comportamento 2ª quinzena de setembro de 2014 4 O heterogêneo mundo homoafetivo nas faculdades de Goiânia E m pesquisa aleatória realizada em três faculdades (Faculdade Araguaia-Fara, PUC-GO e Universidade Federal de Goiás-UFG), entrevistamos diversos alunos gays com o objetivo de entender de que forma o ambiente universitário influi no convívio dos estudantes homossexuais. Os alunos relataram que as faculdades não possuem políticas de apoio ou repressão às causas homoafetivas, mas que o espaço intelectual em si proporciona uma condição de maior aceitação entre as diferenças. Essa aceitação, segundo eles, se deve à própria mentalidade dos universitários em aceitar o “novo”. Os entrevistados acreditam que há uma intolerância internalizada entre os alunos, só que não expressada. O preconceito existe, afirmam. Existe discriminação até entre os próprios gays, os mais afeminados e os transexuais são os que mais sofrem com isso. Nenhum aluno entrevistado disse ter sofrido ou exercido algum tipo de preconceito nas Universidades, mas não negam o fato de existir tal preconceito. AMIZADE A amizade entre homossexuais e heterossexuais acontece de forma natural, a não ser pelo fato de os gays terem uma abertura maior entre as mulheres por serem “bons conselheiros amorosos e amigos sinceros, pois entendem os dois lados da moeda”, e não terem intenção ou foco em uma relação mais a “fundo” com as suas amigas. Já em relação aos homens, os gays não têm facilidade de fazer amigos - os homens ficam com receio de segundas intenções. Entre as lésbicas, a amizade acontece com as mulheres heterossexuais ou não. Entre as mulheres, a amizade que se inicia na faculdade é projetada também fora dela. Os alunos gays saem como qualquer outra pessoa, frequentam cinemas, bares e boates, no entanto, entre o público gay, a principal forma de entretenimento noturno são os bares alternativos e as boates gays. Os laços de camaradagem entre héteros e homossexuais são apenas uma coincidência, não podendo ser uma verdade absoluta, disseram, pois o que realmente deve ser levado em conta é a individualidade de cada um. Não é porque um homem é gay que necessariamente ele só possua amigas, pode ocorrer justamente o contrário. É esta a opinião da maioria dos entrevistados, mas, pelas entrevistas, há sim uma certa reserva com relação às diferenças. Paulo Otávio é acadêmico de Jornalismo CIÊNCIAs Sangue azul T odos os anos, cerca de 250 mil caranguejos-ferradura - esse bichinho feio que, apesar do nome, tem mais parentesco com aranhas e escorpiões do que com crustáceos - são retirados de seu habitat na costa leste dos EUA e submetidos a um processo de extração de sangue. Além de valioso, ele é muito importante para a nossa saúde. À primeira vista, a característica mais curiosa do sangue do caranguejo-ferradura (também conhecido como Límulo) é sua cor azul. Ele é assim devido à presença da hemocianina para o transporte de oxigênio nas células sanguíneas, similar à nossa hemoglobina, mas baseada em cobre em vez de ferro. Embora bonito, o que torna o sangue desses caranguejos valioso são suas propriedades medicinais. Um componente Divulgação químico encontrado em seus amebócitos consegue detectar e isolar contaminações por bactéria rapidamente (45 minutos, contra dois dias em mamíferos) e, mais importante, mesmo quando ela está presente em quantidades ínfimas – até uma parte em um trilhão. Esse material é usado para testar equipamentos médicos e vacinas. Se alguma bactéria é encontrada, ele coagula e vira um tipo de gel, indicando a presença dela. Se não, é sinal verde para ser usado em nós. Esse processo simples e quase instantâneo, chamado de teste LAL, evita muitas mortes por infecção. Nos Estados Unidos, a FDA, equivalente à Anvisa, impõe esse teste a toda a indústria farmacêutica e de implantes cirúrgicos. Infelizmente, a “doação” de sangue Divulgação Paulo otávio pelos caranguejos-ferradura não é tão simples quanto a feita por nós. Tanto que, após detectarem um declínio na população do artrópode na América do Norte, as cinco empresas responsáveis pela coleta de sangue implementaram mudanças: agora, elas colhem no máximo 30% do sangue de cada caranguejo-ferradura e os devolvem à natureza em seguida. Mesmo assim, estima-se que entre 10% e 30% deles morra no processo, e entre as fêmeas sobreviventes, foi constatado que a taxa de natalidade diminui. Além dos benefícios à saúde humana, existe outro fator que pesa: o valor financeiro do belo sangue azul dos caranguejos-ferradura. Um litro chega a valer US$ 15 mil, o que faz dessa coleta uma indústria multimilionária. Existem pesquisas que buscam criar uma variedade sintética do elemento que nos interessa, mas ela ainda é bastante preliminar e precisa de mais tempo para ser desenvolvida. (Fonte: IFL Science)