AFRICAN UNION UNION AFRICAINE UNIÃO AFRICANA P. O. Box 3243, Addis Ababa, ETHIOPIA Tel.: (251-11) 5525849 Fax: (251-11) 5525855 REFORÇAR O COMÉRCIO INTRA-AFRICANO Perguntas & Respostas 1. Por que razão devemos incentivar o comércio entre as nações africanas? • Porque somente cerca de 10 a 12% do comércio africano é feito entre nações africanas, quando, em relação a outros continentes, por exemplo na América do Norte, 40% das trocas comerciais norte-americanas realizam-se entre os países da mesma região e, na Europa Ocidental, 63% do comércio é feito entre as nações dessa região. • O comércio intra-africano, sendo um motor importante para o crescimento, desenvolvimento e integração económica, na próxima década, ele deve passar da actual taxa de 10 12% para 20-25%. • O reforço do comércio intra-africano promoverá a integração regional e continental. Ele desenvolverá os mercados, tornando-os maiores, promoverá uma maior concorrência que, por sua vez, levará à redução da pobreza, ao crescimento e ao desenvolvimento sustentável. • A congregação das economias e dos mercados através da integração regional, proporcionará um espaço económico e de mercado suficientemente grande para tornar possível a economia de escala para as indústrias africanas e permitir que a África desempenhe o papel que lhe compete no mercado global. 1 2. Como podemos impulsionar o comércio intra-africano? O reforço do comércio intra-africano requer o compromisso político e a liderança dos Chefes de Estado e de Governo africanos, bem como a participação dos principais intervenientes, inclusive o sector privado. Isso implicará o seguinte: • uma reforma das políticas comerciais aos níveis nacional, regional e continental, com vista à harmonização das regras e dos regulamentos; • a concessão de maior facilidade ao comércio, de modo a reduzir o custo e o tempo de circulação de bens e serviços, do negócio, dos investimentos e da mobilidade de mão-deobra nas fronteiras; • o aumento e a diversificação das capacidades de produção, a fim de acrescentar valor aos produtos de base da África e impulsionar as cadeias de valor regionais e continental; • a promoção de infra-estruturas ligadas ao comércio (transportes, energia, TICs, etc); • o aumento do acesso ao financiamento do comércio e o estabelecimento de um quadro para sistemas de pagamento viáveis ao nível do continente, através de sistemas bancários e de garantia de exportação; • uma melhoria no acesso à informação comercial aos níveis regional e continental; e • a consideração dos factores de integração de mercados, que visam a harmonização intra-regional das normas e da mobilidade de trabalhadores, negócios e investimentos. 2. Quais são os elementos-chave de uma Zona de Comércio Livre Continental (ZCL- C)? 2 4. • A Zona de Comércio Livre (ZCL) é um agrupamento de países que comercializam bens manufacturados ou oriundos dos países da ZCL, isentos de direitos aduaneiros e de quotas. • para o estabelecimento da ZCL- C são necessários dois elementos fundamentais, que são a eliminação de tarifas sobre o comércio entre os membros da ZCL e a aplicação de regras de origem simples e transparentes. • Os membros da ZCL definem as regras de origem, que todas as mercadorias devem aplicar, de modo a serem elegíveis para o acesso ao mercado isento de quotas e de direitos aduaneiros. • A remoção de Barreiras Não-Tarifárias (BNTs) é também um elemento fundamental da ZCL- C, de modo que os produtos originais possam ser comercializados com direitos de isenção de tarifas e BNTs. • As medidas de facilitação do comércio são igualmente uma parte importante de uma ZCL- C. Que benefícios económicos a África tem a ganhar com a ZCL- C? Os benefícios que os países estabelecimento da ZCL- C, incluem: africanos terão com o • um aumento de oportunidades de emprego nos sectores público e privado; • um aumento da segurança alimentar, com a redução dos níveis de protecção no comércio de produtos agrícolas entre os países africanos; • um aumento da competitividade de produtos industriais da África, através do aproveitamento das economias de escala de um grande mercado continental (cerca de um bilhão de pessoas); 3 5. 6. • um aumento dos níveis de diversificação e transformação da economia da África e da capacidade do continente de suprir as suas necessidades de importação, a partir dos seus próprios recursos; • uma melhor afectação de recursos, aumento da concorrência e redução das diferenças de preços entre os países africanos; • o crescimento continental do comércio entre as indústrias e o desenvolvimento da especialização com base em África; • a diminuição da vulnerabilidade dos países aos choques comerciais externos; e • uma maior participação da África no comércio mundial e a redução da dependência do continente da ajuda e empréstimos externos. Por que devemos criar um Comité Comercial Africano de Alto Nível (HATC)? • Para mantermos a atenção na política comercial ao mais alto nível da tomada de decisão política continental; • O Comité terá a responsabilidade de supervisionar a implementação efectiva do Plano de Acção, destinado a impulsionar o comércio intra-africano e a implementação da ZCL- C; • Isto permitirá também dar uma importância maior e acções coordenadas, incluindo a troca de experiências, no seio de um organismo de alto nível, sobre o comércio e as questões da integração. Terá a ZCL funcionado noutras regiões do mundo? A ZCL não é uma ideia nova e há vários exemplos em todas as regiões do mundo. Com o aprofundamento da globalização, os países, nos 4 continentes mais importantes do mundo, estão a dar conta de que é prudente reunir os seus recursos e mercados para se tornarem mais competitivos. A experiência de regiões como a UE, ASEAN, NAZCL e MERCOSUL, que usaram as ZCL como a base do seu processo de integração regional, indica que as ZCL podem dar um contributo importante para a integração bem-sucedida de mercados e contribuir para o crescimento e desenvolvimento económicos. Alguns exemplos de aprofundamento da integração económica e reforço das estruturas de mercados internos são discutidos abaixo. 7. • A criação do mercado interno da UE conduziu a um aumento no nível do comércio intra-UE, que é agora de cerca de 63% e contribuiu para o crescimento do PIB e do emprego. • Na EAC, os dados comerciais indicam que o comércio interno na região aumentou para mais do dobro de 1,6 bilhões de $EUA, em 2004, para 3,5 bilhões de $EUA, em 2010. • No passado, o medo pela perda de receitas tarifárias constituiu um obstáculo à liberalização do comércio intraafricano. No entanto, experiências recentes, ao nível regional, demonstram que as receitas governamentais podem de facto aumentar, com a remoção ou redução de tarifas sobre o comércio intra-regional. Isto é aplicável tanto nas pequenas como nas grandes economias. Por exemplo, na sequência da adesão do Ruanda à ZCL da COMESA, as receitas do governo aumentaram devido ao IVA sobre as importações da região. Como pode o Sector Privado contribuir para alcançar a ZCLC? Sendo um dos maiores intervenientes na integração regional, o sector privado desempenha um papel fundamental na concretização da diversificação estrutural, para o aumento do comércio intra-africano. • Embora muitos países tenham desenvolvido políticas para a promoção do sector privado em África, muito ainda há a 5 fazer para a criação de um ambiente que permita às empresas desenvolverem novos produtos, novos mercados e novas formas de fazer negócio. A monitorização da competitividade, com base no desenvolvimento de indicadores, directrizes, políticas e programas de capacitação, pode identificar lacunas em cada um dos países e conceber medidas para as superar. 8. • Por outro lado, há necessidade de investimento intensivo em indústrias de manufacturação e transformação, que acrescentam valor às matérias-primas da África. Os programas de desenvolvimento de competências e de apoio ao aumento da produtividade reduzirão os custos de ajustamento (contracção de actividades de substituição de importações e expansão dos sectores de exportação) e aumentarão as oportunidades de benefícios dinâmicos do desenvolvimento das exportações. • Além disso, o aumento dos níveis de competitividade e produtividade em preparação para a implementação plena da ZCL- C, requer um reforço das competências dos trabalhadores, ‘’a melhoria das estruturas organizacionais e de gestão de empresas" e o desenvolvimento de políticas económicas e de infra-estruturas de apoio. Como podemos realizar a ZCL- C até 2017? A proposta de criação da ZCL continental, em 2017, é com base no facto de que, no âmbito do Tratado de Abuja, uma união aduaneira continental deve ser criada em 2019. Isto é também em resposta ao apelo dos Ministros de Comércio da UA, feito durante a sua Conferência Ministerial realizada em Kigali, em Novembro de 2010, e, subsequentemente, pelos Chefes de Estado e de Governo, durante a sua Cimeira de Janeiro de 2011, para acelerar o processo de estabelecimento de uma ZCL- C. Um roteiro para a realização da ZCL-C dentro deste prazo foi desenvolvido para consideração. O princípio subjacente ao roteiro é com base no "acervo" dos actuais níveis de liberalização tarifária entre as CERs. Por outras palavras, o estabelecimento de uma ZCL-C não 6 vai começar do zero, mas sim com base naquilo que as CER já realizaram. Os marcos principais no roteiro proposto são: 9. • A ZCL Tripartida COMESA-EAC-SADC deverá concluir a sua ZCL até ao ano 2014 e garantir que os EstadosMembros, que estão actualmente fora das 3 ZCL das CER, adiram-na e se tornem membros da ZCL Tripartida; • A CEDEAO deverá agilizar o processo de conclusão das respectivas ZCL, até 2014, e garantir também que aqueles entre os seus Estados-Membros que estão actualmente fora da ZCL, participem nela; • Quaisquer outros Estados Membros da UA deverão juntarse ao processo da ZCL-C até 2015; e • As ZCL criadas pelos processos acima mencionados serão consolidadas na ZCL-C, entre 2015 e 2016, com a opção de rever o prazo em conformidade com os progressos realizados. Como será assegurado o financiamento das negociações da ZCL- C? A garantia de financiamento da participação dos países nas reuniões do Fórum de Negociações da ZCL- C será da responsabilidade do país em causa. O Secretariado Conjunto da CUA/UNECA/BAD responsabilizar-se-á pelo financiamento do Secretariado do Fórum de negociações da ZCLC e as funções do Secretariado, que incluem custos com o pessoal, das reuniões, da interpretação, da tradução e a disponibilização de todas as demais funções de secretariado. Quando se tratar de financiamento do Secretariado do Fórum de Negociações da ZCL- C as instalações existentes devem ser utilizadas. Nesse sentido, o Centro Africano de Politica Comercial (ATPC) na UNECA poderá sustentar um mecanismo capaz de contribuir para o financiamento do processo de negociação da ZCL- C. 7