EDUCAÇÃO: O QUE PENSAM E FAZEM PSICÓLOGOS NOS ESTADOS DE SÃO PAULO, SANTA CATARINA E
BAHIA
D-67 - Sala 207
FINANCIADOR: FEPESP
Coordenação: MARILENE PROENÇA REBELLO DE SOUZA - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Este simpósio tem o objetivo de apresentar dados de pesquisa realizada nos estados de São Paulo, Bahia e Santa Catarina busca ndo identificar e analisar
concepções e práticas desenvolvidas pelos psicólogos da rede pública frente às queixas escolares. Para tanto, a investigação visa compreender que elementos
inovadores e pertinentes às discussões recentes na área de Psicologia Escolar e Educacional comparecem no discurso desses profissionais, em busca de um
ensino de qualidade para todos. A realização dessa pesquisa demandou a construção de um conjunto de instrumentos e procedimentos comuns aos estados e
ao mesmo tempo exigiu um processo de análise de dados que levasse em conta necessidades e especificidades presentes em cada uma das regiões do país. De
maneira geral, nas três regiões brasileiras, mantém-se um perfil profissional feminino, marcado por contratações recentes no campo da educação e cujos
profissionais buscam uma formação complementar em nível de pós-graduação.
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA EDUCAÇÃO PÚBLICA PAULISTA FRENTE À DEMANDA ESCOLAR
MARILENE PROENÇA REBELLO DE SOUZA – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Esta pesquisa visa identificar e analisar concepções e práticas desenvolvidas pelos psicólogos da rede pública frente às queixas escolares, visando compreender
como comparecem elementos inovadores e pertinentes às discussões recentes na área de Psicologia Escolar e Educacional em busca de um ensino de qualidade
para todos. Realizamos: a) mapeamento dos serviços oferecidos pelos psicólogos nas Secretarias Municipais de Educação do Estado de São Paulo; b)
levantamento da atuação profissional na área da educação. Utilizamos dois procedimentos no trabalho de campo: questionários e entrevistas. Neste período,
foram pesquisados 133 municípios do Estado de São Paulo, sendo que em 61 deles atuam psicólogos nas Secretarias Municipais de Educação, 108 profissionais
participaram. Destes, 96,4% são mulheres, na faixa etária de 40 anos, com a média de 8,7 anos no cargo. Encontramos variadas formas de contratação, a maioria
é proveniente de universidades privadas e mantêm uma formação continuada, nas modalidades: especialização, cursos de atualização e supervisões. Atuam em
todos os níveis de ensino e centram o trabalho com professores e alunos. Apresentam três modalidades de atuação: Clínica (15%), Institucional (30%) e Clínica e
Institucional (55%). O acompanhamento das queixas escolares se dá, principalmente no interior das escolas. As dificuldades enfrentadas para realização do
trabalho: a) modalidade de contratação que não define claramente a função do psicólogo na educação; b) níveis salariais baixos; c) mudanças constantes de
gestão; d) carga horária não condizente com a demanda da educação; e) representação clínica da profissão pelos educadores e profissionais da saúde. É
importante ressaltar que os profissionais destacam que a Educação pode contribuir para o desenvolvimento e a melhoria da situação do país e de que esse seria
o foco central de seu trabalho. Avaliamos este trabalho positivamente, pois denotou um movimento de avanço em direção à construção de práticas profissionais
no campo da educação, por parte dos psicólogos que estão na Educação Pública, que anunciam uma apropriação dos conhecimentos que vem sendo produzidos
pela academia no que se refere a uma atuação que denominamos crítica em Psicologia Escolar e Educacional.
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA REDE PÚBLICA BAIANA DE EDUCAÇÃO
LYGIA DE SOUSA VIEGAS – FACULDADE SOCIAL DA BAHIA
Este trabalho visa apresentar parte dos dados da pesquisa “A atuação do psicólogo da rede pública de Ensino frente à demanda escolar: concepções, práticas e
inovações”, realizada em sete estados brasileiros, a fim de identificar e analisar concepções e práticas de psicólogos da rede pública em relação às queixas
escolares. Será apresentada a pesquisa realizada na Bahia e seus 417 municípios. Tendo conseguido contatar 372 municípios bai anos, além do Estado, desvelouse que apenas 32 municípios (8,6%) possuem psicólogos nas secretarias de educação, totalizando 41 profissionais. Nos outros municípios, quando há demanda
para o psicólogo escolar, há uma tendência de encaminhar alunos para o CRAS. Dos 41 psicólogos, 28 se dispuseram a participar da pesquisa (68,3%),
respondendo um questionário referente à sua formação e atuação profissional. Análise dos questionários aponta um perfil prioritariamente feminino, com
idades variando entre 25 e 54 anos. A maioria está no cargo há menos de 3 anos, sendo que a metade formou-se no mesmo período, a maioria em instituições
de ensino superior privadas. Embora todos tenham feito especialização, a minoria fez na área educacional. Quanto à prática profissional, todos indicaram ter
alunos e familiares como público-alvo, sendo que menos da metade incluem educadores. Ao descrever as práticas, é notável o predomínio da prática clínica, o
mesmo se revelando em relação ao referencial teórico. Esta situação leva a pensar criticamente a formação em psicologia escolar e educacional
tradicionalmente oferecida na Bahia, que parece guardar marcas do olhar patologizante e psicologizante da educação, já superado em outros estados.
PSICOLOGIA ESCOLAR NA REDE PÚBLICA DE EDUCAÇÃO DE SANTA CATARINA
CELSO FRANCISCO TONDIN, DANIELA FERNANDA SCHOTT, MÁRCIA FIABANI –IRME BONAMIGO - UNOCHAPECÓ,
O Grupo de Pesquisas Práticas Psicológicas da Unochapecó coordenou a pesquisa em SC. O mapeamento dos serviços psicológicos oferecidos na rede pública de
educação contemplou 21 municípios onde trabalham 32 psicólogos. Foram entrevistados sete profissionais que trabalham em cinco secretarias de educação. Com
relação à história e ao panorama político de inserção do psicólogo na Educação, tem-se que os serviços existem há no máximo dez anos, porém os entrevistados
demonstraram pouco conhecimento sobre a cronologia e as mudanças ocorridas na sua organização. Em todas as secretarias há profissionais concursados. Em
apenas uma delas o trabalho dos psicólogos se dá em equipe. Em todos os municípios, mesmo que os psicólogos estejam lotados em diferentes secretarias, atuam
diretamente nas escolas. Em três municípios, os psicólogos referem autonomia para exercício do trabalho e em outros dois o trabalho sofre interferência da
gestão política. As modalidades de atuação abrangem tanto a área institucional como a clínica. O âmbito de atuação mais mencionado é a educação infantil
juntamente com o ensino fundamental, nos quais são realizados trabalhos com alunos, professores, funcionários e pais de aluno s, expressando diferentes
concepções de Psicologia Escolar. Os profissionais referem resistências ao seu trabalho por parte de funcionários das escolas, professores e alunos. Falam da
necessidade de atuar conjuntamente com outros profissionais na escola e encaminhar demandas que não lhes competem às demais áreas da educação e saúde,
contando com a colaboração do Conselho Tutelar e do Ministério Público. Os psicólogos relataram que há expectativa de que façam atendimento clínico individual
de alunos, o que os impedem de terem uma atuação mais crítica. Esta pesquisa contribui com a discussão sobre a inserção do psicólogo na escola, suas funções e
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as concepções de Psicologia Escolar, educação, criança e de mundo que auxiliarão este profissional na realização de um trabalho comprometido com os membros
das comunidades escolares.
COMUNICAÇÕES CIENTÍFICAS
14h - 16h
D-67 - Sala 101
14h - 16h
D-67 - Sala 101
14h - 16h
D-67 - Sala 101
14h - 16h
D-67 - Sala 101
14h - 16h
D-67 - Sala 102
50
A.S.A. - PROGRAMA VOLTADO À SAÚDE DO ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO
LUCY NUNES RATIER MARTINS
O programa A.S.A. - Atenção a Saúde Acadêmica trata de intervenções realizadas com os acadêmicos com o objetivo de desenvolver propostas de prevenção e
promoção de saúde, que promovam o bem estar dos estudantes universitários, adequadas a realidade sócio-cultural da realidade em que estão inseridos.
Atualmente o ASA, é oferecido aos alunos e professores de todas as áreas da universidade como suporte para o desenvolvimento pessoal, saúde mental e social.
Este apoio auxilia o docente e discente no enfrentamento e superação do conjunto de tensões, dificuldades e conflitos oriundos das experiências na
universidade, apoiando-os na formação e atuação profissional. As intervenções são desenvolvidas por profissionais da área de psicologia e educação. O conj unto
destas intervenções subsidiam o desenvolvimento e a construção da saúde e hábitos de vida saudáveis permitindo um gradativa incorporação destes processos
na sua vida pessoal. A partir desta experiência tem-se conseguido iniciar uma mudança na cultura da universidade que beneficia a comunidade por meio do
desenvolvimento de habilidades e competências para o enfrentamento do cotidiano acadêmico. Além do desenvolvimento de estratégias locais o programa tem
buscado fomentar pesquisas e trocas de experiências em diversas realidades e o intercâmbio nacional e internacional sobre os aspectos psicossociais que estão
ligados as diferentes culturas.
EXPERIÊNCIAS NO ESTÁGIO BÁSICO: O CAMPO, AS POSSIBILIDADES E PERSPECTIVAS
LUCY NUNES RATIER MARTINS, TANIA ROCHA NASCIMENTO, NORMA CELIANE COSMO - UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO
O trabalho traduz formas diferenciadas de se conceber a constituição do estágio básico em psicologia no curso de graduação de psicólogos. A proposta foi
dimensionada em eixos de conhecimento, aqui relatada o eixo – educação, que privilegiou práticas em contextos educacionais formais (escola). A psicologia
escolar/educacional é solicitada para atender demandas em um contexto diversificado apontando a possibilidade de se constituir uma educação de qualidade
para todos. A complexidade das demandas educacionais requer que se busque alternativas nas ações que contribuam para a mudança na percepção do papel e
prática deste profissional neste âmbito de atuação. Historicamente o papel do psicólogo ficou marcado por atuações mais individuais voltadas ao atendimento
do escolar, o que permitia uma associação das práticas deste profissional voltada ao atendimento de “problemas educacionais”. As práticas atuais de trabalho
podem ser propostas não apenas na dimensão psicoeducativa da instituição escolar, mas também na sua dimensão psicossocial, apontando para medidas mais
preventivas e promocionais. Das possibilidades desenvolvidas no estágio foi possível favorecer práticas de habilidades sociais e roda de conversa, inclusão,
atenção à família e ao professor, e a profissionalização dos profissionais na realidade institucional.
ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE EM PSICOLOGIA ESCOLAR: ATENDIMENTO ÀS QUEIXAS ESCOLARES
MARIA JOSÉ RIBEIRO, ANA CECÍLIA CRISPIM SILVA, CAMILA TURATI PESSOA, CAROLINA FARIA ARANTES, CRISTIANA NELISE ARAÚJO, FABIANA MARQUES BARBOSA –
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Este trabalho apresenta uma proposta de atendimento às dificuldades escolares de crianças em processo de alfabetização, sob a forma de estágio
supervisionado, realizado na clínica-escola de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia. Estruturada em um projeto intitulado Grupos de
Desenvolvimento e Aprendizagem (GDA), a proposta, desenvolvida desde 1995, passou por contínuas reformulações; apresentamos aqui o formato ultimamente
praticado. O que vem sendo chamado de queixa escolar refere-se às diversas demandas que chegam ao psicólogo, por parte da escola ou da família, relativas a
intercorrências no processo de escolarização, tendo geralmente a criança como principal foco. Trabalhamos com esses alunos considerando conjuntamente os
contextos escolar, social, político e cultural, bem como sua história de vida. As intervenções ocorreram junto à criança, à família e à escola, possibilitando a
ampliação da compreensão da queixa e a compreensão dos sentidos atribuídos por cada um neste processo. Os alunos chegam até a clínica-escola por indicação
da escola, a partir de um contato estabelecido previamente, o que tem garantido maior continuidade e qualidade do trabalho. Num primeiro momento são
realizadas avaliações psicoeducacionais das crianças, segundo um modelo qualitativo, a partir das quais são planejadas as ações junto à escola e estabelecidas as
diretrizes para o trabalho a ser desenvolvido com a criança e a família. Realizamos encontros semanais com grupos de pais, durante os quais buscamos conhecer
os seus sentimentos em relação à queixa das crianças e promover espaços de troca de experiências, para que o olhar sobre as dificuldades escolares possa ser
ampliado. Atividades-tarefa realizadas conjuntamente por pais e filhos permitem incidir na qualidade da interação. As crianças são atendidas indiv idualmente,
com o objetivo de trabalhar aspectos especificamente acadêmicos, de acordo com as necessidades apontadas pela escola, visando melhorar o rendimento
escolar. Logo após o atendimento individual, formam-se grupos com todas as crianças participantes do projeto, a fim de proporcionar atividades diferenciadas
das tipicamente escolares, de modo a ampliar o seu acesso à cultura, assim como valorizar a convivência entre eles. Durante todo o trabalho, são realizadas
visitas regulares à escola, para observar a criança nesse ambiente, para conversar com os professores, diretores e coordenadores sobre as possibilidades de
intervenção junto às crianças, e, ainda, para elaborar relatórios escritos sobre o andamento do trabalho com as crianças atendidas. Ao final do trabalho os alunos
têm apresentado resultados positivos, bem como a família e a escola demonstra satisfação com as atividades, o que justifica a continuidade desta atuação. Para
a avaliação psicoeducacional e os atendimentos individuais destina-se uma estagiária para cada criança; para o trabalho com os grupos, diferentes duplas de
estagiárias, e uma estagiária se encarrega do contato mais estreito com a escola. Assim, o trabalho tem se mostrado um grande aliado na compreensão e no
atendimento à queixa de maneira ampliada e, por conseguinte, para a formação do psicólogo escolar.
A EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO EM PSICOLOGIA ESCOLAR NO PROCESSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL
WILLIAN ARAUJO MOURA, FLÁVIA BARBOSA QUEIRÓZ, LUCIANNA RIBEIRO DE LIMA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
A formação profissional é um processo contínuo que vai além dos âmbitos e períodos acadêmicos, sendo que o fazer em psicologia constitui-se de experiências
que são práticas, habilidades, tentativas, vivências, respaldadas teoricamente. Durante o período da graduação, o aluno de Psicologia realiza diversas atividades,
sendo uma delas o estágio obrigatório, momento que possibilita transpor para a prática o conjunto de teorias apreendidas nas aulas, grupos de estudo e leituras
individuais inerentes à formação. Dentro disso, o presente trabalho visa refletir e discutir sobre a experiência de um estágio em Psicologia Escolar e Educacional
realizado no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Uberlândia e suas contribuições para o processo de formação profissional. Buscou-se nessa
experiência, aliar teoria e prática, compreender melhor o papel e a função do psicólogo escolar, subsidiar aquisição e exercício de competências e habilidades
profissionais no trabalho dentro do contexto de uma escola. Além disso, pretendeu-se ampliar as relações e formas de aprendizagem, contribuindo na
constituição do ser profissional. No caso específico, o estagiário participou de projetos institucionais, acompanhou e auxiliou nas atividades e práticas dos
profissionais da área de Psicologia Escolar, participando desde o planejamento até a execução de intervenções em sala de aula e oficinas psicoeducacionais, bem
como de orientação a familiares e alunos, mais especificamente a um aluno com necessidade educacional especial. A vivência do estágio corroborou o
desenvolvimento da autonomia, a tomada de responsabilidade e autoconfiança do estudante em formação, permitindo a contextualização de suas práticas, o
fortalecimento de uma postura mais flexível e de uma escuta diferenciada, em constante reflexão ética. O processo de formação profissional é um exercício
contínuo e o aprender fazendo, por meio do estágio, instrumentaliza o futuro psicólogo em sua atuação. Por outro lado, a oportunidade de supervisionar o aluno
em estágio amplia as condições de trabalho do psicólogo escolar, trazendo para o campo da prática o processo dinâmico de circulação do conhecimento, de
revisão de conceitos e de paradigmas, à medida que os saberes tradicionalmente hierarquizados e legitimados por um vértice quantitativo são passíveis de troca
e expressam componentes de diferentes realidades e momentos profissionais, cada qual carregado de sua importância.
POSSIBILIDADES E DESAFIOS DA ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR NA REDE PÚBLICA DE EDUCAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO
ALINE MORAIS MIZUTANI GOMES – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Durante muito tempo, as respostas oferecidas pela Psicologia às demandas educacionais apoiavam-se no modelo médico, sendo intensamente marcadas por
uma prática individualizada, psicodiagnóstica e psicoterapêutica. As dificuldades no âmbito da aprendizagem ou disciplina escolar teriam suas causas no
desenvolvimento cognitivo-emocional, nas relações familiares e na origem de classe social e o atendimento clínico ao escolar, amparado na psicometria, tornouse a atuação mais recorrente. Contudo, a partir da década de 80, tem-se desenvolvido uma importante análise da constituição histórica da Psicologia Escolar e
Educacional, especialmente no que tange aos seus objetivos e métodos. Assim, a partir da compreensão das raízes sócio-históricas da constituição do processo
de escolarização/educação foram se construindo críticas contundentes em torno da abordagem Psicométrica e da Psicologia Diferencial. Além disso, passou-se a
defender uma aproximação com a escola ou a instituição educacional, coerentes com determinadas concepções de homem e de mundo que considerem a
escolarização como um bem universal, um direito de todos e que precisa ser efetivado com qualidade. No bojo desse movimento foi se configurando uma
perspectiva crítica em Psicologia Escolar e Educacional sob influência do pensamento marxiano como método de compreensão da realidade. Contudo, embora
muito tenha se avançado no campo acadêmico, a apropriação de uma modalidade de atuação profissional baseada em um olhar crítico ainda é um grande
desafio. Assim, o objetivo geral dessa pesquisa é identificar e analisar as práticas desenvolvidas por psicólogos da rede pública de Educação, visando
compreender os desafios e as possibilidades presentes no processo de construção de uma atuação coerente com as discussões presentes na literatura da área de
Psicologia Escolar e Educacional nos últimos anos. Elegeu-se como método investigativo a abordagem qualitativa de estudo de caso. Participaram 6 psicólogos da
Secretaria Municipal de Educação e foram realizadas uma entrevista coletiva, cinco visitas a Unidades Escolares acompanhando os psicólogos e uma participação
num momento formativo da equipe. Esses momentos foram registrados num diário de campo, que está sendo analisando utilizando -se procedimentos de análise
de conteúdo. Um dos focos de atuação do grupo pesquisado diz respeito a implementação da Educação Inclusiva, acompanhando as crianças incluídas na rede
regular e assessorando as escolas nesse processo. Os psicólogos ressaltaram que os casos de inclusão não se restringem a crianças com deficiências físicas ou
intelectuais, mas a todos que apresentem dificuldades de acesso ao conhecimento transmitido pela escola. As estratégias de atuação incluem conversas com
gestores e professores, observação dos alunos em sala, reunião com pais, grupo com alunos. Foram apontados alguns obstáculos como a resistência dos
professores ou gestores, a falta de espaços de intervenção mais coletivos e de trocas entre a própria equipe técnica e os limites impostos pelo serviço público.
14h - 16h
D-67 - Sala 102
14h - 16h
D-67 - Sala 102
14h - 16h
D-67 - Sala 102
AFETIVIDADE E SUBJETIVIDADE NAS INTERAÇÕES PROFESSOR-ALUNO: APORTE NA PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL
FINANCIADOR: CAPES - COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR
AUREA JULIA DE ABREU COSTA, JESUS GARCIA PASCUAL - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
O presente trabalho resultou da experiência profissional da autora principal como psicóloga em instituição escolar de educação infantil e ensino fundamental da
rede privada de ensino na cidade de Fortaleza/CE, e se transformou em objeto de investigação no mestrado em Psicologia. As demandas sinalizadas pelos
professores, no que tange às relações interpessoais estabelecidas com os alunos no processo de ensino-aprendizagem, motivaram o interesse por compreender
a dimensão afetiva das interações professor-aluno, tendo em vista a constatação empírica (experiência profissional) e teórica (revisão de literatura) de que tal
dimensão afeta significativamente o processo de ensino-aprendizagem. Empreendeu-se a análise dos conceitos de afetividade e subjetividade na perspectiva da
psicologia histórico-cultural com o objetivo de oferecer um aporte epistemológico para abordar as interações professor-aluno no processo de ensinoaprendizagem. Contribuições recentes (LEITE; TASSONI, 2002; ARANTES, 2003; ARAÚJO, 2003; OLIVEIRA; REGO, 2003; SASTRE; MORENO, 2003; LEITE, 2006)
abordam a temática da afetividade, concebendo-a como fator que intervém no ensino e na aprendizagem escolar. Define-se afetividade como dimensão
constituinte do psiquismo humano (VIGOTSKI, 1998[1932]; WALLON, 2005[1941]), que faz a mediação das interações sociais desde a mais tenra idade (WALLON,
2005[1941]). Na perspectiva histórico-cultural, o conceito de afetividade relaciona-se intrinsecamente ao conceito de subjetividade. Este conceito define a
síntese singular e individual constituída pelo sujeito a partir das suas experiências de interação com o contexto sócio-cultural no qual está inserido (MOLON,
2003), remetendo à construção social de um mundo interno permeado pela afetividade. A subjetividade constitui-se simultaneamente nos níveis individual e
social e refere-se à forma particular pela qual as experiências ganham sentido e significado no contexto da constituição subjetiva do indivíduo (GONZÁLEZ REY,
2005). Destaca-se ainda a construção de sentidos e significados (VIGOTSKI, 2001), como aspecto da afetividade humana, produtora e produto de subjetividade. A
articulação entre esses conceitos possibilita-nos abordar as interações entre professores e alunos, compreendendo-os como sujeitos de afetividade (não
somente de cognição), que interagem no desempenho das funções sociais de ensinar e aprender. Ambas constituem uma totalidade indissociável, o processo de
ensino-aprendizagem, implicando os sujeitos e a relação que se estabelece entre eles. Assim, as interações professor-aluno evidenciam o envolvimento da
dimensão afetiva dos sujeitos envolvidos, repercutem nas subjetividades dos mesmos, trazendo implicações nas formas como o professor ensina e como o aluno
aprende, consistindo, dessa forma, em objeto da compreensão e da intervenção do psicólogo que atua em contexto escolar/educacional. Este profissional pode
contribuir possibilitando ao professor espaço de reflexão no que concerne ao impacto da afetividade na prática docente e na aprendizagem do aluno, no sentido
de viabilizar estratégias para que a dimensão afetiva da relação professor-aluno favoreça o processo de ensino-aprendizagem.
CONSEQUÊNCIAS DO NEOLIBERALISMO PARA A PRÁXIS DO PSICÓLOGO ESCOLAR: UMA ANÁLISE HISTÓRICA
JULIANA CHIOCA IPOLITO – UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
Este trabalho é resultado de pesquisas bibliográficas acerca das raízes históricas do neoliberalismo, realizadas com a finalidade de compreender por quais vias
este se consolidou enquanto ideologia dominante, influenciando diretamente as políticas públicas brasileiras, incluindo as de educação, tornando-se
determinante na formação profissional do psicólogo e em sua atuação no contexto escolar. Entendemos que há uma deturpação da função da educação como
treinamento para habilidades e competências, e a consequência direta disso é o consenso construído em torno da ideologia neoliberal, difundida no Brasil desde
a década de 80 e atualmente enraizada no discurso da população e nas políticas públicas brasileiras. Essa situação acaba sendo determinante para formação do
psicólogo, dado que com as reformas educacionais que sancionaram a flexibilização dos currículos e incentivaram à abertura de novos cursos pela rede privada
de ensino, sem um rígido controle de qualidade, corre-se o risco de estar apenas treinando para uma determinada função, ao invés de formando sujeitos críticos
e políticos, que compreendam a necessidade de transformação da sociedade. Por isso, a proposta aqui lançada é a de, através da compreensão de como foi
possível a consolidação do neoliberalismo enquanto ideologia dominante em nossa sociedade, possamos, enquanto sujeitos ativos e políticos, reverter tal
situação, pelo menos no que tange à atuação do psicólogo no contexto escolar. Nesse sentido, frisamos a importância da análise histórica e dialética para a
compreensão da realidade, de acordo com a perspectiva teórico-metodológica da psicologia sócio-histórica. Em verdade, a reconstituição histórica da
consolidação do neoliberalismo enquanto ideologia dominante nos permitiu compreender como este se tornou possível, renovando-se sob a forma de Terceira
Via e, deste modo, construindo novas subjetividades, novos sujeitos políticos, porém sem consciência de classe. Nesse sentido, afetou profundamente a práxis
do psicólogo de um modo geral, pois não se reconhecendo enquanto parte da classe trabalhadora continua atuando de forma a adaptar sujeitos a um sistema
hostil, legitimando então o consenso neoliberal. Nossa proposta é a de que a práxis do psicólogo escolar seja voltada para o confronto com a ideologia
hegemônica, compreendendo que, por ser a escola um importante meio de reprodução desta, pode ser um lócus privilegiado para sua superação.
PSICOLOGIA ESCOLAR/EDUCACIONAL: NOTAS ACERCA DOS DETERMINANTES HISTÓRICOS DA PROFISSÃO
JULIANA CHIOCA IPOLITO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
Este artigo é resultado de pesquisas bibliográficas realizadas com o intuito de se conhecer o processo histórico de organização da profissão de psicólogo no Brasil
e, principalmente, qual vem sendo a sua contribuição à educação escolarizada. A partir dessa compreensão, analisamos as determinações históricas e sociais que
fazem com que a atuação do psicólogo escolar/educacional, apesar de tão debatida na academia, continue se configurando como indefinida quanto à sua
função, e muito ligada à prática clínica e de avaliação psicológica. O que nossas análises revelaram é que este fato se deve em parte à história da união entre
psicologia e educação no país, que inicialmente ocorreu por meio de aplicação de técnicas para detecção de problemas de aprendizagem e de distúrbios
psicológicos, visando adaptar os sujeitos considerados anormais à sociedade. Outro motivador desta situação é o da desconexão entre teoria e prática e entre a
formação e a atuação dos psicólogos escolares/educacionais, que pode ser entendida como resultado do processo de divisão do trabalho em nossa sociedade,
que culminou em um trabalhador cindido, sem o conhecimento do processo de trabalho como um todo e, portanto, incapaz de desenvolver algo independente
da oficina capitalista. Além disso, as teorias sob as quais o psicólogo escolar embasa a sua prática profissional também estã o apartadas da realidade. Isso porque
foram elaboradas entre os séculos XVIII e XIX para um homem que não é mais o mesmo, dado que a sociedade e o homem estão em constante transformação.
Diante desse contexto, optamos por utilizar o método de abordagem que evidencia a importância da análise história e dialética na construção do conhecimento,
a saber, o materialismo dialético da Psicologia sócio-histórica. De fato, a compreensão das raízes históricas da psicologia na educação mostrou-nos que ela vem
servindo aos interesses da classe dominante, e nesse sentido, como forma de adaptação dos sujeitos a um sistema hostil e desigual. Por isso, propomos a
reflexão sobre a inversão desse papel, segundo o qual o psicólogo passe a confrontar os sistemas de internalização, atuando, nesse sentido, como
conscientizador das massas desfavorecidas. Nesse contexto, a Psicologia, assim como outras tantas áreas do conhecimento, que historicamente contribuíram
para o processo de internalização da ideologia dominante, pode fazer o caminho inverso, e se tornar uma ciência a favor da maioria trabalhadora. Deste modo, a
escola se tornaria um local privilegiado para tanto, pois por ser um importante meio de reprodução da ideologia dominante, pode, por sua vez, ser uma arma
poderosa para sua destruição.
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14h - 16h
D-67 - Sala 103
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NEGOCIANDO A PERSPECTIVA DO OUTRO NO JOGO DE REGRAS RUMMIKUB
GISELE BUENO DE FARIAS REBEIRO, FRANCISMARA NEVES DE OLIVEIRA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
O artigo objetiva analisar por meio das condutas lúdicas de jogadores do jogo Rummikub, o egocentrismo e a reciprocidade como constituintes da tomada de
perspectiva, na relação entre pares. A negociação da perspectiva própria e do outro envolve aspectos sociais, afetivos e cognitivos na relação com o
conhecimento, com os objetos e com as pessoas, portanto necessária ao processo de aprendizagem. Assumindo os aportes teóricos-metodológicos de Jean
Piaget e Robert Selman, a negociação da perspectiva do outro é entendida como um processo que vai do egocentrismo à cooperação ou reciprocidade entre
pares. O jogo é compreendido como contexto de trocas entre sujeitos, propriedades do jogo, regras e o simbolismo que contém, portanto importante espaço de
negociação da perspectiva. A pesquisa de natureza qualitativa na modalidade de estudo descritivo ocorreu em uma escola estadual em Londrina PR e dela
participaram 8 alunos que freqüentavam em 2010 a sala de apoio à aprendizagem de Matemática. Esse é um espaço oficializado para o trabalho com as
dificuldades de aprendizagem no contraturno de aulas do aluno nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. Também participou do estudo a professora
da disciplina de Matemática da referida sala de apoio. Para atender ao objetivo proposto, foi utilizado um instrumento indicador de aspectos sociais, cognitivos e
afetivos na relação com o aprender construído por Oliveira & Macedo (2009). A coleta de dados envolveu ainda o jogo de regras rummikub. Como procedimento
de coleta de dados adotou-se a aplicação do instrumento que foi respondido pela professora sobre as condutas predominantes dos alunos em situação de
aprendizagem. Foram realizadas 10 sessões lúdicas com o jogo sendo 4 de aprendizagem e exploração do jogo, suas regras e estratégias possíveis e 6 sessões
avaliativas das condutas lúdicas dos jogadores. Os resultados demonstraram que as jogadas nas quais predominam o egocentrismo e a centração na própria
perspectiva estão relacionadas aos indicadores de maior dependência, dificuldade de antecipação e autocontrole, além de ausência de autonomia na
aprendizagem. As jogadas nas quais predominavam condutas mais recíprocas relacionaram-se aos indicadores de maior autonomia, planejamento de ações,
maior disposição ao enfrentamento dos desafios. Os dados não demonstraram relação entre iniciativa de aproximação dos colegas e baixa negociação de
perspectiva no jogo. As condutas mais egocêntricas no jogo corresponderam à maior necessidade de trapacear ou usar estratégias contrárias às regras e autofavorecedoras. O estudo permitiu considerar que negociação das perspectivas deve ser oportunizada em situações de aprendizagem escolar e podem estar
presentes em situações de interação lúdica entre pares, pois convidam trocas nas quais os aspectos sociais, afetivos e cognitivos encontram-se
interdependentes.
A ATENÇÃO CONJUNTA EM BEBÊS VIDENTE E CEGO : ESTUDOS DE CASO
FINANCIADOR: CAPES
KATIA MIGUEL COLUS, KATIA DE SOUZA AMORIM – FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
A Organização Mundial de Saúde refere que em todo o mundo, anualmente, 500 mil crianças ficam cegas, devido a uma série de complicações . No Brasil, são
100 mil crianças ao ano. Percebe-se, entretanto, no campo da psicologia, que a maioria dos trabalhos a respeito do desenvolvimento humano leva em conta a
criança sem perturbações e/ou dificuldades quanto à questão da visão. A atenção conjunta é considerada como fundamental para estabelecer um conjunto de
dimensões básicas no desenvolvimento cognitivo, social e afetivo da criança e se refere a comportamentos como olhar na direção do olhar do outro, observar a
face do outro, mostrar e compartilhar objetos com outros. Episódios de atenção conjunta, portanto, podem quase ser denominados de episódios de atenção
visual conjunta. Assim, esta capacidade tem sido considerada como crucialmente importante para o desenvolvimento da capacidade interativa do bebê.
Entretanto, ao se pensar estes processos, em crianças cegas ou com deficiência visual severa, depara-se com a pouca quantidade de informação disponível em
dados de pesquisas. O objetivo desta pesquisa é investigar como se dá a interação entre o bebê cego ou com deficiência visual severa e os adultos em seu
entorno, partindo da seleção de episódios marcados pela construção, estabelecimento e manutenção da atenção conjunta, tanto da parte dos bebês quanto dos
parceiros circundantes. Para isso, foi utilizado estudo de casos múltiplos-exploratórios, envolvendo um bebê cego ou com deficiência visual severa e sua família
vidente, fazendo-se um contraponto com um bebê vidente para dar visibilidade a recursos e aspectos específicos do processo . Os bebês tem de 6 a 12 meses de
vida, sem qualquer outra dificuldade de saúde. Para sua escolha, não houve distinção quanto à sexo, etnia, gênero ou classe social. A coleta dos dados deu-se
através de videogravações quinzenais, de aproximadamente 40 minutos cada, nas casas dos bebês, durante 5 a 6 meses. Para a análise de dados considera-se a
abordagem microgenética, com aporte metodológico da Rede de Significações . A perspectiva sócio-interacionista permite a compreensão dos processos
desenvolvimentais que ocorrem nestas situações. Como conclusões preliminares aponta-se a desvalorização pela sociedade da pessoa com diferenças (mesmo
em um centro urbano referência de saúde para muitas localidades, próximas ou mais distantes, no qual se deu a busca de sujeitos, o bebê cego só foi encontrado
após aproximadamente seis meses de procura); a homogeneização de abordagens que parece permear a pesquisa científica na área; a supervalorização da visão
como recurso interativo; a presença de outras pistas interativas, notadamente táteis, no bebê cego como constituintes do processo de atenção conjunta.
PERCEPÇÃO DE EDUCADORAS E CRIANÇAS SOBRE O BRINCAR E A BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
KATIA MIGUEL COLUS, MICHELLE CRISTINA ROVIERO, SUELI CRISTINA DE PAULI TEIXEIRA - CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ
De acordo com a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN/96), a educação infantil é parte da educação básica, constituindo sua primeira
etapa, compreendendo a faixa etaria de zero a cinco anos de idade. Pode ser considerado como consenso que o desenvolvimento da criança, durante a educação
infantil, acontece através do brincar e da brincadeira, tanto em situações formais quanto informais. O brincar e a brincadeira constituem-se em linguagem
infantil, vinculando o simbólico à realidade imediata da criança. Faz parte, portanto, do trabalho do educador nesta etapa, inserir jogos e brincadeiras na rotina
escolar. Entretanto, persiste a questão de que até que ponto isto se traduz em reais e cotidianas práticas educativas. Esta pesquisa teve como objetivo verificar a
existência ou não, por parte de crianças e educadoras inseridas na educação infantil, da percepção da importância do brincar e das brincadeiras como linguagem
e instrumento privilegiados nesta etapa. Para tanto, foram entrevistados seis sujeitos ( quatro crianças de quatro anos e duas educadoras ) de uma única
instituição particular de educação infantil, em uma cidade de porte médio do interior do estado de São Paulo. Para a escolha dos sujeitos não houve qualquer
distinção de caráter étnico, gênero, sexo ou classe social, porém considerou-se que cada duas crianças deveriam ser alunas de uma das educadoras,
configurando-se assim, dois trios de participantes vinculados entre si. As entrevistas utilizadas foram verbais e estruturadas , tendo sido realizadas ,
separadamente para todos os sujeitos, nas dependências da escola. Priorizou-se uma análise qualitativa das respostas obtidas, sendo que a análise do discurso
contribuiu com as diretrizes para compreensão das mesmas. Como conclusão aponta-se uma ruptura entre o discurso e a prática pedagógica, claramente
assinalada pela contraposição das respostas obtidas através das crianças daquelas obtidas através das educadoras, visto que enquanto estas relatam a
importância e a inserção do brincar em sua prática cotidiana, as crianças apontam que este brincar se constitui em momentos unicamente de lazer ou de
recreação. Rever a formação inicial ou continuada das educadoras, suas concepções sobre criança, infância e práticas educativas, as expectativas da escola em
que estes sujeitos se inserem podem ser importantes pontos de partida para se compreender a ruptura aqui evidenciada.
REUNIÃO DE PAIS E MESTRES:CAMPO MINADO DO DISCURSO PSICOPEDAGÓGICO
KATIA MIGUEL COLUS, SUELI CRISTINA DE PAULI TEIXEIRA - CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ
A reunião de pais e mestres tradicionalmente tem se apresentado como um momento concentrador de tensões e dissensões para todos os envolvidos. A
pesquisa teve como objetivo investigar esta reunião , no contexto de um quinto ano (“antiga” 4ª série) de uma escola particular em uma cidade de médio porte
do interior do estado de São Paulo. Buscou-se, através de quatro entrevistas estruturadas e dirigidas, a visão de quatro sujeitos participantes ( a coordenadora
pedagógica, a professora de uma das classes de quinto ano, uma aluna desta classe e a mãe da referida aluna) , sobre os objetivos da reunião de pais e mestres,
as expectativas existentes e seus desdobramentos, bem como as ideologias que permeiam estes encontros. As entrevistas obedeceram a formatos semelhantes
para a coordenadora pedagógica e para a professora, sofrendo adaptações para a mãe da aluna e outras, ainda, para a aluna. Coordenadora e professora foram
entrevistadas nas dependências da escola, em momentos diferentes e a aluna e sua mãe foram entrevistadas em suas casas, também separadamente. Percebeuse, através da análise qualitativa (pela qual se optou, em detrimento da análise quantitativa) das respostas obtidas, que a reunião de pais e mestres esteve a
serviço da manutenção do silenciamento e da disciplina de alunos e pais, por parte da escola, representada pelo professor no momento da reunião. Utilizando-se
do discurso pedagógico, a escola transformou a reunião de pais e mestres em momento de afirmação de superioridade sobre as famílias, responsabilizando-as
pelo fracasso de seus filhos, minando a possibilidade de encontro cooperativo e produtivo. Nas entrevistas realizadas este antagonismo latente e também
manifesto se revela, através de uma breve análise do discurso, claramente delineado e vivenciado. Em um momento posterior, pode-se também apontar o
quanto tais entraves vividos no momento da reunião de pais e mestres relacionam-se com características como o caráter privado da escola em questão, o status
social atual do professor e a própria formação inicial ou continuada deste como não preparadora para lidar com tais conflitos.
14h - 16h
D-67 - Sala 104
14h - 16h
D-67 - Sala 104
14h - 16h
D-67 - Sala 104
14h - 16h
D-67 - Sala 104
14h - 16h
D-67 - Sala 105
RELEVÂNCIA DA PSICOLOGIA PARA OS DIREITOS HUMANOS
CARLOS CÉSAR BARROS - FACULDADE SÃO BENTO DA BAHIA
Esta comunicação busca articular teoricamente a contradição de vivermos ao mesmo tempo na “era dos direitos” – fundamentada na universalização dos
direitos humanos – e na pós-modernidade – que questiona a possibilidade de tal universalização e os valores que estão na base dos direitos humanos – com a
práxis da psicologia. Para construir essa articulação, apresenta noções de história e de teoria do direito, como os fundamentos do direito natural, a positivação
dos direitos e sua universalização, em sua relação com as revoluções burguesas e as teorias das paixões que as acompanharam. Leva em conta também a
negação dos direitos humanos, a reificação, o totalitarismo, a desumanização em contraste e relação com categorias psicológicas como ideal, fantasia,
preconceito, identificação e compaixão. Apresenta argumentos fundamentados nas discussões mais recentes sobre governamentalidade, biopoder e estado de
exceção de Giorgio Agamben e de luta por reconhecimento de Axel Honneth. Apresenta também concepções de Norberto Bobbio, Michel Foucault, Herbert
Marcuse, Max Horkheimer, Theodor W. Adorno e Friedrich Nietzsche. Baseado na tese de doutorado do proponente, o curso busca demonstrar não apenas a
importância dos direitos humanos como um referencial para a prática psicológica, referencial este que deve passar por uma ri gorosa crítica, mas também o quão
relevante se faz a psicologia para o reconhecimento e sobrevivência dos direitos humanos. Ao se deparar com essa constatação, a psicologia também precisa se
submeter a uma autocrítica e refletir sobre prioridades e direcionamentos em sua prática, pesquisa e ensino.
O SISTEMA JUDICIÁRIO E A EDUCAÇÃO
ELISANGELA SOBREIRA DE OLIVEIRA, DJALMA ROBSON DE ANDRADE FILHO, MARLI LÚCIA TONATTO ZIBETTI, VANESSA APARECIDA ALVES DE LIMA - UNIVERSIDADE
FEDERAL DE RONDÔNIA
Em nossa experiência profissional como psicólogos no tribunal de justiça do Estado de Rondônia, temos acompanhado casos onde as escolas solicitam a
intervenção do Conselho Tutelar/Polícia Militar que encaminha relatórios ao Ministério Público que, por sua vez, chega ao conhecimento do Tribunal de Justiça
em forma de processo para procedimentos. Na maioria dos casos o Juiz da comarca solicita o acompanhamento do Núcleo Psicossocial, formado por psicólogos e
assistentes sociais, na intenção de que estes direcionem e auxiliem o judiciário nas decisões. Observou-se que na maioria destes casos a equipe das escolas
apresenta nos relatórios pedagógicos a queixa de desinteresse e desmotivação por parte do aluno em participar ou “colaborar” com o andamento das aulas,
mencionando como procedimento pedagógico de intervenção o encaminhamento ao Conselho Tutelar, a Polícia Militar e/ou à Saúde, para o neurologista e/ou
psicólogos. Na maioria dos casos, quando a família questiona tal procedimento, passa a ser responsabilizada, por vezes penalmente, pelo “fracasso institucional”.
Desta forma, este trabalho tem por objetivo descrever a atuação do profissional da psicologia no sistema judiciário em casos onde escolas solicitam a
intervenção jurídica, procurando expor possíveis motivações explícitas e implícitas das escolas ao realizar este tipo de solicitação/intervenção ao sistema
judiciário; identificar conseqüências destas ações na relação do aluno com a escola; e apresentar possíveis intervenções na relação entre professores, alunos e
familiares que venham a garantir o direito à escolarização. Segundo Elias (1996) o que justifica a inscrição da escola como instituição social é a possibilidade de
intervir na mudança de comportamentos através da intervenção nas áreas afetivas. Neste contexto, Beatriz de Paula Souza (2007), ao falar sobre o
funcionamento escolar e a produção do fracasso e sofrimento, aponta a escola como um campo de contradições e paradoxos, onde ao mesmo tempo que se
apresenta capaz de produzir sentimentos de fracasso e sofrimento, também possibilita que o sujeito desenvolva forças que o impulsionem no sentido oposto a
este. Mediante a análise da prática profissional como psicólogos do judiciário, percebemos que as escolas tendem a culpabilizar a família e o aluno pelo fracasso,
sendo que o sistema judiciário aparece como colaborador na manutenção do status quo desta relação, trazendo como conseqüência , na maioria dos casos, o
fracasso escolar e a evasão do sistema de ensino.
VIOLÊNCIA SEXUAL: UMA ANÁLISE DA LEI DE DIRETRIZES E BASES
FINANCIADOR: CAPES
MICHELLE VENÂNCIO IKEFUTI, RENATA MARIA COIMBRA LIBÓRIO, ALINE MADIA MANTOVANI - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Muitas crianças abusadas sexualmente têm como agressor alguém conhecido e próximo a ela. Sabendo disso, o professor que convive diariamente com seus
alunos é o sujeito que pode auxiliar uma criança que sofre este tipo de violência. Porém, estudos mostraram que os professores são os profissionais que menos
denunciam, e, apesar da criança muitas vezes mostrar sinais psicológicos e por vezes físicos de que sofre algum tipo de violência, os professores têm dificuldade
de interpretar tais sinais, e quando desconfiam, têm medo de denunciar e sofrer represálias. Diante disso, resolvemos investigar o que a Lei de Diretrizes e Bases
(LDB), Lei nº 9394/96 traz em seu conteúdo que pode elucidar esta problemática e temas afins, visando compreender como a violência sexual se manifesta na
formação de professores. Este é um recorte da pesquisa de mestrado, que conta com o financiamento da CAPES. Primeiramente foi feito um levantamento
bibliográfico. Em seguida fizemos uma leitura minuciosa do documento, e a partir desta leitura foi feito um fichamento com o resumo da obra, o contexto que
deu a sua criação, e alguns trechos que poderão ser utilizados. Após uma nova leitura, separamos o conteúdo que poderia abranger a problemática pesquisada.
Verificamos que esta lei não possui nada diretamente relacionado à violência sexual, nem a qualquer outra modalidade de violência. Encontramos apenas uma
indicação que trata dos direitos das crianças e dos adolescentes e cita como diretriz o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8069/90. Podemos então
supor que os artigos do ECA sobre maus-tratos estariam representados na LDB. Porém vale ressaltar que é de uma forma superficial. Consideramos que a atitude
dos professores em não denunciar se explicaria, com relação à Lei de Diretrizes e Bases, por não trabalhar mais esta questão da violência e dos maus-tratos,
ficando muito vaga a obrigação de incluir conteúdos que trate dos diretos das crianças e dos adolescentes.
BULLYING NA ESCOLA: COMBATER E PREVENIR
SUELEN GOMES DE SOUSA, CARLA ADRIANE DE ARAUJO ALMADA, RAIANE ARAÚJO DA SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
O Bullying caracteriza certo tipo de violência que ocorre entre pares, especificamente nas escolas, entre crianças e adolescentes. É considerado um tipo de
comportamento violento podendo ser expressado em diferentes modos, ou seja, contendo atitudes intencionais, agressivas, e de modo repetitivo adotado por
um ou mais alunos contra outras pessoas impossibilitadas de se defender. A alta prevalência do bullying entre estudantes gera preocupação em psicólogos no
mundo todo, visto que é ignorado pela maioria dos adultos e por trazer grandes danos psicológicos às crianças vítimas assim como aos agressores. As ocorrências
de bullying como revelam dados da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência – ABRAPIA, não é privilégio de uma única
instituição escolar em particular, é um problema que tem afetado muitas escolas no Brasil, inclusive em Porto Velho/RO. Nesta comunicação apresentaremos os
resultados de um projeto de ação. No primeiro semestre letivo de 2009, realizou-se uma pesquisa em uma Escola Estadual de Ensino Fundamental do município
de Porto Velho, com o intuito de coletar dados para verificar o índice de prevalência do fenômeno bullying nesta instituição. A pesquisa foi realizada por meio de
observações, aplicação de questionários, e entrevistas, constatando maior ocorrência entre as turmas de 6º e 7º anos. A parti r de então, viu-se a necessidade de
desenvolver um trabalho que ajudasse a escola a pelo menos minimizar o problema. Sendo a violência um problema de saúde pública com sérias conseqüências
individuais e sociais, particularmente para os jovens e por comungar com a idéia de que a violência pode ser evitada e que a escola é de grande significância para
o aluno, o trabalho foi realizado com as turmas de 6º e 7º anos, com a intenção de promover momentos de reflexão e discussão sobre as relações estabelecidas
entre eles no interior da escola, situando-os como sujeitos que influenciam e que são influenciados, ajudando a aprimorar suas habilidades sociais, por meio de
ações que colaborassem com a melhoria das relações interpessoais entre esses alunos, intervindo assim, na incidência do bullying. Com o desenvolvimento das
atividades, no decurso de um ano e meio, constatamos por meio da observação assim como, pela voz de professores e corpo diretivo, mudanças significativas no
comportamento das turmas envolvidas no projeto, e conseqüentemente para toda a escola, com mudanças de atitudes nas relações entre os alunos e em
relação à própria escola, demonstrando maior valorização da mesma, com ações de cuidado e respeito.
A IMPORTANCIA DA MUSICALIZAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
FINANCIADOR: PIBIC
FÁBIO SAGULA DE OLIVEIRA, ELIZABETH GELLI, EDUARDO CEZÁRIO MOTA – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - ASSIS
O trabalho apresenta, num primeiro momento, as referências para o ensino e a prática da musicalização segundo a LDB. Posteriormente, entramos em contato
com o universo musical de crianças, pais e educadores do Centro de Convivência Infantil de uma das unidades da Unesp; para tanto, utilizamos entrevistas,
questionários e observação participante. Foi feita uma exploração acerca do ambiente e da história de cada participante da pesquisa, visando coletar
informações sobre a presença e a importância da música em suas vidas, assim como os efeitos destas vivências musicais em suas práticas nos dias de hoje. Além
disso, foi investigado a origem do repertório musical de cada um, afim de traçar um panorama referente às maneiras pelas quais determinados tipos de música
chegam ao cotidiano das pessoas. Analisando as entrevistas quantitativa e qualitativamente, foi possível compreender e ilustrar a importância da música na vida
das pessoas, assim como verificar as maneiras como estas pessoas têm acesso e interagem com a produção musical.
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14h - 16h
D-67 - Sala 105
14h - 16h
D-67 - Sala 105
14h - 16h
D-67 - Sala 106
14h - 16h
D-67 - Sala 106
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PRÁTICAS EDUCATIVAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: IMPRESSÕES DE UMA REALIDADE
JANAINA CASSIANO SILVA, ELIZA MARIA BARBOSA - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - ARARAQUARA
A última década do século XX protagoniza um período de consolidação da Educação Infantil como um direito da criança menor de seis por força de um conjunto
de leis promulgadas e também pela defesa no âmbito acadêmico de uma educação que assegure às crianças o acesso a escola compromissada com seu
desenvolvimento integral. Neste sentido, atribui-se à escola de Educação Infantil uma função educativa específica que se traduz pela concretização de práticas
educativas intencionais com ações orientadas para a ampliação do universo cultural da criança, de modo que lhes sejam dadas condições para compreender os
fatos e os eventos da realidade, habilitando-as a agir de modo transformador. O presente trabalho faz uma reflexão acerca da função educativa desenvolvida
com as crianças de 04 anos de idade nos Centros de Educação e Recreação (CERs) do Município de Araraquara-SP, buscando evidenciar o perfil do projeto
educacional que subsidia as práticas ali desenvolvidas. Realizamos um total de dez observações em salas de crianças com 04 anos de idade de três CERs. As
observações foram registradas com o auxílio da grade de observação do dia-a-dia, cuja estrutura prevê variáveis e modalidades, não havendo, portanto, um
registro literal das atividades desenvolvidas nos contextos investigados. O modelo da grade de observação do dia-a-dia indica: o espaço; os participantes; os
agrupamentos; as modalidades de gestão da professora e o tempo utilizado em cada atividade. Dividimos as atividades observadas em atividades: de rotina;
didáticas; lúdicas; com músicas e com histórias. A análise dos dados consistiu no cruzamento das variáveis que compõem a grade de observação com as
atividades desenvolvidas. Os dados foram convertidos em percentuais de tempo dedicados a cada atividade observando-se o tipo de intervenção pedagógica
realizada pelas professoras bem como a frequência. Neste trabalho apresentamos as análises correspondentes às atividades de rotina, lúdicas e didáticas. Os
resultados mostram que nos principais momentos de aprendizagem das crianças, o que se realiza é um simples reforço dos conhecimentos já dominados por
estas. Ressaltamos que em todas as atividades observadas desenvolvidas com as crianças há de um modo geral a ausência de intervenções pedagógicas por parte
das professoras, aliada às experiências informais das crianças, o que evidencia que o direito das novas gerações de ter acesso ao pa trimônio cultural está sendo
claramente negado. O referencial teórico utilizado nas análises dos dados é a teoria Histórico-Cultural por seu princípio dialético de interpretação da realidade e
compreensão dos processos educativos. As práticas analisadas indicam uma função educativa contrária àquela defendida pelos autores da Psicologia HistóricoCultural e também inadequada do nosso ponto de vista uma vez que, entendemos que a finalidade de creches e pré-escolas deve ser a garantia do acesso aos
conhecimentos formais e culturalmente produzidos pelas crianças, como condição indispensável para estas produzirem-se como sujeito social e cultural.
COMO A CRIANÇA E O EDUCADOR RELACIONAM-SE COM A MENTIRA NA ESCOLA?
JOSIELE CARDOSO DA SILVA, LUCIANE GUIMARÃES BATISTELLA BIANCHINI – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
No desenvolvimento da criança a mentira manifestará aspectos importantes da criação humana, como é o caso da imaginação. Criar uma cena na mente é tomála como realidade imaginária para si num determinado momento e no caso de crianças pequenas imaginar não se relaciona ao desejo de enganar ninguém, mas
sim ao desejo de criar uma situação em que objetos e personagens trabalham em favor de quem os concebeu. Isto se deve ao fato de que o ser humano
apresenta formas distintas de compreender a realidade, caracterizando os estágios de seu desenvolvimento. A mentira é um dos conteúdos da moral, que na
perspectiva piagetiana é considerada enquanto uma construção a ser desenvolvida pelo sujeito através das interações com o meio. Neste percurso construtivo
Piaget divide em três níveis a noção de mentira, que primeiro é entendida como “nome feio”, a seguir a criança compreende-a enquanto uma falta em si e só no
último nível a mentira é entendida como uma afirmação intencionalmente falsa. Sendo a escola um dos espaços de interação, no qual cada vez mais cedo as
crianças passam a frequentar, instigou-nos duas questões: A coerência entre a educação moral e ação do professor influenciam na aprendizagem da criança
sobre o significado da mentira? De que modo o professor pode promover a autonomia moral na escola? Nosso objetivo foi identificar como 11 crianças entre 3 e
4,5 anos significam a mentira, o nível em que se encontram (a partir de Piaget), bem como discutir a ação moral de 3 educadoras, numa escola de Educação
Infantil na Região Leste de Londrina-PR. Como modalidade de pesquisa elegemos o estudo de caso, na abordagem qualitativa. Além da observação das atividades
na sala, utilizamos um roteiro de entrevista com 10 perguntas para as crianças e outro com 4 perguntas para as educadoras. O tempo de pesquisa foram 6
meses, 2 vezes por semana, aproximadamente 4 horas diárias. Nossos resultados indicaram que a maioria das crianças entrevistadas significam a mentira como
um nome feio, sendo algo errado. Esta significação não é fruto da vivência diária que a criança estabelece neste contexto, e o nível de mentira correspondente
foi o nível 1. Constatamos que o professor tem função primordial na formação de valores das crianças, principalmente no modo como ele lida com a mentira e
nas práticas voltadas a atitudes morais. Quanto às educadoras entrevistadas, uma apresentou prática moral nos moldes piagetianos, ou seja, através de conflitos
e reflexões possibilita a criança construir idéias sobre as ações morais na escola, enquanto que duas educadoras demonstraram incoerência entre o discurso e a
ação moral junto às crianças.
A EXPERIÊNCIA DA PSICOLOGIA NA UATI: FORMAÇÃO ACADÊMICA E BENEFÍCIOS
ANA ALICE DA SILVA PEREIRA, DEISE COELHO DE SOUZA, CECÍLIA FERNANDES CARMONA, VILMA VALÉRIA DIAS COUTO – UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIANGULO
MINEIRO
A iniciativa de trazer a população idosa para o âmbito da universidade começou no Brasil em meados da década de 70 e desde então foi implantado
progressivamente em muitas universidades pelo país. Na Universidade Federal do Triângulo Mineiro, na cidade de Uberaba-MG, o programa recebe nome de
Universidade Aberta à Terceira Idade (UATI) e teve início no ano de 2009, sendo que a Psicologia passou a integrar o programa no ano de 2010. Como objetivos
da UATI, podemos citar promoção de saúde e participação, além da oferta de oportunidade de desenvolvimento individual e coletivo. Desse modo, a UATI
permite ao idoso se manter ativo e reforçar sua autonomia, possibilitando melhora da qualidade de vida pela educação. A propo sta baseia-se no conceito de
educação permanente, que prevê que a educação e aprendizagem são contínuas e cumulativas, se dão por toda a vida, acompanhando a história de cada um.
Além disso, estimular a aprendizagem faz parte de uma perspectiva teórica que concebe que a manutenção de uma mente ativa por meio de atividades
educativas é um componente importante no envelhecimento saudável, por evitar a deterioração das atividades cognitivas e facilitar que novos conhecimentos
sejam adquiridos. O objetivo deste trabalho é descrever a experiência da Psicologia no projeto de extensão da UATI na UFTM e discutir os benefícios da
experiência para o grupo de idosos e para a formação dos acadêmicos. A Psicologia realizou nove encontros na UATI, distribuídos em duas turmas, uma em
junho, e a outra, em novembro de 2010. Os encontros aconteceram nas quintas-feiras das 13:30 as 15:30 horas. As atividades foram dinâmicas e abertas aos
pedidos e necessidades dos idosos participantes, uma vez que eles escolhiam os temas que seriam discutidos. Após cada encontro os alunos extensionistas sob
coordenação da professora reuniam-se para discutir a experiência e planejar os próximos encontros. A análise desta experiência foi embasada principalmente
nas discussões dos extensionistas e nos registros das falas dos participantes da UATI, feitos durante os encontros. A proposta desenvolvida teve avaliação
positiva dos idosos que puderam escolher os temas de seus interesses que foram: personalidade, autoestima, angústia, depressão, ansiedade, tempo, entre
outros, Na análise dos benefícios desta experiência para os idosos destacam-se o acesso aos conhecimentos do campo da saúde mental, aumento da autoestima,
ampliação dos vínculos, troca de experiências e reconhecimento social. Para os acadêmicos, a experiência gerou maior conhecimento sobre a Psicologia do
Envelhecimento, possibilitando observar as necessidades de se investir mais em estudos nesta área para formar profissionais capazes de atender as demandas de
saúde da terceira idade. É possível destacar que o projeto UATI é compreendido como prática de educação em saúde que permite a troca de saberes e
experiências entre todo o grupo, coordenadores e participantes. É uma prática de promoção em saúde que favorece a autonomia dos idosos e que compreende
os idosos como sujeitos ativos com capacidade de transformação de sua própria vida. Além disto, possibilita uma formação mais comple ta dos acadêmicos, pois
ensina através da prática.
PSICOLOGIA, EDUCAÇÃO E MST: POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO
CÉSAR ROTA JÚNIOR, LARISSA CÂMARA RIBEIRO - FACULDADE DE SAÚDE IBITURUNA
O presente trabalho tem o objetivo de descrever uma experiência de atuação da psicologia escolar/educacional junto a um assentamento do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na cidade de Montes Claros, norte do estado de Minas Gerais. Este trabalho, fruto das discussões e incursões em campo
dos integrantes do ´Grupo Terra – Estudos e Pesquisas junto ao MST`, formado por dois psicólogos e seis estudantes de psicologia, tem por objetivo responder à
indagação quanto às possibilidades de atuação do profissional da psicologia junto à população do MST, dando ênfase ao campo d a Educação. Tal atuação ocorre
no assentamento Estrela do Norte, que originou-se com a ocupação de uma fazenda improdutiva no ano de 2003. São 784 hectares de terras, divididas em lotes
particulares e coletivos. As 31 famílias assentadas praticam a policultura, principalmente com milho, amendoim, mandioca, fru tas e hortaliças, e criam pequenos
animais. Mas ainda há pouca área disponível para a produção. Isso porque somente em agosto de 2009 os assentados conseguiram, junto ao IEF - Instituto
Estadual de Florestas, a autorização para desmatar áreas que serão destinadas ao cultivo. Além disso, o Estrela do Norte funciona como uma referência na região
Norte de Minas, isso porque lá funciona um Centro de Formação Regional do MST. Os trabalhos do Grupo Terra iniciaram-se no ano de 2009, como grupo de
estudos sobre o MST, e gradativamente sua atuação tem-se ampliado. O objetivo geral do projeto é contribuir com a constituição e implementação de um núcleo
de Ciranda Infantil Permanente, para atendimento às crianças de 0 a 10 anos, além de ajudar a construir o grupo de jovens, com integrantes a partir de 11 anos,
residentes no assentamento Estrela do Norte, a partir de uma perspectiva sócio-histórica. Atualmente, encontra-se em andamento a primeira etapa do projeto,
que trata de visitar as famílias assentadas, a fim de levantar dados sócio-econômicos, como composição familiar, condições materiais de vida, faixa etária e,
principalmente, o número de crianças, se escolarizadas ou não, além de possibilitar uma aproximação maior e um afinamento das relações entre o Grupo Terra e
os moradores do assentamento. O foco maior nas crianças dá-se no sentido da demanda inicial feita ao grupo, a saber, contribuir com a formação da ciranda,
que atenderá às crianças de 0 a 10 anos, faixa etária correspondente à educação infantil, haja vista, também, este nível de ensino não estar disponível às crianças
assentadas. Como resultados preliminares, tem sido possível constatar que o espaço de atuação e as possibilidades de intervenção tem-se ampliado,
alimentando laços sociais e fortalecendo a confiança mútua entre assentados e integrantes do Grupo Terra, fazendo que novas demandas endereçadas à
psicologia comecem a surgir.
14h - 16h
D-67 - Sala 106
14h - 16h
D-67 - Sala 106
14h - 16h
D-67 - Sala 107
14h - 16h
D-67 - Sala 107
ATRIBUIÇÕES CAUSAIS DOS ESTUDANTES DO 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE MANAUS SOBRE O RENDIMENTO ESCOLAR
GISELE CRISTINA RESENDE FERNANDES DA SILVA, SUELY APARECIDA DO NASCIMENTO MASCARENHAS, IOLETE RIBEIRO DA SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO
AMAZONAS
O ser humano é motivado para descobrir a causalidade dos eventos e compreender seu ambiente, estabelecendo relações para o sucesso ou fracasso a partir de
suas crenças e expectativas, a isso se denomina atribuição causal. Na escola, esse processo de atribuir causas é repetido pelos alunos frente ao rendimento
escolar, pois os mesmos formulam julgamentos sobre sua própria capacidade e condição de estudantes a partir dos contextos de aprendizagem. A pesquisa,
vinculada ao programa de pós-graduação em psicologia da UFAM, objetivou diagnosticar as atribuições causais sobre o rendimento escolar dos estudantes do 9º
ano do ensino fundamental da rede estadual da cidade de Manaus/Amazonas. A amostra foi de 1011 estudantes e o instrumento utilizado foi o Questionário das
Atribuições para o Rendimento Escolar (QARE de Almeida & Miranda, 2008 adaptado por Mascarenhas, 2010). Para o tratamento dos dados utilizou-se de
análises fatoriais que registraram propriedades psicométricas adequadas para a investigação neste domínio das ciências humanas. As causas apontadas para o
rendimento escolar foram categorizadas em oito fatores, sendo quatro para o bom desempenho (Fator 1: Estudos – organização e estratégias, Fator 2:
Professores e estrutura externa material, Fator 3: Capacidades e habilidades cognitivas, Fator 4: Sorte e apoio externo) e quatro para o fraco desempenho (Fator
1: Estudos – organização, estratégias e motivação, Fator 2: Capacidades e habilidades cognitivas, Fator 3: Professores e apoio externo (família) e Fator 4: Sorte e
estrutura material externa). Concluiu-se que a análise das atribuições causais colabora para a elaboração de ações interventivas na escola, pois avaliam o que os
principais sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem pensam e sentem em relação ao rendimento.
A DESCONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE NATURALIZAÇÃO DA ADOLESCÊNCIA
PAULA TAMYRIS MOYA, DÓRIS DE JESUS LUCAS MOYA, ELSA MIDORI SHIMAZAKI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
A adolescência é compreendida no cenário educacional como algo próprio da natureza humana, isto é, os profissionais da educaç ão não se preocupam em
explicar a sua origem histórica. Em contraponto a esta tendência que visa à naturalização do mundo psíquico, presente na psicologia, Bock (2004) retrata a
perspectiva sócio-histórica, especificamente, as contribuições de Leontiev (1978) sobre a concepção histórica do ser humano. No entendimento de Leontiev, o
trabalho e as interações sociais proporcionadas pela vida em sociedade libertaram o homem do determinismo biológico, ou seja, os comportamentos e as
habilidades humanas deixaram de ser predeterminados pelo material genético e começaram a ser regidos pelas leis sócio-históricas. Além disso, Leontiev (1978)
afirma que as aptidões e as características humanas foram adquiridas e não herdadas, assim a adolescência não pode ser entendida como uma fase natural do
desenvolvimento humano. A partir dos pressupostos teóricos de Erickson surgiram outros estudos, como de Aberastury e Knobel (1989). Knobel foi responsável
por elaborar a teoria sobre a “síndrome normal da adolescência”, na qual essa fase é constituída por 10 sintomas vistos como normais. Além de naturalizar a
adolescência ela é entendida como um momento repleto de conflitos “naturais”, uma fase difícil do desenvolvimento humano e o adolescente é visto com
desconfiança na sociedade. No entendimento de Bock (2004), a perspectiva anistórica e abstrata que a psicologia assume em relação à concepção de
adolescência têm que ser superadas, visto que ela não colabora para a valorização da adolescência e da juventude. A adolescência tem que ser entendida como
uma construção social, as suas características são constituídas nas relações sociais e na cultura. Bock (2004) cita os estudos de Adélia Clímaco (1991), para
explicitar o surgimento da adolescência. A revolução industrial exigiu maior qualificação dos indivíduos, desta forma os jovens tinham que permanecer mais
tempo nas escolas, outro fator está relacionado aos altos índices de desemprego na sociedade capitalista, que encontrou como alternativa adiar a saída dos
jovens da escola. Nesse sentido, a adolescência não pode ser considerada como algo próprio da natureza humana, pois a sua gênese está ligada com as
necessidades impostas pela sociedade capitalista. Palavras-chave: adolescência; perspectiva sócio-histórica; comportamento humano.
ENSINO DE PSICOLOGIA EM ESCOLAS TÉCNICAS: PROCESSOS POTENCIALMENTE ALIENANTES E EMANCIPATÓRIOS
FINANCIADOR: CNPq
ANGELINA PANDITA PEREIRA, MARIE CLAIRE SEKKEL - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
O ensino de nível médio no país é historicamente dividido nas modalidades propedêutica e profissional, sendo que a primeira ficou responsável pelo ensino de
saberes acadêmicos, e a segunda de saberes práticos reduzidos a sua dimensão instrumental. Esta cisão expressa a dualidade estrutural originada na divisão
social do trabalho e de classes, na qual uns detém os meios de produção, outros vendem sua força de trabalho, e as funções estão divididas em intelectuais e
operativas, em planejamento e execução. Com as transformações no mundo do trabalho, que buscam maior flexibilização dos processos, aliada a uma ideologia
que as associa a formação acadêmica e características de personalidade, a educação, em especial a profissional, vem se transformando. No caso das Escolas
Técnicas Estaduais (Etecs) de São Paulo observamos uma estreita vinculação entre seus objetivos e os supostos padrões de trabalhadores desejados, mantendo a
dimensão instrumental, enfatizando a dimensão da subjetividade disciplinada e buscando subsídios de formação geral. E como o ensino de psicologia insere-se
neste contexto da educação de nível médio? Os conhecimentos psicológicos estão presentes em ambas as modalidades desde que as mesmas foram instituídas.
Porém, na rede pública estadual propedêutica de São Paulo a disciplina de psicologia foi abolida a partir de 2008, ao mesmo tempo em que se manteve em
grande variedade de cursos na modalidade técnica. No entanto, enquanto o ensino de psicologia no nível médio propedêutico tem um campo de discussão e
conhecimento acumulados, no ensino técnico este tema é carente de informações e reflexões. Desenvolvemos pesquisa com objetivo de conhecer e discutir as
contribuições do ensino de psicologia nas Escolas Técnicas Estaduais de São Paulo (Etecs). Orientamo-nos teórica e metodologicamente pelos princípios do
materialismo histórico dialético, e realizamos pesquisa de campo envolvendo: observação das aulas de Psicologia Organizacional (disciplina do curso de
Administração) e Psicologia Social (curso de Marketing); conversas formais e informais com participantes da pesquisa; análise dos documentos que embasam a
prática pedagógica do docente pesquisado. A partir da pesquisa compreendemos que o ensino de psicologia pode contribuir para processos potencialmente
alienantes e emancipatórios, possibilitados ou dificultados nas complexas relações estabelecidas entre os indivíduos envolvidos, o campo de conhecimento da
psicologia e formação de seus professores, as políticas públicas estaduais e federais, e a sociedade. Observamos a manifestaç ão de processos potencialmente
alienantes a partir de questões que envolveram a superficialidade, o uso instrumental e marginal dos conteúdos, bem como a prescrição de formas de ser e agir.
Já os processos potencialmente emancipatórios vincularam-se a abertura a experiência e ao ensino de conhecimentos histórico-socialmente construídos.
Consideramos que os resultados auxiliam na compreensão das potências e limitações do ensino de psicologia no campo das escolas técnicas estaduais, e
instigam a categoria profissional da psicologia a debater e construir indicativos que auxiliem os atuais e futuros docentes de psicologia nas escolas técnicas para o
ensino de conhecimentos psicológicos que contemplem seu potencial emancipatório consoantes à formação de indivíduos críticos.
POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO PARA O LICENCIADO EM PSICOLOGIA NAS ESCOLAS TÉCNICAS
FINANCIADOR: CNPq
ANGELINA PANDITA PEREIRA, MARIE CLAIRE SEKKEL - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Os conhecimentos psicológicos estão presentes no ensino de nível médio brasileiro desde a primeira iniciativa pública de se u provimento, por volta de 1830, na
modalidade propedêutica. Quando o ensino médio profissional começa a ser oferecido pelo poder público e passa de uma educação com fins de moralização
pelo trabalho para uma educação de formação profissional o ensino de psicologia ganha espaço também nos cursos técnicos ligados as áreas de saúde, direito e
relações humanas. Desde então o ensino de psicologia vem se fazendo presente no nível médio, seja como disciplina obrigatória, optativa, ou como conteúdo
abrangido por outras disciplinas. Nas escolas estaduais de São Paulo, no campo do ensino propedêutico, esta disciplina foi perdendo espaço e em 2008 foi
abolida da matriz curricular. Neste mesmo estado os conhecimentos psicológicos estão presentes no campo das escolas técnicas. No entanto, enquanto o ensino
de psicologia no nível médio propedêutico tem um campo de discussão e conhecimento acumulados, no ensino técnico este tema é carente de informações e
reflexões. Desenvolvemos pesquisa com objetivo de conhecer e discutir as contribuições do ensino de psicologia nas Escolas Técnicas Estaduais de São Paulo
(Etecs), na qual realizamos o mapeamento do campo de atuação possível ao licenciado em Psicologia, que será aqui apresentado e discutido. Consideramos que
por meio deste é possível fomentar o debate sobre a licenciatura em psicologia (cujo oferecimento tem diminuído), bem como sobre o ensino de psicologia, e
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então refletir qual seria o papel possível da psicologia nesta modalidade de ensino. Realizamos este mapeamento a partir dos dados disponíveis em sítios oficiais
do Centro Paula Souza. Primeiramente buscamos compreender em quais disciplinas e cursos o licenciado em psicologia poderia ministrar aulas. Posteriormente,
com base em uma amostragem, buscamos a representatividade destes cursos em termos de número de discentes que os frequentam e de Etecs que os
oferecem. Os resultados apontam para um amplo campo possível de atuação para o licenciado em psicologia, incitam questões sobre os objetivos e as
contribuições dos conhecimentos psicológicos abordados nas Etecs e sobre os fatores que determinam sua presença neste contexto e ausência no ensino
propedêutico. Apontam ainda para a necessidade da psicologia, por meio de suas entidades representativas, fomentar discussões quanto ao oferecimento da
licenciatura em psicologia, bem como quais contribuições o ensino de psicologia poderia trazer ao ensino técnico.
14h - 16h
D-67 - Sala 107
14h - 16h
D-67 - Sala 107
14h - 16h
D-67 - Sala 108
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A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO E A SIMBOLOGIA EDUCACIONAL NO ENSINO A DISTÂNCIA
SERGIO ANTUNES DE ALMEIDA, VIVINA SOL DE QUEIROZ DIAS – UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL
Este texto pretende analisar o símbolo presente no campo da educação, especificamente na modalidade ensino a distância, alvo de uma carga comunicativa
intensa e portadora, no seu formato, de padrões homogeneizantes de hábitos e costumes, mas que também confere ao usuário, significados sociais por conta da
simbologia do diploma, aliados à força da marca de algumas instituições de ensino superior que tem expandido o acesso a este nível de ensino por conta das
atuais tecnologias utilizadas na modalidade “Educação a Distância”. As estratégias engendradas pelo próprio sistema capitalis ta, presentes no mercado
educativo, tem contribuído para a emersão de um sujeito professor, cuja habilidade mais requerida é a sua capacidade de comunicação frente às câmeras. Esse
sujeito em processo de constituição se vê diante do dilema entre os saberes requeridos pela docência e a necessidade de ser um animador de platéia, haja vista a
reprodutibilidade técnica permitir à empresa que oferece esta modalidade de ensino, gravar suas aulas e disponibilizá-las em um ambiente virtual para que os
alunos a acessem a qualquer tempo, reduzindo o trabalho do sujeito professor a um filme gratuito que pode ser exibido quantas vezes forem requeridas, sem
qualquer encargo financeiro à instituição, a exemplo do que ocorre no mundo da música, das artes e da literatura, por exemplo, onde músicos, artistas e/ou
escritores, recebem royalty pela utilização de suas imagens e obras. Além de perceber salário, como qualquer trabalhador, este sujeito assina um contrato de
renúncia ao direito autoral sobre as suas aulas. Cabe ressaltar, que não se trata apenas do conhecimento formal do professor que está se objetivando num filme
e que se supõe reprodutível por qualquer outro trabalhador, mesmo porque o filme registra gestos, entonações de voz, posturas de corpo, formas de discurso,
táticas retóricas, todo um conjunto de saberes não formalizados que constituem o conhecimento tácito de um profissional específico, no seu esforço em captar a
atenção e transmitir didaticamente um conhecimento aos alunos telespectadores. Acentuando esse quadro, a oportuna e estratégica tele-aula veiculada em
tempo real e depois armazenada para acessos futuros, faz do sujeito um ator, não somente repetindo um texto, mas mimetizando aquele outro profissional que
serviria de referência. Assim, essas instituições de ensino superior, na expectativa de obterem maior integração com a economia mundial e na ânsia de auferirem
melhores resultados, promovem uma desregulamentação das atividades educacionais, particularmente no que diz respeito à facilitação do acesso de empresas
multinacionais a esse mercado. Devido a isso, a expectativa de que a entrada maciça do capital estrangeiro pudesse acelerar a difusão das novas e atuais
tecnologias e a integração das economias locais com um mercado global, transformaram a educação em um expressivo ativo financeiro, aliada a uma forte
simbologia de obtenção do diploma de um curso superior.
ENSINO DE PSICOLOGIA E INOVAÇÃO: CONTEÚDOS DE NATUREZA AFETIVA PODEM SER ELEVADOS À CATEGORIA DE OBJETOS DE
CONHECIMENTO?
SOLANGE MARTINS OLIVEIRA MAGALHÃES - UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
Nas últimas décadas o ensino de psicologia nas instituições de educação superior tem apresentado uma prática pedagógica, em muitos casos, conservadora e
tradicional. Ao velho estilo cartesiano, professores de psicologia vêm desempenhando práticas sob forte influência do paradig ma de simplificação, que destrói os
conjuntos e as totalidades gerando profundas crises, que são, antes de qualquer coisa, uma crise do próprio sujeito. Entretanto, a vivência com professores
envolvidos com a formação docente evidencia que alguns demonstram o desejo de modificar sua prática pedagógica para também modificar a realidade que
forma um ser humano cindido, fragmentado, separado de suas emoções, de seus vínculos. Essa percepção inspirou a pesquisa Docência Universitária e Inovação,
linha de pesquisa Formação de Professores, Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação, da Universidade Federal de Goiás/UFG.
Procuramos identificar professores inovados, assim reconhecidos pelos estudantes,para compreender como empreendem práticas pe dagógicas inovadoras; se
essas eram pautadas no paradigma emergente, e se poderiam auxiliar na estruturação de mudanças na Educação Superior. Na primeira fase da pesquisa, a tônica
foi identificar as características do processo inovador desenvolvido na disciplina Psicologia Educacional/UFG, com 37 estudantes do curso de Licenciatura em
Enfermagem/2011. A abordagem foi a qualitativa e o tipo de pesquisa foi o estudo de caso. A atividade procurou fazer com que os estudantes compreendessem
que os conteúdos de natureza afetiva poderiam ser elevados à categoria de objetos de conhecimento, o que daria existência cognitiva para suas vidas, da mesma
forma que a biologia e a matemática são vistas como objetos de conhecimento a serem aprendidos. O grupo refletiu sobre o como fazer o sujeito considerar, ao
mesmo tempo, os aspectos cognitivos e afetivos de várias situações - repensar a relação razão-emoção, destacando o papel determinante da dimensão afetiva e
a importância do outro no desenvolvimento do indivíduo. Beneficiados pela discussão e pelo aprofundamento teórico sobre abordagens inovadoras, o grupo
relatou situações por eles experienciadas que lhes causaram intensa tristeza e/ou insatisfação. Todos registraram individualmente a situação recordada por meio
de desenhos e/ou escrita, contemplando os sentimentos, pensamentos e desejos vividos naquela ocasião. Depois buscaram formas de solucionar o conflito, com
o objetivo de levá-los a refletir sobre a forma como haviam atuado no passado e como atuariam hoje, caso revivessem o mesmo conflito. Procurou-se religar o
sentir e o pensar através da tomada de consciência, eles puderam expressar e controlar os próprios sentimentos, um dos aspectos mais difíceis na resolução de
problemas. As novas estratégias de atuação ante o conflito vivido foram discutidos na plenária, na qual receberam questionamentos quanto à eficácia ou não das
soluções elaboradas. O conteúdo programático da disciplina - desenvolvimento humano, mostrou-se como um frutífero marco de reflexão. A vivência do
processo destacou a colaboração, diálogo e o respeito ao outro. A prática pedagógica, visivelmente inovadoras, promoveu a compreensão de que os conteúdos
de natureza afetiva podem ser elevados à categoria de objetos de conhecimento, ficando sujeitos a reflexão,o que propiciou reflexividade, criticidade,
criatividade, autonomia, raciocínio lógico, afetivo e espírito de investigação.
VALORIZAÇÃO, INTERESSE E EMBELEZAMENTOS PARA MOTIVAR ADOLESCENTES NAS AULAS DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
ANA RAQUEL ABELHA CAVENAGHI, JOSÉ ALOYSEO BZUNECK - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
A motivação e o envolvimento de adolescentes nas aprendizagens escolares constituem-se, atualmente, um grande desafio ao professor. Entretanto, essas
aprendizagens podem envolver características a fim de incrementar a motivação para aprender língua estrangeira como terem importância e valor aos alunos, e
serem interessantes acompanhadas de embelezamentos motivacionais. Nesse sentido, a presente pesquisa objetivou investigar as orientações motivacionais de
adolescentes e suas percepções do contexto de aprendizagem de língua estrangeira utilizando a teoria de metas de realização (meta aprender e meta evitação
do trabalho), os constructos de valor de utilidade, interesse e embelezamentos motivacionais. Utilizou-se para a coleta de dados um questionário de autorrelato
em escala Likert com participação de 396 adolescentes de escolas públicas do norte do Paraná inseridos em dois contextos de aprendizagem: 244 alunos que
estudavam inglês de forma obrigatória no ensino regular e 152 alunos que estudavam espanhol por escolha própria no CELEM. Verificou-se que na percepção do
valor de utilidade tanto os alunos de inglês quanto os de espanhol obtiveram altas médias, sem diferença significativa, revelando que valorizam as línguas
estudadas e as enxergam como úteis. Porém, em relação às percepções de interesse e de embelezamentos, os estudantes de espanhol apresentaram escores
mais altos, demonstrando que percebem suas aulas como mais interessantes e com maior utilização de embelezamentos por seus professores que os alunos de
inglês. Esses dados, obtidos pela análise de variância, refletiram-se nas metas de realização de ambos os grupos, pois a média da meta aprender foi maior entre
os alunos de espanhol, enquanto os de inglês tiveram escores mais altos da meta evitação. Isso confirma a teoria de metas segundo a qual a me ta aprender está
associada a variáveis motivacionais como o interesse apresentado pelo aluno frente às aprendizagens escolares e, ao contrário, a meta evitação está associada à
falta ou ao pouco interesse com que o estudante encara as atividades. Outro dado que pode comprovar essa afirmação é a alta c orrelação positiva e significativa
que a meta aprender apresentou com o interesse, favorecendo a interpretação de que quanto maior a percepção de interesse do aluno, maior a orientação à
meta aprender. Igualmente, na análise de regressão, a variável interesse foi a que obteve maior índice de predição positiva com a meta aprender, o que quer
dizer que o interesse é um fator importante para que o aluno adote essa meta. Ainda é relevante destacar que a meta aprender obteve correlações moderadas e
significativas com o valor de utilidade e os embelezamentos, sugerindo que essas variáveis também contribuem para a adoção dessa meta. Conclui-se que a
valorização da aprendizagem é importante, mas deve estar associada ao interesse e ao uso de embelezamentos para otimizar a motivação dos adolescentes.
Assim, conhecer a percepção do aluno acerca do contexto de aprendizagem e da sua motivação acadêmica, torna-se fundamental para os docentes fazerem
intervenções adequadas a fim de promover um ambiente que proporcione o maior número de alunos motivados a aprender.
14h - 16h
D-67 - Sala 108
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A INFLUÊNCIA DE UM PROGRAMA DE ENSINO SOBRE A PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS
CARLA ULASOWICZ, JOSÉ FERNANDO BITENCOURT LOMÔNACO - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
A Educação Física Escolar tem passado por inúmeras ressignificações na sua forma de ensinar. Pauta-se, na maioria das vezes, em perspectivas pedagógicas que
evidenciam a prática (o fazer), sem proporcionar ao aluno informações sobre o porquê executar determinadas atividades. Neste contexto, o aluno vivencia uma
prática descontextualizada, o que pode ocasionar falta de motivação para a execução de atividades físicas. O objetivo dessa pesquisa foi investigar a influência de
um programa de ensino sobre a motivação para a prática de atividades físicas. Participaram 51 estudantes das 8ª séries de uma instituição de ensino particular
de São Paulo. Os alunos foram avaliados pelos seguintes instrumentos: 1) uma escala de motivação com 12 afirmações referentes à prática de atividades físicas;
2) três apostilas sobre os sistemas cardiovascular e respiratório; 3) três provas objetivas de avaliação do conhecimento; 4) uma escala para avaliar o grau de
satisfação em relação a vários aspectos da apostila; 5) um questionário de opinião sobre os três materiais apostilados; 6) uma escala de opinião sobre o processo
ensino-aprendizagem; 7) uma entrevista sobre adesão à prática de atividades físicas, e 8) uma entrevista final sobre a opinião do aluno em relação ao trabalho
vivenciado. As aulas foram ministradas durante três meses, duas vezes por semana, com duração de 50 minutos cada, divididas em três blocos temáticos. No
início da pesquisa os alunos responderam a escala de motivação para a prática de atividades físicas e foram entrevistados sobre a prática de atividades físicas
fora do ambiente escolar. Em cada bloco temático foi utilizada uma apostila específica ao lado de vivências teórico-práticas. Ao final de cada bloco temático os
alunos realizaram uma prova de avaliação de conhecimento e responderam a escala de opinião sobre o material apostilado. Ao final da pesquisa, os alunos
responderam a escala de motivação em relação à prática de atividades físicas, a escala de opinião sobre o processo ensino-aprendizagem, o questionário de
opinião sobre os três materiais apostilados e foram entrevistados sobre a prática de atividades físicas. Após cincos meses da intervenção, os alunos foram
novamente entrevistados sobre a prática de atividades físicas. Os resultados demonstraram que, a partir de informações sobre a saúde associadas às atividades
físicas, os alunos sentiram-se motivados a realizar atividades físicas fora do ambiente escolar, ou seja, no início da pesquisa, 13,7% da amostra afirmaram praticar
atividades físicas fora do contexto escolar e 86,3% da amostra declararam-se não praticantes. Ao final da pesquisa 30 alunos declararam ter aderido à prática
fora do ambiente escolar e 21 afirmaram não praticarem outras atividades físicas além das realizadas nas aulas de Educação Física. Tal resultado sugere a
influência da variável independente – o programa de ensino – sobre a variável dependente adesão à prática de atividades físicas, parecendo confirmar a
expectativa de que as informações apresentadas, transformadas em conhecimento pelos alunos, levaram à formação de motivos intrínsecos referentes à prática
de atividades físicas, os quais, uma vez formados, passaram a orientar o comportamento em direção à meta a ser alcançada.
OS SIGNIFICADOS DA AUTORIDADE DOCENTE NA FALA DE ALUNOS DE ESCOLA PÚBLICA
FINANCIADOR: CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO
FABRÍCIO APARECIDO BUENO, RUTH BERNARDES DE SANT`ANA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI
Atualmente, vivenciamos um momento em que diversas análises sociais apontam para modificações fundamentais nos padrões interativos intergeracionais. No
âmbito da educação escolar de crianças e adolescentes, tais modificações se expressam a partir do fenômeno comumente chamado de “crise da autoridade
docente”. Ao observar as tensões que atravessam as relações entre educadores e adolescentes no interior das escolas públicas por nós investigadas,
perguntamo-nos acerca dos valores atribuídos aos professores no processo de formação dos jovens. Buscando entender melhor essas relações , desenvolvemos
uma experiência de pesquisa que buscou compreender os significados atribuídos à autoridade docente por alunos adolescentes, matriculados em duas escolas
públicas de São João del-Rei, Minas Gerais. As questões que nortearam essa investigação foram: Quais as concepções de autoridade docente presentes nas falas
de alunos adolescentes? O que tais concepções revelam em termos da relação dos adolescentes com a escola e com o professor enquanto detentor de um
suposto poder? Participaram do estudo alunos do ensino fundamental, com faixa etária média de 14 (quatorze) anos. A investigação se fundamentou nas
contribuições teórico-metodológicas das perspectivas do interacionismo simbólico e da etnometodologia. Tais abordagens privilegiam o estudo dos indivíduos
em seus contextos sociais, considerando as interações entre eles como o que há de mais fundamental na vida social. O processo de coleta de dados se deu a
partir de três diferentes procedimentos de investigação: observação de sala de aula, oficinas de dinâmica de grupo e entrevistas semi-estruturadas individuais
com adolescentes. Como resultados, constatamos que, na visão dos alunos, a autoridade docente se reveste tanto de elementos tradicionais quanto modernos,
na medida em que comumente os alunos reconhecem o professor como detentor de um saber e do direito de punir, ao mesmo tempo em que valorizam os
docentes tidos como igualitários ou democráticos. Além disso, os alunos demandam professores que consigam manter com eles uma relação de proximidade
afetiva e relacional. Vimos, também, o quanto a sociabilidade (as relações sociais mais soltas, o rir, o brincar) constitui algo muito valorizado, embora o método
pedagógico também interfira na definição do “bom professor” na fala dos alunos. Assim, concluímos que a ordem da hierarquização na sala de aula não rompe
com a tradição, já que há reconhecimento do professor como autoridade exercida em nome de um saber que lhe dá o direito de punir aqueles que atrapalham o
acesso a ele. Ao mesmo tempo, os alunos questionam os abusos de poder, valorizam relações mais dialógicas e defendem o direito de expressão juvenil,
questionam os métodos de ensino e de avaliação. Ou seja o poder docente enquanto autoridade deve estar submetido ao consentimento e às negociações
estabelecidas entre professores e alunos, não se justificando, por parte dos alunos, uma submissão absoluta à ele.
(IN)DISCIPLINA ESCOLAR:ESTRATÉGIAS DO PROFESSOR EM SALA DE AULA
WEDJA MARIA OLIVEIRA LEAL, MARISA TODESCAN
O objetivo desta pesquisa foi identificar quais estratégias os professores que atuam com crianças do Ensino Fundamental I utilizam em sala de aula para
administrar os atos considerados indisciplinados. A partir do sentido que o professor atribui à indisciplina podemos compreender suas ações diante dos atos
indisciplinares que acontecem numa dimensão social, cultural e individual. Utilizamos como referencial teórico as contribuições da psicologia sócio-historica com
ênfase nos estudos de Lev Vygotski e alguns de seus seguidores. A psicologia sócio-histórica possibilita analisar a indisciplina sem incorrer em visões e práticas
dicotômicas, algo essencial para se alcançar uma visão crítica e transformadora sobre esse fenômeno. Essa psicologia defende que a existência vivida é sempre
plena de conflitos, pois está inserida no campo social e material. O presente trabalho procura suprir lacunas na literatura disponível sobre esse tema e,
notadamente, para o campo de formação de professores do ensino fundamental. Por meio de uma pesquisa qualitativa de cunho exp loratório, entrevistamos
duas professoras e fizemos observações em dois locais diferentes na cidade de São Paulo: uma escola estadual de educação formal e um núcleo sócio-educativo
de educação não formal pertencente a uma organização não governamental. Os dados foram obtidos por meio da entrevista semi-estruturada com gravação e
observações. O método utilizado foi o materialista histórico e dialético que coloca em oposição o indivíduo racional, único e natural da concepção positivista em
relação ao sujeito ativo, social e histórico, que por intermédio de suas ações intervém sobre a natureza, transformando-a para atender às suas necessidades, mas
sendo também afetado por essas transformações. Os dados foram analisados a partir da perspectiva sócio-histórica de Lev Vygotski, e mais especificamente de
uma literatura que prioriza a utilização dos núcleos de significação. Os núcleos foram construídos por meio da leitura atenta do material coletado. O resultado da
pesquisa mostrou que as professoras entrevistadas têm como principal estratégia o diálogo e o afeto com os alunos. Elas procuram fazer com que entendam e
compreendam o contexto dos conflitos que acontecem em sala de aula e o papel do professor como mediador do processo de ensino -aprendizagem. Os sentidos
que as professoras Aidil e Maria atribuem à indisciplina escolar são de carência e protesto respectivamente. Apesar de compreenderem o contexto social e
complexo que a indisciplina se constitui, as professoras ainda utilizam antigas práticas que se baseia na punição ao aluno. A família é considerada pelas duas
professoras como uma das maiores responsáveis pelos comportamentos indisciplinados dos alunos. A escola é avaliada, também, c omo causadora da indisciplina
escolar quando deixa de proporcionar um processo de ensino-aprendizagem satisfatório. As professoras afirmaram que o cumprimento da função de ser
professor com dedicação e respeito deve ser o alicerce de suas práticas. Essa pesquisa oferece como contribuição a sinalizaçã o de que o sentido atribuído pelo
professor ao ato indisciplinar embasam suas ações na administração da indisciplina escolar.
A MORADIA ESTUDANTIL UNIVERSITÁRIA: UMA ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA NACIONAL
EDLEUSA NERY GARRIDO, ELIZABETH NOGUEIRA GOMES DA SILVA MERCURI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
O conjunto de experiências que os estudantes do ensino superior têm durante os anos de formação, e que exerce influência sobre eles, é amplo e abrange tanto
as atividades de natureza obrigatória como as não obrigatórias. Residir em moradia estudantil tem sido apontado pelas pesquisas nacionais e estrangeiras como
um tipo de atividade não obrigatória que produz impacto sobre a formação do estudante universitário. O estudo teve como propó sito realizar uma análise da
produção científica nacional sobre moradias estudantis. Buscou-se obter um panorama das sub-temáticas e problemas atuais de pesquisa subjacente a estas
publicações. Considerou-se moradia estudantil aquela sob responsabilidade total ou parcial de uma instituição de ensino superior e voltada para acomodar
estudantes regularmente matriculados. Foram consultadas as bases de dados do Scientific Electronic Library Online (Scielo), da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS),
da Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e a Plataforma do Currículo Lattes. Em complemento, foram examinados os sítios
eletrônicos de diversas instituições de ensino superior de todas as regiões do Brasil. No total foram localizados 23 estudos, publicados entre 2000 e 2009. Os
materiais encontrados contemplam moradias estudantis vinculadas às universidades de quatro regiões brasileiras, com exceção da Região Norte. A análise dos
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objetivos das produções apontou para diferentes olhares que podem ser agrupados em três sub-temáticas: o estudante morador, a moradia estudantil e as
ações da assistência estudantil. No primeiro grupo, composto por 12 estudos, verifica-se uma preocupação com o (a) estudante morador(a), a partir da análise
de aspectos relacionados à sua saúde; aos processos de socialização no ambiente das moradias estudantis e os significados e sentidos que as moradias têm para
os estudantes. Também está presente neste grupo de trabalhos a busca da apreensão do discurso do estudante morador sobre o consumo de drogas no espaço
da moradia; a análise de suas formas de participação no ambiente acadêmico; sua trajetória escolar; a noção de territorialidade e a sua percepção dos níveis de
privacidade no ambiente das residências. O segundo grupo está voltado para as moradias, essencialmente para o resgate de seus históricos. No último conjunto
de textos foram encontradas quatro produções, dirigidas à análise dos programas de assistência aos estudantes que são disponibilizados pelas universidades,
com inclusão da moradia estudantil. Ao buscar apreender a realidade das moradias estudantis e de seus moradores, a maioria dos autores privilegiou a
percepção do próprio estudante residente sobre as questões eleitas como tema de investigação. Embora haja uma produção científica estrangeira expressiva
que discute o impacto das moradias estudantis sobre seus moradores, pesquisas nacionais que tratam do tema ainda são escassas. Sugerem-se investigações que
busquem conhecer a realidade daqueles ambientes e as implicações que a experiência de moradia tem para o público-alvo. Tendo em vista que as moradias
estudantis são de responsabilidade institucional, acredita-se que tais estudos possam subsidiar medidas que garantam condições adequadas de residência e
potencializem sua dimensão pedagógica.
14h - 16h
D-67 - Sala 109
14h - 16h
D-67 - Sala 109
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VOU GANHAR PRA ESTUDAR? ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E SUBJETIVAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR
FINANCIADOR: CAPES
JARDEL PELISSARI MACHADO, WALLISTEN PASSOS GARCIA - UFPR, MIRIAM APARECIDA GRACIANO DE SOUZA PAN - UNIVERSITY OF TEXAS AT AUSTIN
O Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) é uma política do Estado brasileiro no âmbito da educação superior que objetiva sua expansão e
democratização. Implantada em dezembro de 2007, tem como finalidade ampliar as condições de permanência dos jovens no ensino superior público federal.
Uma das ações desse programa é materializada pelo Programa de Benefícios Econômicos para Manutenção (Probem), na Universidade Federal do Paraná (UFPR),
que disponibiliza bolsas visando proporcionar maiores condições de permanência a estudantes com fragilidade econômica no ambiente universitário. Com base
na concepção bakhtiniana de linguagem e em seu conceito de dialogismo, assim como na compreensão de subjetividade como consti tuída nas relações
intersubjetivas, entremeada por valores sociais que definem modos de ser e agir, esse programa, ao criar as condições para a permanência de estudantes de
baixa renda na universidade, cria também novas cenas enunciativas que produzem efeitos sobre os modos de subjetivação de seus participantes. Assim, este
trabalho analisa os efeitos de sentido produzidos pelo Probem para a formação subjetiva de estudantes beneficiados. Foram realizados dois procedimentos
metodológicos: a) um estudo documental da legislação nacional que regulamenta a assistência estudantil nas universidades federais, assim como das resoluções
e regimentos internos à UFPR, que regulamentam o programa estudado, e b) dois grupos focais de três encontros, com duração aproximada de duas horas cada,
que tiveram quatro (dois do sexo masculino e dois do sexo feminino) e dois (um do sexo masculino e um do sexo feminino) estudantes participantes,
respectivamente. Os participantes, que tinham idades entre 19 e 32 anos, eram estudantes de diferentes cursos de graduação da universidade, bolsistas há mais
de um ano. Os encontros foram realizados em sala previamente preparada, seguindo-se um roteiro com questionamentos-tema que foram lançados ao debate.
Os encontros foram gravados e transcritos. Como procedimento de análise, buscou-se identificar as relações dialógicas traçadas entre os textos legais e as falas
dos estudantes, de modo a evidenciar os lugares discursivos que estes ocupam ao enunciarem. Para os estudantes participantes da pesquisa, a bolsa que
recebem: ora é significada como um direito dos alunos que não têm condições de se manterem na universidade; ora como um benefício que, ou os deixa em
situação de desigualdade para com os demais, ou exige a comprovação de mérito, em forma de atividades a serem desempenhadas. Os sentidos em tensão em
torno de conceitos como direito, benefícios, mérito, produtividade, igualdade/desigualdade e educação, lançados ao debate, retratam diferentes modos de
subjetivação na sociedade contemporânea que ora são assumidos pelos estudantes, ora recusados por eles. Os jove ns participantes da pesquisa, ao se
posicionarem, respondem a esses efeitos de sentido produzidos pela política e pelas tensões que a envolvem.
EFEITOS DE SENTIDOS ACERCA DO TRABALHO EM DIFERENTES GÊNEROS DISCURSIVOS
ROSÂNGELA ROCIO JARROS RODRIGUES - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
A perspectiva teórica adotada nesta pesquisa é da Análise do Discurso de linha francesa que tem como precursor Michel Pêcheux. Mobiliza conceitos advindos
da psicanálise, do marxismo e da linguística. Os efeitos de sentido estão ligados ao discurso e o discurso é feito de sentidos entre sujeitos em interlocução. O
discurso é constituído pela presença do discurso outro, estando numa relação de aliança ou de confronto, e é orientado pelas formações ideológicas existentes
em dadas condições de produção. A formação ideológica é constitutiva do pensar, que orienta e determina o dizer, ou seja, a f ormação discursiva. A formação
discursiva é um conceito foucaultiano que trata do dizer: o que pode e deve ser dito em determinada situação comunicacional. As condições de produção
envolvem além do sistema linguístico, isto é, o funcionamento da língua, o contexto histórico-social, os interlocutores, o lugar de onde falam e a imagem que
fazem de si, do outro e do referente. Em diferentes situações de nosso cotidiano encontramos sujeitos em oposição acerca de um mesmo tema; caracterizando
um campo de conflitos e embates sociais. As posições divergentes que se contrastam revelam lugares socioideológicos assumidos pelos sujeitos envolvidos, e a
linguagem é a forma material de expressão desses lugares. Portanto, a ideologia é inerente à noção de discurso. O objetivo desta pesquisa é investigar as marcas
ideológicas existentes em diferentes gêneros discursivos empregados no ensino, em sala de aula, acerca do trabalho. A temática do trabalho mobiliza sentidos
como: sofrimento, prazer, honra, castigo. Muitas são as ideias cristalizadas e aceitas como verdades universais, porém a história desvela a produção de sentidos
e suas condições de produção. Na concepção bakhtiniana o gênero discursivo é compostao de tema, estilo e estrutura composicional. Co nstituem-se exemplos
de gêneros: fábula, letra de música, texto jornalístico, bilhete, adágio, estória em quadrinhos, entre outros. O relatório de estágio elaborado pelos graduandos
em Psicologia no quinto ano do curso também é um gênero discursivo. Foram analisados quatorze relatórios que tratam do papel profissional e os resultados
revelam três formações discursivas dominantes sobre o trabalho na arena do estágio. Conclui-se que as três formações discursivas estão ligadas às matrizes e
pensamento funcionalista e da teoria crítica. O trabalho do psicólogo traz, em sua formação acadêmica, os sentidos ideológico s ligados a estas duas matrizes: ora
o discurso centralizado no agir tecnicista ou organicista e ora no discurso da transformação.
RELAÇÕES FAMÍLIA/ESCOLA E RENDIMENTO – UMA INVESTIGAÇÃO COM ESTUDANTES DA UFAM E DA UNIR
SUELY APARECIDA DO NASCIMENTO MASCARENHAS, MACHADO DURAN GUTIERREZ, IOLETE RIBEIRO DA SILVA, ANTÔNIO CARLOS MACIEL – UNIVERSIDADE
FEDERAL DE RONDONIA
A literatura especializada há muito tempo evidencia a importância da participação da família nos processos educativos escolares. Todavia, no contexto do ensino
superior são poucos os trabalhos disponíveis. Esta comunicação objetiva apresentar parte dos resultados de uma investigação mais ampla realizada ao abrigo do
projeto de pesquisa transversal: Avaliação dos enfoques de aprendizagem e de variáveis cognitivas e contextuais interferentes no rendimento de universitários
do ensino superior do Amazonas e de Rondônia, processos 575.723/2008-4 e 502.723/2009-2/CNPq destacando os impactos da atenção da família sobre o
rendimento acadêmico. Para o efeito tomou-se consideração uma amostra de n=1.324 estudantes matriculados em diversos campi universitários da UFAM e da
UNIR localizados em Manaus, Porto Velho, Itacoatiara, Coari, Benjamin Constant, Parintins, Humaitá, Guajará Mirim, Ji-paraná, Cacoal, Rolim de Moura e
Ariquemes. Para a coleta de dados recorreu-se à Escala de Avaliação de Dimensões Contextuais e Cognitivas - Estudantes Universitários de Mascarenhas &
Gutierrez (2008), com a qual se busca compreender as dimensões contextuais da relação família/escola na perspectiva de universitários. A Escala é organizada
em três dimensões (relações família-universidade 10 itens, hábitos de estudos 15 itens e representações sobre universidade 7 itens) total de 32 itens, com
opções de respostas tipo Likert de cinco pontos variando de 1. Totalmente em desacordo a 5. Totalmente de acordo. A aplicação observou os procedimentos
éticos vigentes, sendo assegurada a confidencialidade dos resultados e o anonimato dos participantes que foram 55,0% do Gênero feminino, 37,2% do masculino
e 7,8% não informaram. Os dados receberam tratamento estatístico com apoio do SPSS 15.0. Os resultados mostram que o instrume nto é adequado para os fins
a que se destina apresentando um coeficiente Alpha de Cronbach 0,824. Em termos da participação familiar na vida estudantil os sujeitos informaram que são
acompanhados e apoiados nas atividades acadêmicas o que exerce efeito sobre o rendimento como evidenciou a ANOVA aplicada aos itens da dimensão famíliauniversidade co-relacionando com a variável rendimento 1. Meus pais/familiares se preocupam e acompanha as condições logísticas (F=17,193; p< .01); 2. Meus
pais/familiares estão satisfeitos qualidade e notas (F=17, 486; p< .01); 3. Meus pais/familiares me recompensam ou elogiam (F=36, 653; p< .01); 5. Meus
pais/familiares elogiam ou me recompensam quando me esforço (F=12, 226; p< .01); 6. Meus pais/familiares acham que sou o melhor da turma (F=10, 516; p<
.01); 7. Meus pais/familiares acreditam que tenho capacidade e com esforço (F=9, 266; p< .01); 8. Meus pais/familiares desejam que eu conclua o curso (F=10,
672; p< .01); 9. Meus pais/familiares me punem quando não obtenho boas notas (F=25, 811; p< .01); e 10. Meus pais/Familiares vêem a conclusão do curso
como meio de ascensão social.Os resultados evidenciam impacto da influencia familiar sobre o processo educativo e o rendimento sugerindo aos serviços de
orientação acadêmica atenção a essa dimensão do contexto universitário e a continuidade de investigações neste domínio da psicologia escolar
14h - 16h
D-67 - Sala 110
14h - 16h
D-67 - Sala 110
14h - 16h
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D-67 - Sala 110
14h - 16h
D-67 - Sala 111
A PERCEPÇÃO DE PAIS E DE PROFESSORES DE ESCOLAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL
AICTYR LOMONTE TAMANAHA, ANA REGINA MELO SALVIANO, CELEIDA B. GARCIA CINTRA PINTO - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA
As pesquisas aqui apresentadas foram realizadas em uma instituição de ensino superior particular do Distrito Federal e têm como objeto de pesquisa a Educação
Infantil e objetivo investigar, junto à comunidade escolar, as expectativas e as necessidades da Educação Infantil, verificando-se também a preparação do
profissional para atuar neste nível de ensino. Parte-se do pressuposto de que é na Educação Infantil que se encontra a base para o desenvolvimento e a
aprendizagem necessários aos níveis de ensino subseqüentes. As crianças que ingressam na Educação Infantil certamente estarão adquirindo condições para
maior desenvolvimento e aprendizagem futuros, como também para a formação de valores necessários à cidadania e à vida coletiva. O método de estudo
adotado foi baseado na pesquisa qualitativa, tendo sido aplicados questionários em escolas públicas e particulares de Ensino Infantil, do Distrito Federal. Foram
pesquisados inicialmente pais de alunos dessas escolas (públicas e particulares) e, no segundo momento, foram investigados professores de alunos de escolas
públicas e particulares, cujos resultados serão apresentados em trabalhos distintos. As categorias selecionadas para análise e discussão dos dados foram a
caracterização dos participantes da pesquisa; o trabalho pedagógico; as relações interpessoais; a formação para o trabalho e a realidade escolar. Os resultados
encontrados apresentaram um maior envolvimento e conhecimento dos pais de crianças da escola particular, em relação aos de es cola pública, mas a existência
de grandes expectativas de ambos com relação à qualidade deste nível de ensino e à formação do profissional para este trabalho. Foi importante perceber que,
apesar de todas as dificuldades inerentes ao magistério, a maioria das professoras da escola particular está satisfeita com a profissão que escolheu; o amor,
carinho e paciência foram as principais características e atributos de um professor de educação infantil; a formação continua da é promovida nas instituições em
que trabalham vinte e oito docentes; a adaptação da criança ao ambiente de sala de aula de Educação Infantil foi uma das principais dificuldades destacadas
pelos professores, bem como a falta de comunicação clara e objetiva dos coordenadores. No que se refere aos professores da escola pública, observou-se que a
formação específica e a busca pela capacitação foram os itens mais salientados; gostar de crianças, ter paciência, ser sensível, foram outros atributos que devem
ter esse profissional; a maior parte dos professores afirmou que na escola onde trabalham existe o planejamento pedagógico e que participam de sua
elaboração; a falta de limites das crianças foi a maior dificuldade apresentada na relação professor-aluno; os professores acreditam ser ao curso de Pedagogia o
mais indicado para os profissionais que atuarão na Educação Infantil. Pretende-se com este trabalho propor alternativas no que refere ao processo de formação
do profissional da Educação Infantil, tendo em vista as expectativas da comunidade escolar do Distrito Federal.
CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR E PRISÃO PATERNA: UM ESTUDO DE CASO
NELMA TAVARES – UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO
O objetivo deste trabalho é avançar a reflexão sobre os impactos do aprisionamento do pai ou da mãe na constituição da subjet ividade da criança. Focalizamos a
criança em contexto escolar, na relação com o s colegas e os profissionais da educação. As pesquisas, até então, apontam para alguns aspectos que merecem
atenção, a saber: as relações construídas com a criança no contexto escolar e no interior do presídio. O contato e o cuidado com a criança nestes referidos
espaços denunciam a construção e implementação de medidas que assegurem o desenvolvimento físico e psíquico desse grupo. As q uestões que nortearam o
estudo foram: em que medida a experiência ou a convivência com pais encarcerados afeta o decurso dos processos de subjetivação na infância? Como essas
experiências são vistas socialmente no contexto escolar? Qual é a repercussão da condição social dessas crianças na escola? Como referência para a leitura
subjetiva das crianças que compõem o cenário deste trabalho, a pesquisa utilizou a abordagem sócio-histórica, ancorada nas teorias de Vygotsky e Wallon. A
metodologia utilizada foi o estudo de caso do tipo etnográfico. A investigação ocorreu em uma escola situada em uma das periferias da região metropolitana de
Vitória (ES), por meio de observação participante e entrevistas semiestruradas com as crianças e alguns de seus familiares, profissionais da escola e um
profissional da Secretaria de Estado da Justiça (SEJUS). A investigação enfocou duas crianças matriculadas no 3°ano. Foi constatado que a experiência de ter um
familiar no presídio afeta negativamente o desenvolvimento das crianças, marcado pelo sofrimento da ausência do parente detido, e a escola nem sempre
interpreta corretamente as expressões dessas crianças, o que contribui para a deterioração da imagem delas.
A IMPORTÂNCIA EDUCATIVA DOS FAMILIARES DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES DO PETI
NOZÂNGELA Mª ROLIM DANTAS - PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL (PETI)
Este trabalho versa sobre uma pesquisa realizada na cidade de Cajazeira/PB, com as famílias de crianças e adolescentes que participam do Programa de
Erradicação do Trabalho Infantil (PETI). O Foco deste trabalho foi verificar se o processo educativo desenvolvido pelos monitores do Programa repercute na vida
diária das crianças e adolescentes que estão vinculados ao Programa e como os seus responsáveis percebem esse processo no ambiente familiar. Após obter
consentimento da Coordenação Municipal do PETI de Cajazeiras, foi realizado um levantamento dos endereços das famílias das crianças e adolescentes para,
posteriormente, ir a residências dos mesmos para se fazer o levantamento dos dados, com seus respectivos responsáveis, por meio de um questionário semiestruturado, contendo 43 perguntas. Foram abordadas 28 responsáveis, sendo 21 do sexo feminino e 07 do masculino, com a idade variando dos 23 a 75 anos.
14 são casados, sendo os demais variando entre divorciado (01), solteiro (04), viúvo (04) e amigado (05). Destes, apenas 01 completou o ensino médio; 08
pararam no ensino fundamental; 08 não estudaram e não completaram os anos iniciais do Ensino Fundamental. Para a maioria desses sujeitos o PETI é visto
como um lugar onde as crianças e adolescentes vão para fazer reforço escolar, uma forma de evitar que fiquem na rua, que trabalhem ou fiquem em casa
sozinhos. Portanto, verifica-se que o PETI não tem atingido a função educativa a que se propõe, mas é visto apenas como um espaço para manter a população
infanto-juvenil no contra turno escolar.
CASTIGOS FÍSICOS NA EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS: EXPERIÊNCIAS E REPRESENTAÇÕES DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
FINANCIADOR: PIBIC/CNPq
RITA DE CASSIA DE SOUZA, AMADA GODOY BASTOS, VANEZA LOPES FREITAS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
Em 2006, foi aprovado o Projeto de Lei 2654/03, que proíbe qualquer forma de castigo físico em crianças e adolescentes, pela Comissão de Constituição e Justiça
e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados e, atualmente, este encontra-se em tramitação no Senado Federal. O projeto propõe a retirada, do Código Civil
Brasileiro - Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - do dispositivo que prevê a possibilidade de que pais, responsáveis ou professores castiguem corporalmente
– ainda que de forma moderada - quaisquer crianças ou adolescentes, alterando ainda a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - o Estatuto da Criança e do
Adolescente. O projeto prevê que aqueles/as que aplicarem punições corporais em crianças ou adolescentes sejam encaminhados a um programa oficial ou
comunitário de proteção à família, a tratamento psicológico ou psiquiátrico e a cursos ou programas de orientação. Visando compreender quais as experiências e
representações sobre a aplicação de castigos físicos na educação, foram investigados futuros educadores, estudantes de uma universidade pública que cursam
licenciatura, ou seja, cursos voltados para a formação de professores. Foram aplicados 146 questionários semi-abertos investigando se estes estudantes
sofreram castigos físicos na família e na escola e como isto se deu e se são favoráveis ou não à aplicação de castigos físicos nas crianças e porque. As respostas
foram classificadas por frequência de aparecimento e foram feitas análises de conteúdo das respostas. Participaram da pesquisa 104 estudantes do sexo
feminino com idades entre 17 e 41 anos e 42 do sexo masculino com idades entre 17 e 34 anos. A maioria dos estudantes sofreu castigos físicos na infância e
este grupo é ainda maior entre os alunos do sexo masculino. A mãe foi citada como a que mais aplicava castigos físicos e o pa i vem em segundo lugar. Houve
muita confusão quanto ao que seria considerado castigo físico. Numa das respostas, por exemplo, um estudante citou que recebia castigos físicos do irmão mais
novo, o que pode ser considerado mais como uma briga do que como o uso do castigo físico com caráter educativo – como era o caso da investigação aqui.
Algumas respostas também ficaram contraditórias, pois os estudantes afirmavam que eram desfavoráveis a aplicação de castigos físicos, mas favoráveis a uma
palmada leve, justificando que são contrários aos excessos e que nem os consideram como castigos físicos, quando estes são aplicados moderadamente. De
maneira geral, os estudantes demonstraram desconhecer o caráter da lei, justificando que são contrários à utilização de castigos de forma intensa que possam
trazer danos à criança, mas acreditam que palmadas leves são fundamentais para uma boa educação, pois o diálogo, por si só, é insuficiente para que as crianças
respeitem as regras.
O CONCEITO DE CULTURA EM VIGOTSKI
BEATRIZ ROSÁLIA GOMES XAVIER FLANDOLI, INARA BARBOSA LEÃO – UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL
O presente trabalho apresenta pesquisa de doutorado em andamento que tem por objetivo investigar a concepção de cultura na obra de Vigotski, a fim de
aprofundar o entendimento desta como constituinte do psiquismo. Os pressupostos teóricos e metodológicos adota dos são os do materialismo histórico e
dialético, que permitem realizar pesquisa teórica de cunho qualitativo, mas exigem, para a compreensão dos postulados de Vigotski, que se contextualize a sua
produção no debate vigente no momento histórico em que ele viveu e produziu. Levando em consideração a dificuldade de acesso direto aos textos originais, o
planejamento da pesquisa concebe um movimento circular que inicia com a realização de analise comparativa de obras de autores diversos e o cotejamento
destes com o conceito de Vigotski sobre cultura. Após a identificação das principais influências exercidas sobre o autor, a pesquisa se dedica a trabalhos de
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estudiosos de Vigotski, buscando localizar indicações de fontes e elaborações deste pensador sobre cultura e como ela participa na constituição das Funções
Psicológicas Superiores. Na seqüência, contempla os companheiros de trabalho Luria e Leontiev. Completando o circulo, volta-se para a obra de Vigotski para
buscar compreender como ele conceitua, descreve e caracteriza a cultura. Finalmente, serão consideradas as mútuas determinações entre cultura, educação e
trabalho na constituição da consciência de acordo com o autor. Pretende-se que os produtos resultantes dessa pesquisa possam contribuir para estudos e
práticas em educação e psicologia no campo da cultura, da educação e do trabalho.
14h - 16h
D-67 - Sala 111
14h - 16h
D-67 - Sala 111
14h - 16h
D-67 - Sala 111
14h - 16h
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VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS: FORMAÇÃO DE PROFESSORES, DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA E ATIVIDADE EDUCATIVA
FINANCIADOR: CAPES
ENI DE FÁTIMA MARTINS, VERA MARIA NIGRO DE SOUZA PLACCO - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
O presente trabalho tem como finalidade apresentar parte dos dados da pesquisa sobre formação de professores e violência nas escolas, realizada para a tese de
doutorado. O objetivo do estudo foi compreender que mudanças no conjunto de sentidos e significados do professor, a respeito da violência nas e scolas, podem
ser mediatizadas por um processo de formação continuada. A hipótese foi de que, ao vivenciar um processo de formação continuada, os professores também
vivem mudanças nesse conjunto de significados e sentidos, na medida em que se apropriam de novos conceitos sobre o fenômeno. Os fundamentos teóricos
foram o Materialismo histórico-dialético, a Psicologia histórico-cultural e a Pedagogia histórico-crítica. Atualmente a violência manifesta-se no cotidiano de
muitas escolas e para que se possa, dentro dos limites da atividade pedagógica, propor intervenções educativas, a fim de que a escola coopere para a
transformação dessa realidade, é fundamental que se desenvolvam processos de formação. Ao planejar a formação para lidar com as manifestações da violência
nas escolas, é preciso partir de uma concepção dialética do mundo, da formação do homem e do conhecimento. Os elementos da prática pedagógica cotidiana
precisam ser ponto de partida para um processo de análise dessa prática, por meio do conhecimento científico. Assim, ao mesmo tempo em que é ponto de
referência para a busca de conhecimentos científicos por parte do professor, é necessário que o cotidiano possa também ser fonte de instigação para a
construção de novos conhecimentos. Os dados foram produzidos no acompanhamento de um grupo de formação continuada, que incluía três professoras do
ensino fundamental I e alunos do curso de psicologia. O processo grupal desenvolvido buscava possibilidades de transformação da consciência, mediadas pelas
mudanças nos significados e sentidos sobre a violência nas escolas. Foram utilizados os procedimentos: questionário de mapeamento sociodemográfico,
entrevista coletiva e observação participante das atividades do grupo. A análise de dados centrou-se sobre as produções das professoras. Observa-se que as
professoras iniciam a formação sensibilizadas para ajudar as crianças com as quais trabalham e já compreendem a importância da ação educativa no
enfrentamento das manifestações de violência nas escolas e buscam a formação para aprenderem a lidar com o fenômeno. No entanto, afetivamente
apresentam uma postura fragilizada, verbalizada como sentimentos de desamparo, solidão e de impotência para a ação educativa. À medida que são discutidos
os conceitos de violência, as professoras vão, em parte, ressignificando suas necessidades e motivos para agirem ante a violê ncia e assim tomando consciência
de determinados aspectos de sua atividade pedagógica. Nesse processo de ressignificação, vão inserindo novas formas de realizar essas atividades. Tais
mudanças podem ser observadas à medida que as participantes relatam o que podem fazer (sentimento de potência), contrapondo ao próprio sentimento de
impotência verbalizado inicialmente. O ‘vir a ser’ desse processo de intervenção educativa de enfrentamento da violência depe nderá de circunstâncias históricas
que possibilitem às docentes novos conhecimentos sobre a violência nas escolas e, consequentemente, a reflexão coletiva sobre como intervir.
SOCIOLOGIA DA INFÂNCIA E CULTURAS INFANTIS: CONTRIBUTOS À EDUCAÇÃO
FABIANA MOURA ARRUDA, VERÔNICA REGINA MÜLLER - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Nesta reflexão temos como objetivo principal somar-nos às discussões acerca dos fundamentos da educação trazendo a temática da cultura infantil a partir do
referencial teórico e metodológico da Sociologia da Infância, apontando a importância do conhecimento dos princípios desta área para a utilização destes no
campo educacional. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de cunho bibliográfico. Existem distintas concepções sobre o que é a infância e o que é ser criança.
Algumas delas consideram esta fase da vida apenas como uma preparação e desenvolvimento das crianças para o mundo adulto. Esta perspectiva tradicional
compreende a criança como um ser imaturo e incompleto, que fica, pois, à margem dos processos de participação. Em contraparti da, a Sociologia da Infância
busca mostrar a importância de prestarmos atenção ao que as crianças têm a nos a dizer e, também, de incluirmos suas formas de pensar em nossas práticas
educacionais, reconhecendo as mesmas como sujeitos sociais. Diante disso, apresentamos algumas categorias da cultura infantil, entendida como as formas
particulares de compreensão e ação das crianças sobre a realidade, estudadas por este campo, tais como: diversidade da infância, crianças como produtoras de
cultura e a defesa da participação infantil. Neste sentido, a Sociologia da Infância tem muito a contribuir para a educação, pois se centra na criança como sujeito
concreto capaz de atuar na sua realidade, colaborando com a sociedade a partir de sua história, cultura, sentimentos e saberes. Deste modo, buscamos mostrar
o aporte teórico e metodológico deste campo de estudos para a investigação e atuação na área educacional. Que esses conceitos nos ajudem a compor a
educação das crianças, incluindo as dimensões da cultura infantil na formação do adulto.
OBSERVAÇÃO DO ESTILO MEDIACIONAL DE EDUCADORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL
FINANCIADOR: CNPq
HELENA DE ORNELLAS SIVIERI PEREIRA, BRUNA GONTIJO MAGALHÃES - UNIVERSIDADE DE UBERABA
A inserção da criança no ambiente escolar tem se consolidado cada vez mais cedo. Paralelamente, surge uma preocupação com os serviços oferecidos por
instituições que atendem crianças na faixa etária correspondente a educação infantil e do mesmo modo com a formação de seus educadores. Muitos trabalhos
nacionais e internacionais têm dedicado-se a esta questão e muito tem se falado sobre a importância da atividade lúdica de faz-de-conta e da mediação na
formação de educadores infantis, considerando para isso, a importância no desenvolvimento infantil, da relação mediadora adulto-criança e da brincadeira
(principal atividade nesta faixa etária). A fim de conhecer e avaliar os comportamentos mediacionais de educadores infantis, foram realizadas, em um Centro
Municipal de Educação Infantil (CEMEI) da cidade de Uberaba-MG, vídeo-gravações da interação de 23 educadoras com suas crianças, sendo estas com idade
entre 0 e 6 anos. A análise dos dados, a partir da utilização da Escala de Comportamentos Mediacionais de Educadores Infantis, de Vectore; Alvarenga e Gomide
Jr, forneceu indicativos sobre a freqüência dos comportamentos mediacionais, trabalhados pelo Programa de Intervenção Mediacional para um Educador mais
Sensível (MISC), entre as educadoras em sua prática com as crianças. Através dos resultados encontrados, pode-se perceber que entre os comportamentos
mediacionais avaliados, a Recompensa e a Mediação do Significado, são comportamentos que se apresentam fracos entre os sujeitos, enquanto que a Regulação
do Comportamento, a Focalização e a Expansão estão mais presentes, mas também necessitam de intervenções. Após a avaliação e análise da freqüência dos
comportamentos mediacionais, foi proposta a realização, com os educadores, de um curso de formação continuada baseado nas propostas do MISC. Este curso
acontecerá no primeiro semestre de 2011, sendo composto por 8 encontros, nos quais serão trabalhados, por meio de exemplos, vivências e explicações
teóricas, os comportamentos básicos para uma mediação de qualidade (Focalização, Expansão, Recompensa, Mediação do Significado e Regulação do
Comportamento), aproveitando as condições de ludicidade disponíveis na instituição. Por meio deste curso, pretende-se disponibilizar aos educadores um
eficiente e eficaz recurso em suas interações com as crianças, contribuindo assim, para o desenvolvimento de uma prática reflexiva dentro desta instituição.
PORQUE JOGAR BOLA DE GUDE NA ESCOLA?
FINANCIADOR: FAPEMIG
ELAINE A. ANDRADE, MARIA DE FATIMA ARANHA DE QUEIROZ E MELO – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI
Este trabalho refere-se à conclusão de uma das pesquisas focada no brinquedo como mediador de inter-ações, realizadas desde de 2008 na Brinquedoteca
vinculada ao LAPIP (Laboratório de Psicologia e Intervenção Psicossocial) da Universidade Federal de São João Del-Rei. Num primeiro momento, amparado pela
Teoria ATOR-REDE seguimos as trilhas do jogo da bola de gude, considerado-o como um jogo popular e buscando registrar suass origens, sua historia e as
traduções que foi sofrendo no decorrer do tempo e dos lugares onde foi utilizado. Por fim, fomos ao campo verificar seus efeitos e como ele é manipulado pelos
brincantes desta região. Em se tratando de um jogo tradicional e popular, no qual a transmissão é feita de forma oral e geralmente entre brincantes, tivemos
também a finalidade de organizar e registrar este jogo a fim de entender e fortalecer a rede desta transmissão dentro e fora da escola. Desta maneira, foram
escolhidos dois grupos distintos para o acompanhamento dos jogos: um grupo de meninos que jogavam na rua e um grupo de crianças de uma escola estadual
da cidade. Ambos os grupos apresentavam uma faixa etária compreendida entre sete a quatorze anos, diferenciando-se apenas na quantidade. Na rua,
verificamos um grupo de seis a oito crianças, enquanto que na escola, participaram, aproximadamente, vinte crianças. Em relação aos jogadores na rua, a prática
do jogo fazia parte do conjunto de brincadeiras realizadas entre eles. Neste grupo, foram registrados quatro encontros em que foram jogadas três modalidades
distintas. Ao que se refere às crianças na escola, apenas uma modalidade de jogo foi realizada, uma vez que nesta a estrutura física inviabilizava a prática de
outra modalidade. Os jogos foram filmados e fotografados e, posteriormente, as imagens foram disponibilizadas aos envolvidos. O registro foi importante para
observar as gírias, as expressões e para a análise comparativa das apropriações do jogo nos diferentes contextos. Com isto, pudemos constatar diferenças no que
tange a autonomia e liberdade no e do jogo pelos grupos, visto que enquanto na rua se jogava pelo simples brincar dentro do tempo ditado pelo próprio
desenvolvimento do jogo, na escola, a limitação do tempo e a postura assumida pelo professor frente ao saber e sua transmissão, foram condições que,
aparentemente, inibiram as características citadas. Outra peculiaridade notada que distinguiu um grupo do outro foi a participação das meninas num jogo
popularmente categorizado como jogo de meninos. Enquanto no espaço escolar essa participação foi expressiva, na rua foi inexistente. Assim, ao final da
pesquisa, novas perguntas se apresentaram e entre elas destacam-se a questão do gênero nos jogos tradicionais dentro e fora da escola e a inserção dos jogos
tradicionais dentro da amplitude que o conceito de aprendizagem abrange e que talvez deva ser revisto pelas escolas.
14h - 16h
D-67 - Sala 112
14h - 16h
D-67 - Sala 112
14h - 16h
D-67 - Sala 113
14h - 16h
D-67 - Sala 113
14h - 16h
D-67 - Sala 113
UMA OBSERVAÇÃO PSICOLÓGICA DOS VÍNCULOS DA EDUCADORA DE CRECHE
LILIANA PEREIRA LIMA AZEVEDO - UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
O trabalho é resultado de pesquisa supervisionada de estágio de alunos do segundo ano da graduação em Psicologia e trata dos vínculos que a educadora de
creche estabelece com crianças pequenas e os significados que representam de sua identidade profissional. O estudo é pautado no enfoque educacional socialcrítico para a formação de psicólogos e educadores. Visa verificar, em uma creche paulistana de caráter filantrópico, a hipótese de que as educadoras da
instituição apresentam suas identidades mais voltadas para o papel maternal do que de fato para o de educadoras. O público-alvo foi o de quatro educadoras no
total, duas trabalhando com crianças de 2 a 3 anos e duas trabalhando com crianças de 3 a 4 anos de idade. Deu-se com coleta de dados na creche por meio de
uma entrevista com cada educadora, acesso ao planejamento semanal, além de observações semanais de suas atividades com as crianças por uma dupla de
estagiários. Observa-se, nos dois grupos, a confirmação da hipótese inicial: as educadoras demonstram seu papel confundindo-se com o das auxiliares, mais
identificadas como cuidadoras. Não está evidenciado, em suas ações, o papel pedagógico de promoção da socialização; não estão claros os objetivos do
planejamento, cujo registro por escrito não condiz com a prática; demonstram atitudes de envolvimento afetivo ora sem paciência, ora superprotegendo, e em
diversos momentos guiadas pelo senso-comum, estigmatizando e discriminando as crianças. Estar neste papel é um lugar de passagem em seu projeto de vida,
segundo as entrevistas. Relevamos a importância de temas como este na formação de psicólogos para a construção de ações psicoeducativas com educadores,
em especial com educadoras de crianças pequenas que demonstram não ter consciência do seu importante papel que é a contribuição para a construção das
subjetividades.
EDUCAÇÃO SEXUAL INFANTIL EM DEBATE NA SOCIEDADE PORTUGUESA
LUCIANA GRANDINI GONÇALVES CABREIRA, JORGE MANUEL CARVALHO GONÇALVES, SOLANGE FRANCI RAIMUNDO YAEGASHI – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
MARINGÁ
Em uma iniciativa inédita em Portugal, a Rede de Televisão Portuguesa Canal 2 (RTP2), exibiu o curta de animação “Então é Assim!” (“So That´s How!”) no
Programa Sociedade Civil, apresentado pela jornalista Fernanda de Freitas, iniciando um amplo debate que envolveu, dentre os telespectadores usuais, pais e
educadores que passaram a discutir a temática Educação Sexual Infantil da forma que foi tratada na animação exibida no dia 31 de Maio de 2007 às 23h30. A
exibição prévia, direcionada aos pais e educadores, ocorreu em razão da produção dinamarquesa-canadiana “Então é Assim!” ter sido selecionada para uma
apresentação especial, promovida pelo Ministério da Educação de Portugal, no Dia Mundial da Criança às 20h30, a fim de sensibilizar e informar os diversos
segmentos da sociedade portuguesa da necessidade de debater o tema visando o esclarecimento de todos a respeito da Educação Sexual Infantil nas escolas. A
preocupação com a Educação Sexual Infantil não surgiu naquele país, por acaso, pois ao longo de mais de dez anos de investigação, a justiça ainda prossegue
apurando os responsáveis pelo abuso de crianças do Lar Escola Casa Pia. A pré-estréia do desenho animado no dia anterior teve por objetivo informar, em
especial aos pais, o conteúdo do show e oferecer a oportunidade a todos os telespectadores de debaterem o conteúdo e a linguagem deste, para então
decidirem se suas crianças poderiam assistir a exibição do curta em horário nobre. Caso os pais não concordassem com o teor d o desenho deveriam manter a TV
desligada durante sua exibição. A escolha da animação gerou muitas reações diferentes no povo português, tanto que até pessoas que não tinham filhos se
sentiram convidadas a expressar sua opinião no Blog do programa “Sociedade Civil”. Atraídos por esta experiência fomos buscar elementos para entender
melhor a repercussão que esta iniciativa teve naquele período em Portugal. Assim, surgiu o presente artigo, que traz uma análise de algumas cenas do curta
metragem, que revela mais do que se poderia supor.
FRACASSO ESCOLAR E POLÍTICAS PÚBLICAS: A AMPLIAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL
FINANCIADOR: CNPq
ALINE PAULA MARIN - UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
Embora nos últimos anos tenha ocorrido significativo avanço nas discussões a respeito do fracasso escolar ainda existem concepções cristalizadas que
culpabilizam a criança e sua família pela não aprendizagem. A partir da década de 1980, quando as discussões sobre o tema ganham a importante contribuição
dos estudos de Patto (1984), a Psicologia passa a analisar as Políticas Públicas referentes à educação, que têm em comum o discurso de enfrentamento da
exclusão, superação de preconceitos e defesa de uma escola para todos. O que se constata é que há um hiato entre intenção e realidade. Essa constatação
aponta para a importância de trabalhos que se dediquem a conhecer os bastidores dessas políticas e o que de fato ocorre em suas implementações. Nesse
sentido, o presente texto apresenta algumas discussões baseadas na literatura e nos dados de uma pesquisa de abordagem qualitativa realizada em oito escolas
públicas da rede estadual de ensino no município de Rolim de Moura - RO sobre a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos realizada em 2009. Foram
utilizados os instrumentos: análise documental, registro fotográfico, entrevistas individuais e coletivas. Foram entrevistadas a Coordenadora Pedagógica da
Representação de Ensino (REN), órgão representativo da Secretaria de Estado da Educação (SEDUC) no município, e as professores das escolas envolvidas na
pesquisa. Os resultados indicam que os objetivos propostos pela ampliação não foram plenamente alcançados e que podem contribuir com o avanço do fracasso
ao invés ajudar na sua superação. A implantação se deu de forma intempestiva, sem nenhuma preparação prévia que garantisse alterações dos aspectos
estruturais das escolas, adaptações curriculares e/ou discussões/formação com as equipes pedagógicas e os professores. Diante disto destacamos a importância
da discussão dessas políticas pelos atores escolares e os grandes problemas advindos das formas errôneas de implantá-las, como por exemplo, a imposição,
colaborando para a manutenção do fracasso em nossas escolas.
EDUCADORES DE ESCOLA PRIVADA E A QUEIXA ESCOLAR: CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL
FINANCIADOR: CAPES
CRISTIANE TOLLER BRAY, NILZA SANCHES TESSARO LEONARDO - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Este estudo verificou como educadoras de escolas privadas lidam com as dificuldades de aprendizagem e com os problemas de comportamento, presentes no
contexto escolar. Para tanto, foram entrevistadas doze educadoras. As entrevistas foram examinadas mediante análise de conteúdo e organizadas em categorias.
Sete foram as categorias de análise deste trabalho: 1) a professora procura resolver em sala de aula; 2) encaminhamento para sala de reforçoContra-turno; 3)
encaminhamento para a coordenação pedagógica ou direção e esta comunica a família; 4) encaminhamento para um profissional especializado; 5) a
coordenadora pedagógica trabalha com o aluno; 6) encaminhamento para a psicóloga da escola; 7) não tem aluno com dificuldade de aprendizagem na sala. O
referencial teórico utilizado foi a Psicologia Histórico-Cultural e a perspectiva crítica da Psicologia Escolar e Educacional para entendimento do fenômeno e
análise dos dados. Os resultados revelaram que, em um primeiro momento, as educadoras tentam solucionar os problemas escolares no contexto de sala de
aula, mas recorrem à assistência de profissionais especializados quando não há êxito nos seus modos de lidarem com as queixas escolares. Questionamos essa
prática de encaminhamentos para outros profissionais, pois muitas vezes, acaba legitimando que a criança “é o problema” ou “está com problema”, lidando
apenas com a aparência dos problemas escolares. Entendemos, portanto, ser fundamental que a intervenção dos profissionais especializados e a atuação dos
educadores estejam pautadas numa compreensão crítica dos problemas escolares considerando a totalidade que envolve esse fenômeno, ou seja, a sociedade e
a escola que estamos construindo.
QUEIXAS ESCOLARES NA PERSPECTIVAS DE EDUCADORES DE ESCOLA PÚBLICA: CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL
FINANCIADOR: CAPES
CRISTIANE TOLLER BRAY, NILZA SANCHES TESSARO LEONARDO - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Este estudo verificou a compreensão de doze educadoras de escolas públicas acerca das dificuldades de aprendizagem e dos problemas de comportamento
presentes no contexto escolar, fenômenos entendidos por queixa escolar. As entrevistas foram examinadas mediante análise de conteúdo e organizadas em
categorias. Foi realizado um exercício de análise marxista, pois buscamos consonância com o referencial teórico utilizado: a Psicologia Histórico-Cultural, que
possui como base metodológica o Materialismo Histórico-Dialético. Além disso, nos embasamos na perspectiva crítica da Psicologia Escolar e Educacional para
entendimento do fenômeno e análise dos dados. Os resultados revelaram que as educadoras partem do pressuposto de que as queixas escolares estão
diretamente relacionadas apenas com os alunos. Para as educadoras são os alunos que não compreendem os conteúdos, que não conseguem aprender, que não
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param quietos na carteira e etc. Desta forma, entendemos que as participantes desconsideram que a queixa/fracasso escolar são produzidos no interior da
escola e que, ao mesmo tempo, estão diretamente envolvidos com a organização e a estrutura social.
14h - 16h
D-67 - Sala 113
14h - 16h
D-67 - Sala 201
14h - 16h
D-67 - Sala 201
14h - 16h
D-67 - Sala 201
14h - 16h
D-67 - Sala 201
14h - 16h
D-67 - Sala 202
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ASPECTOS AFETIVOS: ELEMENTOS RELEVANTES NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA
EVELYN ROSANA CARDOSO, ANA MARIA TERESA BENEVIDES-PEREIRA, VALDENI SOLIANI FRANCO - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
A afetividade no processo de ensino e aprendizagem é destacada como fundamental por diversos pesquisadores, tais como Piaget, Gómez Chacón, Cassasus,
entre outros. No entanto, no ambiente escolar ainda não figura como elemento relevante. Para tentar compreender melhor a importância dos aspectos afetivos
realizamos uma pesquisa com nove alunos de quintas séries de uma escola pública do estado do Paraná, com o objetivo de analisar as influências dos aspectos
afetivos no ensino e aprendizagem de Matemática empregando entrevistas analisadas pelo método de análise de conteúdo. Verificamos que os que possuiam os
melhores resultados em Matemática eram também aqueles que tinham os melhores vínculos com os professores, sendo que os que apresentaram os piores
resultados no histórico escolar evidenciaram críticas quanto a postura e a forma como os professores se relacionavam com os estudantes. O ensino de
Matemática aparenta ser um dos que mais estão sendo prejudicados por não considerar a importância dos aspectos afetivos, visto que o professor desta
disciplina parece incorporar o rigor do saber matemático e, da mesma forma, se relacionar com os demais à sua volta empregando a mesma austeridade,
contribuindo para que a Matemática seja uma das disciplinas apresente um dos mais elevados índices de reprovação.
A PSICOLOGIA E A EDUCAÇÃO REPRESENTADAS NAS PÁGINAS DA REVISTA OESTE
ANDERSON DE BRITO RODRIGUES, JAQUELINE VELOSO PORTELA DE ARAÚJO – UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
A Psicologia e a Educação representadas nas páginas da Revista Oeste A proposição do presente trabalho insere-se no rol das discussões realizadas no Grupo de
Estudos e Pesquisas Psicologia, Sociedade e Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás. O presente recorte temático refere-se à
relação entre o campo da psicologia e da educação. A investigação dessa relação no Estado de Goiás evidenciou que o diálogo entre tais áreas está presente
desde o final do século XIX. O objetivo do presente trabalho é evidenciar elementos da relação psicologia e educação nos textos publicados na Revista Oeste,
entre os anos de 1942 a 1944. Inicialmente criada com a intencionalidade de ser uma revista literária, a Revista Oeste tornou-se um importante veículo de
discussão política e cultural da época. Tal periódico foi importante nesse período da história do Estado de Goiás, por ser um instrumento de divulgação de um
ideário pedagógico renovador, fundamentado nos princípios da Escola Nova. A revista contemplava uma sessão de política educac ional, a qual noticiava novas
práticas pedagógicas, trazia depoimentos de docentes e trazia reflexões a respeito de concepções de educação, teorias pedagógicas, legislação educacional, e
ainda relatos de práticas pedagógicas, dentre outros. Uma análise parcial de tal fonte documental permite destacar os seguintes temas abordados nos artigos da
Revista Oeste: atuação docente, evolução dos métodos pedagógicos, conhecimentos referentes à psicologia infantil, pedagogia moderna, escola ativa, concepção
de criança, centralidade da criança no processo educativo, papel do professor, novas tendências e métodos pedagógicos, Escola Nova, escola tradicional dentre
outras. A abordagem de tais assuntos a partir de referências do campo da psicologia evidencia a existência de uma relação entre os conhecimentos da psicologia
e a educação no Estado de Goiás.
PSICOLOGIA E ESCOLA NORMAL EM GOIÁS
ANDERSON DE BRITO RODRIGUES, JAQUELINE VELOSO PORTELA DE ARAÚJO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
Psicologia e Escola Normal em Goiás O trabalho insere-se nas discussões propostas pelo Grupo de Estudos e Pesquisas Psicologia, Sociedade e Educação da
Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás e o recorte temático relaciona-se às questões suscitadas pelo projeto Psicologia e Escola Nova em
Goiás: constituição e desenvolvimento de um ideário pedagógico. Tal tema consiste na presença da psicologia como componente curricular dos cursos de
formação de professores da Escola Normal de Goiás. A presente proposta tem por objetivo problematizar a constituição históric a da Psicologia em Goiás a partir
das relações estabelecidas com o campo educacional. O trabalho propõe-se ainda a compreender a inserção dos ideais da psicologia escolanovista no campo
educacional goiano, especificamente na primeira metade do século XX. Tal pesquisa adota a historiografia como referencial teórico metodológico e realiza uma
pesquisa documental que tem como fontes leis, decretos, regulamentos de ensino e periódicos locais que constituem a história da instrução pública em Goiás.
Uma análise parcial dos documentos permite afirmar que a Psicologia apresenta uma vinculação com a Escola Normal em seu processo de desenvolvimento, uma
vez que os currículos de formação de professores contemplavam aspectos como métodos pedagógicos, organização curricular, formação moral e intelectual do
aluno, processos didático-pedagógicos, papel do aluno e do professor, assuntos esses discutidos sob o enfoque dos conhecimentos psicológicos. O emprego de
tais currículos contribuiu para uma ressignificação dos métodos pedagógicos, e concomitantemente da redefinição dos papéis de professor e educando.
ANÁLISE DAS QUEIXAS/ENCAMINHAMENTOS EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO PÚBLICO ESTADUAL DE BOA VISTA
MARIA DO SOCORRO LACERDA GOMES, MARIA DO SOCORRO LACERDA GOMES, ANNE KARINA PEREIRA DE ANDRADE, ARIECHE KITIANE SILVA LIMA, CRISTIANE
BARBOSA CARVALHO, SARA ARAÚJO MENDINA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA
No período Março/Dezembro de 2010, o Estágio Supervisionado em Psicologia e Processos Educativos foi desenvolvido na Escola Estadual São José, no município
de Boa Vista/RR por uma equipe alunos de psicologia e uma professora orientadora da Universidade Federal de Roraima-UFRR. Os encaminhamentos foram
feitos pelos professores e coordenadores pedagógicos, em poucos casos pelo aluno, colegas ou família. As maiores demandas correspondem: indisciplina, autoestima, sexualidade, doenças oncológicas, etc. Para a condução das intervenções fez-se necessário a utilização de métodos e técnicas, dentre as quais:
anamnese, acompanhamento escolar e técnicas de dinâmica de grupo. Buscou-se atuar de forma preventiva e pontual, buscando estimular o trabalho
participativo da comunidade escolar. Dentre as maiores demandas houve a prevalência do descompasso entre escola/família, fato que os distancia e por vezes
possibilita acusarem-se mutuamente. Dentre as metas alcançadas está a implantação de atividade em grupo, como: ciclo de palestra, encontros pedagógicos e
feira de ciência. Dentre os resultados obteve-se boa integração com o corpo docente, direção, coordenação pedagógica e demais funcionários, bem como, êxito
em vários casos atendidos.
UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA E SUAS VICISSITUDES NA FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR BRASILEIRO
RAFAEL ROBALLO WANDERLEY – UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
O presente artigo tem como objetivo principal fazer uma contextualização histórica da Psicologia e a Educação, dentro de uma perspectiva global (ou mundial),
visualizando também a principal influência na formação educacional brasileira: o trabalho de Paulo Freire. Dentro do contexto histórico, pensar a psicologia
como uma ferramenta propiciadora de mudanças no meio social e educacional é algo que esta intimamente ligada à própria existê ncia da psicologia. Desta
forma, o processo de educação no Brasil pode ser entendido como um movimento marcado pelo antes e depois do surgimento da educação libertadora,
proposta pelo educador Paulo Freire. Através de seu trabalho amplo, Freire ganhou muita força no Brasil em meados das décadas de 1950 e 1960, diante dos
movimentos nacional-desenvolvimentista, e pelo populismo progressista, enveredados pelos presidentes Juscelino Kubitschek (período 1955-1960) e por João
Goulart (período 1961-1964). Observa-se, também, que tendências que moldam a formação teórica do profissional atuante no campo da Psicologia e a Educação
precisam ser as mais amplas possíveis. Contudo, o presente artigo também pretende ampliar a discussão a cerca da formação do psicólogo escolar e suas
vicissitudes, principalmente decorrentes de uma dicotomia entre a prática e a sua formação.
RELAÇÕES HISTÓRICAS E EDUCACIONAIS ENTRE PEDAGOGIA E PSICOLOGIA NO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO
ARMANDO MARINO FILHO – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - MARINGÁ
Este trabalho, resultante de pesquisa de doutoramento em Educação, trata das consequências da escolarização para a formação psicológica dos sujeitos
aprendizes, com o objetivo de compreender-se o caráter geral da formação psicológica. A escolarização resulta na formação de significados e sentidos de
referência para a orientação e controle da atividade viva dos indivíduos. A pesquisa teórica bibliográfica, respaldada pela o bservação em ambiente escolar de
ensino fundamental, baseou-se no método do Materialismo Histórico e Dialético, nos conceitos da Teoria Histórico-Cultural e nas proposições da Pedagogia
Histórico Crítica. Faz-se uma breve exposição do percurso histórico da psicologia na sua relação com a pedagogia, como subsidiária de processos pedagógicos e
interesses ideológicos. Considera-se os aspectos positivos da escolarização para o desenvolvimento multilateral das capacidades psicológicas e sociais,
salientando a integralização e complexificação destas para o autocontrole e autonomia dos sujeitos aprendizes. Afirma que essa positividade da escolarização
pode contribuir para a superação do estranhamento psicológico das relações de poder e dominação no interior da escola, por me io do desenvolvimento da
capacidade de reflexão coletiva desenvolvida em atividade grupais, e que, portanto, contribui para a formação da consciência ética. Para tanto, faz uma
discussão sobre objetivos político-educativos da escola, avaliando as consequências para a formação do pensamento teórico, e portanto, possivelmente crítico
da sociedade, como capacidade ineliminável do objetivos educacionais. Disso resultou, ainda, uma avaliação da crise no sistema es colar chamada de “fracasso
escolar”, que evidencia a complexidade das implicações socioculturais e econômico-políticas na configuração do fracasso. Considera-se, então, que a formação
psicológica gestada na escola enleia-se às relações de poder e dominação econômica e política estando, assim, diretamente ligada à criação de necessidades
psicológicas que inculcam uma forma de orientação psicológica marcada pela submissão aos interesses heterônomos, resultando em formação unilateral das
capacidades psicológicas ligadas ao pensamento teórico científico, essência da atividade educacional escolarizada.
14h - 16h
D-67 - Sala 202
14h - 16h
D-67 - Sala 202
14h - 16h
D-67 - Sala 202
PERSPECTIVAS DO SUCESSO ESCOLAR NA REALIDADE BRASILEIRA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1980 - 2003
CHRISTIANE JACQUELINE MAGALY RAMOS, MARILENE PROENÇA REBELLO DE SOUZA - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
A educação brasileira, a partir dos anos de 1990, no âmbito das ações políticas para a implementação do estado democrático de direito, passou por um período
de transformações, em que foram estabelecidas prioridades, dentre as quais podemos destacar o acesso à escola, o combate aos altos índices de repetência e à
distorção idade e série e a elevação do número de alunos que completam o Ensino Fundamental e, conseqüentemente, ingressam e concluem o Ensino Médio. O
país está conseguindo vencer um dos desafios do acesso à escola, pois ampliou a rede pública de ensino nacionalmente, embora ainda haja distorções regionais.
Mas o mesmo não acontece com a qualidade da escola oferecida à população. As análises de cunho qualitativo, referentes ao conhecimento adquirido na escola,
demonstram que as crianças e adolescentes aprendem pouco sobre os conteúdos básicos do Ensino Fundamental e Médio. Portanto, conhecer experiências
educacionais bem sucedidas, do ponto de vista da aquisição do conhecimento, passou a ser uma importante questão para a pesquisa educacional. Nesse sentido,
um dos conceitos cunhados, a partir dos anos 1990, é o de sucesso escolar, visando destacar as práticas educacionais que superam as dificuldades encontradas
no interior do sistema educacional e produzem um ensino de qualidade. A presente pesquisa buscou investigar contribuições encontradas na literatura
educacional referente ao sucesso escolar, no que tange aos seguintes aspectos: como tem sido definido o sucesso escolar pelos pesquisadores na área da
educação? Que fatores são apontados por esses estudos como fundamentais para garantir tal sucesso? Como se dá o processo escolar nesta perspectiva e qual a
população alvo das pesquisas? Esta pesquisa caracteriza-se por uma revisão bibliográfica referente ao período de 1980 a 2003, período em que esta discussão se
amplia no campo educacional. Para tanto, foi realizado levantamento de teses e dissertações produzidas em dois programas de pós-graduação nas áreas de
Psicologia e Educação, no estado de São Paulo, sendo encontrados quinze trabalhos. O processo de análise inclui a elaboração de uma ficha síntese que buscou
responder às questões norteadoras, sob a perspectiva da análise de conteúdo. Constatou-se que os trabalhos analisados centram sua pesquisa em somente um
nível de educação formal, o Ensino Fundamental. Percebemos também que os autores apresentam diversos critérios ao definir o que entendem por sucesso
escolar, centram-se em aspectos ligados à permanência na escola ou à atuação do professor alfabetizador que consegue cumprir sua tarefa didática em um ano
letivo. Como fatores que promovem o sucesso, comparecem situações intra-escolares, em que o professor é colocado em evidência. A política educacional ou
mesmo os aspectos ou mecanismos de funcionamento da escola ainda são compreendidos de maneira pouco expressiva nos trabalhos analisados. De maneira
geral, os trabalhos destacam a importância dos acordos e contratos que nortearão o trabalho pedagógico, possibilitando sucesso, pois, nessa relação, aluno e
professor devem estar intimamente vinculados, na qualidade de parceiros e co-responsáveis pelo sucesso.
ESTUDOS PARA UMA HISTÓRIA DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL E ESCOLAR NO BRASIL
FINANCIADOR: CNPq
DEBORAH ROSÁRIA BARBOSA, MARILENE PROENÇA REBELLO DE SOUZA - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
A história da Psicologia tem sido um campo fértil de estudos nas produções científicas atuais, embora sejam poucas as referências relacionadas à história da
Psicologia Educacional e Escolar que levem em conta o ponto de vista daqueles que viveram esta história. Esta comunicação oral tem como objetivo principal
discutir os resultados oriundos da tese de doutorado intitulada “Estudos para uma história da Psicologia Educacional e Escolar no Brasil” orientada pela
professora Marilene Proença Rebello de Souza no Instituto de Psicologia na Universidade de São Paulo. O estudo teve como objetivo investigar, por meio de
depoimentos orais e outras fontes historiográficas sobre a história da Psicologia Educacional e Escolar no Brasil. O trabalho analisou alguns documentos
historiográficos e depoimentos de personagens desta história. Buscou-se elucidar como se constituiu o campo de estudo e atuação em Psicologia Educacional e
Escolar, especialmente a partir da década de 1930. O trabalho utilizou-se da perspectiva da historiografia pluralista e história oral. Foram realizados depoimentos
com cinco pioneiros da área de Psicologia Educacional e Escolar. Os depoentes foram escolhidos segundo os critérios: a)ser uma referência “pioneira” ou
“protagonista” da história da Psicologia e que tivesse produções dentro da área de Psicologia Educacional e Escolar; b)ser um profissional de referência da área,
tendo realizado publicações importantes na área; c)ter sido docente na área. Os depoimentos foram gravados, transcritos, organizados e analisados para fins de
composição da tese. Todo o material constituído, das fontes escritas e orais foram articulados de modo a construir uma narrat iva de “uma” história da Psicologia
Educacional e Escolar no Brasil. Foi sugerida uma periodização da história da Psicologia Educacional e Escolar no Brasil, constituída a partir de marcos históricos
na área, compreendendo as etapas: 1)Colonização, saberes psicológicos e Educação (1500-1906); 2)A Psicologia em outros campos de conhecimento (19061930); 3) Desenvolvimentismo – a Escola Nova e os psicologistas na Educação (1930-1962); 4)A Psicologia Educacional e a Psicologia “do” Escolar (1962-1981);
5)O período da crítica (1981-1990); 6)A Psicologia Educacional e Escolar e a reconstrução (1990-2000); 7)A virada do século: novos rumos? (2000- ). Pode-se
afirmar que a Psicologia Educacional e Escolar se fez e se refez ao longo do tempo em diferentes momentos, a partir da sua relação com a Educação e com a
conjuntura política, histórica e social. Sua história é marcada por continuidades, descontinuidades, rupturas, reconstruções e uma discussão permanente de seu
papel como uma área a serviço de interesses conservadores ou emancipatórios.
INTERVENÇÃO DO PSICÓLOGO NA EDUCAÇÃO: ANÁLISE DA PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA EM PSICOLOGIA ESCOLAR
FINANCIADOR: FAPESP
DEBORAH ROSÁRIA BARBOSA, MARILENE PROENÇA REBELLO DE SOUZA - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - CHRISTIANE JAQUELINE MAGALY RAMOS - INSTITUTO
ALVORADA PLUS - SÃO PAULO, CÁRITA PORTILHO LIMA, MARIANA GUIMARÃES PASQUALINI, KÁTIA YAMAMOTO - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Com o objetivo de conhecer a literatura que trata sobre a atuação do psicólogo na Educação realizamos uma revisão bibliográfica da produção científica atual em
Psicologia Escolar e Educacional especialmente selecionando publicações entre os anos 2000 a 2007. Do conjunto investigado foi realizado um recorte para análise
de 36 publicações, sendo seis textos completos e 30 coletâneas (com 131 capítulos sobre o tema). Foi realizada então uma resenha de cada capítulo, bem como
uma análise de conteúdo destas resenhas. A análise do material culminou na construção de categorias temáticas assim designadas: a) intervenção do psicólogo na
educação; b) Psicologia e Educação: atuação pautada na perspectiva crítica; c) formação do psicólogo; d) temas clássicos e revisitados (exemplo: indisciplina,
violência, relação professor-aluno, ética, relação família-escola, orientação sexual); e) dimensões teórico-metodológicas da atuação do psicólogo na educação; f)
políticas públicas em Educação; g) formação docente; h) Educação inclusiva; i) Psicologia Escolar no Brasil e em outros países; j) avaliação psicológica. O presente
trabalho tem como objetivo discutir as publicações que foram atribuídas à categoria “intervenção do psicólogo na Educação”. Os resultados apontaram que as
produções analisadas têm como ponto de partida, majoritariamente, a trajetória profissional do (s) autor (es) ou, em alguns casos, as reflexões se iniciam a partir
de uma análise crítica da Psicologia na sua relação com a Educação. As críticas tecidas dizem respeito à atuação do psicólogo na compreensão das dificuldades dos
estudantes em seu processo de escolarização, que, para alguns autores refletem um modelo interventivo pautado na culpabilização da criança e/ou da sua família
no que se refere ao fenômeno do fracasso escolar. Observou-se também que as questões, reflexões e inquietações tratadas pelos autores nos textos centram-se,
principalmente, no atendimento às queixas escolares. Esta temática tem reconhecida importância no trabalho do psicólogo, pois consiste em aproximadamente
dois terços da demanda que chega aos serviços-escola de Psicologia e aos serviços de Saúde no que se refere ao atendimento psicológico à população infantojuvenil. Há uma tendência dos trabalhos de terem como propósito apresentar e discutir práticas pautadas em uma perspectiva crítica de Psicologia Escolar e
Educacional à medida que procuram divulgar formas alternativas de atendimento à queixa escolar. Para a apresentação das propostas desta área, os autores dos
textos utilizaram como referenciais teóricos: Vigotski, Winnicott, Heller, Charlot, Foucault, Piaget, Deleuze, , Chartier, Bleger, e citaram autores brasileiros como
Patto e Frayse-Pereira, dentre outros. Por fim, é importante destacar que a análise da produção acadêmico-científica da área de Psicologia Escolar e Educacional
quanto à atuação do psicólogo na Educação, revelou um compromisso do psicólogo com as finalidades educacionais, com as políticas públicas sociais,
questionando as explicações clássicas que centram na criança as causas do não-aprender na escola. Apresentou ainda, um conjunto de temas clássicos da
Psicologia que são revisitados por uma perspectiva teórica que insere de modo histórico, social e cultural os fenômenos humanos. As publicações abordam
também propostas de fundamentos teórico-metodológicos de atendimento à queixa escolar, sustentadas em uma Psicologia crítica e comprometida com uma
Educação para todas e todos.
63
PARTILHANDO EXPERIÊNCIAS
14h - 16h
E-34 - Sala 1
14h - 16h
E-34 - Sala 1
14h - 16h
E-34 - Sala 1
14h - 16h
E-34 - Sala 2
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AVALIAÇÃO PSICOEDUCACIONAL EM CONTEXTO HOSPITALAR: A EXPERIÊNCIA DO PROJETO FOLLOW-UP – HU/CAS – UFJF
FINANCIADOR: PROGRAMA DE EXTENSÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
CAROLINA SERTÃ PASSOS, ANDRIELE MONTEIRO DE OLIVEIRA, CHRISTINA NOGUEIRA DARET, FABRÍCIA SOUZA PERES, MARINA DUARTE PEREIRA, ALTEMIR JOSÉ
GONÇALVES BARBOSA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
Crianças nascidas pré-termo, normalmente, apresentam diferenças marcantes no estado de saúde, nas habilidades cognitivas, no desempenho escolar e no
comportamento quando comparadas a crianças nascidas a termo. Elas têm maiores riscos de apresentar alterações no crescimento e no desenvolvimento
neuropsicomotor em longo prazo. Possuem, também, maior chance de apresentar problemas de saúde na infância e dificuldades de aprendizagem em diversas
áreas. Nascer pré-termo e baixo peso constitui, portanto, um fator de risco para dificuldades de aprendizagem. São, dessa forma, muitas as razões para um
acompanhamento especializado dessas crianças. Esse tipo de serviço tem sido chamado de follow-up. Assim, foi criado no Hospital Universitário da Universidade
Federal de Juiz de Fora – Unidade Dom Bosco um serviço de follow-up para recém nascidos de alto risco, que atende crianças egressas das UTIs Neonatais de Juiz
de Fora e Zona da Mata. Atualmente, cerca de 210 usuários são acompanhados por uma equipe interdisciplinar, composta por médicos, enfermeiros,
fisioterapeutas, nutricionista, assistente social, psicólogos e profissionais afins. Até o final do ano de 2009, o acompanhamento dos usuários era feito até os cinco
anos de idade, mas, com as demandas surgidas nos atendimentos e com base na literatura científica, fez-se necessária a ampliação do acompanhamento para
até oito anos, o que vem sendo feito desde então. Um dos objetivos dessa ampliação foi efetuar uma avaliação psicoeducacional dos usuários em momentos
críticos do período de escolarização (ingresso na educação infantil, imediatamente antes da inserção no ensino fundamental e ao final dos dois primeiros anos
dessa etapa). São analisadas algumas capacidades – cognitivas, metacognitivas, comportamentais, personalidade etc. – que constituem pré-requisitos para a
adaptação escolar, a aquisição da leitura e da escrita, a aprendizagem de matemática e, dessa forma, para o sucesso escolar. A presente comunicação científica
apresenta uma experiência de avaliação psicoeducacional no contexto hospitalar. Para realizar essa avaliação, são utilizados os seguintes instrumentos:
Inventário Portage Operacionalizado; Escala Comportamental Infantil A2 de Rutter; Escala de Maturidade Mental Columbia; Desenho da Figura Humana; Teste
Gestáltico Visomotor Bender (B-SPG); Escala de Traços de Personalidade para Crianças (ETPC); Teste de Desempenho Escolar (TDE) e Avaliações de Capacidades
Metalingüísticas (Teste de Spoonerismo, Roteiro para Avaliação da Consciência Fonológica e Analogia Gramatical). Além disso, são realizadas atividades lúdicas e
obtidas informações de prontuário, em formulários específicos e com os pais e/ou responsáveis. A avaliação psicoeducacional tem se mostrado importante para
identificação das dificuldades e potencialidades dessas crianças. A interpretação do conjunto de medidas aliada à história clínica e de desenvolvimento tem
possibilitado elaborar e implantar orientações para os pais e a escola, tendo, portanto, caráter preventivo. Por todo o exposto, ressalta-se a importância da
avaliação psicoeducacional longitudinal de neonatos de alto risco, no sentido de buscar recursos que favoreçam e estimulem o desenvolvimento dessas crianças,
que podem ter seu futuro escolar comprometido devido às intercorrências pré e perinatais.
UMA INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL: ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR/EDUCACIONAL EM UMA ESCOLA PÚBLICA
FINANCIADOR: VICOM / UFSJ
DALILA BASILIO – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI
Introdução: Este projeto de extensão desenvolvido em uma escola estadual de São João del-Rei desde 2009, se insere na linha de pesquisa “Práticas Sócioculturais e Saber Docente/LAPIP”. Conta com a participação de docentes e discentes dos cursos de Psicologia, Matemática e Música. Essa atuação preventiva
contempla a inserção, compreensão e análise da realidade escolar, a problematização coletiva (escola, família e discentes de Psicologia) de questões escolares e
práticas educativas. Prioriza-se o acompanhamento de uma turma de alunos do antigo PAV (Projeto Acelerar para Vencer), que apresentavam dificuldades no
seu processo de escolarização. Metodologia: Os estudos de Pichon-Rivière sobre grupos operativos, bem como os trabalhos de intervenções em escola
desenvolvidos por Almeida (2003), Antunes (2003) nortearam as ações desenvolvidas nesse projeto. Para os alunos e professores foram distribuídas duas
cartilhas explicativas orientando sobre as atividades desenvolvidas pelo psicólogo na escola. Através de observações do cotidiano da escola, da realização de
entrevistas com seus atores e alguns familiares dos alunos foram levantadas as demandas para esta intervenção. Também o projeto político pedagógico da
escola e a história escolar dos alunos de uma turma do 6º ano foram objetos de análise. A partir dos resultados dessa análise, priorizou-se a realização de
atividades lúdicas grupais com os alunos de três turmas do sexto ano e encontros individuais e grupais com professores, equipe pedagógica e direção da escola.
Resultados: Fortalecimento e a consolidação de uma proposta de intervenção em Psicologia Escolar/Educacional; a parceria com a escola no sentido de
contribuir com a formação dos discentes de Psicologia estreitando as relações entre universidade-escola; o favorecimento de reflexões críticas e a realização de
ações coletivas com todos os envolvidos; a construção de um olhar crítico quanto às políticas públicas que norteiam as atuações dos profissionais no espaço
escolar e a divulgação em eventos científicos. Conclusões: A atuação do psicólogo escolar/educacional precisa considerar as demandas coletivas visando
contribuir para o processo de ensino-aprendizagem e favorecer o desenvolvimento sócio-emocional de alunos. Acreditamos que, para esse propósito, uma
atuação que busque analisar a rede de relações que compõem o processo ensino-aprendizagem de forma multidisciplinar seria mais efetiva.
ATENDIMENTO PSICOEDUCACIONAL: A EXPERIÊNCIA DO PROJETO SEAPE/CPA -UFJF (MG)
FINANCIADOR: PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E CULTURA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
RENATA DE LOURDES MIGUEL DA SILVA, MARISA COSENZA RODRIGUES - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
O atendimento à queixa escolar nos serviços de psicologia aplicada constitui um campo de estágio e uma possibilidade concreta de atendimento à comunidade.
O Projeto de extensão SEAPE – Serviço de Atendimento em Psicologia Escolar/Educacional vem sendo desenvolvido desde 1998 no Centro de Psicologia Aplicada
(CPA) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF/MG). O projeto propõe a contextualização da queixa e a minimização dos encaminhamentos inadequados
para a clínica. Objetiva-se divulgar, integrar e formalizar, por meio do Centro de Psicologia Aplicada (CPA/UFJF), a prestação de serviços e atendimento
psicoeducacional à demanda com queixas relacionadas à escolarização, viabilizando, numa perspectiva proativa e participativa, o atendimento a pais, crianças,
adolescentes, professores e equipes pedagógicas. No ano de 2010 as principais queixas relacionaram-se à: indisciplina, agressividade, desmotivação, hábitos
inadequados de estudos, desatenção, baixa auto-estima e auto-eficácia e co-ocorrência de problemas comportamentais e dificuldades de aprendizagem,
totalizando 23 encaminhamentos. O projeto atendeu 127 pessoas, sendo 17 crianças, 4 adolescentes, 24 pais e 50 professores. A s intervenções com a
criança/adolescente focalizaram a promoção da auto-regulação emocional e empatia, treino de habilidades sociais, orientação de estudos com foco na
motivação, treino de atenção, promoção da auto-eficácia e desenvolvimento das estratégias cognitivas e metacognitivas da aprendizagem. O trabalho com pais,
professores e equipes pedagógicas visou fornecer estratégias concretas que viabilizassem o conhecimento quanto às características de desenvolvimento e as
potencialidades de aprendizagem da criança/adolescente, bem como indicar estratégias psicoeducacionais que viabilizassem a minimização dos problemas
oriundos da queixa na escola e em casa. Foram realizadas 48 orientações a pais e 24 orientações à professores e equipes pedagógicas. Após a conclusão de cada
atendimento realizou-se feedback com a criança, com os responsáveis e também com a escola, indicando avaliações bastante positivas em relação aos
atendimentos realizados. Conclui-se que a atuação do projeto no CPA/UFJF, assumindo uma ótica proativa e contextualizada de intervenção, tem sido eficaz no
atendimento às queixas escolares e suporte ao professor, como também na prevenção de problemas como a evasão escolar.
OS BASTIDORES DA QUEIXA ESCOLAR: DA SALA DE AULA AO CONSULTÓRIO PSICOLÓGICO
ANYELLEM PEREIRA ROSA, SÍLVIA MARIA CINTRA DA SILVA, MARIA JOSÉ RIBEIRO – UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Este trabalho é fruto de uma pesquisa de Mestrado e se encontra em fase final de análise. Sua relevância baseia-se na enorme demanda de queixas escolares
encaminhada às clínicas psicológicas, públicas e particulares, que por um lado, estigmatizam a família e a criança sem de fato ajudarem-nas e, por outro,
requisitam do psicólogo conhecimentos e concepções que abarcam toda a complexidade em que tais queixas se apresentam. O estudo visa contribuir para uma
melhor compreensão da queixa escolar seguindo os caminhos que ela percorre desde a escola até o atendimento psicológico e ainda para um aprofundamento
das concepções e práticas presentes neste percurso, revelando aspectos tanto de manutenção como de superação da queixa escolar e de seus efeitos na vida
dos indivíduos que a ela estão ligados. Entendemos que a escola é a origem da queixa escolar; assim, a pesquisa iniciou-se investigando este universo.
Escolhemos duas instituições particulares, onde entrevistamos as coordenadoras e duas públicas, onde as entrevistas foram realizadas com as diretoras,
perfazendo um total de cinco entrevistas. Utilizamos um roteiro de entrevista contendo temas que se referem à concepção de queixa escolar, encaminhamentos
realizados, interlocução entre o profissional da psicologia e a escola, as possíveis contribuições do atendimento psicológico realizado com a criança encaminhada
com queixa escolar, o papel da escola na superação da queixa e a formação profissional para lidar com esta. A partir dos dados construídos até aqui, podemos
afirmar que a queixa escolar tem o seguinte caminho: inicialmente os professores, juntamente com a responsável pela equipe psicopedagógica, identificam uma
criança que esteja com alguma diferença em relação ao restante do grupo de sua sala, seja no aspecto pedagógico ou comportamental. Inicia-se então um
trabalho pedagógico dentro da escola no mesmo turno ou extra turno, comunicando-se os pais e paralelamente ou posteriormente ao trabalho realizado sem
que seja observada uma efetiva mudança, encaminha-se esta criança para profissionais fora da instituição. Com relação à compreensão da escola sobre a queixa
escolar encontramos diferentes respostas que se baseiam em pressupostos comuns, ou seja, embora com definições diferentes, as dificuldades no processo de
escolarização são dificuldades do aprendiz. Percebemos nas entrevistas que estas escolas apresentaram uma tentativa de trabalho específico, no caso
pedagógico, para as crianças antes de encaminhá-las, enfatizando a importância do psicólogo para os casos em que acreditam não haver mais o que fazer por
parte da instituição. Geralmente são questões no âmbito emocional ou familiar, sendo o psicólogo pouco reconhecido para o trabalho ligado a questões
pedagógicas. Assim, destes bastidores do encaminhamento podemos destacar mecanismos institucionais que levam a concepções de aluno ideal, a
patologização dos processos sociais e educacionais e a supervalorização da avaliação diagnóstica via saber psicológico. Mostra-se urgente, então, divulgar
práticas em Psicologia que busquem a compreensão e a superação dos problemas encontrados nas condições concretas do cotidiano escolar, que não se aliem a
esta forma de conceber a queixa escolar e que possam intervir na instituição antes que ocorra um encaminhamento equivocado, a ser resolvido fora dos muros
da escola.
14h - 16h
VIVÊNCIAS DO PSICÓLOGO ESCOLAR NO PROGRAMA DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E O DESAFIO DA INCLUSÃO NO
COTIDIANO ESCOLAR
E-34 - Sala 2
FLAVIA NASCIUTTI, ANAMARIA RODRIGUES RESENDE DE SOUSA, SUELY MARIA MORO GORLA - PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAGUARI
A experiência aqui relatada teve início no ano de 2009, na rede municipal de ensino de Araguari/MG, quando foi implantado a Atendimento Educacional
Especializado (AEE) que surgiu a partir de uma necessidade observada em nosso município de zelar pelo processo de inclusão so cial e educacional em nossas
escolas. O NAI (Núcleo de Apoio à Inclusão) é o departamento responsável pela implementação desta modalidade de atendimento e conta com três psicólogas
escolares junto à equipe multidisciplinar. A relevância do projeto refere-se a possibilitar meios para o processo de inclusão educacional dos alunos garantindolhes o direito de frequentar e fazer parte das escolas regulares municipais. O programa atende alunos com deficiência, que apresentam impedimentos e/ou
limitações de longo prazo, de natureza física, intelectual, mental e/ou sensorial; alunos com transtornos globais do desenvolvimento, que apresentam quadro de
alterações no desenvolvimento neuropsicomotor e/ou nas relações sociais, na comunicação, etc e alunos com altas habilidades/superdotação. Os principais
objetivos do programa são: identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que considerem suas necessidades específicas;
complementar e/ou suplementar a formação acadêmica dos alunos, com vistas à sua autonomia; desenvolver o potencial dos alunos e professores, mudando o
foco de suas “limitações” para suas “potencialidades”. As ações desenvolvidas pela equipe envolvem atendimentos aos alunos no contra-turno, buscando
compreender seu processo de aprendizagem e favorecer o desenvolvimento de suas habilidades mentais; acompanhamento dos casos encaminhados junto com
os professores do AEE, orientando sobre Plano de Ação Individual e estratégias de intervenção; orientação aos familiares e professores da sala regular e
formação continuada dos professores. Os atendimentos são realizados individualmente ou em grupo, de acordo com cada caso. O trabalho é recente em nosso
município, mas vem crescendo e alcançando resultados bastante positivos no que se refere à Inclusão e à Educação Básica de qualidade. Acreditamos que o
maior desafio do Projeto consiste na mudança na compreensão da educação por parte dos profissionais, principalmente os professores da sala regular que
parecem “sonhar” com salas homogêneas, onde todos aprendam da mesma maneira, com alunos e famílias ideais. Atrelado a isso, existe uma expectativa de
que psicólogos e psicopedagogos assumam a responsabilidade de tais casos e deem uma solução rápida e mágica para os mesmos. Por outro lado, há também o
desafio de se trabalhar com os pais para que se comprometam com o acompanhamento de seus filhos e os levem para os programas de atendimento, que em
geral ocorrem no contra-turno.
14h - 16h
E-34 - Sala 2
14h - 16h
E-34 - Sala 2
14h - 16h
E-34 - Sala 3
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
KLENIO ANTONIO SOUSA, JULIENE MADUREIRA FERREIRA - ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
A inserção do psicólogo no contexto educacional da Educação de Jovens e Adultos apresenta-se como uma oportunidade de estudo de um campo, uma vez que,
investigar e entender questões específicas desta modalidade, como o significado do abandono e do retorno à escola, constitui-se prática importante para
direcionar ações deste profissional. Além disto, nos últimos anos, esta modalidade tem recebido adolescentes na faixa entre 18 e 25 anos revelando um novo
cenário na educação de jovens e adultos e apresentando um desafio para professores das diversas áreas, incluindo da psicologia, uma vez que este público mais
jovem frequenta o mesmo espaço que adultos. O presente trabalho visa discorrer sobre as possibilidades de atuação do psicólogo escolar na modalidade de
Educação de Jovens e Adultos (EJA), tendo como referência as discussões sobre a psicologia escolar/educacional da teoria histórico-cultural. Para tanto,
apresenta-se reflexões sobre a atuação desse profissional a partir da realidade da Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia, Colégio de
Aplicação localizado no município de Uberlândia, Minas Gerais. A referida escola atende a aproximadamente 70 alunos na EJA com um corpo docente
multidisciplinar, que conta com a participação do psicólogo escolar. Neste contexto, o docente da área de psicologia escolar oferece diversos espaços de
acompanhamento psicopedagógico, a exemplo; oficinas de orientação e organização de estudos, intervenções psicopedagógicas em sala de aula, trabalhando
temas que auxiliem no processo de escolarização dos alunos e intervenções individualizadas que atendem as demandas dos alunos nas questões relacionadas ao
processo de ensino/aprendizagem. Com base nessas práticas observamos a importância do trabalho da psicologia dentro da Educação de Jovens e Adultos,
principalmente no que tange a compreensão do espaço escolar nessa faixa etária e no desenvolvimento de estratégias que auxiliem os alunos a se organizarem
para responderem às demandas desse espaço.
ATENDIMENTO CONTEXTUALIZADO À QUEIXA ESCOLAR: EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO NO PROJETO SEAPE/CPA (UFJF)
THAÍS COSTA DE TOLEDO, MARISA COSENZA RODRIGUES - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
Apresenta-se um relato de experiência de estágio realizado na área de psicologia escolar e educacional em um projeto de extensão universitária vinculado ao
Centro de Psicologia Aplicada da Universidade Federal de Juiz de Fora (CPA/UFJF), durante o período de março a novembro de 2009. O estágio curricular nessa
área ocupa um lugar de importância e destaque na graduação, uma vez que abre possibilidades para que o aluno entre em contato com o exercício profissional e
todos os desafios que o envolvem. O Projeto SEAPE – Serviço de Atendimento em Psicologia Escolar/Educacional, constitui uma das vertentes possíveis de
estágio curricular do curso de Psicologia da UFJF e fundamenta suas atividades na prestação de serviços e atendimento psicoed ucacional à demanda espontânea
que procura atendimento especializado e acessível, a fim de otimizar o processo ensino-aprendizagem considerando aspectos cognitivos, afetivos e sociais.
Propõe-se a viabilizar, de forma contextualizada e participativa, o atendimento a pais, crianças e adolescentes, professores, equipes pedagógicas e aos demais
agentes educativos que convivem com queixas relacionadas à escolarização nos diferentes níveis de ensino das redes pública e privada. O estágio tem como foco
prioritário minimizar encaminhamentos inadequados para a clínica bem como, dentre outros aspectos, promover o desenvolvimento de habilidades acadêmicas
das crianças encaminhadas. Durante o ano de 2009, o projeto totalizou 21 atendimentos sendo que seis foram realizados enquanto atividade do estágio
curricular e envolveram queixas relacionadas à co-ocorrência de problemas comportamentais e de aprendizagem como hiperatividade, desatenção,
agressividade, baixo senso de auto-eficácia e desmotivação para estudos. Os seis atendimentos envolveram crianças de 5 a 14 anos de idade, cinco alunos
oriundos de escolas da rede pública e um da rede privada de ensino de Juiz de Fora. Os atendimentos focalizaram uma perspectiva ps icoeducacional mais
proativa e breve, abrangendo os contextos de desenvolvimento como a escola e a família com a realização de trei nos de atenção, desenvolvimento de
habilidades sociais, da auto-regulação emocional, resolução de problemas interpessoais e orientações quanto aos hábitos e organização de estudo. Todas as
crianças foram observadas no contexto escolar e quanto ao desempenho em tarefas que apresentavam dificuldades. Tanto na etapa de avaliação da criança
quanto na implementação do plano de atendimento psicoeducacional utilizou-se de instrumentos de sondagem, jogos e materiais psicopedagógicos, análise dos
cadernos escolares bem como de diversificados livros de histórias infantis. A experiência de estágio também incluiu entrevistas (iniciais) e orientações com
professores e pais as quais foram realizadas durante e ao final do atendimento visando proporcionar subsídios relevantes para a prática docente com a criança e
uma monitoria mais positiva no ambiente familiar, envolvendo, por exemplo, os deveres e tarefas escolares. Conclui-se que a experiência de estágio no Projeto
SEAPE/CPA foi bastante positiva no que tange à necessidade da contextualização da queixa escolar que oportuniza contatos com a realidade das escolas,
professores e na delimitação de recursos presentes no ambiente familiar que podem ser redimensionados a partir do trabalho do psicólogo escolar.
O EDUCADOR INFANTIL: PENSANDO SUA FORMAÇÃO POR MEIO DE OFICINAS EXPRESSIVAS
FINANCIADOR: PROEX / PEIC / UFU
CAMILA TURATI PESSOA, ANABELA ALMEIDA COSTA SANTOS, CARMEN LUCIA REIS, ISABELA RESENDE CARNEIRO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLANDIA
Este trabalho consiste em um projeto aprovado pela Pró-reitoria de Extensão da Universidade Federal de Uberlândia que ocorreu no período de fevereiro a
outubro de 2010. O projeto foi realizado por alunas do curso de Psicologia desta universidade em uma escola estadual da cidade que oferece o curso de
Magistério. A proposta buscou criar momentos de reflexão sobre o ser e fazer do educador infantil por meio de oficinas vivenc iais que possibilitaram espaços de
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trocas, construção e aprendizagem de diferentes formas de ser no mundo, conectando sentimento ao corpo, à fala e à expressão plástica. Esta reflexão se faz
necessária visto que para trabalhar com crianças de até 5 anos é preciso conhecer seu desenvolvimento, necessidades e formas de aprendizagem. Nestas oficinas
tínhamos também a proposta de trabalhar com conhecimentos de Psicologia, referentes ao processo de desenvolvimento e às relações que se dão no contexto
escolar, articulando-as com a prática do educador. O projeto foi realizado com três turmas compostas por cerca de 20 alunos cada, de diferentes períodos do
curso de Magistério. As oficinas foram estruturadas em 6 encontros de aproximadamente 1 hora e meia cada, cujos temas trabalhados iam desde a reflexão
sobre o papel do educador infantil até o pensar as possibilidades de atividades que podem ser desenvolvidas com as crianças. Cada oficina era construída
levando em conta estas temáticas, bem como as demandas que emergiram durantes os encontros. Além de possibilitar a reflexão sobre os assuntos abordados,
buscávamos apresentar diferentes recursos - tais como livros, tintas, telas, recortes, dentre outros – com o intuito de movimentar as capacidades expressivas dos
alunos e interação com seus pares, para que pensassem e aprimorassem seus próprios olhares sobre a atuação e concepção do ser educador. Percebemos que
nosso trabalho agiu de forma pontual dentro do curso de Magistério, bem como dentro da dinâmica da instituição. Ao longo e ao final de nossas atividades com
as turmas foi possível mobilizar o início de uma reflexão, e como eles mesmos apontaram nos encontros, o trabalho plantou uma semente de questionamento e
um sentimento de “posso fazer diferente”. Sendo assim, a proposta mostrou-se como uma soma à formação que recebem no curso de Magistério e que
possibilitou um espaço diferenciado para a escuta, fala, reflexões e trocas de experiências.
14h - 16h
E-34 - Sala 3
14h - 16h
E-34 - Sala 3
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ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR NA REDE PÚBLICA DE ENSINO: ASSESSORAMENTO INSTITUCIONAL (?)
LUIS FERNANDO ALTENFELDER ARRUDA CAMPOS, PATRICIA DE SOUZA LIRA, RAFAEL GARCIA MORCILLO JUNIOR - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO GUARUJÁ
Este artigo tem o objetivo de relatar a experiência de psicólogos escolares que atuam na equipe de apoio psicopedagógico da Secretaria de Educação do
Município de Guarujá/SP. Busca-se reconhecer e refletir os desafios, dificuldades e possibilidades que compõem a atuação do psicólogo junto à equipe
multidisciplinar no assessoramento institucional à rede pública de ensino. Tendo-se como pressuposto que o assessoramento institucional deve pautar-se na
parceria com os agentes educacionais e comunidade escolar o campo de atuação profissional do psicólogo tem-se constituído na escuta da equipe gestora das
unidades escolares, professores e familiares, participação em reuniões pedagógicas e orientação de ensino, formação de educadores, articulação intersetorial
dos serviços oferecidos pelas demais secretarias do município. Dentre as dificuldades encontradas na prática no contexto educacional estão o não
(re)conhecimento do papel do psicólogo escolar, o predomínio da queixa individual que localiza o problema no aluno, poucos momentos para reflexão dos
educadores quanto às suas responsabilidades e possibilidades de contribuição no processo de ensino-aprendizagem. Embora sejam diversas as dificuldades temse como o maior desafio para a prática profissional no município encontrar caminhos para modificar as relações interpessoais existentes nas instituições de
ensino, superando a queixa individual depositada no aluno de forma a implicar os educadores na reflexão dos determinantes do fracasso escolar e na produção
de uma educação pública de qualidade no Brasil.
PROBLEMATIZANDO A QUEIXA ESCOLAR ATRAVÉS DA IMPLICAÇÃO DOS SUJEITOS COM ELA ENVOLVIDOS
RICARDO TAVEIROS BRASIL
A experiência de atendimento aqui relatada se deu no contexto de um estágio supervisionado e de um curso de aprimoramento em psicologia escolar de uma
universidade privada da zona leste de São Paulo. Trata-se de um recorte da história de uma jovem de 14 anos de idade que teria chegado ao 7º ano do Ensino
Fundamental de uma escola estadual sem ter adquirido noções básicas de leitura e escrita. Somavam-se às dificuldades da jovem em apropriar-se dos conteúdos
escolares os questionamentos de sua mãe a respeito dos motivos pelos quais a filha não estaria conseguindo aprender aquilo que, a bem da verdade, já deveria
ter aprendido na escola. Os desdobramentos da experiência de estágio, em 2009, fizeram com que se decidisse pela continuidade dos atendimentos em 2010. O
ponto de partida foi a realização de uma investigação da queixa, na qual se buscou historicizá-la a fim de compreender os meandros e percalços de sua
produção. A escuta da jovem, de sua mãe, de seus professores e de outros profissionais da educação e da saúde permitiu a elaboração de uma análise históricocrítica do problema em causa que, por sua vez, balizou o processo de intervenção no sentido de implicar essas pessoas numa po ssível superação da condição
problemática. Verificou-se que a imagem desta jovem na escola, ainda que colada a diferentes nomes e termos, era uma imagem consideravelmente estática e
cristalizada (desinteressada, resignada, suposta disléxica) atrelada a uma série de “nãos” (não possui, não faz, não consegue, não domina). No entanto, tal
imobilidade não aparecia nas sessões em que se experimentava leitura e escrita como representação social da linguagem (por me io da escrita de uma carta), em
que se criavam hipóteses e se faziam questionamentos pertinentes a alguém que está em franco processo de alfabetização (por que asilo se escreve com ‘s’ se o
som é de ‘z’?) e em que aos poucos se descobria que não havia nada de errado, nada de débil e nada de deficitário com ela. O evidente potencial de
aprendizagem da jovem, capturado pela própria história de seu processo de escolarização, ainda poderia ser resgatado a partir de uma mobilização que a
implicasse (por meio da realização de exercícios e experimentações com a língua escrita nas sessões) e que implicasse também seus professores (na medida em
que as discussões favoreciam a emergência de novas perguntas e novos olhares), sua mãe (a partir da noção de que a filha nunc a foi incapaz ou portadora de
qualquer distúrbio), as fonoaudiólogas que a atenderam (pelo estranhamento de tantos encaminhamentos oriundos da rede pública de ensino fundamental) e o
próprio psicoterapeuta (que, ao observar os movimentos da jovem, visava sempre o seu devir). Do que cabe aos objetivos de um atendimento psicológico atento
à multiplicidade de fatores envolvidos na constituição histórica do processo de escolarização de um sujeito, pode-se dizer que a referida experiência traz
elementos para se continuar a pensar e a fazer a clínica da queixa escolar numa perspectiva crítica.
AVALIAÇÃO PSICOEDUCACIONAL: UM AUXÍLIO NAS DIFICULDADES EDUCACIONAIS
EDALCLÉIA SORAYA CAVALHEIRO, JOSEMARY GIRALDI - FACULDADE GUAIRACA
Este trabalho foi realizado no estágio curricular de intervenção psicoeducacional do curso de Psicologia da Faculdade Guairac á - Guarapuava/PR, no segundo
semestre letivo de 2010. A proposta é a avaliação, atendimento e acompanhamento de crianças de 6 a 14 anos que apresentam pro blemas de aprendizagem,
necessidades educativas especiais, transtornos de aprendizagem e/ou desenvolvimento, objetivando ensinar o acadêmico a avaliar e intervir nos aspectos
escolares nos seus diferentes níveis (individual, familiar e escolar). O caso caracteriza-se pela avaliação de uma criança de 10 anos, com histórico de saúde
fragilizada, defasagem na aprendizagem e dificuldades na fala/escrita. Possui diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, depressão e
tratou-se de epilepsia durante oito anos. Realizou três cirurgias (olhos; fimose; hernia na barriga) e aguarda das vias respiratórias (adenóide). Apresenta queixa
de agitação, distração, alterações de humor, ansiedade e baixa capacidade de memorização na escrita e solução de cálculos. Ao realizar entrevista, compareceu a
mãe. Entretanto, devido à queixa de dificuldade de aprendizagem utilizou-se a Escala Wechsler de Inteligência para Crianças - WISC III, que indicou inteligência
média inferior, principalmente nos subtestes de execução. Portanto, numa avaliação psicoeducacional, outros contextos são essenciais além dos resultados de
testes, que significam um instrumento auxiliar. Nesse sentido, o teste projetivo HTP indicou as dificuldades em aceitar o desfragmento familiar, como o A.V.C. da
mãe, a separação dos pais e o casamento da irmã. Cabe salientar que fatores externos dependem da representação que eles têm para a criança. Por isso,
verificou-se que ele apresenta carência de afeto e desejo forte de ter sua família reunida, além de angústia, ansiedade, medo e insegurança. Percebe-se
comportamento infantilizado e uma relação simbiótica estabelecida com a mãe. Esta forte dependência emocional traz consequências no aproveitamento
escolar, pois o mesmo somatiza todos os problemas familiares e, ambos ficam doentes constantemente. A partir da teoria psicanalítica consultada foi observado
que a criança e a mãe necessitam do processo psicoterapêutico, por apresentar conteúdos emocionais não elaborados. Devido à hipótese diagnóstica de dislexia,
solicitou-se avaliação fonoaudiológica, levando-se em consideração a importância do diagnóstico multiprofissional, mas descarta-se a dislexia. Constatou-se a
necessidade de procedimento cirúrgico das vias respiratórias para melhorar o desenvolvimento na escrita/linguagem. Nos contatos com a escola observou-se
ausência de qualquer intervenção pedagógica, sendo solicitado um reforço em contra-turno escolar, com características lúdicas. A partir deste caso é possível
identificar a medicalização da aprendizagem, sendo que esta criança apresenta diversos diagnósticos médicos. Constatou-se a importância das questões
pedagógicas, já que nenhuma intervenção havia sido realizada afetivamente e emocionais, pois tornou-se visível a relação simbiótica e a infantilização
estimulada, o que contribuem para o baixo rendimento escolar. Apesar da evidente evolução em relação à forma como a criança está se relacionando
socialmente e do trabalho concomitante com sua mãe, torna-se necessária a continuidade do acompanhamento. A partir dessa reflexão, conclui-se à
necessidade de maiores estudos em relação à interferência de conteúdos emocionais no processo de aprendizagem das crianças.
O BRINCAR E AS INTERAÇÕES SOCIAIS
TERESA CRISTINA MAGNABOSCO DE OLIVEIRA – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
A experiência que será relatada fez parte de um projeto maior que passa ganhar corpo no segundo semestre de 2005 na escola M. C. A. devido frequentes
queixas relacionadas a atos violentos nos vários espaços da escola em especial no intervalo. Os envolvidos, encaminhados para secretaria, e lá passavam pela
“sessão pito” como era denominada pelos estudantes. Situação que repetia-se diariamente, constrangedora, muitas vezes exagerada, tomava tempo dos
estudantes e das profissionais e pouco contribuía para a resolução do problema. Com colaboração da orientadora iniciou-se a fase de coleta informações para
compreensão da dinâmica escolar naquele momento. Como resultado, verificou-se elevado índice de dificuldades no processo de ensino-aprendizagem;
atividades rotineiras dentro e fora de sala de aula; descumprimento de regras, inclusive dos próprios funcionários; ações e atitudes sem continuidade e até
contraditórias do setor administrativo; restrições à participação da família na escola demonstrando a necessidade de diversas intervenções. Com relação ao
intervalo, os estudantes possuíam apenas uma quadra a sua disposição e um grande espaço físico. Acreditando como Santos (2001), que a violência só pode ser
superada empregando caminhos sedutores, com ações preventivas e promoção, entre outras coisas, da auto-valorização, auto-estima e auto-realização, foi
proposto uma intervenção envolvendo artes, jogos, a brincadeira que segundo Camargo (2006), tem sido uma forma de despertar o interesse, desenvolver
potencialidades, facilitar interações e proporcionar momentos de reflexão, que consideramos necessário não só para os estudantes desta instituição. Pareceunos importante demonstrar, que tanto os indivíduos que ensinam e aprendem participam de uma mesma lógica da vida humana, uma vez que se desenvolvem
em uma ou outra direção de acordo com a intensidade das mediações sócio-históricas que vivencia (Barroco 2007). O projeto tratou do brincar como uma
atividade central da infância indicada por Leontiev (2001), como atividade própria da criança como coloca Piacentine (2008), uma ação impregnada de magia que
cria e recria maneiras de estabelecer relações móveis, que rompem limites e conquista espaços. Passou a ser executado no inicio de 2006 com leituras de textos
relacionados à temática com os professores da rede. Foi realizada os professores uma oficina de confecção de jogos e brinquedos de sucata. As professoras de 3ª
e 4ª séries orientaram seus alunos em um levantamento sobre brinquedos e brincadeiras utilizados pelos seus pais quando novos. As professoras do setor de
apoio pedagógico conduziram uma oficina destinada às 4ªs séries, onde foram confeccionados brinquedos que juntamente com livros, aparelho de som e bolas,
passaram a ser dispostos em vários pontos do pátio no intervalo. Alguns resultados: os brinquedos e jogos serviram para colorir e dar mais significado ao
intervalo, substituindo conflitos (90%) pelo lúdico; trabalhar como equipe possibilitou a reflexão sobre a participação/respo nsabilidade de cada um na dinâmica
escolar; a discussão e busca de alternativas para problemas; repensar a prática pedagógica, entre outros. Resultados estes que comprovam a importância das
ações conjuntas processo de formação dos indivíduos articulações com a aprendizagem e as relações sociais.
14h - 16h
E-34 - Sala 4
14h - 16h
E-34 - Sala 5
14h - 16h
E-34 - Sala 5
PROMOVER A APRENDIZAGEM ATRAVÉS DE ATIVIDADES PSICOMOTORAS
TERESA CRISTINA MAGNABOSCO DE OLIVEIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
O relato que ora se inicia diz respeito a um projeto desenvolvido em uma escola pública com 600 alunos no ano de 2002, em um município de pequeno porte do
estado do Paraná que apresentava muitas queixas de defasagens na aprendizagem que incorriam em inúmeros encaminhamentos à avaliação psicopedagógica,
além de um grande número de crianças retidas na 1ª série, apesar do ensino estar organizado em ciclos. Outro dado bastante significativo era a culpabilização do
aluno e de sua família pelas dificuldades encontradas em sua escolarização. O objetivo: demonstrar aos professores responsabilidade e as diversas possibilidades
que a escola possui para contribuir e estimular o desenvolvimento de habilidades, conceitos e noções necessárias ao aprendizado formal além de proporcionar,
aos estudantes, atividades recreativas tanto individuais como grupais. O projeto proposto pela psicologia e a educação física com auxiliados pelas professoras do
apoio pedagógico consistiu na organização e oferta de uma série de atividades envolvendo as áreas psicomotoras, uma vez que estas promovem a integração
entre organismo e meio e entre as dimensões cognitiva, afetiva, e motora na constituição da pessoa como defendeu Wallon. Foram utilizados os recursos
presentes na escola como carteiras, cestos de lixos como cestas para arremesso de bolas, bolas, aparelho de som, jogos pedagógicos; materiais cedidos pela
Secretaria de Esportes com rede para jogo de peteca; outros materiais foram confeccionados pelas profissionais envolvidos como: boliche com garrafas petis,
jogos de memória, bolas de meias, entre outros; além disso, foram adquiridos pela escola: petecas, revistas tipo Coquetel com atividades como cruzadinha, caça
palavras, etc. Durante uma semana, todas as turmas da escola, em momentos diferentes, passaram por todos os pontos do circuito, forma como foram
organizadas as atividades, que estavam sob responsabilidade de um ou dois professores que orientavam sua execução. Além de uma semana diferente, divertida
como resultado foi possível iniciar um grupo de estudos sobre diversos aspectos e situações vivenciados na escola. Inicialmente foram realizadas leituras
discussões sobre o papel da escola, do professor como mediador do conhecimento, leituras de projetos com resultados positivos. Além destes foi observa do
algumas iniciativas por parte de algumas professoras que de forma individual ou em grupos passaram a organizar atividades para dinamizar, ilustrar suas aulas ou
atividades com sua turma para apresentar para a comunidade escolar. Esta experiência demonstrou a importância das intervenções e trabalho interdisciplinar,
da necessidade de provocar e mediar situações que gerem reflexões que possam levar à mudanças de atitudes.
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA ESCOLA: O TRABALHO DO PSICÓLOGO NA ORIENTAÇÃO FAMILIAR
DANIELLE GRATTÃO ROVINA, NATHIENNE APARECIDA SILVA PINTO, ANA LUCIA FERRA FINOCCHIO – UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL
Este trabalho traz um relato de experiência sobre um dos atendimentos que ocorre desde 2010, no Estágio Supervisionado em Psicologia e Processos Educativos
IV e V junto às famílias de crianças e jovens de escolas públicas que chegam até a clínica-escola do Campus de Paranaíba-MS da Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, com queixas de dificuldades de aprendizagem escolar. Os atendimentos são integrados de forma a trabalhar tais queixas, considerando as
vivências escolares e as relações parentais das crianças/adolescentes envolvidos. Partindo do princípio que o homem é um ser social que se constrói
historicamente, na relação com o outro, produto e produtor da cultura humana, entendemos não ser possível desconsiderar a importância que a família exerce
na estruturação do psiquismo de seus filhos, assim como na construção de suas identidades, nos seus processos de aprendizagem e, também, na formação de
suas subjetividades. Sendo assim, para compreender e trabalhar com crianças/adolescentes que apresentam dificuldades de aprendizagem, primeiramente,
deve-se adotar uma linha de investigação e ação que nos leve à compreensão do indivíduo, da sua família, sua inter-relação com seus membros, assim como da e
na sua escola. O objetivo desse trabalho é possibilitar aos acadêmicos desenvolver conhecimentos sobre as práticas psicoeducacionais através de ações
preventivas e de intervenção psicopedagógica. Este trabalho é realizado com um grupo de seis acadêmicos que atendem em duplas, e cada uma fica responsável
por atender uma demanda, ou seja, as crianças, os adolescentes, os pais e as escolas, sendo que esta última é visitada apenas pelos acadêmicos responsáveis
pelos atendimentos das crianças/adolescentes. O trabalho acontece em três momentos, sendo que no primeiro são realizados estudos, pesquisas e discussões
sobre o tema. No segundo, é feita uma investigação sobre os casos encaminhados à clínica-escola com queixas de dificuldades de aprendizagem escolar. E no
terceiro momento, as duplas, por meio de grupos operativos atendem uma demanda, ou seja, as crianças, os adolescentes e seus pais. Sendo que as escolas são
visitadas apenas pelos acadêmicos responsáveis pelos atendimentos das crianças e adolescentes. Considerando essa proposta, a experiência aqui compartilhada
é o atendimento aos pais, cujo objetivo é compreender melhor sobre a dinâmica familiar, a relação existente entre os pais, seus filhos e a escola. Pode-se
observar no grupo de pais mudanças relevantes na conduta dos pais com seus filhos, e paralelamente, a mudança de comportamento dos filhos com relação à
escola. Assim, o trabalho contribui para que o fracasso escolar não seja entendido como algo individual, inerente ao aluno, mas seja compreendido em sua
totalidade, considerando o contexto onde esse aluno está inserido: família, escola e diversos outros grupos dos quais ele é parte integrante. O trabalho
possibilita reflexões aos profissionais da Psicologia Escolar e Educacional na busca de novas estratégias que permitam uma participação efetiva da família na
educação escolar de seus filhos, além de trazer melhorias nas relações afetivas familiares.
REFLEXÕES A CERCA DE UMA INTERVENÇÃO REALIZADA EM UMA ESCOLA MUNICIPAL
FELIPE OLIVEIRA, MARCELA PETERS CREMASCO GONÇALVES – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
O presente trabalho visa apresentar reflexões a respeito de uma intervenção realizada em escola municipal, vinculada à disciplina da graduação do curso de
Psicologia da USP “Psicologia Escolar e Práticas Institucionais”. A intervenção foi fundamentada pela perspectiva histórico-crítica sobre a demanda escolar, tendo
como finalidade proporcionar aos estagiários reflexões e atuações pertinentes ao psicólogo em instituições escolares, considerando a relevância e importância
da intervenção para a escola e seus personagens. A partir de uma demanda explicitada pela escola e um breve contato inicial dos estagiários com aquele
ambiente escolar, o objetivo da intervenção consistiu em possibilitar o surgimento de espaços de expressão, onde pudessem ser reconhecidas e problematizadas
as dificuldades e para além delas, as possibilidades, estratégias bem sucedidas e potencialidades de professores e alunos que estivessem passando
despercebidas ou sendo pouco reconhecidas e subutilizadas por cada um e/ou pelo coletivo dos personagens da cena escolar. O projeto foi realizado em uma
escola municipal da zona oeste de São Paulo, e consistiu em três modos distintos de atuação. Um deles consistiu em intervenções em sala de aula (professor fixo,
alunos e dupla de estagiários) e foi realizado semanalmente. Um outro, em reuniões quinzenais com o grupo gestor. A intervenção aqui tratada diz respeito a um
terceiro modo e consistiu na participação quinzenal de uma dupla de estagiários em duas reuniões de professores, da manhã e da tarde. O foco dessas reuniões
passou a ser a realização desses grupos compostos por professores, representantes da equipe gestora e estagiários de psicologia, sendo proposto um espaço
coletivo para circulação da palavra e reflexão – tanto sobre dificuldades e sofrimentos, como sobre estratégias e atuações dos profissionais diante do que se
apresentava no cotidiano escolar. Ocorreram quatro encontros com cada grupo e, de forma geral, houve dois momentos distintos ao longo dos encontros em
ambos os grupos. No primeiro momento constituiu-se um espaço para cada participante falar de si próprio, expor suas dificuldades, expectativas, objetivos e
frustrações. No segundo momento houve um movimento de abertura em relação à experiência do outro e o início de reflexões coletivas sobre as questões
escolares, sobretudo as dificuldades dos profissionais na escola e a visão que se tem dos alunos, ainda possibilitando enxergar as diferentes histórias de um
determinado aluno; além disso, foi possível conhecer particularidades dos trabalhos de uns e problematizar a importância do compartilhamento de ações e
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estratégias. O sentido da intervenção seria através da experiência compartilhada entre estagiários e professores construir uma relação de coincidência, onde a
perspectiva teórica da psicologia juntamente ao saber docente pudessem trazer novas produções de sentido àquilo que é dito e experienciado, considerando os
processos de constituição do que se apresenta na escola. Dessa forma, consideramos que nossa principal atuação foi desencadear um processo de reflexão sobre
o que era tido como naturalizado, possibilitando romper o discurso negativo sobre os alunos, resgatando suas múltiplas histórias, positividades e potências, bem
como a potência dos próprios professores.
14h - 16h
E-34 - Sala 5
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E-34 - Sala 6
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IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO DE CONSULTORIA EM PSICOLOGIA ESCOLAR EDUCACIONAL EM MANAUS
MARLY RODRIGUES PAIXAO DA COSTA, ELIANA MARIA GIRÃO MORAES, ISABEL ALBUQUERQUE DA SILVA CORDEIRO, MEIRY LANE SOARES OLIVIERA, ROBERTA DA
COSTA PINHEIRO – CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE
A modalidade de atuação da Psicologia Escolar/Educacional segundo um modelo de consultoria tem sua origem a partir das necessidades de uma sociedade que
percebe a importância e a contribuição da Psicologia mas que não possui na maioria das suas escolas esse profissional. Tal proposta tinha e tem por finalidade
auxiliar na implementação de propostas que favoreçam o processo ensino-aprendizagem. Após congressos educacionais e várias pesquisas, entre elas as de
Wecheler, publicadas em sua obra denominada Consultoria Escolar: características básicas, em 1989 se deu inicio a um novo conceito de atuação em psicologia
escolar, no qual o psicólogo adentra instituições educacionais como consultor em psicologia educacional, por solicitação da própria escola com o intuito de
propor resolução para uma questão específica. Baseando-se nesses pressupostos e percebendo um número reduzido de profissionais na área de Psicologia na
cidade de Manaus, o Serviço de Psicologia Aplicada – SPA do Uninorte/Laureate, implanta no ano de 2010 a Consultoria em PEE e dá início a um trabalho
realizado a partir da prestação de serviços de assessoria a instituições de ensino, realizando diagnósticos, propostas e intervenções nas escolas consultadas. O
primeiro passo, foi a elaboração de um projeto de estruturação e funcionamento da consultoria, posteriormente foi realizada a seleção dos estagiários que
apresentassem perfil para consultoria: domínio teórico, iniciativa, autonomia e criatividade. Em seguida, iniciaram-se os estudos e discussões a respeito dos
materiais teóricos disponíveis a fim de elucidar conceitos sobre o funcionamento da consultoria e adaptá-los para a realidade amazonense. Estabeleceu-se que
os serviços oferecidos seriam: Assessorias; Diagnóstico Escolar visando identificar as necessidades da instituição; Programas de Motivação; Atividades de
intervenção grupal; Palestras com pais, alunos, funcionários, professores; Orientação vocacional e profissional; Oficinas educativas de Psicomotricidade; Hábitos
de estímulo aos estudos; Criação de brinquedoteca; Cursos de aprimoramento de habilidade para educadores,dentre outras necessidades que poderiam surgir
em função das peculiaridades de cada escola. No principio, os estagiários do 7º. Período de Psicologia, sob a supervisão da psicóloga responsável pela consultoria
fizeram a divulgação do Serviço nas instituições de ensino adjacentes ao SPA, consultando a demanda de cada instituição. Nest e momento ouviram-se as queixas
incipientes de cada escola que falavam sobre: pichações por parte de adolescentes ao prédio da escola, sexualidade precoce e agressividade em crianças de 3 a 6
anos e desmotivação de professores. Direcionaram-se então as atividades para observações e aplicação de questionários para o levantamento de dados a fim de
confirmar as problemáticas em questão. Em seguida, elaborou-se um plano de ação envolvendo gestores, colaboradores, professores, pais e alunos da escola e
para cada grupo foi realizado um momento distinto, adequando os trabalhos às idades, potencialidades e responsabilidades, visando facilitar o processo de
ensino-aprendizagem, além de auxiliar o desenvolvimento e ajustamento cognitivo e sócio-emocional. Como feedback dessas ações foi possível perceber
modificações significativas no funcionamento das escolas consultadas, beneficiando não só a comunidade escolar consultada mas também os estagiários que
vivenciaram uma nova forma de atuação dentro da Psicologia.
RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UMA SALA DO P.E.T.I.
ELLEN CAROLINE ZULTANSKI VICENTE, MARCELO UBIALI FERRACIOLI – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE
A experiência se deu em uma escola municipal da cidade de Irati-Pr, no ano de 2009, como parte do estágio obrigatório do 3º ano do curso de Psicologia da
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), na matéria de Psicologia Escolar e Problemas de Aprendizagem, em parceria com a matéria de
Psicomotricidade. O trabalho foi realizado em uma sala do P.E.T.I. (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), que é um programa que compõe o Sistema
Único de Assistência Social (SUAS), com duas ações articuladas – o Serviço Socioeducativo ofertado para as crianças e adolescentes afastadas do trabalho
precoce e a Transferência de Renda para suas famílias. A demanda apresentada a partir da atuação na escola do referido estágio no ano anterior era a de que os
alunos apresentavam dificuldades psicomotoras, sendo necessária a avaliação individual de cada aluno. Assim, o objetivo inici al foi a realização de um trabalho
individual com os alunos, com a finalidade de avaliar a psicomotricidade dos mesmos, tendo como técnica a aplicação de testes psicomotores. No entanto, esta
atuação foi entendida como sendo fragmentada, compartimentalizada e voltada para o indivíduo, indo contra o que se acredita ser o papel do psicólogo escolar.
Neste sentido, como esta metodologia não estava sendo eficaz, solicitou-se ao supervisor do estágio que houvesse uma mudança de metodologia, sendo
solicitada uma atuação voltada para uma abordagem histórico-cultural. O trabalho foi então repensado e ampliado para um nível mais coletivo. Dessa forma, a
avaliação psicomotora começou a ser avaliada de maneira mais ampla, com todos os alunos da sala, não mais individualmente, com atividades coletivas que
possibilitaram uma melhor atuação tanto dos alunos quanto dos acadêmicos, que conseguiram dar um direcionamento favorável ao estágio. Pode-se perceber
que, ao se verificar a queixa inicial (problemas psicomotores), esta não se fazia presente, denotando que uma atuação tecnicista por parte dos psicólogos nem
sempre é condizente com a realidade. Ao ser assumida uma postura que considera o indivíduo como estando inserido em um contex to sócio-histórico, as
possibilidades são ampliadas e a atuação facilitada. Neste sentido, os resultados alcançados foram muitos, na medida em que na atuação, após sua
reformulação, pôde se trabalhar com os alunos enquanto pessoas com histórias e inseridas em diversos contextos, que não só a escola. Conclui-se que a referida
experiência colaborou para se pensar uma atuação mais crítica e não limitada à aplicação de testes e voltada à individualizaç ão, sendo necessário que não aja
apenas a instrumentalização técnica dos acadêmicos, mas que estes possam assumir uma postura crítica.
FORMAÇÃO DO PESQUISADOR EDUCACIONAL E CEPS
GERALDINA PORTO WITTER - UNIVERSIDADE CAMILO CASTELO BRANCO
A formação do pesquisador em qualquer área requer que se tenha atenção especial com a ética no produzir, publicar e consumir ciência. Isto é válido inclusive
para o psicólogo escolar/educacional. Atuando em CEPs, percebe-se facilmente as lacunas nesta formação, que vão desde a escolha do tema, passando por todos
os aspectos do projeto até a publicação final do trabalho. Muitas vezes, especialmente em projetos de IC e TCC, a falta ética já começa pelo encaminhamento dos
projetos. Os CEPs ao emitir pareceres consubstanciados podem fornecer aos seus usuários pistas relevantes para melhoria do desempenho, bem como para
proteção do próprio pesquisador e do participante, evitando processos judiciais. Para cumprir este papel, os pareceres consubstanciados emitidos pelo CEP
devem ser considerados como aspectos para reflexão e aprimoramento dos projetos. São pistas de pontos sobre os quais os pesquisadores e seus orientandos
precisam de atualização. O CEP também deve participar da formação e fornecer apoio para atualização permanente, por exemplo fornecendo cursos,
informações constantes dos problemas e mudanças nas exigências formais e os avanços nos conhecimentos éticos decorrentes de estudos e de pesquisas.
Espera-se que ministrem palestras e cursos para os que já são pesquisadores, neste último caso, tem-se ótimas condições para troca de informações e
aperfeiçoamento da formação e da produção. Também é necessário informar ao público, em geral, sobre como agir ao serem convidados para serem
participantes de alguma pesquisa. São focados, também, aspectos a serem considerados ao longo da formação do pesquisador e as variáveis relevantes na sua
capacitação ética. O papel dos docentes de metodologia e dos orientadores de IC, TCC, Dissertações e Teses, também são considerados. Pretende-se partilhar
estas experiências com os presentes, esperando-se que da discussão resultem sugestões para os formadores de psicólogos e para os CEPs em estratégias para a
melhoria de pesquisa no Brasil. Abre-se assim um espaço para discussão e troca de experiências, busca de soluções e análises de possíveis estratégias passíveis
de uso nas contingências disponíveis na realidade educacional. Também será uma possibilidade de busca de formas de melhor integração do CEP no processo de
produção e de agilizar formação e desenvolvimento científico. Será possível ainda discutir a melhoria dos níveis de pesquisas, tornando-as mais compatíveis com
a produção esperada de evidências. Vale lembrar que estamos vivenciando o Século da Ciência de Evidências.
ARTICULAÇÃO: UMA PROPOSTA DE INCLUSÃO EM SOCIOEDUCAÇÃO
RENATA HOEFLICH DAMASO DE OLIVEIRA, TEREZINHA FERRAZ, FABIANE TABORDA, LUCIANA FUNCK - CENSE II CASCAVEL
A orientação político-pedagógica do Centro de Socioeducação de Cascavel e Região – Cense II parte da compreensão do adolescente em conflito com a lei como
uma questão que congrega olhares múltiplos, buscando a proposição de práticas que atuem sobre as diversas facetas das condições pessoais e sociais da vida
destes jovens, para, a partir delas, alterar o curso de suas trajetórias de vida. A partir das experiências vivenciadas no Cense II, observou-se a necessidade de
integrar os diversos atores do sistema de atendimento ao adolescente fortalecendo assim a rede existente. O projeto ArticulAÇÃO propõe a realização de um
espaço em que a comunidade tem a oportunidade de discutir sobre o trabalho desenvolvido pela equipe, tornando-se pertencentes a efetivação do processo
socioeducativo. Até hoje, somam-se dois encontros, realizados nas datas de 16 de dezembro de 2009 e 16 de dezembro de 2010. Nos dois anos do projeto, o
encontro foi realizado nas dependências do Cense II e contou com a participação de funcionários, adolescentes internos, representantes de programas que
atendem a adolescentes, secretarias municipais, CRAS, rede estadual de ensino, instituições de ensino superior e demais parceiros da unidade. O objetivo
principal do projeto é disponibilizar um espaço para que a comunidade externa ao Cense discuta acerca das atividades realizadas na unidade, promovendo um
momento de autoavaliação para os participantes no que diz respeito à práticas executadas em parceria, visto que para a efetivação do trabalho é necessária uma
articulação com outras instituições e organizações, mobilizadas com a proposta socioeducativa de construção de um novo projeto de vida para os adolescentes
internados e egressos dos Centros de Socioeducação. A efetivação do projeto, financiado exclusivamente pelo Cense, ocorreram nos dias dos eventos. No ano de
2011 a atividade contou com a participação dos adolescentes internos desde a recepção dos convidados até a apresentação das atividades como palestrantes,
incluindo o direcionamento dos convidados para apreciarem as exposições dos trabalhos expostos no Hal de entrada. O evento foi realizado na seguinte ordem:
recepção dos convidados, apreciação dos trabalhos dos adolescentes expostos no saguão principal, cofee-break, apresentação musical dos adolescentes
internos, palestra de abertura sobre “A importância do trabalho em rede” com a Gerente do Sistema Municipal de Assistência Social, apresentação dos
adolescentes acerca das atividades internas, externas e contato com a rede, fala do diretor, apresentações musicais dos adolescentes internos e visita às
instalações da instituição. Como resultados é observada a consolidação da rede de atendimento ao adolescente, tornando-se cada vez mais forte e unida para a
real implementação das diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como a valorização dos adolescentes e suas histórias como sujeitos de direito.
Observa-se também que a comunidade aceita com menor preconceito as inclusões de adolescentes que cumprem a medida socioeducativa de internação.
Porém ainda são observadas situações de discriminação e segregação desta população, sendo que o projeto visa minimizar tais práticas.
14h - 16h
E-34 - Sala 7
14h - 16h
E-34 - Sala 7
14h - 16h
E-34 - Sala 7
14h - 16h
E-34 - Sala 8
AFETIVIDADE E JOGOS COOPERATIVOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
FINANCIADOR: UFRJ
JOSIANE FONSECA DE BARROS, ERIKA BANDEIRA PASSOS LOUREIRO, NICOLE COLUCCI – UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
O presente trabalho tem como objetivo compartilhar reflexões sobre jogos cooperativos na educação infantil, realizadas na Escola de Educação Infantil da UFRJ.
Apoiados nos pressupostos de Vygotsky, Wallon e Walter Benjamin, a equipe de psicologia trabalhou a questão da afetividade através do viés da cooperação,
desenvolvendo atividades de jogos cooperativos em uma turma de 05 a 06 anos, a fim de superar desafios, favorecer a expressão de sentimentos, apoiar a
construção da auto-estima, favorecer a cooperação entre as crianças e reforçar a confiança mútua. A afetividade está sempre presente nas experiências
empíricas vividas pelos seres humanos, no relacionamento com o “outro social”, por toda a sua vida, desde seu nascimento. Qua ndo a criança entra na educação
infantil, se depara com novos desafios relacionais simultaneamente à construção de sua auto-estima, tendo a afetividade um papel preponderante nessas
primeiras relações sociais, e sendo os jogos cooperativos um favorável instrumento de socialização e cooperação.
SENSIBILIZANDO E COMPREENDENDO O ENSINO DA ARTE ATRAVÉS DO MUSEO
MARIA SARA DE LIMA DIAS, PEDRO MOREIRA DA SILVA NETO - FACULDADES SANTA CRUZ
Contextualização da experiência: a melhoria da qualidade do ensino perfaz a constituição de um olhar estético, histórico e crítico sobre o ensino das artes nas
escolas. A ausência de apoio ligada às profissões de caráter artístico e a banalização do ensino das artes mostra a pouca ate nção que historicamente é dada à
manifestação das expressões artísticas dos alunos na escola. A própria formação do educador requer em relação ao ensino uma vivência ligada à arte, que seja
capaz de gerar inquietações sobre concepção de arte cristalizada de modo a permitir a livre expressão dos alunos. O ensino da arte nas instituições de formação
de professores ao longo do século XX tem servido à reprodução de um olhar culturalmente cristalizado, sobre o que é belo e o que é bom o que se considera arte
e não arte. Diante deste contexto propuse-mo-nos a investigar modos de transformar o olhar dos educadores sensibilizando-os para a temática da arte e sua
importância no ensino fundamental. A mediação do professor requer uma formação plástica e vivencial, uma sensibilidade para olhar a produção do outro, como
possível, e exprimível de si mesmo. Através do diálogo entre as disciplinas de Psicologia Escolar e Metodologia do Ensino da Arte e com o objetivo de possibilitar
a construção uma educação estética na formação dos educadores e a partir das discussões e práticas desenvolvidas no curso de Pedagogia buscou-se romper
com o modelo de atuação e formação convencional dos professores nas escolas. Realizando visitas guiadas pelos professores das referidas disciplina s ao MON
(Museo Oscar Niemayer), na qual participaram grupos de alunos e onde os mesmo puderam trazer seus pares significativos. Pais, crianças e estudantes
participaram da atividade que consistiu não somente em visitar o museu, mas em conhecer as várias exposições e discutir em cada uma delas sobre as técnicas
de pintura, fotografia e escultura. Discutir sobre as formas de expressão artística e estética apresentadas nos trabalhos de autores brasileiros, modernos e
contemporâneos. A possibilidade dialógica que nasce do encontro direto com a arte e o partilhar coletivo de experiências dentro do espaço museologico da
cidade permitiu problematizar o próprio olhar dos educadores. Muitos foram pela primeira vez em suas vidas ao museu e entre olhares de admiração e espanto
as emoções do educador afloram, na produção de novos sentidos e significados sobre concepções de arte e sobre como ensina r a arte. Levaram os educadores à
refletir sobre o que são os fatores culturais e sociais que interferem na produção artística, bem como sobre os fatos históricos, que delimitam o ensino e a
produção da arte nas escolas. Através de uma perspectiva da psicologia histórica cultural bem como da prática transversal do tema da arte nas disciplinas
envolvidas neste projeto, podemos constatar que as vivências artísticas propiciaram a aquisição de um novo olhar estético e ético sobre a atuação do educador
em sua relação com o contexto e a dinâmica atual das escolas no ensino das artes, neste sentido a arte não se ensina se sensibiliza.
A CONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE: CINEMA UMA FERRAMENTA PARA A EDUCAÇÃO POPULAR
SAMARA PEREIRA OLIBONI
A sociedade brasileira possui forte referência na formação acadêmica em nível superior como estratégia para alcance de sua ascensão. Os títulos são conferidos
predominantemente pelas universidades, que possuem, geralmente, espaços para integração do ensino com a pesquisa e a extensão; sendo os projetos,
alternativas para promoção do desenvolvimento amplo do acadêmico. Mesmo havendo este incentivo, é uma parcela restrita de acadêmicos que conseguem
usufruir destas oportunidades, tendo em vista a gama de interessados e os limites de integrantes que cada projeto pode comportar. Buscando atender esta
demanda, bem como experienciar uma metodologia que leve ao hábito da reflexão e do senso crítico pelos acadêmicos da Universi dade Federal do Rio Grande FURG, integrando com os valores e vivências sociais, foi constituído o “Projeto Cinema: vendo e aprendendo”. Após a seleção de quatro temas (drogas, saúde,
psicologia e empreendedorismo), foram escolhidos quatro filmes com tópicos correspondentes. Sendo convidados profissionais com domínio nos temas, que
orientaram o debate por uma hora após a exibição dos filmes, que foram exibidos um por semana. Com vistas de ampliar a abrangência social do trabalho, além
da sua divulgação via página oficial da FURG e gratuidade da participação, os filmes e os correspondentes debates foram apresentados via canal fechado da
televisão universitária. A proposta se demonstrou eficiente, pois houve um número de inscritos que superou as expectativas; foi salientada a arte
cinematográfica como um recurso rico em conteúdo para tratamento reflexivo e sensibilizador do expectador, promovendo assim marcas de possível
enriquecimento das visões sobre os temas propostos; a importância da diversidade de olhares para trabalhar temas de abrangência social, pois através da
sinergia das reflexões dos participantes foi possível destacar a relevância do assunto na vida prática de cada um; a vivência da metodologia manifestada por
participantes, que atuam na área de formação, como uma possibilidade a ser aplicada profissionalmente, como destaca um deles “é uma experiência muito
proveitosa. Nós, como futuros docentes, podemos fazer bom uso dos assuntos abordados e dos debates em nossas atuações”.
OFICINA DE JOGOS ELETRÔNICOS EM UMA INSTITUIÇÃO DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO
EDUARDO MOURA DA COSTA, SÍLVIO JOSÉ BENELLI – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
A experiência que será partilhada tem sido desenvolvida através do estágio curricular de um curso de psicologia, especificamente do quarto ano, em uma
universidade pública localizada no interior do estado de São Paulo. O estágio denomina-se: “Políticas Pública, instituições e Produção de Subjetividade: a análise
institucional como estratégia de atuação profissional”, que por sua vez encontra-se dentro da ênfase intitulada “Políticas Públicas e Clínica Crítica”. O estágio em
questão tem sido realizado em uma entidade filantrópica sócio-assistencial que atende jovens de 12 a 18 anos, excepcionalmente 21 anos, que praticaram algum
ato infracional. O juizado competente encaminha esses jovens para o cumprimento de medidas socioeducativas, seja ela de prestação de serviços à comunidade
ou de liberdade assistida. A instituição conta com oficinas regulares de artesanato, onde se realizam a prestação de serviços à comunidade, aulas de Break,
natação, musculação e informática básica. Após algumas visitas à instituição, observou-se que a sala de informática recém inaugurada, estava sendo pouco
aproveitada, limitando-se a aulas de informática básica e utilização da internet para pesquisas escolares e para o acesso a redes sociais. A oficina de jogos
eletrônicos foi proposta tendo em vista o preenchimento dessa lacuna. O objetivo da oficina foi propiciar a discussão com os adolescentes sobre as Tecnologias
da Comunicação e Informação (TIC), abordando seu desenvolvimento histórico e as transformações sociais, culturais, econômicas e políticas. Tendo como
referencial o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducatico (SINASE), que contém as diretrizes para atuação em medidas socioeducativas, a oficina visa
abarcar tanto o acesso a cultura, como ao lazer. Optou-se pelos jogos eletrônicos, como ferramenta de mediação para tais discussões, devido à possibilidade dos
jovens interagirem de forma lúdica, pelo apelo que os “games” tem para os jovens, e também, pela possibilidade da apropriação da cultura. Entende-se que
esses artefatos tecnológicos e seus derivados, tais como a internet, fazem parte da cultura contemporânea e merecem ser trabalhados com os jovens para que
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eles desenvolvam um olhar crítico para tais tecnologias. Como referencial para problematizar a entidade utiliza-se como aporte teórico a análise institucional, e a
intervenção educativa tem como base os escritos de autores da Psicologia Histórico-Cultural. Como resultado parcial tem-se uma boa aceitação da proposta por
parte da entidade e dos jovens. Conclui-se ser de extrema importância garantir o direito ao acesso a tais produções socialmente produzidas, para que os jovens
não vejam as TICs a partir de uma visão pragmática e utilitarista, mas sim como ferramentas que tem potencial para contribuir para o desenvolvimento social e
intelectual, na medida em que são objetivados e apropriados signos cada vez mais complexos.
14h - 16h
E-34 - Sala 8
14h - 16h
E-34 - Sala 8
14h - 16h
E-34 - Sala 9
CONTOS E LENDAS NA INFÂNCIA SERTANEJA: MEDIAÇÕES DA MEMÓRIA NA FORMAÇÃO DOCENTE
JANAILA DOS SANTOS SILVA, ANTÔNIO CÉSAR DE HOLANDA SANTOS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
O objetivo deste trabalho é discutir a apropriação de conteúdos da disciplina “Desenvolvimento e Aprendizagem” num curso de formação de professores
contextualizado numa região sertaneja, como conseqüência do processo de interiorização da Universidade. Com base numa abordagem histórico-cultural,
partimos de uma compreensão da necessidade de ressignificação das relações entre Psicologia e Educação, escapando assim de práticas utilitárias dos conteúdos
psicológicos na formação docente. Nesse sentido, o planejamento da disciplina “Desenvolvimento e Aprendizagem” envolve uma atividade de exploração da
realidade local e de resgate da memória dos estudantes, como alternativa para potencializar uma formação docente contextualizada e crítica, articulando as
dimensões micro e macro sociais, de forma dialógica. Vale mencionar que os estudantes que são alvo da atividade são sertanejos, tendo vivido suas experiências
de infância também nessa região. Esta atividade de resgate de memória tem como foco os contos e lendas dirigidos às crianças sertanejas, sendo realizada
coletivamente, através de diálogo, dissertação e desenho, bem como através de consulta e escuta de moradores da região. Vislumbramos oportunizar a abertura
de espaço tanto para a revisão da cultura e das crenças locais como contexto de desenvolvimento, como também para o encontro de conceitos psicológicos com
aspectos da existência concreta e contextualizada, possibilitando mudanças epistemológicas na relação entre Psicologia e Educação e reflexões acerca do ensino
dos conhecimentos da ciência psicológica nas licenciaturas.
ESCOLARIDADE CEC. DEVOLVENDO AO MUNDO POTENCIAIS VERDADEIRAMENTE INCLUIDOS
FINANCIADOR: CENTRO DE ESTUDOS DA CRIANÇA
ROSA MARIA PRISTA DUARTE, EUNICE DE FÁTIMA - CENTRO DE ESTUDOS DA CRIANÇA
A Escolaridade CEC é um espaço educacional voltado a pessoas portadoras de "deficiências" que nao encontraram na Escola pública ou particular um espaço de
respeito e dignidade humana. Foi criado a partir da tese doutoral: "A desumanização do Ser nas Escolas de Educacao Especial" PRISTA (2004) para atender um
publico excluido de nosso sistema social. O objetivo não é encarcerar estas pessoas em espaços únicos mas dar condições de sua potencialidade emergir e
desdobrar em atos intencionais voltados para a construção de vida autônoma. Neste espaço estão portadores de encefalopatias e sindrômicos. Desenvolvem
atividades a partir da Pedagogia Freinet e a cada encontro constróem com solidez ações significativas a seu desenvolvimento. Atuam quatro educadores de
graduações diferentes que criam elos interdisciplinares voltados ao desenvolvimento humano.Permanecem diariamente de 8 às 12 horas. O trabalho apresenta
resultados de um ano de trabalho onde está descrito a evolução de cada pessoa deste programa. Conjuntamente está presente uma educadora de famílias
desenvolvendo um trabalho de desenvolvimento perceptivo, cognitivo e relacional . O trabalho será apresentado através de imagens com quadro evolutivo.Um
dos participantes já retornou a escola particular com bom aproveitamento junto a classe formal.
COMUNIDADES DE COOPERAÇÃO E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NA CASA: DESENVOLVIMENTO DOCENTE NA UFC
FINANCIADOR: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FRANCISCO SILVA CAVALCANTE JUNIOR - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
Vivemos o ápice dos limites e dos perigos do individualismo na atualidade. Em momentos de crise, um velho e ainda pouco praticado conteúdo volta à tona:
comunidade ou a sua falta. Desde os clássicos autores da filosofia ocidental, Platão e Aristóteles, para os quais a felicidade e a vida bem-sucedida são resultantes
da capacidade humana de viver em comunidade muitos já percorreram esse conceito, ao longo dos seus escritos, problematizando suas diferenças e significados
para a constituição das mesmas. Todavia, longe de completamente desconhecido, o tema tem sido retomado, sobretudo, ao longo das últimas décadas, no
contexto de uma sociedade que se reconhece fragilizada em seus laços coletivos. Não obstante o esforço intelectual observado, muito ainda temos que aprender
para fazermo-nos comunidade. A instituição centenária Universidade também não tem sido poupada da crise do coletivizar-se e busca fazer de suas práticas
pedagógicas espaços de construção de comunidades de aprendizagem. Este trabalho apresenta uma revisão do conceito de comunidade, os princípios
norteadores da construção de uma comunidade universitária centrada na aprendizagem (cuca) e ilustra a aplicação do conceito de comunidade em um projeto
institucional de aprendizagem docente – CASa: Comunidade de Cooperação e Aprendizagem Significativa – da Pró-Reitoria de Graduação da Universidade
Federal do Ceará (UFC). A CASa é um projeto que se fundamenta na Psicologia da Aprendizagem de Adultos, na Andragogia e na Abordagem Centrada na Pessoa
(ACP), objetivando promover a construção cooperativa e significativa do desenvolvimento humano e da aprendizagem no contexto no Ensino Superior, com
caráter experiencial, dialógico e formativo. O projeto em destaque parte da importância da reflexão sistemática sobre o cotidiano docente e da necessidade de
cooperação entre os diferentes agentes de aprendizagem e as suas mais diversas áreas de conhecimento na universidade pública brasileira. Dele participam,
atualmente, 795 docentes em estágio probatório, além de professores veteranos, estudantes bolsistas de doutorado e de mestrado e estudantes de graduação
bolsistas dos programas PET e Aprendizagem Cooperativa dos campi da UFC na capital e no interior, visando ao desenvolvimento comum da aprendizagem
cooperativa, significativa e transformadora em comunidade.
14h - 16h
E-34 - Sala 9
14h - 16h
E-34 - Sala 9
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PROCEDIMENTOS PARA O APERFEIÇOAMENTO DA ESCRITA NO ENSINO SUPERIOR
MARLI LUCIA TONATTO ZIBETTI, MARIA IVONETE BARBOSA TAMBORIL , JURACY MACHADO PACÍFICO, JOSÉLIA GOMES NEVES - UNIVERSIDADE FEDERAL DE
RONDÔNIA
Os estudantes que estão chegando ao ensino superior, principalmente aqueles e aquelas que optam pelos cursos de licenciatura, em sua maioria, oriundos de
escolas públicas de educação básica apresentam sérias limitações no domínio da leitura e no uso da escrita. Considerando que estas são ferramentas
fundamentais no processo de aprendizagem, bem como instrumentos básicos para atuação na docência e, tomando-se por base a concepção freireana de que
compete à instituição formadora partir das necessidades de seus educandos, entende-se que os cursos de licenciatura devam atuar no sentido de garantir as
apropriações que foram negadas aos sujeitos em sua passagem pela escola básica. As propostas desenvolvidas partem do princípio de que para escrever com
sentido é preciso: saber para quem se escreve, com que finalidade, definir o gênero a ser utilizado e conhecer modelos que orientem a produção. E isso tem por
base o exercício intenso da leitura. Assim, este relato de experiências pretende compartilhar atividades desenvolvidas em três cursos de Pedagogia da
Universidade Federal de Rondônia, com vistas a permitir que os futuros professores e professoras aperfeiçoem o domínio da língua escrita, ou seja, de sua
capacidade de ler e escrever. Trata-se de situações de formação que foram inseridas nos planejamentos de diferentes disciplinas e que deram origem à escrita de
artigos, painéis, relatos de experiência que posteriormente puderam ser submetidos à apreciação de uma comissão científica que emitiu um parecer para
orientar sua revisão. Depois de aperfeiçoadas as produções foram socializadas com públicos mais amplos. Para isso, foi organizado um Seminário de Educação
que articulou os cursos de três campi próximos geograficamente (Vilhena, Rolim de Moura e Ji- Paraná) e que permitiu aos futuros docentes escreverem com
objetivo de socializar suas produções, discutindo suas concepções de prática docente, de educação e de escola. O referido seminário que está sendo replicado
pela quarta vez em sistema de rodízio entre os diferentes campi, indica que investir na capacidade de aprendizagem dos alunos e alunas, oportunizando novas e
muitas leituras, propondo situações desafiadoras com a mediação adequada do professor ou da professora bem como garantindo si tuações reais de socialização
com outros públicos, constituem elementos importantes para melhorar essa escrita.
AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: O RECURSO DO DIÁRIO DE ITINERÂNCIA
ZILDENE FRANCISCA PEREIRA, LAURINDA RAMALHO DE ALMEIDA – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO, ZILDENE FRANCISCA PEREIRA –
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
Este trabalho é o relato do aproveitamento do Diário de Itinerância em curso de pós-graduação, a partir de duas vozes: da professora que o utilizou e de uma das
alunas participantes do curso. O diário de itinerância é uma técnica proposta por René Barbier (2007) para ser empregada na pesquisa - ação, porém no curso foi
utilizada para formação e avaliação. Conforme Barbier (2007, p.133-134): "o diário de itinerância é um instrumento metodológico específico. (...) A itinerância
representa um percurso estrututral de uma existência concreta tal qual se manisfesta pouco a pouco, e de uma maneira inacabada, no emaranhado dos diversos
itinerários percorridos por uma pessoa ou por um grupo." O objetivo da professora (Almeida) era mostrar que se pode chegar ao conhecimento com rigor e
leveza; mostrar também que afetividade- cognição- moviemento, as três dimensões da teoria walloniana que integram a pessoa estão imbricadas, e que o aluno,
presente em sala de aula, em qualquer nível de ensino, apresenta, em sua constituição, as três dimensões, embora com preponderancias diferentes, e que
portanto, a afetividade deve ser vista pelo professor, como um lastro para o conhecimento. O relato da aluna (Pereira) mostra como a proposta a afetou.
Evidência como a escrita dos diários vem permeada de siginificados e sentidos construidos pelo aluno a partir do entrelaçamen to dos textos lidos com as
lembranças de sua trajetória de vida pessoal e profissional. A análise de seus diários revela que a compreensão de cada texto lido foi mediado por reações
afetivas diversas, e que a dimensão afetiva imbricada no cognitivo, permitiu uma aprendizagem significativa.
14h - 16h
E-46 - Sala 1
14h - 16h
E-46 - Sala 1
14h - 16h
E-46 - Sala 1
14h - 16h
E-46 - Sala 2
UMA EXPERIÊNCIA DE PREVENÇÃO AO USO DE DROGAS COM ADOLESCENTES NO ENSINO MÉDIO
FINANCIADOR: INSTITUTO DOM BARRETO
DANYELLY PIAUILINO COSTA, JÉSSICA VIEIRA COSTA, DELITE CONCEIÇÃO ROCHA BARROS LEMOS - INSTITUTO DOM BARRETO
A escola é um local, por excelência, de formação de sujeitos, a partir das relações que se estabelecem entre alunos e professores, transcendendo a simples
relação pedagógica, uma vez que a escola deve estar comprometida com os projetos de vida e as aspirações dos jovens nela inse ridos. No tocante a questão das
drogas, e em particular o consumo de bebidas alcoólicas, que é um problema social e, por isso, não deve ser tratada de forma individualizada, particular, se
requer uma visão ampla do contexto no qual se insere e dos elementos que o constituem (Dubet, 1991 apud Abramovay e Castro, 2005). A escola, ao abrir esse
espaço de discussão, em que o aluno é apresentado a algum tema discutido em larga escala e convidado a apresentar uma reflexão crítica, contribui na
construção da realidade daquele aluno, que molda as próprias percepções e sua atuação sobre o mundo de forma social, nos diversos ambientes dos quais faz
parte. Desse modo o relato de experiência consiste num trabalho em desenvolvimento pelo Serviço de Psicologia de uma escola filantrópica de Teresina-PI com
os alunos do 1° ano do Ensino Médio (seis turmas) com o intuito de oportunizar a reflexão e conhecer as representações dos adolescentes sobre o uso de Drogas.
Este projeto de estrutura-se em 5 etapas, a saber: apresentação de um estímulo (vídeo, artigo, música) que aborda facetas do tema em questão, discussão em
grupos a partir de perguntas norteadoras, construção de texto pelos alunos e artigo final divulgado no jornal mural e home page da escola. O projeto encontra-se
na etapa de construção do artigo final sobre o álcool e suas representações, ainda serão trabalhadas outras drogas, como inalantes, por exemplo, seguindo a
mesma estrutura. Como proposta complementar articulou-se o trabalho com a Coordenação de Português/Produção de Texto que utilizará o artigo final,
construído a partir das idéias dos alunos sobre o uso das drogas como estímulo para uma elaboração textual de gênero livre em sala de aula, com o objetivo de
ressignificar o tema, facilitar identificação de demandas pelo Serviço de Psicologia e dessa forma atuar com uma demanda específica. Destacamos como positivo
a amplitude de práticas assim desenvolvidas em Psicologia no espaço escolar, pois favorece a compreensão do educando sobre a realidade social, fornece
subsídios para a formação de uma consciência crítica e reflexiva diante de suas escolhas, e propõe o trabalho interdisciplinar.
GRUPO COM ADOLESCENTES ESTUDANTES DE ESCOLA PÚBLICA: ESPAÇO DE REFLEXÃO E EXPRESSÃO
PAULA TAÍS RIGOLON, NATÁLIA CRISTINA LUCARELLI, CASSIANA MORAES DE OLIVEIRA – UNIVERSIDADE PAULISTA
A referida experiência fez parte do estágio "Estratégias Específicas de Intervenção Psicológica - Grupos e Comunidades" da Universidade Paulista e ocorreu em
uma escola estadual de uma cidade do interior do estado de São Paulo no período de setembro à novembro de 2010, com a realização de uma intervenção
grupal com adolescentes estudantes do 3º colegial. A adolescência é uma fase onde há a necessidade de escolhas e tomadas de decisões, de uma reorganização
pessoal e social, é um momento de muitas mudanças e construção de uma nova identidade. Assim, o estágio que culminou na presente experiência teve como
objetivo propiciar aos alunos um espaço de reflexão e discussão de temas pertinentes ao momento que estavam vivenciando. Os temas trabalhados foram:
Reflexão sobre o ser adolescente; Eleição; Meus gostos, minhas qualidades, minhas limitações; Identidade na adolescência; Comunicação; Relacionamentos:
aprendendo a lidar com as diferenças; Futuro. Utilizou-se como metodologia as técnicas de dinâmicas de grupo que foram escolhidas conforme as demandas
apresentadas pelos alunos. Foram realizados 10 encontros, com uma hora de duração, semanal, no horário oposto ao das aulas. A participação nos encontros era
voluntária e foram realizados na biblioteca da escola. A estrutura dos encontros envolveu acolhimento (conversa inicial sobre a semana, por exemplo), o
desenvolvimento de uma atividade acordada junto aos participantes. Ao final da atividade buscava-se refletir, a partir do processo ocorrido, o tema do dia.
Observou-se mudanças referentes aos comportamentos dos alunos. Inicialmente estavam mais preocupados em defender seu ponto de vista, sem avaliar como
suas palavras e atitudes magoavam os outros. Com o decorrer dos encontros, percebeu-se uma mudança de postura. Relatavam conseguir pensar antes de falar
e refletir sobre seus erros. Em relação à percepção do futuro, percebeu-se algumas mudanças, também. No início, quando questionados sobre como seria o
próximo ano, davam respostas abstratas e socialmente aceitas e não, necessariamente, correspondendo com suas vontades. Já ao final, percebeu-se que
estavam refletindo mais sobre suas escolhas e decisões e que estas estavam mais concretas e condizentes com a realidade. Concluindo, percebeu-se que nossos
objetivos foram alcançados. Proporcionou-se momentos de reflexão e expressão, promoveram autoconhecimento, melhora na auto-estima, desenvolvimento de
habilidades sociais para relacionamento interpessoal e noções de futuro (profissional e pessoal). Destaca-se a importância de trabalhos como este nas escolas,
tendo-se em vista que as atividades proporcionam aos participantes a descoberta de novos interesses e habilidades, além de constituir-se como espaço para o
estabelecimento de relações interpessoais entre os mesmos, facilitando o desenvolvimento de habilidades sociais e fortalecendo a rede social de apoio.
PROJETO AÇÃO JOVEM: CIDADANIA, SUSTENTABILIDADE E QUALIDADE DE VIDA
SHEILA CRISTINA DE ALMEIDA E SILVA MACHADO - COLÉGIO POLIEDRO
O Projeto Ação Jovem é realizado anualmente no Colégio Poliedro de São José dos Campos com alunos do Ensino Médio, adolescentes de 14 a 17 anos. Está
sendo desenvolvido desde 2010. O colégio pretende oferecer aos alunos uma educação de caráter formador, que estimule o desenvolvimento de cidadania, ética
e moral. Tem em seus preceitos a promoção da responsabilidade social ancorada numa base voluntária, de modo a contribuir para uma sociedade mais justa e
para uma ambiente mais agradável. O projeto é realizado com o apoio das Orientadoras Educacionais e da Coordenação Pedagógica. Tem como principais
objetivos: Conscientizar os alunos sobre questões como comportamento, ética e cidadania; Apresentar e estimular novas condutas relacionadas às questões
sociais; Levar os alunos para conhecerem entidades como ONGS, Instituições Filantrópicas, asilos, orfanatos, creches, postos de saúde; Motivar os alunos a
desenvolverem trabalhos e atividades acadêmicas no colégio; Promover campanhas com os alunos para arrecadar alimentos, roupas, brinquedos; Desenvolver
atividades que trabalhem com a questão da sustentabilidade: descarte correto do lixo, reciclagem, preservação do meio ambiente; Realizar palestras e
discussões de temas como: Drogas, Álcool, Sexo, Autoestima, Alimentação Saudável. Na sua execução são eleitos dois representantes de cada turma, realizadas
reuniões mensais e extraordinárias com os representantes das salas e alunos interessados, são selecionadas as prioridades percebidas pelos alunos, elaborados
os planos de ação das atividades escolhidas e executados tais planos de ação. Entre os resultados alcançados é possível destacar: Maior envolvimento dos alunos
para questões de relevância e interesse dos adolescentes; Alunos mais animados, com disposição, muitas idéias; Maior identificação dos alunos com a escola;
Ampliação da capacidade de reflexão e conhecimento dos temas abordados; Doações de alimentos, agasalhos e brinquedos para ins tituições visitadas pelos
alunos; Convite as entidades visitadas para participação em evento junino da escola com a finalidade de arrecadação de fundos para benefício das próprias
instituições. Com este projeto a escola tem conseguido desenvolver mais o lado humano dos alunos, sensibilizando-os quanto a questões sociais prementes e
fazendo com que sejam mais solidários, conscientes das necessidades alheias, de situações de carência e problemas em relação aos quais se percebam como
agentes de mudança, transformação, participação e justiça social.
A IMPLANTAÇÃO DE UM NOVO PROJETO PEDAGÓGICO NO CURSO DE PSICOLOGIA – REFLEXÕES INICIAIS
ANA LUÍZA CASASANTA GARCIA, MAYARA ABREU RESENDE, SILVIA MARIA CINTRA DA SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Desde a formalização das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Graduação em Psicologia, em 2004, tem havido uma mobilização destes no sentido
da revisão e reorganização de seus Projetos Pedagógicos, tendo-se como eixo norteador a concepção do psicólogo a ser formado. A partir destas Diretrizes, a
implementação do novo Projeto Pedagógico no curso de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) ocorreu no segundo semestre de 2009, após
muitos anos de debates e reflexões por parte dos corpos docente e discente, pois tanto a reformulação curricular quanto a elaboração de um novo projeto
configuram-se como grandes desafios. O presente trabalho visa discorrer a respeito dos impactos que a implementação do novo currículo teve para os
estudantes. A interlocução com outras áreas do conhecimento e a atuação ética e responsável são algumas das características do perfil do egresso. Para a
coordenadora do curso à época, houve muitas mudanças relacionadas à presença de novas disciplinas, com cargas horárias difere ntes, visando o
desenvolvimento de habilidades profissionais voltadas para as demandas da comunidade, com uma compreensão aprofundada sobre o fenômeno psicológico,
tendo em vista também a dimensão social deste fenômeno. Alguns estudantes da primeira turma relatam que a implantação do novo currículo, de maneira geral,
foi muito proveitosa para sua formação, visto que tiveram a oportunidade de presenciar novas disciplinas intimamente ligadas ao perfil do psicólogo na
atualidade. Até o presente momento podemos analisar que no decorrer da experiência ocorreram diversas adaptações, tanto por parte dos professores quanto
dos alunos, porém todos concordam que as mudanças foram necessárias para tentar suprir as demandas exigidas pela atualidade. Entretanto, é importante
ressaltar também que diversos ajustes foram necessários para a execução da proposta, considerando-se as diferenças encontradas na prática para a implantação
das ideias presentes no novo currículo. Posto que a educação universitária é de extrema importância para a formação de novos profissionais, é fundamental que
tanto a elaboração do currículo quanto a sua concretização visem uma formação que privilegie o caráter emancipatório do processo educacional.
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A CONSTITUIÇÃO DE UM GRUPO DE PESQUISA NUMA DISCIPLINA DE PÓS-GRADUAÇÃO
DANIELE RAMOS DE OLIVEIRA, CÉLIA MARIA GUIMARÃES - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
A experiência aqui sintetizada ocorreu na disciplina de Pós-graduação (Mestrado) em Educação “Práticas de Formação do Profissional de Educação Infantil”,
desenvolvida em 2010 pela Profa. Dra. Célia Maria Guimarães na Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho”, câmpus de Presidente Prudente.
Conforme os objetivos propostos pelo Programa de Pós-graduação em Educação dessa universidade que consistem em formar docentes e pesquisadores
qualificados para as atividades de ensino, pesquisa e assessoria e produzir pesquisas na área de formação de professores e processos formativos em diferentes
contextos educacionais, o grupo de alunos mestrandos somado a professora dessa disciplina constituíram-se, durante um semestre letivo, como um grupo de
pesquisa. Isto porque na disciplina foi desenvolvida uma pesquisa de estado do conhecimento por meio de procedimentos metodológicos centrados em análise
bibliográfica nesse período. Desde 2006 essa disciplina tem sido organizada dessa maneira, ou seja, são realizadas pesquisas entre alunos e professora que
culminaram na produção de artigos científicos. Para tanto, inicialmente alunos e professora delimitam o objeto de pesquisa a partir do tema da disciplina e dos
interesses do grupo, em seguida, são definidas as fontes para realização do mapeamento bibliográfico. Os alunos matriculados na disciplina em 2010 optaram
por investigar quais aspectos as pesquisas científicas desenvolvidas desde a promulgação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil, em 1999,
até a revisão destas em 2009, evidenciaram sobre as práticas docentes e o currículo de educação infantil. Num segundo momento da disciplina, foram discutidos
os resultados do mapeamento bibliográfico e novos grupos foram formados para etapa de leitura e síntese dos textos localizados. A partir dessas sínteses, foi
realizada uma nova delimitação da bibliografia localizada em função dos objetivos da pesquisa. As sínteses dos textos localizados foram lidas e discutidas por
diferentes grupos com o objetivo de se manter o rigor científico. Todas essas etapas possibilitaram a constituição de um referencial teórico e de amplo
conhecimento de aspectos abordados nas pesquisas sobre educação infantil assim como das estratégias metodológicas utilizadas pelos autores dessas,
contribuindo de forma significativa para a formação profissional e pessoal dos mestrandos. Dessa forma, outras experiências poderiam ser desenvolvidas nesse
sentido, não só na Pós-graduação como também na Graduação.
PSICOLOGIA E DEMANDAS ESCOLARES NO ENSINO SUPERIOR: INTERFACES COM O DESENVOLVIMENTO HUMANO
MEIRE NUNES VIANA, EDNALVA MARIA HOLANDA DA SILVA, MARGARIDA HOLANDA DAMASCENO - FACULDADE CATÓLICA RAINHA DO SERTÃO
O presente estudo tem como propósito apresentar o trabalho desenvolvido na qualidade de Estágio Profissionalizante em Psicologia Escolar e Educacional do
Curso de Psicologia da Faculdade Católica Rainha do Sertão (FCRS), realizado por duas das autoras e supervisionado pela terceira. As atividades foram
programadas a partir de um processo de avaliação diagnóstica sobre as demandas escolares apresentadas pela própria instituição de ensino superior ao qual o
curso de psicologia está vinculado. Entre outros aspectos, foram apresentados destaque para questões de evasão escolar e dificuldades de desempenho
acadêmico dos alunos. A instituição se caracteriza como pertencente à rede privada de ensino superior e tem como mantenedora a Diocese de Quixadá que visa
associar a formação acadêmica à formação humana. O corpo discente é composto de alunos bolsistas da própria instituição, alunos bolsistas do Pró-Uni, alunos
financiados pelo FIES e alunos pagantes, que em sua maioria se deslocam de suas cidades de origem distribuídas pelo Sertão Central cearense em busca de uma
formação profissional. Essa intervenção aconteceu no período do ano letivo de 2010, sendo que no primeiro semestre, o trabalho foi realizado apenas com
alunos de um dos cursos, escolhido de forma aleatória o curso de Fisioterapia. No segundo semestre, estendeu-se o convite para os dezessete cursos de
graduação da FCRS, sendo que deste total, ocorreram adesão de alunos de quatro destes cursos, sendo eles: Psicologia, Enfermagem, Fisioterapia e Odontologia.
Como proposta de intervenção, foi desenvolvido um programa denominado Grupo de Crescimento e Acolhimento ao Discente, que funcionou com encontros
semanais, caracterizado como grupo de crescimento pessoal nas bases teóricas da Gestalt-Terapia, com o objetivo de favorecer o processo de adaptação dos
alunos de primeiro e segundo semestres a sua integração à vida acadêmica e a vivência de rituais de passagem da adolescência à vida adulta, inaugurada em
grande número deles, pela migração de modelo de vida, deixando seus vínculos familiares e descolando-se para viver em Quixadá; ou como em outros casos
aonde os alunos se deslocam entre os municípios diariamente, levando por vezes até duas horas neste processo de deslocamento. Foi evidenciado entre outras
coisas, os impasses entre a liberdade e responsabilidade advindas com a autonomia sobre suas vidas, que acompanham todo este processo de mudança. No total
aconteceram 04 grupos de encontro, sendo um deles no primeiro semestre e os demais no segundo semestre, organizado a partir da disponibilidade horária dos
alunos e através de livre adesão ao programa . O trabalho desenvolvido através do grupo iniciou um processo transformador para os alunos que o integraram,
ficando expresso através dos relatos dos integrantes com relação ao seu desenvolvimento positivo diante da realidade acadêmica.
UMA EXPERIÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO ADULTO EM UMA PENITENCIÁRIA
ALACIR VILLA VALLE CRUCES – CENTRO UNIVERSITARIO DE SANTO ANDRÉ
As dificuldades em realizar trabalhos com a população carcerária são inúmeras e vão desde a pequena quantidade de profissionais psicólogos para uma grande
quantidade de pessoas presas, até a resistência dos mesmos em colocar-se para refletir sobre sua própria condição. Em função dessas e de outras dificuldades,
grupo de acompanhamento semanal, com 6 a 8 participantes, tem sido realizado no sentido de propiciar reflexão, aprendizagem e , consequentemente,
desenvolvimento a pessoas presas. Nesses grupo tem sido abordados dilemas éticos para debate, dinâmicas de grupo e rolle-play nos quais se vivenciam cenas e
situações cotidianas, desafios cognitivos e afetivos com os quais se pretende aguçar a crítica e provocar o desenvolvimento ético-moral, além de debates sobre
matérias da atualidade. Os resultados tem demonstrado quebra de resistência para participação e para exposição de motivos, com frequencia dos participantes
que beira os 100%; troca enriquecedora de experiência que fazem com eles mesmo revejam seus pontos de vista, acatem motivos considerados novos e nunca
antes levantados; discussões cada vez mais cooperativas e participavas, com soluções para os problemas propostos e resoluções dos dilemas que caminham
nessa direção e revelam maior maturidade psíquica e maior desenvolvimento moral, quando se avalia esse nível em acordo com as propostas de Piaget e de
Kohlberg. Conteúdo: 1. O sistema prisional atual: sua principais características e caracterização da população 2. O desenvolvimento do julgamento moral e a da
capacidade crítica 3. A proposta de atividades para os grupos e os principais resultados – exemplificando uma atuação com adultos.
O TRABALHO EM REDE PARA O ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA NO ESPAÇO ESCOLAR
LUCIANA FUNCK, JULIANA BIAZZE FEITOSA, TEREZINHA FERRAZ, RENATA HOEFLICH DAMASO DE OLIVEIRA - CENSE II
A violência e a criminalidade constituem, na atualidade, um dos principais problemas sociais enfrentados no Brasil. Estudos indicam que o alto índice da
criminalidade infanto-juvenil não é próprio da modernidade e que há registros dela já nas primeiras décadas da instauração da República Brasileira (SANTOS,
2002 & CUNHA, 2002). Os últimos cinquenta anos foram marcados por inúmeras mudanças, tais como, novas formas de acumulação de capital, expansão da
industrialização e da tecnologia, surgimento de novos processos de trabalho, novas configurações das fronteiras do Estado-Nação, entre outros. Tais
acontecimentos acabaram por afetar também a expressão dos conflitos sociais e políticos, assim como, a capacidade de resposta diante dos mesmos,
interferindo diretamente nos padrões de delinquência, violência e garantia de direitos humanos (ADORNO, 2002). Neste sentido, na referida exposição
pretendemos relatar duas experiências bem sucedidas de inclusão de dois adolescentes egressos do Centro de Socioeducação II de Cascavel (entidade estadual
de execução da internação socioeducativa), em duas escolas públicas do município, que inicialmente apresentavam resistência em acolhê-los. A primeira
experiência diz respeito a um adolescente de 18 anos de idade que desejava dar continuidade aos seus estudos no Ensino Regular e desta forma deveria ser
matriculado na 6ª série do Ensino Fundamental. Em detrimento de seu envolvimento anterior com a criminalidade e a defasagem idade e série, a direção e a
equipe pedagógica da escola próxima de sua residência tinham receio de que o adolescente exercesse uma liderança negativa perante os demais e infracionasse
no interior da escola e só o admitiram após as intervenções realizadas pela psicóloga e pedagoga do Cense Socioeducação II de Cascavel. A segunda experiência
foi a negativa da escola a outro adolescente pelo seu comportamento inadequado no interior da escola e o cometimento de ato infracional fora dela. Nossa
equipe propôs a escola reuniões entre equipes e o adolescente para o estabelecimento de um novo contrato, passando então o adolescente a estudar na escola.
Compreendendo que não seria eficaz buscar a determinação Judicial para garantir o ingresso dos adolescentes no sistema escolar (fenômeno muito comum na
atualidade, nomeado de judicialização), a equipe do Centro de Socioeducação realizou intervenções que buscaram sensibilizar e apoiar os profissionais da escola
para a inclusão, preparar os adolescentes para que se ajustassem às regras das escolas e obtivessem aproveitamento escolar satisfatório e estimular os familiares
a acompanhar o processo educativo dos filhos. No tocante aos resultados, destacamos que eles foram muito satisfatórios, pois as escolas os incluíram de forma
acolhedora, os adolescentes surpreenderam positivamente a equipe de profissionais das escolas pela participação e envolvimento das famílias. Diante do
exposto, concluímos que as experiências relatadas só reforçaram a concepção de que a garantia de direitos de crianças e de adolescentes será mais facilmente
assegurada por meio da consolidação de uma rede de proteção formada entre as esferas de governo, os diversos setores organizados da sociedade e as demais
políticas intersetoriais.
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PSICOLOGIA EDUCACIONAL: REPENSANDO CAMINHOS, MOBILIZANDO AÇÕES
FINANCIADOR: CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DO RS
ROSA VERONESE, SIMONE FRAGOSO COUREL, ÍRIA JACOBY DE OLIVEIRA, MARLETE MARIA SUSIN RODRIGUES - CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DO RS
O Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS), através do trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Educação da S ubsede Caxias, que abrangendo
os municípios de Caxias do Sul, Farroupilha, Nova Petrópolis, Bento Gonçalves, Vacaria, Garibaldi e Carlos Barbosa, tem desenvolvido desde 2009 um trabalho de
divulgação da importância da Psicologia para o campo da Educação. As ações visam disseminar as propostas discutidas no “Ano da Psicologia na Educação”,
promovido pelo Sistema Conselhos de Psicologia em 2008. Considerando que a discussão brasileira sobre as políticas públicas em educação é bastante recente
no âmbito da Psicologia Escolar e Educacional e que nesta região, a relevância da Psicologia Educacional e a prática do(a) Psicólogo(a) escolar com abordagem
institucional são pouco difundidas e reconhecidas, as ações do Núcleo da Educação do CRPRS tem sido fundamentais para enfatizar “a importante contribuição
da Psicologia, enquanto ciência e profissão, na luta pela consolidação de uma educação para todos, respaldada nos princípios do compromisso social, dos direitos
humanos e do respeito à diversidade enquanto fundamento para uma efetiva inclusão social” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA; CONSELHOS REGIONAIS DE
PSICOLOGIA, 2008, p. 11). O público alvo do trabalho desenvolvido tem sido: Faculdades de Psicologia da região, escolas da rede pública através de seus órgãos
reguladores (SMED, 4ª. CRE), comunidade em geral (profissionais de psicologia e educação e cidadãos), Secretarias de Educação, Câmara de Vereadores,
Prefeitura, Conselho Municipal de Educação e Sindicato de Servidores Municipais, entre outros. Os principais objetivos que no rteiam este trabalho consistem em
divulgar a importância da Psicologia para a Educação, através do trabalho efetivo do Psicólogo com uma abordagem institucional e a busca por seu
reconhecimento junto ao sistema de ensino, com a perspectiva de compor as Equipes Técnicas atuantes nas instituições educacio nais públicas. Estratégias como
palestras, filmes com discussão, seminários, debates, encontros temáticos para trocas de experiência, entrevistas veiculadas em mídia, reuniões e participação
em plenárias públicas, tem sido adotadas para viabilizar as ações propostas pelo Núcleo. Até este momento conseguiu-se fomentar discussões e propostas
efetivas acerca da importância do Psicólogo na Educação e, principalmente, relacionado às políticas públicas. Sabe-se que resultados abrangentes deste trabalho
intenso e efetivo, de grande relevância no contexto histórico-social, se darão a médio e longo prazo, devendo contar com ações articuladas entre diferentes
entidades vinculadas ao tema. Por isso, entendemos ser o X CONPE um espaço privilegiado de troca de experiências sobre os “caminhos trilhados” e “caminhos a
percorrer” na direção da consolidação do trabalho da Psicologia da Educação.
O OLHAR DO ADOLESCENTE: ADOLESCÊNCIA E DROGAS SOB UMA PERSPECTIVA CRÍTICA
AMANDA BIASI CALLEGARI
Este trabalho visa apresentar um recorte de uma atividade prática realizada na disciplina optativa Atuação em Psicologia Educacional, oferecida no 8º período do
curso de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia, na qual foi privilegiado o estudo da adolescência e as possíveis práticas com esse público. O conceito
de adolescência foi discutido, considerando seus aspectos sociais, culturais e contexto histórico, a partir do referencial teórico histórico-cultural, buscando
romper com a visão naturalizante de adolescência e a crença de que se trata de uma fase universal, marcada necessariamente por conflitos e conturbações, e
compreendida numa faixa etária determinada. Esta prática teve como objetivo conhecer e refletir sobre os vários modos de viver a adolescência e consistiu na
realização de observações e entrevistas semi-estruturadas. Foi elaborado um roteiro que objetivava nortear as conversas, porém possibilitando que fossem
priorizadas as temáticas trazidas pelos adolescentes. O estudo foi desenvolvido na praça de alimentação de um terminal central de ônibus, local de passagem e
de encontro, inclusive de adolescentes. Fez-se três visitas ao local: na primeira, foram realizadas observações com objetivo de reconhecimento do espaço e das
pessoas; as outras duas destinaram-se à aproximação com os adolescentes. Foram abordados grupos já formados no local. Destacaremos, nesta apresentação,
um grupo de seis adolescentes, sendo quatro do gênero masculino e dois do gênero feminino, com faixa etária entre 16 e 22 anos, de escolas públicas e
particulares. A temática privilegiada pelo grupo foi drogas. Os adolescentes relataram suas experiências com os mais variados tipos de drogas e com os
programas de prevenção propostos pelas escolas. Segundo os entrevistados, muitas vezes essa temática era abordada de forma expositiva e acrítica, sendo
priorizados discursos que não se aproximavam das vivências dos ouvintes. Percebeu-se em alguns momentos contradições relevantes nas falas dos jovens,
demonstrando o paradoxo entre a realidade vivenciada por eles no que diz respeito as drogas e as informações que os mesmos receberam acerca disso ao longo
de suas vidas. A experiência possibilitou refletir sobre diferentes maneiras de dialogar com esses adolescentes, buscando a aproximação de suas realidades e
necessidades. Isso foi possível devido a um vinculo construído mutuamente, que permitiu troca de experiências, sentimentos e opiniões, e que priorizou uma
escuta cuidadosa. A prática inspira pensar em ações que busquem estabelecer um melhor diálogo com adolescentes a respeito de diversos assuntos, inclusive o
das drogas. Nesse sentido, a proposta é a criação de espaços de discussão, nos ambientes educativos, que contemplem as temáticas que permeiam a realidade
desse jovem, considerando o contexto social, histórico, cultural e a individualidade de cada adolescente. Para isso, é essencial discussões que transcendam a
tendência a discursos moralistas, a produção de medo com objetivo de contenção e a imposição de opiniões tidas como verdades únicas. Além disso, atuações
que permitam conhecer o porquê da busca pelas drogas por parte do adolescente, discutindo e ressignificando o entendimento destas, seus efeitos e suas
conseqüências.
ADOLESCÊNCIA E HIP HOP: EM BUSCA DE CAMINHOS DE ATUAÇÃO EM PSICOLOGIA ESCOLAR
JAQUELINE OLINA DE OLIVEIRA, ERICKA DANIELA GONZÁLEZ SANTANA, ANABELA ALMEIDA COSTA E SANTOS, CARMEN LÚCIA REIS – UNIVERSIDADE FEDERAL DE
UBERLÂNDIA
Este trabalho apresenta a experiência prática realizada na disciplina optativa “Atuação em Psicologia Educacional I”, oferecida no oitavo período do curso de
graduação em Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia. A disciplina tem como objetivo aprofundar reflexões acerca do campo de atuação em Psicologia
Escolar/Educacional, com enfoque na adolescência. A adolescência foi entendida como um fenômeno construído sócio-historicamente que não pode ser
generalizado ou limitado a uma faixa etária, de modo que existem várias adolescências. A prática foi feita com um grupo de ad olescentes de um bairro periférico
de Uberlândia, organizados em torno do interesse pelo Hip Hop. O grupo é composto por 11 membros, com idades que variam entre 15 e 22 anos, com tempo de
participação de 2 a 10 anos, composto por 9 homens e 2 mulheres, em sua maioria negros(as). Eles realizam estudos acerca da identidade e da posição social do
negro historicamente no Brasil, para, a partir disto, desenvolverem coreografias socialmente engajadas, que vem sendo apresentadas nacionalmente em
festivais. Estes estudos englobam os conhecimentos formais oferecidos na escola - que muitos deles não frequentam – porém, com a contextualização destes
saberes, eles se interessam pelos conteúdos e se apropriam do conhecimento acerca de sua história. O interesse por acompanhar este grupo surgiu pela maneira
que se organizam internamente: um espaço de educação mútua onde todos são educadores e educandos, tanto no estudo como na dança. A práti ca, que
consistiu em quatro encontros de observação e entrevista, evidenciou a importância do conhecimento aprofundado da comunidade onde se deseja desenvolver
ações educacionais a fim de que estas sejam pertinentes. Possibilitou vislumbrar perspectivas de como o psicólogo pode contribuir para a aproximação entre as
necessidades escolares e educacionais de uma comunidade e a construção efetiva dos meios que supram as mesmas, produzindo processos de auto gestão e
educação.
CONSTRUÇÃO DO SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO DE ESTUDOS PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO
SIMAN ELIS DA SILVA CÂNDIDO - COLÉGIO POLIEDRO
Neste trabalho compartilho a experiência do desenvolvimento do serviço de Orientação de Estudos oferecido aos alunos do ensino médio do Colégio Poliedro de
São José dos Campos. Comprometidos com a qualidade do ensino e preocupados com o aproveitamento de seus alunos, o colégio implantou um serviço
específico de acompanhamento de seus estudos. Em março de 2010, passei a fazer parte da equipe de orientadoras educacionais, com a tarefa específica de
acompanhar, principalmente, os alunos com baixo rendimento escolar. Com o objetivo de orientar e aperfeiçoar os estudos, foram trabalhados os seguintes
temas: organização e planejamento, métodos de estudo e preparação para a prova. O formato deste trabalho tem sido aprimorado por meio do feedback dos
alunos e de nossa autoavaliação. No primeiro semestre, convidamos alguns alunos que demonstravam dificuldades em alcançar um rendimento satisfatório, para
formar alguns grupos nos quais utilizamos dinâmicas e vivências, além de apresentações do que foi desenvolvido com nossas orientações. A avaliação dos alunos
que participaram foi positiva, com destaque para a troca de informações entre eles e o aprendizado de novas técnicas de estudo e de organização. Ao final desta
etapa, contabilizamos quase 100 alunos atendidos. Entretanto, avaliamos a necessidade de ampliar nosso atendimento, bem como acompanhar ainda mais de
perto a aplicação daquilo que discutimos nos grupos. Para aproveitar o período de férias, oferecemos a todos os alunos um grupo de orientação de estudos
intensivo, a ser realizado durante a primeira semana de julho. A procura foi surpreendente, havendo a necessidade de ampliarmos o número de grupos.
Formamos, então, 8 grupos com 12 alunos cada. Novamente, obtivemos avaliações positivas; 95,44% afirmaram estar satisfeitos o u muito satisfeitos com o
grupo, com a orientação recebida e com o material fornecido. Apenas 4,56% declararam não estar nem insatisfeitos, nem satisfeitos. Reformulamos nosso
trabalho, e no segundo semestre organizamos as atividades em dois momentos: palestras e oficinas. Nas palestras, apresentamos orientações para auxiliá-los a
se organizar; aperfeiçoar seu método de estudo e se preparar adequadamente para as avaliações. Após cada uma das palestras, o aluno podia escolher entre
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implementar aquilo que fez sentido para ele, sozinho, ou contar com nossa ajuda. Este é o propósito de nossas oficinas, quando sentamos para fazer juntos
aquilo que foi conversado anteriormente. Essa mudança possibilitou-nos atender todos os alunos que desejaram participar. Entre palestras e oficinas, foram
realizados quase 700 atendimentos. Numa escala de 1 a 5, 44,54% dos alunos afirmaram ter evoluído dois pontos após ter participado de, pelo menos, uma
atividade. Sobre a aplicação, em média, 43% dos alunos afirmaram aplicar com frequência as dicas e orientações recebidas. Com este serviço, confirmamos o
quão rico o contexto escolar é para o desenvolvimento de novas ideias e a importância de estarmos sempre atentos às necessidades e oportunidades que se
apresentam. Observamos que este trabalho teve boa receptividade por nossos alunos. Nesta construção, pudemos também aprender muito com eles,
principalmente como nos aproximar para poder contribuir sem criar estigmas ou preconceitos.
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RELATO DA EXPERIÊNCIA DE UMA PROFESSORA DE MATEMÁTICA DA EDUCAÇÃO BÁSICA FRENTE A UMA PROPOSTA DE ATUALIZAÇÃO E
QUALIFICAÇÃO DE PROFESSORES
LUCY DURÓ MATOS ANDRADE SILVA
Trata-se do relato da experiência de uma Professora de Matemática do Ensino Médio que obteve um resultado expressivo concernente à sua prática didáticopedagógica, posterior a um projeto de qualificação de professores implementado por nós em uma escola particular. O levantamento de dados inicial obtido por
intermédio de uma entrevista com pais, alunos e coordenação pedagógica indicou um resultado insatisfatório em relação à atuação da professora. Assim, foi
desenvolvida uma proposta com o objetivo de promover um espaço de discussão e reflexão com os professores tendo como pano de fundo uma crítica
epistemológica, ou seja, uma crítica ao método que oferece suporte à formação do Professor. O eixo teórico foi pautado em uma retrospectiva histórica trazendo
as diversas abordagens educacionais e a avaliação de cada uma no âmbito escolar. A metodologia utilizada foi a exposição dialogada, dinâmicas, apresentação de
filmes e documentários pertinentes ao tema. O resultado, segundo o depoimento dos alunos, bem como da Direção e da Coordenação da Escola apontou para
um avanço significativo da Professora, tanto no que diz respeito à didática, quanto em relação ao seu comportamento. A Professora confirmou, em uma
conversa particular, que não sentia mais dificuldade com os alunos, nem com o desenvolvimento dos conteúdos, que estava sentindo-se motivada e gostaria de
desenvolver-se cada vez mais
ESTÁGIOS INTEGRADOS EM PSICOLOGIA ESCOLAR: ENCONTRO ENTRE SUBJETIVIDADES E A EDUCAÇÃO ESCOLAR
MARCELO UBIALI FERRACIOLI, ÉRIKA PESSANHA D'OLIVEIRA - UNICAMP, CLARA PAULINA COELHO CARVALHO, JOSÉ ALEXANDRE DE LUCCA - UNIVERSIDADE
ESTADUAL DO CENTRO-OESTE
Este relato diz respeito aos estágios integrados em Psicologia Escolar do curso de graduação em Psicologia da Universidade Estadual do Centro-Oeste
(UNICENTRO), campus de Irati/Paraná. As experiências ocorreram em duas escolas municipais de 1º ano à 4ª série do Ensino Fundamental e um Centro
Municipal de Educação Infantil (CEMEI), durante o ano de 2010. Partindo da perspectiva da produção social do fracasso escolar, da multideterminação das
relações interpessoais e dos fenômenos pedagógicos, estas experiências tiveram como objetivos: formar o psicólogo escolar para um trabalho consistente e
crítico; favorecer a escolarização das crianças, num espaço que acolhesse individualidades; criar espaços propícios para que equipe da escola refletisse e
vivenciasse temas pertinentes à instituição; e envolver famílias de alunos nas atividades desenvolvidas. Devido à inexistência de um horário coletivo formal
previsto para os professores paranaenses participarem de cursos de formação continuada, buscou-se, na medida do possível, organizar os estágios de maneira
integrada entre alunos do terceiro e quinto anos do curso de Psicologia, criando condições à realização de trabalhos institucionais condizentes com os princípios
e objetivos citados. Nas duas escolas de Ensino Fundamental realizaram-se grupos simultâneos com crianças e professores, da seguinte maneira: enquanto os
alunos do terceiro ano desenvolviam atividades com todas as turmas de crianças, direção e professores se reuniam em sala rese rvada com alunos do quinto ano.
Também sob a coordenação destes, realizaram-se grupos semanais com os demais funcionários das instituições. Além disso, os alunos do terceiro ano fizeram
visitas domiciliares às famílias das crianças das escolas. As demandas mais recorrentes foram temas relacionados a dificuldades escolares e indisciplina. Nos
grupos com crianças se utilizou, sobretudo, atividades lúdicas de caráter coletivo; e com professores e funcionários ocorreu troca de experiências e estudo de
materiais que viessem ao encontro da superação das dificuldades enfrentadas. Na CEMEI realizou-se encontros de elaboração da experiência pessoal e coletiva
das educadoras acerca da sexualidade humana e suas relações com a educação, através de leituras referentes à sexualidade, sensibilização corporal e atividades
de expressão plástica. Quanto aos resultados, destacam-se: a tentativa sistemática de uma das escolas de Ensino Fundamental em realizar a construção coletiva
de regras da instituição; a produção na CEMEI de reflexões centradas na realidade institucional, visando ações pertinentes às questões vivenciadas no cotidiano
de trabalho; a promoção da formação continuada dos professores e funcionários sobre temas significativos às suas atuações; o desenvolvimento de habilidades
coletivas entre as crianças; a tentativa de integração dos estágios do terceiro e quinto anos do curso de Psicologia; e a aproximação de parte das famílias das
crianças com as atividades escolares. Concluindo, visto os avanços que este modelo promoveu na formação dos graduandos, bem como na atuação em
Psicologia Escolar no município de Irati, o projeto de estágios integrados foi mantido e ampliado para 2011. A proposta agregou às atividades do ano passado a
estratégia de plantões feitos pelos estagiários do quinto ano.
A HISTÓRIA DE VIDA NA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO UNIVERSITÁRIO: A EXPERIÊNCIA NO PROGRAMA CONEXÕES DE SABERES
TERESA CRISTINA SIQUEIRA CERQUEIRA – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
No Brasil, mais que outros países, a universidade constitui um produto social desigualmente distribuído (Akkari, 2001). Seu acesso é regido por muitos fatores
que vão da diferença socioeconômica do país a outras categorias de exclusão como gênero, etnicidade e local de origem. Segundo Certeau (1993), toda mudança
requer das instituições e dos sujeitos um modo de apropriação, uma adoção e uma transformação pessoal, uma espécie de culturação, além de um intercâmbio
instaurado em um grupo social. Qualquer inovação pedagógica toca assim em aspectos fundamentais da cultura acadêmica e criando um novo comportamento
cultural. (CERTEAU, 1993 apud GLÓRIA e MAFRA, 2004). O Programa Conexões de Saberes é um dos programas do MEC – Ministério da Educação do Governo
Federal do Brasil que expressa de forma nítida a luta contra a desigualdade, em particular no âmbito educacional. O Programa procura estreitar os vínculos entre
as instituições acadêmicas e as comunidades populares e, também procura melhorar as condições objetivas que contribuem para o s estudantes universitários de
origem popular permanecerem e concluírem com êxito a graduação nas universidades públicas. Como estreitar os laços entre a Universidade e os estudantes de
origem popular de modo a que estes tenham condições de permanecerem nos seus cursos e concluírem os mesmos com sucesso? Estas e outras questões
constituem um desafio permanente para o qual se tentou construir respostas efetivas em uma oficina realizada na Universidade de Brasília (UnB), de março a
outubro de 2006, com 25 estudantes de diversos cursos de graduação da UnB integrantes do Programa Conexões de Saberes. A equipe de formadores,
constituída por duas psicólogas com formação e experiência diversas desenvolveu uma proposta transdisciplinar que teve como sustentação um trabalho com a
história de vida e a memória educativa dos estudantes universitários. O trabalho foi desenvolvido em várias etapas, iniciando com a narrativa oral individual de
cada estudante sobre sua história de vida. Os alunos foram estimulados a construírem uma caixa museu onde colocavam lembranças significativas da sua vida.
Um segundo momento envolveu a realização da escrita individual da própria história de vida de cada um. Em um terceiro momento convidou-se cada estudante
a elaborar um artigo contando sua história de vida e a sua memória educativa para publicação em um livro. A análise do processo desenvolvido conduziu ao
reconhecimento da capacidade do grupo para resgatar, por meio da narrativa autobiográfica, diversos momentos significativos da sua trajetória de vida e
escolar, bem como expressar criativamente seus achados e reflexões As conclusões desta experiência remetem para um novo paradigma de formação, no qual a
história de vida, a subjetivação das vivências escolares e sua resignificação no presente desempenham um papel fundamental no processo de formação
profissional e de permanência na Universidade. Por fim, o livro foi publicado com as histórias de vida de cada estudante e intitula-se: Caminhadas de
Universitários de Origem Popular.- Universidade de Brasília. Rio de Janeiro: Ministério da Educação, 2006.
NÚCLEO DE PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL DA UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
CARLA WITTER - UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
O curso de Psicologia da Universidade São Judas Tadeu (USJT) oferece no quinto ano, formação profissional em três núcleos, a saber: clínica (abordagem
psicodinâmica e cognitivo-comportamental); organizacional e escolar e educacional. O Núcleo de Psicologia Escolar e Educacional compreende na grade
curricular três disciplinas específicas e duas de conteúdo gerais, sendo uma relacionada à realização do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e a outra as
Políticas Públicas da Educação e Saúde. As disciplinas específicas são todas de supervisão de estágio, sendo elas: (1) Métodos e Técnicas em Psicologia Escolar; (2)
Prevenção e Escola e (3) Psicologia e Intervenção Escolar. A primeira disciplina de supervisão de estágio, com quatro horas aula, aborda os problemas de
aprendizagem de crianças e adolescentes do ensino fundamental e médio; sendo feita uma análise da queixa escolar sob o ponto de vista do sócio-histórico do
sujeito escolar. A atividade prática é de atendimento de queixas escolares de crianças e adolescentes que procuram os serviços de psicologia do Centro de
Psicologia Aplicada (CENPA) da USJT. A segunda disciplina trata da prevenção e seus níveis, realizando atendimentos na instituição escolar; também é realizado o
trabalho de Orientação Vocacional para adolescentes de 14 até 17 anos e 11 meses, sendo que o atendimento é realizado, tanto individualmente como em
grupos de até 15 adolescentes. O trabalho é feito tanto no CENPA como nas instituições escolares conforme a demanda. A última disciplina realizada todos os
estágios nas instituições escolares localizadas nos bairros próximos da universidade, realizando as intervenções de acordo com as necessidades levantadas. No
conteúdo desta disciplina de estágios, também são estudados as questões pertinentes a inclusão escolar e social. Todas as disciplinas de estágio têm quatro
horas aula de supervisão das atividades desenvolvidas pelos alunos-estagiários, seja no atendimento no CENPA, seja nas instituições escolares ou afins (ONGS,
creches, orfanatos, etc). Os grupos de supervisão são compostos de sete até doze alunos, os quais realizam as atividades acadêmicas e de estágio profissional em
duplas. A carga horária de estágio varia conforme o atendimento e a intervenção realizada na escola, sendo o mínimo exigido por disciplina de 35 horas. Todos os
professores do núcleo são especialistas na área de Psicologia Escolar e Educacional, sendo dois mestres e um doutor. Os alunos realizam pesquisas, em duplas,
sobre temas da área de escolar com a orientação de um professor-supervisor, sendo o TCC apresentado em novembro para uma banca composta por um
membro interno e outro externo à universidade. O objetivo é compartilhar a experiência do Núcleo de Psicologia Escolar e Educacional com outras instituições
de ensino superior, com docentes e discentes que estejam interessados na temática da formação e atuação do psicólogo escolar.
14h - 16h
E-46 - Sala 6
14h - 16h
E-46 - Sala 6
DESENVOLVIMENTO DA MOTIVAÇÃO E DA CONSCIÊNCIA METACOGNITIVA – PROCEDIMENTOS DE INTERVENÇÃO E EFEITOS PERCEBIDOS
PELOS SUJEITOS
EVELY BORUCHOVITCH, MARIA APARECIDA MEZZALIRA GOMES - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
A Psicologia Cognitiva e da Teoria do Processamento de Informação descrevem o modelo da aprendizagem autorregulada, numa concepção multidimensional
em que os fatores cognitivos, metacognitivos, afetivos, sociais e contextuais atuam de forma integrada. Além de ensinar determinado conteúdo curricular, o
professor deverá atentar para as múltiplas e diversificadas esferas de competência do sujeito. Deve-se desenvolver simultaneamente a cognição, a metacognição
e a predisposição. De acordo com recentes pesquisas tais componentes se constituem numa “tríplice aliança para a aprendizagem”, coordenando as habilidades
cognitivas e metacognitivas com os estilos motivacionais. O objetivo desse trabalho é compartilhar a experiência de ter desenvolvido, em conjunto,
procedimentos de intervenção para a melhoria da compreensão leitora com estudantes de quarta série do Ensino Fundamental. Ênfase será dada aos aspectos
práticos referentes à implementação da intervenção e nos relatos dos participantes acerca dos efeitos percebidos. Numa turma de 35 alunos, houve 32
participantes, sendo computados os dados de 19 meninos e de nove meninas de uma escola municipal de Jundiaí, São Paulo. A intervenção teve por base o
ensino de estratégias cognitivas e metacognitivas de aprendizagem em sete sessões de uma hora e meia de duração, durante dois meses, incluindo também
apoio motivacional, orientação para estudos, estímulos ao desenvolvimento da metacognição e ensino de estratégias de aprendizagem em situação de leitura.
Os estudantes foram avaliados por meio dos seguintes instrumentos: Escala de Estratégias de Aprendizagem e dois Testes Cloze de compreensão leitora, em três
momentos (Pré e Pós-teste e pós-teste Postergado). Foi também aplicado um Questionário Informativo no Pré-teste, um formulário de avaliação da
metacognição, com questões abertas, após a realização de uma atividade destinada a desenvolver a consciência Metacognitiva e questões de avaliação dos
procedimentos de intervenção, no Pós-teste. Os resultados da Escala de Estratégias mostraram ganhos em metacognição. Em compreensão leitora constatou-se
evolução contínua e consistente dos alunos, cuja maioria atingiu um Nível Independente em leitura no Pós-Teste Postergado. Numa avaliação qualitativa da
percepção dos estudantes, por meio da análise de conteúdo das respostas ao Formulário de metacognição e da avaliação dos procedimentos de intervenção,
alunos relataram que antes não sabiam aprender e afirmaram ter aprendido o que é ser um bom estudante, um método de estudar para aprender, a importância
da leitura para conseguir esse objetivo, a necessidade de ler mais, em casa, manifestando ganhos em motivação e em consciência metacognitiva. Esses dados
reforçam a ideia de que o sucesso escolar pode ser incrementado quando se fortalecem, no trabalho psicopedagógico, estímulos à cognição, à metacognição e à
motivação para aprender.
INTERVENÇÕES PSICOLÓGICAS EM ESCOLAS: NOVAS PRÁTICAS EM PSICOLOGIA ESCOLAR
MÔNICA CINTRÃO FRANÇA RIBEIRO – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
A educação brasileira tem enfrentado nas últimas décadas vários problemas e isso se refletiu nos serviços de atendimento psicológico oferecidos pelos
equipamentos de saúde à população. Estudos mostram que a maior parte dos encaminhamentos feitos pelas escolas ou pelos profissionais de saúde, para
Unidades Básicas de Saúde ou Clínicas-Escola das Faculdades de Psicologia referem-se não a distúrbios emocionais ou problemas familiares, mas a problemas no
processo de escolarização do aluno em relação à aprendizagem da alfabetização e as dificuldades de comportamento. Da mesma forma, o atendimento
psicológico oferecido tem se reduzido a um fenômeno psicopatológico: concepção que entende a queixa escolar como um problema individual, de pertencimento
à criança encaminhada. São recentes as pesquisas que apontam um trabalho de atendimento visando a não redução dos problemas de escolarização à criança,
mas aos funcionamentos escolares e sua relação com o fracasso e sofrimento dos alunos. Esse trabalho tem dois objetivos: apresentar os critérios de triagem para
serviços de atendimento psicológico a queixas escolares em duas instituições: Serviço de Psicologia da Universidade de São Paulo e Clínica Psicológica dos Centros
de Psicologia Aplicada da Universidade Paulista; e apresentar o atendimento realizado por estagiários do último ano do curso de psicologia às queixas escolares no
âmbito da clínica, com foco no individuo atendido em sua relação com a instituição escolar. Os resultados deste trabalho indicam procedimentos de atendimento
à queixa escolar na perspectiva que se opõe às práticas tradicionais, considerando os pertencimentos sociais para além do próprio sujeito ou grupo familiar.
CONFERÊNCIA 5
16h30 - 18h30
EM TEMPOS DE NEOLIBERALISMO, É POSSÍVEL UMA PEDAGOGIA CRÍTICA?
Anfiteatro B-33/PDE
NEWTON DUARTE - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Nem toda teoria crítica da educação caracteriza-se como uma pedagogia crítica. Para que isso ocorra é necessário que a concepção acerca das relações entre
educação e sociedade apreenda dialeticamente as contradições determinantes da dinâmica social que se fazem presentes no âmbito educacional. Com o
acirramento das contradições da sociedade capitalista contemporânea verifica-se que os ataques à educação escolar intensificam-se e surgem tanto do campo
da direita como do da esquerda. O neoliberalismo como política e como concepção de mundo tem atuado no campo da educação esco lar de maneira
particularmente destrutiva tanto em relação à materialidade do trabalho educativo como em relação ao universo das idéias pedagógicas. Por sua vez, setores
da esquerda têm contribuído para uma visão fortemente negativa em relação às possibilidades de se fazer da educação escolar um campo de atuação
transformadora em direção à superação da sociedade capitalista. Contrapondo-nos a essas perspectivas, defenderemos a importância estratégica da educação
escolar na luta por transformações sociais radicais e, nesse contexto, argumentaremos pela atualidade e pelo vigor das proposições da pedagogia históricocritica.
MESAS REDONDAS / SIMPÓSIOS
16h30-18h30
MEDICALIZAÇÃO DOS ESPAÇOS EDUCATIVOS: REFLEXÕES DE PSICÓLOGOS ESCOLARES
E-34 - Sala 01
Coordenação: ÂNGELA FÁTIMA SOLIGO – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Historicamente, a Psicologia, foi marcada desde seu surgimento, na modernidade, pelo discurso da norma, pela busca de generalizações científicas que
permitissem definir o humano normal, o desenvolvimento ideal e seus desvios. Inspirada no modelo médico de ciência, a Psicologia prestou-se, nos espaços
escolares, à rotulação e segregação dos alunos que, por questões de aprendizagem e conduta, não se ajustavam aos padrões das escolas. Em seu
desenvolvimento, a Psicologia Escolar ampliou seus modos de conceber a subjetividade e os sujeitos no contexto escolar, compreendendo a construção social do
sujeito e a indissociável imbricação entre a conduta e manifestações subjetivas e a dinâmica social e escolar. É desta perspectiva que hoje os psicólogos
escolares vêm ressurgir um forte discurso medicalizante das questões escolares, transformando em distúrbios as condutas indesejáveis no espaço da escola e,
novamente, imputando ao sujeito individual a responsabilidade pelos fracassos e descaminhos das trajetórias escolares. O disc urso medicalizante carrega, ainda,
uma forte carga de preconceito, a partir da eleição de tipos ideais e atribuição de incapacidade àqueles que se desviam dos modelos socialmente eleitos. A
proposta desse simpósio é discutir distintas faces do processo contemporâneo de medicalização: as tendências atuais, a queixa escolar, o preconceito.
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EDUCAÇÃO MEDICALIZADA: O QUE A PSICOLOGIA ESCOLAR TEM A DIZER?
MARILENE PROENÇA REBELLO DE SOUZA – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
A partir dos anos 1980, a Psicologia Escolar tem chamado a atenção para as explicações a respeito dos chamados problemas de aprendizagem na escola. O alerta
da Psicologia Escolar permitia considerar, desde então, que não era mais possível depositar sobre as crianças, adolescentes e suas famílias, as causas dos altos
índices de repetência e de evasão escolares. Assim, a Psicologia busca analisar o sistema escolar, as práticas pedagógicas, as relações escolares e institucionais. E
é com grande surpresa e preocupação que assistimos, então, a partir do ano 2000, o retorno das explicações organicistas centradas em distúrbios e transtornos
no campo da educação para explicar dificuldades de crianças na escolarização. Embora esses recursos da área da saúde e da biologia sejam fundamentais
enquanto avanços na compreensão de determinados processos humanos, quando aplicados ao campo da educação retomam a lógica já denunciada e analisada
durante décadas de que o fenômeno educativo e o processo de escolarização não podem ser avaliados como algo individual, do aprendiz, mas que as relações
de aprendizagem constituem-se em dimensões do campo histórico, social e político que transcendem, e muito, o universo da biologia e da neurologia.
QUEIXAS ESCOLARES UMA PROPOSTA DE ATUAÇÃO EM PSICOLOGIA ESCOLAR
ELOISA H. R. GIMENEZ – CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA-LEME
Crianças são encaminhadas com queixas escolares constantemente e desnecessariamente para serviços especializados. Dificuldades de aprendizagem e
problemas comportamentais são as queixas mais freqüentes e mais comumente direcionadas para psicólogos com o intuito de que este profissional resolva a
problemática. A literatura tem enfatizado que as dificuldades no processo de escolarização têm sido compreendidas de maneira parcial e a-critica, uma vez que
a responsabilidade pelas mesmas ainda tem sido atribuída à criança e/ou aos seus familiares. Buscando uma compreensão das multideterminações do
fenômeno, a partir da perspectiva sócio-histórica, colocamos em foco as avaliações e diagnósticos, que em geral contribuem para ratificar os processos de
exclusão escolar. É desta maneira que a exclusão se reedita. Com o intuito de colaborar com esta discussão será apresentada parte dos resultados do trabalho
de assessoria em psicologia escolar realizado em um Núcleo Educacional, que recebe encaminhamentos das escolas de uma cidade do interior paulista. Foi por
intermédio da assessoria que o Núcleo passou a problematizar as queixas recebidas e o trabalho que realizava. Modificações na organização do Núcleo, bem
como nas concepções frente às queixas ocorreram, mostrando que é possível transformar crenças e práticas cristalizadas, embora ainda persistam expectaticas
de interveção clínica. O que observamos é que está ocorrendo um positivo movimento em busca de diálogos para que a dis cussão sobre os papéis e funções do
Núcleo sejam devidamente estabelecidos e este possa efetivamente contribuir com a aprendizagem das crianças.
MEDICALIZAÇÃO E PRECONCEITO: QUE RELAÇÃO É ESSA?
ÂNGELA FÁTIMA SOLIGO – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Ao longo da história da humanidade, o exercíco do poder sobre os sujeitos teve na medicina e posteriormente na psicologia potentes ferramentas de rotulação e
controle. Se a mente, a subjetividade, por sua relativa inacessibilidade, escapam à logica do controle hegemônico, o organismo e o comportamento vão permitir
a ilusão do controle e sobre eles vão incidir, em distintos momentos históricos, diversas empreitadas científicas: a craniolo gia, a teoria do criminoso nato, a
grafologia, a engenharia do comportamento são alguns exemplos dessas empreitadas. A tendência medicalizante do contexto esccolar contemporânea carrega a
mesma marca: a tentativa de controle, no espaço escolar, da conduta que não se adapta, das subjetividades indesejáveis, da diferença. A escola brasileira da
atualidade não pode mais excluir, como fez no passado, aqueles a quem considerava ineducáveis: os deficientes, os negros, os muito pobres, os que apresentam
ritmos distintos ou dificuldades, os indisciplinados. O princípio da inclusão trouxe para a escola aqueles a quem ela negou existência e presença, quebrou o
círculo da tão desejada homogeneidade. Despreparada para lidar com a diferença e as demandas que ela impõe, a escola busca saídas eficazes, que implicam
mudar ou apaziguar os sujeitos, para manter uma suposta harmonia. A medicalização vem atender a esse desejo, e traz consigo a marca dos preconceitos que a
escola já reproduzia e que dão suporte à exclusão não mais material, mas simbólica: os negros são menos inteligentes, os surdos têm problemas de conduta, os
pobres são indisciplinados, os deficientes não têm nada a contribuir com a escola, os gordos são doentes, etc. É, portanto, sobre os corpos, sua aparência e sua
inadequação aos modelos socialmente desejáveis, que vão incidir as tentativas de domesticação que hoje se apóiam no modelo medicalizante.
16h30-18h30
AVALIAÇÃO DE PROCESSOS RELACIONADOS À SITUAÇÃO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
E-34 - Sala 02
Coordenação: ACÁCIA APARECIDA ANGELI DOS SANTOS – UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
O presente simpósio reúne pesquisadores que mostram a importância da avaliação psicoeducacional no contexto escolar. Tomando por base investigações
realizadas em diferentes etapas da escolarização, trazem resultados que apontam para o potencial de contribuição do uso de medidas com parâmetros
psicométricos adequados, que permitem inferências sobre as interpretações fornecidas pelos instrumentos aplicados. Sob essa perspectiva, a primeira
apresentação diz respeito à questão de como avaliar as condições de estudo e leitura em escolares do ensino fundamental e médio e suas implicações. O
segundo trabalho refere-se ao uso de alguns instrumentos que avaliam habilidades lingüísticas e foram desenvolvidos com alunos do ensino fundamental,
mostrando a eficácia de cada uma delas e sua relação com o desempenho escolar. Por fim, a última fala aborda os resultados obtidos com duas escalas que
avaliam a motivação de universitários, compreendida como variável mediadora fundamental no processo de aprendizagem. Em cada um dos estudos será
ressaltado os subsídios para a análise das práticas educativas no âmbito da escola.
CONDIÇÕES DE ESTUDO E LEITURA DE ESCOLARES
KATYA LUCIANE DE OLIVEIRA – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
A condição de estudo do aluno pode favorecer o êxito nas atividades escolares, ou gerar dificuldades na aquisição e armazenamento da informação. As
condições de estudo podem ser compreendidas como as condições temporais e ambientais envolvidas na realização do estudo fora do contexto escolar.
Questões associadas à organização, ao empenho e ao preparo para a situação de estudo são ações que podem viabilizar o estudo eficaz no período de tempo
que o aluno tem disponível para essa tarefa. Tais condições acabam por facilitar a realização de uma leitura de qualidade o que, de certo modo, também poderia
corroborar para um bom desempenho acadêmico. Nessa perspectiva, autores concordam que a aprendizagem e sua expressão pode ser notada por meio de
conhecimento, atitudes e condutas, que exprimem o que foi aprendido. Assim sendo, tão importante quanto a cognição e o equilíbrio emocional ao aprender, é
o equilíbrio ambiental envolvido na situação do aprender. Há que se mencionar que a aprendizagem do aluno é permeada por fatores intrínsecos, como a
motivação, empenho, dedicação, concentração, entre outros. Esses aspectos agem dinamicamente nas situações ambientais no momento do estudo. Por isso
investigar as condições de estudo e leitura de alunos dos ensinos fundamental e médio é de suma importância ao se considerar que condições adequadas de
estudo e leitura poderiam promover uma melhora no desempenho do aluno, por meio da organização de orientações dirigidas para o ensino adequado do
manejo do ambiente de estudo. Esta pesquisa investigou as propriedades psicométricas de uma Escala de Condições de Estudo e leitura para alunos dos ensinos
fundamental e médio, visando a construção de recursos válidos para o diagnóstico das condições de estudo e leitura Participaram 210 alunos dos ensinos
fundamental e médio de escolas públicas do estado do Paraná e São Paulo. Uma escala de condições de estudo composta por 25 itens foi aplicada coletivamente
nos estudantes cujos pais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Estadual de Londrina. Os resultados evidenciaram diferença estatisticamente significativa no desempenho na escala, considerando o gênero e as séries. A análise
fatorial exploratória indicou a existência de uma estrutura de quatro fatores na escala. O alpha de Cronbach da escala toda e das quatro subescalas, apontaram
que o instrumento apresenta índices aceitáveis de consistência interna. A análise fatorial por componentes principais e rotação varimax indicou uma estrutura
de quatro fatores para a Escala de Condições de Estudo e leitura, com eigenvalues acima de 1,2 capazes. O agrupamento dos fatores ficou assim dis tribuído,
Fator 1- Condições relacionadas ao empenho, preparo e aspecto temporal no estudo, Fator 2 – Condições ambientais relacionadas ao barulho, Fator 3Condições relacionadas às estratégias de aprendizagem e leitura utilizadas no estudo e Fator 4 – Condições relacionadas às estratégias de pesquisa no estudo.
Quanto à análise fatorial da Escala de Condições de Estudo e leitura, observou-se que o instrumento busca preencher a falta de instrumentos destinados a esse
tipo de avaliação. Portanto, os dados levantados nesta pesquisa, embora ainda exploratórios, constituem passos importantes para a consolidação da
investigação das condições de estudo e leitura do alunado.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES LINGUÍSTICAS NO CONTEXTO ESCOLAR
NEIDE DE BRITO CUNHA – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA
Um dos temas cruciais no processo de construção de um teste, uma escala, um inventário ou um questionário é a validade, visto que busca demonstrar a
utilidade da medida realizada, ou seja, o significado das pontuações obtidas. É precisamente a validade que permitirá realizar inferências e interpretações
corretas dos resultados ao aplicar um teste e estabelecer a relação com o construto/variável que se mede. Há diferentes maneiras de coletar evidências
suficientes que possam prestar uma base científica à interpretação das pontuações em uso concreto, que podem provir de diversas fontes. Existem as
relacionadas com o conteúdo, o processo de respostas, a estrutura interna, as relações com outras variáveis e as consequências do teste. Um teste de Cloze,
elaborado para avaliar a compreensão de leitura de crianças dos primeiros anos do ensino fundamental, foi alvo de estudos de evidência de validade. O teste de
Cloze tem sido utilizado para avaliar a compreensão em leitura, sendo que por meio dele se podem acessar as inter-relações estabelecidas entre o leitor e o
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texto escrito. Com esse instrumento também é possível identificar eventuais dificuldades de leitura. Ele foi apontado numa pesquisa como o mais utilizado para
avaliar a compreensão de leitura, no Brasil, entre 1996 e 2005. O texto analisado foi estruturado na forma do Cloze tradicional com os quintos vocábulos
omitidos, substituídos por um traço proporcional ao tamanho da palavra omitida, que deveria ser recuperada pelo leitor para restituir o sentido completo à
seleção. Nesse teste foi atribuído um ponto para cada acerto, sendo consideradas corretas as palavras que tiverem sido as mesmas usadas pelo autor do texto.
Assim, o número de acertos máximos era de 15, correspondentes ao número de omissões. Serão apresentados estudos que buscaram evidências de validade
para esse teste, denominado “A princesa e o fantasma”. O primeiro deles evidenciou a existência de validade convergente entre ele e outros dois instrumentos,
que avaliam construtos similares, que envolvem as habilidades de leitura e de escrita, a saber, a Escala de Avaliação da Escrita (EAVE) e a Escala de
Reconhecimento de Palavras (EREP). Nesse estudo também se pôde derivar evidências de validade de critério, pois os instrumentos conseguiram medir as
habilidades em faixas muito próximas, o que demonstrou que houve discriminação de características que diferem as crianças de acordo com um critério padrão,
da EAVE. Como o critério foi aplicado junto com o instrumento, atribuiu-se a validade de critério concorrente. O segundo estudo encontrou a evidência por
processo de resposta, por meio da análise qualitativa dos erros no Cloze. Nessa pesquisa houve a necessidade de recorrer à Psicologia e à Linguística para a
compreensão de determinados mecanismos presentes na produção discursiva escrita. Os resultados mostraram que as crianças com médias mais altas
cometeram mais erros lexicais e as com médias mais baixas, erros semânticos. Cabe destacar que, mesmo que os testes contribuam de forma valiosa, o seu uso
merece cautela, pois eles não podem ser usados como única medida, há que se considerar a existência de vieses culturais e o contexto em que eles são
aplicados.
AVALIAÇÃO DA MOTIVAÇÃO PARA APRENDIZAGEM DE UNIVERSITÁRIOS
ADRIANA ROSECLER ALCARÁ – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
As pesquisas apontam que a motivação tem sido consistentemente associada a uma aprendizagem bem sucedida. Assim, a compreensão da motivação, por
meio da identificação dos motivos e das metas que levam os estudantes a comprometer-se ou não com as atividades acadêmicas pode se configurar em recurso
essencial para entender as variáveis envolvidas na aprendizagem. Essas constatações indicam a necessidade de se estabelecer meios confiáveis para a
mensuração da motivação. Dessa forma, evidencia-se a importância de estudos que visem à averiguação de validade para instrumentos que possam se tornar
ferramentas para o diagnóstico e a avaliação da motivação. Nessa perspectiva, insere-se este estudo que teve como objetivo buscar evidências de validade, por
meio da análise da estrutura interna dos itens, para a Escala de Motivação para a Aprendizagem de Universitários, bem como estudar a consistência interna pelo
método de Cronbach. Além disso, investigou as diferenças entre as médias dos escores em relação às variáveis sexo, faixa etária e área do conhecimento.
Participaram 429 estudantes, de uma universidade particular do interior paulista, com idade entre 18 a 44 anos. O instrumento foi a Escala de Motivação para a
Aprendizagem de Universitários, elaborada com base na Teoria de Metas de Realização. Vale mencionar que essa teoria é uma das abordagens bastante
utilizada em pesquisas sobre a motivação e possibilita a compreensão das razões e objetivos que o estudante adota para realiz ar uma determinada atividade. Os
resultados no que se refere às propriedades psicométricas apontaram o agrupamento dos itens da escala em três fatores, correspondentes à meta performanceevitação, performance-aproximação e aprender, indicando que os itens têm relação com o construto de cada meta. Quanto à consistência interna, os ín dices
encontrados para a escala total e para suas subescalas podem ser considerados aceitáveis. Em se tratando da comparação das pontuações médias em relação ao
sexo, a média obtida pelos universitários é muito similar tanto na meta performance-evitação quanto na meta aprender. Já na meta performance-aproximação
apareceu uma diferença significativa, sendo que as mulheres obtiveram médias maiores quando comparadas às dos homens. Quanto à faixa etária, o
agrupamento por idade mostrou que os estudantes da faixa dos 25 anos ou mais se diferenciam dos de 20 a 24 anos e de até 19 anos, na meta aprender. No que
se refere à área de conhecimento dos cursos não foram encontradas diferenças significativas. Em síntese, é importante mencionar que a Teoria de Metas de
Realização evidencia que o ambiente de sala de aula e a atuação do professor são elementos essenciais no desenvolvimento das metas. Dessa forma, espera-se
que os resultados obtidos com o uso da escala possam contribuir para a implementação de práticas educativas que favoreçam a c onstrução do conhecimento.
Ainda, o aprofundamento teórico em torno do tema motivação e a adequação psicométrica identificada para o instrumento, considerando os poucos estudos
destinados a avaliação da motivação no contexto acadêmico, tornam os objetivos desta pesquisa relevantes, no que se refere às implicações educacionais. No
entanto, novos estudos são necessários para ampliar o conhecimento em torno da avaliação da motivação.
16h30-18h30
PESQUISA E INTERVENÇÃO NA PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL
E-34 - Sala 03
Coordenação: ELENITA DE RICIO TANAMACHI – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
O Simpósio põe em discussão a relação entre a pesquisa e a intervenção em Psicologia Escolar, tomando como referência teórico-metodológica a Psicologia
Histórico-Cultural mediada pelo método Materialista Histórico Dialético. Tem como finalidade anunciar os pressupostos dessa perspectiva que explicam o
movimento necessário para transformar a atividade do psicólogo escolar de modo a superar as formas hegemônicas de trabalho na área, ainda fortemente
marcadas pela descrição e pela ênfase em aspectos particulares da realidade investigada. Para tanto, a primeira apresentação destaca o Materialismo Histórico
Dialético como um método de conhecimento, enfatizando aquelas categorias que explicam o movimento entre a intervenção e a pesquisa no interior de
finalidades humanizadoras. A segunda apresentação retoma essas atividades como expressões das categorias anunciadas, considerando as proposições de
Vigotski para transformar o método de Marx no “capital” que falta à Psicologia e os princípios daí decorrentes para justificar a transformação de um método de
conhecimento em um método de investigação/explicação de uma dada realidade histórico-cultural. As duas outras apresentações explicitam a relação entre o
método Materialista Histórico Dialético, a concepção metodológica desenvolvida por autores da Psicologia Histórico-Cultural e suas implicações para a pesquisa
em Psicologia e Educação, tomando como exemplo uma dissertação de mestrado que investigou o processo de organização do ensino para a formação do
pensamento teórico e uma tese de doutorado, cujo objetivo foi investigar o processo de atribuição de sentido pessoal à atividade de estudo de estudantes do
ensino fundamental. Ao explicar os fundamentos teóricos e os procedimentos metodológicos adotados nas referidas pesquisas seus proponentes revelam as
possibilidades concretamente existentes para a análise da relação entre a intervenção e a pesquisa em Psicologia Escolar, no contexto da Psicologia HistóricoCultural, quando a referência teórico-metodológica é posta pelo Materialismo Histórico Dialético.
O MÉTODO MATERIALISTA HISTÓRICO DIALÉTICO COMO MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO NA PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL
MARIA ELIZA MATTOSINHO BERNARDES – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
O presente trabalho tem como finalidade apresentar as bases teórico-metodológicas que medeiam a compreensão da constituição e do desenvolvimento do
psiquismo humano como possibilidade para a emancipação do homem diante das contradições postas na sociedade. Sintetiza o movimento de estudo sobre o
método materialista histórico dialético na psicologia histórico-cultural apresentando as categorias ontológicas para a compreensão do processo de humanização
como sendo o trabalho, o caráter material da existência humana e a historicidade. A lógica dialética é entendida como lógica de conhecimento e de explicação
da realidade que permite captar o movimento do real concreto ao abstrato e do abstrato ao concreto no pensamento, pois pressupõe as leis da realidade
transformadas em leis do pensamento, por meio das categorias universalidade e mediação, e por meio das leis da contradição, da negação da negação e da
transformação da quantidade em qualidade. A lógica dialética pressupõe a relação singular-particular-universal em qualquer dimensão da produção humana. No
movimento de análise e explicação da constituição do homem como ser genérico, o singular é entendido como o indivíduo que, pa ra se emancipar, precisa
relacionar-se com os bens materiais e intelectuais produzidos pelo conjunto dos homens. O universal é o gênero humano que, quando objetivado e apropriado
pelos homens individualmente, constitui-se a meta máxima de humanização. O particular é o elemento mediador, a sociedade, as circunstâncias por meio das
quais os indivíduos singulares relacionam-se com o gênero. Vigotski traz para a realidade da Psicologia a relação entre o indivíduo singular e o gênero humano,
mediado pelas condições particulares, e o método materialista histórico dialético é entendido como mediação para a elaboração da psicologia histórico-cultural
e na proposição de alguns princípios necessários à investigação das funções psicológicas superiores.
A PESQUISA E A INTERVENÇÃO NA PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL COMO EXPRESSÃO DO MÉTODO MATERIALISTA HISTÓRICO DIALÉTICO
ELENITA DE RICIO TANAMACHI – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
O estudo parte da constatação de que muitas pesquisas em Psicologia Escolar tomam como objeto de estudo projetos de intervenç ão na área. Discute a relação
entre a pesquisa e a intervenção como expressão do método Materialista Histórico Dialético com a finalidade de propor alternativa teórico-metodológica à
atividade do psicólogo, visando à superação da ênfase acentuada na descrição em detrimento da explicação da realidade, o que tem caracterizado maciçamente
o trabalho dos pesquisadores em Psicologia e Educação. Para tanto, explicita algumas proposições de Vigotski para transformar o método de Marx no “Capital”
que falta à Psicologia, enfocando os princípios que o autor elege como necessários à investigação das funções psicológicas superiores, quais sejam a ênfase na
análise de processos e na explicação dos fenômenos e a investigação do “comportamento fossilizado”. Considera que esses princípios constituem o projeto de
Psicologia do autor e permitem redefinir o seu objeto de estudo, destacando a determinação histórico-cultural e os temas específicos que propôs à Psicologia e
à Educação, a delimitação das unidades de análise do psiquismo e o método genético experimental para chegar à gênese das funções estudadas, além do
conceito de Zona de Desenvolvimento Próximo. Defende que essa compreensão da Psicologia Histórico-Cultural a partir do método Materialista Histórico
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Dialético tem implicações para as atividades de pesquisa, destacando aquelas atividades que aliam a investigação e a intervenção. Nesse caso, põe em evidência
o compromisso com a transformação da realidade investigada e da própria psicologia e educação no sentido da emancipação dos participantes; apresenta o
caminho utilizado por Vigotski para propor sua tese sobre a constituição da Psicologia, apontando para a relação entre um método de conhecimento e um
problema especifico de investigação, enfatizando a necessidade de transformação dos instrumentos e técnicas elaborados pela ciência psicológica em
procedimentos metodológicos pertinentes às especificidades da realidade a ser explicada. Conclui afirmando que este movimento que transforma um método
de conhecimento em um método de investigação/explicação de uma dada realidade e que produz novos conhecimentos e novas condições de desenvolvimento
da mesma é uma característica fundamental das pesquisas na perspectiva teórico-metodológica em foco. Essa deve ser também a característica que transforma
uma intervenção/prática em uma pesquisa/práxis. Portanto, não basta descrever a intervenção, é preciso explicá-la. Na relação entre as especificidades de uma
realidade e o conhecimento é possível vislumbrar o desenvolvimento, a transformação e a superação de ambos.
A ORGANIZAÇÃO DE PESQUISAS EM PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO NA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL: O ENSINO E A FORMAÇÃO DO
PENSAMENTO TEÓRICO
CAROLINA PICCHETTI NASCIMENTO – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
A organicidade entre o método de conhecimento e a perspectiva teórica adotada na pesquisa (no caso deste trabalho: entre o materialismo histórico e dialético
e a teoria histórico-cultural) é defendida como princípio e ao mesmo tempo produto do processo de organização das pesquisas em educação. É princípio ao
afirmar que os procedimentos teórico-metodológicos adotados na pesquisa devem ser uma expressão do método ao qual a teoria se fundamenta. É produto, ao
criar procedimentos de pesquisa que, atendendo às especificidades da ciência pedagógica e de cada objeto de estudo, consiga explicitar a teoria como expressão
do método. Partimos da seguinte tese: assumir a perspectiva da teoria histórico-cultural como fundamentação para a realização de pesquisas no campo
educacional implica em assumir o método no qual essa teoria foi elaborada - o materialismo histórico e dialético - de modo que as concepções de ensino, de
aprendizagem e de formação humana, presentes no referido método, sejam orientadoras para a elaboração e/ou apropriação dos procedimentos de pesquisa.
Além da tese acima explicitada, consideraremos neste trabalho outras três: a) o caráter social das funções psíquicas; b) a apropriação dos bens culturais como
condição essencial para a formação humana; c) a necessidade de superação das condições alienantes e alienadoras de nossa atual sociedade. Estas teses serão
apresentadas a partir dos procedimentos teóricos e metodológicos utilizados em nossa pesquisa de mestrado, cujo objeto de investigação era o processo de
organização do ensino para a formação do pensamento teórico. Para isso, a exposição da análise ocorrerá tendo por base os processos de: obtenção,
organização e análise dos dados. Para cada um deles ressaltamos os princípios que lhes fundamentam e os instrumentos por nós utilizados, respectivamente: o
experimento didático, os episódios de ensino e as unidades de análise. Como perguntas norteadoras para essa análise destacamos: os instrumentos adotados
pelo pesquisador em suas teses e dissertações permitem que ele se aproxime do seu objeto de pesquisa de modo a conhecê-lo em sua essência? Estes
instrumentos estão coerentes, ou são capazes de expressar as teses gerais da teoria histórico-cultural, bem como produzir conceitos relacionados com a
Atividade Pedagógica? Nos marcos da pesquisa no campo educacional, particularmente àquelas que se dão na escola, trata-se de analisar as possibilidades e
limites de produção de conhecimentos que sirvam como instrumento para os sujeitos envolvidos na atividade pedagógica. Investi gar um modo de ação para o
trabalho docente ou um modo de organização do ensino para a formação do pensamento teórico dos estudantes – objetivo de nossa pesquisa de mestrado –
apresentou-se como uma possibilidade de contribuir para a elaboração daqueles conhecimentos e/ou propostas educacionais para a atividade pedagógica e, ao
mesmo tempo, como uma possibilidade de explicitar a relação entre o método materialista histórico e dialético, a concepção metodológica desenvolvida na
teoria histórico-cultural e suas implicações para a pesquisa em educação.
16h30-18h30
INTERFACES E PERSPECTIVAS PARA A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR/EDUCACIONAL EM INSTITUIÇÕES DE ACOLHIMENTO
E-34 - Sala 04
Coordenação: CELIA VECTORE – UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
A inserção do psicólogo em instituições de acolhimento está prevista pela Lei 12.010 de 29/07/2009, contudo as rotinas e demandas de tais instituições se
configuram como um terreno espinhoso e a ser explorado pelo profissional da psicologia, de modo a construir uma prática eficiente e eficaz junto a tais
contextos. Nesse sentido, vale frisar que são poucos os cursos ao nível de graduação, que tem lançado luzes sobre a atuação profissional nessas instituiç ões;
trata-se portanto, de um amplo campo de trabalho para o psicólogo. Assim, o objetivo do presente simpósio é apresentar trabalhos que, a despeito de serem
oriundos de diferentes abordagens teóricas têm buscado a compreensão de aspectos do desenvolvimento, aprendizagem, formação moral, formação
continuada de mães sociais, alternativas de vinculação, que permitem avaliar a abrangência e pertinência do fenômeno estudado. Para tanto, Celia Vectore e
Débora Nogueira Tomás relatarão os resultados de um estudo voltado para a identificação do perfil mediacional das mães sociais e o comprometimento com a
formação de vínculos; Karollyne Kerol de Sousa abordará a problemática envolvendo o apadrinhamento de crianças em situação de risco e Marcionila Rodrigues
da Silva Brito relatará um projeto voltado para a inclusão social de crianças acolhidas, a partir de oficinas de leituras no espaço da brinquedoteca do Instituto de
Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia.
A MEDIAÇÃO DE MÃES SOCIAIS:UM ESTUDO SOBRE AS INTERAÇÕES EM INSTITUIÇÕES DE ACOLHIMENTO
CELIA VECTORE – UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Este estudo objetivou identificar e avaliar o perfil mediacional de mães sociais atuantes em contextos de abrigo, haja vista a importância de interações
adequadas, fomentadora de vínculos seguros junto à criança em situação de risco. A pesquisa foi realizada em uma instituição abrigo do modelo Casa Lar,
situada em uma cidade do interior de Minas Gerais e contou com a participação de quatro mães sociais responsáveis pelo cuidado de crianças de até seis anos
de idade. Foram feitas observações do cotidiano institucional, entrevista com a assistente social, de modo a caracterizar a instituição e entrevistas semiestruturadas com as mães sociais. Para a coleta de dados, foram realizadas vídeo-gravações dos momentos de interação entre mães sociais e crianças ocorridas
durante atividades rotineiras como: banho, alimentação, acordar, brincar e assistir televisão. Foram realizadas 20 filmagens de dez minutos cada, sendo cinco de
cada mãe social, totalizando três horas e vinte minutos de gravação. As filmagens foram transcritas e analisadas, conforme os critérios mediacionais Focalização, Mediação de Significado, Recompensa, Regulação de Comportamento e Expansão propostos pela abordagem relativa à Aprendizagem Mediada. Os
resultados revelaram que dentre os critérios de mediação elencados, o critério mediacional mais utilizado foi o de Regulação de Comportamento, referindo-se
muitas vezes o que as crianças não devem fazer ou apenas para orientar ou direcionar os comportamentos das mesmas. Os dados trouxeram à luz que, as
interações entre mães sociais e crianças os diálogos são empobrecidas restringem-se a poucas falas, o que pode ser devido à falta de formação destas
profissionais para o exercício de sua função. O trabalho discute a necessidade de um programa contínuo de formação para mães sociais e, além disso, aponta a
relevância de novos estudos para a compreensão mais abrangente da infância sob risco que, infelizmente, faz parte do universo de um grande contingente de
crianças, vivendo em contextos de abrigamento e, quiçá podem nortear políticas públicas que respondam aos anseios e direitos, desses pequenos brasileiros.
EXPECTATIVAS E FRUSTRAÇÕES NO PROCESSO DE APADRINHAMENTO DE CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
KAROLLYNE KEROL DE SOUSA – UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Trata-se de pesquisa que teve como objetivo buscar compreender os mecanismos psíquicos envolvidos nos modos de vinculação constituídos e c onstituintes do
processo de apadrinhamento. O apadrinhamento é uma prática de voluntariado vigente em algumas instituições de acolhimento a crianças no Brasil. Apesar de
não existir uma definição jurídica para o termo, o apadrinhamento pode ser descrito como uma forma de proporcionar às criança s institucionalizadas vínculos
significativos, próximos aos que elas deveriam ter com os familiares. Isto não quer dizer que, na realidade, esta experiência ocorra dessa maneira. Percebe-se
que o apadrinhamento tem sido usado como um dispositivo para preencher lacunas existenciais de ambos os lados, pela via da criança e do padrinho. No estudo
realizado, depois de efetuarmos um percurso pela constituição subjetiva e pelos movimentos de um sujeito contemporâneo premido por ideais de felicidade,
foram analisados o caso clínico de uma criança apadrinhada e quatro entrevistas com madrinhas de crianças institucionalizadas. O método empregado, tanto
para a realização da pesquisa quanto para a análise dos resultados, foi o método psicanalítico. A partir de analisadores elencados por meio do caso clínico e das
entrevistas, dados importantes foram construídos referentes à forma de se relacionar promovida pelo apadrinhamento: exaltação de práticas de voluntariado,
correlacionadas a sentimentos nobres como a bondade e o amor ao próximo; um narcisismo exacerbado como tentativa de recuperar a onipotência sentida nos
primórdios da existência; a sedução que perpassa o relacionamento entre padrinho e criança institucionalizada; a ambivalência de sentimentos despertados
nesta relação; e semelhanças do apadrinhamento com o processo de adoção, no que diz respeito à busca pelo filho ideal, que se estende à procura pelo
padrinho ideal e pelo afilhado ideal.
DIFICULDADES PARA A INCLUSÃO SOCIAL DE CRIANÇAS ABRIGADAS
MARCIONILA RODRIGUES DA SILVA BRITO – UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Ao analisar a grande dificuldade para se concretizar o processo de adoção de crianças que vivem em instituições de acolhimento, dois fatores intervenientes
nesse processo se destacam. Primeiro, o comprometimento do desenvolvimento moral das crianças, por terem experienciado situações de falta de valores
estruturantes da personalidade, antes de serem acolhidas na Instituição. Segundo, a dificuldade de aprendizagem de conteúdos acadêmicos na escola, motivado
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pelas barreiras que se formam por não saberem ler e escrever corretamente, tornando inviável a devida compreensão dos conteúdos dos textos estudados. Isto
aponta para a urgente necessidade de se desenvolver programas de reeducação de valores morais bem como, de alfabetização eficiente, já que sem o
conhecimento e domínio da língua culta, todo o processo de inclusão social fica prejudicado. Crianças que têm dificuldades para se adaptar às normas das
famílias, que falam e escrevem muito errado e que usam um vocabulário pejorativo; que não têm condições de acompanhar os colegas da sala nos trabalhos
escolares, por não saberem ler ou se relacionar com polidez, são devolvidas às instituições depois de já estarem convivendo em período de experiência com
famílias que a princípio desejavam adotá-las. Para minorar essa situação, há um projeto em estudo para implantação de oficinas literárias no qual se pretende
trabalhar com a leitura de histórias, contos de fadas e clássicos, para promover o desenvolvimento da linguagem culta e da moralidade dessas crianças,
facilitando a inclusão social delas.
16h30-18h30
ÉTICA EM PESQUISA COM SERES HUMANOS
E-34 - Sala 05
Coordenação: GERALDINA PORTO WITTER – UNIVERSIDADE CAMILO CASTELO BRANCO
Embora se tenha avançado substantivamente nos cuidados éticos com a pesquisa e sua publicação, há ainda um longo percurso para que muitas questões sejam
resolvidas em termos legais e da capacitação ética do pesquisador. O objetivo do simpósio é discutir vários dos aspectos éticos a serem analisados em uma
pesquisa e como os vários problemas emergem na vivência dos autores de atuação como membros do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Para estabelecer um
referencial, Witter apresenta a comparação dos Códigos de Ética em Pesquisas geradas no contexto da Psicologia em 35 países. Busca os denominadores
comuns e os diferenciais ao longo de todo o ciclo de produção, da definição da temática e objetivos até a publicação. São aspectos relevantes para que a
pesquisa seja conduzida conforme os preceitos éticos estabelecidos para a área da Psicologia em geral e seu potencial para a área educacional. Silva apresenta a
criação de sistemas se Comissões de Ética em Pesquisa no Brasil (CEPs), sua inserção na realidade brasileira e discute distribuição dos CEPs nos vários estados,
tecendo considerações sobre as variáveis que implicaram nesta distribuição e de sua inserção no contexto da produção científica no Brasil. Assim, o Estado de
São Paulo concentra a maioria dos CEPs e, também, dos doutores, cursos superiores e grupos de pesquisa. A demanda dos produtores é que parece responder
por esta concentração. Buriti faz uma apresentação do estabelecimento dos CEPs, das exigências para sua composição e credenciamento na esfera federal, seu
funcionamento, características e problemas. Destaca-se as dificuldades relativas aos recursos humanos que integram o CEP, a relevância do papel do
representante da comunidade e a falta de cultura científica que viabiliza a assimilação do sistema de avaliação. Carla Witter retoma a contribuição da ABRAPEE
para a produção científica e enfoca os problemas éticos mais frequentemente detectados nos CEPs, considerando todo o ciclo de produção, do emergir da ideia
até a publicação, e o seu uso posterior. Trata da relevância, as obrigações e a responsabilidade dos CEPs ao emitir parecer, dando ou rejeitando a autorização
para a realização das pesquisas, os cuidados a serem tomados quando os participantes requerem atenção especial dadas as suas características pessoais,
condições especiais de vida, ou contingências de risco e submissão. Destaca cinco problemas cruciais: título, objetivos, método, cronograma/orçamento e Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido. Descreve os problemas e a relevância de saná-los. Como todos os membros do simpósio participaram ou ainda participam
de diferentes Comitês de Ética, todos são usuários frequentes dos referidos comitês, trazem para discussão observações sobre suas vivências pessoais, quer
como pesquisadores, quer como membros do CEP, ou ainda, como professores-orientadores. Aproveita-se, também, para discussão das estratégias para
melhorar este quadro, atuando na formação e na atuação do pesquisador e na aceleração, ampliação e melhoria da produção científica em Psicologia, tendo por
referência a área educacional e a necessária busca de evidências científicas.
A PESQUISA E O CÓDIGO DE ÉTICA EM PSICOLOGIA DE VÁRIOS PAÍSES
GERALDINA PORTO WITTER – UNIVERSIDADE CAMILO CASTELO BRANCO
As circunstâncias sociopolíticas e as disputas que marcaram o século XX ensejaram contingências para aumentar a preocupação com a ética na pesquisa, do seu
planejamento à sua publicação, bem como com a criação de organismos e redes de controle externo que guardem a independência de órgãos controladores de
classe, embora atuando em colaboração e respeito mútuos. Como era esperado, mesmo com variações há denominadores comuns. Em busca das semelhanças e
diferenças são comparados códigos de Ética em Psicologia de 35 países da Europa, Ásia, África e Américas, tendo por referencial para comparação a ética na
pesquisa e sua publicação. Os códigos analisados quanto ao recorte proposto são dos seguintes países: África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil,
Bulgária, Canadá, Colombia, Chile, China, Costa Rica, Cuba, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Estônia, França, Honduras, Inglaterra, Irã, Irlanda, Itália, Letônia,
Morávia, Nova Zelândia, Panamá, Paraguai, Perú, Porto Rico, República Dominicana, Rússia, Singapura, Turquia e Uruguai. Todo o material de análise está
disponibilizado via Internet. O material colhido foi analisado e viabilizou constatar similaridade de cuidados em relação aos que autorizam ou aceitam participar
da pesquisa, mas que nem todos os aspectos éticos esperados recebem a mesma atenção ou são contemplados em todos os códigos de ética analisados. O
mesmo ocorre com a ética na publicação. Há preocupação com os direitos autorais, mas há variação possivelmente porque a legislação a respeito varia entre os
países, todavia há alguns padrões internacionais. Outro aspecto variável é a questão da ética em relação ao patrocinador ou financiador da pesquisa que deve,
em certos casos, assumir pelo menos parte da manutenção quando se trata de programas de intervenção. Verificou-se ser constante a preocupação com o
participante/sujeito e com a autoria, o mesmo não ocorre no que concerne à ética do consumidor de ciência, seja ele, outro pesquisador, um profissional não
pesquisador (ainda muito frequentemente encontrado em muitos países), alunos, profissionais de áreas conexas ou mesmo leigos em relação aos parâmetros da
ciência atual e das limitações da pesquisa. Desta forma, procurou-se apresentar um panorama geral da ética na pesquisa psicológica, buscando detectar as
diretrizes comuns, os aspectos enfocados e propostas emergentes. É apresentado um quadro comparativo enfocando os aspectos previstos como:
responsabilidades do pesquisador, direitos do participante, manutenção e acesso aos acervos de pesquisa, termo de consentimento livre e esclarecido etc. São
focados exemplos de pesquisas educacionais como ilustração dos aspectos analisados. Pode ser lembrada aqui a exigência de termo de consentimento dos pais
e de adolescentes quando o último for participante da pesquisa, os cuidados na generalização dos dados decorrentes de instrumentos sem padronização e
validação cientometrica ou na obtenção regular e legal de autorização das escolas ou instituições em que se realiza a pesquisa. Podem ser especificados, para
maior esclarecimento, os princípios de proteção do participante ou sujeito que no âmbito educacional podem abranger, em todos os níveis educacionais,
estudantes professores, diretores e demais funcionários, bem como pais e, às vezes, toda a família. Vale lembrar também a preocupação ética com a
preservação das instituições.
OS CEPS NO BRASIL – INSERÇÃO E DISTRIBUIÇÃO
ELZA MARIA TAVARES SILVA – UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
A evolução e avanço da Ciência proporcionam questões que cada dia mais fazem parte do cotidiano, tais como células tronco, modificações genéticas e outros
mais que merecem ser analisadas com critérios e correções para proteção da sociedade. Nesse novo contexto para a produção do conhecimento científico as
organizações e os meios de comunicação científica têm papéis e funções muito importantes. Dentre esses está o CEP (Comitê de Ética em Pesquisa) que é um
colegiado interdisciplinar e independente, com o propósito de defender os interesses dos sujeitos da pesquisa dentro de padrões éticos e contribuir no
desenvolvimento da pesquisa. O CEP deve existir nas instituições que realizam pesquisa, sejam elas públicas ou particulares. No Brasil, a preocupação com a
ética em pesquisas sempre houve, porém teve seu registro no início na década de 80 com a Resolução nº 1/88 editado pelo Conselho Nacional de Saúde. Foi a
partir dessa resolução, mais a contribuição de uma revisão da literatura específica sobre o assunto e a observação do que já estava sendo executado em outros
países chegou-se à Resolução CNS 196/96 que é um dos poucos documentos de natureza essencialmente bioética e sua preocupação está voltada para as
pesquisas que envolvem seres humanos, seja ela em qualquer área de conhecimento e não apenas médica. Cabe ao CEP a avaliação e o acompanhamento dos
aspectos éticos de todas elas, dessa forma resguarda os direitos dos sujeitos pesquisados. Também, ao analisar as pesquisas, o CEP contribui para a qualidade
das pesquisas propiciando uma reflexão sobre o papel da pesquisa e sua contribuição no desenvolvimento institucional e social. Onde há pesquisa
preferencialmente deve haver um CEP, assim as direções de instituições devem tomar a iniciativa de criar e organizar o seu CEP e, este deve ser devidamente
registrado na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). A partir dessa tramitação de inserção de um CEP com seu regimento interno e regras de
funcionamento próprio elaborados é que a instituição solicitante está qualificada e legitimada para a pesquisa. Pela importância de seu papel consultivo e
educativo há necessidade de que em todos os estados brasileiros sejam implantados CEPs. O levantamento feito sobre o número de CEPs existentes no Brasil,
com base no SISNEP (Sistema Nacional de Informações sobre Ética em Pesquisa), mostrou que o Estado de São Paulo é o que tem maior número com 111, fato
que pode estar associado ao grande número de processos de pesquisa existentes, grupos de pesquisa, cursos de pós-graduação e de doutores do referido
estado. Isto parece explicar a existência de só um CEP nos estados do Maranhão e do Acre cadastrados no SISNEP. É apresentado um quadro descritivo geral de
CEPs e de Grupos de Pesquisa, dando perspectiva geral da situação brasileira. Assim, o CEP contribui para a qualidade das pesquisas e, também, para a
valorização do pesquisador. Além de dar autorização para a pesquisa, o CEP tem finalidades educativas, pois via parecer consubstanciado fornecem orientação
aos pesquisadores para melhoria de seus trabalhos atendendo aos preceitos éticos e cursos sobre ética.
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CEP – COMPOSIÇÃO, FUNCIONAMENTO, CARACTERÍSTICAS E PROBLEMAS
MARCELO DE ALMEIDA BURITI – INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLÓGICA DE SÃO PAULO
Toda pesquisa envolvendo seres humanos deve ser submetida a uma reflexão ética no sentido de assegurar o respeito pela identidade, integridade e dignidade
da pessoa humana e a solidariedade e justiça social. A análise ética das pesquisas e sua validade concretiza–se nos Comitês de Ética em Pesquisas (CEPs) das
instituições. Os projetos de pesquisas analisados e validados pelos CEPs podem trazer ganhos seguros para o pesquisador e para a sociedade na medida em que
desta forma pode-se evitar a exposição desnecessária de pessoas a procedimentos inúteis ou danosos. Procura-se assim garantir a clara compreensão da
utilidade (relação risco/beneficio) dos procedimentos. Assim, os comitês desempenham um papel central, não permitindo que o pesquisador nem os
patrocinadores sejam os únicos a julgar se os seus projetos estão de acordo com as orientações éticas. Isto decorre de um dos objetivos dos CEPs ser proteger as
pessoas, participantes de pesquisas, de possíveis danos, preservando seus direitos e assegurando ao cidadão que a pesquisa vem sendo feita de forma
eticamente correta.Os Comitês e Ética em Pesquisa não devem se restringir a uma instância burocrática, mas constituir – se em espaços de reflexão e
monitorizarão de condutas éticas, de explicação de conflitos e de desenvolvimento da competência ética da sociedade. A experimentação com seres humano,
cada vez maior com o avanço da ciência, vai além dos limites de qualquer profissão envolvendo categorias como psicólogos, biólogos, geneticistas, sociólogos,
fisioterapeutas, nutricionistas, além de pedagogos, professores, cientistas sociais, entre outros. A resolução CNS 196/96 consolidou a idéia de que os CEPs
deveriam ser constituídos de forma a favorecer o aporte dos pontos de vista de todos os envolvidos, bem como permitir a inclusão dos diversos interesses
científicos e sociais, seja dos pesquisadores, patrocinadores, sujeitos de pesquisas e da comunidade. Por meio de uma composição multidisciplinar com
contribuição de várias áreas do conhecimento. Assim, a resolução criou os Comitês de Ética nas instituições e estabelece os critérios para sua formação. Para
atingir seus objetivos os CEPs são compostos de modo que os membros participantes do CEP não devem ser em número inferior a sete, com mandato de três
anos (permitindo recondução) e sua renovação deve ser feita a cada mandato, bem como, por ser multidisciplinar ter profissionais de diversas áreas, balancear
os gêneros e, pelo menos, um membro representante dos usuários da instituição. Pessoas de fora da instituição também podem ser convidadas, pessoas de
qualquer instituição não comprometida com qualquer segmento da sociedade. Em média, os CEPs são constituídos por 11 membros, destacando-se a
participação de profissionais das três grades áreas de saúde, humanas e exatas, além de um ou mais membros da sociedade civil, dependendo do número de
membros. Dessa forma, os CEPs funcionam de forma responsável e eficaz no que diz respeito à análise dos projetos de pesquisa e acompanhamento de sua
execução quanto na proposição de alternativas viáveis para possíveis conflitos éticos. Além da função educativa envolvendo todos os interessados na pesquisa.
Destaca-se a relevância de se recorrer a CEPs devidamente credenciados na esfera federal e dos cuidados na manutenção da independência dos mesmos em
relação às instituições em que estão instalados e ao abrigo de influência de patrocinadores. É um trabalho que não implica em receber pela sua realização, mas é
o reconhecimento do mérito pela comunidade. São discutidos problemas relacionados com a composição, o funcionamento, a sua clientela real e potencial, bem
como a necessidade de desenvolver uma consciência de ética na cultura científica.
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA (CEP): PROBLEMAS FREQUENTES NOS PROJETOS
CARLA WITTER- UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
A realização de trabalhos de pesquisa deve ser uma preocupação constante dos professores e educadores, psicólogos escolares, gestores da educação,
pesquisadores da área escolar e educacional e demais profissionais relacionados à Educação. O avanço científico de uma determinada área de conhecimento
ocorre pela realização de pesquisas que permitem a descrição e a investigação dos diversos temas da área escolar e educacional, por meio de estudos que vão
desde os delineamentos descritivos até os experimentais. A área de Psicologia Escolar e Educacional tem uma vasta produção científica, a qual tem se expandido
ao longo dos últimos 50 anos, tendo se consolidado nos últimos 20 anos com a criação da Associação Brasileira de Psico logia Escolar e Educacional (ABRAPEE) e a
realização dos Congressos Nacionais, os CONPEs que está na sua décima edição. Portanto, a realização das pesquisas é fundamental para o crescimento científico
da área e desta forma os projetos de pesquisa precisam ser submetidos aos Comitês de Ética, conforme resolução do Conselho Nacional de Saúde (nº 196/96),
antes do início da coleta de dados, seja com seres humanos ou animais para receber um parecer consubstanciado de aprovação. Os projetos são avaliados, às
cegas, por dois membros do CEP, um interno e outro externo, que emitem um parecer intermediário, o qual é discutido posteriormente em plenária, por no
mínimo a metade mais um de todos os membros do comitê, quando é discutido o projeto com base nos pareceres intermediários para definir o parecer final. Os
diversos CEPs têm relatados problemas comuns e recorrentes nos projetos de pesquisas que são encaminhados para a apreciação ética, os quais podem ser
agrupados em cinco itens básicos: (1) titulo; (2) objetivos do projeto; (3) descrição do método; (4) cronograma/orçamento e (5) termo de consentimento livre e
esclarecido (TCLE). Os pareceristas avaliam os aspectos éticos do projeto de pesquisa, observando a coerência do projeto desde o título até as referências, pois
se o título não condiz com o que está sendo proposto pelo objetivo e método do estudo este precisa ser revisto, assim como se as citações dos autores não estão
atualizadas, pois denota que o pesquisador não teve o cuidado em fazer uma boa revisão da literatura científica da área. Objetivos que são vagos, muito amplos,
pouco precisos acarretam problemas para o projeto de pesquisa que podem comprometer a execução da pesquisa. A descrição do método é outro problema
freqüente, pois está é a parte central do projeto, do delineamento da pesquisa, portanto precisa ser bem redigida com termos claros e precisos para a
compreensão de como o trabalho será realizado. Os problemas com os cronogramas e orçamento são a ausência de apresentação dos mesmos, o que é
obrigatório, e a previsão da coleta de dados feita antes da aprovação do projeto pelo CEP. Por último, no TCLE é o material que mais apresenta problemas no
projeto que vão desde uma linguagem inadequada para o participante (ex.: termos técnicos para leigos ou crianças) até não apresentar os riscos e benefícios da
pesquisa entre outros aspectos.
16h30-18h30
CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DA MOTIVAÇÃO E AUTORREGULAÇÃO DA APRENDIZAGEM
E-34 - Sala 06
Coordenação: SOELY APARECIDA JORGE POLYDORO – UNIVERSIDADE DE ESTADUAL DE CAMPINAS
Dada à necessidade de se criar condições mais favoráveis à aprendizagem do estudante, nota-se um maior compromisso com a pesquisa e ação educacional
voltada ao planejamento de experiências de formação intencionalmente direcionadas para o desenvolvimento dos mesmos. Neste simpósio serão abordados
dois delineamentos de intervenção, um organizado como programa de apoio e outro referente à ação docente. O primeiro será des dobrado em duas
experiências a respeito de um mesmo programa, sendo uma desenvolvida em Portugal com universitários com experiência de insucesso acadêmico e outra, no
Brasil, dirigida a uma demanda espontânea de ingressantes de uma universidade pública. Quanto à atuação docente, será enfatizado o impacto do estilo
motivacional do professor em relação à orientação motivacional de seus alunos. Tais relatos permitirão, além do intercâmbio, uma rica discussão sobre aspectos
associados à motivação e à autorregulação no contexto educativo.
PROJECTO CARTAS DO GERVÁSIO: UMA INTERVENÇÃO COM ALUNOS NOVEL
PEDRO JOSÉ SALES LUÍS FONSECA ROSÁRIO – UNIVERSIDADE DO MINHO
O impulso do estudo da autorregulação da aprendizagem emergiu, em grande parte, dos dados da investigação que sublinhavam que as capacidades e
habilidades dos sujeitos não ofereciam explicações completas para o rendimento dos alunos, o que sugeria a necessidade de aprofundar a contribuição da
dimensão energética do comportamento, investigando os processos motivacionais e de autorregulação na sua relação com a aprendizagem e realização dos
alunos. A aplicação do quadro auto-regulatório aos processos educativos alargou o seu âmbito, enfatizando a dinâmica processual da aprendizagem e a sua
contribuição para analisar e explicar as diferenças de rendimento alcançadas pelos sujeitos e também como meio para promover o sucesso educativo. Neste
simpósio apresentamos uma investigação centrada na investigação em processos de autorregulação da aprendizagem desenvolvidas pelo Grupo Universitário de
Investigação em Autorregulação -GUIA (www.guia-psiedu.com). O programa Cartas do Gervásio está orientado para capacitar os alunos novel (1.º ano da
universidade) com um conjunto de estratégias de autorregulação que lhes permita abordar os seus processos de aprendizagem de uma forma mais competente
e autónoma. O programa organiza-se em torno de um conjunto de cartas escritas pelo Gervásio, um aluno recém-chegado à Universidade (Rosário, Núñez, &
González-Pienda, 2006), reflectindo sobre as suas experiências, dificuldades e êxitos nesta nova etapa de vida académica. Neste estudo, este programa foi
utilizado, pioneiramente, com alunos do 1.º ano com experiência de insucesso numa licenciatura da área de ciências. Os resultados obtidos confirmam, também
nesta população de estudantes, a eficácia do programa no ensino de estratégias de aprendizagem e na promoção da autorregulação. São discutidas as
implicações educativas dos resultados para a alteração das práticas de ensino aprendizagem e para a promoção do sucesso educativo com alunos novel no
contexto universitário.
O GERVÁSIO NO BRASIL: PROGRAMA DE AUTORREGULAÇÃO DA APRENDIZAGEM PARA O ENSINO SUPERIOR
SOELY APARECIDA JORGE POLYDORO – UNIVERSIDADE DE ESTADUAL DE CAMPINAS, PEDRO ROSÁRIO – UNIVERSIDADE DO MINHO
“Cartas do Gervásio ao seu Umbigo: comprometer-se com o estudar na Universidade” é um programa cuja finalidade é promover a autorregulação da
aprendizagem dos estudantes universitários ingressantes por meio da modelação, uso de estratégias de aprendizagem e da experiência direta. Esse programa
foi desenvolvido tendo em vista a realidade dos estudantes do ensino superior europeu e, por isso, houve a necessidade de sua adaptação ao nosso contexto
educativo. O processo de adaptação das cartas que compõem o programa envolveu a leitura, proposição de alterações e discussões com pesquisadores,
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docentes, alunos de graduação e pós-graduação, e posterior discussão da nova versão entre as pesquisadoras e o primeiro autor do Programa. Foram realizados
ajustes ortográficos, de pessoa verbal, lexical, sóciolinguístico e de formalidade. Esse trabalho incluiu todo o conteúdo da proposta, a saber: fundamentação
teórica, cartas e propostas de atividades. Durante o processo de adaptação do Programa para a realidade brasileira, foi desenvolvida a oficina intitulada “Como
estudar agora que estou na Universidade?”, disponibilizada a alunos ingressantes de uma universidade pública do interior de S ão Paulo. Foram utilizadas seis
cartas do programa, sendo que o conteúdo de cada carta era abordado em um único encontro, com duração de 90 minutos, aproximadamente. A oficina foi
uma iniciativa institucionalizada e contou com a parceria da pedagoga do Programa de Orientação Educacional do Serviço de Apoio ao Estudante da instituição.
Participaram de todos os encontros, 26 estudantes provenientes de diversos cursos de graduação, a saber, Engenharia Mecânica, Engenharia Elétrica,
Engenharia Agrícola, Engenharia de Controle e Automação, Estatística, Matemática Aplicada e Física, Ciências Sociais, Pedagogia, Física, Música, Química, Artes
Visuais e Economia. A idade média dos participantes foi de 21,8 anos, sendo a maioria homens. Ao final, a maioria dos estudantes afirmou que a oficina atendeu
às suas expectativas (n = 20; 76,9%) e contribui para alguma modificação com respeito à sua vida acadêmica (n = 19; 73,1%). Observa-se que além da discussão
sobre os conteúdos das cartas, as atividades propostas ao longo da oficina foram imprescindíveis para a boa aceitação do programa. Conforme disseram os
alunos, por ter proporcionado a sensação de “não estar sozinho” e por se sentirem “acolhidos pela Universidade”.
O ESTILO MOTIVACIONAL DE PROFESSORES E SUAS RELAÇÕES COM A MOTIVAÇÃO AUTÔNOMA DOS ESTUDANTES
SUELI ÉDI RUFINI GUIMARÃES – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
A qualidade da motivação do estudante para a aprendizagem escolar tem sido o foco de estudos baseados em perspectivas teóricas diversas. De acordo com a
Teoria da Autodeterminação, o estilo motivacional do professor influencia a orientação motivacional de seus alunos. Refere-se à crença e confiança do professor
em determinadas estratégias de ensino e de motivação. Algumas pessoas teriam personalidades mais voltadas para o controle, ou seja, personalidades
autoritárias, enquanto outras tenderiam mais a respeitar o outro em suas interações. A possibilidade de apoiar a autonomia alheia seria fruto de um estilo
interpessoal composto, em parte, por características de personalidade e por habilidades adquiridas. Estas habilidades, passíveis de aprendizagem, incluiriam
tomar a perspectiva da outra pessoa, reconhecer seus sentimentos, usar linguagem não controladora, oferecer informações importantes para tomadas de
decisão, entre outras. O estilo motivacional do professor é considerado, portanto, uma característica vinculada à personalidade mas é vulnerável a fatores sócio
contextuais como, por exemplo, o número de alunos em sala de aula, o tempo de experiência no magistério, o gênero, a idade, as interações com a direção da
escola, as concepções ideológicas, entre outros. Além disso, a interação dos professores com seus alunos extrapola as disposições pessoais por englobar a sua
percepção acerca do envolvimento dos estudantes, as pressões sofridas no decorrer do ano letivo, provenientes das relações co m a comunidade, como os pais e
diretores e o tipo de avaliação do trabalho utilizado pela escola. O estilo motivacional do professor configura-se em uma importante influência para o
desempenho, emoções e motivação dos alunos em relação à escola e as pesquisas têm demonstrado ser este um fator relativamente estável durante o ano
letivo. São caracterizados dois estilos motivacionais do professor que variam em um continuum de altamente controlador a altamente promotor de autonomia.
Os professores facilitadores da autonomia de seus alunos nutrem suas necessidades de competência, de autodeterminação e de segurança. Para que isso
ocorra, eles oferecem oportunidade de escolhas e de feedback significativo, reconhecem e apoiam os interesses dos alunos, fortalecem sua autoregulação
autônoma e buscam alternativas para levá-los a valorizar a educação, em suma, tornam o ambiente de sala de aula principalmente informativo. Apoiar a
autonomia dos alunos significa, nessa perspectiva, incentivá-los a fazer escolhas, a participar das tomadas de decisão sobre sua educação e levá-los a se
identificar com as metas de aprendizagem estabelecidas em sala de aula. Em contrapartida, os professores que confiam em um es tilo relativamente controlador
estabelecem para seus alunos formas específicas de comportamentos, sentimentos ou de pensamentos, oferecendo incentivos extrínsecos e consequências para
aqueles que se aproximam do padrão esperado. No ambiente de sala de aula o controle é a principal característica. Nesta apresentação serão apresentados
resultados de estudos recentes na temática, destacando-se suas implicações educacionais.
16h30-18h30
PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL E EDUCAÇÃO ESPECIAL: EM DEFESA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
E-34 - Sala 07
Coordenação: SONIA MARI SHIMA BARROCO – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Nossa exposição objetiva apresentar aspectos teórico-metodológicos elaborados por L. S. Vygotski e suas implicações para a Educação Especial, bem como para
a formação e atuação de psicólogos e professores. Destacamos que nos dias atuais a educação brasileira se vê às voltas com o Atendimento Educacional
Especializado (AEE), e se faz necessária a atenção aos fundamentos filosóficos e metodológicos que possam subsidiar os profissionais para nele atuarem.
Entendemos que a teoria vygotskiana apresenta grandes contribuições para tanto, visto que expõe uma concepção de homem e de sociedades que pode fazer
frente à prática social de exclusão e ao atendimento escolar que lhe é peculiar. Também subsidia um trabalho escolar que pode direcionar a superação de dado
estágio de aprendizagem e de desenvolvimento, através de mediações instrumentais adequadas. Com a primeira exposição Bases filosóficas para a Educação
Especial revolucionária: enfrentamento à formação social da mente deficiente esses fundamentos filosóficos são explicitados, assim como o conceito de
revolução no desenvolvimento. Nele são discutidas as concepções de homem, sociedade e de conduta consciente e auto-regulada para subsidiar o trabalho
educativo na atualidade. Na segunda exposição intitulada Análise do Atendimento Educacional Especializado às crianças com deficiência da Educação Infantil:
contribuições da abordagem histórico-cultural os fundamentos teórico-metodológicos da referida abordagem trazem contribuições no sentido de permitir uma
compreensão da articulação entre as questões sócio-culturais, do desenvolvimento/aprendizagem e a responsabilidade dos profissionais da educação em
disponibilizar um Atendimento Educacional Especializado nas salas de recursos multifuncionais que vá ao encontro das perspectivas da educação inclusiva. No
trabalho Educação Especial e o emprego de recursos didático-pedagógicos: em busca do desenvolvimento humano, são apresentadas e discutidas alternativas
de trabalho, com a mediação instrumental que pode compor os recursos de Tecnologia Assistiva, bem como de Comunicação Suplementar e Alternativa, em prol
da formação e da atuação do professor visando o desenvolvimento dos alunos que requerem Atendimento Educacional Especializado . Com essa mesa espera-se
contribuir para que a teoria esteja em intrínseca relação com a prática educacional, explicando-a e direcionando-a para a promoção do desenvolvimento de
alunos e também dos próprios professores que defendem a proposta de humanização para todos.
BASES FILOSÓFICAS PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL REVOLUCIONÁRIA: ENFRENTAMENTO À FORMAÇÃO SOCIAL DA MENTE DEFICIENTE
SONIA MARI SHIMA BARROCO – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Este trabalho objetiva expor as novas bases filosóficas para o atendimento educacional às pessoas com deficiência, elaboradas por L. S. Vygotski, entre as
décadas de 1920 e 1930 com base na filosofia e no método materialista histórico-dialético. Recuperar essas bases nos parece relevante ante as propostas ou as
práticas educativas que se apresentam hoje que, não raramente, levam à formação social de mentes deficientes. Ao falarmos dessa formação estamos nos
referindo ao trabalho frágil, que não provoca os sujeitos a superarem estágios de relação (visual, tátil, etc.) direta com o mundo, que não levam ao emprego de
instrumentos para a internalização e apropriação daquilo que é propriamente humano, que delimita o mundo e a vida à imediaticidade e à concretude, em vez
de buscar a apreensão do mundo pela abstração. Também se mostra deficiente o pensamento que conclui que o limite biológico dado pela deficiência constitui
em impedimento à humanização. Consideramos, portanto, necessário explicitar que as concepções de homem, sociedade, aprendizagem e de desenvolvimento
humano são fundamentais para a intervenção escolar especializada, visto que pode impor limites rígidos e que pauperizam ou estimular o alargamento e a
superação dos mesmos. Consideramos que a educação escolar não deva se atentar somente para a mera explanação de conteúdos, mas, intencionalmente deve
ensiná-los e, com isso, trilhar o caminho para a formação humana sobre patamares mais elevados. Esse norte permite que os alunos saiam de estados mais
primitivos de desenvolvimento e alcancem níveis culturais que os liberem para se apropriarem das suas próprias histórias e da história da humanidade, e assim
direcionar as próprias condutas, tendo condutas auto-reguladas ou reguladas pela consciência. Esse ponto de partida, os fundamentos teórico-metodológicos
vygotskianos, permite-nos vislumbrar que todos podem e devem aprender, o que subsidia a revolução que a escola deve protagonizar nos alunos e professores.
O conceito de revolução foi empregado por Vygotski em diferentes momentos, com intencionalidade científica e política. Em seus textos dedicados ao trabalho
com pessoas com deficiência ele assume papel fundante, já que revela a aposta no devir ou no vir-a-ser. Nesse sentido, o trabalho consciente do professor e do
psicólogo como mediadores instrumentais leva ao desenvolvimento da consciência da pessoa com deficiência, revolucionando a forma de constituição social da
mente, bem como a ela mesma, em seu conteúdo e funcionamento. Nossa busca é, pois, pela formação social da mente do homem cul tural e livre ou pela
formação humana para todos. Tanto mais livre do imediatismo e concretude será esse homem com e sem deficiência quanto mais compreender as múltiplas
relações que têm os fatos e fenômenos entre si. Ponderamos que essa compreensão encaminha para a formação de psicólogos e de professores para atuarem
na Educação Especial em prol da formação humana.
ANÁLISE DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO ÀS CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL: CONTRIBUIÇÕES DA
ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL
SONIA LOPES VICTOR – UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
Este trabalho visa refletir sobre o atendimento educacional especializado (AEE) a partir da prática pedagógica desenvolvida pelo/a professor/a que atende nas
salas de recursos multifuncionais (SRM) crianças com deficiência matriculadas na escola de educação infantil. Para tanto, fizemos, inicialmente, uma
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caracterização desses espaços e dos profissionais que atuam neles nas escolas municipais de Vitória-ES, relacionando-a ao que tem sido oficialmente divulgado e
implementado pelo Ministério da Educação e, também, às produções acadêmico-científicas que se voltam à reflexão dessa proposta. Além disso, investigamos
as dificuldades, os desafios e as possibilidades do professor de educação especial que atua em SRM em escolas da Prefeitura M unicipal de Vitória-ES;
pesquisamos sobre a realização do atendimento educacional especializado no município investigado; analisamos o perfil dos alunos e pro fessores envolvidos no
trabalho da sala de recursos multifuncionais; levantamos dados a respeito dos materiais disponíveis nas salas de recursos multifuncionais e a quantidade de
salas existentes no município investigado. Trata-se, portanto, de uma pesquisa exploratória de natureza qualitativa. Realizamos ainda entrevistas com quatro
professoras bilíngües e uma instrutora que atuam em dois Centros Municipais de Educação Infantil de Vitória-ES, com o propósito de obter dados para
caracterizar as professoras, conhecer a prática pedagógica realizada por elas nas SRM com as crianças pequenas e o que elas pensam sobre essa prática,
considerando os aspectos da infância da criança com deficiência e o seu desenvolvimento/aprendizagem, tendo como aporte teórico a abo rdagem históricocultural.
EDUCAÇÃO ESPECIAL E O EMPREGO DE RECURSOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS: EM BUSCA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
MIGUEL CLAUDIO MORIEL CHACON – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
A Educação Especial é uma área em movimento que historicamente recebeu diferentes tratamentos, desde o isolamento ao mais recente reconhecimento e luta
pela inclusão das pessoas com necessidades educativas especiais. O Atendimento Educacional Especializado oferecido, na atualidade, em instituições não
governamentais, bem como em salas multifuncionais da rede pública de ensino em todo território nacional, requer necessariamen te profissionais com sólida
formação para atuar na área. Para tal, faz-se necessário avançar na formação teórico-filosófica e primar por uma capacitação em que o profissional tenha
competência para o uso adequado dos instrumentos mediadores no processo de desenvolvimento e aprendizagem de alunos com deficiência nas suas
diferentes modalidades, bem como de alunos com altas habilidades, e suas diferentes maneiras em utilizar os instrumentos. Todo instrumento quando mal
utilizado deixa de exercer sua função desenvolvimentista. Há que se refletir, ainda, sobre o desenvolvimento crítico do aluno com necessidades educativas
especiais e a atual política de inclusão destes, uma vez que tal política traz em si uma ideologia em que não evidencia suas reais intenções. Pretende-se
apresentar, portanto, além dos aspectos assinalados, recursos de Tecnologia Assistiva, bem como de Comunicação Suplementar e Alternativa associadas a
práticas de trabalho com alunos com necessidades educativas especiais, bem como de recursos didático-pedagógicos necessários na formação de professores
para o Atendimento Educacional Especializado.
16h30-18h30
O PSICÓLOGO NA ESCOLA, ESTRATÉGIAS E REFLEXÕES: INDISCIPLINA, BULLYNG E A VIOLÊNCIA
E-34 - Sala 08
Coordenação: MARIA DE FATIMA PIRES CARNEIRO DA CUNHA – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
A mesa propõe tratar de temas, tendo em vista sua importância para formação do ser humano,no que diz respeito à formação psicológica , social e emocional,
visando uma análise das formas de enfrentamento.Põe então em questão, a violência , bullying e a indisciplina no contexto escolar.Para uma primeira reflexão
serão postos para questionamentos análises da “indisciplina” a partir de estudos e pesquisas produzidos entre os anos de 1998 e 2010, e publicados nas bases
de dados da Scientific Electronic Library Online (Scielo), nos Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PePSIC) e nos periódicos Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes). Observou-se que a subjetividade docente é destacada nos trabalhos como um elemento importante no desencadeamento
desse fenômeno e que alguns estudos ampliam as perspectivas de captação dos motivos da indisciplina, mas não conjugam os fatores que a constituem, isto é,
atomizam e reduzem suas causas como se apenas um motivo concorresse para seu desenvolvimento. A partir do exame dos trabalhos, propõe-se uma leitura da
indisciplina que considere, tanto o contexto escolar como o familiar, o social e o cultural.Para uma outra análise do tema indisciplina,parte-se da constatação
também, através de pesquisas, que o conhecimento formal por si somente não promove o desenvolvimento para a cidadania. Refletir sobre a prática, ter
compreensão crítica da realidade social, também não são suficientes para tornar-nos justos. A construção do ser democrático, ou não, depende de ações
práticas, vivências no cotidiano desse tipo de ralação social. Partindo dessas reflexões, apresenta-se um relato de experiência que tinha como objetivos,
promover discussões, reflexões com alunos a cerca do sistema sócio-político e econômico que permeia, na contemporaneidade, o processo educacional e o tipo
de relações estabelecidas neste, visando uma mobilização política e a busca de uma reflexão crítica para os acontecimentos que envolviam o grupo. . Este
trabalho pautou-se pela visão da totalidade do indivíduo, por concebê-lo como um ser bio-psico-social e histórico. Nesta mesa também será abordado o bullying,
como violência que causa danos físicos, psicológicos e morais em crianças, adolescentes, principalmente no ambiente escolar. Será reportado a realidade da
escola brasileira para desmistificar mitos e equívocos que envolvem a violência velada ou explícita que atinge as minorias, ou o “diferente” no contexto de nossa
sociedade ocidental que pleiteia a homogeneidade social e nega existência àquele sujeito que destoa dos demais. Entendo-se, assim, que o bullying é um
fenômeno social complexo e sempre existiu, mas hoje têm visibilidade graças às conquistas sociais e pelo estado de direito, sobretudo desenvolvidas pelos
movimentos sociais..Por fim, pretende-se ampliar reflexões e questionamentos sobre a contribuição das aprendizagens adquiridas por meio das experiências em
geral, vivenciadas no cotidiano da nossa existência.Levantar questões sobre a importância do movimento de discussões que incentivam o pensar, sobre o
verdadeiro valor do saber fora dos muros escolares e como estes, podem responder aos problemas relacionados a violência escolar. Defende-se a viabilidade
deste saber em ser apreciado e discutido em sala de aula, como uma proposta da escola dirigido ao aluno na busca do desejo pelo conhecimento.
PSICÓLOGO E SUA PRÁTICA, NO CONTEXTO DA INDISCIPLINA ESCOLAR
MARIA DE FATIMA PIRES CARNEIRO DA CUNHA – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Alguns autores defendem que a educação deva preparar o indivíduo para perceber e lidar com as contradições existentes, fortalecendo sua capacidade de
resistência e transformação da ordem atual. Constata-se através de pesquisas que o conhecimento formal por si somente não promove o desenvolvimento para
a cidadania. Refletir sobre a prática, ter compreensão crítica da realidade social, também não são suficientes para tornar-nos justos. A construção do ser
democrático, ou não, depende de ações práticas, vivências no cotidiano desse tipo de ralação social. Partindo dessas reflexões, apresenta-se um relato de
experiência que tinha como objetivos, promover discussões, reflexões com alunos considerados “indiscipinados” a cerca do sistema sócio-político e econômico
que permeia, na contemporaneidade, o processo educacional e o tipo de relações estabelecidas neste, visando uma mobilização política e a busca de uma
reflexão crítica para os acontecimentos que envolviam o grupo. Também tinha como objetivos, atuações e práticas que possibilitassem os alunos a vivenciar
sobre ações democráticas. Considerou--se necessário a formação de grupos de alunos que discutissem, indagassem, mas principalmente também que
vivenciassem situações que tivessem a prática de trocas de pontos de vista, a prática do respeito mútuo e através de mediação, fizessem indagações sobre
temas atuais relacionados e permeados no contexto educacional, viabilizando o desejo e a percepção de possíveis mudanças. Este trabalho pautou-se pela visão
da totalidade do indivíduo, por concebê-lo como um ser bio-psico-social e histórico, considerando que todas as queixas apontadas não se restringiram a uma
causa apenas, mas estavam a uma complexidade de diferentes fatores.
INDISCIPLINA: COMPREENSÕES E ENFRENTAMENTOS
ELAINE TERESINHA DAL MAS DIAS – UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
Este trabalho analisa a indisciplina a partir de estudos e pesquisas produzidos entre os anos de 1998 e 2010 e publicados nas bases de dados da Scientific
Electronic Library Online, nos Periódicos Eletrônicos em Psicologia e nos periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Foram
identificados seis artigos que foram examinados detalhadamente, descritas as compreensões de seus autores, discutidas as semelhanças e diferenças entre eles
e elencados os aspectos mais significativos. A subjetividade docente é destacada como importante elemento no desencadeamento do fenômeno indisciplinar.
Outro aspecto abordado nos estudos diz respeito ao sistema educacional que desconsidera a aprendizagem da criança antes do ingresso na escola. Outro ainda
refere-se às explicações e justificativas oferecidas para a queixa de indisciplina que responsabilizam ou culpabilizam o aluno, sua família - quase sempre
considerada desestruturada e fora do padrão burguês familiar - ou as condições econômicas e culturais, que não permitem o acesso aos bens sociais. Para a
maioria dos autores a questão mais significativa observada é a atribuição da causas da indisciplina como externas ao sistema escolar, impossibilitando uma
leitura parcial da realidade. Conclui-se que os estudos, apesar de ampliarem as perspectivas na captação dos motivos da indisciplina, poucos conjugam os
fatores que a constituem, isolando-os em si mesmos. Impõe-se, assim, uma leitura do fenômeno que contemple o contexto e a complexidade da situação,
encaminhando-se para além da redução e da fragmentação. As formulações da teoria da complexidade por se ancorarem na complementaridade do todo e das
partes, na recursividade das ocorrências e na inseparabilidade das noções contraditórias e antagônicas se apresentam como mais um instrumento para o
enfrentamento da problemática, sem, contudo, pretender-se único.
EM FOCO O BULLYING ESCOLAR
LEONOR DIAS PAINI – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Esta pesquisa tem como objetivo caracterizar o bullying como forma de violência presente na sociedade, em especial no contexto escolar. Trata-se de um
investigação qualitativa resultado de cunho teórico, com a finalidade de buscar medidas preventivas no ambiente familiar e es colar contra este tipo de violência
social. Constata-se que o diálogo e o desvelamento da ideologia contribui para evitar o bullying. Assim, surge um novo “olhar” sobre o bullying, bem como, uma
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maior consciência da importância de se pensar estratégias para evitar que mais crianças e jovens sejam vítimas silenciosas da situação humilhante, que denigre o
moral e a auto-estima das pessoas, principalmente das crianças e adolescentes que se encontram em processo de formação. Reporta-se a realidade da escola
brasileira para desmistificar mitos e equívocos que envolvem a violência velada ou explícita que atinge as minorias, ou o “diferente” no contexto de nossa
sociedade ocidental que pleiteia a homogeneidade social e nega existência àquele sujeito que se diferencia dos demais. Como desdobramento, denota-se, entre
outros aspectos, que o bullying é um fenômeno social complexo e amplo, que sempre existiu, mas hoje têm visibilidade graças às conquistas sociais e pelo
estado de direito, sobretudo desenvolvidos pelos movimentos sociais em nossa época.
UM CENÁRIO DIFERENTE PARA APRENDER : O PROCESSO DE CONHECIMENTO PELA APROPRIAÇÃO, A COOPERAÇÃO, A MEDIAÇÃO
CULTURAL E NÃO VIOLÊNCIA
ROSANE GUMIERO DIAS DA SILVA – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Este trabalho tem o objetivo de fazer uma reflexão sobre a importância de aprendizagens que adquirimos por meio das experiências em geral, vivenciadas no
cotidiano da nossa vida. Pretendemos desenvolver um movimento de discussões que possam nos incentivar a repensar no verdadeiro valor do saber fora dos
muros escolares, mas que devem ser apreciados e discutidos em sala de aula, como uma proposta da escola ao aluno pela busca do desejo pelo saber. Estas
contribuições encontramos na abordagem educativa : Pedagogia Institucional fundada em 1952 por Fernando Oury. Esta Pedagogia Institucional, trabalha em
geral com alguns principios, tais como : que a escola não deve estar separada da vida; que a verbal é um meio de conter a violência e que nos aprendemos a
partir de nossas experiências. A filosofia da Pedagogia Institucional, de Fernando Oury, questiona as práticas individuais em sala de aula ; à hierarquia que
institui o professor como unico detentor do saber; seu poder unilateral que faz dele mesmo a pessoa onde as decisões não devem ser discutidas. E este ultimo
ponto, tem por consequência a redução da possibilidade da expressão oral dos alunos. Nossos objetivos são de identificar como esta Pedagogia podera
responder aos problemas relacionados a violência do meio escolar. Para realizar esta pesquisa nos utilizamos a metodologia que nos chamamos de »
Observação Participante » para compreender e aprender pelo desejo; en criar o interesse pelo desejo de conhecer as coisas novas. O que deve também
perceber suas necessidades na vida de todos os dias e assim apropriar-se destas ao uso do cotidiano.Neste sentido, apresento três exemplos que demonstra a
teoria pedagogia institucional. A importancia de Jornal Escolar como técnica de cooperação ; Ilustrando um conhecimento pessoal de certos acontecimentos
da vida cotidiana pela mediação cultural ; e Uma escola diferente e coletiva: uma outra organização, envolvendo a experiência de vida do aluno e da
comunidade em torno dele. Estas questões visam a encourajar a reflexão sobre a maneira a qual nós podemos produzir ou evitar a violencia na escola.
Concluimos que podemos evitar a violência valorizando a cooperação, a tolerância os valores morais e culturais. E também, quando nós produzimos uma
cultura de não violencia e desenvolvemos um trabalho coletivo sem hierarquia de poder .
16h30-18h30
A PSICOLOGIA NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
E-34 - Sala 09
Coordenação: LUCIANE MARIA SCHLINDWEIN – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Esta mesa tem por objetivo discutir as contribuições da Psicologia da Educação na formação de professores em três diferentes níveis de ensino (Educação
Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio). O que pretendemos, como foco de discussão, é provocar uma reflexão sobre a ciência psicológica na interface
com o trabalho docente, seja na formação dos professores dos anos iniciais de escolarização (estudantes de pedagogia e magistério), como dos professores de
psicologia (estudantes da licenciatura em Psicologia). Consideramos importante confrontar a perspectiva que se tornou hegemônica na pedagogia sobre a
psicologia, que prioriza as discussões do desenvolvimento infantil e aprendizagem, compreendidas como um fundamento da educaç ão, muitas vezes
desprendida da problemática escolar; bem como a perspectiva que se tornou hegemônica na psicologia sobre a educação, que a compreende apenas como um
campo empírico de aplicação do conhecimento produzido na ciência psicológica. A mesa está organizada em três apresentações. O primeiro trabalho trata das
Contribuições da Psicologia Social Para a Formação do Professor de Educação Infantil. Parte de estudos pautados na teoria das representações sociais, que têm
aberto novas perspectivas para a pesquisa em Psicologia da Educação, na medida em que não restringem os objetos de pesquisa ao âmbito interindividual.
Assim, a Psicologia Social traz para a Psicologia da Educação um novo instrumental teórico metodológico que pode fortalecer sua afirmação enquanto área do
conhecimento distinta das outras áreas da Psicologia com as quais dialoga. Para que isso aconteça, entretanto, é necessário consolidar as pesquisas e os debates
nesse campo. Em seguida, discutimos As contribuições da Psicologia da Educação na Formação do Professor do Ensino Fundamental, que tem por objetivo
apresentar, a partir de um contexto atual baseado em pesquisa, as contribuições da Psicologia da Educação na formação dos professores da educação básica
(especialmente no curso de Pedagogia). O terceiro estudo, cuja temática é A Formação de Professores de Psicologia para o Ensino Médio tem como foco de
problematização a formação do professor licenciado em Psicologia e que exercerá sua atividade docente no Ensino Médio.
CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA SOCIAL PARA A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL
MARIA HELENA BAPTISTA VILARES CORDEIRO – UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL, LENIRA HADDADD – UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS, DANIELA
FREIRE ANDRADE – UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO
Durante muitos anos, as relações entre a Psicologia e a Educação se limitaram a campos como a Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. Mais
recentemente, a Teoria das Representações Sociais (TRS) vem sendo amplamente utilizada em pesquisas na área da educação. O que isso tem acrescentado à
Psicologia da Educação? Para respondermos a essa questão, buscamos conceituar a Psicologia da Educação, enquanto campo de conhecimento, como o estudo
dos fenômenos e processos psicológicos envolvidos nas interações humanas em contextos educacionais. Temos, assim, um tripé de investigação: processos e
fenômenos psicológicos, interações humanas e contextos educacionais. Os fenômenos e processos psicológicos envolvidos nas interações humanas têm sido
amplamente estudados pelas várias vertentes da Psicologia do Desenvolvimento e da Psicologia da Aprendizagem, algumas mais preocupadas que outras em
compreendê-los como produtos e produtores das próprias interações. Os contextos educacionais, entretanto, têm sido considerados na Psicologia da Educação
mais como um campo de aplicação, ou como um cenário onde são gerados e recolhidos seus objetos de investigação. Existe ainda uma dificuldade teórica e
metodológica de considerá-los como uma dimensão importante dos próprios objetos de investigação. As teorias sistêmicas, nomeadamente a teoria de
Bronfenbrenner, trouxeram contribuições importantes para a superação desse problema, mas isso tem ocorrido mais no campo teórico do que propriamente
em termos de metodologias de investigação. Já os estudos que usam a TRS como referencial teórico metodológico têm apontado vá rias possibilidades de
investigação e conceitualização que aparentam ser bastante fecundas para a Psicologia da Educação. Entretanto, neste momento, isso é mais uma promessa que
uma realidade. Neste trabalho, essas questões serão discutidas tendo por base um estudo, realizado em três universidades brasileiras (UFAL, UFMT e UNESP),
com o objetivo de investigar as representações sociais das estudantes ingressantes no curso de Pedagogia sobre o trabalho da professora de Educação Infantil.
Participaram do estudo 329 estudantes que responderam a dois questionários, com perguntas fechadas e semi-abertas, assim como quatro questões nas quais
foi utilizada a técnica de associação livre. Neste artigo não pretendemos nos aprofundar no relato da pesquisa. Queremos refletir sobre o que esse estudo nos
permite compreender acerca de alguns dos processos psicossociais envolvidos nas práticas das professoras em contextos de Educação Infantil. Esses processos,
gerados nas relações e práticas sociais desenvolvidas ao longo da historia do atendimento institucionalizado à criança pequena, configuram as tensões, as
imagens, as resistências e os preconceitos que impregnam as interações nas instituições de Educação Infantil, condicionando o desenvolvimento das pessoas
nelas envolvidas. Nesse sentido, a Psicologia da Educação pode abrir novos caminhos de investigação, conjugando as contribuições de vertentes da Psicologia
Social e da Psicologia do Desenvolvimento, que defendem a indissociabilidade entre o individual e o social.
AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DO ENSINO FUNDAMENTAL
LUCIANE MARIA SCHLINDWEIN – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
A Psicologia constitui-se em fundamento necessário para qualquer curso de formação de professores. Como tal a psicologia deveria ter um papel importante
nos currículos dos cursos de pedagogia. Porém, pesquisas recentes demonstram que os currículos dos cursos de formação de professores vem diminuindo,
quantitativamente, a carga horária de psicologia na formação docente (especialmente nos cursos de pedagogia). Além, disto, a psicologia em questão reduz-se a
conteúdos sobre o desenvolvimento infantil e a aprendizagem resultando, muitas vezes em aportes teóricos desprendidos da problemática escolar. São
disciplinas que se inserem no início dos cursos e pouco se articulam com as práticas de ensino. Desta forma, currículos e ementas confluem para uma formação
fragmentada do professor, na medida em que, no mais das vezes, dissocia a teoria da prática. Considerando esta realidade problemática, este trabalho pretende
discutir as contribuições da psicologia da educação para a formação docente. Um estudo empírico que vimos realizando tem demonstrado que a teoria
psicológica que fundamenta a formação do professor dos anos iniciais reitera uma relação entre psicologia e a educação que se limita aos estudos da Psicologia
do Desenvolvimento e da Aprendizagem. Apresentamos alguns resultados desta pesquisa, que está em andamento há dois anos, tendo como objeto dois grupos
de oito alunas do Curso Pedagogia da UFSC, que realizam estágio supervisionado nos anos iniciais do ensino fundamental. A pesquisa vem sendo realizada em
escola pública do município de Florianópolis, Santa Catarina, com o objetivo de investigar as contribuições da psicologia da educação na formação inicial dos
professores dos anos iniciais do ensino fundamental. Pretendemos como foco de discussão, provocar uma reflexão sobre a ciência psicológica na interface com
o trabalho docente, na formação dos professores dos anos iniciais de escolarização (estudantes de pedagogia e magistério.
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A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE PSICOLOGIA PARA O ENSINO MÉDIO
DIANA CARVALHO DE CARVALHO – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Pensar a formação de professores para o ensino médio é uma questão atual e que esteve presente nos debates da Psicologia nos últimos anos. O objetivo desse
trabalho é apresentar o projeto desenvolvido no PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA – PIBID, vinculado ao curso de licenciatura
em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina. O projeto realiza-se em uma escola da rede pública estadual de Santa Catarina, tendo iniciado em
agosto de 2010, contando com a participação de 10 estudantes de diferentes fases do curso. Entre os campos privilegiados de a tuação dos licenciandos em
Psicologia no ensino médio, destacam-se as disciplinas de Psicologia Geral e Psicologia da Educação nos cursos de formação de professores para os anos iniciais
de escolarização, Magistério. O ensino de Psicologia nesses cursos tem tradicionalmente veiculado conhecimentos sobre os processos de desenvolvimento e
aprendizagem das crianças. Pesquisas atuais têm demonstrado a necessidade de ampliarem-se os debates e aprofundarem-se os estudos sobre o ensino dessas
disciplinas, especialmente na direção de propiciar aos estudantes um diálogo com as práticas docentes que se realizam na educação básica, compreendendo-as
no contexto educacional e social em que estão inseridas. A alfabetização é uma das temáticas centrais na formação de professores e sobre a qual,
historicamente, a Psicologia tem efetivamente contribuído na produção de conhecimentos. Assim, a proposta do projeto é que as discussões sobre a
alfabetização sejam o eixo articulador dos conhecimentos e atividades propostas aos estudantes na licenciatura em Psicologia. A aquisição da linguagem escrita
implica a compreensão, pela criança, dos processos culturais em que está inserida. O contexto atual de implantação do ensino de 9 anos têm exigido dos
professores o aprofundamento das discussões sobre alfabetização e letramento, no sentido de propiciar atividades de ensino que promovam tal aprendizagem,
sem desrespeitar o momento de desenvolvimento das crianças que chegam à escola. O objetivo central do projeto é propiciar que os debates sobre a realidade
escolar e os conhecimentos sobre os processos de desenvolvimento e aprendizagem possam ser abordados de modo mais consistente ao longo do curso de
licenciatura, permitindo que os estudantes estabeleçam relações entre os conhecimentos veiculados pela Psicologia e as disciplinas do curso de Magistério que
têm por objeto a alfabetização, as metodologias de ensino e as práticas junto aos anos iniciais (educação infantil e as séries iniciais). Dessa forma, o licenciado
em Psicologia terá melhores condições de atuação na realidade escolar, especialmente junto aos professores de educação infantil e séries iniciais, no s entido da
promoção da aquisição da leitura e escrita das crianças. Espera-se que o projeto permita ao estudante articular de modo mais consistente a relação teoria e
prática.
16h30-18h30
POLÍTICAS E PRÁTICAS NO ENSINO SUPERIOR: NOVOS DESAFIOS À PSICOLOGIA
E-46 - Sala 01
FINANCIADOR: UFPR / CAPES - PROCESSO: 415609-9
Coordenação: MIRIAM APARECIDA GRACIANO DE SOUZA PAN – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ E UNIVERSITY OF TEXAS AT AUSTIN
Novas políticas de acesso ao ensino superior implantadas na última década resultaram em intensa transformação nas universidades brasileiras. Tais mudanças
produziram uma nova configuração subjetiva nessas instituições, gerando demandas diferenciadas para a Psicologia. Esta, por sua vez, vem sendo convocada a
dar respostas ao novo cenário que se apresenta, o que tem exigido dos psicólogos a investigação e reflexão crítica desse contexto, bem como de suas práticas.
Essa mesa analisa as recentes reestruturações do ensino superior brasileiro e os desafios colocados às práticas dos psicólogo s. Esse objetivo será tratado a partir
de dois enfoques. O primeiro enfoque será direcionado à implantação das políticas afirmativas e seus efeitos nos novos contornos subjetivos das universidades
brasileiras, com ênfase na análise do discurso do mérito e da justiça social como geradores das novas tensões intersubjetivas presentes em seu cotidiano. O
segundo enfoque será direcionado pela apresentação de dois estudos resultantes de práticas desenvolvidas em diferentes instituições de ensino superior: um
programa de atendimento a alunos e uma prática de atendimento a um curso considerado de alta evasão. A apresentação, análise e discussão do atual contexto
das universidades brasileiras deverão gerar a problematização das práticas institucionalizadas, possibilitando a reflexão sobre a criação e recriação de práticas de
intervenção, entre as quais se incluem as práticas da psicologia.
ENTRE O MÉRITO E A JUSTIÇA SOCIAL: POLÍTICAS AFIRMATIVAS NAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS
MIRIAM APARECIDA GRACIANO DE SOUZA PAN – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ E UNIVERSITY OF TEXAS AT AUSTIN
A última década deixou uma importante marca para a educação superior brasileira: a democratização do acesso às universidades, resultado de novas políticas
educacionais, dentre elas as políticas afirmativas. Seguiu-se a essa importante conquista uma série de desafios e embates. As políticas afirmativas são políticas
de identidade, como tal, se fundamentam em um projeto de identidade a ser assumido por aqueles que delas se beneficiam, gerando assim, novas
configurações intersubjetivas no cotidiano dessas instituições. Essas configurações pressupõem a presença de novos grupos, novas matrizes identitárias, outros
possíveis estigmas, novas tensões e embates, os quais exigem uma reflexão profunda acerca das práticas institucionais e pedagógicas de modo geral. As políticas
de acesso e permanência no ensino superior editadas nos últimos oito anos no Brasil são estudadas comparativamente com os Estados Unidos e analisadas por
meio da análise do discurso de orientação bakhtiniana. Identifica-se no núcleo dessa problemática o embate entre dois principais discursos: mérito e justiça
social. Afinal, quem merece estar na universidade? É justo que aqueles que teriam mérito para concorrer a uma vaga, não tenham tido oportunidades para se
preparar para os concorridos exames de admissão? Essas questões têm gerado um sentido e um tipo de sentimento de demérito daqueles que ingressam por
meios diferenciados aos clássicos exames de vestibular, como as políticas afirmativas. O discurso do mérito tem se difundido como o ponto cego a produzir
como efeito a individualização e naturalização da rota da desigualdade resultante da relação entre educação básica e superior no Brasil. Este debate tem sido
estrutural para a definição das políticas e práticas profissionais no contexto das Universidades, com especial destaque para a psicologia. Por um lado a
valorização do mérito, das competências e habilidades individuais, resultando em práticas remediativas direcionadas aos que se afastam dos padrões
considerados normais. Por outro lado encontram-se os estudantes que chegam à universidade em condições desiguais, sem contudo, serem incapazes de
concluir seus estudos e terem sucesso em sua carreira profissional, desde que sejam criadas oportunidades para atender as suas necessidades. Os sentidos
atribuídos às diferenças desses grupos direcionam práticas distintas, com efeitos endereçados diretamente a identidade desses jovens. As práticas da psicologia
não possuem ábili neste jogo em relação aos seus efeitos sobre a identidade, constituindo-se, portanto, modos de subjetivação.
RELATO DE UM SERVIÇO DE APOIO SOCIAL EM UMA UNIVERSIDADE PRIVADA
DENISE DE CAMARGO – UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Este trabalho analisa o desenvolvimento de um serviço de psicologia escolar voltado ao atendimento participativo de estudantes em uma universidade privada
do Paraná. O modelo de política pública adotado para a expansão do acesso ao ensino superior no Brasil ampliou a participação de segmentos da sociedade que
eram excluídos no modelo anterior. Esta expansão produziu modelos de “mercantilização e diferenciação” e incluiu no ensino superior, principalmente nas
escolas privadas, pessoas que dificilmente conseguiriam permanecer e concluir um curso de graduação dentro das exigências acadêmicas da política anterior.
Este novo quadro de acesso e as observações dos docentes, que apontaram as dificuldades de adaptação de um segmento dos estudantes às exigências das
atividades acadêmicas, indicaram a necessidade de um serviço de apoio social aos alunos de graduação da UTP. O serviço de Psicologia, voltado aos primeiros
períodos dos cursos, visou oferecer um espaço e um tempo aos estudantes para que, em grupos, enfrentassem as questões colocadas pela nova realidade
vivenciada na Universidade. Para a estruturação do programa partiu-se do pressuposto de que existe uma grande mudança no método do Ensino Médio para o
Ensino Superior. E que essas mudanças nas atividades e nas responsabilidades podem gerar medos, ansiedades e sentimentos de insegurança que interferem,
na maioria das vezes, no desempenho acadêmico e na qualidade de vida do estudante. Observou-se que os estudantes necessitam também de um conjunto de
conhecimentos, estratégias de aprendizagem e atitudes necessárias para que alcancem os objetivos acadêmicos de forma autônoma e criativa. O serviço de
psicologia teve como objetivo principal trabalhar junto aos estudantes universitários as estratégias de enfrentamento das questões colocadas pela nova
condição, contribuindo para a adaptação e melhor desempenho acadêmico. O projeto foi fundamentado em pressupostos da perspect iva da Psicologia
Histórico-Cultural e nos conceitos da Psicologia Social Comunitária. Partiu-se do principio que o desenvolvimento do ser humano é produto da apropriação da
cultura e que as formas superiores do comportamento humano têm suas raízes na interação social, na participação da pessoa em comportamentos sociais
mediados. A divulgação do Serviço deu-se por meio de cartazes, folders e demais meios de comunicação da Universidade. Organizou-se dois grupos de
estudantes cujas queixas principais foram as dificuldades de acompanhamento do curso e de memorização. A partir da consideração de que a aprendizagem não
se resume as atividades em classe, passou-se a desenvolver, junto com os estudantes, um programa de estudo. O pressuposto é que as aulas serão aproveitadas
e exploradas ao máximo se eles participarem delas. E para que isto ocorra, é necessário que os estudantes estejam preparados para o acompanhamento do
conteúdo das aulas. O programa desenvolvido junto com os alunos teve como estratégias: a preparação antecipada do conteúdo das aulas, a participação nas
aulas e a revisão e recuperação do conteúdo, que consistiu em: partindo das anotações da aula, pesquisar em livros e na internet e recuperar o conteúdo,
produzindo um texto próprio sobre o assunto. Os estudantes avaliaram positivamente o programa desenvolvido.
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A EVASÃO NO ENSINO SUPERIOR: CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA
NORMA DA LUZ FERRARINI – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
O presente trabalho apresenta resultados oriundos do projeto de pesquisa e de extensão universitária “O ser e o fazer na Universidade”, sob nossa coordenação,
que oferece assessoria de natureza própria da Psicologia Escolar e Educacional à Universidade Federal do Paraná, em especial às coordenações de cursos de
graduação, à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e à Pró-Reitoria de Graduação. Tem como objetivos: contribuir para análise e compreensão dos indicadores e
dos motivos da evasão universitária; propor soluções para se deter os índices de evasão e de retenção em cursos e disciplinas específicas; aumentar a taxa de
diplomação; promover estudos e desenvolver intervenções voltadas para problemáticas vivenciadas por acadêmicos da UFPR; contribuir para a formulação de
políticas e ações voltadas para melhorar a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão universitária. Além disso, contribui para o processo da formação do
estudante do curso de Psicologia da UFPR no que diz respeito a sua capacitação para atender demandas de segmentos da comunidade universitária e da
sociedade em geral que estão distantes do acesso a propostas de intervenção mais tradicionais da Psicologia. Apresenta-se aqui uma das ações desenvolvidas
junto a estudantes do curso de Filosofia da Universidade Federal do Paraná, realizada em 2008, com o objetivo de investigar as possíveis causas de evasão,
bastante elevada: 47% no curso diurno e 54% no noturno entre 2004 e 2008. Aplicaram-se questionários a ex-alunos diplomados, a desistentes e a estudantes
que freqüentavam o curso. Também realizou-se uma oficina de fotografia com o objetivo de oferecer uma possibilidade de expressão diferenciada. Utilizando-se
a análise de conteúdo de Bardin, os resultados indicam: (i) falta panorama geral da Filosofia e articulação teoria-prática; deficiência na formação para a docência
no ensino básico; (ii) falta didática aos professores; falta incentivo ao questionamento e expressão de idéias nas aulas; necessidade de maior dedicação dos
professores à graduação; (iii) pouca perspectiva e incentivo profissional; (iv) infra-estrutura e apoio institucional deficitários; (v) representação estudantil
inexpressiva. Confirmou-se a hipótese de que a pouca implicação com o que é ensinado dificulta ao estudante reconhecer-se como sujeito ativo no processo de
ensino e de aprendizagem e estabelecer vínculos com a Universidade. Desses dados resultaram algumas ações da Psicologia: trabalho realizado em 2009 com os
professores do curso de Filosofia através de entrevistas e discussão dos resultados apresentados pelos estudantes, implicando em uma maior preocupação,
envolvimento e busca de soluções por parte do corpo docente para minimizar a evasão o que, provavelmente, contribuiu para a redução do índice de
reprovação por nota e por freqüência, no ano de 2009, para 35,74% no curso diurno e 45,26% no noturno; fortalecimento do acompanhamento acadêmico
realizado pelos docentes e coordenação do curso; proposta de avaliação do projeto e das práticas pedagógicas; estímulo à participação dos estudantes nos
projetos de pesquisa, extensão, monitoria; promoção de atividades culturais e científicas de integração estudantil e institucional.
16h30-18h30
VARIÁVEIS COGNITIVAS E CONTEXTUAIS ASSOCIADAS AO BEM-ESTAR PSICOSSOCIAL EM CONTEXTO ESCOLAR E AO RENDIMENTO
ACADÊMICO
E-46 - Sala 02
Coordenação: IOLETE RIBEIRO DA SILVA – UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
Esta mesa apresenta resultados de investigações no domínio da psicologia em contexto escolar tomando em consideração a realidade amazônica. Tem o
objetivo de evidenciar a necessidade da gestão do bem-estar psicossocial neste cenário institucional como contribuição para a melhoria dos indicadores de
qualidade da aprendizagem. Trata-se de trabalhos desenvolvidos ao abrigo de projetos de investigação apoiados pelo CNPq e vinculados a programas de pósgraduação. Os resultados evidenciam o aporte de informações com sustentação empírica relevantes para a investigação em psicologia escolar
RELAÇÕES FAMÍLIA/ESCOLA E RENDIMENTO – UMA INVESTIGAÇÃO COM ESTUDANTES DA UFAM E DA UNIR
IOLETE RIBEIRO DA SILVA – UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
A literatura especializada há muito tempo evidencia a importância da participação da família nos processos educativos escolares. Todavia, no contexto do ensino
superior são poucos os trabalhos disponíveis. Esta comunicação objetiva apresentar parte dos resultados de uma investigação mais ampla realizada ao abrigo do
projeto de pesquisa transversal: Avaliação dos enfoques de aprendizagem e de variáveis cognitivas e contextuais interferentes no rendimento de universitários
do ensino superior do Amazonas e de Rondônia, processos 575.723/2008-4 e 502.723/2009-2/CNPq destacando os impactos da atenção da família sobre o
rendimento acadêmico. Para o efeito tomou-se em consideração uma amostra de n=1.324 estudantes matriculados em diversos campi universitários da UFAM e
da UNIR localizados em Manaus, Porto Velho, Itacoatiara, Coari, Benjamin Constant, Parintins, Humaitá, Guajará Mirim, Ji-paraná, Cacoal, Rolim de Moura e
Ariquem es. Para a coleta de dados recorreu-se à Escala de Avaliação de Dimensões Contextuais e Cognitivas - Estudantes Universitários de Mascarenhas &
Gutierrez (2008), com a qual se busca compreender as dimensões contextuais da relação família/escola na perspectiva de universitários. A Escala é organizada
em três dimensões (relações família-universidade 10 itens, hábitos de estudos 15 itens e representações sobre universidade 7 itens) total de 32 itens, com
opções de respostas tipo Likert de cinco pontos variando de 1. Totalmente em desacordo a 5. Totalmente de acordo. A aplicação observou os procedimentos
éticos vigentes, sendo assegurada a confidencialidade dos resultados e o anonimato dos participantes que foram 55,0% do Gênero feminino, 37,2% do
masculino e 7,8% não informaram. Os dados receberam tratamento estatístico com apoio do SPSS 15.0. Os resultados mostram que o instrumento é adequado
para os fins a que se destina apresentando um coeficiente Alpha de Cronbach 0,824. Em termos da participação familiar na vida estudantil os sujeitos
informaram que são acompanhados e apoiados nas atividades acadêmicas o que exerce efeito sobre o rendimento como evidenciou a ANOVA aplicada aos itens
da dimensão família-universidade co-relacionando com a variável rendimento 1. Meus pais/familiares se preocupam e acompanha as condições logísticas
(F=17,193; p< .01); 2. Meus pais/familiares estão satisfeitos qualidade e notas (F=17, 486; p< .01); 3. Meus pais/familiares me recompensam ou elogiam (F=36,
653; p< .01); 5. Meus pais/familiares elogiam ou me recompensam quando me esforço (F=12, 226; p< .01); 6. Meus pais/familiares acham que sou o melhor da
turma (F=10, 516; p< .01); 7. Meus pais/familiares acreditam que tenho capacidade e com esforço (F=9, 266; p< .01); 8. Meus pais/familiares desejam que eu
conclua o curso (F=10, 672; p< .01); 9. Meus pais/familiares me punem quando não obtenho boas notas (F=25, 811; p< .01); e 10. Meus pais/Familiares vêem a
conclusão do curso como meio de ascensão social (F=6,500; p< .01). Os resultados evidenciam impacto da influencia familiar sobre o processo educativo e o
rendimento sugerindo aos serviços de orientação acadêmica atenção a essa dimensão do contexto universitário e a continuidade de investigações neste domínio
da psicologia escolar.
DIAGNÓSTICO DA OCORRÊNCIA DO BULLYING/CYBERBULYING NA UNIVERSIDADE – UMA PESQUISA COM ESTUDANTES DA UFAM E DA UNIR
SUELY APARECIDA DO NASCIMENTO MASCARENHAS – UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
Este trabalho parte de investigação realizada ao abrigo dos processos 575.723/2008-4 e 502.723/2009-2/CNPq efetiva o diagnóstico da ocorrência dos
fenômenos de violência interpessoal bullying/cyberbullying em contexto universitário evidenciados por comportamentos anti-sociais que afetam e implicam na
qualidade da saúde psicológica e no bem-estar psicossocial dos estudantes. A prática do bullying/Cyberbullying em diversos contextos sócio-culturais afeta
negativamente o direito dos cidadãos estudantes à segurança e a saúde em todas as suas dimensões em especial a psicossocial. Os comportamentos em causa
são entendidos como conduta anti-social praticada nas relações interpessoais direta e/ou com utilização de tecnologias de comunicação como telefone móvel,
internet, que se caracteriza pelo desrespeito aos direitos humanos. O Objetivo da investigação é diagnosticar a ocorrência do fenômeno bullying/Cyberbullying
na Universidade apontando novas pautas para os serviços de orientação educativa e formação continuada dos profissionais que a tuam neste contexto
profissional. Com metodologia de cunho transversal quali-quantitativo, estuda-se e analisam-se propriedades do QIMEI- Questionário de Intimidação e Maus
tratos Entre Igual (Avilés, 2002/Mascarenhas, 2007) aplicado a estudantes da UFAM e da UNIR. Os dados foram tratados com o apoio do Programa SPSS, versão
15.0 de acordo com os objetivos da investigação e obtidos junto amostra de n=1.324 estudantes matriculados em diversos campi universitários da UFAM e da
UNIR localizados em Manaus, Porto Velho, Itacoatiara, Coari, Benjamin Constant, Parintins, Humaitá, Guajará Mirim, Ji-paraná, Cacoal, Rolim de Moura e
Ariquem es, idade 18 anos a 54 anos, média de 24,39. A aplicação observou os procedimentos éticos vigentes, sendo assegurada a confidencialidade dos
resultados e o anonimato dos participantes que foram 55,0% do Gênero feminino, 37,2% do masculino e 7,8% não informaram. Os resultados verificados
evidenciam a ocorrência do fenômeno na Universidade podendo contribuir com informações de cunho psicopedagógico úteis para apoiar ações de promoção e
bem-estar psicossocial de estudantes universitários e as possíveis implicações para o apoio aos profissionais que atuam nas áreas de orientação, supervisão e
gestão acadêmica. Segundo a opinião dos participantes, as formas mais freqüentes de maus-tratos ou bullying entre colegas da Universidade são: insultar, por
apelidos este item registrou uma freqüência de 56,8%. Por outro lado, o cyberbullying mensurado pelo item as formas mais freqüentes de maus-tratos entre
colegas da Universidade são: MSN, e-mails, telefone celular registrou percepção do fenômeno por 45,1%. Quanto à qualidade das relações interpessoais no
contexto universitário, 11,9% que dizem não estarem nem bem, nem mal no relacionamento entre os colegas. Tomando em consideração a totalidade das
informações apresentadas e analisadas, pode-se concluir que os fenômenos bullying/cyberbullying estão presentes no contexto universitário investigado sendo
que os comportamentos de maus-tratos com relação a insultar, por apelidos entre os colegas estão pouco freqüentes; já os maus-tratos entre os colegas por
MSN, emails e telefone celular ocorrem em proporções elevadas e o relacionamento dos colegas situa-se num patamar de equilíbrio ou neutralidade. Por outro
lado, os resultados apontam para a necessidade de continuidade de estudos neste domínio bem como alertam para que os serviços de gestão acadêmica e
orientação educativa atuarem na prevenção da ocorrência dos fenômenos uma vez que o bem-estar psicossocial na universidade é um direito de todos/as.
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ATRIBUIÇÕES CAUSAIS DOS ESTUDANTES DO 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE MANAUS SOBRE O RENDIMENTO ESCOLAR
GISELE CRISTINA RESENDE FERNANDES DA SILVA – UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
O ser humano é motivado para descobrir a causalidade dos eventos e compreender seu ambiente, estabelecendo relações para o sucesso ou fracasso a partir de
suas crenças e expectativas, a isso se denomina atribuição causal. Na escola, esse processo de atribuir causas é repetido pelos alunos frente ao rendimento
escolar, pois os mesmos formulam julgamentos sobre sua própria capacidade e condição de estudantes a partir dos contextos de aprendizagem. A pesquisa,
vinculada ao programa de pós-graduação em psicologia da UFAM, objetivou diagnosticar as atribuições causais sobre o rendimento escolar dos estudantes do 9º
ano do ensino fundamental da rede estadual da cidade de Manaus/Amazonas. A amostra foi de 1011 estudantes e o instrumento utilizado foi o Questionário das
Atribuições para o Rendimento Escolar (QARE de Almeida & Miranda, 2008 adaptado por Mascarenhas, 2010). Para o tratamento dos dados utilizou-se de
análises fatoriais que registraram propriedades psicométricas adequadas para a investigação neste domínio das ciências humanas. As causas apontadas para o
rendimento escolar foram categorizadas em oito fatores, sendo quatro para o bom desempenho (Fator 1: Estudos – organização e estratégias, Fator 2:
Professores e estrutura externa material, Fator 3: Capacidades e habilidades cognitivas, Fator 4: Sorte e apoio externo) e quatro para o fraco desempenho (Fator
1: Estudos – organização, estratégias e motivação, Fator 2: Capacidades e habilidades cognitivas, Fator 3: Professores e apoio externo (família) e Fator 4: Sorte e
estrutura material externa). Concluiu-se que a análise das atribuições causais colabora para a elaboração de ações interventivas na escola, pois avaliam o que os
principais sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem pensam e sentem em relação ao rendimento.
16h30-18h30
MICROPOLÍTICA NO TRABALHO DA PSICOLOGIA COM A EDUCAÇÃO ESCOLAR: INTERVENÇÃO NA ESCOLA E FORMAÇÃO DE EDUCADORES
E-46 - Sala 03
Coordenação: ADRIANA MARCONDES MACHADO – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
A educação pública em nosso País revela um funcionamento no qual o fracasso escolar, os problemas de aprendizagem e de compor tamento têm sido
produções cotidianas em um sistema cujas necessidades são escamoteadas por políticas públicas compensatórias: alfabetizar alunos que se tornaram
analfabetos, agir em cenas cotidianas com alunos que se tornaram agressivos, cuidar de professores que adoeceram, informatizar escolas que têm goteiras.
Neste contexto a ação de muitos psicólogos se faz presente via uma demanda que nos mostra que os efeitos (analfabetismos, violência, adoecimento, falta de
estrutura) são, muitas vezes, entendidos como causa dos problemas. As urgências nas queixas dos professores estão localizadas no corpo dos atores que
frequentam as escolas e esses corpos são, muitas vezes, entendidos como os que causam o sofrimento. Essa mesa redonda visa discutir concepções e estratégias
de enfrentamento no trabalho em uma realidade na qual a leitura dos acontecimentos escolares (tanto por parte de muitos professores, como de psicólogos em
geral) têm mantido uma análise na qual parece que faltaria ao professor mudar o olhar em relação à criança, compreender que a estrutura familiar não é
determinante, perceber o processo institucional produtor de fracasso. Atualiza-se assim, na relação de psicólogos e educadores, a produção de falta localizada
nos professores, repetindo o funcionamento citado acima: a maneira de pensar do professor se tornaria causa do problema. Aliados ao pensamento de Gilles
Deleuze, Félix Guattari e Michel Foucault, afirmamos a necessidade, no trabalho de intervenção na escola e de formação de educadores, do acesso a um campo
comum no qual se estabelece a relação dos psicólogos com os educadores e da aposta em uma formação que intensifique o caráter inventivo da cognição.
A ESCRITA DE RELATÓRIOS: A ESCOLHA DAS PALAVRAS E A BUSCA PELAS INDETERMINAÇÕES
ADRIANA MARCONDES MACHADO – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Os alunos de graduação dos cursos de Psicologia, ao cursarem as disciplinas relacionadas à área da Psicologia Escolar, realizam estágios em Instituições
Educativas. Esse trabalho visa discutir como os relatórios escritos pelos estagiários para as Instituições nas quais os estágios são realizados interferem na
formação desses estudantes de psicologia. O posicionamento teórico das disciplinas dessa área no Instituto de Psicologia da USP realiza uma crítica em relação
às práticas higienistas, ao pensamento médico e aos saberes presentes na criação da psicologia como ciência que estabeleceram que as causas do fracasso
escolar seriam determinadas pelas características dos alunos das classes populares e de suas famílias. Ao desconstruir esses efeitos de verdade, o campo
político, social e econômico se faz presente na produção dos acontecimentos do dia-a-dia escolar: o funcionamento escolar, o cansaço de tantos professores, as
péssimas condições de trabalho etc. Imbuídos de uma postura crítica, os estagiários de Psicologia Escolar vão para o campo, para as instituições educativas, e
estabelecem, pela primeira vez, a experiência de terem de agir nas concepções presentes nas demandas de tratamento, prevenção, adaptação e atendimento
presentes formulação dos professores. A maneira como os estudantes de psicologia analisam os problemas e as demandas formuladas pelas instituições
escolares é engendrada no campo social e está presente na forma como escrevem sobre os fenômenos escolares. Embora reconheçam que essas demandas
sejam produzidas na relação desses professores com concepções e práticas presentes na área da psicologia (portanto, a demanda é necessariamente construída
em uma relação constituída historicamente), os estagiários de psicologia analisam os acontecimentos escolares como se não tivessem relação com essa
produção. Entendemos que a intensidade dos acontecimentos do dia a dia escolar (alunos que não são ouvidos, professores sobrecarregados, intenso
atravessamento de problemas sociais, cenas de agressividade etc) sugeriria aos nossos estagiários que os mesmos não teriam relação com a produção desses
processos de exclusão operados pela lógica do mercado e do sistema capitalista. Essa forma de analisar impede que os estagiários tenham acesso à pluralidade
de sentidos presentes na formulação das demandas. Para refletir sobre como o processo de escrita do relatório para a instituição pode ajudar na função de
ensinar os alunos de psicologia a analisar a construção da demanda e a intervir na produção de alguns acontecimentos, utilizaremos os escritos realizados
durante o processo de construção destes relatórios em alguns estágios referentes às disciplinas da área (ministradas em 2008 e 2009) e outros escritos pedidos
durante as supervisões. Com isso, problematizaremos a relação entre: as questões escolares vividas pelos estagiários, as formas de entender essas questões e o
conteúdo da escrita.
PSICÓLOGOS NA ESCOLA E A MICROPOLÍTICA ENTRE O INDIVIDUAL E O COLETIVO
MARISA LOPES DA ROCHA – UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Este trabalho tem como perspectiva abordar o coletivo e o individual nas práticas dos psicólogos nas escolas, associando os encontros dos especialistas e
educadores com os ensaios de uma orquestra de jazz. A questão é de como podemos pedir emprestado um pouco da liberdade e do espírito da música que
chamamos jazz, ou seja, o que podem esses “especialistas musicais” ensinar sobre o ritmo da experiência de uma prática de cui dados, de uma “clínica
institucional”? Para isso traremos alguns intercessores que nos ajudam a pensar a questão, entre outros Amy Begel nas artes da improvisação, Harlene
Anderson e a atitude do “não saber” e Félix Guattari no desafio da construção de um lugar a cada vez. A Análise Institucional constitui o referencial teóricometodológico que dá suporte a questão através dos conceitos em análise de demanda, implicação e transversalidade, redimensionando noções como individual
e coletivo. Buscamos afirmar que para o exercício de uma prática institucional nas escolas não basta dominar uma técnica e nem ter resultados satisfatórios em
experiências anteriores, mas que é fundamental a abertura para ensaiar a construção de redes, invenção de um em comum em que cuidar é uma tática, uma
atitude política de mobilização de hábitos, tradições e hierarquias que tecem cada um de nós nas relações sociais.
FORMAÇÃO INVENTIVA DE PROFESSORES E PRÁTICAS INSTITUCIONAIS
ROSIMERI DE OLIVEIRA DIAS – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Este trabalho apresenta algumas questões e analisadores da pesquisa em curso na Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (FFP/UERJ), a saber: “Formação inventiva de professores e políticas de cognição como dispositivos para criação do con selho escolar do Colégio Estadual
Conselheiro Macedo Soares - CECMS”. A ideia é dar continuidade às pesquisas sobre formação inventiva de professores, tendo como foco a relação entre
políticas cognitivas, formação inventiva de professores e, em particular, a análise das práticas produzidas na oficina de formação inventiva de professores – OFIP
– e como estas podem funcionar como dispositivos de criação de territórios de pensamento no âmbito das instituições de ensino. A pesquisa-intervenção
funciona como ferramenta teórico-metodológica de análise. Trata-se de sistematização de pensamentos e práticas ético-estética-política presentes na formação
docente. As práticas estéticas e seus efeitos são analisados no contexto das OFIPs e como estas podem intervir nos processos educativos. Levanta-se a hipótese
de a prática da formação de professores ter fortalecido o informatarismo no campo da educação e, como efeito da expansão da totalização da informação para
o território da formação, ter tornado a formação mais um espaço de relações informacionais do que de conhecimento, de políticas e de invenções. Uma
formação inventiva trata mais de um cultivo da atenção ao presente do que um apelo ao saber acumulado do professor. É uma questão de um aprendizado
permanente e da constituição de uma política que expressam um campo de potência para ser e fazer uma educação outra. Nem melhor nem pior, mas
diferente. É possível afirmar que uma formação inventiva desloca-se para continuamente diferir da padronização e investir na invenção de si e do mundo. Ao
mesmo tempo em que proliferam práticas políticas, ela produz subjetividades, pois conjuga produção do conhecimento com produção da existência e ar te. O
desafio é pensar como a arte pode concorrer para mudar uma política de cognição na formação de professores. Numa composição entre arte, estéticas da
existência, formação inventiva de professores e políticas de cognição busca-se analisar oficinas de formação inventiva de professores – OFIP – e, como estas
promovem novos modos de compor uma relação com formação, com estética da existência, com arte, com diferentes modos e estratégias de gestão. O debate
afirma arte como resistência, na perspectiva de Gilles Deleuze e estética da existência, no sentido proposto por Michel Foucault. Cruzando produções artísticas,
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filosofia da diferença e políticas de cognição foi possível percorrer a invenção de novos sentidos estéticos no presente da formação. E, ao mesmo tempo, afirmar
que a arte é uma prática de problematização e experimentação que participa da transformação de si e do mundo.
16h30-18h30
POSSIBILIDADES DA INSERÇÃO DO PSICÓLOGO NA REDE PÚBLICA DE ENSINO NA GRANDE FLORIANÓPOLIS
E-46 - Sala 04
Coordenação: MARIVETE GESSER
A implementação do trabalho do psicólogo no contexto educacional da rede pública vem sendo um desafio em todo o B rasil e na grande Florianópolis não é
diferente. Os chamados problemas disciplinares, a produção social do fracasso escolar assim como recentemente a violência e os desdobramentos desta no
sucesso e fracasso da escola tem sido temas constantes nas unidades de ensino da região. Mesmo sabendo da importância e dos avanços técnicos e teóricos
desta área de atuação, verifica-se que as experiências deste profissional na rede pública merecem maior compartilhamento. Esta mesa propõe, a partir disto,
apresentar trabalhos realizados na sua diversidade na rede pública de ensino, discutir o campo conceitual e metodológico destas práticas, bem como
problematizar desafios sobre a temática que envolvem o psicólogo que trabalha no contexto escolar. Pretende-se, deste modo, contribuir com a ampliação do
conhecimento teórico-metodológico sobre a intervenção do psicólogo no contexto escolar da rede pública de ensino, além de promover o intercâmbio de
conhecimentos com profissionais que também desenvolvem suas atividades neste contexto.
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR EM CONTEXTOS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
ADRIANO HENRIQUE NUERNBERG – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
A educação especial tem sido um espaço de inserção do psicólogo na área educacional. À luz das políticas de inclusão vigentes, a atuação do psicólogo se volta à
promoção de práticas educacionais que favoreçam a participação e aprendizado de todos os alunos. Com a política de educação especial na perspectiva
inclusiva, novas demandas para atuação do psicólogo têm surgido, especialmente no tocante à organização das formas de atendimento educacional
especializado e a sua relação com as práticas de ensino e aprendizagem em sala de aula na escola regular. Nesse trabalho, serão analisados limites e
possibilidades que se abrem para o trabalho do psicólogo escolar à luz dessas políticas educacionais, considerando a literatura vigente e a experiência de
trabalho com a rede municipal de educação de Florianópolis. Será dado destaque ao trabalho de promoção das formas de comunicação entre os espaços de
educação especial e educação regular, por meio de práticas e instrumentos que proporcionam a melhoria das condições de intercâmbio entre esses diferentes
contextos.
RESGATE HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO DA PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL NA UFSC
DENISE CORD – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
O objetivo deste trabalho é o de resgatar aspectos do trajeto histórico de construção e consolidação da Psicologia Escolar e Educacional no Departamento de
Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), destacando seu caráter crítico e comprometido com a transformação do coti diano escolar. Serão
apresentados aspectos inerentes as modalidades de intervenção dos profissionais da área na rede pública de educação da grande Florianópolis, as quais
guardam características de vanguarda em relação a temáticas que atualmente são indicadas como campo de desenvolvimento metodológico e de produção de
conhecimento, como é o caso da construção da interface entre Saúde e Educação popular com a consolidação do LAESP (Laboratório de Educação e Saúde
Popular) já na década de 90. Como parte do trajeto histórico atual, destacar-se-á a criação do LAPEE – Laboratório de Psicologia Escolar e Educacional, indicando
dentre seus propósitos fundantes o estabelecimento de uma parceria formal com o Laboratório e a Secretaria Municipal de Educação, com vistas a efetivação
de projetos de ensino (estágios), pesquisa e extensão que abranjam toda a Rede Publica de Ensino da Grande Florianópolis. Por meio desta parceria, será
possível a realização de um mapeamento compartilhado das demandas e necessidades relacionadas à qualificação dos processos educativos da rede, bem como
dos resultados alcançados, tanto no âmbito quantitativo quanto referente à produção de conhecimento na área.
O TRABALHO DO PSICÓLOGO ESCOLAR NA REDE MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ/SC
EDLA GRISARD – FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ
O trabalho do psicólogo escolar na rede municipal de São José tem se destacado por abrir diversos canais de comunicação com instituições de nível superior e
formação de parcerias para formação de psicólogos atentos às necessidades sociais presentes na realidade da escola na contemporaneidade. Esse trabalho
relata a história e experiência de intervenção do psicólogo escolar no contento da Secretaria Municipal de Educação do Município de São José, destacando a
experiência de construção do lugar social do psicólogo e as práticas e processos formativos desenvolvidos na rede pública de educação deste município. Será
dado especial relevo à identificação de limites e possibilidades do trabalho do psicólogo nas escolas, a partir da realidade política e social da região. Além disso,
destaca-se a relevância de se divulgar o presente trabalho, haja vista que o município de São José é um dos poucos no cenário catarinense que contratou,
perante a abertura de concurso público, o profissional da psicologia escolar.
16h30-18h30
PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCAÇÃO INCLUSIVA: CAMINHOS E DESAFIOS PARA A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO
E-46 - Sala 05
Coordenação: ANABELA ALMEIDA COSTA E SANTOS – UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
A implementação da política de Educação Inclusiva tem impactado a dinâmica das escolas e o trabalho pedagógico. O fato de a escola passar a receber alunos
que, anteriormente, frequentavam outros espaços educacionais ou estavam excluídos do processo de escolarização tem provocado sentimentos, aç ões e
reações diversas nos diversos atores que compõem o contexto educativo. Certamente, os psicólogos escolares, profissionais que têm sido chamados a tomar
parte no processo de inclusão, fazem parte desse cenário. A Psicologia, enquanto ciência e profissão, tem ampliado as suas di scussões e ações comprometidas
socialmente. Na esfera da educação, este movimento revela-se na participação que a Psicologia tem tido na promoção e garantia de direitos e nas lutas pela
Educação para Todos, pela escola democrática e de qualidade. Deste modo, compreende-se que os psicólogos são profissionais que muito têm a contribuir com
a escola e a sociedade, no sentido de conquistar a educação para todos. Contudo, a Educação Inclusiva tem propiciado muitos desafios aos psicólogos,
profissionais que nem sempre encontram em sua formação recursos para enfrentar as questões que surgem diante da diversidade. Nesse sentido, tem sido
empreendida uma busca por modos de atuar que contribuam para a construção de espaços educativos inclusivos. Esta mesa tem como proposta: a) apresentar
como e diante de quais condições concretas têm atuado psicólogos que estão na educação pública e que participam ativamente de ações em Educação Inclusiva;
b) discutir o impacto, no trabalho do psicólogo, da redução da política de educação para todos e todas ao acompanhamento dos “casos de inclusão”, abordando
possíveis contribuições do psicólogo para as transformações educacionais numa perspectiva emancipatória; c) apresentar diretrizes para o trabalho do psicólogo
em Educação Especial numa perspectiva inclusivista.
O TRABALHO DO PSICÓLOGO NA REDE PÚBLICA DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
ANABELA ALMEIDA COSTA E SANTOS, SILVIA MARIA CINTRA DA SILVA – UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Embora saibamos que as políticas educacionais atuais estejam direcionadas para uma Educação Inclusiva, na maioria dos sistemas escolares tal proposta não foi
integralmente efetivada. Neste sentido, o psicólogo escolar é um agente que pode contribuir para o fortalecimento do trabalho junto aos estudantes com
deficiências, buscando configurações de serviço que afirmem as diferenças específicas de cada aluno, que propiciem discussões junto à equipe escolar acerca
das implicações decorrentes da presença destas crianças no cotidiano escolar. Diante dos principais desafios apresentados ao psicólogo escolar perante a
Educação Inclusiva, aprofundaremos a discussão sobre a atuação deste profissional frente à inclusão escolar no estado de Minas Gerais a partir do recorte da
pesquisa interinstitucional “A atuação do psicólogo na rede pública de educação frente à demanda escolar: concepções, práticas e inovações”. Esta investigação,
realizada entre 2007 e 2010, teve como objetivo identificar e analisar concepções e práticas desenvolvidas pelos psicólogos da rede pública frente às queixas
escolares, oriundas do sistema educacional, visando compreender em que medida apresentam elementos inovadores e pertinentes às discussões recentes na
área de Psicologia Escolar e Educacional em busca de um ensino de qualidade para todos. Participaram 99 municípios de Minas Gerais e a partir de um contato
inicial com as Secretarias de Educação pudemos identificar aquelas que contavam com psicólogos. A pesquisa envolveu o mapeamento geral dos serviç os
oferecidos e a análise da atuação profissional nesta área de educação mediante a aplicação de um questionário e, posteriormen te, a realização de entrevistas
com aqueles que, em suas respostas, ofereceram indícios de atuação profissional voltada para o exercício de práticas inovadoras. Aqui nos debruçamos
cuidadosamente sobre os questionários e as entrevistas, buscando identificar, nas respostas de todos os participantes, aqueles que estão envolvidos com a
Educação Inclusiva nos municípios mineiros. Identificamos, entre os participantes da pesquisa, seis municípios que têm focalizado a Educação Inclusiva e, de 32
participantes, apenas seis manifestaram desenvolver ações ligadas a este campo de atuação. Constatamos que a despeito da Política Nacional de Educação
Especial na perspectiva da Educação Inclusiva ter sido implementada em 2007, a atuação dos psicólogos mineiros nesta seara ainda é uma prática recente e
executada de modo incipiente. Entretanto, a Inclusão é vista como algo importante, relevante e que concerne diretamente ao trabalho do psicólogo, sendo que
houve mudanças significativas decorrentes das novas políticas federais na área de Educação Inclusiva. Em suas falas, os entrevistados apontam algumas
questões importantes para compreendermos seu contexto de atuação nos respectivos municípios, como dificuldades engendradas por falta de subsídios,
descaso e mudanças políticas devidas às diferentes gestões. Ciente desta dimensão mais ampla de seu trabalho, vemos que o psicólogo tem encontrado
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inúmeros desafios no contexto educacional e cabe a ele propor espaços para discussão sobre as políticas educacionais, sobre as práticas pedagógicas voltadas
para uma inclusão efetiva e sobre o compromisso social da escola com a formação humana.
PROMOÇÃO DA EDUCACÃO PARA TODOS E TODAS: UM COMPROMISSO DA PSICOLOGIA
CARLA BIANCHA ANGELUCCI – UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
Resultado das discussões internacionais sobre a Educação para Todos e do processo de democratização brasileira, a política de Educação Inclusiva no Brasil
inicia-se, formalmente, nos primeiros anos do século XXI. São várias as resoluções, inspiradas na Carta Constitucional, que procuram definir a obrigatoriedade da
alteração nos sistemas de ensino, a fim de atender às necessidades das populações que historicamente têm tido negado seu direito à escolarização. São
também várias as alterações, desde o ano 2000, nas definições do que venha a ser a população com necessidades educacionais especiais. A população em
situação de rua, os povos nômades, as comunidades indígenas, as pessoas negras são exemplos de segmentos sociais que, pouco a pouco, deixaram de ser
mencionadas como alvo da política de inclusão, que, cada vez mais, tem se restringido às pessoas com deficiência e as denominadas portadoras de transtornos
relativos à aprendizagem. As tentativas de efetivação da atual política de educação inclusiva, costumeiramente, têm ocorrido mediante a criação de equipes de
inclusão, formadas, em geral, por profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos com especialização em psicopedagog ia, acompanhados vez ou
outra por terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas. Tais equipes, geralmente, têm sob sua responsabilidade um grupo de escolas as quais devem assessorar
para “as questões de inclusão” ou, melhor dizendo “os casos de inclusão”. A partir da realidade rapidamente apresentada acima, este trabalho procurará
discutir o impacto, no trabalho do psicólogo, da redução da política de educação para todos e todas ao acompanhamento dos “casos de inclusão”. Para tanto,
realizaremos uma breve análise das políticas educacionais brasileiras na passagem do século XX para o XXI, discutiremos o compromisso da Psicologia com uma
Educação de caráter emancipatório e as possíveis contribuições do psicólogo para as transformações educacionais. O referencial teórico utilizado parte dos
conceitos de vivência e experiência, em Walter Benjamin e das reflexões de Donald W. Winnicott sobre a importância da cultura na sustentação da humanidade
de cada um de nós.
EDUCAÇÃO ESPECIAL PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: IMPLICAÇÕES PARA A PSICOLOGIA ESCOLAR
JANE TERESINHA DOMINGUES COTRIN – UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO
Atualmente, compreendemos por educação inclusiva, a proposta educacional que prevê uma escola de qualidade para todos, indepe ndente de qualquer
característica social, física e intelectual da pessoa. A educação inclusiva pressupõe uma escola que funcione a partir do grupo e para o grupo. Quando se propõe
uma escola de qualidade para todos, isso inclui, obviamente, as pessoas com deficiência, que devem ser inseridas nas etapas comuns do processo de
escolarização. Na prática, historicamente, as pessoas com deficiência sempre tiveram muita dificuldade de acesso a esse processo e, na maioria dos casos,
deveriam estudar em ambientes separados das crianças sem deficiência. A esse tipo de atendimento deu-se o nome de “Educação Especial”, ou seja, um
atendimento educacional diferente do comum, especializado nos diversos tipos de deficiência. Com o tempo esse processo se transformou e, atualmente,
compreendemos a Educação Especial como uma proposta de trabalho educacional concomitante ao ensino regular para alunos que no decorrer do processo
educacional tenham necessidades educacionais especiais, ou seja, deve ser transversal às etapas de ensino Dessa forma, as pessoas com deficiência podem
dispor, quando necessário, de métodos e técnicas especiais para poderem compreender o conteúdo escolar. É o caso do Braile, Libras, materiais adaptados.
Desde o início do século XX, a psicologia atua na Educação Especial, principalmente na área de deficiência intelectual. Porém , essa sempre foi uma prática muito
marcada pela avaliação e diagnóstico. Contemporaneamente, um número significativo de psicólogos que atuam com educação especial dedicam-se de modo
exclusivo, ainda, a esse processo psicodiagnóstico. Quando as crianças com deficiência chegam à escola, em muitas sit uações, demandam serviços específicos
que a escola não possui e não é exatamente essa ausência que causa transtornos, mas o fato de que essa necessidade “escancara” os problemas que a escola já
tem, como a solidão dos professores; o sistema hierárquico que eleva sobremaneira o poder das Secretarias da Educação sobre as escolas; a burocracia, a
ausência de um trabalho reflexivo e uma visão estereotipada em relação à pessoa com deficiência. Não é a ausência de problemas que constitui a saúde de uma
instituição, mas a maneira como o grupo se organiza para resolvê-los. Nossa experiência indica que o psicólogo, ao trabalhar com Educação Especial para uma
educação inclusiva, precisa: priorizar o trabalho em grupo; os espaços de reflexão permanente sobre aprendizagem e preconceito; despatologizar o universo
educacional e a criança com deficiência; auxiliar na busca de informações sobre “situações novas”; buscar meios de valorizar o trabalho do professor e seus
saberes em se tratando de alunos com deficiência. Para isso, o psicólogo deve fugir de armadilhas como dar diagnóstico; dar respostas prontas e estereotipadas
sobre pessoas com deficiência; demonstrar que sozinho vai resolver os problemas dos alunos; culpabilizar a deficiência pelo “fracasso” no processo de ensinoaprendizagem. A atuação do psicólogo na Educação Especial pode gerar muitas práticas que legitimam a proposta de uma educação inclusiva ou, ao contrário,
perpetuar a Educação Especial como o lugar da criança com deficiência.
16h30-18h30
CONCEPÇÕES EDUCATIVAS, DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM, EDUCAÇÃO ECONÔMICA, COOPERAÇÃO NA TEORIA PSICOGENÉTICA
PIAGETIANA
E-46 - Sala 06
Coordenação: LUCIANA MARIA CAETANO – FACULDADE MARIO SCHENBERG – COTIA/SP
Este simpósio tem como principal objetivo apresentar diferentes investigações fundamentadas no referencial teórico da Epistemologia Genética de Jean Piaget.
O autor é conhecido pela maioria dos psicólogos e educadores como o criador dos estágios do desenvolvimento cognitivo da cria nça. A proposta desse simpósio
é ampliar então essa visão demonstrando que tal teoria oferece uma oportunidade ímpar de se eleger perguntas e realizar investigações nas mais variadas
áreas. O primeiro estudo apresentado por Luciana Maria Caetano relata o processo de construção e validação de um instrumento de avaliação psicológica que
investiga o juízo dos pais a respeito da sua participação na educação moral dos seus filhos adolescentes. O segundo é explanado por Maria A. Belintane
Fermiano que apresenta os desafios de pais diante das solicitações de consumo dos filhos, como os pré-adolescentes lidam com o dinheiro, seu processo de
socialização como consumidores e as implicações da teoria piagetiana, em especial, o conhecimento social, na análise desse processo. O terceiro estudo
proposto por Betânia A. Veiga Dell’ Agli aborda o tema da vontade enquanto regulador afetivo em crianças com e sem queixa de dificuldade de aprendizagem na
tentativa de compreender comportamentos de interesse e de pouco interesse das crianças pelas tarefas escolares. O quarto estudo apresentado por Heloisa
Helena Genovese de Oliveira Garcia enfoca a cooperação entre adolescentes em um processo coletivo de oficina de jogos. Considerando-se a dupla natureza
desta qualidade de interação – um princípio e um método – são analisados procedimentos de intervenção que visaram à promoção de atitudes favoráveis à
cooperação nos sujeitos.
ESCALA DE CONCEPÇÕES EDUCATIVAS MORAIS: PAIS E ADOLESCENTES
LUCIANA MARIA CAETANO – FACULDADE MARIO SCHENBERG – COTIA/SP
Esse estudo se insere na temática da adolescência e sua polêmica relação com os seus pais. A pergunta que norteou a pesquisa foi: como investigar o que
pensam os pais sobre o seu papel na educação moral dos filhos adolescentes? O objetivo desse estudo foi construir e validar um instrumento de avaliação
psicológica na área do desenvolvimento moral, especificadamente na subárea das relações educativas entre pais e adolescentes. Os objetivos específicos desse
estudo psicométrico foram os seguintes: elaborar os itens ou variáveis que constituíram cada constructo: obediência, respeito, justiça e autonomia; demonstrar
a validade de conteúdo por meio da análise teórica dos itens (análise semântica e análise de juízes); demonstrar a validade de construto, ou seja, a legitimidade
da representação comportamental dos construtos, através da Análise Fatorial Confirmatória; apresentar o modelo final do instrumento devidamente validado e
comentado. O trabalho teve como base teórica a Teoria do Desenvolvimento Moral de Jean Piaget. Conforme a teoria do Desenvolvimento Moral de Jean Piaget
a construção da autonomia é um possível caminho de evolução para o pensamento adolescente e autonomia é definida no contexto relacional. O processo de
construção e validação do instrumento foi conduzido através dos seguintes passos: construção da escala com assertivas para cada construto, Estudo Piloto
realizado para proceder a Validação Semântica, Validação Teórica; Validação de Construto (Análise Fatorial Confirmatória). A amostra se constituiu de 860
genitores, pais (20,6%) e mães (79,4%) de adolescentes. Havia participantes de cada uma das cinco regiões do país (42,8% do sudeste, 20,2% do nordeste, 16,5%
do centro-oeste, 11% do norte, e 9,3% do sul) e a pesquisa com os pais foi realizada no ambiente escolar (54,8% na escola pública e 45% na privada). O modelo
da escala com tinha 36 assertivas, representando os quatro construtos: obediência, respeito, justiça e autonomia. Os participantes atribuíram nota de 1 a 7
(respectivamente as opções com as quais eles discordaram totalmente e aquelas com as quais eles concordaram totalmente). A Análise Fatorial Confirmatória
(LISREL) indicou a propriedade dos quatro fatores: respeito obediência, justiça e autonomia (GFI = 0,933, x²/gl =5,2, RMSEA= 0,0702). A Escala de Concepções
Educativas (depois da validação estatística, AFC), finalizou com 25 itens, sendo 4 itens para obediência, 5 itens para respeito, 8 itens para justiça e 8 itens para
autonomia. Por conseguinte os resultados da validação de construto forneceram um maior número de itens para autonomia em detrimento da obediência e
forneceram um número maior de itens para justiça, que é para Piaget, a mais racional da todas as noções morais, a qual parece ser o resultado direto da
cooperação. Pesquisa financiada pela FAPESP.
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EDUCAÇÃO ECONÔMICA: DESAFIOS PARA PAIS E FILHOS
MARIA APARECIDA BELINTANE FERMIANO – FACULDADES NETWOK/NOVA ODESSA/SP E LPG/FE/UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
A pesquisa Pré-adolescentes (“tweens”) – desde a perspectiva da teoria piagetiana à da Psicologia Econômica investigou uma amostra de 423 participantes, de 8
a 14 anos, da Região Metropolitana de Campinas/São Paulo. Por meio de um survey, com caracterização sócio-demográfica coletou dados para descrever as
atitudes, os hábitos, o comportamento econômico dos pré-adolescentes; os fatores que os levam a serem grandes pequenos consumidores; o poder de
persuasão que possuem; as influências que recebem da família, da escola, dos amigos, dos meios de comunicação, da propaganda e do marketing. Os resultados
quantitativos foram submetidos à análise exploratória dos dados em relação à sua frequência e porcentagem e as variáveis categóricas foram comparadas
através de teste Qui-Quadrado, o que forneceu suporte aos pressupostos da pesquisa, os quais são: a possível homogeneização de comportamentos dos
“tweens”; a necessidade de construção de novas alfabetizações, estratégias e conhecimentos; uma educação econômica, com funda mentação na Psicologia
Genética e Psicologia Econômica. Os resultados qualitativos da pesquisa sugerem que os padrões de comportamento necessitam de ressignificações. Estas
podem ser consideradas tanto do ponto de vista dos pré-adolescentes que constroem padrões de comportamento a partir das solicitações que o atual mundo
globalizado oferece, como também, do ponto de vista da família, da escola e de outras instituições. Compreender e agir no mundo globalizado parece ser um
desafio para todos. Nesse ponto destaca-se as contribuições da teoria piagetiana, em especial, na área do conhecimento social e da Psicologia Econômica por
apresentarem ideias elucidativas sobre o conhecimento social e as representações desenvolvidas ao longo da vida, o comportamento econômico e consumidor
de pré-adolescentes.
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM: UMA ANÁLISE SOBRE A VONTADE
BETÂNIA ALVES VEIGA DELL AGLI – UNIFAE – SÃO JOÃO DA BOA VISTA/SP
A afetividade na perspectiva piagetiana é considerada como a energética da ação, cuja função seria de impulsioná-la. Além disso, compreende afetividade e
inteligência como aspectos inseparáveis e complementares, construídas de forma paralela e solidária. O objetivo desse estudo foi analisar a vontade como
regulador afetivo em crianças com dificuldade de aprendizagem. Participaram do estudo 6 escolares com queixa de dificuldade de aprendizagem e 6 com bom
desempenho escolar que cursavam o 4º ano do ensino fundamental numa escola pública. Foram analisados aspectos afetivos e cognitivos da conduta, sendo o
primeiro realizado por meio de 6 observações dos participantes (n=12) em sala de aula (n=30) em tarefas escolares propostas pela professora e em atividades
com jogos de regras. Os aspectos cognitivos foram avaliados por meio das provas operatórias clássicas, aplicadas individualmente. A partir das observações em
sala de aula, elaboraram-se categorias afetivas: envolvimento, concentração, flexibilidade, tolerância à frustração, cooperação e tranquilidade. As condutas dos
participantes foram pontuadas nessas categorias permitindo compor um perfil: Perfil A predomínio de condutas afetivas positivas, Perfil B predomínio de
condutas afetivas intermediárias e Perfil C predomínio de ausência de condutas afetivas positivas. O desempenho nas provas operatórias foi dado em índice de
operatoriedade, correspondendo ao nível pré-operatório, intermediário e operatório concreto. Os resultados revelaram que as crianças com queixa de
dificuldade de aprendizagem compuseram o Perfil C nas atividades escolares e Perfil A nas atividades lúdicas e índice de operatoriedade que caracteriza nível
intermediário. As que apresentavam bom desempenho compuseram o Perfil A em ambas as atividades e um índice de operatoriedade que caracteriza nível
operatório concreto. Compreendendo que a afetividade, enquanto energética, pode ser expressa em termos de interesse, os resultados permitiram dizer que a
tarefa escolar não se constituiu em uma necessidade para as crianças com queixa. Se assim fosse, elas mobilizariam suas reservas internas de forças em prol
desta atividade. A vontade nessa perspectiva, consiste numa regulação de energia que favorece certas tendências à custa de outras, sendo possível sua
ocorrência somente no nível das operações concretas. Os participantes com bom desempenho atingiram o nível operatório concreto e isso lhes permite fazer a
“negociação” entre os desejos imediatos e momentâneos e o dever, a obrigação, subordinando o primeiro a uma escala de valor que em nosso estudo seria o
valor da tarefa escolar. Contrariamente, nossos participantes com queixa encontravam-se no nível intermediário e, nesse caso, a vontade se caracteriza por
valores instáveis que não se sustentam em uma escala de valores. O Perfil A nas atividades lúdicas neste grupo não é contraditório. No jogo está envolvido o
interesse e a possibilidade de jogar utilizando os recursos cognitivos disponíveis diferentemente das tarefas escolares que solicita resposta certa ou errada. O
desinteresse, o não-envolvimento deve ser compreendido considerando relações mais amplas, sem culpabilizar a criança por apresentar tais condutas.
COOPERAÇÃO ENTRE ADOLESCENTES EM OFICINA DE JOGOS
HELOISA HELENA GENOVESE DE OLIVEIRA GARCIA – UNIVERSIDADE PAULISTA
A cooperação é um método de trabalho que, segundo Piaget, favorece o desenvolvimento da autonomia e do respeito mútuo: atributos necessários a toda
sociedade que se quer democrática e solidária. Entretanto, o mesmo autor aponta que, enquanto um princípio, ela nunca será plenamente alcançada,
permanecendo como um norteador para nossas condutas, demandando regulações constantes. Piaget também destaca o valor do trabalho em grupo para o
desenvolvimento não apenas cognitivo, como afetivo e moral, sendo que, na adolescência, o grupo de pares assume uma importânc ia ainda maior tendo em
vista o processo de formação da personalidade. Este trabalho discute estes temas com base na pesquisa de doutorado realizada pela autora, GARCIA (2010),
com bolsa da FAPESP. Esta investigação teve como objetivo geral promover a cooperação em um grupo de 12 adolescentes de ambos os sexos, de 13 a 15
anos, estudantes de 8° e 9° anos de uma escola pública paulistana. Durante um ano, eles participaram de um processo coletivo fundamentado na metodologia
de oficina de jogos, desenvolvida durante as últimas três décadas por pesquisadores do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Os 23 encontros
semanais realizados tiveram 1h30 de duração e foram mediados pelo uso de jogos de regras variados, como: Quarto, Imagem & Ação, Can Can e Pingo no ‘i’.
Os agrupamentos entre os adolescentes variarem quanto à configuração (duplas, trios, equipes, grupo todo) e critérios de formação (espontâneo, prédefinido, aleatório). Os procedimentos de coleta consistiram de diários escritos e filmagens dos encontros, cujas transcrições foram agrupadas compondo um
registro narrativo de todo o processo. Este material foi examinado sob duas perspectivas interdependentes: interações entre os adolescentes e intervenções
da pesquisadora. A primeira resultou em duas análises: classificação das condutas compensatórias referenciada na teoria da equilibração (condutas alfa, beta e
gama) e quatro estudos de caso. A segunda perspectiva – que será enfocada nesta apresentação – objetivou a análise dos procedimentos da pesquisadora que
visaram à promoção de atitudes favoráveis à cooperação nos adolescentes. Identificaram-se dezoito procedimentos, classificados em três níveis: a) romper
relações indiferenciadas, b) estimular diferenciações e c) promover integrações no grupo de sujeitos. Com base neste material, examina-se a questão: é
possível ensinar a cooperação?
16h30-18h30
O CASO WELLINGTON: ANÁLISE SÓCIO-HISTÓRICA DE UMA HISTÓRIA EM FRAGMENTOS
E-46 - Sala 07
Coordenação: MITSUKO APARECIDA MAKINO ANTUNES – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
Esta mesa pretende discutir, sob a perspectiva da abordagem sócio-histórica, o lado revelado, apenas por fragmentos, da história de vida e, especialmente, da
vida escolar do jovem Wellington, protagonista da tragédia da escola pública do Realengo, no Rio de Janeiro. A mídia ocupou-se, por semanas, dessa tragédia,
majoritariamente como fato policial, com todas as características que reportagens dessa natureza comportam, sobretudo produzindo em seus públicos-alvo um
interesse constantemente realimentado. Reconhecendo a gravidade dessa tragédia e o sofrimento humano por ela produzido, constata-se que, por outro lado,
pouco esforço é empreendido para se compreender os determinantes desse fato, o que resulta em apreciações aligeiradas e cercadas de pré-conceitos que não
contribuem para que, pautando-se numa compreensão rigorosa, ampla e profunda, evitem-se situações como essa, que se contrapõem à construção de uma
escola aberta, democrática, prazerosa, inclusiva e que garanta para todos, uma aprendizagem que promova o desenvolvimento integral de todos os seus
participantes. A partir dos fragmentos revelados pela imprensa, pretende-se empreender um esforço para se compreender a constituição da subjetividade do
jovem Wellington, cotejados com dados de pesquisas recentes, realizadas pelos participantes desta mesa, que tratam da invisibilidade, do assédio, da timidez e
do suicídio.
O CASO WELLINGTON: ANÁLISE SÓCIO-HISTÓRICA DE UMA HISTÓRIA EM FRAGMENTOS
MITSUKO APARECIDA MAKINO ANTUNES – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
Numa perspectiva crítica, pretende-se discutir, com base na abordagem sócio-histórica, o lado revelado, apenas por fragmentos, da história de vida e,
especialmente, da vida escolar do jovem Wellington, protagonista da tragédia da escola pública do Realengo, no Rio de Janeiro. A mídia ocupou-se, por semanas,
dessa tragédia, majoritariamente como fato policial, com todas as características que reportagens dessa natureza comportam, sobretudo produzindo em seus
públicos-alvo um interesse constantemente realimentado. Reconhecendo a gravidade dessa tragédia e o sofrimento humano por ela produzido, constata-se que,
por outro lado, pouco esforço é empreendido para se compreender os determinantes desse fato, o que resulta em apreciações aligeiradas e cercadas de préconceitos que não contribuem para que, pautando-se numa compreensão rigorosa, ampla e profunda, evitem-se situações como essa, que se contrapõem à
construção de uma escola aberta, democrática, prazerosa, inclusiva e que garanta para todos, uma aprendizagem que promova o desenvolvimento integral de
todos os seus participantes. A partir dos fragmentos revelados pela imprensa, pretende-se empreender um esforço para se compreender a constituição da
subjetividade do jovem Wellington.
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O OUTRO LADO DA HISTÓRIA DE WELLINGTON: TIMIDEZ E EXCLUSÃO-INCLUSÃO ESCOLAR
MARIANA BATISTA VIEIRA – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
Este trabalho tem como objetivo analisar o outro lado da história de Wellington Menezes de Oliveira, buscando compreendê-lo a partir do estudo sobre timidez
e, por consequência, das situações de exclusão-inclusão que a pessoa tímida pode sofrer ao longo da vida. A timidez é definida por Wallon ([1938] 1985) como
sendo uma emoção e, partir do materialismo-dialético, entende-se a timidez como uma condição humana que se desenvolve nas relações sociais e que está
relacionada com os sentimentos de vergonha e embaraço. A pessoa tímida não gosta de ser foco da atenção dos outros, pois sente-se observada, exposta e
incomodada; gestos, andar, postura, tornam-se menos seguros, de forma que a aproximação do outro faz com que braços e pernas se agitem e se enrijecem na
presença de alguém, geralmente desconhecido; segundo Wallon ([1938] 1985), é um medo relativo ao seu próprio eu frente aos outros. Observa-se que crianças
tímidas têm maior probabilidade de experimentar relações negativas com seus pares, pois a inibição e o retraimento são considerados como desviantes do que
se considera como um comportamento padrão; as possíveis consequências são o maltrato e a rejeição enfrentadas pela pessoa tímida. Dessa maneira, pode-se
dizer que a invisibilidade- visibilidade é uma maneira de exclusão dessa pessoa, podendo ser considerada como um sofrimento ético-político (Sawaia, 2008),
pois na invisibilidade a pessoa não é notada, torna-se “invisível” e encarna o sentimento de não existir, pois não há o olhar do outro para constituí-lo como
sujeito. A invisibilidade é uma forma de humilhação que gera sofrimento para a pessoa, pois não ser ouvido, não ser visto pelos outros causa dor. Por outro lado,
o tímido, ao mesmo tempo em que anseia tornar-se visível em sua totalidade, teme o olhar do outro que o vê, o percebe e forma conceitos. A pessoa tímida,
entretanto, tem dificuldade de estabelecer relações interpessoais, pouco revela de si, de sua intimidade, seus receios, expectativas e desejos; a visibilidade a
torna vulnerável e, consequentemente, na maioria das vezes prefere-se o anonimato, pois suas limitações não são expostas. No âmbito escolar, o tímido é o
aluno que não perturba e não faz barulho, não causa problema de indisciplina para o professor; entretanto, não faz perguntas quando está com dúvida e
dificilmente permite que o professor e demais colegas o ajudem com seus conhecimentos ou experiências. A pessoa tímida, portanto, pode ser excluída, pois ao
ser considerada como alguém que não atrapalha o professor, por não ter comportamentos de indisciplina, não é vista pelo mesmo e, por raramente se
expressar em público, as relações que tem com seus pares e suas atitudes não são notadas.
REFLEXÕES PSICOSSOCIAIS SOBRE O SUICÍDIO, A EDUCAÇÃO E A ESCOLA
NILSON BERENCHTEIN NETTO – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
O presente trabalho pretende refletir criticamente sobre o suicídio na contemporaneidade e os papéis da educação, em seu sentido amplo (não exclusivamente
escolar) e da escola, nas relações que as pessoas estabelecem com a morte de si, no sentido de informar as pessoas e de formá-las integralmente, para que
tenham condição de refletir de maneira crítica acerca desse fenômeno e suas repercussões na sociedade. Assim, a educação e a escola, têm um papel
importante na promoção da saúde e da vida, tendo em vista que mundialmente os índices de suicídio que mais crescem no país envolvem jovens de 15 a 25 anos
e que, nessa idade, a maioria dessas pessoas passa boa parte de seus dias nas instituições de ensino (ou pelo menos, deveriam passar alguma parte de seus dias,
considerando que ainda é uma realidade em muitos países a falta de acesso ao ensino formal). Considerando o papel fundamental da escola de transmitir, de
maneira sistematizada o que há de mais desenvolvido no conhecimento historicamente desenvolvido e acumulado pela humanidade, cabe a pergunta “o que
vem acontecendo nessa instituição que faz com que seus partícipes venham a desejar a morte?” ou "por que fenômenos como o assédio, a humilhação e o
medo vêm fazendo parte cada vez mais intrincada do cotidiano escolar?" É fato que essa não é uma questão exclusiva da escola e tampouco essa instituição
deve ser analisada de maneira isolada da totalidade da conjuntura em que se insere; portanto, os fenômenos envolvendo a escola e/ou seus partícipes, deve ser
sempre compreendido em uma conjuntura ampla, que leve em conta a totalidade da sociedade e o modo de produção sobre o qual essa se fundamenta.
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS COMO CAMINHO DE SUPERAÇÃO
ANDREA SOARES WUO – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
Desde a década de 1950, com trabalhos como o de Allport (1954) sobre a natureza do preconceito, de Goffman (1980) sobre o estigma e de Elias (1964), sobre os
“estabelecidos e os outsiders”, a psicologia social vem mostrando os efeitos nocivos das relações com base no estigma e preco nceito para o desenvolvimento de
indivíduos e seus grupos quando colocados em uma posição de inferiorizados. No âmbito da educação, ações e estudos voltados para o estabelecimento de uma
educação inclusiva vêm insistindo na importância de se trabalhar as relações com base na diferença no ambiente escolar. Recentemente, trabalhos voltados para
se construir uma cultura de direitos humanos, uma formação ética para crianças e jovens vêm sendo desenvolvidos a partir dos pressupostos de uma Educação
em Direitos Humanos, que busca formar atitudes direcionadas para o fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais; o
desenvolvimento completo da personalidade e do senso de dignidade humana; a promoção do entendimento, da tolerância, da igualdade de gênero e da
amizade entre todas as nações, povos indígenas e grupos raciais, nacionais, étnicos, religiosos e lingüísticos, entre outros. Lançado em 2003, o Plano Nacional de
Educação em Direitos Humanos (PNEDH) assume o objetivo principal de difundir a cultura de direitos humanos no país. O plano prevê ações nos diversos setores
da educação e propõe a inserção da educação em Direitos Humanos nas diretrizes curriculares da escola, no projeto políticopedagógico, na formação dos
profissionais da escola, na prática dos atores sociais do ambiente escolar, no que diz respeito às metodologias de ensino, na utilização de mecanismos de
proteção dos Direitos Humanos, tornando a “educação em direitos humanos um elemento relevante para a vida dos (as) alunos (as ) e trabalhadores da
educação, envolvendo-os (as) em um diálogo sobre as maneiras de aplicar os direitos humanos em sua prática cotidiana”. O alcance desses objetivos dependem
de um esforço coletivo no sentido de construção de novas práticas metodológicas que envolvam a participação dos diversos atores envolvidos – educadores,
crianças e jovens, profissionais do direito, psicólogos escolares - que permitam a transformação de ações, ideias e valores com vistas à construção de uma cultura
de paz e tolerância no ambiente escolar. Nesta comunicação, pretende-se discutir alguns dos pressupostos teórico-metodológicos presentes nas práticas em
Educação em Direitos Humanos, a partir de um diálogo entre as noções de estigma e preconceito desenvolvidas pela Psicologia Social, e da noção antropológica
de alteridade, que nos remetem a possibilidade de superação e novas leituras do caso que se propõe discutir nesta mesa.
COMUNICAÇÕES CIENTÍFICAS
16h30-18h30 ATUAÇÃO DE PSICÓLOGOS EM SECRETARIAS DE EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO
D-67 - Sala 101
90
FINANCIADOR: CNPq /FAPESP
ANA KARINA AMORIM CHECCHIA, MARILENE PROENÇA REBELLO DE SOUZA, MARCELO DOMINGUES ROMAN, JULIANA SANO DE ALMEIDA LARA, ALINE MORAIS
MIZUTANI GOMES - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, ROSELI FERNANDES LINS CALDAS - UNIVERSIDADE PRESBITE
A Psicologia Escolar e Educacional tem desenvolvido, nos últimos vinte anos, importante discussão em relação à formação/atuação do psicólogo no campo
educacional, em busca de perspectivas críticas que visem conceber o fenômeno educacional nas dimensões pedagógica, institucional, relacional, social e política.
Isto posto, o presente trabalho origina-se de pesquisa intitulada “A atuação do psicólogo na rede pública de Educação frente à demanda escolar: concepções,
práticas e inovações”, cujo objetivo consistiu em identificar e analisar concepções e práticas desenvolvidas pelos psicólogos da rede pública frente às queixas
escolares oriundas do sistema educacional, visando compreender em que medida apresentam elementos pertinentes às discussões recentes na área de
Psicologia Escolar e Educacional em busca de um ensino de qualidade para todos. Esta pesquisa, realizada no período entre 2006 e 2010, envolveu pesquisadores
dos estados de São Paulo, Rondônia, Acre, Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina e Paraná, utilizando os procedimentos: análise documental da produção
bibliográfica sobre a atuação do psicólogo na Educação; elaboração e aplicação de questionários; realização de entrevistas com psicólogos que evidenciaram nos
questionários indícios de uma atuação coerente com os recentes avanços teórico-metodológicos da área. Neste trabalho, será apresentada a análise das
entrevistas realizadas em nove municípios do Estado de São Paulo, a partir de três eixos centrais: descrição dos Serviços de Psicologia nas Secretarias de
Educação, atuação dos psicólogos escolares e concepção teórica dos entrevistados. De modo geral, em relação aos Serviços, foi possível constatar que: a maioria
foi constituída a partir dos anos 2000; enquanto alguns serviços configuram-se com núcleos ou departamentos específicos para cada nível de ensino e com
equipes multidisciplinares, outros apresentam um único profissional; foram frequentes as queixas por parte dos psicólogos em relação à baixa remuneração, ao
excesso de trabalho e à recorrente mudança de gestão. Ao descrever sua atuação profissional, os entrevistados revelaram que: a maioria da demanda pelo
trabalho do psicólogo escolar é oriunda das escolas municipais, seguida das advindas do Conselho Tutelar e órgãos da Secretaria da Saúde; a maior parte dos
trabalhos é desenvolvida no interior das escolas e o foco da atuação se dá, prioritariamente, no âmbito institucional ou no processo de escolarização, incluindo a
participação de diversos atores dentro e fora do contexto educacional; e grande parte trabalha com educação inclusiva. Os ent revistados evidenciaram sua
concepção teórica ao: apresentar críticas ao modelo clínico tradicional de atendimento individual; situar o foco da atuação nas relações que compõem o
contexto educacional, bem como no funcionamento institucional escolar; atribuir ao psicólogo funções de mediação e reflexão; atentar para a constituição
histórico-social dos fenômenos e criticar a medicalização na Educação. Diante disto, é possível identificar uma coerência entre concepç ões teóricas que
concebem o fenômeno educacional de maneira crítica e práticas institucionais dos psicólogos escolares, mesmo em condições adversas de trabalho.
16h30-18h30 O COTIDIANO COMO OCORRÊNCIA: ASSINAR O 'LIVRO-NEGRO' E APRENDER COMPORTAMENTOS CIVILIZADOS NA ESCOLA
D-67 - Sala 101
CÉLIA RATUSNIAK – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
As práticas de castigo e punição sempre estiveram presentes na sociedade. A história é repleta de acontecimentos que relatam sua existência. Ao longo dos
tempos, elas vêm se metamorfoseando, sofrendo a influência das organizações sociais, econômicas, culturais, religiosas, éticas e morais, até culminar na
proibição dos castigos físicos, o que obriga aos sistemas de disciplinamento inventar novas formas de controle e de normalização. O presente trabalho tem como
objetivo traçar um histórico da evolução das práticas de punição, analisando alguns acontecimentos da história, como a mitologia grega, a tradição judaico-cristã,
os processos de condenação da Inquisição, o período da escravatura e, a partir dessa análise, discutir a função que estas tiveram na organização da sociedade.
Paralelamente, também discute-se a evolução das práticas de castigo na escola, desde a educação na Antiguidade até a Contemporaneidade a partir da obra do
historiador italiano Mario Manacorda. Na Contemporaneidade, detém-se na forma de punição conhecida como ‘assinar o livro-negro’, que consiste em descrever
o comportamento inadequado do aluno num caderno, frequentemente de capa negra, apontar as consequências desse comportamento e solicitar ao aluno que
o assine. Esse registro no livro (que é um caderno) é uma forma de disciplinamento comum em algumas escolas do Paraná, que também podem ser chamados de
‘Livro de Ocorrência’. Este trabalho é fruto da pesquisa de mestrado em Educação em andamento, que objetiva analisar o conteúdo destes portadores do
registro das ocorrências na escola, bem como sua função para os vários sujeitos envolvidos: diretores, supervisores, professores, alunos e pais ou responsáveis
pelos alunos. Como fundamentação teórica, utiliza-se autores como Manacorda, Elias, Certeau e Foucault para compreender a evolução histórica das práticas de
castigo e punição. Também recorre-se a Hannad Arendt para compreender o fenômeno denominado como ‘perda da autoridade’, o que justificaria a utilização
de mecanismos disciplinares autoritários e repressores. Como é uma pesquisa em andamento, além dos objetivos já citados, esse trabalho também propõe-se a
compartilhar questionamentos sobre os mecanismos de disciplinamentos utilizados pelas escolas para lidar como as manifestações de violência e incivilidade.
16h30-18h30 SUBJETIVIDADE E EDUCAÇÃO: UMA ANÁLISE A PARTIR DOS PRESSUPOSTOS DA PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL
D-67 - Sala 101
FINANCIADOR: CNPq
ELIS BERTOZZI AITA, MARILDA GONÇALVES DIAS FACCI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
O tema subjetividade tem sido objeto de pesquisa na área de Psicologia e Educação. O desenvolvimento da subjetividade geralmente é compreendido como um
processo natural, desvinculado das condições históricas, como se ocorresse em etapas universalizadas, pautadas apenas na maturação biológica. A partir disto,
propôs-se uma pesquisa, por meio do projeto de iniciação científica intitulado O conceito de subjetividade na atualidade: uma análise a partir da Psicologia
Histórico-Cultural, para discutir essa temática. O presente trabalho versará sobre este estudo e tem como objetivo discorrer acerca da forma como os autores
contemporâneos estão compreendendo a subjetividade e apresentar uma análise sobre essa questão com base na Psicologia Histórico-Cultural. Em um primeiro
momento apresentaremos os dados da pesquisa bibliográfica e, posteriormente, enfocaremos a análise de 51 artigos selecionados na biblioteca eletrônica
SciELO (2008) utilizando as palavras-chave subjetividade e educação, na qual se buscou compreender como os autores contemporâneos abordam a
subjetividade. Por meio dos artigos consultados pôde-se observar que existem várias concepções acerca do conceito de subjetividade, mesmo entre aqueles
autores que estudam a temática sob uma mesma perspectiva teórica. Diante disto, destacamos a importância de se analisar o que é subjetividade valendo-se da
lógica dialética, considerando o quanto essa é constituída por meio das relações sociais de produção. A título de conclusão entendemos que a compreensão do
desenvolvimento da subjetividade, pautada na Psicologia Histórico-Cultural, encaminha o psicólogo escolar para uma proposta de atuação que considera que o
homem está inserido em uma forma determinada de sociedade e que as características específicas desta organização social determinam a construção do
psiquismo dos indivíduos que dela fazem parte. No processo de apropriação dos conteúdos escolares ocorre o encontro entre a s ubjetividade e educação e o
psicólogo deve estar atento as condições histórico-sociais que permeiam esse encontro, procurando explicar o homem concreto, síntese das relações sociais,
como propõe uma visão marxista.
16h30-18h30 A CONSTRUÇÃO DA SEXUALIDADE INFANTIL. CONSIDERAÇÕES SOBRE O PAPEL DO EDUCADOR
D-67 - Sala 101
FINANCIADOR: CNPq
VIRGINIA GEORG SCHINDHELM
A pesquisa de doutorado, em andamento, investiga o papel do educador na construção de gênero e sexualidade das crianças, em duas escolas de educação
infantil. Busca-se conhecer o modo como os educadores lidam com as experiências infantis relativas à sexualidade, com foco na melhoria da interação professoraluno no dia-a-dia escolar. Gênero é o conjunto de valores, atitudes, papéis, práticas ou características culturais que definem ser homem/mulher. Sexualidade é
uma construção social relacionada ao poder e à regulação e, ainda hoje, tópico polêmico na escola devido à multiplicidade de visões, crenças, tabus, interditos e
valores do corpo docente e discente. Na história da cultura brasileira é notória a presença maciça de mulheres nas atividades escolares de assistência e cuidado
dos pequenos. Qual o efeito do gênero nas relações construídas entre educadores e crianças? Pela imitação e identificação as crianças introjetam sentidos e
significados e exercitam um fazer estabelecido pela sociedade como eminentemente feminino ou masculino, que se desenvolve no âmbito do privado e do
público. As inclinações sexuais das crianças provêm da curiosidade em explorar e conhecer aquilo que, comumente, é velado e não de um desejo de prazer
sensual. Os pequenos constróem suas representações sobre sexualidade na relação individual e social com seus pares, seus familiares e com os educadores da
creche durante os primeiros anos da vida escolar. O trabalho investigativo entrelaça dados constitutivos da: (a) pesquisa qualitativa com observação participante;
(b) coleta de informações, registro de observações livres e narrativas das crianças e da equipe pedagógica; (c) discussões e troca de conhecimentos na formação
continuada dos educadores; (d) análise de material bibliográfico priorizando as teses de Foucault, Louro, Butler, Weeks e outros estudiosos da inf ância, gênero e
da sexualidade. Os resultados, ainda provisórios, alicerçam situações que emergiram do cotidiano e: (1) desvelam ocultamentos e silenciamentos dos educadores
acerca da temática; (2) expõem experiências problemáticas que os levam ao enfrentamento de situações inusitadas, relativas à sexualidade das crianças,
desencadeando decisões num complexo terreno de incertezas, singularidades e de conflito de valores; (3) evidenciam falas dos educadores que carregam marcas
de angústias e constrangimentos sobre o sexual; (4) revelam que os conhecimentos sobre a sexualidade infantil são desconhecidos e assustadores para a equipe
pedagógica. A investigação tem produzido singelos movimentos instituintes no ambiente escolar, na medida em que recolhe fragmentos das vivências cotidianas
e promove o intercâmbio de experiências e saberes geradores de novos conhecimentos, informações e reflexões, capazes de propor alternativas para os
educadores re-significarem suas concepções acerca da sexualidade infantil.
16h30-18h30 AS ESTRATÉGIAS AUTOPREJUDICADORAS DE ESTUDANTES DE CURSOS DE FORMAÇÃO PARA PROFESSORES
D-67 - Sala 102
DANIELLE RIBEIRO GANDA, EVELY BORUCHOVITCH - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
No contexto educacional há diversos comportamentos apresentados pelos alunos que são favoráveis à aprendizagem como, por exemplo, prestar atenção às
aulas, fazer as lições de casa e tirar as dúvidas com o professor. Entretanto, há outro conjunto de ações realizadas pelos estudantes antes ou durante as
atividades acadêmicas, que podem prejudicar o desempenho, denominadas de estratégias autoprejudicadoras. Nesse segundo grupo incluem-se a
procrastinação na realização de trabalhos, a falta de estudo, a baixa frequência às aulas, entre outros. Segundo a literatura, os alunos usa m essas estratégias em
situações nas quais não se sentem capazes para realizar a atividade. Desta forma, eles esperam que um possível mau resultado seja associado ao
comportamento prejudicador e não a sua falta de capacidade. Diante da relevância que as estratégias autoprejudicadoras exercem no processo de aprendizagem
dos alunos e verificada a escassez de publicações nacionais sobre o tema, a presente pesquisa tem como objetivo investigar o uso desses comportamentos por
estudantes do curso de formação para professores. A amostra foi composta por 164 participantes, de ambos os sexos, com idades entre 18 e 48 anos,
matriculados no 2º e 4º anos do curso de Pedagogia de universidades públicas brasileiras. A coleta de dados foi realizada coletivamente nas salas de aula, no
horário de melhor conveniência para os universitários. O instrumento utilizado foi composto por uma situação-problema, seguida de duas questões fechadas e
duas abertas referentes ao uso de estratégias autoprejudicadoras em contexto acadêmico. As respostas foram avaliadas por meio da análise de conteúdo e da
construção de categorias aferidas por três juízes independentes. Os resultados mostraram que a maioria dos alunos (70,73%, N=116) relata usar estratégias
autoprejudicadoras, especialmente a procrastinação (31,03%, N=54) e o “não fazer a leitura de textos teóricos” (20,69%, N=36). Entretanto, eles afirmam que é
importante refletir sobre as atitudes prejudiciais à sua aprendizagem para que possam mudar a sua conduta como estudante e melhorar o aprendizado. Os
dados encontrados reafirmam a necessidade de investigar a conduta dos estudantes, sobretudo os do curso de formação de professores. Há expectativas de que
se os universitários tiverem a oportunidade de refletir sobre o seu comportamento acadêmico e aprenderem formas de minimizar o uso das estratégias
autoprejudicadoras, eles adquiram mais autonomia para melhorar seu próprio desempenho e futuramente auxiliar os seus alunos.
91
16h30-18h30 ESTUDO SOBRE AS ATRIBUIÇÕES CAUSAIS PARA SUCESSO E FRACASSO ACADÊMICO DE UNIVERSITÁRIOS
D-67 - Sala 102
DANIELLE RIBEIRO GANDA, EVELY BORUCHOVITCH - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
A atribuição de causalidade refere-se às crenças de uma pessoa acerca das causas que estão subjacentes às situações que ocorrem na sua própria vida e na do
outro. No contexto educacional, os fatores mais atribuídos às situações de bom e mau desempenho dos estudantes são: a capacidade (inteligência), o esforço, a
sorte, o grau de dificuldade da tarefa, a conduta do professor e o uso de estratégias de aprendizagem. De maneira geral, as causas são classificadas em três
dimensões: controlabilidade (controlável ou não pela pessoa), locus (interno ou externo ao aluno) e estabilidade (estável ou instável ao longo do tempo). De
acordo com a literatura, os estudantes com melhores desempenhos são aqueles que atribuem seus resultados (sucesso e fracasso) a fatores controláveis,
internos e instáveis. Considerando a importância que as crenças atribuicionais exercem na motivação e no comportamento de alunos e professores, o presente
trabalho propôs-se a investigar as atribuições de causalidade para sucesso e fracasso acadêmico de 164 alunos, de ambos os sexos, com idades entre 18 e 48
anos, dos 2º e 4º anos do curso de Pedagogia de universidades públicas brasileiras. Na coleta utilizou-se um instrumento composto por oito questões abertas,
quatro referentes a uma experiência de sucesso e quatro referentes a um fracasso obtido no curso universitário. As perguntas versavam sobre as causas
principais atribuídas pelo participante à situação vivenciada, as emoções decorrentes dessa experiência e a sua percepção de controle e estabilidade sobre o
fato. O conteúdo das respostas foi analisado de acordo com um sistema categorial e examinado por três juízes independentes. A porcentagem de concordância
entre eles variou de 85% a 100%. Os resultados revelaram que a causa mais frequentemente associada ao sucesso foi o esforço (84,75%, N=139), enquanto que
os motivos do fracasso foram a desmotivação (34,14%, N=56) e a falta de esforço (28,66%, N=47). Quanto às emoções, os alunos disseram que o sucesso gera
satisfação e felicidade. Já o fracasso suscita sentimentos de frustração, culpa e tristeza. Nas duas situações, a maioria dos participantes relatou que se sente no
controle das causas de seu desempenho e que elas se mantêm as mesmas em demais atividades acadêmicas que realizam. De acordo com os dados, parece que
os participantes possuem atribuições funcionais à aprendizagem (ex. esforço para o sucesso) o que pode favorecer o seu desempenho como aluno e como futuro
professor. Entretanto, o fator mais mencionado como a causa do fracasso, a desmotivação, inclui também aspectos possivelmente externos e incontroláveis pela
pessoa como, por exemplo, aulas monótonas e conduta autoritária do professor. Novas pesquisas deverão ser desenvolvidas com o intuito de investigar a
relação entre as atribuições causais e o desempenho acadêmico.
16h30-18h30 A DIALÉTICA ESSÊNCIA / APARÊNCIA DA ATIVIDADE DO PROFESSOR: EM BUSCA DO REAL DA ATIVIDADE REALIZADA
D-67 - Sala 102
FINANCIADOR: CNPq
JÚLIO RIBEIRO SOARES, WANDA MARIA JUNQUEIRA DE AGUIAR – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
Dada a complexidade que a constitui, a atividade humana não se reduz apenas àquilo o que se faz ou o que se tem a fazer. O que não se faz, ou o que se faz no
lugar daquilo o que se gostaria de fazer, também constituem a atividade. Feitas estas considerações, apontamos que o nosso objetivo neste trabalho consiste em
discutir a importância da apropriação do real da atividade para se compreender e transformar a atividade docente realizada. Para dar conta desse objetivo,
seguimos um caminho metodológico de pesquisa bibliográfica, que foi discutir algumas questões teóricas relativas ao nosso objeto de investigação, tais como:
que importância pode ter a investigação sobre o real da atividade realizada pelo professor para o seu desenvolvimento (transformação) profissional? Como
poderíamos pensar a atividade docente a partir dessa noção de atividade, isto é, de que ela é dialeticamente constituída de essência e aparência? Como a
atividade prescrita atravessa a atividade docente realizada? Que condições materiais (objetivas e subjetivas) podem contribuir, dialeticamente, com o
desenvolvimento da atividade do professor na escola, especialmente na sala de aula? Como resultado de discussão dessas questões, podemos ressaltar que a
atividade docente, assim como todo trabalho humano, não se efetiva apenas por meio de atividades prescritas, pois a atividade realizada é muito mais complexa
do que aparenta. Com isso, queremos enfatizar que, além da dimensão objetiva do planejamento e de outras condições materiais, a atividade realizada pelo
professor é mediada também por múltiplos pendores, necessidades e motivações que o constituem. É na dimensão subjetiva do professor que está, portanto, a
chave do real da atividade docente realizada.
16h30-18h30 A VIVÊNCIA NA ESCOLA E O PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE DOCENTE
D-67 - Sala 102
FINANCIADOR: CNPq
JÚLIO RIBEIRO SOARES, WANDA MARIA JUNQUEIRA DE AGUIAR – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
O estudo do sujeito a partir da análise histórico-dialética da sua relação com a realidade na qual vive e atua tem nos possibilitado, cada vez mais, apreender o
modo pelo qual a subjetividade vai se constituindo em cada homem. É nessa perspectiva de estudo, portanto, que concebe a psicologia como uma “ciência do
singular”, que este artigo tem o objetivo de apreender e interpretar os sentidos constituídos por uma professora do ensino fundamental acerca de alguns fatos
peculiares vividos por ela no espaço escolar, fatos esses que, histórica e dialeticamente, têm feito parte do conjunto de mediações sociais que tem configurado o
movimento de sua dimensão subjetiva. No mais, convém ressaltar que este artigo é resultado de uma pesquisa de campo cujos dados foram obtidos,
inicialmente, por meio da leitura do memorial da formação acadêmica da referida professora e, posteriormente, aprofundados por meio de entrevistas semiestruturadas. Sendo vários os fatos peculiares que, na vivência escolar, têm mediado o seu modo de pensar, sentir e agir, partimos do pressuposto de que seria
necessário utilizarmos um procedimento de análise e interpretação de dados que nos desse a possibilidade de atingir o objetivo acima enunciado. Para isso,
lançamos mão de um recurso metodológico, que foi a proposta de núcleos de significação. Concluímos este artigo afirmando que, embora não resulte apenas de
alguns fatos peculiares vividos na escola desde o tempo de aluna, a referida professora não deixa de ser mediada pelo conjunto de tais fatos, de modo que o
processo de constituição da sua subjetividade se revela como uma síntese de muitas das relações sociais historicamente vividas e significadas por ela no espaço
escolar.
16h30-18h30 TRABALHO INFANTIL E ESCOLA: ASPECTOS PSICOLÓGICOS
D-67 - Sala 103
FINANCIADOR: PIBIC/CNPq
ALINE MADIA MANTOVANI, RENATA MARIA COIMBRA LIBÓRIO, MICHELLE VENANCIO IKEFUTI - FCT/ UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
O trabalho infantil é considerado qualquer forma de trabalho realizada por crianças e/ou adolescentes abaixo de 14 anos de idade, salvo na condição de
aprendiz, conforme prescreve a legislação brasileira. Por outro lado, a escola é caracterizada como instituição onde se ensina e se aprende algo e se está em
relação com outros seres (pares ou não). Nesse sentido, o presente estudo traz dados referentes à escolarização de crianças e adolescentes trabalahdores, de
acordo com o seu desenvolvimento psicológico. Estes dados foram obtidos a partir de uma pesquisa realizada no município de Presidente Prudente/SP, cujo
objetivo era compreender o sentido atribuído ao trabalho informal urbano desenvolvido por crianças e adolescentes, de forma a verificar em que medida a
inserção em trabalho precoce interfere em outras esferas da vida (escola, lazer, cultura, esporte, relações sociais) e analisar as características físicas e estruturais
(tipos, formas de pagamento, consequências à saúde, carga horária, interesses, motivação) do trabalho desenvolvido. Foram selecionadas oito crianças e
adolescentes entre 09 e 14 anos, estudantes de 10 escolas públicas municipais e estaduais, a partir da análise de 702 questionários referentes à pesquisa maior
em que esta faz parte, para participarem de entrevistas semi-estruturadas com a pesquisadora. As respostas obtidas foram agrupadas em quatro categorias,
sendo uma delas (escola), o objeto de estudo deste artigo. Assim, apesar do trabalho infantil não ser permitido em nosso país e a instituição escolar, dentre
outras funções, ser a responsável por formar cidadãos para atuar no mundo do trabalho futuramente, percebemos com as pesquisas o alto índice de crianças e
adolescentes que se diziam trabalhando, os motivos que os levam ao trabalho, os mantém lá, as condições em que ocorre e os prejuízos/benefícios obtidos e o
que pensam a respeito da escola que freqüentam. No levantamento bibliográfico feito para a pesquisa encontramos autores que criticam o trabalho infantil,
desde os danos físicos até os psicológicos que pode causar; outros, porém, acreditam que o trabalho pode contribuir no desenvolvimento da auto-estima,
responsabilidade, socialização, sendo importante, aqui, compreender o contexto em que ocorre. Ressaltamos, assim, a importância de dar voz ao p róprio sujeito
trabalhador, para que faça a contextualização de seu trabalho e escolarização, pois ao mesmo tempo em que alguns viam seu trabalho como algo positivo, que
não atrapalha seus estudos e importante para sua vida futura, outros o concebiam como algo cansativo, fora daquilo que deseja m exercer futuramente e
somente como fonte de renda para aquisição de bens de consumo. Ao ouvir a criança e o adolescente trabalhadores pode-se compreender que função ou
qual(is) necessidade(s) o trabalho está suprindo; como está sua escolarização, atividades de lazer, descanso; a influência em seu desenvolvimento psicológico,
emocional, físico; qual(is) sentimento(s) desperta, etc. Com essa diversidade de interpretações sobre suas experiências de trabalho, esses sujeitos revelaram o
quão complexa e singular pode ser a entrada no mercado de trabalho para uma criança e/ou adolescente.
16h30-18h30 DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL
D-67 - Sala 103
92
JÉSSICA ELISE ECHS LUCENA, ELIS BERTOZZI AITA , FERNANDA SANTOS DE CASTRO - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Este trabalho objetiva apresentar pressupostos teóricos da Psicologia Histórico-Cultural sobre os processos de desenvolvimento e aprendizagem. É resultante de
pesquisa bibliográfica realizada em obras dos autores Vigotski (1896-1936) e Leontiev (1904-1979). Para a Psicologia Histórico-Cultural, o desenvolvimento
humano não pode ser visto como algo natural, pautado apenas em leis biológicas. Antes, depende do contexto histórico-social no qual o indivíduo está inserido.
O homem desenvolve as características especificadamente humanas à medida que internaliza o trabalho social, o modo de pensar e agir cristalizado na
sociedade em que vive. Sua subjetividade se constitui a partir do processo de apropriação dos conhecimentos construídos historicamente e de novas
objetivações, desenvolvendo, assim, suas funções psicológicas superiores, processo este mediado pelos instrumentos e signos sociais. Todas as funções psíquicas
superiores são relações sociais interiorizadas, que se apresentam primeiramente no plano interpsíquico, para depois tornarem-se intrapsíquicas. Discute-se,
portanto, quanto à escola se destaca ao se constituir como fonte de humanização do homem, já que este só se humaniza na relação com os outros homens, ao
incorporar as idéias e formas de comportamentos desenvolvidas pelas gerações precedentes. O processo de aprendizagem possibilita que a criança desenvolva e
internalize tais conhecimentos e, desta forma, as características humanas não-naturais. A aprendizagem não coincide com o desenvolvimento, mas conduz a
criança ao desenvolvimento, sendo que este segue aquele. Conclui-se que o desenvolvimento, intrinsecamente ligado à aprendizagem, e se constituindo sob dois
níveis (real e proximal), deva ser a meta da escola. A luz desta teoria explicativa, cabe à psicologia contribuir teórica e metodologicamente para esse alcance.
16h30-18h30 PROCESSOS COGNITIVOS NO JOGO DE REGRAS RUMMIKUB À LUZ DO APORTE TEÓRICO PIAGETIANO
D-67 - Sala 103
LUCIANA RAMOS RODRIGUES DE CARVALHO, LUCIANA RAMOS RODRIGUES DE CARVALHO, FRANCISMARA NEVES DE OLIVEIRA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
LONDRINA
Os jogos assumem relevância na pesquisa psicogenética e na prática psicopedagógica construtivista. Os jogos de regras em especial têm recebido atenção dos
profissionais da área, por serem considerados meios de compreender e intervir nos processos cognitivos. O aporte teórico piagetiano salienta o jogo na
construção do conhecimento e é tomado como referência no presente estudo. O estudo que apresentamos foi desenvolvido no projeto de pesquisa: “A
construção da resiliência na escola: uma proposta de intervenção por meio de jogos nas salas de apoio à aprendizagem”, cadastrado na PROPPG/UEL. Realizamos
uma pesquisa qualitativa, na modalidade de estudo descritivo com o objetivo de identificar processos cognitivos em situações de interação inter pares por meio
do jogo de regras Rummikub. Foram selecionados doze alunos dentre quinze que freqüentavam o 6º ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede estadual
de Londrina-PR, participantes da sala de apoio à aprendizagem – programa oficial do Governo do Paraná que oferece apoio à aprendizagem aos alunos do 6º ano
do Ensino Fundamental, em sistema de contraturno. Como critério de seleção/exclusão adotamos o fato de freqüentarem as duas d isciplinas (português e
matemática). Os alunos participantes da amostra tinham entre 11 e 13 anos no momento da coleta de dados. O instrumento empregado foi o jogo de regras
Rummikub em 5 sessões semanais, sendo duas consideradas avaliativas. Filmamos todos os lances e deslocamentos e registramos em formulário que
representava o tabuleiro, o movimento das peças, com a devida concordância dos jogadores. As Sessões de Jogo oportunizaram o estudo de três eixos: sucessão
e simultaneidade, deslocamento espaço-temporal e análise dos próprios procedimentos pelos jogadores. Os resultados indicaram que conforme os jogadores
adotam os critérios de sucessão e de simultaneidade na organização das peças no tabuleiro, melhoram sua capacidade de realizar antecipações e
consequentemente planejar as estratégias que empregam para atingir o objetivo do jogo. Os deslocamentos espaço-temporais implicam no domínio das
propriedades do jogo (peças, tabuleiro, mesa e regras) e permitem coordenações mais elaboradas, o que se refletiu na capacidade de elaborar conjuntos nos
quais a simultaneidade e a sucessão estavam presentes. Os participantes que analisaram os procedimentos no jogo, bem como as jogadas dos demais jogadores,
elaboraram melhores estratégias e as diversificavam conforme as jogadas avançavam na partida. Os dados permitiram ponderar a importância de oportunizar
por meio do jogo, a construção de processos cognitivos em alunos que freqüentam programas de apoio à aprendizagem escolar. Indicaram ainda que as
situações lúdicas com o jogo de regras Rummikub podem oferecer contextos favorecedores da interação inter pares.
16h30-18h30 A RELAÇÃO ENTRE O FUTEBOL KAINGANG E FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES
D-67 - Sala 103
FINANCIADOR: MINISTÉRIO DO ESPORTE / REDE CEDES
PAULO CALDAS RIBEIRO RAMON, YURI ALEIXO BARONE ESQUIÇATI – UNIVERSIDADE DE ESTADUAL DE MARINGÁ
A relação entre o Futebol Kaingang e Funções Psicológicas Superiores Paulo Caldas Ribeiro Ramon Y Yuri Aleixo Barone Esquiçati Resumo O presente trabalho
aborda as transformações nos Jogos Tradicionais Kaingang no estado do Paraná, para tal nos anos de 2010/2011 o projeto “O esporte/lazer em comunidades
indígenas no Estado do Paraná” financiado pela Rede Cedes e Ministério do Esporte possibilitou o levantamento de dados tanto etnográficos quanto históricos
acerca das práticas corporais Kaingang, suas transformações e influências dos Fog (termo designado aos não pertencentes da etnia descrita). Os dados coletados
mostram uma clara predominância do Futebol de campo, sendo praticado nas 32 terras visitadas (das etnias Guarani, Kaingang e Xetá), sendo o futebol um meio
claro de intercâmbio cultural e aproximação com a sociedade envolvente, Fassheber(2010) conceitua o Etno-Desporto como uma manifestação das
peculiaridades culturais no âmbito esportivo, e no caso dos Kaingang há uma ressignificação cultural de práticas identificadas no início do séc. XX por Telêmaco
Borba, assim sendo, o presente autor destaca as diferenças materiais entre as regras dos Jogos Tradicionais e Jogos tidos como modernos, que em suma
caracterizam-se do emotivo sensorial para o racional sistematizado impactando assim dialeticamente na psiquê das populações envolvidas neste processo, tal
como Vygotsky (1996) ressalta acerca do salto qualitativo com o advento das funções psicológicas superiores no âmbito da sistematização e abstração.
16h30-18h30 DIVERSIDADE SEXUAL E ESCOLA: REFLEXÕES SOBRE OS DISCURSOS DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO
D-67 - Sala 104
FINANCIADOR: CAPES
ANNA LUIZA ARAÚJO RAMOS MARTINS DE OLIVEIRA, ANNA LUIZA A. R. M. DE OLIVEIRA – UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
Estudos sobre gênero, educação e sexualidade destacam que a maior visibilidade das comunidades LGBT, o surgimento da AIDS, o fortalecimento da luta pelos
direitos humanos e a crescente veiculação de produtos midiáticos abordando o tema “diversidade sexual” desestabilizaram as certezas sobre a “naturalidade” da
heterossexualidade e colocaram novos desafios para a escola, exigindo uma revisão de seus posicionamentos. Desde 2004, com o lançamento do Programa
“Brasil sem Homofobia”, o Governo Federal, em parceria com secretarias estaduais e municipais de educação e com organizações não governamentais tem
desenvolvido uma série de atividades de formação continuada para profissionais da educação voltadas para a discussão do tema “diversidade sexual e
enfrentamento da homofobia na escola”. Professores/as, gestores/as, psicólogos/as, técnicos/as educacionais são desafiados/as a pensarem sobre este assunto
e (re)elaborarem posicionamentos diferentes do heterossexista, já naturalizado e convencionalmente presente na escola, revelando, assim, a dinamicidade e
contingência das estruturas discursivas. Fundamentado na teoria pós-estruturalista, nos estudos culturais e na teoria queer, este estudo buscou conhecer como
o discurso pela diversidade sexual produzido pelos órgãos oficiais de educação é (re)articulado no campo escolar por educadores/as da rede pública de ensino do
Recife. Para constituição do corpus, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com professores/as e gestores/as de escolas municipais e estaduais desse
município. Após a transcrição das informações, as mesmas foram analisadas com base na teoria do discurso da Escola de Essex. Observou-se que na tentativa de
(re)articular tal discurso no campo escolar, os educadores resgatam quatro lógicas sociais presentes nos discursos oficiais – da educação inclusiva, dos direitos
humanos, do reconhecimento das diferenças e da prática pedagógica da orientação sexual – e as reinterpretam a partir de suas vivências pessoais e profissionais,
transformando-as em discursos pela caridade cristã, legalista, de sensibilidade aos que sofrem e pela tolerância. Chama à atenção a heterogeneidade dos
discursos, as diferentes e contraditórias práticas pedagógicas postas em ação, a condição gestacional desse debate na conjuntura da educação em Pernambuco
e, principalmente, a recorrência do discurso pela tolerância, que apesar de proporcionar o maior acesso de LGBT no contexto escolar, surge desassociado de uma
reflexão sobre o papel político da escola e dos agentes educativos. A necessidade de inserirmos a temática nos currículos dos cursos de licenciatura e de
formação de psicólogos/as é evidenciada no estudo. Também, ressalta-se a importância de se levar em consideração nas formações continuadas os discursos
sobre sexualidade já postos em ação, visando o desenvolvimento da reflexão e crítica dos/as educadores sobre as questões de gênero e diversidade sexual.
16h30-18h30 TRANSITO: UMA QUESTÃO DE ENFOQUE SOCIAL E EDUCACIONAL
D-67 - Sala 104
DJALMA ROBSON DE ANDRADE FILHO, VANESSA APARECIDA ALVES DE LIMA, ELISANGELA SOBREIRA DE OLIVEIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
A elaboração deste trabalho surgiu a partir de uma análise proposta por uma das disciplinas de um curso de especialização em psicologia do transito e discussões
realizadas no grupo de psicologia da educação do mestrado. Desta forma, esta pesquisa baseou-se na análise da prática profissional de um dos membros do
grupo e pesquisas bibliográficas, tendo como objetivo principal abordar a educação no trânsito com o conceito profilático. A partir deste, procuraremos
demonstrar a necessidade de campanhas educativas que tragam como foco o sistema do trânsito dentro de sua complexidade, levando em consideração os
participantes do processo, as influências sociais e as normas de conduta. O psicólogo do trânsito estuda a interação dos participantes do sistema no ambiente em
que se desenvolve o processo. De acordo com as observações realizadas, apesar de saber-se que os indivíduos participantes do complexo sistema de trânsito
apresentam comportamentos influenciados por fatores sociais, emocionais e de cunho psicológico, nota-se que ainda há o predomínio de conceitos arraigados
que a Psicologia do Trânsito vive, direcionados unicamente para perfis psicológicos traçados por testes. Levando-se este contexto em consideração, nos
questionamos sobre qual deveria ser a melhor abordagem em uma campanha de educação no trânsito. Campos e Lagares questionam Rozestraten que,
baseando-se numa perspectiva cognitiva, propõe um modelo de psicologia do trânsito onde o mental clássico sobrepõe-se no tratamento de informações,
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considerando que as variáveis entre a informação e a tomada de decisão poderiam ser isoladas e avaliadas, ou seja, para ele o exame médico, a avaliação
psicológica e das capacidades cognitivas bastariam para indicar os indivíduos aptos a tomar decisões corretas e dirigir de modo adequado. Sendo assim, de
acordo com este conceito, a Psicologia da Personalidade e os testes seriam suficientes. Em contraposição, Campos e Lagares argumentam que a Psicologia Social,
a subjetividade e as demais áreas da psicologia não devem ser desprezadas. Desta forma, destacamos com este trabalho a importância da discussão desta nova
tendência.
16h30-18h30 HIGIENE MENTAL, DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E HIPERATIVIDADE: ONDE OS PONTOS SE CONVERGEM
D-67 - Sala 104
FLÁVIO AUGUSTO FERREIRA DE OLIVEIRA – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Tendo em vista um assunto tão discutido pela Educação e pela Saúde nos dias atuais, a hiperatividade tem sido encarada como um problema a ser combatido.
Indisciplina escolar, dificuldades de aprendizagem e déficit de atenção também aparecem entre as principais queixas das escolas e, como resposta a tudo isso, a
utilização massiva de fármacos tem se tornado cada vez mais comum. Tais queixas têm levado médicos, psicólogos e outros profissionais, em sua maioria da área
da saúde, a serem encarados como a “salvação” dos problemas enfrentados pela escola, principalmente quando o assunto é o chamado Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade ou, simplesmente, TDAH. Não obstante, a resposta para tais problemas não tem sido encontrada na Medicina, na Psicologia ou na
Pedagogia em si, mas na Farmacologia, através da utilização de psicotrópicos que são comercializados e prescritos a crianças em idade escolar em escalas cada
vez maiores. Diante de tais questões, este projeto de pesquisa tem como objetivo analisar e discutir, sob o prisma de uma visão histórico-social, os movimentos
de eugenia e higiene mental ocorridos no Brasil nas primeiras décadas do século XX, bem como sua relação, identificação e similaridade com os atuais processos
de encaminhamentos de alunos, em especial os do Ensino Fundamental, inseridos na Rede Pública de Educação, aos profissionais da área da Saúde, quase
sempre médicos e psicólogos. De semelhante modo, procura examinar as implicações de tais encaminhamentos sob os mais diversos ângulos, numa perspectiva
que privilegie suas raízes históricas e sociais, seus resultados e suas contradições. Também objetiva esclarecer, ou pelo menos vislumbrar, uma possível resposta
para a tamanha invasão dos psicotrópicos na vida dessas crianças em idade escolar, traçando um paralelo entre três temas principais: higiene mental,
dificuldades de aprendizagem e hiperatividade.
16h30-18h30 VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO CONTEXTO SOCIOEDUCATIVO
D-67 - Sala 104
FINANCIADOR: CAPES
WOLLACE SCANTBELRUY DA ROCHA - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO UNINORTE, IOLETE RIBEIRO DA SILVA – UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZÔNAS
Este estudo teve como objetivo analisar os relatos de experiências de violação aos direitos humanos de adolescentes em conflito com a lei no cumprimento da
medida socioeducativa de internação na cidade de Manaus. Pautamos nosso trabalho na abordagem teórica da psicologia sócio-histórica que tem sua
fundamentação básica em Vygotsky, Luria e Leontiev. Metodologicamente realizamos uma pesquisa qualitativa, onde utilizamos como tipo de pesquisa a
etnografia, trabalhamos com as técnicas de observação de campo, entrevistas individuais e grupo focal. Os sujeitos da pesquisa foram os adolescentes de um
centro socioeducativo de privação de liberdade na cidade de Manaus. Foram obedecidas as normas éticas da realização de pesquisas com seres humanos. Entre
os resultados encontrados uma grande quantidade de relatos que destacam a prática de “corredor polonês” para agredirem fisicamente o adolescente que tem
que passar pelo corredor com a anuência da direção da instituição e com a presença de monitores (socioeducatdores); os adoles centes novatos são excluídos de
qualquer atividade educacional ou profissionalizante, permanecendo em suas “selas” vestindo apenas cueca durante as primeiras semanas de internação; os
adolescentes mais antigos e fisicamente mais fortes intimidam os novatos a vestirem “calcinha” (cueca rasgada em forma de biquíni fio dental) e a amarrarem
uma corda ao redor de seu pênis para que possam fingir que estão soltando pipa, ato este chamado de “soltar papagaio”. Percebe-se claramente no contexto
violação aos direitos humanos de adolescentes no cumprimento da medida socioeducativa de internação cidade de Manaus.
16h30-18h30 DOCUMENTOS OFICIAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: PROPOSIÇÕES DE PIAGET, VYGOTSKY E WALLON?
D-67 - Sala 105
HELOISA TOSHIE IRIE SAITO
Este trabalho constitui a tese de doutorado intitulada “Aproximações entre a legislação da educação infantil brasileira, seus pressupostos teóricos e a prática
pedagógica: o processo de reflexão sobre a ação docente como meio de aprimoramento da atuação do professor”. Esta parte da tese teve como propósito tentar
estabelecer relações entre os documentos oficiais brasileiros que embasam a organização e o funcionamento da prática pedagógica das instituições de Educação
Infantil e as propostas de Piaget, Vygotsky e Wallon. Ao estudar os documentos observa-se que a ideia motriz presente nos mesmos é a conceituação de criança
como um ser indivisível, em desenvolvimento e cidadão de direitos. Portanto, pode-se afirmar que, em termos legais, as crianças de 0 a 6 anos estão garantidas e
assistidas em suas especificidades. No entanto, isso não significa que as proposições de tais documentos sejam cumpridas, na realidade, em nosso país, e/ou
consideradas, integralmente, na prática pedagógica das instituições brasileiras de Educação Infantil. Apesar dessa possível não-aplicabilidade integral dos
documentos à Educação Infantil, acredita-se que estes traduzem ideários de infância, educação e cuidado, assim como evidenciam o direcionamento das
políticas públicas nacionais e internacionais para a infância. Isso justifica a necessidade de se conhecer um pouco mais os documentos que norteiam a Educação
Infantil brasileira para que se possa compreender como a educação das crianças pequenas é vista no cenário educacional, político, econômico e social, tanto em
âmbito nacional quanto internacional. Assim, optou-se por enumerar alguns trechos da Lei de Diretrizes e Bases n. 9.394/96, do Referencial Curricular Nacional
para a Educação Infantil e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, por entender que estes apresentam algumas ideias fundamentadas na
teoria de Piaget, Vygotsky e/ou Wallon, com o objetivo de apontar a aproximação que há entre estas teorias e os documentos. Para isso, buscou-se focalizar as
principais ideias desses autores a fim de mostrar que apesar de muitas vezes estas não serem referidas, explicitamente, nos documentos, parecem compor as
diretrizes gerais presentes neles. Como consequência, acredita-se que se os professores seguem tais documentos, mesmo que de modo inconsciente, eles têm
como fundamento a teoria desses autores para desenvolver suas práticas pedagógicas e esta defesa foi constatada na pesquisa de campo realizada em uma
instituição de Educação Infantil.
16h30-18h30 SIGNIFICAÇÃO DE PROFESSORES SOBRE A CONSTRUÇÃO DA MORALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
D-67 - Sala 105
94
JOANA VIRGINIA CAMPOS CAMPANA, FRANCISMARA NEVES DE OLIVEIRA – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
Constitui-se necessidade imanente ao desenvolvimento da prática pedagógica contemporânea, discutir a formação moral da criança que freqüenta a Educação
Infantil. Nesse sentido, é fundamental o respaldo teórico sobre o desenvolvimento moral da criança, na atuação do docente. Em distintos referenciais teóricometodológicos essa questão é tratada. A pesquisa que tomou por base o aporte piagetiano, caracterizou-se como um estudo de caráter qualitativo de
abordagem exploratório-descritiva. O objetivo geral foi analisar as significações de professores sobre o desenvolvimento moral da criança na Educação Infantil,
em uma escola da rede particular de ensino em Cambé-PR. Como desdobramento do objetivo geral, buscamos identificar os pressupostos básicos da perspectiva
teórica piagetiana nos estudos guiados por essa abordagem na literatura especializada; analisamos documentos orientadores do trabalho na Educação Infantil,
tais como: o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e o Projeto Político Pedagógico da escola quanto e por fim identificamos por meio de uma
entrevista, as significações atribuídas por professores ao processo de formação moral. A relevância do estudo se traduz pela possibilidade de oportunizar
reflexão sobre o processo que a criança percorre até chegar à autonomia moral. Considerando tais elementos, se propôs o seguinte questionamento: Qual a
significação que os professores atribuem ao desenvolvimento moral da criança na Educação Infantil? Foram constituídos, nessa pesquisa, os seguintes eixos de
discussão ancorados na perspectiva teórica piagetiana: desenvolvimento moral, construção de regras, cooperação e autonomia. Para a coleta de dados, foram
exploradas as significações da moralidade presente nos documentos oficiais da escola, norteadores do trabalho do professor neste espaço de atuação. Foi
empregado, também, um roteiro semi-estruturado de entrevista, aos 6 professores da Educação Infantil de uma escola confessional, da rede privada do
município de Cambé-PR. A pesquisa desenvolvida é parte do projeto de pesquisa “A Construção da resiliência na escola: os jogos como possibilidade de
intervenção” – PROPPG/UEL. Os resultados obtidos na pesquisa confirmaram as indicações da literatura quanto à importância de oportunizar por meio das
práticas pedagógicas, a construção moral da criança e apontaram para a necessidade de oportunizar aos professores envolvidos na Educação Infantil, espaço de
reflexão sobre práticas promotoras da construção moral, à luz do referencial teórico que adotam, no sentido de buscar coerênc ia entre as ações desencadeadas
e os pressupostos teóricos que defendem. O estudo evidencia que as discussões acerca da moralidade ocupam um papel secundário dentro da proposta
apresentada pelos documentos e as categorias eleitas pelo estudo não são contempladas de forma clara, de modo que oriente as práticas docentes acerca da
construção de um ambiente sócio-moral adequado às crianças da Educação Infantil. A pesquisa constatou o importante lugar ocupado pelo professor para
favorecer o desenvolvimento de uma atmosfera sócio-moral em sala de aula e a necessidade de estabelecer reflexões acerca de bases epistemológicas claras que
instrumentalizem as ações do professor frente aos alunos.
16h30-18h30 INTERAÇÕES SOCIAIS E LINGUAGEM: FORMAÇÃO DE CONCEITOS EM CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
D-67 - Sala 105
JOSY CRISTINE MARTINS, ADRIANA DE FÁTIMA FRANCO - UNIVERSIDADE TUIUTI
Este artigo tem como objetivo analisar o papel das interações sociais no desenvolvimento da linguagem – mais especificamente no processo de formação de
conceitos – de crianças de três a quatro anos de um Centro de Educação Infantil de Curitiba. Para isso, buscamos fundamentação nos pressupostos da teoria
Histórico-Cultural. Para entender o desenvolvimento infantil é necessário, inicialmente, compreender quem é essa criança neste momento histórico, nesta
realidade da qual fazem parte. Afinal, como esclarece Vigotski, o ser humano é constituído pelo e constituinte do meio no qual está inserido e, portanto, só pode
ser compreendido com base na relação dialética que estabelece com o meio. Sendo assim, as interações sociais mostram-se fundamentais no processo de
construção e desenvolvimento humano, especialmente para as crianças. As interações sociais são mediadas por instrumentos e/ou signos, sendo a linguagem o
sistema de signos mais importante para espécie humana. Desta forma, no âmbito da educação infantil, os momentos de interação, seja entre as crianças ou
entre elas e os adultos, podem e devem ser utilizadas. Ademais, é por intermédio da linguagem que os grupos transmitem aos seus semelhantes os conceitos
cotidianos e científicos previamente elaborados ao longo do processo histórico-cultural. Conceitos, esses, formados pelas características do mundo real. Os
dados da pesquisa foram coletados por meio da filmagem de atividades dirigidas e livres. Participaram da pesquisa 23 crianças, de três a quatro anos, e duas
professoras (uma regente e uma estagiária). Fizemos uma análise microgenética dos dados, selecionando as cenas de interação criança-adulto e criança-criança,
as quais tinham como principal mediadora a linguagem. Optamos por fazer uma análise microgenética, pois, segundo Vigotski, esta metodologia permite que
seja feita uma análise minuciosa dos processos, de modo que possamos compreender melhor a gênese (origem) e transformações desses processos. As cenas
que caracterizavam o processo de formação de conceitos foram selecionadas e analisadas à luz da teoria histórico-cultural. Na análise das cenas pudemos ver
claramente o papel que as interações sociais exercem no desenvolvimento das crianças, principalmente no desenvolvimento da linguagem, fonte essencial para
o processo de formação de conceitos. Em diversos momentos pudemos notar na fala das crianças a articulação dos conceitos cotidianos, adquiridos na
convivência diária, com os conceitos científicos, adquiridos nas atividades pedagógicas organizadas. Outro aspecto observado foi a busca das crianças pelas
lembranças concretas para tentar formular um conceito. Este processo, segundo Vigotski, é comum entre as crianças da faixa etária pesquisada. Os resultados
encontrados na pesquisa confirmam o quanto é importante que as instituições de educação infantil cumpram seu papel de educar, buscando elaborar propostas
pedagógicas voltadas à aprendizagem formal.
16h30-18h30 JOGO E INFÂNCIA EM ELKONIN – A PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL PENSANDO O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
D-67 - Sala 105
FINANCIADOR: CNPq-PIBIC
MERILIN BALDAN, ALESSANDRA ARCE – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
A pesquisa insere-se no campo da história das idéias pedagógicas pautando-se no caráter teórico-bibliográfico, mediante as seguintes categorias propugnadas
por Saviani (2007): o princípio de caráter concreto, a perspectiva de longa duração, o olhar analítico-sintético, a articulação entre o singular e o universal e, por
último, a atualidade da pesquisa histórica (a necessidade intencional da investigação histórica). O trabalho foi organizado com o objetivo de apresentar a
compreensão do contexto histórico no desenvolvimento da Psicologia Histórico-Cultural e a sua influência na vida e na obra de D. B. Elkonin. Em seguida,
procurou-se apresentar as contribuições desta Psicologia no Desenvolvimento do Jogo de Elkonin, sobre as quais se delineou as concepçõ es de jogo/brincadeira,
criança/infância e desenvolvimento. Por último, objetivou-se apresentar a influência do jogo no desenvolvimento do psiquismo e da personalidade infantil e a
sua importância para a compreensão do ato de ensinar na educação infantil. Dessa forma, sob os pressupostos apresentados, nota-se o caráter necessário do
estudo da Psicologia Histórico-Cultural no caráter dos jogos e das brincadeiras infantis, uma vez que os mesmos influenciam no desenvolvimento psíquico e no
desenvolvimento da personalidade infantil. Foi a partir desta premissa e da análise da vida e obra de D. B. Elkonin, bem como da produção científica dos autores
ligados a Psicologia Histórico-Cultural, que foram identificadas e analisadas suas concepções de jogo, criança/infância, educação e sociedade, demarcando,
também o campo das idéias pedagógicas. Se por um lado, os princípios do materialismo histórico-dialético da Psicologia Histórico-Cultural apresentam os
objetivos da formação plena do homem para uma sociedade mais justa e igualitária, contrapondo-se ao sistema capitalista. Por outro lado, a Teoria VigotskiElkonin preocupou-se em apresentar a evolução geral do jogo como forma de desvendar o desenvolvimento do psiquismo na idade pré-escolar, na qual o jogo
apresenta-se como atividade principal. Os jogos de papéis assumem uma função relevante no inicio do desenvolvimento, resultando na formação da
personalidade, uma vez que possibilita a criança apreender as normas vigentes sociais ao reconstituir as relações sociais das personagens criadas pelo jogo. A
intervenção do adulto, do professor ou de uma criança mais velha na brincadeira infantil é fulcral para auxiliar, corrigir e eliminar determinadas regras sociais
implícitas e explícitas na sociedade em que vigorem os preconceitos. Nenhuma sociedade que apresente condições adversas de desigualdade social e se prima
pela mobilidade social pautada na obtenção de lucros econômicos à custa dos trabalhadores, poderá oferecer uma educação que permita a genericidade
humana. Somente uma sociedade preocupada verdadeiramente com seu desenvolvimento econômico, político, social, cultural e educ acional pode oferecer de
forma igualitária o pleno desenvolvimento dos homens, possibilitando-os desenvolverem ao máximo suas capacidades criativas. Nesse sentido, apontamos o
suporte teórico da Psicologia Histórico-Cultural àqueles que estão preocupados com o desenvolvimento e a formação dos homens, através da atividade principal
do homem desde a mais tenra idade, por um processo de educação que impulsione o desenvolvimento humano.
16h30-18h30 O TRABALHO PEDAGÓGICO DOS PROFESSORES DE PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
D-67 - Sala 106
FINANCIADOR: FAPESP
DANIELE RAMOS DE OLIVEIRA, CÉLIA MARIA GUIMARÃES - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
A política do ensino fundamental de nove anos tem orientado práticas educativas e mobilizado estudos e pesquisas, dos quais já resultaram diversos artigos,
dissertações e teses. Por meio de mapeamento bibliográfico, que incidiu sob o período de 2006 a 2010, foi constatada a carência de estudos e pesquisas sobre a
formação continuada de professores que tem assumido as turmas de primeiro ano do ensino fundamental. A formação continuada é um aspecto importante,
pois o objetivo de possibilitar maior aprendizagem e desenvolvimento dos alunos não é atingido pela sua simples inclusão no ensino obrigatório, mas pela
qualidade do trabalho pedagógico que de fato ocorrer em sala de aula. Os principais problemas apontados pelas pesquisas acadêmicas localizadas até o
momento são: a falta de apoio pedagógico às professoras, o desconhecimento por parte delas dos documentos oficiais que orientam o trabalho com as crianças
de seis anos; a necessidade de fundamentação teórica articulada a prática educativa mais consistente acerca do desenvolvimento infantil nessa faixa etária e a
estruturação do trabalho pedagógico em função da centralidade na alfabetização. Além disso, a formação continuada oferecida a esses professores em alguns
municípios tem sido realizada com o foco exclusivamente nos processos relativos à alfabetização. Diante disso, têm sido investigadas as dificuldades e
características singulares do trabalho pedagógico desenvolvido pelos professores de crianças do primeiro ano do ensino fundamental de nove anos das escolas
municipais de Marília-SP, com o propósito de desvelar se os motivos dessas tendências e dificuldades se correlacionam com os aspectos presentes e a usentes
nas ações de formação continuada que a equipe da Secretaria Municipal da Educação tem desenvolvido, assim como diagnosticar as necessidades formativas
desses docentes. Mediante a perspectiva do estudo de caso, têm sido utilizados os seguintes procedimentos metodológicos: pesquisa bibliográfica e documental;
questionário com os professores de primeiro ano do ensino fundamental e gestores das escolas, e entrevista reflexiva com uma amostra desses professores e
com os responsáveis pelas ações formativas propiciadas a eles. Até o momento foi realizada a pesquisa bibliográfica e parte da pesquisa documental assim como
aplicação de questionários com os professores de primeiro ano do ensino fundamental que aceitaram participar da pesquisa, constituindo uma amostra de 47
sujeitos e com os gestores das escolas, que constituíram uma amostra de 12 sujeitos. Foi possível constatar, por meio de analisar preliminar dos dados obtidos,
que a formação continuada tem sido suficiente para subsidiar um discurso por parte dos professores sobre a importância da ludicidade e respeito à infância, que
ao mesmo tempo mostram-se hesitantes ao notarem como os principais problemas para as dificuldades de aprendizagem dos alunos, o fato de não se
envolverem em atividades desvinculadas das brincadeiras e as características das famílias das crianças.
16h30-18h30 DA TAREFA AO PRAZER DE ESTUDAR: FORMAÇÃO DE CONCEITOS E ATIVIDADES LÚDICAS
D-67 - Sala 106
ELVENICE TATIANA ZOIA, DANIELLY CORREA DA ROSA, APARECIDA FAVORETO – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ
Este trabalho é resultado de um projeto de extensão intitulado “Da tarefa ao prazer de estudar: homem, escola e ciência”, desenvolvido em 2009 e 2010 que, de
forma geral, objetivou construir um espaço permanente de discussão teórico-metodológica do processo de ensino e de aprendizagem, buscando contribuir com
o desenvolvimento intelectual dos alunos integrantes do projeto, a formação de bolsistas e compreender a dinâmica da realidade escolar. O Projeto iniciou com
o desafio de trabalhar com crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental que apresentavam dificuldades no processo de apropriação dos conteúdos das
áreas de Matemática e Língua Portuguesa. A seleção dos alunos que participaram do projeto ocorreu com a ajuda da escola, indicando aqueles que
apresentavam dificuldades na apreensão dos conteúdos escolares, como já dito, na área de Língua Portuguesa e de Matemática. Os alunos foram divididos em
quatro grupos de três, em um encontro semanal com cada grupo. Ressalta-se que os alunos integrantes do projeto participaram efetivamente do mesmo,
demonstrando entusiasmo e envolvimento nas atividades propostas. Observou-se que ao trabalhar de forma lúdica, especificamente com jogos, os alunos
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conseguiram concentrar a sua atenção por um tempo relativamente significativo. É possível perceber que além da apropriação dos conteúdos, o jogo também
possibilitou trabalhar com a atenção voluntária, com o controle do comportamento (volição), com a organização da linguagem, raciocínio lógico, que constituem
as funções psíquicas superiores e que não são inatas (VIGOTSKI, 2000). Vale destacar que no desenvolvimento do trabalho com atividades lúdicas, ocorreu um
processo de intervenção por parte da aluna bolsista, no sentido de constantemente os alunos serem questionados e solicitados a verbalizarem acerca dos
aspectos que envolviam as atividades propostas. A ação de conversar antes e depois das atividades lúdicas revelou-se significativa, já que, as reflexões
apresentadas possibilitaram relacionar as ações desenvolvidas e orientaram importantes decisões tomadas no decorrer da atividade. Partindo dos fundamentos
da Teoria Histórico-Cultural, o desenvolvimento do projeto evidenciou que o trabalho por meio de ações lúdicas requer objetivos previamente definidos para
ultrapassar a idéia prevalecente de que tal metodologia oportuniza apenas a descontração, a socialização e a manipulação de materiais concretos. Em síntese, ao
propormos um trabalho envolvendo os conceitos científicos por meio de atividades lúdicas, compreendemos que o professor tem uma função primordial, no
sentido de questionar os alunos, fazer apontamentos, reflexões que conduzam à apropriação dos conceitos inseridos em sua ação social, contribuindo também
para o desenvolvimento das funções psíquicas superiores. Com o desenvolvimento do projeto foi possível vivenciar, questionar e refletir acerca do mito da
criança que não aprende, e também afirmar que o professor pode criar condições favoráveis para o processo de aprendizagem.
16h30-18h30 REPRESENTAÇÕES DOS ADOLESCENTES SOBRE A ESCOLA
D-67 - Sala 106
FINANCIADOR: PROBIC/FAPEMIG
RITA DE CASSIA DE SOUZA, VANEZA LOPES FREITAS, PAULA TERESINHA DE CASTRO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
Esta comunicação visa apresentar os resultados de uma pesquisa realizada em Viçosa-Minas Gerais, sobre o que estudantes do último ano do ensino
fundamental de escolas públicas e particulares pensam a respeito da escola. Para isso, foram analisados 739 questionários respondidos por alunos de todas as
oito escolas estaduais aplicados durante os anos de 2007, 2008 e 2009 e 270 questionários respondidos por estudantes de todas as seis escolas particulares no
ano de 2010. Buscou-se compreender o que os/as adolescentes pensam acerca de suas características; investigar como os/as alunos/as compreendem sua escola
e a formação que recebem; verificar se havia diferenças de gênero nas representações sobre os meninos e as meninas nas escolas e o comportamento por
estes/as apresentado; identificar as representações dos alunos sobre o futuro: desejos, interesses, motivações e comparar estes dados identificando
similaridades e diferenças entre os estudantes das escolas públicas e particulares. Além disso, foram realizados três grupos focais com alguns destes estudantes
visando aprofundar um pouco mais suas representações acerca da escola. As diferenças entre os grupos das escolas públicas e particulares não foram muito
significativas para a maior parte dos aspectos pesquisados. Um grande destaque da pesquisa é a satisfação em estar na escola e a crença de que este é um bom
lugar em que os estudantes se sentem bem, em sua grande maioria. Por outro lado, os educadores não deixam de ser alvos de muitas críticas quando não
planejam suas aulas, desconsideram alguns alunos, são incoerentes nas regras que utilizam, deixam de utilizar punições prometidas, fazem ameaças e promessas
que não cumprem. Os alunos demonstraram gostar de professores comprometidos, sérios e que tem autoridade em classe, não tendo medo dos alunos nem
impondo medo neles. Bastante impactante também são as denúncias que os estudantes fizeram – especialmente nos grupos focais – de professores que
desprezam alguns alunos, usam de violência, xingam e até tentam seduzir algumas alunas. Embora esta pesquisa não tenha objetivo de fazer julgamentos nem
de verificar a veracidade de tais informações, trata-se de um alerta para que as escolas estejam atentas ao comportamento, não apenas dos alunos, mas também
dos professores que são, sem dúvidas, referências importantes para estes adolescentes. Acreditamos que esta pesquisa trouxe muitas informações importantes
para o conhecimento da realidade local e esperamos levar tais resultados às escolas para que estas possam refletir sobre suas práticas, a partir da perspectiva de
seus alunos.
16h30-18h30 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM ÁLGEBRA ELEMENTAR: PROBLEMA DE ENSINO OU DE APRENDIZAGEM?
D-67 - Sala 106
VALÉRIA MARIA DE LIMA BORBA
Este estudo teve como objetivo analisar através da fala dos professores de 6ª e 7ª séries de os aspectos geradores para o gra nde número de fracasso dos alunos
na introdução ao campo conceitual algébrico. Participaram do estudo seis professores de matemática do ensino fundamental da rede particular do Recife. Os
dados foram coletados a partir de uma entrevista clinica individual, na qual era pedido que eles discutissem questões acerca do conteúdo álgebra. Dentre os
vários aspectos mencionados a inabilidade para a aprendizagem da matemática e mais propriamente da álgebra foi tema recorrente. O princípio pedagógico que
fundamenta a maioria das práticas em nossas escolas é ainda aquele baseado na teoria psicológica do behaviorismo, no qual o aluno é visto como uma “tábularasa”. Porém, outras teorias em psicologia buscam também fundamentar práticas outras. Recentemente, o pesquisador francês Gérard Vergnaud trouxe uma
nova forma de se perceber e compreender os conceitos matemáticos. A partir dos campos conceituais ele articula algumas ideias da teoria piagetiana e superáas, elaborando uma teoria pragmática que busca explicar a aprendizagem de conceitos complexos. Dentre esses conceitos complexos encontra-se o campo
conceitual algébrico, mostrando que o estudo da álgebra tem sido, desde a sua criação, um espaço significativo onde o aluno pode desenvolver e exercitar sua
capacidade de abstração e generalização, além de teoricamente possibilitar a aquisição de uma poderosa ferramenta cultural para resolução de problemas.
Porém a forma como a álgebra vem sendo ensinada não tem conseguido dar conta da complexidade didática e epistemológica de tal conteúdo matemático.
Aparentemente o que historicamente veio para facilitar - uma linguagem matemática mais condensada/sintética – a álgebra simbólica - tornou-se um grande
obstáculo e um momento de ruptura epistemológica para os estudantes iniciantes no campo conceitual algébrico. Salienta-se que uma das tensões
epistemológica importante desse campo conceitual é aquela em que a álgebra é compreendida como uma ferramenta-símbolo-representacional, e como
algoritmo para a simplificação e resolução de expressões de acordo com regras sintáticas explícitas e compartilhadas. Portanto, os obstáculos epistemológicos da
passagem entre os campos conceituais aritmético e algébrico são verdadeiros entraves psicológicos na compreensão do campo conceitual algébrico, pois os
alunos devem substituir o tratamento dado aos problemas enunciados em linguagem natural pela manipulação de expressões algébricas com base em regras
explícitas. Esta passagem não sendo de forma alguma linear, proporciona à grande parte dos estudantes momentos de dificuldades e até mesmo de fracasso na
apropriação desse conhecimento. A análise interpretativa permitiu observar os argumento e contra-argumentos elaborados pelos professores acerca da
inabilidade mostrando que alguns professores consideravam que a matemática assim como a álgebra são conhecimentos acessíveis a todos. Contudo, outros
professores argumentaram que por necessitar de conhecimento prévio de outros conteúdos, muitas vezes, não aprendidos, como as quatro operações
fundamentais, se torna difícil para muitos.
16h30-18h30 ORGANIZAÇÃO DO ENSINO DE PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR
D-67 - Sala 107
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ALDA PENHA ANDRELLO LOPES, MARIA TEREZINHA BELLANDA GALUCH - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
A formação do professor tem sido alvo de muita pesquisa, cujos resultados são divulgados em livros, periódicos especializados, e congressos, seminários,
encontros, dissertações e teses de diferentes universidades. A atuação docente requer tanto o conhecimento específico da área de atuação como
conhecimentos referentes aos processos psicológicos que envolvem aprendizagem. Nesse sentido, os conteúdos da Psicologia da Educação são fundamentais na
formação de professores, uma vez que juntamente com conhecimentos da sociologia, filosofia, didática, entre outros, são os instrumentos com os quais é
possível compreender o fenômeno educativo. Todavia, pesquisas como as realizadas por Lepre têm apontado que os estudantes de diferentes licenciaturas não
têm se apropriado a contento dos conceitos das disciplinas referentes à formação pedagógica, dentre eles os da área de psicologia da educação. Nesse contexto,
esse artigo tem por objetivo refletir sobre a organização do ensino da disciplina de Psicologia da Educação no ensino superior, ou seja, em cursos de
licenciaturas, em busca de princípios que possam favorecer uma forma de sistematização da prática pedagógica capaz de conduzir à apropriação de conceitos
pelos alunos. Busca-se uma aprendizagem em que os conceitos apropriados sejam os elementos de um pensamento teórico, ou seja, de um pensamento capaz
de compreender o fenômeno educativo para além das manifestações possível de serem captadas pelos sentidos. A coleta de dados ocorreu por meio de um
experimento didático, realizado com alunos do 2º ano do curso de Pedagogia de uma instituição de ensino superior do Noroeste do Paraná, durante 14 aulas, no
mês de novembro de 2010. O conteúdo trabalhado neste experimento foi a Teoria Comportamental. As aulas foram gravadas para posterior transcrição. A
organização do ensino, assim como a análise dos dados, se fundamentou em pressupostos da Teoria Histórico-Cultural, especialmente nos conceitos de
mediação, formação de conceitos e desenvolvimento do pensamento empírico e teórico. A análise dos dados aponta que um ensino que trabalha com o conceito
no movimento da história em que foi produzido, buscando organizá-lo mediante princípios da lógica dialética, portanto, que envolve os alunos em situações de
reflexão, análise e síntese concorre para a formação do pensamento teórico dos estudantes.
16h30-18h30 REFLEXÕES ACERCA DA INCLUSÃO COGNITIVA, AFETIVA E SOCIAL EM UNIVERSIDADE PÚBLICA
D-67 - Sala 107
FINANCIADOR: CAPES - COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR
AUREA JULIA DE ABREU COSTA, JESUS GARCIA PASCUAL - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
O presente trabalho decorre de resultados obtidos em pesquisa anterior (PASCUAL, 2008), que investigou o desenvolvimento de estruturas cognitivas formais
como instrumentos psicológicos para a aprendizagem (processo) de conhecimentos específicos (conteúdos curriculares) exigidos aos candidatos por ocasião do
vestibular. Defendemos naquele estudo que o desenvolvimento de estruturas cognitivas formais torna-se tão importante quanto os conteúdos das disciplinas
estudadas para o sucesso no ingresso na universidade pública. A análise das respostas dadas pelos participantes centrou-se, tendo em vista os objetivos da
referida pesquisa, nos aspectos qualitativos (argumentos) que permitiram a identificação de estruturas cognitivas de pensamento, utilizadas pelos sujeitos para
solucionar os problemas propostos pelas provas operatórias formais, a saber, provas piagetianas de ‘Flutuação de corpos’ e ‘Quantificação de Probabilidades’.
Entretanto, a partir das entrevistas realizadas com os sujeitos da pesquisa (PASCUAL, 2008), sete alunos do cursinho preparatório para o vestibular PNV (projeto
coordenado pelos alunos do curso de História da UFC para estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas), e dos resultados daí obtidos,
constatamos a presença de contingências afetivas e socioculturais que emergiram nos estudantes durante o processo da pesquisa. A análise empreendida no
presente trabalho centra-se nesses fatores que transcendem a dimensão cognitiva, mas que exercem significativa influência sobre a participação e a
desempenho dos sujeitos na pesquisa, permitindo-nos tecer algumas considerações sobre o possível impacto desses fatores (afetivos e sociais), associados aos
fatores cognitivos, nos processos de ingresso e inserção do aluno em universidade pública. Como resultados do estudo realizado, ressaltamos que: mesmo que a
escola pública seja eficiente em promover o desenvolvimento cognitivo formal, este não é condição suficiente para garantir o acesso à universidade pública;
parece-nos que interferem nos processos de ingresso e inserção do aluno da escola pública na universidade de ensino superior fatores afetivo-relacionais, (como
a relação com o conhecimento e as interações professor-aluno), além das condições socioculturais e econômicas (situação financeira, necessidade de trabalhar e
estudar paralelamente). Não basta ensinar conhecimentos, é necessário promover o desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento afetivo-emocional e social
dos alunos, considerando a totalidade dos fatores que intervêm no ingresso e inserção do aluno da escola pública na universidade; a isso, nós denominamos
inclusão cognitivo-afetivo-social!
16h30-18h30 REFLEXÕES A PARTIR DAS RELAÇÕES ENTRE A PSICOLOGIA ESCOLAR E A PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO E IMPLICAÇÕES PARA
A FORMAÇÃO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO PSICÓLOGO
D-67 - Sala 107
CLAYTON WASHINGTON DOS REIS, CARINE SUDER FERNANDES
Este trabalho tem como principal objetivo examinar as implicações das relações entre a “Psicologia Escolar e Educacional” e a “Psicologia Organizacional e do
Trabalho” para a formação e atuação profissional em Psicologia. Para atingir esse objetivo, foram selecionados artigos, capítulos de livros, teses, dissertações e
filmes documentários em portais eletrônicos, acervos de bibliotecas universitárias, domínio público e acervo pessoal. Após a seleção, os textos e filmes foram
examinados e, partindo dessas leituras, elaboradas algumas reflexões sobre a atuação e formação profissional do psicólogo esc olar. Planejar e executar ações
profissionais efetivas para o atendimento de necessidades psicológicas no contexto educacional exige do profissional a compreensão da subjetividade como um
processo determinado não apenas pelo aparato biológico e pelos aspectos subjetivos, mas também pela história e pela cultura em que o sujeito está inserido,
como produto e produtor das relações sociais. A prática profissional em POT e em PEE tem em comum a sua intersecção histórica, aliada dos interesses
dominantes, bem como a compreensão individualizante, psicologizante e a-histórica dos processos psicossociais. Algumas críticas a essa forma de compreender
e intervir sobre os processos subjetivos e intersubjetivos vem sendo realizadas desde a década de 1980, de forma que desde então algumas alternativas vem
sendo construídas para mudar esse cenário. Essas tendências de transformação são representadas por práticas profissionais que privilegia m os processos grupais
e tem como foco de intervenção as relações interpessoais e institucionais que são estabelecidas no contexto das organizações escolares. Para isso é
imprescindível conceber a escola como uma organização de trabalho que, embora possua características e funções bem particulares, também estão imersas nas
exigências impostas pelo mercado de trabalho e pela lógica neoliberal que sustenta o sistema de produção capitalista. Nesse contexto, o professor é considerado
como um trabalhador que, ao ser responsabilizado com a função de difundir e socializar o conhecimento historicamente acumulado pela sociedade, se vê preso
e enrijecido pelas contradições que caracterizam a escola como instituição educacional. Considerando essas questões e a crise que vem sendo enfrentada pelo
sistema escolar brasileiro, se torna de fundamental importância repensar o modelo de atuação que orienta a formação profissional, de maneira a possibilitar a
aprendizagem de habilidades e competências que extrapolam o âmbito acadêmico. Outra via de mudança possível é a construção co njunta de parceria entre
escola e família, implicando a ressignificação dos seus respectivos papéis no processo educativo. Para que esse trabalho seja possível, é imprescindível ainda o
planejamento e execução de intervenções institucionais, voltadas não apenas para os processos grupais entre alunos, mas també m junto ao corpo docente,
equipe pedagógica, administrativa, diretora, bem como os demais funcionários da escola. Por essas razões, a formação continuada, pautada pelo compromisso
ético-político com a educação e com a dignidade humana deve ser uma das metas a serem atingidas na transformação da identidade profissional do psicólogo
que atua em organizações escolares.
16h30-18h30 SENTIDOS DA FORMAÇÃO: A EXPERIÊNCIA DE ESTUDANTES POBRES NO ENSINO SUPERIOR PRIVADO
D-67 - Sala 107
JAQUELINE KALMUS – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
A presente comunicação oral apresenta os principais aspectos de uma pesquisa de doutorado defendida em 2010 no Instituto de Psicologia da USP. A pesquisa
parte da constatação de que a atual política educacional, em consonância com interesses advindos do modelo político e econômico vigente no país, promove,
cada vez mais, a passagem dos alunos pelos sucessivos graus escolares sem garantir uma formação sólida. Isso resulta em uma nova forma de fracasso escolar,
um “fracasso relativo”, mais sutil, em que parcela dos estudantes oriundos de categorias sociais até então prematuramente excluídas da educação formal atinge
graus mais elevados de escolarização. Com a participação do Estado e a partir de um discurso que recomenda a qualificação para o mercado de trabalho,
também no ensino superior há um grande incentivo para a absorção de um maior contingente de estudantes pobres, que passam a frequentar, sobretudo,
instituições de ensino da rede superior privada, muitas imbuídas de uma concepção mercantil de educação. A pesquisa procurou investigar os sentidos que os
estudantes atribuem à sua experiência nessa modalidade de ensino, os sonhos que são construídos ou impedidos, as formas de co nsciência, submissão,
resignação e resistência que são encontradas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que adota como procedimento entrevistas semi-dirigidas três estudantes das
classes populares de instituições privadas de ensino superior da região metropolitana de São Paulo. As entrevistas abordaram as histórias de vida dos estudantes,
com ênfase nos significados atribuídos à passagem pelo ensino superior. A análise das narrativas aponta que os estudantes têm consciência – mais ou menos
clara – de sua condição de integração apenas parcial no universo universitário. Enfrentam a descoberta de que o ensino básico não lhes proporcionou as
condições necessárias para frequentar os cursos de sua faculdade e questionam o valor simbólico e econômico do diploma a que terão acesso. A ameaça de
interrupção dos estudos é constante. Em geral, são os primeiros de seu grupo social a ingressar numa universidade e não usufruem da educação a que têm
acesso como bem privado: trazem consigo as histórias de seus companheiros de classe social e o desejo de compartilhar com eles o conhecimento. Embora não
descartem o valor econômico da educação, esperam mais do ensino superior do que a ideologia do mérito e da empregabilidade oferece: buscam satisfazer a
necessidade de compreender a história dos vencidos, de entender as relações de comando, de obter a resposta para o enigma da desigualdade de classes.
Procuram na vida universitária as estratégias de enfrentamento da humilhação, experiência marcante da condição de subalternidade.
16h30-18h30 ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL: PRÁTICA EM UMA CLÍNICA-ESCOLA
D-67 - Sala 108
CAMILA TURATI PESSOA, CARMEN LÚCIA REIS, PEDRO PABLO SAMPAIO MARTINS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Este trabalho tem como principal objetivo relatar uma experiência que envolve a prática de Orientação Profissional por estagiários do curso de Psicologia da
Universidade Federal de Uberlândia. O tema em questão possui muitos modos de ser trabalhado por profissionais de diferentes áreas, e com isso surgem
diversas maneiras de se considerar e estruturar esta prática. O que apresentamos aqui se trata de um estágio profissionalizante supervisionado junto a
adolescentes, cujos atendimentos eram feitos por duplas de estagiários. O trabalho aconteceu no formato de grupos semanais, que eram formados pela
demanda que chegava até a clínica-escola referida universidade. Ocorriam cerca de 8 a 12 encontros não preparados de antemão, mas construídos um a um, ou
seja, cada atendimento era pensado, planejado e construído de acordo com os pedidos e movimentos do grupo. Esta maneira de considerar o grupo como
produtor de seu espaço e do trabalho que será feito com ele, é embasado na perspectiva sócio-histórica. Esta visão de mundo considera a pessoa como sendo
inserida em momentos específicos da história, cujos contextos e as particularidades de cada um interagem entre si, formando a subjetividades diferentes. Com
essa visão, o grupo faz emergir diferentes pedidos quanto ao trabalho que será desenvolvido no que tange a Orientação Profissional. As temáticas dos encontros
variavam de grupo para grupo, e foram trabalhados assuntos sobre como é escolher uma profissão, quais informações tenho sobre os cursos, conversar com
profissionais da área, o que penso sobre meu projeto de futuro, dentre outros. Na finalização de cada trabalho com os grupos, eram trazidas todas as produções
de cada encontro de maneira que fosse feita uma reflexão e retrospectiva do caminho trilhado pelos adolescentes, traçando considerações sobre o processo de
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escolha que vivenciaram e sobre a dinâmica do grupo que foi se desenhando durante essa trajetória. Esta experiência apresentou-se muito rica tanto no sentido
de trabalhar as demandas e reflexões dos adolescentes, bem como experiência de grande importância para a formação do aluno de Psicologia no que diz
respeito ao trabalho com grupos, com parceiros de trabalho, e ainda como o exercício de se pensar uma prática construída conjuntamente com o público
atendido.
16h30-18h30 SENTIDOS SOBRE A INFÂNCIA: O OLHAR DOS PAIS AO RECONSTRUIR SUAS HISTÓRIAS
D-67 - Sala 108
FINANCIADOR: CNPq/UFU
CAMILA TURATI PESSOA, LÚCIA HELENA FERREIRA MENDONÇA COSTA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Este trabalho faz parte de uma pesquisa de pesquisa de Iniciação Científica, em andamento, que tem caráter qualitativo, com o objetivo de estudar as
significações de pais sobre a constituição da identidade infantil. O recorte que apresentamos aqui é um estudo exploratório no qual buscamos compreender os
sentidos sobre a infância a partir do olhar dos pais quando reconstroem suas infâncias. Consideramos a importância de valorizar a voz que trazem sobre si
mesmos, e entendemos que a escuta é essencial para o trabalho do Psicólogo em contextos escolares e educacionais, buscando criar espaços de trocas e
valorização das experiências. O objetivo do presente trabalho foi entender de que maneira pais de crianças entre 3 a 6 anos construíam sentidos sobre infância a
partir da narrativa de sua história de vida. Os participantes deste estudo foram duas mães com pelo menos um filho na idade referida, as quais foram
entrevistadas individualmente e em horário e local previamente combinados. Utilizamos de entrevistas semi-estruturadas, nas quais buscamos entender de que
maneira viveram suas infâncias, quais memórias guardam delas, quem foram seus parceiros de interação, como foi a mudança para o papel de ser pai/mãe e
ainda como ficou a visão de infância depois que tiveram filhos. Estas questões norteadoras nos dão elementos para compreender de que lugar estes pais estão
falando, (re) construindo suas vivências e atribuindo sentidos à sua experiência de vida. As entrevistas foram transcritas e compreendidas de maneira a
buscarmos os sentidos sobre infância que emergiam em suas falas. Escolhemos trazer aqui algumas concepções e sentidos que eme rgiram destas entrevistas.
Percebemos que a maneira como as entrevistadas vivenciaram suas infâncias as faz querer que de alguma maneira seus filhos tenham o que não tiveram, que
seja diferente da maneira que acreditam como uma infância deve ser, e com isso interagem com estes em um movimento de atender a esses aspectos. Ainda
emergiram nas falas concepções de que a infância é uma fase da vida na qual o brincar, interagir e o estudar devem ser valorizados. Com isso podemos perceber
que os sentidos que cada uma foi se apropriando de acordo com suas histórias de vida as norteia ao interagirem com seus filhos e, consequentemente, ao se
tratar da infância. Ouvir e compreender as histórias e sentidos dos pais contribui para o trabalho do Psicólogo, pois ao estar com o outro pode-se perceber o
modo que eles se relacionam com seus pares e contextos, e com isso traz ricos elementos de atuações que podem ser feitas. Cabe acrescentar, ainda, que este
espaço de escuta em contextos educacionais é de muito valor no que diz respeito a trocas sobre concepções, interações e estreitamento de laços entre pais,
escola e crianças. Assim, os sentidos que pais trazem sobre infância a partir de suas histórias trazem possibilidades de ampliar diálogos entre estes, a escola o
psicólogo, as crianças e os demais atores destas interações.
16h30-18h30 RELAÇÕES ESCOLA-FAMÍLIA: ESTUDO BIBLIOGRÁFICO NA ANPED E CONPE
D-67 - Sala 108
FINANCIADOR: BOLSA PIBIC - CNPq
MARIA SILVIA PINTO DE MOURA LIBRANDI DA ROCHA, LEANDRO GASPARETI ALVES, TATIANA CRISTINA DOS SANTOS – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE
CAMPINAS
As relações escola-família são apontadas na literatura como aspecto fundamental para a construção de gestões democráticas e da qualidade da educ ação.
Resultados de pesquisas evidenciam que essas relações marcam-se, via de regra, por tensões e avaliações negativas recíprocas. Para aprofundarmo-nos na
compreensão sobre como estas relações têm sido estudadas por pesquisadores, realizamos pesquisa bibliográfica em dois eventos reconhecidamente
importantes para a Educação e Psicologia. Analisamos 11 GTs da ANPEd - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação em 10 Reuniões
Anuais(2000-2009). No CONPE – Congresso Nacional de Psicologia Escolar e Educacional, pesquisamos 8 dentre 9 eventos(1992-2009). Inicialmente, trabalhos
completos, pôsteres e resumos foram localizados pelos descritores: reunião de pais e mestres; conselho de escola; associação de pais e mestres; projeto político
pedagógico; gestão democrática; família; família e escola e participação. Os trabalhos, foram lidos na íntegra e descartados os que não abordassem o tema de
forma nuclear. De 2052 trabalhos da ANPEd, 70(3,4%) abordam as relações escola-família. Nas análises destacamos:(i) distribuição por GTs bastante irregular,
concentrando-se no GT14
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X Congresso Nacional de Psicologia Escolar e