GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS - SEMA SECRETARIA DE ESTADO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL - SEPL SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO - SEAB INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ - IAP EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL - EMATER PROJETO PARANÁ BIODIVERSIDADE GLOBAL ENVIRONMENT FACILITY - GEF BANCO MUNDIAL PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL DE SÃO CAMILO IAP-03/05 - Rev. 1 CURITIBA / PR SETEMBRO / 2006 GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS INSTITUTO AMBIETAL DO PARANÁ - IAP DIRETORIA DE BIODIVERSIDADE E ÁREAS PROTEGIDAS Governador Roberto Requião de Mello e Silva Secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos Lindsley da Silva Rasca Rodrigues Diretor Presidente do Instituto Ambiental do Paraná Lindsley da Silva Rasca Rodrigues Diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas João Batista Campos Chefe do Departamento de Unidades de Conservação Marcos Antonio Pinto Chefe do Departamento de Biodiversidade Márcia de Guadalupe Pires Tossulino Coordenação de Planos de Manejo João Batista Campos Márcia de Guadalupe Pires Tossulino Gerente do Parque Estadual de São Camilo Norci Nodari Gerente Geral do Paraná Biodiversidade Erich Gomes Schaitza Gerente Técnica do Projeto Paraná Biodiversidade Gracie Abad Maximiano Implementadora do Projeto Paraná Biodiversidade - IAP Márcia de Guadalupe Pires Tossulino Supervisão Márcia de Guadalupe Pires Tossulino Marili Silva de Araújo Mariese C. Muchailh Norci Nodari STCP ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA. Coordenação Geral Joésio Deoclécio Pierin Siqueira Coordenação Técnica Celia Sayama Pastore Leticia Karmann Monteiro de Almeida Ulandowski Coordenação da Avaliação Ecológica Rápida Dr. Sérgio Augusto Abrahão Morato Equipe Técnica Karina Letícia Reinbold - Geógrafa/Geoprocessamento Majoe de Meirelles Siqueira - Bióloga Michela Rossane Cavilha - Geógrafa/Geoprocessamento Mônica Letícia Breda - Advogada/Aspectos Jurídicos Paula Ferreira Endres - Engenheira Agrônoma/Solos Pieter Maurits van der Meer - Biólogo Telma Satel Branco - Geógrafa/Geoprocessamento Coordenadores por Área Temática Airton Laufer Júnior - Sociólogo/Socioeconomia Dr. Carlos Vellozo Roderjan - Engenheiro Florestal/Vegetação M.Sc. Euclides Grando Júnior - Biólogo/Ictiofauna Dra. Juliana Quadros - Bióloga/Mastofauna Dr. José Manoel dos Reis Neto - Geólogo/Geomorfologia Magno Vicente Segalla - Biólogo/Anurofauna M.Sc. Marcos Ricardo Bornschein - Biólogo/Avifauna Dr. Sérgio Augusto Abrahão Morato - Biólogo/Herpetofauna Zulméia Ferreira Pinheiro - Turismóloga/Turismo e Educação Ambiental Colaboradores Dr. Almir Petersen Barreto - Biólogo/Ictiofauna M.Sc. Augusto Cézar Svolenski - Engenheiro Florestal/Vegetação Fábio Nascimento Oliveira Fogaça - Bióloga/Mastofauna IGplan Inteligência Geográfica - Geoprocessamento Dra. Liliane Tiepolo - Bióloga/Mastofauna Maximiliano Niedfeld Rodriguez - Biólogo/Avifauna Parka Desing Comunicação - Programação visual Ricardo Belmonte Lopes - Biólogo/Avifauna GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ ESCRITÓRIO REGIONAL DE PARANAVAÍ PLANO DE MANEJO RESERVA FLORESTAL DE JUREMA “ 1ª REVISÃO - 1996” PARANAVAÍ, 1996 GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ Jaime Lerner Governador HITOSHI NAKAMURA SECRETÁRIO DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS JOSÉ ANTONIO ANDREGUETTO DIRETOR PRESIDENTE DO INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ JOSÉ TADEU MOTTA DIRETOR DE BIODIVERSIDADE E ÁREAS PROTEGIDAS MÁRIO SÉRGIO RASERA DIRETOR ?????? HERD??????? DIRETOR????? EQUIPE EXECUTORA . Juarez Cordeiro de Oliveira (Engº Florestal) - IAP . Francisco Adyr Gubert Filho (Engº Agrônomo) - IAP . Rosimeri Carvalho (Engª Florestal) - IAP . Lourival Sanches Espejo (Técnico em R.N.R.) - IAP. . Doraci Ramos de Oliveira (Técnico R.N.R.) - IAP. Levantamento da Vegetação . Profº Carlos Velozo Roderjan ( Engº Florestal, M. Sc. ) - UFPR Levantamento de Fauna . Mauro de Moura Britto ( Biólogo) - IAP EQUIPE REVISORA . Doraci Ramos de Oliveira (Técnico em R.N.R.) Gerente da Unidade - IAP . Rubens Lei Pereira de Souza (Técnico em R.N.R.) - IAP. . Carlos Alberto Schicoski (Técnico em R.N.R.) - IAP. . Harvey Frederico Schulenker (Técnico em R.N.R.) - IAP AGRADECIMENTO A todos os funcionários do ITCF, atual IAP que colaboraram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho e, em especial a Srtª Maria Noszczyk pelo excelente trabalho de datilografia e ao Sr. Roberto Vinicius Canestraro pela execução dos desenhos. SUMÁRIO Equipe Executora................................................................................ i i i Agradecimentos.................................................................................. iv Sumário.............................................................................................. v Lista de Quadros................................................................................ v i i Lista de Figuras.................................................................................. v i i i 1 - Introdução............................................................................................ 1 2 - Criação, Localização e Limites da Unidade de Conservação................ 2 3 - Enquadramento Fisiográfico e Geopolítico da Reserva Florestal de Jurema................................................................................................. 2 4 - Análise da Reserva no contexto Regional e no Contexto da Unidade de Conservação................................................................................... 6 4.1 - FATORES BIOFÍSICOS............................................................. 6 4.1.1 - Geologia.......................................................................... 6 4.1.2 - Geomorfologia e relevo.................................................... 7 4.1.3 - Hidrografia...................................................................... 7 4.1.4 - Solos................................................................................ 7 4.1.5 - Clima............................................................................... 9 4.1.6 - Vegetação da Região.......................................................10 4.1.6.1 - Caracterização da vegetação da Reserva Florestal de Jurema.............................................11 4.1.7 - Fauna.............................................................................15 4.1.8 - Aspecto paisagístico-ambiental da Reserva....................15 4.2 - FATORES SÓCIO-ECONÔMICOS...........................................16 4.2.1 - Características da população..........................................16 4.2.2 - Economia Regional.........................................................17 4.2.3 - Meios de relação - transporte e comunicação..................17 4.2.4 - Recreio e Turismo...........................................................21 4.2.5 - Valores Culturais............................................................21 4.2.6 - Usos da Reserva Florestal de Jurema..............................23 4.2.6.1 - Uso anterior da área.........................................23 4.2.6.2 - Uso atual da área.............................................23 4.2.6.3 - Usos conflitantes.............................................23 5 - MANEJO E DESENVOLVIMENTO..................................................24 5.1 - REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE............................................24 5.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE MANEJO...............................24 5.3 - ZONEAMENTO........................................................................25 5.3.1 - Zona Primitiva................................................................25 5.3.2 - Zona de Recuperação......................................................27 5.3.3 - Zona de Uso Intensivo....................................................28 5.3.4 - Zona de Uso Extensivo...................................................29 5.3.5 - Zona de Uso Especial.....................................................30 5.4 - PROGRAMA DE MANEJO......................................................31 5.4.1 - Programa de Manejo do Meio Ambiente.........................31 5.4.1.1 - Sub-programa de investigação.........................31 5.4.1.2 - Sub-programa de manejo e recursos................32 5.4.1.3 - Sub-programa de monitoramento....................32 5.4.2 - Programas de Uso Público............................................33 5.4.2.1 - Sub-programa de recreação, interpretação e educação.........................................................33 5.4.3 - Programa de Operação.................................................34 5.4.3.1 - Sub-programa de proteção..............................34 5.4.3.2 - Sub-programa de manutenção........................35 5.4.3.3 - Sub-programa de administração.....................36 6 - CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO.........................................38 ANEXOS 1) Relação das espécies vegetais coletadas e observadas na Reserva Florestal de Jurema.................................................................................41 2) Lista parcial das espécies de mamíferos.............................................43 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................46 LISTA DE QUADROS I - Dados Pluviométricos do Municipio de Amaporã........................... 10 II - Ocupação econômica da população de Amaporã por setor de atividade............................................................................................... 18 III - Situação fundiária do Municipio de Amaporã, considerando número e tamanho de propriedades........................................................ 19 IV - Estrutura fundiária do Município de Amaporã, segundo a situação dos proprietários............................................................................. 20 V - Esquema básico do plano de ação para a implementação do plano de manejo........................................................................................ 37 LISTA DE FIGURAS 1 2 3 4 5 6 - Divisão fisiográfico do Paraná......................................................... 3 - Divisão microrregional do Paraná.................................................... 4 - Localização e acesso........................................................................ 5 - Relevo e hidrografia da Reserva Florestal de Jurema....................... 8 - Vegetação da Reserva Florestal de Jurema......................................14 - Zoneamento da Reserva Florestal de Jurema................................... 26 I - INTRODUÇÃO Historicamente, entre as décadas de 40 e 60 foram criadas 33 áreas naturais protegidas no estado, das quais 24 Reservas Florestais e dois Parques Florestais que acabaram não sendo implantados efetivamente. Em 1985 uma avaliação global das áreas protegidas estaduais apontou a seguinte situação: 24 Unidades representando 0,09% do território estadual (MILANO, s.d.). Foi nos últimos anos que a política de manejo de áreas silvestres no Estado mostrou avanços significativos. De 0,09% da área protegida passouse para 0,2%. Em 22/08/90 foi encaminhada à Assembléia Legislativa, mensagem do Executivo Estadual contendo anteprojeto de lei estadual do meio ambiente (Atualmente em vigor) na qual se propõe a criação do Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC), anseio de longa data da comunidade conservacionista. O SEUC prevê a modificação na nomenclatura das categorias de Unidades de Conservação, e, antecipando a reclassificação das áreas do Estado, esta proposta de manejo considera a Reserva Florestal de Jurema, como um Parque Estadual, o que efetivamente acontecerá com a implantação do Sistema, muito embora ela ainda apareça no presente plano de manejo com o nome de Reserva Florestal por questões de ordem legal. A Reserva Florestal de Jurema (Futuro Parque Estadual) é uma das poucas áreas criadas na década de 50 que realmente foram implantadas. Hoje ela assume um cunho de significativa importância, pois preserva um dos últimos remanescentes da Florestal Pluvial Tropical do Terceiro Planalto e é uma opção de lazer de educação para uma população que vive no meio rural, que tem acesso apenas a áreas já muito degradadas e de paisagem estética e ecologicamente pobres. Considerando que o plano de manejo é instrumento básico para efetivo ordenamento das ações em uma Unidade de Conservação e o seu caráter iminentemente dinâmico, a proposta leva em consideração, principalmente a sua viabilidade prática de execução num prazo de tempo relativamente curto, aberta a novas informações que possibilitem a sua constante melhoria. 2 - CRIAÇÃO, LOCALIZAÇÃO E LIMITES DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO. Segundo o Decreto nº 20.847 de 28 de janeiro de 1.956, a Reserva destinada à proteção de manancial no Patrimônio Jurema, foi considerada protetora nos termos dos artigos 3º e 4º do Código Florestal da União. Pelo Decreto nº 8.013 de abril de 1962, a Reserva foi transferida à jurisdição do Departamento de Produção Vegetal da Secretaria de Agricultura. Conforme Lei nº 7.055/78, artigo 33, em 08 de junho de 1981, a área é regularizada e incorporada ao patrimônio do ITCF, para fins constituição de reserva florestal. A Reserva Florestal de Jurema, com área de 204,56 ha está localizada na Região Noroeste do Paraná, no Município de Amaporã. Dista l km da cidade de Amaporã, 33 km de Paranavaí, 507 km de Curitiba, tendo acesso pela rodovia PR 218 e situa-se geograficamente, entre as coordenadas 23º 04´ a 23º 06´ latitude Sul e 52º 46´ a 52º 48´ longitude oeste. (Fig. 3) Apresenta os seguintes limites: - Norte - Leste - Sul - Oeste : divisa por linha seca, numa extensão de 1.100 m : divisa por linha seca, numa extensão de 2.040 m : divisa por faixa de domínio da PR 218 por 1.060 m : divisa por linha seca, numa extensão de 1.900 m 3 - ENQUADRAMENTO FISIOGRÁFICO E GEOPOLÍTICO DA RESERVA FLORESTAL DE JUREMA O Estado do Paraná, segundo MAACK (1968), está dividido em cinco grandes regiões geográficas, baseadas nas posições das escarpas, vales dos rios, divisores de água e caráter fisiográfico unitário da paisagem. Estas cinco regiões correspondem ao litoral , serra do mar, primeiro planalto ou planalto de Curitiba, segundo planalto ou Ponta Grossa, Terceiro Planalto ou de Guarapuava. A Reserva Florestal de Jurema situa-se no Terceiro Planalto, entre os Rios Tibagi, Paranapanema e Ivaí, região denominada por MAACK (1968) de Planalto de Apucarana (Fig 1). Deve-se considerar toda região Noroeste do Paraná como região fisiográfica diversa do Planalto basáltico em função da ocorrência do Arenito Caiuá, como no caso, a região do baixo Ivaí, onde se insere a Reserva. Geopoliticamente, localiza-se na Microregião Homogênea do Norte Novíssimo de Paranavaí, (MRH 283), Município de Amaporã (Fig. 2). 4 - ANÁLISE DA RESERVA NO CONTEXTO REGIONAL E NO CONTEXTO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO 4.1. - Fatores Biofísicos 4.1.1. - Geologia Segundo MAACK (1968) no bloco planáltico de Apucarana, ao Norte de Londrina, nas proximidades de boa vista do Paraíso, Cruzeiro do Norte, Jaguapitã, Colorado e Sabáudia, a leste do rio Pirapó, fazem vestígios do arenito vermelho São Bento Superior “Supratrapp” ou Caiuá. As eruptivas mergulham a 580 m s.n.m. a oeste de Maringá abaixo da capa do arenito Caiuá, que avança muito para leste desde o rio Paraná, com uma camada média de 350 metros de espessura. No Paraná, a camada de arenito Caiuá se desenvolve a partir dos últimos derrames de lava e representa a continuidade do processo de sedimentação eólica terrestre iniciada no Triássico Superior com a deposição de arenito Botucatu no deserto merozóico, que perdurou até o Eo-Cretáceo. A sedimentação não cessou durante todo o período do vulcanismo gondwânico, e foram depositados sedimentos ecólidos em bancos ou lentes nos derrames de lava e nas fendas maiores. A ascensão rápida de gases nas fendas de diáclases elevou consigo grãos de areia posterior ente silicificados. Em virtude deste fenômeno encontram-se atualmente faixas estreitas e veios maiores de arenitos cozidos nas diversas camadas eruptivas. No bloco planáltico de Campo Mourão o arenito Caiuá evidencia a mesma espessura entre os cursos inferiores dos rios Ivaí e Piquiri, estendendo-se para leste como uma larga faixa sobre os derrames de “trapp”. As capas de arenitos vermelhos terminam numa altitude de 600 m s.n.m., aproximadamente a 8 km a leste de Campo Mourão. Todavia, ocorrem ainda a Sudeste e Sudoeste, cobrindo inúmeros platôs e pequenas mesetas entre os rios Cantu e Goioerê com uma espessura de 20 a 60 m. No bloco planáltico de Guarapuava o arenito Caiuá ocorre apenas num pequeno triângulo ao sul da foz do rio Piquiri, terminando 4 km ao norte de Guaira, onde cruza o mesmo rio em direção leste. Em direção oeste atravessa o rio Paraná penetrando no interior do Paraguai. O Arenito Caiuá penetra no Estado de São Paulo pelo vale do Paranapanema, logo abaixo da Corredeira do Diabo, sendo que as elevações na margem esquerda do Rio Paraná, entre o Paranapanema e o Piquiri são constituídas por camadas do arenito eólico Caiuá com estratificação cruzada. 4.1.2 - Geomorfologia e relevo Na região do Arenito Caiuá predominam ondulações suaves com raras mesetas estruturais, o que contrasta vivamente com a vizinha região do basalto. Consequentemente o relevo apresenta-se bastante suavizado com predominância de classes de relevo menos enérgicas (suave ondulado a ondulado) e plano no vale dos grandes rios (Paraná, Paranapanema e Ivaí). 4.1.3 - Hidrografia O Municipio de Amaporã situa-se na bacia do rio Ivaí, e é cortado pelo Ribeirão Lica e Ribeirão Paixão. O rio Ivaí abrange uma bacia hidrográfica de 35.845 km2 em um percurso total de 685 km, recebendo mais de 100 afluentes. De sua nascente até a foz no rio Paraná, sofre um desnível de 893 m. Sua vazão, segundo os Irmãos Keller, oscila no mínimo de 200 m3/seg. a 3000 e 3.500 m3/seg. na época das enchentes (MAACK, 1968). A Reserva Florestal é banhada pelo córrego Jurema, do qual empresta o nome, tributário do Ribeirão Lica, que foi represado formando um lago artificial (fig. 4). 4.1.4 - Solos Segundo a Carta de Levantamento de Reconhecimento dos Solos do Estado do Paraná (EMBRAPA, 1981), ocorrem com predominância no Municipio de Amaporã os seguintes solos: - Latossolo Vermelho-Escuro-Distrófico, A moderado, textura média, fase floresta tropical subperenifólia, relevo suavemente ondulado a praticamente plano. - Podzólico Vermelho-Amarelo Distrófico, A moderado, textura arenosa a média, fase floresta tropical subperenifólia, relevo suave-ondulado. São solos formados predominantemente a partir de materiais provenientes de decomposição do Arenito Caiuá, do grupo São Bento, do Cretáceo. Quanto à utilização, são de baixa fertilidade natural e bastante susceptíveis à erosão, o que faz com que além de adubações para elevar e manter uma boa fertilidade, sejam necessárias também práticas conservacionistas intensas. 4.1.5 - Clima Segundo a classificação climática de Koeppen o clima da região é do tipo Cfa (mesotérmico úmido, sem estação seca e com verão quente), sendo a temperatura média do mês frio abaixo de 18ºC e temperatura média do mês mais quente acima de 22ºC. Segundo MAACK (1968) o setor mais setentrional do Terceiro Planalto do Paraná se enquadra no símbolo Cfa da classificação de Koeppen. Todavia após o desaparecimento da mata pluvial a zona Cwa (com período seco no inverno) se infiltra periodicamente desde São Paulo, muito para o sul do rio Paranapanema, ocasionando grandes estremos climáticos durante um decêndio. Dados da Faculdade Estadual de Paranavaí indicam: - Precipitação: média anual (1.200 a 1.400 m) - Trimestre mais chuvoso: dezembro, janeiro, fevereiro (250 a 400 mm) - Temperatura: média anual 21 a22ºC; média do mês mais quente 24 a 25ºC, fevereiro - Média do mês mais frio 17 a 18ºC - julho; média anual máxima: 28 a 29ºC; média anual mínima: 15 a 16ºC - Umidade relativa do ar: média anual 75%; evapotranspiração potencial anual: 1.000 a 1.100 mm. O quadro a seguir revela dados pluviométricos relativos ao Município de Amaporã observados em um período de 10 anos, onde a precipitação média anual fica em torno de 1.495 mm. QUADRO I - Dados Pluviométricos do Município de Amaporã Ano Precipitação Precipitação Nº Dias Precipitação Mês Máxima Média (mm) Baixa (mm) Chuvas (mm) Precipitação 1977 941,66 194,2 85,0 1.135,9 Janeiro 1978 146,4 61,0 56,0 1.030,7 Janeiro 1979 124,5 226,6 92,0 1.494,8 Setembro 1980 114,6 224,6 75,0 1.375,1 Outubro 1981 108,5 319,8 68,0 1.302,7 Outubro 1982 123,5 214,7 94,0 1.480,4 Dezembro 1983 151,5 287,2 99,0 1.816,4 Junho 1984 91,0 262,5 50,0 1.092,0 Dezembro 1985 92,9 167,5 62,0 1.114,4 Março 1986 124,6 354,1 83,0 1.496,0 Dezembro 1987 134,6 394,8 85,0 1.615,3 Novembro FONTE: SUDERSHA 4.1.6. - Vegetação da Região Segundo MAACK (1968) existia um limite nítido entre o tipo de mata que cobria a camada arenosa subtrapp - Arenito Caiuá - e a associação florística da mata pluvial-tropical sobre a compacta terra roxa. Em virtude da menor fertilidade dos solos derivados do Arenito Caiuá, MAACK considerou as florestas do Noroeste paranaense como “mata pluvial tropical menos exuberante” onde o palmito (Euterpe edulis) seria bem mais raro, cedendo lugar à palmeira jerivá (Arescatrum romanzoffianum) e ao longo do rio Paraná à macaúba (Acrocomia sclerocarpa). Outro aspecto interessante dessa formação florestal seria o “acentuado predomínio das leguminosas com folhas pectinadas e espinhos, o que conferia à mata o aspecto de periodicamente seca ou “serradão”. MAACK também assinalou ao longo dos rios Ivaí, Piquirí e Paraná a ocorrência de laranjeiras asselvajadas (Citrus sinensis), logo extintas pelas devastações e ainda a ocorrência generalizada de altos taquaruçus (Bambusa gradua) na zona marginal do Rio Paraná e no curso inferior do Ivaí, ao longo das extensas várzeas e pântanos. Atualmente considera-se tanto a floresta pluvial-subtropical sobre terra roxa como a floresta pluvial-subtropical sobre os solos derivados do Arenito Caiuá como Floresta Estacional Semidecidual, em virtude de muitas espécies apresentarem o caráter decíduo (queda das folhas) durante a estação seca, sendo que algumas possíveis diferenciações apontadas por MAACK (1968) seriam frutos de fatores edáficos próprios das duas regiões mas que em última análise não influenciaram a vegetação a tal ponto de se caracterizarem duas formações florísticas diferenciadas. 4.1.6.1 - Caracterização da Vegetação da Reserva Florestal de Jurema. - Região Fitogeográfica Natural. A Reserva Florestal de Jurema está situada na região da Floresta Estacional Semidecidual sob influência do vale do Rio Ivaí, a 310 m s.n.m., enquadrando-se na Região Bioclimática 7 ( EMBRAPA, 1985 ), com ocorrência de déficit hídrico anual no período desfavorável (inverno ). - Tipologia da Vegetação da Reserva. A maior parte da Reserva é ocupada por um remanescente alterado da floresta primitiva, cabendo o restante à áreas de capoeiras, pastagens antigas e áreas de uso comum. Segundo fotointerpretações ( 1:5.000 / 1980 ) e observações de campo, pode-se definir a seguinte tipologia para a vegetação da Reserva e as respectivas porcentagens de ocupação aproximadamente; a) Vegetação Primária: 49,58% F1: Floresta Estacional Semidecidual alterada b) Vegetação secundária: 46,10% F2: Floresta Secundária: 19,85% Cb: Capoeira: 2,73% C/CP: Capoeira/Capoeirão: 23,52% c) Área de uso comum: 4,32% Viveiro e instalações. 2,26% CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO DA RESERVA - Vegetação Primária - Floresta Estacional Semidecidual alterada apresenta dossel irregular em torno de 20 m de altura, sobre a qual emergem exemplares de peroba (Aspidosperma polyneuron) ( até 25 m ) e eventualmente outras espécies como a Canafístula (Peltophorum dubium) e a Gurucaia, (Parapíptadenia rígida) na maioria mal formados, possivelmente rejeitados por ocasião do corte seletivo. Abaixo das árvores emergentes ocorre um grupo heterogêneo de espécies, com diâmetros entre 20 e 50 (70) cm de DAP e alturas entre 10 e 20 m, onde são freqüentes o Guaritá,(Kleinodendron sp) o Marfim, a Gurucaia, (Parapíptadenia rígida) Guabiroba,(Campomanesia) o Cedro,(Cedrella fissilis) a Peroba (Aspidosperma polyneuron) e o Jerivá (Cocos romanzoffianum) além de outras eventuais como o Ariticumcagão,(Annona cacans) a Cabreúva,(Myrocarpus frondosus) o Alecrim, (Holacalyx balansae) a Canafístula, (Peltophorum dubium) a Canjerana (Cabralea canjerana) e a Canela-guaicá, (Ocotea puberula) entre outras. Neste andar arbóreo são freqüentes as aráceas (cipó-imbó) e cipós ( Bignoniáceas e sapindáceas ) , caracterizando a fisionomia do interior da floresta. Um segundo andar arbóreo é composto por árvores e arvoretas relativamente jovens, que podem variar localmente em dimensões e variedades em função da interferência de incêndios no passado. Em geral apresentam diâmetros finos e alturas entre 5 e 10 m , entre as quais são comuns espécies do dossel superior em regeneração como a Canjerana,(Cabralea canjerana) o Marfim, (Balfourodendron riedelianum) a Guabiroba, (Campomanesia xantocarpha) o Cedro, (Cedrella fissilis) a Gurucaia (Parapiptadenia rígida) e o Amendoim, (Pterogyne nítens) e outras típicas deste andar ( tolerantes ao ambiente sombreado ) como a Canela-de-veado (Helietta longifoliata) (Marfinzinho), o Jaracatiá, (Jaracatiá spinosa ) o Ingá, (Ingá sp) a Pitanga, (Eugenia sp) Jerivá, (Cocos romanzoffianum) o Ariticum ( Annona cacans) e o Espeteiro. (Casearia sp.) Um terceiro andar herbáceo-arbustivo é caracterizado pela abundância de cipós como o Arranha-gato, (Mimosa sp.)entre as quais Manchas de taquara e mesmo do Capim-colonião (Panicum maximum) proveniente de pastagens próximas. Pteridófitas e epífitas são escassas em função da região bioclimática onde se encontra a Reserva ,com ocorrência de déficit hídrico estacional. O palmito não ocorre na área, pelo mesmo motivo - Vegetação Secundária - Floresta Secundária. Na porção sul da Reserva ocorre uma associação diferenciada, secundária, proveniente do abandono de pastagens antigas. Apresenta-se no estágio mais evoluído da sucessão florestal ( Floresta Secundária ) e dificilmente diferenciável da Floresta Primária em fotos áreas 1.25.000. O dossel é uniforme ( 10-15 m de altura ) e amplamente dominado pelo Monjoleiro, (Acácia poliphylla) cuja característica de copa e folhagem permite a delimitação aproximada deste tipo florestal. Ocorrem também o Cedro, (Cedrella fissilis) o Ariticum-cagão, (Annona cacans) o Feijão-crú, (Lonchocarpus muehlbergianus) o Tapiá (Alchornea triplinervia) e a Canafístula, (Peltophorum dubium) além de Embaúbas (Cecropia adenopus) remanescentes da fase anterior (capoeirão). Um segundo andar arbóreo começa a se definir com o desenvolvimento de espécies tolerantes à sombra como a Guaçatunga, (Casearia sp.) a Canela-de-veado, (Helietta longifoliata) a Mamica-deporca, (Zanthoxyllum hyemalis) o Vacum (Allophyllus sp.) e o Araçá, (Psidium sp) competindo com outras que irão concorrer ao dossel como o Miguel-pintado (Matayba elaeagnoides) a Canjerana, (Cabralea canjerana) o Feijão-crú (Lonchocarpus muehlbergianus) e o Capororocão (Rapenea umbellata). A elevada densidade dos estratos arbóreos condiciona um subbosque pouco iluminado, com a superfície coberta por densa serrapilheira (restos vegetais em decomposição lenta ), e abundante regeneração de espécies arbóreas tolerantes ao ambiente sombreado como o Miguelpintado, (Matayba elaeagnoides) o Vacum, (Allophyllus sp) a Guabiroba, (Campomanesia xantocarpha) a Mamica-de-porca, (Zanthoxyllum hyemalis) a Canela-de-veado, (Helietta longifoliata) a Canjerana, (Cabralea canjerana) o Araçá (Psidium sp) e o Cedro, (Cedrella Fissilis) entre outras ambiente, dificultando o deslocamento no seu interior. - Capoeira. Em duas áreas restritas, ocorrem uma formação arbórea baixa ( 3-5 m ), descontínua, resultante da ocupação de pastagens antigas por árvores e arvoretas de Leiteiro, (Sapium glandulatum) Aroeira, Açoita- cavalo, (Luehea divaricata) Miguel-pintado, (Matayba elaeagnoides) Monjoleiro (Acácia poliphylla) e Vassouras, (Baccharis spp.)sob as quais predomina o Capim-colonião, (Panicum maximum) limitando ainda a regeneração e o desenvolvimento do processo sucessional. Acredita-se apresentar a idade aproximada de 26 anos, coincidente ao ano de criação de reserva (1962). - Capoeira / Capoeirão. Dá área da Reserva, 23% aproximadamente apresenta-se densamente ocupada por capoeiras e capoeirões, num estágio já avançado de desenvolvimento, apesar da existência de algumas moitas de Capim colonião (Panicum maximum) remanescentes da antiga pastagem, que foi dizimada pelo avanço de espécies nativas da flora através da regeneração natural. Na porção sudoeste da Reserva, entre o viveiro e a represa existente, foi implantado um arboreto que, pela escolha das espécies e pelos tratos culturais inadequados, não apresenta nenhum resultados significativo, sendo ocupado predominantemente por compostas (Assa-peixe e Vassourinhas) e Gramíneas. - Área de Uso Comum. Consitutui-se pelo Centro de Educação Ambiental, Quiosques, área de camping, estacionamento, além da área do viveiro e instalações, com algumas espécies frutíferas cultivadas, ( goiaba, mamão, limão, etc.) e um grupo de Canafístulas (Peltophorum dubium) (7-12 m de altura ), além existe um arboreto recente (6 anos ), pequeno porém relativamente bem conduzido, com as espécies Ipê-roxo, (Tabebuia heptaphylla) Canafístula, (Peltophorum dubium) Leucena, (Leucena leucocephala) Tipuana, (Tipuana tipu) Cassia-imperial, (Cassia sp.) Manduirana (Senna macranthera) e Sobrasil, (Colubrina triplinervia) apresentando em média 4-6 m de altura; carecem no entanto de manejo adequado ( desbastes ) e medições sistemáticas. 4.1.7 - Aspectos da Avi-Fauna O levantamento de dados para verificação da presença de animais através de observação direta ou de vestígios (principalmente de mamíferos), é trabalho gradativo que exige tempo e constância no campo. Estes dados foram obtidos, baseados em algumas horas de caminhada e informações de especialistas. A Reserva Florestal de Jurema, segundo MILANO, RIZZI e KANIAK ( 1986 ), é uma área de floresta primária fortemente alterada. Nessas condições, a mastofauna que resiste às modificações antrópicas e que frequenta a área pode ser restringida a algumas poucas espécies conhecidas,tais como o Cachorro-do-mato, o Gambá, o Coati, o Macacoprego,Tatus,Cotias e roedores silvestres. Como área protegida, com potencial de uso científico, foi introduzido um jacaré no açude artificial, que ali sobrevive em condições mais seguras. Em complemento ao levantamento da avifauna, baseado em informações de SCHERER NETO, chegou-se a uma lista parcial (anexo 1) com 33 espécies pertencentes a 18 famílias,sendo predominanantes nesta lista, espécies de passeriformes da sub ordem OSCINES, o que faculta à Reserva uma avaliação de área profundamente alterada, baseado em índice da relação SUBOSCINES / OSCINES (SLUD,1.976 ), com um baixo valor ( SO/O = 0,58 ), concordando com a avaliação supracitada de MILANO, RIZZI & KANIAK (op. cit. ) A alteração das áreas naturais, causa um profundo desiquilíbrio populacional, ocorrendo então uma diminuição de predadores e competidores naturais, causando aumento exagerado na população de outras espécies. Teoricamente, estes processos já estão ocorrendo na Reserva Florestal de Jurema, restando como tentativa de solução, um aprofundamento de conhecimento das relações entre as espécies ali existentes, no sentido de poder ser implementado no programa de manejo que o torne eficiente ao longo do tempo. 4.1.8- Aspecto Paisagístico - Ambiental da Reserva. A paisagem da Reserva florestal de Jurema é constituída de três ambientes básicos: a floresta original, as formações sucessoras, reflorestamentos (Projeto Madeira) e o lago. Na Floresta original, já significativamente alterada, observa-se infiltração e dominância de espécies integrantes da floresta secundária. A presença de centenários Ipês, (Tabebuia heptaphylla) Peroba, (Aspidosperma polyneuron) Cedros (Cedrela fissilis) e outros, além da exuberância e valor científico, configuram à paisagem um aspecto histórico, uma vez que encontra-se uma das últimas amostras representativas do ecossistema da região. As formações sucessoras (capoeira e capoeirão), resultado da utilização da área para pastagem, com invasão do capim - colonião, está num estágio bastante avançado atualmente, devendo no futuro integrar a floresta original que circunvizinha a área. Conseqüência de dois represamentos, o lago com suas águas límpidas, apresenta um belo quadro, de forte potencial para a recreação, lazer, educação ambiental e interpretação da natureza. Às margens do lago encontra-se de um lado a floresta e de outro a área de lazer com quiosques cobertos e em seguida um arboreto com espécies nativas, e o antigo Centro de Reintegração de Fauna que está desativado e dará lugar a pequeno museu de flora. Na entrada da reserva é encontrado um plantio de espécies ornamentais (Cerca Viva), o que será totalmente reordenada tendo em vista projeto de readequação da estrada de acesso ao interior da Unidade. Há também um pequeno bosque de espécies nativas associadas a espécies exóticas Leucenas (Leucena leucocephala) que não interem na paisagem de forma negativa, pois as espécies nativas se sobrepoem as exóticas. 4.2 - FATORES SÓCIO-ECONÔMICOS 4.2.1- Características da População Em 1.980 o Município de Amaporã, contava com 350 habitantes, correspondendo a 1,1 % da população da Microregião 283, que é constituida por 29 municípios. Tem como municípios limítrofes Planaltina do Paraná com 4.692 habitantes; Guairaçá com 7.105 habitantes; Paranavaí com 65.290 habitantes; Mirador com 2.008 habitantes; Guaporema com 2.701 habitantes e Cidade Gaúcha com 8.241 habitantes, totalizando 90.037 habitantes em 1.980. Conforme os censos do IBGE, houve um decréscimo significativo na população de Amaporã, onde foi registrada uma população de 7.921 habitantes em 1960, 4.843 habitantes em 1970 e 3.250 em 1980, ou seja uma redução de 39% de 1960 a 1970 e de 59% de 1970 a 1980. Este resultado reflete o êxodo rural decorrente do sistema irracional de culturas, que empobreceu os solos, transformando-os em áreas de pastagem, trazendo com consequência a atual situação fundiária. Dos 3.250 habitantes de Amaporã, segundo o censo de 1980, 1.817 (56%) estão na área urbana e 1.433 ( 44% ) na área rural; 1.984 ( 52% ) são do sexo masculino e 1.566 (48%) do sexo feminino, registrando umrelativo equilíbrio, porém com destaque a uma população masculina maior na área rural em relação a população feminina 674 (21%) pessoas possuindo o nível elementar, l56 (5%) com o nível de Primeiro Grau, 87 (3%) com o nível de Segundo Grau e 18 (0,5%) com Curso Universitário De acordo com levantamento de 1986 da Associação de Desenvolvimento Comunitário de Amaporã (ADAMA), o muninicípio apresenta 797 pessoas analfabetas; 1212 pessoas com Primeiro Grau completo e 1511 pessoas com Primeiro Grau imcompleto; 427 pessoas com Segundo Grau completo e 376 pessoas com Segundo Grau incompleto. Atividades às quais a população local está ligada, bem como a expressão numérica das relações são apresentadas nos quadros 2,3 e 4 abaixo: 4.2.2 - Economia rural A economia da MRH é baseada na pecuária, com predominância do rebanho bovino, possuindo aproximadamente 1.140.000 cabeças, o que favorece às indústrias de laticínios da região, o aproveitamento de couros, peles e outros produtos de origem animal (FAFIPA, 1984 ). No tocante a produção agrícola, convém salientar a alta produtividade das culturas de mandioca, na industrialização da farinha, também como fins carburantes, do café e arroz irrigado (FAFIPA, 1984 ). Segundo a ADAMA, existem no município de Amaporã apenas 24,20 ha de pomares com frutas diversificadas e 35% da população cultiva horta no quintal. 4.2.3- Meios de relação - transportes e comunicação Amaporã dista 33 Km da cidade de Paranavaí, sede regional, e 533 Km da cidade de Curitiba, capital do Estado, tendo acesso à primeira pela PR 218 e à segunda pela BR 376. A Reserva fica a 500 m da cidade de Amaporã, entre esta e Planaltina do Paraná (fig. 3 ). A infra-estrutura de comunicação no município é razoável, sendo dotado de sistema telefônico DDD, com dois postos telefônicos e 52 terminais instalados nas residências, qutro canais de televisão sediados em Maringá, Londrina e Apucarana, três estações de rádio de Paranavaí, recebendo ainda jornais. A cidade de Amaporã conta com um posto de combustível e um terminal rodoviário. QUADRO II - Ocupação econômica da população de Amaporã por setor de atividades Distribuição da população de Amaporã por setor de atividades econômicas Ano Atividades Administração Outras Condições Sociais Pública Atividades Inativas Econom Econom Econom Econom Econom Econom . . Ativas . . . Ativas . ñ Ativas ñ Ativas Ativas ñ Ativas 1970 1980 63 68 11 - 03 54 10 50 24 30 21 35 128 183 4.2.4. Recepção, Recreio e Turismo A Unidade assume significativa importância na questão recreativa e turística, além da educação ambiental, uma vez que na região praticamente existem atividades de lazer ligadas diretamente à natureza e dotadas de infra-estrutura. Com um centro de Educação Ambiental, trilha interpretativa áreas de lazer e camping dotadas de toda infra-estrutura básica, a área vem preencher esta lacuna ???????????????????????????? Como opção de recreação, a população regional freqüenta atualmente recantos naturais às margens do Rio Paraná, Paranapanema e algumas praias artificiais, no entanto sem qualquer condição de associar o lazer a questão ambiental. Com a abertura a visitação pública desde 1992, pode-se observar que há uma grande demanda de visitantes a utilização da estrutura de lazer existente, se considerarmos que não houve nenhum tipo de divulgação, apenas propagação natural, onde os visitantes por si mesmo de encarregam de divulgar as belezas naturais que observam nas visitas. Portanto, pode-se conclui que a área dispõe de um grande potencial a ser explorado, basta apenas fazer um bom trabalho adequado de divulgação na região. 4.2.5. Valores Culturais " Entre as últimas regiões do Estado do Paraná a serem povoadas e colonizadas, como decorrência do ciclo do café, está a imensa zona situada a noroeste, nas bacias do Rio Paraná e Paranapanema nos limites do Paraná com o Mato Grosso. Aindo no início do século XVI, Espanhóis e Portugueses fizeram as suas primeiras lutas pela posse efetiva da terra (IBGE, 1959)". As primeiras terras a serem desbravadas e colonizadas por Mineiros e Paulistas com o intuito de achar novas terras para o plantio de café, foram as do Norte do Paraná, hoje conhecida como "Norte Pioneiro". Depois de feita uma análise do potencial das novas terras, a empresa colonizadora britânica "Paraná Plantations Company", através subsidiária, Companhia de Terras Norte do Paraná, adquiriu do Governo do Estado do Paraná e de diversos posseiros uma gleba de 515.000 alqueires, que viria a se constituir no "Norte Novo". Com o arrendamento da estrada de ferro no trecho OurinhosCambará, no ano de 1929, ocorreu um processo considerável nesta região, chegando a antingir as terras que margeiam o Rio Tibagi. Quando houve a deflagração da Segunda Guerra Mundial, um grupo Paulista adquiriu dos ingleses a chamada Companhia de terras, que passou a ser denominada "Companhia Melhoramentos Norte do Paraná", somando esta nova estrutura mais 30.000 alqueires das terras existentes. Os princípios implantados para que houvesse um desenvolvimento satisfatório na região foram a construção de uma rodovia, afim de facilitar o acesso e dar maior segurança ao escoamento da produção, incentivar núcleos básicos de colonização, aproveitando o eixo rodoviário, sendo que deveria existir entre esses núcleos uma distância máxima de 100 km (FAFIPA, 1984). Entre os núcleos, fundaran-se pequenos patrimônios com a finalidade de abastecer a população rural. O último princípo adotado foi a divisão rural, em áreas não superior a 15 alqueires, ajustadas a produção dos solos (FAFIPA, 1984). Até o ano de 1928 toda região do vale do Ivaí era considerada despovoada, coberta de matas virgens, constituídas de terras devolutas de propriedades do Estado do Paraná. A partir de então foi que se iniciou o povoamento e a colonização dessa região. O Único meio de comunicação até então existente era uma estrada que partindo de Presidente Prudente, no Estado de São Paulo, cruzava o Rio Paranapanema e atingindo a localidade, onde mais tarde surgiu a cidade de Paranavaí (IBGE, 1959). Paranavaí surgiu na antiga Fazenda Montóia, onde hoje se encontra a fazenda experimental do IAPAR. em 1930 já existia um cartório de Registro Civil, o que significa que Montóia naquela época era distrito Juduciário. A partir de 1930, o povoamento deslocou-se rapidamente para a Fazenda Brasileira - atual zona urbana do Município - em cujas terras viregns e férteis foi plantado nada menos que um milhão de pés de café. A inesgotável exuberância da Fazenda Brasileira atraiu, em curto espaço de tempo, pessoas de todos os quadrantes do País, que de uma ou outra forma vieram contribuir para o progresso e desenvolvimento da cidade nascente (FAFIPA, 1984). Amaporã inicialmente denominada "Jurema", foi elevada à categoria de distrito, pertecente ao Município de Paranavaí, em 23 de Agosto de 1955, segundo a Lei nº 116 de 25 de julho de 1960, de acordo com a lei nº 4.245 o Distrito foi elevado à categoria de Município, passando a denominar-se Amaporã, segundo a Lei nº 37, de 13 de junho de 1965. 4.2.6. Usos da Unidade 4.2.6.1. Uso anterior da área A área de propriedade do Estado do Paraná foi invadida por volta de 1950 pelo Sr. Percy Guimarães. Na mesma época iniciou-se o desmatamento de parte da área para fins de culturas agrícolas (Milho, feijão, arroz, etc.). Posteriormente, o primitivo ocupante Sr. Percy Guimarães, cendeu a posse do imóvel a Jaffer Felício.Jorge (década de 70), que utilizou-se da área desmatada para pastagens, até ser indenizado pelo Estado do Paraná em 1979. época em que passou a ser adminstrada pelo Estado, como Reserva Florestal de Jurema. Em 1980 iniciou-se as atividades de produção de mudas florestais na área, coma instalação deum viveiro. 4.2.6.2. Uso atual da área Atualmente desenvolve-se trabalhos de Educação Ambiental, Lazer e visitação pública com caminhadas e atividades ecológicas, envolvendo escolas, entidades e públicos em geral. A área onde funcionava o centro de reintegração de fauna (desativado)será transformado em um pequeno museu de flora. 4.2.6.3. Usos conflitantes Consideran-se conflitantes com os objetivos básicos de manejo de áreas silvestres a existência do viveiro florestal, muito embora venha a dar suporte aos programas de recuperação das áreas degradadas, e as torres de transmissão da COPEL com a respectiva rede elétrica. 4.2.7. Patrimônio instalado e benfeitorias Encontran-se instalados na área da Unidade de Conservação as seguintes benfeitorias e equipamentos; - 6.000 mts de cercas com 5 fios de arame liso; - Duas rodas d'água; - 02 reservatórios d'agua com capacidade de 30.000 l cada; - 01 casa de madeira com edícula em alvenaria medindo 108 m2; - 01 casa em alvenaria medindo 72, 24m2; - 01 centro de visitantes medindo 72,36 m2; - 01 almoxarifado em alvenaria medindo 48 m2; - 01 barracão de madeira para trabalho medindo 180m2; - 01 refeitório de madeira medindo 45 m2; - 02 sanitários duplos em alvenaria medindo 3,5 m2 cada; - 10 conjuntos (quiosque) sem cobertura; - 06 conjuntos (quiosque) com cobertura; - 01 trilha interpretativa com 1.500 mts; - 03 pontos de água potável; - 01 estacionamento com 2400 m2; - 01 telefone e fax; - 01 sistema de comunicação interno VHF com três estações; - 01 Veiculo Fusca - 01 Motocicleta de 125 cc - 01 Trator CBT 10 65 com carreta 5 - MANEJO E DESENVOLVIMENTO 5.1 - Parque Estadual Conforme FUNATURA, Refúgios de Vida Silvestres podem ser áreas terrestres e/ ou aquáticas em que a proteção e manejo são necessários para assegurar a existencia e / ou a reprodução de determinadas espécies ou comunidades de flora e / ou fauna, residentes ou migratórias, de importância significativa. A proteção daquelas pode requerer manipulação de habitat e controle dos inimigos naturais para propiciar condições ótimas as espécies ou comunidades a proteger. A visitação pública pode ser permitida ou não, depedendo das condições particulares de cada caso, devendo sempre prevalecer as necessidades de conservação da natureza. Os objetivos de manejo primários são: contribuir para a preservação da diversidade biológica, mediante a proteção de determinados sítios com características bióticas de particular interesse; proteger espécies raras,endêmicas, vulneráveis ou em perigo de extição; propiciar fluxo genético entre áreas protegidas, quando as características do sítio o permitirem; preservar recursos de flora e / ou fauna; e favorecer pesquisas e estudos de caráter biológico ou ecológico. Como objetivo de manejo secundário é considerada a proteção de ecossistemas naturais relacionados com a espécie ou espécies que deseja especialmente proteger. 5.2. - OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE MANEJO Foram identificadas para a Reserva Florestal de Jurema os seguintes objetivos específicos de manejo: 1)Preservar o ecossistema Floresta- Estacional Semidecidual típico da região; 2)Preservar espécies importantes da flora, tais como peroba (Aspidosperma polyneuron ) , guaritá ( Apoleia leiocarpa ), canafístula ( Peltophorum dubium ), ipê roxo ( Tabebuia avellanedae ),etc.; 3)Preservarespécies importantes da fauna, tais como: lontra ( Lutra platensis ), paca ( Cuniculus paca ), capivara ( Hidrochaeris hidrochaeris ), bugio ( Alouatta fusca ), etc.; 4) Preservar as nascentes d`água existentes na Reserva Florestal de Jurema, formadoras do rio de mesmo nome, significativamente importante para o abastecimento d`água local; 5) estimular atividades de pesquisas dentro da Uniadade, como exemplo, o acompanhamento da evolução da flora nos seus diversos estágios sucessionais e levantamentos faunísticos; 6)Promover atividades de Educação Ambiental e interpretação da natureza; 7)Propiciar oportunidades de recreação moderada para a população usuária da Unidade, tais como passeios a pé observação de aves, fotografias da natureza, atividades esportivas, banhos, etc.; 8)Manejar áreas da Uniddade onde acorreram ações antrópicas, direta e indiretamente incorporando-as a zona primitiva; 9) Detrminar a capaciade de cerga da Zona de Uso Intensivo e Extensivo, garantindo um melhor aproveirtamento social com o mínimo impacto ambiemtal. 5.3. - Zoneamento Levando-se em consideração as diferentes necessidades de proteção, os vários níveis de intensidade de uso previstos para a área e o sistema de zoneamento adotado no Brasil, a Reserva Florestal de Jurema comporta cinco zonas distintas: Zona Primitiva, Zona de Recuperação, Zona de Uso Intensivo, Zona de Uso Extensivo e Zona de Uso Especial. ( Fig. 6 ). 5.3.1 - Zona Primitiva Definição e Objetivos Esta Zona consiste de áreas naturais onde a intervenção ocorrida tenha sido pequena ou mínima e pode conter ecossistemas únicos, espécies de flora e fauna ou fenômenos naturais de grande valor científico,que eventualmente podem tolerar o uso limitados do público. O objetivo geral de manejo é preservar o ambiente para que evolua naturalmente, podendo-se permitir a pesquisa científica autorizada, a Educação Ambiental e, eventualmente, o uso limitado do público para a Recreação ecológica: Os objetivos específicos de manejo são: a ) Proteger o ecossistema, já parcialmente alterado, para que através da evolução natural volte a sua situação original: b ) Proteger espécies da fauna raras ou ameaçadas de extinção; c ) Possibilitar as atividades de pesquisas científicas que forneçam informações para o melhor conhecimento dos recursos naturais da Reserva e subsídios para seu manejo e para a interpretação da natureza. Descrição Ocupa a maior área da Reserva (cerca de 70% ), constituí da pela floresta primária alterada, e por uma parcela de floresta secundária. Normas a ) Não será permitida a visitação pública, à execeção de situações especiais que venham contribuir para o reconhecimento da importância da Reserva e da conervação da natureza, autorizadas pelo IAP, após análise do Departamento de Recursos Naturais Renováveis. b ) As atividades de pesquisas científicas deverão ter prévia autorização da Gerência e serem consideradas importantes para a Reserva Florestal, sem comprometer a integridade do ecossistema; c ) A infra-estrutura desta zona se restringirá às picadas necessárias ao desenvolvimento das atividades científicas de proteção, e de interpretação da natureza no desenvolvimento de educação ambiental orientada; d) As atividades de fiscalização serão exercidas na periferia das zonas principalmente, e dentro delas quando extremamente necessário; e ) Não será permitida a introdução de quaisquer espécies exóticas de flora e fauna. 5.3.2. - Zona de Recuperação. Definição e Objetivos É uma zona constituída de área significativamente alterada pela ação humana, de caráter provisório. Esta zona terá sua área parcial ou totalmente incorporadaa outras zonas, à medida que a recuperação tenha sido alcançada. O processo de recuperação deverá ser o mais natural possível, e as espécies exóticas introduzidas na área deverão ser gradativamente removidas. O objetivo geral de manejo é a restauração da área, acompanhada de constante monitoramento para acompanhamento das mudanças que ocorrerem na flora e fauna dessas áreaa. Objetivos Específicos: a ) Manejar a área recuperada, para que futuramente ela possa intergrar a zona Primitiva: Descrição Esta zona abrange aproximadamente 20% da Unidade dividindo-se em duas áreas: a primeira constitui-se em um capoeirão em franca recuperaçáo natural e a segunda foi destina ao Projeto madeira que está sendo manejado: Normas a ) A visitação pública só será permitida com fins de Educação Ambiental e científico; b ) No manejo não será permitido o aparecimento de espécies exóticas; c ) Os técnicos do IAP dererão continuar monitorando a área; d ) As pesquisas científicas poderão ser executadas desde que compatíveis com os objetivos de manejo, a serem previamente autorizadas pelo IAP através da gerencia da área. OBS: Tendo em vista o processo de franca recuperação considera-se uma zona de transição, que deverá ser incorporada futuramente a outras zonas. 5.3.3. - Zona de Uso Intensivo. Definição e Objetivos Esta zona é constituída de áreas naturais alteradas pelo homem, sendo que o ambiente deve ser mais natural possível e conter expedientes que estimulem a Educação Ambiental. Deve possuir toda a infra-estrutura básica necessária à recepção, estadia de visitante, lazer e recreação intensa, harmonizada com o ambiente. O objetivo geral do manejo desta zona é promover uma maior integração entre o homem e a natureza e proporcionar lazer mais intensivo, com o mínimo de impacto negativo sobre o ambiente. Objetivos específicos: a) Dotar de infra-estrutura mínima ( sanitários, água potável, quiosques com bancos e mesas, centro de visitantes ) para propiciar a visitação pública a Educação Ambiental e lazer ; b) Fornecer ao visitante toda a informação necessária sobre a unidade, tais como: sua importância, possibilidades de recreação e normas de comportamento; c) Adequar o aspecto paisagístico de toda a área.??????????????????? Descrição Esta zona ocupa cerca de 5% da área da U.C. É composta do lago, da área acima deste, áreas de laze I e II, centro de visitantes e estacionamento, limitando-se com o viveiro florestal. Normas a) A visitação e uso da área será livre observando as normas e diretrizes da Unidade de Conservação. b) Os veiculos automotores terão acesso somente até o estacionamento, com exceção dos veículos da administração; c) Não será permitida a entrada e permanência de animais domésticos; d) O lixo produzidos nesta zona deverá ser retirado da Unidade e dada a destinação correta; e) Serão permitidos os esportes aquáticos, desde que tenha uma relação ou objetivos diretos com a interpretação ou educação ambiental ; f) O lago poderá ser utilizado para promoções organizadas pelo IAP e entidades afins (ex. concurso de pesca, devidamente regulamentado ) ; g) As construções necessárias dentro desta zona deverão primar pelo uso de material e estilo arquitetônico coerentes com o ambiente natural de Reserva. h) As modalidades de recreação permitida serão fotografias, passeios a pé,observação da vida silvestre, camping, piqueniques, atividades esportiva,etc. i) Esta zona deverá ser fiscalizada constantemente: j) Não será permitdo o uso de fogueiras e churrasqueiras portátesi fora dessa área, pelo público visitante; k) Deverá ser respeitada a capacidade de carga da `rea. O Número de pessoas por caminhada está pervisto no regulamento interno da Unidade; l) A sinalização deverá ser de fácil leitura e harmônica com o ambiente natural da Unidade; m) Os visitantes que mantiverem comportamento não compatíveis com as normas internas de uso da unidade, deverão adequar-se ou retirar-se da área; n) Após as 22:00 horas não serão permitidas aparelhos sonoros que alterem o ambiente local, pertubando a as condoções naturais local. 5.3.4. - Zona de Uso Extensivo Definição e Objetivos Esta zona consiste principalmente de áreas naturais onde a intervenção humana tenha sido pequena, devendo englobar amostras significativas dos ambientes típicos da Unidade. Deve ser constituída de ambientes suficientetemente resistentes para permitir algumas facilidades educativas e recreativas. Constitui uma zona de transição entre as zonas primitivas e de uso intensivo. O objetivo geral de manejo é a manutenção do ambiente natural , porém, propiciando facilidades de acesso ao público com fins educativos e recreativos em escala extensiva. Objetivo especifico: a) Oferecer oportunidade aos visitantes de adentrar as florestas permitindo um contato direto com a natureza através das trilhas interpretativas ; b) Possibilitar que o vistante posa disntinguir um amobiente alterado com outro não alterado significativamente; c) Mostrar aos vistantes algumas fases do processo de recupração de uma floresta a alguns benefícios diretos para o meio que floresta traz. Descrição Esta zona restringe-se a uma faixa de transição entre a zona de uso intensivo e zona primitiva de recuperação e uso extensivo e a trilha que adentra a floresta secundária e seu entorno, ocupando aproximadamente cerca de 2% da área total. Normas a) O acesso público será permitido , em escala extensiva; b) A fiscalização deverá ser regular; c) Deverão serem instalados um ponto de descanso em áreas de relevante interesse da interpretação da natureza, junto ao majestoso Ipê Roxo existente na trilha; d) A sinalização deverá ser de fácil leitura e harmônica com o meio. e) O acesso de grupos de visitantes devrá obedecer o número previsto no regulamento interno da unidade, objetivando minimizar os impactos ambientais, sempre acompanhados por um monitor devidamente habilitado; 5.3.5. - Zona de Uso Especial. Derfinição e Objetivos A esta zona pertencem as áreas necessárias à administração, manutenção e serviços da U.C, contando com as instalações básicas necessárias. O objetivo geral desta zona é a administração da área. Objetivos específicos: a ) Centralizar as atividades de administração e serviços da U.C, visando sua otimização funcional; b ) Fazer a manutenção da faixa de segurança abaixo da linha de transmissão da COPEL, de forma a minimizar o impacto visual que ela provoca. Descrição Esta zona compreende o viveiro florestal, o centro de reintegração de fauna (desativado), a faixa sob a linha de transmissão da COPEL, o escritório de administração da Reserva e a casa do Guarda-parque e viveirista, além das instalações atinentes a essas áreas de trabalho; Normas a ) A presença de animais domésticos será permitida nesta zona, desde que comprovada sua necessidade; b ) O lixo gerado nesta zona deverá ser removido da Reserva e dade a destinação adequada; c ) Os funcionários da U.C e seus dependentes não poderão se valer dos recursos naturais renováveis do mesmo em proveito próprio; d ) Quando necessário, utilizar medidas preventivas contra a erosão; e ) Desenvolver pasiagismo como forma de integração da zona aos princípios ecológicos. 5.4. - PROGRAMAS DE MANEJO Para implementação de Plano de Manejo da Reserva Florestal de Jurema foram concebidos três programas de manejo: Programa de Uso Público, Programa de Administração e Programa de Manejo de Manejo de Meio Ambiente. 5.4.1. - Programa de Manejo do Meio Ambiente 5.4.1.1 Sub-programa de investigação Objetivos a) Aprofundar os conhecimentos sobre os recursos naturais renováveis da área, visando otimizar o manejo da U.C Atividades a ) Promover convênios com instituições de pesquisa ou estimular pesquisadores para condução de estudos sobre os recursos naturais renováveis da U.C. Normas a ) As pesquisas a serem realizadas deverão ter a autorização da Gerencia da Unidade e ouvido o setor técnico competente se necessário. b ) Cópias de todas as pequisas e publicações relacionadas a área deverão ser arquivadas no DIBAP - DUC e no Centro de Visitantes da U.C; c ) Através da administração da Unidade e do Departamento DIBAP - DUC , será fornecido aos pequisadores os dados já disponiveis à pesquisa proposta. 5.4.1.2. Sub-programa de Maanejos e Recursos Objetivos a ) Manter uma amostra inalterada do ecossistema floresta pluvial tropical: b ) Manejar as áreas em processo de recuperação, alteradas por processos antrópicos, até atingir um estágio semelhante ao da floresta original, integrando-a a zona primitiva, posteriormente; c) Garantir o desenvolvimento de programas educativos e interpretação ambiental. Atividades a) Proteção integral das áreas de floresta primária alterada secundária e capoeira / capoeirão e áreas florestadas; b) Dar tratamento paisagístico na áreas fortemente alteradas, onde acontecerá moderada ou intensica visitação pública; c) Desenvolver atividades silviculturais adequadas a uma recuperação da forma mais natural possível; d)Manejar as trilhas interpretativas, para propiciar o máximo de aproveitamento das atividades ali executadas. Normas a) Preferêncialmente serão usadas espécies regionais nos tratamentos paisagísticos; b) Para acelerar a recuperação das áreas alteradas poderão ser usados processos silviculturais de enriquecimento; 5.4.1.3. Sub-programa de Monitoramento Objetivos a) Avaliar periodicamente a situação dos recursos naturais da Unidade; b) Conhecer o visitante da Reserva quanto as características etárias, culturais, sociais e econômicas e sua influência sobre os recursos da Reserva e / ouno contexto regional. c) Monitorar a área de uso intensivo de modo que se otimize a relação uso/custo/benefício, principalmente no campo sócio mbiental. Atividades a) Elaborar fichas adequadas e manter registros estatísticos de fenômenos naturais que ocorram na Reserva ( dados fenológico, atividades estacionais da fauna, tais xomo: migração, nidificação,piracema, etc., interrelações flora- fauna, processos de evolução da capoeira e capoeirinha e outros ); b) Elaborar fichas adequadas e manter registros estatísticos dos visitantes, seus interesses, ações predatórias, tipos de visitas. c) Manter registro fotográfico periódico dos locais de interesse. d) Capacitar pessoal para atendimento na área dd ecepção pública, monitoramento e tabulação de dados. Normas a) O material utilizado no monitoriamento ( fichas, fotografias ) deverá ser mantido na sede da Unidade e divulgação quando necessário. 5.4.2. Programa de Uso Público 5.4.2.1. Sub- programa de Recreação, Interpretação e Educação Objetivos a) Proporcionar oportunidades recreativas aos visitantes, compatíveis com os objetivos e recursos da Reserva, tais como: lazer, caminhadas ecológicas e passeios a pé, fotografias, observação da vida silvestre e dinâmicas ecológicas. b) Ajudar o visitante a entender e apreciasr os recursos naturais, bem como as consequências da ação humana sobre este, de modo que sua experiência seja agradável; c) Dar oportunidade de estudos práticos a estudantes e professores. Atividades a) Elaborar um plano de interpretação para a Unidade de Conservação, fundamentalmente para a trilha existente, viveiro, floresta, lago. b) Operacionalizar o centro de visitantes; c) Elaborar material explicativo e educativo sobre a Unidade de Conservação, tais como folders, folhetos, etc. d) Preparar um acervo audiovisual sobre a Unidade de Conservação para fins de educação ambiental. e) Divulgar a disponibilidade da Unidade de Conservação para utilização em estudos práticos por estudantes e professores; f) Implantar a trilha da aventura, na zona de uso intensivo, de forma a oferecer maiores atrativos aos visitantes g) Implantar áreas de descanso na trilha nos pontos maiores interesses; h) Viabilizar projeto de comunicação visual da U.C. j) Otimizar o uso das diversas áreas técnicas da Unidade de Conservação pra o desenvolvimento de um programa de Edicação Ambiental Abrangente. Normas a) As placas de sinalização ou interpretação, deverão transmitir com clareza a mensagem desejada e primar pela harmonia com o ambiente; b) Não será permitida a coleta de lenha para uso em churrasqueira; c ) Os serviços sanitários contarão com tomada de água potável, pia e esgoto ligado a fossa séptica ; d) Toda as construções previstas deverão ser em estiloarquitetônico condizente com o ambente natural; e) Nas promoções que venham a ser realizadas pelo IAP as condições de segurança deverão ser incrementadas; f) Não será permitido aos visitantes dar alimentos aos animais silvestres em seu meio natural; g) Não será permitida a visita as trilhas sem o acompanhamento de monitores da U.C. 5.4.3. Programa de Operação 5.4.3.1. Sub-programa de Proteção Objetivos a) Proteger os recursos naturais e as instalações físicas da Unidade; b) Proporcionar segurança aos visitantes; c) Envolver as propriedades do entorno no Sistema Integrado de Prevenção e Combate a Incêndios - SIpreCI - da Unidade já elaborado; Atividades a) Manter patrulhas nas divisas da Unidade, coibundo a entrada de caçadores, pescadores ou outras pessoas que visem a deoredação da área; b) Manter limpa as trilhas de divisas da Unidade (Açeiros); c) Manter constante vigilância e orientação aos visitantes nos períodos de maior visitação nos locais que ofoerecem riscos (Lago, trilhas, etc.); d) Colocar placas proibindo a coleta de plantas e outros elementos que compõem a flora e fauna; e) Identificar possíveis pontos problemáticos de vivitas e encaminhar soluções neste sentido; f) Manter na sede da Unidade equipamentos de primeiros socorros, bem como. treinar os funcionários que trabalham com visitantes; g) Implementar o SIpreCI - Sistema Integrado de Prevenção e Combate a Incêndios da Unidade ; Normas a) A Pesca e a caça são proibidas a qualquer pessoa e de qualquer forma, salvo para fins cintíficos com a devida autorização do orgão competente e promoções de concurso de pesca com fins de educação ambiental; b) A apreensão de animais, bemcomo a coleta de espécies vegetais, com fins de pesquisa científica só serão autorizadas pelo DIBAP-DUC, sendo que as pessoas autorizadas deverão ser devidamente credenciadas e por tempo determinada; c) Deverá ser mantido materias de combate a incêndios em locais de fácil acesso e treinamento periódicos; d) Monitorar o uso de fogo na área de entorno imediato. 5.4.3.2. Sub-Programa de Manutenção Objetivos a) Preservar as instalações e equipamentos da Unidadem matendo-as em condições de funcionalidade e limpeza; Atividades a) Cumprir todas as tarefas de rotina necessárias ao bom funcionamento da Unidade, tais como; manutenção dos equipamentos e instalações; b) manter limpos os caminhos, trilhas de interpretação e áreas de lazer c) Manter estoque de material de limpeza; d) Coletar periodicamente o lixo existente e dar a destinação adequada a este material, preferencilamente, separando o biodegradável reciclável. Normas a) Prefencialmente todas as atividades previstas deverão ser exercidas por funcionários do IAP e/ou comunidade; 5.4.3.3. Sub-Programa de Administração Objetivos a) Dotar a unidade de pessoal capacitado para dar cumprimento aos programas de manejo; b) Implementar o Plano de Manejo da Unidade, conforme estabelecido e centralizar as infromações para posteriores revisões. Atividades a) Viabilizare treinar o corpo funcional da Unidade para o bom desenvolvimento das atividades a serem executas; b) Estabelecer as prioridades de serviços e/ou ações por parte do IAP necessários à implementação do presente palno; c) Estabelecer as prioridades de auisição de equipamentos e/ou materias à implementação do plano; d) Readequação na produção de mudas do viveiro, passando a produzir essências nativas e dando prioridade de atendimento a U.C., quando solicitado. Normas a) O Gerente da área será um técnico do quadro de pessoal de funcionários do IAP, com comprovado conhecimentos de manejo de áreas silvestres; b) As atividades do viveiro florestal , deverão ser compatibilizadas com os objetivos da U.C., notadamente nas questões ligadas à conservação e execução ambiental; c) As construções necessárias ao bom desenvolvimento das atividades da Unidade, deverão ser construídas na Zona de Especial e com arquitetura compatível ao ambiente; d) Todos os funcionários da Unidade deverão serem treinados para as suas funções, bem como receber informações gerias sobre conservação da natureza e manejo de áreas silvestres; e) A determinação do numero total de funcionários será estabelecido com o decorrer da implementação do plano e com a execução de projetos específicos 6 - CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO O Plano de manejo determkina a exigência de uma escala de prioridades para exeucução que deverão ser implementadas conforme conograma de atividades. De acordo com o Plano Emergencial em fase final de implantação, fica estabelecida uma escala de prioridades I e II que deverão serem vencidas num prazo máximo de 06 meses, como segue; Prioridade I: - Elaborar e implnantar um projeto de comunicação visual, interno e externo à Unidade; - Readequar e pavimentar a entrada e acesso até o estacionamento para visitantes; - Implantar a trilha da aventura; - Construir passarela sobre a represa e modificar parte do traçado da atual trilha; - Produzir material de educação ambiental ( Reeditar e melhorar o que já existe). Prioridade II: - Projetar e executar obras de paisagismo na zona de uso especial, em especial no acesso ao estacionamento; - Treinar os funionários da Unidade sob as atividades inerentes ao manejo da área; - Elaborar fichas para monitorar os recursos naturais (Através de observações casuais); - Adquirir uniformes e equipamentos esoecíficos para a Unidade; - Implemetar as atividades de relações públicas e divulgação da Unidade; - Implantar sistema de manutenção e reposição, no que tange a construções e ferramentas e equipamentos. Relação das Espécies Vegetais Coletadas e Observadas na Reserva Florestal de Jurema ( Roderjan 1988 ). Siglas utilizadas: Hábito Estrato Ocorrência AV: árvore AB: arbusto EV: erva LI : Lima EP: Epífita NOME POPULAR DO: dominante CD : codominante DN : dominado HA : Herbáreo-arbustivo NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA F1 : floresta primária F2 : floresta secundária Cb : Capoeira P/Cc: Pastag./Capoeirinha UC : área de uso comum. HÁBITO OCORRÊNCIA EXTRATO Açoita-Cavalo F1,F2,çb, p Alecrim Amendoim Angico (ver gurucaia) Araçá Luehea divaricata DO Holocalyx balansae Pterogyne nitens Leguminosae Leguminosae AV AV F1, F2 F1 DO DO Psidium sp. Myrtaceae AV F1, F2, Cb DN Ariticum-cagão Arranha-gato Annona cacans Mimosa sp. AV LI F1, F2 Cb F1, F2 CD HA Assa-peixe Borba-de-bode Branquilho Cabreúva Canafístula Cernonia cf. twedieana Tillandsia sp. Sebastiania sp. Myrocarpus frondosus Peltophorum dubium EV EP AV AV AV Cb, p/Cc F1 F2 F1, F2 F1,F2,Cb,Uc HA CD DN CD DO Canela-de-veado Canela-guaicá Canelão Canjerana Capim-colonião Capororocão Cássia-imperial Helietta longifoliata Ocotea puberula Annonaceae Leguminosae -Mim. Compositae Bromeliaceae Euphorbiaceae Leguminosae Leguminosae - Caes. Rutaceae Lauraceae Lauraceae Meliaceae Gramineae Myrsinaceae Leguminosae - Caes. Meliacear Araceae Cecropiaceae Flacourtiaceae Myrtaceae Leguminosae - pap. Moraceae Solanaceae Myrtaceae Leguminosae - Mim. Myrtaceae AV AV AV AV EV AV AV F1, F2 F1, F2 F1 F1, F2 F1,F2,Cb,P/Cc F1, F2, Cb UC DN CD CD CD HA DN AV EP AV AV AV AV F1, F2 F1 F1, F2 F1 UC F1, F2 CD CD DN CD AV AV AV AV F1, F2 F2, Cb,P/Cc Cb, p/Cc, Uc F1, F2, Cb DO CD DO AV F1, F2 CD AV F1, F2, Cb DN Cedro Cipó-imbé Embaúba Espeteiro Eucalipto Feijão-crú Figueira Fumo-bravo Goiabeira Gurucaia Guabiroba Guaçatunga Cabralea canjerana Panicum maximum Rapenea umbellata Cassia sp. Cedrela fissilis Philodendron sp. Cecropia adenopus Casearia sp. Eucalyptus sp. Lonchocarpus muehlbergianus Ficus sp. Solanum erianthum Psidium guajava Parapíptadenia rigida Campomanesia xantocarpha. Casearia sp. Tiliaceae Flacourtiaceae AV CD Guaritá guatambu Ingá Kleinodendron sp. Esembeckia sp. Ingá sp. Euphorbiaceae Rutaceae Leguminosae - Mim. AV AV AV Nome Popular Ipê Roxo Jaracatiá Jerivá Leucena Limão-rosa Leiteiro Nome Científico Tabebuia heptaphilla Jaracatiá spinosa Cocos romanzoffianum Leucena luecocephala Citrus sp. Sapium glandulatum Família Bignoniaceae Caricaceae Plamae Leguminosae-Mim. Rutaceae Euphorbiáceae Mamica-de-porca Mamona Zanthoxyllun huemalis Ricinus communis Rutaceae Euphorbiáceae AV AB Manduirana Marfin Senna macranthera Balfourodendron riedelianum Diatenopteryx sorbifolia Matayba eaeagnóides Acácia poliphylla Bauhinia forficata Aspydosperma polyneuron Eugenia sp. Melia azedarach Colubrina glandulosa Alchornea triplinervia Leguminosae Rutaceae Maria-preta Miguel pintado Monjoleiro Pata-de-vaca Peroba Pitanga Santa bárbara Sopbrasil Tapiá Taquara Tipuana Vacum Vassourinha Tipuana tipu Allophyllus sp. Baccharis spp. Hábito AV AV AV AV AV AV F1, F2 F1 F1, F2, Cb DO DN DN Extrato DO DN DN AV AV Ocorrência F1-UC F1-F2 F1-F2 Uc Uc F1,F2,Cb, P/cc F1,F2,Cb Cb,P/cc, UC Uc F1,F2 Sapindaceae Sapindáceae Leguminosae-Mim. Leguminosae Apocynaceae AV AV AV AV AV F1,F2 F1,F2,Cb F2,Cb F1,F2,Cb F1,F2 CD CD DO DN DO Myrtáceae Meliaceae Rhamnaceae Euphorbiáceae Graminea Leguminosae - Pap. Sao«pindaceae Compositae AV AV AV AV EV AV AV AB F1,F2,Cb Cb,P/Cc F1,F2,Uc F1,F2,Cb F1,F2 Uc F1,F2 Cb, P/Cc DN CD CD CD DN DN DN DO DN CD APRESENTAÇÃO As unidades de conservação são áreas com características naturais relevantes, legalmente instituídas pelo Poder Público, seja Federal, Estadual ou Municipal para a proteção da natureza, com objetivos e limites definidos. O Plano de Manejo é um instrumento de planejamento e gerenciamento de Unidades de Conservação, elaborado após a devida análise dos fatores bióticos, abióticos e antrópicos existentes na unidade e em seu entorno, e que prevê ações de manejo a serem implementadas. A necessidade da elaboração do Plano de Manejo para as Unidades de Conservação de Proteção Integral, consta do Decreto Federal n° 84.017, de 21 de setembro de 1979, em seu Artigo 5°: "A fim de compatibilizar a preservação dos ecossistemas protegidos, com a utilização dos benefícios deles advindos, serão elaborados estudos das diretrizes visando a um manejo ecológico adequado e que constituirão o Plano de Manejo." O Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC (Lei n° 9.985/00), regulamentada pelo Decreto Federal n° 4.340/02 define Plano de Manejo como: "Documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive e implantação das estruturas físicas e necessárias à gestão da unidade." Com a finalidade de fornecer as bases para a elaboração dos planos de manejo das Unidades de Conservação de Proteção Integral, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, elaborou um documento denominado por Roteiro Metodológico de Planejamento - Parques Nacionais, Reservas Biológicas e Estações Ecológicas (IBAMA, 2002). O Parque Estadual de São Camilo foi criado como Reserva Biológica de São Camilo, através do Decreto nº 6.595 do Governador do Estado do Paraná, em 22 de fevereiro de 1990. A área, já logo após sua criação, começou a ser utilizada pela população da região como local de lazer e visitação, atividades que legalmente não são permitidas para a categoria “Reserva Biológica”. Com a finalidade de não somente preservar a biodiversidade local, mas também permitir a visitação, atividades de lazer e educação ambiental, o órgão gestor da área recomendou a recategorização da UC para a categoria de “Parque Estadual”, alteração que deverá ser oficializada por decreto do Governo do Estado do Paraná A UC tem como objetivo primário proteger a fauna e flora da região, pois abriga áreas de cobertura vegetal em avançado estágio de recuperação, possibilitando a sua preservação, e representa um refúgio para a fauna, sendo um dos últimos fragmentos florestais de porte considerável na região. Além da proteção à biodiversidade, a UC se encontra aberta à visitação e ao lazer, permitindo o ecoturismo e a realização de pesquisas científicas. O presente documento, denominado por Plano de Manejo do Parque Estadual de São Camilo, segue as recomendações do Roteiro Metodológico de Planejamento (IBAMA, 2002), e é composto pelos Encartes 1 a 4 e Anexos, conforme descrito a seguir: – – – – Encarte 1 - Contextualização da Unidade de Conservação: insere a UC no enfoque Federal, e descreve a importância e representatividade do Parque perante o SNUC. No âmbito Estadual, aborda as relações institucionais e socioambientais e sua importância como área protegida dentro do Estado; Encarte 2 - Análise da Região da UC: contextualiza a região do Parque, considerando-se como região, o município abrangido pela mesma e a sua Zona de Amortecimento (ZA); Encarte 3 - Análise da Unidade de Conservação: tem como objetivo central o diagnóstico do Parque, através da análise de seus fatores bióticos, abióticos e os fatores relativos às atividades humanas existentes. São descritas ainda: a infra-estrutura disponível, as atividades desenvolvidas atualmente na Unidade, tanto as apropriadas, quanto as conflitantes. Ao final é realizada uma síntese dos fatores internos e externos da UC, de onde são extraídos os aspectos relevantes, destacando sua significância enquanto Unidade protegida; Encarte 4 - Planejamento: trata do planejamento da UC e sua Zona de Amortecimento, abordando a avaliação estratégica da Unidade, os objetivos específicos de manejo, o zoneamento e o planejamento por áreas de atuação, com seus respectivos cronogramas físico-financeiros, que detalham estimativamente os custos das ações propostas, permitindo-se uma avaliação prévia dos custos totais de implementação do Plano de Manejo, em um horizonte de 05 anos. Ficha Técnica da Unidade de Conservação A ficha técnica do Parque Estadual de São Camilo é apresentada na Tabela 1. Tabela 1 - Ficha Técnica da Unidade de Conservação FICHA TÉCNICA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO Nome da Unidade de Conservação: PARQUE ESTADUAL DE SÃO CAMILO Instituto Ambiental do Paraná: Rua Engenheiros Rebouças, 1206 Rebouças, Curitiba/PR Tel. (41) 3213-3700 Fax (41) 3333-6508 email [email protected] CEP 80.215-100 Unidade Gestora Responsável (UGR): IAP/Regional Toledo Endereço Regional Rua Guaíra, 3132 Centro Toledo/PR CEP 85.903-220 Telefone/ Fax (45) 3252-2270 E-mail [email protected] / [email protected] Superficie da UC mapeada (ha) 387,30 ha Superficie da UC decreto (ha) 385,3442 ha Perímetro da UC (km) 14.352,10 m Município(s) que abrange e percentual Palotina - 0,59% abrangido pela UC Estado (s) que abrange Paraná Coordenadas geográficas* SE: 24°18’00” S e 53°55’30” W SD: 24°18’00” S e 53°53’30” W IE: 24°19’30” S e 53°55’30” W ID: 24°19’30” S e 53°53’30” W Data de criação e número do Decreto Decreto de Criação: n° 6.595 de 22/02/90 Marcos geográficos referenciais dos limites Limite Norte: propriedades Limite Sul: estrada municipal Leste: estrada municipal Oeste: rio São Camilo Bioma e ecossistemas Floresta Estacional Semidecidual Atividades ocorrentes Educação ambiental No Parque são desenvolvidas atividades de educação ambiental e lazer Fiscalização Fiscalização realizada por funcionário próprio da Unidade, com apoio do IAP de Toledo Pesquisa Visitação Atividades conflitantes Na Unidade de Conservação não existem projetos de pesquisa em andamento, conforme informações do IAP O Parque está aberto à visitação pública, e conta com infraestrutura de apoio ao turista, como: estacionamento, Centro de Visitantes, quiosques, ponte sobre o lago, porém necessita de adequações para comportar um possível aumento no fluxo de visitantes (placas de sinalização, adequação nas trilhas, etc) Atividades de caça, armadilhas no entorno imediato; Presença de agrotóxicos e materiais utilizados para os trabalhos desenvolvidos pelo IAPAR, dentro da UC; Pressão do entorno sobre a UC; Extrativismo vegetal irregular. Legenda: *SE = superior esquerdo; SD = superior direito; IE = inferior esquerdo; ID = inferior direito. CONTEÚDO Pág. 1 - CONTEXTUALIZAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO .................................... 1.1 1.1 - Enfoque Federal (Baseado em IBAMA, 2002) .................................................. 1.1 1.1.1 - Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) ............................ 1.1 1.1.2 - Parque Nacional/Estadual/Municipal............................................................. 1.4 1.1.2.1 - Histórico da Criação dos Parques Nacionais ........................................ 1.4 1.1.2.2 - Enquadramento Ecológico..................................................................... 1.6 1.2 - Enfoque Estadual ................................................................................................ 1.8 1.2.1 - Implicações Ambientais ................................................................................. 1.9 1.2.1.1 - Unidades de Conservação no Estado ................................................... 1.10 1.2.2 - Implicações Institucionais .............................................................................. 1.12 1.2.2.1 - Instituições ............................................................................................. 1.12 1.2.2.1.1 - Instituições Estaduais..................................................................... 1.12 1.2.2.1.2 - Instituições Municipais ................................................................... 1.14 1.2.2.2 - Iniciativas Governamentais.................................................................... 1.14 1.2.3 - Potencialidades de Cooperação.................................................................... 1.19 i LISTA DE TABELAS Pág. Tabela 1.01 - Áreas Protegidas em Parques Nacionais ...................................................... 1.5 Tabela 1.02 - Unidades de Conservação no Estado do Paraná.......................................... 1.10 ii 1 - CONTEXTUALIZAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO O documento apresentado, denominado Encarte 1 - Contextualização da Unidade de Conservação, tem como objetivo inserir o Parque Estadual de São Camilo, no enfoque Federal abordando os ambientes que a Unidade de Conservação abrange, sua representatividade para o SNUC e em relação a outras unidades, inclusive avaliando as possibilidades de conectividade com outras áreas protegidas; e no enfoque Estadual, qual a sua importância como área protegida, as implicações ambientais, institucionais e as potencialidades de cooperação. 1.1 - Enfoque Federal (Baseado em IBAMA, 2002) Uma das melhores estratégias de proteção aos atributos e patrimônio naturais é a criação e implementação de Unidades de Conservação, áreas protegidas pelo poder público, pela iniciativa privada ou mesmo por organizações não-governamentais (ONG’s). Nestas áreas, a fauna e a flora são conservadas, assim como os processos ecológicos que regem os ecossistemas, garantindo a manutenção do estoque da biodiversidade e a sustentabilidade dos recursos naturais. Estas unidades são criadas por instrumentos legais específicos, que definem seus limites, dimensão, município (s) abrangido (s) e organismo gestor. Outra característica importante é a existência de um sistema estruturado onde se inserem as Unidades de Conservação, tendo este a finalidade de organizar, proteger e gerenciar estas áreas protegidas, apoiado por legislação específica. 1.1.1 - Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) Almejando atingir os objetivos da conservação e a eficiência das UC’s, e ordenando as áreas protegidas nos níveis federal, estadual e municipal; foi instituído em 18 de julho de 2.000, através da Lei N° 9.985, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC. Os objetivos do SNUC, de acordo como o disposto na Lei, são os seguintes: Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais; Proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional; Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; Promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento; Proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica; 1.1 Proteger as características de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, paleontológica e cultural; Proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos; Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental; Valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; Favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico; Proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais,respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente. As Unidades de Conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com características específicas: Unidades de Uso Sustentável; e, Unidades de Proteção Integral. O Grupo das Unidades de Uso Sustentável tem como objetivo compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais, dividindo-se nas seguintes categorias: Área de Proteção Ambiental É uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Área de Relevante Interesse Ecológico É uma área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza. Floresta Nacional É uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa cientifica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas. 1.2 Reserva Extrativista É uma área utilizada por populações locais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. Reserva de Fauna É uma área natural com populações de animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. Reserva de Desenvolvimento Sustentável Conforme definição do SNUC, é uma área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica. Reserva Particular do Patrimônio Natural É uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. O grupo das Unidades de Proteção Integral que tem como objetivo básico preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, sendo composto pelas categorias listadas a seguir. Estação Ecológica Tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas. É proibida a visitação pública, exceto com objetivo educacional e a pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável. Reserva Biológica Tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos. Monumento Natural Tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. 1.3 Refúgio da Vida Silvestre Tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória. Parque Nacional Tem como objetivo básico à preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. 1.1.2 - Parque Nacional/Estadual/Municipal A Unidade de Conservação em estudo pertence à categoria Parque, na qual é permitida a visitação pública para fins recreativos e educacionais, regulamentada pelo plano de manejo da unidade. São ainda permitidas, quando autorizadas pelo órgão administrador do Parque, pesquisas para fins científicos. Estas se sujeitam às condições e restrições determinadas pelo órgão gestor, bem como às recomendações do plano de manejo. 1.1.2.1 - Histórico da Criação dos Parques Nacionais A criação dos três primeiros Parques Nacionais no Brasil, no período de 1935 a 1939 refletiu o início da sensibilização mundial para a necessidade da existência de espaços naturais institucionalmente protegidos. A rede de áreas naturais legalmente protegidas foi iniciada com a criação dos Parques Nacionais do Itatiaia (1937), da Serra dos Órgãos (1939) e do Iguaçu (1939), estes Parques eram administrados pelo Serviço Florestal do Ministério da Agricultura. No período de 1940 a 1958, nenhuma Unidade de Conservação foi criada. Em 1959, foram criados mais três Parques Nacionais: Araguaia, Ubajara e Aparados da Serra, destinados a proteger belezas cênicas. Em 1961, foram criados os Parques Nacionais de Brasília, da Chapada dos Veadeiros e das Emas, com o objetivo de proteger o bioma Cerrado. Ainda no período 1960 a 1964, áreas com atributos naturais tornaram-se Parques: Caparaó, Monte Pascoal, Tijuca, Sete Cidades e São Joaquim. O Decreto-lei no 289/67, cria o Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal (IBDF), que passa a ser responsável pela administração das Unidades de Conservação. O período de 1970 a 1974, foi marcado pelo início da criação de Unidades de Conservação na região Norte, onde foi possível estabelecer grandes Unidades, pela região apresentar um grande vazio populacional. Foram criados então os Parques Nacionais da Amazônia, de Pacaás Novos e do Pico da Neblina. Ainda durante este período foram criados na região Sudeste os Parques da Serra da Bocaína e da Serra da Canastra. Em 1979, foi criado o Parque Nacional da Serra da Capivara, pelo seu valor arqueológico. 1.4 O início da década de 80, representa um marco na criação de Unidades de Conservação, foram criados 6 parques e protegidos 6.800.000,00 ha no total das unidades criadas, somente o Parque Nacional do Jaú protegeu 2.272.000,00 ha, o que representa um terço do valor total desta área. No período de 1985 a 1989, foram criados 8 Parques Nacionais: da Serra do Divisor, o maior do período com 846.408,00 ha, do Monte Roraima, da Chapada Diamantina, Marinho de Fernando de Noronha, Grande Sertão Veredas, da Lagoa do Peixe, do Superagui e da Chapada dos Guimarães. Em 1989 foi criado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Sustentáveis (IBAMA), englobando dois órgãos ambientais, IBDF e a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), homogeneizando a política de criação de Unidades de Conservação. Entre os anos de 1995 e 1999, foram criados 9 Unidades de Conservação, sendo 8 Parques Nacionais, refletindo a abertura de UC à visitação pública. Os Parques criados são: Viruá, Serra da Mocidade, Serra das Confusões, do Pau Brasil, do Descobrimento, da Restinga de Jurubatiba, Cavernas do Peruaçu, e Ilha Grande. Já entre 2000 e 2002, foram criados 9 Parques: Jericoacoara, do Catimbau, das SempreVivas, dos Pontões Capixabas, de Saint-Hilaire/Lange, da Serra da Bodoquena, da Serra da Cutia, das Nascentes do Rio Parnaíba e Montanhas do Tumucumaque. Em 2004 e 2005 foram criados 6 Parques: da Serra Itabaiana, Grande Sertão Veredas, das Araucárias, Serra do Pardo, Serra do Itajaí e Chapada das Mesas. Até meados de 2006 foram criados mais 5 Parques Nacionais, perfazendo um total aproximado de 4.300.000,00 ha: do Jamanxim, do Juruena, do Rio Novo, dos Campos Amazônicos e dos Campos Gerais. Atualmente são 62 Parques Nacionais, perfazendo um total de 27.444.434,45 ha, protegidos por essa categoria de Unidade de Conservação, sendo que no bioma Amazônico encontrase a maior quantidade de hectares protegidos (73,80%), seguido dos biomas: Cerrado (14,99%) e Mata Atlântica (5,91%). A Tabela 1.01 apresenta a distribuição das áreas protegidas em Parques conforme o bioma onde estão localizados e o percentual que estas áreas representam no total de área protegida pelos Parques Nacionais (Anexo 1.01). Tabela 1.01 - Áreas Protegidas em Parques Nacionais ÁREA DO BIOMA PROTEGIDA (ha) % DO TOTAL DE PARQUES 19.995.749,00 73,80 Cerrado 4.114.711,00 14,99 Mata Atlântica Costeiro/Mata Atlântica 1.622.220,00 5,91 Ecótono Cerrado/Caatinga 827.555,00 3,02 Costeiro 176.471,00 0,64 BIOMAS Amazônia 1.5 ÁREA DO BIOMA PROTEGIDA (ha) % DO TOTAL DE PARQUES Cerrado/Pantanal 136.028,00 0,50 Marinho 88.246,00 0,32 Caatinga Caatinga/Mata Atlântica 70.520,00 0,26 Campos Sulinos 36.749,00 0,13 25.225,00 0,09 27.444.434,45 100 BIOMAS Ecótono Caatinga/Amazônia TOTAL Fonte: IBAMA, 2006 Obs.: Quando os dados não estavam disponíveis no site do IBAMA, foram encontrados nos Decretos de Criação das UCs 1.1.2.2 - Enquadramento Ecológico Objetivando orientar o conhecimento sobre os ambientes naturais protegidos pelas unidades de conservação, apresenta-se a seguir o enquadramento ecológico. Vegetação O enquadramento da vegetação dos Parques Nacionais foi baseado no documento denominado “Classificação da Vegetação Brasileira, Adaptada a um Sistema Universal” (Veloso et al., 1991). A vegetação no Brasil foi agrupada em 12 grandes formações: Áreas das Formações Pioneiras: (Sistema Edáfico de Primeira Ocupação) Subdivididas em Influência Marinha (restingas); Influência Flúvio-marinha (manguezal e campos salinos); e Influência fluvial (comunidades aluviais); Áreas de Tensão Ecológica: Sistemas de Transição (representado pelo contato entre biomas); Floresta Estacional Decidual: (Floresta Tropical Caducifólia) - caracterizada por duas estações climáticas (chuvosa e seca). Apresenta o estrato dominante com mais de 50% dos indivíduos despidos de folhagem no período seco; Floresta Estacional Semidecidual: (Floresta Tropical Sub-caducifólia) - está também condicionada à dupla estacionalidade climática. A porcentagem das espécies caducifólias no conjunto florestal situa-se entre 20 e 50%; Floresta Ombrófila Aberta: Apresenta quatro faciações florísticas que alteram a fisionomia ecológica da Floresta Ombrófila Densa, imprimindo-lhe clareiras, advindo daí o nome adotado, além dos gradientes climáticos com mais de 60 dias secos por ano; Floresta Ombrófila Mista: (Floresta das Araucárias ou pinheiral) - tipo de vegetação predominante do planalto meridional; Floresta Ombrófila Densa: (Floresta Pluvial Tropical) - Está relacionada a fatores climáticos tropicais de elevadas temperaturas e de alta precipitação, bem distribuídas 1.6 durante o ano, o que determina uma situação bioecológica praticamente sem período seco; Refúgios Ecológicos: (Relíquias) - toda e qualquer vegetação florísticamente e fisionômico-ecológica diferente do contexto geral da flora dominante em determinada região ecológica; Campinarana: Termo regionalista brasileiro empregado para a área do alto rio Negro como sinônimo de campina, que também significa na linguagem dos indígenas falso campo. Foi adotado por ser ímpar na fitogeografia mundial. Este tipo de vegetação próprio da Hylaea amazônica ocorre em áreas fronteiriças da Colômbia e Venezuela, sem similar fora do território florístico endêmico, adaptado ao solo Podzol Hidromórfico; Savana: (Cerrado e Campos) - Termo criado para designar os Lhanos arbolados da Venezuela, foi introduzido na África como Savannah. Veio universalizar as definições regionais para cerrado e campo sujo. É conceituada como uma vegetação xeromorfa sobre solos lixiviados aluminizados, de clima estacional (mais ou menos seis meses secos), podendo não obstante ser encontrada também em clima ombrófilo; Savana Estépica: (Vegetação de Roraima, Chaquenha e parte da Campanha Gaúcha) - Esta fisionomia foi extrapolada como sinônimo universalizado do termo indígena Tupi- Guarani “caatinga”; Estepe: Termo de procedência russa empregado originalmente na Zona Holártica, foi extrapolado por apresentar homologia ecológica para outras áreas mundiais, inclusive a Neotropical brasileira. Está sendo utilizada para denominar os campos gerais paranaenses, a campanha gaúcha e porções da caatinga. De acordo com o enquadramento da vegetação a cobertura original do Parque Estadual de São Camilo é a Floresta Estacional Semidecidual. Ainda segundo Veloso et al. (1991) a Floresta Estacional Semidecidual está relacionada em toda a sua área de ocorrência a um clima de duas estações definidas, uma chuvosa e outra seca, ou então a uma acentuada variação térmica. É caracterizada por comunidades vegetais dos quais 20 a 50% dos indivíduos do estrato arbóreo superior perdem as folhas durante a estação desfavorável (períodos de seca, no nordeste e centro-oeste brasileiro; ou frio, nas regiões sul e sudeste). Seu limite estabelecido através da relação entre a sazonalidade e a estreita variação fisionômica que essa formação apresenta. Assim, estende-se de maneira descontínua por estados das regiões nordeste, centro-oeste, sudeste e sul do país, alcançando a bacia do rio Uruguai, o Paraguai e a Argentina. Hidrografia A Hidrografia é um elemento natural marcante na paisagem brasileira. O Brasil possui a rede hidrográfica mais extensa do Globo, com 55.457 km2. Muitos de seus rios destacam-se pela profundidade, largura e extensão, o que constitui um importante recurso natural. Em decorrência da natureza do relevo, predominam os rios de planalto. 1.7 Os rios de planalto predominam em áreas de elevado índice pluviométrico. A existência de desníveis no terreno e o grande volume de água contribuem para a produção de hidreletricidade. As principais bacias hidrográficas brasileiras são: Bacia Amazônica, Bacia Araguaia/Tocantins, Bacia Platina, Bacia do São Francisco e Bacia do Atlântico Sul. do A Bacia Platina é constituída pelas sub-bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai. Seus principais rios são: Uruguai, Paraguai, Iguaçu; Paraná; Tietê; Paranapanema, Grande, Parnaíba, Taquari e Sepotuba. O Terceiro Planalto, onde se localiza o Parque, é praticamente todo drenado pela bacia hidrográfica dos rios Iguaçu e Paraná. O Parque se encontra em uma região levemente ondulada, de formações basálticas, na bacia hidrográfica do Rio Piquiri, com as drenagens em direção ao rio Paraná. O Parque Estadual de São Camilo tem como um de seus objetivos a preservação dos rios e nascentes da região, com destaque para o Rio (ou sangra) Quati, que atravessa a UC e deságua no Rio São Camilo, que dá nome à UC. 1.2 - Enfoque Estadual O Estado do Paraná, com sua área total de 199.314,85 km² (IBGE, 2004), abrange importantes áreas naturais de interesse ecológico, científico e biológico, com destaque para a Floresta Ombrófila Mista, ou Floresta com Araucárias. Além dos recursos naturais abundantes no Estados, tais como riquezas minerais, recursos hídricos, grande diversidade de fauna e flora, potencial energético expressivo e atrativos turísticos; existe uma intensa atividade antrópica, principalmente na forma da agropecuária, silvicultura e mineração. As atividades agropecuárias e florestais ocupam cerca de 14.000.000 de hectares, o que representa cerca de 70% do território do Paraná. O setor energético tem presença marcante com dezenas de usinas hidrelétricas, se destacando a barragem de Itaipu, Segredo, Salto Caxias, Osório, e refinarias como a REPAR, em Araucária. Conforme informações do próprio governo estadual, o Paraná é um dos Estados com a maior geração hidrelétrica do país, aproveitando intensamente seu potencial hídrico. A ampliação do aproveitamento hidrelétrico no Estado seria possível, porém causaria ainda mais impactos sobre fauna, flora e bacias hidrográficas. A industrialização no Estado vem ocorrendo de forma acelerada, sendo responsável pelo desenvolvimento social e econômico, muitas vezes em detrimento ao Meio Ambiente. Indústrias dos mais diversos setores vêm se instalando no Estado, multinacionais do ramo automobilístico, siderúrgico e a indústria de precisão dos componentes eletrônicos. A biodiversidade também é bastante expressiva no Estado, que possui diferentes tipologias vegetais e biomas, como áreas de Floresta Atlântica, Cerrados, Campos e Campos de Altitude, Floresta Estacional e Floresta Ombrófila Mista. Esta diversidade foi bastante degradada, restando poucas áreas com florestas protegidas, pois grande parte das tipologias nativas foi transformada em pastagens e áreas agrícolas. 1.8 O Paraná apresentava originalmente mais de 80% de sua área recoberta por formações florestais, segundo Maack (1981), mas o ritmo intenso de devastação fez com que as florestas ficassem restritas a cerca de 8% da área do Estado (Fundação SOS Mata Atlântica et al., 1998). Tal devastação foi mais intensa e acelerada nas regiões norte e oeste, fato relacionado diretamente à alta fertilidade dos solos associada à recente colonização dessa porção do Estado, onde as florestas foram transformadas em pastagem ou áreas de cultivo de café, feijão, milho e soja, restando apenas alguns remanescentes representativos de Floresta Estacional Semidecidual, que outrora cobria toda a região. 1.2.1 - Implicações Ambientais O Parque Estadual de São Camilo foi criado como Reserva Biológica, com o objetivo de preservar a fauna e flora da região e as margens do Rio São Camilo, e se enquadra na categoria de Unidade de Proteção Integral. Nesta categoria está assegurada a proteção integral dos recursos hídricos e minerais, da fauna e da flora, sendo permitida a exploração do turismo sustentável e a pesquisa científica. A área protegida pelo decreto abrange 385,34 ha do município de Palotina. Esta área equivale a 0,002% do território paranaense, ou 0,01% do total de áreas protegidas por UCs do Estado. Considerando a área deste Parque como um dos poucos fragmentos florestais da região, os ambientes existentes, a inserção do Parque no Corredor de Biodiversidade Caiuá-Ilha Grande, a possibilidade de ligação com outras UCs através das matas ciliares, torna-se de grande interesse a manutenção da Unidade de Conservação em questão. O Corredor de Biodiversidade Caiuá-Ilha Grande, parte integrante do Programa ParanáBiodiversidade, abrange mais de 15 municípios na região Oeste do Estado. Dentro do corredor estão importantes rios e bacias hidrográficas, como as do Paraná, Piquiri e Iratim. Nesse contexto o Parque potencializa e complementa as ações envolvendo o Corredor e o Programa Paraná-Biodiversidade. Para o Estado do Paraná o Parque traz uma série de benefícios, como a proteção da Floresta Estacional Semidecidual (FES) da bacia do rio Paraná, contexto no qual o Parque se insere. Segundo Ab’Saber (1977), esta formação compreende uma parte do bioma da Floresta Atlântica, ocorrendo desde o Estado da Bahia e Goiás até as Províncias de Misiones e Corrientes, na Argentina, e desenvolvendo-se sobre “mares de morros” desde áreas planálticas com altitudes superiores a 600 metros até as planícies do vale do rio Paraná. O conceito ecológico de Floresta Estacional Semidecidual relaciona-se com a dupla estacionalidade climática: uma tropical, com intensas chuvas de verão seguida por estiagem acentuada, e outra subtropical, sem período seco, mas com seca fisiológica provocada pelo intenso frio de inverno, com temperaturas médias inferiores a 15º C. Caracteriza-se pelo fenômeno da semidecidualidade estacional, onde cerca de 20% a 50% dos indivíduos do estrato superior perdem suas folhas na época desfavorável (IBGE, 1992). Para a região de Palotina, além da importância ambiental e ecológica, o Parque representa a principal alternativa de recreação, turismo e lazer, além de sua importância para a educação ambiental da população local. 1.9 Mesmo sendo uma Unidade de Conservação já implantada, com infra-estrutura de apoio, fiscalização e controle da visitação, a pressão sobre os ambientes naturais ainda é grande. Essa pressão ocorre principalmente no entorno e nas margens do Rio São Camilo, que tem sua mata ciliar bastante degradada. Essa pressão no e do entorno, através das propriedades agrícolas que fazem divisa com a UC, acaba por comprometer a qualidade ambiental do próprio Rio São Camilo, e toda a flora a fauna adjacente. Além disso, moradores do entorno praticam a caça e preparam armadilhas no entorno do parque, ameaçando a fauna da UC e da região. A presença de espécies exóticas, a falta de orientação aos visitantes e trilhas inadequadas são outros fatores que colocam em risco os objetivos de preservação da biodiversidade do Parque. 1.2.1.1 - Unidades de Conservação no Estado De acordo com o cadastro de Unidades de Conservação do Estado de Paraná e levantamentos junto aos órgãos municipais, estaduais e federais, existem atualmente 359 UC’s no Estado (IAP, 2005), incluídas as Unidades Federais, Estaduais, Municipais e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). O total de áreas protegidas inclui ainda, as áreas protegidas que as categorias de manejo não são reconhecidas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação, por exemplo, Horto Florestal/Municipal, Reserva Florestal, Parque Florestal, Área de Especial Interesse Turístico, Reserva Ecológica, Bosque Municipal e Jardim Botânico. Todas as Unidades de Conservação no Estado do Paraná protegem uma superfície de 3.069.423,54 hectares, equivalentes a 15,40% do território do Estado do Paraná, neste total estão incluídas as UC´s criadas até novembro de 2005 (Tabela 1.02). Tabela 1.02 - Unidades de Conservação no Estado do Paraná UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ÁREA TOTAL (ha) UC Federais Estação Ecológica Parque Nacional Floresta Nacional Área de Proteção Ambiental (APA) ARIE Reserva Particular do Patrimônio Natural Subtotal 13.638,90 323.552,50 4.223,78 1.294.557 109 6.857,18 1.642.938,36 UC Estaduais Estação Ecológica 6.581,17 Floresta Estadual 1.298,62 Reserva Biológica Parque Estadual Área de Proteção Ambiental 1.10 385,34 62.076,28 1.047.504,25 Reserva Particular do Patrimônio Natural 31.139,12 Área de Especial Interesse Turístico 66.732,99 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ÁREA TOTAL (ha) Área de Relevante Interesse Ecológico 339,30 Parque Florestal 249,58 Horto Florestal Reserva Florestal Subtotal 248,6 364,59 1.224.777,84 UC Municipais Reserva Biológica Parque Municipal Área de Proteção Ambiental Bosque Municipal Estação Ecológica Municipal 3,58 2.252,75 204.561,78 55,5 1,33 Floresta Municipal 25,35 Reserva Ecológica 55,52 Horto Municipal Área de Relevante Interesse Ecológico Jardim Botânico Subtotal Total 52,85 1533,66 22,49 208.564,81 3.076.281,01 Fonte: Instituto Ambiental do Paraná (IAP), 2005. O Estado conta com 10 Unidades de Conservação Federais (Anexo 1.02), que somam 1.642.938,36 hectares em áreas protegidas. Segundo o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), no Estado do Paraná existem também 63 Unidades de Conservação Estaduais (Anexo 1.03) que representam 1.224.777,84 hectares de áreas protegidas (contando com as RPPN’s). Essas Unidades estão distribuídas nas três ecorregiões que compõe a fitogeografia do Estado do Paraná: Floresta Ombrófila Densa (16 UCs), Floresta Ombrófila Mista (31 UCs) e Floresta Estacional Semidecidual (16 UCs). Dentre as 63 Unidades de Conservação Estaduais existentes no Paraná, 36 são de Proteção Integral e 27 são de Uso Sustentável. Existem ainda no Estado um total de 191 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), (Anexo 1.04) distribuídas em 84 municípios, perfazendo uma área de 37.996,30 hectares. Deste total 07 RPPNs são de âmbito Federal, somando 6.857,18 hectares e 184 áreas de âmbito Estadual, com 31.139,12 hectares. As 100 Unidades de Conservação Municipais no Estado, respondem pela conservação de 208.564,81 ha, em diversas categorias de UCs (Tabela 1.02). O Parque Estadual de São Camilo com 385,34 ha, é a única área protegida do município de Palotina, que possui 647 km2 de área territorial, representando 0,59% do município. 1.11 1.2.2 - Implicações Institucionais A seguir são listadas algumas instituições que atuam direta ou indiretamente na gestão do meio ambiente no Estado e no município de Palotina. São listados também grandes iniciativas governamentais federais ou estaduais que propiciam integração com a Unidade de Conservação. 1.2.2.1 - Instituições 1.2.2.1.1 - Instituições Estaduais Diversas instituições estaduais interagem para o apoio aos objetivos da UC, com atividades e programas específicos, buscando a cumprimento das recomendações estabelecidas no plano de manejo, visando à proteção da biodiversidade e o desenvolvimento social sustentável. No estado do Paraná os seguintes órgãos possuem algum tipo de atuação relacionada ao Sistema Estadual de Unidade de Conservação: SEMA (Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos) Formular e coordenar a política estadual de proteção e conservação do meio ambiente e de gerenciamento dos recursos hídricos e articular as políticas de gestão dos recursos ambientais, visando ao desenvolvimento sustentável no Estado do Paraná. Funciona através de uma estrutura básica formada pelo IAP e SUDERHSA. A gestão ambiental no estado é exercida, pela SEMA, que atua como coordenadora do SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente) no estado e integra o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Criada com o objetivo de formular e coordenar a política estadual de proteção do meio ambiente e o gerenciamento dos recursos hídricos, a SEMA exerce a articulação dos diferentes órgãos e instituições que atuam na área de meio ambiente em Paraná. IAP (Instituto Ambiental do Paraná) Coordenar, executar a política florestal e de gestão da pesca no Estado, além de administrar as Unidades de Conservação Estaduais de modo a assegurar a consecução dos objetivos e a consolidação do Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC). SUDERHSA (Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental) Entidade autárquica vinculada a SEMA, dentre as atividades da instituição estão: gerenciamento dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos; a realização de obras de saneamento e serviços técnicos de engenharia para o controle da erosão e recuperação de áreas degradadas; o desenvolvimento e execução de projetos de aterros sanitários, programas de coleta seletiva de lixo urbano e de embalagens de agrotóxicos; assim como a 1.12 promoção de pesquisa científica buscando soluções inovadoras para as questões relativas a erosão, saneamento ambiental e gestão de recursos hídricos. CEMA (Conselho Estadual de Meio Ambiente) Deliberar sobre diretrizes, políticas, normas regulamentares e técnicas, padrões e outras medidas de caráter operacional, para a proteção e conservação do meio ambiente e dos recursos ambientais, bem como sobre a sua aplicação pela SEMA, por meio das entidades a ela vinculadas. Organizado em câmaras técnicas, que têm competência para atuar na elaboração de normas, visando a proteção e a preservação ambiental, na sua área de atuação. CERH/PR (Conselho Estadual de Recursos Hídricos) Estabelecer normas e critérios que visem à prevenção ou mitigação dos danos provenientes da ocorrência de eventos hidrológicos adversos, bem como a regulamentação do regime de racionamento; Outras agências governamentais, organizações não governamentais, comunidade científica e representantes do setor empresarial, atuam formal ou informalmente, na gestão do meio ambiente ou geram demandas de ação dos órgãos que atuam diretamente na área ambiental. A participação de todos esses setores, fornecendo subsídios às tomadas de decisão, marca o novo conceito de participação para o desenvolvimento sustentável. Polícia Ambiental Componente da força Policial Militar realiza o policiamento ambiental ostensivo, visando o cumprimento dos dispositivos legais de proteção ao meio ambiente. Corpo de Bombeiros O Comando do Corpo de Bombeiros (CCB/PMPR) é um dos Comandos Intermediários da Polícia Militar que tem como missão constitucional à execução de atividades de defesa civil, prevenção e combate a incêndio, buscas, salvamentos e socorros públicos no âmbito do Estado do Paraná. Secretaria de Estado do Turismo A Secretaria de Turismo do Paraná, através da sua autarquia Paraná Turismo, é o organismo credenciado pelo Ministério do Turismo, através de convênio, para cadastrar, credenciar e fiscalizar as empresas, empreendimentos e serviços turísticos no Paraná. A Secretaria coordena as ações promocionais de divulgação de produtos, serviços e destinos turísticos paranaenses nos mercados estadual, nacional e internacional. Essas ações visam alcançar os objetivos delineados na Política Estadual de Turismo, assegurando o desenvolvimento sustentável e a inclusão social. 1.13 1.2.2.1.2 - Instituições Municipais No município de Palotina o seguinte órgão, possui algum tipo de atuação relacionada à Unidade de Conservação: Prefeitura Municipal de Palotina Além serem responsáveis pela fiscalização municipal, programas ambientais e sociais, as prefeituras podem cooperar com projetos específicos, por exemplo, incentivar e implementar a educação ambiental nas escolas, apoiar a criação de associações de guias e guardaparques, entre outros. Promover campanhas de conscientização, divulgação, mobilização da população na implementação do Parque. Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente Através da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente são realizados trabalhos de recuperação da mata ciliar no município, com plantio de espécies nativas. Para a produção das mudas, a prefeitura construiu 2 viveiros, com capacidade de produção de 90.000 mudas por ano. Existe um Técnico Agrícola responsável pelo funcionamento do viveiro, e contam ainda com a colaboração de estudantes para a manutenção e produção das mudas, através de uma parceria com o Colégio Agrícola do Oeste do Paraná, instituição estadual presente no município. Dispõe de veículo próprio, para transporte de mudas e material. Nesse ano ainda a prefeitura pretende finalizar a implantação do aterro sanitário no município, construindo em seguida um barracão para a coleta seletiva, equipado com prensa para os materiais recicláveis. Hoje o município conta com cerca de 30 agentes ambientais, que recolhem o material reciclável na cidade. Essa iniciativa tem o apoio da Itaipu Binacional, que colaborou com a compra de carrinhos para a coleta e outros materiais. Secretaria Municipal de Educação Juntamente com a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, desenvolve diversas atividades de Educação Ambiental com escolas do município e visitantes. As atividades se concentram no Parque Estadual de São Camilo, que possui estrutura adequada para tal. Secretaria Municipal de Saúde Outro programa municipal é o “Palotina rodando limpo”, campanha de coleta de pneus usados, que conta com apoio da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, e visa à diminuição da poluição ambiental e combate ao mosquito transmissor da dengue. 1.2.2.2 - Iniciativas Governamentais O programa de Meio Ambiente do Governo do Paraná tem como objetivo conservar a biodiversidade através de instrumentos de controle da qualidade ambiental, mediante a gestão, conservação e recuperação dos recursos naturais, água, ar, solo, flora e fauna, e desenvolver instrumento de organização e gerenciamento dos limites de uso e ocupação do território paranaense. 1.14 O programa justifica-se pela competência e necessidade do Estado de promover a gestão dos recursos hídricos e atmosféricos, biodiversidade e florestas, resíduos sólidos, controle e monitoramento ambiental, saneamento ambiental, gestão territorial e educação ambiental. O programa está sendo implantado pelas seguintes ações: a) licenciamento, monitoramento e fiscalização ambiental das atividades econômicas, obras e empreendimentos; b) gerenciamento de áreas protegidas; c) recomposição e recuperação de recursos naturais, envolvendo os diversos segmentos governamentais e iniciativa privada, tais como ONG's, órgãos de classe, instituições de ensino e pesquisa e setor produtivo. As ações do programa de Meio Ambiente são: Conservação e proteção da biodiversidade no Paraná, Zoneamento ecológico e econômico do Paraná; Proteção da Floresta Atlântica Pró-Atlântica; Pró-saneamento da Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental; Programa Nacional do Meio Ambiente (PNMAII/SEMA); Policiamento do meio ambiente; Ações agrárias, fundiárias e cartográficas; Recuperação ambiental de várzeas; Operacionalização do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FRHI); Administração e execução das ações do Fundo Estadual do Meio Ambiente (FEMA); Execução das ações civis e públicas do FEMA; Município Verde; Bacia Azul; Gerenciamento da estrutura administrativa da SEMA; Gerenciamento da estrutura administrativa da SUDERHSA; Gerenciamento da estrutura administrativa do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Programa Nacional do Meio Ambiente II - PNMA II Programa objeto de acordo entre o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Banco Mundial, está direcionado para o aperfeiçoamento do processo de gestão ambiental no país. O PNMA II tem como objetivos: fortalecer as instituições estaduais, otimizando o processo de licenciamento e monitoramento e estimular a adoção de práticas sustentáveis e de gestão integrada entre os setores que impactam os recursos naturais, buscando a melhoria da qualidade ambiental e a geração de benefícios socioeconômicos. Para se qualificar ao PNMA II, os Estados brasileiros elaboram um diagnóstico do seu Sistema de Licenciamento Ambiental e projetos visando a sua melhoria. O levantamento identificou como prioritárias, no campo do controle ambiental, as ações de monitoramento, licenciamento e ordenamento territorial (gerenciamento costeiro) e proteção de áreas naturais e recursos ambientais - especialmente os recursos hídricos e florestais. Levou-se em consideração, ainda, os princípios da Agenda 21 e o estilo democrático que se tem estimulado no País, como a gestão integrada e descentralizada com maior participação social voltada para a obtenção de resultados efetivos na qualidade ambiental e apoiada no estabelecimento de prioridades. Programa Mata Ciliar Teve início em 2003 com uma meta de plantar 90 milhões de árvores para recomposição da vegetação que protege às margens dos principais rios , bacias hidrográficas, mananciais de abastecimento público, Unidades de Conservação, reservatórios de usinas hidrelétricas e bacias dos rios do estado que integram os corredores de biodiversidade. 1.15 O Governo do Paraná investiu os recursos do programa na instalação de 22 viveiros estaduais, compra de viveiros - doados a 303 municípios, Colégios Agrícolas, SANEPAR, APAEs, Centros de Menores Infratores, penitenciárias, instituições públicas e privadas. Todos os 399 municípios paranaenses aderiram ao Programa. O programa Mata Ciliar trabalha em duas vertentes: recompondo a mata ciliar através do plantio de mudas de espécies nativas e disponibilizando recursos através do programa Paraná Biodiversidade para que pequenos agricultores que possuem criações façam o isolamento da área próxima às margens dos rios. As cercas servem para evitar que o gado paste nas áreas protegidas também financiadas. O Programa prevê ainda recursos para a instalação de bombas (elevadores) que irão tirar a água dos rios para dar de beber os rebanhos e irrigar as plantações. O abandono das áreas, deixando que a vegetação se recomponha naturalmente é outra forma de recomposição da mata ciliar onde existe vegetação nativa que possa servir como banco de sementes. ICMS Ecológico A partir de 1991, com a vigência da Lei Complementar no 59, de 1º de outubro de 1991, iniciou-se a distribuição de 5% do ICMS a municípios que abrigam em seu território unidades de conservação, áreas de preservação ambiental ou mananciais de abastecimento público. Tratou-se de uma lei pioneira, com amplas repercussões sobre o desenvolvimento e a qualidade de vida dos cidadãos. Recebeu o nome de Lei do ICMS Ecológico ou Lei dos Royalties Ecológicos, sendo aprovada pela Assembléia Legislativa do Estado do Paraná. O ICMS Ecológico passou a ser um instrumento para beneficiar os municípios que priorizam saneamento básico e as unidades de conservação. Com relação ao sub-critério Unidades de Conservação, o governo compensa os municípios que abrigam em seu território, UC federais, estaduais, municipais e particulares, após cadastramento junto ao IAP e mediante aprovação do CEMA. Para se habilitarem, os municípios tem que apresentar documentos que comprovem a existência da UC, os limites territoriais e as restrições ao uso do solo. O repasse do ICMS Ecológico, leva em consideração o percentual da área do município ocupada pela UC, sendo mais bem remunerado pelas áreas que possuem maior restrições de uso, em função da necessidade de sua proteção ambiental. Projeto Paraná Biodiversidade O Projeto Paraná Biodiversidade visa implantar três Corredores: Corredor Caiuá-Ilha Grande, Corredor Araucária e Corredor Iguaçu-Paraná, abrangendo uma área de 2.151.175 ha em três regiões distintas ao longo dos rios Iguaçu e Paraná, respectivamente a Floresta Estacional, Floresta com Araucária e uma área de transição entre estas duas ecorregiões. Somadas, as áreas dos três Corredores perfazem cerca de 10% da área total do Estado, abrangendo 63 municípios. Os principais parceiros e executores do Projeto são: Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral (SEPL); Instituto Ambiental do Paraná (IAP); Empresa de Assistência 1.16 Técnica e Extensão Rural (EMATER); Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (SEAB); Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hidrícos (SEMA). Entre as metas do Projeto está a elaboração do Planejamento Macro Estratégico (PME) que, a partir do conhecimento das características físicas, biológicas e socioeconômicas das áreas dos três Corredores, possibilitará a tomada de decisão sobre quais as conexões mais desejáveis entre o conjunto de microbacias de cada município. O Corredor de Biodiversidade é uma área formada por mosaicos de Unidades de Conservação e / ou áreas privadas de relevância ecológica que tem como objetivo propiciar o fluxo genético entre populações naturais da fauna e da flora, aumentando as chances de sobrevivência, a médio e longo prazo, das comunidades biológicas. Com a implantação dos corredores busca-se reduzir o isolamento das Unidades de Conservação, causado pela crescente fragmentação dos ambientes naturais. Possibilitando a adoção de um planejamento integrado das ações de conservação o que pode garantir a sobrevivência do maior número de espécies e o equilíbrio dos ecossistemas. Os parâmetros e critérios definidos e que deverão ser considerados no projeto, envolvem basicamente: a identificação de ambientes e de fragmentos florestais importantes para a efetivação da conectividade, de espécies de interesse e espécies bioindicadoras da flora e fauna nativa. Este conjunto de informações tomadas a partir de um marco referencial (marco zero) somado a outras variáveis ou parâmetros do meio físico e socioeconômico (que envolvem, por exemplo, o saneamento ambiental de propriedades inseridas nas microbacias, a ser desenvolvido pela EMATER), permitirá a obtenção de indicadores da evolução dos resultados almejados pelo Projeto e a formulação das diretrizes técnicas para conectividade dentro dos Corredores. Programa Força Verde O Programa Força Verde visa integrar as ações da Polícia Ambiental e do Instituto Ambiental do Paraná, com o objetivo de intensificar o patrulhamento e proteção do meio ambiente e Unidades de Conservação do Estado. O programa prevê investimentos para formação e capacitação de pessoal, ampliação do quadro funcional da Polícia Ambiental e infra-estrutura e equipamentos. O Programa Força Verde prever a implantação de Complexos Policiais Ambientais nas Unidades de Conservação Estaduais, possibilitando que os policiais “guarda-parques” residam nas Unidades. Município Verde O programa Município Verde corresponde a todas as ações no âmbito de cada município, como as ações de saneamento ambiental, à exemplo da coleta e acondicionamento do lixo (redução da produção), esgoto tratado, a água, drenagens e o controle de vetores, poluição sonora, a poluição visual, atmosférica, deficiência na arborização, entre outras. O município deverá obedecer determinados padrões de comportamento para ser certificado e assim terá mais acesso aos recursos do Fundo Estadual do Meio Ambiente, por exemplo. 1.17 Bacia Azul O programa Bacia Azul é o conjunto de ações no âmbito de uma bacia hidrográfica. A bacia é a unidade de planejamento e ação ambientalmente equilibrada. O programa comporta ações intermunicipais, para que obedeçam a uma lógica da natureza, e não uma lógica do limite político-geográfico dos municípios. As tarefas são aquelas que reequilibrem as bacias hidrográficas, reduzindo a carga poluente dos mananciais e protegendo as nascentes. Isso diz respeito à recuperação florística e faunística do estado: plantio das matas ciliares, reestruturação das reservas legais, ações de proteção do solo como as conhecidas ações de micro-bacias, recomposição de biomas destruídos e em processo de destruição e outras. Sistema Estadual de Reposição Florestal Obrigatória - SERFLOR Os objetivos do Sistema são, segundo o IAP (site): - Planejar e executar de forma auto-sustentada o consumo da matéria prima de origem florestal; - Tornar-se o mais vigoroso instrumento de política econômica na área florestal; - Tornar-se o instrumento de gestão destinado a promover o reflorestamento junto aos consumidores de matéria prima florestal, propiciando parcerias com os produtores rurais paranaense. Para tanto, foram elaboradas linhas de ação envolvendo descentralização, informatização do sistema, rapidez no atendimento do usuário entre outros. Sistema Estadual de Proteção à Fauna Silvestre – SISFAUNA Com o objetivo de “articular instituições e reunir esforços, para o desenvolvimento de melhores estratégias de proteção à fauna silvestre paranaense” (site IAP) o governo do Estado através do IAP está instituindo o SISFAUNA. Isto dado a necessidade de se organizar em um único local as ações de proteção da fauna desenvolvidas por diferentes instituições públicas e privadas. É prevista a elaboração de uma rede de informações objetivando desenvolver estratégias para a conservação de espécies. Sistema de Manutenção, Recuperação e Proteção da Reserva Florestal Legal e Áreas de Preservação Permanente - SISLEG O SISLEG, institucionalizado pelo Decreto Estadual 387/99, constitui-se em importante instrumento para “a manutenção dos remanescentes florestais nativos, a ampliação da cobertura florestal mínima visando a conservação da Biodiversidade e o uso dos recursos florestais, e o estabelecimento das zonas prioritárias para a conservação e recuperação de áreas florestais pela formação dos corredores de Biodiversidade” (site do IAP). Através do SISLEG está sendo delineado um banco de dados georreferenciado das propriedades rurais, bem como do uso do solo, APP e Reserva Legal. 1.18 Programa de Voluntariado nas Unidades de Conservação do Paraná – VOU O programa de voluntariado visa inserir pessoas espontaneamente no processo de manejo e proteção das Unidades de Conservação. São objetivos do programa segundo o IAP (site): Promover, incentivar e valorizar o trabalho voluntário nas Unidades de Conservação; Articular a oferta e a demanda de trabalho voluntário nas Unidades de Conservação; Promover o intercâmbio de experiências e ações entre os grupos de voluntários e profissionais do IAP; Potencializar a formação técnica e científica dos cidadãos interessados em atuar na questão ambiental. Permitir interação da sociedade com o IAP. 1.2.3 - Potencialidades de Cooperação Neste item são relacionadas algumas instituições, com base nas implicações ambientais e institucionais descritas anteriormente, que possuem ou não relação com o Parque, mas que podem se tornar potenciais parceiros técnicos no manejo e gestão da UC. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES O BNDES é um órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e tem como objetivo apoiar empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento do país. Os Programas Regionais do BNDES também tem investido na região, e estes investimentos poderão ser ampliados, principalmente em projetos ambientais, de saneamento, entre outros. Bancos e Instituições Financiadoras Algumas instituições financiadoras possuem linhas de crédito específicas para financiamentos de projetos em Unidade de Conservação e projetos de desenvolvimento, como por exemplo: BIRD, BID, HSBC, Unibanco, Banco do Brasil, Banco Real, entre outros: linhas de crédito para projetos; FNMA e FUNBIO: financiamento de projetos ligados ao meio ambiente; Fundação O Boticário, Roberto Marinho e Vitae, WWF e TNC: financiamento de projetos de conservação e educação ambiental; Empresas Internacionais (DAV e GTZ da Alemanha): cooperação técnica, financiamentos, auxílio na implantação de infra-estrutura. 1.19 Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER Órgão estadual de assistência técnica e extensão rural realiza trabalhos de desenvolvimento da agricultura familiar e geração de renda e postos de trabalho através do aumento da produção e implementação de tecnologias. Propôs-se ainda a divulgar informações, mobilizar a comunidade e promover a conscientização da mesma. A EMATER faz-se presente nos municípios, por meio de efetiva parceria com as Prefeituras Municipais através da execução de Convênio que especifica as atribuições das partes. Esta parceria respaldada pela sociedade, através dos Poderes Executivo e Legislativo Municipal, permite a EMATER executar com responsabilidade o planejamento e a gestão dos processos de desenvolvimento econômico e social sustentado. Universidade Federal do Paraná - UFPR A UFPR, através dos cursos da área de Biológicas e Humanas, bem como Agrárias, pode dar apoio com projetos que envolvam a UC, o entorno e as propriedades e modelos de produção na região. Projetos ligados à conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável, bem como a geração alternativa de renda, poderiam ser desenvolvidos em parceria com a UC. Serviço Social Autônomo Ecoparaná Empresa privada sem fins lucrativos, visando desenvolver projetos e ações relacionados ao fortalecimento do turismo em cooperação com a Secretaria de Estado do Turismo. Tem como objetivo principal pensar o turismo de forma integrada e estratégica, como alternativa econômica sustentável e consistente que, adequadamente implementada constitui-se em uma importante aliada da preservação da cultura e do meio ambiente. Esse trabalho é realizado em parceria com instituições públicas e privadas e empresas das áreas de meio ambiente, cultura, agricultura, economia e desenvolvimento. ITAIPU Binacional A Itaipu possui um programa denominado Cultivando Água Boa com atuação na Bacia do Paraná III abrange o território de 29 municípios. O trabalho socioambiental tem o apoio de aproximadamente 1.247 parceiros (prefeituras, ONG, Órgãos do governos federal e estadual, cooperativas, associações, Assentamentos, etc.), distribuídos no diversos comitês de microbacias. O projeto Linha Ecológica faz parte do Programa Cultivando Água Boa é desenvolvido em parceria pela Itaipu Binacional e Conselho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu, com apoio das prefeituras e das Câmaras Técnicas de Educação, Cultura, Agricultura e Meio Ambiente. Promove ações de educação ambiental nos municípios vizinhos ao Reservatório de Itaipu, para sensibilizar, reeducar, promover reflexões socioambientais e, entre outros objetivos, estimular a melhoria da qualidade de vida dos moradores da região, com base nos princípios e valores da educação ambiental para a sustentabilidade. 1.20 Prefeitura Municipal de Palotina Além serem responsáveis pela fiscalização municipal, programas ambientais e sociais, as prefeituras podem cooperar com projetos específicos, por exemplo incentivara e implementar a educação ambiental nas escolas, apoiar a criação de associações de guias e guarda-parques, entre outros. Promover campanhas de conscientização, divulgação, mobilização da população na implementação do parque. Outras Parcerias Sugere-se ainda a busca de parcerias com o SEBRAE, que possui diversos programas de geração de renda, desenvolvimento do agronegócio, projetos de artesanato, alternativas na construção civil e geração de energia. Além disso disponibiliza financiamentos e linhas de crédito para novos empreendedores e aquisição de equipamentos. Os Programas Regionais do BNDES também podem investir na região da UC, através de apoio a fontes alternativas de renda. Estes programas e iniciativas de desenvolvimento são de grande importância para a população do entorno da Unidade e para as famílias que vivem na região. Com a criação de uma UC, e as limitações de uso que o mesmo impõe é necessário que se busque alternativas de renda e trabalho para a população afetada. Conseqüentemente, programas governamentais, privados ou do terceiro setor que de alguma forma gerem renda e venham a melhorar a qualidade de vida destas pessoas, estão de forma indireta trazendo benefícios ao Parque. Tendo alguma forma alternativa de renda, evita-se a degradação do Parque pelo extrativismo ou conflitos na área de entorno, em função das limitações impostas pelo plano de manejo. A grande maioria das instituições responsáveis pelos projetos acima citados, tanto ambientais como de desenvolvimento social, possuem bom potencial de cooperação. Além de órgãos públicos, entidades privadas e do terceiro setor, podem auxiliar a implantação do Parque e cooperar na implementação do seu Plano de Manejo. 1.21 CONTEÚDO Pág. 2 - ANÁLISE DA REGIÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO ....................................2.1 2.1 - Zona de Amortecimento...................................................................................2.1 2.2 - Caracterização Ambiental ................................................................................2.1 2.2.1 - Meio Físico .................................................................................................2.1 2.2.1.1 - Clima ...................................................................................................2.1 2.2.1.2 - Hidrografia...........................................................................................2.5 2.2.1.3 - Geomorfologia (baseado em Reis Neto, 2006) ....................................2.8 2.2.1.4 - Geologia (Reis Neto) ...........................................................................2.8 2.2.1.5 - Solos ...................................................................................................2.12 2.2.1.5.1 - Latossolo .....................................................................................2.12 2.2.1.5.2 - Gleissolos ....................................................................................2.14 2.2.2 - Meio Biótico ................................................................................................2.14 2.2.2.1 - Aspectos Biogeográficos da Região do Parque Estadual de São Camilo .....................................................................2.14 2.2.2.2 - Vegetação (baseado em Roderjan e Svolenski, 2006) ........................2.15 2.2.2.2.1 - Floresta Estacional Semidecidual Montana (FESM).....................2.15 2.2.2.2.2 - Floresta Estacional Semidecidual Submontana (FESS)...............2.15 2.2.2.2.3 - Floresta Estacional Semidecidual Aluvial (FESA).........................2.17 2.2.2.3 - Fauna ..................................................................................................2.18 2.2.2.3.1 - Mamíferos (baseado em Quadros, 2006).....................................2.18 2.2.2.3.2 - Répteis (baseado em Morato, 2006) ............................................2.19 2.2.2.3.3 - Anfíbios (baseado em Segalla, 2006)...........................................2.20 2.2.2.3.4 - Peixes (baseado em Grando Jr, 2006).........................................2.21 2.2.2.3.5 - Aves (baseado em Bornshein, 2006) ...........................................2.21 i 2.3 - Aspectos Socioculturais e Históricos (baseado em Laufer Jr, 2006) ...........2.22 2.3.1 - Histórico de Ocupação Territorial ................................................................2.22 2.3.2 - Manifestações Culturais (Pinheiro)..............................................................2.23 2.4 - Uso e Ocupação da Terra e Ameaças Ambientais Decorrentes....................2.24 2.4.1 - Uso e Ocupação do Solo ............................................................................2.24 2.4.2 - Principais Ameaças ou Problemas Identificados Decorrentes do Uso e Ocupação do Solo na Região do Parque.....................................2.29 2.4.3 - Principais Tendências Quanto ao Uso do Solo na Região ..........................2.29 2.5 - Características da População Regional (baseado em Laufer Jr, 2006) ........2.30 2.5.1 - Dinâmica Demográfica ................................................................................2.30 2.5.2 - Aspectos Organizacionais e Infra-estrutura Social ......................................2.32 2.5.2.1 - Sistema Educacional ...........................................................................2.34 2.5.2.2 - Sistema de Saúde ...............................................................................2.36 2.5.2.3 - Saneamento Básico e Tratamento do Lixo ..........................................2.39 2.5.2.4 - Transporte ...........................................................................................2.39 2.5.2.5 - Energia ................................................................................................2.40 2.5.2.6 - Comunicação.......................................................................................2.40 2.5.2.2 - Habitação ............................................................................................2.41 2.5.3 - Atividades Econômicas ...............................................................................2.41 2.5.3.1 - Setor Primário......................................................................................2.42 2.5.3.1.1 - Estrutura do Sistema de Propriedade da Terra ............................2.42 2.5.3.1.2 - Pecuária.......................................................................................2.43 2.5.3.1.3 - Extrativismo .................................................................................2.44 2.5.3.2 - Setor Secundário.................................................................................2.44 2.5.3.3 - Setor Terciário e de Serviços...............................................................2.44 2.5.3.4 - Finanças Públicas ...............................................................................2.45 2.6 - Visão da Comunidade sobre a Unidade de Conservação..............................2.46 ii 2.7 - Planos, Programas e Ações como Alternativas de Desenvolvimento Econômico Sustentável ...................................................................................2.49 2.7.1 - Programas de Turismo Locais, Regionais ou Nacionais que Abrangem a Área da UC......................................................................2.50 2.7.2 - Plano de Governo Estadual - 2003/2006.....................................................2.50 2.7.3 - ICMS Ecológico ..........................................................................................2.51 2.7.4 - Paraná Biodiversidade ................................................................................2.51 2.7.5 - Comitê de Bacias Hidrográficas ..................................................................2.51 2.7.6 - Crédito Rural...............................................................................................2.51 2.7.7 - Assistência Técnica ....................................................................................2.51 2.7.8 - Programa de Voluntariado nas Unidades de Conservação do Paraná - VOU .........................................................................................2.52 2.7.9 - SISLEG........................................................................................................2.52 2.7.10 - SISFAUNA .................................................................................................2.52 2.8 - Legislação Pertinente.......................................................................................2.52 2.8.1 - Legislação Federal......................................................................................2.53 2.8.1.1 - Constituiçao Federal............................................................................2.53 2.8.1.2 - Lei da Política Nacional de Meio Ambiente - Lei 6.938/81 ...................2.54 2.8.1.3 - Unidades de Conservação - Lei Federal 9.985/00 e o Decreto 4.340/02, que a Regulamenta..........................................2.55 2.8.1.4 - Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas – Decreto Federal 5.658/06.................................................................................2.57 2.8.1.5 - Lei de Crimes Ambientais - Lei Federal 9.605/98 e Decreto Federal 3.179/99, que a Regulamenta................................2.58 2.8.1.6 - Código Florestal - Lei Federal 4.771/65...............................................2.59 2.8.1.7 - Lei de Proteção à Fauna - Lei Federal 5.197/67 ..................................2.60 2.8.1.8 - Meios Judiciais de Defesa do Meio Ambiente: Ação Civil Pública, Ação Popular e Mandado de Injunção - Lei Federal 4.717/65, Lei Federal 7.347/85 e art. 5º, LXXI da Constituição Federal ............................................................................2.61 2.8.1.9 - Patrimônio Genétic e Biodiversidade ...................................................2.62 iii 2.8.1.10 - Legislação sobre Águas - Lei Federal 9.433/97 .................................2.65 2.8.1.11 - Proteção à Mata Atlântica - Lei Federal 11.428/06 ............................2.66 2.8.1.12 - Organismos Geneticamente Modificados - Lei Federal 11.105/05 e Lei Federal 11.460/07 ...................................................2.67 2.8.1.13 - Agrotóxicos - Lei Federal 7.802/89 e Decreto Federal 4.074/02 ...............................................................................2.68 2.8.2 - Legislação Estadual ....................................................................................2.69 2.8.2.1 - Constituição do Estado do Paraná.......................................................2.69 2.8.2.2 - Lei Florestal do Estado - Lei Estadual 11.054/95.................................2.71 2.8.2.3 - Legislalção sobre Fauna - Lei Estadual 11.067/95, Leis Estadual 14.037/03, e Decreto 3.148/04 .....................................2.72 2.8.2.4 - Lei Estadual 12.726/99 - Política Nacional de Recursos Hídricos..........................................................................2.74 2.8.2.5 - Organismos Geneticamente Modificados Lei Estadual 14.162/03 .......................................................................2.74 2.8.2.6 - Agrotóxicos - Lei Estadual 7.827/83 ....................................................2.74 2.8.2.7 - Outros Regulamentos Estaduais .........................................................2.74 2.8.3 - Legislação Municipal ...................................................................................2.75 2.8.3.1 - Lei 06/02 - Lei Orgânica do Município de Palotina...............................2.75 2.8.3.2 - Lei Complementar Municipal 02/92 - Plano Diretor de Palotina ..............................................................................2.76 2.8.3.3 - Lei Complementar Municipal 09/92 - Política de Meio Ambiente do Município ...............................................................2.76 2.8.4 - Análise Jurídica da Situação da Unidade de Conservação São Camilo Ante a Legislação Vigente ..........................................................................2.77 2.9 - Potencial de Apoio ...........................................................................................2.79 2.9.1 - Estrutura Regional (Pinheiro) ......................................................................2.80 2.9.2 - Equipamentos Turísticos (Pinheiro).............................................................2.80 2.9.3 - Potencial de Apoio Institucional à Unidade de Conservação .......................2.81 iv LISTA DE TABELAS Pág. Tabela 2.01 - Resumo dos Parâmetros Metereológicos para o Parque de São Camilo.................................................................................2.6 Tabela 2.02 - Bacias hidrográficas do Estado do Paraná ...................................................2.7 Tabela 2.03 - Uso do Solo..................................................................................................2.24 Tabela 2.04 - Principais Produtos Colhidos (Área Colhida em ha) .....................................2.26 Tabela 2.05 - Evolução da População................................................................................2.30 Tabela 2.06 - População Residente, Por Sexo e Situação de Domicílio.............................2.31 Tabela 2.07 - Indicadores Sociais ......................................................................................2.33 Tabela 2.08 - Infra-estrutura Educacional Existente ...........................................................2.34 Tabela 2.09 - Número de Alunos Matriculados po Nível de Ensino ....................................2.34 Tabela 2.10 - Número de Alunos Matriculados po Nível de Ensino ....................................2.35 Tabela 2.11 - Infra-estrutura de Saúde Disponível .............................................................2.36 Tabela 2.12 - Taxa de Mortalidade Infantil .........................................................................2.36 Tabela 2.13 - Cobertura Vacinal na População de até 1 Ano de Idade ..............................2.37 Tabela 2.14 - Corpo Clínico (Principais Especialidades) ....................................................2.38 Tabela 2.15 - Sistema de Energia ......................................................................................2.40 Tabela 2.16 - População Ocupada.....................................................................................2.41 Tabela 2.17 - Condição do Produtor Final..........................................................................2.42 Tabela 2.18 - Resumo dos Dados de Pecuária do Município ............................................2.43 Tabela 2.19 - Produção Extrativista e Destino....................................................................2.44 Tabela 2.20 - Indústrias por Ramo de Atividade.................................................................2.45 Tabela 2.21 - Receitas e Despesas Municipais ..................................................................2.45 Tabela 2.22 - Instituições Locais com Potencial de Cooperação na Zona de Amortecimento e na Unidade de Conservação .......................................2.81 Tabela 2.23 - Outras Instituições com Potencial de Cooperação na Zona de Amortecimento e na Unidade de Conservação .........................2.82 v LISTA DE FIGURAS Pág. Figura 2.01 - Fluxograma do Meio Físico ........................................................................2.2 Figura 2.02 - Enquadramento do Parque Estadual de São Camilo na Classificação Climática do Paraná ..........................................................2.4 Figura 2.03 - Delimitação da Bacia Hidrográfica do Rio São Camilo ...............................2.6 Figura 2.04 - Seção Esquemática da Estrutura do Relevo do Estado do Paraná .................................................................................................2.9 Figura 2.05 - Perfil Geológico do Estado do Paraná........................................................2.9 Figura 2.06 - Esboço da Geologia do Paraná..................................................................2.10 Figura 2.07 - Esboço dos Derrames de Rochas Basálticas .............................................2.12 Figura 2.08 - Solos da Região do Parque Estadual de São Camilo.................................2.13 Figura 2.09 - Mapa da Cobertura Vegetal Original do Estado do Paraná , com a Localização do Parque Estadual de São Camilo ............................2.18 Figura 2.10 - Mapa de Uso do Solo da Zona de Amortecimento do Parque Estadual de São Camilo................................................................2.27 vi LISTA DE FOTOS Pág. Foto 2.01 - Relevo e Cultivos na Área de Entorno do Parque Estadual de São Camilo...............................................................................2.8 Foto 2.02 - Série de Formas Tabuliformes Conseqüentes da Formação da Bacia do Iguaçu .......................................................................................2.10 Foto 2.03 - Inícuio da Colonização de Palotina (Década de 50) ......................................2.22 Foto 2.04 - Vista do Parcial do Perímetro Urbano de Palotina ........................................2.23 Foto 2.05 - Casa do Artesão no Centro de Palotina ........................................................2.25 Foto 2.06 - Vista Parcial do IAPAR em Palotina..............................................................2.25 Foto 2.07 - Área Agrícola Situada nas Proximidades da UC ...........................................2.26 Foto 2.08 - Zona Rural de Palotina, nas Proximidades da Unidade de Conservação......2.32 vii 2 - ANÁLISE DA REGIÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO O Encarte 2 contextualiza a região onde o Parque Estadual de São Camilo está inserido. Considera como região a extensão territorial geográfica, como o município que abriga a UC e os municípios que, por ventura, venham a contribuir de alguma forma, direta ou indireta, ao Parque. A Unidade de Conservação, conforme divisão territorial do IBGE, está compreendida na Mesorregião do Oeste Paranaense, na Microrregião de Toledo, no município de Palotina. Por ser grande depositária de biodiversidade na região, o Parque servirá como base, apoio e laboratório para a irradiação das ações para estabelecimento da conectividade entre as Unidades de Conservação e fragmentos remanescentes do corredor de biodiversidade Caiuá-Ilha Grande conforme estabelecido no Projeto Paraná Biodiversidade. O contexto regional do Parque abrange, conforme a área temática, diferentes espaços, regiões e municípios. Para a confecção do presente documento utilizou-se do material produzido por Bornschein, M. R. et alli, 2006 (Avifauna); Endres, P. F., 2006 (Solos); Cavilha, M.R., 2006 (Clima), Grando Jr, S., 2006 (Ictiofauna); Laufer Jr, A., 2006 (Socioeconomia); Morato, S. A. A., 2006 (Répteis); Pinheiro, Z. F., 2006 (Uso Público e Educação Ambiental); Quadros, J. & Tiepolo, L., 2006 (Mastofauna); Reis Neto, J., 2006 (Geologia e Geomorfologia); Roderjan, C. & Svolenski, A. C., 2006 (Vegetação), Segalla, M. V., 2006 (Anfíbios) in press. 2.1 - Zona de Amortecimento Segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), a Zona de Amortecimento é definida como “o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade” (Lei n° 9.985/00). A Zona de Amortecimento foi definida tendo como ponto de partida os 10 km estabelecidos pela Resolução CONAMA n° 13/90, e ajustada com base em critérios dos meios físicos, biológicos, socioeconômicos e aspectos legais. Considerando os 10 km, a Zona de Entorno englobaria partes dos municípios de Palotina, Maripá, Nova Santa Rosa e Terra Roxa. A estratégia para definição e adequação da Zona de Amortecimento do Parque é apresentada no Encarte 4, item 4.5 - Zoneamento, onde se encontram os parâmetros que orientam a sua delimitação. 2.2 - Caracterização Ambiental 2.2.1 - Meio Físico Para o trabalho com o meio físico do Parque Estadual de São Camilo foram envolvidos cinco agentes dinâmicos que se inter-relacionam (Figura 2.01) e que estabelecem relações diretas com o meio biótico. Em um primeiro momento, organizaram-se as informações referentes a cada grupo temático. Em seguida, foram gerados documentos potenciais de atratividade, pressões e ameaças aos quais a Unidade está sujeita, inter-relacionando todos os aspectos do meio físico. No fluxograma da Figura 2.01 é apresentada a seqüência e organização dos trabalhos. 2.1 Figura 2.01 - Fluxograma do Meio Físico 2.2.1.1 - Clima O fator clima é responsável por várias situações, inclusive pela influência ocupação sócioeconômica. Atua dinamicamente com vários outros agentes do meio físico e biótico. No Estado do Paraná, em virtude de sua posição geográfica e de seus aspectos físicos, predomina o clima subtropical, sempre úmido e com chuvas bem distribuídas. As diferenciações climáticas são resultantes de sua conformação topográfica e altimétrica, da influência dinâmica das massas de ar entre outros aspectos pertinentes a cada micro ou mesorregião. O fator clima é responsável por várias situações, inclusive pela influência na ocupação sócio-econômica. Comumente utiliza-se a classificação de Köppen para se determinar o tipo climático da região. No Paraná há três tipos climáticos básicos: Cfa – predomina nas regiões Norte, Oeste e Sudoeste paranaense, abrangendo quase inteiramente o terceiro planalto. Perfaz também uma faixa que abrange o Vale do Ribeira e zonas da Serra do Mar na porção Oriental. Caracteriza-se como subtropical onde os verões são quentes e há pouca freqüência de geada. A tendência é que o período chuvoso ocorra nos meses de verão, sem estação seca definida; Cfa (h) – diferencia-se do Cfa pela influência da altitude; Cfb – predomina no primeiro e segundo planalto paranaense e em algumas regiões do terceiro. Subtropical, possui verões frescos com ocorrência de geadas freqüentemente, sem estação seca definida; e Af – Ocorre exclusivamente no litoral. Tropical, imprime à planície uma super umidade e a isenção de geadas e estação seca. A classificação de Köppen fundamenta-se na vegetação, temperatura, precipitação e na distribuição de valores de temperatura e precipitação durante as estações do ano. Há outras classificações climáticas como a de Arthur Strähler, que leva em conta a análise das massas 2.2 de ar e coloca a região do Paraná no grupo dos Climas Controlados por Massas de Ar Tropicais e Polares (Monteiro, 1963). Fatores macroclimáticos como as correntes marítimas quentes, por exemplo, expandem o calor e a umidade em direção ao Sul. Outros fatores como a interferência dos ventos de alísio de Sudeste, a migração e a infiltração das massas de ar são sistemas determinantes do clima no Paraná. O Paraná é fortemente influenciado pelo sistema de circulação perturbada de Sul, responsável pelas chuvas, principalmente no verão, e pelo sistema de circulação perturbada de Oeste, que acarreta chuvas e trovoadas, por vezes granizo, com freqüentes rajadas de ventos. O Parque Estadual de São Camilo situa-se terceiro planalto paranaense. Segundo a classificação de Köppen adotada para o Estado, a Unidade de Conservação enquadra-se no clima Cfa. Suas características são a umidade e os verões quentes. A Figura 2.02 demonstra a distribuição climática no Paraná, com o enquadramento da Unidade de Conservação nesse contexto e os pontos de coleta de dados (estações meteorológicas). Entre os sistemas atmosféricos atuantes na região destacam-se as massas de ar. Elas são importantes atores no contexto da caracterização do clima de uma região. Seus avanços, recuos e propriedades influenciam diretamente nos parâmetros meteorológicos como temperatura, umidade, precipitação, entre outros. Na Região Sul, assim como no Paraná, o clima é afetado principalmente pela ação de três massas de ar que, orientadas pelo relevo e pelo sistema de circulação do hemisfério produzem correntes de perturbação que atravessam a região (Monteiro, 1963). Massa Tropical Atlântica (mTa) Sua formação se dá no Atlântico Sul. Conforme Nimer (1979) há diferenciações quanto a temperatura e a umidade nos diferentes setores da massa (porção oriental e ocidental). No inverno sua atuação é mais marcante quando, devido sua maior pressão, avança sobre o continente. Em sua origem possui propriedades de ser uma massa quente, úmida e com tendência a estabilidade. Porém, no verão, com o aquecimento basal e o efeito orográfico ocasionado pelo sistema atlântico, torna-se uma massa instável. Possui grande poder de penetração no continente, tendo atuação durante o ano todo (Monteiro, 1963). Massa Tropical Continental (mTc) Sua importância é mais evidenciada durante o verão. Sua origem está, segundo Nimer (1979) “na zona baixa, quente e árida, a leste dos Andes e ao sul do Trópico”. É uma massa quente e seca. A calha do rio Paraná é diretamente afetada pela penetração da Massa Tropical Continental que além do calor, induz ao aumento de umidade e precipitação Monteiro (1963). Massa Polar Atlântica Conforme Nimer (1979) origina-se na superfície gelada, na “zona de transição entre o ar polar e o tropical”. É uma massa fria e úmida. Sua atuação é mais marcante no inverno quando entra na Região Sul como uma frente fria, ocasionando chuvas e queda de temperatura. Influencia as geadas do sul. 2.3 Figura 2.02 - Enquadramento do Parque Estadual de São Camilo na Classificação Climática do Paraná Fonte: dados de clima – IAP, organizado por STCP 2.4 Correntes Perturbadoras de W Estas correntes afetam a Região Sul do país de forma desigual. No Paraná, é durante o verão que tais correntes o afetam mais fortemente. Durante meados do outono e primavera, o Brasil como um todo é invadido por ventos de Oeste (W) e Noroeste (NW) provocados pela Linha de Instabilidade Tropical (IT). Chuvas, trovoadas, granizo e ventos de moderados a fortes são fenômenos acarretados por esta instabilidade (Nimer, 1979). Correntes Perturbadoras do Sul Sua Fonte é a região polar onde o ar é seco, frio e estável. Ao longo de sua trajetória absorve calor e umidade a partir do mar. Possui duas vertentes: uma a Oeste dos Andes e outra a Leste da Cordilheira (Nimer,1979). Tem ampla ligação às Frentes Polares e apresenta regularidade nas invasões sobre a Região Sul. Depressão do Chaco A depressão do Chaco constitui-se, segundo Monteiro (1963), no “mais notável dos centros negativos da América do Sul” sobretudo na Região Sul. Sua definição ocorre em especial no verão. Está fortemente ligado a dinâmica da Frente Polar. Durante o inverno, em função do resfriamento do continente, sua atuação é muito restrita. Ela é impelida pelas Frentes e pelo avanço da Massa Polar. Frentes Frente Polar Atlântica – segundo Monteiro (1963) é a “faixa planetária de descontinuidade gerada pelo choque entre os sistemas intertropicais e polares”. Sazonalmente esta frente possui atuações diferenciadas: na primavera, sua área de atuação pode atingir a latitude 10º no Mato Grosso, o Norte e o Nordeste; no verão, devido seu enfraquecimento, raramente chega a atingir o Paraná; no Outono os sistemas intertropicais a fazem regredir; por fim, no inverno é que se dá a maior atuação da frente, com maior rigor e freqüência que nos demais períodos do ano. O relevo, sua proximidade com a calha do rio Paraná, a latitude e a dinâmica dos sistemas atmosféricos conferem a região um caráter muitas vezes instável. As rajadas de vento acontecem ocasionalmente, mas possuem efeitos muito marcantes como no caso dos vendavais que assolam a região oeste do Paraná. Sua dinâmica é influenciada pelas diferenciações de pressão e temperatura. No inverno, influenciado pelo domínio da Massa Polar, ocorrem as menores temperaturas e o período com menor precipitação pluvial, as taxas de umidade relativa apresentam índices suavemente superiores que nas demais épocas do ano. Os ventos de Nordeste são mais representativos nessa época e na primavera em virtude do deslocamento da massa Tropical Atlântica. Durante o período de verão, a insolação incide com maior intensidade em virtude da posição do sol e há uma maior quantidade de horas recebidas. A umidade relativa do ar é maior estando associada aos índices de chuva elevados nessa época do ano e a temperatura mais elevada. Na Tabela 2.01 observa-se o resumo dos parâmetros utilizados para a análise das condições climáticas da região do Parque Estadual de São Camilo. 2.2.1.2 - Hidrografia Os sistemas hidrográficos são fontes de preocupação em todos os lugares, pois da água dependem todos os seres do planeta. A dinâmica entre os processos envolvendo os 2.5 recursos hídricos e os demais elementos do meio ambiente, entre os quais os seres humanos, variam muito conforme o lugar onde ocorrem. Tabela 2.01 - Resumo dos Parâmetros Meteorológicos para o Parque Estadual de São Camilo PARÂMETROS VALORES MÉDIOS Temperatura 21,24 ºC - mensal Precipitação 1.649,7 mm - anual Umidade Relativa Insolação 76,17% - mensal 2.558,1 horas por ano Evaporação Ventos 1.100,3 mm por ano 2,02 m/s - NE Fonte: Dados do IAPAR adaptados pela STCP O uso e a ocupação das microbacias são condicionados pelas características intrínsecas de cada uma, que determinam as potencialidades e limitações para as diversas modalidades de uso/ocupação e a potencialização de conflitos de interesses. Para o presente estudo utilizou-se a delimitação da bacia do rio São Camilo, dando ênfase ao seu afluente rio Sangra Quati que atravessa a Unidade (Figura 2.03) e aos recursos hídricos presentes no Parque. Figura 2.03 - Delimitação da Bacia Hidrográfica do Rio São Camilo Fonte: organizado por STCP 2.6 O Estado do Paraná possui uma densa rede hidrográfica de rios perenes. É drenado por 16 bacias hidrográficas, destacando-se as bacias do rio Iguaçu, Piquiri, Ivaí e Tibagi. A malha hidrográfica segue duas direções gerais, os que correm diretamente para o oceano Atlântico (percentual muito pequeno) no sentido W – E e os rios que correm para o interior do Estado pertencendo a região de captação do sistema do rio Paraná, predominantemente do sentido E – W. Conforme trabalhos de Maack (1981), esses dois grandes sistemas hidrográficos, a bacia hidrográfica do Atlântico e a bacia hidrográfica do rio Paraná, são subdivididos em bacias menores citadas na Tabela 2.02. Tabela 2.02 - Bacias hidrográficas do Estado do Paraná BACIAS HIDROGRÁFICAS SUB-BACIAS Bacia hidrográfica do rio Ribeira Bacia hidrográfica da baía das Laranjeiras BACIA HIDROGRÁFICA DO ATLÂNTICO Bacia hidrográfica da baía de Antonina Bacia hidrográfica do rio Nhundiaquara Bacia hidrográfica da baía de Paranaguá Bacia hidrográfica da baía de Guaratuba Bacia hidrográfica do rio Itararé Bacia hidrográfica dos rios das Cinzas e Laranjeiras Bacia hidrográfica do rio Tibagi BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARANÁ Bacia hidrográfica do rio Pirapó Bacia hidrográfica do rio Ivaí Bacia hidrográfica do rio Piquiri Bacia hidrográfica do rio Iguaçu Pequenas bacias do rio Paranapanema Pequenas bacias do rio Paraná Fonte: Maack, 1981 adaptado O Parque Estadual de São Camilo, insere-se no macro contexto da bacia do Paraná, na bacia hidrográfica do Piquiri, no seu baixo curso. Segundo Maack (1981), as nascentes do rio Piquiri estão na Serra São João, no Terceiro Planalto Paranaense. Sua área de drenagem é cerca de 23.500 km². O afluente da margem esquerda do rio Piquiri, denominado de rio São Camilo é a principal bacia para o presente estudo. É uma importante rede de drenagem para a região de Palotina. Nessa área, devido aos incentivos à ocupação que envolveu a extração de vegetação natural para a implantação e desenvolvimento econômico agrícola, percebem-se hoje, poucos fragmentos florestais. O Parque Estadual de São Camilo é um desses poucos remanescentes. Segundo dados da Emater de 2005, apenas 700 hectares, cerca de 1,1% de um total de 62.758 hectares cadastrados do uso do solo em Palotina são de matas e florestas naturais e 800 (1,27%) de matas e florestas plantadas. Esses dados comprovam a situação preocupante no que tange, não somente a vegetação, mas sim os veios hídricos que dependem da mata ciliar para manutenção de seu ciclo hidrológico. 2.7 Na bacia, observou-se através da hipsometria altitudes variando de 200 a 450 metros em relação ao nível do mar. As nascentes do rio São Camilo estão entre 350 e 400 metros de altitude e a sua foz no rio Piquiri a 200 metros. Apresenta, portanto, pouco desnível o que lhe concede pouco potencial erosivo e características maiores para a deposição dos sedimentos do que para o carregamento dos mesmos, além de uma ótima condição física para o cultivo de diferentes culturas (Foto 2.01). Foto 2.01 - Relevo e Cultivos na Área de Entorno do Parque Estadual de São Camilo A B Legenda: (A) No canto esquerdo superior está o Parque e a área de entorno com atividades agrícolas, (B) Plantio de milho próximo à Unidade de Conservação Fonte: Cavilha, 2006 Conforme Mendonça (2000), a importância do conhecimento hipsométrico está na observação da variação, afim de correlacioná-la com o uso e ocupação do terreno, já que esta variação pode dificultar ou favorecer a ocupação humana se associada a outros fatores como por exemplo a vegetação. Na bacia do Rio São Camilo as águas da bacia correm no sentido Sul - Norte. Em relação a declividade, segundo Bigarella & Mazuchowiski apud Beltrame (1990), a declividade exerce “grande influência na maior ou menor infiltração de água das chuvas e na velocidade do escoamento superficial, que dificulta a penetração de água e favorece a erosão”. Na área da bacia do rio São Camilo observa-se o predomínio das porcentagens de 3 a 8, indicando um relevo suave ondulado onde os processos erosivos se desencadeam de forma menos intensa do que em declividades maiores. Esta bacia vem sofrendo vários tipos de pressões. Além das atividades agrícolas, as atividades industriais vêm cada vez mais necessitando de rios para o descarte de efluentes líquidos. Grandes cooperativas apresentam-se como agentes de pressão e poderiam se tornar agentes de auxílio da questão ambiental da região. 2.2.1.3 - Geomorfologia (baseado em Reis Neto, 2006) A Unidade de Conservação situa-se dentro do compartimento geomorfológico denominado por Maack (1947) de “Terceiro Planalto Paranaense”. Esse planalto, do ponto de vista litológico, é constituído preferencialmente por derrames basálticos da Formação Serra Geral. Possui como característica geomorfológica uma diminuição de altitude que de forma geralmente suave, sai de 1100m a oeste e atinge cerca de 250m no rio Paraná. 2.8 Conforme pode ser observado pelas Figuras 2.04 e 2.05 a altitude do Terceiro Planalto diminui para Oeste geralmente sobre as rochas basálticas. Figura 2.04 - Seção Esquemática da Estrutura do Relevo do Estado do Paraná Legenda: seção esquemática WNW-ESE da estrutura do relevo do Estado do Paraná. (PAR) Paranaguá; (SM) Serra do Mar; (CTB) Curitiba; (ED) Escarpa Devoniana; (PEVV) Parque Estadual de Vila Velha; (SG) Serra Geral; (GUA) Guarapuava. Fonte: Melo et al 2004 Figura 2.05 - Perfil Geológico do Estado do Paraná Fonte: Paraná – Minerais do Paraná S.A. (2006). O desenvolvimento das diferentes bacias hidrográficas (Paraná, Iguaçu e outras), ocorreu cortando os sucessivos derrames dessas rochas. A interação desse tipo de substrato rochoso com o processo de evolução de um continente, no tempo geológico, formou um relevo suave e preferencialmente plano. Os processos de erosões remontantes dos rios sobre os sucessivos derrames formaram escarpas do tipo monoclinais, gerando terraços com diferentes tamanhos. Como exemplo o Planalto de Guarapuava, na sua forma e estrutura, é considerado como uma região fisiográfica de platô. As características dos derrames basálticos definem as peculiaridades geomorfológicas, com formas superficiais tabuliformes entremeadas com chapadas onduladas de encostas mais suaves (Foto 2.02). A partir do Planalto de Guarapuava os rios que drenam em direção ao Rio Paraná apresentam um curso nitidamente conseqüente, condicionado às inclinações das rochas vulcânicas para oeste, sudoeste e noroeste. A geomorfologia se caracteriza em função da pequena declividade, como uma sucessão de chapadas suavemente onduladas com áreas de mesetas estruturais. 2.9 Foto 2.02 - Série de Formas Tabuliformes Conseqüentes da Formação da Bacia do Iguaçu Fonte: Reis Neto, 2006 A Bacia do rio Paraná, do lado brasileiro, como dos países vizinhos, capta todas as drenagens e a sua evolução no tempo geológico foi a responsável pela formação do relevo como hoje observado. 2.2.1.4 - Geologia (Reis Neto) A unidade de conservação se encontra em sua totalidade na região compreendida geologicamente como Bacia do Paraná. Especificamente sobre as rochas vulcânicas de composição geralmente básica pertencente à Formação Serra Geral. Essa formação predomina do Terceiro Planalto Paranaense, como pode ser verificado na Figura 2.06. Figura 2.06 - Esboço da Geologia do Paraná Legenda: a área demarcada em vermelho indica a posição aproximada da Unidade de Conservação. Fonte: Paraná – Minerais do Paraná S.A. (2006). 2.10 A Bacia do Paraná possui uma área total de 1.600.000 Km², com 62,5% em território brasileiro, 25% em território argentino, 6,25% em território uruguaio e 6,25% em território paraguaio. Constitui do ponto de vista geológico grande parte dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de partes dos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. No caso do Estado do Paraná, como mostra a Figura 2.08, o Terceiro Planalto é constituído a noroeste por sedimentos continentais com idade variando entre o final do Mesozóico e Cenozóica, pertencentes à unidade geológica denominada de Grupo Bauru. Com exceção destes sedimentos, a grande parte deste planalto é constituído por rochas do Grupo São Bento do Mesozóico. O Grupo São Bento é composto por sedimentos de idade triássica, representados pelos arenitos das formações Pirambóia e Botucatu, e pelos derrames vulcânicos, do tipo basáltico, da Formação Serra Geral, ocorridos durante os períodos Jurássico e Cretáceo. A Formação Serra Geral é composta por rochas ígneas vulcânicas com composições variando entre basáltica toleítica a riodacítica. Na Região de Guarapuava ocorrem também rochas vulcânicas de composição riolítica, embora em caráter restrito. Por se tratarem de rochas ígneas provenientes de atividades vulcânicas do tipo fissural, observa-se nas diferentes regiões a presença de derrames de rochas vulcânicas que podem ser individualizados através de corpos tablóides, denominados genericamente de “trapes” vulcânicos. A presença dos “trapes” vulcânicos ou derrames basálticos são muito importantes para a definição das feições geomorfológicas do Terceiro Planalto e para a geomorfologia de regiões específicas. Diferentes autores já descreveram as características das feições dos derrames basálticos da Formação Serra Geral (Guidicini e Campos 1968), mas de uma forma geral, sem considerar as diferentes espessuras dos derrames, pode-se dividir em três partes: - SUPERIOR: Constituída preferencialmente por estruturas vesiculares amigdaloidais com diâmetro variado, são conseqüente do processo de escape gases durante a fase de resfriamento do magma. Dependendo do processo vulcanismo é possível também a presença de estruturas de fluxo, tufos, estruturas brechas de explosão ou brechas piroclásticas, que são feições conseqüentes explosão vulcânicas na atmosfera. ou de de de de INTERMEDIÁRIA: Parte do derrame na qual a rocha possui a tendência de ser maciça, isto é não apresenta estrutura de fluxo, em geral pode ser litologicamente denominado de basalto afanítico ou um basalto com fenocristais de plagioclásio. Dependendo da espessura do derrame, esse pode apresentar diaclasamento. - - INFERIOR: Nessa parte de um derrame encontram-se rochas basálticas normalmente com pronunciada estrutura de fluxo, conseqüente da corrida da lava sobre um antigo solo. Em função da distância e velocidade do deslocamento ocorre desde basaltos afaníticos maciços, que podem estar brechados e com evidente estrutura de fluxo. Também é comum a mistura de rochas basálticas com solos (paleosolos) e sedimentos arenosos. A importante espessura de solo atual presente não permite visualizar as diferentes partes de um derrame basáltico, mas os sucessivos derrames podem ser compreendidos através da observação da geomorfologia, conforme a Figura 2.07. 2.11 Figura 2.07 - Esboço dos Derrames de Rochas Basálticas Legenda: Seção esquemática mostrando a relação existente entre os derrames de rochas basálticas e a geomorfologia. Fonte: Reis Neto, 2006 O conhecimento geológico do Terceiro Planalto na sua área de abrangência ainda é restrito, de uma forma geral em uma escala regional de conhecimento (1:250.000). Algumas regiões possuem informações geológicas mais detalhadas, mas essas informações ainda são esparsas. 2.2.1.5 - Solos Os aspectos socioeconômicos, como o uso do solo e tipo de ocupação, estão estreitamente relacionados com o tipo de solo da região. A região do Parque Estadual de São Camilo, como a maioria das regiões agrícolas paranaenses, sofre as conseqüências do sistema de preparo e cultivo convencional que impôs o uso de grade pesada até meados de 1985 e da prática de escarificação no período seguinte. Esse tipo de uso e manejo provocou a destruição das estruturas dos solos, o aumento do escoamento superficial, a diminuição da matéria orgânica, o empobrecimento de argila nos horizontes superficiais e ainda, a subseqüente diminuição da fertilidade do solo, o que teria facilitado o desencadeamento dos processos erosivos laminares e lineares no estado. As classes de solos que constituem a região são: Nitossolo Vermelho, Gleissolo Háplico e Latossolo Vermelho (Figura 2.08). Na região ocorre superfícies com relevo suave a suave ondulado, com solos bem desenvolvidos, apresentando como principais características físicas a profundidade, boa drenagem, boa aeração e resistência à processos erosivos. Quimicamente são solos considerados de boa fertilidade natural, com alto teor de ferro presente. 2.2.1.5.1 - Latossolo Os Latossolos são distribuídos por amplas e antigas superfícies de erosão, pedimentos ou terraços fluviais antigos, normalmente em relevo plano e suave ondulado. São originados a partir das mais diversas espécies de rochas, sob condições de clima e tipos de vegetação os mais diversos. São solos constituídos por material mineral, com horizonte B latossólico imediatamente abaixo de qualquer um dos tipos de horizonte diagnóstico superficial, exceto H hístico, pouco resistentes ao intemperismo, devido as transformações ocorridas em seu material de origem. Quimicamente, possuem, em geral, baixa fertilidade natural, constatado pela baixa capacidade de troca de cátions e a predominância de argilas minerais 1:1 (caulinitas). 2.12 Figura 2.08 - Solos da Região do Parque Estadual de São Camilo Fonte: Dados do Solo – IAP, organizado por STCP Estruturalmente, são em geral solos fortemente a bem drenados, profundos (a espessura do solum raramente inferior a um metro) e seqüência de horizontes A, B, C com (pouca diferenciação de horizontes, e transições usualmente difusas ou graduais). Dentre outras características dos solos dessa classe apresenta: incremento de argila do A para o B é pouco expressivo, relação textural B/A que não satisfaz os requisitos para B textural, teores da fração argila no solum aumenta de forma gradativa com a profundidade, ou permanecem constantes ao longo do perfil. Apresenta ainda, baixa mobilidade das argilas no horizonte B, ressalvados comportamentos atípicos - de solos desenvolvidos de material arenoso quartzoso, de constituintes orgânicos ou com pH positivo ou nulo. São em geral, solos fortemente ácidos, com baixa saturação por bases, distróficos ou álicos. Ocorre, todavia, solos com média e, até mesmo alta saturação por bases, encontrados geralmente em zonas que apresentam estação seca pronunciada, semi-áridas ou não, como, também, em solos formados a partir de rochas básicas. 2.2.1.5.2 - Gleissolos São solos formados em materiais estratificados ou não e sujeitos a constante ou periódico excesso de água. Desenvolvem-se em sedimentos recentes nas proximidades dos cursos 2.13 de água e em materiais colúvio-aluviais sujeitos a condições de hidromorfia, podendo formar-se também em áreas com relevo plano de terraços fluviais, como também em materiais residuais em áreas abaciadas e depressões. São eventualmente encontrados em relevo inclinado sob influência do afloramento de água subterrânea. O processo de gleização implica na manifestação de cores acizentadas, azuladas ou esverdeadas, devido a compostos ferrosos resultantes da escassez de oxigênio causada pelo encharcamento. Provoca, também, a redução e solubilização de ferro, promovendo translocação e reprecipitação dos seus compostos. 2.2.2 - Meio Biótico 2.2.2.1 - Aspectos Biogeográficos da Região do Parque Estadual de São Camilo O Parque Estadual São Camilo (PESC) insere-se no contexto da Floresta Estacional Semidecidual (FES) da bacia do rio Paraná. Segundo Ab’Saber (1977), esta formação compreende uma parte do bioma da Floresta Atlântica, ocorrendo desde o Estado da Bahia e Goiás até as Províncias de Misiones e Corrientes, na Argentina, e desenvolvendo-se sobre “mares de morros” desde áreas planálticas com altitudes superiores a 600 metros até as planícies do vale do rio Paraná. O conceito ecológico de Floresta Estacional Semidecidual relaciona-se com a dupla estacionalidade climática: uma tropical, com intensas chuvas de verão seguida por estiagem acentuada, e outra subtropical, sem período seco, mas com seca fisiológica provocada pelo intenso frio de inverno, com temperaturas médias inferiores a 15 oC. Caracteriza-se pelo fenômeno da semidecidualidade estacional, onde cerca de 20% a 50% dos indivíduos do estrato superior perdem suas folhas na época desfavorável (IBGE, 1992). A Floresta Estacional Semidecidual é mais aberta e mais iluminada que a Floresta Ombrófila Densa. Pode ser dividida em três estratos arbóreos cujo dossel situa-se entre 25m e 30m de altura, com um segundo estrato em torno de 18m a 25m e um sub-bosque bastante denso sobre um estrato herbáceo muito pobre, com folhagem geralmente rígida e coriácea (Hueck, 1972; Rizzini, 1979). A presença de lianas, epífitas e fetos arborescentes é grande. Ocorrem comumente palmeiras jerivá Syagrus romanzoffiana, esparsamente entre as árvores da floresta, entretanto raramente atingindo o dossel, com alturas de até 20 m. É comum ver-se ainda hoje em pastagens a preservação destas palmeiras em meio à derrubada da floresta (Hueck, 1972). Os troncos têm menor altura, cascas geralmente mais grossas e ramos robustos mais ou menos retorcidos. As copas são amplas, ralas, esgalhadas e ramificando-se no tronco, muitas vezes, desde baixo. A folhagem do estrato superior pode ser ampla e delgada, não sendo rara a esclerofilia entre as espécies (Rizzini, 1979). Em solos pobres, derivados de arenitos a altura da floresta diminui para 10 - 15 m e pode tornar-se entremeada de espécies xerófilas, normalmente da família das cactáceas. A Floresta Estacional Semidecidual estendia-se, de forma mais ou menos contínua, desde o Rio Grande do Sul até o sul da Bahia (Veloso e Góes-Filho, 1982). No Paraná esta floresta alcança os limites altitudinais da Floresta Ombrófila Mista (500 m - 700 m s.n.m.), compreendendo o lado esquerdo da bacia do rio Paranapanema, a partir do rio Itararé e as bacias de todos os afluentes da margem esquerda do rio Paraná, desde o rio Paranapanema até a bacia do rio Iguaçu (Hueck, 1972; IBGE, 1990; IBGE, 1992). Distribuise sobre solos derivados principalmente de derrames basálticos (Latossolo Roxo e Terra Roxa Estruturada) e das coberturas sedimentares (Latossolo Vermelho Escuro e Podzólico Vermelho Escuro), em altitudes variáveis de 100m s.n.m. em Foz do Iguaçu e 500 - 600 m 2.14 s.n.m. no norte do Estado. Sobre ambientes marcados por deficiências litopedológicas (terrenos pobres, ácidos ou hidromórficos) ocorrem encraves de savana (cerrado), considerados testemunhas de climas pretéritos mais secos e menos quentes do Quaternário (Leite, 1994). Maack (1968) descreveu, para a Floresta Estacional Semidecidual do Estado do Paraná, duas fisionomias semelhantes, mas com composições florísticas um pouco diferentes, às quais denominou Mata pluvial-tropical dos planaltos do interior e Mata pluvial subtropical. A primeira predominava, sobretudo na parte norte do terceiro planalto e seus vales fluviais, sobre solos originados de basalto e, para o autor, representava apenas uma variação da mata pluvial do litoral (Floresta Ombrófila Densa) onde a peroba Aspidosperma polyneuron, o palmito Euterpe edulis, cedros Cedrela fissilis, Cedrela. sp., o araribá Centrolobium tomentosum, o pau-marfim Balfourodendron riedelianum, a chuva-de-ouro Senna multijuga e diversos angicos Parapiptadenia rigida, Anadenanthera colubrina eram as espécies dominantes. Possuía uma riqueza de lianas como pente-de-macaco Pithecoctenium spp., escada-de-macaco Bauhinia spp. e epífitas das famílias Cactaceae Rhipsalis sp., Araceae, Orchidaceae, Bromeliaceae e Piperaceae Piper sp., Peperomia sp. (Maack, 1968). Ao sul do divisor de águas Ivaí-Piquiri, a Floresta Estacional Semidecidual transformava-se gradativamente em subtropical, estendendo-se a oeste além do rio Paraná, exibindo a mesma exuberância de espécies da pluvial-tropical, mas com ocorrência menor de Euterpe edulis diminuindo inclusive em porte, e com riqueza maior de fetos arborescentes. A peroba torna-se mais rara e surgem alecrim Holocalix balansae, angico, cabreúva Myrocarpus frondosus, sapuva Machaerium sp., timbaúva Enterolobium contortisiliquum, guajuvira Patagonula americana e jerivá Syagrus romanzoffiana. Dos fetos arborescentes predominam Cyathea leucosticta e C. schanschin, Alsophila radens, A. villosa, A. feeana, A. elegans. Ocorrem espécies de plantas xerofíticas (Cactáceas Cereus peruvianus), provavelmente relictos de climas anteriores mais secos (Maack, 1968). Diversos autores reconhecem variações da Floresta Estacional Semidecidual segundo diferentes ambientes e fisionomias. Abaixo estas variações são descritas de maneira sucinta. 2.2.2.2 - Vegetação (baseado em Roderjan e Svolenski, 2006) 2.2.2.2.1 - Floresta Estacional Semidecidual Montana (FESM) A variação submontana da FES ocorre apenas no médio vale do rio Iguaçu, tendo sido em outros tempos classificada como Floresta Ombrófila Mista Montana, pois, em altitudes de 500 - 600 m, a araucária Araucaria angustifolia participa do estrato superior imprimindo a fisionomia desta formação. Diferencia-se da Floresta Estacional Semidecidual Submontana pela ausência do palmito Euterpe edulis. 2.2.2.2.2 - Floresta Estacional Semidecidual Submontana (FESS) Sobre o Arenito Caiuá vicejava, de forma contínua, a Floresta Estacional Semidecidual, no seu patamar submontano, descrita originalmente por Maack (1968) como Mata Pluvial Tropical menos exuberante, comparando-as àquelas da mesma tipologia distribuídas sobre os férteis solos do embasamento basáltico do norte e do oeste do Estado do Paraná. Como característica fitofisionômica desta formação florestal, o autor referiu-se à substituição do palmito Euterpe edulis pelo jerivá Cocos (Syagrus) romanzofiana e pela macaúba Acrocomia sclerocarpa, embora ainda tipificada pela dominância da peroba Aspidosperma polyneuron, acompanhada de timbaúva Enterolobium contortisiliquum e monjoleiro Acacia polyphylla, entre outras. 2.15 No primoroso mapa fitogeográfico do Estado do Paraná elaborado por Reinhard Maack na década de 1950 (Maack, 1950, Figura 2.09), observa-se ainda a integridade da cobertura vegetal da região noroeste do Estado, quando são incipientes os antropismos, expressos apenas no eixo Maringá - Paranavaí - Porto São José. Nos 20 anos que se seguiram, contudo, presenciou-se a quase completa transformação dessa região, comandada pela desenfreada frente cafeeira que então já havia arrasado as exuberantes florestas estacionais do nordeste (“norte velho”) e norte (“norte novo”) paranaenses, mesmo ante as fortes restrições colocadas pelo geógrafo alemão, com relação à fragilidade dos seus solos arenosos. Restam hoje escassos fragmentos isolados de florestas entre cultivos agrícolas intensivos, fortemente alteradas pela extração seletiva das melhores madeiras. Dentre esses, a Estação Ecológica do Caiuá, integrante do Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC) na área do corredor Caiuá-Ilha Grande, constitui uma amostra representativa das florestas estacionais que dominavam a região do arenito Caiuá, onde ainda é possível observar perobas, mandiocão Didymopanax morototonii, marfim Balfourodendron riedelianum, pau-d'alho Gallesia gorazema, pau-manteiga Terminalia sp., figuerias Ficus sp., almésca Protium heptaphyllum, guaritás Astronium graveolens (Roderjan e Kuniyoshi, 1989). Em solos derivados de arenito a floresta menos desenvolvida torna-se mais heterogênea pela presença de espécies próprias de ambientes secos. Para esta floresta dominavam peroba-rosa Aspidosperma polyneuron, ipê-roxo Tabebuia heptaphyla, pau-d’alho Gallesia gorazema, pau-marfim Balfourodendron riedelianum, canafístula Peltophorum dubium, louropardo Cordia trichotoma, grápia Apuleia leiocarpa, guaritá Myracrodruon urundeuva, jequitibá Cariniana estrellensis, jatobá Hymenaea stilbocarpa, sucupira-amarela Ferreirea spectabilis e amendoim-brabo Pterogyne nitens. No estrato arbóreo dominado ocorriam o guatambú Chrysophyllum gonocarpum, canelão Ocotea cf. acutifolia, sobrasil Colubrina glandulosa, alecrim Holocalix balansae, ariticum-cagão Annona cacans, amarelinho Helietta longifoliata, macaúba Acrocomia sclerocarpa, farinha-seca Albizia sp. pindaíba Duguetia lanceolata e Xylopia brasiliensis e guaraiúva Savia dictyocarpa (IBGE, 1990). No basalto, substrato que embasa a região do Parque Estadual de São Camilo, as espécies dominantes eram a peroba-rosa, o ipê-roxo, o pau-d’alho, o pau-marfim, a canafístula, o louro-pardo e a grápia, juntamente com figueira-branca Ficus insipida, rabo-de-bugio Lonchocarpus muehlbergianus, angico-vermelho Parapiptadenia rigida, marinheiro Guarea guidonia, angico-branco Anadenanthera colubrina e jerivá Syagrus romanzoffiana. No estrato contínuo apareciam a canela-preta Nectandra megapotamica, guajuvira Patagonula americana, canela-amarela Nectandra lanceolata, canjerana Cabralea canjerana, cedro-rosa Cedrela fissilis e o palmito Euterpe edulis. É uma das florestas brasileiras mais ricas em termos de volume de madeira por unidade de área, devido, provavelmente, ao solo derivado do basalto. Embora compreendesse em outros tempos a maior extensão de área da FESS, sua presença atual restringe-se ao Parque Nacional do Iguaçu e a poucos fragmentos, devido às intensas intervenções humanas para instalação de sistemas agropecuários. Ocorre a partir de 500 - 600 m s.n.m. com grande uniformidade florística, exceto por algumas pequenas variações locais. Apesar de exuberante, com 30 - 35 m de altura, mostra-se mais pobre em formas de vida, principalmente arbóreas, que as florestas ombrófilas regionais, com reduzido número de espécies nos estratos superiores, em geral bastante abertos e descontínuos. Klein (1972) encontrou 213 espécies arbóreas, das quais: 20 eram exclusivas; 43 eram não exclusivas, porém preferenciais e características; 150 eram ocorrentes não características tidas como preferenciais de outras regiões. 2.16 Ocorre baixo epifitismo arborícola, com espécies pertencentes às famílias Araceae, Bromeliaceae, Piperaceae e Orchidaceae. As lianas, embora densamente distribuídas, pertencem a reduzido número de espécies. Independente das características do solo, o estrato das arvoretas e dos arbustos era o mesmo para ambos, predominando o cincho Sorocea bonplandii, carrapateiro Metreodorea nigra, roxinho Actinostemom concolor, jaborandi Pilocarpus pennatifolius, pau-de-junta Piper gaudichaudianum e catiguá Trichilia elegans, dentre outras. O estrato herbáceo compunhase principalmente de taquaris Olyra sp., capim-arroz Pharus glaber e bananeira-do-mato Heliconia sp., associadas a pteridófitas de diversas famílias (IBGE, 1990). 2.2.2.2.3 - Floresta Estacional Semidecidual Aluvial (FESA) Sobre as planícies aluviais dos rios Paranapanema e Paraná e suas ilhas não existem registros sobre a composição da cobertura vegetal primitiva. Supõe-se que, originalmente, esses ambientes eram dominados pela Floresta Estacional Semidecidual Aluvial nas superfícies alçadas por maior volume de sedimentos, entremeadas por Formações Pioneiras com Influência Fluviolacustre (várzeas) em canais abandonados e em novas superfícies de agradação, sobre substratos hidromórficos. Campos (1997), estudou a transformação temporal da cobertura vegetal da ilha Porto Rico Alto Rio Paraná (22o45’S e 53o15’W) a partir do ano de 1963, quando encontrava-se integralmente ocupada por vegetação de porte arbóreo, enquadrada como Floresta Estacional Semidecidual Aluvial. Na análise de seus exíguos remanescentes (6% do original), foram essencialmente espécies pioneiras que se destacaram em valor de importância, como embaúba Cecropia pachystachya, Celtis iguanaea, Croton urucurana e Inga uruguensis. Segundo o autor, a simplicidade florística e estrutural dos remanescentes é fortemente influenciada pelo regime hídrico do rio Paraná, restringindo o desenvolvimento do processo sucessional. É possível admitir, contudo, hipoteticamente, tratar-se de estágios iniciais da sucessão vegetal secundários, oriundos do abandono de atividades humanas, representadas essencialmente pelo pastoreio e agricultura de subsistência, além de serem sistematicamente submetidas a queimadas, de origem duvidosa. É o que acontece com a maioria das ilhas fluviais da bacia do médio Paraná, sendo notável o conjunto que constitui a área do Parque Nacional de Ilha Grande. De encontro a esta hipótese, na descrição sumária da caracterização da Estação Ecológica do Caiuá, Roderjan e Kuniyoshi (1989) referem-se a um contingente de porte florestal, entre 15 e 20m de altura, dominado pelo guanandi ou jacareúba Calophyllum brasiliense, em um segmento de planície marginal ao rio Paranapanema, ocupado pela Floresta Estacional Semidecidual Aluvial. Segundo Hueck (1972) a FESA é rica em lianas herbáceas e assemelha-se às florestas de inundação de latitudes inferiores. De modo geral, as espécies predominantes têm madeiras moles como Inga edulis, Pithecelobium guaraniticum, Cecropia spp. e Enterolobium contortisiliquum, no interior predominam Croton sp. e Sapium sp. com densa presença de bambus Chusquea sp. De pouca importância na área de estudo e mais comum entre o município de Guaíra-PR e a foz do rio Paranapanema, tendo sido já intensamente explorada, a FESA formava densos agrupamentos descontínuos compostos por copaíba Copaifera langsdorfii, sapopema Sloanea guianensis, jerivá Syagrus romanzoffiana, almecega Protium heptaphyllum, jequitibá Cariniana estrellensis, figueira-branca Ficus insipida e Ficus sp. e guaritá Myracrodruon urundeuva. Em ambientes menos influenciados pela água no solo encontramse a jacareúba ou olandi Calophyllum brasiliense, peito-de-pomba Tapirira guianensis, baguaçu Talauma ovata, pindaíba Xylopia brasiliensis, cinzeiro Vochysia tucanorum, pau2.17 d’alho Gallesia gorazema, ipê-roxo Tabebuia heptaphyla, angico-vermelho Parapiptadenia rigida, angico-branco Anadenanthera colubrina, guatambu Chrysophyllum gonocarpum, canelão Ocotea cf. acutifolia, ingá-beira-rio Inga uruguensis, guabiroba (Campomanesia xanthocarpa) e taquara (Bambusa sp.) (Leite, 1994). No tocante à fauna da região de estudo, Illies (1974) cita que a região da Floresta Estacional Semidecidual do sudoeste do Estado do Paraná insere-se no contexto da Província Guarani, uma das províncias zoogeográficas da Região Neotropical. Esta é a única província temperada da sub-região Brasiliana e, por isso, nela ocorre uma fauna peculiar e de certa forma dependente destas condições climáticas (Mello-Leitão, 1980). Segundo Cracraft (1985), ainda, a área está situada no centro de endemismo de fauna denominado “Parana Center”, caracterizado por pelo menos 12 espécies endêmicas de aves. Figura 2.09 - Mapa da Cobertura Vegetal Original do Estado Do Paraná, com a Localização do Parque Estadual de São Camilo Fonte: MAACK (1950), modificado (RODERJAN et al., 2002). 2.2.2.3 - Fauna 2.2.2.3.1 - Mamíferos (baseado em Quadros, 2006) São inexistentes os estudos e inventários realizados com mamíferos na região de inserção do Parque Estadual São Camilo (PESC). As informações mais consistentes referem-se à mastofauna de dois parques nacionais situados no noroeste e no sudoeste do estado, respectivamente: o Parque Nacional de Ilha Grande e o Parque Nacional do Iguaçu. Por contemplar o mesmo tipo de formação vegetal (a Floresta Estacional Semidecidual), os dados levantados para mamíferos para o Parque Nacional do Iguaçu são mais relevantes do 2.18 que os de Ilha Grande, entretanto o tamanho daquela unidade em relação ao PESC representa um critério de diferenciação das duas faunas. Ou seja, é sabido pela teoria da biogeografia de ilhas que quanto maior a área natural conservada, maior será a riqueza de espécies apresentada (McArthur & Wilson, 1967). Soma-se a este fato que os mamíferos representam um grupo muito atingido por processos de fragmentação e tamanho reduzido de área, como é o caso do PESC (Scheffer, 1981; Soulé, 1987). São fadadas a extinções locais algumas ordens de mamíferos de maior porte, como, por exemplo, os Artiodactyla (catetos, queixadas, veados), os Perissodactyla (anta) e os Carnivora (canídeos, canídeos, procionídeos e felinos) (Redford, 1992). Embora a situação da maioria das unidades de conservação no Estado do Paraná seja muito semelhante ao do PESC no que se refere ao tamanho, a importância destes fragmentos para a conservação da biodiversidade local se reveste em uma questão prioritária e urgente, não apenas pela oportunidade de se estabelecer corredores de ligação entre áreas, mas por representarem verdadeiros laboratórios vivos para estudos aprofundados sobre a biota local e suas interações ecológicas. Como exemplo, com a mesma tipologia florestal e área semelhante, o Parque Estadual de Vila Rica do Espírito Santo, localizado em Fênix, tem reunido há duas décadas os mais importantes estudos sobre a biota e a dinâmica de fragmentação daquela região. Sem dúvidas aquela unidade de conservação é a mais bem conhecida do estado. Como exemplos de estudos realizados com mamíferos em áreas de Floresta Estacional Semidecidual pode-se citar os de Mikich & Silva (2001), Sekiama et al. (2001) e Miretzki (2003). 2.2.2.3.2 - Répteis (baseado em Morato, 2006) A porção oeste do Paraná é uma das regiões mais pobremente conhecidas quanto à fauna de répteis de todo o Estado do Paraná. De uma maneira generalizada para todos os grupos faunísticos, o processo relativamente rápido e recente de ocupação do oeste do Estado do Paraná não foi precedido e nem tão pouco acompanhado por pesquisas que visassem analisar a fauna local. Desta maneira, há pouco material oriundo desta região que permita afirmar quais espécies aí ocorriam antes do processo de ocupação antrópica. Nos répteis, em particular, esta situação é bem evidente, salvo nos casos de serpentes enviadas ao Instituto Butantan de São Paulo desde meados da década de 60 para fins de produção de soros antipeçonhentos, serpentes estas tombadas na coleção herpetológica daquela instituição. Em caráter muito mais recente (últimos 20 anos), serpentes foram também enviadas com a mesma finalidade ao Centro de Pesquisa e Produção de Imunobiológicos (CPPI) da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, tendo sido este material sistematicamente tombado no Museu de História Natural Capão da Imbuia (MHNCI, Curitiba). É apenas a partir da análise deste material que se pode ter uma idéia acerca da composição herpetofaunística regional. Publicações versando sobre a fauna de répteis do oeste paranaense são praticamente inexistentes. Afora os estudos bastante rápidos efetuados durante o diagnóstico herpetofaunístico desenvolvido para o CORIPA – Consórcio do Rio Paraná (IGPlan, 1996) e para a Avaliação Ecológica Rápida do Plano de Manejo do Parque Nacional de Ilha Grande, a única publicação existente sobre a composição da fauna de répteis regional é o de Bérnils & Moura-Leite (1990), que relatam o material coletado pelo naturalista André Mayer em meados do século XX quando em serviço para o então Museu Paranaense. Merecem citação, contudo, registros de espécies para as proximidades da região de estudo encontrados nos trabalhos de Gans (1964; 1966), Michaud & Dixon (1987), Rodrigues (1987; 1988), Morato (1991), Moura-Leite et al. (1996), Ribas & Monteiro-Filho (2002) e Bérnils et al. (2004). Nenhum desses estudos, porém, aborda especificamente a herpetofauna da região do PESC. 2.19 2.2.2.3.3 - Anfíbios (baseado em Segalla, 2006) Os anfíbios são divididos em três grupos viventes (Zug, 1993): Urodelos, que compreendem as salamandras e tritões e são caracterizados por possuírem quatro patas e cauda quando adultos, com um representante brasileiro ocorrendo apenas na região amazônica; os Gimnofionas, cobras-cegas ou cecílias, que não possuem membros; e os Anuros, sapos, rãs e pererecas, caracterizados por possuírem quatro patas e regressão da cauda quando adultos. Em virtude da não ocorrência das salamandras na região sul do Brasil e da falta de registro de gimnofionas na região de estudo, serão tratados apenas os anfíbios anuros. Nos últimos quinze anos, pesquisadores de todo o mundo vêm alertando que várias espécies de anfíbios têm desaparecido mesmo dentro de áreas protegidas como parques e reservas. Em decorrência deste fato, iniciaram-se pesquisas para identificar quais seriam os possíveis fatores que estariam contribuindo para o desaparecimento dos anfíbios e estes têm sido reconhecidos como bioindicadores de qualidade ambiental (Vitt et al., 1990). Dentre os fatores, certamente a maior ameaça para os anfíbios é a destruição de seus habitats, seguido de poluição, doenças, atropelamentos e introdução de espécies exóticas (Crump et al., 1992; Sherman & Morton, 1993; Pounds et al., 1999; Kiesecker et al., 2001). Todos estes fatores podem atuar sinergicamente com os efeitos globais tais como: aquecimento da superfície global, aumento da exposição à raios ultravioleta e mudanças nos padrões das estações seca e úmida (Pounds et al., 1999). A perda de habitat ocorre principalmente em decorrência das atividades agrícolas, drenagem de banhados, obras de engenharia como a construção de estradas e o represamento de rios que inundam grandes áreas, restringindo e fragmentando os ecossistemas naturais e conseqüentemente a distribuição das espécies. Segundo Hanken (1999), os anfíbios apresentam uma das maiores taxas de descrição de novas espécies, sendo mesmo provável que algumas espécies já tenham sido extintas ou estejam se extinguindo antes mesmo de sua descrição formal (Haddad, 1998). O declínio de populações e talvez até mesmo a extinção de espécies de anfíbios no Brasil tem sido observado (e.g., Haddad, 1998; Heyer et al.,1988; Weygoldt, 1989; Eterovick et al., 2005). Apesar da ocorrência em todas as regiões do planeta, com algumas exceções (Frost, 2000), é nas regiões de matas úmidas neotropicais (América Central, Floresta Amazônica e Floresta Atlântica) onde ocorre a maior diversidade e abundância de anfíbios (Duellman, 1999). No Brasil são conhecidas mais de 776 espécies desse grupo (SBH, 2005). Para o Estado do Paraná, é estimada a existência de 130 espécies, cerca de 17% das espécies conhecidas para o Brasil. A fauna de anfíbios do Estado do Paraná vem sendo estudada desde 1983. A maioria dos trabalhos sistemáticos foi realizada durante os últimos vinte anos, principalmente na região leste do Estado, bacia do rio Iguaçu e bacia do rio Tibagi. Contudo, muitas outras áreas importantes do estado nunca foram alvo de qualquer tipo de estudo. Na região em que está inserido o Parque Estadual São Camilo (PESC), nenhum estudo foi realizado envolvendo o grupo. O pouco conhecimento sobre a composição da fauna de anfíbios na região dificulta não apenas a identificação de endemismos, mas também a determinação do estado de vulnerabilidade das populações de anfíbios frente aos grandes impactos que esta região vem sofrendo nos últimos anos. 2.2.2.3.4 - Peixes (baseado em Grando Jr, 2006) O Parque Estadual de São Camilo está inserido na Bacia Hidrográfica do rio Piquiri, no Terceiro Planalto Paranaense, no município de Palotina. O rio São Camilo, tributário da margem esquerda do rio Piquiri, limita a Unidade de Conservação em sua face Leste. Um 2.20 pequeno córrego tributário do São Camilo em sua margem esquerda drena o interior do Parque. No limite Oeste da UC, correspondente à sua porção mais elevada, encontra-se ainda a extensa área de alagamento, aonde o relevo propicia a estagnação da água em uma situação bastante peculiar para o contexto regional. Até a década de 1980 eram poucos e esparsos os trabalhos relacionados à fauna de peixes dos tributários da margem esquerda do rio Paraná, tais como o rio Piquiri. Após o estabelecimento do reservatório de Itaipu e da criação do Núcleo de Pesquisas e Estudos em Limnologia e Aqüicultura (NUPELIA), na Universidade Estadual de Maringá, as publicações de trabalhos científicos relacionados à fauna de peixes desta região passaram a ser recorrentes. O rio Piquiri teve sua fauna ictíica estudada principalmente em sua região inferior, já próxima à confluência com o rio Paraná, na região do Parque Nacional de Ilha Grande. Além dos estudos realizados pelo NUPELIA, investigações sobre a ictiofauna dessa região foram obtidas por ocasião da AER realizada para o plano de manejo do Parque Nacional de Ilha Grande. Ainda, segundo informações de S. A. A. Morato (com. pess.), dados ictiológicos relacionados à bacia do Piquiri como um todo são incluídos em relatórios internos da Companhia Paranaense de Energia (COPEL), empresa responsável pela realização do inventário energético desta bacia. Contudo, tanto as informações relacionadas ao Parque Nacional de Ilha Grande, quanto aquelas contidas no inventário energético não foram ainda publicadas e, portanto, não figuram entre os dados aqui apresentados. Entre os trabalhos mais abrangentes relacionando a fauna de peixes para o rio Piquiri e outros tributários da margem esquerda do rio Paraná encontram-se disponíveis os estudos de Vazzoler et al. (1997), que estuda a planície de inundação do rio Paraná em termos físicos, biológicos e socioeconômicos e Benedito-Cecílio et al. (1997), que trata da colonização ictiofaunística de áreas adjacentes ao reservatório de Itaipu. 2.2.2.3.5 - Aves (baseado em Bornshein, 2006) A redução de ambientes florestais é denominada fragmentação florestal e considerada a maior ameaça à biodiversidade global (Dale et al. 2000; Steininger et al. 2001). As espécies florestais são afetadas pela perda de hábitat e podem ser extintas se as áreas remanescentes, ou fragmentos, forem pequenas demais para sustentar populações viáveis (Pulliam 1988; Fauth 2001). Quanto menor o fragmento, maior a hostilidade à sobrevivência de muitas espécies de aves, pois elevam taxas de predação nos ninhos e nos adultos e podem oferecer menos recursos alimentares (Melo & Marini 1997; Weinberg & Roth 1998; Stratford & Stouffer 2001). Os fatores maiores taxas de predação e menor disponibilidade de alimento interagem e afetam negativamente a reprodução destas populações (Uejima 2004). Vários estudos sobre fragmentação no Brasil têm sido conduzidos e apontam a perda de ambiente como a principal causa de perda de espécies no país (e.g. Saatchi et al. 2001; Laps et al. 2003). A conservação de aves no Paraná reflete as mesmas condições do país. A principal causa de extinção de espécies e redução do tamanho das populações de aves é a perda de ambientes (Bornschein & Reinert 2000). “A cobertura florestal original do Paraná perfazia quase 85 % da sua superfície. Deste total, restava menos de 8 % em 1990, o que representou um desmatamento de dez milhões de hectares (Fundação SOS Mata Atlântica 1992a). Este percentual de desflorestamento é similar ao verificado na Região Nordeste do Brasil (Workshop – Mata Atlântica do Nordeste 1993), e é maior do que o constatado, por 2.21 exemplo, no estado vizinho de Santa Catarina, onde sobrava até 1990 pouco mais de 16 % da cobertura original (Fundação SOS Mata Atlântica 1992b)” (Bornschein & Reinert 2000). Esse quadro de gravidade pode, ainda, ser enfatizado pelos dizeres de Maack (1963), que mencionou que “a amplitude da devastação das matas efetuada pelo homem no Estado do Paraná escapa a qualquer descrição”. A região do Parque Estadual de São Camilo ainda não havia sido estudado quanto à ornitofauna, ao menos não se conhece trabalhos publicados sobre aves que tenham enfocado o entorno dessa unidade de conservação. 2.3 - Aspectos Socioculturais e Históricos (baseado em Laufer Jr, 2006) 2.3.1 - Histórico de Ocupação Territorial O processo histórico de ocupação da região de Palotina está ligado à chegada dos primeiros moradores trazidos pela Empresa de Colonização Pinho e Terra Ltda. e pela Madeireira Rio Paraná na década de 1950 (Foto 2.03). Dos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, vieram Domingos Francisco Zardo, João Bortolozzo, Luis de Carli, Benardino Barbieri, João Egidio Clivatti, Eugenio Leczinski, Eurico Nenevê, Amado Vilaverde e Francisco Studzinski, responsáveis pela abertura das matas, plantio de café, edificar moradias, abrir ruas, construir uma cidade. Foto 2.03 - Início da Colonização de Palotina (Década de 50) Em 6 de janeiro de 1954 seria rezada a primeira missa em um altar montado no local, onde está atualmente a Granja Possan, por padres Palotinos, oriundos de Santa Maria/RS e responsáveis pela colonização missionária da região, contanto na época com 12 habitantes, período em que Palotina (o nome Palotina é uma homenagem aos padres Palotinos), que estiveram presentes desde a derrubada das primeiras árvores. Pertencia ao município de Guaíra. Devido ao processo de crescimento do povoado, logo tornaria-se Distrito de Palotina, através da Lei n° 3.212, de 1957, vindo posteriormente, em 25 de julho de 1960, se tornar município. Através da Lei Estadual de n° 4.245, houve desmembramento das comunas de Guaíra e Toledo, dotando o novo município do espaço necessário para o seu progresso. A instalação oficial deu-se em 3 de dezembro de 1961, quando o então governador Moisés Lupion empossou o primeiro Prefeito eleito, Marcelino Afonso Neis. Atualmente, o Dr. Elir de 2.22 Oliveira responde pelo cargo de Prefeito Municipal, assumindo o posto em 1° de janeiro de 2005, com mandato fixado até o dia 31 de dezembro de 2008. O município de Palotina (Foto 2.04), faz limite ao Norte com os municípios de Iporã e Francisco Alves, ao Sul com Maripá e Nova Santa Rosa, a Leste com Assis Chateaubriand e a Oeste com Terra Roxa, situado na região Oeste do Estado, em latitude 24º 17’ 02” S, longitude 53º 50’ 24” W-GR, localizado a 50 km de Toledo e 592 km da Capital, a uma altitude de 289 metros acima do nível do mar, com uma superfície de 647 km². 2.3.2 - Manifestações Culturais (Pinheiro) Atualmente poucos são, além do Parque, os recursos de atração de visitantes ao município, e estão concentrados na realização de alguns eventos de abrangência regional. Foto 2.04 - Vista do Parcial do Perímetro Urbano de Palotina Fonte: http://www.paranacidade.org.br/municipios/municipio.php?id_municipio=233 Segundo a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto, o Calendário de Eventos do município, organizado anualmente, abrange realizações esportivas, religiosas, institucionais, sociais, cívicas e culturais. Podem ser citados: Festival da Soja e do Frango Canta Palotina Festa de Nossa Senhora da Salete Jogos de Palotina (com gincana ecológica) Expo-Palotina - maio Aniversário do Município - 3 de dezembro Dentre as manifestações e usos tradicionais e populares, em Palotina existe a Casa do Artesão (Foto 2.05), com trabalhos em bordado, tricô, crochê, pintura, soja (um dos produtos econômicos mais significativos do município), por exemplo, porém sem muita expressividade ou que seja identificado como característico do local. No Natal de 2005 vários logradouros públicos foram decorados por enfeites confeccionados com garrafas pet por grupos da comunidade. Promovem um desfile de roupas feitas com material reciclado. 2.23 Na gastronomia não há destaques nem prato típico. Comercializam produtos orgânicos em pontos de venda (supermercado) e, nos bairros, produtos caseiros são vendidos diretamente nas casas (pães, broas, doces). Como recursos histórico-culturais estão o Santuário de Nossa Senhora da Salete e a história da ocupação da região, por uma empresa colonizadora no período de 1950, com agricultores descendentes de italianos e alemães. Foto 2. 05 - Casa do Artesão no Centro de Palotina A B Fonte: Cavilha, 2006 O Festival da Soja e do Frango surge como uma oportunidade de atração para a região, oferecendo o visitante shows, brincadeiras e gastronomia (Anexo 2.01). Esta festividade é reflexo das atividades e da cultura de Palotina. 2.4 - Uso e Ocupação da Terra e Ameaças Ambientais Decorrentes 2.4.1 - Uso e Ocupação do Solo Os dados sobre o uso do solo no município de Palotina, são apresentados na Tabela 2.03. Tabela 2.03 - Uso do Solo VARIÁVEL Lavouras anuais Lavouras permanentes Pastagens naturais Pastagens plantadas ÁREA (ha) 46.300 38 11.610 Matas e florestas naturais 700 Matas e florestas plantadas 800 Outras áreas (estradas, várzeas, etc) 3.309 Total 62.758 Fonte: EMATER - 2005 Segundo Laufer Jr, dentre os principais usos da terra no município de Palotina, destacam-se as lavouras anuais com 74% do total; as pastagens cultivadas com 18% e outras áreas (estradas, várzeas, etc) com 5% do total das áreas existente. 2.24 Em relação à produção agrícola regional, o município de Palotina apresentou no período da safra de 2004/2005, a soja, o milho e o trigo como culturas de maior expressão, com maior área cultivada, alcançando no período uma produtividade média de 3.100 kg/ha para a soja, 8.000 kg/ha para o milho e 2.700 kg/ha para o trigo. A pecuária representa uma das principais fontes de receitas, considerando a presença de aproximadamente 500 aviários, frigoríficos, mini-indústrias familiares, produção do gado de corte, leite e suínos. Boa parte da mão-de-obra da região concentra-se na pecuária, notadamente, em atividades junto a C. Vale, Sadia e Perdigão. A soja, o milho e o trigo apresentam boa produtividade na região, considerando as condições topográficas favoráveis, uso do solo, o sistema de plantio direto, a adubação, assistência técnica e a infra-estrutura das propriedades. Nas pequenas propriedades, particularmente, onde há aviários e granjas (suinocultura), o milho acaba sendo aproveitado na alimentação dos animais. Em vários municípios da região, o fumo vem ganhando espaço, considerando as oportunidades de ganhos, a falta de incentivos agrícolas, financiamento, queda nos preços no mercado nacional e internacional e pelas seguidas quebras de safra de soja, milho e trigo, provocadas pela estiagem. Os produtos são normalmente comercializados na própria região e em municípios vizinhos, considerando a proximidade com grandes centros de armazenamento e exportação, como Cascavel e Toledo. A produção da soja, milho e trigo, acaba sendo comercializada através de cooperativas cerealistas, destinadas para esmagamento ou exportação. Segundo a Prefeitura, com o plantio direto os produtores rurais acabam reduzindo os problemas de erosão, bem como, a quantidade de agrotóxicos utilizados nas culturas. Os recipientes são recolhidos, não sendo os mesmos queimados ou enterrados. A população se mostra consciente dos riscos para a saúde humana e para o meio ambiente. No âmbito das ações do Instituto Agronômico do Paraná (Foto 2.06), a unidade experimental de Palotina está voltada ao desenvolvimento de tecnologias de manejo e conservação do solo, clima e sistemas de produção. Foto 2.06 - Vista Parcial do IAPAR em Palotina A B Fonte: Laufer Jr., 2006. Os produtores são atendidos no fornecimento de sementes, assistência técnica, orientação sobre o plantio direto. Por exemplo, técnicas para o aproveitamento de resíduos da suinocultura (chorume na lavoura), plantio de soja, milho, trigo, sorgo, feijão, aveia, 2.25 forrageiras, mandioca, mamona, cártamo, girassol (estes três últimos como potencial de desenvolvimento do biodiesel), bem como, no plantio de orgânicos, como a cana-de-açúcar e a produção de adubos orgânicos. Destaca-se ainda, a produção das unidades artesanais, notadamente, na produção de açúcar mascavo, aguardente, melado, vinhos e licores, fubá, embutidos e defumados. No entorno da Unidade de Conservação (Foto 2.07 e Figura 2.10), a soja e o milho, constituem as principais culturas, notadamente para comercialização. Em algumas propriedades, o milho é utilizado na criação de aves e suínos. Há igualmente, áreas destinadas ao plantio da cana-de-açúcar (orgânico), mandioca, frutíferas, (consumo local), forrageiras, além de áreas utilizadas para a piscicultura, criação de gado, aves e suínos. Cabe destacar as atividades de piscicultura instaladas ao longo do rio São Camilo. A produção agrícola com os principais produtos e área colhida na região são apresentados na Tabela 2.04. Foto 2.07 - Área Agrícola Situada nas Proximidades da UC Fonte: Laufer Jr., 2006. Tabela 2.04 - Principais Produtos Agrícolas (Área Colhida em ha) ÁREA QUANTIDADE COLHIDA (ha) PRODUZIDA (t) 5 10 20 615 10.400 - Cana-de-açúcar 7 12,88 322 Erva-mate 25 440 265 Mandioca 35 300 9.000 Milho 248 1.800 14.400 Milho safrinha 572 14.000 30.800 Soja 1.382 43.500 134.850 Trigo 245 18.000 48.600 PRODUTOS Amendoim Aveia Fonte: EMATER, 2005 2.26 PRODUTORES Figura 2.10 - Mapa de Uso do Solo da Zona de Amortecimento do Parque Estadual de São Camilo mapa plástico 2.27 verso do mapa 2.28 2.4.2 - Principais Ameaças ou Problemas Identificados Decorrentes do Uso e Ocupação do Solo na Região do Parque O Parque Estadual de São Camilo constitui uma porção de floresta insulada por extensas áreas de monocultura de grãos, suportando assim toda a sorte de pressões decorrentes dessas atividades sobre seus ambientes terrestres e aquáticos interiores ou limítrofes. Em princípio observa-se que as maiores pressões originam-se do entorno imediato da Unidade. A ausência de demais remanescentes de vegetação original no entorno tem ocasionado, além do isolamento reprodutivo das populações de espécies nativas, também uma intensificação dos efeitos de borda decorrentes da perda de solo e da velocidade dos ventos. Durante os trabalhos de campo observou-se que ventos com velocidade elevada (provavelmente superiores a 60 km/h) afetam significativamente a UC, bombardeando a vegetação marginal com partículas livres do solo exposto após a colheita. Este efeito, além de prejudicial à própria agricultura regional, afeta negativamente a flora da unidade pelo comprometimento das estruturas respiratórias presentes nas folhas das plantas de entorno e, também, pelo ressecamento da pele de espécies mais sensíveis da fauna, tais como anfíbios e muitos invertebrados. Condições como o uso de agrotóxico e do assoreamento pela perda de solo em função da ausência quase total de matas ciliares na região são potenciais pressões impactantes para a UC decorrentes do uso do solo. O carreamento de partículas do solo com agrotóxicos adsorvidos provenientes das plantações e da possível presença de moléculas químicas com maior poder residual, são ameaças ao Parque. Segundo o Mapeamento do Potencial de Riscos Ambientais em Mananciais Superficiais de Abastecimento Público apresentado pela SEMA/IAP (2003), há indicação da existência de dois aterros sanitários na região, o primeiro no interflúvio entre Palotina e Nova Santa Rosa e o segundo a jusante da Unidade de Conservação, em drenagem paralela ao São Camilo. Tal situação pode estar originando problemas de redução de qualidade de água nos cursos d’água regionais (dentre os quais o principal é o rio Piquiri), ocasionando o indireto isolamento da fauna aquática da UC, em especial os peixes. Já a nascente do Córrego Quati se encontra em uma área privada onde, segundo os funcionários do IAP que acompanharam a visita, foram instaladas estruturas para criação de suínos. Os efeitos negativos de efluentes dessa origem em corpos d’água, sobretudo naqueles de baixo poder de autodepuração, são graves e limitam em muito o estabelecimento de uma fauna aquática representativa. A estrada que limita com o Parque na porção Oeste vem ocasionando morte de animais silvestres como de jacarés e sua manutenção e exposição aos efeitos climáticos, carregando solo para a área paludosa. A Estação Experimental do IAPAR aparece como potencial ameaça por fazer testes relacionados a diferentes culturas e manejos. 2.4.3 - Principais Tendências Quanto ao Uso do Solo na Região Há de se considerar que a região vem experimentando um processo de desenvolvimento econômico e social com melhoria das condições de vida. Isso pode ser visto através dos fatores que determinam inclusive, a necessidade de estabelecimento de novos bairros junto à sede municipal, alguns lotes próximos a Unidade de Conservação na margem esquerda do Arroio Santa Fé, previsto na revisão do Plano Diretor (verificar figura ilustrativa da expansão da zona urbana no Anexo 2.02). O que poderá a longo prazo, representar outro tipo de pressão antrópica rumo à UC, particularmente, se houver um esvaziamento mais acentuado das propriedades rurais localizadas na área de influência do Parque. 2.29 Uma das tendências de desenvolvimento na região é a produção de suínos que vem ganhando volume nos últimos anos, particularmente, devido às quebras de safra ao longo dos últimos anos, baixos preços dos grãos e devido aos incentivos públicos e privados, notadamente das empresas que atuam na região, como a Sadia e a Perdigão. Em 2005, a produção ultrapassou 126 mil cabeças e já há vários produtores diversificando a produção com o plantio de grãos, orgânicos, peixes, aves e suínos, a exemplo do que vem ocorrendo em algumas propriedades do entorno da Unidade de Conservação. Contudo, a grande maioria da população local é constituída de proprietários, produtores rurais, que há décadas residem na região, que de geração a geração têm mantido uma ligação intensa com a terra, com os meios de produção, com os recursos naturais, muitos dos quais, desenvolvendo laços de parentesco e comunitários. Essas pessoas tendem a continuar cultivando a terra. Nesse contexto de cultivo uma forte tendência na região é a utilização de transgênicos. Já na Oficina Participativa foi confirmada a informação que a utilização de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) é muito forte em todo o município. Essa atividade ainda não tem mensurado a extensão dos impactos que essas experiências podem causar. Muitas são as preocupações que surgem tais como o surgimento de superpragas resistentes a herbicidas, o aumento da utilização de agrotóxicos, entre outros, mas nada comprovado. Segundo a Prefeitura Municipal, com o plantio direto os produtores rurais acabam reduzindo os problemas de erosão, bem como, a quantidade de agrotóxicos utilizados nas culturas. Os recipientes são recolhidos e não há queima ou enterramento do material utilizado. A população se mostra consciente dos riscos para a saúde humana e para o meio ambiente. 2.5 - Características da População Regional (baseado em Laufer Jr, 2006) 2.5.1 - Dinâmica Demográfica De acordo com os dados apresentados na Contagem da População de 2000, do IBGE (Tabela 2.05), o município de Palotina apresentava 80% de sua população concentrada no meio urbano, com taxa de crescimento anual de 0,98% (IBGE, 1991; 2000). É importante registrar que a população rural vem sofrendo declínio acentuado ao longo das últimas décadas, passando de rural na década de 1970, para eminentemente urbana em 2000. Tabela 2.05 - Evolução da População ANO URBANA RURAL TOTAL % URBANA % RURAL 1970 5.252 37.753 43.005 12% 88% 1980 12.364 15.875 28.239 44% 56% 1991 19.635 11.963 30.598 64% 36% 1996 18.537 6.246 24.783 75% 25% 2000 20.740 5.031 25.771 80% 20% Fonte: (IBGE, 2000) Censo Demográfico - (pessoas residentes). O município integra a Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (AMOP), possuindo além de seu núcleo urbano, o Distrito de São Camilo. As vilas rurais estão distribuídas ao longo do território, constituídas de pequena população, normalmente concentrada em torno de um núcleo religioso, paróquia, sede local da associação de moradores, congregando 2.30 moradores tradicionais, trabalhadores, funcionários, bem como, propriedades sem qualquer infra-estrutura habitacional, geralmente de proprietários que residem no núcleo urbano. Do total da população residente (25.771 habitantes, 0,27% da população total do Estado), os dados apresentados na Contagem da População de 2000 do IBGE (Tabela 2.06) informam que destes, 12.664 são homens e 13.107 mulheres, distribuídos em uma área de 647,28 km², perfazendo uma densidade demográfica de 37,95 hab/km². Em relação à população residente por grupo de idade, vale destacar a faixa etária entre 0 e 14 anos de idade, representando 27,3% do total da população, compondo um segmento extremamente jovem da população, seguido da faixa etária entre 15 a 39 anos, representando 43% da população local, onde se concentra a maior força de trabalho do município, verificando-se um equilíbrio entre a população mais jovem, ainda em idade escolar e a população que mais contribui com a força de trabalho local. Já em relação ao número de domicílios existentes no município, Palotina possuía em 2000, 7.910 unidades domiciliares, sendo 6.407 no meio urbano e 1.503 na zona rural, apresentando uma relação total de 3,26 habitantes por unidade domiciliar. Tabela 2.06 - População Residente, por Sexo e Situação de Domicílio ANOS POPULAÇÃO TOTAL HOMENS MULHERES URBANA RURAL 1980 (1) 28.253 14.433 13.820 12.854 12.854 1991 (1) 30.705 15.203 13.820 19.700 11.005 1996 (2) 24.783 12.237 12.546 18.537 6.246 2000 (1) 25.771 12.664 13.107 20.740 5.031 Fonte: IBGE, 1996; 2000: (1) Censo Demográfico. (2) Contagem da População. Fluxos Migratórios O primeiro censo de Palotina foi realizado em 1970, mostrando que, naquela época, estavam residindo 43.005 pessoas no município, das quais, 5.252 estavam na zona urbana e 37.753 na zona rural. O censo da década seguinte já demonstrava a existência do êxodo rural e a migração de palotinenses para outras regiões, principalmente para o Mato Grosso, Rondônia e Paraguai. Em 1980, o IBGE registrou a existência de 12.364 moradores na zona urbana de Palotina e 15.875 na zona rural, totalizando 28.239 moradores no município. O censo demográfico realizado em 1991 registrava uma população total de 30.598 moradores, sendo 19.635 na zona urbana e 11.963 na zona rural. A população total do município de Palotina sofreu um decréscimo significativo nos últimos 30 anos, alcançando 40% da população. No meio rural, foi ainda mais significativo, com uma redução de 86% da população. Segundo estimativas do IBGE, a população de Palotina deve alcançar em 2006, 26.872 habitantes, concentrando 80% da população na zona urbana. Vale ressaltar, que os atrativos urbanos continuam sendo preponderantes no processo de esvaziamento do campo, particularmente, para os mais jovens, que não encontram estímulos em permanecer na zona rural, onde normalmente não há condições satisfatórias de educação, moradia, trabalho, infra-estrutura, processo de socialização, entre outros. O fluxo campo-cidade continua ocorrendo, particularmente, nas áreas rurais mais distantes da 2.31 sede municipal, muito embora, em áreas contíguas à sede municipal, se verifique a movimentação da população mais jovem rumo ao centro urbano, ou a pólos regionais como Toledo, Cascavel, ou ainda Umuarama, onde há perspectiva de estudo qualificado e trabalho mais bem remunerado, em detrimento da vida no campo, como agricultor, colono, produtor rural, torna-se decisiva no processo de esvaziamento da zona rural. A grande maioria da população local é constituída de proprietários, produtores rurais, que há décadas residem na região, que de geração a geração têm mantido uma ligação intensa com a terra, os meios de produção, com os recursos naturais, muitos dos quais, desenvolvendo laços de parentesco e comunitários. Não há propriedades abandonadas, sem uso, função e, mesmo em áreas desabitadas, há sempre trabalhadores envolvidos no cultivo da terra, criação do gado ou de pequenos animais. Há de se considerar, que a região vem experimentando um processo de desenvolvimento socioeconômico, com a melhoria das condições de vida, fatores que determinam inclusive, a necessidade de estabelecimento de novos bairros junto à sede do município, inclusive, em áreas que dão acesso à Unidade de Conservação (Fotos 2.08), o que poderá a longo prazo, representar certa pressão antrópica rumo à UC, particularmente, se houver um esvaziamento mais acentuado das propriedades rurais localizadas na área de influência do Parque. Foto 2.08 - Zona Rural de Palotina, nas Proximidades da Unidade de Conservação A B Legenda: (A) Áreas de Plantios; (B) Comunidade Rural. Fotos: Laufer Jr., 2006 2.5.2 - Aspectos Organizacionais e Infra-estrutura Social As condições sociais da população representam um importante indicador para avaliar a situação socioeconômica, o processo produtivo, o sistema educacional, a saúde pública, as forças políticas, a aplicação adequada dos recursos públicos, o emprego e a renda, além do desenvolvimento humano e social, em uma determinada região do País. O levantamento dos indicadores sociais negativos, bem como, das políticas setoriais públicas responsáveis pela melhoria do panorama social, serve igualmente, como fator de detecção de tendências de inclusão ou exclusão social. Na Tabela 2.07 apresenta-se o resumo dos indicadores sociais (condições de vida) do município analisado. No âmbito comunitário e social, a Prefeitura de Palotina vem desenvolvendo ações visando o atendimento da população em geral, a exemplo, da distribuição de cestas básicas para famílias carentes; encaminhamento de pessoas abandonadas, sem moradia, para 2.32 albergues; abrigos para jovens e adolescentes em situação de risco (abandono, violência familiar, usuários de drogas, prostituição, liberdade assistida, etc). Tabela 2.07 - Indicadores Sociais INDICADORES SOCIAIS Expectativa de vida da população – 2000 REFERÊNCIA 74 Taxa de mortalidade infantil (1.000 nascidos vivos) - 2005 21,6% Índice de desenvolvimento humano - IDH (2000) 0,832 Número de leitos hospitalares disponíveis pelo SUS - 2006 55 Número total de médicos 25 Número total de profissionais de enfermagem 20 Número total de dentistas 8 Percentual de pessoas acima de 15 anos sem instrução - 2005 5% Percentual de pessoas com 10 anos ou mais de idade, sem instrução e com menos de 1 ano de estudo – 2001 5,9% Percentual de pessoas com 10 anos ou mais de idade, com 1 a 3 anos de estudo (analfabetismo funcional) – 2001 12% Taxa de alfabetização de adultos – 2000 92% Taxa bruta de freqüência escolar – 2000 92,3% Percentual de pessoas com 10 anos ou mais de idade, com 4 a 7 anos de estudo – 2001 30% Percentual de pessoas residentes com rendimento de até 1 salário mínimo – 2001 17% Porcentagem de pessoas sem rendimentos – 2001 28% Número de famílias atendidas pelo Programa “Bolsa-Família” - 2006 1.063 Percentual de domicílios com abastecimento inadequado de água - 2000 19% Percentual de domicílios com o sistema inadequado de esgoto - 2000 72% Percentual de domicílios com o sistema inadequado de coleta de lixo – 2000 20% Fonte: IBGE (2000), Prefeitura Municipal Há carência de programas voltados ao atendimento permanente das famílias, a exemplo, da distribuição de cestas básicas, em face do pouco interesse das famílias em participar de cursos profissionalizantes, preparo para o mercado de trabalho, aprendizado permanente, escolas dos pais, entre outros. A grande preocupação do poder público local, é atender as famílias, procurando encaminhar os adolescentes para cursos no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), para o Projeto Menor Aprendiz, dando suporte para as famílias, particularmente no que concerne à educação e o trabalho. No contra-turno escolar, os jovens na faixa etária entre 7 e 17 anos, são encaminhados para cursos profissionalizantes. Há igualmente, atendimento para idosos (grupo de convivência da 3ª idade), dependentes químicos, gestantes, menores carentes, atendimento às vilas rurais. Destacam-se ainda, os programas habitacionais em convênio com a Companhia de Habitação do Paraná (COHAPAR), para a construção de moradias populares, onde a Prefeitura Municipal disponibiliza os terrenos para a edificação dos imóveis, atendendo 2.33 igualmente, famílias que não possuem qualquer recurso para a construção de moradias. Os programas atendem atualmente 1.000 famílias, com recursos na ordem de 50 mil reais. Em relação aos problemas sociais existentes, o município tem dificuldades no atendimento de famílias de migrantes oriundas de outras localidades, como Guairá e até do Paraguai, que vem ao município em busca de atendimento médico, moradia, trabalho nas empresas da região, como na C. Vale (cooperativa de produção agropecuária) e frigoríficos existentes, aumentando a pressão sobre a infra-estrutura local, pessoas que acabam permanecendo na região por vários meses. Há problemas com violência na família e prostituição, particularmente entre jovens. 2.5.2.1 - Sistema Educacional De acordo com os dados das Secretarias Municipal e Estadual de Educação, Palotina dispõe de infra-estrutura educacional, conforme constante da Tabela 2.08. Tabela 2.08 - Infra-estrutura Educacional Existente ESTABELECIMENTO DE ENSINO QUANTIDADE Centro de Educação Infantil 4 Escolas Municipais (ensino fundamental) 10 Escolas Estaduais (ensino fundamental e médio) 7 Escolas Particulares 9 Instituições de Ensino Superior 2 TOTAL 12 Fonte: Secretaria Municipal de Educação – 2006 Na Tabela 2.09 apresenta-se o número de alunos matriculados por nível de ensino no município e na Tabela 2.10, o número de alunos matriculados por série, somente para o ensino fundamental (Municipal). Tabela 2.09 - Número de Alunos Matriculados por Nível de Ensino NÍVEL DE CRECHE ENSINO EDUCAÇÃO ENSINO ENSINO EDUCAÇÃO INFANTIL FUNDAMENTAL MÉDIO ESPECIAL Municipal 136 323 2.212 Estadual - - 2.380 Particular - - Federal - TOTAL 136 ENSINO DE JOVENS SUPERIOR E ADULTOS UFPR TOTAL 22 300 2.993 1.230 - 400 4.010 385 158 80 - 623 - - - - - 310 310 323 4.977 1.388 102 700 310 7.936 Fonte: Secretaria Municipal de Educação, 2005 2.34 EDUCAÇÃO Tabela 2.10 - Número de Alunos Matriculados por Nível de Ensino NÍVEL DE EDUCAÇÃO ENSINO ENSINO EDUCAÇÃO DE ENSINO INFANTIL FUNDAMENTAL MÉDIO JOVENS E ADULTOS Municipal 649 1.946 - - 2.595 Estadual - 1.923 1.031 - 2.954 Particular 211 521 275 - 1.007 TOTAL 860 4.390 1.306 TOTAL 6.556 Fonte: Secretaria Municipal de Educação - 2005 Em 2006, do total de alunos matriculados em todos os níveis de ensino público (municipal e estadual), 63% compõe o ensino fundamental (1ª a 8ª série), 17% no ensino médio, 9% na educação de jovens e adultos e 4% no ensino superior, este último, considerando apenas os alunos matriculados no curso de Medicina Veterinárias da Universidade Federal do Paraná (UPFR). Vale destacar ainda, a existência de turmas de ensino pós-médio, pré-vestibular, cursos de línguas, administração, contabilidade, secretariado e gestão pública, de responsabilidade do Instituto Tecnológico de Desenvolvimento Educacional (ITDE/UFPR), contando atualmente com 315 alunos. No âmbito do ensino superior, a Universidade Federal do Paraná oferece o curso de Medicina Veterinária, contando atualmente com aproximadamente 310 alunos, além, de cursos técnicos a distância, com aproximadamente 200 alunos. Além da UFPR, a União de Ensino Superior do Paraná (UESPAR), oferta os cursos de Administração e Ciências Contábeis. Não há informações sobre o número de alunos matriculados em 2006. Atualmente, há aproximadamente 640 alunos que estudam em instituições de ensino superior de Toledo, Marechal Cândido Rondon e Umuarama. Em relação ao número de docentes atuando em escolas municipais, Palotina dispõe atualmente de 275 professores em sala de aula, compondo os níveis educacionais existentes. No entanto, não foi possível diagnosticar a relação aluno/professor por ciclo de ensino. No ensino médio (escolas estaduais), a relação é de 30 alunos/professor. Outro aspecto a ser considerado em relação ao sistema educacional do município analisado, diz respeito ao percentual de moradores sem instrução, com 10 anos ou mais de idade e com menos de 1 ano de instrução, que segundo dados do IBGE (2000), alcançava 5,9%. Já o percentual de habitantes com 10 anos ou mais de idade com apenas de 1 a 3 anos de estudo, representava 12%, compondo o chamado “analfabetismo funcional”, no entanto, a taxa bruta de freqüência escolar em 2000, foi de 92,3%. No âmbito federal e estadual, há 1.063 famílias cadastradas no Programa Bolsa-família e 500 famílias cadastradas no Programa de Distribuição do Leite, programas que acabam contribuindo para o aumento de renda e para a conseqüente melhoria das condições gerais de vida, além, de servir como um instrumento de acompanhamento dos alunos matriculados em escolas públicas. No âmbito da educação ambiental, há iniciativas voltadas à conscientização dos alunos em relação à preservação ambiental, mudança de atitudes, envolvendo escolas públicas e privadas de 1ª a 4ª série, sendo que em várias escolas, a educação ambiental faz parte do currículo da instituição de ensino. 2.35 2.5.2.2 - Sistema de Saúde No diagnóstico do sistema de saúde local, foram considerados os dados referentes à infraestrutura básica disponível e os indicativos de saúde da população. Em relação à disponibilidade de leitos conveniados com o SUS, há um total de 84 leitos disponíveis para a população local, numa relação de 2,13 leitos/1.000 habitantes, abaixo do índice considerando como satisfatório pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 4 leitos para cada 1.000 habitantes. A Tabela 2.11 apresenta a infra-estrutura de saúde disponível no município de Palotina. Tabela 2.11 - Infra-estrutura de Saúde Disponível INFRA-ESTRUTURA QUANTIDADE Hospital privado (sem convênio com SUS) 2 Unidade básica de saúde - Programa da Saúde da Família (PSF) 7 Centro Especializado de Saúde 1 Posto de atendimento 24 h 1 Fonte: Prefeitura Municipal de Palotina A avaliação do sistema de saúde pública requer ainda, a análise de dados sobre a qualidade dos serviços prestados, englobando, entre outros, os aspectos como a taxa de mortalidade infantil, cobertura vacinal, principais causas de óbitos na população, e demais indicadores de saúde. O Coeficiente de Mortalidade Infantil, por exemplo, representa a relação entre os óbitos de habitantes menores de 1 ano de idade e os nascidos vivos no mesmo território e ano (Tabela 2.12). Taxas elevadas de mortalidade infantil representam ainda, de maneira geral, condições inadequadas de saúde, desenvolvimento socioeconômico e de melhoria das condições de vida, fatores que geralmente estão relacionados à nutrição inadequada da gestante, condições precárias de higiene sanitária e ambiental, falta de informação quanto à situação de gravidez, baixo nível de escolaridade, ausência de programas de saúde pública (medicina preventiva), entre outros. Tabela 2.12 - Taxa de Mortalidade Infantil LOCAL 2003 2004 2005 Palotina 16,79 9,9 21,6 Paraná 16,5 15,4 13,7 Fonte: DATASUS, Ministério da Saúde, Secretaria Estadual de Saúde e Prefeitura Municipal, taxa de mortalidade/1000 nascidos vivos Muitos dos óbitos de nascidos vivos, na população com menos de 1 ano de idade, relacionam-se com afecções do período perinatal (anterior e posterior ao parto), doenças infecciosas e parasitárias e problemas no aparelho respiratório, fatores que poderiam ser 2.36 evitados com campanhas eficientes de saúde pública, saneamento básico ambiental e acompanhamento adequado do período de gestação, do parto e da criança. Em 2005, os gastos previstos com saúde básica em Palotina, representaram 18% das despesas municipais, não muito distante das necessidades da educação, responsável por 25% dos gastos previstos. Vale ressaltar, que a grande maioria dos municípios brasileiros acaba comprometendo a maior parte do orçamento com despesas com pessoal, restando muito pouco para novos investimentos em saúde, educação, infra-estrutura, etc. Outro fator preponderante na avaliação do sistema de saúde local, diz respeito às ações preventivas realizadas no município de Palotina, diagnosticando a abrangência da cobertura vacinal realizada. Os dados sobre a cobertura vacinal efetuada nos municípios foram levantados junto às Secretarias Estadual e Municipal de Saúde para o período de 2003 a 2005 e são apresentados na Tabela 2.13. Tabela 2.13 - Cobertura Vacinal na População de até 1 Ano de Idade TIPO DE VACINA 2003 (%) 2005 (%) BCG 105,49 99 Tetravalente 102,86 99 Antipólio 102,86 99 Hepatite B 99,52 99,28 - 83 Influenza Fonte: Secretaria Estadual e Municipal de Saúde O Ministério da Saúde avalia que os altos índices de cobertura vacinal verificados, principalmente aqueles situados acima de 100% de cobertura, são conseqüência de estimativas populacionais subestimadas, que quando utilizadas para realizar o cálculo dos indicadores, transfere a diferença para esses dados, gerando resultados mais elevados que os verdadeiros valores de cobertura vacinal existentes nos Estados e Municípios. Em relação ao número de profissionais que atuam junto às unidades municipais de saúde para atendimento da demanda local, Palotina dispõe atualmente de um total de 25 médicos; 15 enfermeiros, 9 auxiliares de enfermagem e 24 agentes comunitários de saúde, 3 assistentes sociais, 2 psicólogos, 1 nutricionista, 2 bioquímicos e 2 fisioterapeutas. A relação geral é de apenas 0,97 médico por 1.000/hab, enquanto que no atendimento de enfermagem esta relação é de 0,93/1.000hab. No atendimento odontológico há, 9 odontólogos e 4 técnicos de saúde bucal, numa relação de 0,35 odontólogos por 1.000 habitantes. Os índices existentes que retratam o atendimento médico e de saúde pública, denotam toda a fragilidade do sistema de saúde público local, com demanda crescente, falta de especialistas e de infra-estrutura adequada às necessidades da população. A infra-estrutura de atendimento médico, com o corpo clínico disponível, é apresentada na Tabela 2.14. Em relação às doenças de comunicação compulsória, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, Palotina registrou em 2005 casos de hanseníase, tuberculose, AIDS, leishmaniose e dengue, estes últimos, importados, sendo que todos os pacientes estão em tratamento, com acompanhamento médico. As doenças de principal ocorrência estão 2.37 ligadas a diarréias, rotavírus, doença de chagas, hantaviroses e problemas respiratórios, hipertensão, diabetes, entre outras. Tabela 2.14 - Corpo Clínico (Principais Especialidades) CORPO CLÍNICO NÚMERO DE PROFISSIONAIS Auxiliar de enfermagem 9 Enfermeiros 15 Médico Clínico Geral 20 Médico Pediatra 3 Assistente Social 3 Cirurgião Dentista (Geral) 9 Técnico de saúde bucal 4 Psicólogo (Geral) 2 Nutricionista 1 Bioquímico 2 Farmacêutico 1 Fisioterapeuta 2 Fonte: Secretaria Municipal de Saúde - 2006 O sistema de saúde local abrange ainda uma série de programas específicos de saúde pública, voltado ao atendimento geral da comunidade. Dentre os principais programas destacam-se: Programa Saúde da Família - PSF; Programa Bolsa-Alimentação; Programa de Saúde Mental; Programa de Atendimento à Gestante e Pré-Natal; Programa de Prevenção do Câncer de Mama e Uterino; Programa Saúde Bucal; Programa de Hipertensão e Diabetes - HiperDia; Programa de Prevenção e Controle da Dengue; Programa Agente Comunitário de Saúde - PACS; Programa de Imunização; Programa de Eliminação da Hanseníase; 2.38 Programa de Controle de Tuberculose; Programa de Planejamento Familiar; Programa Órtese e Prótese; Programa de Controle das DST/AIDS. 2.5.2.3 - Saneamento Básico e Tratamento do Lixo Entende-se por saneamento básico, o sistema de abastecimento de água e a rede de tratamento de esgoto estruturado no município em análise. De acordo com a Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR), Palotina dispõe de 99,86% dos domicílios urbanos atendidos pelo sistema de abastecimento de água, através da Estação de Tratamento de Água (ETE), fazendo captação no arroio Santa Fé, contando igualmente, com 5 poços artesianos e 1 mina, responsáveis pelas 7.305 ligações. Na comunidade São Camilo, área de influência da Unidade de Conservação, o sistema de abastecimento é feito através de 1 poço artesiano, responsável por 279 ligações, atendendo a 99,63% da demanda local. Há um convênio entre a Prefeitura local e a SANEPAR, para implantar sistemas de abastecimento em todas as comunidades rurais. Já em relação ao sistema de esgotamento sanitário, o município dispõe de um total de 2.066 ligações, 28,42% da demanda local, operando com sistema Ralph, seguido de lagoa, com uma rede instalada de aproximadamente 35 km. Segundo a Prefeitura, a população está sendo conscientizada da necessidade de ligação dos sistemas habitacionais à rede de esgoto existente. A grande maioria das moradias adota o sistema de fossa séptica. Há projetos para ampliação da rede de esgoto e de galerias pluviais. No que diz respeito à coleta de lixo, o material coletado é depositado em um lixão a céu aberto, localizado a aproximadamente 9 km da sede municipal, onde os resíduos sólidos urbanos são diariamente enterrados em valas. O lixo hospitalar é adequado pelas próprias unidades de saúde, sendo coletado e levado para o lixão, depositado em vala séptica. As coletas são efetuadas diariamente no perímetro urbano. No meio rural, o lixo normalmente é enterrado ou queimado. Não há informações sobre a destinação do lixo industrial. Segundo a Prefeitura Municipal de Palotina, já existe projeto para a implantação do aterro sanitário. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agricultura, além da Secretaria Municipal de Saúde, desenvolvem programa voltado ao recolhimento de pneus para a reciclagem fora da região. Há projetos voltados à educação ambiental nas escolas, com separação do lixo reciclável. Não foram averiguados índices de contaminação da rede hidrográfica. 2.5.2.4 - Transportes A área de abrangência do município em análise apresenta como eixos básicos, as rodovias federais BR-467 no sentido Leste-Oeste que em determinado trecho conjuga-se com a BR277, no sentido Sudoeste; e as rodovias estaduais PR-182, PR-487 e PR-485, conjugandose com a BR-376, sentido Sul-Norte da região. A BR-467 e a BR-277, constituem-se nas vias de maior tráfego e maior importância econômica para a região, ligando cidades como Cascavel, Foz do Iguaçu, países do Mercosul com a zona portuária de Paranaguá. 2.39 Das cidades de Toledo e Cascavel, estendem-se as vias que configuram o quadrante LesteOeste de tráfego também na área de estudo: BR-467 e BR-277. A primeira liga a região ao Noroeste do Estado e assume importante papel no transporte da produção agrícola daquela região, sendo a segunda, a responsável pela ligação com a região Sudoeste do Estado, via de intenso tráfego e de importância no transporte da produção agrícola, cargas e pessoas de toda a região. Tem-se assim uma configuração primária de tráfego intrar-regional: o município de Palotina tem como vias de tráfego de maior importância BR-467, PR-182, PR-487. A PR-182 cruza sua sede municipal e integra seus distritos, possibilitando a ligação com os municípios da região. Desta configuração básica de vias primárias de tráfego, originam-se vias secundárias com papel de integração intramunicipal. São vias normalmente não asfaltadas e que ocupam função no escoamento da produção e na comunicação das sedes dos municípios com os distritos. A frota de veículos em circulação em 2004 era constituída por 6.103 automóveis, 1.130 caminhonetes, 911 caminhões, 1.440 motociclos e 53 ônibus. Contando ainda, com 1 Aeroporto Público “Aeroporto Brasílio Marques” e 2 pistas privadas de pouso (terra). Em relação aos investimentos públicos em infra-estrutura, a Prefeitura Municipal investe atualmente em pavimentação e recapeamento das vias na sede urbana, contorno viário e núcleos habitacionais e ciclovias. 2.5.2.5 - Energia O sistema de energia municipal é de responsabilidade da Companhia Paranaense de Energia (COPEL), em 2003 o município de Palotina apresentava um total de 9.118 consumidores, sendo 75% consumidores residenciais, para um consumo total de 75.356 kw/h (Tabela 2.15), com destaque para a classe de consumo industrial, com 34.491 kw/h. Tabela 2.15 - Sistema de Energia TIPO DE CONSUMIDOR Residencial NÚMERO DE CONSUMIDORES CONSUMO ANUAL (kw/h) 6.832 13.840 Industrial 102 34.491 Comercial 787 12.421 Rural 1.397 14.604 TOTAL 9.118 75.356 Fonte: COPEL (2003) 2.5.2.6 - Comunicação Quanto ao sistema público de comunicação, os serviços públicos de telefonia são operados pela empresa BRASIL TELECOM S. A. Em 2000, o município de Palotina dispunha de 4.956 terminais telefônicos, representando uma média de 1 terminal para cada 5 habitantes. O município dispõe de 3 estações de rádio, 2 agências da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECBT). 2.40 2.5.2.7 - Habitação Neste item foram avaliadas as condições de habitação da população local, enfocando a demanda por moradias, densidade populacional por cômodo e nível de inadequação da infra-estrutura dos domicílios, como água encanada, esgoto sanitário, coleta de lixo e energia elétrica. Em 2000, havia em Palotina 7.910 unidades domiciliares, sendo 6.407 no meio urbano e 1.503 na zona rural, numa relação total de 3,25 habitantes por unidade domiciliar. Do total de domicílios existentes, 19% não apresentavam condições satisfatórias de abastecimento de água; 72% sem esgoto sanitário e 20% sem coleta de lixo. Segundo a Secretaria Municipal de Ação Social o município apresenta déficit habitacional (aproximadamente de 1.000 famílias), particularmente, devido ao fluxo de trabalhadores contratados pela C. Vale, no entanto, a Prefeitura vem procurando atender as famílias através da COHAPAR, ou com projetos para ampliação das moradias em terreno próprio, procurando igualmente, atender aquelas famílias que não possuem qualquer tipo de recurso para estabelecimento na região. 2.5.3 - Atividades Econômicas Em Palotina, os indivíduos do sexo masculino, constituem a maioria da População em Idade Ativa (PIA) e da População Economicamente Ativa (PEA), enquanto as mulheres estão na maioria, entre a população não-economicamente ativa. Em 2000, de um total absoluto de 25.771 pessoas, 52% estavam enquadradas na população economicamente ativa (PEA), sendo 59% representado por homens e 41% por mulheres. Em relação ao percentual de pessoas empregadas na região, com 10 anos ou mais, de um total de 2.298 indivíduos, somente 34,6% estavam empregados com carteira assinada. No entanto, em um universo estudado de 4.854 pessoas, 47,2% não tinham qualquer tipo de rendimento mensal. Através da análise da mão-de-obra disponível na região (Tabela 2.16), é possível avaliar a expressividade dos setores da economia local, bem como, potencialidades de transferência intra-setorial, considerando as tendências atuais e perspectivas futuras, no que tange à melhoria do mercado de trabalho e, conseqüentemente, do desenvolvimento humano e social, com destaque para as atividades agropecuárias, extrativistas, de comércio, reparo de veículos automotivos, objetos pessoais, serviços domésticos e da indústria da transformação. Tabela 2.16 - População Ocupada SETORES DA ECONOMIA LOCAL Agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal, pesca Ind extrativista, distribuição eletricidade, gás, água Indústria de transformação Construção Comércio, reparo veículos automotivos, objetos pessoais POPULAÇÃO OCUPADA 2.963 127 1.617 762 2.685 Alojamento e alimentação 393 Transporte, armazenagem, comunicação 447 Intermediação financeira, atividades imobiliária e serviços 532 2.41 SETORES DA ECONOMIA LOCAL POPULAÇÃO OCUPADA Administração pública, defesa e segurança social 273 Educação 621 Saúde e serviços sociais 169 Outros serviços coletivos, sociais, pessoais 426 Serviços domésticos 1.219 Atividades mal definidas 24 População ocupada - Total 12.277 Fonte: IBGE - 2000 2.5.3.1 - Setor Primário 2.5.3.1.1 - Estrutura do Sistema de Propriedade da Terra A região de influência do município de Palotina apresenta o predomínio de estabelecimentos agrícolas com área inferior a 50 hectares, a grande maioria destinada à produção em geral, de soja, trigo, milho, aveia, bem como, da pecuária extensiva, bovinos, suínos e aves. A região em destaque apresenta concentração de terras, expressa pelo índice de GINI1, que no município de Palotina em 2000, era de 0,60 (considerada forte, num índice que vai até 1,00). A condição do produtor rural, número de propriedades, área ocupada e utilização das terras, são sintetizadas na Tabelas 2.17. Tabela 2.17 - Condição do Produtor Rural PROPRIETÁRIO ESTABEL. ÁREA (ha) ARRENDATÁRIO ESTABEL. ÁREA (ha) PARCEIRO ESTABEL. ÁREA (ha) OCUPANTE ESTABEL. ÁREA (ha) 1.564 53.436 54 1.006 136 4.671 53 484 86% 90% 3% 1,7% 7,5% 7,8% 2,9% 0,8% Fonte: IBGE (1996) Censo Agropecuário A média das propriedades na região é de 23 ha. Em relação ao custo da terra na região de influência do município de Palotina, segundo o Departamento de Economia Rural (DERAL, 2004), a terra roxa mecanizável (destocada) estava cotada a R$ 17.814,00 por hectare. Já a terra arenosa mecanizada, estava cotada a R$ 12.963,00 por hectare. Agricultura Familiar: Na área de influência do município de Palotina, de acordo com o censo agropecuário (1996), a agricultura familiar ocupava 64% da área total, concentrando 38% na faixa de 20 a 50 hectares, 88% do total de estabelecimentos e 60% do valor bruto da produção local. 1 Índice de GINI: mede o grau de desigualdade na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. Seu valor varia de 0 quando não há desigualdade (a renda de todos os indivíduos tem o mesmo valor) a 1 quando a desigualdade é máxima (apenas um detém toda a renda da sociedade e a renda de todos os outros indivíduos é nula). 2.42 Em muitas propriedades, a exemplo do entorno da Unidade de Conservação, a produção está voltada para o plantio de soja e milho, criação de gado, aves e suínos, pequenos animais e alguma produção alternativa, como a da cana-de-açúcar. 2.5.3.1.2 - Pecuária A pecuária em Palotina possui grande representatividade, considerando a presença de empresas como a C. Vale, Sadia, Perdigão e o incentivo à produção, com assistência técnica, linhas de crédito, geração de emprego e renda. O gado de corte representa apenas 15% do efetivo bovino existente, no entanto, constitui-se em uma das alternativas de ganhos para o produtor local e mesmo nas pequenas propriedades acaba constituindo-se em “reserva de valor”. Já o gado leiteiro, é responsável por uma produção leiteira de 6,8 milhões de litros/ano. Nas pequenas propriedades, é comum observar algumas cabeças de gado para engorda e leite, particularmente para consumo doméstico. Já a produção de aves é extremamente significativa na região, considerando a presença de aviários em várias propriedades, alcançando uma produção de 41 milhões de aves em 2005, responsável por boa parte do produto interno bruto (PIB) do município. A produção de suínos vem ganhando volume nos últimos anos, particularmente, devido às quebras de safra ao longo dos últimos anos, baixos preços dos grãos e devido aos incentivos públicos e privados, notadamente das empresas que atuam na região, como a Sadia e a Perdigão. Em 2005, a produção ultrapassou 126 mil cabeças e já há vários produtores diversificando a produção com o plantio de grãos, orgânicos, peixes, aves e suínos, a exemplo do que vem ocorrendo em algumas propriedades do entorno da Unidade de Conservação. Considerando as seguidas quebras de safra agrícola, os baixos preços da soja, muitos produtores rurais acabaram investindo na avicultura ou na suinocultura. Na avicultura, por exemplo, muitos produtores acabaram investindo na construção de aviários em parceria com a C. Vale e Perdigão, edificando projetos com até 100 m², com investimentos na ordem de 150 mil reais, com linha de crédito e retorno em 8 anos. A piscicultura teve no passado uma certa atratividade, porém, devido a problemas de comercialização, acabou sendo deixada em segundo plano. A produção pecuária total é apresentada na Tabela 2.18. Tabela 2.18 - Resumo dos Dados de Pecuária do Município INDICADOR PRODUTORES 2005 Bovino de corte 12 2.514 Bovino de leite 944 14.107 Suíno 29 126.620 Aves 277 41.510.100 2 180 300 6.868.300 Ovinos Leite (mil litros) Fonte: EMATER - 2005. A produção pecuária do entorno da Unidade de Conservação é de pouca representatividade, onde é possível observar a presença de propriedades com pequeno 2.43 efetivo bovino, para engorda ou produção leiteira, pequenos animais (aves, porcos), boa parte apenas para consumo doméstico. Há ainda, aviários estruturados e tanques para a criação de peixes, alguns para consumo local e outros, para lazer da comunidade local (pesque-pague), além, de uma produção incipiente de mel em uma das propriedades próximas. 2.5.3.1.3 - Extrativismo Em relação à produção florestal, as atividades mais expressivas estão ligadas às áreas reflorestadas de eucaliptos e pinus. Como há preocupação da população com a recomposição da mata ciliar e com a reserva legal, não há relatos de degradação ambiental expressiva na região, considerando que grande parte da vegetação da região, historicamente acabou cedendo espaço para a agricultura e para a pecuária e o pouco que resta, muitas vezes representa a única garantia de sobrevivência para a fauna e flora remanescentes, bem como, para a disponibilidade de água para atender as pequenas propriedades. Na Tabela 2.19 apresenta-se a síntese da produção extrativista do município de Palotina, tendo como principais produtos extrativistas da região, a lenha, o carvão vegetal e a madeira em tora. Tabela 2.19 - Produção Extrativista e Destino SILVICULTURA CARVÃO LENHA MADEIRA EM (m³) VEGETAL (ton) (m³) TORA (m) 35.404 6.061 34.764 640 Fonte: IBGE, 2003 2.5.3.2 - Setor Secundário As indústrias dominantes na região estão ligadas aos produtos alimentares, que em 2002, eram responsáveis por 76% dos empregos informados, indústria do vestuário, calçados e tecidos, mecânica, construção civil, extração mineral, mobiliário, produtos minerais nãometálicos e metalurgia. Na Tabela 2.20, são apresentados informes sobre a infra-estrutura industrial (indústrias mais expressivas por ramo de atividade) existente em Palotina. 2.5.3.3 - Setor Terciário e de Serviços O setor terciário de Palotina responde por uma parcela importante da economia local, empregando boa parte da mão-de-obra no comércio, serviço público, educação, saúde, serviços domésticos, reparo de veículos, objetos pessoais, alimentação e alojamento. Em 2002, dentre as atividades comerciais e de serviços mais expressivas, havia 249 estabelecimentos comerciais varejistas, 19 estabelecimentos do comércio atacadista, 180 estabelecimentos no ramo de serviços voltados às atividades agrícolas, silviculturais e criação de animais, 68 estabelecimentos voltados a serviços de alimentação e alojamento. As atividades citadas acima, além daquelas relacionadas ao serviço público, respondem por 82% dos empregos gerados no ramo de comércio e serviços. 2.44 Tabela 2.20 - Indústrias por Ramo de Atividade ATIVIDADE ECONÔMICA ESTABELECIMENTOS EMPREGOS Indústria de extração de minerais 1 14 Indústria de Produtos Minerais não Metálicos 8 50 Indústria Metalúrgica 11 89 Indústria Mecânica 6 104 Indústria de Materiais e de Transporte 2 22 Ind da Madeira e do Mobiliário 14 66 Ind Papel, Papelão, Editoração Gráfica 5 29 Químico, Farmacêutico, Veterinário, Perfumaria, Sabões, Vela 2 14 Ind Têxtil, Vestuário, Artefatos de Tecido 10 38 Produtos Alimentícios, Bebidas e Álcool Etílico 8 1.586 Construção Civil 54 83 TOTAL 121 2.095 Fonte: IPARDES, 2002 2.5.3.4 - Finanças Públicas Através da avaliação das finanças municipais, é possível diagnosticar a estrutura das receitas e despesas municipais, o déficit ou superávit fiscal e a capacidade de investimento dos municípios. As Receitas Correntes representam as principais fontes de entrada de caixa para os municípios, incluindo as receitas oriundas da agropecuária, de contribuições, serviços, receita patrimonial, tributária, transferências correntes e outras receitas correntes, sendo as receitas correntes tributárias, que incluem os impostos e taxas, as mais importantes (Tabela 2.21). Tabela 2.21 - Receitas e Despesas Municipais RECEITA / DESPESA PALOTINA Receitas Municipais 26.512.820,70 Despesas Municipais 25.200.630,95 Receita - Despesa +1.312.189,75 Fonte: Prefeitura Municipal, 2005 Em Palotina, o total de receitas do município em 2005, alcançou R$ 26,5 milhões, com despensas de R$ 25,2 milhões, contabilizando um superávit fiscal de 4,9%. De acordo com a Secretaria Municipal de Finanças, as despesas com educação alcançaram 21% e com a saúde, 17,8% do total. Não há informações sobre o nível de investimento no município, no entanto, os investimentos em infra-estrutura urbana e rural, urbanismo, arruamento, galerias pluviais, habitação, aterro sanitário, além da Revisão do Plano Diretor, entre outros, representam algumas das prioridades do governo local. 2.45 2.6 - Visão da Comunidade sobre a Unidade de Conservação Para caracterizar a visão atual das comunidades do entorno, seus representantes legais, autoridades constituídas (poder público local), associações, cooperativas, instituições de ensino, organizações não governamentais e demais entidades representativas, sobre a Unidade de Conservação, privilegiaram-se as relações democráticas de diálogo, o direito de livre-expressão, de modo a caracterizar um discurso sem censuras ou formas técnicas de análise, que porventura poderiam comprometer o resultado final das entrevistas. Além disso, os relatos na Oficina Participativa também foram considerados. Assim, muitas opiniões, sugestões e queixas apresentadas espelham contradições existentes entre a visão cotidiana do habitante local e a interpretação técnica que a análise dos dados sócio-ambientais sucinta, contradições, que em última análise, retratam o distanciamento existente entre as expectativas e perspectivas da população local em relação ao projeto ambiental discutido no âmbito científico, acadêmico, institucional, porém, nem sempre considerado no âmbito da cultura de massa, popular, materializado, em parte, neste estudo. É preciso observar, que gradativamente a problemática ambiental da sociedade urbana, que sente no seu cotidiano, a ameaça do desequilíbrio ecológico, da pressão sobre os recursos naturais, da extinção de ecossistemas, escassez de água, poluição do solo, degradação ambiental intensa, vem sendo transferida para o ambiente rural, onde muitas áreas de preservação ambiental foram implantadas ao longo das últimas décadas, como garantia de preservação da fauna, flora, rios, lagos, nascentes, muitas vezes, sem considerar as necessidades, desejos, consciência crítica, visão de mundo de uma “população cabocla”, que sem ter sido educada, conscientizada, sensibilizada para as questões ambientais, nem sempre consegue compreender a função social, ambiental das Unidades de Conservação existentes em território nacional. Para o “homem do campo” acostumado com a vida na zona rural, submetido a um regime de trabalho intenso, envolvido ora com a produção agrícola (soja, o milho, o trigo, aveia, feijão, etc), ora, com a pecuária bovina de engorda, corte ou leite, aviários, granjas, que gradativamente vem se tornando empreendedor do agro-negócio, atuando em cooperativas, associações de moradores, sindicatos rurais, considera que áreas de preservação ambiental, unidades de conservação, parques estaduais, reservas ecológicas, entre outras, nem sempre possuem função social ou um apelo ambiental significativo capaz de mudar sua maneira de pensar, haja vista, que muitos reclamam do “poder de polícia” dos órgãos ambientais, que só autuam e não educam, que punem e não conscientizam o produtor rural acerca de seus deveres, responsabilidades, atrapalhando suas atividades produtivas, combatendo práticas tradicionais de uso do solo, caça, pesca, retirada de vegetação, que ao longo de décadas, eram desenvolvidas pelos seus familiares, vizinhos, sem que houvesse qualquer tipo de cerceamento ou proibição. Vale ressaltar, que em grande parte dos municípios onde há áreas de preservação ambiental, as unidades de conservação acabam sendo reconhecidas pela população rural como um “lugar comum”, sem atrativos ou função social, particularmente, pela população tradicional, já acostumada com a vida no campo, que nos últimos anos, se viu obrigada a se adaptar à nova legislação ambiental, tendo que manter áreas de reserva legal, recompor matas ciliares, proteger nascentes, rios, lagos, no interior da propriedade. Quando indagados se visitavam as Unidades de Conservação, a exemplo do Parque Estadual de São Camilo, muitos acabaram afirmando que não havia nada de interessante que não conhecessem, mesmo sabendo que as Unidades de Conservação compõem os últimos remanescentes da fauna e flora da região. 2.46 Percebe-se que há grande dificuldade de implantação de programas de educação ambiental no meio rural, particularmente, voltados à população tradicional estabelecida à décadas em determinadas regiões do Estado, a exemplo de algumas áreas do entorno do Parque Estadual de São Camilo. É digno de nota, o trabalho que muitas das escolas rurais vêm desenvolvendo junto aos seus alunos, professores e comunidades rurais, procurando conscientizar as crianças e, indiretamente, seus familiares, para a preservação ambiental, para a valorização das unidades de conservação, da fauna e flora ainda existente. Além das escolas rurais e urbanas, as associações comunitárias tem assumido um papel importante no processo de conscientização da população, papel que muitas vezes compete ao poder público, órgãos de defesa do meio ambiente e que não tem sido trabalhados a contento, como foi possível observar na área de influência da Unidade de Conservação. No âmbito das ações do Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR (entorno da UC), a unidade experimental de Palotina está voltada ao desenvolvimento de tecnologias de manejo e conservação do solo, clima e sistemas de produção. Os produtores são atendidos no fornecimento de sementes, assistência técnica, orientação sobre o plantio direto, por exemplo, através de técnicas para o aproveitamento de resíduos da suinocultura (chorume na lavoura), plantio de soja, milho, trigo, sorgo, feijão, aveia, forrageiras, mandioca e a mamona, cártamo, girassol (estes como potencial de desenvolvimento do biodiesel), bem como, no plantio de orgânicos, como a cana-de-açúcar e produção de adubos orgânicos. Em relação às conseqüências da criação da Unidade de Conservação para o município, num primeiro plano, é possível observar que para alguns moradores do entorno, a UC trouxe uma série de implicativos ambientais que acabaram mudando os hábitos e costumes dos moradores da região, particularmente, devido às restrições de uso do solo, confinamento dos animais, controle do uso intensivo de agrotóxicos, invasão constante da fauna local, macacos, capivaras, veados, causando danos à lavoura de soja e milho, além, da necessidade de estabelecimento de hábitos alheios às suas práticas tradicionais, tais como: confinar o gado, construir cercas, proteção das nascentes, riachos, rios, manutenção da reserva legal, reconstituição da mata ciliar, entre outros. No entanto, para a grande maioria da população local, a criação do Parque Estadual de São Camilo, trouxe conseqüências positivas, haja vista, que não há unidades de conservação na região com as mesmas características e é muito comum encontrar pessoas no parque durante os dias de semana (alunos, professores, visitantes) e, principalmente, nos finais de semana, quando a UC recebe um número significativo de visitantes. Em 2005, o Parque recebeu a visita de aproximadamente 4.000 pessoas. A Unidade de Conservação está inserida no cotidiano da população local, considerando que muitos moradores da região fazem visitas constantes ao parque, onde costumam passar algumas horas, caminhando nas trilhas, recreando, dialogando com os demais visitantes, com o guarda-parque, sendo que muitos dos visitantes são oriundos de outras regiões, a exemplo das escolas, alunos e professores que compõem o grande contingente de visitantes, particularmente, durante a semana. Já os moradores do entorno, visitam raramente a Unidade de Conservação, alguns por falta de interesse, outros, devido às atividades produtivas desenvolvidas nas propriedades, outros ainda, em face do desconhecimento acerca de sua infra-estrutura atual, no entanto, para a grande maioria, o parque possui grande importância, devendo ser preservado e protegido. Alguns moradores reclamam das constantes invasões de animais provenientes do parque em suas propriedades, particularmente, de capivaras, causando grandes prejuízos à lavoura de soja e milho. 2.47 Para a Prefeitura Municipal, a Unidade de Conservação tem grande valor para a comunidade local, considerada como patrimônio natural da população, área de recreação, lazer, visitação, local de pesquisa e de educação ambiental. A secretaria municipal de agricultura e meio ambiente informa que possui convênio de cooperação com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), para a produção e distribuição de mudas para a população de Palotina, considerando a necessidade de preservação ambiental e de conscientização dos produtores rurais em relação à legislação ambiental, constituição de reserva legal, recomposição de mata ciliar, distribuição de cercas para a proteção de nascentes, apoio técnico, palestrar, etc. No que diz respeito às relações entre os servidores da Unidade de Conservação e a população do entorno, foi possível observar que há um bom relacionamento entre funcionários e a comunidade em geral, assim como, entre o poder público e o IAP, através de convênios de cooperação, cessão de funcionários, equipamentos, etc. Alguns moradores reclamam da invasão de animais nas lavouras de soja, milho, mas, afirmam que passaram a conviver com alguns animais, a exemplo, das capivaras e macacos. Já no que concerne às expectativas da população em relação a possibilidades de ganhos com a UC, vale destacar o potencial turístico da região, considerando o grande fluxo de visitantes ao longo do ano, no entanto, não há qualquer iniciativa para aproveitar o potencial de comércio, serviços, alojamento, atendimento geral às pessoas. Em algumas propriedades do entorno, há produção de cana-de-açúcar, mel, mas nada é processado no local. Em outras áreas, foi observada a presença de tanques de peixes, alguns destinados a recreação (pesque-pague) e há uma propriedade com piscinas para recreação e lazer. Devido à proximidade com a zona urbana, muitos dos visitantes acabam dependendo integralmente dos serviços prestados no centro urbano. Em relação aos grupos de interesse atuantes na região, vale destacar a presença do poder público local, Prefeitura Municipal, escolas da região e de outros municípios, universidades (UFPR - Campus Avançado de Palotina), esta responsável por inúmeras pesquisas no interior da Unidade de Conservação, considerando a existência do curso de Medicina Veterinária, além do IAPAR, pela proximidade com a UC. Há ainda, os grupos organizados ligados à terceira idade, cooperativas, empresários do setor do agro-negócio, turistas, etc. Em relação ao potencial turístico da região, um dos grandes atrativos é o próprio Parque Estadual de São Camilo, visto que atrai anualmente um grande número de visitantes e não há outros atrativos turísticos na região, não com a mesma potencialidade da UC e entorno, considerando a existência de propriedades com possibilidades de implantação de áreas para o atendimento do visitante, lazer, recreação, comércio de produtos naturais. Já em relação aos principais interesses, expectativas, potencialidades, limitações, conflitos, redes de interesse, vale destacar a expectativa da população local, no que concerne às alternativas de desenvolvimento regional, melhoria das condições de produtividade agrícola, introdução de novas culturas, a exemplo do girassol para a produção do biodiesel, além, dos aviários e granjas, considerando a existência de empresas como C. Vale, Perdigão, que procuram incentivar a implantação das unidades produtoras de aves e suínos. No que tange aos conflitos sociais, não há movimentos organizados em torno da posse da terra na região e nem indicativos, até o momento, que possam causar impactos à Unidade de Conservação, considerando que a grande maioria dos proprietários do entorno, é constituída de famílias tradicionais, de imigrantes que nas últimas décadas fixaram residência na região. No que concerne ao apoio institucional à Unidade de Conservação, vale ressaltar o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Prefeitura Municipal, cedendo funcionários e 2.48 equipamentos, prestando apoio para determinadas ações ambientais no município. A UFPR - Campus Avançado de Palotina, através de seu Curso de Medicina Veterinária, tem interesse em estabelecer parcerias com a UC, objetivando a pesquisa, produção de trabalhos científicos e acadêmicos. Como há grande visitação de escolas municipais e estaduais ao longo do ano, é possível verificar o potencial de apoio, em torno de pesquisas escolares, trabalhos, projetos voltados à questão ambiental. Segundo a Prefeitura Municipal, há muitas propriedades em Palotina com áreas destinadas à proteção ambiental, reserva legal, áreas de preservação permanente, loteamentos, chácaras, muitas com potencial para se transformarem em RPPN’s. Para incentivar os proprietários à constituição das reservas legais, recomposição de matas ciliares, a prefeitura oferece como contra-partida para alguns proprietários como: maquinário, assistência técnica para a implantação de açudes, voltados à piscicultura. Durante a Oficina Participativa, ficou evidente que a maior preocupação dos participantes, em muitos casos produtores rurais, é com relação às restrições de uso no entorno da Unidade de Conservação, e não com o Parque Estadual de São Camilo em si. Questões como permissão ou proibição do plantio de transgênicos na área de entorno, a posição legal de se manter áreas de reserva legal e área de preservação permanente (APP); sendo que a legislação não é cumprida por supostamente causar prejuízos aos proprietários rurais; a invasão de animais silvestres, que se deslocam em busca de local onde o alimento é mais farto e palatável; foram discutidas com entusiasmo. De uma forma geral foi possível perceber, que a grande preocupação da maioria dos participantes da Oficina, não está relacionada a Unidade de Conservação em si, mas às restrições de uso da Zona de Amortecimento. 2.7 - Planos, Programas e Ações como Alternativas de Desenvolvimento Econômico Sustentável As alternativas de Desenvolvimento do entorno da Unidade de Conservação, no caso de Palotina, são difíceis de serem concretizadas. Isto porque a colonização e as condições históricas, que ainda hoje vigoram sobre a região não se apresenta muito aberta a mudanças. Suas terras altamente produtivas são claramente destinadas a cultivos. Entretanto, apresentar algumas alternativas viáveis que visem a sustentabilidade econômica e ambiental é fundamental. Algumas propriedades do entorno do Parque Estadual de São Camilo estão produzindo cana-de-açúcar orgânica, mas nada é processado no local. Ou seja, o grande potencial de renda que é o produto gerado pelo processamento direciona-se a outras pessoas. Em outras áreas, a presença de tanques de peixes, alguns destinados a recreação (pesquepague) chamam a atenção para a possibilidade de diversificação de atividades e renda. Tem-se que estar atento que as espécies utilizadas em geral são exóticas, a recomendação é de que os peixes utilizados nesse tipo de atividade sejam os nativos dos recursos hídricos da região. Esta atividade envolve também a questão da ração utilizada para a alimentação dos peixes. A exemplo do que ocorre no Projeto de Repovoamento de Peixes Nativos na região de Goioerê do governo do Estado, poderia ser dirigida ações semelhantes para Palotina (Anexo 2.03). Além de inserir populações com baixo grau de consangüinidade, soltar espécies nativas para repovoamento de rios. Para incentivar os proprietários à constituição das reservas legais, recomposição de matas ciliares, a prefeitura oferece como contra-partida para alguns proprietários como: maquinário, assistência técnica para a implantação de açudes, voltados à piscicultura. 2.49 Destaca-se ainda, as iniciativas da Prefeitura Municipal no apoio aos produtores rurais, para a construção de esterqueiras em propriedades com aviários, granjas, suinocultura, para a produção de adubo orgânico. A seguir são descritos alguns programas direcionados para a região que poderiam auxiliar no desenvolvimento da região. 2.7.1 - Programas de Turismo Locais, Regionais ou Nacionais que Abrangem a Área da UC São poucos os programas de turismo dos quais Palotina faz parte: Programa de Regionalização Turística Roteiros do Brasil – derivado do PNMT - Programa Nacional de Municipalização do Turismo, do Ministério do Turismo/EMBRATUR (Anexo 2.04), cujo principal objetivo é promover a regionalização do turismo por meio do envolvimento da sociedade, da organização e do planejamento municipal, visando à diversificação da oferta turística de forma participativa e integrada. Palotina pertence à Região Turística Noroeste. TRAF - Turismo Rural na Agricultura Familiar Desenvolvido por meio de uma parceria firmada entre MDA/EMATER/ECOPARANÁ (Anexo 2.05) e cujo objetivo é “Promover o desenvolvimento sustentável das comunidades rurais, através da implantação das atividades turísticas pelos agricultores familiares, agregando renda e gerando postos de trabalho no meio rural, com conseqüente melhoria das condições de vida”. Plano Estadual de Turismo Elaborado pela Paraná Turismo, ordena as ações relacionadas à atividade turística no Estado, abrangendo todos os seus municípios. 2.7.2 - Plano de Governo Estadual - 2003/2006 O plano de governo de 2003 a 2006, direcionado ao meio ambiente apresenta propostas interessantes que podem vir a contribuir à região de inserção do Parque Estadual de São Camilo se fossem aplicadas, em especial na zona de amortecimento ou no município como um todo. Destacam-se: Município Verde A “finalidade é promover a gestão ambiental, conservando a biodiversidade, utilizando instrumentos de controle da qualidade ambiental, estimulando a recomposição e a recuperação da flora, com o envolvimento dos municípios. Isso será implementado por meio de ações de licenciamento, monitoramento e fiscalização ambiental das atividades econômicas”. Esse incentivo é especialmente importante para municípios como Palotina cujo perfil agrícola, muitas vezes, diminui a importância da questão ambiental. Ações Agrárias, Fundiárias e Cartográficas Estas ações visam possibilitar o acesso ao crédito e à inclusão no setor produtivo, melhorando a qualidade de vida de posseiros e de pequenos proprietários rurais. Conservação e Proteção da Biodiversidade Através da política ambiental do Estado e do estabelecimento de diretrizes estaduais de planejamento, unindo esforços públicos e privados, “compatibilizando programas e projetos 2.50 em andamento, tendo como horizonte e base a sustentabilidade ambiental e social, voltadas à conservação da biodiversidade nativa, nos ecossistemas representativos do Paraná. O Governo dará garantia de assessoramento técnico-ambiental e da realização de um conjunto de estudos relacionados à biodiversidade”. 2.7.3 - ICMS Ecológico Os municípios brasileiros têm direito a receber parte dos impostos federais e estaduais. Sua operacionalização é feita através do cumprimento de Leis Complementares Estaduais. O cálculo de recebimento está disposto no decreto nº3 do Decreto Estadual nº2.791/96. Esse recurso é repassado ao município com o intuito de aplicar na melhoria ambiental e podendo servir como instrumento de gestão das Unidades de Conservação e de criação de novas UC e até de possíveis corredores através de auxílio na reconstituição das áreas de preservação permanente. Especialmente nessa área com tanta escassez de recursos florestais naturais. 2.7.4 - Paraná Biodiversidade É um projeto do Governo do Estado do Paraná, com o apoio financeiro do GEF - Fundo Mundial para o Meio Ambiente, através do Banco Mundial. O objetivo principal é conectar remanescentes florestais construindo os chamados “corredores ecológicos” ou “corredores de biodiversidades”. O Parque Estadual de São Camilo faz parte do Corredor Caiuá-Ilha Grande, sendo um remanescente de importância estratégica. Segundo o Projeto, “o desenvolvimento de ações nas ecorregiões da Floresta Ombrófila Mista e da Floresta Estacional Semidecidual está embasado no envolvimento da sociedade no processo de construção de novos modelos de produção”. Junto a formação do Corredor da biodiversidade está a adoção de sistemas de fiscalização e controle eficiente. 2.7.5 - Comitê de Bacias Hidrográficas O Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Piquiri é de extrema importância para a Região, uma vez o rio São Camilo é seu contribuinte no terço inferior. Os Comitês de Bacias Hidrográficas são o fórum de decisão das ações a serem implementadas na sua área de abrangência. Podem-se direcionar ações específicas ao município de Palotina que contribui com as bacias do arroio Santa Fé, do rio Pioneiro, parte da Bacia do rio Açu entre outros, especial do rio São Camilo. Segundo a SUDERHSA “os Comitês, com representação do Estado, Municípios, Sociedade Civil e usuários de Recursos Hídricos, analisam, propõem, debatem e aprovam o Plano de Bacia Hidrográfica e as proposições das Agências de Bacia Hidrográfica, em especial, os valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos, o plano de aplicação dos recursos disponíveis, o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo e o enquadramento dos cursos d'água”. 2.7.6 - Crédito Rural Os principais agentes de fomento de crédito na região são, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, através de programas do Governo Federal, como o Programa Nacional da Agricultura Familiar (PRONAF). 2.7.7 - Assistência Técnica Os municípios da região contam com assistência técnica oriunda da iniciativa privada, cooperativas, e outros órgãos de consultoria, atendendo, por exemplo, os grandes e médios 2.51 produtores. Já para a agricultura familiar, visando o atendimento de uma demanda por insumos, sementes, assistência técnica direcionada, treinamento e capacitação, a assistência é executada pelo Estado, através da EMATER, SEAB, IAPAR e pelas prefeituras municipais e organizações não-governamentais. 2.7.8 - Programa de Voluntariado nas Unidades de Conservação do Paraná - VOU Este programa, viabilizado pelo Instituto Ambiental do Paraná, disponibiliza o ingresso de pessoas que, espontaneamente, gostariam de colaborar desenvolvendo atividades de manejo e proteção nas Unidades de Conservação do Paraná. Seus objetivos principais são: Promover, incentivar e valorizar o trabalho voluntário nas Unidades de Conservação; Articular a oferta e a demanda de trabalho voluntário nas Unidades de Conservação; Promover o intercâmbio de experiências e ações entre os grupos de voluntários e profissionais do IAP; Potencializar a formação técnica e científica dos cidadãos interessados em atuar na questão ambiental; Permitir interação da sociedade com o IAP; Contribui com as ações do IAP através do empenho e colaboração voluntária em Unidades de Conservação. As atividades desenvolvidas pelo voluntário dizem respeito a fornecer informações aos visitantes; desenvolver projetos de Educação Ambiental e pesquisa; manter trilhas e instalações; apoiar à população do entorno, entre outros. 2.7.9 - SISLEG O Sistema de Manutenção, Recuperação e Proteção da Reserva Florestal Legal e Áreas de Preservação Permanente (SISLEG), é uma ferramenta do Estado que oportuniza o desenvolvimento de um banco de dados georreferenciado das propriedades rurais com a indicação do uso do solo e da situação das Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal, favorecendo o monitoramento da situação ambiental da propriedade. 2.7.10 - SISFAUNA O Sistema Estadual de Proteção à Fauna Silvestre tem como objetivo a articulação de instituições e a união de esforços visando melhores estratégias para proteção da fauna. Para cumprimento desse objetivo é previsto a criação de uma rede de informações sobre a fauna denominada Rede Pró-Fauna. 2.8 - Legislação Pertinente A Reserva Biológica - REBIO de São Camilo foi criada pelo Decreto Estadual nº 6.595, de 22 de fevereiro de 1990 e está localizada no Município de Palotina. Seu art. 2º afirma que a área destina-se, em caráter permanente, à preservação da flora e da fauna, sendo vedadas as atividades de utilização, perseguição, caça, apanha ou introdução de espécies na fauna e flora, bem como modificações do meio ambiente a qualquer título, ressalvadas as atividades científicas devidamente autorizadas pela autoridade competente. 2.52 A administração, guarda e fiscalização da REBIO, de acordo com o art. 3º, compete ao Instituto de Terras, Cartografia e Florestas do Estado - ITCF. Com a extinção do órgão tais competências passaram a ser do Instituto Ambiental do Paraná - IAP. A análise da legislação ora apresentada, pertinente à elaboração do Plano de Manejo da unidade de conservação, contempla a avaliação dos aspectos legais, nas esferas federal, estadual e municipal, e a situação jurídica atual da REBIO ante os dispositivos legais vigentes. Inicia-se com a Constituição Federal e as normas ambientais de nível federal. Após, analisase as disposições constitucionais estaduais, bem como as principais leis estaduais que regulam a matéria ambiental e, por fim, a lei orgânica municipal e o plano diretor no município. Considerando que a REBIO São Camilo está sendo reclassificada para Parque Estadual, a elaboração do Plano de Manejo, está sendo feita à luz da nova categoria, nos termos da Lei Federal nº 9.985/00 (Lei do SNUC). 2.8.1 - Legislação Federal A Reserva Biológica - REBIO de São Camilo foi criada pelo Decreto Estadual nº 6.595, de 22 de fevereiro de 1990 e está localizada no Município de Palotina. Seu art. 2º afirma que a área destina-se, em caráter permanente, à preservação da flora e da fauna, sendo vedadas as atividades de utilização, perseguição, caça, apanha ou introdução de espécies na fauna e flora, bem como modificações do meio ambiente a qualquer título, ressalvadas as atividades científicas devidamente autorizadas pela autoridade competente. A administração, guarda e fiscalização da REBIO, de acordo com o art. 3º, compete ao Instituto de Terras, Cartografia e Florestas do Estado - ITCF. Com a extinção do órgão tais competências passaram a ser do Instituto Ambiental do Paraná - IAP. A análise da legislação ora apresentada, pertinente à elaboração do Plano de Manejo da unidade de conservação, contempla a avaliação dos aspectos legais, nas esferas federal, estadual e municipal, e a situação jurídica atual da REBIO ante os dispositivos legais vigentes. Inicia-se com a Constituição Federal e as normas ambientais de nível federal. Após, analisase as disposições constitucionais estaduais, bem como as principais leis estaduais que regulam a matéria ambiental e, por fim, a lei orgânica municipal e o plano diretor no município. Considerando que a REBIO São Camilo está sendo reclassificada para Parque Estadual, a elaboração do Plano de Manejo, está sendo feita à luz da nova categoria, nos termos da Lei Federal nº 9.985/00 (Lei do SNUC). 2.8.1.1 - Constituição Federal A Constituição Federal de 1988 não apenas foi um avanço do ponto de vista do resgate ao Estado democrático de Direito, mas na área ambiental, suplantou todas as expectativas, tornando-se uma das mais avançadas cartas a nível mundial, sendo chamada de constituição verde, ou ambiental, como informa Carlos Frederico Marés de Souza Filho. É importante destacar que a Constituição Federal de 1988 também inovou na distribuição das competências em matéria ambiental. A partir dela, a competência para proteger o meio ambiente, preservar as florestas, a fauna e a flora, e proteger o patrimônio cultural, histórico 2.53 e artístico e os sítios arqueológicos, passou a ser comum entre os entes da União, dos Estados e Municípios (art. 23 da CF). Com relação à competência legislativa, a União, os Estados e o Distrito Federal podem legislar concorrentemente sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e proteção ao patrimônio histórico, cultural e proteção ao meio ambiente. (art. 24, incisos VI, VII e VIII da CF). No Título VIII - Da ordem social, está inserido o Capítulo VI, que trata, no art. 225, Do meio ambiente, onde constam todos os princípios a que deve se fundar tanto o poder público, como os cidadãos, no que tange à causa ambiental. Inicia o caput do referido artigo distribuindo o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado como um direito difuso, de todos, indistintamente, e por tal motivo, sendo obrigação, também difusa, do poder público e da coletividade, a defesa e preservação dele para que as presentes e futuras gerações também possam gozar desta harmonia. Eleva-se o direito ecologicamente equilibrado à categoria de direito fundamental à vida. Entre as funções previstas no § 1º do art. 225, que incumbem ao Poder Público, para assegurar a efetividade desse direito, destacamos: Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; (inc. I) Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; (inc. II) Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; (inc.III) Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (inc.VII). Cabe lembrar que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados, por expressa determinação constitucional, prevista no § 3º do art. 225 da CF. Ainda no que se refere ao art. 225, deve-se abordar o fato de que a Mata Atlântica, entre outros ecossistemas, foi elevada à categoria de patrimônio nacional, (§ 4º), sendo que, por determinação constitucional, sua utilização deve ser feita dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 2.8.1.2 - Lei da Política Nacional de Meio Ambiente - Lei 6.938/81 A Lei nº 6.938/81 estabelece a Política Nacional de Meio Ambiente, seus objetivos, princípios e diretrizes. Destacam-se entre os princípios, apresentados pelo art. 2º da referida lei, os que possuem influência direta sobre o tema das Unidades de Conservação de Proteção Integral, como os Parques Estaduais, a saber: Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; (inc. I) Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas (inc.IV). 2.54 Não obstante, um dos objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente é a compatibilização do desenvolvimento econômico social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. Assim, a preservação ambiental deve estar em perfeita harmonia com o desenvolvimento social, não podendo este ser interpretado como antagônico àquela. Ainda, entre as metas da política ambiental consta a definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios. Nesta linha, a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, é um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. (art. 9º da Lei Federal 6.938/81). É de se ressaltar ainda o art. 14, § 1º da Lei nº 6.938/81, o qual aduz que define a responsabilidade por reparação do dano ambiental como sendo objetiva, ou seja, como sendo independente de culpa. Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios; II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público; III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; IV - à suspensão de sua atividade; § 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. Significa dizer que quem causar danos ao meio ambiente, e em particular à área do Parque Estadual, independentemente de culpa, deverá indenizar ou reparar os danos causados. 2.8.1.3 - Unidades de Conservação - Lei Federal 9.985/00 e o Decreto 4.340/02, que a Regulamenta A Lei Federal 9.985/00 instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação SNUC, constituído pelo conjunto de unidades de conservação federais, estaduais e municipais, bem como estabeleceu critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação, tendo sido posteriormente regulamentada pelo Decreto Federal 4.340/02. O art. 2º desta lei, no inc. I, apresenta o conceito de Unidade de Conservação: I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. 2.55 O art. 7º desta lei classifica as Unidades de Conservação em 2 grupos: Unidades de Proteção Integral (inc. I) e Unidades de Uso Sustentável (inc. II). Os Parques estão classificados entre as Unidades de Conservação de Proteção Integral, pelo art. 8º. O art. 11, transcrito a seguir, explicita as principais características desta categoria, deixando claro o § 4º deste artigo que estas normas se referem também aos Parques Estaduais. Art. 11. O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. § 1º O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. § 2º A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento. § 3º A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento. § 4º As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal. Em outras palavras, o Parque Estadual é uma categoria de UC que tem por objetivo a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica existentes em seus limites. A visitação pública é permitida, na forma estabelecida pelo Plano de Manejo, e toda a pesquisa científica deverá ser previamente autorizada, estando sujeita às restrições previstas em regulamento. A posse e o domínio de sua área devem ser públicos, devendo as áreas de domínio privado serem desapropriadas. Cabe salientar que o art. 22 da Lei Federal 9.985/00 determina que as UC´s sejam criadas por ato do poder público. Já o § 7º do mesmo artigo determina que a desafetação ou redução dos limites de uma unidade de conservação só pode ser feita mediante lei específica. Deste modo, a mudança de categoria de unidade de conservação implica em sua aprovação através de lei. Os Parques Estaduais devem possuir necessariamente uma zona de amortecimento, e quando conveniente, corredores ecológicos (art. 25 da Lei Federal 9.985/00). As definições de zonas de amortecimento e de corredores ecológicos são dadas no art. 2º, incs. XVIII e XIX da Lei do SNUC: XVIII - zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade; e XIX - corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais. 2.56 sua Isto posto, o Instituto Ambiental do Paraná - IAP, órgão atualmente responsável pela administração do Parque Estadual, deverá estabelecer normas específicas para regulamentar a ocupação e o uso dos recursos tanto da zona de amortecimento, como dos corredores ecológicos, e também definir os limites da zona de amortecimento. Importante observar que o art. 26 ressalva que quando existir um conjunto de Unidades de Conservação, de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, constituindo um mosaico, a gestão do conjunto deve ser feita de forma integrada e participativa, considerando seus distintos objetivos de conservação. A obrigatoriedade das Unidades de Conservação disporem de Planos de Manejo está prevista no art. 27. De acordo com o § 1º, § 1º O Plano de Manejo deve abranger a área da unidade de conservação, sua zona de amortecimento e os corredores ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover sua integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas. Este artigo foi regulamentado pelos artigos 12 a 16 do Decreto Federal 4.340/02. O art. 12, inc. I estabelece que o Plano de Manejo será aprovado mediante portaria do órgão executor (IAP). O art. 16 determina que o plano de manejo aprovado deve estar disponível para consulta do público na sede da unidade de conservação e no centro de documentação do órgão executor. Importante ainda salientar a obrigatoriedade, em UC de proteção integral, como os Parques Estaduais, da criação de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade. É o que determina, aliás, o art. 29 da Lei Federal 9.985/00. A forma de criação deste conselho, bem como a escolha de seus participantes, as regras para as reuniões e a definição de sua competência são dadas pelos artigos 17 a 20 do Decreto no 4.340/02. Outra questão relevante abordada pela lei é a compensação ambiental, através do apoio à implantação e manutenção das UCs, a ser realizado pelos empreendimentos de significativo impacto, assim considerados pelo órgão competente. Compete ao órgão ambiental licenciador definir as unidades de conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor. Quando o empreendimento afetar unidade específica ou sua zona de amortecimento, o licenciamento só pode ser concedido mediante autorização do órgão responsável por sua administração e a unidade afetada dever ser uma das beneficiárias da compensação (art. 36). Não obstante, fundamentando a recategorização da UC proposta, o art. 55 afirma que as Unidades de Conservação e áreas protegidas criadas com base nas legislações anteriores e que não pertençam às categorias previstas na lei devem ser reavaliadas, com o objetivo de definir sua destinação com base na categoria e função para as quais foram criadas. Finalmente, dispondo especificamente sobre os Parques Nacionais, pode-se citar ainda o Decreto Federal 84.017/79, que aprova o regulamento de tal categoria de unidade de conservação. Cabe elucidar, no entanto, com o advento da Lei Federal 9.985/00, as disposições contidas no Decreto em questão devem ser interpretadas à luz do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC. 2.8.1.4 – Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas – Decreto Federal 5.658/06 O Decreto Federal 5.758/06 instituiu o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas – PNAP, vinculado ao Programa Nacional de Áreas Protegidas do MMA. O PNAP inclui objetivos, diretrizes e estratégias para as áreas terrestres e marinhas do Sistema Nacional 2.57 de Unidades de Conservação - SNUC, bem como define estratégias para integrar outras áreas protegidas, como terras indígenas e quilombolas, num sistema ecologicamente representativo e efetivamente manejado, até 2015. A elaboração do Plano é um compromisso assumido pelo governo brasileiro para implementação do Programa de Trabalho sobre Áreas Protegidas da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e das deliberações da 1ª Conferência Nacional de Meio Ambiente. A implementação do Plano, de acordo com o decreto, deve ser coordenada por comissão instituída pelo Ministério do Meio Ambiente e conta com a participação de representantes dos governos federal, distrital, estaduais e municipais, de povos indígenas, de comunidades quilombolas e de comunidades extrativistas, do setor empresarial e da sociedade civil. 2.8.1.5 - Lei de Crimes Ambientais - Lei Federal 9.605/98 e Decreto Federal 3.179/99, que a Regulamenta A Lei Federal 9.605/98 condensou toda a matéria penal ambiental, bem como dispôs, em termos genéricos sobre as infrações administrativas, as quais vieram a ser regulamentadas pelo Decreto Federal 3.179/99. Inovando, como já lhe autorizava o § 3º, do art. 225 da Constituição Federal, a referida lei atribuiu sanções penais e administrativas também à pessoa jurídica infratora. De acordo com o art. 3º, desta Lei: As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato. Entre os diversos delitos que podem ser praticados dentro dos Parques Estaduais, podem ser citados: crimes contra a fauna existente no interior do parque, seja pela caça ilegal ou uso de práticas que poluam o rio ocasionando a morte de espécies da ictiofauna. A flora também pode ser objeto de ação criminosa por parte de infratores, com o corte de árvores em florestas consideradas de preservação permanente. A responsabilidade pelos danos ambientais causados deverá ser apurada na esfera administrativa, pelo órgão ambiental competente, na esfera criminal, através de uma ação criminal e na esfera civil, através de ação civil pública. Outrossim, existem previsões específicas sobre a prática infracional em Unidades de Conservação: Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 1º Entende-se por Unidades de Conservação as Reservas Biológicas, Reservas Ecológicas, Estações Ecológicas, Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, Áreas de Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico e Reservas Extrativistas ou outras a serem criadas pelo Poder Público. (grifo nosso) § 2º A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação será considerada circunstância agravante para a pena. 2.58 fixação da § 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Posteriormente, a Medida Provisória 2.163-41/2001 (com força de lei, nos termos da Emenda Constitucional nº 32), introduziu o art. 79-A na Lei de Crimes Ambientais, possibilitando aos órgãos ambientais responsáveis pela fiscalização, celebrar termos de compromisso com as pessoas físicas ou jurídicas responsáveis por projetos utilizadores de recursos ambientais considerados efetiva ou potencialmente poluidores. Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização qualidade dos estabelecimentos ambiental, ficam e das autorizados a atividades celebrar, suscetíveis com força de de degradarem título a executivo extrajudicial, termo de compromisso com pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores. 2.8.1.6 - Código Florestal - Lei Federal 4.771/65 O Código Florestal de 1965, atualmente em vigor, foi alterado pelas leis 5106/66, pela Lei 5.868/72, pela Lei 5.870/73, pela Lei 7.803/89 e pela Lei 11.284/06, bem como pela Medida Provisória 2.166-67/00, mantida em vigência pela Emenda Constitucional nº 32. No que tange às unidades de conservação, as disposições mais importantes contidas no Código Florestal são as que tratam da área de preservação permanente. O art. 1º, § 2º, inc. II, conceitua Área de Preservação Permanente como: Área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2º e 3º desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. De acordo com o art. 2º do Código Florestal, considera-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: 1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 - de 50 (cinqüenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinqüenta) metros de largura; 3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros de largura; 2.59 d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos aglomerações definidos urbanas, em por todo o lei municipal, e nas território abrangido, regiões metropolitanas obervar-se-á e o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. As áreas de preservação permanente cumprem uma importante função ecológica, qual seja, a de manutenção dos recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de flora e fauna, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas (art. 1º, § 1º, II da Lei Federal 4.771/65). Deste modo, tanto as áreas públicas como as privadas devem se preocupar com a manutenção integral da área de preservação permanente (APP). Embora a regra determine que a APP deve ser preservada, excepcionalmente ditas áreas podem ser utilizadas, desde que haja interesse social ou de utilidade pública. Nestes casos, excepciona-se a regra, permitindo sua supressão, desde que se comprove inexistir alternativas técnicas ou locacionais, e sejam apresentadas medidas mitigadoras ou compensatórias. Estas regras são definidas no art. 4º do Código Florestal, de acordo com a Medida Provisória nº. 2.166-67/00: "Art. 4º - A supressão de vegetação em área de preservação permanente somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social, devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto. § 1º - A supressão de que trata o caput deste artigo dependerá de autorização do órgão ambiental estadual competente, com anuência prévia, quando couber, do órgão federal ou municipal de meio ambiente, ressalvado o disposto no § 2º deste artigo. § 2º - omissis § 3º - O órgão ambiental competente poderá autorizar a supressão eventual e de baixo impacto ambiental, assim definido em regulamento, da vegetação em área de preservação permanente. § 4º - O órgão ambiental competente indicará, previamente à emissão da autorização para a supressão de vegetação em área de preservação permanente, as medidas mitigadoras e compensatórias que deverão ser adotadas pelo empreendedor. É de se observar que o art. 5º que trata da criação de Parques, Florestas e Reservas Biológicas Nacionais, Estaduais e Municipais, assim como o art. 6º da Lei 4.771/65, foram revogados pela lei que criou o SNUC (Lei Federal 9.985/00). 2.8.1.7 - Lei de Proteção à Fauna - Lei Federal 5.197/67 A Lei Federal 5.197/67 é a lei que protege a fauna nacional. 2.60 De acordo com a mencionada lei, os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase de seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como os seus ninhos, abrigos e criadouros naturais, são propriedade do Estado, sendo proibido sua utilização, perseguição, caça ou apanha. Ressalte-se que alguns de seus artigos foram revogados pela Lei Federal 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais) e pela Lei Federal 9.985/00 (Lei do SNUC). Sobre o tema, igualmente podem ser destacados o Decreto Federal 76.623/75, que promulgou a Convenção Internacional sobre Comércio das Espécies da Flora e Fauna em perigo de extinção – CITES e a lista de espécies ameaçadas de extinção divulgada pelo IBAMA. Assim sendo, a fiscalização do Parque deve, pois, atentar para a proteção de sua fauna, seguindo as orientações acima descritas, assim como às orientações contidas na legislação estadual que trata do tema (Lei Estadual 11.067/95, Lei Estadual 14.037/03 e Decreto Estadual 3.148/04). 2.8.1.8 - Meios Judiciais de Defesa do Meio Ambiente: Ação Civil Pública, Ação Popular e Mandado de Injunção - Lei Federal 4.717/65, Lei Federal 7.347/85 e art. 5º, LXXI da Constituição Federal A Lei Federal 4.717/65 traz a ação popular como instrumento hábil para que qualquer cidadão pleiteie a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, Estados e Municípios, das entidades autárquicas (como o IBAMA e órgãos estaduais de meio ambiente), e de outras entidades. De acordo com a mesma, são nulos os atos lesivos ao patrimônio de ditas entidades nos casos de (i) incompetência; (ii) vício de forma; (iii) ilegalidade de objeto; (iv) inexistência de motivos; e (v) desvio de finalidade (art. 2º da Lei Federal 4.717/65). A ação popular deve ser proposta contra as pessoas públicas ou privadas, autoridades, funcionários ou administradores que tiverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que por omissão, tiverem dado oportunidade à lesão contra os beneficiários diretos do mesmo (art. 6º da Lei Federal 4.717/65). Não obstante, a Lei Federal 7.347/85 disciplina a ação civil pública para a apuração de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. A ação civil pública tem por objetivo a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, e pode ser proposta inclusive preventivamente, com o intuito de evitar dano ao meio ambiente ou aos valores históricos. Podem propô-la o Ministério Público, a União, os Estados e Municípios, autarquias, empresas públicas, fundações, sociedade de economia mista, ou associações que estejam constituídas a pelo menos 1 ano, nos termos da lei civil, e que incluam, entre suas finalidades, a proteção aos bens e direitos de que trata a lei (art. 5º da Lei Federal 7.347/85). Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromissos de ajustamento de conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial. É facultado a qualquer pessoa, e dever do servidor público, provocar a iniciativa do Ministério Público quando tenha conhecimento de fatos que constituam objeto de ação civil, indicando-lhes os elementos de convicção e fornecendo-lhes informações. (art. 6º da Lei Federal 7.347/85). 2.61 Além destes, a Constituição Federal traz o mandado de injunção, cabível sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania (art. 5º, LXXI da CF). 2.8.1.9 - Patrimônio Genético e Biodiversidade Para assegurar o novo direito humano fundamental introduzido pelo texto constitucional direito de todos terem um meio ambiente ecologicamente equilibrado - o art. 225, § 1º, II da Constituição Federal incumbiu ao Poder Público de preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país e fiscalizar as entidades de pesquisa e manipulação de material genético, dispondo ainda no art. 225 § 4º que a Floresta Amazônica, dentre outros biomas, é patrimônio nacional cujo uso faz-se na forma da lei. Nesta linha, a Convenção Internacional sobre a Diversidade Biológica, promulgada no Brasil pelo Decreto Federal 2.519/98, trouxe como um de seus objetivos a repartição justa e eqüitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos, mediante o acesso adequado aos recursos genéticos e a transferência adequada de tecnologias pertinentes, levando em conta todos os diretos sobre tais recursos e tecnologias. Sobre o tema, a Convenção Internacional sobre a Diversidade Biológica possui diretrizes contidas em um artigo sobre acesso a recursos genéticos (art. 15) e outro sobre tecnologia e transferência de tecnologia (art. 16), além de um item sobre o dever de estabelecer e manter, na medida do possível, instalações para a conservação ex-situ e pesquisa de vegetais, animais e microorganismos, de preferência no país de origem dos recursos genéticos (art. 9, alínea b). No art. 15 da referida Convenção, particularmente no que diz respeito ao patrimônio genético, ressalta-se: - o reconhecimento dos recursos genéticos como pertencentes aos governos nacionais, em razão da soberania dos Estados (item 1); - a busca por condições de acesso a recursos genéticos que garantam utilização ambientalmente saudável (item 2); - a possibilidade de acesso condicionada ao comum acordo dos Estados (item 4). Quanto ao art. 16 do Decreto Federal 2.519/98 (Convenção Internacional sobre a Diversidade Biológica), no que se refere sobre acesso à tecnologia e transferência de tecnologia, destacam as previsões de: - permissão e/ou facilitação a outras Partes Contratantes ao acesso a tecnologias que sejam pertinentes à conservação e utilização sustentável da diversidade biológica ou que utilizem recursos genéticos e não causem dano sensível ao meio ambiente, assim como a transferência dessas tecnologias (item 1); - acesso a tecnologia e sua transferência a países em desenvolvimento, inclusive em condições concessionais e preferenciais quando de comum acordo, de forma compatível com a adequada e efetiva proteção dos direitos de propriedade intelectual (item 2); - adoção de medidas legislativas, administrativas ou políticas, conforme o caso, para que as Partes Contratantes, em particular as que são países em desenvolvimento, tenham garantido o acesso à tecnologia utilizada e sua transferência (item 3) e para que o setor privado permita o acesso à tecnologia (item 4). Posteriormente, em 2002, o Decreto Federal 4.339/02 instituiu os princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional da Biodiversidade, a qual traz como preceitos, dentre outros: 2.62 - o valor intrínseco da biodiversidade, independentemente de seu valor para o homem ou potencial para uso humano (item 2, I); - o reconhecimento da soberania de cada país na exploração dos recursos biológicos (item 2, II); - a essencialidade da manutenção da biodiversidade para a evolução e para a manutenção dos sistemas necessários à vida da biosfera (item 2, VII); - a necessidade de consentimento prévio dos povos indígenas, dos quilombolas e das outras comunidades locais para o acesso ao conhecimento tradicional (item 2, XIII); - a preferência agregação de de realização valor sobre no país de componentes pesquisas, da da conservação biodiversidade brasileira, ex situ e da admitindo a cooperação internacional (item 2, XVIII). O objetivo geral da Política Nacional da Biodiversidade é a promoção, de forma integrada, da conservação da biodiversidade e da utilização sustentável de seus componentes, com a repartição justa e eqüitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos, de componentes do patrimônio genético e dos conhecimentos tradicionais associados a esses recursos (item 5 do Decreto Federal 4.339/02). Dada a necessidade e urgência de tratativa da questão, a Medida Provisória 2.186-16/01 veio regulamentar o art. 225, II, §1º e 4º da Constituição Federal, bem como os arts. 1º, 8º alínea j, 10, c, 15 e 16, alíneas 3 e 4 da Convenção Internacional sobre Diversidade Biológica. A Medida Provisória 2.186-16/01 a qual dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para sua conservação e utilização, está dividida em oito capítulos: i) Disposições Gerais; ii) Definições; iii) Proteção ao Conhecimento Tradicional Associado; iv) Competências e Atribuições Institucionais; v) Acesso e Remessa; vi) Acesso à Tecnologia e Transferência de Tecnologia; vi) Repartição de Benefícios; vii) Sanções Administrativas; e, viii) Disposições Finais. Merecem destaque na Medida Provisória 2.186-16/01 as seguintes previsões: i) necessidade de autorização da União para o acesso ao patrimônio genético (art. 2º); ii) exigência de evidência científica de perigo de dano grave e irreversível à diversidade biológica para a sustação das atividades (art. 6º); iii) proteção às comunidades locais e indígenas de exploração ilícita e ações lesivas e reconhece o direito das comunidades indígenas e locais para decidirem sobre o uso de seus conhecimentos tradicionais associados ao patrimônio genético do País, nos termos da Medida Provisória (art. 8º); iv) necessidade de anuência prévia das comunidades indígenas; 2.63 v) possibilidade de dispensa da anuência prévia das comunidades nos casos de relevante interesse público (art. 14); vi) possibilidade de autorização para acessar o patrimônio genético, concedida por instituição nacional ou federal, devidamente cadastrada, à instituição nacional, pública ou privada, que exerça atividades de pesquisa biológicas e afins (art.11, IV, alínea e; c/c art. 14; e vii) necessidade informação do de assinatura prévia uso pretendido para de a e desenvolvimento das áreas art. 16, caput); termo remessa de transferência de patrimônio de material genético e entre instituições (art. 19); viii) possibilidade de acesso in situ ao patrimônio genético ou conhecimento tradicional associado por instituição estrangeira, desde que a instituição atue na área de pesquisa e desenvolvimento biológico ou afim (art. 12) e os trabalhos sejam coordenados por instituição nacional (art. 16, § 6º); ix) possibilidade de remessa de amostra à instituição internacional (art. 19,§ 3º), devendo a pesquisa sobre componentes do patrimônio genético preferencialmente realizada no território nacional (art. 16 § 7º e item 2, XIII do Decreto 4.339/02 que instituiu a Política Nacional da Biodiversidade); x) criação e manutenção pelas instituições credenciadas e pela Secretaria do Patrimônio Genético de base de dados de informações colhidas quando da retirada da amostra e sobre as autorizações de acesso e remessa emitidas e divulgação da lista de autorizações e acesso (art. 14 e art. 15); xi) necessidade de assinatura prévia de contrato de utilização do patrimônio genético e repartição de benefícios quando houver perspectiva de uso comercial (art. 16 § 4º); e, xii) necessidade de observância da Medida Provisória para fins de concessão de direito de propriedade industrial pelos órgãos competentes (art. 31). Em que pese existirem críticas sobre sua inconstitucionalidade, a Medida Provisória 2.18616/01, por sua força de lei, continua sendo a principal norma geral sobre acesso à biodiversidade e patrimônio genético no país. Outras leis e regulamentos federais também estão relacionados com o acesso à biodiversidade e pesquisa, como por exemplo: i) o Decreto Federal Biossegurança da 5.705/06, que Convenção promulga da o Protocolo Diversidade de Cartagena Biológica sobre (movimentação transfronteiriça de organismos geneticamente modificados); ii) o Decreto Federal 3.945/2001, que define a composição do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético e dispõe sobre as normas de seu funcionamento; iii) a Lei Federal 11.105/05, que estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados OGMs - e seus derivados; iv) a Lei Federal 9.456/97 Lei de Cultivares; v) a Lei 9.279/96 Lei de Propriedade Industrial e vi) a Lei 9.610/98 - sobre direitos . autorais No que tange aos Parques Estaduais, os mesmos tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica. Por conseguinte, a manutenção do patrimônio genético ali existente igualmente acaba por ser um de seus objetivos, na medida em que não existe sem a preservação ambiental. 2.64 Destaque-se que a pesquisa científica a ser realizada em tais unidades de conservação depende de autorização prévia do órgão que administra a unidade, estando sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em outros regulamentos, como os supramencionados (art. 11, § 3º da Lei Federal 9.985/00). 2.8.1.10 - Legislação sobre Águas - Lei Federal 9.433/97 O Decreto Federal 24.643/34 já dispunha sobre o uso adequado das águas. Destacam-se deste Decreto alguns artigos de maior relevância para a verificação da questão de abrangência do presente estudo: Art. 34. É assegurado o uso gratuito de qualquer corrente ou nascente de águas, para as primeiras necessidades da vida, se houver caminho público que a torne acessível. Art. 36. É permitido a todos usar de quaisquer águas públicas, conformando-se com os regulamentos administrativos. Art. 37. O uso das águas públicas se deve realizar, sem prejuízo da navegação, salvo a hipótese do art. 48, e seu parágrafo único. Art. 41. O respectiva aproveitamento competência e os federal, melhoramentos estadual ou e uso municipal dos portos, serão bem regulados como a por leis especiais. Art. 65. Os usos gerais a que se prestam as águas públicas só por disposição de lei se podem extinguir. Em 1997, algumas dessas previsões passaram a fazer parte da Lei Federal 9.433/97, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH. A PNRH considera a água é um bem de domínio público, sendo um recurso natural limitado, dotado de valor econômico, e sua gestão deve sempre proporcionar o seu uso múltiplo (art. 1º, incisos I, II e IV da Lei Federal 9.433/97). Além disso, traz como diretriz geral da ação para sua implementação a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental. Nesta mesma linha, cria os Comitês Gestores de Bacia Hidrográfica, responsáveis pela promoção de debates e pela arbitragem em primeira instância sobre temas relacionados aos recursos hídricos, e compostos por representantes da União, dos Estados e Municípios (aqui incluídos os órgão gestores das UC´s) e por entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia (art. 37 e seguintes da Lei Federal 9.433/97). Desta forma, os Parques Estaduais, que por vezes abrigam várias nascentes e cursos d’água e outros córregos de fundamental importância para o meio ambiente e para a qualidade de vida, devem observar a legislação supra. 2.8.1.11 - Proteção à Mata Atlântica - Lei Federal 11.428/06 A recente Lei Federal 11.428/06 passou a tratar da utilização e proteção da vegetação nativa da Mata Atlântica. De acordo com o art. 1º da referida lei, consideram-se integrantes do bioma Mata Atlântica as seguintes formações florestais nativas e ecossistemas associados: (i) Floresta Ombrófila Densa; (ii) Floresta Ombrófila Mista ou Mata de Araucárias; (iii) Floresta Ombrófila Aberta; (iv) Floresta Estacional Semidecidual; (v) Floresta Estacional Decidual; e (vi) manguezais, vegetações de restingas, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste, conforme as respectivas delimitações estabelecidas em mapa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. 2.65 A proteção e a utilização da Mata Atlântica têm por objetivo geral o desenvolvimento sustentável e, por objetivos específicos, a salvaguarda da biodiversidade, da saúde humana, dos valores paisagísticos, estéticos e turísticos, do regime hídrico e da estabilidade social. Para a consecução de seus fins, a proteção e a utilização do bioma Mata Atlântica deve observar os seguintes princípios, recepcionados por nosso ordenamento jurídico: (i) função sócio-ambiental da propriedade; (ii) eqüidade intergeracional; (iii) prevenção e precaução; (iv) usuário-pagador; (v) transparência das informações e atos; (vi) gestão democrática; (vii) celeridade procedimental e gratuidade dos serviços administrativos prestados ao pequeno produtor rural e às populações tradicionais; e (viii) respeito ao direito de propriedade (art. 6º). Nesta linha, o art. 10 da lei incentiva o enriquecimento ecológico da vegetação do bioma, bem como o plantio e o reflorestamento com espécies nativa ou exóticas, em especial as iniciativas voluntárias de proprietários rurais, que visem controlar o efeito de borda nas áreas de entorno de fragmentos de vegetação nativa. Todavia, a lei restringe o corte e a supressão de vegetação na Mata Atlântica, primária ou : (i) abrigar espécies da flora e da fauna silvestres ameaçadas de extinção, assim declaradas pela União ou pelos Estados, e a intervenção ou o parcelamento puserem em risco a sobrevivência dessas espécies; (ii) exercer a função de proteção de mananciais ou de prevenção e controle de erosão; (iii) formar corredores entre remanescentes de vegetação primária ou secundária em estágio avançado de regeneração; (iv) proteger o entorno das Unidades de Conservação; (v) possuir excepcional valor paisagístico, reconhecido pelos órgãos executivos competentes do - SISNAMA; ou (vi) o proprietário ou posseiro não cumprir os dispositivos da legislação ambiental, no que se refere às Áreas de Preservação Permanente - APP e à reserva legal (art. 11). nos estágios avançado e médio de regeneração quando Não obstante, a supressão de vegetação primária e secundária no estágio avançado de regeneração somente é autorizada pela lei em caráter excepcional de utilidade pública, sendo que a vegetação secundária em estágio médio de regeneração poderá ser suprimida somente nos casos de utilidade pública e interesse social, devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto, ressalvado os casos de áreas localizadas em zonas urbanas ou regiões metropolitanas, previsto no mesmo instrumento legal (art. 14). Além disso, o corte ou a supressão de vegetação primária ou secundária nos estágios médio ou avançado de regeneração ficam condicionados à compensação ambiental, na forma da destinação de área equivalente à extensão da área desmatada, com as mesmas características ecológicas, ou em sua impossibilidade, à reposição florestal com espécies nativas, em área equivalente à desmatada, sempre na mesma bacia hidrográfica, e se possível na mesma microbacia hidrográfica (art. 17). O corte, a supressão e a exploração da vegetação secundária em estágio inicial de regeneração, por sua vez, são autorizados pelo órgão estadual competente. No entanto, nos Estados em que a vegetação primária e secundária remanescente da Mata Atlântica for inferior a 5% (cinco por cento) da área original, é aplicável para o estágio inicial de regeneração o regime jurídico da vegetação secundária em estágio médio de regeneração, ressalvadas as áreas urbanas e regiões metropolitanas (art. 25). Merecem ser ainda destacados os seguintes aspectos da lei em questão: (i) a definição dos estágios sucessionais da vegetação do bioma Mata Atlântica é de iniciativa do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA (art. 14); e (ii) é livre a coleta de subprodutos florestais tais como frutos, folhas ou sementes, bem como as atividades de uso indireto no bioma, desde que não coloquem em risco as espécies da fauna e flora, observando-se as 2.66 limitações legais específicas e em particular as relativas ao acesso ao patrimônio genético, à proteção e ao acesso ao conhecimento tradicional associado e de biossegurança (arts. 4° e 18). Por fim, cabe salientar que os casos permitidos pela lei que implicam em novos empreendimentos ou no corte ou supressão de vegetação devem ocorrer preferencialmente em áreas já substancialmente alteradas ou degradadas (art. 12). 2.8.1.12 - Organismos Geneticamente Modificados – Lei Federal 11.105/05 e Lei Federal 11.460/07 A Lei Federal 11.105/05, regulamentada pelo Decreto Federal 5.591/05, estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados - OGM e seus derivados. Vale destacar que a referida lei é considerada polêmica, na medida em que dá margem à dispensa de EIA/RIMA, ao incumbir a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança CTNBIO da decisão de ser ou não a atividade a ser desenvolvida potencialmente poluidora. Não obstante, a Lei 11.105/05, em seu art. 35, autoriza a produção e a comercialização de sementes de cultivo de soja geneticamente modificadas. Em face da referida lei, aliás, tramita no Supremo Tribunal Federal Ação Direta de Constitucionalidade - ADIN - proposta pela Procuradoria Geral da República, a qual aguarda decisão (ADIN nº 3526-6). A ação possui como fundamentos o princípio da precaução, recepcionado pela Constituição Federal, e os art. 23, VI e art. 225, § 1º, II, IV e V da Constituição Federal, a saber: Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (...) VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...) II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; (...) IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente. Nas Terras Indígenas e Unidades de Conservação, todavia, a Lei Federal 11.460/07 passou a proibir a pesquisa e o cultivo de OGMs (art. 1º). A referida lei, no entanto, ao modificar a redação do art. 27, § 4º da Lei Federal 9.985/00 (Lei do SNUC), deu margem à discricionariedade de decisão, em relação ao entorno das Unidades de Conservação. Art. 57-A. O Poder Executivo estabelecerá os limites para o plantio de organismos geneticamente modificados nas áreas que circundam as unidades de conservação até que seja fixada sua zona de amortecimento e aprovado o seu respectivo Plano de Manejo. 2.67 § 4o O Plano de Manejo poderá dispor sobre as atividades de liberação planejada e cultivo de organismos geneticamente modificados nas Áreas de Proteção Ambiental e nas zonas de amortecimento das demais categorias de unidade de conservação, observadas as informações contidas na decisão técnica da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio sobre: I - o registro de ocorrência de ancestrais diretos e parentes silvestres; II - as características de reprodução, dispersão e sobrevivência do organismo geneticamente modificado; III - o isolamento reprodutivo do organismo geneticamente modificado em relação aos seus ancestrais diretos e parentes silvestres; e IV - situações de risco do organismo geneticamente modificado à biodiversidade.” (NR) Verifica-se, portanto, a importância de previsão expressa sobre os OGMs nas normas do Plano de Manejo, para a zona de amortecimento da Unidade de Conservação. Enquanto não houver regulamentação da nova lei e aprovação do Plano de Manejo, todavia, subsistem as faixas limites para OGMs elencadas pelo Decreto Federal 5.950/06. Art. 1º Ficam estabelecidas as faixas limites para os seguintes organismos geneticamente modificados nas áreas circunvizinhas às unidades de conservação, em projeção horizontal a partir do seu perímetro, até que seja definida a zona de amortecimento e aprovado o Plano de Manejo da unidade de conservação: I - quinhentos metros para o caso de plantio de soja geneticamente modificada, evento GTS40-3-2, que confere tolerância ao herbicida glifosato; II - oitocentos metros para o caso de plantio de algodão geneticamente modificado, evento 531, que confere resistência a insetos; e III - cinco mil metros para o caso de plantio de algodão geneticamente modificado, evento 531, que confere resistência a insetos, quando existir registro de ocorrência de ancestral direto ou parente silvestre na unidade de conservação . 2.8.1.13 - Agrotóxicos - Lei Federal 7.802/89 e Decreto Federal 4.074/02 A Lei Federal 7.802/89, alterada pela Lei Federal 9.974/00, regulamentada pelo Decreto Federal 4.074/02, dispõe sobre o transporte, armazenamento, comercialização, propaganda, utilização, exportação, importação e destino final de resíduos e embalagens de agrotóxicos, bem como sobre o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componente e afins. A Resolução CONAMA 334/03, por sua vez, regulamenta os procedimentos de destinação e recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos. Em que pese o presente trabalho versar sobre unidade de proteção integral, que não admite a presença humana e por conseguinte, a utilização de agrotóxicos ou de OGMs, o tratamento legislativo ora posto ganha destaque neste estudo na medida em que influencia as áreas em que há ocupação humana, como as zonas de amortecimento das unidades de conservação. 2.68 2.8.2 - Legislação Estadual 2.8.2.1 - Constituição do Estado do Paraná A Constituição do Estado do Paraná, em seu art. 12, traz as competências administrativas comuns entre os entes da federação elencadas na Constituição Federal, dentre as quais a de proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas e de preservar as florestas, a fauna e a flora (inc. VI e VII). Já em seu título V trata em um capítulo exclusivo dos recursos naturais do Estado (Capítulo IV). CAPÍTULO IV DOS RECURSOS NATURAIS Art. 161. Compete ao Estado, na forma da lei, no âmbito de seu território, respeitada a política do meio ambiente: I - instituir e manter sistema de gerenciamento dos recursos naturais; II - o registro, o acompanhamento e a fiscalização do uso dos recursos naturais. Art. 162. As negociações sobre aproveitamento energético, de recursos hídricos, entre a União e o Estado acompanhadas por e entre comissão este e outras parlamentar unidades nomeada pela da federação, Assembléia devem Legislativa ser do Estado. (...) Art. 164. O Estado, na forma da lei, promoverá e incentivará a pesquisa do solo e subsolo e o aproveitamento adequado dos seus recursos naturais, sendo de sua competência: I - organizar e manter os serviços de geologia e cartografia de âmbito estadual; II - fornecer os documentos e mapeamentos geológico-geotécnicos necessários ao planejamento da ocupação do solo e subsolo, nas áreas urbana e rural, no âmbito regional e municipal. A cultura é outro aspecto abordado pela lei maior do Estado, correlacionado com o presente estudo. O art. 190 da Constituição Estadual afirma ser a cultura um direito de todos e manifestação da espiritualidade humana, que deve ser estimulada, valorizada, defendida e preservada. Já o art. 191 aborda os bens materiais e imateriais referentes às características da cultura paranaense como patrimônio comum, a ser preservado pelo Estado com a cooperação da comunidade. Finalmente no título VI – Da Ordem Social, Capítulo V, o meio ambiente é abordado como direito fundamental comum e essencial para a sadia qualidade de vida, seguindo a orientação contida na Constituição Federal. Nesta linha, incumbe ao Poder Público, dentre outras atribuições, proteger a fauna, promover a conservação ambiental e proteger o patrimônio de reconhecido valor cultural, artístico, histórico, estético, faunístico, paisagístico, arqueológico, turístico, paleontológico, ecológico, espeleológico e científico. CAPÍTULO V DO MEIO AMBIENTE 2.69 Art. 207. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Estado, aos Municípios e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as gerações presente e futuras, garantindo-se a proteção dos ecossistemas e o uso racional dos recursos ambientais. § 1 ° Cabe ao Poder Público, na forma da lei, para assegurar a efetividade deste direito: I - estabelecer, com a colaboração de representantes de entidades ecológicas, de trabalhadores, de empresários e das universidades, a política estadual do meio ambiente e instituir o sistema respectivo constituído pelos órgãos do Estado, dos Municípios e do Ministério Público; II - atribuir, ao órgão responsável pela coordenação do sistema, a execução e fiscalização da política e a gerência do fundo estadual do meio ambiente; III - determinar que o fundo estadual do meio ambiente receba, além dos recursos orçamentários próprios, o produto das multas por infrações às normas ambientais; IV - instituir as áreas a serem abrangidas por zoneamento ecológico, prevendo as formas de utilização dos recursos naturais e a destinação de áreas de preservação ambiental e de proteção de ecossistemas essenciais; V - exigir a instalação, realização reforma, de estudo recuperação, prévio de ampliação impacto e ambiental operação de para a construção, atividades ou obras potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente, do qual se dará publicidade; VI - exigir a análise de risco para o desenvolvimento de pesquisas, difusão e implantação de tecnologia potencialmente perigosa; VII - determinar àquele que explorar recursos minerais a obrigação de recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente; VIII - regulamentar e controlar a produção, a comercialização, as técnicas e os métodos de manejo e utilização das substâncias que comportem risco para a vida e para o meio ambiente, em especial agrotóxicos, biocidas, anabolizantes, produtos nocivos em geral e resíduos nucleares; IX - informar à população sobre os níveis de poluição e situações de risco e desequilíbrio ecológico; X - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; XI - incentivar a solução de problemas comuns relativos ao meio ambiente, mediante celebração de acordos, convênios e consórcios, em especial para a reciclagem de resíduos; XII - promover o controle, especialmente preventivo, das cheias, da erosão urbana, periurbana e rural e a orientação para o uso do solo; XIII - autorizar a exploração dos remanescentes de florestas nativas do Estado somente através de técnicas de manejo, excetuadas as áreas de preservação permanente; XIV - proteger a fauna, em especial as espécies raras e ameaçadas de extinção, vedadas as práticas que coloquem em risco a sua função ecológica ou submetam os animais à crueldade; XV - proteger o patrimônio de reconhecido valor cultural, artístico, histórico, estético, faunístico, paisagístico, arqueológico, turístico, paleontológico, ecológico, espeleológico e científico paranaense, prevendo sua utilização em condições que assegurem a sua conservação; 2.70 XVI - monitorar formas, atividades utilizadoras controlando o uso, de tecnologia nuclear armazenagem, transporte e em quaisquer de suas destinação de resíduos, garantindo medidas de proteção às populações envolvidas; XVII - estabelecer aos que, de qualquer forma utilizem economicamente matéria-prima florestal, a obrigatoriedade, direta ou indireta, de sua reposição; XVIII - incentivar as atividades privadas de conservação ambiental; XIX - declarar, como área de preservação permanente, o remanescente das matas ciliares dos mananciais de bacias hidrográficas que abasteçam os centros urbanos. § 2° As condutas e atividades poluidoras ou consideradas lesivas ao meio ambiente, na forma da lei, sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas: I - a obrigação de, além de outras sanções cabíveis, reparar os danos causados; II - a medidas definidas em relação aos resíduos por elas produzidos; III - a cumprir diretrizes estabelecidas por órgão competente. § 3º As empresas que desenvolvam atividades potencialmente poluidoras, ou atividades que provoquem outras formas de degradação ao meio ambiente de impacto significativo, deverão por ocasião do registro de seus atos constitutivos na junta comercial, bem como, quando da criação de novas filiais ou novos empreendimentos, apresentar a licença ambiental emitida pelo órgão competente. § 4° A lei disporá especificamente sobre a reposição das matas ciliares. (...) 2.8.2.2 - Lei Florestal do Estado - Lei Estadual 11.054/95 A Lei Estadual 11.054/95 dispõe sobre o regime florestal do Estado. As florestas e demais formas de vegetação são consideradas bem de interesse comum, razão pela qual as propriedades devem observar as limitações da legislação vigente (art. 1º da Lei Estadual 11.054/95). As atividades florestais deverão, além de assegurar os objetivos sócio-econômicos, manter a qualidade de vida e o equilíbrio ecológico (art. 2º da Lei Estadual 11.054/95). As florestas são classificadas em i) florestas de preservação permanente ; ii) reserva legal; iii) produtivas; e IV) unidades de conservação (art. 5º da Lei Federal 11.054/95). Em relação às unidades de conservação, a lei remete a legislação federal e ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação (art. 9º e art. 16 da Lei Estadual 11.054/95).Isso significa que a Lei Estadual já previa a observância do regramento geral contido na legislação federal, e por conseguinte, sua adequação à Lei do SNUC (Lei Federal 9.985/00), antes mesmo da criação desta. As unidades de conservação são definidas no art. 10, V: Unidades de Conservação: as porções de território estadual, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais de relevante valor, de domínio público ou propriedade privada, legalmente instituídas pelo poder público com objetivos e limites definidos, sob regimes especiais de administração, às quais se aplicam garantias adequadas de proteção. A lei florestal estadual ainda proíbe o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação (art. 14 da Lei Estadual 11.054/95) e trata da formação de técnicos para a 2.71 atuação na área, inclusive para a administração de unidades de conservação (art. 23 da Lei Estadual 11.054/95 ). Não obstante, afirma em seu art. 26 que as florestas não sujeitas ao regime de utilização limitada prevista em lei, ressalvada a de preservação permanente, são suscetíveis de exploração e transformação obedecidas as disposições legais. No art. 30 e seguintes, trata da reposição florestal obrigatória para os consumidores de matéria-prima florestal. Já no art. 69, são abordadas atividades de controle, fomento e extensão que devem ser exercidas pelo Poder Executivo, dentre as quais a manutenção e implantação de um sistema estadual de unidades de conservação (inc. I), a conservação do potencial genético e diversidade biológica das florestas nativas remanescentes (inc. II) e a recuperação e manutenção das áreas de preservação permanente (inc. III). Deve-se esclarecer que apesar do art. 69, I prever a implantação de um Sistema Estadual de Unidades de Conservação, não há qualquer regulamento posterior neste sentido. Contudo, a questão resta suprida pela referência ao sistema nacional de unidades de conservação, contida no art. 16 da Lei Estadual 11.054/95, e pelo advento da Lei 9.985/00, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, o qual abrange as unidades de conservação federais, estaduais e municipais. 2.8.2.3 - Legislação sobre Fauna - Decreto 3.148/04 Lei Estadual 11.067/95, Lei Estadual 14.037/03, e A Lei Estadual 11.067/95 dispõe sobre a proibição da utilização, perseguição, destruição, caça, apanha, coleta ou captura de exemplares da fauna ameaçada de extinção, bem como a remoção, comércio de espécies, produtos e objetos que impliquem nas atividades proibidas, sob pena de incidir em crime inafiançável. A exceção prevista é para a captura e manutenção em cativeiro para fins didáticoscientíficos, desde que com a anuência prévia do órgão ambiental federal e estadual. Dita lei ainda reserva a aplicação de 1% sobre o valor orçamentário do responsável pela preservação, para as espécies da fauna ameaçadas listadas na lei e para os ecossistemas que servem de habitat para as mesmas. A Lei Estadual 14.037/03, por sua vez, instituiu o Código Estadual de Proteção dos Animais. Em seu art. 2º veda: Art. 2º (...) I - ofender ou agredir fisicamente os animais, sujeitando-os a qualquer tipo de experiência capaz de causar-lhes sofrimento, humilhação ou dano, ou que, de alguma forma, provoque condições inaceitáveis para sua existência; II - manter animais em local desprovido de asseio, ou que não lhes permita a movimentação e o descanso, ou que os prive de ar e luminosidade; III - obrigar animais a trabalhos extenuantes ou para cuja execução seja necessária uma força superior à que possuem; IV - Impingir morte lenta ou dolorosa a animais cujo sacrifício seja necessário para o consumo. O sacrifício de animais somente será permitido nos moldes preconizados pela Organização Mundial de Saúde; V - exercer a venda ambulante de animais para menores desacompanhados responsável legal; VI - enclausurar animais com outros que os molestem ou aterrorizam; 2.72 por Prossegue considerando como fauna nativa a que seja originária do Estado e viva de forma selvagem, inclusive a que esteja em processo de migração. Sob esta perspectiva, os animais silvestres e seus ninhos, ovos e abrigos são considerados bem de interesse comum, respeitados os limites que a lei estabelece (art. 3º e 4º da Lei Estadual 14.037/03). Do mesmo modo, são considerados de domínio público todos os animais e vegetação que se encontram nas águas dominiais estaduais (art. 9º da Lei Estadual 14.037/03). Outrossim, a introdução de espécie exótica no Estado depende de prévia autorização do órgão competente (art. 6º da Lei Estadual 14.037/03). Posteriormente, o Decreto Estadual 3.148/04 veio reforçar as disposições acima descritas, ao instituir a Política Estadual de Proteção à Fauna Nativa. Art. 2º. Encontram-se sob especial proteção no Estado do Paraná todos os animais de quaisquer espécies nativas, mantidas em cativeiro ou de vida livre, aquelas que utilizam o território paranaense em qualquer etapa do seu ciclo biológico, bem como os ecossistemas ou parte destes que lhes sirvam de habitat. Parágrafo único. Faz parte integrante deste Decreto o Glossário anexo, que poderá ser alterado ou ampliado mediante Resolução do Conselho Estadual de Proteção à Fauna, a partir de justificativas técnicas adequadas. Art. 3º. São vedadas às práticas que coloquem em risco as funções ecológicas da fauna, provoquem portanto captura a extinção proibida de sua de espécies utilização, exemplares, ou submetam perseguição, remoção, comércio os animais destruição, de espécies, à caça, crueldade, apanha, produtos e ficando coleta objetos ou que impliquem nas atividades proibidas, com as exceções previstas na Lei e regulamentadas neste Decreto. O Decreto Estadual aborda inúmeros objetivos a serem alcançados, tendo como linhas de atuação as políticas públicas, a fiscalização, a educação, a gestão da informação e o manejo da fauna nativa (art. 5º), fazendo referência igualmente ao Sistema de Proteção à Fauna Nativa - SISFAUNA (art. 10 e 11), o Conselho Estadual de Proteção à Fauna CONFAUNA (art. 15 e seguintes) e à Rede de Proteção à Fauna Nativa - Rede PRÓFAUNA (art. 25 e 26). 2.8.2.4 - Lei Estadual 12.726/99 - Política Nacional de Recursos Hídricos A Lei Estadual 12.726/99, que instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos, segue a norma geral sobre o tema: a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei Federal 9.433/97). Traz como fundamentos a água como bem de domínio público limitado e dotado de valor econômico, a prioridade para consumo humano e animal em situações de escassez, o uso múltiplo das águas, a bacia hidrográfica como unidade territorial e a gestão descentralizada e participativa (art. 2º da Lei Estadual 12.726/99). A Política Estadual de Recursos Hídricos visa assegurar a disponibilidade de água para as presentes e futuras gerações, a qualidade adequada ao uso, a utilização racional dos recursos hídricos e a prevenção e defesa contra eventos hidrológicos críticos (art. 3º da Lei Estadual 12.726/99). Os arts. 4º e 5º versam sobre as diretrizes gerais da Política Estadual de Recursos Hídricos, nos quais se dá ênfase a gestão dos recursos hídricos de forma integrada com outras questões, tal qual a ambiental, a demográfica, a econômica e a social, e entre os planos de recursos hídricos municipal, estadual e nacional. 2.73 Como instrumentos da Política Estadual, podem ser citados (art. 6º da Lei Estadual 12.726/99): i) o Plano da bacia hidrográfica; ii) o enquadramento dos corpos d´água em classes; iii) a outorga dos direitos de uso; iv) a cobrança pelo direito de uso; v) o Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos. Saliente-se que a lei também é aplicável às águas subterrâneas, as quais em razão de sua importância estratégica, deverão estar sujeitas a um programa de preservação permanente visando o seu melhor aproveitamento (art. 27 da Lei Estadual 12.726/99). A fim de alcançar os objetivos visados, a lei ainda cria o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com a finalidade de i) coordenar a gestão integrada das águas; ii) arbitrar eventuais conflitos; iii) implementar a Política Estadual de Recursos Hídricos; iv) planejar, regular, controlar o uso e recuperar os recursos hídricos e sistemas aquáticos; e v) promover a cobrança pelos direitos de uso (art. 32 da Lei Estadual 12.726/99). 2.8.2.5 - Organismos Geneticamente Modificados - Lei Estadual 14.162/03 Considerando a polêmica existente sobre os danos que os organismos geneticamente modificados - OGMs podem causar ao meio ambiente e à saúde humana, a recorrente utilização de sementes de OGMs para a prática da agricultura e a fragilidade e importância dos ecossistemas protegidos, é oportuno citar a Lei Estadual 14.162/03. A lei em questão veda o cultivo, a manipulação, a importação, a industrialização e a comercialização de organismos geneticamente modificados (OGMs) destinados à produção agrícola, alimentação humana e animal no Estado. A exceção prevista limita-se à pesquisa científica, no intuito de proteger a vida e a saúde do homem, dos animais e das plantas, bem como o meio ambiente. Com o advento da Lei Federal 11.105/05, que estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre organismos geneticamente modificados e seus derivados, bem como permite o plantio de soja transgênica, a lei estadual tornou-se incompatível com a lei federal. Vale lembrar, no entanto, que a lei federal pode ter seus efeitos suspensos pela a ação direta de insconstitucionalidade em trâmite, situação em que a lei estadual voltará a ser aplicável. De qualquer modo, em relação as Unidades de Conservação e as zonas de amortecimento, prevalece o entendimento de proibição, nos termos constantes no item 2.8.1.12. 2.8.2.6 - Agrotóxicos - Lei Estadual 7.827/83 No plano estadual a Lei 7.827/83, regulamentada pelo Decreto Estadual 3.876/84, dispõe sobre a distribuição e comercialização no território do Estado do Paraná, de produtos agrotóxicos e outros biocidas e o cadastramento prévio dos mesmos. Já a Lei Estadual 12.493/99 estabelece princípios, procedimentos, normas e critérios referentes a geração, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos, aqui incluídos os agrotóxicos. 2.8.2.7 - Outros Regulamentos Estaduais Podem ainda ser aludidos no presente estudo o Decreto Estadual 951/99, que instituiu a rede de biodiversidade no Estado do Paraná e a Portaria do IAP 192/05, que normatiza o 2.74 processo de eliminação e controle de espécies vegetais exóticas invasoras em Unidades de Conservação de Proteção Integral administradas pelo órgão ambiental estadual. 2.8.3 - Legislação Municipal 2.8.3.1 - Lei 06/02 - Lei Orgânica do Município de Palotina A Lei Orgânica do Município de Palotina dispõe sobre a organização do município (Título I), o Poder Legislativo (Título II), o Poder Executivo (Título III), a participação da sociedade (Título IV), a administração tributária, financeira e orçamentária (Título V) a ordem econômica e social (Título VI), administração pública (Título VII) e as disposições finais e transitórias (Título VIII). Dentro da ordem econômica e financeira, no Capítulo IV - Da Ordem Social, Seção IX, é tratada a questão ambiental, seguindo os ditames do ordenamento jurídico federal e estadual. Seção IX Do Meio Ambiente Art.127. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e a coletividade o dever de protegê-lo para as presentes e futuras gerações. §1º Cabe ao Poder Público Municipal, juntamente com a União e o Estado do Paraná, para assegurar a efetividade do direito a que refere-se o CAPUT deste artigo, observar o seguinte: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - exigir, na forma de lei, para instalação de obras ou atividades potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente; a) estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; b) licença prévia do órgão estadual responsável pela coordenação do sistema; III - promover a educação ambiental nas escolas municipais e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; IV - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma de lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam animais à crueldade; V - definir e fiscalizar espaços territoriais e seus componentes a serem protegidos, mediante criação de unidades municipais de conservação ambiental; VI - manter a fiscalização permanente dos recursos ambientais, visando à compatibilização do desenvolvimento econômico com a proteção do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. §2º Aquele que explorar recursos minerais, inclusive extração de cascalho ou pedreiras, fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão público competente, de acordo com a legislação pertinente. §3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções administrativas e penais, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 2.75 2.8.3.2 - Lei Complementar Municipal 02/92 - Plano Diretor de Palotina Os Planos Diretores Municipais são atualmente instrumentos de grande importância para conservação do meio ambiente, especialmente no que tange à definição dos entornos de Unidades de Conservação, formação de corredores ecológicos e garantia da conectividade. A Lei Complementar municipal 02/92 instituiu o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Palotina. O plano diretor constitui-se no instrumento básico da política de desenvolvimento urbano do município e ainda é composto pela Lei Municipal do Perímetro Urbano (Lei Complementar 03/92); pelo Código Municipal de Zoneamento Urbano (Lei Complementar 04/92); pelo Código Municipal de Parcelamento do Solo Urbano (Lei Complementar 05/92); pela Lei Municipal do Sistema Viário (Lei Complementar 06/92); pelo Código Municipal de Obras (Lei Complementar 07/92); pelo Código Municipal de Posturas (Lei Complementar 08/92); e pela Lei Municipal de Proteção Ambiental (Lei Complementar 09/92). O Plano Diretor traz como diretrizes específicas para o meio ambiente (art. 21, V da Lei Complementar 02/92): i) a implantação de Parque Municipal junto à nascente da Sanga Jequitibá; ii) a instituição de programa municipal para utilização pública para lazer das áreas florestadas de propriedade privada, através de incentivos e benefícios fiscais; iii) o reflorestamento as margens de todos os arroios, sangas e nascentes, incluídos no perímetro urbano e ao longo das faixas específicas como zonas de proteção ambiental; iv) a anexação às faixas anteriormente citadas as áreas correspondentes à percentagem de área verde, com vistas à implantação de futuros parques lineares; v) a instituição de programa municipal a fim de dotar cada bairro da cidade com uma praça urbanizada ou área verde para lazer. Em seguida traz as diretrizes para as políticas e ações a serem estabelecidas para a proteção ambiental, dentre as quais estão a promoção da fiscalização da proteção dos recursos ambientais, o incentivo e o apoio técnico a grupos de defesa ambiental que atuem no município, a promoção da proteção e da reposição das matas ciliares em todas as nascentes e margens dos corpos d’água situados no Município, a implementação de programas de preservação e expansão das áreas florestadas tanto no meio rural como no meio urbano, a promoção do controle do uso de agrotóxicos, a efetivação de programas para a conservação das áreas verdes nos núcleos urbanos, a definição de estratégia para solucionar a questão do lixo urbano, o tratamento de qualquer tipo de efluente antes de seu lançamento nos corpos d’água, a promoção da recuperação das áreas ambientalmente degradadas nas zonas urbanas e a promoção de campanha de conscientização para a importância da preservação do meio ambiente (art. 22 da Lei Complementar 02/92). Deve-se destacar, que até 2001, os planos diretores normalmente só abrangiam as áreas urbanas, visando seu planejamento e desenvolvimento. Todavia, com o advento do Estatuto da Cidade (Lei Federal 10.257/01) planos diretores passaram a ter que englobar o território do Município com um todo (art. 40, § 2º da Lei Federal 10.257/01). 2.8.3.3 - Lei Complementar Municipal 09/92 - Política de Meio Ambiente do Município A Lei Complementar 09/92 trata da Política de Meio Ambiente do Município. Seu objetivo é a preservação, o uso racional, a melhoria, a recuperação e a conservação dos recursos e da qualidade ambiental propícios à vida, visado assegurar as condições necessárias ao desenvolvimento sócio-econômico e ecologicamente equilibrado (art. 1º da Lei Complementar 09/02). A ação do Poder Público para a manutenção do equilíbrio ecológico; a consideração do direito coletivo ao meio ambiente saudável e equilibrado; o planejamento e fiscalização do 2.76 uso dos recursos ambientais; a proteção aos ecossistemas; o zoneamento e controle das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; o incentivo ao estudo, pesquisa e emprego de tecnologias orientadas para o uso racional e proteção dos recursos ambientais; a recuperação de áreas degradadas ou ameaçadas de degradação ambiental; a racionalização do uso do solo, flora, ar, água e solo; a educação ambiental e divulgação de informações à comunidade são os princípios da Política ambiental do município (art. 2º da Lei Complementar 09/92). A Secretaria Municipal do Planejamento é o órgão encarregado de implantar a Política Municipal de Meio Ambiente enquanto o Conselho Municipal do Plano Diretor e Meio Ambiente tem por competência assessorá-la, cabendo-lhe o desempenho de funções de caráter consultivo, deliberativo e fiscalizador (arts. 3º e 4º da Lei Complementar 09/92). Como instrumentos da Política Municipal de Meio Ambiente, a lei elenca: i) a adoção de padrões ou parâmetros de qualidade ambiental, tomando por referencial mínimo o disposto em legislação federal ou estadual; ii) o zoneamento ambiental das áreas rurais e urbanas; iii) a avaliação dos impactos ambientais; iv) o licenciamento, fiscalização, revisão, interrupção e suspensão de prática de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras e de exploração de recursos ambientais, observando-se, no que couber, a legislação federal e estadual; v) o emprego do IPTU com finalidade extrafiscal; vi) a manutenção, pelo Poder Público, de inventários ou registros de cunho ambiental; vii) a criação, a pedido do interessado ou por iniciativa da autoridade municipal de unidades de conservação; viii) a imposição de penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental, independentemente da responsabilidade civil ou criminal do agente, de acordo com o disposto na legislação federal ou estadual; ix) o estabelecimento, em lei, de proibição à utilização, comercialização e produção de substâncias cancerígenas, mutagênicas e teratogênicas; x) o estabelecimento, através de regulamentação, da obrigatoriedade do receituário agronômico, para a aquisição de defensivos para uso agropecuário e destino final de vasilhames; xi) a composição do Fundo de Desenvolvimento do Meio Ambiente; e xii) a consorciação entre Municípios com vistas ao tratamento de questões ambientais comuns. A lei traz ainda um capítulo sobre proteção ambiental (Capítulo III) no qual aborda em seções específicas a proteção dos recursos naturais (Seção I), a proteção dos recursos hídricos (Seção II), a proteção à flora e fauna (Seção III) e o uso de agrotóxicos (Seção IV). Prossegue dispondo sobre o licenciamento, controle e fiscalização das fontes poluidoras (Capítulo IV), sobre disposições específicas (Capítulo V), sobre o Fundo de Desenvolvimento do Meio Ambiente (Capítulo VI), sobre infrações e penalidades (Capítulos VII e VIII) e sobre o procedimento administrativo (Capítulo IX). 2.8.4 - Análise Jurídica da Situação da Unidade de Conservação São Camilo Ante a Legislação Vigente A Reserva Biológica de São Camilo, criada pelo Decreto Estadual 6.595/90, teve como seus fundamentos de criação o art. 207, IV e XIV da Constituição Federal e o art. 5º da Lei Federal 5.197/67 – Lei de Fauna. O art. 207 da Constituição Estadual dispõe sobre o meio ambiente: Art. 207. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Estado, aos Municípios e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as gerações presente e futuras, garantindo-se a proteção dos ecossistemas e o uso racional dos recursos ambientais. § 1 ° Cabe ao Poder Público, na forma da lei, para assegurar a efetividade deste direito: 2.77 IV - instituir as áreas a serem abrangidas por zoneamento ecológico, prevendo as formas de utilização dos recursos naturais e a destinação de áreas de preservação ambiental e de proteção de ecossistemas essenciais; (...) XIV - proteger a fauna, em especial as espécies raras e ameaçadas de extinção, vedadas as práticas que coloquem em risco a sua função ecológica ou submetam os animais à crueldade; (...) À época, a Reserva Biológica era definida pelo art. 5º da Lei Federal 5.197/67 – Lei de Fauna como o local onde as atividades de utilização, perseguição, caça, apanha ou introdução de espécimes da fauna e flora silvestres e domésticas, bem como modificações do meio ambiente a qualquer título eram proibidas, excetuando-se as atividades científicas devidamente autorizadas. É este, aliás, o conteúdo do art. 2º do Decreto de criação. a REBIO São Camilo está sendo reclassificada para Parque Estadual, e que o art. 5º da Lei Federal 5.197/67 foi revogado pela Lei que instituiu o SNUC (Lei Federal 9.985/00), o ato de criação merece ter seu preâmbulo e seu art. 2º readequados. Contudo, considerando que Outrossim, consta no Decreto vigente como órgão responsável pela administração, guarda e fiscalização da unidade de conservação o Instituto de Terras, Cartografia e Florestas do Estado do Paraná, situação que igualmente deve ser corrigida, passando a figurar como tal o Instituto Ambiental do Paraná. Em relação a recategorização de REBIO para Parque Estadual é importante esclarecer que não qualquer óbice jurídico. Os art.s 10 e 11 da Lei do SNUC (Lei Federal 9.985/00) trazem os objetivos de cada uma das categorias: Art. 10. A Reserva Biológica tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos naturais modificações existentes ambientais, em seus limites, excetuando-se as sem interferência medidas de humana recuperação direta de ou seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais. Art. 11. O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. Da análise dos dispositivos verifica-se que ambas são unidades de conservação de proteção integral, de posse e domínios públicos, em que a pesquisa científica é permitida em determinadas condições. A grande diferença parece residir no fato de que na Reserva Biológica a visitação pública é proibida, exceto para fins educacionais, enquanto no Parque ela é permitida, nos termos previstos no Plano de Manejo e regulamentos. Além disso, o Parque tem dentre seus objetivos o desenvolvimento de atividades de recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico. Observa-se, portanto, que a Reserva Biológica possui condições mais restritivas, já que não permite uma participação e percepção mais ativa da comunidade, o que se mostra como ponto estratégico para se atingir os objetivos da unidade, já que a mesma está bem próxima a sede municipal de Palotina. 2.78 Não obstante, o art. 225, § 1º, III da Constituição Federal afirma que a alteração e a supressão dos espaços especialmente protegidos, tal qual as unidades de conservação, são permitidas somente através de lei. Significa dizer que a mudança de categoria e adequação do ato de criação da unidade de conservação pode ser efetuada, desde que através de lei. Outra questão que necessita ser contemplada no novo instrumento de criação é a adequação dos limites do Parque Estadual. Isto porque os limites reais da unidade não correspondem exatamente aos previstos no Decreto de Criação. Não obstante, uma área utilizada pelo Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) para experimentação e que se encontra circundada pela UC, deverá ser incorporada a mesma, razão pela qual se faz necessária a regularização fundiária da mesma. Além disso, em relação as compensações por empreendimentos, obras ou atividades considerados como de significativo impacto ambiental, sugere-se que o órgão gestor da UC efetue um levantamento da ocorrência ou não dessa atividades, obras ou empreendimentos com procedimentos licenciatórios em curso no entorno da UC para que possam ser angariadas novas fontes de recursos, bem como possa haver um acompanhamento do andamento das mesmas e de suas medidas mitigadoras e compensatórias. Aspecto não menos relevante diz respeito à revisão do Plano Diretor de Palotina. Primeiramente pelo fato da área urbana do município já estar bem próxima aos limites da zona de amortecimento da unidade de conservação de São Camilo, existindo a possibilidade de sua expansão, o que pode ensejar conflitos de interesse entre os objetivos do Parque Estadual e de desenvolvimento do município. A possibilidade de conflitos baseia-se especialmente na existência de um complexo industrial na região da zona de entorno da unidade e nas práticas de pecuária e agricultura, inclusive transgênica (apesar da vedação legal estadual - Lei Estadual 14.162/03), na região, situações que merecem ser cautelosamente analisadas. É imprescindível, portanto, uma avaliação conjunta dos objetivos da unidade de conservação e das possibilidades de uso da zona de entorno quando da avaliação das hipóteses de desenvolvimento urbano do Município, na revisão do plano Diretor, a fim de conciliar os interesses existentes e ampliar a conscientização da população. 2.9 - Potencial de Apoio O município de Palotina está localizado a 591,12 km da capital do Paraná, cujos 25.771 habitantes (20.740 na zona urbana e 5.031 na rural) estão distribuídos em 647,284 m² de área.2 As duas principais rodovias de acesso ao município são a PR-364 e a PR-182. O sistema rodoviário e o de sinalização da região podem ser considerados satisfatórios, no entanto existem trechos nos quais o fluxo é intenso e a via apresenta pavimentação desgastada, indicando necessidade de manutenção, além de a sinalização ter deficiências, como encobrimento pela vegetação ou danificação. Na entrada de Toledo (onde há um entroncamento de distribuição regional) estão sendo executadas obras (contorno) que vão melhorar também a sinalização informativa para Palotina. 2 Fonte: IBGE - Censo Demográfico - Resultados da amostra, em 12/04/2006, in www.ipardes.gov.br 2.79 No município há estradas internas não pavimentadas (que dão acesso, inclusive à unidade) em estado regular de conservação, as quais, principalmente em períodos chuvosos, precisam de cuidados. A sinalização nessas vias, especificamente no que se refere ao Parque e como indicativa de acesso, é insuficiente, e não padronizada (sinalização rodoviária). O mesmo se aplica às rodovias que levam ao município. Há um terminal rodoviário e um aeroporto privado não pavimentado; o aeroporto público mais próximo situa-se em Toledo. 2.9.1 - Estrutura Regional (Pinheiro, 2006) Há disponibilidade de atendimento médico, odontológico e hospitalar (dois particulares e um posto municipal sendo transformado em hospital para funcionamento neste ano), porém com poucas especialidades. Os casos mais graves (traumatismo craniano, por exemplo), são encaminhados para Marechal Cândido Rondon, Toledo e Curitiba. A rede de esgoto não compreende todo o município3; utilizam-se de fossas individuais. Em algumas propriedades os dejetos são lançados em cursos d’água ou mesmo rios de grande porte, o que se torna um veículo de poluição, contaminação e disseminação de doenças. Muitas vezes despercebida, a circulação de animais domésticos em locais públicos e particulares, em especial os que têm comércio e manipulação de alimentos (mercados, mercearias, lanchonetes, bares, restaurantes) é outro veículo de contaminação. No Parque há recipientes para coleta seletiva de lixo, que é levado diretamente ao aterro municipal, onde não há sistema para separação e destinação de lixo reciclável. A coleta seletiva não é praticada em Palotina; alguns moradores coletam papel, que vendem fora do município. O atual aterro sanitário não tem mais espaço físico. Este ano será construído outro, com recursos do IAP e da Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental – SUDERHSA4. 2.9.2 - Equipamentos Turísticos (Pinheiro, 2006) No município existem alguns equipamentos e serviços, em geral com qualificação satisfatória para atendimento à demanda atual, mas com necessidade de atualização para um fluxo de visitação mais constante e consistente. Hospedagem Destaca-se o Palotina Palace Hotel, que conta com apartamentos confortáveis com banheiro privativo, estacionamento, salas de jogos e reuniões, bar, café colonial e piscina, e o Dallas Hotel, tendo apartamentos com banheiro privativo, sala de reuniões, estacionamento, sauna, piscina e restaurante anexo. Alimentação A oferta é boa, com restaurantes, lanchonetes, pizzarias, confeitarias. Locais para Eventos e Outros Serviços Há espaços adequados à realização de eventos como um Centro Cultural, ginásio de esportes, salas e salões, o que possibilita a programação de atividades diversificadas. 3 4 Fonte: Perfil municipal de Palotina, in www.ipardes.gov.br, em 12/4/06 Informação fornecida pela Secretaria Municipal de Obras de Palotina, em 30/3/2006. 2.80 Informações turísticas são disponibilizadas pela prefeitura, porém não há registro de serviços de guias. Os serviços pouco apresentam atualização operacional e/ou gerencial. O treinamento dos funcionários é elementar e, em alguns casos, há carência de qualificação administrativa e/ou operacional. 2.9.3 - Potencial de Apoio Institucional à Unidade de Conservação Existem muitas instituições públicas que podem vir a contribuir com o desenvolvimento da Região. Destacam-se as instituições de ensino como a Universidade UFPR - Campus Avançado de Palotina, pois tem grande potencial de desenvolvimento de pesquisas que permitem o conhecimento da UC e da região como um todo. Nas Tabelas 2.22 e 2.23 são apresentadas algumas instituições que podem apoiar através de medidas e ações. Tabela 2.22 - Instituições Locais com Potencial de Cooperação na Zona de Amortecimento e na Unidade de Conservação INSTITUIÇÕES Casa do Artesão POTENCIAL DE COOPERAÇÃO Divulgação Ponto de apoio ao turista Prefeitura Aplicação do ICMS Ecológico em benefício da UC e de outras questões ambientais Divulgação Educação ambiental para Comunidade Rural Apoio institucional Coleta de lixo no meio rural Destinação do esgoto sanitário do meio rural Incentivar a diversificação de atividades Fomentar palestras sobre a relação meio ambiente X comunidade Câmara de Vereadores Aprovar leis que contribuam para a integridade dos recursos naturais Cooperativas Conscientização dos trabalhadores rurais (campanhas educativas) Incentivar o uso de produtos ecologicamente corretos Auxiliar na questão do uso de defensivos agrícolas Oportunizar palestras sobre a relação meio ambiente X comunidade Polícia Militar Fazer cumprir a lei Trabalhos educativos Rádio Divulgação Educação ambiental Escolas Educação ambiental Facilitação das visitas dos alunos ao Parque Coleta seletiva do lixo Avaliar o retorno das atividades de educação ambiental na pratica escolar AMOP - Associação dos Moradores do Oeste do Paraná Desenvolvimento de Projetos alternativos para os pequenos produtores rurais da região Projetos para captação de recursos 2.81 INSTITUIÇÕES Emater POTENCIAL DE COOPERAÇÃO Educação ambiental Preservação Capacitação Orientação Sicredi Financiamento de empreendimentos e infra-estrutura ACIPA Associação Comercial, Industrial e Conscientização dos trabalhadores rurais (campanhas Agropecuária de Palotina educativas) Incentivar o uso de produtos ecologicamente corretos Auxiliar na questão do uso de defensivos agrícolas Oportunizar palestras sobre a relação meio ambiente X comunidade Tabela 2.23 - Outras Instituições com Potencial de Cooperação na Zona de Amortecimento e na Unidade de Conservação INSTITUIÇÕES POTENCIAL DE COOPERAÇÃO DER Manutenção de estrada/sinalização Polícia Florestal Fiscalização de desmates e caça predatória Educação ambiental SETU - Secretaria de Estado do Recursos para implantação do Plano de Manejo Turismo Fomento ao turismo Instituições financiadoras de pesquisa Financiamentos de projetos de pesquisa Emater -Empresa de Assistência Projetos de alternativas de geração de renda Técnica e Extensão Rural Assistência técnica aos produtores rurais Sanepar- Companhia de Saneamento Monitorar a qualidade da água do Paraná Saneamento Cursos de educação ambiental UFPR - Universidade Federal do Apoio a projetos pró-melhoria da qualidade de vida Paraná e outras entidades estaduais e municipais Embrapa - Empresa Brasileira de Apoio ao desenvolvimento de projetos de produção sustentável Pesquisa Agropecuária (agropecuária e produtos florestais) Ministério dos Transportes Responsável pela infra-estrutura de transporte Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes Conselho Brasileiro de Turismo Certificação de atividades turísticas Sustentável IBGE - Fundação Instituto Brasileiro Fornecer dados, bases e indicadores socioeconômicos de Geografia e Estatística MMA - Ministério do meio Ambiente Políticas Públicas para conservação e proteção da UC IAP - Instituto Ambiental do Paraná Implantação do Plano de Manejo Banco do Brasil Financiamento para o desenvolvimento rural Caixa Econômica 2.82 CONTEÚDO Pág. 3 - ANÁLISE DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO .........................................................3.1 3.1- Informações Gerais ...........................................................................................3.1 3.1.1 - Acessos ......................................................................................................3.1 3.1.2 - Origem do Nome e Histórico de Criação .....................................................3.1 3.2 - Caracterização dos Fatores do Meio Físico ...................................................3.4 3.2.1 - Metodologia ................................................................................................3.4 3.2.1.1 - Clima ...................................................................................................3.4 3.2.1.2 - Hidrografia...........................................................................................3.6 3.2.1.3 - Geologia e Geomorfologia...................................................................3.6 3.2.1.4 - Solos ...................................................................................................3.7 3.2.2 - Clima ..........................................................................................................3.8 3.2.2.1 - Temperatura........................................................................................3.8 3.2.2.1 - Precipitação.........................................................................................3.9 3.2.2.1 - Umidade Relativa ................................................................................3.10 3.2.2.1 - Isolação...............................................................................................3.11 3.2.2.1 - Evaporação .........................................................................................3.12 3.2.2.1 -Ventos ..................................................................................................3.13 3.2.3 - Hidrografia ..................................................................................................3.15 3.2.4 - Geologia e Gemorfologia ............................................................................3.25 3.2.4.1 - Aspectos Geológicos...........................................................................3.25 3.2.4.2 - Diagnóstico Geomorfologia .................................................................3.29 3.2.5 - Solos...........................................................................................................3.29 3.2.5.1 - Critérios Adotados para o Estabelecimento das Classes de Solos.................................................................................3.29 3.2.5.2 - Diagnóstico das Classes de Solos.......................................................3.33 3.2.5.2.1 - GLEISSOLO HÁPLICO indiscriminado (GX) ................................3.33 i