Inferências nacionais a partir dos indicadores regionais Tabela 6.1 – Índice de Atividade Banco Central – IBC Brasil e regiões1/ % Discriminação 2014 Ago Brasil Norte 2015 Nov Fev Mai Ago -0,7 0,6 -1,2 -1,8 -1,4 -1,6 0,8 -0,3 -1,5 -1,5 -0,9 Nordeste -1,6 0,6 -1,6 -0,2 Centro-Oeste -0,7 0,5 0,2 -0,7 -0,6 Sudeste -0,7 0,2 -0,2 -1,3 -0,8 Sul -1,0 2,1 -1,2 -0,1 -2,8 1/ Variação do trimestre em relação ao anterior; séries com ajuste sazonal. O resultado nacional não representa necessariamente a média dos resultados regionais. Tabela 6.2 – Índice de volume de vendas Brasil e regiões1/ Variação percentual Discriminação 2014 Ago 2015 Nov Fev Mai Ago Comércio varejista Brasil Norte Nordeste -0,9 2,1 -1,5 -2,3 -2,8 0,1 4,5 -4,6 -1,2 -3,6 -1,1 2,4 -3,4 -2,3 -3,7 Centro-Oeste -2,5 2,5 -4,5 -2,6 -1,3 Sudeste -0,6 1,6 -0,9 -2,5 -2,0 0,3 1,6 -1,4 -1,6 -2,7 Sul Comércio ampliado Brasil -2,9 2,3 -3,0 -3,9 -2,7 Norte -0,2 4,1 -6,2 -2,7 -3,8 Nordeste -1,7 3,0 -4,8 -3,3 -3,7 Centro-Oeste -3,3 1,9 -5,7 -4,3 -2,2 Sudeste -3,0 1,6 -2,5 -3,5 -1,5 Sul -2,4 4,6 -5,1 -4,2 -4,2 Fonte: IBGE e BCB 1/ Variação do trimestre em relação ao anterior; séries com ajuste sazonal. 6 O IBC-BR recuou 1,4% no trimestre encerrado em agosto (Tabela 6.1), em relação ao terminado em maio, segundo dados dessazonalizados. A atividade econômica mostrou retração em todas as regiões, ressaltando-se as reduções do IBCR nas regiões Sul (2,8%) e Norte (1,5%), influenciadas, principalmente, pelo desempenho negativo das vendas do comércio e da produção industrial. No CentroOeste, a contração foi menos intensa (0,6%), em parte, pelo crescimento da produção industrial. As vendas do comércio ampliado diminuíram 2,7% no trimestre até agosto, em relação ao encerrado em maio, quando haviam recuado 3,9%, de acordo com dados dessazonalizados (Tabela 6.2). Houve redução da atividade varejista em todas as regiões, com destaque para as observadas no Sul (4,2%), Norte (3,8%) e Nordeste (3,7%). O resultado no Sul refletiu, em especial, os recuos nas vendas de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (8,4%) e de veículos (5,1%). O comércio varejista, que exclui a comercialização de veículos e de material para a construção civil, recuou 2,8% no país (-2,3% no trimestre finalizado em maio), com reduções generalizadas nas regiões (Tabela 6.2). Ressaltam-se, no Nordeste, as menores vendas de móveis e eletrodomésticos e de tecidos, vestuário e calçados. O volume de serviços recuou 3,3% no trimestre encerrado em agosto, relativamente ao mesmo período do ano anterior, com retração em todas as regiões (Tabela 6.3). Destaque para o desempenho negativo no Nordeste, onde a redução de 5,9% foi impactada, especialmente, pelos segmentos serviços profissionais, administrativos e complementares, serviços de informação e comunicação e serviços prestados às famílias. A menor retração ocorrida no Centro-Oeste decorreu, em parte, do crescimento do volume de serviços relativos ao Distrito Federal, com destaque para transportes e correio e atividades turísticas. Outubro 2015 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 93 Tabela 6.3 –Volume de serviços Brasil e regiões1/ % Discriminação 2014 2015 Ago Brasil Norte Nov Fev Mai Ago 1,7 2,0 -2,0 -1,2 -3,3 -1,1 1,5 -3,7 -2,8 -2,8 Nordeste 0,3 3,4 -0,9 -2,5 -5,9 Centro-Oeste 5,4 3,0 -3,6 -4,3 -1,2 Sudeste 1,7 1,7 -1,9 -0,3 -3,2 Sul 1,7 2,3 -2,4 -3,6 -3,2 Fonte: IBGE e BCB 1/ Variação do trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior Tabela 6.4 – Operações de crédito do SFN1/ Agosto de 2015 R$ bilhões Discriminação Saldo Variação percentual (%) PJ PF Total Trimestre PJ Brasil 1 609 1 451 3 060 Norte 12 meses PF Total PJ PF Total 1,5 1,7 1,6 9,0 10,4 9,7 46 70 116 0,1 2,3 1,4 1,0 12,2 7,5 4,8 12,8 9,3 Nordeste 170 227 397 -0,1 2,5 1,3 Centro-Oeste 140 182 322 1,8 2,5 2,2 13,3 13,3 13,3 Sudeste 998 682 1 680 2,5 1,4 2,1 11,5 Sul 254 291 545 -1,3 1,3 0,1 8,6 10,3 2,3 10,4 6,5 1/ Operações com saldo superior a R$1 mil. Tabela 6.5 – Inadimplência do crédito do SFN1/ O saldo das operações de crédito acima de R$1 mil totalizou R$3.060 bilhões em agosto, destacando-se que o aumento trimestral de 1,6% repercutiu, em especial, as elevações respectivas de 2,0% e 2,1% registradas no Centro-Oeste e Sudeste (Tabela 6.4). Houve crescimento mais expressivo na carteira de pessoas físicas, com ênfase no Nordeste, impulsionado pelas modalidades crédito consignado e financiamento de veículos; e no Centro-Oeste, pelas modalidades crédito rural, financiamento imobiliário e crédito consignado. No segmento de pessoas jurídicas, ressalta-se o crescimento no Sudeste – influenciado pelos financiamentos a exportações e pelas operações do BNDES – e a contração no Sul, decorrente, sobretudo, de recuos nas contratações da indústria de transformação e do segmento serviços industriais e de utilidade pública. Considerando período de doze meses, a expansão do estoque de crédito atingiu 9,7%, em agosto. A inadimplência das operações de crédito no Sistema Financeiro Nacional atingiu 3,0% em agosto (Tabela 6.5). O aumento de 0,1 p.p. no trimestre decorreu de incrementos de 0,2 p.p. no segmento de pessoas jurídicas (1,4 p.p. no Norte e estabilidade no Sudeste) e de 0,1 p.p. no de pessoas físicas (0,2 p.p. no Centro-Oeste e estabilidade no Norte). As taxas de inadimplência, em agosto, das operações a pessoas físicas e às empresas atingiram 3,7% e 2,4%, respectivamente. Agosto de 2015 Discriminação Inadimplência PJ Variação em p.p. PF Total Trimestre PJ Brasil 12 meses PF Total PJ PF Total 2,4 3,7 3,0 0,2 0,1 0,1 0,4 -0,1 Norte 4,7 4,4 4,5 1,4 -0,0 0,5 1,8 -0,3 0,2 0,6 Nordeste 3,3 4,4 3,9 0,1 0,1 0,1 0,8 -0,3 0,2 Centro-Oeste 2,6 3,2 2,9 0,3 0,2 0,3 0,3 0,1 0,2 Sudeste 2,0 3,9 2,8 0,0 0,1 0,0 0,2 -0,1 0,0 Sul 2,8 2,8 2,8 0,3 0,1 0,2 0,7 -0,0 0,3 1/ Operações com saldo superior a R$1 mil com pelo menos uma parcela em atraso superior a 90 dias. Tabela 6.6– Geração de postos de trabalho1/ Mil Discriminação Brasil 2014 2015 Ago Nov Fev Mai Ago 138,6 101,9 -639,7 -194,1 -355,6 Norte 24,0 -3,4 -46,9 -22,5 -12,4 Nordeste 47,5 82,8 -110,6 -98,4 -42,9 Centro-Oeste 21,9 -18,0 3,9 -5,3 Sudeste 48,0 -11,2 -355,6 Sul -2,9 51,7 -57,8 -68,9 -11,0 -103,6 1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês indicado. Boletim Regional do Banco Central do Brasil A taxa de desemprego atingiu 7,3% no trimestre finalizado em agosto, ante 4,9% em igual período de 2014, segundo a PME do IBGE (Tabela 6.7), reflexo de redução de 1,4% da População Ocupada (PO) e expansão de 1,6% da PEA. O desemprego, no período, aumentou em todas as regiões pesquisadas: Nordeste (2,8 p.p.); Sudeste (2,4 p.p.) e Sul (1,7 p.p.). -66,1 -191,4 Fonte: MTE 94 | O mercado de trabalho segue apresentando distensão, em linha com o processo de ajuste macroeconômico em curso no país. Nesse contexto, houve eliminação de 355,6 mil postos de trabalho no trimestre finalizado em agosto (criação de 138,6 mil no mesmo período do ano anterior), com reduções em todas as regiões do país (Tabela 6.6). Esse movimento foi mais intenso no Sudeste e no Sul, especialmente na indústria de transformação e na construção. O Centro-Oeste registrou o menor corte de empregos formais (5,3 mil) no trimestre, resultado favorecido pela criação de vagas na agropecuária. | Outubro 2015 O superavit primário dos governos dos estados, das capitais e dos principais municípios atingiu R$29,3 bilhões no primeiro semestre, ante R$21,3 bilhões em igual Tabela 6.7 – Taxa de desemprego % 1/ 2014 Discriminação 2015 Ago Brasil Nordeste Nov Fev Mai Ago 4,9 4,8 5,2 6,4 7,3 8,0 8,2 8,1 10,0 10,8 Sudeste 4,3 4,1 4,7 5,8 6,8 Sul 4,2 4,6 4,0 5,2 5,9 Fonte: IBGE 1/ Média do trimestre encerrado no mês. Tabela 6.8 – Necessidades de financiamento de estados e municípios1/ R$ milhões Resultado primário Região 2014 2015 Jan-jun Jan-jun Norte -1 186 -1 341 Nordeste -2 793 -5 933 Centro-Oeste -1 998 -2 324 -12 481 -15 158 -2 925 -4 604 -21 383 -29 360 Sudeste Sul Total 1/ Inclui informações dos estados e de seus principais municípios. (-) superavit (+) deficit Tabela 6.9 – Estimativa da produção anual de grãos1/ Brasil e regiões Em milhões de toneladas Discriminação 3/ 2/ 2014 Brasil Norte Nordeste Variação % Produção Peso 2015 2015/2014 100,0 193,3 210,3 8,8 3,2 5,9 7,2 21,5 8,8 15,7 17,3 9,6 Centro-Oeste 37,4 83,0 89,6 8,0 Sudeste 10,3 17,9 18,8 4,7 Sul 40,4 70,7 77,6 9,6 Fonte: IBGE 1/ Cereais, leguminosas e oleaginosas. 2/ Participação no valor da produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas – PAM 2013. 3/ Estimativa segundo o LSPA de setembro de 2015. Tabela 6.10 – Produção física da indústria Brasil e regiões1/ % Discriminação 2/ Peso 2014 Ago Brasil 2015 Nov Fev período de 2014 (Tabela 6.8). Houve melhora do resultado primário em todas as regiões, destacando-se os observados no Nordeste (R$3,1 bilhões) e Sudeste (R$2,7 bilhões). Mai Ago 100,0 -1,6 0,0 -3,7 -1,9 -2,3 Norte 5,9 -4,2 0,6 0,4 -2,7 -2,7 Nordeste 9,5 -3,6 1,4 -4,6 2,7 -0,9 Centro-Oeste 3,5 1,8 0,7 -4,3 -0,6 1,5 Sudeste 62,7 -0,7 -1,9 -3,2 -2,0 -2,4 Sul 18,5 -2,1 2,6 -6,3 -1,4 -2,9 Fontes: IBGE e BCB 1/ Variação do trimestre em relação ao anterior; séries com ajuste sazonal. 2/ Participação no Valor da Transformação Industrial (VTI), segundo a PIA 2010. A produção nacional de grãos deverá atingir 210 milhões de toneladas em 2015, de acordo com o LSPA do IBGE divulgado em outubro (Tabela 6.9). O crescimento anual de 8,8% repercute aumentos nas safras em todas as regiões, com destaque para o registrado para o Norte (21,5%), impactado favoravelmente por aumentos nas colheitas de milho, arroz e soja. O desempenho no Centro-Oeste, com participação de 37,4% no valor da produção, reflete, em especial, os aumentos projetados para as safras de soja, milho e feijão. No Sul, com 40,4% do valor da produção, o crescimento deve ser sustentado pelo desempenho de soja e trigo. A produção industrial recuou 2,3% no trimestre encerrado em agosto, relativamente ao finalizado em maio, terceira retração consecutiva nessa base de comparação, de acordo com dados dessazonalizados (Tabela 6,10). A redução da produção abrange todas as regiões, exceto o CentroOeste, onde o aumento da atividade fabril foi favorecido pelo desempenho da indústria alimentícia, que representa cerca de 50% da produção industrial local. A retração da produção da indústria no Sul se intensificou no período analisado, destacando-se os decréscimos nas atividades de materiais elétricos, máquinas e equipamentos, e veículos automotores. No Sudeste, principal região industrial do país, a contração de 2,4% na produção refletiu, principalmente, os recuos nas indústrias de equipamentos de informática, produtos elétricos e ópticos (20,6%) e de veículos automotores (10,6%). A balança comercial registrou superavit de US$10,2 bilhões nos nove primeiros meses do ano (deficit de US$0,7 bilhão em igual período de 2014), resultado de reduções de 16,8% nas exportações e de 20,3% nas importações (Tabela 6.11). Entre as regiões, o desempenho do comércio exterior do Sul contribuiu de forma mais significativa para a recuperação da balança comercial do país, destacandose o impacto do recuo das importações de combustíveis e lubrificantes. No Sudeste e no Nordeste houve redução dos deficit, em cenário de reduções nas aquisições externas – em especial de combustíveis e lubrificantes – em maior intensidade do que a retração das exportações. Assinale-se, ainda, que a redução do superavit no Norte e no CentroOeste repercutiu, principalmente, o impacto da redução nos preços de importantes commodities das respectivas pautas. Outubro 2015 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 95 Tabela 6.11 – Balança comercial regional – FOB Janeiro-Setembro US$ bilhões Região Exportações 2014 Total Importações 2015 173,6 144,5 2014 2015 174,4 134,3 Saldo 2014 2015 -0,7 10,2 Norte 13,6 10,1 11,7 8,9 2,0 1,3 Nordeste 12,1 10,8 21,4 17,2 -9,4 -6,4 Centro-Oeste 22,3 18,1 9,8 7,3 12,5 10,7 Sudeste 88,1 71,0 94,8 73,0 -6,7 -2,1 Sul 34,6 31,1 36,5 27,7 -1,9 3,4 3,0 3,4 0,1 0,1 2,8 3,3 1/ Outros Fonte: MDIC/Secex 1/ Referem-se a operações não classificadas regionalmente. Tabela 6.12 – IPCA Variação trimestral1/ % Discriminação Peso 2014 Set 2015 Dez Mar Jun Set 100,0 0,83 1,72 3,83 2,26 1,39 4,2 1,43 2,06 2,69 2,80 0,38 14,8 0,61 1,33 3,26 2,75 1,03 IPCA Brasil Norte Nordeste Centro-Oeste 7,1 0,82 2,57 3,53 1,73 1,42 Sudeste 57,6 0,86 1,68 4,06 2,01 1,44 Sul 16,3 0,83 1,76 4,13 2,73 1,78 Livres Brasil Norte 0,69 1,77 2,47 1,98 1,06 0,42 2,53 1,93 2,33 0,08 Nordeste 0,45 1,41 2,68 2,23 0,99 Centro-Oeste 0,80 2,55 1,91 1,93 0,75 Sudeste 0,87 1,74 2,50 1,75 1,04 Sul 0,42 1,71 2,62 2,44 1,57 Monitorados Brasil Norte 1,31 1,54 8,45 3,15 2,43 5,41 0,34 5,59 4,50 1,45 Nordeste 1,20 1,02 5,44 4,68 1,17 Centro-Oeste 0,90 2,62 8,98 1,09 3,53 Sudeste 0,81 1,49 9,11 2,81 2,65 Sul 2,29 1,93 9,39 3,68 2,49 Fonte: IBGE e BCB 1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês indicado. 96 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Outubro 2015 A inflação, medida pelo IPCA do IBGE, atingiu 1,39% no terceiro trimestre do ano (2,26% no segundo trimestre), conforme Tabela 6.12. A desaceleração refletiu menor inflação em todas as regiões, com taxas variando de 0,38%, no Norte, a 1,78%, no Sul. Houve desacelerações dos preços livres e dos preços monitorados. Considerados períodos de doze meses, o IPCA variou 9,49% em setembro, repercutindo variações de 7,48% nos preços livres e de 16,34% nos monitorados. Em termos regionais, a variação acumulada do IPCA situou-se no intervalo de 8,13%, no Norte, a 10,8%, no Sul. Em resumo, a atividade econômica seguiu em trajetória declinante no país no início do segundo semestre, refletindo, sobretudo, os desempenhos negativos da indústria, das vendas do comércio e do setor de serviços, com impactos relevantes sobre o mercado de trabalho. As perspectivas de recuperação da atividade econômica dependem fundamentalmente da reversão da confiança de consumidores e empresários nos próximos trimestres, que tende a ser favorecida pelos efeitos das medidas de ajuste macroeconômico encaminhadas. Adicionalmente, a mudança de patamar da taxa de câmbio deverá seguir favorecendo as regiões onde há maior representatividade das exportações na economia, em especial Centro-Oeste e Sul, com desdobramentos positivos sobre os respectivos mercados de trabalho.