AGRUPAMENTOS DE MUNICÍPIOS DA 10ª REGIÃO ADMINISTRATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO EM FUNÇÃO DOS VÍNCULOS EMPREGATÍCIOS RURAIS E URBANOS [email protected] APRESENTACAO ORAL-Evolução e estrutura da agropecuária no Brasil RICARDO FIRETTI1; LUIZ RICARDO NAKAMURA2; EDUARDO CARDOSO DE OLIVEIRA3; ANTONIO ASSIZ DE CARVALHO FILHO4. 1.DDD/APTA, PRESIDENTE PRUDENTE - SP - BRASIL; 2.ESALQ/USP, PIRACICABA SP - BRASIL; 3.PRODERPP, PRESIDENTE PRUDENTE - SP - BRASIL; 4.FCT/UNESP, PRESIDENTE PRUDENTE - SP - BRASIL. Agrupamentos de municípios da 10ª Região Administrativa do Estado de São Paulo em função dos vínculos empregatícios rurais e urbanos Grupo de Pesquisa: Evolução e estrutura da agropecuária no Brasil Resumo A 10ª Região Administrativa do Estado de São Paulo, cuja sede é o município de Presidente Prudente, é considerada uma das últimas fronteiras do desenvolvimento paulista e com presença constante nos noticiários que tratam de conflitos pela posse de terras. A perda de dinamismo, causada pela exploração insustentável da agricultura, avançou pelos outros setores nos municípios que hoje a compõem, estimulando a mudança da pirâmide populacional de forma mais intensa do que a verificada no Estado, já que sua fraca atividade econômica estimulou a saída da população mais jovem em busca de novas oportunidades de trabalho. Assim, este trabalho objetivou identificar e caracterizar grupos homogêneos de municípios que se destaquem positiva e negativamente no perfil empregatício regional, e indicando quais municípios necessitariam de maior atenção de políticas públicas visando à dinamização de sua economia. Através da utilização de técnicas estatísticas multivariadas, obteve-se a extração de dois fatores principais que separaram os vínculos empregatícios urbanos e os vínculos empregatícios rurais, contribuindo para a elaboração de cartogramas utilizando os escores fatoriais e apontando como principais municípios concentradores de empregos urbanos: Presidente Prudente, Adamantina, Presidente Venceslau, Dracena, Osvaldo Cruz, Lucélia e Pirapozinho, sendo preponderante o fato de alguns desses municípios serem sede de regiões de governo. Do ponto de vista dos empregos rurais, destacaram-se os municípios de Santo Anastácio, Flórida Paulista, Dracena e Rancharia, sendo que a presença de agroindústrias de etanol, geralmente contratadora de mão de obra, influenciou a concentração desses vínculos. Palavras-chave: agronegócios, desenvolvimento econômico, emprego, Pontal do Paranapanema, Presidente Prudente 1 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Abstract The 10th Administrative Region of São Paulo, whose seat is the city of Presidente Prudente, is considered one of the last frontiers of development in São Paulo and constant presence in the news dealing with conflicts over land ownership. The loss of momentum caused by the unsustainable exploitation of agriculture, advanced by the other sections of the region, mainly in the counties that make up today, stimulating a change in the population pyramid that was more intense than that seen in the state, since their low activity stimulated the economic output of the younger population in search of new job opportunities. This study aimed to identify and characterize homogeneous groups of municipalities that stand out positively and negatively on regional employment profile, showing reflections official of the State Government of Sao Paulo about the regional development and indicating which municipalities need greater attention to public policies aimed the dynamism of its economy. By using multivariate statistical techniques, we obtained the extraction of two main factors that separate employment contracts, municipal and rural employment contracts, contributing to the development of cartograms using factor scores and pointing out how major cities hubs of urban jobs: Presidente Prudente , Adamantina, Chairman Wenceslas, Dracena, Osvaldo Cruz, Lucélia Pirapozinho and, with preponderant the fact that some of these cities are home to areas of government. From the viewpoint of rural jobs, the highlights of the cities of Santo Anastacio, Florida Paulista, Dracena and Rancharia, so that the presence of ethanol agribusiness, generally contracted for labor, influenced the concentration of these linkages. Key-words: agribusiness, economic development, jobs, Pontal do Paranapanema, Presidente Prudente 2 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1. INTRODUÇÃO O Estado de São Paulo é reconhecido nacionalmente como a unidade da Federação com melhores índices de desenvolvimento urbano e rural. Apresenta a maior densidade demográfica do país e abriga a mais complexa região metropolitana. Tem importância fundamental para a economia do Brasil ao responder por parte expressiva do Produto Interno Bruto. Sua participação é representativa na produção agropecuária, industrial e no setor terciário. Além disso, é o principal centro exportador nacional. Visando aperfeiçoar o planejamento político-administrativo por parte do Governo Estadual, São Paulo foi dividido no ano de 1967, em 15 Regiões Administrativas (incluindo a Região Metropolitana), sendo algumas delas subdivididas em Regiões de Governo. Segundo Silva (1995) esta regionalização foi feita considerando-se apenas os aspectos locais, com aglomerados de municípios circunvizinhos, sem levar em consideração características econômicas ou sociais. A 10ª Região Administrativa do Estado de São Paulo, cuja sede é o município de Presidente Prudente é considerada uma das últimas fronteiras do desenvolvimento paulista, com presença constante nos noticiários que tratam de conflitos pela posse de terras, e resultado da expansão descontrolada que constitui um empecilho considerável ao progresso local. A partir de meados dos anos 1950, a economia do país passou por profundas transformações em seu padrão de acumulação, ingressando na industrialização pesada, com sua decorrente nova forma de articulação nacional e integração produtiva, com a maior complementaridade do mercado nacional tendo como centro de comando o estado de São Paulo, principalmente sua capital (SONODA, 2006). Ocorreu então uma concentração da produção industrial na cidade de São Paulo que na década de 1930 já respondia por e 33% do Valor de Transformação Industrial do país, elevando sua participação a 49% em 1949, 56% em 1959 e 58% em 1970 (CANO, 1998, p. 327). A reversão da tendência de concentração industrial na capital do estado deu-se apenas a partir da década de 1970 com a fixação de médias e grandes indústrias no interior, possibilitando inclusive a modernização da atividade agrícola em função da agroindústria e do setor fornecedor de insumos. Isto ocorreu através de programas de interiorização do desenvolvimento do interior realizados pelo governo estadual e federal com o intuito de drenar o dinamismo da capital, fixando-o em diversas áreas do interior, através de 3 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural investimentos na instalação de agroindústrias, indústria química e metal mecânico. Contudo, as diretrizes de desenvolvimento do interior implantadas apenas confirmaram as tendências naturais que já ocorriam na economia paulista, privilegiando as regiões de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Sorocaba e São José dos Campos devido à sua estrutura viária implantando pólos de desenvolvimento. Este argumento é defendido pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados, apresentado em trabalho organizado por CANO (1988): “há forte indicação de que o processo de interiorização do desenvolvimento industrial, na década de 70 e no primeiro qüinqüênio da de 80, ocorreu de forma altamente concentrada. Ou seja, a intensificação da ocupação industrial do interior paulista fixou-se, com primazia, no entorno dos eixos de penetração e ligação com outros mercados” (CANO, 1988, p.33). Algumas regiões, com grande parte de sua economia vinculada à produção agropecuária, conseguiram dinamizar-se a ponto de viabilizar a agroindústria e o desenvolvimento regional urbano com culturas como a cana-de-açúcar, laranja e soja. O Oeste Pioneiro (no qual se enquadra a região analisada), ao contrário, ampliou suas áreas de pastagens, dinamizando tempos depois a frigorificação e industrialização da carne (HESPANHOL, 1996). Silva (1995) concorda com a idéia de que regiões paulistas que se especializaram em bens de consumo não duráveis ou agrícolas voltados ao mercado interno (Bauru, Presidente Prudente, Barretos e Registro), tiveram crescimento econômico bem menos expressivo do que regiões que receberam investimentos produtivos públicos e privados relacionados com tecnologia de ponta. Segundo Martin (1993) a perda de dinamismo, causada pela exploração insustentável da agricultura, avançou pelos outros setores econômicos no Oeste Paulista, principalmente nos municípios que hoje compõem a Região Administrativa de Presidente Prudente. Com grande dependência de investimentos estatais ou de capital privado oriundo de outras regiões mais dinâmicas do Estado, o Oeste, passou a apresentar trajetória de esvaziamento populacional crônico que perduraria até o início de 1980 (NEGRI, 1996). Ao final da década de 1950, em torno de 80% da População Economicamente Ativa (PEA) estava empregada no setor primário, mas a partir de então se daria início a um processo de enxugamento demográfico do campo, acompanhando uma tendência verificada no Estado, apesar de em 1970 ainda empregar 50% de sua PEA neste setor e em 1980 cerca de 40%, culminando na transformação da região em zona de expulsão populacional que migrava para cidades mais dinâmicas com reversão do quadro apenas em 1980, e resultado do fraco desempenho do emprego na fronteira agrícola e da intensidade da modernização da agricultura (ARAUJO, 1999). A Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo aponta que em 1980 a população desta Região Administrativa era mais jovem do que a do Estado, mas em 2007 ela se tornou mais envelhecida, ou seja, a mudança da pirâmide populacional da região foi mais intensa do que a do Estado, já que sua fraca atividade econômica estimulou a saída da população mais jovem em busca de novas oportunidades de trabalho (SECRETARIA DE ECONOMIA E PLANEJAMENTO, 2008). A diferenciação percebida nas regiões do Estado foi verificada por Fernandes et al. (1999) por meio da capacitação da população vinculada ao maior dinamismo de certas 4 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural regiões, analisando comparativamente a média salarial mensal baseando-se em dados da RAIS de 1995, comprovando que as regiões metropolitana de São Paulo, São José dos Campos, Campinas e Santos ofereciam melhores postos de trabalho possuindo médias salariais mais altas e melhores empresas. Perillo (2002) analisando vinte anos de migração no Estado de São Paulo, no período de 1980 a 2000, e tomando como base as estatísticas vitais processadas pela Fundação SEADE e as informações dos Censos Demográficos da Fundação IBGE, evidencia taxas negativas de migração persistentes na Região Administrativa de Presidente Prudente nas duas décadas avaliadas, embora a intensidade de evasão migratória tenha diminuído entre 1991/2000 quando comparada à década de 1980. Trabalho de Da Mata et al. (2007) sobre as características determinantes para que uma cidade atraia migrantes qualificados apontaram que essas populações buscam municípios com maior dinamismo do mercado de trabalho, o que poderia ser traduzido em melhores salários, assim como variantes relacionadas a menor desigualdade social, menor nível de violência, qualidade do sistema de saúde, e variáveis climáticas tais como inverno e verão menos rigorosos. Os resultados obtidos apontaram que 85% dos municípios da Região Administrativa de Presidente Prudente, em 2000, apresentaram índices negativos ou quase nulos de migração qualificada de profissionais com alta escolaridade e maior produtividade, definido pelos autores como “fuga de cérebros”. Chomitz et al (2007) analisando o crescimento e desempenho do mercado de trabalho de municípios não-metropolitanos no Brasil, no período de 1990-2000, observaram que nas microrregiões da Região Administrativa de Presidente Prudente os níveis de emprego sofreram redução enquanto os salários reais obtiveram elevação. Estes resultados indicariam justamente as dificuldades das atividades econômicas desenvolvidas na geração de emprego, associada a uma redução da mão-de-obra qualificada traduzindo-se em maior concorrência entre as empresas. Em trabalho recente visando o agrupamento de 32 municípios que formam o Pontal do Paranapanema em função de características da agropecuária regional (principal setor econômico da região), Firetti et al (2009) identificaram que 11 municípios tem como principal semelhança a elevada dependência de seu Produto Interno Bruto (PIB) numa produção agropecuária incipiente e pouco diversificada. Outros seis municípios além de possuírem inexpressividade regional no setor primário, teriam forte dependência de seu PIB no setor de serviços (eletricidade, por exemplo) e na administração pública. Desta forma, o presente trabalho objetivou analisar as similaridades entre 53 municípios que compõem a 10ª. Região Administrativa do Estado de São Paulo, com sede em Presidente Prudente, no que se refere aos vínculos empregatícios da agropecuária, comércio, construção civil, na indústria e serviços. O principal objetivo foi identificar e caracterizar grupos homogêneos de municípios que se destaquem positiva e negativamente no perfil empregatício regional, comprovando as reflexões oficiais do Governo do Estado de São Paulo acerca do desenvolvimento regional e indicando quais municípios necessitariam de maior atenção de políticas públicas visando à dinamização de sua economia. 5 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO A Região Administrativa de Presidente Prudente (Figura 1) localiza-se no extremo oeste do Estado, abrange 53 municípios que ocupam uma área de 23.953 km2, e abriga 820,9 mil habitantes. Caracteriza-se por ser uma das regiões menos densamente povoadas do Estado(34,3 hab./km2), estando à frente somente da região de Registro(23,6 hab./km2). Seu município com maior densidade demográfica (363,33 hab./km2) é Presidente Prudente, sede da Região Administrativa, com uma população de 201,6 mil habitantes. A maioria dos municípios da região é de pequeno porte: mais da metade possui população inferior a 10.000 habitantes. O segundo maior município, em termos populacionais, é Presidente Epitácio, com 41.868 habitantes e uma densidade populacional de 32,79 hab./ km2. Osvaldo Cruz possui 30.045 habitantes e uma densidade de 124,67 hab./km2. A densidade demográfica dos demais municípios varia entre 4,04 hab./km2, em Marabá Paulista, e 81,97 hab./km2, em Dracena. 6 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Figura 1. Regiões Administrativas do Estado de São Paulo. Fonte: Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo (2008) Entre 2000 e 2007, a população da região aumentou anualmente 0,83%; foi a região paulista com o menor incremento populacional ao longo desse período. Os municípios que mais se expandiram foram Sandovalina (2,18% a.a.), Caiuá (1,99% a.a.), Paulicéia (1,89% a.a.), Narandiba (1,79% a.a.), Tarabaí (1,59% a.a.), Rosana (1,56% a.a.) e Álvares Machado (1,53% a.a.). Os demais cresceram entre 0,05% a.a. e 1,31% a.a., sendo que a população diminuiu (entre 0,03% a.a. e 1,28% a.a.) em Nova Guataporanga, Santa Mercedes, Nantes, Junqueirópolis, Sagres, Tupi Paulista, Pracinha, Flórida Paulista, Mariápolis, Irapuru, Flora Rica, Monte Castelo e São João do Pau d'Alho. Utilizando-se o Índice Paulista de Responsabilidade Social/2006 (SÃO PAULO, 2006), pode-se caracterizar a Região Administrativa de Presidente Prudente nas três dimensões supracitadas, de maneira contrastante em relação à Riqueza e os indicadores de Escolaridade e Longevidade, visto que o mau desempenho do primeiro (14ª colocada no Estado) contrapõe-se aos outros dois (respectivamente 2ª e 6ª colocadas). Ao avaliarmos a dimensão Riqueza, por meio da análise do PIB Estadual, a Região Administrativa de Presidente Prudente é a 11ª colocada entre as demais regiões, representando apenas 1,2% do PIB paulista, com a Região Metropolitana de São Paulo concentrando 56,1% do produto interno bruto. Levando-se em consideração apenas o PIB Industrial, a região representa inexpressivos 0,6% do total do Estado (SEADE, 2008). A Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo também indica que um importante desafio para a região é a diversificação de sua agropecuária e o 7 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural desenvolvimento de novas atividades econômicas geradoras de emprego e renda que possam auxiliar na fixação da população na RA, já que alguns de seus municípios apresentaram taxas de crescimento populacional negativa, entre 2000 e 2005. A região possui alguns desafios, dentre os quais o conflito fundiário impetrado no Pontal do Paranapanema, onde se localizam em torno de 100 assentamentos da reforma agrária e mais de 5.000 famílias, além de diversos movimentos sociais de luta pela terra. Associado a este fato, somam-se diversos presídios instalados nas últimas duas décadas que causaram a geração de necessidades adicionais em saneamento básico e no sistema público de saúde, pois familiares dos presos, muitas vezes, se tornam residentes na região, ou lá se encontram em freqüentes visitas provocando as sobrecargas mencionadas. 3. METODOLOGIA DE PESQUISA O estudo compreende a 10ª. Região Administrativa do Estado de São Paulo, composto por 53 municípios, onde se insere as áreas de abrangência dos Pólos Regionais de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios da Alta Sorocabana e da Alta Paulista, unidades de pesquisa e desenvolvimento da APTA – Agência Paulista de Tecnologias do Agronegócio vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Os municípios analisados foram: Adamantina, Alfredo Marcondes, Álvares Machado, Anhumas, Caiabu, Caiuá, Dracena, Emilianópolis, Estrela do Norte, Euclides da Cunha Paulista, Flora Rica, Flórida Paulista, Iepê, Indiana, Inúbia Paulista, Irapuru, Junqueirópolis, Lucélia, Marabá Paulista, Mariápolis, Martinópolis,, Mirante do Paranapanema, Monte Castelo, Nantes, Narandiba, Nova Guataporanga, Osvaldo Cruz, Ouro Verde, Pacaembu, Panorama, Paulicéia, Piquerobi, Pirapozinho, Pracinha, Presidente Bernardes, Presidente Epitácio, Presidente Prudente, Presidente Venceslau, Rancharia, Regente Feijó, Ribeirão dos Índios, Rosana, Sagres, Salmourão, Sandovalina, Santa Mercedes, Santo Anastácio, Santo Expedito, São João do Pau D’alho, Taciba, Tarabai, Teodoro Sampaio e Tupi Paulista. Para realização deste trabalho, foram utilizadas cinco variáveis relacionadas à área do trabalho: número de vínculos empregatícios na agropecuária (variável 1), número de vínculos empregatícios no comércio (var2), número de vínculos empregatícios na construção civil (var3), número de vínculos empregatícios na indústria (var4) e número de vínculos empregatícios nos serviços prestados (variável 5). Todas essas variáveis foram retiradas do banco de dados oficial da Fundação SEADE e são referentes ao ano de 2008, onde todos os municípios da R.A. de Presidente Prudente possuíam observações válidas. O tema proposto requereu um referencial teórico específico sobre técnicas de estatística multivariada, notadamente medidas de adequação dos dados (MSA) e Análise de Fatores por Componentes Principais. Utilizando metodologia semelhante a de Olivette (2005), a partir da obtençãos dos escores fatoriais os municípios serão agrupados em função do número de vínculos empregatícios utilizando a análise de frequência desses resultados e elaborados cartogramas representando a distribuição dos vínculos empregatícios rurais na regiâo. 8 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 3.1. Análise de Fatores por Componentes Principais “A análise fatorial é uma técnica de interdependência na qual todas as variáveis são simultanemente consideradas, cada uma relacionada com todas as outras, empregando ainda o conceito de variável estatística, a composição linear das variáveis” (HAIR et al., 2005). Sintetizando as idéias de Mardia et al. (1992), pode-se dizer que a técnica tem o poder de resumir a informação contida nas variáveis originais, criando um número reduzido m de novas variáveis aleatórias, que são chamadas de fatores. Para que a aplicação da análise fatorial seja validada, existem alguns critérios que devem ser seguidos, tais como a Medida de Adequação da Amostra (MSA, do inglês Measure Sampling Adequacy), no qual este índice varia entre 0 ≤ ≤ 1, sendo 1 o valor ideal. O cálculo dessa medida é dado por: ∑ = ∑ + ∑ onde é a correlação amostral entre as variáveis e , e é a correlação parcial entre e controlada pelas demais − 2 variáveis. Barroso e Artes (2003) apresentam a Tabela 1 com sugestões de interpretação para os valores do MSA. Tabela 1 - Valores de referência para interpretação do MSA Valor do MSA Interpretação Insuficiente 0,00 ─ 0,50 0,50 ─ 0,60 Regular 0,60 ─ 0,70 Bom 0,70 ─ 0,80 Ótimo 0,80 ─ 1,00 Excelente Fonte: Barroso e Artes, 2003. Alguns métodos são sugeridos para obtenção dos fatores na literatura. Um dos mais conhecidos segundo Johnson & Wichern (1998), é o Método das Componentes Principais, onde os autovalores da matriz de correlação das variáveis são considerados na criação dos fatores. O interessante deste método, segundo Mingoti (2005), é que a suposição de normalidade dos dados não é necessária para a aplicação da técnica. O método de análise fatorial, pode ser expresso na forma matemática (HAIR et al, 2005) através de uma combinação linear entre as variáveis (Xi) e K fatores comuns (F) . Xi = Ai1F1 + Ai2F2 + ... + AikFk + Ui + Ei Onde: Aik - Cargas fatoriais. Utilizadas para combinar linearmente os fatores comuns; Fk - Fatores comuns; Ui - Fator único; Ei – Fator de erro; 9 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural As cargas fatoriais indicam a intensidade das relações entre as variáveis normalizadas Xi e os fatores. Quanto maior uma carga i fatorial, mais associada com o fator se encontra a variável. A variância comum h, ou comunalidade, representa quanto da variância total i de X é reproduzida pelos fatores comuns, sendo calculada a partir do i é o somatório ao quadrado das cargas fatoriais. A variância única Ui parte da variância total que não se associa com a variância das outras variáveis. O termo E representa o erro de observação, de mensuração i ou de especificação do modelo. A medida denominada de Eingevalue, ou raiz característica, expressa a variância total do modelo explicada por cada fator. De acordo com Ferreira Junior, Baptista e Lima (2003), na determinação do número de fatores necessários para representar o conjunto de dados, usualmente consideram-se apenas os fatores cuja raiz característica é maior que a unidade. O seu valor é o somatório dos quadrados das cargas fatoriais de cada variável associadas ao fator específico. A divisão de eingevalue pelo número de variáveis (Xi) determina a proporção da variância total explicada pelo fator. Quando os m fatores são obtidos através de um ou mais critérios citados anteriormente, atinge-se o objetivo de resumir os dados em novas variáveis aleatórias, porém na maioria dos casos, os fatores obtidos não fornecem informação necessária para uma interpretação adequada das variáveis sob exame. Neste caso, utiliza-se um recurso de transformação destes fatores. Daí vem um conceito muito conhecido dentro da análise fatorial, chamado de rotação de fatores, ou rotação fatorial. Como o próprio nome sugere, a rotação fatorial gira o eixo dos fatores de forma que eles alcancem uma posição onde a interpretabilidade da matriz fatorial é mais simples. Então, a rotação é desejável, uma vez que simplifica a estrutura fatorial, tornando mais fácil a interpretação das novas variáveis aleatórias (fatores); ou seja, com a rotação dos fatores, conseguem-se soluções mais simples e teoricamente mais significativas. Utilizou-se neste trabalho a rotação pelo Critério Varimax, que procura minimizar o número de variáveis fortemente relacionadas com cada fator. 4. ANÁLISE DE RESULTADOS As variáveis analisadas possuem uma variância extremamente grande (Tabela 2), além de assimetria fortemente positiva, o que indica que os dados estão concentrados à esquerda da distribuição normal. Ainda, pode-se dizer que as curtoses são numericamente bem elevadas, o que significa que há um acúmulo grande de obsevações em um determinado ponto da distribuição das variáveis. Tabela 2: Estatísticas básicas das variáveis em estudo, na Região Administrativa de Presidente Prudente. Variável Média Desvio Padrão Variância Assimetria Curtose Número de vínculos da agropecuária 245,38 284,25 80799,70 2,38 6,14 Número de vínculos do comércio 625,49 1960,02 3841687,83 6,44 44,33 Número de vínculos da construção 73,55 344,84 118917,64 7,01 50,17 Número de vínculos industriais 753,46 1894,42 3588849,86 5,79 38,11 10 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Número de vínculos dos serviços 1198,87 3443,13 11855143,50 6,75 47,68 Para uma melhor visualização dessas medidas, a seguir apresenta-se a matriz de dispersão das variáveis (Figura 2), onde a diagonal principal contém os histogramas que representam a distribuição de cada variável; acima dessa diagonal observa-se a matriz de correlação bivariada; e abaixo da diagonal observa-se o gráfico de dispersão. Figura 2 – Matriz de dispersão das variáveis em estudo. Fonte: Resultados da pesquisa. Como observado anteriormente, todas as variáveis possuem distribuições com forte assimetria positiva e acúmulo de observações ao lado esquerdo da distibuição; o que já era esperado, pois como visto na Tabela 1, os valores de assimetria e curtose das variáveis eram numericamente grandes. Ainda, pode-se notar que a relação que os pares possuem entre si é linear, excetuando correlações não tão significativas (< 0,30). O teste de adequação da amostra (MSA) apresentou valor de 0,80, considerado excelente, e conferindo aceitabilidade para a aplicação da técnica de análise fatorial. Avaliando individualmente as variáveis, apenas a que trata de vículos empregatícios da agropecuária (0,51) mostrou-se próxima ao limite inferior proposto por Hair et al. (2005) A análise foi realizada, portanto, com as 5 variáveis1 iniciais e 53 municípios previstos, utilizando a ortogonal VARIMAX. Foram extraídos 2 fatores do total de 5 previstos (Tabela 2) utilizando para isso os critérios de Scree Plot (Figura 2) e da Variância Explicada. O primeiro critério leva em consideração a distribuição de autovalores dentre os fatores obtidos, observando-se graficamente o ponto onde os valores obtidos para cada autovalor tendem a se estabilizar, então o número de autovalores anteriores a esse ponto, 1 Variável 1=número de vínculos empregatícios na agropecuária; Variável 2=número de vínculos empregatícios no comércio; Variável 3=número de vínculos empregatícios na construção civil; Variável 4=número de vínculos empregatícios na indústria; e Variável 5=número de vínculos empregatícios nos serviços prestados. 11 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural será o número m de fatores. O segundo critério leva baseia-se em manter um número tal de fatores que representem uma percentagem × 100% da variância total, onde 0 < < 1 é pré-determinado pelo pesquisador, desde que, de acordo com De Rosa (1999) se respeite o mínimo de 60% para que o mapa fatorial seja totalmente explorável. Tabela 3 Autovalores e variância explicadade cada fator. Percentual Explicado de Percentual Cumulativo de Fator Autovalor Variância Variância 1 4,01 80,17 80,17 2 0,92 18,38 98,55 3 0,06 1,17 99,72 4 0,01 0,19 99,92 5 0,01 0,08 100,00 Fonte: Resultados da pesquisa Figura 3. Teste Scree-plot para a análise fatorial do número de vínculos empregatícios nos municípios da 10ª. Região Administrativa do Estado de São Paulo. Fonte: Resultados da pesquisa. Na análise da variância explicada pelos fatores, observa-se que, quando se retêm apenas 1 fator no sistema, o percentual de variância explicada das variáveis originais é pouco superior a 80%, valor este considerado extremamente elevado. Contudo, com a retenção do 2º fator este percentual é superior a 98%. Na Tabela 3 podem-se observar as cargas fatorias das cinco variáveis em relação aos dois fatores, sendo destacados visualmente os coeficientes de correlação entre as variáveis selecionadas e os seis fatores superiores a 0,97. Tabela 4. Coeficientes de correlação entre as variáveis analisadas e os fatores extraídos e comunalidades. 12 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Fator Variável Número de vínculos da agropecuária Número de vínculos do comércio Número de vínculos da construção Número de vínculos industriais Número de vínculos dos serviços Fonte: Resultados da pesquisa. 1 0,13 0,98 0,99 0,97 0,99 2 0,99 0,17 0,07 0,15 0,13 Comunalidade 0,99 0,99 0,98 0,96 0,99 Analisando a matriz fatorial, percebe-se uma clara distinção quanto a agregação das variáveis nos fatores, o que resulta no isolamento da variável referente ao número de vínculos empregatícios da agropecuária, de forma isolada no fator 2, enquanto as demais correlacionam-se ao primeiro fator. Entente-de importante salientar o elevado valor das correlações entre as variáveis analisadas e os fatores. O fator 1 explica 80,17% da variância amostral da análise e representa os “empregos urbanos” sendo formado pelas variáveis número de vínculos empregatícios do comércio (0,98); número de vínculos empregatícios da construção (0,99); número de vínculos empregatícios industriais (0,97) e número de vínculos empregatícios dos serviços (0,99). Avaliando os escores fatoriais referente aos “empregos urbanos” (Tabela 5), é possível observarmos os municípios com maior e menor oferta do número de vínculos empregatícios urbanos e que possuem, respectivamente, escores positivos e negativos formando cinco escalas distintas, partindo da elaboração de classes de frequëncias relativas envolvendo escores posotivos e negativos. Na Figura 4 é possível analisar, portanto, a distribuição dos “empregos urbanos” pelos municípios da Região Administrativa de Presidente Prudente. Tabela 5. Escores fatoriais de “empregos rurais” dos municípios da Região Administrativa de Presidente Prudente. Municípios Escores fatoriais Municípios Escores fatoriais Presidente Prudente 6,98 Santo Expedito -0,21 Dracena 0,45 Pracinha -0,21 Adamantina 0,43 Nova Guataporanga -0,21 Presidente Epitácio 0,4 Ouro Verde -0,22 Lucélia 0,27 Euclides Cunha Pta -0,22 Osvaldo Cruz 0,25 Estrela do Norte -0,22 Presidente Venceslau 0,19 S.J. do Pau d'Alho -0,22 Pirapozinho 0,17 Mariápolis -0,22 Junqueirópolis 0,05 Flora Rica -0,22 Regente Feijó 0,03 Ribeirão dos Índios -0,22 Panorama 0,03 Martinópolis -0,23 Paulicéia -0,03 Inúbia Paulista -0,23 Álvares Machado -0,04 Sandovalina -0,23 Rosana -0,04 Santa Mercedes -0,23 13 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Narandiba -0,04 Nantes -0,23 Teodoro Sampaio -0,08 Pres. Bernardes -0,25 Caiuá -0,15 Piquerobi -0,25 Pacaembu -0,18 Monte Castelo -0,25 Indiana -0,18 Mirante Paranapan. -0,26 Tupi Paulista -0,19 Iepê -0,26 Alfredo Marcondes -0,19 Marabá Paulista -0,26 Irapuru -0,2 Taciba -0,26 Caiabu -0,2 Salmourão -0,26 Rancharia -0,21 Anhumas -0,28 Tarabai -0,21 Santo Anastácio -0,54 Emilianópolis -0,21 Flórida Paulista -0,73 Sagres -0,21 Fonte: Resultados da Pesquisa. Assim, foi possível classificar os muniípios da região administrativa quanto ao número de vínculos empregatícios urbanos, com destaque principal para Presidente Prudente, sede regional e concentradora de indústrias, comércios e serviços (Firetti et al., 2009). Os municípios de Dracena (sede de Região de Governo), Adamantina (sede de Região de Governo), Presidente Epitácio, Lucélia, Osvaldo Cruz, Presidente Venceslau e Pirapozinho podem ser considerados municípios com nível médio de vínculos empregatícios urbanos, destacando-se das demais na região. Interessante notar a extrema concentração de vínculos empregatícios urbanos em determinadas localidades com relação ao desenvolvimento de atividades públicas com as sedes de Regiões de Governo e seu entorno. 14 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Obs. Presidente Prudente (branco) descata-se fortemente no contexto. Figura 4. Distribuição dos “empregos urbanos” nos municípios da Região Administrativa de Presidente Prudente. Fonte: Resultados da Pesquisa. No Fator 2, caracterizado como “empregos rurais”, concentram-se 18,38% da variância total, no qual se apresenta isoladamente apenas a variável ligada ao número de vínculos empregatícios da agropecuária (0,99). Avaliando os escores fatoriais referente aos “empregos rurais” (Tabela 6), é possível observarmos os municípios com maior e menor oferta do número de vínculos empregatícios da agropecuária e que possuem, respectivamente, escores positivos e negativos formando seis escalas distintas, partindo do “mais significativo” positivo para o “mais significativo” negativo. Isto foi realizado em virtude da maior variância dos escores delimitaando de maneira mais homogêna as classes de frequências. Na Figura 5 é possível analisar a distribuição dos “empregos rurais” pelos municípios da Região Administrativa de Presidente Prudente. Tabela 6. Escores fatoriais de “empregos rurais” dos municípios da Região Administrativa de Presidente Prudente (continua...). Municípios Flórida Paulista Santo Anastácio Escores Positivos 3,89 3,74 Municípios Iepê Anhumas Escores Negativos -0,01 -0,08 15 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Rancharia Dracena Teodoro Sampaio Adamantina Martinópolis Regente Feijó Presidente Venceslau Junqueirópolis Presidente Bernardes Tupi Paulista Osvaldo Cruz Municípios 2,3 1,96 0,98 0,91 0,81 0,61 0,58 0,44 0,35 0,31 0,21 Escores Positivos Marabá Paulista Caiuá Taciba Lucélia Álvares Machado Inúbia Paulista Ouro Verde Piquerobi Salmourão Pirapozinho Monte Castelo Pacaembu Rosana Sandovalina Tarabai Narandiba Panorama Euclides da Cunha Paulista Paulicéia Irapuru Santa Mercedes Indiana Nantes Estrela do Norte Alfredo Marcondes São João do Pau d'Alho Mariápolis Emilianópolis Sagres Flora Rica Municípios Ribeirão dos Índios Santo Expedito Caiabu Pracinha Nova Guataporanga -0,11 -0,13 -0,17 -0,2 -0,24 -0,27 -0,31 -0,31 -0,34 -0,35 -0,38 -0,39 -0,44 -0,44 -0,45 -0,47 -0,49 -0,51 -0,57 -0,57 -0,58 -0,59 -0,61 -0,65 -0,67 -0,67 -0,68 -0,69 -0,71 -0,71 Escores Negativos -0,71 -0,74 -0,75 -0,77 -0,78 Fonte: Resultados da pesquisa. 16 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Figura 5. Distribuição dos “empregos rurais” nos municípios da Região Administrativa de Presidente Prudente. Fonte: Resultados da Pesquisa. Desta forma, temos seis agrupamentos de municípios formados a partir do ranqueamento dos escores fatoriais do fator “empregos rurais” representados por três classes de escores positivos e relacionados com a representação do maior número de vínculos empregatícios agropecuários, e por outras três classes de escores negativos que representam o menor número de empregos rurais. Generalizando, os municípios de Santo Anastácio e Flórida Paulista seriam concentradores do número de vínculos empregatícios agropecuários da Região Administrativa de Presidente Prudente, enquanto os municípios de Paulicéia, Irapuru, Santa Mercedes, Indiana, Nantes, Estrela do Norte, Alfredo Marcondes, São João do Pau d'Alho, Mariápolis, Emilianópolis, Sagres, Flora Rica, Ribeirão dos Índios, Santo Expedito, Caiabu, Pracinha e Nova Guataporanga, disponiblizariam menor número de vínculos empregatícios agropecuários. Utilizando os escores obtidos nos dois fatores extraídos e a técnica de cluster analisys foi possível obter a formação de 5 grupos de municípios em função do número de vínculos empregatícios urbano e rural. Cabe ressaltar a utilização do Método de Ward e distâncias euclidianas. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 17 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Os resultados obtidos com a análise fatorial a partir do número de vínculos empregatícios na Região Administrativa de Presidente Prudente evidenciaram a concentração de vagas de emprego, tanto na área rural como na área urbana, o que promoveria o fluxo migratório da população economicamente ativa de municípios estruturalmente inferiores para outros municípios com número maior de oportunidades de emprego. Pode-se observar que o município de Presidente Prudente é grande concentrador de empregos urbanos, em função de seu grau de desenvolvimento social e econômico quando comparado aos demais municípios da região, e como observado por Firetti et al. (2009) que analisando agrupamentos de municípios do Pontal do Paranapanema em função de similaridades da agropecuária, observaram a pequena participação da produção primária no Produto Interno Bruto municipal fazendo com que fosse alocado isoladamente em um grupo. Sobre os vínculos urbanos, destacaram-se também os municípios que são sedes das Regiões de Governo da 10ª. Região Administrativa (Dracena e Adamantina), e, naturalmente, por concentrarem uma quantidade maior de representações de serviços públicos estaduais e federais, tem sua economia influenciada e acabam por influenciar municípios próximos (Presidente Venceslau, Lucélia, Oswaldo Cruz e Pirapozinho). O município de Presidente Epitácio destacou-se provavelmente por ser principal ligação de acesso com o Estado do Mato Grosso do Sul no extremo oeste paulista e concentrar serviços de transporte ferroviário e naval, além da infraestrutura turística recentemente ampliada a partir da formação do lago da Usina Hidroeletrica Engenheiro Sergio Motta. Com relação aos vínculos empregatícios rurais, os municípios de Santo Anastácio, Flórida Paulista, Dracena e Rancharia, concentradores do número de empregos, possuem como principal ponto em comum a presença de agroindústrias de etanol que utilizam mãode-obra para corte da cana sendo a principal fonte geradora desse tipo de vínculo da agropecuária regional. Um fato a considerar é o alto grau de informalidade nas atividades rurais, o que de certa forma contribui para a exacerbação da relevância das agroindústrias de etanol, tendo em vista a forte pressão exercida pela sociedade em geral sobre as questões trabalhistas neste segmento. Há que se avaliar o impacto da mecanização agrícola na colheita de cana, a diminuição deste tipo de vínculo empregatício e seus reflexos da economia regional, assim como a necessidade de requalificação desta mão-de-obra para atividades ligadas a outros setores da agroindústria. A Região Administrativa de Presidente Prudente carece de grande esforço de ordenação e planejamento de suas atividades urbanas, industriais, agroindustriais e agropecuárias fortemente relacionadas às teorias do desenvolvimento endógeno, que pode ser entendido, de acordo com Amaral Filho (2001), “como um processo de crescimento econômico que implica em uma contínua ampliação da capacidade de geração e agregação de valor sobre a produção, bem como da capacidade de absorção da região, na retenção do excedente econômico gerado na economia local e na atração de excedentes provenientes de outras regiões”, resultando na ampliação do emprego, do produto e da renda local/regional gerada por uma determinada atividade econômica. O desenvolvimento passaria a ser estruturado a partir dos próprios atores locais, e não através do planejamento centralizado ou das forças do mercado, onde “o passado 18 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural influenciaria o presente e esse influenciaria o futuro (intertemporalidade), no qual as propriedades do tempo zero não coincidem com as propriedades do tempo um, e assim sucessivamente (irreversibilidade), de tal forma que a situação de equilíbrio no tempo zero dificilmente será recuperada no tempo um, tal como preconizado por Schumpeter” (AMARAL FILHO 2001). O modelo de desenvolvimento endógeno indicado nos trabalhos do autor pressupõe a exploração das potencialidades socioeconômicas originais do local, associado ao perfil e à estrutura do sistema produtivo local, ou seja, a um sistema com coerência interna, aderência ao local e sintonia com o movimento mundial dos fatores. 6. 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