Avaliação de modelos polinomiais de potências inteiras e fracionárias para descrever a variação longitudinal do diâmetro de árvores de eucalipto clonal Samuel de Pádua Chaves e Carvalho¹ Ayuni Larissa Mendes Sena² Adriano Ribeiro de Mendonça³ Juliana Carneiro Gonçalves4 Cristiane Coutinho Meneguzzi5 Luiz Carlos Estraviz Rodriguez6 Natalino Calegario7 1 – Introdução Para Couto & Vetorazzo (1999) um dos principais produtos relacionados a atividade de inventário florestal é a quantificação do estoque de madeira expresso em volume. Variável esta modelada pela relação funcional V = f (DAP, HT) ou ainda V – f(DAP). O volume comercial é determinado em função de um diâmetro e um comprimento mínimo de uso. No caso do volume total pode-se dispor de equações de simples ou dupla entrada para estimar o volume individual de árvores ou ainda de funções que possam descrever a variação longitudinal do afilamento das árvores, em que o volume de cada árvore é então obtido por técnicas de integração de sólidos de revolução. Na literatura floresta o uso de técnicas de integração para obter o volume de árvore bem como os modelos para descrever esta relação são bem conhecidos. No Brasil alguns autores como Fischer (1997), Ferreira (1999), Assis (2000), Mendonça et al (2007), Carvalho et al (2010) trabalharam estas técnicas com os mais diversos modelos já divulgados como o polinômio de 5º grau relativizado de Schöepfer (1966), modelo não linear de Kozak et al (1969), o polinômio de potências inteiras e fracionárias relativizado de Hradetzky (1976). Diante do contexto da aplicação de modelos polinomiais para descrever a variação longitudinal do diâmetro de árvores, este trabalho tem como objetivo avaliar a eficiência preditiva do polinômio de 5º grau de Schöepfer comparado ao polinômio de potências inteiras e fracionárias conforme proposto por Hradetzky. ____________________ ¹PPGRF-ESALQ/USP. Email: [email protected]; ²Engenheira Florestal. Email: [email protected]; ³DEF-CCA/UFES. Email: [email protected]; 4PPGEF-UFLA. Email: [email protected]; 5Engenheira Florestal. Email: [email protected]; 6 LCF-ESALQ/USP. Email: [email protected]; 7LCF-UFLA. Email: [email protected] 2 – Materiais e métodos Os dados são originados de plantios homogêneos de eucalipto pertencentes à empresa Fibria Celulose S/A, localizados no estado do Espírito Santo. Tratam-se de plantios clonais com idade de 7 anos e densidade de plantio com aproximadamente 1100 plantas por hectare, o que caracteriza plantas espaçadas em 3,0 x 3,0 m, na linha e entre linha respectivamente. Foram derrubadas 28 árvores distribuídas por classe de diâmetro com diâmetro mínimo de 5,4 e máximo de 22,2 cm 2.1 Modelos avaliados 2.1.1 Polinômio de grau 5 de Schöepfer hij = β 0 + β 1 + Di Hi d ij h + β 2 + ij Hi 2 h + β 3 + ij Hi 3 h + β 4 + ij Hi 4 h + β 5 + ij Hi 5 + ε ij 2.1.2 Polinômio de potências inteiras e fracionárias hij = β 0 + β 1 Di Hi d ij p1 hij + β 2 Hi p2 hij + ... + β n Hi pn + ε ij Em que dij = diâmetro da i-ésima árvore na j-ésima posição (cm) Di = diâmetro medido a 1,3 m do solo da i-ésima árvore (cm) Hij = altura da i-ésima árvore na j-ésima posição (m) Hi = altura total da i-ésima árvore (m) βi = parâmetros da regressão pn = potências polinomiais que variam de 0.01 a 1 na etapa fracionária e de 1 a 100 na etapa inteira. Eij = erro aleatório de estimativa do diâmetro da i-ésima árvore na j-ésima posição Para selecionar as potências que melhores representam a variação longitudinal do diâmetro ao longo do fuste das árvores foi utilizada a técnica stepwise com direções forward e backward, ou seja, a seleção das variáveis independentes se dá em ambas direções e o critério de seleção das mesmas é dado pelo AIC. Para desenvolvimento deste trabalho foi utilizado o software R, versão 2.12.0. 2.2 Seleção dos modelos avaliados 2.2.1 Critério de Informação de Akaike = ܥܫܣ−2݈݊ሺ݉ݒሻ + 2 2.2.2 Critério de Informação Bayesiano = ܥܫܤ−2 ln ݉ ݒ+ ݈݊ሺ݊ሻ Quanto menores os valores de AIC e BIC melhor o modelo ajustado. As estatísticas AIC e BIC são de grande importância na análise de regressão, pois penalizam modelos com número excessivos de parâmetros, selecionando modelos mais parcimoniosos. O AIC dá um peso maior no número de parâmetros do modelo e o BIC na amostra utilizada na construção dos modelos. Além dos critérios estatísticos citados anteriormente foi adicionado ainda o valor do erro padrão residual e a análise gráfica dos resíduos padronizados e dos valores preditos versus os observados como análise complementar. Foi avaliado também o quão os modelos avaliados estimam valores negativos para a variação do diâmetro ao longo do perfil das árvores amostradas. 3 – Resultados e discussões Os resultados das avaliações estatísticas para seleção do modelo que melhor represente o afilamente das árvores de eucalipto são descritas na tabela 1. Tabela 1: Resultados estatísticos de avaliação e seleção dos modelos propostos. Verifica-se pelos critérios AIC e BIC que o modelo de potências inteiras e fracionárias é preferível na estimativa do diâmetro no perfil de árvores de eucalipto e se adéqua melhor a distribuição amostral dos dados, mesmo que possua um número maior de parâmetros pois o AIC penaliza este tipo de situação. Houve uma redução de 3,5% no valor do erro padrão residual para o polinômio de potências inteiras e fracionárias. Figura 1: Gráfico dos valores preditos versus observados Pela análise gráfica não é possível verificar grandes discrepâncias no caráter preditivo do modelo e que os resíduos são não tendenciosos após adicionada a linha de tendência. Porém ao avaliar o quão cada modelo estima valores negativos, o modelo polinomial de 5º grau estima 28 valores negativos de diâmetro quando comparado ao modelo polinomial de potências inteiras e fracionárias que não estimou valores negativos para esta situação, portanto é preferível. 4 – Conclusões Ambos modelos se mostraram eficientes e adequados na predição e estimativa dos diâmetros ao longo do fustes de árvores de eucalipto sem grandes impactos de caráter preditivo e estatísticos ao se optar por um ou outro. Porém ao considerar a limitação de polinômios à base de dados que os gerou o polinômio de potências inteiras e fracionárias é preferível pois para a situação proposta, o mesmo não estima valores negativos para variáveis que assumem apenas valores positivos nas observações de campo. 5 – Bibliografia ASSIS, A. L. de. Avaliação de modelos polinomiais segmentados e não segmentados na estimativa de diâmetros e volumes comerciais de Pinus taeda. 2000. 189p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) Universidade Federal de Lavras, Lavras. CARVALHO, S. P. C.; MENDONÇA, A. R. de; LIMA, M. P. de; CALEGARIO, N.. Different strategies to estimate the commercial volume of Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan. Cerne, v.16, n.3, p. 399-406, 2010. COUTO, H. T. Z. do; VETTORAZZO, S. S. Seleção de equações de volume e peso seco comercial para Pinus taeda. Cerne, Lavras, M. G., v. 5, n. 1, p. 69-80, 1999. FERREIRA, S. O. Estudo da forma de Eucalyptus grandis e Eucalyptus cloeziana. 1999. 132p. 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