Débora Barbosa Morf - DBM EOQ –Escola Olímpica de Química Julho de 2011 Livros utilizados como base para este trabalho: ATKINS, P. W. e de PAULA, J. Physical Chemistry, 7th Edition, Oxford University Press: New York, 2002. RUSSELL, J. B. Química Geral, Volume 02, 2ª Edição, Makron Books: São Paulo, 1994. Outro livro que vocês iriam gostar: BALL, D. W. Físico-Química. Vol. 01. Pioneira Thomson Learning: São Paulo, 2005. O que estuda a TERMODINÂMICA? Termodinâmica: o estudo das transformações da energia Analisa a espontaneidade das reações PRINCÍPIOS E LEIS MODELOS TEORIAS O que é ENERGIA? ENERGIA TRABALHO energia transferida pelo movimento contra uma força opositora CALOR energia transferida de um corpo pro outro pela diferença de TEMPERATURA Formas de energia relacionadas à VARIAÇÃO entre estados (ou às transferências) e não ao estado em si Terminologia: quem é quem No modelo da termodinâmica, o universo é dividido em: SISTEMA e VIZINHANÇA aberto fechado isolado Para sistemas FECHADOS: Se a FRONTEIRA entre o SISTEMA e a VIZINHANÇA permite troca de calor quando há diferença de temperatura, ela é chamada de DIATÉRMICA Se a FRONTEIRA entre o SISTEMA e a VIZINHANÇA NÃO permite troca de calor quando há diferença de temperatura, ela é chamada de ADIABÁTICA Vamos falar de TRABALHO Trabalho (W): o trabalho de um gás é definido como W = ∫ P dV Trabalho não é função de estado, portanto, depende da transformação. Convenções do trabalho Ele pode ser tanto positivo como negativo (convenção) Negativo: O gás executa trabalho SOBRE a vizinhança, e portanto, ele se expande (ele faz o trabalho motor) Negativo porque a energia interna diminui Positivo: A vizinhança executa trabalho SOBRE o gás, e portanto, ele se contrai (ele sofre o trabalho resistente) Positivo porque a energia interna aumenta O trabalho de uma expansão Expansão = variação de volume ISOCÓRICA não existe ISOBÁRICA (p = cte): w = - F . Δl Mas: e Δv = A . Δl F = pext . A Logo: w = - p . Δv Expansão LIVRE (F = 0): w=0 Expansão ISOTÉRMICA de um gás (t = cte): W = n.R.T.ln(v/v0) De onde o ln??? Vamos mudar de assunto? CALOR Calor é energia térmica em trânsito Vai espontaneamente de uma região mais quente (maior temperatura) para uma mais fria (menor temperatura). Equação Fundamental da Calorimetria: Q = m . c . ΔT , em que c é o calor específico Outra forma de enunciar essa equação: Q = C . ΔT , em que C = m . c é a capacidade térmica. Como utilizamos muito a quantidade de matéria, definimos c’ como a capacidade térmica molar, ou seja: c' = C / n = m . c / n = M . c Lei Zero da Termodinâmica Se um primeiro corpo está em equilíbrio térmico com um segundo, e este está em equilíbrio térmico com um terceiro, então o primeiro está em equilíbrio térmico com o terceiro. 1 3 2 Estamos variando a temperatura, mas como ficam a pressão e o volume? Podemos aquecer a volume ou a pressão constantes. Definimos para cada um dos casos, uma capacidade térmica: a capacidade térmica molar a volume constante Cv = α R / 2 a capacidade térmica molar a pressão constante Cp = (α + 2) R / 2 em que α é o grau de liberdade. Para átomos, α=3; para moléculas diatômicas, α=5. CUMA? Mas e se... ... eu fornecer calor pra um sistema e sua temperatura não variar? CALOR SENSÍVEL: caracterizado por mudança de temperatura Q = m c ΔT CALOR LATENTE: caracterizado por mudança de estado físico da substância (sem mudança de temperatura) Q=mL E AS MUDANÇAS QUÍMICAS??? A TERMOQUÍMICA Termoquímica: estudo do calor produzido ou absorvido em reações químicas REAÇÕES EXOTÉRMICAS liberação de energia na forma de calor Ex: todas as combustões do mundo C2H6O + 3 O2 2 CO2 + 3 H2O ΔH = - 1368 kJ REAÇÕES ENDOTÉRMICAS absorção de energia na forma de calor Ex: 2 NH3 N2 + 3 H2 ΔH = 92,2 kJ Δ quem? Entalpia Por definição: Logo: HU+P.V ΔH = ΔU + Δ(P.V) Se p = cte: ΔH = ΔU + p . ΔV ΔH = qp Fácil medida! Ex: calorímetro a pressão constante Voltando às fronteiras... Se João está trabalhando num sistema diatérmico: Processo endotérmico energia flui PARA o sistema Processo exotérmico energia flui DO sistema Logo, o processo é isotérmico Se Maria está trabalhando num sistema adiabático: Processo endotérmico queda da temperatura Processo exotérmico elevação da temperatura De onde vem a energia para elevar a temperatura??? Entalpia padrão O estado padrão de uma substância corresponde à sua forma mais estável a 1 bar e 298 K (nossos conhecidos 25ºC). Toda substância simples, no estado padrão e na sua forma alotrópica mais estável tem H = 0. Entalpia padrão de formação: calor liberado ou absorvido na formação de 01 mol de uma substância a partir de substâncias simples, tudo no estado padrão Outras: entalpia de combustão, energia de ligação, etc... É tudo uma questão de escolha de referências e padrões Lei de Hess Como a entalpia é função de estado, numa sequência de reações, a equação global apresenta uma variação de entalpia igual à soma de todas as entalpias de cada uma das reações. Exemplo: ¿ PERGUNTA... Na quebra de uma ligação, ocorre liberação ou absorção de energia? Um ADENDO CALOR e sua interpretação microscópica Movimento térmico: o movimento aleatório das moléculas TRABALHO e sua interpretação microscópica Movimento ordenado A energia interna O sistema possui uma ENERGIA TOTAL, difícil de ser quantificada, chamada de ENERGIA INTERNA (U) U = energia cinética + energia potencial Energia cinética: associada ao movimento Energia potencial OBS: a energia interna não inclui a energia cinética associada ao movimento do sistema como um todo, mas ao movimento DENTRO do sistema O que é legal na energia interna? Ela é uma FUNÇÃO DE ESTADO, ou seja, independe do caminho trilhado entre o estado anterior e o estado atual, mas depende apenas desses dois estados A B Lei de Joule A energia interna de um gás ideal é exclusivamente dependente da temperatura, de acordo com a Lei de Joule: U=αnRT/2 em que α é o grau de liberdade. Para átomos, α=3; para moléculas diatômicas, α=5. 1ª Lei da Termodinâmica Evidência experimental: se um sistema for isolado de sua vizinhança, não há MUDANÇA em sua energia interna A energia não pode ser criada nem destruída Equações: ΔU = q + w O MITO da máquina perfeita Para um sistema adiabático (q = 0): wad = Uf - Ui Para um sistema diatérmico, w total será diferente de wad : q = wad – w Definição mecânica de calor Logo: ΔU = q + w A energia interna nas transformações Transformação isobárica: p = cte w = - p . Δv e q≠0 ΔU = q + p . Δv Transformação isocórica: v = cte w=o e q≠0 ΔU = n . Cv . ΔT A energia interna nas transformações Transformação isotérmica: t = cte q=w ΔU = 0 Transformação adiabática: q=0 e w = - p . Δv ΔU = w Relação de Meyer Considere o seguinte diagrama PV, sendo a curva AB uma isoterma. A transformação CA é isocórica: ΔU=n . CV (TB - TA) A transformação CB é isobárica: ΔU=n . Cp (TB - TA) – p (VB – VA) Mas p(VB – VA) = n . R (TB - TA) Logo: ΔU=n . ΔT(Cp - R) Como partimos de um mesmo ponto, a temperatura nas duas transformações é a mesma a variação da energia interna nas duas transformações é a mesma: CP – CV = R Até agora o que eu quis dizer foi que... A 1ª Lei relaciona-se à conservação da energia Então, SE o processo ou a reação acontecer, posso dizer que a energia será conservada, ou seja: ela não BROTA do nada ... ... nem SOME, sendo abduzida por um ET ou sugada por um BURACO NEGRO! Isso SE a reação acontecer... A espontaneidade das reações Um processo espontâneo é irreversível Prossegue numa única direção Um processo reversível segue para frente e para trás entre as duas condições finais Equilíbrio Se um processo é espontâneo numa direção, deverá ser nãoespontâneo na direção oposta Entropia Em um ciclo reversível de Carnot sempre se cumpre Entropia é uma função termodinâmica que é uma medida de desordem de um sistema, sendo definida como: Portanto, Alguns esclarecimentos... Velocidade ≠ espontaneidade Cinética Tempo ≠ espontaneidade O diamante e o grafite Temperatura ≠ espontaneidade Reações espontâneas nem sempre são exotérmicas Alguns AGRADECIMENTOS Aos professores do Instituto de Química da USP, que me explicaram um mol de vezes tudo isso aí em cima À minha mãe e à minha irmã, que além de assumirem as funções da casa enquanto eu ficava estudando (inclusive enquanto fazia esse material), sempre me sustentaram para que eu fosse atrás do meu sonho junto à ciência e ao ensino Ao meu pai, que me ensinou que amar é uma função de estado, independente dos caminhos Aos meus filhos de Olimpíada de Química (André e Jéssica), por me permitirem fazer o que mais gosto junto a um público tão receptivo