Teresópolis e o Dedo de Deus Quis Deus que essa maravilha só fosse vista pelos teresopolitanos: o Dedo de Deus. Muitos ainda insistem e apelam para a geografia, a cartografia... tudo para comprovar a propriedade. Mas, a despeito dos desejos de uns e outros, a vista só pertence ao povo da terra de Tereza. O clima agradável, as belezas encontradas no trajeto, deixam, já na subida da serra, a certeza do que poderemos encontrar logo no Soberbo. Uma cidade que já foi pequena e, hoje, cresce no turismo e nos Parques Naturais. Há um clima de recomeço no ar. O Dedo de Deus parece querer simbolizar e apontar isso. É hora de colocar o povo para cima, com fé e determinação. Uma grande metáfora imposta pela natureza em algum momento da história dessas montanhas. Quem poderia prever que um dia teríamos que decifrar seu significado e, literalmente, lê-lo desenhado não na palma da mão, mas no Dedo de Nosso Senhor? Magali Tayt Sohn de Almeida Secretária de Educação de Teresópolis Sob a sombra da serra do mar... Hudson Fernandes ... e chegou o verão. Dito assim parece mágico, romântico, poeticamente encantador. Entretanto, o verão em Teresópolis, o verão de janeiro de 2011, na cidade serrana que acostumou-se a adormecer sob o atento olhar das verdes serras será realmente inesquecível... deixará marcas indescritíveis... marcas que nem o mais irreverente dos mestres, com um ar de ironia e brincadeira poderá apagar da história do povo serrano que outrora fora conhecido como o povo da terra do Dedo de Deus... ... por alguma estranha combinação de fatores naturais o verão trouxe uma quantidade de chuvas acima de qualquer expectativa... as águas que desceram serra abaixo levaram casas... casebres.. .ruas... veredas... desceram buscando antigas passagens, riachos... riachos que nós pobres mortais acreditávamos termos desviado do curso natural com a nossa indômita crença de sermos “semideuses” ... A natureza e sua força surpreendeu-nos... devolveu-nos a ideia do quanto somos frágeis diante do poder supremo das forças naturais que determinam todas as coisas desde o instante supremo da criação... ... as águas de verão levaram rumo ao infinito e a eternidade um não sei quanto de marias, josés, rutes, maicons, lúcias, soraias, thiagos... uma infinidade de sorrisos, um acúmulo de sensações que só os humanos conhecem... com as águas, que correm para os rios, córregos e igarapés na ânsia do mar, lá se foram para o reino da saudade, grandes amores... paixões bem e mal resolvidas... amores puros, amores nem tão puros... lá se foram para nunca mais... ... e em nós sobrevivemos ao inesquecível verão teresopolitano de 2011... a necessidade de algumas reflexões: a certeza de que a natureza precisa urgentemente voltar ao seu posto de senhora suprema do planeta... a natureza precisa ser tratada como obra prima de um pintor que nos colocou na tela, mas, por sus infinita bondade e seu incomensurável amor nos permitiu a escolha, inclusive a de abandonar o caminho por ele traçado na paisagem e nos perdermos dentro do emaranhado e confuso atalho enganoso que nos fez construir a equivocada ideia de que a terra era do homem... ... a terra jamais será do homem... o homem é parte da terra, não seu proprietário...quando um pedaço ínfimo de terra é tratado de maneira inadequada, todo o sistema natural adoece, sofre consequências e, o homem como elemento deste conjunto que um dia já foi perfeito não ficará imune a esse processo terminal com que todo doente cedo ou trade se depara... ... é urgente voltarmos a ouvir o ruído dos ventos, os recados dos trovões ...a canção da chuva... é urgente que ouçamos a voz de criador... a divina voz que nos chega em versões intermitentes se assim for necessário ... ... nesse inesquecível verão teresopolitano... resta-nos ainda um outro caminho a ser buscado... o solidário caminho do partilhar o que temos, mas, essencialmente partilhar o que pode nos vir a faltar... esqueçamos o amanhã e em procissão de crença no supremo levemos aos irmãos que sem abrigo e sem abraços precisam hoje do nosso afeto... ... o verão em Teresópolis será inesquecível por toda a dor que causou... mas, por um segundo a memória no futuro poderá falhar e, graças a um gesto de amor que tenhamos feito no agora em relação a alguém que nem sabíamos ser morador de um bairro que também não conhecíamos... esse menino, feito homem, lembrará com um tímido sorriso, de um verão passado... muito distante, quando um estranho, sem identidade alguma com os seus familiares, levou o seu medo, seu desespero... devolvendo-lhe a esperança no ato simples do abraço, na delicadeza de dizer... você não está sozinho...