AGRUPAMENTOS DE MUNICÍPIOS DA 10ª REGIÃO ADMINISTRATIVA DO
ESTADO DE SÃO PAULO EM FUNÇÃO DOS VÍNCULOS EMPREGATÍCIOS
RURAIS
E
URBANOS
[email protected]
APRESENTACAO ORAL-Evolução e estrutura da agropecuária no Brasil
RICARDO FIRETTI1; LUIZ RICARDO NAKAMURA2; EDUARDO CARDOSO DE
OLIVEIRA3;
ANTONIO
ASSIZ
DE
CARVALHO
FILHO4.
1.DDD/APTA, PRESIDENTE PRUDENTE - SP - BRASIL; 2.ESALQ/USP, PIRACICABA SP - BRASIL; 3.PRODERPP, PRESIDENTE PRUDENTE - SP - BRASIL; 4.FCT/UNESP,
PRESIDENTE PRUDENTE - SP - BRASIL.
Agrupamentos de municípios da 10ª Região Administrativa do Estado de
São Paulo em função dos vínculos empregatícios rurais e urbanos
Grupo de Pesquisa: Evolução e estrutura da agropecuária no Brasil
Resumo
A 10ª Região Administrativa do Estado de São Paulo, cuja sede é o município de
Presidente Prudente, é considerada uma das últimas fronteiras do desenvolvimento paulista
e com presença constante nos noticiários que tratam de conflitos pela posse de terras. A
perda de dinamismo, causada pela exploração insustentável da agricultura, avançou pelos
outros setores nos municípios que hoje a compõem, estimulando a mudança da pirâmide
populacional de forma mais intensa do que a verificada no Estado, já que sua fraca
atividade econômica estimulou a saída da população mais jovem em busca de novas
oportunidades de trabalho. Assim, este trabalho objetivou identificar e caracterizar grupos
homogêneos de municípios que se destaquem positiva e negativamente no perfil
empregatício regional, e indicando quais municípios necessitariam de maior atenção de
políticas públicas visando à dinamização de sua economia. Através da utilização de
técnicas estatísticas multivariadas, obteve-se a extração de dois fatores principais que
separaram os vínculos empregatícios urbanos e os vínculos empregatícios rurais,
contribuindo para a elaboração de cartogramas utilizando os escores fatoriais e apontando
como principais municípios concentradores de empregos urbanos: Presidente Prudente,
Adamantina, Presidente Venceslau, Dracena, Osvaldo Cruz, Lucélia e Pirapozinho, sendo
preponderante o fato de alguns desses municípios serem sede de regiões de governo. Do
ponto de vista dos empregos rurais, destacaram-se os municípios de Santo Anastácio,
Flórida Paulista, Dracena e Rancharia, sendo que a presença de agroindústrias de etanol,
geralmente contratadora de mão de obra, influenciou a concentração desses vínculos.
Palavras-chave: agronegócios, desenvolvimento econômico, emprego, Pontal do
Paranapanema, Presidente Prudente
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Abstract
The 10th Administrative Region of São Paulo, whose seat is the city of Presidente
Prudente, is considered one of the last frontiers of development in São Paulo and constant
presence in the news dealing with conflicts over land ownership. The loss of momentum
caused by the unsustainable exploitation of agriculture, advanced by the other sections of
the region, mainly in the counties that make up today, stimulating a change in the
population pyramid that was more intense than that seen in the state, since their low
activity stimulated the economic output of the younger population in search of new job
opportunities. This study aimed to identify and characterize homogeneous groups of
municipalities that stand out positively and negatively on regional employment profile,
showing reflections official of the State Government of Sao Paulo about the regional
development and indicating which municipalities need greater attention to public policies
aimed the dynamism of its economy. By using multivariate statistical techniques, we
obtained the extraction of two main factors that separate employment contracts, municipal
and rural employment contracts, contributing to the development of cartograms using
factor scores and pointing out how major cities hubs of urban jobs: Presidente Prudente ,
Adamantina, Chairman Wenceslas, Dracena, Osvaldo Cruz, Lucélia Pirapozinho and, with
preponderant the fact that some of these cities are home to areas of government. From the
viewpoint of rural jobs, the highlights of the cities of Santo Anastacio, Florida Paulista,
Dracena and Rancharia, so that the presence of ethanol agribusiness, generally contracted
for labor, influenced the concentration of these linkages.
Key-words: agribusiness, economic development, jobs, Pontal do Paranapanema,
Presidente Prudente
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1. INTRODUÇÃO
O Estado de São Paulo é reconhecido nacionalmente como a unidade da Federação
com melhores índices de desenvolvimento urbano e rural. Apresenta a maior densidade
demográfica do país e abriga a mais complexa região metropolitana. Tem importância
fundamental para a economia do Brasil ao responder por parte expressiva do Produto
Interno Bruto. Sua participação é representativa na produção agropecuária, industrial e no
setor terciário. Além disso, é o principal centro exportador nacional. Visando aperfeiçoar o
planejamento político-administrativo por parte do Governo Estadual, São Paulo foi
dividido no ano de 1967, em 15 Regiões Administrativas (incluindo a Região
Metropolitana), sendo algumas delas subdivididas em Regiões de Governo. Segundo Silva
(1995) esta regionalização foi feita considerando-se apenas os aspectos locais, com
aglomerados de municípios circunvizinhos, sem levar em consideração características
econômicas ou sociais.
A 10ª Região Administrativa do Estado de São Paulo, cuja sede é o município de
Presidente Prudente é considerada uma das últimas fronteiras do desenvolvimento paulista,
com presença constante nos noticiários que tratam de conflitos pela posse de terras, e
resultado da expansão descontrolada que constitui um empecilho considerável ao progresso
local.
A partir de meados dos anos 1950, a economia do país passou por profundas
transformações em seu padrão de acumulação, ingressando na industrialização pesada, com
sua decorrente nova forma de articulação nacional e integração produtiva, com a maior
complementaridade do mercado nacional tendo como centro de comando o estado de São
Paulo, principalmente sua capital (SONODA, 2006). Ocorreu então uma concentração da
produção industrial na cidade de São Paulo que na década de 1930 já respondia por e 33%
do Valor de Transformação Industrial do país, elevando sua participação a 49% em 1949,
56% em 1959 e 58% em 1970 (CANO, 1998, p. 327).
A reversão da tendência de concentração industrial na capital do estado deu-se
apenas a partir da década de 1970 com a fixação de médias e grandes indústrias no interior,
possibilitando inclusive a modernização da atividade agrícola em função da agroindústria e
do setor fornecedor de insumos. Isto ocorreu através de programas de interiorização do
desenvolvimento do interior realizados pelo governo estadual e federal com o intuito de
drenar o dinamismo da capital, fixando-o em diversas áreas do interior, através de
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investimentos na instalação de agroindústrias, indústria química e metal mecânico.
Contudo, as diretrizes de desenvolvimento do interior implantadas apenas confirmaram as
tendências naturais que já ocorriam na economia paulista, privilegiando as regiões de
Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Sorocaba e São José dos Campos devido à sua
estrutura viária implantando pólos de desenvolvimento.
Este argumento é defendido pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados,
apresentado em trabalho organizado por CANO (1988): “há forte indicação de que o
processo de interiorização do desenvolvimento industrial, na década de 70 e no primeiro
qüinqüênio da de 80, ocorreu de forma altamente concentrada. Ou seja, a intensificação
da ocupação industrial do interior paulista fixou-se, com primazia, no entorno dos eixos
de penetração e ligação com outros mercados” (CANO, 1988, p.33).
Algumas regiões, com grande parte de sua economia vinculada à produção
agropecuária, conseguiram dinamizar-se a ponto de viabilizar a agroindústria e o
desenvolvimento regional urbano com culturas como a cana-de-açúcar, laranja e soja. O
Oeste Pioneiro (no qual se enquadra a região analisada), ao contrário, ampliou suas áreas
de pastagens, dinamizando tempos depois a frigorificação e industrialização da carne
(HESPANHOL, 1996).
Silva (1995) concorda com a idéia de que regiões paulistas que se especializaram
em bens de consumo não duráveis ou agrícolas voltados ao mercado interno (Bauru,
Presidente Prudente, Barretos e Registro), tiveram crescimento econômico bem menos
expressivo do que regiões que receberam investimentos produtivos públicos e privados
relacionados com tecnologia de ponta.
Segundo Martin (1993) a perda de dinamismo, causada pela exploração
insustentável da agricultura, avançou pelos outros setores econômicos no Oeste Paulista,
principalmente nos municípios que hoje compõem a Região Administrativa de Presidente
Prudente.
Com grande dependência de investimentos estatais ou de capital privado oriundo de
outras regiões mais dinâmicas do Estado, o Oeste, passou a apresentar trajetória de
esvaziamento populacional crônico que perduraria até o início de 1980 (NEGRI, 1996). Ao
final da década de 1950, em torno de 80% da População Economicamente Ativa (PEA)
estava empregada no setor primário, mas a partir de então se daria início a um processo de
enxugamento demográfico do campo, acompanhando uma tendência verificada no Estado,
apesar de em 1970 ainda empregar 50% de sua PEA neste setor e em 1980 cerca de 40%,
culminando na transformação da região em zona de expulsão populacional que migrava
para cidades mais dinâmicas com reversão do quadro apenas em 1980, e resultado do fraco
desempenho do emprego na fronteira agrícola e da intensidade da modernização da
agricultura (ARAUJO, 1999).
A Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo aponta que em
1980 a população desta Região Administrativa era mais jovem do que a do Estado, mas em
2007 ela se tornou mais envelhecida, ou seja, a mudança da pirâmide populacional da
região foi mais intensa do que a do Estado, já que sua fraca atividade econômica estimulou
a saída da população mais jovem em busca de novas oportunidades de trabalho
(SECRETARIA DE ECONOMIA E PLANEJAMENTO, 2008).
A diferenciação percebida nas regiões do Estado foi verificada por Fernandes et al.
(1999) por meio da capacitação da população vinculada ao maior dinamismo de certas
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regiões, analisando comparativamente a média salarial mensal baseando-se em dados da
RAIS de 1995, comprovando que as regiões metropolitana de São Paulo, São José dos
Campos, Campinas e Santos ofereciam melhores postos de trabalho possuindo médias
salariais mais altas e melhores empresas.
Perillo (2002) analisando vinte anos de migração no Estado de São Paulo, no
período de 1980 a 2000, e tomando como base as estatísticas vitais processadas pela
Fundação SEADE e as informações dos Censos Demográficos da Fundação IBGE,
evidencia taxas negativas de migração persistentes na Região Administrativa de Presidente
Prudente nas duas décadas avaliadas, embora a intensidade de evasão migratória tenha
diminuído entre 1991/2000 quando comparada à década de 1980.
Trabalho de Da Mata et al. (2007) sobre as características determinantes para que
uma cidade atraia migrantes qualificados apontaram que essas populações buscam
municípios com maior dinamismo do mercado de trabalho, o que poderia ser traduzido em
melhores salários, assim como variantes relacionadas a menor desigualdade social, menor
nível de violência, qualidade do sistema de saúde, e variáveis climáticas tais como inverno
e verão menos rigorosos. Os resultados obtidos apontaram que 85% dos municípios da
Região Administrativa de Presidente Prudente, em 2000, apresentaram índices negativos
ou quase nulos de migração qualificada de profissionais com alta escolaridade e maior
produtividade, definido pelos autores como “fuga de cérebros”.
Chomitz et al (2007) analisando o crescimento e desempenho do mercado de
trabalho de municípios não-metropolitanos no Brasil, no período de 1990-2000,
observaram que nas microrregiões da Região Administrativa de Presidente Prudente os
níveis de emprego sofreram redução enquanto os salários reais obtiveram elevação. Estes
resultados indicariam justamente as dificuldades das atividades econômicas desenvolvidas
na geração de emprego, associada a uma redução da mão-de-obra qualificada traduzindo-se
em maior concorrência entre as empresas.
Em trabalho recente visando o agrupamento de 32 municípios que formam o Pontal
do Paranapanema em função de características da agropecuária regional (principal setor
econômico da região), Firetti et al (2009) identificaram que 11 municípios tem como
principal semelhança a elevada dependência de seu Produto Interno Bruto (PIB) numa
produção agropecuária incipiente e pouco diversificada. Outros seis municípios além de
possuírem inexpressividade regional no setor primário, teriam forte dependência de seu
PIB no setor de serviços (eletricidade, por exemplo) e na administração pública.
Desta forma, o presente trabalho objetivou analisar as similaridades entre 53
municípios que compõem a 10ª. Região Administrativa do Estado de São Paulo, com sede
em Presidente Prudente, no que se refere aos vínculos empregatícios da agropecuária,
comércio, construção civil, na indústria e serviços. O principal objetivo foi identificar e
caracterizar grupos homogêneos de municípios que se destaquem positiva e negativamente
no perfil empregatício regional, comprovando as reflexões oficiais do Governo do Estado
de São Paulo acerca do desenvolvimento regional e indicando quais municípios
necessitariam de maior atenção de políticas públicas visando à dinamização de sua
economia.
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2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A Região Administrativa de Presidente Prudente (Figura 1) localiza-se no extremo
oeste do Estado, abrange 53 municípios que ocupam uma área de 23.953 km2, e abriga
820,9 mil habitantes. Caracteriza-se por ser uma das regiões menos densamente povoadas
do Estado(34,3 hab./km2), estando à frente somente da região de Registro(23,6 hab./km2).
Seu município com maior densidade demográfica (363,33 hab./km2) é Presidente
Prudente, sede da Região Administrativa, com uma população de 201,6 mil habitantes.
A maioria dos municípios da região é de pequeno porte: mais da metade possui
população inferior a 10.000 habitantes. O segundo maior município, em termos
populacionais, é Presidente Epitácio, com 41.868 habitantes e uma densidade populacional
de 32,79 hab./ km2. Osvaldo Cruz possui 30.045 habitantes e uma densidade de 124,67
hab./km2. A densidade demográfica dos demais municípios varia entre 4,04 hab./km2, em
Marabá Paulista, e 81,97 hab./km2, em Dracena.
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Figura 1. Regiões Administrativas do Estado de São Paulo.
Fonte: Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo (2008)
Entre 2000 e 2007, a população da região aumentou anualmente 0,83%; foi a região
paulista com o menor incremento populacional ao longo desse período. Os municípios que
mais se expandiram foram Sandovalina (2,18% a.a.), Caiuá (1,99% a.a.), Paulicéia (1,89%
a.a.), Narandiba (1,79% a.a.), Tarabaí (1,59% a.a.), Rosana (1,56% a.a.) e Álvares
Machado (1,53% a.a.). Os demais cresceram entre 0,05% a.a. e 1,31% a.a., sendo que a
população diminuiu (entre 0,03% a.a. e 1,28% a.a.) em Nova Guataporanga, Santa
Mercedes, Nantes, Junqueirópolis, Sagres, Tupi Paulista, Pracinha, Flórida Paulista,
Mariápolis, Irapuru, Flora Rica, Monte Castelo e São João do Pau d'Alho.
Utilizando-se o Índice Paulista de Responsabilidade Social/2006 (SÃO PAULO,
2006), pode-se caracterizar a Região Administrativa de Presidente Prudente nas três
dimensões supracitadas, de maneira contrastante em relação à Riqueza e os indicadores de
Escolaridade e Longevidade, visto que o mau desempenho do primeiro (14ª colocada no
Estado) contrapõe-se aos outros dois (respectivamente 2ª e 6ª colocadas). Ao avaliarmos a
dimensão Riqueza, por meio da análise do PIB Estadual, a Região Administrativa de
Presidente Prudente é a 11ª colocada entre as demais regiões, representando apenas 1,2%
do PIB paulista, com a Região Metropolitana de São Paulo concentrando 56,1% do
produto interno bruto. Levando-se em consideração apenas o PIB Industrial, a região
representa inexpressivos 0,6% do total do Estado (SEADE, 2008).
A Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo também indica
que um importante desafio para a região é a diversificação de sua agropecuária e o
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desenvolvimento de novas atividades econômicas geradoras de emprego e renda que
possam auxiliar na fixação da população na RA, já que alguns de seus municípios
apresentaram taxas de crescimento populacional negativa, entre 2000 e 2005.
A região possui alguns desafios, dentre os quais o conflito fundiário impetrado no
Pontal do Paranapanema, onde se localizam em torno de 100 assentamentos da reforma
agrária e mais de 5.000 famílias, além de diversos movimentos sociais de luta pela terra.
Associado a este fato, somam-se diversos presídios instalados nas últimas duas décadas
que causaram a geração de necessidades adicionais em saneamento básico e no sistema
público de saúde, pois familiares dos presos, muitas vezes, se tornam residentes na região,
ou lá se encontram em freqüentes visitas provocando as sobrecargas mencionadas.
3. METODOLOGIA DE PESQUISA
O estudo compreende a 10ª. Região Administrativa do Estado de São Paulo,
composto por 53 municípios, onde se insere as áreas de abrangência dos Pólos Regionais
de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios da Alta Sorocabana e da Alta Paulista,
unidades de pesquisa e desenvolvimento da APTA – Agência Paulista de Tecnologias do
Agronegócio vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São
Paulo.
Os municípios analisados foram: Adamantina, Alfredo Marcondes, Álvares
Machado, Anhumas, Caiabu, Caiuá, Dracena, Emilianópolis, Estrela do Norte, Euclides da
Cunha Paulista, Flora Rica, Flórida Paulista, Iepê, Indiana, Inúbia Paulista, Irapuru,
Junqueirópolis, Lucélia, Marabá Paulista, Mariápolis, Martinópolis,, Mirante do
Paranapanema, Monte Castelo, Nantes, Narandiba, Nova Guataporanga, Osvaldo Cruz,
Ouro Verde, Pacaembu, Panorama, Paulicéia, Piquerobi, Pirapozinho, Pracinha, Presidente
Bernardes, Presidente Epitácio, Presidente Prudente, Presidente Venceslau, Rancharia,
Regente Feijó, Ribeirão dos Índios, Rosana, Sagres, Salmourão, Sandovalina, Santa
Mercedes, Santo Anastácio, Santo Expedito, São João do Pau D’alho, Taciba, Tarabai,
Teodoro Sampaio e Tupi Paulista.
Para realização deste trabalho, foram utilizadas cinco variáveis relacionadas à área
do trabalho: número de vínculos empregatícios na agropecuária (variável 1), número de
vínculos empregatícios no comércio (var2), número de vínculos empregatícios na
construção civil (var3), número de vínculos empregatícios na indústria (var4) e número de
vínculos empregatícios nos serviços prestados (variável 5). Todas essas variáveis foram
retiradas do banco de dados oficial da Fundação SEADE e são referentes ao ano de 2008,
onde todos os municípios da R.A. de Presidente Prudente possuíam observações válidas.
O tema proposto requereu um referencial teórico específico sobre técnicas de
estatística multivariada, notadamente medidas de adequação dos dados (MSA) e Análise de
Fatores por Componentes Principais. Utilizando metodologia semelhante a de Olivette
(2005), a partir da obtençãos dos escores fatoriais os municípios serão agrupados em
função do número de vínculos empregatícios utilizando a análise de frequência desses
resultados e elaborados cartogramas representando a distribuição dos vínculos
empregatícios rurais na regiâo.
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3.1. Análise de Fatores por Componentes Principais
“A análise fatorial é uma técnica de interdependência na qual todas as variáveis
são simultanemente consideradas, cada uma relacionada com todas as outras,
empregando ainda o conceito de variável estatística, a composição linear das variáveis”
(HAIR et al., 2005).
Sintetizando as idéias de Mardia et al. (1992), pode-se dizer que a técnica tem o
poder de resumir a informação contida nas variáveis originais, criando um número
reduzido m de novas variáveis aleatórias, que são chamadas de fatores.
Para que a aplicação da análise fatorial seja validada, existem alguns critérios que
devem ser seguidos, tais como a Medida de Adequação da Amostra (MSA, do inglês
Measure Sampling Adequacy), no qual este índice varia entre 0 ≤ ≤ 1, sendo 1 o
valor ideal. O cálculo dessa medida é dado por:
∑
=
∑
+ ∑
onde é a correlação amostral entre as variáveis e , e é a correlação parcial
entre e controlada pelas demais − 2 variáveis.
Barroso e Artes (2003) apresentam a Tabela 1 com sugestões de interpretação para
os valores do MSA.
Tabela 1 - Valores de referência para interpretação do MSA
Valor do MSA
Interpretação
Insuficiente
0,00 ─ 0,50
0,50 ─ 0,60
Regular
0,60 ─ 0,70
Bom
0,70 ─ 0,80
Ótimo
0,80 ─ 1,00
Excelente
Fonte: Barroso e Artes, 2003.
Alguns métodos são sugeridos para obtenção dos fatores na literatura. Um dos mais
conhecidos segundo Johnson & Wichern (1998), é o Método das Componentes Principais,
onde os autovalores da matriz de correlação das variáveis são considerados na criação dos
fatores. O interessante deste método, segundo Mingoti (2005), é que a suposição de
normalidade dos dados não é necessária para a aplicação da técnica.
O método de análise fatorial, pode ser expresso na forma matemática (HAIR et al,
2005) através de uma combinação linear entre as variáveis (Xi) e K fatores comuns (F) .
Xi = Ai1F1 + Ai2F2 + ... + AikFk + Ui + Ei
Onde: Aik - Cargas fatoriais. Utilizadas para combinar linearmente os fatores
comuns;
Fk - Fatores comuns;
Ui - Fator único;
Ei – Fator de erro;
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As cargas fatoriais indicam a intensidade das relações entre as variáveis
normalizadas Xi e os fatores. Quanto maior uma carga i fatorial, mais associada com o
fator se encontra a variável. A variância comum h, ou comunalidade, representa quanto da
variância total i de X é reproduzida pelos fatores comuns, sendo calculada a partir do i é o
somatório ao quadrado das cargas fatoriais. A variância única Ui parte da variância total
que não se associa com a variância das outras variáveis. O termo E representa o erro de
observação, de mensuração i ou de especificação do modelo.
A medida denominada de Eingevalue, ou raiz característica, expressa a variância
total do modelo explicada por cada fator. De acordo com Ferreira Junior, Baptista e Lima
(2003), na determinação do número de fatores necessários para representar o conjunto de
dados, usualmente consideram-se apenas os fatores cuja raiz característica é maior que a
unidade. O seu valor é o somatório dos quadrados das cargas fatoriais de cada variável
associadas ao fator específico. A divisão de eingevalue pelo número de variáveis (Xi)
determina a proporção da variância total explicada pelo fator.
Quando os m fatores são obtidos através de um ou mais critérios citados
anteriormente, atinge-se o objetivo de resumir os dados em novas variáveis aleatórias,
porém na maioria dos casos, os fatores obtidos não fornecem informação necessária para
uma interpretação adequada das variáveis sob exame. Neste caso, utiliza-se um recurso de
transformação destes fatores. Daí vem um conceito muito conhecido dentro da análise
fatorial, chamado de rotação de fatores, ou rotação fatorial. Como o próprio nome sugere, a
rotação fatorial gira o eixo dos fatores de forma que eles alcancem uma posição onde a
interpretabilidade da matriz fatorial é mais simples. Então, a rotação é desejável, uma vez
que simplifica a estrutura fatorial, tornando mais fácil a interpretação das novas variáveis
aleatórias (fatores); ou seja, com a rotação dos fatores, conseguem-se soluções mais
simples e teoricamente mais significativas. Utilizou-se neste trabalho a rotação pelo
Critério Varimax, que procura minimizar o número de variáveis fortemente relacionadas
com cada fator.
4. ANÁLISE DE RESULTADOS
As variáveis analisadas possuem uma variância extremamente grande (Tabela 2),
além de assimetria fortemente positiva, o que indica que os dados estão concentrados à
esquerda da distribuição normal. Ainda, pode-se dizer que as curtoses são numericamente
bem elevadas, o que significa que há um acúmulo grande de obsevações em um
determinado ponto da distribuição das variáveis.
Tabela 2: Estatísticas básicas das variáveis em estudo, na Região Administrativa de
Presidente Prudente.
Variável
Média Desvio Padrão Variância Assimetria Curtose
Número de vínculos da agropecuária 245,38
284,25
80799,70
2,38
6,14
Número de vínculos do comércio
625,49
1960,02
3841687,83
6,44
44,33
Número de vínculos da construção
73,55
344,84
118917,64
7,01
50,17
Número de vínculos industriais
753,46
1894,42
3588849,86
5,79
38,11
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Número de vínculos dos serviços
1198,87
3443,13
11855143,50
6,75
47,68
Para uma melhor visualização dessas medidas, a seguir apresenta-se a matriz de
dispersão das variáveis (Figura 2), onde a diagonal principal contém os histogramas que
representam a distribuição de cada variável; acima dessa diagonal observa-se a matriz de
correlação bivariada; e abaixo da diagonal observa-se o gráfico de dispersão.
Figura 2 – Matriz de dispersão das variáveis em estudo.
Fonte: Resultados da pesquisa.
Como observado anteriormente, todas as variáveis possuem distribuições com forte
assimetria positiva e acúmulo de observações ao lado esquerdo da distibuição; o que já era
esperado, pois como visto na Tabela 1, os valores de assimetria e curtose das variáveis
eram numericamente grandes. Ainda, pode-se notar que a relação que os pares possuem
entre si é linear, excetuando correlações não tão significativas (< 0,30).
O teste de adequação da amostra (MSA) apresentou valor de 0,80, considerado
excelente, e conferindo aceitabilidade para a aplicação da técnica de análise fatorial.
Avaliando individualmente as variáveis, apenas a que trata de vículos empregatícios da
agropecuária (0,51) mostrou-se próxima ao limite inferior proposto por Hair et al. (2005)
A análise foi realizada, portanto, com as 5 variáveis1 iniciais e 53 municípios
previstos, utilizando a ortogonal VARIMAX. Foram extraídos 2 fatores do total de 5
previstos (Tabela 2) utilizando para isso os critérios de Scree Plot (Figura 2) e da Variância
Explicada. O primeiro critério leva em consideração a distribuição de autovalores dentre os
fatores obtidos, observando-se graficamente o ponto onde os valores obtidos para cada
autovalor tendem a se estabilizar, então o número de autovalores anteriores a esse ponto,
1
Variável 1=número de vínculos empregatícios na agropecuária; Variável 2=número de vínculos
empregatícios no comércio; Variável 3=número de vínculos empregatícios na construção civil; Variável
4=número de vínculos empregatícios na indústria; e Variável 5=número de vínculos empregatícios nos
serviços prestados.
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será o número m de fatores. O segundo critério leva baseia-se em manter um número tal de
fatores que representem uma percentagem × 100% da variância total, onde 0 < < 1 é
pré-determinado pelo pesquisador, desde que, de acordo com De Rosa (1999) se respeite o
mínimo de 60% para que o mapa fatorial seja totalmente explorável.
Tabela 3 Autovalores e variância explicadade cada fator.
Percentual Explicado de Percentual Cumulativo de
Fator Autovalor
Variância
Variância
1
4,01
80,17
80,17
2
0,92
18,38
98,55
3
0,06
1,17
99,72
4
0,01
0,19
99,92
5
0,01
0,08
100,00
Fonte: Resultados da pesquisa
Figura 3. Teste Scree-plot para a análise fatorial do número de vínculos
empregatícios nos municípios da 10ª. Região Administrativa do Estado de São Paulo.
Fonte: Resultados da pesquisa.
Na análise da variância explicada pelos fatores, observa-se que, quando se retêm
apenas 1 fator no sistema, o percentual de variância explicada das variáveis originais é
pouco superior a 80%, valor este considerado extremamente elevado. Contudo, com a
retenção do 2º fator este percentual é superior a 98%. Na Tabela 3 podem-se observar as
cargas fatorias das cinco variáveis em relação aos dois fatores, sendo destacados
visualmente os coeficientes de correlação entre as variáveis selecionadas e os seis fatores
superiores a 0,97.
Tabela 4. Coeficientes de correlação entre as variáveis analisadas e os fatores
extraídos e comunalidades.
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Fator
Variável
Número de vínculos da agropecuária
Número de vínculos do comércio
Número de vínculos da construção
Número de vínculos industriais
Número de vínculos dos serviços
Fonte: Resultados da pesquisa.
1
0,13
0,98
0,99
0,97
0,99
2
0,99
0,17
0,07
0,15
0,13
Comunalidade
0,99
0,99
0,98
0,96
0,99
Analisando a matriz fatorial, percebe-se uma clara distinção quanto a agregação das
variáveis nos fatores, o que resulta no isolamento da variável referente ao número de
vínculos empregatícios da agropecuária, de forma isolada no fator 2, enquanto as demais
correlacionam-se ao primeiro fator. Entente-de importante salientar o elevado valor das
correlações entre as variáveis analisadas e os fatores.
O fator 1 explica 80,17% da variância amostral da análise e representa os
“empregos urbanos” sendo formado pelas variáveis número de vínculos empregatícios do
comércio (0,98); número de vínculos empregatícios da construção (0,99); número de
vínculos empregatícios industriais (0,97) e número de vínculos empregatícios dos serviços
(0,99). Avaliando os escores fatoriais referente aos “empregos urbanos” (Tabela 5), é
possível observarmos os municípios com maior e menor oferta do número de vínculos
empregatícios urbanos e que possuem, respectivamente, escores positivos e negativos
formando cinco escalas distintas, partindo da elaboração de classes de frequëncias relativas
envolvendo escores posotivos e negativos. Na Figura 4 é possível analisar, portanto, a
distribuição dos “empregos urbanos” pelos municípios da Região Administrativa de
Presidente Prudente.
Tabela 5. Escores fatoriais de “empregos rurais” dos municípios da Região
Administrativa de Presidente Prudente.
Municípios
Escores fatoriais Municípios
Escores fatoriais
Presidente Prudente
6,98
Santo Expedito
-0,21
Dracena
0,45
Pracinha
-0,21
Adamantina
0,43
Nova Guataporanga
-0,21
Presidente Epitácio
0,4
Ouro Verde
-0,22
Lucélia
0,27
Euclides Cunha Pta
-0,22
Osvaldo Cruz
0,25
Estrela do Norte
-0,22
Presidente Venceslau
0,19
S.J. do Pau d'Alho
-0,22
Pirapozinho
0,17
Mariápolis
-0,22
Junqueirópolis
0,05
Flora Rica
-0,22
Regente Feijó
0,03
Ribeirão dos Índios
-0,22
Panorama
0,03
Martinópolis
-0,23
Paulicéia
-0,03
Inúbia Paulista
-0,23
Álvares Machado
-0,04
Sandovalina
-0,23
Rosana
-0,04
Santa Mercedes
-0,23
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Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009,
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Narandiba
-0,04
Nantes
-0,23
Teodoro Sampaio
-0,08
Pres. Bernardes
-0,25
Caiuá
-0,15
Piquerobi
-0,25
Pacaembu
-0,18
Monte Castelo
-0,25
Indiana
-0,18
Mirante Paranapan.
-0,26
Tupi Paulista
-0,19
Iepê
-0,26
Alfredo Marcondes
-0,19
Marabá Paulista
-0,26
Irapuru
-0,2
Taciba
-0,26
Caiabu
-0,2
Salmourão
-0,26
Rancharia
-0,21
Anhumas
-0,28
Tarabai
-0,21
Santo Anastácio
-0,54
Emilianópolis
-0,21
Flórida Paulista
-0,73
Sagres
-0,21
Fonte: Resultados da Pesquisa.
Assim, foi possível classificar os muniípios da região administrativa quanto ao
número de vínculos empregatícios urbanos, com destaque principal para Presidente
Prudente, sede regional e concentradora de indústrias, comércios e serviços (Firetti et al.,
2009). Os municípios de Dracena (sede de Região de Governo), Adamantina (sede de
Região de Governo), Presidente Epitácio, Lucélia, Osvaldo Cruz, Presidente Venceslau e
Pirapozinho podem ser considerados municípios com nível médio de vínculos
empregatícios urbanos, destacando-se das demais na região. Interessante notar a extrema
concentração de vínculos empregatícios urbanos em determinadas localidades com relação
ao desenvolvimento de atividades públicas com as sedes de Regiões de Governo e seu
entorno.
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Obs. Presidente Prudente (branco) descata-se fortemente no contexto.
Figura 4. Distribuição dos “empregos urbanos” nos municípios da Região
Administrativa de Presidente Prudente.
Fonte: Resultados da Pesquisa.
No Fator 2, caracterizado como “empregos rurais”, concentram-se 18,38% da
variância total, no qual se apresenta isoladamente apenas a variável ligada ao número de
vínculos empregatícios da agropecuária (0,99). Avaliando os escores fatoriais referente aos
“empregos rurais” (Tabela 6), é possível observarmos os municípios com maior e menor
oferta do número de vínculos empregatícios da agropecuária e que possuem,
respectivamente, escores positivos e negativos formando seis escalas distintas, partindo do
“mais significativo” positivo para o “mais significativo” negativo. Isto foi realizado em
virtude da maior variância dos escores delimitaando de maneira mais homogêna as classes
de frequências. Na Figura 5 é possível analisar a distribuição dos “empregos rurais” pelos
municípios da Região Administrativa de Presidente Prudente.
Tabela 6. Escores fatoriais de “empregos rurais” dos municípios da Região
Administrativa de Presidente Prudente (continua...).
Municípios
Flórida Paulista
Santo Anastácio
Escores Positivos
3,89
3,74
Municípios
Iepê
Anhumas
Escores Negativos
-0,01
-0,08
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Rancharia
Dracena
Teodoro Sampaio
Adamantina
Martinópolis
Regente Feijó
Presidente Venceslau
Junqueirópolis
Presidente Bernardes
Tupi Paulista
Osvaldo Cruz
Municípios
2,3
1,96
0,98
0,91
0,81
0,61
0,58
0,44
0,35
0,31
0,21
Escores Positivos
Marabá Paulista
Caiuá
Taciba
Lucélia
Álvares Machado
Inúbia Paulista
Ouro Verde
Piquerobi
Salmourão
Pirapozinho
Monte Castelo
Pacaembu
Rosana
Sandovalina
Tarabai
Narandiba
Panorama
Euclides da Cunha
Paulista
Paulicéia
Irapuru
Santa Mercedes
Indiana
Nantes
Estrela do Norte
Alfredo Marcondes
São João do Pau
d'Alho
Mariápolis
Emilianópolis
Sagres
Flora Rica
Municípios
Ribeirão dos Índios
Santo Expedito
Caiabu
Pracinha
Nova Guataporanga
-0,11
-0,13
-0,17
-0,2
-0,24
-0,27
-0,31
-0,31
-0,34
-0,35
-0,38
-0,39
-0,44
-0,44
-0,45
-0,47
-0,49
-0,51
-0,57
-0,57
-0,58
-0,59
-0,61
-0,65
-0,67
-0,67
-0,68
-0,69
-0,71
-0,71
Escores Negativos
-0,71
-0,74
-0,75
-0,77
-0,78
Fonte: Resultados da pesquisa.
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Figura 5. Distribuição dos “empregos rurais” nos municípios da Região
Administrativa de Presidente Prudente.
Fonte: Resultados da Pesquisa.
Desta forma, temos seis agrupamentos de municípios formados a partir do
ranqueamento dos escores fatoriais do fator “empregos rurais” representados por três
classes de escores positivos e relacionados com a representação do maior número de
vínculos empregatícios agropecuários, e por outras três classes de escores negativos que
representam o menor número de empregos rurais. Generalizando, os municípios de Santo
Anastácio e Flórida Paulista seriam concentradores do número de vínculos empregatícios
agropecuários da Região Administrativa de Presidente Prudente, enquanto os municípios
de Paulicéia, Irapuru, Santa Mercedes, Indiana, Nantes, Estrela do Norte, Alfredo
Marcondes, São João do Pau d'Alho, Mariápolis, Emilianópolis, Sagres, Flora Rica,
Ribeirão dos Índios, Santo Expedito, Caiabu, Pracinha e Nova Guataporanga,
disponiblizariam menor número de vínculos empregatícios agropecuários.
Utilizando os escores obtidos nos dois fatores extraídos e a técnica de cluster
analisys foi possível obter a formação de 5 grupos de municípios em função do número de
vínculos empregatícios urbano e rural. Cabe ressaltar a utilização do Método de Ward e
distâncias euclidianas.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Os resultados obtidos com a análise fatorial a partir do número de vínculos
empregatícios na Região Administrativa de Presidente Prudente evidenciaram a
concentração de vagas de emprego, tanto na área rural como na área urbana, o que
promoveria o fluxo migratório da população economicamente ativa de municípios
estruturalmente inferiores para outros municípios com número maior de oportunidades de
emprego.
Pode-se observar que o município de Presidente Prudente é grande concentrador de
empregos urbanos, em função de seu grau de desenvolvimento social e econômico quando
comparado aos demais municípios da região, e como observado por Firetti et al. (2009) que
analisando agrupamentos de municípios do Pontal do Paranapanema em função de
similaridades da agropecuária, observaram a pequena participação da produção primária no
Produto Interno Bruto municipal fazendo com que fosse alocado isoladamente em um
grupo.
Sobre os vínculos urbanos, destacaram-se também os municípios que são sedes das
Regiões de Governo da 10ª. Região Administrativa (Dracena e Adamantina), e,
naturalmente, por concentrarem uma quantidade maior de representações de serviços
públicos estaduais e federais, tem sua economia influenciada e acabam por influenciar
municípios próximos (Presidente Venceslau, Lucélia, Oswaldo Cruz e Pirapozinho). O
município de Presidente Epitácio destacou-se provavelmente por ser principal ligação de
acesso com o Estado do Mato Grosso do Sul no extremo oeste paulista e concentrar
serviços de transporte ferroviário e naval, além da infraestrutura turística recentemente
ampliada a partir da formação do lago da Usina Hidroeletrica Engenheiro Sergio Motta.
Com relação aos vínculos empregatícios rurais, os municípios de Santo Anastácio,
Flórida Paulista, Dracena e Rancharia, concentradores do número de empregos, possuem
como principal ponto em comum a presença de agroindústrias de etanol que utilizam mãode-obra para corte da cana sendo a principal fonte geradora desse tipo de vínculo da
agropecuária regional.
Um fato a considerar é o alto grau de informalidade nas atividades rurais, o que de
certa forma contribui para a exacerbação da relevância das agroindústrias de etanol, tendo
em vista a forte pressão exercida pela sociedade em geral sobre as questões trabalhistas
neste segmento. Há que se avaliar o impacto da mecanização agrícola na colheita de cana,
a diminuição deste tipo de vínculo empregatício e seus reflexos da economia regional,
assim como a necessidade de requalificação desta mão-de-obra para atividades ligadas a
outros setores da agroindústria.
A Região Administrativa de Presidente Prudente carece de grande esforço de
ordenação e planejamento de suas atividades urbanas, industriais, agroindustriais e
agropecuárias fortemente relacionadas às teorias do desenvolvimento endógeno, que pode
ser entendido, de acordo com Amaral Filho (2001), “como um processo de crescimento
econômico que implica em uma contínua ampliação da capacidade de geração e
agregação de valor sobre a produção, bem como da capacidade de absorção da região, na
retenção do excedente econômico gerado na economia local e na atração de excedentes
provenientes de outras regiões”, resultando na ampliação do emprego, do produto e da
renda local/regional gerada por uma determinada atividade econômica.
O desenvolvimento passaria a ser estruturado a partir dos próprios atores locais, e
não através do planejamento centralizado ou das forças do mercado, onde “o passado
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influenciaria o presente e esse influenciaria o futuro (intertemporalidade), no qual as
propriedades do tempo zero não coincidem com as propriedades do tempo um, e assim
sucessivamente (irreversibilidade), de tal forma que a situação de equilíbrio no tempo zero
dificilmente será recuperada no tempo um, tal como preconizado por Schumpeter”
(AMARAL FILHO 2001). O modelo de desenvolvimento endógeno indicado nos trabalhos
do autor pressupõe a exploração das potencialidades socioeconômicas originais do local,
associado ao perfil e à estrutura do sistema produtivo local, ou seja, a um sistema com
coerência interna, aderência ao local e sintonia com o movimento mundial dos fatores.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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